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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UnU DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS CURSO DE LETRAS LEITURA DOS JOVENS: A MARGINALIZAÇÃO DOS BEST-SELLERS NA ESCOLA KELLY FERREIRA DOS SANTOS ANÁPOLIS 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UnU DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS

CURSO DE LETRAS

LEITURA DOS JOVENS: A MARGINALIZAÇÃO DOS BEST-SELLERS

NA ESCOLA

KELLY FERREIRA DOS SANTOS

ANÁPOLIS

2009

KELLY FERREIRA DOS SANTOS

LEITURA DOS JOVENS: A MARGINALIZAÇÃO DOS BEST-SELLERS

NA ESCOLA

Artigo apresentado como exigência da disciplina

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Curso de

Letras da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Orientador: Prof. Ms. Marcelo Silva Pericoli

ANÁPOLIS

2009

KELLY FERREIRA DOS SANTOS

LEITURA DOS JOVENS: A MARGINALIZAÇÃO DOS BEST-SELLERS

NA ESCOLA

BANCA EXAMINADORA

___________________________

Marcelo Silva Pericoli

Mestre, Universidade Estadual de Goiás - UEG

___________________________

Virgínia Paiva Bueno Sakai

Especialista, Universidade Estadual de Goiás - UEG

___________________________

Euda de Fátima Castro

Mestre, Universidade Estadual de Goiás - UEG

Anápolis, 30 de Novembro de 2009.

“Chega mais perto e contempla as palavras, cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta,

sem interesse pela resposta, pobre ou terrível que lhe

deres: trouxeste a chave?”

Carlos Drummond de Andrade

RESUMO

O presente artigo científico tem o objetivo de discutir a leitura de best-sellers voltados para o público jovem,

realizando uma pesquisa entre alunos e professores de uma escola de Anápolis (GO), amostrando suas opiniões e

hábitos de leitura, na busca de uma melhor relação dos alunos com a leitura na escola, além da

desmarginalização do modo como tais livros são vistos pela escola e sociedade. A pesquisa revela a preferência

dos alunos por esse tipo de leitura e hostilidade em relação à literatura clássica, principalmente em decorrência

de sua obrigatoriedade. Os professores se mostram abertos ao gênero direcionado aos jovens, mas sempre

ressaltando a importância da literatura clássica na formação dos alunos.

Palavras-chave: Leitura. Jovens. Best-sellers. Clássicos. Pesquisa de campo.

ABSTRACT

This paper aims to discuss the reading of best-sellers directed to young people, conducting a survey among

students and teachers from a school in Anápolis (GO), showing their opinions and habits of reading, while

searching for a better relation between students and reading at school, in addition to the non-marginalization of

how such books are seen by the school and society. The research reveals the preference of students for this kind

of reading and hostility to classical literature, mainly due to its obligation. The teachers showed themselves open

to the gender directed to young people, but always emphasizing the importance of classical literature in students‘

education.

Key-words: Reading. Young people. Best-sellers. Classics. Field research.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................7

1 HISTÓRICO DA LEITURA.................................................................................................8

2 CLÁSSICOS E NÃO-CLÁSSICOS: O QUE DIZ A CRÍTICA......................................11

2.1 Os clássicos.........................................................................................................................12

2.2 Os não-clássicos.................................................................................................................14

2.3 Clássicos e não-clássicos: o leitor faz a escolha..............................................................15

3 A LEITURA NA ESCOLA................................................................................................16

3.1 A leitura na escola: o que dizem os teóricos literários...................................................16

3.2 A leitura na escola: o que dizem os PCNs.......................................................................17

3.2.1 PCNs – terceiro e quarto ciclos: Língua Portuguesa e Língua Estrangeira Moderna.. 18

3.2.2 PCN+ e PCNs – Ensino Médio: Língua Portuguesa e Língua Estrangeira Moderna... 19

3.3 Leitura na escola: e os adolescentes?...............................................................................21

4 ANÁLISE DE DADOS: OS ALUNOS PREFEREM BEST-SELLERS..........................22

4.1 Análise dos questionários dos alunos..............................................................................22

4.2 Análise dos questionários dos professores......................................................................30

4.3 Análise geral dos dados.....................................................................................................32

CONCLUSÃO ........................................................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................35

ANEXOS..................................................................................................................................37

7

INTRODUÇÃO

O presente artigo pretende apresentar um estudo sobre a seguinte discussão

literária: muitos dos livros apreciados pelos adolescentes, os best-sellers, são tidos pela

grande crítica como leitura inútil e inferior às obras eruditas.

Considerando o alto nível de apelo dos best-sellers entre a maior parte dos alunos,

pretende-se, nesse artigo, analisar a leitura voluntária e obrigatória realizadas por um

determinado grupo de jovens pesquisado, constatando quais são essas leituras, de que forma

elas são vistas pelos próprios jovens, por seus professores e quais os espaços destinados às

mesmas na escola.

No presente artigo, empregar-se-ão, concomitantemente, dois métodos de

pesquisa: etnográfica e bibliográfica. A princípio realizou-se uma pesquisa qualitativa,

empregando-se o método etnográfico, em que se procura coletar dados sobre valores, hábitos

e comportamentos de alunos e professores. Focalizou-se um contexto concreto e particular

que, por apresentar características diferentes, únicas, do grupo pesquisado, não se pretende

tratar os resultados como verdade absoluta, pois este trabalho refletirá uma amostragem do

todo.

A pesquisa foi realizada por meio de questionário em uma escola particular da

zona sul de Anápolis, tendo como recorte a população de 100 (cem) alunos entre 14 e 18 anos.

Essa pesquisa também abrange os três professores de Português, Literatura e Inglês dessa

mesma escola, pois se considerou interessante equiparar as opiniões de alunos e seus

professores.

