keynes e a nova economia

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Economy & Finance


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Page 1: Keynes e a Nova Economia

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Campus Praia Vermelha

Relações Internacionais - 1° Período (Noturno)

Disciplina: Introdução à Economia

Gabriel Resende Miranda

Gabriela Coelho Pastura

Jean Luiz Mesquita De Farias

Matheus Barcellos Soares Brandão

Michelle Cortes Batista Barra Mansa

Mônica Fernanda Pacheco Mendonça

Quezia De Souza Silva

Rangel Rodrigues De Amorim

Samuel Vieira Campos

Thayna Rodrigues Aguiar De Almeida

Professora: Karla Inez Leitão Lundgren

Rio de Janeiro (RJ)

Novembro - 2015

Keynes e a Nova Economia

Page 2: Keynes e a Nova Economia

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...............................................................................................................3

1. MACROECONOMIA E MICROECONOMIA .......................................................3

2. PROBLEMAS DA ECONOMIA AGREGADA .......................................................4

3. EMPREGO E DESEMPREGO .................................................................................6

4. INFLAÇÃO .................................................................................................................8

5. PERSPECTIVAS ANTIGAS ...................................................................................11

6. LEI DE SAY................................................................................................................12

7. BIOGRAFIA DE JOHN KEYNES ..........................................................................13

8. ANÁLISE KENESIANA ..........................................................................................14

9. CONTROVÉRSIAS ..................................................................................................18

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................19

REFERÊNCIAS ............................................................................................................19

Page 3: Keynes e a Nova Economia

3

INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho é fruto de uma pesquisa bibliográfica sobre o capítulo 6 “Keynes

e a nova economia” do livro “Introdução à Macroeconomia” de Richard T. Gill, que reúne

questões sobre macroeconomia e microeconomia, a nova economia e o enfoque nos

problemas de forma agregada, de acordo com as teorias de John Maynard Keynes. Nele

estão contidas informações sobre as questões da inflação nos Estados Unidos, emprego e

desemprego, Lei de Say, biografia de Keynes e por fim, a análise Keynesiana, que é o

conjunto de ideias que propõem a intervenção estatal na vida econômica com o objetivo

de a conduzir a um regime de pleno emprego.

1. MACROECONOMIA E MICROECONOMIA

Até o começo de 1930, o que existia era a análise Econômica, ou teoria econômica. A

partir desse período é que se fez a divisão entre macroeconomia e microeconomia.

A macroeconomia estuda a economia em geral analisando a determinação e o

comportamento dos grandes agregados como renda e produtos, níveis de preços, emprego

e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio.

Possui algumas metas, como: aumentar o nível de empregos, estabilizar os preços,

distribuir renda, crescimento da economia e solucionar conflitos de objetivos. A estrutura

macroeconômica se compõe de cinco mercados:

Mercado de Bens e Serviços: Determina o nível de produção agregada bem como o

nível de preços.

Mercado de Trabalho: Admite a existência de um tipo de mão-de-obra independente

de características, determinando a taxa de salários e o nível de emprego.

Mercado Monetário: Analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo Banco

Central que determina a taxa de juros.

Mercado de Títulos: Analisa os agentes econômicos superavitários que possuem um

nível de gastos inferior a sua renda e deficitários que possuem gastos superiores ao seu

nível de renda.

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Mercado de Divisas: Depende das exportações e de entradas de capitais financeiros

determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro.

A microeconomia ou teoria dos preços analisa a formação de preços no mercado, isto

é, como a empresa e o consumidor se interagem e decidem o preço e a quantidade de um

produto ou serviço. Estuda o funcionamento da oferta e da demanda (procura) na

formação do preço e se preocupa em explicar como é fixado o preço e seus fatores de

produção. Divide-se em:

Teoria do Consumidor: Estuda a preferência do consumidor analisando seu

comportamento, suas escolhas, as restrições quanto a valores e a demanda de mercado.

Teoria de Empresa: Estuda a reunião do capital e do trabalho de uma empresa a fim de

produzir produtos conforme a demanda do mercado e a oferta dos consumidores

dispostos a consumi-los.

Teoria da Produção: Estuda o processo de transformação da matéria-prima adquirida

pela empresa em produtos específicos para a venda no mercado. A teoria da produção

se refere os serviços como transportes, atividades financeiras, comércio e outros.

