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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA LABORATÓRIO DE PESQUISA EM QUÍMICA BIOINORGÂNICA E CATÁLISE TESE DE DOUTORADO APRESENTADA NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA DO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DA UFPR TÍTULO: Estudo de porfirinas base livre e seus derivados de manganês por eletroquímica e espectro- eletroquímica de RPE e UV-Vis ALUNO: GERALDO ROBERTO FRIEDERMANN ORIENTADOR: Prof a . Dr a . SHIRLEY NAKAGAKI CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. ANTÔNIO SÁLVIO MANGRICH Curitiba – Dezembro de 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR

SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

LABORATÓRIO DE PESQUISA EM QUÍMICA BIOINORGÂNICA E CATÁLISE

TESE DE DOUTORADO APRESENTADA

NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA DO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA DA UFPR

TÍTULO: Estudo de porfirinas base livre e seus derivados

de manganês por eletroquímica e espectro-eletroquímica de RPE e UV-Vis

ALUNO: GERALDO ROBERTO FRIEDERMANN ORIENTADOR: Prof a. Dra. SHIRLEY NAKAGAKI CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. ANTÔNIO SÁLVIO MANGRICH

Curitiba – Dezembro de 2005

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Dedico esta dissertação à minha mãe

Valentina que sempre me incentivou a continuar,

ao meu pai Alfredo (em memória) que, onde

estiver, sempre me ajudou, e às minhas irmãs

Izolda e Ivone.

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AGRADECIMENTOS

À Profa. Shirley Nakagaki, pela orientação, sugestões, discussões, paciência, incentivo, estímulo e grande amizade, desde o período da Iniciação Científica começado em 1996.

Ao Prof. Antonio S. Mangrich, pela co-orientação, sugestões, discussões e pela confiança e oportunidade de ter disponibilizado o Espectrômetro de EPR para minha pesquisa.

Aos meus médicos pelo bom trabalho em minha cirurgia no coração, e aos funcionários do Hospital de Clínicas da UFPR pela dedicação.

A todos os professores do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná, em especial a Profa. Sueli Drechsel, ao Prof. Fábio Souza Nunes, ao Prof. Carlos Jorge da Cunha, ao Prof. Joaquim Delphino Da Motta Neto, a Prof a. Jaísa Soares, ao Prof. Flávio Matsumoto, ao Prof. Eduardo Lemos de Sá, a Prof a. Stela Maris Romanowski, ao Prof. Harley Paiva Martins, ao Prof. Ademir Carubeli, a Prof a. Liliana Micaroni, a Prof a. Regina Mello.

A todos os funcionários do Departamento de Química. Ao PADCT pelo financiamento do Espectrômetro de RPE. Aos colegas de pós-graduação. Aos colegas do grupo de trabalho: Matilte, Kelly, Alesandro, Cristina,

Guilherme. A todos os demais colegas do laboratório de Bioinorgânica: Silvana,

Clovis, Monique, Giovana, Angela, Dayane, Fabiana, Heron, Fernanda, Rúbia, José Luís.

À FUNPAR e UFPR pela manutenção do programa de pós-graduação. Ao povo brasileiro que, por seus impostos, mantém nossa Universidade. A DEUS, pela inspiração, força e saúde, e porque sem ELE eu não

poderia agradecer nenhum dos anteriores.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO .................................................................................................................................. iv LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................... vii LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... viii LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS, FÓRMULAS E ABREVIAÇÕES................................................. xii LISTA DOS COMPOSTOS ESTUDADOS...................................................................................... xiii RESUMO .................................................................................................................................. xiv ABSTRACT .................................................................................................................................. xv I – INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1 I-1 - Revisão Bibliográfica ............................................................................................................... 1 I-1.1 – Porfirinas .............................................................................................................................. 1 I-1.1.1 – Nomenclatura.................................................................................................................... 2 I-1.1.2 – Metaloporfirinas................................................................................................................. 5 I-1.1.3 – Caracterização das porfirinas ........................................................................................... 6 I-1.1.3.1 – Caracterização por espectroscopia na região do UV-Vis.............................................. 6 I-1.1.3.2 – Caracterização por observação da fluorescência ........................................................ 9 I-1.1.3.3 – Caracterização por espectroscopia de RPE ................................................................. 10 I-1.1.3.4 – Caracterização por eletroquímica.................................................................................. 11 I-1.1.4 – Sistema Modelo – Citocromo P-450 ................................................................................. 12 I-1.1.5 – Reações de substratos orgânicos, catalisadas por metaloporfirinas ............................... 15 I-1.1.6 – Manganês porfirinas ........................................................................................................ 19 I-1.2 – Espectroeletroquímica de RPE ........................................................................................... 20 I-2 – As Porfirinas Estudadas neste Trabalho ................................................................................ 21 I-3 – Justificativa do Projeto de Pesquisa ....................................................................................... 23 II – OBJETIVOS .............................................................................................................................. 25 II-1 – Objetivos Gerais..................................................................................................................... 25 II-2 – Objetivos Específicos............................................................................................................. 25 III – PARTE EXPERIMENTAL ........................................................................................................ 26 III-1 – Métodos e Técnicas.............................................................................................................. 26 III-1.1 – Voltametria cíclica ............................................................................................................. 26 III-1.2 – Espectroscopia eletrônica ................................................................................................. 28 III-1.3 – Ressonância paramagnética eletrônica (RPE) ................................................................. 28 III-1.4 – Espectroeletroquímica na região espectro UV-Visível ...................................................... 29 III-1.5 – Espectroeletroquímica de RPE ......................................................................................... 30 III-1.6 – Oxidação de cicloexano monitorada por espectroscopia eletrônica ................................ 31 III-1.7 – Catálise homogênea convencional ................................................................................... 33 III-1.8 – Cromatografia gasosa ....................................................................................................... 34 III-2 – Síntese e Metalação das Porfirinas de Interesse ................................................................ 34 III-2.1 – Síntese das porfirinas base livre ....................................................................................... 34 III-2.2 – Metalação das porfirinas base livre com manganês ........................................................ 35 IV – RESULTADOS E DISCUSÃO ................................................................................................ 37 IV-1 – Síntese e Caracterização dos Compostos Estudados ........................................................ 37 IV-1.1 – Porfirinas base livre .......................................................................................................... 37 IV-1.1.1 – Caracterização das porfirinas base livre por ressonância paramagnética

eletrônica (RPE) ......................................................................................................... 37 IV-1.1.2 – Caracterização das porfirinas base livre por voltametria cíclica ................................... 38 IV-1.1.2.1 – Porfirina H2(TPP) ........................................................................................................ 38 IV-1.1.2.2 – Porfirina H2(TDCPP) ................................................................................................... 40 IV-1.1.2.3 – Porfirina H2(TCFPP) .................................................................................................... 41 IV-1.1.2.4 – Porfirina H2(TDFPP) .................................................................................................... 43 IV-1.1.2.5 – Porfirina H2(TPFPP) .................................................................................................... 45

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IV-1.1.2.6 – Análise comparativa das propriedades eletroquímicas das porfirinas base livre

determinadas através de voltametria cíclica............................................................ 46 IV-1.1.3 – Caracterização das porfirinas base livre por espectroscopia eletrônica........................ 50 IV-1.1.3.1 – Porfirina H2(TPP) ........................................................................................................ 50 IV-1.1.3.2 – Porfirina H2(TDCPP) ................................................................................................... 51 IV-1.1.3.3 – Porfirina H2(TCFPP) ................................................................................................... 52 IV-1.1.3.4 – Porfirina H2(TDFPP) .................................................................................................... 53 IV-1.1.3.5 – Porfirina H2(TPFPP) .................................................................................................... 54 IV-1.1.3.6 – Comparação dos dados de espectroscopia eletrônica das porfirinas base livre........ 55 IV-1.1.4 – Caracterização das porfirinas base livre por espectroscopia vibracional (FTIR)........... 55 IV-1.2 – Manganês Porfirinas ......................................................................................................... 59 IV-1.2.1 – Metalação das porfirinas base livre com manganês ..................................................... 59 IV-1.2.2 – Caracterização das MnPor através de voltametria cíclica ............................................ 60 IV-1.2.2.1 – Porfirina Mn(TPP) ....................................................................................................... 60 IV-1.2.2.2 – Porfirina Mn(TDCPP) .................................................................................................. 61 IV-1.2.2.3 – Porfirina Mn(TCFPP) .................................................................................................. 63 IV-1.2.2.4 – Porfirina Mn(TDFPP) .................................................................................................. 65 IV-1.2.2.5 – Porfirina Mn(TPFPP) .................................................................................................. 66 IV-1.2.2.6 – Porfirina Mn(PFPTDCPCl8P) ...................................................................................... 68 IV-1.2.2.7 – Comparação dos resultados de caracterização através de voltametria cíclica

das MnPor ............................................................................................................... 70 IV-1.2.3 – Caracterização das MnPor através de espectroscopia eletrônica ................................ 73 IV-1.2.4 – Caracterização das MnPor por ressonância paramagnética eletrônica (RPE) ............ 76 IV-1.2.5 – Caracterização das MnPor por espectroscopia vibracional (FTIR) ............................... 79 IV-2 – Estudos Espectroeletroquímicos na Região do Espectro UV-Vis das Porfirinas Base

Livre.......................................................................................................................... 84 IV-2.1 – Porfirina H2(TPP) .............................................................................................................. 84 IV-2.2 – Porfirina H2(TDCPP) ......................................................................................................... 88 IV-2.3 – Porfirina H2(TCFPP) ......................................................................................................... 92 IV-2.4 – Porfirina H2(TDFPP) ......................................................................................................... 95 IV-2.5 – Porfirina H2(TPFPP) ......................................................................................................... 96 IV-2.6 – Comparação dos resultados obtidos com as porfirinas base livre.................................... 99 IV-3 – Estudos Espectroeletroquímicos de RPE: Determinação das Condições de Trabalho

para os Compostos de Manganês ........................................................................... 102 IV-4 – Estudos Espectroeletroquímicos de RPE e UV-Vis das MnPor .......................................... 107 IV-4.1 – Espectroeletroquímica da porfirina Mn(TPP) ................................................................... 107 IV-4.1.1 – Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................... 107 IV-4.1.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis .................................................................. 109 IV-4.2 – Espectroeletroquímica da porfirina Mn(TDCPP) .............................................................. 115 IV-4.2.1 – Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................... 115 IV-4.2.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis .................................................................. 117 IV-4.3 – Espectroeletroquímica da porfirina Mn(TCFPP) .............................................................. 121 IV-4.3.1 – Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................... 121 IV-4.3.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis .................................................................. 123 IV-4.4 – Espectroeletroquímica da porfirina Mn(TDFPP) .............................................................. 126 IV-4.4.1 – Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................... 126 IV-4.4.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis .................................................................. 128 IV-4.5 – Espectroeletroquímica da porfirina Mn(TPFPP) ............................................................... 131 IV-4.5.1 – Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................... 131 IV-4.5.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis .................................................................. 133 IV-4.6 – Espectroeletroquímica da porfirina Mn(PFPTDCPCl8P) .................................................. 136 IV-4.6.1 – Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................... 136 IV-4.6.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis .................................................................. 138

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IV-4.7 – Análise comparativa dos resultados de espectroeletroquímica de RPE e UV-Vis das diferentes manganês porfirinas............................................................. 140

IV-5 – Monitoramento Espectrofotométrico da Reação de Oxidação Química do Cicloexano com Iodosilbenzeno Catalisada por Manganês Porfirinas.................... 144

IV-5.1 – Oxidação de cicloexano usando a porfirina Mn(TPP) como catalisador ......................... 145 IV-5.2 – Oxidação de cicloexano usando a porfirina Mn(TDCPP) como catalisador .................... 155 IV-5.3 – Oxidação de cicloexano usando a porfirina Mn(TCFPP) como catalisador .................... 158 IV-5.4 – Oxidação de cicloexano usando a porfirina Mn(TDFPP) como catalisador .................... 160 IV-5.5 – Oxidação de cicloexano usando a porfirina Mn(TPFPP) como catalisador ..................... 162 IV-5.6 – Oxidação de cicloexano usando a porfirina Mn(PFPTDCPCl8P) como catalisador ........ 167 IV-5.7 – Reações convencionais de oxidação de cicloexano ........................................................ 171 IV-5.8 – Comparação dos resultados de oxidação de cicloexano ................................................. 173 V – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 177 VI – PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................................................. 180 VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 182 ANEXO 1 - RESSONÂNCIA PARAMAGNÉTICA ELETRÔNICA – RPE ....................................... 194 ANEXO 2 – CURRÍCULO E PRODUÇÃO CIENTÍFICA................................................................. 201

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1.1 Porfirinas estudadas neste trabalho ..................................................................... 22 TABELA 3.1 Potenciais eletroquímicos .................................................................................... 27 TABELA 4.1 Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TPP) ...................................... 39 TABELA 4.2 Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TDCPP) ................................. 41 TABELA 4.3 Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TCFPP) ................................. 43 TABELA 4.4 Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TDFPP) ................................. 45 TABELA 4.5 Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TPFPP) ................................. 46 TABELA 4.6 Potenciais (E½) das porfirinas base livre .............................................................. 47 TABELA 4.7 Bandas do espectro eletrônico das porfirinas base livre ...................................... 55 TABELA 4.8 Atribuição das principais bandas observadas nos espectros

vibracionais das porfirinas base livre ................................................................... 58 TABELA 4.9 Mn(III)Por obtidas por metalação .......................................................................... 59 TABELA 4.10 Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TPP) ..................................... 61 TABELA 4.11 Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TDCPP) ................................ 62 TABELA 4.12 Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TCFPP) ................................ 64 TABELA 4.13 Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TDFPP) ................................ 65 TABELA 4.14 Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TPFPP) ................................ 67 TABELA 4.15 Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(PFPTDCPCl8P) .................... 69 TABELA 4.16 Potenciais (E½) das MnPor .................................................................................... 71 TABELA 4.17 Principais bandas do espectro eletrônico das porfirinas estudadas..................... 74 TABELA 4.18 Atribuição das principais bandas observadas nos espectros

vibracionais das MnPor ......................................................................................... 82 TABELA 4.19 Principais bandas das porfirinas base livre .......................................................... 99 TABELA 4.20 Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos com a Mn(TPP)................... 115 TABELA 4.21 Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos com a Mn(TDCPP).............. 121 TABELA 4.22 Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos com a Mn(TCFPP) .............. 126 TABELA 4.23 Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos com a Mn(TDFPP) .............. 131 TABELA 4.24 Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos com a Mn(TPFPP) .............. 136 TABELA 4.25 Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos com a

Mn(PFPTDCPCl8P) ............................................................................................... 140 TABELA 4.26 Sinais de RPE das MnPor ..................................................................................... 141 TABELA 4.27 Bandas Soret dos principais intermediários das MnPor ...................................... 142 TABELA 4.28 Comparação dos procedimentos de catálise com a porfirina Mn(TPP)................ 154 TABELA 4.29 Comparação dos procedimentos de catálise ....................................................... 166 TABELA 4.30 Oxidação de cicloexano (catálise homogênea convencional) .............................. 172 TABELA 4.31 Comparação dos procedimentos de oxidação de cicloexano .............................. 174

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 Estrutura do anel porfirínico .................................................................................. 2 FIGURA 1.2 Estrutura de Lewis da porfirina H2(TPP) ............................................................... 3 FIGURA 1.3 Estrutura de Lewis da porfirina H2(TCFPP) .......................................................... 4 FIGURA 1.4 Estrutura de Lewis da porfirina H2(TPOBP) .......................................................... 5 FIGURA 1.5 Transições eletrônicas no modelo de quatro orbitais proposto por Gouterman ... 8 FIGURA 1.6 Ciclo proposto para a atuação catalítica do citocromo P-450............................... 14 FIGURA 1.7 Exemplo de algumas reações catalisadas pelo Citocromo P-450........................ 15 FIGURA 1.8 Estrutura de Lewis das Porfirinas Estudadas........................................................ 21 FIGURA 3.1 Célula eletroquímica usada ................................................................................... 26 FIGURA 3.2 Célula de espectroeletroquímica na região do Visível .......................................... 29 FIGURA 3.3 Célula Flat - espectroeletroquímica de RPE ......................................................... 30 FIGURA 4.1 Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TPP) .......................................... 39 FIGURA 4.2 Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TDCPP)..................................... 40 FIGURA 4.3 Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TCFPP) ..................................... 42 FIGURA 4.4 Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TDFPP) ..................................... 44 FIGURA 4.5 Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TPFPP)...................................... 46 FIGURA 4.6 Oxidações das porfirinas base livre ...................................................................... 47 FIGURA 4.7 Reduções das porfirinas base livre ....................................................................... 48 FIGURA 4.8 Espectro eletrônico da porfirina H2(TPP) em diclorometano ................................ 50 FIGURA 4.9 Espectro eletrônico da porfirina H2(TDCPP) em diclorometano ........................... 51 FIGURA 4.10 Espectro eletrônico da porfirina H2(TCFPP) em diclorometano............................ 52 FIGURA 4.11 Espectro eletrônico da porfirina H2(TDFPP) em diclorometano............................ 53 FIGURA 4.12 Espectro eletrônico da porfirina H2(TPFPP) em diclorometano............................ 54 FIGURA 4.13 Espectros vibracionais em pastilhas de KBr das porfirinas base livre

estudadas (de 2000 até 400 cm-1) ........................................................................ 56 FIGURA 4.14 Espectros vibracionais em pastilhas de KBr das porfirinas base livre

estudadas (de 4000 até 2000 cm-1)....................................................................... 57 FIGURA 4.15 Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TPP).......................................................... 60 FIGURA 4.16 Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TDCPP) .................................................... 62 FIGURA 4.17 Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TCFPP)..................................................... 64 FIGURA 4.18 Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TDFPP)..................................................... 65 FIGURA 4.19 Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TPFPP) ..................................................... 66 FIGURA 4.20 Voltamograma cíclico da porfirina Mn(PFPTDCPCl8P)......................................... 68 FIGURA 4.21 Comparação dos espectros eletrônicos das MnPor ............................................. 74 FIGURA 4.22 Configuração eletrônica dos orbitais de fronteira da Mn(TPP) no

estado fundamental .............................................................................................. 76 FIGURA 4.23 Espectro de RPE no estado sólido da Mn(PFPTDCPCl8P) .................................. 78 FIGURA 4.24 Espectro vibracional da Mn(TPP) em KBr (2000 a 400 cm-1) .............................. 79 FIGURA 4.25 Espectro vibracional da Mn(TDCPP) em KBr (2000 a 400 cm-1) ......................... 80 FIGURA 4.26 Espectro vibracional da Mn(TCFPP) em KBr (2000 a 400 cm-1) ......................... 80 FIGURA 4.27 Espectro vibracional da Mn(TDFPP) em KBr (2000 a 400 cm-1) ......................... 81 FIGURA 4.28 Espectro vibracional da Mn(TPFPP) em KBr (2000 a 400 cm-1) ......................... 81 FIGURA 4.29 Espectros vibracionais das porfirinas de segunda geração (região de 2000 a

400 cm-1) ............................................................................................................... 83 FIGURA 4.30 Oxidação da porfirina H2(TPP) a +1,7 V durante 20 minutos. .............................. 85 FIGURA 4.31 Redução da porfirina H2(TPP) a –2,4 V por 20 min. ............................................. 87 FIGURA 4.32 Redução da porfirina H2(TDCPP) a –1,8V durante 12 minutos ............................ 88 FIGURA 4.33 Redução da porfirina H2(TDCPP) a –1,8V durante 12 minutos ............................ 89

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FIGURA 4.34 Espectros da redução da porfirina H2(TDCPP) a –1,8V. ...................................... 89 FIGURA 4.35 Comportamento das bandas principais durante a redução da porfirina

H2(TDCPP) a –1,8V............................................................................................... 90 FIGURA 4.36 Espectros da oxidação da porfirina H2(TDCPP) a +2,5V durante 12 minutos...... 91 FIGURA 4.37 Comportamento das principais bandas durante a oxidação da porfirina

H2(TDCPP) a +2,5 V.............................................................................................. 91 FIGURA 4.38 Espectros da redução da porfirina H2(TCFPP) a –2,4 V durante 12 minutos....... 92 FIGURA 4.39 Espectros da redução da porfirina H2(TCFPP) a –2,4 V, região visível,

bandas Q. .............................................................................................................. 93 FIGURA 4.40 Espectros da oxidação da porfirina H2(TCFPP) a +2,3 V durante 12 minutos ..... 94 FIGURA 4.41 Espectros da redução da porfirina H2(TCFPP) a –2,4 V, região visível,

bandas Q. .............................................................................................................. 94 FIGURA 4.42 Espectros da redução da porfirina H2(TDFPP) a -2,4 V durante 12 minutos ....... 95 FIGURA 4.43 Espectros da oxidação da porfirina H2(TDFPP) a +2,3 V durante 12 minutos ..... 96 FIGURA 4.44 Espectros da redução da porfirina H2(TPFPP) a –1,7 V durante 12 minutos....... 97 FIGURA 4.45 Espectros da redução da porfirina H2(TPFPP) a –1,7 V, região visível,

bandas Q. .............................................................................................................. 97 FIGURA 4.46 Espectros da oxidação da porfirina H2(TPFPP) a +2,0 V durante 12 minutos ..... 98 FIGURA 4.47 Variações da banda Soret dos intermediários das porfirinas base livre ............... 100 FIGURA 4.48 Estrutura de raio-X do composto MnBBPEN ........................................................ 102 FIGURA 4.49 Voltamograma Cíclico do composto MnBBPEN ................................................... 103 FIGURA 4.50 Espectros de RPE do MnBBPEN.......................................................................... 104 FIGURA 4.51 Espectros de RPE do Acetato de Manganês (II)................................................... 106 FIGURA 4.52 Espectros de RPE da Mn(TPP)............................................................................. 108 FIGURA 4.53 Primeiro e último espectros da oxidação da Mn(TPP) a +1,7 V por 20 min ......... 110 FIGURA 4.54 Redução da Mn(TPP) a –0,7 V por 20 minutos .................................................... 112 FIGURA 4.55 Redução da Mn(TPP) a –1,0 V por 20 minutos .................................................... 113 FIGURA 4.56 Espectros principais da redução da Mn(TPP) a –1,0 V por 20 minutos ............... 113 FIGURA 4.57 Redução da Mn(TPP) a –1,6 V por 20 minutos .................................................... 114 FIGURA 4.58 Espectros de RPE da Mn(TDCPP) ....................................................................... 116 FIGURA 4.59 Espectros da oxidação da Mn(TDCPP) a +1,8 V por 20 minutos......................... 118 FIGURA 4.60 Espectros da redução da Mn(TDCPP) a –0,5 V por 20 minutos ......................... 119 FIGURA 4.61 Redução a –1,2 V da Mn(TDCPP). Principais espectros...................................... 120 FIGURA 4.62 Espectros de RPE da Mn(TCFPP)........................................................................ 122 FIGURA 4.63 Espectros da oxidação da Mn(TCFPP) a +1,0 V durante 20 minutos .................. 123 FIGURA 4.64 Espectros da oxidação da Mn(TCFPP) a +1,8 V por 20 minutos ........................ 124 FIGURA 4.65 Espectros do experimento de redução a –1,8 V da Mn(TCFPP), até 500 nm...... 125 FIGURA 4.66 Espectros do experimento de redução a –1,8 V da Mn(TCFPP), região 500 a

700 nm................................................................................................................... 125 FIGURA 4.67 Espectros de RPE da Mn(TDFPP)........................................................................ 127 FIGURA 4.68 Primeiro e último espectros da oxidação da Mn(TDFPP) a +1,8 V por 20

min. ........................................................................................................................ 128 FIGURA 4.69 Primeiro e último espectros da redução da Mn(TDFPP) a –0,3 V por 20 min..... 129 FIGURA 4.70 Redução a –0,8 V da Mn(TDFPP). Primeiro e último espectros........................... 130 FIGURA 4.71 Redução a –1,9 V da Mn(TDFPP). Primeiro e último espectros........................... 130 FIGURA 4.72 Espectros de RPE da Mn(TPFPP) ........................................................................ 132 FIGURA 4.73 Primeiro e último espectros da oxidação da Mn(TPFPP) a +1,4 V por 20 min .... 134 FIGURA 4.74 Espectros da redução da Mn(TPFPP) a –0,5 V por 20 min................................. 135 FIGURA 4.75 Espectros da redução a –0,8 V da Mn(TPFPP) .................................................... 135 FIGURA 4.76 Espectros de RPE da Mn(PFPTDCPCl8P)............................................................ 137 FIGURA 4.77 Espectros da oxidação da Mn(PFPTDCPCl8P) a diferentes potenciais ............... 139 FIGURA 4.78 Primeiro e último espectros da redução da Mn(PFPTDCPCl8P) a –1,2 V por

10 minutos. ............................................................................................................ 139 FIGURA 4.79 Acompanhamento da reação de oxidação química de cicloexano catalisada

pela Mn(TPP) durante 20 minutos......................................................................... 145

ix

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FIGURA 4.80 Espectros da reação com a Mn(TPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em uma alíquota ................................................................................. 146 FIGURA 4.81 Comportamento das bandas da Mn(TPP) durante o tempo de reação ................ 147 FIGURA 4.82 Espectros da reação com a Mn(TPP) e o oxidante adicionado em três

etapas .................................................................................................................... 148 FIGURA 4.83 Comportamento das bandas da Mn(TPP) durante a reação, com o oxidante

adicionado em três etapas .................................................................................... 149 FIGURA 4.84 Espectros da reação com a Mn(TPP) e uma alíquota de oxidante com

metanol .................................................................................................................. 150 FIGURA 4.85 Comportamento das bandas na reação com a Mn(TPP) e o oxidante em

metanol .................................................................................................................. 151 FIGURA 4.86 Espectros da reação de oxidação de cicloexano catalisada por Mn(TPP) e

adição de solução PhIO/MeOH/ACN em três etapas ........................................... 152 FIGURA 4.87 Comportamento das bandas da reação de oxidação de cicloexano

catalisada por Mn(TPP) e adição de PhIO/MeOH/ACN em três etapas............... 153 FIGURA 4.88 Espectros da reação com a Mn(TDCPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em uma alíquota ................................................................................. 155 FIGURA 4.89 Espectros eletrônicos do experimento de oxidação de cicloexano com

adição gradual de PhIO, usando a porfirina Mn(TDCPP) como catalisador ........ 156 FIGURA 4.90 Espectros da reação com a Mn(TDCPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em três alíquotas................................................................................. 157 FIGURA 4.91 Espectros da reação com a Mn(TCFPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em alíquota única................................................................................ 158 FIGURA 4.92 Comportamento das principais bandas do espectro eletrônico durante o

experimento ........................................................................................................... 159 FIGURA 4.93 Espectros da reação com a Mn(TCFPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em três alíquotas................................................................................. 160 FIGURA 4.94 Espectros da reação com a Mn(TDFPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em uma alíquota ................................................................................. 161 FIGURA 4.95 Espectros da reação com a Mn(TDFPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em três alíquotas................................................................................. 162 FIGURA 4.96 Espectros da reação com a Mn(TPFPP) e o oxidante em suspensão,

adicionado em alíquota única................................................................................ 162 FIGURA 4.97 Comportamento das principais bandas do espectro eletrônico durante o

experimento ........................................................................................................... 163 FIGURA 4.98 Comportamento das principais bandas do espectro eletrônico durante o

experimento ........................................................................................................... 163 FIGURA 4.99 Espectros da reação com a Mn(TPFPP) e o oxidante em suspensão

adicionado em três alíquotas................................................................................. 164 FIGURA 4.100 Comportamento das bandas principais do espectro eletrônico monitoradas

durante o experimento........................................................................................... 164 FIGURA 4.101 Espectros da reação com a Mn(TPFPP) e a solução ACN/MeOH de

oxidante adicionado em três alíquotas................................................................. 165 FIGURA 4.102 Comportamento das bandas principais do espectro eletrônico, durante o

experimento ........................................................................................................... 165 FIGURA 4.103 Espectros da reação de oxidação de cicloexano usando MnPFPTDCFCl8P

como catalisador, e suspensão de PhIO como oxidante em adição única........... 167 FIGURA 4.104 Comportamento das principais bandas do espectro eletrônico durante o

experimento ........................................................................................................... 168 FIGURA 4.105 Espectros da reação de oxidação de cicloexano usando MnPFPTDCFCl8P

como catalisador, e suspensão de PhIO como oxidante em três adições ........... 169 FIGURA 4.106 Espectros eletrônicos das principais espécies observadas durante os

experimentos de oxidação do cicloexano com uma suspensão de iodosilbenzeno em acetonitrila utilizando a porfirina MnPFPTDCFCl8P como catalisador ............................................................................................................. 170

x

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FIGURA A1.1 Diagrama de níveis de energia de um elétron desemparelhado .......................... 196 FIGURA A1.2 Diagrama de níveis de energia de um átomo de hidrogênio em um campo

magnético .............................................................................................................. 198

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LISTA DE SIGLAS, FÓRMULAS E ABREVIAÇÕES

Aiso Constante de acoplamento hiperfino isotrópica A|| Constante de acoplamento hiperfino paralela A⊥ Constante de acoplamento hiperfino perpendicular Ag/AgCl Eletrodo de referência de prata/cloreto de prata CCD Cromatografia de camada delgada CG Cromatografia gasosa CT Transferência de Carga ∆HPP Largura do sinal de RPE a meia altura ε Absortividade molar EPH Eletrodo padrão de Hidrogênio ESC Eletrodo saturado de Calomelano giso fator g isotrópico do elétron g|| fator g paralelo g⊥ fator g perpendicular G Gauss (1x10-4 Tesla) GHz Giga Hertz (1x109 Hz) HOMO Orbital molecular ocupado de mais alta energia IV Infravermelho LUMO Orbital molecular desocupado de mais baixa energia MeCN Acetonitrila MnPor Manganês porfirina mT Mili Tesla (1x10-3 Tesla) nm Nanômetro (1x10-9 m) P-450 Citocromo P-450 RPE Ressonância Paramagnética Eletrônica SSCE Eletrodo padrão de calomelano TBABF4 Tetrafluoroborato de tetrabutilamônio TBAP Perclorato de tetrabutilamônio TBAPF6 Hexafluorofosfato de tetrabutilamônio UV-VIS Ultra Violeta e Visível MnBBPen hexafluorofosfato de N,N´-bis(2-hidroxibenzil-N,N’-bis(2-metilpiridil)

etilenodiamina manganês (III) MnBBPPn hexafluorofosfato de N,N´-bis(2-hidroxibenzil-N,N’-bis(2-metilpiridil)

diaminopropano de manganês (III)

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LISTA DOS COMPOSTOS ESTUDADOS

H2(TPP) 5,10,15,20-Tetrafenilporfirina ou 5,10,15,20-Tetrafenil-21H,23H-porfina H2(TDCPP) 5,10,15,20-Tetrakis(2,6-diclorofenil)porfirina ou 5,10,15,20-Tetrakis(2,6-

diclorofenil)-21H,23H-porfina H2(TCFPP) 5,10,15,20-Tetrakis(2-cloro,6-fluorofenil)porfirina ou 5,10,15,20-Tetrakis(2-

cloro,6-fluorofenil)-21H,23H-porfina H2(TDFPP) 5,10,15,20-Tetrakis(2,6-difluorofenil)porfirina ou 5,10,15,20-Tetrakis(2,6-

difluorofenil)-21H,23H-porfina H2(TPFPP) 5,10,15,20-Tetrakis(pentafluorofenil)porfirina ou 5,10,15,20-

Tetrakis(pentafluorofenil)-21H,23H-porfina Mn(TPP)Cl Cloreto de 5,10,15,20-Tetrafenilporfirina manganês(III) Mn(TDCPP)Ac Acetato de 5,10,15,20-tetrakis(2,6-diclorofenil)-porfirina manganês(III) Mn(TCFPP)Ac Acetato de 5,10,15,20-Tetrakis(2-cloro-6,fluorofenil)porfirina manganês(III) Mn(TDFPP)Ac Acetato de 5,10,15,20-Tetrakis(2,6-difluorofenil)porfirina manganês(III) Mn(TPFPP)Cl Acetato de 5,10,15,20-Tetrakis(pentafluorofenil)porfirina manganês(III) Mn(PFPTDCPCl8P)Cl Cloreto de 2,3,7,8,12,13,17,18-octacloro, 5-(pentafluorofenil)-10,15-20-

tri(2,6-diclorofenil) porfirina manganês(III)

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RESUMO

Porfirinas, tetraazaanulenos e ftalocianinas de manganês apresentam capacidade de mimetizar o comportamento catalítico de diferentes sistemas biológicos tanto na catálise homogênea quanto heterogênea. A investigação das espécies intermediárias observadas durante os processos catalíticos tem levado ao entendimento e modelagem de novos catalisadores mais eficientes. Neste trabalho as espécies intermediárias formadas durante os processos de oxidação química e oxiredução eletroquímica de seis diferentes Mn(III)porfirinas de primeira, segunda e terceira geração [Mn(TPP), Mn(TDCPP), Mn(TDFPP), Mn(TCFPP), Mn(TPFPP) e Mn(PFPTDCPCl8P)] e suas respectivas bases livres foram estudadas pelas técnicas de UV-Vis e RPE. A espectroeletroquímica de RPE indicou que as manganês porfirinas apresentam uma espécie Mn(IV) na oxidação a potenciais iguais ou superiores a +1,7V vs. EPH. O complexo mais facilmente oxidável foi o de primeira geração, Mn(TPP), indicando uma clara relação da presença de halogênios na periferia do anel e maior potencial de oxidação. A oxidação de substratos orgânicos na presença de metaloporfirinas e oxidantes químicos, como iodosilbenzeno, é atribuída a uma espécie catalítica ativa Metal(IV)-porfirina-π-cátion. No monitoramento por UV-Vis da reação de oxidação química, observou-se uma espécie com banda Soret na região de 420 nm com todas as porfirinas de primeira e segunda geração estudadas, e em 454 nm para a porfirina de terceira geração. Tal característica é atribuída a espécie catalítica ativa. No entanto, nas mesmas condições, não foram observados os sinais de RPE característicos de Mn (IV) ou outra espécie paramagnética intermediária. Diferentemente da oxidação química, na oxidação eletroquímica a +1,7V observou-se uma espécie com a banda Soret a 470 nm podendo indicar apenas uma oxidação centrada no metal como observado anteriormente na voltametria cíclica destes compostos. Na redução a –0,5 V observou-se uma espécie com a Soret a 436 nm. A redução a –1,7V mostrou uma espécie com a Soret a 444 nm. As porfirinas com maiores potenciais de oxidação foram as que apresentaram maior resistência à destruição durante os experimentos de catálise com oxidação química de cicloalcanos. As técnicas acopladas de eletroquímica, UV-Vis e RPE indicam a presença de pelo menos quatro espécies intermediárias nos processos de oxiredução de Mn(III)porfirinas estudadas. As espécies intermediárias, obtidas quimicamente mostraram características espectrais diferentes das obtidas na eletroquímica.

Palavras-chave: RPE, espectroeletroquímica, porfirinas, catálise, oxidação, manganês.

xiv

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ABSTRACT

Manganese porphyrins, tetraazaannulenes and phthalocyanines show the catalytic ability to mimetize various biological systems in homogenous or heterogeneous catalysis. Studies of intermediate species observed during catalytic reactions have been taken to understand and design new and more efficient catalytic systems. In this work the intermediate species that were observed during the oxidative chemical reaction and during the electrochemical oxidation and reduction of six different Mn-porphyrins of first, second and third generation [Mn(TPP), Mn(TDCPP), Mn(TDFPP), Mn(TCFPP), Mn(TPFPP) and Mn(PFPTDCPCl8P)] and their respective free bases were studied by UV-Vis and EPR spectroscopy techniques. Using EPR spectroeletrochemistry it was found that Mn-porphyrins show a Mn(IV) species when oxidative potentials equal or greater than +1.7V vs. SHE were applied. The easiest oxidisable compound was a first generation member: Mn(TPP), indicating a clear relation with the presence of halogen atoms as substituents of hydrogens on the phenyl rings and the higher oxidative potential. The oxidation of organic substrates mediated by metaloporphyrins associated with chemical oxidants, like iodozilbenzene, is attributed to active catalytic species formed in-situ and named as π-cationic Mn(IV)-porphyrin. During the UV-Vis monitoring of chemical oxidative reactions with Mn-porphyrins species with a Soret band around 420 nm were observed for all first and second generation porphyrins, and at 454 nm for the third generation porphyrin. That characteristic is attributed to the active catalytic species, but, at same conditions, no EPR signals were observed to characterize a Mn(IV) or other paramagnetic species. Contrasting with the chemical oxidation reactions, the electrochemical oxidation with +1.7 V showed intermediate species with a Soret band at 470 nm that only indicate a metal centered oxidation process like the one observed by cyclic voltammetry and EPR. At reduction potential of –0.5 V species with Soret band at 436 nm was observed. The reduction at –1.7 V showed intermediate species with Soret at 444 nm. In summary, it was observed that porphyrins with higher oxidation potentials were those presenting high resistance to the ring destruction during catalytic experiments of cycloalkane chemical oxidation. The coupled techniques of electrochemistry with UV-Vis and EPR indicated at least four intermediate species formed during the oxidation and reduction processes for the studied Mn(III)-porphyrins, but there are different from those obtained chemically. Keywords: EPR, spectroelectrochemistry, porphyrin, catalysis, oxidation, manganese

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I - INTRODUÇÃO

I-1 - Revisão Bibliográfica

Os ligantes macrocíclicos do tipo das porfirinas, ftalocianinas e

tetraazaanulenos são capazes de coordenar metais de transição em diversos

estados de oxidação devido principalmente às dimensões internas da cavidade do

macrocíclo e do efeito quelato. Estes compostos apresentam atividade catalítica

biomimética de diferentes sistemas biológicos, atuando em reações de oxidação e

redução. Para auxiliar na compreensão de sistemas biológicos é crescente o

desenvolvimento de novos complexos metálicos que reproduzam as propriedades

catalíticas de sítios ativos de enzimas contendo macrocíclicos, semelhantes aos

das metaloporfirinas [1].