Como anteriormente mencionado, nesse artigo também foi realizada uma pesquisa

bibliográfica sobre o assunto, sendo feito levantamento e análise do que já se produziu sobre o

tema, em busca de embasamento teórico que auxiliará nas discussões desse artigo.

O primeiro capítulo pretende traçar, de forma sucinta e relevante, um histórico da

leitura no mundo ocidental até os dias de hoje. No segundo capítulo, discute-se a respeito do

que é literário, do que não é literário e por quais motivos seguimos essas imposições.

Eagleton (2003), ao tentar definir o que é literatura, diz

Alguns textos nascem literários, outros atingem a condição de literários, e a outros

tal condição é imposta. (...) O que importa pode não ser a origem do texto, mas o

modo pelo qual as pessoas o consideram. Se elas decidirem que se trata de

literatura, então, ao que parece, o texto será literatura, a despeito do que o seu autor

tenha pensado. (EAGLETON, 2003, p. 9)

8

Tem-se, pois, que a definição do que é literário ou não, varia com o tempo, com os

interesses de uma minoria instruída e varia, também, com o conceito do público sobre o tipo

de escrita considerado como digno de valor.

Percebe-se que cabe a uma minoria letrada criar e compreender a linguagem

artística, ditar leis, estabelecer normas e valores sociais e culturais, enquanto aos demais resta

a submissão aos que ―sabem das coisas‖ (MARTINS, 1994). Esses valores são determinados

por uma pequena parcela da sociedade e repassados à grande população, principalmente

através da escola.

Nota-se que o peso da opinião da escola é antigo e ela só se fortalece como uma

das mais importantes instâncias que legitimam uma obra, não só como boa ou má literatura,

mas como literatura ou não literatura (LAJOLO, 1995). Por tal motivo, no terceiro capítulo do

presente artigo, será discutida a leitura na escola: o que os estudiosos literários e os PCNs

(Parâmetros Curriculares Nacionais) afirmam sobre isso.

No quarto capítulo, analisar-se-ão os dados obtidos com a pesquisa realizada entre

alunos e professores, sobre seus hábitos e preferências de leitura.

Nota-se que nos PCNs (1998) já se começa a abrir um espaço para diferentes tipos

de leitura, reconhecendo o fato de que boa parte dos alunos tem o hábito de ler fora da escola.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (1998), tem-se proposto que

―O professor deve permitir que também os alunos escolham suas leituras. Fora da escola, os

leitores escolhem o que lêem. É preciso trabalhar o componente livre da leitura, caso

contrário, ao sair da escola, os livros ficarão para trás‖ (PCNs, 1998, p. 74).

Apesar de sugerir que os professores tentem conectar esses dois universos – a

leitura ―extraclasse‖ na escola -, questiona-se por que existe essa separação. Por que alguns

livros têm mais prestígio do que outros? Quem são os responsáveis por esta escolha? A escola

segue o que é determinado sem levar em conta a opinião dos jovens, os maiores interessados.

Esses são alguns dos principais pontos que inspiraram esta pesquisa e que se espera discutir

ao decorrer da mesma.

1 HISTÓRICO DA LEITURA

Com o propósito de fundamentar esse artigo, considerar-se-ão dados a respeito do

histórico da leitura no mundo ocidental e sobre o hábito da leitura ao longo dos séculos.

Segundo Cavallo e Chartier (1998, p. 41), ―quando, por volta do século VIII a.C.,

a escrita alfabética irrompe na cultura grega, ela chega em um mundo que há muito tempo é o

9

da tradição oral‖. Além disso, o livro na Antigüidade, de acordo com Ribeiro (2008, p. 2)

―desempenha um papel fundamental de conservação do texto, seja para leituras posteriores,

para registro de informações, seja para guarda do conhecimento da humanidade‖.

A respeito da escrita e cultura oral realizadas nessa época, Burke (1992)

complementa,

A página em si como uma unidade do livro data apenas do terceiro ou quarto século

d.C.. Antes disso, tinha-se que desenrolar um livro pra lê-lo. Uma vez que as

páginas reunidas (o códex) substituíram os rolos (volumen), os leitores podiam

facilmente se movimentar para trás e para diante através dos livros, e os textos

tornaram-se divididos em segmentos que podiam ser limitados e indexados. Mas

muito tempo depois dos livros terem adquirido sua forma moderna, a leitura

continuou a ser uma experiência oral, apresentada em público. (BURKE, 1992, p.

231)

Roma herda do mundo grego a estrutura do volumen (os rolos) e as práticas de

leitura. A leitura, por se tratar de um hábito exclusivo das classes privilegiadas, dá origem às

bibliotecas particulares, símbolos de uma sociedade culta (CAVALLO; CHARTIER, 1998).

Durante a Idade Média, entre os séculos XI e XIV, quando renascem as cidades e

com elas as escolas, desenvolvendo a alfabetização, surge uma nova era da história da

literatura, pois o livro passa a representar um instrumento de trabalho intelectual, de onde

chega o saber. É nessa época que aparece o livro em língua vulgar, escrito às vezes pelo

próprio leitor, e que circula entre a burguesia, paralelo a um modelo de leitura da corte, da

aristocracia culta européia (CAVALLO; CHARTIER, 1998).

De acordo com Burke (1992), no final do século XVIII e início do século XIX, o

desenvolvimento do papel feito à maquina, as prensas movidas a vapor e uma alfabetização

quase universal, acarretaram uma emergência da leitura de massa, atingindo proporções

gigantescas. Segundo Burke (1992, p. 213) ―todas essas mudanças abriram novas

possibilidades, não diminuindo a intensidade, mas aumentando a variedade‖.