Podemos concluir então que a microeconomia apresenta uma visão microscópica dos

fenômenos econômicos, e a macroeconomia uma óptica telescópica desses fenômenos.

Fazendo analogia com o estudo de uma floresta, pode-se afirmar que a microeconomia

estudaria as espécies vegetais que a compõem, até chegar ao todo, enquanto a

macroeconomia partiria da floresta como um todo, não se preocupando em distinguir seus

elementos. Por isso, a microeconomia se preocupa com o preço e a quantidade ofertada e

demandada de cada produto, como arroz, feijão, amendoim etc. (que corresponderia, em

nossa analogia, a cada uma das árvores da floresta), enquanto a macroeconomia se

preocupa com o nível do produto e com o índice geral dos preços de toda a economia.

2. PROBLEMAS DA ECONOMIA AGREGADA

A economia agregada é a moderna análise macroeconômica, já apresentada como uma

visão geral da economia.

Page 5: Keynes e a Nova Economia

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Afirma-se que é uma análise moderna pois, antes do século XX, os economistas não

direcionavam sua atenção aos aspectos gerais da economia, alegando que se a economia

de mercado encontrasse algum problema, ele seria resolvido a curto prazo. Por

conseguinte, também pode-se chamar a Economia Agregada de "nova Economia".

Esse termo atingiu uma ampla utilização na década de sessenta, quando o governo dos

Estados Unidos realizou diversas políticas fiscais e monetárias devido à guerra do Vietnã.

Porém, a fonte dessa frase é ainda mais antiga para os economistas. Em 1947, Seymour

Harris, de Harvard, editou um livro chamado "Nova Economia". No entanto, esse ainda

não seria o princípio do termo, já que o livro de Harris foi dedicado à análise e estudo da

teoria de um dos mais famosos economistas do século XX: John Maynard Keynes.

Portanto, finalmente, pode-se dizer que a expressão "Nova Economia" tem por origem o

livro "Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda", uma das principais obras de

Keynes.

Devido a sua inovação ao enxergar os problemas macroeconômicos, bem como Adam

Smith e Karl Marx, Keynes participou do pequeno grupo de economista que, com suas

obras e estudos, influenciaram não só diversos outros economistas, mas também atos de

estadistas e vida de nações.

Essa nova visão dos problemas da macroeconomia que motivou o nascimento da "nova

Economia", consiste no ato de desvincular o olhar das questões econômicas como algo

individual, isolado. Macroeconomistas ignoram as distinções entre os diferentes tipos de

bens, firmas e mercados que existem na economia. Ao invés disso, focam nos totais que

causam grande impacto na economia nacional. Principalmente no PIB, a taxa de

desemprego e a taxa de inflação, que são variáveis que permitem medir o desempenho na

economia em geral.

Dessa forma, os problemas macroeconômicos dizem respeito a questões como: É

possível uma nação, algumas vezes, defrontar-se com condições que os negócios em geral

estão fracassando e que o povo em geral está sem trabalho? Ou então, em um ângulo mais

positivo: Há ocasiões em que todo mundo tem trabalho, com uma grande procura de mão-

de-obra, em que os preços, lucros e salários estão todos altos?

Esse enfoque nos problemas de forma agregada ganham uma grande importância na

nova abordagem macroeconômica, principalmente porque não acredita-se mais que essas

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situações sempre resolvam-se automaticamente. Desse modo, é evidente a relevância do

estudo da economia como um todo.

3. EMPREGO E DESEMPREGO

O funcionamento efetivo da economia depende do casamento de configurações da

política econômica, que estão sujeitas a modificações, ao longo da história, como John

Maynard Keynes mostrou ao trazer à luz a Teoria Geral (criada pelo mesmo), que não

refuta totalmente os preceitos da Teoria Clássica da economia, mas, com base neles,

apresenta uma perspectiva diferente sobre problemas inerentes ao capitalismo e sobre

como lidar com os mesmos.

Entre os problemas da Macroeconomia está o desemprego, que é provocado pela falta

de uma procura efetiva, num período de incerteza, em que se conjugam a obstinação a

elevadas taxas de juros e a desconfiança do mundo dos negócios, juntamente com a

ineficácia da política monetária. No decorrer da história, alguns países enfrentaram esse

problema, que apareceu como consequência de grandes e duras crises, e alguns se

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basearam na política de laissez faire, acreditando na regulação automática do mercado, o

que foi contestado pelo economista Keynes. A existência de um princípio válido que

garantisse a regulação automática do sistema econômico – gerando, desse modo,

coordenação dos mecanismos econômicos – tem a sua irrelevância constatada quando um

desmedido desemprego afetou a Inglaterra na década de 1920 (o que se pode perceber

pelo gráfico apresentado na página anterior).

