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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA LINHA DE PESQUISA: ESTUDO DO AMBIENTE URBANO E RURAL KELLY STEFANNY DINIZ DE LIMA Alterações dos parâmetros climáticos no município de Apodi-RN, antes e após a construção da barragem Santa Cruz do Apodi, e formação do lago. Orientador: Prof. Dr. Elias Nunes Mestrado em Geografia NATAL-RN 2007

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Page 1: KELLY STEFANNY DINIZ DE LIMA Alterações dos ... Geógrafo e Climatologista professor Dr. Edson Cabral, da PUC-São Paulo, pelo fornecimento do precioso material inerente à pesquisa;

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA LINHA DE PESQUISA: ESTUDO DO AMBIENTE URBANO E RURAL

KELLY STEFANNY DINIZ DE LIMA

Alterações dos parâmetros climáticos no município de Apodi-RN, antes e após a construção da barragem Santa

Cruz do Apodi, e formação do lago.

Orientador: Prof. Dr. Elias Nunes

Mestrado em Geografia

NATAL-RN2007

Page 2: KELLY STEFANNY DINIZ DE LIMA Alterações dos ... Geógrafo e Climatologista professor Dr. Edson Cabral, da PUC-São Paulo, pelo fornecimento do precioso material inerente à pesquisa;

KELLY STEFANNY DINIZ DE LIMA

Alterações dos parâmetros climáticos no município de Apodi-RN, antes e após a construção da barragem Santa

Cruz do Apodi, e formação do lago.

Dissertação de Mestrado apresentada, como requisito à obtenção do título de Mestre em Geografia, ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, área de concentração –Estudo do meio ambiente urbano e rural, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Prof. Dr. Elias Nunes.

NATAL-RN

2007

Page 3: KELLY STEFANNY DINIZ DE LIMA Alterações dos ... Geógrafo e Climatologista professor Dr. Edson Cabral, da PUC-São Paulo, pelo fornecimento do precioso material inerente à pesquisa;

KELLY STEFANNY DINIZ DE LIMA

Alterações dos parâmetros climáticos no município de Apodi-RN, antes e após a construção da barragem Santa

Cruz do Apodi, e formação do lago.

Dissertação de Mestrado apresentada, como requisito à obtenção do título de Mestre em Geografia, ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, área de concentração –Estudo do meio ambiente urbano e rural, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Prof. Dr. Elias Nunes.

APROVADA EM: __/__/__

BANCA EXAMINADORA

Orientador: Prof. Dr. Elias Nunes – UFRN

Examinador Externo: Prof. Dr. Edson Cabral – PUC/SP

Examinador Interno: Prof. Dr. Flavo Elano Soares de Souza – UFRN (CERES-Caicó)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, nosso criador e mediador em toda nossa trajetória de vida..

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte;

Ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes;

Ao Departamento de Geografia pelos ensinamentos, aprendizado e construção do

conhecimento Geográfico, em especial, aos professores: Socorro Martim, Cleonice

Souza, Edna Furtado, Liana Nobre, Cestaro e Orgival Nóbrega;

Ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia;

Ao amigo e meteorologista Ueliton Pinheiro da EMPARN;

A secretária da Pós-Graduação em Geografia, Rosali;

Ao Geógrafo e Climatologista professor Dr. Edson Cabral, da PUC-São Paulo, pelo

fornecimento do precioso material inerente à pesquisa;

Aos amigos Geógrafos: Luís Antonio, Jane Roberta, Lidyanne Kaline, Gustavo Szilagi,

Valdemberg Santos, Aglene Arruda, Francisco Assis (Francisquinho), Flávia Silvia,

Marcelo Lima, Roberto Alonso, Anna Paola e Pedro Junior.

Aos amigos da Estação Climatológica do Departamento de Geografia: Sávio Prado,

Clodoaldo Rego e Paulo Sales;

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A amiga, irmã de coração e excepcional Geógrafa, Andréa Melo, pelo apoio e estímulos

constantes, e principalmente, pela prestatividade nos momentos mais difíceis e

estressantes no decorrer da pesquisa.

A Hilda Azevedo, Irmã, amiga e exemplo de determinação na minha vida.

A estimada prima Myria Jousy dos Santos pelo apoio e palavras sábias, sempre.

As mais novas amigas Cleane Silva, Angelia Gomes e Farah Diba.

A PROGEL – Projetos Geológicos Ltda pela oportunidade de aprendizado profissional

junto a esta equipe fabulosa: Paulo Coelho, Gutemberg Dias, Andréa Melo, Sérgio

Coelho, Blake Charles e Elisangella.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para esta pesquisa.

E a toda minha família...

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Sertão

Vertiginoso deserto,

De pedra, muitas pedras,

De ouro, prata e rubi,

De muitas pedras preciosas.

Este sertão é teu centro,

É tua esfera.

Serras de muros abertos

Em todos os tempos.

Por cima Almatéia se avista,

Olhar azul e douradas pestanas

Transporta nos chifres

Frutos em polpa.

O mel sai das locas, das rocas,

De secos raios dos galhos.

O ipê amarela nas encostas dos montes,

Para conforto das cabras de Pan

Brota o pasto ao pé das serras.

(Francisco Ivan, 2004).

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LISTA DE TABELAS Pág.

TABELA 1 Análise de regressão para a temperatura

TABELA 2 Análise do Teste – T para a temperatura

TABELA 3 Estimativa do modelo de Regressão

TABELA 4 Análise do Teste t para a umidade relativa

TABELA 5 Análise de regressão para a precipitação

TABELA 6 Análise do teste t para a precipitação

TABELA 7 Descrição Estatística das variáveis

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LISTA DE ABREVIATURAS

ASAS Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul

ARM Armazenamento de água no solo

CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

DEF Deficiência Hídrica

EP Evapotranspiração Potencial

ER Evapotranspiração Real

EXC Excedente Hídrico

Ia Índice de Aridez

Ih Índice de Umidade

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEMA Instituto de Defesa do Meio Ambiente

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

MM Média Mensal

NEB Nordeste Brasileiro

P Precipitação

PETROBRAS Empresa de Petróleo Brasileiro S.A

SEMAH Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos hídricos do Rio

Grande do Norte

TMC Temperatura Média Compensada

UMC Umidade Média Compensada

UMM Umidade Média Mensal

VCAS Vórtice Ciclônico de Ar Superior

ZCIT Zona de Convergência Intertropical

WE Onda de Leste

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INTRODUÇÃO

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Lima, Kelly S. Diniz de. Análise dos parâmetros climáticos : temperatura do ar, umidade relativa do ar e Precipitação pluviométrica em Apodi/RN, após a construção da barragem Santa

Cruz do Apodi.

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INTRODUÇÃO

O meio ambiente sempre foi modificado pelo homem a partir de suas

necessidades, pois a “história da humanidade é a história da adaptação do

homem e de sua sociedade às condições do ambiente físico-natural terrestre; é

também a história da transformação destes pelas atividades humanas”,

(MENDONÇA, 2002). Suas atitudes para com a Terra e suas reações ao

ambiente têm variado através do tempo e ainda variam entre regiões e

culturas. (DREW, 1998).

Na antiguidade as civilizações transformaram o seu meio para suprir a

necessidade da alimentação, tornando, portanto, a agricultura, sua mais

importante atividade, e desta maneira, viam a natureza como sinônimo de

Deus, onde ela deveria ser temida, respeitada e aplacada (DREW, 1998). No

mundo “moderno” ou ocidental, as abordagens para a mudança ambiental

oscilam desde se pode ser feito, faça-se até a filosofia da “volta à natureza”,

pois a idéia da natureza como um inimigo a ser combatido e subjugado

permanece como parte de nossas concepções econômicas e cientificas, pois o

progresso equivale, neste sentido, ao controle da natureza e do mundo atual de

onde o homem possa se beneficiar materialmente (DREW, 1998).

