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Krahôs Pesquisadores atuam em parceira com os índios do Tocantins

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Krahôs Pesquisadores atuam em parceira com os índios do Tocantins

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PREZADO LEITOR, \

Uma das funções do pesquisador é a busca minuciosa para a averiguação

da real idade. Pesquisar é descobrir e estabelecer f~tos ou princípios a respeito de um campo qualquer do conhecimento. E um trabalho inces-

sante, que a todo momento está sendo aperfeiçoado, com a agregação de novas

tecnologias, produtos e serviços. Mas pesquisar também é buscar novas maneiras de olhar e de se relacionar com

o objeto pesquisado. Esse é o enfoque da matéria de capa desta edição: um novo olhar e uma nova postura adotados por pesquisadores para se relacionar e contribuir para o resgate da agricultura tradicional dos índios Krahôs. A relação foi estabeleci­da com base num contrato que muito se assemelha a um código de ética: respeito

à cultura local, participação dos índios em todas as etapas do processo e retorno à comunidade dos trabalhos realizados.

A presente edição traz também uma entrevista com o diretor-presidente da Embrapa, Alberto Duque Portugal, que aborda questões fundamentais para a pesquisa agropecuária brasileira : principais avanços e desafios, discussão sobre con­

ciliar investimento em Ciência e Tecnologia em um país carente de recursos e com

desigualdades sociais e a verdadeira missão de um cientista brasileiro. Nas páginas a seguir você também encontrará alguma das mais recentes con­

quistas da pesquisa agropecuária nacional, como a utilização da soja verde na ali­

mentação do brasileiro; o reaproveitamento de brotos de batata importada, que antes eram jogados no lixo; o novo guandu Petrolina, capaz de resistir a 52 dias sem chuva no semi-árido nordestino e ainda sim ser altamente produtivo; os

clones de café; o maior acervo mundial sobre insetos da soja, que agora ficará no Brasil; os produtos revolucionários feitos a partir das raízes da mandioca amazôni­ca; a comercialização de um besouro que combate a mosca-dos-chifres e ainda

ajuda a melhorar as pastagens. Novidades simples, mas revolucionárias para o agronegócio brasileiro.

NOVO OLHAR Pesquisadores ajudam a recu­perar a agricultura tradicional nas roças dos Krahôs e estab­elecem o primeiro contato

entre uma empresa pública e uma comunidade indí­gena no Brasil. Páginas 6 a 11.

NORDESTE Nova variedade de guandu pode ajudar a combater a fome no Nordeste. Altamente produtiva e resistente à seca, é rica em

pró-vitamina A (bastante deficiente na dieta ali­mentar da região). Página 14.

MANDIOCA COM LlCOPENO Pesquisadores descobrem licopeno, betacaroteno e glicogênio nas raízes de variedades de mandioca da Amazônia. Página 17.

SEGURANÇA ALIMENTAR Novos laboratórios para avaliar segu­rança alimentar de alimentos geneti­camente modificados. Página 21.

COOPERATIVISMO Márcio Lopes de Freitas, presidente a Organ ização das Cooperativas Brasileiras (OCBl, defende a un ião de forças entre o cooperativismo e a Emprapa. Página 22.

630,5 Aj8j

AgroC& T é uma publicação trimestral da Empresa Brasilei ra de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Edição 003 - Novembro de 2002

Tiragem: 10 mil exemplares (edição em

português) e 3 mil (edição em inglês)

Conselho de Administração: Márcio Fortes de Almeida (Presidente), Alberto Duque Portugal (Vice-Presidente), Dietrich Gerhard Quast, José Honório Accarini, Sérgio Fa usto, Urbano Campos Ribei ra l

Diretor-presidente: Alberto Duque Portugal

Diretores-executivos: Bonifácio . Hideyuki

Nakasu, Dante Daniel Giacomelli Scolari ,

José Roberto Rodrigues Peres

Editor geral : Heloiza Dias da Silva (Reg. Prof.

1143/14-DF)

Editores: Robinson Cipriano da Silva ,

Jorge Duarte

Redação: Alexandre Campos, Ana Lúcia Ferreira, Carla Gomes, Carlos Dias, Cláudio Moreno, Dalmo Oliveira, Daniela Collares, Dino Magalhães, Flávia Bessa, Franzé Ribeiro, Hélio Magalhães, Homero Aidar, João Eugênio, Juliana Miúra, Marcelino Ribeiro, Kátia Pichelli , Marcos Esteves, Maria Cristina Tordin , Maria Fernanda Diniz Avidos, Maria José T upinarnbá, Michael Thung, Robinson Cipriano, Rodrigo Peixoto, Rose Azevedo, Ruth Rendeiro e Valéria Costa.

Revisão: Ludimila Viana Barbosa

Foto da capa: Renato Sanchez

Produção gráfica: Duo 3 Publicidade

Diagramação: Jefferson Cardoso

Produção: Assessoria de Cornunicação Social

da Ernbrapa

Sede: Edifício Sede da Embrapa, 2' Andar,

Sala 213 - Sain, Parque Estação Biológica,

W3 Norte (final) - 70770-901 - Brasília/DF

Telefones: (61) 448-4113 / 448-4012

Fax: (61) 347-4860

E-mail: [email protected]. br

Site: www.embrapa.br

As matérias que cornpõern esta edição podern ser reproduzidas desde que mencionada a fonte.

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Alberto Duque Portugal

liA ciência também é um meio de inclusão social"

AgroC&T - o Agronegócio brasileiro tem conquistado um espaço cada vez maior na opinião pública e é um dos maiores responsáveis pelo superávit na balança comercial brasileira. Qual o real papel da pesquisa agropecuária na evolução do nosso agronegócio?

Portugal - O desenvolvimento de qualquer setor é uma sinergia de mudanças político-institucionais (na le­gislação, na infra-estrutura e na logística) e tecnológicas. Quando esses dois tipos de mudança não caminham juntos, difi­cilmente a sociedade usufrui de todo o potencial do desenvolvimento. No caso da agricultura brasileira, as mudanças tecnológicas foram cruciais. Um exemplo marcante é a incorporação do cerrado brasileiro à produção, considerada uma das maiores contribuições da agricultura à humanidade nas últimas décadas -período caracterizado pela modernização do agronegócio brasileiro, na qual a pesquisa agropecuária desempenhou importante papel. Destacaria , por exem­plo, o avanço da cadeia produtiva de grãos, onde houve uma revolução es­petacular de produtividade nos últimos 20 anos, resultando num salto de pro­dução de 51 para quase 100 milhões de toneladas, enquanto a área cultivada per­maneceu em torno dos 39 milhões de hectares. A cadeia de frutas também avançou muito, especialmente na região do Vale do São Francisco, no Nordeste, não só no sistema de produção, mas também com o programa de rastreabili­dade, assegurando acesso ao mercado internacional. Na área de proteína ani­mai, o Brasil é hoje um competidor mundial , com índices de produtividade similares aos dos países mais avançados.

Outra cadeia que avançou foi a da madeira, onde a pesquisa teve um papel significativo.

AgroC& T - O Sr. há oito anos preside uma das mais respeitadas empresas públicas do país. Mas essa mesma em­presa, no início dos anos 1990, quase foi extinta, como aconteceu com a Embrater. Hoje essa proposta não seria sequer cogi­tada por algum homem público no Brasil. Qual é sua avaliação dessa mudança?

Portugal - É claro que o sucesso da Embrapa vem sendo construído ao longo de sua história. No entanto, eu destacaria quatro pontos que nos últimos anos, a meu ver, fizeram a diferença. Em primei­ro lugar, a Embrapa tem uma equipe competente e madura, permanentemente atualizada, que é o seu principal fator de sucesso. Em segundo lugar, a Empresa fez um esforço contínuo de melhoria da gestão, fazendo bom uso dos recursos públicos, pautando-se por princípios de qualidade, como o foco no cliente, a bus­ca de eficiência nos processos e a avali­ação por resultados. Um terceiro ponto são as alianças estratégicas feitas com os setores público, privado e político, funda­mentais para criar parcerias e um com­promisso mútuo extremamente impor­tante. O quarto fator, que eu destacaria como o mais importante e que realmente ajudou a Embrapa a conquistar esse con­ceito excelente junto à sociedade, foi a sua Política de Comunicação Empresarial. Trata-se de uma política desenhada de maneira ímpar no setor público, profis­sional, muito bem estruturada, compro­metendo todos os empregados, segmen­tada por diferentes tipos de públicos e que não só permitiu maior interação da

Empresa com a sociedade como deu maior visibilidade à competência papel estratégico da instituição.

AgroC&T - Investir em Ciência e Tecnologia é uma necessidade urgente do governo brasileiro. Mas como conciliar essa prioridade em um país repleto de desigualdades sociais e carências emer­genciais? Como o senhor vê a parceria com a iniciativa privada e a criação dos fundos de pesquisa?