Dentre os vários aspectos estudados pela bioinorgânica para mimetizar

os sistemas biológicos podemos citar: as dimensões do macrocíclico, a existência

de ligações π conjugadas, a basicidade dos átomos doadores, o metal escolhido

(seu estado de oxidação e configuração eletrônica), a atividade catalítica e

seletividade destes macrocíclicos para a obtenção de determinados produtos,

aplicados em sistemas homogêneos ou heterogêneos [2].

I-1.1 - Porfirinas

Porfirinas são compostos macrocíclicos, aromáticos, altamente conjugados e

muitos de seus derivados metálicos estão presentes em várias proteínas. As

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porfirinas apresentam importante papel em sistemas biológicos, tais como:

transporte (hemoglobina) ou armazenamento de oxigênio (mioglobina), transporte

de elétrons na cadeia respiratória (citocromo c) e ainda, ação catalítica, como por

exemplo no metabolismo de fármacos (monooxigenase, no citocromo P-450) [3-

6].

I-1.1.1 – Nomenclatura

A denominação das porfirinas está baseada nas posições dos grupos

substituintes no anel porfirínico (Figura 1.1).

Porfirinas com

alquilporfirinas, e aril

“tetrakis” é utilizado p

N

N

N

NH

H

12

3

4

5

6

7

89

1011

12

13

14

15

16

17

1819

20

Figura 1.1 - Estrutura do anel porfirínico base livre. Carbonos nas posições 5,10,15 e20 são denominados “carbonos em posiçõesmeso” . Os átomos das posições 2, 3, 7, 8,12, 13, 17 e 18 são conhecidos como“carbonos nas posições β-pirrólicas”.

substituintes do tipo alifáticos no anel são denominadas

porfirinas se os substituintes são aromáticos. O prefixo

ara porfirinas com quatro substituintes iguais nas posições

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meso do anel (5, 10, 15 e 20). Se tais grupos forem anéis aromáticos, eles podem

possuir heteroátomos como substituintes nas posições orto, meta e/ou para de

um anel benzênico, por exemplo.

As porfirinas base livre (Figura 1.1) não possuem metais complexados no

centro do anel macrocíclico, onde existem dois átomos de hidrogênio ligados a

nitrogênios amínicos. Nesta forma ela é considerada um ligante dianiônico. O

centro da porfirina possui um raio de aproximadamente 70 pm [4]. As porfirinas

base livre não apresentam atividade catalítica em aplicações de oxidação de

substratos orgânicos.

Porfirinas substituídas nas posições meso do anel com grupos fenila ou

arila representam a classe das porfirinas da primeira geração, por terem sido as

primeiras porfirinas estudadas com fins catalíticos, também denominadas de

meso-substituídas. Na Figura 1.2 é mostrada a estrutura da 5,10,15,20-

tetrafenilporfirina, H2(TPP).

N

N

N

N H H

Figura 1.2 – Estrutura de Lewis da porfirina H2(TPP)

Porfirinas de primeira geração apresentam baixa atividade catalítica em

reações de oxidação, já que os grupos fenílicos promovem fraca ativação no anel

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porfirínico por não apresentarem grupos retiradores de elétrons, o que parece

estabilizar a espécie catalítica ativa [1]. Além disso, nas porfirinas de primeira

geração não existem grupos volumosos que representem impedimento estérico

para a formação de dímeros, que se formam pela coordenação axial de um

ligante que promova a ligação entre os centros metálicos, e tampouco

apresentam proteção contra destruição oxidativa (auto-oxidação) do anel

macrocíclico.

As porfirinas de segunda geração, assim denominadas quando os grupos

substituintes fenílicos nas posições meso do anel porfirínico possuem halogênios

ou outras substituições, como o exemplo da Figura 1.3, apresentam uma melhor

ativação do anel, uma vez que os halogênios atuam como retiradores de

densidade eletrônica do anel porfirínico. A presença de halogênios melhora

substancialmente a atividade catalítica [5,7] pela estabilização da espécie

catalítica ativa e modulação dos potenciais redox do complexo.

N

N

N

N H H

Cl

F

F

F

F

Cl

Cl

Cl

Figura 1.3 – Estrutura de Lewis da H2(TCFPP)

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5

Porfirinas de terceira geração correspondem àquelas que apresentam

halogênios (ou outro tipo de substituintes volumosos) nas posições β-pirrólicas do

anel (posições 2, 3, 7, 8, 12, 13, 17 e 18). Na Figura 1.4 é mostrada a

tetrafeniloctabromo-porfirina, H2(TPOBPP). A presença de grupos volumosos nas

posições β-pirrólicas confere a estas porfirinas maior proteção à destruição

oxidativa e impede ou minimiza a formação de espécies diméricas [7]. Além disso,

ainda pode facilitar a formação e ativação da espécie catalítica ativa devido à

presença de grupos substituintes eletronegativos [1].

N

N

N

N H H

Br

Br

BrBr

Br

Br

BrBr

Figura 1.4 – Estrutura de Lewis da H2(TPOBP)

I-1.1.2 - Metaloporfirinas

A metaloporfirina é resultante da troca dos dois átomos de hidrogênio

centrais do anel da porfirina base livre por um cátion metálico. Durante esse

processo de metalação, como é conhecido, ocorre uma mudança significativa na

simetria do anel porfirínico. Por exemplo: a meso-tetrafenilporfirina que possui

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uma simetria D2h, quando metalada por cátions bivalentes, como o Cu2+, Zn2+,

Co2+ ou Ni2+, passam a apresentar uma simetria próxima a D4h [4].

O tamanho do cátion influencia a conformação do anel e,

conseqüentemente, a estabilidade da porfirina. Íons como o vanadilo (VO2+) e o

férrico (Fe3+ spin baixo), por exemplo, que possuem raios de 60 e 65 pm

respectivamente, são considerados de tamanho ideal para a coordenação ao

centro da porfirina. Metaloporfirinas com esses íons são encontradas na natureza.

Cátions metálicos como o Cu2+, de raio 73 pm, são relativamente grandes,

e por este motivo sua coordenação causa maior distorção do anel dificultando sua

estabilização. Metaloporfirinas de cobre não foram encontradas em sistemas

vivos até o momento [4].

I-1.1.3 – Caracterização das porfirinas

I-1.1.3.1 – Caracterização por espectroscopia na região do UV-Vis

A caracterização das porfirinas geralmente é feita pela análise de

espectroscopia eletrônica na região do UV-Visível devido à observação, em seu

espectro característico, de fortes absorções que se estendem da região do

ultravioleta próximo até a região do visível.

As porfirinas base livre apresentam em seu espectro eletrônico uma banda

característica, muito intensa (ε ~ 105 L mol-1 cm-1), entre 380 e 430 nm,

denominada banda Soret ou banda B, e na região entre 500 e 650 nm

apresentam ainda quatro bandas (ε ~ 103 L mol-1 cm-1) denominadas bandas Q.

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As bandas B e Q são observadas no espectro eletrônico devido a

transições π π* do anel porfirínico, e são muito mais intensas que as bandas

originadas pelas transições d d características nos metais de transição (ε ~ 102 L

mol-1 cm-1) e da transferência de carga metal-ligante presentes nas

metaloporfirinas (ε ~ 103 L mol-1 cm-1) e que ocorrem próximas a 370 nm.

Porfirinas com simetria D2h possuem o orbital molecular de maior energia

ocupado (HOMO) com simetrias a1u e b1u, sendo a energia do orbital b1u

ligeiramente superior à do a1u. O orbital molecular não ocupado de menor energia

(LUMO) tem simetrias b2g e b3g, onde o orbital b2g é o de menor energia [5, 8].

Em porfirinas com simetria D2h como por exemplo a tetrafenilporfirina, a

banda Soret é resultado da transição a1u b2g, e as bandas Q ocorrem devido às

transições eletrônicas que envolvem os estados vibracionais dos orbitais

moleculares de maior energia (a1u e b1u) e orbitais moleculares não ocupados de

menor energia (b2g e b3g).

Quando a tetrafenilporfirina é metalada, sua simetria passa de D2h para

D4h. Nesse caso o orbital molecular ocupado de maior energia tem simetrias a2u e

a1u, com o orbital a2u com energia um pouco superior. O orbital molecular não

ocupado de menor energia é duplamente degenerado e possui simetria eg [5, 8].

A Figura 1.5 mostra uma representação dos orbitais de fronteira, segundo o

modelo de 4 orbitais proposto por Gouterman [8g] para as porfirinas metaladas.

O modelo de quatro orbitais de Gouterman assume que somente quatro

transições dos orbitais de fronteira são permitidas, com as configurações

(a1u→egx), (a1u→egy), (a2u→egx) e (a2u→egy), que participam nas bandas Q e B

(Figura 1.5a) com simetria Eu. Na Figura 1.5b a representação mostra que a

transição de menor energia (HOMO → eg) tem grande contribuição para a banda

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8

Q, enquanto a de maior energia (HOMO-1 → eg) tem uma contribuição maior para

a banda B. O espectro eletrônico mostrado na Figura 1.5b é da Zn porfirina [8g].

Figura 1.5 – Transições eletrônicas no modelo de quatro orbitais proposto porGouterman. a) as quatro transições permitidas; b) as transições HOMO-egque dão origem às bandas B e Q.

Modelos teóricos e evidências experimentais obtidas de análises de

estruturas de raios-X mostram que após a metalação, a porfirina geralmente

apresenta maior simetria quando comparada com a respectiva base livre, e assim,

as bandas Q são reduzidas a duas. As bandas Q também são denominadas α e

β, onde a banda α ou Q(0,0) é a de menor energia, e a banda β ou Q(1,0) é a de

maior energia [5]. A intensidade relativa destas duas bandas permite uma

avaliação qualitativa da estabilidade do complexo quadrado-planar formado.

Quando α > β, o metal forma um complexo estável com a porfirina (exemplos

Ni(II), Pd(II), e Sn(IV)). O íon Cd(II), no entanto é facilmente trocado por prótons, e

tem β > α [5].

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9

No caso da protonação da porfirina base livre, a banda Soret é deslocada

para maiores comprimentos de onda e as bandas Q são reduzidas para duas, de

forma semelhante ao observado na metalação [5, 8].

I-1.1.3.2 – Caracterização por observação da fluorescência

Quando submetidas à radiação ultravioleta, as porfirinas base livre

apresentam intensa fluorescência vermelho-alaranjada, porém essa característica

é perdida ou bastante diminuída quando elas são metaladas. Em 1935, J.

Haurowitz [9], citado por Allison [10], relatou que todas as porfirinas base livre,

quando complexadas com íons diamagnéticos, mantêm a fluorescência, enquanto

que os derivados paramagnéticos perdem esta característica. Isto explica porque

em porfirinas de zinco, cádmio, bário, magnésio entre outras, observa-se

fluorescência, com intensidade menor e comprimento de onda diferente da

porfirina base livre.

O acompanhamento da diminuição da fluorescência é muito importante,

pois através dele o processo de metalação pode ser facilmente monitorado pela

retirada de uma alíquota do meio de reação, submetendo a amostra a uma rápida

separação por cromatografia de camada delgada (CCD) e expondo a placa de

CCD a uma lâmpada com emissão de luz ultravioleta. A diferença de

fluorescência com uma amostra de controle da porfirina não metalada é bem

pronunciada durante o processo de metalação.

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10

I-1.1.3.3 – Caracterização por espectroscopia de RPE

Outra ferramenta importante na caracterização das porfirinas e seus

metalocomplexos, principalmente no que se refere à planaridade e simetria do

anel porfirínico é a ressonância paramagnética eletrônica (RPE). No Anexo 1 é

apresentada uma descrição dos fundamentos da técnica de RPE, a qual se

baseia na observação do efeito que campos magnéticos locais produzidos por

elétrons desemparelhados causam sobre os átomos que estão próximos. Além

disso, quando a porfirina base livre é metalada com elementos que possuam spin

nuclear diferente de 0 (com número quântico I > 0), como por exemplo: I(Mn) = 5/2,

I(Cu) = 3/2, I(Co) = 7/2, etc., pode-se obter informações sobre a interação hiperfina

(interação dos momentos magnéticos dos elétrons desemparelhados com o do

núcleo do elemento sonda), o que enriquece o conhecimento sobre o sítio

metálico pesquisado no que se refere à simetria e densidade de carga local [11].

Exemplos de caracterizações de porfirinas através desta técnica são inúmeros

[12-14]. Caudle e colaboradores [12] relatam a caracterização de uma espécie

com Manganês (II) com g=2,00 em um composto heteronuclear MnnMg6-

n(O2CNEt2)12. Allen e colaboradores [13] caracterizam uma espécie de manganês

(II) nos centros de reação da bactéria Rhodobacter sphaeroides. Konishi e

colaboradores [14] identificam espécies manganês (IV) em um experimento de

radiólise utilizando a porfirina Mn(TPP).

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11

I-1.1.3.4 – Caracterização por eletroquímica

Uma ferramenta que a cada dia se renova e fornece informações

imprescindíveis na caracterização para as aplicações das porfirinas, é a técnica

eletroquímica, a começar pela voltametria cíclica. Uma porfirina base livre sem

muitas alterações estruturais, tal como a H2(TPP), apresenta quatro processos

redox centrados no macrociclo, sendo duas oxidações (0,94 V e 1,28 V vs.

Ag/AgCl) e duas reduções (-1,26 V e –1,56 V vs. Ag/AgCl).

Na medida que o macrocíclo é modificado pela adição de novos

substituintes, ou pela posição do anel onde estes substituintes são colocados,

estes potenciais são modificados, e esta variação é uma medida da interferência

dos substituintes na molécula [15,16].

Quando a porfirina é metalada, a caracterização eletroquímica também é

importante pois permite observar como o metal interfere no macrocíclo, e como o

macrocíclo consegue modular as características do íon metálico [15-22].

Talvez a importância maior da eletroquímica esteja na geração “in situ” de

espécies químicas intermediárias, oxidadas ou reduzidas, sem a necessidade de

outros reagentes, através da voltametria com potencial controlado, popularmente

chamada de eletrólise. O uso acoplado da eletrólise com outras técnicas tais

como: RPE, UV-Vis, IV entre outras, aumenta o número de informações que

podem ser obtidas de um sistema complexo, como é o caso das porfirinas. São

muitos os exemplos de utilização de técnicas acopladas [18, 23-31]. Bruice e

colaboradores [24], estudando os intermediários gerados nos estudos com a

manganês(III) tetramesitilporfirina, propôs um mecanismo de reação para a ação

das porfirinas de manganês como catalisadores de reações de oxidação. Bedioui

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12

e colaboradores [26] observam evidências da formação de complexos de

manganês (V) usando espectroeletroquímica de UV-Vis. Goff e Nanthakumar [28]

identificam uma espécie de ferro(V)porfirina em um experimento de eletrocatálise

de hidroxilação de alcanos. Kadish e colaboradores [30] identificam diversos

intermediários de reação em estudos de eletroquímica associados com UV-Vis e

com RPE. Kadish e Kelly [31] relatam e propõem um mecanismo de mudança da

esfera de coordenação de complexos porfirínicos de manganês com base em

informações obtidas por estudos eletroquímicos acoplados com UV-Vis.

I-1.1.4 - Sistema Modelo – Citocromo P-450

Metaloporfirinas sintéticas têm sido estudadas com o objetivo de mimetizar

algumas funções biológicas de sistemas contendo a protoporfirina IX, que está

presente nos sistemas vivos. Neste sentido, as metaloporfirinas sintéticas vêm

sendo utilizadas como catalisadores que mimetizam as funções biológicas de

monooxigenases dependentes do citocromo P-450 (muitas vezes denominado

apenas P-450).

As vantagens de se estudar modelos para os sistemas biológicos são

diversas, entre as quais:

- simplificação do sistema;

- controle das condições de reação;

- evitar interferências de contaminantes naturais;

- com o domínio da síntese do modelo, pode-se evoluir o mesmo para aplicações

de interesse;

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13

- não necessidade dos processos de extração e purificação de produtos naturais,

cujo grau de pureza pode ser questionado, bem como estes processos podem

alterar as características iniciais destes produtos.

A utilização de metaloporfirinas se estende também a sensores em química

analítica, terapia fotodinâmica de câncer, entre outras aplicações de interesse

biológico e industrial [32, 33].

Citocromo P-450 é a denominação de uma superfamília de enzimas do tipo

monooxigenase. Denisov e colaboradores relatam a existência de mais de 4000

genes anotados em diferentes espécies de seres vivos, relacionados a biosíntese

de macromoléculas análogas [34]. Estas enzimas processam materiais

xenobióticos para gerar metabólitos hidroxilados, transferindo um átomo de

oxigênio proveniente do oxigênio molecular ao substrato, sendo o segundo

oxigênio reduzido à água, com utilização de dois elétrons do NADPH [1, 3, 34]

conforme a equação abaixo.

R-H + NADPH + H+ + O2 → R-OH + NADP+ + H2O

A designação P-450 surgiu da absorção característica na região de 450 nm

do espectro eletrônico, do aduto do citocromo contendo uma molécula de CO.

Esta banda de absorção, chamada banda Soret, usualmente ocorre em menores

comprimentos de onda (cerca de 30 nm menor) para outros adutos de citocromos

com CO [35].

A Figura 1.6 descreve o ciclo catalítico proposto por Denisov e

colaboradores para o citocromo P-450 [34].

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14

Figura 1.6 – Ciclo proposto para a atuação catalítica do citocromo P-450 [34]. O substrato R se liga ao centro prostético heme denominado aqui por 1, amudança do estado de spin do ferro gera o intermediário 2 que ao receber umelétron resulta no complexo 3. Este se ligando ao dioxigênio para produzir 4, oqual, com uma redução de um elétron conduz a um intermediário peroxo-férrico5a, que uma vez protonado forma o intermediário hidroperoxo-férrico 5b. Umasegunda protonação no oxigênio distal e a subseqüente heterólise da ligaçãoO-O leva a formação do composto 6 e água. Na seqüência ocorre a transferênciado oxigênio para o substrato originando 7 e o produto oxidado R-OH.

O Citocromo P-450 é encontrado em plantas, animais e bactérias e exerce

várias funções. Nos organismos superiores, o P-450 tem duas funções principais,

a primeira é a participação na catálise de hidroxilação de drogas, esteróides,

pesticidas e outras substâncias, pois os compostos hidroxilados são mais solúveis

em água, favorecendo a excreção dos metabólitos na urina [6], e a segunda é na

biosíntese de hormônios e na conversão de ácidos graxos em moléculas

bioativas. Nas plantas, suas funções estão associadas à degradação de

herbicidas e na biosíntese de hormônios [34].

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15

As reações catalisadas pelo P-450 são bastante diversas e a Figura 1.7

ilustra algumas das reações catalisadas por esta enzima, dentre as quais se

destacam: hidroxilação de compostos alifáticos, epoxidação de alcenos, N-

oxidação e S-oxidação [1].

I-1.1.5 - Reaç

meta

Nas re

complexo met

reação de m

dependência

metaloporfirina

Diverso

hipoclorito de

P-450

O

H

OH

CHO

R1

R1

R2R3

R2

R3

R1

R1

+HCO2H

NH2

OR

NH2

NOHR

ÓXIDOS DE NITROGÊNIO

+

R2

OR1

R2

SR1

R1X R2(X=O,S ou NR2)

R1XH R2CHO+

N

N O

S

O

R2R1

SR1 R2

Figura 1.7 – Exemplo de algumas reações catalisadas pelo CitocromoP-450 [3].

ões de oxidação de substratos orgânicos, catalisadas por

loporfirinas

ações de catálise utilizando metaloporfirinas, a formação do

álico de alta valência (suposta espécie catalítica ativa), através da

etaloporfirinas com um doador de oxigênio, tem mostrado

com a natureza do oxidante bem como com a estrutura da

[3, 7, 36, 37].

s doadores de oxigênio, como por exemplo: iodosilbenzeno,

sódio, oxigênio molecular (devidamente ativado), ânion superóxido,

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16

peróxidos de alquila, peróxido de hidrogênio, amina N-óxidos e perssulfato ácido

de potássio (KHS2O8), têm sido utilizados.

Oxidantes contendo somente um átomo de oxigênio ligado a um bom grupo

abandonador, tais como o iodosilbenzeno, podem transferir mais facilmente seus

átomos de oxigênio para metaloporfirinas [3]. O iodosilbenzeno pode produzir

mais facilmente uma espécie reativa metal-oxo, se comparado a oxidantes

contendo uma ligação O-O, como hidroperóxidos de alquila ou peróxidos de

hidrogênio, que possuem duas formas de clivagem, homolítica e heterolítica [3,

38].

Quando a clivagem é homolítica não há formação da espécie metal-oxo,

havendo formação de espécies radicalares do tipo RO•, conforme a equação a

seguir. Esta espécie é responsável pela hidroxilação de alcanos, mas não pela

formação de epóxidos a partir de olefinas, sendo assim, a regioseletividade da

reação não pode ser controlada pelo complexo porfirínico [39].

Fe(III) + ROOH → Fe(IV)OH + RO•

O uso de uma porfirina sintética, como sistema modelo eficiente para

mimetizar alguma função biológica, requer no mínimo três condições:

- eficiência catalítica;

- resistência contra a destruição do catalisador metaloporfirínico no meio oxidante;

- boa seletividade nas reações de oxidação.

Groves e colaboradores [40], foram os primeiros a relatar que a

ferroporfirina Fe(TPP) catalisava a transferência de átomos de oxigênio do

iodosilbenzeno para cicloexano produzindo cicloexanol em meio de

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17

diclorometano, com rendimento de cerca de 8%. Com este sistema, Groves

efetuou reações de hidroxilação [41], e de epoxidação do cicloexeno [42]. A

oxidação de cicloexeno produz preferencialmente o epóxido.

No caso de alcanos, o álcool é obtido sem que necessariamente seja

oxidado a cetonas, e esta seletividade representa uma das características

essenciais do citocromo P-450, que é capaz de hidroxilar o alcano sem oxidar o

álcool formado no curso da reação. Abaixo está representada a reação de

oxidação do substrato S ao produto oxidado SO pela interação do catalisador e do

oxidante iodosilbenzeno (PhIO) [40].

Usando a p

efeito catalítico foi

reação de catálise.

Na tentativa

metaloporfirínicos

de porfirinas (com

idealizados principa

no sistema de Gro

processos de dime

acesso do substra

tempo de vida e m

tanto na alteração

42].

orfirina Fe(TPP) no sistema, Groves observou porém que o

rapidamente diminuído pela destruição do catalisador durante a

de melhor mimetizar os sistemas biológicos, novos compostos

modelo foram sintetizados, dando origem à segunda geração

o já comentado anteriormente). Estes novos modelos foram

lmente com base em modificações da porfirina Fe(TPP) usada

ves. Estas modificações foram feitas com o objetivo de evitar

rização, que desativam a atividade catalítica por impedirem o

to ao centro metálico do complexo, bem como prolongar o

elhorar a atividade catalítica da espécie intermediária, focando

da estrutura da porfirina, quanto nas condições de reação [40-

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18

Porfirinas tais como a Fe(TMP) (cloreto de tetramesitilporfirina ferro (III)) e

a Fe(TPFPP) [cloreto de tetrakis(pentafluorfenil)-porfirina ferro (III)], mostraram-se

capazes de resistir, em condições controladas, à destruição oxidativa em alguns

tipos de reação catalítica, por causa de suas estruturas eletrônicas e estéricas

favoráveis. Estes catalisadores de segunda geração mostram eficiência catalítica

na epoxidação de alcenos, porém na catálise de hidroxilação de alcanos foi

observada a destruição parcial das porfirinas [43, 44].

Para obter catalisadores ainda mais robustos aos ataques eletrofílicos, as

posições β-pirrólicas das porfirinas foram halogenadas (catalisadores de terceira

geração). Isto proporcionou a resistência desejada impedindo a destruição dos

catalisadores, pela maior estabilização das espécies intermediárias de alta

valência. Estes compostos mostraram certa estabilidade e eficiência como

catalisadores para epoxidação e hidroxilação, bem como exibindo propriedades

espectroscópicas não usuais [1].

As reações de oxidação de substratos orgânicos catalisada por porfirinas

em meio homogêneo podem levar a uma auto-oxidação do catalisador pela

aproximação de anéis porfirínicos ativados, ou ainda, a formação de dímeros, cuja

atividade catalítica não foi ainda comprovada [2, 5, 44-46].

Com o objetivo de impedir a auto-oxidação e dimerização dos anéis

porfirínicos, mantendo as porfirinas separadas, e ainda facilitar a recuperação e

reutilização do catalisador, materiais inorgânicos (zeólitas, argilas, sílica gel, etc.)

ou materiais orgânicos (polipirrol e outros polímeros) têm sido utilizados como

matrizes hospedeiras para a imobilização de metaloporfirinas.

A imobilização dos macrocíclicos também é usada para modificar a

seletividade durante as reações de catálise, da mesma maneira que a cadeia

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19

protéica determina a seletividade de enzimas em sistemas biológicos [47-58],

direcionando para a formação de um produto preferencial.

I-1.1.6 - Manganês Porfirinas

O manganês é um elemento de grande importância em sistemas

biológicos, e sua presença em plantas, bactérias e animais, foi comprovada pelo

estudo de várias enzimas que o tem como cofator essencial em diversos

processos metabólicos [24, 46, 59].

Destacadamente, a presença do íon manganês nos sistemas de evolução

de oxigênio (OEC, do inglês Oxigen Evolving Complex) no Fotosistema II,

processo de oxidação da água em plantas para a produção de oxigênio, é um dos

sistemas mais estudados [59, 60].

Outra enzima cuja participação do manganês parece ser essencial é a

Superóxido Dismutase (SOD) isoladas em mitocôndrias de galinhas e nas

bactérias Eschirichia coli e Thermus thermophilus, cuja função é catalisar a

decomposição de radicais O2- [59].

A metalação das porfirinas com manganês, cobalto, níquel entre outros, e

sua utilização em sistemas biomiméticos muitas vezes visa adequar os modelos

às funções biológicas a que se propõe mimetizar, e também a aplicações

tecnológicas e industriais de interesse [25, 46, 52, 54, 61-65].

Por serem isoeletrônicos, os íons Fe(III) e Mn(II), com a configuração

eletrônica d5, guardam certas semelhanças entre si, assim como Fe(IV) e Mn(III)

ou Fe(V) e Mn(IV). Por isso, as MnPor, além de servirem como modelos

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20

biomiméticos similares das ferro porfirinas, quando usadas em aplicações de

catálise de oxidação de substratos orgânicos, apresentam em muitos casos

rendimentos superiores [26, 61, 62, 66-68].

Em particular, as manganês porfirinas têm sido estudadas como sistemas

modelo para as monooxigenases. Estas investigações têm levado a um grande

número de catalisadores para a epoxidação de alcenos e a hidroxilação de

ligações C-H usando doadores dioxigênio e mono-oxigênio, tais como OCl-, PhIO

ou H2O2 [46, 69].

O oxidante nestes sistemas tem sido atribuído à uma espécie oxo-

manganês(V)-porfirina, e em algumas circunstâncias a espécie oxo-manganês(IV)

porfirina também pode ser formada e participar das oxidações [69]. Nam e

colaboradores sugerem que apenas a espécie oxo-manganês(V)-porfirina é a

espécie catalítica ativa [27].

I.1.2 Espectroeletroquímica de RPE

A técnica de espectroscopia de RPE é sensível a materiais com elétrons

desemparelhados tais como: radicais livres orgânicos e inorgânicos, ânions e

cátions radicais e íons de vários complexos de metais de transição. Sendo assim,

é significativa a sua utilização no estudo de muitas substâncias na área biológica.

Originalmente postulado por Michaelis [18], muitos processos que ocorrem

nos eletrodos, envolvem a transferência de um elétron de/ou para um material

“eletroativo”. Sendo assim, de forma óbvia, em cada experimento, o reagente ou o

produto contém pelo menos um elétron desemparelhado o qual é dito

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21

“paramagnético”, sendo possível de ser observado pelas técnicas acopladas. A

redução ou oxidação eletroquímica de moléculas orgânicas (R), é representada

por [18]:

Freqüentemente muitos produtos iniciais formados na superfície do

eletrodo sofrem reações químicas ou transferências eletrônicas logo após sua

formação, mas a estabilidade da espécie depende grandemente da reatividade do

meio no qual é produzido. A possibilidade de geração de espécies

paramagnéticas in situ contribui para o aumento das informações que podem ser

obtidas através de experimentos de RPE.

I.2 – As Porfirinas Estudadas neste Trabalho

As porfirinas estudadas neste projeto têm suas estruturas gerais

apresentadas na Figura 1.8.

++

NN

NN

M

R4

R1

R2

R3

5

10

15

20

P = FenilaDFP = 2,6-Difluorofenila

F

F

PFP = Pentaflurofenila

F F

F

FF

Grupos R1-4

DCP = 2,6-Diclorofenila

Cl

ClCFP = 2-Cloro,6-fluorofenila

Cl

F

M++ = 2H ou Mn Rβ = H ou Cl .Figura 1.8 – Estrutura de Lewis das Porfirinas Estudadas

A identificação das porfirinas estudadas é uma composição do símbolo do

íon metálico, seguido de uma letra que indica o número de grupos R, o próprio

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22

grupo R e finalmente a letra P que indica porfirina. O contra-íon foi omitido para

facilitar a identificação.

Uma vez que foi seguido o padrão de identificação de porfirinas geralmente

adotado pelas publicações internacionais sobre o assunto, o grupo fenila é

representado pela letra “P” do grupo radical em inglês “phenyl”.

Na Tabela 1.1 são apresentadas as porfirinas aqui estudadas.

Tabela 1.1 - Porfirinas estudadas neste trabalho.

Sigla M R1 R2-4 RβContra-

íon Nome

H2(TPP) 2H+ P P H 5,10,15,20-tetrafenilporfirina

H2(TDCPP) 2H+ DCP DCP H 5,10,15,20-tetrakis(2,6-diclorofenil)porfirina

H2(TCFPP) 2H+ CFP CFP H 5,10,15,20-tetrakis(2-cloro-6-fluorofenil)porfirina

H2(TDFPP) 2H+ DFP DFP H 5,10,15,20-tetrakis(2,6-difluorofenil)porfirina

H2(TPFPP) 2H+ PFP PFP H 5,10,15,20-tetrakis(pentafluorofenil)porfirina

Mn(TPP) Mn3+ P P H Cl- Cloreto de 5,10,15,20-tetrafenilporfirina de Manganês(III)

Mn(TDCPP) Mn3+ DCP DCP H CH3COO-Acetato de 5,10,15,20-tetrakis(2,6-diclorofenil)-porfirina de Manganês(III)

Mn(TCFPP) Mn3+ CFP CFP H CH3COO-Acetato de 5,10,15,20-tetrakis(2-cloro-6-fluorofenil)-porfirina de Manganês(III)

Mn(TDFPP) Mn3+ DFP DFP H CH3COO-Acetato de 5,10,15,20-tetrakis(2,6-difluorofenil) porfirina de Manganês(III)

Mn(TPFPP) Mn3+ PFP PFP H CH3COO-Acetato de 5,10,15,20-tetrakis(pentafluorofenil) porfirina de Manganês(III)

Mn(PFPTDCPCl8P) Mn3+ PFP DCP Cl Cl- Cloreto de 2,3,7,8,12,13,17,18-octacloro, 5-(pentafluorofenil)-10,15-20-tri(2,6-diclorofenil) porfirina de Manganês(III)

M = íon central, R1-4 = Grupos R das posições meso, Rβ=Grupos das posições β-pirrólicas, CI = contra-íon.

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23

I.3 - Justificativa do Projeto de Pesquisa

As justificativas para este projeto se fundamentaram nas observações:

- são crescentes as buscas por novos e mais eficientes catalisadores que

mimetizem as funções do citocromo P-450 para oxidar e epoxidar compostos

orgânicos para obter produtos de interesse industrial, farmacêutico e ambiental;

- sem um estudo sistemático das propriedades de um dado composto, sua

potencialidade pode eventualmente não ser explorada ou aproveitada

totalmente;

- a síntese de catalisadores que mimetizem as funções de sistemas biológicos se

dá primariamente de forma experimental, ou seja, alguns substituintes são

colocados em certas posições e a partir daí, exploram-se as potencialidades do

composto obtido.

Sendo assim, pela natureza do substituinte modificado, é possível intuir o

provável resultado das modificações, mas não se pode prever com muita precisão

qual a magnitude de variação nas propriedades de interesse.

Entre tantas propriedades que podem ser moduladas, existe particular

interesse em se estudar as correlações existentes entre as alterações estruturais,

os potenciais redox e o espectro eletrônico destes compostos visto que, estes se

relacionam diretamente com a distribuição e arranjos eletrônicos nos orbitais do

macrocíclo, o que pode levar a diferentes propriedades catalíticas. Neste trabalho

tais propriedades serão estudadas por eletroquímica e espectroscopia eletrônica,

respectivamente.

Além disso, existem relatos que durante as etapas principais do ciclo

catalítico de muitos sistemas biológicos são geradas espécies radicalares e/ou

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24

com alto estado de oxidação [28]. Notadamente a Ressonância Paramagnética

Eletrônica (RPE) e a espectroeletroquímica de RPE permitem investigar tais

espécies, sob condições experimentais adequadas.

O estudo sistemático da influência de diferentes substituintes no anel

porfirínico e suas propriedades podem levar ao entendimento da existência de

posições nas quais os substituintes são mais efetivos para obter o efeito catalítico

desejado, ou se um substituinte é mais efetivo que outro na mesma posição.

Com essas informações, além da economia natural de só se investir na

síntese de moléculas viáveis, também torna o processo de planejamento de

novas moléculas mais simplificado.

A possibilidade do estudo sistemático de espécies geradas

eletroquimicamente in situ, de uma mesma amostra através de duas técnicas

simultâneas, tais como estudos de espectroscopia eletrônica ou RPE, visa tentar

identificar espécies intermediárias que possam se formar no meio de reação.

São encontrados na literatura, poucos estudos sistemáticos e conclusivos

do efeito que os substituintes produzem sobre as propriedades físico-químicas

das moléculas em geral [29, 70] e dos catalisadores em particular [16, 20, 30].

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25

II - OBJETIVOS

II.1 - Objetivos gerais

Propor a utilização de técnicas acopladas para a caracterização de

intermediários de reações químicas complexas.

Contribuir para o entendimento do comportamento reacional das porfirinas e

qual a relação entre os rendimentos na catálise oxidativa de substratos orgânicos

e as diferenças estruturais de cada molécula, visando à modelagem de novos

compostos que sejam catalisadores de oxidação mais eficientes.

II-2 - Objetivos específicos

Verificar nas moléculas estudadas o efeito nas propriedades físico-químicas,

especificamente nos potenciais de oxidação e redução e no espectro eletrônico,

que os diferentes substituintes provocam, utilizando técnicas convencionais de

eletroquímica, espectroscopia eletrônica, espectrometria de RPE, e também

através de técnicas acopladas de eletroquímica e espectroscopia eletrônica e

eletroquímica e RPE.

Acompanhar o desempenho catalítico de metaloporfirinas em reações

catalíticas com sistemas químicos, visando estabelecer correlações com os

resultados obtidos nos estudos eletroquímicos e espectroscópicos.

A partir dos dados obtidos, planejar e propor modificações estruturais que

orientem a síntese de novos catalisadores com vistas a melhorar as

características e propriedades apresentadas pelos sistemas estudados.

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26

III - PARTE EXPERIMENTAL

III-1 - Métodos e Técnicas

III-1.1 – Voltametria cíclica

As MnPor estudadas foram dissolvidas em acetonitrila (concentração em

torno de 2x10-4 a 5x10-4 mol L-1) e misturadas ao eletrólito de suporte

(hexafluorofosfato de tetrabutilamônio - TBAPF6 ~0,1 mol L-1). Este eletrólito foi

escolhido por ser muito solúvel em solventes orgânicos, e confere alta

condutividade para as soluções em estudo. As porfirinas base livre (não

metaladas) foram dissolvidas em diclorometano, nas mesmas condições e

concentrações das MnPor.

Os estudos de voltametria cíclica foram feitos utilizando um potenciostato

Microquímica modelo MQPG-01, ou um potenciostato/galvanostato modelo PAR

273 EG&G Princeton Applied Research ou um potenciostato/galvanostato modelo

PAR 263 EG&G Princeton Applied Research.

A célula eletrolítica usada foi uma cuba de vidro de capacidade de 10 mL

contendo tampa de Teflon (Figura 3.1) na qual foram adaptados os eletrodos.

Figura 3.1 – Célula eletroquímica usada.

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27

O sistema utilizado continha três eletrodos, mostrados na Figura 3.1:

• de referência Ag/AgCl em solução de KCl 1,0 mol/L;

• de trabalho, um eletrodo circular de carbono vítreo (Bioanalytical

GCE 1,6 mm de diâmetro);

• auxiliar, uma espiral de fio de platina de 0,5 mm.

Os potenciais de varredura inicialmente selecionados, que melhor se

adequaram às análises dos compostos, foram -2,3 V até +2,1 V vs. Ag/AgCl. A

velocidade de varredura foi de 100 mV s-1. Embora alguns experimentos tenham

sido realizados com outras velocidades de varredura, para permitir a comparação

dos dados obtidos com os da literatura, apenas os dados obtidos a 100 mV s-1

foram reportados.

As análises foram efetuadas sob um fluxo de gás nitrogênio, mantido no

interior da célula para garantir a realização do estudo em atmosfera inerte. Antes

de cada experimento, cada solução foi desaerada por 5 minutos com a passagem

de gás nitrogênio.

Foi usado ferroceno como padrão de referência interna para normalizar os

potenciais obtidos experimentalmente, com base nos dados da Tabela 3.1 [71-

73].

Tabela 3.1 - Potenciais eletroquímicos

Reação Eo/V vs. EPH a

AgCl + e- ⇔ Ag + Cl- 0,22233[Ferriceno]+ + e- ⇔ Ferroceno 0,4002 H+ + 2 e- ⇔ H2 0,00000Hg2Cl2 + 2 e- ⇔ 2 Hg + 2 Cl- 0,26808

a Dados da referência [71b]

Os potenciais com referência no eletrodo padrão de hidrogênio foram

considerados para uma maior facilidade nos experimentos de

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espectroeletroquímica, pois estes foram realizados utilizando eletrodos de quase-

referência de fio de platina, com um comportamento próximo ao EPH [72].