A Revolução Industrial foi o marco no qual essas transformações ao

ambiente se tornaram mais intensas, sejam elas relacionadas à evolução

tecnológica das máquinas que requereram da natureza mais matérias-primas,

ou a urbanização das cidades com sua expansão da mancha urbana. Ambas

as atividades tem proporcionado modificações ao meio natural de forma que

algumas conseqüências se fazem sentir no momento; a titulo de

exemplificação, a retirada da vegetação de um determinado lugar, tornando a

área vulnerável à erosão pluvial. A longo prazo, evidenciam-se como

conseqüências, elevação da temperatura do ar, susceptibilidade de uma área

ao processo de desertificação, precipitações torrenciais, elevação da

temperatura do mar bem como de sua superfície, o aquecimento global dentre

outros. A nível local também ocorrem conseqüências das transformações

ambientais, como a formação de ilhas de calor nos centros urbanos,

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Lima, Kelly S. Diniz de. Análise dos parâmetros climáticos : temperatura do ar, umidade relativa do ar e Precipitação pluviométrica em Apodi/RN, após a construção da barragem Santa

Cruz do Apodi.

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salinização dos solos em áreas semi-áridas, efeito estufa nas cidades e a

inversão térmica.

Nesse contexto, a pesquisa enquadra-se na análise de transformações

ocorridas numa microrregião da Chapada do Apodi, a qual está inserida no

semi-árido brasileiro, e este por sua vez, abrange 6,83% do território nacional,

o equivalente a 73.683.649 há: constituído por um bioma único no país, a

Caatinga. Apesar de estar localizada em área de clima semi-árido, apresenta

grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo. A

ocorrência de secas estacionais e periódicas estabelece regimes intermitentes

aos rios e deixa a vegetação sem folhas. A folhagem das plantas volta a brotar

e fica verde nos curtos períodos de chuvas (IBAMA, 2007).

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Minerais Renováveis (IBAMA) (2007),

A caatinga tem sido ocupada desde os tempos do Brasil Colônia com o regime de sesmarias e sistema de capitanias hereditárias, por meio de doações de terras, criando-se condições para a concentração fundiária. De acordo com o IBGE, 27 milhões de pessoas vivem atualmente no polígono das secas. A extração de madeira, a monocultura da cana-de-açúcar e a pecuária nas grandes propriedades (latifúndios) deram origem a exploração econômica. Na região da caatinga, ainda é praticada a agricultura de sequeiro.

Outro elemento relevante na região semi-árida brasileira é a construção

das barragens, objetivando armazenar as chuvas caídas em curto espaço de

tempo que tendem a evaporar com facilidade, bem como proporcionar melhoria

na atividade agrícola (irrigada). A presença desse corpo d’água artificial

modifica a paisagem assim como altera a microfauna, microbiota e o

microclima. Em Apodi, a oeste do Rio Grande do Norte, no ano de 2002 foi

finalizada a Barragem Santa Cruz do Apodi, distante 18 km do centro municipal

que tem como objetivo proporcionar água à população Apodiense e de

municípios vizinhos, e também, contribuir para a agricultura – atividade

predominante na região – por meio da irrigação.

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Cruz do Apodi.

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Objetivos

Objetivo Geral

A pesquisa tem por objeto de estudo geral, avaliar as mudanças

microclimáticas e ambientais no município de Apodi em virtude da construção

da barragem Santa Cruz do Apodi.

Objetivos Específicos

Avaliar a variação dos elementos climatológicos umidade relativa do ar,

da temperatura e precipitação pluviométrica para o período de 1995 a

2005, representando o antes e o após a construção da barragem Santa

Cruz de Apodi.

Analisar o balanço hídrico da região entre os anos de 1995 e 2005 por

meio do método de Thornthwaite (1948) que contabiliza a

disponibilidade de água no solo;

Hipótese

A construção da barragem de Santa Cruz pode ter ocasionado várias

alterações microclimáticas no município de Apodi.

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Cruz do Apodi.

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Justificativa

Os últimos anos vêm sendo foco de atenção e estudos devido às

possíveis mudanças e fenômenos ocorridos no meio ambiente, em

conseqüência de suas mudanças naturais associadas à interferência das ações

antrópicas, que tem, segundo alguns pesquisadores, contribuído para sua

aceleração. Essas alterações podem ser observadas em várias escalas –

globais, regionais ou locais, sejam elas por intermédio da variabilidade térmica,

como nos centros urbanos a partir da formação de núcleos de calor

diferenciados (Ilhas de Calor), o aquecimento das águas dos oceanos,

provocando variabilidades pluviométricas regionais ou continentais, ou mesmo

em camadas superiores da atmosfera como a intensificação do Efeito Estufa.

De acordo com o Relatório do Intergovernmental Panel on Climate

Change – IPCC 2007, essas mudanças climáticas já são visíveis no mundo

atual. No Brasil, a titulo de exemplificação, esse relatório identifica as regiões

Amazônica e Nordeste como passíveis a elevações termais em torno de 3°C

seguidas por altos totais pluviométricos, para a primeira região; e secas mais

severas para o interior nordestino acelerando o processo de desertificação. De

acordo com Jardim (2001), torna-se louvável pesquisar tal temática porque

“qualquer alteração na superfície do terreno, interface solo-atmosfera,

acarretam mudanças nas trocas verticais de radiação e horizontais na

circulação dos ventos”.

O município de Apodi foi escolhido como objeto de estudo a partir de

uma pesquisa desenvolvida na mesma região onde foi observada a elevação

da umidade relativa do ar, e atribui-se a hipótese de tal elevação à presença da

barragem Santa Cruz do Apodi, localizada a 18 km da sede municipal.

Dessa maneira, entendemos que a pesquisa contribuirá para o

conhecimento da climatologia do semi-árido, assim como para a temática

microclimatológica, especialmente por investigar as supostas modificações na

umidade do ar, a partir da inserção de um espelho d’água no entorno da

cidade do Apodi – a barragem Santa Cruz do Apodi -, bem como auxiliará

futuras pesquisas no que se refere a possível conseqüência e correlação entre

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Cruz do Apodi.

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o aumento dessa variável associada às condições de saúde municipais e ao

manejo da produção agrícola, uma vez que esta atividade desempenha

relevância na economia apodiense. Essas modificações podem vir a

proporcionar, segundo Ometto (1981), o aparecimento de insetos, aracnídeos,

bactérias e fungos.

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Capítulo 1 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

O Rio Grande do Norte possui superfície de 53.015 km2, apresenta posição

geográfica: 4º e 7º paralelos Sul; e 34º e 49º meridianos Oeste. Esta posição

espacial o individualiza dos demais estados nordestinos, especialmente por ocorrer

a mudança de direção do litoral brasileiro, que apresenta a maior projeção do país

no atlântico, onde a América do Sul mais se aproxima do continente africano

(BORGES, 1983).

No contexto potiguar, Apodi dista 310 km da capital Natal e localiza-se entre as

coordenadas geográficas – 05° 39’ 01”, latitude sul; e 37° 47’ 56” longitude oeste,

situando-se na região ocidental do Rio Grande do Norte e limitando-se a oeste com

o estado do Ceará, Severiano Melo e Itaú. Seu limite meridional com os municípios

Umarizal, Itaú e Severiano Melo; no setor setentrional com Governador Dix-Sept

Rosado, o estado do Ceará e Felipe Guerra, e a leste os municípios de Caraúbas e

Felipe Guerra (Mapa 1).

Fonte: Base cartográfica do IBGE, modificado pela autora. Mapa 1 – Mapa político do Rio Grande do Norte destacando o município de Apodi.

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O município de Apodi foi criado em 11 de abril de 1833 através da resolução

promovida pelo Conselho Geral da Província, desmembrando-se de Porto Alegre, e

em 5 de março de 1887, pela Lei 988, recebe foros de cidade. (MORAIS 1998). A

origem do nome Apodi deriva da palavra Podi ou Poti em homenagem ao Pajé da

tribo paiacu. Essa nomenclatura tornou-se oficial pelo ouvidor Cristóvão Soares

Reimão em março de 1706 (CASCUDO, 1968).