Portugal - Um dos nossos maiores desafios é mostrar à sociedade, não só com resultados, mas com bom programa de comunicação, que investir em Ciência e Tecnologia é tão importante e estratégi­co quanto investir em educação, saúde, transporte ou segurança e, que, por isso, é importante o Estado continuar investin­do nessa área. Uma outra questão crucial para o país se desenvolver - e aí está um outro desafio - é o investimento da ini­ciativa privada em C& T. Nenhum país do mundo conseguirá ter o desenvolvimento científico e tecnológico na velocidade e na dimensão que se fazem necessários se não tiver um forte engajamento do setor privado. Isso já foi demonstrado por ou-

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tros países de sucesso, onde o setor pri­vado, com seus próprios laboratórios e parcerias, contribuem com mais de 50%. No Brasil, esse investimento gira em torno de 20%, o que demonstra a neces­sidade de essa questão ser melhor resol­vida. Os fundos do agronegócio fazem parte de uma política do Governo Federal extremamente importante para a área de Ciência e Tecnologia, que inclui, por exem­plo, a agenda para os próximos dez anos e a Lei de Inovação. Os fundos setoriais, sem sombra de dúvida, constituem um mecanismo importante da contribuição direta do setor privado para o investi­mento nessa área. Eu agregaria ainda uma idéia lançada pela Embrapa chama­da Agromais, que seria um fundo organi­zado e administrado pelo próprio setor agropecuário. Para cada tonelada de soja esmagada, por exemplo, o setor recolhe­ria entre um a dois reais, que, aplicados nesse fundo, poderiam financiar ações de marketing, capacitação, defesa agrope­cuária ou pesquisa . Nos Estados Unidos, fundos semelhantes arrecadam cerca de 500 milhões de dólares por ano. Acho que o Brasil está maduro para caminhar nesse sentido.

AgroC& T - O combate à fome será uma das primeiras ações do próximo governo. Como a pesquisa a&ropecuária poderia ser inserida nesta questão?

Portugal - A questão do combate à fome foi prioridade de todos os governos. O atual , comandado pelo presidente Fernando Henrique, criou e organizou uma rede de proteção social extrema­mente importante, que, entendo, deve ser fortalecida com novas ações, como agora propõe o futuro presidente, com o programa Fome Zero. A pesquisa já de­monstrou ter contribuições importantes a oferecer. E a maior delas está na redução do custo da cesta básica: os dados mos­tram que as mudanças tecnológicas efe­tuadas no agronegócio brasileiro permiti­ram que o custo da cesta básica redu­zisse 5,5% ao ano, nos últimos 25 anos. A pesquisa contribui também para a estabilidade de preços e da oferta. Hoje

~

o grande desafio da pesquisa,

ao lado de contribuir para a

Questão social, é assegurar ao

país o acesso ao conhecimento e às tecnologias mais avançadas

Que vão mudar as vantagens

competitivas nas próximas dééadas.

não há mais crise de oferta de feijão e de carne e os preços não variam fortemente ao longo do ano. Outra contribuição da pesquisa refere-se à busca de alternati­vas regionais de alimentos e de geração de renda e emprego através da agricul­tura, a exemplo dos resultados espetacu­lares obtidos no Nordeste e na Amazônia . É preciso enfatizar ainda o enriquecimen­'to de alimentos, como o milho com mais proteína, a cenoura com mais betaca­roteno, as farinhas com ferro e mais pro­teína, entre outros.

AgroC&T - Quais seriam as PriOri­

dades da pesquisa agropecuária nos próximos anos na sua opinião?

Portugal - O grande desafio da pesquisa, ao lado de contribuir para a questão social, é assegurar ao país o acesso ao conhecimento e às tecnologias mais avançadas que vão mudar as vanta­gens competitivas nas próximas décadas. Destacaria em primeiro lugar a biotec­nologia, envolvendo a questão dos orga­nismos geneticamente modificados, o genoma, a bioinformática, os proteomas etc. Hoje quem domina a biotecnologia é capaz de desenhar rapidamente o produ­to que o mercado quer e criar novas alter­nativas para a agricultura. Em segundo lugar, a agricultura de precisão, com um conjunto de tecnolog[as que permitem ao produtor colocar, com exatidão, em cada pedaço de solo, a quantidade necessária de fertilizante, de água, de defensivos, reduzindo custos e evitando a contami-

. ENTREVISTA

nação ambiental. Outra prioridade está associada à diversificação de uso de pro­dutos e agregação de valor. A tendência atual é não termos mais commodities, como o milho e a soja e, sim, milhos es­pecíficos para a produção de amido, para a alimentação de suínos e aves ou, num futuro bem próximo, para a produção de hormônio do crescimento humano ou, no caso da soja, uma variedade que produz, além de óleo comestível, biodiesel e tinta para impressão gráfica. A quarta priori­dade refere-se às tecnologias de infor­mação, importantes em qualquer seg­mento, mas, especialmente, no agrone­gócio, onde os agentes econômicos têm distribuição bastante dispersa.

AgroC& T - Para o Sr., qual a ver­dadeira missão de um cientista brasileiro?

Portugal - Acho que é desvendar os mistérios do nosso universo, criar novas alternativas para o homem sem nunca perder o foco nas necessidades da so­ciedade. O cientista brasileiro deve ter consciência de que o conhecimento e a tecnologia são também um instrumento de inclusão social. Temos que dar opor­tunidade para que as parcelas que estão fora do processo de desenvolvimento, especialmente os pequenos agricultores familiares, possam ser incorporadas ao processo de desenvolvimento. O cientista precisa também, mais do que nunca, ter uma postura ética no sentido de ser ca­paz de analisar as vantagens e as des­vantagens de uma determinada tecnolo­gia e mostrar para a população todas as oportunidades e riscos que ela oferece, de forma que a sociedade possa fazer uma opção consciente daquilo que é melhor para ela.

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CAPA

Pesquisadores da Embrapa inovam ao fazer contato

e introduzir tecnologias que ajudam a resgatar a agri­

cultura tradicional dos índios do norte do Tocantins.

Respeito à cultura local, participação dos Krahôs em

todas as etapas do processo e retorno à comunidade dos

trabalhos realizados: essas são as premissas do

primeiro contrato estabelecido entre uma empresa

pública e uma comunidade indígena no Brasil, com

intermediação da Funai. O documento está sendo

apontado como modelo a ser seguido por outros tra­

balhos do gênero no país.

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Renato Sanchez

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O primeiro contato aconteceu no ano de 1995. De

um lado, os pesquisadores, com curiosidade

sobre aqueles índios. Do outro, gente como o pajé

Haprô, em busca de algo perdido no passado e valioso

para o futuro do seu povo. O que os Krahôs queriam

naquele momento pode'ria estar guardado dentro das

câmaras frias da Embrapa, em Brasília, mantidas a

menos de 200 negativos: grãos do pôhypey, um milho

escuro, acinzentado, doce e muito macio.

Os pesquisadores ainda não sabiam que aque­

las sementes, coletadas por seus colegas nos anos

1970 junto aos índios Xavantes, no Mato Grosso,

representavam muito para os Krahôs. Até então

eram um objeto científico, a ser analisado e preser­

vado em um acervo composto de mais de 86 mil

acessos genéticos de espécies de plantas, conheci­

das e desconhecidas - um tesouro estratégico para

as agriculturas brasileira e mundial.

Mas para os índios, o pôhypey era muito mais do

que um milho exótico a ser preservado. De espiga

grande, grãos moles e muito rico em amido, era peça

fundamental na alimentação qúe desapareceu da

reserva Krahô desde que a monocultura do arroz

tomou conta das roças. Iniciada na década de 1960,

fazia parte da política indigenista distribuir sementes

de arroz e de milho híbridas para as principais tribos

brasileiras. Tais sementes, no entanto, exigiam novas

técnicas de produção que os índios não dominavam,

além da dependência anual do fornecimento de

novas sementes. Resultado: bàixa produção e produtividade e

mudança drástica no cotidiano dos Krahôs.

Os grãos conservados pela Embrapa poderiam ajudar a recu­

perar as tradicionais e diversificadas roças familiares dos índios.

Segundo os Krahôs, o pôhypeyera uma variedade de milho mais

resistente, que rebrotava naturalmente depois da colheita e não

exigia tantos cuidados quanto os híbridos. Os pesquisadores sele­

cionaram então uma amostra para ser distribuída e plantada por

cada família das aldeias.

"O retorno dessas e outras sementes provocou uma revolução

na comunidade, trazendo um impacto cultural incomensurável",

explica o indigenista Fernando Schiavini, da Fundação Nacional

do índio (Funai). Os antigos cantos e danças ligados ao plantio e

à colheita do pôhypey voltaram a ser realizados. O impacto do

trabalho rompeu com as fronteiras da reserva. O projeto

Recuperação da Agricultura Tradicional Indígena e seus Valores

Culturais ganhou o prêmio máximo do Programa Gestão Pública

e Cidadania da Fundação Getúlio Vargas, em 1998.

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

CAPA

Nova postura - A Embrapa se comprometera a acompanhar

o processo de multiplicação das sementes nas principais aldeias

Krahôs. A primeira visita aconteceu no ano seguinte e teve como

objetivo conhecer a realidade das tribos e levantar as principais

necessidades de recursos genéticos para a agricultura e a ali­

mentação.

"Foi quando descobrimos que grande parte da experiência

que acumulamos nesses anos todos não serviria para aquele tra­

balho", explica a pesquisadora Terezinha Dias, da Embrapa

Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF). "Normalmente

o pesquisador chega a uma comunidade rural apresentando

soluções ou investigando causas para um problema. Mas ali,

junto aos Krahôs, verificamos que precisávamos ouvir, de forma

sensível e cuidadosa, aquelas pessoas. Isso exigia de nós uma

nova postura, uma nova linha de pesquisa", conclui.

Era preciso ousar e experimentar metodologias que tradi­

cionalmente não faziam parte da cultura da Embrapa. Depois de

muitos estudos e discussões, o grupo de pesquisadores optou por

duas linhas de abordagem: a etnobiologia, estudo do modo pelo

qual um grupo humano se relaciona com seus recursos biológi­

cos, com resultados a longo prazo, e uma adaptação do diag­

nóstico rural participativo para a realidade Krahô, que permitiria

uma abordagem ética com resultados mais rápidos.