Depois de 1800, o público leitor foi inundado com novos tipos de livros – novelas,

jornais e variedades recentes de literatura. Surge aqui, o "leitor extensivo"; que consome

numerosos impressos, diferentes e efêmeros, lendo com rapidez e sob um olhar crítico

(CAVALLO; CHARTIER, 1998).

Os hábitos de leitura entre diversos grupos sociais, em diferentes épocas, eram

bastante distintos. De acordo com Burke (1992, p. 212), homens e mulheres leram para

―salvar suas almas, para melhorar seu comportamento, para consertar suas máquinas, para

seduzir seus enamorados, para tomar conhecimento dos acontecimentos de seu tempo, e ainda

10

simplesmente para se divertir‖. Segundo Wittmann (1998 apud RIBEIRO, 2008, p. 9), ―os

leitores não liam a literatura indicada pelas autoridades e ideólogos, liam o que satisfazia suas

necessidades concretas, emocionais, intelectuais, sociais e pessoais‖.

No século XIX, nasce o romance, livros com a capacidade de envolver o leitor,

que nele se identifica e decifra sua própria vida. A leitura de cordel, livros de magia e os

textos de venda ambulante promovem o crescimento da produção de livros e a proliferação de

livrarias (CAVALLO; CHARTIER, 1998). Burke (1992) afirma que

Segundo Edward Reyer e Rudolf Schenda, no final do século dezenove os empréstimos nas

bibliotecas alemãs, inglesas e americanas caíram em um padrão incrivelmente similar: 70% a

80% dos livros pertenciam à categoria de ficção leve (na maioria novelas); 10% eram livros

de história, biografias e relatos de viagem; e menos de 1% pertencia à temática religiosa. Em

pouco mais de duzentos anos, o mundo da leitura foi transformado (BURKE, 1992, p. 207).

Surgem novas modalidades de diversão, entre as quais a literatura de

entretenimento, barata e de consumo imediato. Nasce um novo gênero, o best-seller,

representado por histórias de ação, amor ou suspense (ZILBERMAN, 2001). Essa literatura

de entretenimento resulta no crescimento e diversificação de leitores. Segundo afirma Ribeiro

(2008)

Tais textos chegavam a interessar tanto leitores de instrução elementar quanto

leitores cultos. As diferenças culturais entre leitores nem sempre apontavam para

escolhas diferenciadas de leitura. Praticamente todos liam as mesmas obras, a

diferença se concentrava nas maneiras de ler, de compreender, de atribuir sentidos

às leituras. Assim, vê-se, já nessa época, que ao texto se conferem sentidos de

acordo com as capacidades e desejos do leitor. É o leitor que de posse de seu

conhecimento prévio, conhecimento textual, conhecimento lingüístico, bem como

suas expectativas sobre o texto, construirá sua leitura, sua história de leitura. (RIBEIRO, 2008, p.4)

Por se tratar de uma questão pessoal, que envolve gosto, conhecimento e interesses

específicos de cada um, os leitores, naquela época, não preferiam necessariamente os autores

e obras clássicas; preferiam romances, de enredos sombrios, melodramáticos e cheios de

aventura (ZILBERMAN, 2001).

Quanto à literatura infantil, boa parte dela, na primeira metade do século XIX, era

de ―caráter rigorosamente didático e consistia em fábulas com final feliz e moralizante e

contos de fada‖ (RIBEIRO, 2008, p.10).

Os primeiros tratados sobre leitura, de acordo com Zilberman (2001, p. 67) ―não se

preocupam, pois, em entender o fenômeno, e sim em direcionar o público não-especializado e

em formação para os melhores textos‖. Com isso, a estética, nova ciência em movimento de

11

consolidação, visava desacreditar o gosto do público, que tinha preferência por livros

descartáveis e de características repetitivas. Em outras palavras, ―o que vale não é a percepção

do público, e sim as qualidades intrínsecas da obra, detectáveis tão-somente pelo olhar

especializado do crítico e do pensador da literatura‖ (ZILBERMAN, 2001, p.67)

Desde os gregos, a aprendizagem da leitura se apoiava no conhecimento da

literatura, representada por obras e autores prestigiados, cuja fama se consolidou ao longo do

tempo. A leitura promovida em sala de aula, embora tenha o objetivo de promover a

comunicação e facilitar o emprego da escrita, colaborou no passado, como acontece no

presente, para o fortalecimento de um cânone, explicado e ainda reforçado pela ciência

literária (ZILBERMAN, 2001). Segundo a autora

A estética, a crítica literária e, décadas depois, a teoria da literatura nascem e

fortalecem-se no bojo do fenômeno representado pelo crescimento da produção de

livros e a popularização da leitura. Paradoxalmente, contudo, afirmam-se por

contrariarem o gosto popular: este é desacreditado, por, conforme os especialistas,

não saber distinguir o que é bom ou avaliá-lo segundo parâmetros adequados. Ao

mesmo tempo, a pessoa capacitada leva em conta as propriedades que cada texto,

individualmente, carrega consigo, ignorando as emoções e as reações de seu

destinatário (ZILBERMAN, 2001, p. 68)

É sobre o poder e influência da crítica literária que o próximo capítulo se propõe a

discutir.

2 CLÁSSICOS E NÃO-CLÁSSICOS: O QUE DIZ A CRÍTICA

A discussão a ser abordada neste capítulo é antiga e controversa: o que caracteriza

um texto literário? O que determina que um livro seja clássico? Só os clássicos são bons

livros e constituem a forma única e correta de ler?

A partir dessas perguntas, Lajolo (1995, p. 14-15) levanta mais algumas questões:

―tudo o que foi publicado em livro é literatura? E os livros que nenhum professor manda ler,

de que crítico nenhum fala, que jornais e revistas solenemente ignoram?‖.