Frente à Europa emergente da Primeira Guerra Mundial – que estava econômica e

socialmente desorganizada –, o laissez faire, segundo Keynes, aparece como resultado do

processo de involução da civilização contemporânea, já que, ao contrário do que uma

política econômica liberal admite, a utilização de medidas de intervenção seria inevitável,

tendo em vista o lento processo de ajuste de equilíbrio do mercado, que acarretaria o

crescimento do desemprego.

No mundo capitalista, as decisões dos agentes econômicos são inevitavelmente

tomadas na base de expectativas sobre o futuro econômico em condições de incerteza;

logo, a instabilidade do capitalismo reside na variabilidade da taxa de investimento, o que

provoca, em última instância, a variabilidade do nível de emprego. Isso, porque, com a

queda ou ausência de investimentos, não há aumento da produção e, consequentemente,

não há geração de empregos. Esse era o cenário econômico da Europa e dos EUA, por

exemplo, no período da Grande Depressão, o de instabilidade e desconfiança, que ilustrou

o colapso de uma velha ordem econômica que se baseava em concorrência desenfreada,

mercados desimpedidos, especulação, direitos de propriedade e uma excessiva busca pelo

lucro. Tais relações podem ser observadas através do gráfico localizado na próxima

página sobre o desemprego nos EUA.

Ao confrontar a ideia clássica de que o volume de emprego era determinado pelo

salário monetário, Keynes defende que existem forças superiores a este salário capazes

de incidirem influência sobre a oferta de emprego, assim como também há forças que

atuam sobre o salário monetário de forma a definir qualquer variação do mesmo. Essas

forças são contratos e negociações feitos entre empresários e trabalhadores acerca dos

seus salários reais, que asseguram que não haja queda de empregos em decorrência de

alterações salariais. Tais agentes, atrelados aos incentivos a investimentos, manutenção

da estabilidade econômica e da taxa de juros inferior à eficiência marginal do capital,

aumento da produtividade marginal do trabalho, diminuição da desutilidade do trabalho

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e aumento dos bens não-salariais em relação aos bem salariais, elevam as taxas de

emprego.

4. INFLAÇÃO

Assim como ocorre em questões referentes ao emprego e ao desemprego de um modo

geral, a inflação também se caracteriza por ser um dos objetos de estudo da

Macroeconomia. Ao se analisar muitos países em desenvolvimento, a inflação pode ser

observada como um fenômeno frequente na economia nacional, provocando variações

absurdas nos preços do mercado interno de forma mensal, semanal e até mesmo diária.

Por outro lado, quando se tem em mãos dados econômicos de países já desenvolvidos,

observa-se que a inflação não é um fenômeno tão alarmante, com consequências sendo

notadas apenas quando se compara o desempenho dessa economia com sua própria

performance nos anos subsequentes.

A inflação pode ser definida como o aumento contínuo e generalizado do nível dos

preços. É contínuo pois os problemas inflacionários necessitam atuar por um período

significativo para que suas consequências sejam notadas na economia como um todo. É

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generalizado pois tal aumento não atinge apenas um setor específico, já que se remete a

todos de modo geral. E seus reflexos são sentidos no nível dos preços pois, apesar de

alguns produtos permutarem seus valores de modo mais expressivo que outros, todos eles

seguem a essa tendência global de aumento.

Para compreender melhor tal conceito, basta se imaginar dentro da seguinte situação-

problema: uma pessoa se encaminha para uma loja de departamentos às vésperas do Dia

das Crianças com o intuito de comprar algo para seu filho; ao chegar, dirige-se ao setor

de artigos infantis e nota que todos os preços ali aumentaram; decepcionada, a pessoa

desiste do presente e passa em outros setores a fim de ver se algo se encaixaria em seu

orçamento corrente; durante essa breve olhada, ela nota que nenhum dos outros setores

da loja estavam com preços tão modificados quanto os que ela usualmente está

acostumada a ver. Analisando esse exemplo, conclui-se que o que ocorrera com os

produtos infantis não se classifica como inflação, já que não se trata nem de uma situação

generalizada (os outros produtos da loja não sofreram aumentos em seus preços) nem de

uma situação contínua (visto que esses artigos para crianças encareceram devido ao

aumento da procura provocado pela data comemorativa próxima).