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CAPA Renato Sanchez

"Precisávamos saber se os Krahôs conservavam recursos

genéticos e como tratavam e manuseavam esses recursos. A

etnobiologia acabou tornando-se uma excelente ferramenta para

entendermos como se organizavam e como o nosso trabalho

poderia ser feito respeitando essa organização, sem infringir

regras estabelecidas ou crii!r conflitos", comenta a pesquisadora

Rosa de Belém das Neves Alves. A abordagem colhia dados a

partir da visão do objeto estudado - no caso, os próprios Krahôs.

Já o diagnóstico participativo recolhia informações sob o ponto

de vista do pesquisador. "Queríamos entender como a própria comu­

nidade interpretava seu espaço físico e como se caracterizavam os

sistemas agrícolas e a oferta ambiental daquele espaço", relembra

Lucimar Moreira, da Embrapa Cerrados (Planaltina-DFl. Depois das

técnicas aplicadas, como elaboração de mapas, entrevistas sobre

histórias de vida, caminhada transversal e calendário sazonal, o

resultado de todo o trabalho foi repassado para os Krahôs. "Foi quan­

do checamos se a nossa visão se encaixava com a visão deles. A

partir daí, os próprios índios priorizaram os problemas que pre­

cisavam ser solucionados e reenquadraram o trabalho sob o seu

ponto de vista. E uma cópia de tudo fica sempre com eles", finaliza.

Contrato - A experiência evoluiu para a assinatura de um

Contrato de Cooperação Técnica entre a Embrapa e a União das

Aldeias Krahô (Kapêy), com intermediação da Funai. E oficializou

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alguns procedimentos que já estavam

sendo realizados desde o início pela

equipe, como a presença de um Krahô e de

um técnico da Funai em todos os trabalhos

realizados dentro da reserva (da coleta de

solos e de material genético à realização de

entrevistas com grupos determinados) e o

cuidado de sempre se reunir com os repre­

sentantes legítimos (pahhi ou caciques)

para tomar alguma decisão.

O trabalho deixou marcas profundas em

toda a equipe. "Posso dizer que o projeto

mudou a minha maneira de pensar e fazer

Renato Sanct

ciência. A rigidez do método científico não vale muito na hora de

você fazer contato com eles", revela André Terra Nascimento,

doutorando em Ecologia na Universidade de Brasília e um dos par­

ticipantes do projeto da Embrapa, com o trabalho de levantar e estu­

dar a biodiversidade das palmeiras na reserva dos Krahôs. "Passei

muitos conhecimentos para eles e obtive outros tantos. Essa troca é

o grande achado do trabalho. Tenho muito orgulho de saber que o

meu esforço pode ser útil para aquela etnia e que não ficará apenas

registrado nas páginas de um trabalho científico", afirma André.

Para Terezinha Dias, a principal contribuição do projeto é fazer

que os Krahôs se conscientizem da importância do conhecimento

tradicional acumulado durante séculos e que nenhuma informação se

perca mais nesse processo. "É muito emocionante verificar que um

trabalho científico de alguma forma está ajudando a recuperar laços

culturais perdidos e a auto-estima daquele povo", explica.

Um dos resultados do diagnóstico participativo, realizado em

duas aldeias, comprova a afirmação. O objetivo era levantar, por

meio de entrevistas com os índios, quais eram as maiores neces­

sidades de recursos genéticos da comunidade. Os pesquisadores

esperavam encontrar demandas de produtos típicos do kupén

(homem branco), mas a resposta da comunidade causou surpresa:

dos quatro recursos mais apontados, apenas o café não fazia parte

da cultura dos Krahôs. O que eles mais desejavam eram novos

materiais genéticos da batata-doce, da mandioca e do inhame, pro­

dutos que estavam desaparecendo das roças das aldeias. Renato Sanct

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CAPA

Contrato estabelece parceria entre as partes

o Contrato de Cooperação Técnica entre a Embrapa e a União das

Aldeias Krahô (Kapey) foi assinado no ano 2000 - antes as ações da

Empresa estavam respaldadas legalmente por meio de um convênio assinado em 1996. "Não tínhamos um modelo e o documento acabou

refletindo o resultado do intenso debate entre a Embrapa, a Kapéy e a

Funai. Muitos princípios que estavam sendo debatidos em outros fóruns,

como o Congresso Nacional e o Conselho de Gestão do Patrimônio Gené­

tico, também foram trazidos para o contrato", explica Elza Brito da Cunha,

da Secretaria de Propriedade Intelectual da Embrapa. Existem cláusulas

claras de direito de uso e propriedade intelectual do material coletado na

área Krahô e do conhecimento tradicional de seus usos e processo.

A Embrapa terá preferência na pesquisa do material nativo ou exóti­

co coletado, mas só poderá disponibilizar para outras instituições públi­

cas ou privadas aqueles pertencentes a gêneros de espécies e va­

riedades conhecidas destinadas à alimentação e à agricultura. "Os recur­

sos desconhecidos serão de domínio exclusivo dos índios. A Embrapa poderá manter, em seus laboratórios e bancos de germoplasma, amos­

tras desse material, mas o repasse para outras instituições só poderá ser

feito mediante autorização da Kapey", explica Elza. Assim que for cons­

tatado o potencial econômico de algum desses recursos, as partes cele­

brarão um contrato específico, estabelecendo as condições de repartição

dos benefícios advindos do uso pelas partes ou por terceiros. As cláusulas são rígidas também quanto ao conhecimento tradi­

cional dos índios relacionados aos recursos genéticos desconhecidos.

Eles não poderão ser comercializados, utilizados ou apropriados por ter­

ceiros sem expressa autorização da Kapey, com intervêniencia da Funai . Todos os resultados decorrentes do contrato são de propriedade exclusi­

va da Kapey e da Embrapa. A divulgação das informações geradas pelo

contrato e a reprodução e a comercialização do material audiovisual pro­duzido também só serão feitas mediante autorização das partes.

"O contrato tem colocado hoje a Embrapa numa posição de van­guarda na discussão do acesso e da repartição de benefícios pelo uso do

conhecimento tradicional", afirma Terezinha Dias. Não é à toa que ele

vem sendo amplamente divulgado nos mais diferentes órgãos, como o

Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), o Ministério Público Federal,

a Pastoral da Criança etc.

Para Elza Brito, o documento é um marco na evolução do contato entre o cientista e o indígena. "Estamos tratando os Krahôs antes de tudo

como parceiros. Deixamos de lado o olhar e a prática apenas paterna­listas e esperamos que a nossa experiência possa contribu ir para aumen­

tar o debate a respeito da proteção do conhecimento trad icional dos

índios no Brasil", finaliza.

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CAPA

André Terra

Variedade de espéCies de palmeira surpreende

Há dois anos a equipe de pesquisadores vem fazendo o le­

vantamento e o estudo da biodiversidade das palmeiras e dos

seus respectivos usos pelos Krahôs. A palmeira é um dos recur­

sos nativos mais util izados pelos índios, principalmente na ali­

mentação, construção de casas, medicina natural e rituais. O

trabalho pode ser considerado inédito, já que quase não existe

levantamento desse recurso no cerrado brasileiro.

"Percorremos 12 aldeias e identificamos 18 espécies de

palmeiras. Quando iniciamos o trabalho, esperávamos encontrar

de cinco a seis. Esse é um' indicativo de que a região é rica em

espécies, e a natureza está conservada", afirma o pesquisador

André Terra Nascimento. Ele explica que 17 dessas espécies

identificadas são utilizadas pelos Krahôs. "Comparamos a ta­

110

----"-" xonomia clássica (aéadêmica, feita pelos

~!fE!! cientistas) com a taxonomia feita pelos

~.OOJI!i!!!j~. índios, que têm seus próprios critérios de

identificaç~o. O resultado é sempre mais

rico", garante ele.

A próxima etapa do trabalho é a

caracterização das populações natu­

rais. "Primeiro levantamos o que exis­

te. Agora é hora de saber quanto e on-

u-.., ,,u, ... de estão essas palmeiras dentro da re­

serva, estabelecendo um plano de ma­

nejo e conservação juntamente com os

Krahôs", finaliza André.

Pesquisa está presente em diversas etnias do país

Nos últimos anos, as institu ições de pesquisa agropecuária

transferiram conhecimentos e técnicas agríco las para diversas

comunidades indígenas brasileiras, aumentando a produção de

alimentos e melhorando a qual idade de vida nas reservas.

Conheça a seguir alguns desses projetos.

Coleta de sementes gera renda para Parakanãs

índi os da tribo Parakanã, do su l do Pará, aprenderam com

pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, do Museu Emílio

Goeld i, da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará e da

Eletronorte técn icas mais seguras de escalada em copas de

árvore para coletar sementes de melhor qualidade de mogno, tatajuba, castanha do Brasil e outras espéCies da região. As

sementes são vendidas para empresas de reflorestamento. Com

dados fornecidos pelos pesquisadores, como época de floração

e frutificação das espécies, técnicas de armazenamento e pro­

dução de mudas, os índios agora podem estabelecer um ca­lendário de co leta. Antes dos treinamentos, os Parakanãs só

coletavam sementes caídas do chão.

Caprinos e ovinos para os Quiriris e Fulni-ô

Os índ ios Qu iriris, na Ba hia, estão criando cabras e ovelhas

de forma produtiva e sustentável. A Empresa Baiana de

Desenvolvimento Agrícola (EBDA) promoveu treinamentos para

melhorar a prática de manejo dos rebanhos, no intuito de

aumentar a produção e a produtividade, melhorar a alimentação

das famílias e a geração de renda. Trabalho semelhante foi reali­

zado pela Em brapa Semi-Árido (Petrol ina-PE) com 5 mil índios

da comunidade Fulni-ô, em Pernambuco, com participação do

Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep) .