A própria autora responde: ―tudo isso é, não é e pode ser que seja literatura‖

(LAJOLO, 1995, p. 15, grifo da autora), depende do ponto de vista, do que o que está escrito

representa para cada um, ou seja, é uma questão pessoal, de gosto. Mas sendo assim um

assunto de caráter tão pessoal, por que muitos deixam que outros decidam por eles o que

devem ler?

12

2.1 Os clássicos

A definição de Lajolo (1995) sobre o clássico afirma que, à primeira vista,

clássicas são as obras produzidas num determinado período da tradição literária: os velhos

autores da antiga Grécia e Roma, por exemplo. Mas além do significado de indicar as obras

produzidas numa determinada época, o termo clássico – suas flexões e derivados – passou a

indicar um juízo de valor: tanto para uma partida de futebol quanto para um livro.

As expressões ―Grande Literatura‖, ―Alta Literatura‖ ou ―Literatura Erudita‖

representam os textos que ―interessam‖, de valor, que valem a pena ser lidos, segundo as

instâncias legitimadoras. Nas palavras de Abreu (2006)

Para que uma obra seja considerada Grande Literatura ela precisa ser declarada

literária pelas chamadas "instâncias de legitimação". Essas instâncias são várias: a

universidade, os suplementos culturais dos grandes jornais, as revistas es-

pecializadas, os livros didáticos, as histórias literárias etc. Uma obra fará parte do

seleto grupo da Literatura quando for declarada literária por uma (ou, de

preferência, várias) dessas instâncias de legitimação. Assim, o que torna um texto

literário não são suas características internas, e sim o espaço que lhe é destinado

pela crítica e, sobretudo, pela escola no conjunto dos bens simbólicos (ABREU,

2006, p. 40).

Os outros textos, portanto, não serão valorizados e categorizados sob esses

importantes títulos, apesar de também possuírem características literárias. Para esses

reservam-se outras expressões: literatura popular, literatura infantil, infanto-juvenil, feminina,

marginal (ABREU, 2006) e a que será objeto de estudo neste artigo: best-sellers, em especial

os voltados para o público jovem.

Para que o clássico adquira tal status, é necessária a ação da instituição da cultura

moderna formadora de opinião: a crítica literária. Contudo, os critérios de avaliação do que é

boa e má literatura, e até mesmo de que gêneros são considerados literários, mudam com o

tempo. Não há uma literariedade intrínseca aos textos nem critérios de avaliação atemporais

(ABREU, 2006).

Segundo Eagleton (2003, p. 279) a crítica literária ―seleciona, processa, corrige e

reescreve os textos de acordo com certas formas institucionalizadas do ‗literário‘ - normas que

são, num dado momento, defensáveis, e sempre historicamente variáveis‖. Ou seja, o que um

dia foi considerado subcultura pode vir a ser aceito pelo cânone. Shakespeare na sua época

não era grande literatura, mas graças à crítica literária, hoje o é.

Além desse exemplo, para mostrar como os critérios utilizados para definir o que é

clássico podem ser contraditórios, basta reconhecer que os romances que hoje todo professor

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de literatura gostaria que seu aluno lesse não eram sequer considerados literatura e, portanto,

desencorajava-se sua leitura. O gênero romance era novo, não fazia parte da tradição clássica,

era lido por gente sem muita instrução, era vendido aos montes (ABREU, 2006). No entanto,

a crítica do público leitor foi mais relevante do que as instâncias legitimadoras e consolidou a

leitura do gênero. Abreu (2006) constata que

Hoje se faz coisa parecida, mas invertendo o papel que cabia aos romances.

Atualmente os jovens são estimulados a ler romances antigos — justamente aqueles

que eram tão perseguidos — enquanto se condena a leitura de histórias em qua-

drinhos ou de romances de banca de jornal, utilizando-se argumentos muito

parecidos com os que se usava para condenar a leitura dos romances. Não se devem

ler gibis, pois eles afastam os moços e moças das leituras sérias; não se deve ler

Sabrina, pois os enredos estimulam a imaginação sentimental e erótica; não se deve

assistir muita televisão, pois é uma perda de tempo precioso; não se devem ler

histórias de lutas marciais, pois os leitores imitam a violência em sua vida real.

(ABREU, 2006, p. 106-107)

Essa instabilidade de critérios e variação de valores que a literatura sofre,

influenciadas pelas mudanças da sociedade, transformações políticas, entre outras, provam

que a crítica literária não é uma ciência exata. Os juízos de valores atribuídos a todo tipo de

obra refletem o que é valioso para alguns, em situações específicas, de acordo com critérios

que foram definidos por grupos sociais privilegiados (EAGLETON, 2003). Na maioria das

vezes não se trata de critérios lingüísticos, textuais ou estéticos que norteiam essa seleção de

escritos e autores, mas sim interesses políticos e sociais de um grupo dominante (ABREU,

2006).

Foi-nos imposto desde muito cedo que apenas os intelectuais são capazes de criar e

compreender a linguagem artística, de ditar leis, estabelecer normas e valores sociais e

culturais. Sendo assim, a minoria letrada se aproveita dessa vantagem, para transmitir ao

iletrado o que lhe for conveniente (MARTINS, 1994). O prestígio social dos intelectuais

encarregados de definir Literatura faz com que suas idéias e seu gosto sejam tidos não como

uma opinião, mas como a única verdade, como um padrão a ser seguido.

Por não ser uma ciência exata, questiona-se a confiabilidade e imparcialidade da

crítica. Sem dúvida, a crítica deu status para que grandes obras, de reconhecido valor estético,

fossem assim consideradas. Isso não é errado. De acordo com Kothe (1997) o problema não é

apenas a vigência do cânone, mas a imposição da interpretação canonizante como a única

válida, a única ―ciência‖ a que se dá espaço e significação, na escola, na mídia e nas editoras.