Uma outra forma de analisar a inflação é partindo do princípio de que, como os preços

dos produtos afetados por esse problema aumentam, a mesma quantidade de dinheiro não

é capaz de comprar a mesma quantidade de produtos em todos os momentos da história

econômica de um determinado país. Assim, definir-se a inflação como a perda do valor

do dinheiro com o decorrer do tempo também se apresenta como uma proposta válida.

A causa da inflação (se é que há a possibilidade de se apontar apenas uma) é justamente

o que motiva boa parte dos teóricos dedicados ao estudo da Macroeconomia. Todavia,

apesar de tal subjetividade, é possível apontar algumas delas como sendo as mais comuns

dentro de quaisquer perspectivas, como: a influência do aumento da quantidade de moeda

em circulação, o aumento expressivo da demanda de produtos em um nível geral e o

aumento nos custos dos produtos e serviços de característica fornecedora (onde os

empresários se veriam pressionados pelo encarecimento em se produzir tal coisa e

“transfeririam” essa dívida para o consumidor).

A inflação pode ser medida e sentida de diversas formas. A maneira mais comum de

se “enxergar” a inflação de um determinado país é através do Índice de Inflação

(Inflation Rate), que exibe apenas a média percentual do aumento geral dos preços dentro

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de uma economia por um determinado período. Porém, o ICP - Índice de Preços do

Consumidor (CPI - Consumer Price Index) também é um modelo de gráfico bastante

utilizado. Ele mostra como o preço de uma determinada cesta básica com uma quantidade

X de produtos ou o valor de uma quantidade Y de alguma moeda varia ao longo do tempo,

fixando um momento do gráfico como um ponto de comparação. Abaixo, tem-se como

exemplo o ICP dos Estados Unidos¹ durante o período de 1800 a 2005, tendo como fixo

o valor de U$ 100,00 durante os anos de 1982 a 1984:

Nota-se pelo gráfico que antes da Segunda Guerra Mundial o índice de incidência da

inflação na economia dos EUA ocorria de maneira contínua e quase não mutável (exceto

em períodos de guerra). Após, o país vive em um aumento constante de preços de seus

bens e serviços.

A instabilidade nos preços de uma determinada economia é capaz de provocar sérios

impactos no desenvolvimento de um país (claro que ambos fatores estão correlacionados).

Um exemplo muito claro disso foi o que ocorreu na Alemanha na década de 1920. Após

a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) e a assinatura do Tratado de Versalhes (em

1919), a Alemanha sofreu com a perda de territórios, poderio bélico e colônias de

exploração, além de estar arrasada pelas consequências da guerra. Tudo isso se refletiu

diretamente na economia local que passou a atingir o status de hiperinflação, com a perda

descomunal do valor que a moeda corrente na época tinha. Abaixo, o gráfico explicita o

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total descompasso entre o valor de uma determinada quantidade de ouro com sua

representatividade em Marcos:

5. PERSPECTIVAS ANTIGAS

A nova economia abrange a teoria de Keynes. Para compreensão de tal, precisamos

realizar um retrocesso histórico e conhecer a escola clássica, que propulsionou esses

novos estudos. Com Smith, Mill, Stuart, Ricardo e Malthus como principais expoentes

esta vertente buscava a divisão da produtividade do trabalho, as inovações técnicas e a

crescente acumulação do excedente econômico.

Na economia clássica se analisava o problema do desemprego como algo que seria

resolvido por uma economia de mercado a curto prazo. Para os economistas desta visão,

existiam razões sistemáticas para a solução desse problema e caberia a Jean Baptiste Say

(1767-1832), economista francês explicita-las.

Com forte base em David Ricardo, cujos estudos eram baseados na noção de valor e

na noção de riqueza e Thomas Robert Malthus, que dizia que o crescimento populacional

poderia superar a produção alimentícia o que tornaria necessário o controle da natalidade,

Say acreditava que enquanto o mercado continuasse produzindo e o consumidor

comprando, não haveria desemprego.