III-1.2 – Espectroscopia eletrônica

Os compostos estudados foram dissolvidos em diclorometano, clorofórmio

ou acetonitrila, dependendo de sua solubilidade, e transferidos para uma célula de

quartzo para a realização da análise.

As análises foram efetuadas em um espectrofotômetro Hewlett Packard

HP8452 diode array com resolução de leitura de 2 nm.

As células de quartzo que foram utilizadas nas medidas tinham caminho

óptico de 0,100, 0,200, 0,500 e 1,00 cm.

III-1.3 – Ressonância paramagnética eletrônica (RPE)

As análises de RPE foram realizadas em um espectrômetro de ressonância

paramagnética eletrônica (RPE) BRUKER modelo ESP 300E, operando em

banda X (~9,7 GHz).

Os compostos foram estudados no estado sólido e em solução de

acetonitrila, tanto na temperatura ambiente como resfriados em nitrogênio líquido

(77 K).

As medidas foram realizadas transferindo alíquotas de amostra para tubos

de quartzo de 3,0 mm de diâmetro que foram posicionados na cavidade de

medida do espectrômetro de RPE e então feita a aquisição dos espectros. Os

espectros obtidos foram posteriormente tratados pelo programa WinEPR®.

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III-1.4 – Espectroeletroquímica na região do UV-Visível

A célula eletroquímica foi montada com duas lâminas de vidro de 3x5 cm,

unidas por um separador de borracha de silicone conforme pode ser visto na

Figura 3.2. O caminho óptico aproximado da célula foi de 0,2 cm e a capacidade

volumétrica próxima de 1,2 mL de solução. Três eletrodos de fio de platina foram

inseridos paralelamente, sendo o eletrodo de trabalho e o de quase-referência

colocados em uma das divisões da célula e o eletrodo auxiliar na outra divisão.

Figura 3.2 – Célula de espectroeletro-química na região do Visível.

Para cada experimento, a solução em estudo, com concentração da ordem

de 5x10-5 mol L-1, foi colocada na célula e então os eletrodos foram posicionados

de forma a não interromper o caminho óptico, porém permitindo que a radiação

passasse bem próxima do eletrodo de trabalho. Este ajuste de posicionamento foi

feito antes do início de cada medida, registrando espectros e movendo

lentamente a cubeta até a ausência de ruídos no espectro eletrônico obtido.

Como medida de segurança, para evitar a migração de espécies formadas nas

proximidades de cada eletrodo para o outro compartimento da célula, os eletrodos

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30

foram posicionados a aproximadamente um centímetro do fundo, o que permitiu

uma operação sem contaminação por pelo menos 30 minutos.

Após esses cuidados, os potenciais de interesse (desde +2,5 V até –2,5 V)

foram aplicados por tempos determinados e os espectros eletrônicos então

registrados, utilizando o modo cinético de coleta de espectros do

espectrofotômetro com o registro de um espectro a cada 10 segundos.

III-1.5 – Espectroeletroquímica de RPE

Para esta técnica foi utilizada uma célula de quartzo (WILMAD WG810-A)

específica para eletroquímica acoplada com RPE, com três eletrodos de fio de

platina soldados a fios de cobre para o contato externo (Figura 3.3) [74].

Figura 3.3 – Célula Flat – Espectroeletro-química de RPE.

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Uma vez que um eletrodo é posicionado na parte inferior da célula e os

outros dois são introduzidos pela parte superior, a configuração na qual os

melhores resultados foram obtidos foi a de utilizar o eletrodo inferior como

eletrodo auxiliar e os outros dois como eletrodo de trabalho e quase-referência,

inseridos paralelamente pela parte superior. Os eletrodos foram posicionados de

tal maneira na célula, que a ponta do eletrodo de trabalho ficou no meio da janela

de quartzo, região em que é obtido o melhor sinal no sensor do espectrômetro de

RPE.

A solução em estudo, com concentração da ordem de 5x10-4 mol L-1,

acrescida do eletrólito de suporte (TBAPF6 0,1 mol L-1) foi colocada na célula e os

eletrodos conectados ao potenciostato MQPG-01 através de fios extensores.

Após isso, potenciais de interesse foram aplicados por tempos determinados e os

espectros RPE foram registrados no espectrômetro.

III-1.6 – Oxidação de cicloexano monitorada por espectroscopia eletrônica

Para cada experimento, a solução em estudo (400 µL do catalisador em

uma concentração em torno de 5x10-5 mol L-1) foi colocada em uma célula de

quartzo com caminho óptico de 0,200 mm, juntamente com o substrato da reação

(3 µL de cicloexano puro) de tal forma a ter uma relação molar entre o catalisador

e o substrato na ordem de 1:2000. Esta relação entre o catalisador e o substrato

foi adotada por ser usual neste tipo de experimentos.

O espectrofotômetro foi programado no modo cinético (coletas sucessivas

de espectros), para o registro de espectros a cada 10 segundos. O tempo de cada

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experimento variou entre 20 minutos e 2 horas.

Após o registro de primeiro espectro, foi adicionado rapidamente com o

auxílio de uma seringa, um volume pré-determinado de oxidante (suspensão de

iodosilbenzeno em acetonitrila, ou solução de iodosilbenzeno/metanol/

acetonitrila) de tal forma que a relação molar entre o catalisador e o oxidante

fosse de 1:20. Esta relação entre o catalisador e o oxidante foi adotada por ser

usual neste tipo de experimentos.

Alguns experimentos tiveram o volume de oxidante dividido em três

adições no decorrer do tempo de registro para se observar o efeito da

concentração de oxidante no rendimento dos produtos de oxidação e na

degradação do catalisador.

A preparação do oxidante em suspensão, iodosilbenzeno em acetonitrila

(PhIO/ACN) para uma concentração de ~1,0x10-2 mol/L (caso a suspensão fosse

homogênea), foi conduzida pela adição do oxidante previamente pesado a um

frasco de 10 mL, contendo 500 µL de acetonitrila e submetido a um banho de

ultra-som durante 2 minutos.

A preparação da solução metanólica de oxidante, iodosilbenzeno em

acetonitrila/metanol (PhIO/ACN/MeOH) (~1,0x10-2 mol/L), foi conduzida pela

adição do oxidante previamente pesado a um frasco de 10 mL, contendo 450 µL

de acetonitrila e 50 µL de metanol, e submetido a um banho de ultra-som durante

2 minutos.

Após a reação o material foi transferido para um frasco para posterior

análise cromatográfica dos produtos de oxidação.

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III-1.7 – Catálise homogênea convencional

Foram denominados de catálise homogênea 1 convencional, os

experimentos em condições controladas usualmente praticados em reações de

oxidação de cicloexano realizados em tubos de reação (reator de vidro). Estes

experimentos foram realizados para comparar seus resultados com aqueles

obtidos em células de quartzo com monitoramento por espectroscopia na região

do UV-Vis.

As reações de catálise convencional foram realizadas dentro de um reator

de vidro de 2 mL colocado em uma câmara escura, termostatizado e com

agitação magnética.

Nas reações de catálise homogênea foi empregado o oxidante

iodosilbenzeno sólido e uma solução de acetonitrila e o substrato cicloexano. A

solução foi desaerada por 30 minutos em fluxo de argônio. Decorrido este tempo,

foi adicionado o catalisador, perfazendo uma relação de quantidade de matéria de

1:10:1000 de catalisador/oxidante/substrato.

O tempo de reação foi de uma hora, após o qual foi adicionado sulfito de

sódio para eliminar o excesso de iodosilbenzeno.

Os produtos da reação foram analisados e quantificados por cromatografia

gasosa.

1 O termo “catálise homogênea convencional” aqui utilizado se deve ao uso do catalisador

disponível na mesma fase que o substrato, muito embora o co-oxidante iodosilbenzeno estivesse no estado sólido.

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III-1.8 – Cromatografia Gasosa

Os produtos das reações de oxidação foram analisados em um

cromatógrafo a gás Shimadzu CG-14B (detector de ionização em chama)

acoplado ao integrador de áreas SHIMADZU C-RGA. Empregou-se uma coluna

capilar DB-WAX (J&W Scientific) de 30 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro

e 0,25 µm de espessura do filme.

As condições de operação do cromatógrafo foram: fluxo de ar sintético: 300

mL min-1; Fluxo de hidrogênio 28 mL min-1; Temperatura do injetor 200 °C;

Temperatura do detector 250 °C; Temperatura inicial 70 °C; Temperatura final

200 °C, Taxa de elevação de temperatura 7 °C min-1.

III-2 – Síntese e Metalação das Porfirinas de Interesse

III-2.1 – Síntese das porfirinas base livre

À partir da reação de quantidades estequiométricas (1,0x10-2 mol) de pirrol

e 2,6-diclorobenzaldeído, 2-cloro-6-fluorobenzaldeído ou 2,6-difluorobenzaldeído

e seguindo os procedimentos descritos na literatura [75, 76], foram obtidas

respectivamente as porfirinas base livre H2(TDCPP), H2(TCFPP) e H2(TDFPP) 1.

As porfirinas H2(TPP) e H2(TPFPP) foram adquiridas comercialmente (Aldrich).

Todas as porfirinas foram purificadas antes de serem usadas em coluna de

sílica-gel usando clorofórmio como eluente. Na seqüência, os produtos foram

1 Tais porfirinas foram sintetizadas e purificadas pelo grupo de trabalho, com a colaboração dos alunos: Flávio L. Benedito, Alesandro Bail e Kelly Castro e seu procedimento já foi relatado [75].

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caracterizados pelas técnicas de espectroscopia eletrônica, vibracional,

voltametria cíclica e ressonância paramagnética eletrônica (RPE).

III-2.2 – Metalação das porfirinas base livre com manganês

Para a metalação de porfirinas base livre e obtenção de seus complexos

com manganês, foi montado um sistema de refluxo com 125 mL de capacidade.

As porfirinas base livre H2(TDCPP), H2(TDFPP) e H2(TCFPP) (5,0x10-5

mol) foram dissolvidas em 25 mL de dimetilformamida (Synth) juntamente com um

excesso, em torno de 10 vezes, de acetato de manganês (III) tetraidratado

(Merck). O sistema foi mantido em refluxo em temperatura próxima a 125oC por

18 horas.

A evolução da reação foi acompanhada através de espectroscopia

eletrônica, com a retirada de alíquotas do material durante a síntese. A metalação

foi acompanhada também por CCD (cromatografia de camada delgada) através

do monitoramento do desaparecimento da fluorescência por observação visual,

quando uma alíquota do meio de reação foi submetida a uma fonte de luz

ultravioleta em uma câmara escura, visto a fluorescência ser uma característica

das porfirinas desmetaladas [10]. Para auxiliar na comparação visual, uma

amostra da porfirina base livre também foi colocada na placa de camada delgada

para servir de referência.

Após a síntese, as soluções das porfirinas Mn(TDCPP)Ac, Mn(TDFPP)Ac

Mn(TCFPP)Ac foram secas em evaporador rotatório e os sólidos obtidos foram

purificados em coluna de sílica-gel, usando diclorometano como eluente inicial

para retirar a eventual porfirina não metalada.

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36

Em uma segunda eluição usou-se metanol para a retirada da

metaloporfirina adsorvida na sílica. O volume do produto foi então reduzido em

evaporador rotatório e uma segunda purificação foi feita em nova coluna de sílica-

gel eluída com etanol.

As frações eluídas foram acompanhadas por espectroscopia eletrônica e o

produto majoritário, que apresentou o espectro característico das metaloporfirinas,

foi evaporado totalmente e guardado em dessecador a vácuo.

As porfirinas Mn(TPP)+ e Mn(TPFPP)+, já metaladas anteriormente pelo

grupo, foram purificadas em coluna de sílica-gel conforme o procedimento acima

descrito.

A porfirina Mn(PFTDCPCl8P) também foi obtida metalada (gentilmente

cedida pelo grupo da Prof a. Dra. Marilda das Dores Assis FCLRP-USP).

Todas as MnPor foram caracterizadas por espectroscopia na região do UV-

Vis, infravermelho, voltametria cíclica e ressonância paramagnética eletrônica.

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IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO

IV-1 – Síntese e Caracterização dos Compostos Estudados

IV-1.1 – Porfirinas base livre

As porfirinas base livre foram sintetizadas em etapas anteriores ao projeto

por outros membros de nosso grupo de pesquisa [50-57, 75], por isso, apenas

uma nova purificação em coluna de sílica-gel usando clorofórmio como eluente foi

realizada.

As porfirinas foram caracterizadas pelas técnicas de espectroscopia

eletrônica e vibracional, voltametria cíclica e ressonância paramagnética

eletrônica (RPE), cujos resultados serão descritos a seguir.

IV-1.1.1 – Caracterização das porfirinas base livre por ressonância

paramagnética eletrônica (RPE)

As porfirinas base livre foram caracterizadas por RPE, tanto no estado

sólido, quanto em solução de acetonitrila e de diclorometano. Estes dois solventes

foram utilizados porque as porfirinas base livre se dissolvem parcialmente em

acetonitrila e muito bem em diclorometano. No entanto as MnPor se dissolvem

muito bem em acetonitrila. Considerando que para os estudos de

espectroeletroquímica de RPE, as soluções de acetonitrila apresentam uma

condutividade cerca de três vezes a das soluções com diclorometano, o uso dos

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dois solventes serviu para permitir a melhor comparação de resultados. As

caracterizações foram feitas à temperatura ambiente e a 77 K.

Nenhum dos compostos apresentou sinal ativo no espectro de RPE, tanto à

temperatura ambiente quanto a 77 K, o que é característico desta classe de

moléculas, visto que não apresentam elétrons desemparelhados em sua

configuração eletrônica. Eventualmente poderia ocorrer a formação de espécies

radicalares, decorrentes de algum processo de degradação.

IV-1.1.2 – Caracterização das porfirinas base livre por voltametria cíclica

Os resultados de cada porfirina em particular serão apresentados

individualmente e ao final do tópico serão comparados. A caracterização

voltamétrica das porfirinas desmetaladas foi efetuada em diclorometano visto que

este solvente dissolve completamente todas as porfirinas base livre estudadas. As

tentativas de caracterização utilizando acetonitrila como solvente não foram

possíveis pela baixa solubilização dos compostos em uma concentração

suficiente para apresentar voltamogramas com processos redox bem

identificados.

IV-1.1.2.1 – Porfirina H2(TPP)

A Figura 4.1 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina H2(TPP). Os

quatro processos redox observados no voltamograma são totalmente reversíveis

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para esta porfirina [77-81]. Foram efetuados três ciclos completos no intervalo de

–2,1 a +1,5 V para demonstrar de forma simples a estabilidade e reversibilidade

dos processos redox deste sistema.

As atribuições para cada processo redox são apresentadas na Tabela 4.1.

São apresentados também os valores de potenciais usando como referência o

eletrodo padrão de hidrogênio (EPH) para facilidade de uso nos estudos de

espectroeletroquímica apresentados em outro tópico do trabalho.

Tabela

EpV vs. Ag

0,9

1,3

-1,2

-1,5

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

-20

-15

-10

-5

0

5

10

-1,62

-1,52

-1,23

-1,28

0,90

0,98

1,24

1,32

Cor

rent

e (µ

A)

Potencial (V) vs. Ag/AgCl

Figura 4.1 – Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TPP) (~2.0x10-4

mol L-1) em diclorometano. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade de varredura: 100 mV s-1. Número de Ciclos: 3.

4.1 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TPP).

a /AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

8 0,90 0,94 1,16 Primeiro par redox de oxidação do anel macrocíclico

2 1,24 1,28 1,56 Segundo par redox de oxidação do anel macrocíclico

3 -1,28 -1,26 -1,04 Primeiro par redox de redução do anel macrocíclico

2 -1,62 -1,56 -1,34 Segundo par redox de redução do anel macrocíclico

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Os valores de E½ de redução relatados na literatura são −1,08 e –1,46 V

[78]. Os valores de E½ de oxidação conhecidos são +1,18 e +1,45 V [79]. Ambos

os experimentos foram efetuados em DMF e o eletrodo de referência de

calomelano. Considerando as diferenças de condições experimentais, os valores

obtidos são similares aos relatados.

IV-1.1.2.2 – Porfirina H2(TDCPP)

A Figura 4.2 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina H2(TDCPP). Os

quatro processos redox observados no voltamograma são reversíveis, usando

como critério, a diferença de potencial dos respectivos picos anódicos e catódicos

que é próxima a 0,059 V [71]. No entanto observa-se que as ondas de oxidação

são bem menos intensas que as de redução. As atribuições para cada processo

redox, por analogia às demais porfirinas conhecidas, são apresentadas na Tabela

4.2.

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-15

-10

-5

0

5

10

Cor

rent

e (µ

A)

-1,56

-1,62

-1,13

-1,20

1,571,11

1,19

1,66

Potencial (Volts)

Figura 4.2 – Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TDCPP) (~3.0x10-4

mol L-1) em diclorometano. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade de varredura: 100 mV s-1. Número de Ciclos: 3.

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41

Em relação aos potenciais da H2(TPP) observa-se que os potenciais de

oxidação da H2(TDCPP) foram afetados muito mais (variação de 0,21 V e 0,34 V)

que os potenciais de redução (variação de 0,09 V e 0,03 V). A inserção dos

átomos de cloro nas posições 1 e 6, dos substituintes fenila aumentou a

resistência do macrocíclo à oxidação em 0,21 V para o primeiro potencial de

oxidação e 0,34 V para o segundo. Os potenciais de redução não sofreram

grande modificação, com o primeiro potencial de redução sendo diminuído em

0,09 V e o segundo teve um aumento de 0,03 V.

Tabela 4.2 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TDCPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,19 1,11 1,15 1,37 Primeiro par redox de oxidação do anel macrocíclico

1,66 1,57 1,62 1,84 Segundo par redox de oxidação do anel macrocíclico

-1,13 -1,20 -1,17 -0,95 Primeiro par redox de redução do anel macrocíclico

-1,56 -1,62 -1,59 -1,37 Segundo par redox de redução do anel macrocíclico

IV-1.1.2.3 – Porfirina H2(TCFPP)

A Figura 4.3 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina H2(TCFPP) e

são observados cinco processos redox, quatro deles têm características de serem

quase-reversíveis, visto que a diferença entre os respectivos picos ánódicos e

catódicos é muito diferente de 0,059 V [71], e um em -0,03 V que é irreversível,

apresentando apenas o pico anódico. As atribuições para cada processo redox,

feitas por analogia a porfirina H2(TPP) são apresentadas na Tabela 4.3.

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42

Comparando o comportamento eletroquímico da H2(TCFPP) com a

H2(TDCPP), observamos que a substituição de um dos átomos de cloro por flúor

provocou um maior deslocamento dos primeiros potenciais, tanto de oxidação

quanto de redução. Como já havia sido observado para a H2(TDCPP) em relação

a H2(TPP), os potenciais de oxidação foram os mais afetados com o aumento da

eletronegatividade do substituinte. Esta observação sugere que a maior

eletronegatividade do substituinte pode estar afetando os níveis de energia dos

orbitais LUMO.

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-20

-10

0

10

20

30

40

-1,65 -1,18

1,22 1,54

1,73

1,25

-0,03-1,05-1,50

Cor

rent

e (µ

A)

Potencial (Volts vs Ag/AgCl)Figura 4.3 – Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TCFPP) (~5,0x10-4

mol L-1) em diclorometano. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1).Velocidade de varredura: 100 mV s-1 Número de Ciclos: 3

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43

Tabela 4.3 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TCFPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,25 1,22 1,23 1,45 Primeiro par redox de oxidação do anel macrocíclico

1,73 1,54 1,63 1,85 Segundo par redox de oxidação do anel macrocíclico

-0,03 - -0,03 0,19 Não atribuído

-1,05 -1,18 -1,12 -0,90 Primeiro par redox de redução do anel macrocíclico

-1,50 -1,65 -1,58 -1,36 Segundo par redox de redução do anel macrocíclico

Os segundos potenciais, tanto de redução quanto de oxidação não

sofreram alteração significativa se comparados com os observados para a

H2(TDCPP).

Não foi encontrado na literatura para compostos correlatos, referências a

respeito do pico observado a -0,03 V. A possibilidade de que tal pico tenha sido

gerado pela presença de impurezas no material de partida pode também ser

considerada.

IV-1.1.2.4 – Porfirina H2(TDFPP)

A Figura 4.4 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina H2(TDFPP).

Comparativamente aos outros voltamogramas das porfirinas base livre, aqui

estudadas, é o que apresenta maior simetria e definição dos processos redox.

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44

S

no crité

process

analogi

S

na lite

observa

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-30

-20

-10

0

10

20

30

-0,030

0,040

1,60

1,51

1,25

1,16

-1,56

-1,48

-1,07

-0,98C

orre

nte

(µA)

Potencial (Volts vs Ag/AgCl)

Figura 4.4 – Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TDFPP) (~7,0x10-4

mol L-1) em diclorometano. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade de varredura: 100 mV s-1. Número de ciclos: 3.

ão observados cinco processos redox totalmente reversíveis (com base

rio da diferença de potenciais dos picos anódicos e catódicos de cada

o redox) próximos a 0,059 V [71]. As atribuições de cada processo, em

a a porfirina H2(TPP), são apresentadas na Tabela 4.4.

emelhante ao observado para a porfirina H2(TCFPP), não foi encontrado

ratura para este composto, nenhuma referência a respeito do pico

do a 0,01 V.

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45

Tabela 4.4 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TDFPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,25 1,16 1,21 1,43 Primeiro par redox de oxidação do anel macrocíclico

1,60 1,51 1,56 1,78 Segundo par redox de oxidação do anel macrocíclico

0,04 -0,03 0,01 0,23 Não atribuído

-0,98 -1,07 -1,02 -0,80 Primeiro par redox de redução do anel macrocíclico

-1,48 -1,56 -1,52 -1,30 Segundo par redox de redução do anel macrocíclico

Observou-se que o primeiro potencial de redução foi o mais afetado pela

existência dos dois átomos de flúor nas posições orto do anel fenílico dos

substituintes do anel porfirínico, indicando que a energia do orbital LUMO do

macrociclo é afetada pela capacidade retiradora de densidade eletrônica do

substituinte. Os demais processos redox foram afetados em menor medida.

IV-1.1.2.5 – Porfirina H2(TPFPP)

A Figura 4.5 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina H2(TPFPP). Os

quatro processos redox observados no voltamograma são quase-reversíveis,

pelo critério da diferença dos potenciais dos respectivos picos anódicos e

catódicos de cada processo redox. As atribuições para cada processo redox, por

analogia a porfirina H2(TPP) são apresentadas na Tabela 4.5.

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46

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

-1,30

-1,39

-0,90

-0,99

1,71

1,57

1,43

1,36Cor

rent

e (µ

A)

Potencial (Volts)

Figura 4.5 – Voltamograma cíclico da porfirina base livre H2(TPFPP) (~6,0x10-4

mol L-1) em diclorometano. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade de varredura: 100 mV s-1. Número de ciclos: 3.

Tabela 4.5 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina H2(TPFPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,43 1,36 1,39 1,61 Primeiro par redox de oxidação do anel macrocíclico

1,71 1,57 1,64 1,86 Segundo par redox de oxidação do anel macrocíclico

-0,90 -0,99 -0,94 -0,72 Primeiro par redox de redução do anel macrocíclico

-1,30 -1,39 -1,34 -1,12 Segundo par redox de redução do anel macrocíclico

IV-1.1.2.6 – Análise comparativa das propriedades eletroquímicas das porfirinas base livre determinadas através da voltametria cíclica A Tabela 4.6 reúne os dados de todas as porfirinas base livre para permitir

uma comparação dos respectivos potenciais.

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47

Tabela 4.6 – Potenciais (E½ vs. EPH) das porfirinas base livre(a). Tabela 4.6 – Potenciais (E½ vs. EPH) das porfirinas base livre(a). Potenciais de meia onda (V vs. EPH) Potenciais de meia onda (V vs. EPH)

2a. Redução 1a. Redução 1a. Oxidação 2a. Oxidação Porfirina Medido Literatura Medido Literatura Medido Literatura Medido Literatura

H2(TPP) -1,34 -1,29(b) -1,04 -0,84(b) 1,16 1,56 H2(TDCPP) -1,37 -0,95 1,37 1,84 H2(TCFPP) -1,36 -0,90 1,45 1,85 H2(TDFPP) -1,30 -0,80 1,43 1,78 H2(TPFPP) -1,12 -0,72 1,61 1,86 (a) O eletrodo de referência usado foi Ag/AgCl e os potenciais foram convertidos para o eletrodo

padrão de hidrogênio (EPH); O solvente utilizado foi diclorometano; O eletrólito de suporte foi hexafluorofosfato de tetrabutilamônio 0,1 mol L-1; A velocidade de varredura foi de 0,1 V s-1;

(b) Os potenciais apresentados na referência [77] foram obtidos em DMF e convertidos com referência ao EPH.

As Figuras 4.6 e 4.7 referem-se a representação gráfica do comportamento

dos potenciais de redução e de oxidação das porfirinas base livre estudadas.

H2TPP H2TDCPP H2TCFPP H2TDFPP H2TPFPP1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

1.7

1.8

1.9

b)

a)

Pot

enci

al (V

)

Porfirina base livre

Figura 4.6 – Oxidações das porfirinas base livre. a) segundo potencial de oxidação; b) primeiro potencial de oxidaçãe oxidação; b) primeiro potencial de oxidaçã

o. o.

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48

H2TPP H2TDCPP H2TCFPP H2TDFPP H2TPFPP-1.4

-1.3

-1.2

-1.1

-1.0

-0.9

-0.8

-0.7

b)

a)

Pote

ncia

l (V

)

Porfirina base livre

Figura 4.7 – Reduções das porfirinas base livre. a) primeiro potencial de redução. b) segundo potencial de redução.

Nas porfirinas base livre observa-se que existe uma tendência de aumento

dos potenciais de oxidação (quanto mais halogenada, mais difícil é a oxidação) e

uma diminuição dos potenciais de redução com o aumento da halogenação

(quanto mais halogenada, mais fácil é a redução). Esta tendência é coerente com

a natureza de “retiradores de densidade eletrônica” promovido pelos halogênios

colocados nos meso-substituintes fenila do anel porfirínico. Sendo assim, a

porfirina H2(TPFPP) apresenta o potencial de redução menos negativo e o

potencial de oxidação mais positivo.

Kadish e colaboradores observou que existe uma correlação entre a

planaridade do anel porfirínico e a aditividade dos efeitos provocados pelos

substituintes nele adicionados [16]. Quanto mais distorcido for o anel (podendo

ser a distorção provocada por diversos fatores, tais como os promovidos por

substituintes volumosos), menor interferência nos potenciais redox um substituinte

causará. Alem disso, observou que cada substituinte afeta de maneira diferente

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49

os processos de oxidação e de redução, por exemplo, alterações na posição orto

e para dos grupos fenila colocados nas posições meso do anel porfirínico,

conduzem a uma variação linear dos potenciais redox, desde que a porfirina

continue planar [16]. Assim, a porfirina H2(TCFPP), que apresenta substituintes

diferentes nas posições orto dos grupos fenila, poderia apresentar uma certa

distorção do anel porfirínico, o que justificaria o comportamento diferenciado em

relação às outras porfirinas halogenadas. Esta observação sugere uma soma de

efeitos afetando os potenciais redox.

Coutsolelos e colaboradores também relatam que porfirinas com diferentes

graus de halogenação nas posições β-pirrólicas têm os orbitais de fronteira

afetados de maneira distinta. Quanto mais halogenada for a porfirina e portanto

mais distorcida, maior será a diferença de energia entre os orbitais HOMO e o

LUMO. O orbital HOMO é muito menos afetado pela halogenação, enquanto que

o LUMO varia bastante. Desta forma as oxidações das moléculas não sofrem

muita perturbação, porém os potenciais de redução são bastante afetados [15].

Os voltamogramas de duas porfirinas em particular, a H2(TPP) e a

H2(TDFPP) destacam-se dos demais pela aparência de reversibilidade e pela

simetria dos processos de oxidação e redução. Para as demais porfirinas,

observam-se alguns processos irreversíveis ou quase-reversíveis, e no caso da

H2(TDCPP), que guardaria muita semelhança com a H2(TDFPP), a intensidade de

corrente dos processos de oxidação é muito inferior a dos processos de redução,

sugerindo que a troca do flúor pelo cloro induziu a uma modificação estrutural da

molécula.

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50

IV-1.1.3 – Caracterização das porfirinas base livre por espectroscopia

eletrônica

IV-1.1.3.1 – Porfirina H2(TPP)

A Figura 4.8 mostra o espectro eletrônico da H2(TPP) em diclorometano,

onde se observa a banda Soret em 414 nm, e quatro bandas Q, em 512, 546, 588

e 646 nm. O espectro obtido corresponde ao relatado na literatura [81].

350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

646588

546

512

414

480 500 520 540 560 580 600 620 640 6600.00

0.02

0.04

0.06

0.08

0.10

0.12

0.14

Absor

bânci

a

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

C om prim ento de O nda (nm )

Figura 4.8 – Espectro eletrônico da porfirina H2(TPP) em diclorometano.

A absortividade molar em DMF determinada para este composto foi de

3,30x105 mol L-1 cm-1 para a banda Soret (416 nm), 1,26x104 mol L-1 cm-1 para a

banda em 512 nm, 6,10x103 mol L-1 cm-1 para a banda em 548 nm, 4,20x103 mol

L-1 cm-1 para a banda em 588 nm, e 3,36x103 mol L-1 cm-1 para a banda em 646

nm.

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51

IV-1.1.3.2 – Porfirina H2(TDCPP)

A Figura 4.9 mostra o espectro eletrônico da H2(TDCPP) em diclorometano.

Nela pode-se observar a intensa banda Soret em 414 nm e quatro bandas Q, uma

em 510, 542, 586 e 654 nm.

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

542654

586

510

414

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.9 – Espectro eletrônico da porfirina H2(TDCPP) em diclorometano.

A absortividade molar em DMF determinada para este composto foi de

2,55x105 mol L-1 cm-1 para a banda Soret (416 nm), 1,35x104 mol L-1 cm-1 para a

banda em 510 nm e 5,30x103 mol L-1 cm-1 para a banda em 588 nm.

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52

IV-1.1.3.3 – Porfirina H2(TCFPP)

A Figura 4.10 mostra o espectro eletrônico da H2(TCFPP) em

diclorometano. São observadas além da banda Soret em 410 nm, quatro bandas

Q, em 506, 538, 584 e 652 nm.

A absortividade molar em DMF determinada para este composto foi de

2,91x105 mol L-1 cm-1 para a banda Soret (412 nm), 1,48x104 mol L-1 cm-1 para a

banda em 508 nm e 5,30x103 mol L-1 cm-1 para a banda em 584 nm.

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

538

308

410

652584

506

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.10 – Espectro eletrônico da porfirina H2(TCFPP) em diclorometano.

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53

IV-1.1.3.4 – Porfirina H2(TDFPP)

A Figura 4.11 mostra o espectro eletrônico da H2(TDFPP).

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

534650

582

506

408

288

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.11 – Espectro eletrônico da porfirina H2(TDFPP) em diclorometano.

Utilizando diclorometano como solvente pode-se observar a banda Soret

em 408 nm e as quatro bandas em 506, 534, 582 e 650 nm respectivamente.

A absortividade molar em DMF determinada para este composto foi de

2,05x105 mol L-1 cm-1 para a banda Soret (410 nm), 1,17x104 mol L-1 cm-1 para a

banda em 506 nm e 4,20x103 mol L-1 cm-1 para a banda em 582 nm.

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54

IV-1.1.3.5 – Porfirina H2(TPFPP)

A Figura 4.12 mostra o espectro eletrônico da H2(TPFPP) em

diclorometano, onde são observadas, a banda Soret em 406 nm e quatro bandas

Q em 502, 534, 578 e 636 nm, semelhante à literatura [82, 83].

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

636

578534

502

406

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.12 – Espectro eletrônico da porfirina H2(TPFPP) em diclorometano.

A absortividade molar em DMF determinada para este composto foi de

3,10x105 mol L-1 cm-1 para a banda Soret (410 nm), 2,01x104 mol L-1 cm-1 para a

banda em 504 nm e 8,02x103 mol L-1 cm-1 para a banda em 578 nm.

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55

IV-1.1.3.6 – Comparação dos dados de espectroscopia eletrônica das

porfirinas base livre

A Tabela 4.7 apresenta um resumo das bandas do espectro eletrônico

observadas nas porfirinas base livre estudadas.

Tabela 4.7 – Bandas do espectro eletrônico das porfirinas base livre.

Porfirina Banda Soret Banda Q(0,0) Banda Q(0,1) Banda Q(1,0) Banda Q(1,1)

H2(TPP) 414 512 546 588 646 H2(TDCPP) 414 510 542 586 654 H2(TCFPP) 410 506 538 584 652 H2(TDFPP) 408 506 534 582 650 H2(TPFPP) 406 502 534 578 636

Observa-se um pequeno deslocamento para a região de maior energia à

medida que aumenta a eletronegatividade dos substituintes. Este comportamento

é coerente com os resultados de voltametria cíclica, que mostraram maior

dificuldade na oxidação dos compostos à medida que aumentava a capacidade

eletroretiradora dos substituintes, conforme relatado por Kadish [16].

IV-1.1.4 - Caracterização das porfirinas base livre por espectroscopia

vibracional (FTIR)

São apresentados a seguir os espectros vibracionais de todas as porfirinas

base livre estudadas, e na Tabela 4.8, após todos os espectros, estão listadas as

atribuições das principais bandas observadas em cada espectro.

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56

A Figura 4.13 apresenta os espectros vibracionais na região de 2000 cm-1 a

400 cm-1. A Figura 4.14 apresenta os mesmos espectros na região de 4000 cm-1

até 2000 cm-1.

Apenas a molécula de H2(TPP) tem seu espectro vibracional relatado na

literatura [84-86], para as demais, existem informações esparsas de algumas

bandas, porém sem atribuições detalhadas.

2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

Tran

smitâ

ncia

(u. a

.)

H2(TPFPP)

H2(TDFPP)

H2(TCFPP)

H2(TDCPP)

H2(TPP)

Número de Onda (cm-1)Figura 4.13 – Espectros vibracionais em pastilhas de KBr das porfirinas base livre estudadas (de 2000 a 400 cm-1).

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57

4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000

4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000Tr

ansm

itânc

ia (u

. a.)

H2(TPFPP)

H2(TDFPP)

H2(TCFPP)

H2(TDCPP)

H2(TPP)

Número de Onda (cm-1)

Figura 4.14 – Espectros vibracionais das porfirinas base livre estudadas (de 4000 até 2000cm-1).

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58

Tabela 4.8 – Atribuição das principais bandas observadas nos espectros de

infravermelho das porfirinas base livre (cm-1) .

H2TPP H2TDCPP H2TCFPP H2TDFPP H2TPFPP Atribuição

414 414 420 Deformação angular fora plano (grupo CH das fenilas)

516 460 472 Deformação angular fora plano (grupo CH do anel porfirínico)

657 541 551 669 Deformação angular no plano (grupo CH das fenilas)

698 715 717 711 758 Deformação CH=CH cis CH fora do plano

729 775 779 781 771 Deformação CR’R”=CHR CH fora do plano

803 Estiramento C-Cl

794 804 808 Deformação CH=CH trans CH fora do plano

831 831 831 920 Deformação CH fora do plano (anel porfirínico)

897 Estiramento C-F

1001 966 996 1002 991 Estiramento C=C

1057 1053 1070 1064 Deformação CH no plano

1217 1215 1190 1209 Deformação CH no plano

1348 1340 1344 1340 1342 Deformação axial C-N

1440 1427 1447 1464 1500 Deformação axial R’-CH-R”

1595 1558 1568 1570 Estiramento C=C

1690 Deformação angular no plano, grupos NH

2853 2853 2853 2853 2857 2922 2922 2922 2924 2928

Estiramento CH (pirrois)

3024 3053 3117 3098 3117 3100

Estiramento CH (substituintes fenila)

3312 3325 3321 3358 3319 Estiramento NH

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59

IV-1.2 – Manganês Porfirinas

IV-1.2.1 – Metalação das porfirinas base livre com manganês

A partir das porfirinas base livre H2(TDCPP), H2(TCFPP) e H2(TDFPP), e

acetato de Manganês II, seguindo os procedimentos descritos no item III-2.2

(página 35) e na literatura [75] foram obtidas as respectivas Mn(III)Por, com os

rendimentos e condições de síntese apresentados na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Mn(III)Por obtidas por metalação.

Porfirina Tempo de Síntese (h)

Rendimento (%)

Quantidade (mol)

Massa Molar(g mol-1)

Mn(TDCPP) 18 56 3,2x10-5 1002,27

Mn(TCFPP) 16 78 2,9x10-5 936,46

Mn(TDFPP) 22 84 3,6x10-5 870,64

Após a metalação, as porfirinas obtidas foram purificadas em coluna de

sílica, usando como eluente diclorometano. Na seqüência foram caracterizadas

pelas técnicas de espectroscopia eletrônica e vibracional, voltametria cíclica e

Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE).

As porfirinas Mn(TPP) e Mn(PFTDCPCl8P) foram obtidas em colaboração

com outros grupos de pesquisa. A porfirina Mn(TPFPP) foi metalada em projetos

anteriores de nosso grupo de pesquisa.

As porfirinas Mn(TPP), Mn(TDCPP), Mn(TCFPP), Mn(TDFPP) e

Mn(TPFPP) apresentaram espectro de RPE silencioso, tanto à temperatura

ambiente quanto à 77 K, que é característico de compostos com manganês em

estado de oxidação III, visto que apresentam configuração eletrônica d4, com spin

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60

eletrônico S=2 [24]. Em experimentos com espectrômetros de alta freqüência

(> 90 GHz) e a baixa temperatura é possível registrar espectros de RPE de

espécies Mn(III) [87]. A caracterização por RPE da porfirina Mn(PFTDCPCl8P),

conforme será mostrado a seguir, apresentou dois sinais característicos de Mn(II).