Apodi Possui uma área de 1.549,40 km², equivalente a 2,92% da superfície

estadual, onde está distribuída uma população estimada, de acordo com o IBGE em

novembro (2007), de 34.632 habitantes, representando o 12° lugar em número de

habitantes. Sua área rural contém 2.453 imóveis, espalhados por 94 comunidades. A

altitude média é de 67m (IDEMA, 2003).

Segundo Pacheco e Baumann (2006), além das divisões políticas e regionais

estabelecidas pelo IBGE para Apodi, há também a divisão espacial interna do

município identificada pela tradição local: Região da Chapada, localizada no setor

setentrional, estimada em 8 mil km², área mais elevada chegando a atingir 200m

(Fotografia 1). Nesta área são extraídas as principais riquezas minerais – petróleo,

gás natural e o calcário; nela está presente o Lajedo de Soledade, Formação

calcária de 140 milhões de anos, originada ainda quando os continentes africano e

sul-americano estavam associados; Região das Pedras, sul do município,

constituída por seixos, lajedos e serrotes. Nessa área localiza-se a barragem Santa

Cruz do Apodi e parte dos açudes existentes; Região do Vale situada ao leste e

conhecida também como Região da Várzea, por constituir-se de aluviões; e a

Região da Areia, localizada a oeste. Constituída por tabuleiros arenosos e

vegetação rasteira. Nesta área destacam-se as culturas do feijão, milho, arroz,

algodão e do caju.

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Foto: LIMA, Jul/2006. Fotografia 1 - Paisagem da “subida da Serra” em Apodi, RN.

1.1 Aspectos Climáticos

Apodi está centrada na região semi-árida potiguar, ausente da influência

direta das brisas marítimas e dos alísios úmidos oriundos do Atlântico Leste em

virtude de sua continentalidade, sendo, portanto, dependente das oscilações dos

sistemas sinóticos equatoriais, como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Este sistema, no Rio Grande do Norte, possui relevante destaque quanto às

precipitações, uma vez que, é o principal dentre os sistemas atmosféricos neste

quesito. Sua atuação no estado se dá pelo litoral oriental, quando tem sua atividade

desenvolvida no Oceano Atlântico, ao sul da costa oriental, bem como pelo litoral

setentrional. Quando não ocorre sua oscilação ao hemisfério sul a região torna-se

vulnerável as Secas (SOUZA, 1985) (Imagem de Satélite 1). Para Hastenrath e

Heller apud (MELLO, 1983), essa seca ocorre devido à expansão do lado equatorial

do Anticiclone do Atlântico Sul em direção ao Equador, favorecendo o deslocamento

da ZCIT, ocorrendo dessa maneira, o contrário quando o ano é chuvoso.

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Fonte: CPTEC, INPE. Imagem de Satélite 1 – Imagem dos satélites

NOAA e Goes do dia 30/04/2007, horário sinótico 17:15Z, demonstrando atividade da Zona de Convergência Intertropical sobre o litoral do Nordeste (identificado pela seta).

A área de estudo é classificada segundo Köppen – BSs’h, semi-árido com

estação chuvosa compreendida entre o verão e o outono. Sendo um clima semi-

árido, este tende a possuir um elevado índice de evaporação conseqüente de seu

alto grau de radiação solar, contrapondo com o índice pluviométrico inferior.

De acordo com a proposta de Bagnouls e Gaussen (1962) que classifica as

regiões em domínios bioclimáticos por favorecer, através da relação entre os

elementos temperatura e precipitação, um índice que possibilita atribuir anos secos

e chuvosos (GALVANI, 2005), Apodi enquadra-se na classificação bioclimática de

4aTh, identificado por Tropical Quente de Seca Acentuada, com índice xerotérmico

entre 150 a 200, representando 7 a 8 meses secos.

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Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, o município de Apodi

apresenta índices que refletem aqueles aspectos climáticos: relacionado à

precipitação, índice total anual 920,4 mm (Gráfico 1), destacando seu quadrimestre

chuvoso no período do verão-outono (entre os meses de março e maio), período de

atuação da ZCIT e os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS). O mês que

apresenta o maior índice pluviométrico é março, com 208,1 mm; o inverso ocorre no

mês de agosto registrando 9,3mm.

Fonte: Normais Climatológicas, 1993.

Figura 7 – Distribuição pluviométrica (mm) normal anual em

Apo

50

100

150

200

250

01 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Meses

Precipitação pluviométrica em Apodi/RN

Fonte: Normais climatológicas (1961-1990), INMET, 1993.

J F M A M J J A S O N D

Gráfico 1 – Precipitação pluviométrica acumulada mensal em Apodi.

Quanto às temperaturas, estas registram seus maiores índices nos meses de

novembro e dezembro, 28,3 C. Já a menor, registra-se no mês de agosto com

23,5C, com média de 26,9 °C (Gráfico 2), oscilando entre máxima e mínima, 33,8º C

e 22,9°C. Quanto à umidade relativa do ar, de acordo com sua posição geográfica

favorável – continentalidade e baixa latitude - demonstra índice médio de 68%. Os

índices de insolação totalizam 2.700 horas de sol anuais (Gráfico 3). A evaporação

totaliza 2145,9 mm (Gráfico 4) (INMET, 1993).

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Variação da temperatua e umidade relativa do ar em Apodi/RN

0

20

40

60

80

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12meses

UR (%)

Umidade

Temperatura

J F M A M J J A S O N D

Fonte: Normais climatológicas (1961-1990), INMET, 1993.

Gráfico 2 – Variação normal anual da temperatura do ar e umidade relativa, em Apodi/RN.

Insolação anual em Apodi/RN

050

100150200250300

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Meses

(h/s

ol)

J F M A M J J A S O N D

Fonte: Normais Climatológicas (1961-1990), INMET, 1993. Gráfico 3 – Valores mensais (totais) da insolação em Apodi/RN.

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Fonte: Normais climatológicas (1961-1990), INMET, 1993.

Gráfico 4 – Valores mensais de evaporação (mm) em Apodi/RN.

1.2 – Vegetação

A vegetação da Caatinga (do tupi-guarani, Floresta Branca) estende-se na

região nordeste brasileira por uma área de 800.000 km² nas coordenadas 02°54’ N

e 17° 21’ S, incluindo os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, a ilha de Fernando

de Noronha, a maior parte dos estados da Paraíba e Pernambuco, o sudeste do

Piauí, o oeste de Alagoas e Sergipe, a região setentrional e central da Bahia, e uma

faixa que passa pelo norte de Minas Gerais seguindo o rio São Francisco juntamente

com um enclave no vale seco do rio Jequitinhonha (TABARELLI, 2003). Para Araújo

Filho (2006) este é o único bioma genuinamente brasileiro.

A caatinga foi o primeiro bioma brasileiro a sofrer o intenso processo de

antropização trazido pela colonização, tendo seus recursos naturais explorados de

forma imediatista e não sustentável, sua água utilizada de maneira não planejada e

seu solo erodido e exaurido pelo mau uso e retirada excessiva da cobertura vegetal

original (ARAUJO FILHO, 2006).

Segundo Tabarelli (2003) quase 30 milhões de pessoas residem em áreas

que abrangem a caatinga e dependem quase que exclusivamente da biodiversidade

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da mesma. Esse bioma representa 70% da composição da região Nordeste e nele

são encontradas 932 espécies de plantas e 516 espécies de aves.

A caatinga é rica em cactáceas, bromeliáceas, eurobiáceas e leguminosas,

porém pobre em gramíneas. As espécies arbustivas e arbóreas apresentam alta

resistência à seca, em virtude de possuírem diferentes mecanismos anátomo-

fisiológico, que minimizam os efeitos da ausência da pluviosidade por ocasião das

secas estacionais e periódicas.

A resistência que essas espécies apresentam deriva da presença de xilopódios, raízes pivotantes, tuberosas e superficiais, troncos suberificados, caules suculentos clorificados, folhas modificadas em espinhos, folhas cerificadas, cutículas folheares espessas, mecanismos especiais de abertura do CO2 durante a noite, ciclo vital curto, sementes dormentes. (MENDES, 1997).