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6. LEIS DE SAY

John Maynard Say e David Ricardo, assim como muitos economistas do século XIX,

achavam que tinham bons argumentos em defesa da Lei de Say. São eles:

1. A moeda detém um papel secundário na economia: De acordo com Say, dentro da

complexidade econômica, a moeda é neutra. Ele diz que a moeda existe apenas para

viabilizar trocas entre agentes econômicos e que não influencia na economia real. Ele

achava que é preciso olhar não para a moeda, mas para os produtos – batatas, ferro,

madeira, trigo, etc – e que assim não nos decepcionaríamos com mudanças monetárias.

Na verdade, ele queria dizer que produtos são trocados por produtos: os indivíduos

oferecem no mercado o seus produtos e serviços com o fim de adquirir outros produtos.

2. Oferta adicional cria procura adicional: Segundo eles, na economia real (que não é

a monetária), quando um emprego é dado para produzir um bem, não apenas a oferta

desse bem aumenta, como também a demanda de bens distintos cresce. Dessa forma,

não pode existir nenhum fenômeno parecido com a superprodução geral ou com o

desemprego geral. Em outras palavras, Say diz que para produzir, as firmas oferecem

uma remuneração (monetária) aos fatores de produção (trabalho, terra, etc), e que essa

renda será gasta integralmente na obtenção do conjunto de todas as mercadorias

oferecidas pela economia. Portanto, demanda equivale ao consumo somado ao

investimento.

Por mais de um século esses argumentos convenceram a maioria dos economistas de

que não era necessário se preocupar com os problemas macroeconômicos do emprego.

Porém, alguns economistas não se convenceram dessas ideias e tentaram modificar essa

dinâmica, introduzindo novas ideias.

Thomas Robert Malthus viu a possibilidade de haver um “excesso universal” de bens

introduzidos na economia e que isso poderia resultar num desemprego generalizado. Ele

tentou debater seus argumentos com o seu amigo David Ricardo, mas os seus argumentos

eram fracos e foram superados por Ricardo. Marx também não se convenceu. Ele disse

que o desemprego se dava por conta da substituição da mão-de-obra por máquinas. Marx

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falou ainda que o sistema capitalista iria produzir uma quantidade tão grande de bens que

a própria estrutura econômica não conseguiria absorver tudo, contribuindo para crises e

depressões.

Entretanto, todos esses pensadores apenas arranharam essa parte da análise econômica.

Um economista sueco chamado Knut Wicksell teve uma participação importante nessa

análise, assim como outros economistas suecos. Mas foi Keynes o verdadeiro responsável

pela abertura desse caminho e pelo golpe último no pensamento Clássico.

7. BIOGRAFIA DE JOHN KEYNES

John Maynard Keynes, filho de intelectuais britânicos, o economista e empresário John

Maynard Keynes, nasceu em 5 de junho de 1883, na cidade de Cambridge, Inglaterra.

Estudou no Colégio Eton, tradicionalmente frequentado pelos aristocratas, onde se

destacou em matemática. Aos 19 anos, Keynes passou a estudar na Universidade de

Cambridge, onde teve aula com o respeitado economista Alfred Marshall.

Em 1906, tendo concluído seus estudos em Cambridge, Keynes tornou-se funcionário

público do Ministério dos Negócios das Índias, função que exerceu na Ásia por dois anos.

Insatisfeito com o cargo retornou logo para a academia, onde se dedicou a estudar as

teorias econômicas ortodoxas, tornando-se especialista nos princípios econômicos de

Marshall, sendo este o tema da sua Dissertação a Teoria da Probabilidade.

Ainda em 1908, tornou-se professor da Universidade de Cambridge, cargo que ocupou

até 1915.

A partir de 1916, época da Primeira Guerra Mundial, exerceu diversos cargos no

Tesouro Britânico. Em 1919, foi encarregado de chefiar a delegação britânica na

Conferência de Paz, em Paris. Descontente com as condições econômicas impostas à

Alemanha nessa ocasião pediu seu afastamento do cargo.

Para justificar seu posicionamento, publicou ainda em 1919, seu primeiro livro: The

Economic Consequeces of the Peace (As Consequências Econômicas da Paz), obra com

a qual ganhou notoriedade nas nações capitalistas.

Na década de 1920 permaneceu afastado dos cargos oficiais, período no qual acentuou

sua insatisfação com a política de deflação adotada pelo governo e com os

encaminhamentos propostos pela econômica clássica.