IV-1.2.2 – Caracterização das MnPor através de voltametria cíclica

IV-1.2.2.1 – Porfirina Mn(TPP)

A Figura 4.15 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina Mn(TPP).

A

tendo p

estas a

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

-2,17

-2,07

-1,58

-1,52

1,27-0,214

1,24

-0,284

Cor

rent

e (µ

A)

Potencial (Volts vs Ag/AgCl)

Figura 4.15 – Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TPP) (5,0x10-4 mol L-1) emacetonitrila. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade devarredura: 100 mV s-1. Número de Ciclos: 2.

s atribuições para cada processo redox são apresentadas na Tabela 4.10

or base a literatura [20, 22, 88]. Dados adicionais de RPE que corroboram

tribuições são apresentados no item IV-4.1.1 (página 107).

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61

Tabela 4.10 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,27 1,24 1,26 1,49 Par redox do processo MnIII⇔MnIV

-0,21 -0,28 -0,25 -0,03 Par redox do processo MnIII⇔MnII

-1,52 -1,58 -1,55 -1,33 Par redox da primeira redução do anel macrocíclico

-2,07 -2,17 -2,12 -1,90 Par redox da segunda redução do anel macrocíclico

Comparando os potenciais da coluna E½ vs. Ag/AgCl da Tabela 4.10 com a

literatura, Kadish e colaboradores [20] relataram um potencial de –0,23 V para o

processo de redução MnIII→MnII, que mesmo com algumas diferenças nas

condições experimentais é bem próximo ao valor obtido de -0,25 V. Para a

primeira redução do ligante Kadish reporta –1,47 V. O potencial para o processo

de oxidação desta porfirina em acetonitrila não foi relatado, porém o valor obtido

pelo autor em clorofórmio foi de +1,14 V. Todos os valores, levando em conta as

diferentes condições experimentais são coerentes com os apresentados na

Tabela 4.10.

Nango e colaboradores [22] relatam um potencial de –0,30 V para o

processo de redução MnIII→MnII num experimento executado usando DMSO

como solvente.

IV-1.2.2.2 – Porfirina Mn(TDCPP)

A Figura 4.16 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina Mn(TDCPP).

As atribuições para cada processo redox são apresentadas na Tabela 4.11 com

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62

base da literatura [19-21, 89]. Dados adicionais de RPE que corroboram estas

atribuições são apresentados no item IV-4.2.1 (página 115).

-2.5 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-10

0

10

20

1,45

-0,15

-1,80-1,51

1,56

-1,45

-0,14

-1,75

Cor

rent

e (µ

A)

Potential (Volts vs. Ag/AgCl)Figura 4.16 – Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TDCPP) (~5,0x10-4 mol L-1)em acetonitrila. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade devarredura: 100 mV s-1. Número de ciclos: 1.

Tabela 4.11– Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TDCPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,56 1,45 1,50 1,78 Par redox do processo MnIII⇔MnIV

-0,14 -0,15 -0,15 0,07 Par redox do processo MnIII⇔MnII

-1,45 -1,51 -1,48 -1,26 Par redox da primeira redução do anel macrocíclico

-1,75 -1,80 -1,78 -1,56 Par redox da segunda redução do anel macrocíclico

Comparando os potenciais da coluna E½ vs. Ag/AgCl da Tabela 4.11 com a

literatura, Mansuy e colaboradores [21], caracterizaram esta metaloporfirina em

diclorometano, usando o eletrólito de suporte TBABF4 0,1 mol L-1, eletrodo de

referência ECS (Eletrodo de calomelano saturado) e observaram valores de

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63

redução de –0,08 V, -1,33 V e –1,68 V. Kadish [20], em estudos com diferentes

solventes e contra-íons da Mn(TPP), observou diferenças nos potenciais redox,

em alguns casos, de ±0,15 V, sem que fosse possível estabelecer uma regra com

relação a polaridade, constante dielétrica ou outra característica do solvente.

Haber e colaboradores [89], registram para o processo redox MnIII→MnII

desta porfirina um valor E½ = -0,12 V, porém sem mencionar as condições

experimentais.

Cheng e colaboradores [19] observaram que para as porfirinas Zn(TPP) e

Zn(TDCPP) os potencias dos processos redox ZnPor + e- →ZnPor - foram –1,31 V

e –1,20 V respectivamente. Se a diferença de –0,11 V entre os dois valores for

creditada apenas ao efeito causado pela maior eletronegatividade dos meso-

substituintes, neste estudo o valor da primeira redução da Mn(TDCPP) pode ser

relacionado ao mesmo processo na Mn(TPP), que é de –0,25 V, acrescido de

0,11 V, e que levaria ao valor de –0,14 V, que é muito próximo ao observado de

–0,15 V.

IV-1.2.2.3 – Porfirina Mn(TCFPP)

A Figura 4.17 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina Mn(TCFPP).

As atribuições para cada processo redox são apresentadas na Tabela 4.12 e

foram feitos por analogia aos processos redox atribuídos à Mn(TPP) e da

Mn(TDCPP) por não haver relatos desta metaloporfirina na literatura. Dados

adicionais de RPE que corroboram estas atribuições são apresentados no item

IV-4.3.1 (página 121).

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64

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

1,45

-1,41

-0,15

-1,75

1,52

-0,11

-1,34-1,68C

orre

nte

(µA)

Potencial (Volts vs Ag/AgCl)

Figura 4.17 – Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TCFPP) (~5,0x10-4 mol L-1) em acetonitrila. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade de varredura: 100 mV s-1. Número de ciclos: 3.

Tabela 4.12 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TCFPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,52 1,45 1,48 1,70 Par redox do processo MnIII⇔MnIV

-0,11 -0,15 -0,13 0,09 Par redox do processo MnIII⇔MnII

-1,34 -1,41 -1,37 -1,15 Par redox da primeira redução do anel macrocíclico

-1,68 -1,75 -1,71 -1,49 Par redox da segunda redução do anel macrocíclico

Existem dois processos irreversíveis de oxidação em +1,06 e +1,38 V vs.

EPH que são observáveis no voltamograma cíclico, porém não foram atribuídos a

nenhum processo específico por falta de evidências de qual espécie estaria sendo

produzida.

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65

IV-1.2.2.4 – Porfirina Mn(TDFPP)

A Figura 4.18 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina Mn(TDFPP).

As atribuições para cada processo redox são apresentadas na Tabela 4.13.

Dados adicionais de RPE que corroboram estas atribuições são apresentados no

item IV-4.4.1 (página 126).

Tabela 4.13 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TDFPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,55 1,46 1,50 1,72 Par redox do processo MnIII⇔MnIV

-0,11 -0,16 -0,13 0,09 Par redox do processo MnIII⇔MnII

-1,38 -1,44 -1,41 -1,19 Par redox da primeira redução do anel macrocíclico

-1,79 -1,83 -1,81 -1,59 Par redox da segunda redução do anel macrocíclico

-2.5 -2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0-20

-10

0

10

20

30

-1,44-1,83

-0,16

1,46

1,55

-1,38

-0,11

-1,79Cor

rent

e (µ

A)

Potencial (Volts vs Ag/AgCl)Figura 4.18 – Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TDFPP) (~5,0x10-4 mol L-1) em acetonitrila. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade de varredura: 100 mV s-1. Número de ciclos: 1.

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66

Diferentemente das porfirinas M(TDCPP), relatos com as M(TDFPP) são

poucos, assim a atribuição dos processos redox desta porfirina foram feitos por

analogia a Mn(TDCPP). Comparando os potenciais da coluna E½ vs. Ag/AgCl da

Tabela 4.13, os potenciais de redução da Mn(TDFPP) são ligeiramente mais

negativos que os da Mn(TDCPP), uma vez que o flúor é ligeiramente mais

eletronegativo que o cloro. O potencial do processo MnIII⇔MnII também

apresentou-se um pouco mais positivo, de –0,15 V para –0,13 V. O potencial de

oxidação permaneceu o mesmo para as duas porfirinas.

IV-1.2.2.5 – Porfirina Mn(TPFPP)

A Figura 4.19 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina Mn(TPFPP).

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-40

-20

0

20

40

60

1,49-0,17

-1,30-1,73

1,56

-0,02-1,23

-1,65Cor

rent

e (µ

A)

Potencial (Volts vs Ag/AgCl)

Figura 4.19 – Voltamograma cíclico da porfirina Mn(TPFPP) (~5,0x10-4 mol L-1)em acetonitrila. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade devarredura: 100 mV s-1. Número de ciclos: 1.

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67

As atribuições para cada processo redox são apresentadas na Tabela 4.14,

com base em relatos da literatura [19, 21, 89] e com as atribuições demais

porfirinas. Dados adicionais de RPE que corroboram estas atribuições são

apresentados no item IV-4.5.1 (página 131).

Tabela 4.14 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(TPFPP).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,49 1,56 1,53 1,75 Par redox do processo MnIII⇔MnIV

0,02 -0,17 -0,09 0,13 Par redox do processo MnIII⇔MnII

-1,23 -1,30 -1,26 -1,04 Par redox da primeira redução do anel macrocíclico

-1,65 -1,73 -1,69 -1,47 Par redox da segunda redução do anel macrocíclico

Comparando os potenciais da coluna E½ vs. Ag/AgCl da Tabela 4.14 com a

literatura, em um experimento usando DMSO como solvente, eletrólito de TBAP

0,1 mol L-1, eletrodo de referência Ag/AgCl, e velocidade de varredura de 100 mV

s-1, Nango e colaboradores [22], obtiveram –0,13 V para o processo atribuído ao

processo redox MnIII⇔MnII, e que, considerando as diferenças nas condições, é

próximo ao apresentado na Tabela 4.14 de –0,09 V.

Haber e colaboradores [89], registram para o processo redox MnIII⇔MnII,

um valor E½ = +0,04 V, porém sem mencionar as condições experimentais, as

quais permitiriam uma melhor comparação dos resultados.

Cheng e colaboradores [19] observaram que para as porfirinas Zn(TPP) e

Zn(TPFPP) os potencias dos processos redox ZnPor + e- ⇔ ZnPor - foram –1,31

V e –0,95 V respectivamente. Considerando que a diferença de –0,36 V entre os

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dois valores seja causada apenas pela maior eletronegatividade dos meso-

substituintes, nos estudos aqui apresentados o potencial da primeira redução da

Mn(TPFPP) apresentaria, para o mesmo processo na Mn(TPP) que é de –0,25 V,

acrescido de 0,36 V, um valor de +0,11 V, que é diferente do observado de –0,09

V, sugerindo que outros fatores além da eletronegatividade do meso-substituintes,

tais como a simetria ou condições experimentais, possam estar contribuindo para

o valor encontrado.

IV-1.2.2.6 – Porfirina Mn(PFPTDCPCl8P)

A Figura 4.20 apresenta o voltamograma cíclico da porfirina

Mn(PFPTDCPCl8P). Foram efetuadas varreduras separadas dos processos de

oxidação e redução, porque havia interferências das espécies reduzidas nos

processos de oxidação, não permitindo a reprodutibilidade dos resultados.

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

-1,27 -0,98

0,36 1,53

0,43

1,76-0,89-1,22

OxidaçãoRedução

Cor

rent

e (1

0µA

)

Potencial (Volts vs Ag/AgCl)

Figura 4.20 – Voltamograma cíclico da porfirina Mn(PFPTDCPCl8P) (~5,0x10-4 mol L-1) emacetonitrila. Eletrólito de suporte: TBAPF6 (0,1 mol L-1). Velocidade de varredura: 100 mV s-1.Número de ciclos na redução: 3. Número de ciclos na oxidação: 8.

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69

As atribuições para cada processo redox, com dados obtidos

experimentalmente, são apresentadas na Tabela 4.15 e foram feitas por analogia

a outras porfirinas suportadas por dados da literatura [16, 20, 30, 89]. Dados

adicionais de RPE que corroboram estas atribuições são apresentados no item

IV-4.6.1 (página 136).

Tabela 4.15 – Potenciais de oxidação e redução da porfirina Mn(PFPTDCPCl8P).

Epa V vs. Ag/AgCl

Epc V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. Ag/AgCl

E½ V vs. EPH Atribuição

1,76 1,53 1,65 1,87 Par redox do processo MnIII⇔MnIV

0,36 0,43 0,39 0,61 Par redox do processo MnIII⇔MnII

-0,89 -0,98 -0,94 -0,72 Par redox da primeira redução do anel macrocíclico

-1,22 -1,27 -1,25 -1,03 Par redox da segunda redução do anel macrocíclico

Comparando os potenciais da coluna E½ vs. Ag/AgCl da Tabela 4.15 com a

literatura, Haber e colaboradores [89], registram para o processo redox MnIII⇔MnII

de uma porfirina de terceira geração Mn(TDCPCl8P), um potencial E½ = +0,11 V, e

para sua similar “fluorobromada”, a porfirina Mn(TPFPBr8P), um potencial de

+0,27 V, porém sem mencionar as condições experimentais. No entanto, os

valores obtidos aqui são coerentes, considerando que na porfirina estudada,

observa-se uma mistura das características dessas duas da literatura. A

Mn(TDCPCl8P) possui quatro meso-substituintes 1-6-diclorofenila e 8 átomos de

cloro nas posições β-pirrólicas. A Mn(TPFPBr8P) possui quatro meso-substituintes

pentafluorofenila e 8 átomos de bromo nas posições β-pirrólicas. A molécula

Mn(PFPTDCPCl8P) possui um meso-substituinte pentafluorofenila e três meso-

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70

substituintes 1-6-diclorofenila e 8 átomos de cloro nas posições β-pirrólicas. Se

apenas fossem considerados aspectos de eletronegatividade dos meso-

substituintes para a composição do potencial do processo redox MnIII ⇔ MnII, o

valor estimado seria superior a +0,11 V uma vez que o grupo pentafluorofenila é

mais eletroretirador de densidade eletrônica do anel porfirínico do que o grupo 1-

6-diclorofenila. Isso pode ser observado comparando os potenciais deste

processo obtidos nas metaloporfirinas Mn(TDCPP) e Mn(TPFPP), que são

respectivamente -0,15 V e –0,03 V. Porém, outro fator que deve ser observado e

que também contribui para o deslocamento do potencial redox para potenciais

mais positivos é a perda de simetria da molécula, causada pela mistura de meso-

substituintes, que segundo Kadish [16, 20, 30], justificaria este potencial

ligeiramente superior ao esperado.

IV-1.2.2.7 – Comparação dos resultados de caracterização através de

voltametria cíclica das MnPor

Na Tabela 4.16 são apresentados os potenciais redox das porfirinas

metaladas com Manganês(III).

Os potenciais foram referenciados a partir do Eletrodo Padrão de

Hidrogênio (EPH) para facilitar o uso deste potencial nos estudos de

espectroeletroquímica discutidos na seqüência.

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71

Tabela 4.16 – Potenciais (E½ vs. EPH) das MnPor ª.

Potencial de meia onda (V vs. EPH) 2a. Redução do ligante

1a. Redução do ligante Mn(III) ⇔ Mn(II) Mn(III) ⇔ Mn(IV) Porfirina

Medido Literatura Medido Literatura Medido Literatura Medido Literatura

Mn(TPP) -1,90 -1,87 b -1,33 -1,25 d -1,30 b -0,03 -0,11 e 1,49 1,46 d

Mn(TDCPP) -1,56 -1,46 c -1,26 -1,11 c 0,07 0,14 c 1,70

Mn(TCFPP) -1,49 -1,15 0,09 1,71

Mn(TDFPP) -1,59 -1,19 0,09 1,72

Mn(TPFPP) -1,47 -1,04 0,13 0,10 f 1,75

Mn(PFPTDCPCl8P) -1,03 -0,72 0,61 1,86 a Condições gerais: O eletrodo de referência foi Ag/AgCl e os potenciais foram convertidos para o

eletrodo normal de Hidrogênio (EPH); Soluções de ~5,0x10-3mol L-1 de porfirina em acetonitrila; O eletrólito de suporte foi Hexafluorofosfato de Tetrabutilamônio 0,1 mol L-1; A velocidade de varredura foi de 100 mV s-1;

b Referência [88] em THF, eletrólito de TBAP 0,1 mol L-1, eletrodo de referência ECS. c Referência [21] em diclorometano, eletrólito de TBABF4 0,1 mol L-1, eletrodo de referência ECS. d Referência [20] em acetonitrila, eletrólito TBAP, eletrodo de referência ECS e Referência [31] em diclorometano, eletrólito de TBAP 0,1 mol L-1, eletrodo de referência ECS. f Referência [22] em DMSO, eletrólito de TBAP 0,1 mol L-1, eletrodo de referência Ag/AgCl.

Após a metalação das porfirinas base livre com íons de Mn(III) observa-se

uma tendência ao aumento do potencial de redução centrado no metal

(Mn(III)⇔Mn(II)), da porfirina menos halogenada Mn(TPP) para a mais

halogenada. Harber e colaboradores estudaram diferentes porfirinas de

manganês e observaram um aumento do potencial de redução Mn(III)⇔Mn(II)

com o aumento do número de átomos de halogênio, tanto nos substituintes meso

do anel, quanto nas posições β-pirrólicas [89]. Suas observações foram feitas

utilizando as porfirinas multicloradas Mn(TPP), Mn(TpClPP), Mn(TDCPP),

Mn(TPCPP), Mn(TDCPCl8P) e também com as porfirinas Mn(TPFPP) e

Mn(TPFPBr8P).

Para o processo Mn(III)⇔Mn(II), Murray e Greager [90] observaram que em

ambiente aprótico sem a presença de oxigênio a atribuição da espécie Mn(II) é

segura (processo de redução de um elétron), no entanto, na presença de

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72

oxigênio, e dependendo do contra-íon, ou de alguma base forte, poderá ocorrer

um processo de redução de dois elétrons, com a formação da espécie Mn(II)

seguida de uma ligação com uma molécula de oxigênio e uma nova redução.

Espécies de Mn(II) também foram inequivocamente observadas por

Bedioui [91] em filmes obtidos com MnPor através de eletropolimerização em

atmosfera controlada.

Quando se analisa, comparativamente, os valores dos potenciais atribuídos

à redução do anel porfirínico nas MnPor, observa-se uma tendência a potenciais

menos negativos com o aumento da halogenação, porém não linear, dependendo

das posições onde estes grupos estão localizados. Isso também foi observado

para as porfirinas base livre. Tal efeito é mais pronunciado quando a porfirina

mais halogenada é observada [Mn(PFPTDCPCl8P)], pelo grande número de

elementos retiradores de densidade eletrônica presentes.

O primeiro par redox de oxidação observado para as MnPor foi atribuído a

oxidação do metal (Mn(III)⇔Mn(IV)). Tal atribuição foi feita baseada nos

experimentos de RPE associados a eletroquímica como discutidos mais adiante.

Excetuando-se a Mn(TPP), observa-se uma tendência ao aumento deste

potencial com o aumento da halogenação.

Fajer e colaboradores observaram que porfirinas mais distorcidas devido à

presença de substituintes volumosos na periferia do anel, geralmente apresentam

menores potenciais de oxidação [92], porque produzem uma desestabilização do

sistema π conjugado, elevando a energia do orbital HOMO e produzindo pouca

perturbação do orbital LUMO. O resultado líquido é uma diferença menor entre os

orbitais de fronteira com o conseqüente deslocamento para o vermelho da banda

Soret e a maior facilidade de oxidação destes compostos.

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73

Além da atribuição do primeiro par redox de oxidação ao processo centrado

no metal (Mn(III)⇔Mn(IV)) [24], observa-se na literatura a atribuição deste

processo à oxidação do anel, gerando a espécie MnIIIPor+• (espécie π-catiônica)

[20, 93]. No entanto, em nenhum caso na literatura, a técnica de RPE acoplada a

eletroquímica foi relatada, e isso permitiria a correta atribuição, comprovando

essa atribuição.

IV-1.2.3 – Caracterização das MnPor por espectroscopia eletrônica

O espectro eletrônico de absorção de porfirinas de manganês mostra em

geral duas bandas de intensidade fraca na região do infravermelho próximo

(denominadas freqüentemente de bandas I e II, sendo a banda I de maior

comprimento de onda), e duas bandas na região do visível Q(0,0) e Q(1,0)

(bandas III e IV) as quais são sempre detectadas nas diferentes metaloporfirinas

de manganês. Além destas, duas bandas de grande intensidade na região de 450

e 350 nm (bandas V e VI) também são observadas [8g]. Outra denominação da

banda V é Soret. A banda VI é atribuída a uma transição eletrônica de

transferência de carga (CT) ligante metal, a1u(π), a2u(π) → eg(dπ). A transição de

transferência de carga é permitida porque o orbital eg(dπ) é resultante de uma

mistura com o orbital eg(π*). A mistura é acompanhada por uma diminuição na

intensidade da banda V, a1u(π), a2u(π) → eg(π*). Para a Mn(TPP), a absortividade

molar da banda V é de aproximadamente 8x104 L mol-1 cm-1, e a relação entre os

ε das bandas V e VI é aproximadamente 2 [94].

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74

Tabela 4.17 – Principais bandas do espectro eletrônico das Porfirinas estudadas.

Banda Soret (nm) Banda Q(1,0) (nm) Banda Q(0,0) (nm) Porfirina

λ ε L mol-1 cm-1 λ ε

L mol-1 cm-1 λ ε L mol-1 cm-1

Mn(TPP) 474 9,2x104 580 9,4x103 616 9,6x103

Mn(TDCPP) 468 7,8x104 572 8,4x103 614 nd Mn(TCFPP) 464 5.6 x104 572 8,4x103 608 nd Mn(TDFPP) 464 8,4x104 566 9,3x103 596 3,7x103

Mn(TPFPP) 472 5,6x104 572 8,5x103 604 nd Mn(PFTDCPP) 462 1,1x105 a 580 1,0x104 a nd = não determinado. a Da referência [37].

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

Abs

orbâ

ncia

(u.a

.)

Mn(PFPTDCPCl8P)

Mn(TPFPP)

Mn(TDFPP)

Mn(TCFPP)

Mn(TDCPP)

Mn(TPP)

616580475372

Comprimento de Onda (nm)Figura 4.21 – Comparação dos espectros eletrônicos das MnPor.

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75

A Tabela 4.17 apresenta as posições das bandas características das

porfirinas de manganês estudadas e sua absortividade molar, cujos espectros

foram

o efeito que a crescente halogenação causa nas bandas do espectro

eletrôn

PP), que possuem substituintes

iguais,

or da Mn(TDFPP) esta última é bem mais plana que a Mn(TDCPP).

registrados em acetonitrila.

As bandas observadas nos espectros eletrônicos são semelhantes às

descritas na literatura para outras manganês porfirinas [5]. Na Figura 4.21 pode-

se observar

ico.

Fajer observou [92] que em MnPor com algumas distorções do anel os

orbitais de fronteira são afetados de forma distinta, sendo o HOMO mais alterado

que o LUMO, observando-se uma diminuição do “gap” de energia e, como

conseqüência, um pequeno deslocamento batocrômico das bandas do espectro

eletrônico é observado. Isto pode ser evidenciado quando comparamos as três

MnPor halogenadas nas posições 1 e 6 do substituinte fenila, onde pode ser

verificado que a posição da banda Soret da Mn(TCFPP), quando comparada com

suas congêneres, a Mn(TDCPP) e a Mn(TDF

está em uma região de menor energia.

Não é prudente inferir a mesma coisa com relação à Mn(TPFPP) e a

Mn(PFPTDCPCl8P), pois o número de substituições destas são diferentes.

Mesmo assim pode-se comparar a Mn(TDCPP) com a Mn(TDFPP) e dizer que

pelo tamanho dos átomos de cloro da Mn(TDCPP) em comparação com os

átomos de flú

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76

IV-1.2.4 – Caracterização das MnPor através de ressonância paramagnética eletrônica (RPE)

diclorometano. As

caract

estados de oxidação

distinto

nal característico em geral com 2I+1

linhas

figuração d3 tem S=3/2 em spin alto e S=1/2 em spin

baixo (Figura 4.22) [14].

Todas as manganês porfirinas estudadas foram caracterizadas por RPE,

tanto no estado sólido, quanto em solução de acetonitrila e de

erizações foram feitas à temperatura ambiente e a 77 K.

As MnPor foram analisadas para se estabelecer o estado de oxidação do

íon manganês no complexo após a síntese, visto que as modificações estruturais

efetuadas nas porfirinas poderiam eventualmente estabilizar

s para este íon, tais como: Mn(II), Mn(III) ou Mn(IV).

O isótopo 55Mn, com abundância natural de 100%, possui spin nuclear

I=5/2, e assim, a existência de um ou mais elétrons desemparelhados nas

proximidades deste núcleo produzirá um si

no espectro de RPE [11-13, 88, 95].

Mn(II)porfirinas têm configuração eletrônica d5 com S=5/2 [12] e o íon

manganês (IV), com con

O íon Mn(III) com configuração d4 e S=2, apresenta 4 elétrons

desemparelhados e tipicamente exibe uma pronunciada distorção Jahn-Teller, a

Figura 4.22 – Configuração eletrônica dos orbitais de fronteira daMn(TPP) no estado fundamental [14]

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77

qual resulta num substancial acoplamento spin-órbita. Como conseqüência,

centros mononucleares de Mn(III) são tipicamente silenciosos ao RPE

convencional, onde H0 é perpendicular a radiação aplicada (H1), entretanto pode

apresentar sinal de RPE em um experimento em que o campo magnético é

paralelo à radiação (“parallel mode”), onde Ho || H1, o que demandaria uma

cavidade de RPE específica para este tipo de experimento [12]. Hoffman e

colaboradores obtiveram espectros de RPE de porfirinas Mn(III) utilizando um

espectrômetro de alta freqüência (v > 90 GHz) em experimentos na temperatura

do hél

s do espectro

de RP

devido à

impos

io líquido [87, 96].

Esta ausência de observação de algumas espécies paramagnéticas pela

técnica de RPE se deve ao fato que íons metálicos com mais de um elétron

desemparelhado se comportam similarmente a certas espécies orgânicas que

podem ter mais de um spin. A presença de vários dipolos magnéticos muito

próximos numa molécula em solução causa o alargamento das linha

E, impedindo muitas vezes sua observação em solução [11].

Para os espectros de RPE de espécies Mn(II) e Mn(IV), à baixa

temperatura (77 K), normalmente são observados dois conjuntos de sinais, um

em torno de g=4 e outro em torno de g=2. Na temperatura ambiente, apenas os

sinais em g=2 são suficientemente definidos [14]. Nos experimentos de

espectroeletroquímica de RPE foi monitorada apenas a região próxima a g=2,

visto que os experimentos foram realizados à temperatura ambiente

sibilidade experimental de serem realizados à baixa temperatura.

Para as manganês porfirinas Mn(TPP), Mn(TDCPP), Mn(TCFPP),

Mn(TDFPP) e Mn(TPFPP), todos os espectros de RPE obtidos não apresentaram

sinal algum, portanto supõem-se que estas manganês porfirinas apresentam o

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78

estado de oxidação +3 para o íon manganês como esperado e amplamente

relatad

uando a espécie é

dissolvida, e solvatada, este efeito retirador seja diminuído.

o na literatura [7, 14, 20, 21, 27, 31, 69].

No entanto, a porfirina Mn(PFTDCPCl8P), quando analisada no estado

sólido, apresentou um espectro de RPE com sinais característicos de Mn(II),

conforme relatada por Assis e colaboradores [37]. Em solução este sinal não é

observado. Na Figura 4.23 pode-se observar um sinal em g=5,234 e outro em

g=2,108, coerente com a atribuição feita por Allen e colaboradores [13] para

espécies contendo manganês no estado de oxidação (II), sugerindo que a

presença de tão grande número de grupos retiradores de densidade eletrônica

estabiliza a espécie Mn(II) no estado sólido, porém, q

0 100 200 300 400 500

-6000

-4000

-2000

0

2000

4000

6000

g=2,108

g=5,234

Inte

nsid

ade

Campo Magnético (mT)Figura 4.23 – Espectro de RPE no estado sólido da Mn(PFTDCCl8PP).

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79

IV-1.2.5 – Caracterização das MnPor através espectroscopia vibracional TIR) (F

e KBr. A atribuição de cada banda será mostrada na Tabela

.18 na seqüência.

Suslick e Watson [97], na preparação e caracterização de alguns derivados desta

ervou essa

anda provavelmente devido ao material usado ser recém purificado.

Nas Figuras 4.24 a 4.28 são apresentados os espectros vibracionais na

região de comprimento de onda de 2000 a 400 cm-1 das porfirinas de manganês

feitos em pastilhas d

4

Um espectro semelhante para a Mn(TPP)Cl (Figura 4.24) foi obtido por

porfirina. Fleischer e colaboradores [98] mencionam uma banda em 833 cm-1

como sendo atribuída a um intermediário O=Mn(TPP). Não se obs

-1 Figura 4.24 – Espectro vibracional da Mn(TPP) em KBr (região de 2000 a 400 cm ).

2 00 0 1 80 0 16 00 1 40 0 1 20 0 1 00 0 8 00 6 00 40 03 0

4 0

5 0

6 0

7 0

45352

1565

621

664

702

752802

849

928

1009

1072

1124

1177

1202

1229

1277

1342

1385

144114

87

159716

20

1717

1773

1825

Tran

smitâ

ncia

N ú m e ro d e O n d a (cm )-1

b

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80

2 0 0 0 1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0 4 0 02 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

422

472

528

555

663

721

783

837

899

1009

1076

1148

1175

1206

1250

133713

85

1447

1568

1603

1653

1749

Tran

smitâ

ncia

N ú m e ro d e O n d a (c m -1)

Figura 4.25 – Espectro vibracional da Mn(TCFPP) em KBr (região de 2000 a 400 cm-1).

0

2 0 0 0 1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0 4 0

5 0

5 5

6 0

6 5

7 0

7 5

434

48466

972

177

980

683

7887

914

1011

1074

1105

1153

1192

1258

133513

8514

29

1558

1653

1773

1869

Tran

smitâ

ncia

N ú m e ro d e O n d a (c m -1)

Figura 4.26 – Espectro vibracional da Mn(TDCPP) em KBr (região de 2000 a 400 cm-1).

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81

2 0 0 0 1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0 4 0 0

3 5

4 0

4 5

5 0

5 5

6 0

6 5

426

471

509

538

583

669

716

745

783

837

887

999

1078

1152

1206

1236

1275

133913

85

1464

1584

1624

1726

1815

1863

Tran

smitâ

ncia

N ú m e ro d e O n d a (c m -1)

Figura 4.27 – Espectro vibracional da Mn(TDFPP) em KBr (região de 2000 a 400 cm-1).

2 0 0 0 1 8 0 0 1 6 0 0 1 4 0 0 1 2 0 0 1 0 0 0 8 0 0 6 0 0 4 0 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

521

70472

576

080

883

9

945

989

105710

8211

4011

6512

111263

1339

1385

1423

1493

1651

1720

Tran

smitâ

ncia

N ú m e ro d e O n d a (cm -1)

Figura 4.28 – Espectro vibracional da Mn(TPFPP) em KBr (região de 2000 a 400 cm-1).

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82

Tabela 4.18 – Atribuição das principais bandas observadas nos espectros

vibracionais das MnPor a.

MnTPP MnTDCPP MnTCFPP MnTDFPP MnTPFPP Atribuição

453 434 422 426 Deformação angular fora plano (grupo CH das fenilas)

521 484 472 471 521 Deformação angular fora plano (grupo CH do anel porfirínico)

664 669 663 669 Deformação angular no plano (grupo CH das fenilas)

702 721 721 716 704 CH=CH cis deformação CH fora do plano

752 779 783 783 760 Deformação CR’R”=CHR CH fora do plano

802 806 808 Deformação CH=CH trans CH fora do plano

837 837 837 839

899 887 945 Deformação C-H fora do plano (grupos fenila)

1009 1011 1009 999 989 Estiramento C=C

1072 1074 1076 1078 1057 Deformação CH no plano

1177 1192 1082

1202 1206 1206 1211 Deformação CH no plano

1250 1236

1342 1335 1337 1339 1339 Estiramento C-N

1385 1385 1385

1441 1429 1447 1464 1493 Deformação axial R’-CH-R”

1597 1558 1568 1584

1620 1653 1653 1624 1651 Estiramento C=C

2852 2851 2854 2851 2855 2922 2922 2924 2922 2926

Estiramento CH (pirrois)

3026 3056 3080 3091 3094 3090

Estiramento CH (substituintes fenila)

a Referências das atribuições [85, 86, 99, 100].

Mesmo não apresentada nas figuras acima, porém mencionada na Tabela

4.18, a região de 4000 cm-1 até 2000 cm-1 mostra uma diferença entre as

porfirinas base livre com as porfirinas metaladas, que se refere ao estiramento

das ligações N-H, cuja ausência nas metaloporfirinas é uma evidência da

coordenação do metal ao macrocíclo.

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83

Na Figura 4.29 é apresentada uma comparação entre os espectros de

infravermelho das porfirinas de segunda geração. A Mn(TPP), de primeira

geração, não foi incluída porque não seguiu o comportamento das demais. Nota-

se, em especial, que as bandas atribuídas ao estiramento C=C (em torno de 1000

cm-1 e a deformação R’-CH-R’’ (em torno de 1400 cm-1) apresentam um

comportamento dependente da halogenação e do caráter retirador de densidade

eletrônica dos grupos substituintes.

No caso do estiramento C=C, observa-se que o aumento da

eletronegatividade dos grupos substituintes, induz um enfraquecimento da ligação

C=C, o que promove um aumento na distância inter-atômica e a conseqüente

diminuição do número de onda (freqüência mais baixa).

Para a deformação R’-CH-R’’, a hipótese para o aumento do número de

onda é que o macrocíclo fique mais rígido e com isso diminua a deformação axial.

2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

Tran

smitâ

ncia

(u.a

.)

Mn(TDCPP)

Mn(TCFPP)

Mn(TDFPP)

Mn(TPFPP)

Número de Onda (cm-1)

Figura 4.29 – Espectros vibracionais das porfirinas de segunda geração (região de 2000 a 400 cm-1)

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84

IV-2 – Estudos Espectroeletroquímicos na Região do UV-Vis das Porfirinas Base Livre

Os estudos espectroeletroquímicos das porfirinas base livre foram

efetuados para caracterizar estes ligantes e posteriormente compará-los com os

resultados obtidos nos sistemas metalados.

Neste estudo os potenciais usados são todos relativos ao eletrodo padrão

de hidrogênio (EPH), visto que o eletrodo de referência adotado (eletrodo de

quase-referência de fio de platina) tem um comportamento aproximado a este [72,

100-103].

Serão descritos os resultados obtidos nos experimentos de redução e

oxidação das porfirinas base livre, sendo as discussões relativas ao

comportamento destes sistemas apresentadas no final deste tópico e resumidas

na Tabela 4.19.

Os potenciais para estes experimentos foram selecionados com base na

observação das espécies cujas atribuições são classicamente aceitas. Desta

forma, foram executados experimentos com potenciais próximos daqueles em que

os processos redox de cada porfirina ocorrem e já descritos no item IV-1.1.2

(página 38).

A porfirina de terceira geração H2(PFPTDCPCl8P) não foi estudada nesta

etapa, visto não ser disponível o ligante, apenas o metalocomplexos.

IV-2.1 – Porfirina H2(TPP)

Vários experimentos a diferentes potenciais de oxidação e redução foram

executados.

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85

Na oxidação a +1,4 V, observou-se o aparecimento de uma banda em 436

nm de pequena intensidade, e decidiu-se aumentar um pouco o potencial

aplicado.

Na oxidação a +1,7 V, a espécie com a banda Soret em 436 nm ganha

intensidade conforme mostrado na Figura 4.30. O perfil das bandas Q é alterado,

desaparecendo as quatro bandas (512, 546, 588 e 644 nm) e surgindo uma nova

em 658 nm e um pequeno ombro em 596 nm. Observando a célula eletroquímica

visualmente, é perceptível a mudança de coloração da solução, de púrpura para

uma cor verde bem intensa.

350 400 450 500 550 600 650 7000.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

475 500 525 550 575 600 625 650 675 7000.000

0.025

0.050

0.075

0.100

0.125

0.150

0.175

0.200

490 552536

596

646588

512

546

658

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

512658

436

414

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)Figura 4.30 – Oxidação da porfirina H2(TPP) a +1,7 V durante 20 minutos.

Existem pelo menos cinco pontos isosbésticos (350, 422, 490, 536 e 552

nm) indicando a possibilidade de mais de uma espécie no meio reacional.

Stone e Fleischer [84], estudando a H2(TPP), atribuem a uma espécie

dicatiônica, produto da oxidação de dois elétrons do anel porfirínico, obtido

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86

quimicamente, a uma banda observada em 445 nm. Neste experimento os

autores conseguiram isolar e determinar a estrutura cristalográfica deste

intermediário. Observam também que a banda Q (de menor energia a 661 nm),

apresentava absortividade molar de 5x104 L mol-1 cm-1, e a banda Q de maior

energia, a 608 nm , absortividade molar bem menor, 9x103 L mol-1 cm-1, ou seja, a

banda de menor energia era cerca de 5 vezes mais intensa que a de maior

energia. Este fato, intensificação ou aparecimento de bandas em maior

comprimento de onda, também foi considerado uma indicação da formação da

espécie dicatiônica. Os autores também relataram a mudança de coloração da

solução para verde para as porfirinas H2(TPP) e H2(TPyP).

Nos experimentos realizados aqui foi observado também a intensificação

de bandas na região de 660 nm sugerindo a formação de espécies oriundas da

oxidação do anel porfirínico em potenciais de oxidação da ordem +1,50 V para

esta porfirina. Além disso, em oxidações com potenciais maiores que +1,7 V os

mesmos resultados foram observados.

Nas reduções com potenciais até próximo de –2,0 V não foi observado

nenhuma alteração no espectro eletrônico. Na redução a –2,0 V observou-se uma

pequena banda em 440 nm. Nenhum sinal foi observado aplicando potenciais de

–0,5 V até –1,6 V.