A pergunta que se levanta com essa discussão é: por que permitir que apenas certos livros

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sejam prestigiados, recomendados, trabalhados nas escolas? Por que não abrir espaço para

diferentes literaturas - nem inferiores, nem superiores, apenas diferentes?

Um professor de 60 anos provavelmente não vai se emocionar da mesma forma

que uma adolescente, lendo um romance voltado para o público jovem. Uma criança pode não

entender a linguagem de Bram Stoker, mas se encantar com outros universos fantásticos,

criados por J. K. Rowling, C. S. Lewis e Stephenie Meyer. Por que reprimir esse gosto?

Poderia ser mais interessante valorizar a leitura que crianças e adolescentes fazem por conta

própria, sem intervenção de adultos, crítica ou escola, abrindo espaço para essas leituras na

escola, que, posteriormente, poderiam até mesmo ser utilizadas como incentivo à leitura de

obras tidas como mais ―relevantes‖ socialmente.

2.2 Os não-clássicos

O termo não-clássico se refere a todos os livros que não são reconhecidos pela

crítica como boa literatura. Para Abreu (2006), na maior parte do tempo, o gosto estético

erudito é utilizado para avaliar o conjunto das produções, decidindo, dessa forma, o que

merece ser Literatura e o que deve ser apenas literatura popular, marginal, trivial, comercial,

de massa - romances policiais, de aventura, sentimentais, faroeste, histórias em quadrinho,

fotonovelas -, entre outras. Todos esses estilos se encaixam no termo ―não-literário‖, mas

como já dito anteriormente, nesse artigo serão priorizados os livros voltados para o público

jovem, especialmente best-sellers que, pelo menos nos últimos cinco anos, multiplicaram em

quantidade e se fortaleceram no mercado editorial mundial.

Samuel (2007, p. 125) define o best-seller como ―um romance com muito

‗romantismo‘, boa intriga, cortes cinematográficos, suspense, sexualidade (mais sugerida do

que explícita), visando principalmente ao público feminino‖. Samuel (2007) ainda esclarece

que podemos considerar best-seller qualquer livro de ficção que entre nas listas dos ―mais

vendidos‖: Guimarães Rosa ou Sidney Sheldon. Ainda segundo o autor, o público leitor de

best-sellers, ao contrário do que se pensa, é exigente, inteligente e por isso é muito difícil de

satisfazer.

Sobre a leitura de best-sellers, Abreu (2006) comenta

Se tantas pessoas os compram e os lêem é porque julgam que são produções

literárias de alto valor, ou porque se divertem e se emocionam ao lê-los. Entretanto,

como você já deve saber, a opinião de professores e intelectuais sobre eles não é

das melhores. Quando se trata dos melhores livros do século, os eruditos esforçam-

se para lê-los e, sobretudo, para ter o que dizer sobre eles, pois isso é sinal de

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distinção e os coloca no topo da intelectualidade. Quando se trata de best-sellers,

ocorre justamente o inverso: dizem, galhardamente, que não leram e que, mesmo

assim, não gostam (ABREU, 2006, p.18).

Para a autora, os livros que uma pessoa lê ou não e os comentários que faz sobre

eles formam sua imagem social. Uma pessoa que queira passar de si uma imagem de erudição

falará de livros de Goethe, Dostoiévski ou Kafka, mas não de obras de Mauricio de Souza,

Sidney Sheldon ou Dan Brown. Essa mesma pessoa, se tiver de expor idéias sobre Paulo

Coelho, dirá que o desaprova. Mesmo que não tenha entendido nada de ―A metamorfose‖ ou

tenha se emocionado lendo ―O alquimista‖. Ou pior, falará mal sem ter lido (ABREU, 2006).

Essas pessoas, em sua maioria, foram ensinadas, provavelmente e principalmente

na escola, que algumas obras são importantes para sua formação pessoal, e o são. No entanto,

isso não significa que essas sejam as únicas obras dignas de serem lidas. A escola ensina a ler

e a gostar de literatura. Alguns aprendem e tornam-se leitores literários. Entretanto, o que

quase todos aprendem é o que devem dizer sobre determinados livros e autores,

independentemente de seu verdadeiro gosto pessoal (ABREU, 2006).

2.3 Clássicos e não-clássicos: o leitor faz a escolha

Com essa discussão, constatamos que a definição de literatura não é algo objetivo

e universal, mas sim algo cultural, histórico e político. Sabe-se também que as instâncias de

legitimação selecionam o que deve ser considerado Literatura, definindo, por conseguinte, o

que deve ser apresentado nas escolas, o que deve ser estudado, o que pode ser exigido em

exames de seleção, e outros (ABREU, 2006).

No ambiente acadêmico e escolar, a capacidade de legislar dessas instâncias é

bastante influente. Mas muita gente não tem a menor idéia do que se passa nas academias,

escolas e universidades. Muita gente sabe o que se passa, mas não se importa (ABREU,

2006). Por isso, a crítica pode continuar a ditar regras e determinar o que é bom e ruim e,

mesmo assim, muitos vão continuar a comprar e ler best-sellers, entre outros gêneros, sem se

preocupar com a opinião de outros.

Vale ressaltar que não se trata de questionar simplesmente a importância das

instâncias legitimadoras, mas o que não se pode é deixar que a escola massifique a opinião e

gosto de seus alunos, que deveriam ser individuais, particulares e subjetivos e não deixar que

o gosto e o modo de ler da elite intelectual se tornem padrão de apreciação estética e de

leitura. Kothe (1997) afirma que o profissional das letras, geralmente professor de escola ou

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universidade, tende a repetir aquilo que os cânones, as historiografias e os manuais disseram,

sem refletir sobre o que passa a diante.