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Diante do desemprego em massa que assolava as economias capitalistas, Keynes

afastou-se da economia ortodoxa, representada pela “Lei de Say”. Passou então a analisar

a necessidade de intervenção do Estado no mercado, gerando dessa forma “demanda para

garantir os níveis elevados de emprego”.

Em 1925, casou-se com Lydia Lopokova, famosa bailarina russa. Em 1930, publica A

Treatise on Money (O Tratado Sobre a Moeda).

Sua obra mais importante, “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, foi

publicada em 1936.

Em 1937, Keynes sofreu um enfarte. Mesmo sem se restabelecer por completo,

retornou ao trabalho no Tesouro Britânico, sendo que em 1944 representou a Inglaterra

na Conferência de Bretton Woods, conferência na qual se originou o Fundo Monetário

Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Pouco antes de adoecer e falecer, Keynes entrou

em conflito com os membros do organismo que ajudou a criar, o então nascente FMI.

A teoria de John Maynard Keynes, que se baseia na intervenção do Estado foi colocada

em prática após o fim da II Guerra Mundial, como uma opção para a recuperação dos

países devastados pela guerra. Essa corrente é conhecida como Welfare State (Estado de

Bem-Estar Social) ou ainda como Keynesianismo.

O Estado de Bem-Estar Social, ou o Estado Keynesiano, reinou até o fim dos anos 60,

quando, em meio à instabilidade econômica e inflação, passou a ser substituída por um

modelo diferente de liberalismo, ou neoliberalismo, que prega o mínimo de intervenção

do Estado no mercado, ou seja, o Estado mínimo.

John Maynard Keynes faleceu em 21 de abril de 1946, vítima de um ataque cardíaco.

8. ANÁLISE KEYNESIANA

Keynes foi um pensador notável de sua época, tendo sido professor, homem de

negócios, administrador de faculdades, alto funcionário do governo e um dos maiores

economistas de sua geração. Esse autor é o pai da macroeconomia, com suas teorias

inicialmente abstratas e profundamente teóricas, ele ofereceria uma nova versão de

parâmetros sobre a relação oferta e demanda, assim como, se aprofundaria em questões

universais como a diplomacia e até a relação da guerra na economia. Keynes conseguiu

interligar todos os fatores microeconômicos em uma grande sistema, a qual seria

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responsável pela riqueza ou pobreza, assim como também pela igualdade e desigualdade

social, portanto esse autor será um dos grandes visionários do século XX, sendo o

primeiro a detectar problemas acerca da política estadunidense, como também falhas no

pensamento de Misses e de outros economistas, assim como ofereceu uma explicação de

como um Estado em meio ao caos poderia criar medidas para solucionar uma grave crise

financeira, dessa forma, os pensamentos de Keynes são refutados até os dias atuais, bem

como os que discordam também usam sua teoria para explicar problemas econômicos.

Keynes iniciará sua explicação afirmando que a demanda não é infinita, assim como

pensavam a maioria dos economistas, como também, que o aumento da oferta não irá

gerar um mercado consumidor capaz de absorver esses produtos, portanto um aumento

sem precedentes da oferta sem a existência de uma demanda capaz de suprir, ocasionaria

uma queda de preços na tentativa de vender esses produtos, consequentemente se esses

produtos não fossem absorvidos, eles não seriam mais comprado das fábricas, diminuindo

assim o lucro dos grandes empresários, que por sua vez iriam cortar gastos afim de não

terem prejuízos ocasionando desemprego, esses desempregados só consumiriam o

essencial, gerando esse grande ciclo que culminaria com a falência da fábrica e

desemprego em massa.

O exemplo demonstrado, visa oferecer as eventuais consequências de uma política

econômica voltada para a oferta sem preocupação com a demanda, fato pela qual Keynes

criticará duramente, assim como, defenderia um equilíbrio da taxa de juros pelo governo,

o que impediria vultuosos empréstimos para a iniciativa privada, que investiria no

aumento de sua produtividade sem ter um mercado consumidor capaz de absorver esses

produtos.

O autor mencionaria cinco grandes características sobre seu trabalho, tendo como base

o seu livro mais famoso: “ A teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, ele deixaria

exposto suas ideias desde a importância do lastro da moeda, explicando vantagens e

desvantagens acerca da valorização e desvalorização monetária até como o governo

poderia regular o mercado afins de gerar desenvolvimento setores, além de conciliar

questões como emprego e renda, controlando problemas como a inflação e a deflação,

impedindo grandes variações no mercado e possíveis crises financeiras ocasionadas pelo

desequilíbrio entre os diversos fatores que constituem a macroeconomia.