Reduzindo a um potencial de –2,1 V observa-se que a espécie com a

banda em 440 nm ganha intensidade e a banda Soret em 414 nm diminui

proporcionalmente.

A redução a –2,4 V mostrou a espécie com a Soret em 440 nm bem

intensa, conforme se observa na Figura 4.31.

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87

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

440

414

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)Figura 4.31 – Redução da porfirina H2(TPP) a –2,4 V por 20 min.

A espécie intermediária detectada em 440 nm é atribuída ao processo de

redução do macrocíclo e não a processos de destruição do composto. Néri e

Wilson [104], estudando porfirinas aquo-solúveis, observaram um comportamento

semelhante e atribuíram à formação de espécies aniônicas oriundas de processos

de redução do anel porfirínico. Estes autores observaram o desaparecimento da

banda Soret típica da porfirina e o aparecimento de uma banda em maior

comprimento de onda.

A necessidade de manter os eletrodos de trabalho e auxiliar em

compartimentos diferentes da célula eletroquímica produz uma resistência ôhmica

grande, e para compensar, um sobrepotencial precisa ser aplicado, tal fato pode

indicar que mesmo em um potencial tão negativo (-2,4 V) apenas a redução de

um elétron esteja ocorrendo.

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88

IV-2.2 – Porfirina H2(TDCPP)

Os experimentos de redução da H2(TDCPP) foram conduzidos de forma

semelhante aos efetuados com a H2(TPP). Em potenciais mais positivos que –0,9

V, nenhuma alteração nos espectros de UV-Vis foi observada. Aplicando

potenciais entre –0,9 e –1,6 V, observou-se apenas uma banda de pouca

intensidade em 444 nm. A aplicação do potencial de –1,8 V produziu uma grande

mudança espectral como pode ser observada nas Figuras 4.32 e 4.33.

0.0

0.4

0.8

1.2

1.6

4

8

12

16

20

350 400 450 500 550 600 650 700

444

414

Abs

orbâ

ncia

Tem

po (m

in)

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.32 – Redução da porfirina H2(TDCPP) a –1,8V durante 12 minutos, seguidos de mais 8 minutos sem aplicação de potencial.

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89

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

594564508

444

414

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.33 – Redução da porfirina H2(TDCPP) a –1,8V durante 12 minutos, seguidos de mais 8 minutos sem aplicação de potencial.

Nas Figuras 4.34 e 4.35 estão os detalhes deste experimento.

350 400 450 500 550 600 650 700-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

444

508

414

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.34 – Espectros da redução da porfirina H2(TDCPP) a –1,8V.

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90

0 5 10 15 20

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

retirada dopotencial

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

λ nm 414 444 508

Figura 4.35 – Comportamento das bandas principais durante a redução da porfirina H2(TDCPP) a –1,8V.

Neste experimento, observa-se que a espécie formada, com a banda Soret

em 444 nm, diminui de intensidade ao ser encerrada a aplicação do potencial, o

que sugere que um processo de oxidação do produto pode estar ocorrendo, como

por exemplo, a oxidação pelo oxigênio do ar. Na Figura 4.34 observa-se que aos

12 minutos o espectro eletrônico apresenta apenas a espécie com a banda Soret

em 444 (espectro em cor vermelha). No entanto, decorridos mais 8 minutos, o

espectro apresentou um pequeno ombro em 414 nm, indicando a recomposição

da espécie inicial. A re-oxidação pode ser mais bem evidenciada no gráfico da

Figura 4.35, onde é mostrado o comportamento das principais bandas do

espectro eletrônico em função do tempo.

Nos experimentos de oxidação foram aplicados potenciais na faixa de +0,5

até 2,5 V. Para os experimentos onde foram aplicados potenciais menores que

+2,3 V, foi observado apenas uma ligeira diminuição na intensidade da banda em

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91

414 nm. Aplicando o potencial de +2,5 V observou-se a formação de uma espécie

com a banda Soret em 424 nm conforme é mostrado na Figura 4.36.

A

eletrônico

350 400 450 500 550 600 650-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

508

424414

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.36 - Espectros da oxidação da porfirina H2(TDCPP) a +2,5Vdurante 12 minutos, mais 8 minutos sem aplicação de potencial.

Figura 4.37 mostra o comportamento das principais bandas do espectro

em função do tempo de aplicação do potencial de oxidação.

0 5 10 15 20

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

retirada dopotencial

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

λ nm 414 424 508

Figura 4.37 – Comportamento das principais bandas durante a oxidação daporfirina H2(TDCPP) a +2,5 V.

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92

A espécie oxidada resultante é aparentemente estável visto que, tanto a

intensidade da banda Soret (424 nm) quanto o espectro eletrônico como um todo,

permanecem inalterados após a retirada do potencial aplicado.

A comparação entre os resultados observados para a H2(TDCPP) com as

demais porfirinas base livre será feita depois da apresentação de todas as outras

porfirinas.

IV-2.3 – Porfirina H2(TCFPP)

Nos experimentos de redução aplicando um potencial de –2,4 V durante 12

minutos, observa-se a formação de uma espécie com a Banda Soret em 440 nm e

com o envelope de bandas Q totalmente alterado quando comparado com a

espécie original (Figura 4.38). Com o passar do tempo, após o desligamento do

potencial, a espécie original (com a banda Soret em 410 nm) volta a ser formada,

causada pela re-oxidação ao ar.

350 400 450 500 550 600-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

506

440

410

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 13,5 min 20 min

Figura 4.38 – Espectros da redução da porfirina H2(TCFPP) a –2,4 V durante 12 minutos, seguidos de mais 8 minutos sem aplicação de potencial.

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93

A espécie reduzida mostrou uma banda Soret com deslocamento

hipsocrômico de 30 nm e a modificação da estrutura de bandas na região visível

do espectro eletrônico (Figura 4.39), com o desaparecimento da banda em 506

nm, o surgimento de uma nova banda em 560 nm e o deslocamento e

intensificação da banda em 584 para 590 nm.

Aplica

porfirina, po

424 nm (Fi

potencial, co

A reg

sofreu grand

deslocamen

542 e 622 nm

480 500 520 540 560 580 600 620 6400.00

0.05

0.10

0.15

584

506

590

560

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.39 - Espectros da redução da porfirina H2(TCFPP) a –2,4 V,região visível, bandas Q.

ndo um potencial de +2,3 V para obter o produto oxidado desta

de-se observar a formação de uma espécie com a banda Soret em

gura 4.40), que permaneceu estável mesmo após a retirada do

mo observado para as demais porfirinas desmetaladas.

ião visível do espectro eletrônico da espécie oxidada (Figura 4.41)

e modificação, com o desaparecimento da banda em 506 nm, o

to da banda de 584 para 574 nm e o aparecimento das bandas em

.

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94

50

350 400 450 500 550 600 6-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

424

506

410

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.40 - Espectros da oxidação da porfirina H2(TCFPP) a +2,3 Vdurante 12 minutos, mais 8 minutos sem aplicação de potencial.

660

480 500 520 540 560 580 600 620 6400.00

0.05

0.10

0.15

0.20

542

584

506

622

574

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.41 - Espectros da redução da porfirina H2(TCFPP) a –2,4 V,região visível, bandas Q.

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95

IV-2.4 – Porfirina H2(TDFPP)

Nos experimentos de redução da porfirina H2(TDFPP) foi aplicado um

potencial de –2,4V (Figura 4.42) durante 12 minutos e observado o

comportamento da espécie formada por mais oito minutos. De todas as porfirinas

base livre estudadas, esta foi a que apresentou a maior dificuldade na geração da

espécie reduzida a 436 nm. A solução submetida à redução apresentou uma

banda Soret em 436 nm, que após a retirada do potencial, converteu-se

rapidamente na espécie inicial com a Soret em 408 nm. O deslocamento

hipsocrômico da banda Soret da espécie reduzida foi de 28 nm.

A es

504 nm pe

da banda e

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

436

504

408

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.42 - Espectros da redução da porfirina H2(TDFPP) a -2,4 Vdurante 12 minutos, e 8 minutos sem aplicação de potencial.

trutura das bandas Q da espécie reduzida mostraram que a banda em

rde intensidade, surge uma banda em 556 nm e aumenta a intensidade

m 582 nm.

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96

Durante o experimento de oxidação da H2(TDFPP) no potencial de +2,3 V

durante doze minutos, observou-se o aparecimento de uma espécie intermediária

com uma banda Soret em 426 nm (Figura 4.43), apresentando um deslocamento

hipsocrômico de 18 nm em relação à espécie inicial, que permaneceu estável

após a retirada do potencial.

A es

afetada, co

em 540 nm

uma banda

IV-2.5 – Po

O e

um potenc

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

426

504

408

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.43 - Espectros da oxidação da porfirina H2(TDFPP) a +2,3 Vdurante 12 minutos, e 8 minutos sem aplicação de potencial.

trutura das bandas Q (região visível do espectro eletrônico) também foi

m o desaparecimento da banda em 504 nm, a intensificação da banda

, o deslocamento da banda em 582 para 572 nm e o surgimento de

em 624 nm.

rfirina H2(TPFPP)

xperimento de redução da porfirina H2(TPFPP) foi conduzido, aplicando

ias de –1,7 V doze minutos. Foi o experimento em que a espécie inicial

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97

foi reduzida mais facilmente, em comparação com as demais porfirinas

estudadas. Observa-se na Figura 4.44, o aparecimento de uma espécie com a

banda Soret em 436 nm, com um deslocamento hipsocrômico de 30 nm.

Al

da banda

da banda

325 350 375 400 425 450 475

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

406

436

418

344

480

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.44 - Espectros da redução da porfirina H2(TPFPP) a –1,7 V durante 12 minutos, e 8 minutos sem aplicação de potencial.

ém disso, nota-se um rearranjo das bandas Q, com o desaparecimento

em 502 nm, o surgimento de uma banda em 554 nm e a intensificação

em 580 nm com um pequeno deslocamento para 584 nm (Figura 4.45).

475 500 525 550 575 600 625 650-0.025

0.000

0.025

0.050

0.075

0.100

0.125

0.150

0.175

554584

580

480 522

502

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.45 - Espectros da redução da porfirina H2(TPFPP) a –1,7 V,região visível, bandas Q.

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98

Pontos isosbésticos bem definidos são observados nos espectros

eletrônicos, em 344, 418, 480 e 522 nm, que mostram a existência de pelo menos

duas espécies durante o experimento.

Nos experimentos de oxidação aplicou-se um potencial de +2,0 V durante

doze minutos. Observou-se a formação de uma espécie intermediária com a

banda Soret em 410 nm (Figura 4.46). A absorção de tal banda sugere a

formação de uma espécie oxidada pela observação de pelo menos 4 pontos

isosbésticos (334, 414, 472 e 520 nm).

As b

na oxidaçã

a intensific

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

540 580502

410

406

414

472334

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.46 - Espectros da oxidação da porfirina H2(TPFPP) a +2,0 Vdurante 12 minutos e 8 minutos sem aplicação de potencial.

andas Q apresentaram um comportamento semelhante ao observado

o das demais porfirinas, com o desaparecimento da banda em 502 nm,

ação das bandas em 540 e 580 nm.

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99

IV-2.6 – Comparação dos resultados obtidos para as porfirinas base livre

Na Tabela 4.19 são mostradas as características espectrais das espécies

intermediárias observadas nas porfirinas base livre, submetidas aos processos de

oxidação e redução.

Tabela 4.19 – Principais bandas das porfirinas base livre (valores e nm)

Bandas inciais Bandas após a oxidação Bandas após a redução Porfirina

Soret Bandas Q Soret ∆ox Bandas Q Soret ∆red Bandas Q

H2(TPP) 414 512, 546, 588, 648 436 22 596, 658 440 26 512, 546, 588, 648

H2(TDCPP) 414 510, 586 424 10 546, 572, 620 444 30 564, 588

H2(TCFPP) 410 506, 584 424 14 542, 574, 622 440 30 560, 590, 630

H2(TDFPP) 408 504, 582 426 18 540, 572, 624 436 28 556, 582

H2(TPFPP) 406 502, 580 410 4 540, 580, 624 436 30 554, 584

Na Tabela 4.19, as colunas ∆ox e ∆red referem-se à diferença entre a

posição da banda Soret da espécie de partida e a espécie oxidada ou reduzida.

Observa-se que existe uma grande variação dos valores da coluna ∆ox

enquanto que a coluna ∆red é praticamente constante, indicando que a adição de

um elétron afeta de forma semelhante ao perfil de orbitais existentes nas diversas

porfirinas, porém, a retirada de um elétron afeta de forma diferenciada cada uma

das moléculas.

A Figura 4.47 é uma representação gráfica das variações ocorridas na

banda Soret dos diferentes intermediários obtidos nos experimentos. Observa-se

que a banda Soret original das porfirinas não metaladas guarda uma certa

correlação com o aumento da eletronegatividade das alterações estruturais, como

já havia sido observado durante a caracterização por voltametria cíclica no item

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100

IV-1.1.2.6 (página 46), e os intermediários oxidados e reduzidos não conservam

tão rigidamente esta propriedade.

H2(TPP) H2(TDCPP) H2(TCFPP) H2(TDFPP) H2(TPFPP)405

410

415

420

425

430

435

440

445

Com

prim

ento

de

Ond

a (n

m)

Porfirina

Original Oxidada Reduzida

Figura 4.47 – Variações da banda Soret dos intermediários das porfirinasbase livre.

As porfirinas que apresentam maior número de grupos retiradores de

elétrons apresentam um deslocamento hipsocrômico maior, pois os grupos

retiradores de elétrons facilitam o processo de redução. Resultados semelhantes

foram observados na literatura [30, 105, 106] e que mostraram um deslocamento

hipsocrômico maior da banda Soret das espécies reduzidas com o aumento de

grupos eletro-retiradores eletrônicos presentes na estrutura do anel macrocíclico.

Em todas as porfirinas base livre estudadas, tanto a espécie reduzida

quanto à espécie oxidada apresentam a banda Soret deslocada para o maior

comprimento de onda, sendo que as espécies reduzidas sempre apresentam um

deslocamento maior, cerca de 30 nm de diferença com relação a espécie inicial.

Para as espécies intermediárias oxidadas, a variação não foi linear.

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101

Grupos substituintes que retiram densidade eletrônica do anel porfirínico

facilitam os processos de redução das porfirinas base livre e metaladas tornando

mais difíceis os processos de oxidação. No espectro eletrônico espera-se ver o

deslocamento das bandas para maiores comprimentos de onda e este efeito pode

ser correlacionado aos resultados de eletroquímica visto que o “gap” de energia

dos conjuntos HOMO-LUMO diminui e a transição eletrônica fica menos

energética.

Kadish observou que mudanças na planaridade do anel desestabilizam

mais o HOMO que o LUMO, e que o LUMO é mais afetado ainda pelo efeito

induzido pelos grupos eletro-retiradores ou doadores que podem estar presentes

no anel porfirínico [106], logo se espera observar também um deslocamento para

um maior comprimento de onda das bandas e este resultado se reflete nos

processos de redução em potenciais menos negativos (redução mais fácil) e nos

processos de oxidação do anel em potenciais mais elevados (oxidação mais

difícil).

As bandas Q, conforme se observa na Tabela 4.19, de maneira geral

conservam a mesma tendência de deslocamento observada para a banda Soret,

aparecendo nas regiões de maior energia, quanto mais eletro-retiradores forem os

substituintes.

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102

IV-3 – Estudos Espectroeletroquímicos de RPE: Determinação das

Condições de Trabalho para os Compostos de Manganês

Para encontrar as condições experimentais adequadas aos estudos de

espectroeletroquímica, tanto de RPE, quanto de UV-Vis das porfirinas de

manganês, inicialmente estudou-se sistemas já conhecidos e caracterizados:

• Acetato de Manganês II;

• Mn(BBPPN): hexafluorofosfato de N,N´-bis(2-hidroxibenzil-N,N’-bis(2-

metilpiridil) diaminopropano de manganês (III) [23, 59];

• Mn(BBPEN): hexafluorofosfato de N,N´-bis(2-hidroxibenzil-N,N’-bis(2-

metilpiridil) etilenodiamina manganês (III) [23, 59];

• MnTMTAA: tiocianato de {5,7,12,14-tetramethildibenzo[b,i]–1,4,8,11-

tetraaza[14] anuleno} de manganês (III) [107].

A seguir serão discutidos os resultados obtidos nos estudos de

espectroeletroquímica de RPE com o Mn(BBPEN). Este composto cuja estrutura

de raio-X é apresentada na Figura 4.48, foi estudado neste trabalho para

investigação do comportamento eletroquímico do íon manganês.

Figura 4.48 - Estrutura de raio-X do composto MnBBPEN [23].

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103

O Mn(BBPEN) apresenta processos bem conhecidos e caracterizados

deste metal nos estados de oxidação II, III e IV [23, 59], como mostrado no

voltamograma cíclico da Figura 4.49, reproduzido aqui com permissão, a partir da

referência [23].

A estrutura de raio-X do complexo mostrou que o íon metálico apresenta-se

coordenado a quatro átomos de nitrogênio em uma configuração semelhante ao

que ocorre nas porfirinas, entretanto a presença de grupos fenolatos coordenados

ao complexo podem afetar os potenciais dos processos redox observados.

Na Figura 4.49 pode ser observado no voltamograma cíclico, que aplicando

potenciais na faixa de –0,20 V ocorre a redução para a espécie Mn(II). Além

disso, a aplicação de potenciais da ordem de +0,85 V vs. EPH faz com que ocorra

a formação de espécies Mn(IV) [23, 59].

Figura 4.49 – Voltamograma Cíclico do composto MnBBPEN [23].

A partir dos potenciais redox foi iniciado o estudo de espectroeletroquímica

de RPE, registrando-se o espectro de uma solução do 5x10-3 mol L-1 do complexo

MnBBPEN em acetonitrila, sem aplicar potencial algum, para determinar o estado

de oxidação inicial do complexo. Observa-se que o íon metálico em seu estado

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104

inicial apresenta um espectro de RPE silencioso, o que caracteriza como uma

espécie Mn(III) (Figura 4.50a).

Na seqü

ligeiramente su

voltamograma

observar uma

igualmente esp

107, 108] e out

amostras sólida

observadas no

condições expe

bem como a te

ser modificadas

a espécie Mn(II

Mansuy

260 280 300 320 340 360 380 400 420 440

c)

d)

a)

b)

Campo Magnético (mT)

Figura 4.50 – Espectros de RPE do MnBBPEN. a) Espectro inicial, sem potencial aplicado; b) após 10minutos com –0,5 V.; c) após 1 minuto com +1,0 V.; d)após 3 minutos com +0,3 V.

ência foi aplicado um potencial de redução de –0,5 V, que é

perior ao do processo redução Mn(III)⇔Mn(II) mostrado no

da Figura 4.49. Tal potencial foi aplicado na tentativa de se

espécie Mn(II). Esperava-se observar um sinal de 6 linhas

açadas, ou um sinal alargado com fator g em torno de 2 [12, 13,

ro com fator g em torno de 4, no caso de soluções congeladas ou

s. Estas características esperadas da espécie Mn(II) não foram

espectro registrado (Figura 4.50b). Tal resultado sugere que as

rimentais adotadas com a célula flat disponível (ver Figura 3.3)

mperatura e a presença de oxigênio (condições que não podem

) não conduzirão a observação das características esperadas para

).

e colaboradores somente observam tal espécie apenas a 4 K

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105

[108] em condições controladas estudando derivados de complexos de bipiridinas.

Aplicou-se então um potencial de +1,0 V para tentar observar a formação

da espécie oxidada de Mn(IV). Nestas condições foi possível observar o sinal

característico de Mn(IV) com geff = 2,011 e Aiso= 93,8 Gauss (Figura 4.50c).

Sawyer e Richens [109], num experimento a baixa temperatura, observaram uma

espécie Mn(IV) com os valores de g⊥= 4 e g|| = 2.

Nas referências [23] e [59], Erthal e colaboradores descrevem a obtenção

da espécie MnIVBBPEN gerada eletroquimicamente. O espectro obtido a 110 K

apresenta três valores de g, sendo g1=5,84, g2=4,77 e g3=1,99, com a constante

de acoplamento hiperfino para o sinal em g=1,99 de 89 Gauss. A observação de 3

valores de g mostra que o íon Mn(IV) se encontra em um ambiente rômbico.

Neste caso, no experimento efetuado, não foi possível observar os sinais g1 e g2,

apenas g3, que neste caso, por estar sendo realizado à temperatura ambiente

representa o g isotrópico da solução. A maior distância das linhas de interação

hiperfina também se justifica por se tratar do sinal isotrópico, que é uma

composição dos sinais nos três eixos de magnetização.

Com a aplicação de um potencial intermediário, +0,3 V, observou-se um

espectro de RPE silencioso (Figura 4.50d) que é indicativo da formação Mn(III).

Repetiu-se o processo de oxidação por mais duas vezes observando-se os

mesmos resultados e mostrando que este é um processo totalmente reversível.

A partir da espécie Mn(III) foram feitas novas tentativas de se obter a

espécie Mn (II), aplicando-se potenciais da ordem de até –1,0 V, sem observar

sinal algum, confirmando que nas condições experimentais adotadas, a espécie

Mn(II) que é RPE ativa não pôde ser detectada.

A espécie Mn(IV) é facilmente produzida e detectada utilizando a técnica

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106

de espectroeletroquímica de RPE na célula flat. Várias tentativas de otimizar os

processos experimentais foram realizadas, mesmo a baixa temperatura (77 K), no

entanto, a espécie Mn(II) não pôde ser observada.

Nos experimentos com os outros compostos modelo, a espécie Mn(II) foi

observada apenas para o acetato de manganês II (Figura 4.51), cujo espectro de

RPE apresenta um sinal semelhante ao da literatura [107, 109, 110].

100 200 300 400 500

-40000

-30000

-20000

-10000

0

10000

20000

30000

40000

A=92,3 Gg=1,997

Inte

nsid

ade

Campo Magnético (mT)

Figura 4.51 – Espectro de RPE de Acetato de Manganês(II) emsolução de metanol a temperatura ambiente.

A espécie Mn(IV) foi observada em todos os demais compostos modelo

analisados.

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107

IV-4 – Estudos espectroeletroquímicos de RPE e UV-Vis das MnPor

A partir dos potenciais redox obtidos e mostrados na Tabela 4.16,

resultantes das caracterizações por voltametria cíclica, foram planejados diversos

experimentos para observar o comportamento espectroeletroquímico das MnPor.

A apresentação do resultado das investigações espectroeletroquímicas,

tanto de RPE quanto de UV-Vis será feita de forma individualizada para cada

composto e ao final, os dados serão comparados e discutidos.

IV-4.1 – Espectroeletroquímica da porfirina Mn(TPP)

IV-4.1.1 – Espectroeletroquímica de RPE

Como pode ser visto na Figura 4.52a, a solução inicial em acetonitrila, da

Mn(TPP) (~5x10-4 mol L-1) não apresenta sinal algum de RPE indicando que

somente a espécie Mn(III) está presente, corroborando os resultados de sua

caracterização discutida no item IV-1.2.4 (página 76).

Os espectros de RPE registrados após a aplicação do potencial de +1,5 V

mostraram o aparecimento de um sinal de baixa intensidade, com seis linhas, na

região de g=2 (Figura 4.52b), comprovando os resultados obtidos por voltametria

cíclica. A aplicação continuada do potencial de +1,50 V produziu a intensificação

do sinal em giso = 2,01 e uma constante de interação hiperfina Aiso = 94 Gauss

(Figura 4.52c, d), semelhante ao observado por Chakravorty e Duta [111] e

também para os compostos modelo MnBBPPN e MnBBPEN. Tal sinal foi descrito

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108

na literatura como Mn(IV) e proveniente da interação de um elétron

desemparelhado e um nuclídeo com spin nuclear I=5/2, como é o caso do isótopo

55Mn [11, 60, 109, 112, 113].

260 280 300 320 340 360 380 400 420 440

d)

c)

b)

a)

Campo Magnético (mT)

Figura 4.52 – Espectros de RPE da Mn(TPP), a)espectro inicial sem aplicação de potencial; b, c e d)aplicação de +1,50 V em 5, 10 e 20 minutos.

Konishi e colaboradores [14] observaram um sinal característico de Mn(IV),

com 6 linhas em g||=2,00 (A||=89 G) à temperatura ambiente e um sinal em

g⊥=4.01 (A⊥=83 G) à 77 K. Estes resultados foram atribuídos à oxidação da

MnIII(TPP) para a MnIV(TPP) obtida por radiólise [14]. No experimento aqui

descrito não foi observado o sinal em g=4 provavelmente porque o experimento

foi realizado apenas em solução à temperatura ambiente.

Além disso, à baixa temperatura (77 K), Basolo e colaboradores obtiveram

o espectro de RPE da espécie Mn(IV) ligada a oxigênio para a Mn(TPP), com

simetria rômbica (g3=1,45, g2=2,0 e g1=5,5) [114].

Com a aplicação de potenciais inferiores a +0,5 V observou-se a

diminuição do sinal de Mn(IV) até o seu completo desaparecimento, sugerindo a

redução da espécie Mn(IV) para Mn(III).

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109

Várias tentativas foram feitas para se obter o sinal de RPE característico de

Mn(II) aplicando potenciais em torno de –0,5 V (espectros não mostrados). Para

este composto não foi possível obter qualquer sinal que pudesse ser atribuído à

espécie Mn(II). Diferentemente dos experimentos de RPE, a voltametria cíclica da

Mn(TPP) mostrou o processo de redução Mn(III)→Mn(II) em –0,03 V (Tabela

4.16).

Aplicando potenciais inferiores a –1,0 V somente foi observado o

aparecimento do sinal com geff = 2,002 de largura de linha ∆Hpp ~ 12 Gauss,

característico da presença de um radical em estrutura orgânica.

A primeira redução observada do macrocíclico nos experimentos de

voltametria cíclica ocorre apenas em torno de –1,30 V (Tabela 4.16). Esta

diferença de potencial aplicada na voltametria cíclica e na espectroeletroquímica

de RPE pode estar associada às diferenças entre as duas técnicas, uma vez que

nos experimentos de voltametria cíclica existe a desaeração da solução com a

passagem de gás nitrogênio e o experimento é executado sob um jato constante

deste gás. No entanto, nos experimentos de espectroeletroquímica de RPE a

desaeração não foi possível devido à geometria da célula flat utilizada e as

condições gerais do experimento.

IV-4.1.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis

Vários experimentos em diferentes potenciais de oxidação e redução foram

executados, e os resultados mais significativos estão descritos a seguir.

Na oxidação a +1,0 V, observou-se apenas uma pequena diminuição de

intensidade da banda Soret (em 474 nm).

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110

Na oxidação a +1,7 V, além da menor intensidade da Soret, observou-se

um pequeno deslocamento desta banda para maior comprimento de onda (de 474

para 476 nm) conforme mostrado na Figura 4.53.

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

476

474

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 20 min

Figura 4.53 – Primeiro e último espectros daoxidação da Mn(TPP) a +1,7 V por 20 minutos.

Pode-se observar também que todas as bandas do espectro eletrônico

sofreram modificações, mostrando que se trata de uma nova espécie química,

coerente com os resultados de RPE que apresentam uma espécie ativa ao RPE

nestes potenciais e com a voltametria cíclica que apresenta um processo de

oxidação em +1,49 V vs. EPH (Tabela 4.16).

Schultz observou dois sinais de oxidação, o primeiro em +1,44 V e o

segundo em +1,78 V vs. EPH na oxidação da Mn(TPP) em diclorometano [93].

Neste trabalho, onde o solvente usado foi acetonitrila, não foi observado o

segundo processo de oxidação. Ao primeiro processo de oxidação Schultz [93] (e

posteriormente também Bruice [24]) atribuíram a formação da espécie

MnIII(TPP•)Cl+ (MnIIIporfirina π-cátion radical), e ao segundo processo de oxidação

a espécie MnIV(TPP•)Cl2+.

O espectro eletrônico da oxidação eletroquímica da Mn(TPP) em

acetonitrila obtido neste trabalho (Figura 4.53) apresenta-se semelhante ao obtido

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111

por Schultz [93] referente a espécie Mn(IV). Somando-se a isso, nos

experimentos de espectroeletroquímica de RPE (a este potencial) foi observado

um sinal característico de espécies Mn(IV) e nenhuma evidência de outra espécie.

Embora à temperatura ambiente não se espera observar características da

espécie π-catiônica citada por Schultz.

Bruice [24] observa que, devido à configuração eletrônica do íon manganês

(d4), quando a oxidação é feita na presença do oxigênio, a preferência na

oxidação é para a formação da espécie Mn(IV) e na ausência de oxigênio e

presença de contra-íons, prevalece a formação da espécie π-cátion radical. Tanto

os experimentos de espectroeletroquímica na região do UV-Vis quanto de RPE,

foram realizados em atmosfera de oxigênio, sugerindo que a espécie Mn(IV)

tenha se formado preferencialmente no processo de oxidação.

Em oxidações com potenciais maiores que +1,7 V os mesmos resultados

foram observados, com a diferença de que a espécie em 476 nm aparece mais

rapidamente por causa da diferença entre o potencial do processo de oxidação e

o potencial efetivamente aplicado no experimento.

Su e colaboradores também descreveram a formação da espécie Mn(IV)

em solução aquosa [115]. Controlando o pH da solução e o potencial aplicado os

autores caracterizaram também uma espécie Mn(V) estudando uma porfirina

solúvel em água, a Mn(2-TMPyP) que apresentou um deslocamento da banda

Soret, que inicialmente estava em 442 nm, passando para 432 nm, com a banda

Q de maior energia em 548 nm. O experimento foi realizado em pH 12, aplicando

o potencial de +0,92 V vs. Ag/AgCl (+1,11 vs. EPH).

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112

Na redução da Mn(TPP) em potencial de –0,5 V observou-se um pequeno

deslocamento da banda Soret de 474 para 468 nm, que posteriormente, a um

potencial de –0,7 V se deslocou para 464 nm. (Figura 4.54).

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

400380

576 610

464

474

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.54. Redução da Mn(TPP) a –0,7 V por 20 minutos.

Schultz observou uma banda em 444 nm após a redução da Mn(TPP) em

diclorometano [93]. Tal característica espectral foi atribuída à formação da

espécie MnII(TPP). A presença de oxigênio no meio de reação muitas vezes

dificulta a observação de espécies de Mn(II). Em potencial de –0,7 V, Bedioui [26,

66] observou que pode ocorrer a redução de oxigênio molecular, e este se ligar a

espécies Mn(II) formadas no meio da reação, segundo as equações abaixo,

sendo esta espécie passível de oxidação.

−−

−+

→++

→+

][[[

22 O-MnO[Mn(II)]Mn(II)]Mn(III)]

ee

Murray e Creager também relataram a formação desta espécie [Mn-O2]-,

quando a reação é realizada na presença de oxigênio molecular [90].

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113

A redução da Mn(TPP) em potencial de –1,0 V provocou o aparecimento

de uma nova espécie com a banda Soret em 436 nm. Além disso, a intensidade

de tal banda foi 2,3 vezes superior à banda Soret da espécie MnIII(TPP) (Figuras

4.55 e 4.56).

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8 436

400380

474

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 15 min 20 min

Figura 4.56 – Espectros principais da redução da Mn(TPP) a –1,0 V por 20 minutos.

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.4

0.8

1.2

1.6

4

8

12

16

20

436

474

Abs

orbâ

ncia

Tem

po (m

in)

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.55 – Redução da Mn(TPP) a –1,0 V por 20 minutos.

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114

Os espectros registrados são semelhantes aos observados por Schultz,

que atribuiu a banda em 436 nm como característica da espécie MnII(TPP) com

solvente axialmente coordenado [93]. Valentine e Quinn observam o mesmo

espectro na redução química da MnIII(TPP) com KO2 em DMSO [116].

Estas evidências confirmariam que em potencial de –1,0 V foi obtida a

espécie MnIIPor (espectro em cor vermelha da Figura 4.56). No entanto,

evidências desta espécie não foram observadas nos experimentos de

espectroeletroquímica de RPE em condições semelhantes.

Em potenciais bem negativos (–1,6 V), foi observado o deslocamento da

banda Soret para 442 nm (Figura 4.57). Neste potencial é esperada a formação

de espécies π-ânion radical, oriundas da redução do anel porfirínico (Tabela 4.16).

Sendo assim, é razoável supor que a espécie Mn(II) pode se formar no

meio da reação em potencial inferior a –0,7 V e que esta espécie em atmosfera

de oxigênio e temperatura ambiente gera uma nova espécie em potenciais mais

negativos, cujas características são observadas nas Figuras 4.54 e 4.56

caracterizada pelo grande deslocamento da banda Soret para menores

comprimentos de onda. Já em potenciais mais negativos, a espécie predominante

deve ser resultado da remoção de um elétron do macrocíclico (Figura 4.57).

350 400 450 500 550 600 650-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0442

474

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 20 min 40 min

Figura 4.57 – Redução da Mn(TPP) a –1,6 V por 20 minutos.

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115

Tabela 4.20 – Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos com a Mn(TPP).

Potencial aplicado

Observações de RPE

Observações de UV-Vis Atribuição

+1,0 V Nada observado Pequeno decréscimo de intensidade da banda Soret Mn(III)Por

>= +1,5 V Espectro com 6 linhas A=94 G, g=2,01

Banda Soret diminui e desloca-se para 474 nm Mn(IV)Por

-0,5 V Nada observado Pequeno deslocamento da banda Soret de 470-468 nm Mn(II)Por

-0,7 V Nada observado Deslocamento da banda Soret de 470 para 464 nm Mn(II)Por

-1,0 V Nada observado Espécie intermediária com a banda Soret em 436 nm Mn(II)Por -

-1,6 V Nada observado Espécie intermediária com a banda Soret em 442 nm Mn(II)Por 2-

Confrontando os dados das duas técnicas mostrados na Tabela 4.20

observa-se que são complementares para as atribuições feitas por voltametria

cíclica, no entanto, a espectroeletroquímica de UV-Vis parece ser mais rica em

detalhes dos intermediários, enquanto que a espectroeletroquímica de RPE é

mais específica e limitada para determinados estados de oxidação do complexo

analisado.

IV-4.2 – Porfirina Mn(TDCPP)

IV-4.2.1 – Espectroeletroquímica de RPE

De maneira semelhante ao observado e relatado para a Mn(TPP), a

Mn(TDCPP) apresentou em seu estado original apenas Mn(III) (Figura 4.58a),

visto que observa-se o espectro de RPE silencioso.

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116

280 300 320 340 360 380 400 420

d)

c)

b)

a)

Inte

nsid

ade

Campo Magnético (mT)

Figura 4.58 – Espectros de RPE da Mn(TDCPP), a) solução semaplicar potencial; b) espectro após 10 min. em +1,8 V; c) após 10min. em –0,5 V; d) após 10 min. em -1,7 V.

Para investigar o processo de oxidação Mn(III)⇔Mn(IV) aplicou-se um

potencial de +1,80 V por 10 minutos. Observou-se o aparecimento de um sinal

com 6 linhas (Figura 4.58b). Os parâmetros de RPE do sinal são característicos

da espécie Mn(IV), com giso ~2,01 e Aiso ~ 88,3 Gauss de largura proveniente da

interação de um elétron desemparelhado e um isótopo 55Mn [11, 14, 60, 109, 111-

113]. Semelhantemente ao observado para a Mn(TPP), nenhum sinal de RPE foi

observado na região de g=4,0. Este comportamento como já discutido para a

Mn(TPP) era esperado visto que a formação de uma espécie Mn(IV) spin alto

(S=3/2) ocorreu à temperatura ambiente [14].

Para investigar os processos de redução envolvendo esta MnPor, foi

aplicado um potencial de –0,5 V na tentativa de observar a formação da espécie

Mn(II) (Tabela 4.16 página 69). Para esta manganês porfirina, diferentemente da

Mn(TPP), observou-se o aparecimento de um sinal de RPE alargado com

parâmetros de geff ~2,002 e ∆Hpp (distância pico a pico) de ~183 Gauss (Figura

4.58c). Um sinal semelhante foi observado também para a Mn(TDFPP) o qual

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117

será mostrado no item IV.4.4 (página 126). Nas demais porfirinas de manganês

estudadas este sinal não foi observado.

O fato do espectro da Figura 4.58c não apresentar um sinal com um

sexteto de linhas resolvido, característica também esperada quando há a

formação de espécies Mn(II) [12, 107, 117, 118]) mesmo assim sugere que o sinal

observado com a aplicação do potencial de –0,5V possa ser atribuído a uma

espécie Mn(II) [11], visto que em diferentes condições, a espécie Mn(II) foi

relatada com um sinal semelhante [12, 13, 117].

No entanto, os resultados obtidos nos estudos de espectroeletroquímica de

UV-Vis e discutidos na seqüência, não permitem concluir de maneira inequívoca

que somente uma espécie Mn(II) se formou no sistema a este potencial, visto que,

pelas condições experimentais adotadas, poderia haver a interação de moléculas

de oxigênio do meio, bem como outras espécies intermediárias que poderiam

contribuir para o espectro observado.

Com a aplicação de um potencial de –1,7 V, observou-se o aparecimento

de um sinal de RPE com largura de linha de apenas 8,9 Gauss e um giso=2,002

(Figura 4.58d), valor este muito próximo da constante g do elétron livre de 2,0023,

sugerindo a formação espécie radical provavelmente na matéria orgânica (anel

porfirínico ou solvente).

IV-4.2.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis

Vários experimentos em diferentes potenciais de oxidação e redução foram

executados, dentre eles, alguns serão destacados.

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118

Nas oxidações a potenciais de +0,5, +0,7 e +1,0 V, observou-se apenas

uma ligeira diminuição da intensidade da banda Soret em 466 nm (espectros não

mostrados), o que pode indicar o início da formação de uma nova espécie

oxidada no meio de reação.

Na oxidação a potenciais iguais ou superiores a +1,8 V, observou-se o

deslocamento da banda Soret de 466 para 476 nm e a modificação do envelope

de bandas na região em torno de 400 nm (Figura 4.59).