De acordo com Araújo Filho (2006) foram notificadas cerca de 8.700 espécies

botânicas da caatinga, das quais 596 espécies arbóreas e arbustivas, sendo 180

endêmicas. As famílias mais freqüentes são caesalpinaceae, mimosaceae,

euphorbiaceae, fabaceae e cataceae, destacando os gêneros Senna, Mimosae,

Pithecellobium com maior número de espécies.

Algumas outras espécies perenifólias que existem na caatinga possuem

raízes pivotantes bem desenvolvidas, as quais permitem a absorção da água em

camadas profundas do solo. (MENDES, 1997).

A cobertura vegetal da caatinga desde antes da colonização já era utilizada

como fonte de matéria-prima auxiliando nas atividades antrópicas. Até 1950 a

população sertaneja ainda utilizava-se predominantemente da caatinga para a

maioria de suas necessidades: alimentação, medicamentos, energia, vestimentas e

habitação. Hodiernamente essa atividade extrativista ainda apresenta relevância ao

sertanejo no que se refere ao óleo, cera, borracha, resina, forragem, madeira,

perfumes, fibras, frutos, fármacos e cosméticos. (MENDES, 1997).

Na área em estudo é encontrada a caatinga xerófila, que segundo Silva e

Silans (2000), possui formação vegetal lenhosa, porte baixo ou médio, raízes pouco

profundas, caducifólias, isto é, perde as folhas no período seco; apresentam

coloração acinzentada, formas de adaptação a semiaridez. Outra peculiaridade

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dessa vegetação é a rápida resposta quanto à precipitação: em curto espaço de

tempo ela torna-se exuberantemente verde.

Dentre as espécies destacam-se o mofumbo (Combretum leprosum.), jurema

(Mimosa sp), marmeleiro (Croton sp.), xique-xique (Pilosocereus gounellei)

(Fotografia 2), facheiro (Pilosocereus piauhyensis) e carnaúba (Copernícia cerifera).

Esta é predominante nas várzeas do rio Apodi-Mossoró, Fotografia 3. (IDEMA,

2003).

Foto: LIMA, Kelly. Jul/2006. Fotografia 2 – Xique-xique (Pilosocereus gounellei)encontrados na região de Apodi próximos a barragem Santa Cruz do Apodi.

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Foto: LIMA, Kelly. Jul/2006. Fotografia 3 – Carnaubeiras (Copernícea Prunifera)

localizadas às margens do rio Apodi.

1.3 Contexto geológico

Segundo Melo (2006), a região que compreende o município de Apodi está

centrada na porção emersa da Bacia Potiguar, a qual ocupa área de 22.500 km²

abrangendo partes dos territórios potiguares e cearenses, no que se refere à

plataforma continental.

De acordo com a autora, a geologia que constitui essa bacia é formada por

sedimentos quaternários, terciários e cretáceos, sendo este último disposto nas

Formações Pendências e Alagamar, do Grupo Areia Branca, Formações Açu e

Jandaíra, do Grupo Apodi, sendo constituídos por arenitos finos e grossos, argilitos e

folhelhos, rochas carbonáticas, siltiticas, entre outros.

O arcabouço estrutural da bacia (Mapa 2) é composto por quatro feições

geológicas: grábens e altos internos, associados às fases de estiramento crustal (rift)

e plataformas rasas do embasamento, e o talude, relacionados à fase da Deriva

Continental (SOARES apud MELO, 2006).

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Fonte: SOARES et al apud MELO, 2006. Modificado pela autora. Mapa 2 – Arcabouço estrutural da Bacia Potiguar destacando a área de estudo.

Quanto ao preenchimento sedimentar da Bacia (Cartograma 1), está

relacionado com as diferentes fases de sua evolução tectônica: a fase rift com a

Formação Pendências e Pescada, a fase transicional com a Formação Alagamar e a

fase da deriva continental constituída pelas sequências fluvio-marinhas

transgressivas das formações Açu e Ponta do Mel, Quebradas e Jandaíra e

regressiva da Formação Ubarana, Guamaré, Tibau e Barreiras (MELO, 2006).

Fonte: Petrobras apud Melo (2006). Cartograma 1 – Resumo geológico da Bacia Potiguar.

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Araripe e Feijó (1994) estruturam um cartograma da bacia potiguar

(Cartograma 2) agrupando as diferentes Formações em três unidades maiores,

denominadas, da base ao topo, de Grupos Areia Branca, Apodi e Agulha.

Fonte: ARARIPE E FEIJÓ,1994. Cartograma 2 – Colona estratigráfica da Bacia Potiguar.

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1.4 Geomorfologia

A feição geomorfológica apresenta-se como Chapada – superfície tabular

estrutural, em geral limitada por rebordos localmente festonados, disposta

horizontalmente (TAUCHEN, 2007) - com níveis altimétricos abaixo dos 100m em

rochas da bacia sedimentar potiguar, capeada por calcários sobrepostos a arenitos

em estruturas que mergulham na direção do litoral através de declives suaves

(SOUZA, 2006). Sua continuidade é interrompida pelo vale do rio Apodi-Mossoró

(NUNES, 2006) (Fotografia 4). Essas características propiciam à atividade agrícola.

As principais ocorrências minerais da região são o petróleo, que em 2002

possuía 35 poços produtores, o gás natural e o calcário (IDEMA, 2003).

Foto: LIMA, Kelly. Jul/ 2006. Fotografia 4 – Pequeno declive (cuesta1) demonstrando a Chapada do Apodi.

1.5 Pedologia

A partir da influência geológica os solos encontrados na área em estudo, de

acordo com Nunes (2006), são:

* Chernossolo: moderadamente raso, mal drenado, textura argilosa e

normalmente cascalhento, com pH variando de 8,0 a 8,5, características essas que

1 Cuesta – Relevo dissimétrico derivado da estrutura concordante e inclinada de uma bacia sedimentar (TAUCHEN, 2007).

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lhe permitem uma consistência úmida e plástica. São solos de origem calcárea

(Formação Jandaíra), que ocupam uma área de 2.008 km², correspondendo a 4% do

Estado do Rio Grande do Norte. A utilização agropecuária se restringe ao cultivo das

lavouras tradicionais – milho, feijão, algodão arbóreo

* Cambissolo: apresenta textura que varia entre arenosa e argilosa e

desenvolvimento de raso a profundo. São originários do Calcário Jandaíra (período

cretáceo), sendo comum a presença de fragmentos da rocha matriz em processo de

intemperização. Apresentam cores amarelas, bruno-escuro (amarronzadas),

avermelhadas e acinzentadas. Ocupa uma área de 3.893 km², equivalente a 8% dos

solos do Estado, com alta fertilidade natural. Seu pH varia entre 6,8 a 8,1. Também

possui aptidão agrícola, principalmente se irrigado, podendo ser produtivo para as

culturas de milho, feijão, mamona, algodão ou mesmo a fruticultura irrigada.

* Argissolo Vermelho-Amarelo: são solos que apresentam um horizonte B

textural (Bt), caracterizado por acumulação de argila com profundidade mediana e

classificado de forte a moderadamente drenado. Suas cores variam de acordo com

a textura, sendo: abaixo de um horizonte A ou E, cores claras e baixos teores de

matéria orgânica; apresentam-se em tons claros Seu pH varia de 5,0 a 6,5. Este solo

apresenta relativa susceptibilidade aos processos erosivos em virtude da

descontinuidade textural e estrutural ao longo do perfil.

1.6 Bacia do rio Apodi-Mossoró e barragem Santa Cruz do Apodi

1.6.1 Bacia do rio Apodi-Mossoró

A região está inserida na segunda maior bacia hidrográfica do estado

ocupando uma área de 14.271 km², correspondendo a 27% do território (Mapa 3).