Recentemente, a Embrapa Mandioca e Fruticultura iniciou outro

trabalho com os índios Kiriris , distribuindo manivas de mandio­

ca e mudas de banana, manga e acerola . A ação é uma parce­

ria com a Associação Nacional de Ação Indigenista e a Universidade Federal da Bahia.

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

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Ticunas e Macuxis ganham banana resistente à sigatoca

Em crise desde a década passada, quando a doença sigatoca negra chegou à

região, os bananais dos índios Ticunas, no Alto Solimões, no Amazonas, voltaram a se

tornar produtivos com a introdução de cultivares resistentes à praga, desenvolvidas

pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) e pela Embrapa Mandioca e

Fruticultura. Os pesquisadores realizaram, com o apoio da Arquidiocese do Alto

Solimões, diversos dias de campo e treinamentos voltados para os índios, que hoje são

grandes produtores de banana. A parte excedente da produção já pode ser encontra­

da nas principais redes de supermercados de Manaus. Novas cultivares de bananeira

resistente à sigatoca negra foram também introduzidas pela Embrapa Roraima em

plantios consorciados à melancia e o maracujá, nas roças dos Macuxi, em Roraima.

Xikrins viram parceiros na preservação do mogno

Cerca de 800 índios Xikrin do Catete, no sudeste do

Pará, tornaram-se parceiros do projeto para regeneração

e aumento da produção de mogno em fl'oresta natural ,

coordenado pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém­

PA), com apoio da Companhia Vale do Rio Doce, Ibama,

CNPq e Instituto Sócio Ambiental (ISA). Eles receberam

tecnologias para melhor praticar o manejo de exploração

do mogno em suas reservas.

Novas Perspectivas para os Guaranis e Caiuás

A prefeitura de Japorá e a Empresa de Pesquisa,

Assistência Técnica e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul

(Empaer) estão envolvidas em um projeto de 'desenvolvi­

mento sócioeconômico das comunidades indígenas dos

Guaranis e Caiuás. Foram criadas novas alternativas de pro­

dução própria de alimentos básicos (com geração de exce­

dentes para comercialização) e houve aumento da ocu­

pação da mão-de-obra familiar, buscando a permanência

dos homens na comunidade e o treinamento de mulheres

para a confecção de suas próprias roupas e o aproveita­

mento de novos alimentos. As tecnologias reduziram o

êxodo dos homens para o trabalho nos canaviais, aumen­

taram a produção agrícola tradicional e ajudaram a recu­

perar a estrutura familiar e a auto-estima dos índios, até

mesmo com a redução de suicídios registrados nas aldeias.

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

Araruta volta às roças dos Pataxós

Os Pataxós, no sul da Bahia, que começaram a perder algumas

culturas agrícolas tradicionais, também contaram com a ajuda de

pesquisadores para trazer de volta às roças algumas variedades de

mandioca e a araruta, extinta na região e necessária no preparo de

uma farinha secularmente utilizada por eles em papas e mingaus. O

trabalho foi desenvolvido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz

das Almas-BA), a Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ) e a

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, com o apoio de ONGs,

da Funai, do Incra e lideranças indígenas da região. Bancos genéticos

vegetais foram implantados dentro das reservas indígenas para

preservar, no campo, esse material. Os técnicos também orientaram

os índios sobre o manejo adequado da Mata Atlântica.

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-GRAOS

Novo guandu é tolerante à seca As condições de plantio foram as mesmas de anos anteriores nas

áreas secas do Nordeste: solo ruim e chuva pouca e irregular.

Ainda assim, a nova variedade de guandu, de nome Petrolina , chegou

à fase de colheita com um resultado que entusiasmou os pesquisadores da Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE): cerca de 400 kg

de grãos por hectare. "O desempenho coroa seis anos de pesqu isa e é

o resultado que buscávamos para passarmos a recomendar o plantio

aos agricultores familiares da região", explica o pesquisador Carlos Antônio Fernandes Santos.

Na propriedade de Edite Cardoso Costa, onde a Embrapa montou

uma unidade de observação, o Guandu Petrolina resistiu a mais de 52 dias sem chuva. Segundo Fernandes, o novo guandu pode tornar-se

uma cultura importante para o semi-árido} já que é capaz de produzir grãos com 21 % de proteína e elevado conteúdo de pró-vitamina A em

condições de estresse hídrico, no qual a maioria das culturas não sobre­

vive ou não produz. Essa vitamina, essencial para a visão, é deficiente

na dieta alimentar das populações do Nordeste.

O guandu é tradicionalmente cultivado em áreas de altitude da

Bahia , Pernambuco e Ceará, com material genético introduzido no

país à época do período colonial e pouco tolerante à seca. O Petrolina

tem características diferente,s: cresce no máximo 60 cm e apresenta vagens no final dos ramos, tornando mais fácil a colheita manual. O

grão tem cor branca, sabor mais agradável e tempo de cozimento

igual ao do feijão.

Arquivo Embrapa

Clone de café já é realidade O Brasil já está produzindo

mudas clonadas de cafeeiro. A

metodologia será utilizada na

multiplicação de plantas ma­trizes - híbridos resistentes a

pragas e doenças, produtivos,

com excelente qualidade de

bebida e outras características

desejáveis. A produção de clo­

nes é uma ferramenta valiosa

para o processo de melhora­

mento genético do café e inse­re o Brasil na vanguarda da pes­

quisa cafeeira. O trabalho está sendo feito por uma série de

empresas que compõem o Con­

sórcio Brasileiro de Pesquisa e

Desenvolvimento do Café, co­

mo a Embrapa, o Instituto Agro­nômico de Campinas (IAC), o

Instituto Agronômico do Pa­

raná (lapar) , a Universidade Fe­

deral de Viçosa e o Instituto

Capixaba de Pesquisa, Assistên­cia Técnica e Extensão Rural (Incaper) etc.

A Embrapa Recursos Ge­

néticos e Biotecnologia (Bra-

sília-DF) estuda meios de

tornar o processo mais efici­

ente, com produção do maior

número possível de embriões

em menor espaço de tempo e

de laboratório.

A próxima etapa da pes­

quisa consiste na mu ltiplica­

ção para obtenção de centenas

de mudas para as regiões ca­

feeiras mais importantes do país. "O objetivo é avaliar os diferen­

tes híbridos em ambientes dis­

tintos, comparando-os com as

cultivares tradicionais , para

identificar os melhores clones

para cada região de cultivo",

afirma o pesquisador João

Batista Teixeira . Segundo ele,

os programas de melhoramen­

to produziram plantas híbridas

extremamente promissoras do

ponto de vista agronômico nos

últimos anos, mas não tinham como ser aproveitadas para

avaliação no campo porque

não se dispunha de um proto­colo eficiente de clonagem.

Escala identifica estágios do algodoeiro com precisão Os pesquisadores Celso

Jamil Marur e Onaur Ruano,

do Instituto Agronômico do Paraná (lapar), desenvolver­

am uma escala de crescimen­

to e desenvolvimento do algo­

do-eiro que identifica cada

uma das fases da planta , inde­

pendentemente da variedade,

época ou local de plantio. A nova escala vai substituir uma

antiga prática. Ao se proceder a

uma observação em lavoura, até

então era comum dizer que tal

fenômeno ocorreu aos 'tantos" dias após a emergência, poden­

do resultar em erros graves. Na

nova escala, o ciclo do algo­

doeiro foi dividido em quatro

fases: vegetativa , formação de

botões florais, floração e abertu­ra de capulho.

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

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Soja verde pode enriquecer dieta do brasileiro

o uso da soja verde na salada do

brasileiro está sendo objeto de

pesquisa da Embrapa Hortaliças. Se­

gundo o técnico José Lindorico Men­

donça, a soja mostrou-se viável em

plantios experimentais, passando

pelos testes de aceitabilidade do pro­

duto. A pesquisa foi iniciada no ano

passado, como alternativa ao con­

sumo do feijão verde. Lindorico plan­

tou algumas cultivares de soja para

estudar o desenvolvimento agronômi­

co das plantas e, depois da colheita,

preparou a soja verde, fazendo testes

de degustação. Em 2002 a pesquisa

buscou outros carnpos experirnen­

tais no Distrito Federal, na Bahia e

ern Minas Gerais.

Do rnaterial utilizado, a cultivar

que apresentou melhor rendirnento

foi a BRM-9452273, que será lan­

çada no ano que vem pela Embrapa

Soja (Londrina-PR). Ela possui grão

maior, hilo claro e elevado teor de pro­

teína e sacarose (característica que

oferecem um sabor agradável). A so­

ja verde poderá tornar-se uma alter­

nativa excelente para melhorar o

valor protéico da alimentação popu­

lar, principalme~te no Nordeste, on­

de o consumo de feijão verde é alto,

além de ajudar na prevenção do cân­

cer de mama e de próstata.

Maior acervo sobre insetos ,

da soja vem para o Brasil O Laboratório da Embrapa no

Exterior (Labex-EUA) acaba de

obter a transferência do banco de

dados conhecido como Soybean

Insect Research and Information

Center (Siric), para o Brasil. O fato

transformará a Embrapa na maior

fonte Internacional de informações

sobre insetos da soja - a Embrapa

Soja (Londrina-PR) deverá ser a uni­

dade a receber e manter o acervo.