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1. Keynes daria ênfase em problemas globais como foi o caso da I e II Guerra Mundial e

seus possíveis efeito na economia mundial. Questões como o Produto Interno Bruto

(PIB), Produto Nacional Bruto (PNB), renda per capita, nível de emprego e renda,

nível de preço bem como outras abrangências. Desse modo, através de uma

Microanálise poderíamos sintetizar as razões de determinados dados, bem como os

porquês da diferença econômica de alguns países para outros, assim como cada Nação

poderia adotar um estilo próprio que suprisse as suas carências macroeconômicas e

pudesse se reformular para se desenvolver e concomitantemente viesse a se integrar

na macroeconomia mundial.

2. Keynes destacava a impossibilidade da teoria resultante das Leis de Say, a qual sugeria

criar uma oferta invariavelmente a demanda, ou seja, quanto mais se produzisse mais

se venderia, a teoria de demanda de infinita, portanto existiria uma política voltada

somente a produção e não ao consumo, e quando essa política se esgotasse, poderia

encontrar sub refúgio exportando para outros mercados consumidores, um dos fatores

pela qual o Imperialismo invadiu tantos países. Dessa forma, Keynes falaria sobre

oferta e procura agregada, e como a procura global, em cada economia poderia ser

variável em relação a oferta agregada.

3. Keynes também discursará acerca sobre a relação emprego e economia, de como seria

possível o país ter uma boa produção tendo um alto nível de desemprego. O nível de

emprego está diretamente ligado a quantidade da demanda, caso seja baixa, as

empresas diminuirão sua produção, assim como o número de empregados,

condicionando sua produção ao nível da demanda ela poderá regular os preços.

Contudo, caso haja um aumento da demanda global, isso pode interferir diretamente

no aumento da oferta, a qual só seria possível com o aumento da produtividade, o que

geraria ao aumento no número de postos de trabalho. Portanto, nem sempre seria

possível conciliar crescimento econômico com o pleno emprego, e também uma

poderia subsistir sem a outra, desse modo, Keynes reafirma a sua crítica as

consequências das leis de Say, a qual o aumento da oferta geraria um aumento da

demanda, consequentemente necessitaria de um aumento na produtividade, o que

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ocasionaria o aumento da taxa de emprego, levando a alcançar as taxas de pleno

emprego.

4. O autor buscou restituir à moeda o papel fundamental, refutando que a moeda não era

um simples instrumento de câmbio. Uma característica é sua Liquidez, ela é usada

como meio de troca, desse modo, todo elemento tem uma liquidez, seja ele maior ou

menor, entretanto é completamente inseguro o valor de uma moeda na hora de uma

troca, não é possível afirmar exatamente quanto será o câmbio entre moedas, só é

possível ter alguns indicadores.

Por causa disso, ela possuía certos valores especiais, podendo variar de valor, afetando

sua liquidez, pois com uma determinada moeda e em determinada quantidade é

possível comprar mais ou menos, assim como sua respectiva desvalorização ou

valorização seria possível frear ou incentivar o consumo, resumindo o intercâmbio

entre determinadas moedas pode gerar benefícios comerciais, isso é o que torna mais

atraente comprar de países com moeda de valor mais baixo, pois o dinheiro renderia

mais, assim como concorrer no mercado internacional contra um país possuidor de

uma moeda desvalorizada em relação a sua, isso incentivaria o comprador a se

interessar pela oferta que valorizasse mais o seu dinheiro (Explicando assim a política

cambial chinesa de desvalorização de sua moeda).

Essa diferença entre de valores se chama Lastro, fator pela qual faz uma mesma moeda

ter mais valor em determinadas épocas e lugares, obviamente possuindo influência

direta de questões como inflação, deflação, situação econômica e política adotada pelo

Estado.

5. Keynes também afirmava em sua teoria a necessidade de uma participação do Estado

na reformulação da economia, pois segundo ele, nem sempre a economia de mercado

seria capaz de manter os índices de emprego aos níveis desejados, principalmente o

pleno emprego, já que o Laissez Faire tinha como objetivo a busca pelo lucro, e isso

poderia significar visar a exportação ao invés do mercado interno, consequentemente

a despreocupação com o valor do produto em seu território, mas sim em outros lugares.