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6

384

406

570

476

466

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.59 – Espectros da oxidação da Mn(TDCPP) a+1,8 V por 20 minutos.

Ruhlmann e colaboradores atribuíram características espectrais

semelhantes à formação de uma espécie MnIV[94, 119]. De maneira semelhante

ao observado para a Mn(TPP), Schultz [93] também observou tal comportamento

atribuindo à oxidação em um potencial semelhante em um processo de dois

elétrons gerando a espécie radicalar Mn(III)-porfirina-π-cátion e de Mn(IV)-

porfirina. No entanto, conforme observado aqui para a Mn(TPP), Bruice [24]

chama a atenção que a primeira oxidação da porfirina é centrada no metal caso

ocorra na presença de oxigênio, descartando portanto a oxidação centrada no

anel com a formação de espécies π-cátion.

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119

No processo de oxidação eletroquímica desta MnPor, acompanhado por

RPE, nestas mesmas condições foi observado um sinal característico de Mn(IV)-

porfirina, sendo assim, é razoável supor que o perfil espectral observado na

Figura 4.59 se refere ao aparecimento da espécie Mn(IV), produto da primeira

oxidação do composto, centrada no metal em meio de oxigênio.

No experimento de redução a –0,5 V observou-se o surgimento de uma

espécie com a banda em 434 nm como mostra a Figura 4.60, que pode indicar a

redução do metal (Mn(III)→Mn(II)). Na mesma figura, nota-se que após suspender

a aplicação do potencial, aos 12 minutos, (espectro em vermelho) ocorre uma

diminuição da banda em 466 nm, com o ombro surgido em 456 nm que não muda

de intensidade.

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

570

466

434

456

384

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.60 – Espectros da redução da Mn(TDCPP) a –0,5 V por 20 minutos.

Este comportamento sugere que alguma espécie intermediária pode estar

sendo formada por exemplo devido a presença de oxigênio molecular, conforme a

proposta por Bedioui [26, 66], já comentada anteriomente para a Mn(TPP).

Espectros semelhantes foram obtidos em experimentos de redução até o

potencial de –1,0 V. Ao ser aplicado –1,2 V o padrão espectral muda para o

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120

observado na Figura 4.61, que atribuímos a redução do anel porfirínico. Nota-se

pela figura, que a espécie com a banda em 446 nm atinge seu máximo aos 12

minutos, quando é desligado o potencial. O decréscimo de intensidade

observado, indica que deve estar ocorrendo a re-oxidação da espécie no meio

devido à presença de oxigênio (espectro de cor azul na Figura 4.61).

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

466

446

368

570

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.61 – Redução a –1,2 V da Mn(TDCPP). Principais espectros.

A redução em potenciais mais negativos (-1,7 e -2,2 V) reproduzem os

resultados da Figura 4.61. As características do espectro observadas nestes

potenciais são muito semelhantes àquelas observadas para a Mn(TPP) (Figura

4.57), indicando que nestes potenciais está ocorrendo a redução do anel

porfirínico, levando à espécies π-aniônicas. Observa-se nos espectros referentes

a redução em potencial bem negativo que a suposta espécie π-aniônica apresenta

a intensidade da banda Soret muito superior ao da Mn(III)-porfirina inicial para

todas as manganês-porfirinas estudadas. Esta característica foi também

observada na redução das porfirinas base livre, neste e em outros trabalhos [16,

31, 94].

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121

A Tabela 4.21 apresenta um resumo das observações dos estudos de

espectroeletroquímica de RPE e de UV-Vis desta MnPor.

Tabela 4.21 – Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos da Mn(TDCPP).

Potencial aplicado

Observações de RPE

Observações de UV-Vis Atribuição

+1,0 V Nada observado Pequeno decréscimo de intensidade da banda Soret

Mn(III)Por

>= +1,8 V Espectro com 6 linhas A=88,3 G, g=2,01

Banda Soret diminui e desloca-se de 464 para 476 nm

Mn(IV)Por

-0,5 V até –1,0 V Espectro com um sinal alargado g=2,002 ∆HPP=183 G

Espécie intermediária com a Soret em 434 nm e um ombro em 456 nm

Mn(II)Por

-1,2 V Espectro com um sinal alargado g=2,002 ∆HPP=183 G

Espécie com uma banda em 446 nm Mn(II)Por -

-1,7 V até -2,2 V Espectro com um sinal fino g=2,002 ∆HPP=8,9 G

Espécie com uma banda em 446 nm Mn(II)Por 2-

IV-4.3 – Porfirina Mn(TCFPP)

IV-4.3.1 – Espectroeletroquímica de RPE

A Mn(TCFPP) (Figura 4.62a) apresentou em seu estado original apenas

Mn(III), visto que apresenta espectro silencioso de RPE.

Para investigar o processo de oxidação, Mn(III)↔Mn(IV) inicialmente

aplicou-se um potencial de +1,50 V durante 3 minutos. Foi observado o

aparecimento de um sinal com 6 linhas (Figura 4.62b). Aumentando o potencial

para +1,8 V e aplicando-o durante mais 2 minutos, foi registrado o espectro

mostrado na Figura 4.62c. Seus parâmetros são característicos da espécie

Mn(IV), com giso ~2,0067 e Aiso = 93,33 Gauss de largura proveniente da interação

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122

de um elétron desemparelhado e um isótopo 55Mn [11, 14, 60, 109, 111-113].

Nenhum sinal de RPE foi observado na região de g=4,0, semelhante as

manganês porfirinas anteriormente descritas.

Para investigar os processos de redução, a mesma solução foi submetida a

um potencial de –1,8V durante 10 minutos. O espectro da Figura 4.62d mostra

que a espécie Mn(IV) foi reduzida e neste potencial não ouve a formação da

espécie radicalar como foi observado para a Mn(TDCPP).

280 300 320 340 360 380 400 420

Inte

nsid

ade

A=93,33 Gg=2,0067

d)

c)

b)

a)

Campo Magnético (mT)

Figura 4.62 – Espectros de RPE da Mn(TCFPP), a) solução sem aplicar potencial; b) espectro após 3 min. em +1,5 V; c) após 2 min. em +1,8 V; d) após 10 min. em-1,8 V.

Outros experimentos de redução foram feitos na tentativa de observar a

espécie Mn(II), porém esta MnPor se comportou de forma semelhante à Mn(TPP)

e nenhum sinal foi observado.

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123

IV-4.3.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis

Vários experimentos em diferentes potenciais de oxidação e redução foram

executados, dentre eles, alguns serão destacados.

A Figura 4.63 apresenta os espectros dos experimentos de oxidação a

potenciais de +0,7 e +1,0 V. Observou-se um deslocamento da banda Soret de

464 para 470 nm além da mudança de perfil das bandas em torno de 380 nm. As

mudanças espectrais observadas poderiam indicar a formação de uma nova

espécie. No entanto, a ausência de pontos isosbésticos claros, somando-se às

informações obtidas nos experimentos de RPE nesta faixa de potencial (que não

apresentaram sinal algum), sugere que nenhuma oxidação efetiva esteja

ocorrendo, ou que o material de partida pode conter alguma impureza.

300 350 400 450 500

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

398376

366

430

470

464

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.63 – Espectros da oxidação da Mn(TCFPP) a +1,0 V durante 20 minutos.

No item IV-1.2.2.3 (página 63) observa-se que o voltamograma cíclico

apresenta um processo de oxidação quase-reversível em +1,70 V vs. EPH. Além

disso, existem dois processos irreversíveis de oxidação em +1,06 e +1,38 V vs.

EPH que são observáveis no voltamograma cíclico, porém que não foram

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124

atribuídos a nenhum processo específico. Contudo, tais processos poderiam ser

os responsáveis pelo comportamento distinto nos espectros apresentados na

Figura 4.63.

Nos experimentos de oxidação a +1,5 e +1,8 V (Figura 4.64), a banda

Soret inicialmente se desloca para o vermelho, de 464 para 470 nm e depois volta

para 468 nm. Em potencial semelhante o espectro de RPE mostrou sinal

característico de espécie Mn(IV), sugerindo que as características espectrais

observadas na Figura 4.64 podem ser associadas a um processo de oxidação

centrado no metal ou uma mistura de espécies contendo também Mn(IV). A

região além de 500 nm dos espectros da Figura 4.64 foi omitida por não

apresentar modificação durante o experimento.

300 350 400 450 500

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8 464

470

468

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.64 – Espectros da oxidação da Mn(TCFPP) a +1,8 V por 20 minutos.

A redução da Mn(TCFPP) a –1,8 V levou ao aparecimento de uma banda

em 436 nm muito semelhante à observada em potencial semelhante para a

porfirina Mn(TPP) quando reduzida a –1,0 V, sugerindo que o perfil espectral

observado nas Figura 4.65 e 4.66 se referem à mesma espécie, que segundo

Schultz, seria uma espécie MnII(TPP) com solvente axialmente coordenado [93].

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125

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

372

464

436

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.65 – Espectros do experimento de redução a –1,8 V da Mn(TCFPP), região até 500 nm.

500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700

0.00

0.02

0.04

0.06

0.08

0.10

0.12

0.14 556

566

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.66 – Espectros do experimento de redução a –1,8 V da Mn(TCFPP), de 500 a 700 nm.

Os experimentos de redução a potenciais superiores a -1,8 V até –2,2 V

mostraram um comportamento semelhante ao de –1,8 V.

A Tabela 4.22 apresenta um resumo das observações dos estudos de

espectroeletroquímica de RPE e de UV-Vis desta MnPor.

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126

Tabela 4.22 – Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos da Mn(TCFPP).

Potencial aplicado

Observações de RPE

Observações de UV-Vis Atribuição

+1,0 V Nada observado Deslocamento da banda Soret de 464 para 470 nm Mn(III)Por

>= +1,8 V Espectro com 6 linhas A=93,33 G, g=2,01

Banda Soret desloca-se de 464 para 470 nm e volta para 468 nm

Mn(IV)Por

-0,8 V até –1,5V Nada observado Espécie intermediária

com a Soret em 454 nm Mn(II)Por -

-1,8 V até -2,2 V Nada observado Espécie com uma banda

em 436 nm Mn(II)Por 2-

IV-4.4 – Porfirina Mn(TDFPP)

IV-4.4.1 – Espectroeletroquímica de RPE

Os resultados obtidos nos experimentos de espectroeletroquímica de RPE

da MnPor Mn(TDFPP) (Figura 4.67) se assemelham aos da Mn(TDCPP). O

espectro da solução desta MnPor em acetonitrila, sem aplicação de potencial

(Figura 4.67a) apresenta-se silencioso a técnica de RPE, caracterizando a

espécie Mn(III).

Para investigar o processo de oxidação, Mn(III)↔Mn(IV) aplicou-se um

potencial de +1,80 V por 10 minutos. Foi observado o aparecimento de um sinal

com 6 linhas (Figura 4.67b). Seus parâmetros são característicos da espécie

Mn(IV), com giso ~2,01 e Aiso ~ 91,9 Gauss de largura.

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127

260 280 300 320 340 360 380 400 420 440

d)

e)

c)

b)

a)

Campo Magnético (mT)

Figura 4.67 – Espectros de RPE da Mn(TDFPP), a)solução sem aplicar potencial; b) espectro após 10 min.em +1,8 V; c) após 10 min. em –0,5 V; d) após 5 min. em+1,8 V; e) após mais 5 min. com +1,8 V.

Para investigar os processos de redução envolvendo esta MnPor, foi

aplicado um potencial de –0,5 V na tentativa de observar a formação da espécie

Mn(II) (Tabela 4.16). Observou-se também o aparecimento de um sinal alargado

com parâmetros de geff ~1,99 e ∆Hpp (distância pico a pico) de ~220 Gauss

(Figura 4.67c), semelhante ao que foi observado para a Mn(TDCPP). Como já foi

mencionado, o sinal sugere a formação de uma espécie Mn(II). Nas demais

MnPor estudadas este sinal não foi observado.

Para observar a reversibilidade do processo, aplicou-se na mesma solução

o potencial de +1,8 V por 5 minutos (Figura 4.67d). Observou-se o aparecimento

de um sinal de RPE que aparentemente é uma composição do sinal de Mn(IV)

com o sinal alargado apresentado na Figura 4.86c. Aplicado +1,8 V por mais cinco

minutos, observou-se a completa regeneração do sinal atribuído a espécie Mn(IV)

(Figura 4.67e).

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128

Experimentos de redução em potenciais de –0,7 V a –2,2 V não

apresentaram espectros de espécies radicalares como foi observado para a

Mn(TDCPP).

IV-4.4.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis

Nas oxidações da Mn(TDFPP) a potenciais de +0,5, +0,7 e +1,0 V,

observou-se apenas uma ligeira diminuição de intensidade da banda Soret em

464 nm (espectro não mostrado), o que pode indicar o início da formação de uma

nova espécie no meio de oxidação.

Na oxidação a +1,8 V, e em potenciais maiores ainda, observou-se a

formação de uma nova espécie, visto que o espectro mostra o deslocamento da

banda Soret de 464 para 468 nm, além das bandas 566 para 556 nm e 366 para

378 nm (Figura 4.68).

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

468378366

562

464

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 20 min

Figura 4.68 – Primeiro e último espectros da oxidação da Mn(TDFPP) a +1,8 V por 20 minutos.

Ruhlmann e colaboradores atribuíram à uma espécie Mn(IV),

características espectrais semelhantes as aqui observadas [94, 119], além de

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129

Schultz [93] e Bruice [24] como já foi anteriormente citado.

Estas características espectrais associadas às observações feitas nos

espectros de RPE sugerem que o que o perfil espectral observado na Figura 4.68

se refere ao aparecimento da espécie Mn(IV), produto da primeira oxidação do

composto, centrada no metal.

No experimento de redução a –0,3 V observou-se o surgimento de uma

espécie com a banda em 452 nm como mostra a Figura 4.69, que já pode indicar

o início da redução centrada no metal (Mn(III)→Mn(II)).

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

452468

366

562

464

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 20 min

Figura 4.69 – Primeiro e último espectros da redução da Mn(TDFPP) a –0,3 V por 20 minutos.

A redução da Mn(TDFPP) a –0,8 V levou ao aparecimento de uma

espécie intermediária com a banda Soret em 450 nm. O deslocamento para

menores comprimentos de onda semelhante ao observado para a Mn(TPP) na

sua redução (Figura 4.56), sugere que o perfil espectral observado na Figura

4.70, se refere a uma espécie com redução centrada no metal.

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350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

464

388

366

562

450

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 20 min

Figura 4.70 – Redução a –0,8 V da Mn(TDFPP). Primeiro e último espectros.

A redução a potenciais mais negativos -1,6, -1,8, -1,9 e -2,2 V provocaram

o deslocamento banda Soret para 440 nm (Figura 4.71), resultado também muito

semelhante ao observado para a Mn(TPP) (Figura 4.57), indicando que neste

potencial pode estar ocorrendo a redução centrados no anel porfirínico, levando à

formação de espécies π-aniônicas.

Observa-se nos

que a suposta espécie

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

384

440

366

562

464

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 20 min

Figura 4.71 – Redução a –1,9 V da Mn(TDFPP). Primeiroe último espectros

espectros referentes a redução em potencial bem negativo

π-aniônica apresenta a intensidade da banda Soret muito

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131

superior a da Mn(III)-porfirina inicial para todas as MnPor estudadas. Esta

característica foi também observada na redução das porfirinas base livre, neste e

em outros trabalhos [16, 31, 94].

A Tabela 4.23 apresenta um resumo das observações dos estudos de

espectroeletroquímica de RPE e de UV-Vis desta MnPor.

Tabela 4.23 – Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos da Mn(TDFPP).

Potencial aplicado

Observações de RPE

Observações de UV-Vis Atribuição

+1,0 V Nada observado Pequeno decréscimo de intensidade da banda Soret Mn(III)Por

>= +1,8 V Espectro com 6 linhas A=91,9 G, g=2,01

Banda Soret diminui e desloca-se de 464 para 468 nm

Mn(IV)Por

-0,3 V até –1,0 VEspectro com um sinal alargado g=1,99 ∆HPP=220 G

Espécie intermediária com um ombro em 452 nm Mn(II)Por

-1,2 V Espectro com um sinal alargado g=1,99 ∆HPP=220 G

Espécie com uma banda em 436 nm Mn(II)Por -

-1,6 V até -2,2 V Nada observado Espécie com uma banda em 440 nm Mn(II)Por 2-

IV-4.5 – Porfirina Mn(TPFPP)

IV-4.5.1 – Espectroeletroquímica de RPE

O espectro de RPE mostrado na Figura 4.72a corresponde à solução de

Mn(TPFPP) em seu estado original. A ausência de sinal de RPE confirma a

presença de uma espécie Mn(III), de forma semelhante ao observado nas

porfirinas anteriormente analisadas.

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132

Para investigar o processo de oxidação Mn(III)⇔Mn(IV) aplicou-se um

potencial de +1,6 V por 4 minutos. Foi observado o aparecimento de um sinal com

6 linhas (Figura 4.72b). Seus parâmetros são característicos da espécie Mn(IV),

com giso ~2,01 e Aiso = 94,7 Gauss de largura. Como nas porfirinas anteriormente

estudadas, nenhum sinal de RPE foi observado na região de g=4,0, coerente para

a formação de uma espécie Mn(IV) spin alto (S=3/2) [14] à temperatura ambiente.

Um potencial de +1,8 V foi aplicado por mais 10 minutos e o sinal atribuído a

espécie Mn(IV) se intensificou um pouco mais, porém os parâmetros não se

modificaram, o que indica que a espécie responsável pelo sinal não se modificou.

280 300 320 340 360 380 400 420 440

d)

c)

b)

a)

Campo Magnético (mT)

Figura 4.72 – Espectros de RPE da Mn(TPFPP), a)solução sem aplicar potencial; b) espectro após 4 min.em +1,6 V; c) após 10 min. em +1,8 V; d) após 10 min.em -1,8 V (sinal multiplicado por 5).

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133

Os processos de redução da Mn(TPFPP) foram estudados com a aplicação

de um potencial de –0,5 V na tentativa de observar a formação da espécie Mn(II)

com características espectrais semelhantes àquelas apresentadas pela

Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP). No entanto, nada foi observado (espectro não

apresentado). Diversos experimentos foram conduzidos com diferentes potenciais

de redução até o potencial de –1,8 V. Exceto para este último, nenhum sinal de

RPE foi observado. Com a aplicação de –1,8 V observou-se um pequeno sinal

(Figura 4.72d) com giso = 2,005 referente à formação de radical em matéria

orgânica. Este espectro foi intensificado (multiplicado por 5) para que o sinal

podesse ser observado, o que naturalmente intensificou também o sinal do ruído,

prejudicando a qualidade do espectro.

IV-4.5.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis

Nas oxidações a potenciais de até +0,5 V observou-se apenas uma ligeira

diminuição de intensidade da banda Soret (espectro não mostrado), o que pode

indicar o início da formação de uma nova espécie no meio de oxidação.

Nas oxidações com potencial superior a +1,4 V, observou-se a formação de

uma nova espécie, visto que o espectro mostra o deslocamento da banda Soret

de 472 para 466 nm, além das bandas 572 para 556 nm e 358 para 374 nm

(Figura 4.73).

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134

300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

556

464374

572

472

358

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início Final

Figura 4.73 – Primeiro e último espectros da oxidação da Mn(TPFPP) a +1,4 V por 20 minutos.

Diferentemente das demais MnPor analisadas, a espécie oxidada da

Mn(TPFPP) apresentou um deslocamento da banda Soret para uma região de

mais alta energia. As demais bandas apresentaram um comportamento

semelhante aos observados para as MnPor anteriormente discutidas.

Mesmo com esta pequena diferença, nesta faixa de potencial aplicado,

somado com as informações de RPE, as características espectrais observadas

podem ser atribuídas à formação de uma Mn(IV)-porfirina [94, 119].

A redução da Mn(TPFPP) a –1,0 V, produziu um decréscimo de

intensidade da banda Soret, além de seu deslocamento para 470 nm, conforme

se observa na Figura 4.74.

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135

A redução

levou ao aparecim

relacionada a redu

A redução

levaram às mesma

A Tabela 4

espectroeletroquím

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6 470

360

472

574Ab

sorb

ânci

a

Comprimento de Onda (nm)

Início 12 min 20 min

Figura 4.74 – Espectros da redução a –1,0 V daMn(TPFPP).

da Mn(TPFPP) a –1,4 V, semelhantemente as demais MnPor,

ento de uma banda em 444 nm (Figura 4.75), que pode ser

ção centrada no anel macrocíclico.

325 350 375 400 425 450 475 500 525 550 575 600

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

574562

360

472444

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.75 – Espectros da redução a –1,4 V daMn(TPFPP) por 20 minutos.

a potenciais mais negativos, na ordem de -1,6, -1,8 e -2,2 V

s mudanças espectrais apresentadas na Figura 4.75.

.24 apresenta um resumo das observações dos estudos de

ica de RPE e de UV-Vis desta MnPor.

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136

Tabela 4.24 – Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos da Mn(TPFPP).

Potencial aplicado

Observações de RPE

Observações de UV-Vis Atribuição

+1,0 V Nada observado Pequeno decréscimo de intensidade da banda Soret

Mn(III)Por

>= +1,4 V Espectro com 6 linhas A=94,7 G, g=2,01

Banda Soret diminui e desloca-se de 472 para 464 nm

Mn(IV)Por

-0,5 V até –1,0 V Nada observado Espécie intermediária com

a Soret em 470 nm Mn(II)Por

-1,4 V Nada observado Espécie com uma banda em 444 nm Mn(II)Por -

-1,8 V até -2,4 V

Espectro com um fraco sinal em g=2,005

Espécie com uma banda em 444 nm Mn(II)Por 2-

IV-4.6 – Porfirina Mn(PFPTDCPCl8P)

IV-4.6.1 – Espectroeletroquímica de RPE

Sendo a Mn(PFPTDCPCl8P) a única porfirina de terceira geração utilizada

neste estudo, e tendo ela apresentado, nas caracterizações de RPE das amostras

sólidas (item IV-1.2.4, página 76), um sinal referente à espécie Mn(II), era

esperado que os seus estudos espectroeletroquímicos apresentassem resultados

um pouco diferentes das porfirinas anteriores. No entanto, em solução de

acetonitrila, sem a aplicação de potencial, foi observado um espectro de RPE

silencioso (Figura 4.76a).

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137

280 300 320 340 360 380 400 420

Aiso = 93,4 Ggiso= 2,014

∆Hpp = 5,4 Ggiso= 2,006

d)

c)

b)

a)

Campo Magnético (mT)

Figura 4.76 – Espectros de RPE da Mn(PFPTDCPCl8P),a) solução sem aplicar potencial; b) espectro após 6 min.em +1,7 V; c) após 1 min. em +2,2 V; d) após 10 min. em–1,0 V.

Este resultado sugere que no estado sólido deve existir uma mistura de

espécies Mn(II) e Mn(III) nesta MnPor devido as características singulares da sua

estrutura. No entanto, em solução e na presença de oxigênio todas as espécies

Mn(II) podem ter se convertido a Mn(III) [37].

Nos estudos de oxidação desta MnPor, foi aplicado um potencial de +1,7 V

por 6 minutos, e foi observado o aparecimento de um sinal com 6 linhas (Figura

4.76b). Seus parâmetros são característicos da espécie Mn(IV), com giso ~2,014 e

Aiso ~ 93,4 Gauss de largura linha como anteriormente observado para as demais

MnPor. O aumento do potencial para +2,2 V somente aumentou a intensidade do

sinal, não alterando seus parâmetros.

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138

Para investigar os processos de redução desta MnPor, e também de tentar

observar a espécie Mn(II), foram realizados experimentos em diversos potenciais

desde +0,2V até –0,6V, porém sem sucesso.

A aplicação de um potencial de –1,0 V resultou no aparecimento de um

sinal com geff 2,006 e ∆Hpp (distância pico a pico) de ~5,4 Gauss (Figura 4.76d).

Um sinal semelhante foi observado para a Mn(TDCPP) discutida no item IV-4.2.1

(página 115), com a aplicação de um potencial bem mais negativo (-1,7 V) e

também para a Mn(TPFPP). Nas demais porfirinas de manganês estudadas este

sinal não foi observado. Tal sinal sugere a formação de uma espécie radicalar em

matéria orgânica referente ao anel macrocíclico ou mesmo ao solvente.

IV-4.6.2 – Espectroeletroquímica na região do UV-Vis

Na oxidação a potenciais de +0,5 V a +1,0 V, já se observa mudança do

padrão espectral (Figura 4.77c) se comparado ao padrão espectral da MnPor

inicial. Em potenciais maiores (+1,7 e +2,0 V) observou-se a formação de uma

nova espécie com a banda Soret em 486 nm e outra banda em 398 nm (Figura

4.77c-d). No experimento acompanhado por RPE, foi visto, em potenciais de +1,7

V e superiores, o aparecimento de um sinal característico de Mn(IV)-porfirina.

Portanto, para esta MnPor as características do espectro verde da Figura 4.77

pode estar relacionado com uma mistura de espécies Mn(III) e Mn(IV), enquanto

que o espectro azul da mesma figura estaria relacionado a espécie Mn(IV).

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139

350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

580

398

486

462

a) Originalb) +1,0 Vc) +1,7 Vd) +2,0 V

Abs

orba

nce

Wavelength (nm)

Figura 4.77 – Espectros da oxidação da Mn(PFPTDCPCl8P) a diferentes potenciais.

No experimento de redução a –1,2 V observou-se o surgimento de uma

espécie com a banda em 456 nm como mostra a Figura 4.78. Neste potencial

observou-se por RPE o surgimento de uma espécie radicalar, e em potenciais de

redução mais negativos nenhuma outra alteração espectral foi observada.

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6 Início 10 min

456

462

590

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.78 – Primeiro e último espectros da redução a–1,2 V por 10 minutos.

A Tabela 4.25 apresenta um resumo das observações dos estudos de

espectroeletroquímica de RPE e de UV-Vis desta MnPor.

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140

Tabela 4.25 – Resumo dos experimentos espectroeletroquímicos da

Mn(PFPTDCPCl8P).

Potencial aplicado

Observações de RPE

Observações de UV-Vis Atribuição

+1,0 V Nada observado Decréscimo de intensidade da banda Soret e um ombro em 480

Mn(III)Por

>= +1,7 V Espectro com 6 linhas A=93,4 G, g=2,014 Banda Soret em 486 nm Mn(IV)Por

-1,0 V a –1,2 V Espectro com um sinal fino g=2,006 ∆HPP=5,4 G

Espécie com uma banda em 456 nm com uma intensidade bem menor que a inicial

Mn(II)Por 2-

-1,7 V até -2,2 V

Espectro com um sinal fino g=2,006 ∆HPP=5,4 G

Espécie com uma banda em 456 nm com uma intensidade bem menor que a inicial

Mn(II)Por 2-

IV-4.7 – Análise comparativa dos resultados de espectroeletroquímica de RPE e na região do UV-Vis das diferentes manganês porfirinas

Os estudos de espectroeletroquímica de RPE para todas as Mn(III)-

porfirinas estudadas mostraram que em potenciais de oxidação superiores a +1,4

V dependendo da MnPor, este processo é centrado no metal, com o

aparecimento da espécie ativa no RPE referente à forma oxidada Mn(IV). Tal

comportamento parece estar associado à presença de oxigênio durante o

experimento. Não foram observadas evidências de espécies π-catiônicas

conforme relatado por Schultz [93] nas condições experimentais adotadas.

Nos experimentos em potenciais de redução na espectroeletroquímica de

RPE, não foi observado para nenhuma MnPor, evidências claras referentes à

espécies Mn(II) com definição das linhas de interação hiperfina como por exemplo

no caso do acetato de Mn(II) (Figura 4.51). Apenas para a Mn(TDCPP) e para a

Mn(TDFPP) observou-se o aparecimento de um sinal alargado na região de g =

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141

2,00, sugerindo a possível formação desta espécie. Morsy e Khaled [117]

associaram a observação de um sinal semelhante em espectros de RPE de

amostras de folhas de tabaco, ao aparecimento de uma espécie de Mn(II).

Experimentos à baixa temperatura (77 K) foram feitos na tentativa de observar a

existência de desdobramentos hiperfinos associados ao sinal largo, porém não foi

obtido êxito.

Tabela 4.26 Sinais de RPE das MnPor.

Manganês (IV) Manganês (II) Porfirina Aiso (G) giso

Potencial aplicado

(V) ∆Hpp giso

Potencial aplicado

(V) Mn(TPP) 93,5 2,01 +1,6 - - - Mn(TDCPP) 88,3 2,01 +2,0 183 2,002 -1,0 Mn(TCFPP) 93,1 2,01 +1,7 - - - Mn(TDFPP) 91,9 2,01 +2,0 220 1,99 -1,0 Mn(TPFPP) 94,7 2,01 +1,8 - - - Mn(PFPTDCPCl8P) 93,4 2,01 +1,7 800,450 2,10; 5,23 -

A constante de separação hiperfina “A” é uma medida da força do

acoplamento entre os momentos de dipolo: magnético, nuclear e eletrônico da

espécie estudada. O menor valor de “A” indica que o orbital onde se encontra este

elétron desemparelhado está menos acoplado com o momento magnético do

núcleo [11], sendo assim, observa-se na Tabela 4.26 que as porfirinas

Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP) são as que apresentam o menor valor de “A”, e são as

únicas a apresentarem espectros de uma provável espécie contento Mn(II) nos

experimentos de redução eletroquímica.

Todos os valores de g obtidos para as espécies manganês IV foram

superiores ao valor de g do elétron livre (g=2,0023). Tal fato está relacionado ao

preenchimento de orbitais resultantes após o processo de oxidação. Observa-se

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142

na literatura que em geral se o íon resultante apresenta configuração de spin alto

S=3/2 (ver Figura 4.22) os valores de g são superiores ao do elétron livre. Poucos

são os casos relatados na literatura onde o Mn(IV) obtido apresenta-se em spin

baixo [14].

Na Tabela 4.27 estão mostrados os valores de comprimento de onda das

bandas Soret dos principais intermediários observados durante os estudos de

espectroeletroquímica das porfirinas de Manganês.

Tabela 4.27 – Bandas Soret dos principais intermediários das MnPor.

MnIII↔MnIV MnIII↔MnII Redução II Porfirina Soret Original Soret ∆ Pot (V) Soret ∆ Pot (V) Soret ∆ Pot (V)

Mn(TPP) 474 476 -2 +1,7 464 +6 -0,7 442 +28 -1,6 Mn(TDCPP) 466 476 -10 +1,8 456 +10 -0,7 446 +22 -1,2 Mn(TCFPP) 464 470 -6 +1,8 454 +10 -0,3 436 +28 -1.8 Mn(TDFPP) 464 468 -4 +1,8 450 +14 -0,8 440 +24 -1,6 Mn(TPFPP) 472 464 +8 +1,4 470 +2 -1,0 444 +30 -1,8 Mn(PFPTDCPCl8P) 462 486 -24 +2,0 456 +6 -1,2 456 +6 -1,8

Coutsolelos e colaboradores [15] observaram que a crescente halogenação

do anel porfirínico afeta a energia dos orbitais HOMO e LUMO de maneira

distinta, sendo o LUMO mais afetado que o HOMO. Além disso, como já foi dito,

Fajer e colaboradores [92] verificaram que também as distorções de planaridade

do anel porfirínico afetam mais a energia do orbital HOMO do que do LUMO.

Observa-se na Tabela 4.27, que os deslocamentos das bandas Soret das

espécies Mn(II) para as porfirinas Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP), foram os maiores,

cerca de 12 nm, quando comparadas com a Mn(TPP) e Mn(TPFPP).

Uma variação grande também pode ser notada para a posição da banda

Soret da primeira redução do macrocíclo. O processo de redução pressupõe o

preenchimento de elétrons nos orbitais LUMO. Associando os potenciais de

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143

redução das MnPor estudadas, com o posicionamento da banda Soret da espécie

inicial, podemos inferir que as porfirinas Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP) possuem uma

menor distorção de planaridade do anel do que as Mn(TPP) e Mn(TPFPP) e

principalmente as Mn(TCFPP) e Mn(PFPTDCPCl8P) que estruturalmente

possuem baixa simetria.

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144

IV-5 – Monitoramento Espectrofotométrico da Reação de Oxidação Química de Cicloexano com Iodosilbenzeno Catalisada por Manganês Porfirinas

O substrato cicloexano tem sido utilizado de forma geral para se avaliar a

capacidade de um catalisador metaloporfirínico para promover reações de

oxidação eficientes (visto ser este substrato de difícil oxidação), e seletivo a

obtenção de álcool. Esta seletividade é desejável para modelos biomiméticos do

citocromo P450 [34].

A escolha dos cicloalcanos se deve ao fato de sua relativamente alta

estabilidade de oxidação em condições ordinárias de temperatura e pressão.

Sendo assim, um bom desempenho catalítico de uma dada metaloporfirina em

reação de oxidação de um hidrocarboneto difícil de ser modificado quimicamente,

qualifica o catalisador para o potencial uso em aplicações com interesse

econômico.

Na reação de oxidação do cicloexano, são obtidos majoritariamente

cicloexanol e cicloexanona.

O início da

partir da adição do

três porções.

Embora não

catalisadores em

produtos obtidos

OH O

+PhIO

MnPor

reação (tempo zero) de oxidação analisada aqui é contado a

oxidante iodosilbenzeno (PhIO), em uma única porção ou em

tenha sido o objetivo principal deste projeto a aplicação dos

nenhuma aplicação prática imediata, a quantificação dos

foi feita como indicador e subsídio para melhor entender o

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145

comportamento das MnPor estudadas, comparativamente, frente reações de

oxidação.

Os espectros eletrônicos obtidos a partir das espécies químicas produzidas

no meio de reação de oxidação de cicloexano por iodosilbenzeno, nos

experimentos usando como catalisador as MnPor estudadas serão inicialmente

apresentados separadamente e no final serão discutidos em conjunto,

salientando-se as diferenças. Os experimentos das reações de oxidação estão

descritos no item III-1.6 (página 31).

IV-5.1 - Oxidação de cicloexano usando Mn(TPP) como catalisador

A Figura 4.79 apresenta os espectros do experimento utilizando a

Mn(TPP) como catalisador.

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

4

8

12

16

20

474422

Tem

po (m

in)

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

Figura 4.79 – Acompanhamento da reação de oxidação química decicloexano catalisada pela Mn(TPP) durante 20 minutos.

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146

Após a adição do PhIO observou-se o deslocamento da banda Soret da

MnPor de 474 para 422 nm e com a evolução da reação a posterior recuperação

parcial da Soret em 474 nm (Figura 4.79). A diferença de intensidade da banda

Soret inicial (espectro em preto na Figura 4.80) e final (espectro em cor verde na

Figura 4.80), pode ser usada para calcular a percentagem da destruição do

catalisador durante o processo de oxidação, após as correções necessárias e

ajuste de volume devido à adição da suspensão de oxidante.

A Figura 4.8

eletrônicos registra

curva b, em verme

a espécie catalítica

manganil-porfirina-

espectroeletroquím

[124] também obs

Mn(TPP) e a Mn(TM

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

520 616580

372

422

474

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 60 s 20 min

Figura 4.80 – Espectros da reação com a Mn(TPP) e ooxidante em suspensão, adicionado em uma alíquota.

1 ilustra o comportamento das principais bandas dos espectros

dos durante o tempo de reação de oxidação. Em particular a

lho, descreve a evolução da banda em 422 nm, que é atribuída

ativa, uma espécie Mn(IV)-porfirina π-catiônica denominada

π-cátion [67, 120-125], não observada nos experimentos de

ica, em nenhum dos potenciais aplicados. Hill [121] e Groves

ervaram as espécies de manganês de alta valência com a

P) com características espectrais idênticas.

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147

0 5 10 15 200.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

b)

a)

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

mn 372 422 474 520 580 616

Figura 4.81 – Comportamento das bandas daMn(TPP) durante o tempo de reação.

O aparecimento da espécie catalítica ativa (linha em cor vermelha da

Figura 4.81) se dá imediatamente após a adição da suspensão de oxidante, e se

mantêm como espécie única por cerca de dois minutos, diminuindo de

intensidade até desaparecer totalmente.

A curva a, em cor verde, referente à banda em 474 nm, tem o

comportamento inverso ao da curva b, desaparecendo após a adição da

suspensão de oxidante e reaparecendo gradualmente enquanto a espécie

catalítica vai se extinguindo. As outras curvas se referem às demais bandas

monitoradas durante a reação. Observa-se que a cerca de 7 minutos do início da

reação, tem-se uma mistura da espécie catalítica ativa e da espécie MnPor inicial

sendo recuperada.

Na média de três experimentos nas mesmas condições, o rendimento de

cicloexanol, produto majoritário da oxidação do cicloexano, foi de 16% [46, 67].

Na literatura o rendimento desta manganês porfirina em condições otimizadas foi

de 26% [67]. A destruição calculada do catalisador foi de 18%. Não existem

relatos na literatura de uma determinação quantitativa precisa da destruição do

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148

catalisador, mas vários grupos de pesquisa tentam explicar as formas com que

ela ocorre. Uma das formas identificadas por Dolphin e colaboradores está na

alquilação do anel porfirínico a partir dos substratos epoxidados [126] originados

de fragmentos de moléculas anteriormente destruídas, quando a reação de

oxidação em questão utiliza como substrato, diferentes olefinas. Além disso,

propõe também a abertura do anel porfirínico nas posições meso, o que justifica a

diminuição da intensidade da banda Soret [40, 41].

Com o objetivo de verificar se a destruição do catalisador diminui caso o

oxidante fosse adicionado em pequenas alíquotas (não de forma concentrada em

uma única adição como relatado), efetuou-se um experimento onde o volume de

oxidante foi dividido em três porções de 13 µL, e cada adição foi efetuada após o

desaparecimento completo da espécie catalítica ativa (cerca de 20 minutos).

Na Figura 4.82 são mostrados os espectros relativos ao início do

experimento (em cor preta), logo após a adição da primeira alíquota de oxidante

(em cor vermelha) e ao final de 60 minutos (em cor verde).