O Siric é formado por cerca de

30 mil referências bibliográficas,

disponibilizados em computador e

distribuídas em separatas, capítu-

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

los de livros, relatórios, teses etc.

Começou a ser formado no início

dos anos 1970, na Universidade

de IIlinois (EUA), pelo pesquisador

brasileiro Marcos Kogan e sua es­

posa, a bibliotecária Jenny Kogan.

Com a saída do pesquisador bra­

sileiro da instituição, a universi­

dade resolveu disponibilizar o acer­

vo para alguma empresa interes­

sada. Depois de negociações com

a universidade, o pesquisador

Antônio Panizzi, do Labex-EUA,

conseguiu que o banco de dados

viesse para o Brasil.

Feijões especiais com porte ereto, vagens graúdas e grãos

duas a três vezes maiores que os sirnilares do mercado:

produtos assim despertam curiosidade tanto de agricultores

quanto de consumidores. Pesquisadores da Embrapa e técnicos

da Agência Rural (antiga Emater-GO) estão apresentando aos

agricultores de Goiás feijões especiais corn essas característi­

cas, que não são consumidos em larga escala no país, mas pre­

dominam no comércio internacional.

"Esse tipo de feijão é uma alternativa para que o agricultor

ocupe maior fração de mercado, pois existe demanda no Brasil

por feijões diferenciados", explica o consultor da Embrapa

Arroz e Feijão, Michael Thung. O país importa da Argentina,

15 mil toneladas de feijão branco Alubia por ano. De olho

nesse nicho de mercado, o agricultor pode sobreviver à con­

corrência dos grandes produtores de feijões tradicionais, que

investem em tecnologia, têm alta produtividade e maior poder

de comercialização. "Há um atrativo adicional: custam duas a

três vezes mais que o feijão comum por exigirem práticas cul­

turais especiais", diz Thung.

A Embrapa está avaliando com os agricultores três linha­

gens de feijão branco e uma de feijão tipo rajado. A expectati­

va é que em 2004 seja definidos qual a melhor linhagern para

lançamento e um pacote tecnológico para produção. Em março

de 2003, os produtores já poderão contar com a variedade BRS

Radiante, um tipo de feijão especial do grupo rajado, com grãos

de cor bege e listras e pontuações de cor vinho.

13 I

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Duas instituições de pesquisa nacionais

estão apresentando novas tecnologias para

produção de sementes de alho livres de ví­

rus. A Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Esta­

dual Paulista (Unesp) desenvolve estudos por meio da técnica de

cultura de tecidos e os testes resultaram na produção de sementes

livres do vírus da estria amarela. A pesquisa da Embrapa Hortaliças

(Brasília-DF) já está sendo testada com pequenos produtores da

Bahia e do Rio Grande do Sul.

O trabalho da Embrapa começa na seleção de sementes produ­

zidas nos laboratórios, em condições controladas. Quando a planta

se torna mais vigorosa , é levada para um t~lado à prova de pulgões

e, em seguida, os bulbilhos são plantados no campo. O produtor

recebe as sementes livres de vírus e inicia a reprodução dos bulbilhos

no seu próprio telado, seguindo as recomendações dos pesqui­

sadores. Numa segunda etapa, a Embrapa iniciará os trabalhos de

produção de cultivares de alho nobre livres de vírus.

Na Unesp já foram descobertos quatro tipos de vírus. A doença é

transmitida principalmente pelo pulgão ou por bulbilhos doentes da

lavoura anterior, guardados pala o plantio no ano seguinte. O objeti-

Nova abóbora no mercado A Embrapa Hortaliças está colocando no mercado a abóbora

Jabras, um híbrido do tipo tetskabuto japonês. Com frutos

arredondados, com 2kg em média, chega para disputar um mer­

cado dominado por produtos importados quase 10 toneladas de

sementes de abóbora são importadas pelo Brasil a cada ano. As

principais características do

Jabras são a precocidade e

a boa produtividade. Em con­

dições experimentais, em

campos no Distrito Federal,

em Goiás, Minas Gerais, São

Paulo e no Espírito Santo,

ela produziu até 35 tonela­

das por hectare, e a colheita

pôde ser feita entre 85 e

100 dias após a semeadura .

O plantio é indicado para as

principais regiões produ­

toras de moranga no país.

Tecnologia reaproveita brotos de batata

Uma tecnologia do Instituto Agronômico

(IAC) está começando a render dividendos a

Carlos Solano

vo das duas pesquisas é interromper o ciclo de perdas nessa etapa e pequenos produtores de Limeira-SP. A idéia

proporcionar ao pequeno produtor condições de disputar uma fatia do é produzir minitubérculos de batata-semente

mercado mais exigente, dominado por produtores tecnificados. livres de vírus reaproveitando brotos de batata-semente impor­

tada que iriam para o lixo. A pesquisa, além de gerar renda

para os produtores, contribui para a redução da importação.

Pimenta cearense chega aos EUA O Ceará está cultivando pimenta malagueta do tipo tabasco (Cap­

sicum frutescens), destinada à exportação para os Estados Unidos.

Atualmente, existem mais de 200 pequenos produtores envolvidos no

agro negócio, e no ano passado foram exportadas 350 toneladas de polpa

de pimenta, o que equivale a um incremento de 500% em relação ao

ano 2000, quando foi iniciado o cultivo. A Embrapa Agroindústria Tro­

pical (Fortaleza-CE) está iniciando pesquisas para elevar a produtividade

média, padronizar a cor da pimenta e aumentar o teor de capsaicina

(composto responsável pelo ardor), atributos de qualidade exigidos pelo

mercado americano. A pesquisa é financiada pelo Banco do Nordeste.

I 14

Diante de dificuldade nos negócios citrícolas, o produtor

Gualberto Brigatto viu na nova tecnologia uma oportunidade

para melhorar sua renda. Sob orientação do pesquisador José

Alberto Caram, há três anos começou a produzir os brotos de

batata livre de vírus. Brigatto conta que consegue esses brotos

sem custos, pois são descartados no processo. Em um viveiro

protegido, os brotos são cultivados e depois vendidos a produ­

tores de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e do Paraná.

O trabalho foi selecionado para o Banco de Tecnologias

Sociais da Fundação Banco do Brasil e da Unesco por apre­

sentar soluções inovadoras para muitos problemas sociais

brasileiros. A tecnologia foi qualificada como contribuição

social para as áreas de alimentação e geração de renda.

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

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PARCERIAS

Moradores de áreas urbanas aprendem a plantar

Moradores de Niterói, São Gonçalo e Maricá, no Estado do

Rio de Janeiro, estão descobrindo que não é mais preciso

morar no campo para viver de agricultura . Por meio de um projeto

que envolve as prefeituras, a Embra pa Agrobiologia (Seropédica-RJ),

a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro (Pesagro) e

a Emater-RJ , eles estão conhecendo a Agricultura Urbana. O proje­

to, iniciado há um ano, já treinou quatrocentos pequenos produtores

rurais, donas de casa, jovens e meninos de ruá assistidos por as­

sociações beneficentes. Em 2003, o projeto será levado para a zona

oeste do Rio de Janeiro, com o apoio técnico e financeiro do

Embrapa ajuda FAO a disseminar boas práticas agrícolas

Nove manuais de Boas Práticas Agrícolas (BPA) para manga,

melão, milho, soja, frango, suínos, leite, came e hortaliças estão sendo

lançados pela Embrapa, em português e em inglês. A confecção dos

guias faz parte de uma parceria com a Organização das Nações Unidas

para Agricultura e Alimentação (FAO) para disseminar as práticas

entre países da África, da América Latina e da América Central.

As recomendações contidas nos manuais consideram os diver­

sos tipos de sistemas de produção adotados no Brasil , desde os

de subsistência até os altamente tecnificados. Além de instruções

técnicas sobre manejo de solos, bem-estar animal e informações

específicas sobre cada cultura, os guias relacionam as vantagens

da adoção das boas práticas e as conseqüências danosas da sua

não aplicação. Os manua is contém documentos de referência

como as legislações ambiental e trabalhista , o Estatuto da Criança

e do Adolescente e ainda informações sobre organização dos pro­

dutores, entre outras. Na segunda etapa do projeto, as práticas

serão testadas com o acompanhamento da Embrapa - que já pos­

sui projetos de BPA implantados por muitos agricultores.

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A idéia é conscientizar os moradores de que é possível uti­

lizar os espaços domésticos e públicos para a produção de ali­

mentos, plantas medicinais e ornamentais. Com cursos e semi­

nários, eles aprendem técnicas agrícolas adaptadas à realidade

urbana sem a utilização de agrotóxicos, como a utilização de re­

cipientes plásticos para a produção de mudas e a transformação

de lixo orgânico em compo~tos para a fertilização dos solos. Além

de melhorar a qualidade dos alimentos que consomem, eles ganham

uma alternativa de sustento e contribuem para o meio ambiente,

com a diminuição do acúmulo de lixo e a melhoria da água.

Cuba - Por conta do programa, a Embrapa iniciou uma .parce­

ria com o Instituto de Investigações Fundamentais em Agricultura

Tropical de Cuba para troca de experiências e realização de pes­

quisas conjuntas. O projeto de agricultu ra urbana de Cuba existe há

oito anos e teve papel importante no aumento da produção de ali­

mentos, que subiu de 4,2 mil toneladas, em 1994, para 2,36

milhões, em 200l. "Cuba está tão avançada nesse campo, que

eu fui para ensinar e acabei aprendendo muito mais, principal­

mente pela inovação tecnológica que eles têm e que nós ainda

não dispomos", explica a pesquisadora Adriana Aquino.