Logo, é necessário a intervenção Estatal afim de inovar ou gerar emprego com o intuito

de manter o equilíbrio econômico. Um exemplo da aplicação do conceito Keynesiano

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de regulação estatal na economia seria a nação da Coréia do Sul, que privatizou todas

as empresas de logística ao mesmo tempo que estatizou todos os bancos do seu país,

assim a inovação seria da iniciativa privada, entretanto o capital seria do Estado Sul

Coreano, com essa medida, essa nação visava regular a economia e tornar as empresas

parceiras e não inimigas dos interesses nacionais, após cinco grandes planos

quinquenais a Coréia do Sul deixou de ser um exportador de manufaturas e se tornou

uma exportadora de produtos de alto valor agregado, configurando-se como uma das

economias mais seguras do mundo.

Dessa forma, é possível perceber que a intervenção tem como objetivo fazer prevalecer

os interesses do povo de uma determinada nação, inviabilizando políticas empresariais

que visem o lucro desenfreado com o consequente empobrecimento nacional ou com

possíveis prejuízos ao Estado, buscando assim conciliar os níveis de emprego e de

renda.

9. CONTROVÉRSIAS

Existem dois ângulos opostos em torno da controvérsia sobre o trabalho de John

Maynard Keynes. O primeiro, que acabou se tornando uma forma muito extremada de

crítica sobre seu trabalho é a acusação de Keynes ter atacado o sistema capitalista, assim

como Karl Marx o tinha feito 75 anos antes. Na verdade, as abordagens desses dois

economistas sobre o capitalismo foram bem diferentes, podendo se dizer que Keynes está

mais próximo de ter criado uma alternativa para o marxismo. Marx argumentava que o

capitalismo tinha doenças inevitáveis e fatais que só poderiam ser eliminadas com a

demolição de todo o sistema, já Keynes argumentava que os traços básicos do sistema

poderiam ser mantidos e o que os problemas seriam eliminados com as modificações do

próprio sistema. A economia mista surgiu naturalmente da análise keynesiana, onde a

economia pode funcionar através das modificações dos problemas, mas é um anátema

para os marxistas, que acreditam que as coisas precisam andar erradas e que o único

remédio é a revolução.

Dada a importância de pesquisa feita em torno do trabalho de Keynes, existem largos

campos de discussão com vários argumentos de suas conclusões. Mas, podemos enumerar

algumas das principais críticas:

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1. A teoria de Keynes se interessa pelos problemas a curto prazo e se localiza num mundo

de concorrência pura, onde não aparecem as estruturas de mercado, apresentadas na

vida real pelas modernas sociedades anônimas.

2. A teoria baseia-se em generalizações “psicológicas” um tanto toscas, inadequadas às

complexidades do comportamento econômico.

3. A teoria não reconhece algumas das dificuldades inerentes à aplicação das despesas

do governo, dos tributos e das políticas monetárias na solução do desemprego.

Dito isso, chegamos a uma conclusão que não oferece dúvidas: a teoria de Keynes teve

um enorme impacto sobre o desenvolvimento do estudo da Economia nos últimos trinta

anos e influenciou a chamada “economia mista” atual da maioria dos países ocidentais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as informações colocadas acima, podemos concluir que Keynes

propunha uma nova organização político-econômica que defendia o Estado como agente

indispensável na economia. Assim, Keynes colocava em cheque as ideias do livre

mercado, argumentando que a economia não é autorregulada. Não dizia, no entanto, que

o Estado deveria controlar plena e amplamente a economia, mas que o Estado tinha o

dever de conceder benefícios sociais para que a população tivesse um padrão mínimo de

vida.

REFERÊNCIAS

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6 - Keynes e a nova Economia.

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São Paulo: Nova Cultura, 1985.

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global. Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2035>. Acesso em: 27

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Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/economia/macroeconomia.htm>. Acesso

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SLIDESHARE. A Macroeconomia Keynesiana.

Disponível em: <http://pt.slideshare.net/xleosx/economia-aula-7-a-macroeconomia-

keynesiana>. Acesso em: 29 nov. 2015.

ECONOMIA.NET. Introdução à Macroeconomia.

Disponível em: <http://www.economiabr.net/economia/1_macroeconomia.html>.

Acesso em: 29 nov. 2015.