Conclui-se que, entre as instâncias responsáveis pela determinação do caráter

literário das obras que aspiram ao status de literatura, a escola é fundamental, pois é a

instituição que há mais tempo e com maior eficiência vem cumprindo o papel de avalista e

fiadora da natureza e valor literários dos livros em circulação (LAJOLO, 1995). Por isso, no

próximo capítulo, trataremos da importância e papel de diferentes leituras na escola.

3 A LEITURA NA ESCOLA

Neste capítulo, pretende-se discutir diferentes pontos de vista a respeito da leitura

realizada na escola: a visão de estudiosos sobre o assunto e dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs).

3.1 A leitura na escola: o que dizem os teóricos literários

Lajolo (1995) faz a importante relação histórica entre a escola e os clássicos, para

que se entenda onde e quando a escola se tornou uma das instâncias legitimadoras

Sem cartolas nem coelhos, a jogada está na palavra derivada de classis, palavra

latina que significa classe de escola. Os clássicos, então, eram chamados clássicos

por serem julgados adequados à leitura dos estudantes, úteis na consecução dos

objetivos escolares. E como a escola, na seleção de seus textos, privilegiava os

autores mais antigos, vem daí talvez a superposição de significados. Começa assim,

bem antigamente, o papel da escola de ser uma das mais importantes instâncias que

legitimam uma obra, não só como boa ou má literatura, mas como literatura ou não

literatura (LAJOLO, 1995, p. 21).

Portanto, como observado no capítulo anterior, a escola atua como uma das

instituições que definem quais são os textos literários, os não-literários, os melhores e os

piores autores, as obras que deveriam ser lidas, julgando linguagem e valor estético e, então,

indicando a leitura dos ―bons‖ livros aos alunos. É notório que a seleção das obras literárias

estudadas na escola não leva em conta as leituras prévias dos alunos, muito menos o gosto e

as expectativas desse público-leitor.

Silva (1995) questiona se um dos motivos pela não-leitura de livros propostos pela

escola não seria a não-identificação do aluno com os livros indicados pelo professor. Sobre

isso, o autor complementa

17

Quando o objetivo do professor for o de facilitar o desenvolvimento do gosto pela

leitura, o mais conveniente, me parece é construir um acervo de obras interessantes

e, dentro de uma atmosfera não-autoritária, dar a chance para que os alunos leiam

aqueles livros com que melhor se identifiquem. Melhor até que a formação desse

acervo seja feita conjuntamente, com a participação concreta dos alunos. (SILVA,

1995, p. 32)

Levando esse e outros motivos em consideração, Martins (2006) acredita que o

professor deva reavaliar suas leituras, a fim de também levar a produção de autores

contemporâneos para a sala de aula, até com o objetivo de questionar o cânone literário. Além

disso, segundo a autora, ―é preciso considerar que várias obras, apesar de não terem grande

representatividade no cânon, merecem ser lidas e estudadas pela riqueza temática e estética

que apresentam‖ (MARTINS, 2006, p. 87).

Para Braga (2002), somos nós, leitores, que criamos e construímos o sentido, com

base nos nossos conhecimentos, expectativa e intenção de leitura. Quem deseja que a leitura

seja feita porque é importante, necessária para a explicitação de um assunto, para a ampliação

de um conhecimento, ou por qualquer outro motivo, é o professor. Para a autora, só o

professor pode transformar o que precisa ser lido em algo significativo e prazeroso.

O que se pretende discutir com os pontos levantados nesse capítulo é que são

necessárias diferentes leituras para a formação dos leitores. A partir delas, outras podem

surgir naturalmente, sem a imposição da escola ou vestibular. Cabe à escola criar um espaço

em que o aluno tenha um certo grau de liberdade para escolher suas leituras e, assim, dar

margem para introduzir a literatura clássica.

3. 2 A leitura na escola: o que dizem os PCNs

Segundo Zilberman (2003, p. 259), os Parâmetros Curriculares Nacionais

(doravante PCNs), representam ―uma tendência dominante no âmbito do ensino, com

repercussões na difusão da literatura e no processo de introdução à obra literária‖. Por isso, se

torna importante analisar o que os PCNs têm a dizer sobre a leitura na escola.

Destinados à escola básica, dividida em quatro ciclos, esses documentos abordam,

em todos os passos, tópicos relativos à escrita e à leitura (ZILBERMAN, 2003). Será feito um

breve apanhado nos PCNs referentes ao Ensino Fundamental e Médio, Língua Portuguesa e

Língua Estrangeira Moderna, para que se entenda o que se espera da escola quanto à prática

de leitura.

18

3.2.1 PCNs – terceiro e quarto ciclos: Língua Portuguesa e Língua Estrangeira Moderna

O terceiro e quarto ciclos (ensino fundamental) têm papel decisivo na formação de

leitores, pois é nesta fase escolar que muitos alunos desistem de ler por não conseguirem

responder às demandas de leitura colocadas pela escola (PCNs, 1998).

Nos PCNs referentes ao ensino fundamental, encontra-se a informação de que

entre as críticas mais freqüentes que se faziam ao ensino tradicional destacavam-se a

―desconsideração da realidade e dos interesses dos alunos e a excessiva escolarização das

atividades de leitura e de produção de texto‖ (PCNs, 1998, p. 20, grifo meu). Nota-se uma

preocupação em mudar o pensamento tradicional, envolvendo mais os alunos e suas opiniões.

Segundo os PCNs (1998), no processo de leitura de textos escritos, espera-se que

os alunos sejam capazes de selecionar textos segundo seu interesse e necessidade; leiam, de

maneira autônoma, textos de gêneros e temas com os quais tenham construído familiaridade

(PCNs, 1998), entre outros. Esse é um ponto importante para esse artigo, pois se os próprios

documentos oficiais esperam que os alunos tenham contato com diferentes gêneros e leiam

textos segundo seus interesses, por que a escola não apóia essa atitude? Por que esses livros

não têm espaço na escola?