Mais força para o cooperativismo A Embrapa e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

firmaram contrato de parceria para melhor integrar o trabalho das

duas instituições. "As cooperativas têm papel fundamental para as

atividades da Embrapa, já que é por meio dessas entidades que

ocorre o processo de transferência de tecnologias desenvolvidas",

explica Alberto Duque Portugal,

diretor-presidente da Embrapa.

O presidente da OCB, Márcio

Lopes de Freitas, também desta­

cou a importância do contrato,

revelando a dimensão do ato:

"cerca de 2 milhões de pessoas

ligadas às cooperativas de crédi­

to e do ramo agropecuário serão

beneficiadas".

Atualmente as l.662 coop­

erativas agropecuárias brasilei­

ras empregam 111 mil pessoas

e reúnem mais de 875 mil pro­

dutores associados.

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CONTROLE BIOLÓGICO

Embrapa registra inseto para comercialização

A Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA)

iniciou o processo de registro do primeiro caso de uso

de um organismo exótico para controle biológico de pragas

na agricultura brasileira. Trata-se de uma espécie de vespa,

a Diachasmimorpha longicaudata, que poderá ser produzida

em larga escala para combater uma das principais pragas da

fruticultura: a mosca-das-frutas (Ceratitis capitata).

pragas é a significativa redução

da utilização de produtos quími­

cos nos pomares, o que acaba

valorizando ainda mais os frutos

nos mercados nacional e inter­

O fato é tão excepcional que o pedido de registro precisou

ser protocolado em órgãos de três ministérios: no Ibama

(Ministério do Meio Ambiente), na Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (Ministério da Saúde) e no Departamento

de Defesa Vegetal (Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento). O registro do inseto tornou-se inadiável, a

fim de se dar condições legais à sua multiplicação em regime

industrial pela biofábrica de insetos que será instalada em

Juazeiro-BA até 2004 .

A maior vantagem da utilização do controle biológico de

nacional. O uso do parasitóide da mosca beneficia, assim , o

consumidor, que passa a receber um produto mais sadio, e

os produtores, que reduzem gastos com pesticidas.

Controle biológico do mofo cinzento Arquivo Embrapa

A Embrapa Meio Ambiente (Jagua­

riúna-SP) está desenvolvendo um pro­

jeto de pesquisa para identificar e iso­

lar inimigos naturais no controle bio­

lógico do mofo cinzento, fungo que ata­

ca rosas, violetas, crisântemos, begô­

nias, uva, morango, pêra e maçã e ou­

tras culturas que requerem muito

agrotóxico. No caso das rosas, esse fungo provoca podridão na flor, que fica

toda recoberta com uma camada cinza de mofo. Estima-se perdas superiores

a 20% da produção e da qualidade das flores.

O fungo Clonostachys rosea, inicialmente iden­

tificado no Canadá como um promissor inimigo do

mofo cinzento, também ocorre no Brasil e está

sendo estudado por vários pesquisadores. O proje­

to, coordenado pelo pesquisador Marcelo Morandi,

estuda inicialmente o controle biológico da doença

em roseiras, em uma propriedade em Holambra­

SP. Em breve, será ampliado para outras culturas,

como a do morango e da uva.

I 16 AgroCa.T - NOVEMBRO DE 2002

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A Embrapa Recursos Genéticos e

Biotecnologia (Brasília-DF) desenvolveu

aroteno ou luteina; picles de raiz de reserva

de mandioca, com propriedades funcio­

nais na nutrição humana; e o tucupi em pó,

derivado de um extrato comercializado na

região de Belém para o preparo de pratos

regionais típícos.

A segunda é a tecnologia para o apro­

veitamento de mandiocas açucaradas. Foram

duas tecnologias inovadoras para o apro- processados três novos produtos: um con­

veitamento de raízes de reservas da man- . centrado de glicose natural, com aplica-

dioca encontradas na Amazônia, com im­

portância para a nutrição e a saúde huma­

na. A primeira, de aproveitamento de raí­

zes como alimentos funcionais, gerou qua­

tro produtos: xarope de glicose enriqueci­

do com carotenóides, com propriedades

vitamínicas; cápsulas com extrato de orga­

nelas celulares contendo licopeno, betac-

ções nas indústrias química, de alimentos

e de bebidas, já que pode ser usado como

adoçante no preparo de bolos, doces e

sorvetes; um amido seroso com mutações

naturais, com aplicações variadas na indús­

tria têxtil e de alimentos; um amido (glico­

gênio vegetal) solúvel em água fria , inexis­

tente nas cultivares comerciais de mandio-

Embrapa estuda terra preta

- AMAZÔNIA

ca e que pode ser utilizado pelas indús­

trias farmacêuticas e de cosméticos.

Os produtos são recomendados para

indústrias de pequeno porte e não têm im­

pacto ambiental. A previsão da Embrapa é

de que esses produtos comecem a chegar

ao mercado a partir de 2003.

Segredos - A pesquisa que identifi­

cou clones de mandioca cujas raízes de

reserva acumulavam açúcares e amidos

raros está sendo coordenada pelo pes­

quisador Luiz Joaquim Castelo Branco.

No material foram encontrados licopeno

(pigmento vermelho que reduz riscos de

certos tipos de câncer, especialmente o

de próstata) , betacaroteno (prec,ursor da

vitamina A na dieta humana , cuja defi­

ciência é considerada problema sério de

saúde pública) e glicogênio (que possui

um açúcar de reserva só encontrado em

células animais).

O grande desafio dos pesquisadores é conhecer as razões genéticas para a maio­

ria dessas características. A pesquisadora

Eloísa Cardoso, da Embrapa Amazônia

Oriental, chama atenção ainda para um

detalhe: "a mandioca tem uma forte inte­

ração do genótipo com o ambiente, ou

seja , a mesma variedade ao ser levada

para outra região sofre mutações que invi­

abilizam os estudos".

A terra preta, tão comum nas margens dos rios da Amazônia,

é um dos solos mais ricos em nutrientes do mundo. De origem

ainda desconhecida, o fenômeno está sendo amplamente discu­

tido por pesquisadores em todo o mundo na busca de mais

informações sobre os fatores e os processos de sua formação.

Para pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus­

AM), interessados em estudar a utilização desse solo na produção

de alimentos, as terras pretas são provavelmente oriundas da

decomposição de animais e outros materiais orgânicos que exis­

tiram na região há centenas de anos. Ao ser carbonizado, esse

material teria se unido e formado sítios de elevados teores de

nutrientes, protegendo o solo da lixiviação, tão comum na região.

mas já se sabe que são

solos de elevado teor de

fertilidade, e que a sua

existência decorre da par­

ticipação direta das popu­

Wenceslau Teixeira, especialista em manejo do solo, afirma ainda

não existir estudo definido que determine a origem da terra preta,

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

lações indígenas amazônicas. Possui grande concentração de fósforo,

cálcio e outros nutrientes, que são encontrados tanto em espinhas de

peixe quanto em cascos de tartaruga e ossos de outros animais.

Na tentativa de reproduzir algumas das características das ter­

ras pretas, a Embrapa vem conduzindo experimentos na área rural

de Manaus e Presidente Figueiredo (distante 107 km da capital

amazonense), utilizando carvão vegetal como condicionante do solo

para reter água e nutrientes. As culturas testadas na pesquisa - milho,

sorgo e arroz - estão apresentando excelente desenvolvimento.

17 I

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Embrapa propõe zoneamento ambiental das áreas de

recarga do Aqüífero Guarani A Embrapa está propondo o Zoneamento Agroambiental para

todas as áreas de recarga do Aqüífero Guarani, um dos maiores do

mundo em reserva de água. A defesa toma como base o estudo,

feito pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP), da contami­

nação dessas áreas por agrotóxicos. Áreas de recarga são locais por

onde ocorre o recarregamento direto do aqüífero pelas chuvas, cuja

profundidade média está muito exposta à contaminação.

O pesquisador Marco Antônio Ferreira Gomes explica que um

dos objetivos da Embrapa é estabelecer a divisão dessas áreas em

domínios chamados Pedomorfoagroclimáticos (solo, relevo, uso agrí­

cola e clima) , em função das suas diferentes características ao longo

do território brasileiro, com usei agrícola diversificado e uso de agro­

tóxicos específicos para cada c,ultura. Segundo ele, os resultados es­

tão praticamente concluídos. "Com essas informações, podemos es­

tabelecer uma classificação dos riscos potenciais de contaminação

da água subterrânea com base nesses domínios e obter uma radio­

grafia da situação atual, que vai permitir a intervenção imediata nas

áreas mais críticas", explica Marcos.

O trabalho já identificou cinco pontos críticos: área de Ribeirão

Preto (Planalto Médio Paulista), com cultivo de cana-de-açúcarj

nascentes do Rio Araguaia (Depressão do Araguaia, no Mato Grosso),

com cultivo de soja e milhoj nascentes do Rio Ivaí (segundo Planalto

Paranaense), com cultivo de milho e pastagemj área de Alegrete

(Região da Campanha, no Rio Grande do Sul), com cultivo de arroz

irrigado e pastagemj região de Lages (Planalto Médio Catarinense),

com cultivo de maçã. Participam da pesquisa a Universidade de

Ribeirão Preto, a Fundação Ecológica Emas, a Agência Rural de

Goiás, as Faculdades Integradas Municipal de Ensino Superior

(Mineiros-GO), a Embrapa Clima Temperado, a Embrapa Pantanal,

The Nature Conservancy do Brasil e o Consórcio Intermunicipal da

Bacia do Alto Taquari-MT.