Nela destaca-se o rio Apodi-Mossoró, que nasce nas proximidades da serra do

Major, na localidade chamada João Dias, município de Luiz Gomes/RN, com

afluentes, pela margem direita: Umari e do Carmo; e à esquerda, rios da Barra, do

Encanto e Coité. Possui extensão de 120 km desaguando entre os municípios de

Areia Branca e Grossos, litoral setentrional. (OLIVEIRA et al, 2000).

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No seu curso o rio Apodi é alimentado por afluentes e lagoas naturais – como

a Lagoa do Apodi (Fotografias 5 e 6), bem como por barragens construídas

objetivando o armazenamento de água, como a Santa Cruz do Apodi, segunda

maior do estado; e a barragem de Umarí situada no município de Upanema,

capacidade acumulativa de 200.000.000 m³. (SEMARH, 2006).

A bacia hidrográfica do rio Apodi-Mossoró tem como grande diversidade sua

composição geológica. À sua montante destacam-se os afloramentos geológicos do

embasamento cristalino associados ao período pré-cambriano, sendo as Formações

Seridó, Jucurutu e Equador as mais representativas. Na área que abrange o médio e

baixo cursos (jusante), constituída por sedimentos, destacam-se as Formações

Jandaíra e Açú, como as mais expressivas, relacionadas ao período cretáceo.

(OLIVEIRA et al, 2000).

A influência destas formações geológicas, segundo Oliveira et al (2000) está

refletida principalmente na qualidade da água dos poços tubulares e amazonas,

quando cavados no leito do rio Apodi, onde ocorrem afloramentos destes ou há o

confinamento do aqüífero.

Foto: LIMA, Kelly.Jan/2006. Fotografia 5 – Lagoa do Apodi vista do balneário do município.

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Foto: LIMA, Kelly.Jan/2006. Fotografia 6 – Outra vista da Lagoa do Apodi.

Segundo a SEMARH (2007) a bacia do Apodi-Mossoró possui os seguintes

reservatórios:Reservatório Município

Bonito II São Miguel

Passagem Rodolfo Fernandes

Umarí Upanema

Malhada Vermelha Severiano Melo

Riacho da Cruz II Riacho da Cruz

Apanha Peixe Caraúbas

Lucrécia Lucrécia

Brejo Olho-d'Água do Borges

Tourão Patu

Morcego Campo Grande

Santo Antônio de Caraúbas Caraúbas

Rodeador Umarizal

Encanto Encanto

Santana Rafael Fernandes

Flechas José da Penha

Santa Cruz do Apodi Apodi

25 de Março Pau dos Ferros

Pau dos Ferros Pau dos Ferros

Marcelino Vieira Marcelino Vieira

Jesus Maria José Tenente Ananias

Pilões Pilões

Fonte: SEMARH, 2007. Quadro 1 – Reservatórios pertencentes à Bacia do Apodi-Mossoró.

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1.6.2 Barragem Santa Cruz do Apodi

A barragem santa Cruz do Apodi (Fotografias 7, 8 e 9) está localizada ao sul

do município de Apodi nas coordenadas 9366,1 N e 636568 E. De acordo com a

SEMARH (2007), possui capacidade volumétrica para armazenamento de

599.712.000 m³, e atualmente, segundo a última medição (31/10), disponibiliza um

total de 454.830.600 m³, equivalente a 76%.

A construção da barragem teve início no ano de 1999, e conclusão, em 11 de

março de 2002. Seu objetivo era irrigar 9.236 hectares na Chapada do Apodi,

controlar cheias e regular a vazão do rio Apodi, servir de anteparo às águas da

transposição do rio São Francisco para a bacia do rio Apodi-Mossoró, além de

garantir o abastecimento d’água para mais de 100 mil habitantes, beneficiando 27

cidades do Alto Oeste potiguar, dentre elas Apodi, Felipe Guerra, Caraúbas e Gov.

Dix-Sept Rosado (PACHECO e BAUMANN, 2006).

Foto: LIMA, Kelly. Jan/06.Fotografia 7 – Barragem Santa Cruz do Apodi com suas comportas abertas.

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Foto: LIMA, Kelly. Jan/2006. Fotografia 8 – Barragem Santa Cruz do Apodi vista de sua parte superior.

Foto: LIMA, Kelly. Jul/2006. Fotografia 9 – Barragem de Santa Cruz do Apodi vista de sua

lateral esquerda.

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As principais características técnicas da barragem Santa Cruz do Apodi,

segundo a SEMARH (2007), são:

Bacia HidráulicaÁrea: 3.413,36 ha

Capacidade Máxima: 599.712.000,00 m³

Volume Morto: 15.872.000,00 m³

Barragem Principal Tipo: CCR(concreto compactado com rolo)

Altura Máxima: 57,50 m

Extensão do Coroamento: 460,00 m

Largura do Coroamento: 7,00 m

Bacia Hidrográfica Área: 4.264,00 km²

Precipitação Média Anual: 750,00 mm

Tomada d'água Tipo: Galeria torre montante

Descarga: 6,00 m³/s

Diâmetro: 1.000,00 cm

Comprimento: 48,00 m

Sangradouro Tipo: Vertedouro central

Descarga: 5.700,00 m³/s

Cota da Soleira: 98,50 m

Fonte: SEMARH, 2007. Quadro 2 – Características técnicas da barragem Santa Cruz do Apodi.

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Capítulo 2

REVISÃO DE LITERATURA

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Lima, Kelly S. Diniz de.

Capítulo 2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Circulação atmosférica do Nordeste Brasileiro

O clima de qualquer região é determinado em grande parte pela circulação

geral da atmosfera. Essa resulta em última instância, do aquecimento diferencial do

globo pela radiação solar, da distribuição assimétrica de oceanos e continentes e

também das características topográficas sobre os continentes (FERREIRA e

MELLO, 2005).

O Nordeste brasileiro é uma área considerada pela climatologia como área

“final” ou interseção dos sistemas atmosféricos, isto porque, há a associação da

influencia latitudinal, geomorfológica e continental. Essas características

proporcionam uma variabilidade espaço-temporal da precipitação, que decresce do

litoral oriental para o ocidente da região, refletindo índices superiores a 1200 mm no

leste, para medias de 700 mm no oeste, bem como a vulnerabilidade dessa área a

ocorrência cíclica de secas. A exceção pluviométrica ocorre no noroeste do

Maranhão onde esses índices abrangem isoietas anuais em torno de 1.500mm. Já o

sertão, 50% registra índices inferiores a 750 mm, chegando a 400 mm no Raso da

Catarina (BA/PE) e a Depressão de Patos (PB) (SILVA, et al, 1999).

Os autores discorrem sobre a temperatura do ar na região nordeste, que

apresenta baixa amplitude, a qual varia entre 5°C a 2° C, com médias entre 26 e

28°C, exceto nas áreas compreendidas pelo Planalto da Borborema que a partir da

influência dos ventos alísios e da altitude, registram índices inferiores a 20°C.

Na região nordeste está inserido o semi-árido brasileiro, que se estende por

cerca de 900 mil km² e caracteriza-se por médias pluviométricas anuais oscilando

entre 300 e 800 mm. Essa característica evidencia-se numa área que estende do

litoral norte, da foz do rio Jaguaribe (latitude 04°30’S) à Ponta dos Três Irmãos,

município de São Bento do Norte, RN, localizado na latitude 05º 10’S, avançando

pelo continente em direção ao vale do rio São Francisco até a latitude de 12ºS,

apresentando-se de forma descontínua (CONTI, 2005).

Um dos primeiros estudos relacionados à dinâmica atmosférica nordestina é

referente a Ferraz (1925), o qual constatou anomalias pluviométricas durante a

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Lima, Kelly S. Diniz de.

estação chuvosa e as associou como conseqüentes da atuação dos anticiclones

frios da alta troposfera que atingem neste período as baixas latitudes,

proporcionando instabilidade, convecção e precipitações.

Serra (1946) constatou que as precipitações nos setores - setentrionais e

centro da região nordeste brasileira são resultantes da oscilação de um sistema

oriundo de regiões equatoriais, e que as secas ocorridas derivam exatamente da

ausência desse sistema sob a região, período este que o concentra no hemisfério

norte.