Nos PCNs referentes ao ensino fundamental também se observa a seguinte

recomendação

Tomando como ponto de partida as obras apreciadas pelo aluno, a escola deve

construir pontes entre textos de entretenimento e textos mais complexos,

estabelecendo as conexões necessárias para ascender a outras formas culturais

(PCNs, 1998, p. 73).

Logo em seguida, o documenta complementa

O professor deve permitir que também os alunos escolham suas leituras. Fora da

escola, os leitores escolhem o que lêem. É preciso trabalhar o componente livre da

leitura, caso contrário, ao sair da escola, os livros ficarão para trás (PCNs, 1998, p.

74).

Nota-se a intenção de aproximar a leitura realizada autonomamente pelo aluno da

leitura realizada na escola. Muito lucidamente, o documento observa que se a escola não

conseguir formar leitores, fazer com que os alunos apreciem livros, dificilmente eles se

tornarão leitores fora do ambiente escolar.

19

Em certo ponto, o documento também afirma que é importante envolver os alunos

no processo de coleta de textos a serem estudados (especialmente em Inglês), para garantir o

interesse dos alunos e assegurar ―a conexão entre o que se faz na sala de aula de Língua

Estrangeira e o mundo fora da escola onde a língua estrangeira é usada‖ (PCNs, 1998, p. 92).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais também orientam para a necessidade de

ofertas de bibliotecas, com acervos variados de livros que funcionem como incentivo à leitura

e possibilitem uma livre escolha por parte do aluno. Segundo o documento, mais do que a

quantidade, nesse caso, o importante é a variedade que permitirá a diversificação de situações

de leitura por parte dos alunos (PCNs, 1998).

3.2.2 PCN+ e PCNs – Ensino Médio: Língua Portuguesa e Língua Estrangeira Moderna

Segundo os PCNs (2000), pressupondo que os estatutos básicos relativos ao

funcionamento da língua portuguesa foram aprendidos ao longo do ensino fundamental, cabe

ao ensino médio oferecer aos estudantes oportunidades de uma compreensão mais aguçada

dos mecanismos que regulam nossa língua, tendo como ponto de apoio os textos escritos,

especialmente os literários.

O ensino médio é a etapa final da educação básica e, por isso, última chance da

escola formar leitores. Na apresentação do documento, encontra-se a seguinte diretriz

A educação deve estar comprometida com o desenvolvimento total da pessoa.

Aprender a ser supõe a preparação do indivíduo para elaborar pensamentos

autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a

poder decidir por si mesmo, frente às diferentes circunstâncias da vida. Supõe ainda

exercitar a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação, para

desenvolver os seus talentos e permanecer, tanto quanto possível, dono do seu

próprio destino (PCNs, 2000, p. 16)

O gosto literário também se encaixa nessa definição – deve ser autônomo de forma

a permitir que o aluno atribua seus próprios juízos de valor a cada obra, para que possa,

enfim, decidir por si mesmo o que lhe agrada ler.

Sobre o estudo do literário, os PCNs (2000) levantam a principal questão discutida

nesse artigo

O conceito de texto literário é discutível. Machado de Assis é literatura, Paulo

coelho não. Por quê? As explicações não fazem sentido para o aluno. [...] Outra

situação de sala de aula pode ser mencionada. Solicitamos que alunos separassem

de um bloco de textos, que iam desde poemas de Pessoa e Drummond até contas de

telefone e cartas de banco, textos literários e não-literários, de acordo como são

20

definidos. Um dos grupos não fez qualquer separação. Questionados, os alunos

responderam: ―Todos são não-literários, porque servem apenas para fazer

exercícios na escola‖. E Drummond? Responderam: ―Drummond é literato, porque

vocês afirmam que é, eu não concordo. Acho ele um chato. Por que Zé Ramalho

não é literatura? Ambos são poetas, não é verdade?‖. Quando deixamos o aluno

falar, a surpresa é grande, as respostas quase sempre surpreendentes. Assim pode

ser caracterizado, em geral, o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio: aula

de expressão em que os alunos não podem se expressar (PCNs, 2000, p. 16).

Reforça-se a importância de se ouvir a opinião do aluno, deixá-lo se expressar e

compartilhar seus gostos. O professor deve ser um mediador de leituras, não um tirano; o

professor pode orientar e aconselhar, mas não deve impor.

Grande parte dos best-sellers é escrita originalmente em Inglês, portanto, a

disciplina de Língua Inglesa tem a possibilidade de trabalhar com os textos originais. Quanto

à Língua Inglesa, o documento sugere

Desenvolver o ensino da língua estrangeira por meio da leitura e interpretação de

textos variados, em atividades que remetam, sempre que possível, a uma

perspectiva interdisciplinar e vinculada a contextos reais. Os assuntos e temas

trazidos para a sala de aula devem ter relação com o universo de interesses dos

alunos do ensino médio, ou com o aprendizado que estiver ocorrendo em outras

disciplinas, desde que não se configure uma interdisciplinaridade forçada (PCN+,

2002, p.105, grifo meu).

Se, na sala de aula, o estudante analisa textos com os quais convive fora da escola,

as relações que faz entre os conteúdos disciplinares e sua vivência tornam-se muito mais

significativas (PCN+, 2002). É importante expor nossos alunos a leituras diversificadas:

didáticas, paradidáticas, extra-didáticas, de cunho formal e informal, leitura informativa, de

aprendizado e de lazer. Segundo o PCN+ (2002) essa é uma das mais importantes funções que

cabe ao professor de língua estrangeira hoje.