700

ício0 s0 m in

250 300 350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

612576520

474

422

376

Abs

orbâ

ncia

C om prim ento de O nda (nm )

In 8 6

Figura 4.82 – Espectros da reação com a Mn(TPP) e o oxidanteadicionado em três etapas.

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149

Comparando cada espectro da Figura 4.82 com os da Figura 4.80,

observa-se que a diferença de intensidade da banda em 474 nm, do primeiro e o

último espectro de cada experimento aumentou, o que é uma clara indicação de

que houve uma maior destruição do catalisador no segundo experimento.

A Figura 4.83 mostra o comportamento das diversas bandas monitoradas

em função do tempo de reação. Diferentemente do primeiro experimento, (Figura

4.81) neste caso a banda relativa à espécie catalítica ativa [67, 120, 123-125]

apresentou um período de vida mais curto, não possibilitando o desaparecimento

total da banda em 474 nm em cada adição do oxidante.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 600.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Perda to ta l decata lisador

40,1%12,6% de perda

15,4% de perda

19% de perda

Abso

rbân

cia

Tem po(m in)

378 422 474 520 610

Figura 4.83 – Comportamento das bandas da Mn(TPP) durante areação, com o oxidante adicionado em três etapas.

Comparando a absorbância inicial e final da banda em 474 nm (curva verde

das Figuras 4.81 e 4.83), pode-se observar que a destruição do catalisador não

foi função do volume da solução de oxidante utilizado, mas sim do número de

vezes que o processo ocorreu ou pelo maior tempo de permanência do

catalisador no meio de reação.

Na média da triplicata deste último experimento, os rendimentos dos

produtos de oxidação obtidos foram semelhantes aos do primeiro experimento,

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150

com o rendimento de cicloexanol semelhante a 18% como produto majoritário. No

entanto, a destruição do catalisador foi maior, na média chegando a 30%.

Considerando que o PhIO não é totalmente solúvel em acetonitrila, foram

realizados dois outros experimentos, com o PhIO dissolvido em uma mínima

quantidade de metanol/acetonitrila (relação 1:10) e submetido a um banho de

ultra-som por dois minutos para a completa solubilização. Esta solução foi

utilizada como oxidante, na mesma concentração dos experimentos anteriores

(1,0x10-2 mol/L).

Com esta modificação esperava-se obter um aumento dos rendimentos de

catálise, visto que o oxidante em solução está mais disponível ao catalisador.

Nos experimentos com o oxidante em suspensão, pôde-se observar

partículas no fundo da célula de reação.

Os espectros da Figura 4.84 se referem ao experimento com a adição de

uma única alíquota de 40 µL da solução PhIO/MeOH/ACN, observa-se que a

espécie formada na recuperação do catalisador apresenta a banda Soret

deslocada para 468 nm, diferentemente dos dois experimentos anteriores

(Figuras 4.80 e 4.82), onde foi usado a suspensão PhIO/ACN.

0

250 300 350 400 450 500 550 600 650 70

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

612520

468

474422

376

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 30 s 60 min

Figura 4.84 – Espectros da reação com a Mn(TPP) euma alíquota de oxidante com metanol.

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151

Este fato, pode estar relacionado com a presença de MeOH axialmente

coordenado à espécie que se recupera após a catálise (MnIII(MeOH)). Schultz e

Mu [93] observaram que quanto maior for a concentração de metanol no meio de

reação, maior é o deslocamento hipsocrômico da banda Soret, pois verificaram

que em altas concentrações, até dois ligantes podem se coordenar axialmente ao

MnPor.

Neste experimento, a espécie catalítica ativa com a banda em 422 nm [67,

120-125] permaneceu por 30 minutos conforme se observa na curva em vermelho

da Figura 4.85, aumentando cerca de 10 vezes em relação ao experimento

usando a suspensão de oxidante. No entanto, este aumento do tempo de vida da

espécie catalítica ativa não se refletiu no rendimento da catálise, visto que na

média de três experimentos, somente 16% de cicloexanol foi obtido, muito

semelhante ao experimento usando a suspensão PhIO/ACN. A destruição do

catalisador aumentou bastante, chegando a 58% na média, para esta MnPor.

-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Abso

rbân

cia

Tempo (min)

376 422 474 520 610

Figura 4.85 – Comportamento das bandas na reação com aMn(TPP) e o oxidante em metanol.

O aumento do tempo de vida da espécie ativa, sem refletir no rendimento

de catálise, sugere uma diminuição da velocidade com que a espécie catalítica

age sobre o substrato, visto que, pelo fato de um novo ligante axial estar presente

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152

(metanol), poderia induzir a uma modificação estrutural do catalisador, fazendo

com que o íon metálico se posicione mais próximo ao plano da molécula,

formando pelos quatro átomos de nitrogênio. Esta nova configuração pode

representar uma estabilização maior da espécie intermediária, sem que

efetivamente o substrato tenha acesso ao centro catalítico devido ao impedimento

da sexta posição, pela presença do solvente metanol, uma vez que a quinta

posição deve estar tomada pela formação da ligação Mn-O da espécie catalítica

ativa.

Também foi efetuado o experimento no qual a solução metanólica de

oxidante foi adicionada em três etapas, de forma semelhante ao experimento

onde o PhIO/ACN foi também dividido em três porções, com o propósito de

observar se haveria algum reflexo na destruição do catalisador ou nos

rendimentos dos produtos de oxidação.

Na Figura 4.86 são apresentados os espectros no início do experimento,

logo após a adição da primeira alíquota da solução de oxidante, e o espectro final,

após os 90 minutos de reação.

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

616572520

474422

376

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 20 s 90 min

Figura 4.86 – Espectros da reação de oxidação decicloexano catalisada por Mn(TPP) e adição de soluçãoPhIO/MeOH/ACN em três etapas.

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153

Comparando com o experimento anterior (Figura 4.84), a intensidade das

bandas é praticamente a mesma.

A Figura 4.87 mostra o comportamento das principais bandas do espectro

eletrônico durante a reação. Neste experimento, a espécie catalítica ativa [67,

120-122] com a banda Soret em 422 nm, permaneceu por cerca de 3 minutos

cada vez que o oxidante foi adicionado.

0 15 30 45 60 75 900.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

47,65% dest. totaldo catalisador

21,03% dest

20,46% dest

16,65% dest

Abso

rbân

cia

Tempo (min)

376 422 474 520 572 616

Figura 4.87 Comportamento das bandas da reação deoxidação de cicloexano catalisada por Mn(TPP) e adiçãode PhIO/MeOH/ACN em três etapas.

O rendimento médio de cicloexanol para este experimento, relativo ao total

de oxidante utilizado, foi de 17% e a destruição do catalisador foi de 53%, ou seja,

mesmo que o tempo de vida da espécie ativa seja um pouco maior que no

experimento com adição parcial da suspensão de oxidante (PhIO/ACN) o

rendimento de catálise permaneceu inalterado e aumentou a destruição do

catalisador.

A Tabela 4.28 apresenta um resumo dos rendimentos e da destruição do

catalisador, referente aos experimentos utilizando a Mn(TPP) como catalisador da

reação de oxidação.

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154

Tabela 4.28 – Comparação dos procedimentos de catálise com a Mn(TPP).

Rendimento de Cicloexanol

Destruição do catalisador Experimento

% Médio % Médio PhIO/ACN – Figura 4.80 16 18 PhIO/ACN – Adição gradual de PhIO – Figura 4.82 18 30 PhIO/MeOH/ACN – Figura 4.84 16 58 PhIO/MeOH/ACN – Adição gradual de PhIO – Figura 4.86 17 53

Na Tabela 4.28 observa-se que o rendimento de cicloexanol é praticamente

igual em todos os experimentos realizados utilizando a Mn(TPP), independente

das condições de adição de PhIO.

A destruição do catalisador é menor quando se usa a suspensão de

oxidante em ACN ao invés da solução metanólica. O tempo de vida da espécie

ativa aparentemente não está relacionado com o rendimento dos produtos de

oxidação.

O tempo de vida da espécie catalítica ativa quando se usa solução do PhIO

em MeOH parece aumentar à medida que se aumenta a concentração de MeOH

na solução, sugerindo que o MeOH pode ajudar a estabilizar a espécie

intermediária ou retardar o acesso do substrato ao centro metálico, competindo

com este. A destruição do catalisador nesta condição aumentou, evidenciando

que a espécie ativa, ao menos da Mn(TPP), é mais vulnerável do que a espécie

não ativada.

Vários experimentos de RPE da mistura reacional, à temperatura ambiente

e à 77K apresentaram espectro sem nenhum sinal, impedindo a compreensão

desse fenômeno por esta técnica. De fato, a espécie catalítica ativa π-catiônica só

tem sido observada em experimentos na temperatura do hélio líquido [122].

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155

IV-5.2 - Oxidação de cicloexano usando Mn(TDCPP) como catalisador

Para esta MnPor, apenas os experimentos utilizando a suspensão de

iodosilbenzeno em acetonitrila foram realizados, visto que, como o observado no

item anterior, para a Mn(TPP), a catálise com a solução metanólica do oxidante

não apresentou resultados que justificassem esses experimentos.

Os espectros eletrônicos do experimento de catálise com adição única de

suspensão de PhIO/ACN podem ser observados na Figura 4.88.

Um

Mn(TDCP

é que, m

pequeno

que o ca

axiais co

Mn(TPP)

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

382

562

474

466422

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 150 s 40 min

Figura 4.88 - Espectros da reação com a Mn(TDCPP) e o oxidante emsuspensão, adicionado em uma alíquota.

a das diferenças principais nos espectros deste experimento com a

P), (Figura 4.88) quando comparados com os da Mn(TPP) (Figura 4.80)

esmo utilizando a suspensão de PhIO/ACN como oxidante, houve um

deslocamento da banda Soret, de 466 para 474 nm, que poderia indicar

talisador teria sofrido alguma alteração estrutural ou mudado os ligantes

m o decorrer da reação semelhante ao que foi observado para a

quando foi adicionado metanol na reação.

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156

A outra diferença nos espectros dos dois experimentos se refere à

intensidade das bandas Soret (inicial e final). Neste caso, após a correção de

volume, a diferença média na triplicata de experimentos foi de 8%, indicando que

a Mn(TDCPP) é um catalisador muito mais resistente à destruição que a

Mn(TPP), como é esperado para uma MnPor de segunda geração.

Na análise de cromatografia gasosa, realizada na seqüência do

experimento, o produto majoritário da oxidação foi o cicloexanol com 28% de

rendimento, que também mostra uma superioridade desta MnPor como

catalisador se comparado à Mn(TPP).

O experimento com a adição gradual do oxidante PhIO é mostrado na

Figura 4.89. Observa-se que a banda Soret da espécie que se recupera após

cada adição de PhIO, sofre muito pouca diminuição de intensidade, reforçando a

indicação da resistência deste catalisador de segunda geração, frente ao de

primeira geração Mn(TPP).

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

15

30

45

60

75

90

422

474

466

Tempo (min)

Comprimento de onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

Figura 4.89 – Espectros eletrônicos do experimento deoxidação de cicloexano com adição gradual de PhIO,usando a porfirina Mn(TDCPP) como catalisador.

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157

A Figura 4.90 mostra mais detalhes do experimento.

Observ

466 nm foi m

conforme já h

oxidante. No e

neste tempo,

mesmo que a

inicial, indican

converter toda

Na aná

rendimento de

A destr

foi de 10%, e

as porfirinas d

Van de

catalisada por

aos da Mn(

250 300 350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

562

466474

378

474

422

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 1,5 min 95 min

Figura 4.90 - Espectros da reação com a Mn(TDCPP) e ooxidante em suspensão, adicionado em três alíquotas.

a-se também na Figura 4.90 que a espécie inicial com a banda de

odificada, resultando na espécie com a banda Soret em 474 nm

avia sido observado o experimento com apenas uma adição de

spectro em vermelho da Figura 4.90 (1,5 minutos) observa-se que

a espécie intermediária com banda em 422 nm atingiu seu máximo,

inda se observe a banda Soret em 474 nm referente a espécie

do que a quantidade de oxidante adicionado não foi suficiente para

a Mn(III)porfirina da solução na espécie catalítica ativa.

lise por cromatografia gasosa do meio de reação observou-se um

34% para cicloexanol.

uição do catalisador calculada a partir de triplicatas de experimentos

é muito menor se comparada com a Mn(TPP), como esperado para

e segunda geração [21].

n Broeke observou que em reações de epoxidação de 1-octeno

Mn(TDCPP) também foi observado rendimentos muito superiores

TPP) [127]. Outros relatos demonstram a superioridade da

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158

Mn(TDCPP) frente a epoxidação diastereoseletiva de cicloalcanos substituídos

[128].

IV-5.3 - Oxidação de cicloexano usando Mn(TCFPP) como catalisador

Os experimentos com a porfirina Mn(TCFPP) foram semelhantes aos

efetuados com a Mn(TDCPP), apenas em suspensão de PhIO/ACN. Na Figura

4.91 estão os espectros principais deste experimento. Esta porfirina foi sintetizada

em nosso laboratório e não se encontra relato na literatura de seu uso catalítico.

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

564

470

464422

366328

Início 1 min 5 min 40 min

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.91 - Espectros da reação com a Mn(TCFPP) e o oxidante emsuspensão, adicionado em alíquota única.

Semelhante a Mn(TDCPP), com este catalisador também foi observado um

deslocamento da banda Soret, de 464 nm para 470 nm após se encerrar o

experimento de catálise. Possivelmente a espécie recuperada deva ser diferente

da espécie inicial, ao menos no que se refere à sua coordenação axial.

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159

A espécie catalítica ativa foi observada com uma banda Soret em 422 nm e

permaneceu como espécie única por cerca de 3 minutos, desaparecendo

totalmente depois de 25 minutos após a adição do oxidante como é mostrado na

Figura 4.92).

0 5 10 15 20 25 30 35 400.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1A

bsor

bânc

ia

Tempo (min)

366 422 464 470 564

Figura 4.92 – Comportamento das principais bandas doespectro eletrônico durante o experimento.

A análise do produto de reação por cromatografia gasosa mostrou um

rendimento médio de 25% de ciclohexanol.

A destruição média do catalisador calculada pela intensidade de banda

Soret da espécie inicial e final foi de 7%.

No experimento adicionando gradualmente o oxidante PhIO (Figura 4.93),

a análise dos produtos de reação por cromatografia gasosa revelou um

rendimento de 24% de ciclohexanol. A destruição observada do catalisador pelos

espectros eletrônicos foi de 5%.

A pequena diferença entre os rendimentos e a magnitude de destruição do

catalisador nos experimentos usando uma única adição de oxidante ou a adição

gradual são indicativo que, ao menos na faixa de concentrações usadas, este não

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160

é um fator importante a ser considerado na escolha de condições de catálise

usando este catalisador.

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

472

520 566

464

422

364

470

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.93 - Espectros da reação com a Mn(TCFPP) e o oxidante em suspensão, adicionado em três alíquotas.

IV-5.4 - Oxidação de cicloexano usando Mn(TDFPP) como catalisador

Com a porfirina Mn(TDFPP) foram realizados apenas os experimentos

usando a suspensão de oxidante PhIO em acetonitrila, semelhantes aos

efetuados com a Mn(TDCPP) e Mn(TCFPP). Na Figura 4.94 estão os espectros

principais deste experimento.

Observa-se a banda em 418 nm, atribuída à espécie catalítica ativa com

intensidade máxima atingida após 160 segundos, como pode ser observado no

espectro em cor vermelha da Figura 4.94. Para esta porfirina a espécie catalítica

ativa sofreu uma pequena variação de 4 nm para a região de maior energia, em

comparação às MnPor anteriormente relatadas.

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161

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

330

468

370

418

464

558 572

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Início 160 s 50 min

Figura 4.94 - Espectros da reação com a Mn(TDFPP) e o oxidanteem suspensão, adicionado em uma alíquota.

A banda Soret da espécie recuperada ao final do experimento sofreu um

pequeno deslocamento de 464 para 468 nm.

A análise dos produtos de reação por cromatografia gasosa registrou um

rendimento médio de 30% de cicloexanol. A destruição do catalisador foi inferior a

4%.

No experimento com adições graduais de oxidante PhIO (Figura 4.95), com

uma proporção molar de catalisador/oxidante/substrato igual a 1:7:2000, foi

observado um aumento no rendimento de cicloexanol para 42%, permanecendo a

destruição do catalisador muito baixa, na ordem de 2%, o que indica a grande

estabilidade desta MnPor no meio de reação.

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162

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

15

30

45

60

75

90

105

120

468

464420

Comprimento de Onda (nm)

Tem

po (m

in)

Abs

orbâ

ncia

Figura 4.95 - Espectros da reação com a Mn(TDFPP) e ooxidante em suspensão, adicionado em três alíquotas.

IV-5.5 - Oxidação de cicloexano usando Mn(TPFPP) como catalisador

Para a Mn(TPFPP) foram realizados tanto os experimentos usando a

suspensão de oxidante PhIO em acetonitrila, quanto aqueles usando uma solução

PhIO em ACN/MeOH (9:1) para comparação com a Mn(TPP).

Na Figura 4.96 estão os espectros principais do experimento de adição

única de suspensão de oxidante.

250 300 350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.2

0.4

0.6

472420

360

Abso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

Início 10 s 30 min

Figura 4.96 - Espectros da reação com a Mn(TPFPP) e ooxidante em suspensão, adicionado em alíquota única.

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163

A Figura 4.97 mostra o comportamento das principais bandas do espectro

eletrônico.

A espé

cerca de oito m

O rend

gasosa foi de

No exp

de PhIO/MeO

permaneceu p

0 5 10 15 20 25 300.0

0.2

0.4

0.6

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

360 420 472

Figura 4.97 – Comportamento das principais bandas doespectro eletrônico durante o experimento.

cie catalítica ativa com a banda 420 nm permanece estável por

inutos e desaparece totalmente depois de 15 minutos.

imento dos produtos de oxidação registrado por cromatografia

27% de cicloexanol. A destruição do catalisador foi de 8%.

erimento substituindo a suspensão de PhIO/ACN por uma solução

H/ACN (Figura 4.98) observou-se que a espécie catalítica ativa

or cerca de 30 minutos.

0 15 30 45 60.0

0.2

0.4

0.6

0

Abso

rbân

cia

Tempo (min)

360 420 460 472 566

Figura 4.98 – Comportamento das principais bandas doespectro eletrônico durante o experimento.

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164

Esta reação apresentou um rendimento de 27% de cicloexanol. A

destruição calculada do catalisador neste experimento foi de 15%. Comparado ao

experimento da Mn(TPP) usando a solução metanólica de oxidante, a resistência

da Mn(TPFPP) é muito alta. Para a Mn(TPP) a destruição do catalisador foi de

58% em um experimento semelhante.

O experimento de adição gradual do oxidante PhIO (3 vezes) na forma de

suspensão pode ser observado nas Figura 4.99 e 4.100.

Observa-se,

adicionado em trê

curto, cerca de 2

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

15

30

45

60

75

90

470

420472

Tem

po (m

in)

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

Figura 4.99 - Espectros da reação com a Mn(TPFPP) e ooxidante em suspensão adicionado em três alíquotas.

0 15 30 45 60 75 900.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

360 420 472 572

Figura 4.100 – Comportamento das bandas principais doespectro eletrônico, monitoradas durante o experimento.

pela Figura 4.100 que nestas condições onde o oxidante é

s porções, a espécie catalítica ativa tem um tempo de vida

minutos em cada adição, perfazendo 6 minutos no total. No

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165

entanto, nesta situação, o rendimento observado por CG foi de 32% de

cicloexanol e a destruição calculada do catalisador foi de 14%, superior a

observada para uma única adição, que foi de 8%.

Nas Figuras 4.101 e 4.102 são mostrados os espectros do experimento

efetuado com adição gradual de oxidante em solução MeOH/ACN. Nesta mistura

de solventes, o oxidante é totalmente solúvel.

350 400 450 500 550 600 650 700

0.0

0.2

0.4

0.6

1530

4560

7590

420

462

472

Tempo

(min)

Comprimento de Onda (nm)Ab

sorb

ânci

aFigura 4.101 - Espectros da reação com a Mn(TPFPP) e asolução ACN/MeOH de oxidante adicionado em três alíquotas.

0 15 30 45 60 75 90 1050.0

0.2

0.4

0.6

Abs

orbâ

ncia

Tempo (min)

360 420 462 472

Figura 4.102 – Comportamento das bandas principais doespectro eletrônico, durante o experimento.

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166

O rendimento observado para este experimento, foi de 32% de cicloexanol

A destruição do catalisador foi de 14%, semelhante ao observado no experimento

onde foi usada uma suspensão de oxidante em acetonitrila, também adicionada

em três porções, no entanto, observa-se, a Figura 4.102 que a espécie ativa

permaneceu por cerca de 8 minutos após cada adição de oxidante, tempo muito

maior do que o observado no experimento da adição da suspensão de oxidante

(Figura 4.100)

A Tabela 4.29 se refere aos experimentos das reações de oxidação do

cicloexano utilizando a Mn(TPFPP) como catalisador. Para esta porfirina não só

os experimentos com o oxidante em suspensão de acetonitrila foram efetuados,

como também os em solução metanólica.

Tabela 4.29 – Comparação dos procedimentos de catálise.

Mn(TPFPP) Mn(TPP) Rend. C-ol

Dest. Cat

Rend. C-ol

Dest. cat Experimento

% Médio % Médio % Médio % Médio PhIO/ACN 27 8 16 18 PhIO/ACN – Adição gradual de PhIO 32 14 18 30 PhIO/MeOH/CAN 21 15 16 58 PhIO/MeOH/ACN – Adição gradual de PhIO 27 14 17 53

Na Tabela 4.29 observa-se que o rendimento de cicloexanol é ligeiramente

maior quando se usa a suspensão de PhIO em ACN. Além disso, o rendimento

também parece aumentar quando se adiciona o oxidante de forma gradual.

Comparativamente com as demais porfirinas de segunda geração,

Mn(TDCPP), Mn(TCFPP) e Mn(TDFPP), a Mn(TPFPP) teve um rendimento

inferior. Esta observação já havia sido relatada anteriormente [129] em reações

semelhantes. No entanto, quando esta MnPor de segunda geração é comparada

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167

com a Mn(TPP), uma MnPor de primeira geração, observa-se a grande vantagem

da halogenação dos grupos fenila visto que, analisando a Tabela 4.29, existe um

aumento significativo nos rendimentos do produto da reação, e a destruição do

catalisador é bastante diminuída.

IV-5.6 - Oxidação de cicloexano usando Mn(PFPTDCPCl8P) como catalisador

Diferentemente das outras MnPor, a adição de PhIO à solução de

MnPFPTDCFCl P apresentou uma banda Soret em 454 e, com a evolução da

reação observou-se a diminuição de sua intensidade. Além disso, a adição da

suspensão de PhIO produziu bastante turbidez ao meio, deslocando bastante a

linha base dos espectros eletrônicos, que necessitaram ser ajustados para a

correta interpretação dos resultados. A Figura 4.103 apresenta os principais

espectros da reação.

8

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

454

466

454

460 Início 3 min 10 min 15 min

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.103 – Espectros da reação de oxidação de cicloexanousando MnPFPTDCFCl8P como catalisador, e suspensão dePhIO como oxidante em adição única.

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168

Esta diferença foi marcante em relação às outras MnPor que mostraram

que, embora o PhIO nem sempre fosse solúvel no meio de reação (acetonitrila

pura) a espécie catalítica ativa sempre era.

Além disso, após 15 minutos de monitoramento da reação, observa-se um

perfil espectral muito diferente daquele esperado, caso a MnPor fosse recuperada

em solução sugerindo que o catalisador se transformou em uma outra espécie,

diferente da inicial. Desta forma, embora esta porfirina represente uma categoria

de catalisadores que supostamente são mais resistentes à destruição, devido aos

seus grupos retiradores de densidade eletrônica, a baixa intensidade da banda

Soret da espécie recuperada, a primeira vista sugeriu algum processo de

destruição. A espécie com banda Soret na região de 422 nm, observada para as

outras MnPor estudadas anteriormente não foi registrada para esta MnPor.

Como não existem relatos caracterizando a espécie catalítica ativa desta

porfirina, eventualmente alguns dos perfis espectrais da Figura 4.103 podem estar

envolvidos com a espécie em questão.

A Figura 4.104 apresenta o comportamento das principais bandas do

espectro desta MnPor durante o tempo de reação com uma suspensão de PhIO

em acetonitrila.

0 5 10 15 20 25 30 35 40

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

Iodobenzeno

Abso

rbân

cia

Tempo (min)

452 464 380 494 226

Figura 4.104 – Comportamento das principais bandas doespectro eletrônico durante o experimento.

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169

Em particular, na Figura 4.104 foi monitorada a banda em 226 nm que se

refere à presença de um subproduto da reação, o iodobenzeno (PhI). Observa-se

que a absorbância dessa banda cresce com o tempo, sugerindo que o PhIO vai

sendo consumido conforme a reação avança. O consumo de PhIO e a formação

de PhI podem estar relacionados com a formação da espécie catalítica ativa, além

de outros subprodutos relatados na literatura com relação ao uso de PhIO [37].

Outro indicativo para a formação da espécie catalítica ativa foi à detecção

do produto de oxidação do substrato, o cicloexanol com rendimento de 23% na

média de três experimentos.

Devido ao espectro da espécie final ser muito diferente do espectro da

espécie inicial, o cálculo da destruição do catalisador ficou impossibilitado.

Para verificar se a espécie final da reação de catálise ainda conservaria as

características iniciais do catalisador, mesmo apresentando um espectro tão

distinto, um novo experimento foi conduzido, adicionando o oxidante em três

etapas, conforme já havia sido feito para as outras MnPor, cuja espécie final, se

não era igual, possuía um espectro eletrônico muito próximo da espécie de

partida. Na Figura 4.105 estão os espectros deste experimento.

300 350 400 450 500 550 600 650

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

1020

3040

5060 Tem

po (m

in)

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

Figura 4.105 - Espectros da reação de oxidação decicloexano usando MnPFPTDCFCl8P como catalisador, esuspensão de PhIO como oxidante em três adições.

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170

Este experimento mostrou um espectro com a banda Soret em 454 nm,

que torna a aparecer sempre após cada adição de PhIO com as características

idênticas à espécie formada na primeira adição de oxidante. O rendimento do

produto de oxidação neste experimento, com a adição gradual de oxidante foi

semelhante ao de uma única adição com 24% de cicloexanol.

Fica evidente que a espécie final, mesmo não tendo seu espectro

semelhante ao inicial, ainda se refere a uma espécie que pode ser novamente

ativada pela adição de mais PhIO.

O perfil do espectro final se assemelha ao das MnPor no estado de

oxidação III visto que apresenta também a banda em torno de 380 nm. No

entanto, uma melhor caracterização desta espécie foi impossibilitada pela

pequena quantidade de MnPor disponível. A forma larga e arredondada da banda

em 466 nm sugere uma mistura de espécies. Na Figura 4.106 estão os detalhes

das espécies observadas.

300 325 350 375 400 425 450 475 500 525 550 575 600 625 650

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

592

Espécie Inicial

Espécie Catalítica Ativa

416

370378

466

454 462

604570

Espécie após a catálise

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

Figura 4.106 – Espectros eletrônicos das principais espéciesobservadas durante os experimentos de oxidação do cicloexano comuma suspensão de iodozilbenzeno em acetonitrila utilizando aporfirina MnPFPTDCFCl8P como catalisador.

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171

Comparativamente aos rendimentos das MnPor de segunda geração, o

rendimento observado para este composto, uma MnPor de terceira geração, não

apresentou resultados de catálise superiores como era esperado, visto que alguns

autores tem relatado melhores rendimentos.

Tagliatesta e colaboradores relataram que compostos de terceira geração

menos halogenados apresentaram melhor desempenho que as porfirinas de

segunda geração na oxidação de adenina e adenosina [130]. Mansuy, observa

que para reações de epoxidação de cicloalcenos, o desempenho das porfirinas de

terceira geração foi superior aos de segunda geração [131].

No entanto, Montanari e colaboradores discutem a pouca eficiência destes

catalisadores, de difícil obtenção, em relação às porfirinas de segunda geração

[7]. Assis e colaboradores [37] também observam que e os rendimentos

alcançados pelas MnPor de segunda geração, em muitas aplicações são

superiores às de terceira geração, sugerindo assim que cada composto seja

avaliado em cada aplicação específica, pois uma generalização nestes casos

poderia levar ao não aproveitamento de muitos potenciais catalisadores.

IV-5.7 – Reações convencionais de oxidação de cicloexano

Foram efetuados experimentos de catálise homogênea, que foram

denominados neste trabalho de catálise homogênea “convencional”. Estes

experimentos foram realizados para comparar o desempenho catalítico das

MnPor obtido nas reações que foram monitoradas por UV-Vis, e em condições de

pequeno volume, onde poderia haver muitos erros experimentais, devido a

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172

transferências de volume, evaporação durante a análise, diluições, com reações

em condições normalmente usadas em escala laboratorial “convencional”. Além

da condição de relação molar MnPor/PhIO/substrato 1:10:1000, muito semelhante

a usada nas reações de oxidação acompanhada por UV-Vis, foi usado também

uma relação 1:100:1000 na tentativa de se observar se uma maior concentração

de oxidante PhIO causaria uma diminuição da atividade catalítica por favorecer a

destruição do catalisador. Esta condição não pode ser utilizada nos experimentos

monitorados por UV-Vis visto que a grande quantidade de PhIO e sua baixa

solubilidade dificultaria o monitoramento das espécies intermediárias pela técnica

de UV-Vis.

A Tabela 4.30 apresenta os resultados destes experimentos.

Tabela 4.30 - Oxidação de Cicloexano (Catálise homogênea convencional).

MnPorf Relação molar MnPor:PhIO:substrato C-OL (%)

1:10:1000 19 Mn(TPP)

1:100:1000 5

1:10:1000 43 Mn(TDCPP)

1:100:1000 10

1:10:1000 32 Mn(TCFPP)

1:100:1000 17

1:10:1000 42 Mn(TDFPP)

1:100:1000 11

1:10:1000 38 Mn(TPFPP)

1:100:1000 25 Condições: 1:10:1000 -> 2,2 a 3,4 mg de PhIO (1,5x10-5 mol) 1 a 1,1 mg MnPor (1,25x10-6 mol) Desaerado, agitação magnética, solvente: ACN ou mistura 1:1 de ACN com DCM, e 1 hora de reação. Rendimento percentual calculado com base na quantidade de oxidante utilizado.

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173

Observa-se na Tabela 4.30 que o rendimento de cicloexanol é semelhante

aos resultados observados nos experimentos do monitoramento por UV-Vis (Itens

IV-5.1 até IV-5.5). Como informação adicional, observa-se que apenas a

Mn(TPFPP) apresentou rendimentos razoáveis de cicloexanol quando uma alta

relação molar de oxidante foi usada, sugerindo que a halogenação desta MnPor

confere proteção ao catalisador em condições drásticas de catálise.

Também é possível observar que as porfirinas Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP)

são as que apresentam os maiores rendimentos de cicloexanol.

Comparando os resultados obtidos nos experimentos de catálise

monitorados por UV-Vis que serão discutidos na seqüência (item IV-5.8) com os

da Tabela 4.30, observa-se a mesma tendência confirmando que embora os

experimentos de oxidação monitorada por UV-Vis tenham sido feitos em

condições de maior diluição que na catálise homogênea convencional, isto não

afetou a eficiência catalítica, mostrando que, monitorar a reação por UV-Vis nas

condições usadas aqui e logo em seguida analisar os resultados catalíticos, pode

ser uma ferramenta interessante principalmente para a determinação de espécies

intermediárias.

A porfirina Mn(PFPTDCPCl8P) não foi usada nas reações de catálise

convencional devido a pequena quantidade de catalisador disponível.

IV-5.8 - Comparação dos resultados de oxidação de cicloexano

A Tabela 4.31 mostra a comparação do rendimento do produto majoritário

(cicloexanol) e a destruição do catalisador entre as diversas MnPor, separando as

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174

formas de adição de oxidante, e os resultados da catálise homogênea

convencional.

Tabela 4.31 – Comparação dos procedimentos de oxidação de Cicloexano.

1 adição de PhIO (1:20) 3 adições de PhIO (1:7 cada adição) Catálise Convencional

Porfirina (%) C-OL

% Destruição do

catalisador. (%) C-OL

% Destruição do

catalisador.PhIO (1:10) (%) C-OL

PhIO (1:100)(%) C-OL

Mn(TPP) 16 18 18 30 19 5

Mn(TDCPP) 28 8 34 10 43 10

Mn(TCFPP) 25 7 24 5 32 17

Mn(TDFPP) 30 4 42 2 42 11

Mn(TPFPP) 27 8 32 14 38 25

Mn(PFPTDCPCl8P) 23 (*) 22 (*) (**) (**) * A destruição do catalisador não pode ser calculada pois a espécie final espectro eletrônico diferente da inicial ** A catálise convencional não foi efetuada pela quantidade disponível de material

Na Tabela 4.31 observa-se que os maiores rendimentos de cicloexanol nos

experimentos monitorados por espectroscopia eletrônica são obtidos com a

Mn(TDFPP). Na catálise convencional isso se confirma, sendo que a eficiência

catalítica da Mn(TDFPP) foi comparável a da Mn(TDCPP). Além disso, esta

MnPor também se mostrou a mais resistente, com a menor perda de catalisador,

notadamente quando a adição do oxidante é feita gradualmente. Dolphin

observou [126] que a Fe(TDCPP) é bastante robusta com relação à destruição,

em experimentos de epoxidação.

As MnPor com alteração nas posições 2 e 6 (orto) nos grupos fenila das

posições meso do anel macrocíclico [Mn(TDCPP), Mn(TCFPP) e Mn(TDFPP)]

apresentaram resultados catalíticos semelhantes a Mn(TPFPP) (penta-

halogenada). No entanto esta última apresentou maior rendimento quando a

relação com o oxidante (1:100) foi utilizado. Esta maior resistência não ficou tão

evidente quando se analisa comparando os resultados de percentuais de

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175

destruição do catalisador para as quatro MnPor de segunda geração que

apresentaram uma destruição da ordem de 4 a 8%. Provavelmente as

dificuldades inerentes a determinação da percentagem de destruição do

catalisador (Comparação da intensidade da banda Soret da espécie inicial e final

após os experimentos monitorados por UV-Vis) tenha levado a erros que não

permitiram a exata determinação desta percentagem.

A MnPor Mn(TCFPP) apresentou um resultado catalítico geral inferior ao

de suas congêneres [Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP)], sugerindo que a hetero-

halogenação que leva a uma molécula levemente distorcida pode induzir efeitos

que desestabilizam a espécie catalítica em relação as outras MnPor. De fato, esta

MnPor, nos estudos de espectroeletroquímica de UV-Vis mostrou um

comportamento singular, como discutido no item IV-4.3.2 (página 123), com o

surgimento de um espectro de uma espécie oxidada que, com o tempo

aparentemente voltava para o padrão espectral da espécie inicial. Nos estudos de

voltametria cíclica (item IV-1.2.2.3, página 63) dois processos redox foram

observados em +1,06 e +1,38 V, os quais são incomuns para este tipo de

complexo.

A Mn(TPP) mostrou o menor rendimento catalítico dentre todas as MnPor

estudadas, além disso, mostrou também a maior destruição do catalisador e

menor rendimento quando a relação 1:100 foi utilizada. A estrutura da Mn(TPP),

se comparada as MnPor halogenadas explica este fato. A ausência de grupos

retiradores eletrônicos dificulta a formação e estabilização da espécie catalítica

[21, 37, 46, 94], conduzindo a uma espécie catalítica mais instável e de tempo de

vida mais curto. Além disso, a falta de grupos retiradores de densidade eletrônica

na sua estrutura tornam a Mn(TPP) vulnerável a ataques eletrofílicos, o que

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176

justifica a sua maior destruição (18%). Somando-se a este fato Groves e

colaboradores mostraram que esta porfirina, por não apresentar nenhum grupo

volumoso é muito susceptível a dimerização, fato este muitas vezes responsável

pelos baixos rendimentos de catálise [3,120,123].

De maneira semelhante, a Mn(TPFPP), assim como a Mn(TPP) não

apresenta grupos volumosos que possam evitar a sua dimerização. De fato

muitos autores já observaram a formação de dímero com esta porfirina de

segunda geração. Alguma perda de eficiência catalítica pode estar relacionada a

este fato, visto que foi observado que comparativamente, a di-fluor Mn(TDFPP)

apresentou resultado catalítico levemente inferior. No entanto, a extensa fluoração

do grupo fenila garante a Mn(TPFPP) maior resistência a destruição em altas

concentrações de oxidante.

Observa-se nos experimentos de oxidação eletroquímica que as MnPor

halogenadas apresenta um maior potencial de oxidação para o processo Mn(III)

⇔ Mn(IV) que a Mn(TPP) (Tabela 4.3). Embora o potencial de oxidação do anel

não tenha sido obtido, espera-se que a formação da espécie catalítica ativa

MnIVPor+• se dê em potenciais superiores a estes.

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177

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos voltamétricos do comportamento redox das porfirinas de

manganês mostraram resultados semelhantes aos observados na literatura para

as porfirinas cujos dados já foram relatados.

Os resultados dos experimentos de espectroeletroquímica de RPE indicam

que uma espécie Mn(IV) foi formada para todas as MnPor estudadas, no primeiro

processo de oxidação de cada uma delas quando foi aplicado o potencial

correspondente a este processo, previamente determinado por voltametria cíclica.

Os estudos de voltametria cíclica mostraram que os processos de oxidação

e redução das MnPor estudadas apresentaram potenciais crescentes, porém não

lineares, à medida que aumenta o número de halogênios nos substituintes do anel

macrocíclico. Assim, quanto mais halogenada a MnPor, mais positivo é o

potencial do processo. No entanto, também se observa que esta variação é

influenciada também por fatores relacionados com a geometria da molécula e

com as posições onde os substituintes são colocados.