Indicadores biológicos para avaliar a água A Embrapa Meio Ambiente, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos e a Agência

Nacional de Águas (ANA), está desenvolvendo novos métodos e parâmetros para avaliar a quali­

dade da água a partir da presença de indicadores biológicos que vivem no fundo dos rios e dos

lagos (macroinvertebrados, como larvas de insetos, moluscos e crustáceos).

"O objetivo é elaborar um manual com a descrição desses organismos, a fim de possibilitar,

de forma clara e objetiva, a determinação da qualidade da água de um local", explica o pesqui­

sador Júlio Queiroz. Segundo ele, a avaliação biológica da qualidade da água por meio desses

bioindicadores deverá tornar-se um procedimento fundamental para o manejo e a proteção dos

ecossistemas aquáticos, porque somente essas técnicas biológicas poderão demonstrar que a inte­

gridade ambiental está sendo mantida. "O indicador máximo e mais eficiente da sustentabilidade

dos ecossistemas aquáticos deve ser a sanidade da comunidade biológica", explica Júlio.

AgroC& T - NOVEMBRO DE 2002

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Novo software ajuda produtores florestais Produtores florestais contam agora com mais uma ferramenta de trabalho: o software

SisEucalipto, um simulador utilizado no gerenciamento de reflorestamentos de

Eucaliptus grandis. O sistema, desenvolvido pela Embrapa Florestas (Colombo-PR), per­

mite calcular quando, quanto e como desbastar reflorestamentos de eucalipto e a idade

ideal para o corte. Com as informações, o produtor pode maximizar a rentabilidade de

seu plantio, tornando o empreendimento mais competitivo, e elaborar planos de manejo

para a produção sustentável, um dos requisitos básicos para a certificação florestal.

O Brasil possui cerca de três milhões de hectares de florestas de eucalipto, implan­

tados com o objetivo de abastecer fábricas de papel e celulose, produzir carvão vegetal,

chapas de fibra e madeira serrada. O SisEucalipto é o irmão mais novo de outro software,

o SisPinus, já utilizado por mais de 150 em'presas do Brasil e da América Latina no

manejo de reflorestamentos de pinus.

Embrapa cria simulador portátil de erosão A Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ) e a Universi­

dade Federal de Goiás desenvolveram um simulador

portátil de erosão, ferramenta ideal na visualização do

processo de erosão no solo.

O aparelho é composto de duas bandejas que re­

cebem uma camada de brita. Na primeira, mostra as três

fases do processo de erosão: a desagregação do solo pelo

efeito da chuva, o transporte pelo escorrimento superfi­

cial da água não infiltrada e o assoreamento do material

erodido. Na outra bandeja, o mesmo solo, com a cober­

tura de palha simulando o efeito do sistema Plantio

Direto, indica a alternativa de mitigação do processo de

erosão e de seus efeitos maléficos. O equipamento per­

mite perceber como a tecnologia do Plantio Direto pode

ser eficaz na conservação do solo e da água.

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Solos do Pantanal são mapeados A Embrapa Solos e a Embrapa Pantanal (Corumbá-MS) finalizaram Considerando a distribuição e as características dos solos, pode-

estudo sobre a caracterização dos principais solos do Pantanal. Agora se distinguir quatro grandes regiões no Pantanal: sul (solos com

pesquisadores, ambientalistas, produtores e estudiosos poderão con- maior teor de argila nas profundidades abaixo de 20 em, sendo fre-

hecer melhor a região, relacionando o tipo de vegetação com o solo e qüente a presença do íon sódio), central (textura arenosa em toda a

realizando o manejo adequado dos recursos naturais. sua profundidade), norte (solos com maior teor de argila nas pro-

Os solos da planície do Pantanal desenvolveram-se a partir de fundidades abaixo de 20 em, mas que apresentam sérias restrições

sedimentos carreados de regiões mais elevadas. Suas característi- à absorção de água e pouca presença de sódio) e a planície de inun-

cas são muito influenciadas pelo regime de inundação periódica a dação do Rio Paraguai (solos desenvolvidos em várzeas, mal ou

que estão submetidos. muito mal drenados, originados a partir do aporte de materiais).

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002 19 I

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PECUÁRIA

Búfalos ajudam a ressUma pesquisa inédita vem constatando que búfalos estão aju-

dando a ressocializar detentos da Colônia Agrícola Heleno Fragoso,em Belém-PA. O projeto vem sendo desenvolvido há quatro anospela Embrapa Amazônia Oriental e pela Superintendência doSistema Penal (Susipe), envolvendo detentos em regime semi-aberto, que estão aprendendo técnicas de criação de búfalos lei-teiros, inseminação artificial e industrialização do leite.

A parceria foi oficializada em 1998, e a Embrapa cedeu, emregime de comodato, 30 matrizes e um reprodutor. À Susipe coubedevolver à instituição de pesquisa, anualmente, cinco fêmeas. Além daoportunidade de profissionalização, Amaury Bendahan, engenheiroagrônomo da Colônia, enumera outros resultados. "É visível a mudançano comportamento dos detentos que interagem com os animais. Estão

Besouro ajuda pecuaristas'I os pecuaristas .vão ter acesso mais fácil

ao controle biológico da mosca-dos-chifres, que ataca o rebanho nacional. AEmbrapa Cerrados (Planaltina-DF) firmou

parceria com a Fort Dodge Saúde Animal para produção e dis-tribuição do besouro Digitonthophagus gazella, mais conhecidocomo "rola-bosta", que combate a praga.

A mosca-dos-chifres mede cerca de 3 milímetros, mas causagrandes estragos à pecuária ~o atacar o gado dia e noite. Irritado,o animal perde peso e diminui a produção de leite, deixando até dese alimentar. Segundo a pesquisadora Thelma Saueressig, um ani-mal infestado com até 500 moscas pode perder mais de dois litrosde sangue por ano e até 40 quilos de peso. O ataque das moscas-dos-chifres diminui a libido do touro e provoca uma redução em até15% na taxa de prenhez.

O rola-bosta destrói o habitat da mosca ao se alimentar dasfezes do gado e depois enterrar suas sobras. Isso impede o desen-volvimento dos parasitas, eliminando a população das moscas em40% e também das verminoses. Outro importante papel do besouroé a recuperação das pastagens, pois, ao enterrar as fezes do gado,evita a perda de nitrogênio por evaporação.Além disso, auxilia na rebrota do capim,aumenta a capacidade de suporte daspastagens e faz a aeração do solo,proporcionando economia nos gastoscom adubos e produtos químicos.

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mais calmos, passam a ter responsabilidades, como alimentação,inseminação e ordenha, o que aumenta a auto-estima deles", afirma.

Durante o Simpósio de Búfalos da América, os prêmios de primeiroe segundo lugares foram conquistados por duas búfalas da colônia. Apróxima fase do projeto é a instalação de uma fábrica de laticíniosque elaborará derivados do leite produzido pelos detentos.

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Embrapa prepara-se para avaliar segurança de alimentos geneticamente modificados

A Embrapa já está se preparando para realizar seus primeiros testes

de segurança alimentar de produtos transgênicos. Em 2003 serão feitas

as primeiras análises com o feijão resistente ao vírus causador do mosaico

dourado. Em setembro o ministro da Agricultura, Pecuária e Abasteci­

mento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, inaugurou as novas instalações

dos laboratórios da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Guaratiba-RJl.

As obras são resultado de um investimento de R$ 1,2 milhão.

A oferta de alimentos derivados de plantas geneticamente modifi­

cadas, geradas com a utilização de técnicas de biotecnologia, implica

a comprovação de que estes alimentos não oferecem riscos à saúde de

animais e seres humanos e ao meio ambiente. "A Embrapa Agroindús­

tria de Alimentos vem se preparando para realizar estudos de avaliação

de segurança destes alimentos desde 1998, quando decidiu pioneira­

mente buscar o credenciamento nas Boas Práticas de Laboratório

(BPU e no ISO 17.025, em normas internacionais para laboratórios e

análises", explica a chefe-geral da Unidade, Marília Regini Nutti.

A pertinência da busca do credenciamento foi confirmada pelas

recomendações do Primeiro Simpósio Brasileiro de Segurança de

Alimentos Derivados de Plantas Geneticamente Modificadas, realiza­

do no Rio de Janeiro, em setembro de 2002, encaminhadas ao

Governo Federal. Tais recomendações explicitaram que os estudos na

área devem ser realizados em laboratórios credenciados e destacaram

que o Brasil deve estimular a implantação das BPL para sustentar

estudos de reconhecimento de trabalhos em organismos genetica­

mente modificados conduzidos em outros países.

Segundo Marília Nutti, a Embrapa Agroindústria de Alimentos está

implantando um sistema de qualidade para o credenciamento, dando aten­

ção também às demais exigências, como disposição de efluentes e de resí­

duos, contratação e treinamento de pessoal , documentação de procedi­

mentos operacionais de pesquisa e adequação da infra-estrutura física .

AgroC& T - NOVEMBRO DE 2002

TECNOlOGI DE PONTA

laboratório virtual é inaugurado na França O ministro da Agricultura , Pecuária e Abastecimento

inaugurou em outubro o Laboratório Virtual da Embrapa

na França, na cidade de Montpellier. A parceria no velho

mundo foi aberta quatro após a instalação do primeiro

laboratório virtual nos EUA. "A escolha da França foi

estratégica, pois existem três pólos de geração de ciência

e tecnologia no mundo: os EUA, a Europa Ocidental e o

Sul da Ásia. A França é porta de entrada para o resto da

Europa, e no Agrópolis de Montpellier encontra-se um pólo

de pesquisa e de ensino em agricultura tropical que é fator

de interesse especial para a pesquisa brasileira", explica o

pesquisador Elísio Contini, coordenador do Labex-França.