Em décadas posteriores acrescentaram-se aos estudos relacionados à

gênese das precipitações no Nordeste Brasileiro (NEB) ás imagens de satélite, as

quais permitiram observar que as perturbações atmosféricas atuantes se

propagavam do oriente para o ocidente entre as latitudes 5° e 15° S, com velocidade

aproximada de 10° de longitude por dia, sendo superior a velocidade do movimento

das perturbações tropicais, isto é, 6° de longitude por dia; e que desta maneira a

pluviosidade decrescia ao adentrar na região (YAMAZAKI, 1976).

Ramos (1980) ressalta a espacialidade e a variabilidade da pluviometria no

nordeste brasileiro quando se inicia o período chuvoso na região. Em outubro, inicia

o período chuvoso na localidade situada inferior ao paralelo 12ºS, atingindo a região

de Petrolina/PE; no mês seguinte (novembro), a pluviosidade passa a registrar no

paralelo 10º; para a região do Polígono das Secas, as precipitações ocorrem de

novembro a abril, compreendendo o estado da Bahia, Oeste de Pernambuco e Sul

do Piauí; de dezembro a maio, no noroeste e norte do Piauí e oeste do Ceará; oeste

e centro do Rio Grande do Norte e Paraíba. Para a faixa litorânea oriental,

compreendida de Natal/RN a Salvador/BA, a pluviosidade é abundante no período

entre fevereiro e junho/agosto.

Carvalho Filho (1982) analisa os aspectos climáticos da região nordeste e os

resume através da espacialização dos seus elementos. Com relação à pluviosidade,

caracteriza as predominâncias convectivas e orográficas, estando concentradas num

único período (3 a 5 meses), variando as médias de uma região para outra, de 400 a

800mm, com distribuição irregular, apresentando coeficiente de variação superior a

30%; para as temperaturas, destaca as médias anuais entre 23ºC e 27ºC, variando

muito pouco de uma região a outra, e suas amplitudes térmicas diárias em torno de

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Lima, Kelly S. Diniz de.

10ºC, mensal de 5 a 10ºC; a insolação muito forte, com média anual de 2.800 h/ano;

para a umidade relativa do ar, médias em torno de 50% ao ano e, para a

evaporação, média de 2.000 mm ao ano.

Buchmann (1981), estudando a influência de fenômenos meteorológicos

extratropicais na variação climática do nordeste do Brasil, verificou a formação de

escoamentos atmosféricos, do hemisfério norte, advindos de camadas superiores

com direção nordeste e direcionados à região semi-árida principalmente nos meses

chuvosos. O autor observou também o posicionamento do centro do Anticiclone

Subtropical do Atlântico Sul nos altos níveis, que se localiza mais ao norte e mais

próximo do litoral nordestino em anos mais secos, e meridional, em anos chuvosos.

Mello (1983), analisou a circulação média do vento sobre a região nordeste

brasileira e concluiu que são visualizadas em níveis de 300 mb e 200 mb, e que por

tanto, O surgimento dessa baixa fria se deve a diminuição da intensidade dos ventos de Este e da alta troposfera sobre o oceano Atlântico Tropical, causada pela substituição desses por ventos de Oeste provenientes do hemisfério norte. Essa mudança tem início a partir do mês de outubro e, à medida que os ventos de oeste se espalham sobre o nordeste brasileiro e o Atlântico Sul Tropical, a depressão ciclônica média reaparece, inicialmente, a 200mb e depois, a 300mb.

Mello (1983) averiguou os aspectos sinóticos do nordeste do Brasil em dois

anos distintos: um seco (1970) e outro chuvoso (1977), de acordo com os totais

anuais de precipitação para os meses de março, maio e dezembro. Foram

analisadas cartas de velocidade vertical em 200mb, e divergência e umidade relativa

do ar. Além disso, para melhor explicar a natureza e característica da precipitação

observada, o feito da orografia da região foi tomado como fator decisivo na

circulação local. Os resultados obtidos evidenciaram que, durante os períodos

secos, os ventos alísios possuíam uma magnitude superior a dos períodos chuvosos

sobre a região nordeste do Brasil. No período chuvoso, a Zona de Convergência

Intertropical apresentou deslocamento meridional devido ao enfraquecimento do

deslocamento do Anticiclone Tropical do Atlântico Sul.

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Serra (1976), comenta a relevância da circulação secundária atmosférica do

nordeste brasileiro descrevendo a atuação dos ciclones derivados da Frente Polar

Pacífica, durante o verão e o outono. Segundo o autor, quando estes ciclones

alcançam o Chile e estão providos de bastante energia, seguem para a região

sudeste, até se fundirem às baixas centrais dos Mares da Bélgica ou de Weddel, em

cujos níveis superiores verificar-se-ão a transformação das massas tropicais

pacíficas em polar pacífica. E, desta forma, ao fim de cada família de ciclone

corresponde sempre ao aparecimento de um intenso anticiclone polar, cuja frente,

após ultrapassar os Andes, sofre acentuado retorno ao eixo de dilatação da frente

polar Atlântica, originando, assim, as oscilações desta última, que tende, portanto, a

ser levada para o nordeste brasileiro.

Souza (1985) completa o seguimento das oscilações da Frente Polar Atlântica

destacando que, durante seu avanço para o Equador, duas trajetórias são seguidas:

Se a massa fria tiver energia suficiente para vencer a Serra do Mar, com altitude

média de 1.500m, as descontinuidades prosseguem conservando orientação

noroeste/sudeste, e proporcionando perturbações rápidas, do tipo Frente Fria; e a

outra, quando a oscilação já na Argentina, a energia da Massa Polar não é bastante

para impulsioná-la a ultrapassar a Serra, a Frente se encurva, tornando-se paralela

à costa, com orientação sudoeste/nordeste. O anticiclone frio permanece no oceano,

limitando-a a uma altura de 2.000m. Sobre ele se estendendo o ar tropical, que

produz precipitações até a fusão final do anticiclone com o centro de ação.

De acordo com Serra (1976), quando aparece um tipo de Frente Polar

Pacífica numa configuração que o autor denomina de Poço dos Andes, rompe-se o

equilíbrio de forças até então prevalecente entre as massas de ar tropical e polar,

caracterizadas pelo sistema frontal estacionário entre o sul do Brasil e o Prata. Após

sua passagem o equilíbrio ai restaurar-se no nordeste brasileiro ocasionando chuvas

concentradas.

Markham apud Souza (1985), utilizando-se de imagens de satélites

meteorológicos, desenvolveu pesquisa associando as precipitações ocorridas no

verão e no outono, na região nordeste, com a atividade da ZCIT. Esse trabalho

resume as principais características da circulação atmosférica predominante nessa

região. Para o autor os fatores primordiais na circulação de média escala são os

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anticiclones emparelhados, semipermanentes, presentes no Atlântico Sul e Norte, e

a ZCIT, oscilando entre os dois hemisférios.

De acordo com Silva (1991), a região nordeste recebe também influência de

Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (Imagem de Satélite 2), os quais são definidos por

sistemas de baixa pressão de grande escala, formados na alta troposfera e cuja

circulação ciclonica fechada possui o centro mais frio do que sua periferia. Sua área

de origem pode ser o Oceano Atlântico ou o Oceano Pacífico, podendo desta forma,

apresentar dois tipos – Vórtice de Palmem, quando sua gênese está associada ao

cavado frio no ar superior sobre o Oceano Pacífico, que foi desligado de sua região

polar; e os de origem Tropical, formados no Atlântico Sul, resultantes da inserção de

Sistemas Frontais. Estes são formados entre as faixas 20ºW-45ºW e 0º-28,7S que

atuam sobre o nordeste, normalmente entre os meses de setembro e abril, sendo

mais freqüentes em janeiro, quando há o intenso aquecimento do continente, o qual

proporciona o desenvolvimento de um anticiclone (alta da Bolívia) e de um cavado

sobre o Atlântico Sul, implicando numa relação direta entre a intensidade do

anticiclone no continente e a formação dos Vórtices sobre o oceano. São também

facilmente identificados nas imagens de satélite no canal vapor d’água e/ou

infravermelho.