Nas porfirinas Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP), quando foram aplicados

potenciais suficientes para a formação da espécie Mn(II), foi observado um sinal

alargado no espectro de RPE em g = 2,01. Nas demais MnPor, a aplicação de

potenciais suficientes para a obtenção da espécie Mn(II) não permitiram a

observação de sinal RPE semelhante, mesmo sendo estes processos reversíveis

conforme mostrado nos estudos de voltametria cíclica. Mesmo para a

Mn(PFPTDCPCl8P), cujo espectro de RPE em estado sólido é característico de

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178

espécies Mn(II), não se observa nos experimentos de espectroeletroquímica de

RPE esta espécie.

Para o composto MnBBPEN, que possui estados de oxidação de Mn(II),

Mn(III) e Mn(IV) bem caracterizados, os estudos de espectroeletroquímica de

RPE não mostraram nenhum sinal que pudesse ser associado a Mn(II). A

correlação deste fato com os resultados obtidos com as MnPor indicam que as

condições experimentais (condições de análise, célula flat etc.) aqui adotadas

podem estar dificultando a detecção da espécie Mn(II). Por outro lado, a espécie

Mn(IV) deste composto foi obtida e caracterizada por RPE de forma semelhante

ao observado na literatura.

Nos estudos de espectroeletroquímica na região do UV-Vis, as espécies

intermediárias observadas são semelhantes às descritas na literatura, quando

estes dados eram disponíveis.

Nos experimentos de monitoramento por UV-Vis das reações de oxidação

do cicloexano catalisado por MnPor, foram observados os espectros eletrônicos

relativos à formação da espécie catalítica ativa. Estes intermediários se formaram

muito rapidamente após a adição do oxidante, e se mantiveram por vários

minutos, dependendo das condições dos experimentos.

Foi observado que a adição de metanol ao meio de reação de catálise

aumenta o tempo de vida da espécie catalítica ativa, porém não aumenta o

rendimento da reação, aumentando entretanto a destruição do catalisador.

Em concentrações moderadas de oxidante, as porfirinas Mn(TDCPP) e a

Mn(TDFPP) foram as que apresentaram melhores desempenhos catalíticos na

oxidação do cicloexano produzindo cicloexanol. Em experimentos com alta

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179

relação molar MnPor:Oxidante (1:100), a Mn(TPFPP) manteve rendimentos

razoáveis de oxidação do cicloexano apresentando baixa destruição.

Foi observado que a MnPor mais resistente à destruição nas reações de

oxidação é a Mn(TDFPP), seguida das Mn(TCFPP), Mn(TDCPP) e Mn(TPFPP) e

a menos resistente é a Mn(TPP) como esperado para uma porfirina de primeira

geração.

O comportamento diferenciado no monitoramento das espécies formadas

durante as reações de catálise do cicloexano foi com a utilização da

Mn(PFPTDCPCl8P). Neste caso, a presumida espécie catalítica ativa apresenta

uma banda (454 nm) próxima à banda Soret da espécie inicial (460 nm), o que

dificulta sua identificação. Além disso, a espécie final, após a catálise apresenta

um padrão espectral muito diferente da espécie inicial, e que guarda certas

semelhanças com o espectro de Mn(III)Por. A determinação do percentual de

destruição do catalisador durante os experimentos de catálise foi impedida por

este fato. A espécie final da reação de catálise, após a adição de nova quantidade

do oxidante iodosilbenzeno, tornou a apresentar o espectro da espécie catalítica

ativa, sugerindo que, diferentemente das outras MnPor estudadas, esta porfirina

apresenta uma banda Soret em 454 nm para a sua espécie catalítica ativa.

Embora alguns autores se refiram às porfirinas de terceira geração como

mais robustas e eficientes, este fato não foi confirmado nos experimentos aqui

realizados com a representante desta geração utilizada nestes estudos.

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180

VI – PERSPECTIVAS FUTURAS

Com base nos dados obtidos, pode-se sugerir que estudos sejam feitos

para tentar identificar as razões que levaram a não observação da espécie Mn(II)

durante os estudos de espectroeletroquímica de RPE das porfirinas Mn(TPP),

Mn(TCFPP), Mn(TPFPP) e Mn(PFPTDCPCl8P uma vez que, nos estudos de

espctroeletroquímica de UV-Vis, os dados obtidos foram muito semelhantes aos

verificados para as porfirinas Mn(TDCPP) e Mn(TDFPP).

Estudos espectroeletroquímicos complementares com porfirinas metaladas

com outros metais, como por exemplo, zinco e cobalto poderiam confirmar as

atribuições obtidas pela espectroeletroquímica de RPE. Estes dois metais em

especial são citados, pela facilidade de obtenção de seus complexos metalados,

além de características específicas para as técnicas utilizadas. No caso do zinco,

por este ser silencioso à técnica de RPE, e ter configuração eletrônica d10, os

processos de redução observados seriam todos relativos ao anel porfirínico. Já os

complexos de cobalto (II) e (IV), de forma semelhante aos de manganês (II) e (IV)

apresentariam espectros de RPE bastante característicos, neste caso, com 8

linhas.

Apesar de na literatura observar-se uma ligeira preferência para aplicações

com a porfirina Mn(TDCPP), sugere-se que mais aplicações sejam orientadas

para o uso da Mn(TDFPP), pois pelos rendimentos obtidos nos experimentos de

oxidação de alcanos, mesmo esta porfirina não tendo grandes grupos impedindo

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sua dimerização ou desativação, observou-se uma superioridade deste

catalisador frente aos demais.

Melhorias nos experimentos de espectroeletroquímica poderiam ser

efetuados com o objetivo de usar um eletrodo de referência em miniatura, para

minimizar as imprecisões devidas ao uso de eletrodos de quase-referência.

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98. FLEISCHER, E. B.; PALMER, J. M.; SRIVASTAVA, T. S.; CHATTERJEE, A., Thermodynamic and Kinetic Properties of an Iron-Porphyrin System, J. Am. Chem. Soc., 93, 3162-3167 (1971).

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129. REBELO, S. L. H.; SIMÕES, M. M. Q.; NEVES, M. G. P. M. S.; SILVA, A. M. S.; TAGLIATESTA, P.; CAVALEIRO, J. A. S, Oxidation of bicyclic arenes with hydrogen peroxide catalysed by Mn(III) porphyrins, J. Mol. Catal. A: Chem., 232, 135-142 (2005).

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194

ANEXO 1

Ressonância Paramagnética Eletrônica – RPE [11]

Elétrons e alguns núcleos têm momento angular intrínseco, o qual pode ser

entendido como uma partícula em rotação, que recebe o nome trivial de spin. Esta

rotação de partículas carregadas se comporta como pequenos magnetos, os

quais são caracterizados por um momento magnético µ. Para elétrons, a unidade

de medida do momento magnético é o magnéton de Bohr ( )Bµ :

Gergcm

he

e

/10274078.92

21B

−×==µ , ou no S.I. 124B .10274078.9

2−−×== TJ

cmhe

e

µ

onde e é a carga do elétron, h é constante de Planck, me é a massa do elétron e c

é a velocidade da luz. Para o núcleo a unidade é o magnéton nuclear:

GergcM

he

p

/10050824.52

24N

−×==µ , ou no S.I. 127N .10050824.5

2−−×== TJ

cMhe

p

µ

O momento magnético do elétron livre está relacionado ao momento

angular de spin S por: Sge Be µµ −= , onde o sinal negativo indica a oposição do

vetor eµ e o vetor S , e é o fator g do elétron livre. 860023193043,2=eg

Elétrons em átomos isolados podem também possuir momento angular

orbital, o qual aumenta o momento magnético de spin. Esta contribuição orbital

tende a ser minimizada por fortes campos eletrostáticos presentes nas ligações

covalentes das moléculas orgânicas ou dos complexos metálicos. Entretanto esta

blindagem não é completa e o momento magnético líquido tem alguma

contribuição residual do momento angular orbital. Isto pode ser acomodado

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195

reescrevendo a equação como: Sg BS .µµ = , e vendo o fator g como um parâmetro

característico de cada espécie em particular.

Todos os valores do fator g relatados para radicais orgânicos estão entre

2,0007 (cátion radical nitrobenzeno) e 2,0120 (tetraiodo-p-benzoquinona).

Técnicas experimentais meticulosas são necessárias para a medida do fator g

com alta precisão.

Um tratamento teórico foi desenvolvido por Stone, citado em [46] para

explicar os valores de g dos radicais orgânicos em termos dos resultados de

cálculos de Orbitais Moleculares pelo método de Hückel. Íons de elementos

pesados, particularmente íons de terras raras exibem valores de g que diferem

grandemente do ge. Este fato pode ser muito útil para distinguir e identificar

algumas espécies.

Muitos íons metálicos têm mais do que um elétron desemparelhado;

similarmente, certas espécies orgânicas podem ter mais de um spin. A presença

de vários dipolos muito próximos numa molécula em solução causa o

alargamento das linhas do espectro de RPE, impedindo muitas vezes sua

observação em solução. Mesmo assim, estes casos não são a regra, e muitos

podem ser estudados pela técnica sem muita complicação. Um exemplo de

tratamento teórico para íons Mn(III) e Mn(IV) pode ser encontrado na referência

[95].

O componente mensurável do spin eletrônico tem a magnitude de h/2π,

produzindo dois estados quânticos de spin, mS = +½, que convencionou-se chamar

de spin α, e mS = -½, chamado de spin β.

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196

Quando um elétron livre é colocado em um campo magnético forte, seu

momento magnético Sµ se alinha a favor ou contra o campo magnético H. A

energia desta interação é dada por: HgHE BS ..21. µµ ±==

H

. O sinal de mais

corresponde à energia do spin α, e o sinal de menos ao spin β. Como mostrado

na Figura A1.1, a diferença de energia entre os dois níveis depende linearmente

da força do campo aplicado, gE B ..µ=∆ .

Transições entre os dois estados de

spin do elétron podem ser induzidas pela

aplicação de radiação eletromagnética de

freqüência adequada para satisfazer a

equação: hEv ∆= . Na prática, é mais

simples manter a freqüência constante

enquanto o campo magnético é variado até

que a condição de ressonância seja

alcançada, com a absorção de energia

correspondente, e que pode ser observada

na Figura A1.1b e c.

Em um experimento de RPE na

banda X (freqüência em torno de 9,5 GHz), para valores de “g” próximos a 2,

corresponderá um campo magnético de cerca de 3400 Gauss (0,34 Tesla), os

níveis de energia do elétron estarão separados por aproximadamente 6,3 x 10-24

joules.

Figura A1.1 Diagrama de níveis deenergia de um elétron desemparelhado.

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Amostras típicas em espectroscopia de RPE contêm cerca de 1017 spins. A

população relativa dos dois estados de spin é dada pela distribuição de

Boltzmann:

∆−

=kT

ENN

expβ

α , onde k é a constante de Boltzmann e T é a

temperatura absoluta em Kelvin. Na temperatura ambiente existe uma proporção

de cerca de 998 spins no nível mais elevado de energia para cada 1000 no nível

mais baixo. Quando a freqüência da radiação eletromagnética e o campo aplicado

satisfazem a condição de ressonância 00 .. Hghv Bµ= , a radiação excita tanto as

transições de absorção e de emissão em igual probabilidade.

A observação de uma absorção resultante de energia pressupõe que a

distribuição de Boltzmann permaneça essencialmente não distribuída, ou seja,

sempre deverá haver diferença entre as populações de estado de energia mais

alto e mais baixo para que haja a observação de um sinal no espectro de RPE.

Felizmente, existem outras formas além da emissão estimulada que

permitem aos spins no estado excitado retornarem ao estado mais baixo. Este

fenômeno, conhecido como relaxamento de spin, não será abordado aqui por não

fazer parte do escopo da pesquisa.

Quando uma amostra é submetida a níveis excessivos de radiação de

microondas, os dois estados de spin tendem a ficar igualmente populados

resultando numa absorção resultante nula. Este fenômeno é conhecido como

saturação de potência.

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198

Interações Hiperfinas

As interações do spin nuclear com o spin do elétron desemparelhado dão

origem ao que se denominou de separações hiperfinas (HFSs), as quais

aumentam grandemente as informações que podem ser extraídas dos espectros

de RPE.

Quando uma amostra contém núcleos paramagnéticos, o alinhamento de

seus momentos magnéticos nucleares relativos ao campo externo produz

pequenos campos magnéticos locais, os quais são capazes de separar os níveis

de energia do spin eletrônico em níveis hiperfinos elétron-núcleo. O exemplo mais

simples desta interação pode ser observado em um espectro de RPE de

hidrogênio, H• (configuração 1s). Prótons têm spin nuclear I= ½ (em unidades de

), e momento magnético positivo. Isto gera um campo magnético Hh local, que se

soma ou subtrai ao campo aplicado sobre o elétron. Uma vez que é o campo

magnético total aplicado que

determina a separação dos

níveis de energia de spin do

elétron, a condição de

ressonância é obtida quando

HTotal = H0, ou:

LocalExternoB

HHHghv

±== 00

µ.

Estes argumentos são

resumidos na Figura A1.2. Na Figura A1.2 – Diagrama de níveis de energia de um átomo de hidrogênio em um campo magnético.

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199

parte inferior da figura é apresentado o espectro de RPE da espécie H• que

consiste em um sinal com duas linhas com uma separação hiperfina de 506

Gauss. Esta separação é uma medida da força do acoplamento entre os

momentos magnéticos, nuclear e eletrônico da espécie estudada. Esta separação

é chamada de constante de separação hiperfina (HFSC do inglês HyperFine

Splitting Constant), usualmente simbolizada por “ai”, onde “i” se refere ao conjunto

de núcleos. A palavra “constante” é um tanto mal usada, uma vez que aH=506 G é

um valor devido a espécie H• em uma configuração “1s”. Já a espécie H• em um

estado “2s” apresenta um valor de aH=63 G. Desta forma estas “constantes” têm

diferentes valores para espécies diferentes ou para configurações diferentes da

mesm

clear “I=1/2” as intensidades

ou dipolares,

devidos a interações com elétrons das camadas “p”, “d” ou “f” (Adip).

a espécie química.

Em geral, um núcleo com um spin nuclear “I” produzirá “2I + 1” linhas no

espectro de RPE. Por exemplo, um núcleo de 14N (I=1) produzirá um espectro

com 3 linhas; o 23Na (I=3/2) gerará quatro linhas, o 55Mn (I=5/2) produzirá 6 linhas

e assim por diante. Muitos núcleos de elementos bastante comuns na natureza,

tais como o 12C e o 16O, têm spin nuclear zero e por isso não apresentam

interação com os elétrons desemparelhados. De forma semelhante ao que ocorre

com a técnica de RMN, “n” núcleos equivalentes com spin nuclear “I” produzirão

um multipleto de “2nI+1” linhas cujas razões de intensidades são dadas por

expansões polinomiais. Para núcleos com spin nu

relativas são dadas pela expansão binomial (a+b)n.

A constante de separação hiperfina pode ser decomposta nos

componentes isotrópicos, devidos às interações com elétrons da camada “s” que

não tem dependência com ângulos de ligação (Aiso), e anisotrópicos

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A interação isotrópica é também chamada de interação de Fermi, ou

interação de contato e depende da densidade eletrônica sobre o núcleo, |Ψ(0)|2, e

que depende na sua quase totalidade da contribuição dos elétrons de camadas

“s”. Se apenas esta interação estiver envolvida, a constante de separação

hiperfina pode ser calculada por: 2|)0(|38

Ψ= nIeeiso ggh

A ββπ

A constante de separação hiperfina dipolar pode ser obtida a partir de

modelos clássicos por: ( )( )

53

3r

rrr

E IJIJdip

••−

•=

µµµµ , onde “r“ é a distância

entre os dipolos magnéticos do elétron (µJ) e do núcleo (µJ). O equivalente

mecânico quântico é representado por: ( ) ( )( )

••

+−•

=Η 53

3r

rSrIr

SLIgg nIeedip ββ .

Os valores da constante de interação hiperfina “A”, são usualmente expressos em

MHz ou em Gauss. Assim: )(8025,2)(10

)( 6 GAGAh

gMHzA ⇒

=

β .

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201

Curriculum Vitae

1. Dados Pessoais: Nome: Geraldo Roberto Friedermann

Filiação: Alfredo Verna Friedemann (falecido) Valentina Marmentini Friedemann Data de Nascimento: 28/11/1959

Nacionalidade: Brasileiro Naturalidade: Videira - Santa Catarina

2. Formação Educacional e Títulos

2.1. Escolas freqüentadas a partir do Segundo Grau

- Segundo Grau: Colégio Imaculada ConceiçãTécnico em Contabilidade, no período de Marde 1977.

- Superior:

• Bacharelado e Licenciatura em Química ndo Paraná, Curitiba - PR, no período de Mde 1999.

• Bacharelado em Ciências Contábeis: FContábeis, Econômicas e de AdministraçSC, no período de Março de 1980 a Dezem

- Superior - Pós-Graduação:

• Doutorado em Química, área de concInorgânica, iniciado em Setembro de Dezembro de 2005, na Universidade Fede

• Mestrado em Química, área de concInorgânica, no período de Setembro de 19Universidade Federal do Paraná - UFPR.

• Especialização em Informática, no períodDezembro de 1994, com 480 horas aula, de Santa Catarina – UFSC em convênio cVideira.

• Especialização em Economia, no período Julho de 1988, com 420 horas aula, na Pólo Geoeducacional do Vale do Itajaí – FEa UNOESC Campus Videira.

2.2. Cursos de Especialização Técnica:

- Curso de Eletrônica Digital e Microprocessado

de 1981 a Dezembro de 1984, com 1.080Cursos de Aperfeiçoamento - Londrina - PR.

:

o, Videira - SC, Curso ço de 1975 a Dezembro

a Universidade Federal arço de 1995 a Agosto

aculdade de Ciências ão de Videira, Videira - bro de 1983.

entração em Química 2001 e concluído em ral do Paraná - UFPR. entração em Química 99 a Agosto de 2001, na

o de Março de 1993 a na Universidade Federal om a UNOESC Campus

de Setembro de 1986 a Fundação de Ensino do

PEVI em convênio com

res, no período de Abril horas aula, na CEDM

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2.3. Cursos de Aperfeiçoamento:

- Curso de Contabilidade e Demonstrações Financeiras, concluído em

1983 com duração de 10 meses correspondendo a 300 horas aula, na IOB - Cursos de Legislação Empresarial - São Paulo - SP.

- Curso de Administração de Pequenas e Médias Empresas, terminado

em agosto de 1986 com duração de 8 meses equivalentes a 100 horas aula, na IOB - Cursos de Legislação Empresarial - São Paulo - SP.

3. Atividades Científicas

3.1. Estágios realizados:

- Estágio de Iniciação Científica no período de 01 de Junho de 1996 a 01 de Fevereiro de 1999, trabalhando sob a orientação da Doutora Shirley Nakagaki, no projeto de Síntese e Caracterização de Compostos Tetraazaanulenos de Metais de Transição.

- Estágio obrigatório no Laboratório de Bioinorgânica da Universidade

Federal do Paraná - UFPR, no período de 01 de Março a 30 de Julho de 1999, sob a orientação da Professora Shirley Nakagaki e supervisão do professor Eduardo Lemos de Sá.

3.2. Participação em Congressos Internacionais com apresentação de

trabalho:

- III Congresso de Catálise do Mercosul, XIII Congresso Brasileiro de Catálise em Foz do Iguaçu – PR – Brasil de 11 a 15 de setembro de 2005. Título do trabalho: Estudo de espécies intermediárias obtidas em reações de catálise homogênea de oxidação de cicloexano por iodosilbenzeno catalisada por diferentes Mn(III)porfirinas de segunda geração.

- XII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry Joint Brazilian / Italian

Inorganic Chemistry Meeting em São Carlos – SP – Brasil – de 8 a 11 de Setembro de 2004. Título do primeiro trabalho: EPR Spectro-Electrochemical Studies of Halogenated Manganese Porphyrins. Título do segundo trabalho em Co-Autoria: Immobilization of Anionic Iron(III) Porphyrins on Leached and Functionalized Chrysotile: Characterization and Catalytic Activity. Título do terceiro trabalho em Co-Autoria: [Ti3(Pori)11][FeCl4] as a semi single-source precursor for the sol-gel synthesis of Fe/Ti oxides. Título do quarto trabalho em Co-Autoria: A New Galactose Oxidase Model Complex: Tuning the Properties of Copper(II)-Phenoxil Radicals. Título do quinto trabalho em Co-Autoria: Crystal Structure, Electrochemical and Spectroscopic Properties of a New Manganese (IV) Species.

- XXVI Congreso Latinoamericano de Química e 27a. Reunião Anual

da Sociedade Brasileira de Química em Salvador, BA – Brasil, de 30

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de maio a 2 de Junho de 2004. Título do trabalho em Co-Autoria: Sintese e Caracterização Estrutural, Magnetoquímica e Espectroscópica do Oxoalcóxido de Ferro(III) [Fe5(µ5-O)(µ2-Opri)8Cl5].

- 11th International Conference on Surface and Colloid Science em

Foz do Iguaçu, PR – Brasil de 15 a 19 de setembro de 2003. Título do trabalho em Co-Autoria: Synthetic, Spectroscopic and Morphological Studies of the Titanium and Iron Oxides produced from [FeCl{Ti2(Opri)9}] by the Sol-Gel Route.

- XI Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry Joint Brazilian / Italian

Inorganic Chemistry Meeting em Ouro Preto – MG – Brasil – de 1 a 4 de Setembro de 2002. Título do primeiro trabalho: A Quantification Method to Determine the Degradation of Nickel(II) Dibenzotetraazaannulene Using EPR. Título do segundo trabalho em Co-Autoria: Synthesis and Characterization of Binuclear Compounds of Iron and Copper with the Ligand 2-OH-SALPN. Título do terceiro trabalho em Co-Autoria: Sol-Gel Synthesis from Heterometallic Alkoxides.

- 10th International Conference on Bioinorganic Chemistry em

Florença - Itália, de 26 a 31 de Agosto de 2001. Título do primeiro trabalho: EPR and Electrochemical studies of Nickel (II) Tetraazaannulene Complexes, Título do segundo trabalho em Co-Autoria: Synthesis and characterization of nickel(II) and manganese(III) complexes of tetraazaannulene and encapsulation in porous Vycor glass (PVG).

- XXVI Congresso dos Químicos Teóricos de Expressão Latina em

Caxambú, MG, de 3 a 9 de setembro de 2000. Título do trabalho: Estudo Mecânico-Quântico do copolímero Semicondutor MEH-PPV+DCN-PV.

- XXXIII International Conference on Coordination Chemistry em

Florença, na Itália, de 30 de Agosto a 4 de Setembro de 1998. Título do trabalho: Synthesis and Characterization of Tetraazaannulene Macrocyclic Complexes of Copper II and Nickel II.

3.3. Participação em Congressos Nacionais com apresentação de

trabalho: - 13-SBQSul, XIII Encontro de Química da Região Sul, em

Florianópolis – SC, de 2 a 4 de Novembro de 2005. Título do Trabalho: QI-012 – Espectro-Eletroquímica de UV-Vis e RPE de espécies intermediárias observadas na oxidação e redução de manganês(III)porfirinas de interesse na catálise de oxidação de cicloalcanos. Título do segundo trabalho em Co-Autoria: QI-007 - Síntese e caracterização dos complexos de Cu (II), Co (II) e Ni (II) com o ligante 5,5,7,12,12,14-hexametil-1,4,8,11-tetraazaciclotetra-decano.

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- 28a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química em Poços de Caldas – MG, de 30 de maio a 2 de junho de 2005. Título do Trabalho: QI-185 – Espectro-Eletroquímica de UV-Vis e RPE de espécies intermediárias observadas na oxidação e redução de manganês(III)porfirinas de interesse na catálise de oxidação de cicloalcanos. Título do segundo trabalho em Co-Autoria: QI-001 – Espectroeletroquímica de RPE em complexo de manganês (II) com o ligante H2bnbpeten. Título do terceiro trabalho em Co-Autoria: QM-149 – [V2(µ-Por)2(Por)6] como novo precursor para a obtenção de óxidos de vanádio através de processo sol-gel.

- XIV SIBEE - Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica

em Petrópolis - RJ, de 8 a 12 de Agosto de 2004. Título do Trabalho em Co-Autoria: Eletropolimerização do o-aminofenol por diferentes métodos de síntese.

- XII Simpósio Brasileiro de Química Teórica em Caxambú, MG, de 23

a 26 de novembro de 2003. Título do primeiro trabalho: P296 - Semiempirical Calculations and Electochemical Characterization of Halogenated Tetrakisphenylporphyrins. Título do segundo Trabalho: Estudo da Meso-Tetrakis 2,6-Difluorofenil-porfirina de Zinco (II).

- 26a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química em Poços

de Caldas – MG, de 26 a 29 de maio de 2003. Título do Trabalho: QI-145 – Estudos de correlação entre potenciais redox de Porfirinas Halogenadas. Título do segundo trabalho: ED-046 – Um Programa para auxiliar os Usuários do Método de GOUY. Título do terceiro trabalho em Co-Autoria: QI-123 – Halo-Alcoolatos de Ferro(II) e de Vanádio(II): Síntese e Caracterização Estrutural e Espectroscópica. Título do quarto trabalho em Co-Autoria: QI-122 – Pentacianoferrato(II/III)-2-mercaptobenzoxazol: Caracterização Espectroscópica e eletroquímica, estabilidade termodinâmica e cinética. Título do quinto trabalho em Co-Autoria: QI-124 – Síntese e Caracterização do primeiro alcóxido heterometálico de Ferro e Vanádio. Título do sexto trabalho em Co-Autoria: QI-135 – Filmes finos de rubi obtidos via Sol-Gel. Título do sétimo trabalho em Co-Autoria: QI-146 – Síntese, Caracterização e Estrutura cristalina da 5,10,15,20 Tetrakis(2,6-difluorofenil) porfirina de Zinco (Il).

- X Encontro de Química da Região Sul em Joinville - SC de 6 a 8 de

Novembro de 2002. Título do trabalho: Um Método de Quantificação usando RPE para determinar a degradação do complexo dibenzotetraazaanuleno de Níquel (II). Título do Segundo Trabalho em Co-Autoria: Síntese e Caracterização de Compostos de Ferro e Cobre com o ligante 2-OH-SALPN. Título do Terceiro Trabalho em Co-Autoria: Estudo Mecânico-Quântico de [V2(µ-Pori)2(Pori)6 empregando INDO/S. Título do Quarto Trabalho em Co-Autoria: Alcóxidos Heterometálicos como Precursores para Processos Sol-Gel.

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- 250 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química em Poços de Caldas - MG, de 20 a 23 de Maio de 2002. Título do Primeiro Trabalho: Síntese e Caracterização do Composto Macrocíclico Tetraazaanuleno de Uranila. Título do Segundo Trabalho em Co-Autoria: Nova Rota Sintética para Alcóxidos Bi- e Polinucleares de Vanádio (IV).

- IX Encontro de Química da Região Sul em Londrina - PR, de 7 a 9 de

Novembro de 2001. Título do trabalho: Espectro-Eletroquímica UV-Vis e RPE de Compostos Dibenzo-Tetraazaanulenos de Níquel e Cobre. Título do Segundo Trabalho em Co-Autoria: Síntese e Caracterização de Complexos Tetraazaanulenos de Níquel(II) e Manganês(III) e encapsulamento em vidro poroso tipo VYCOR (PVG). Título do Terceiro Trabalho em Co-Autoria: Síntese, Purificação e Caracterização dos Complexos Macrocíclicos Tetraazaanulenos em Zeólitas do Tipo NaY.

- 240 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química em Poços de

Caldas - MG, de 28 a 31 de Maio de 2001. Título do Primeiro Trabalho: Espectro-Eletroquímica UV-Vis e RPE de Compostos Dibenzo-Tetraazaanulenos de Níquel e Cobre (O trabalho foi classificado em primeiro lugar na categoria Química Inorgânica), Título do Segundo Trabalho: Estudo do Encapsulamento de Tetraazamacrocíclicos de Níquel e Cobre em Zeólitas do Tipo NaY.

- VIII Encontro de Química da Região Sul em Santa Cruz do Sul - RS,

de 08 a 10 de Novembro de 2000. Título do trabalho: Síntese e Caracterização de Compostos Macrocíclicos Ánalogos a Metalo Porfirinas com Interesse Catalítico.

- 230 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química em Poços de

Caldas - MG, de 23 a 26 de Maio de 2000. Título do trabalho: Complexos Macrocíclicos Tetraazaanulenos: Síntese e Caracterização Eletroquímica e Cálculos Teóricos.

- X Simpósio Brasileiro de Química Teórica em Caxambú, MG, de 21 a

24 de novembro de 1999. Título do trabalho: Semiempirical Calculations on the Redox Potentials and UV-Visible Spectrum of Tetraazaannulenes.

- VII Encontro de Química da Região Sul em Tubarão - SC, de 03 a 05

de Novembro de 1999. Título do trabalho: Construção de um Fotômetro Portátil de Luz Vermelha para o Ensino Médio Experimental.

- 70 Evento de Iniciação Científica - EVINCI/99 da Universidade Federal

do Paraná realizado de 09 a 11 de Setembro de 1999. Título do trabalho: Síntese e Caracterização de Compostos Tetraazaanulenos de Níquel: Otimização das Condições de Reação.

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- VI Encontro Regional Sul de Ciência e Tecnologia de Alimentos em Curitiba, de 11 a 13 de Agosto de 1999. Título do trabalho: Dióxido de Titânio - TiO2 - Um pigmento de nossa alimentação usado como catalisador na degradação de poluentes orgânicos.

- 220 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química em Poços de

Caldas - MG, de 25 a 28 de Maio de 1999. Título do trabalho: Síntese e Caracterização de Complexos Macrocíclicos Tetraazaanulenos.

- 210 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química em Poços de

Caldas - MG, de 25 a 28 de Maio de 1998. Título do trabalho: Síntese e Caracterização de Complexos Macrocíclicos Tetraazaanulenos.

- 60 Evento de Iniciação Científica - EVINCI/98 da Universidade Federal

do Paraná realizado de 07 a 09 de Outubro de 1998. Título do trabalho: Síntese e Caracterização de Compostos Macrocíclicos Tetraazaanulenos de Cobre e Níquel.

- V Encontro de Química da Região Sul da Sociedade Brasileira de

Química em Porto Alegre - RS, de 16 a 17 de Outubro de 1997. Título do trabalho: Síntese e Caracterização de Complexos Macrocíclicos Tetraazaanulenos de Metais de Transição.

- 50 Evento de Iniciação Científica - EVINCI/97 da Universidade Federal

do Paraná realizado de 03 a 05 de Setembro de 1997. Título do trabalho: Síntese e Caracterização de Compostos Tetraazaanulenos de Metais de Transição. O trabalho foi classificado em 10Lugar na área de Química Inorgânica.

3.4. Publicações:

- Geraldo R. Friedermann, Matilte Halma, Kelly A. D. F. Castro, Alessandro Bail, Guilherme S. Machado, Antonio S. Mangrich, Sueli M. Drechsel, Shirley Nakagaki, Estudo de espécies intermediárias obtidas em reações de catálise homogênea de oxidação de cicloexano por iodosilbenzeno catalisada por diferentes Mn(III)porfirinas de segunda geração, Anais do 13o Congresso Brasileiro de Catálise / 3o Congresso de Catálise do Mercosul, Volume 1, Setembro de 2005, páginas 533-536.

- Ademir dos Anjos, Adailton J. Bortoluzzi, Bruno Szpoganicz, Miguel S.

B. Caro, Geraldo R. Friedermann, Antonio S. Mangrich, Ademir Neves, Synthesis, Characterization and structure of a new zinc(II) complex containing the hexadentate N,N’,N,N’-bis[(2-hydroxy-3,5-di-tert-butylbenzil) (2-pyridylmethyl)]-ethylenediamine ligand: Generation of phenoxyl radical species, Inorganica Chimica Acta, Volume 358, número 11, Julho de 2005, páginas 3106-3114.

- Geraldo R. Friedermann, Giovana G. Nunes, Jaísa Fernandes Soares,

Magneto-VI: Um Programa para o Cálculo de Correções

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Diamagnéticas e de Momentos Magnéticos Efetivos, Química Nova, Volume 28, número 2, Abril de 2005, páginas 340-344.

- Ademir dos Anjos, Adailton J. Bortoluzzi, Renata E. Osório, Rosely A.

Peralta, Geraldo R. Friedermann, Antonio S. Mangrich, Ademir Neves, New mononuclear CuII and ZnII complexes capable of stabilizing phenoxyl radicals as models for the active form of galactose oxidase, Inorganic Chemistry Comunications, Volume 8, número 3, Março de 2005, páginas 249-253.

- Giovana G. Nunes, Geraldo R. Friedermann, José Luiz B. dos Santos,

Marcelo H. Herbst, Ney V. Vugman, Peter B. Hitchcock, G. Jeffery Leigh, Eduardo L. Sá, Carlos J. da Cunha, Jaísa F. Soares, The first thermochromic vanadium(IV) alkoxide system, Inorganic Chemistry Comunications, Volume 8, número 1, Janeiro de 2005, páginas 83-88.

- José Maurício A. Caiut, Shirley Nakagaki, Geraldo R. Friedermann,

Sueli M. Drechsel, Aldo J. G. Zarbin, Nickel(II) and manganese(III) tetraazaannulenes complexes encapsulated in porous Vycor glass (PVG): investigation of catalytic activity, Journal of Molecular Catalysis A: Chemical, Volume 222, números 1-2, Novembro de 2004, páginas 213-222.

- Juciane B. Luiz, Fabiano M. de Andrade, Eduardo L. de Sá, Geraldo R.

Friedermann, Antonio S. Mangrich, J. Elaine Barclay, David Evans, Tai Hasegawa, Fábio S. Nunes, 2-Mercaptobenzoxazole Pentacyanoferrate(II/III) Complexes: UV-Visible, Mössbauer, Electron Paramagnetic Ressonance, Electrochemistry and Molecular Modeling, Journal of The Brazilian Chemical Society, Volume 15, número 1, Fevereiro de 2004, páginas 10-15.

- Pedro H. C. Camargo, Giovana G. Nunes, Geraldo R. Friedermann,

David J. Evans, G. Jeffery Leigh, Germano Tremiliosi Filho, Eduardo L. Sá, Aldo J. G. Zarbin, Jaísa F. Soares, Titanium and iron oxides produced by sol-gel processing of [FeCl{Ti2(Pori)9}]: structural, spectroscopic and morphological features, Material Research Bulletin, Volume 38, número 15, Dezembro de 2003, páginas 1915-1928.

- Giovana G. Nunes, Geraldo R. Friedermann, Marcelo H. Herbst, Ricardo

B. Barthem, Ney V. Vugman, J. Elaine Barclay, David J. Evans, Peter B. Hitchcock, G. Jeffery Leigh, Eduardo L. Sá, Jaísa F. Soares, The first hetero-binuclear alkoxide of iron and vanadium: structural and spectroscopic features, Inorganic Chemistry Comunications, Volume 6, número 9, Setembro de 2003, páginas 1278-1281.

- G. R. Friedermann, S. Nakagaki, J. D. Da Motta Neto, Semiempirical

calculations on the redox potentials and eletronic absorption spectrum of tetraazaannulenes, Journal of Molecular Structure (Theochem) Volume 539, números 1-3, Abril de 2001, páginas 127-133.

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4. Outras participações científicas e didáticas

4.1. Seminários e Cursos Ministrados: - Curso Noções Básicas de Origin durante a XII Semana de Química da

UFPR, Curitiba – PR, realizada em Outubro de 2005 com duração de 12 horas aula.

- Curso Tópicos Avançados de Cobol e Otimização de Programas na

Perdigão Agroindustrial S/A em Videira - SC no período de 23 de Março de 1988 a 05 de Abril de 1988 com duração de 10 horas aula.

- Curso Tópicos Avançados de Cobol e Otimização de Programas na

Perdigão Agroindustrial S/A em Videira - SC no período de 16 a 20 de Março de 1988 com duração de 10 horas aula.

- Curso de Formação para Analistas de Processamento de Dados na

Perdigão Agroindustrial S/A em Videira - SC no período de 09 de Março de 1987 a 06 de Junho de 1987 com duração de 248 horas aula.

4.2. Aulas Ministradas:

- FEMARP - Fundação Educacional Empresarial do Alto Vale do Rio do Peixe, atual UNOESC campus Videira, em Videira - SC - CEP 89560.000, Rua 10 de Março s/n. Telefone 0xx49-5661522, Admitido em 01 de Março de 1987 como professor auxiliar para as disciplinas: Princípios e Planificações Contábeis, e Processamento de Dados, do curso de Ciências Contábeis, conforme credenciamento através do processo n0 350/87, parecer 174/87 da Comissão de Ensino Superior do Conselho Estadual de Educação do Estado de Santa Catarina, aprovado em 17 de Junho de 1987. Desligado em Dezembro de 1994.

- FUOC - Fundação Educacional do Oeste Catarinense, atual UNOESC

campus Joaçaba, em Joaçaba - SC, Rua Getúlio Vargas s/n. Admitido em 01 de Março de 1987 como professor auxiliar para a disciplina de Princípios e Planificações Contábeis, do curso de Ciências Contábeis. Desligado em 15 de Dezembro de 1987.

5. Atividades profissionais na área de Informática.

- Perdigão S.A. Comércio e Industria, atual Perdigão Agroindustrial S.A. em Videira - SC - CEP 89560.000 - Rua Saul Brandalise, 39 - Centro - Telefone: 0xx49-5339370, Admitido em 26 de Novembro de 1977 como Auxiliar de escritório, e desligado em Abril de 1996 como Analista de Suporte Senior.

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- Desenvolvimento e Análise de Sistemas junto ao Projeto GENOPAR, da

Universidade Federal do Paraná, no sequenciamento do DNA de bactérias fixadoras de Nitrogênio, desde Outubro de 2001 até Setembro de 2002.

- Sócio-Gerente na empresa Friedermann Consultoria e Sistemas S/C

Ltda, desde Maio de 2000, com atividades na área de Desenvolvimento de Sistemas e Segurança de Sistemas de Informação.