Nessa primeira fase de instalação foram selecionadas

como prioritárias as áreas de biologia avançada (biotec­

nologial, tecnologias agroalimentares e agroindustriais, e

gestão de recursos naturais. As pesquisas estão em fase

de concepção e montagem. A regra adotada foi de cada

pesquisador dividir seu tempo entre pesquisas em labo­

ratório e monitoramento de C& T nas áreas de suas espe­

cialidades. Além disso, foi adotada a estratégia de cons­

truir redes informatizadas que permitem comunicação

rápida e troca de experiências entre os pesquisadores do

Labex e os parceiros franceses.

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o PI N IAO Márcio Lopes Freitas

União de forças em benefício do produtor rural A busca pela eficiência , o aumento

da produção, a melhoria da

renda e a consolidação de um modelo

de desenvolvimento sustentável, com­

patível com a preservação do meio

ambiente, têm sido uma meta onipre­

sente da maior parte das instituições,

públicas ou privadas, que trabalham

com o produtor rural.

o Sistema Cooperativista, represen­tado por um un iverso de cerca de 5

milhões de cooperados, insere-se nesse

contexto e juntamente com a Embrapa

tem grande parcela de responsabilidade

pela melhoria da qualidade de vida da população rural brasileira.

o cooperativismo responde atual­

mente pela movimentação de cerca de

6% do Produto Interno Bruto (PIB) do

país e, 40% deste valor é comercializa­

do pelas cooperativas todos os anos. Das 7.619 cooperativas existentes hoje, 1.662 atuam no setor agrope-

tores associados em todos os estados

brasileiros. Mas além do setor agrope­

cuário, o cooperativismo também está

presente em outras áreas, entre elas a

educação, a infra-estrutura, a saúde e

o crédito. Esta última, al iás, tem sido

outra arma imprescindível para a sus­

tentação do agronegócio , pois as co­

operativas de crédito rural têm garan­

tido o necessário apoio financeiro

para a atividade.

Os números sinalizam a importân­

cia do Sistema Cooperat ivista, e

traduzem o melhor caminho para se

atingir o desenvolvimento econômico de uma forma socialmente justa. E

adquirem maior importância ainda com

a nova responsabilidade diante do

Termo de Cooperação recentemente

assinado entre a Organização das

Cooperativas Brasileiras (OCB), o

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e a Embrapa. Este é um dos primeiros passos do

cuário, congregando 875 mil produ- processo de reestruturação do sistema.

I 22

A aliança estratégica vai permitir maior integração entre as

instituições em projetos de desenvolvimento, transferência de tecnologias e informações

A aliança estratégica vai permitir

maior integração entre as instituições em projetos de desenvolvimento, trans­

ferência de tecnologias e informações e, ainda, beneficiar imediatamente os

produtores rurais organizados em

cooperativas.

A união de forças entre o coopera­

tivismo e a nossa maior empresa de pesquisa também vai permitir que te-

A união de forças entre o cooperativismo e a nossa

maior empresa de pesquisa também vai permitir que tenhamos um raio-x do quadro de profissionais

que atua na área de assistência técnica

das cooperativas

nhamos um raio-x do quadro de profis­sionais que atua na área de assistên­

cia técnica das cooperativas . O traba l­

ho será o primeiro fruto da al iança e vai permitir o fortalecimento do sis­

tema de transferência de tecnologia,

aumentando desta forma a eficiência do agricultor.

Márcio Lopes de Freitas é presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).

AgroC&T - NOVEMBRO DE 2002

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Assessoria de Comunicação Social Parque Estação Biológica - PqEB s/n' Edifício Sede - Plano Piloto 70770-901 - Brasília, DF Fone (61) 448-4207 - Fax (61) 347-4860 Email: [email protected]

Embrapa Acre Rodovia BR- 364, km 14 - Cx. Posta l 321 CEP 69908-970 - Rio Branco, AC Fone (68) 212-3200

Embrapa Agrobiologia Rodovia BR 465, km 47 - Cx. Postal 74.505 CEP 23851-970 - Seropéd ica, RJ Fone (21) 2682-1500

Embrapa Agroindústria de Alimentos Av. das Américas n' 29.501 - Guaratiba CEP 23020-470 - Rio de Janeiro, RJ Fone (21) 2410-7400

Embrapa Agroindústria Tropical Rua Dra. Sara Mesquita, 2.270 - Bairro Pici CEP 60511-ll0 - Fortaleza, CE Fone (85) 299-1 800

Embrapa Agropecuária Oeste Rodovia BR 163, km 253,6 - Cx. Postal 661 CEP 79804-970 - Dourados, MS Fone (67) 425-5122

Embrapa Algodão Rua Oswaldo Cruz,1.l43 - Centenário CEP 58107-720 - Campina Grande, PB Fone (83) 341-3608

Embrapa Amapá Rod. Juscelino Kubitschek, km 5 - Cx. Postal 10 CEP 68903-000 - Macapá, AP Fone (96) 241-1551

Embrapa Amazônia Ocidental Rodovia AM- 010, km 29, Est. Manaus/ltacoatiara Cx. Postal 319 - CEP 690ll-970 - Manaus, AM Fone (92) 621-0300

Embrapa Amazônia Oriental Trav. Dr. Enéas Pinheiro sln' Bairro do Marco CEP 66095-100 - Belém, PA Fone (91) 276-6333

Embrapa Arroz e Feijão Rod. Goiânia a Nova Veneza - km 12 - Cx. Posta l 179 CEP 75375-000 - Santo Antônio de Goiás, GO Fone (62) 533-2ll0

Embrapa Café Parque Estação Biológica - PqEB s/n, Edifício Sede Fone (61) 448-4378

Embrapa Caprinos Estrada Sobra l - Groaíras, km 4 (Fazenda Três Lagoas) Cx. Postal - D-lO - CEP 620ll-970 - Sobral, CE Fone (88) 677-7000

Embrapa Cerrados BR 020, km 18, (Brasília/Fortaleza) CEP 73301-970 - Planaltina, DF Fone (61) 388-9898

ENDEREÇOS

Embrapa Clima Temperado Rodovia BR 392, km 78 - Cx. Postal 40 CEP 96001-970 - Pelotas, RS Fone (53) 275 8100

Embrapa Florestas Estrada da Ribeira, km III - Cx. Postal CEP 834ll- 000 - Colombo, PR Fone (41) 666-1313

Embrapa Gado de Corte Rodovia BR 262, km 4 - Cx. Postal 154 CEP 79002-970 - Campo Grande, MS Fone (67) 368-2000

Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom CEP 36038-330 - Juiz de Fora , MG Fone (32) 3249-4700

Embrapa Hortaliças Rodovia BR 060, km 09 (Brasília-Goiânia Cx. Postal 218 - Fazenda Tamanduá CEP 70359-970 - Brasília, DF Fone (61) 385-9000

Embrapa Infonmação Tecnológica Parque Estação Biológica - s/n - Plano Pil, CEP 70770-901 - Brasília, DF Fone (61) 448-4162

Embrapa Infonmática Agropecuária Cidade Universitária Zeferino Vaz Campus da Universidade Estadual de Caml Unicamp - Bairro de Barão Geraldo - Caix: CEP 13083-970 - Campinas, SP Fone (19) 3789-5700

Embrapa Instrumentação Agropecuária Rua XV de Novembro, 1452 - Centro CEP 13561-160 - São Carlos, SP Fone (16) 274-2477

Embrapa Mandioca e Fruticultura Rua Embrapa, sln - CEP 44380-000 Cruz das Almas, BA Fone (75) 621-8000

Embrapa Meio Ambiente Rodovia SP 340, km 127,5 - Cx. Postal 69 Bairro Tanquinho Velho - CEP 13820-000 Jaguariúna, SP . Fone (19) 3867-8700

Embrapa Meio-Norte Av. Duque de Caxias, 5.650, Bairro Buenos Aires Cx. Postal 001 - CEP 64006-220 - Teresina, PI Fone (86) 225-ll41

Embrapa Milho e Sorgo Rodovia MG 424, km 65 - Cx. Postal 151 CEP 35701-970 - Sete Lagoas, MG Fone (31) 3779-1000

Embrapa Monitoramento por Satélite

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA

DATA DE DEVOLUÇÃO

Warta - CEP 86001-970 - Londrina, PR Fone (43) 371-6000

Embrapa Solos Rua Jardim Botânico, 1024 - CEP 22460-000 Rio de Janeiro, RJ Fone (21) 2274-4999

Embrapa Suínos e Aves Rod. BR 153, km llO, Vila Tamanduá Cx. Postal 21 - CEP 89700-000 - Concórdia, SC Fone (49) 442-8555

Embrapa Tabuleiros Costeiros Av. Beira Mar, 3.250 - Cx. Postal 44 CEP 49025-040 - Aracaju, SE Fone (79) 226-1300

Embrapa Transferência de Tecnologia Parque Estação Biológica - PqEB s/n Edifício Sede - Térreo - Plano Piloto CEP 70770-901 - Brasília, DF Fone (61) 448-4522

Embrapa Trigo Rodovia BR- 285, km 174 - Cx. Postal 451 CEP 99001-970 - Passo Fundo, RS

Av. Dr. Júlio Soares de Arruda, 803 - Parque São Quirino CEP13088-300 - Campinas, SP

Fone (54) 3ll-3444

Fone (19) 3256-6030 Embrapa Uva e Vinho Rua Livramento, 515 - CEP 95700-000 Bento Gonçalves, RS Fone (54) 451-2144

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