Souza et al (1998) verificou através da análise rítmica aplica aos anos de

1985,1993 e 1995 – anos classificados de acordo com esta técnica, seco, chuvoso e

habitual-, que a região semi-árida brasileira possui sua irregularidade pluviométrica

em virtude da dependência entre as massas de ar atuantes sobre o Nordeste

Brasileiro (NEB).

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Fonte: FUNCEME, 2007. Imagem de Satélite 2 – Atuação do VCAS sobre o

Outro sistema atuante e predominante no NEB é o Anticiclone Subtropical do

Atlântico s

oceano influenciando o NEB.

ul – ASAS (Imagem de Satélite 2), o qual propicia a formação de uma

área de subsidência3, ou seja, área de estabilidade atmosférica que inibe a

formação de nuvens pluviométricas significativas como as cumulus nimbus, assim

como a gênese dos ventos alísios (NIMER, 1979). Para Monteiro (1971) e Nimer

(1979) quando há ausência desse sistema, ou uma diminuição de sua atividade,

sobre o NEB o ar torna-se instável, e dessa forma, possibilita a invasão de sistemas

formadores de chuva.

3 Rebaixamento ou movimento descendente do ar, freqüentemente observado em anticiclones. Mais predominante quando o ar está mais frio e mais denso no alto. O termo é usado geralmente para indicar o oposto de convecção atmosférica (INMET,2007).

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Fonte: CPTEC, INPE, 2007. Imagem de Satélite 2 – Atuação do ASAS

NEB também sofre influência dos sistemas atmosféricos de Mesoescala –

Comp

(indicado pela seta) sobre o oceano propiciando subsidência ao NEB, e conseqüentemente, ausência de nuvens significativas.

O

lexos Convectivos de Mesoescala (CCMS) (Imagem de Satélite 3), os quais

são constituídos de nuvens formadas a partir das condições locais favoráveis como,

pressão do ar, temperatura, orografia, dentre outros, que provocam chuvas intensas

e de pouca duração, normalmente acompanhadas de fortes rajadas de vento. Os

CCMS, na região subtropical, ocorrem preferencialmente durante as estações

primavera-verão, no hemisfério sul, proporcionando um período chuvoso de ate 20

horas (SOUZA et al, 1998).

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F Image

onte: FUNCEME, 2007. m de Satélite 3 – Atividade de um CCMS sobre alguns

Relação entre os corpos d’água e a atmosfera local

O referencial que envolve a temática não é vasto, porém destacamos alguns

Shumacher e Poggian (1993) avaliaram as características microclimáticas de

estados do NEB.

2.2

trabalhos desenvolvidos correlacionando a presença de corpos d’ água à atmosfera

local, dos quais citamos:

uma floresta através de talhões das espécies Eucaliptus camadulensis, Eucaliptus

grandis e Eucaliptus torelliana, utilizando dados de temperatura coletados no interior

e no exterior da floresta, bem como a temperatura do solo, medida nas

profundidades de 5, 10 e 20 cm. Os autores concluíram que a espécie E.

camaldulensis foi a que interceptou as menores quantidades de radiação solar

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global e permitiu os maiores índices de luminosidade. Já a espécie E. torelliana foi a

que mais interceptou a radiação solar, inibindo a luminosidade no sub-bosque. E

com isso, no interior dos talhões de E. camaldulensis foram observadas as maiores

temperaturas diárias para os 10 cm do solo.

Goodland (1977) realizou um dos primeiros estudos relacionados as

consequencias de uma hidrelétrica. Verificou que para o continente africano e nas

Guianas os principais impactos repercutiram nos âmbitos ambientais e sociais.

Baxter e Glaude (1980) desenvolveram pesquisas no Canadá sobre os

efeitos ambientais que as barragens e o respectivo represamento da água

causavam, e apresentaram como resultados os principais impactos: ambientais,

físicos, sociais e econômicos.

Sanches e Fisch (2002) verificaram em sua pesquisa, atribuída a uma região

do Estado do Pará, os regimes de precipitação anterior e posterior à formação do

lago promovido pela represa do Tucuruí para analisar se a lâmina dágua e sua

interação com a floresta que a margeia proporcionou modificações no microclima

local, especificamente no que se refere à precipitação local. A metodologia utilizada

na pesquisa baseou-se em testes estatísticos – teste das diferenças das médias e o

Mann-whitney – nos totais médios mensais para os dois períodos. Com isso,

puderam concluir que houve aumento de chuvas fracas durante o período seco da

região (mês de agosto) e o retorno das chuvas típicas na região (tipo convectivas)

que sofreram antecipação do mês de novembro para outubro.

Grim (2002), desenvolveu uma série de testes estatísticos em um conjunto de

elementos climáticos junto a hidrelétrica de Itaipu analisando dois períodos

diferentes, antes e após a presença da hidrelétrica, com objetivo de verificar as

mudanças nos elementos climáticos proporcionados pela formação do espelho

d’água. O autor obteve como resultados: aumento da temperatura mínima e

diminuição da temperatura máxima no mês de agosto, e o aumento da evaporação.

Campos (1990) estudou a modificação do clima semi-árido na região da

represa da hidrelétrica de Sobradinho com base na variabilidade pluviométrica do

período de pré e pós-enchimento do seu lago, através da analise de gráficos das

normais mensais e as porcentagens dos períodos classificados como chuvosos e

secos, associando-os à atmosfera superior. O autor constatou que o lago influenciou

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no aumento médio de 13% da precipitação nas cidades ribeirinhas do lago, e que, a

precipitação aumentou em 16% no trimestre mais chuvoso da região.

Barbieri e Cavalheiro (1996) realizaram levantamentos relativos à perda da

vegetação e as compartimentações de microclimas entre ambientes impactados e

não impactados, na Ilha Comprida/SP. Amostras revelaram que as temperaturas do

ar e do solo apresentaram-se mais altas nas áreas impactadas, assim como a

umidade relativa sempre baixa, em relação comparativa aos dois espaços não

impactados; além do que, nesses espaços foram observados também grandes

variações desses parâmetros, resultados preocupantes, uma vez que esses

parâmetros apresentando tais índices representam fatores limitantes e controladores

da maioria das atividades sazonais e diárias dos animais e vegetais.

Carlini (2003) avaliou as conseqüências ocorridas no entorno de uma

barragem, construída na França, a partir de dois períodos distintos. Pôde observar

que nos primeiros dez anos, pós barragem, as encostas sofreram intenso processo

erosivo. Concluiu, também, que dentre os elementos da paisagem, a vegetação foi a

que mais respondeu a esse processo; e que, conseqüentemente, o clima local

sofrerá modificações.

Ribeiro e Cabral (2006) analisaram as alterações microclimáticas verificadas a

partir da construção da barragem do Rio Jaguari, localizada no município de

Vargem/SP, através da compilação de dados pluviométricos mensais. Esses dados

foram trabalhados por técnicas estatísticas – análise de séries temporais, em dois

períodos (1945 a 1974; e 1975 a 2002), que puderam revelar preliminarmente, o

elemento chuva sofrendo variação significativa de seus valores interanuais, com

média em torno de 1.500mm concentrados principalmente entre os meses de

outubro e março, período de maior aquecimento atmosférico. Os autores ressaltam

também a necessidade de outros estudos associando as alterações ambientais,

especialmente a climatologia, a obras de grande porte como as represas, uma vez

que o numero de pesquisas relacionadas ao assunto ainda é irrisório tal é a

dimensão e importância da temática hídrica para a sociedade em geral.

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Capítulo 3

METODOLOGIA

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Capítulo 3 METODOLOGIA

3.1 Seleção da área de Estudo e coleta de dados

O estudo foi iniciado com o levantamento dos dados relacionados aos

parâmetros climatológicos, série de dez anos (1995-2005) para a precipitação

pluviométrica, e de seis anos (2000-2005) para a temperatura do ar e umidade

relativa. Os dados foram coletados do mapa 1010 A 2da Estação Climatológica

de Apodi, localizada na comunidade de Soledade, distando 5 km em média da

sede municipal, apresentando altitude de 148m e número sinótico 82590, além

de uma distância aproximada de 23 km da barragem Santa Cruz do Apodi.

No segundo momento foi realizado levantamento de dados

populacionais, obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE; caracterização física do município por meio de anuários descritivos do

perfil dos municípios do Rio Grande do Norte, disponibilizados pelo Instituto de

Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA); dados referentes à

bacia hidrográfica do rio Apodi-Mossoró obtidos por meio da Secretaria do Meio

Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) além de fotografias registradas

durante dois momentos de campo, dezembro de 2005 e junho de 2006,

períodos definidos a partir do antagonismo astronômico (Solstício de Verão e

Inverno, respectivamente) que proporcionam, mesmo de uma forma discreta,

em virtude de sua localização geográfica (baixa latitude), variações climáticas e

fisiográficas no ambiente.

Outras fontes também foram necessárias para a elaboração de mapas

temáticos, como bibliografia que subsidie a temática em desenvolvimento;

imagens de satélite – GOES 8, dos canais infravermelho e vapor d’água em

períodos opostos, isto é, antes e após a construção da barragem Santa Cruz

do Apodi; imagens do satélite CBERS 2 para a confecção do mapa de

localização da área estudada.

3 Mapa mensal descritivo referente às leituras sinóticas diárias

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3.2 Técnicas Estatísticas

Foram utilizadas na pesquisa técnicas estatísticas com objetivo de

analisar os dados climáticos, sendo elas (FERRARI, 2004 e CAVANHA FILHO,

2007):

Desvio Padrão – Medida ou faixa de dispersão aparentemente constante

que apresenta os dados em torno da média, utilizando-se da raiz

quadrada da variância;

Coeficiente de Variação – Medida de dispersão ou efeito da variação

que analisa a comparação de distribuições distintas em relação à média.

Teste T – Permite comprovar se a diferença entre as médias é

significativa, bem como explica se essa diferença ocorre devido ao erro

amostral ou não.

Média Compensada –

Média Aritmética – Resultado da divisão entre a soma de todos os

valores pela quantidade de valores.

3.3 Balanço hídrico

A água é um elemento ímpar no que se refere à existência da vida na

Terra, seja porque é responsável e integrante dos processos meteorológicos

como a precipitação, ou pela sua importância na gênese do ciclo hidrológico.

Um dos processos integrantes desse ciclo é a evaporação, processo

físico originado da perda d’água através do solo, vegetação ou de superfícies

de água. A partir dessas observações, Thornthwaite (1948) propôs um balanço

hídrico que avaliaria a disponibilidade de água no solo, ou seja, contabilização

da precipitação perante a Evapotranspiração Potencial, considerando um valor

determinado de capacidade de armazenamento de água no solo (TUBELIS;

NASCIMENTO, 1992), e que também contribuiu para uma nova classificação

climática a partir da relação entre a evaporação e o índice de umidade (Im),

(SENTELHAS, et all, 1993).

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O conhecimento do balanço hídrico aplica-se, dentre várias questões, a

definição da magnitude e do período de ocorrência de deficiência e/ou excesso

hídricos; inferências analíticas do ciclo de desenvolvimento de uma cultura,

vislumbrando possíveis efeitos do fator água sobre a expressão do rendimento

de interesse econômico e a adoção de práticas conservacionistas, objetivando

o controle de erosão hídrica (CUNHA, 1999), o que para a área de estudo

torna-se relevante, tendo em vista que a agropecuária é a principal atividade

econômica.

Segundo Vianello e Alves (2004), torna-se indispensável os conceitos de

evapotranspiração potencial, (ETP), e de evapotranspiração real, (ETR). “ETP

é a quantidade d’água evapotranspirada na unidade de tempo por uma cultura

verde, de pequeno porte, cobrindo completamente o solo, de altura uniforme e

não submetida a qualquer restrição d’água” (PENMAN apud VIANELLO;

ALVES, 2004).

Quanto a Evapotranspiração Real, segundo os mesmos autores, está

conceituada de acordo com as condições prevalecentes do tempo

meteorológico, isto é “à medida que o solo vai secando, a perda d’água pelo

processo de evapotranspiração irá ocorrer abaixo da sua taxa potencial”.

Os conceitos de Deficiência (DEF) e Excedente hídrico (EXC) também

se fazem necessários no desenvolvimento do balanço hídrico: o Excedente (s),

diferença entre a precipitação e a evapotranspiração potencial, quando o solo

atinge sua capacidade máxima de retenção de água; e a Deficiência (d)

contabiliza a diferença entre a evapotranspiração potencial (ETP) e a real

(ETR) (COUTO, 1998)

A equação apresentada por Thornthwaite (1948) para estimar a

evapotranspiração potencial é:

EP = 1,6 ( 10 T / I ) a (1)

Onde, EP é a evapotranspiração potencial (cm), para um mês de 30

dias; T é a temperatura média mensal (°C), I é um índice térmico anual e “a” é

uma constante que varia de local para local.

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Para calcular o I:

(2)

O cálculo para estimar o “a” se dá a partir da equação:

a = 6,75 x 10 – 7 I 3 – 7,71 x 10 -5 I 2 – 1,792 x 10 -2 I - 0,49239. (3)

Quanto aos índices de Umidade (Im) e de Aridez (Ia), utilizam-se as

seguintes equações:

Im = I h – 0,6 I a (4)

I a = 100 S/a (5)

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Capítulo 5

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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Capítulo 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A análise preliminar dos dados adquiridos durante o desenvolvimento desta

pesquisa nos permite inferir que a hipótese inicial levantada parece se confirmar, ou

seja, a construção da barragem Santa Cruz do Apodi, parece estar influenciando

diretamente numa alteração microclimatica no que concerne à circulação atmosférica

local, especialmente no parâmetro – umidade do ar. De acordo com análises

estatísticas essa variável foi a que mais se aproximou de uma possível tendência de

elevação, uma vez que, o modelo de regressão identificou índice de 5,6%

representando a não rejeição de uma série estacionária.

Os índices pluviométricos apresentaram-se em torno da normal climatológica,

representando estatisticamente que esta série temporal é estacionária. O ano exceção

foi 2004 que registrou índice 25% acima da média anual. Neste ano, segundo Xavier

(2005), Braga e Braga (2005) houve a interação da Zona de Convergência Intertropical

com o Vórtice Ciclonico de Ar Superior, proporcionando, inclusive índices pluviométricos

superiores às normais para grande parte da Região Nordeste.

Com relação à temperatura do ar, pôde ser observado que durante o período

estudado, a mesma comportou-se com variação em torno da normal, isto é, a série se

comporta de forma estácionária, exceto o ano de 2005, que registrou média de 27,9Cº.

Os índices de aridez nos permitiram verificar e analisar a variação entre 0, 25,

registrado nos anos de 1997 e 1998, classificados, portanto, como semi-árido, e 0, 63,

maior índice registrado no ano de 2004, ano atípico conforme ressaltado anteriormente,

classificado como de clima sub-úmido seco.

Quanto ao balanço hídrico foi possível observar a quantificação da água, isto é,

inferir sobre o ritmo de entrada e saída dágua no sistema solo-atmosfera em Apodi para

dois períodos pré-estabelecidos – antes e após a construção da barragem Santa Cruz

do Apodi, uma vez que nosso objeto de estudo é a microclimatologia da região. Dessa

maneira, constatamos a predominância do déficit hídrico especialmente entre os meses

de julho a janeiro, período de estiagem; um excedente ocorrente entre os meses de

maio e junho, conseqüente do período chuvoso; e uma reposição hídrica antecedendo

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e precedendo este período, chuvoso, ou seja, compreendendo os meses de fevereiro a

junho.

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REFERÊNCIAS

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