Quanto à Língua Inglesa, a forma mais adequada de propiciar a aquisição e a

ampliação do repertório vocabular nesse ciclo é por meio da leitura e da exploração de textos

de diversas naturezas, apoiadas em atividades temáticas e de associação de vocábulos que

partem de um determinado contexto e remetem a outros (PCN+, 2002). É, pois, a partir do

texto e de sua leitura e interpretação que se propõe a seleção de conteúdos gramaticais e de

vocabulário a serem desenvolvidos no ensino médio. A exposição do aluno a textos de

naturezas diversas promoverá múltiplas oportunidades de manejo da língua escrita e falada. É

necessário que o aluno tenha contato com textos – publicitário, jornalístico, narrativo,

dissertativo, poético, literário, científico – nos quais possa estreitar seu contato com a

21

linguagem formal e informal, de modo a confrontar diferentes recursos comunicativos

(PCN+, 2002).

3.3 Leitura na escola: e os adolescentes?

Segundo Becker (1985 apud HOHLFELDT, 2006) é na adolescência que se

começa a aprender a escolher livremente. É um aprendizado que nunca termina, porque,

segundo o autor, escolher é uma das tarefas mais difíceis da vida, mas poder escolher é um

privilégio e deve ser exercido sempre que possível. Becker afirma que ―o adolescente não é o

futuro da pátria, nem a esperança do amanhã. Seu lugar é aqui, seu tempo é o presente, e sua

vida lhe pertence para vivê-la da maneira que escolher‖ (BECKER, 1985, p. 94 apud

HOHLFELDT, 2006, p. 17).

Para Hohlfeldt (2006, p. 19), a primeira regra básica para se obter sucesso em

relação à leitura para adolescentes é ―elaborar e pôr à disposição deles listas, as mais amplas

possíveis de títulos, que funcionem mais como sugestão do que obrigação de leitura‖.

Abramovich (1983 apud HOHLFELDT, 2006, p. 18) acredita que a ‗literatura

fácil‘, ―tão rejeitada pelos críticos circunspectos, do tipo feito por Pearl Buck, Cronin, Erico,

Jorge Amado entre outros, foi sempre eleita pelo jovem porque a sua leitura era efetivamente

mais compreensível e, sobretudo, mais apaixonante‖.

Dentre os livros ditos para jovens, segundo Hohlfeldt (2006)

contam-se alguns textos clássicos, boa parte dos quais ou vêm ―adaptados‖ ou

simplesmente não deveriam ser indicados nesse momento, como ocorre com

Machado de Assis, dentre outros, por sua complexidade e distanciamento da língua

literária em relação à língua contemporânea. (HOHLFELDT, 2006, p. 24)

Hohlfeldt (2006) sugere a indicação de textos capazes de despertar e manter, entre

nossos jovens, o hábito, o gosto e a vontade da leitura, e textos adaptáveis a seus interesses e

níveis de compreensão, mas se atentando para evitar que ―se caia na armadilha das adaptações

dos chamados clássicos [...] e que, só por milagre, permite que alguns, depois do II grau,

ainda gostem de ler e da literatura. A leitura é um prazer, jamais uma obrigação‖

(HOHLFELDT, 2006, p. 43).

Partindo desse ponto, torna-se interessante avaliar a opinião dos alunos. Por isso,

no próximo capítulo será feita a análise dos questionários respondidos por adolescentes, a

respeito de seus hábitos de leitura e gostos pessoais.

22

4 ANÁLISE DE DADOS: OS ALUNOS PREFEREM BEST-SELLERS

Nos capítulos anteriores foram abordadas questões teóricas sobre a leitura. Este

capítulo pretende, a partir da análise de questionários respondidos por alunos e professores,

trazer algumas contribuições importantes para a discussão.

Realizou-se uma pesquisa qualitativa, empregando-se o método etnográfico, em

que se procurou coletar dados sobre valores, hábitos e comportamentos de alunos e

professores, no que diz respeito à leitura.

A pesquisa foi realizada em uma escola particular da zona sul de Anápolis. Essa

escola foi escolhida por já haver um contato anterior e acesso facilitado, além da aceitação por

parte da escola à aplicação da pesquisa em suas turmas. A técnica de coleta de dado de

observação direta foi realizada através de questionários. O questionário direcionado aos

alunos (ANEXO A), que se refere à leitura feita por eles e opiniões pessoais a respeito disso, é

composto por nove perguntas, possuindo oito questões abertas, em que se espera que o aluno

discorra sobre as perguntas de cunho pessoal, e uma fechada, em que os alunos deverão

marcar quais dos livros citados já leram. O questionário direcionado aos professores (ANEXO

B), que se refere à leitura dos seus alunos e opiniões pessoais a respeito de literatura não-

erudita e seu espaço na escola, possui sete questões, cinco abertas e duas fechadas, em que se

espera que eles marquem qual disciplina lecionam e quais dos livros mencionados já leram.

A pesquisa foi feita com alunos do ensino médio, de ambos os sexos e idades que

variam dos 14 aos 18 anos. A investigação também abrange os três professores de Português,

Literatura e Inglês dessa mesma escola, pois pretende-se comparar a visão dos alunos e de

seus professores, analisando as diferentes posturas (professor e aluno) no que diz respeito aos

best-sellers direcionados ao público jovem e seu lugar na escola. Suas respostas aqui serão

citadas ipsi literis, sem haver modificação de idéias, correção de erros gramaticais ou de

concordância.

4.1 Análise dos questionários dos alunos

A ligação feita entre leitura e vida escolar é imediata. A despeito da

obrigatoriedade da leitura nas escolas, observa-se na pesquisa que é alto o índice de

estudantes que lêem com prazer livros escolhidos por eles mesmos. Constata-se, pois, que a

leitura realizada por prazer é o tipo preferido dos alunos e que uma das grandes causas dos

traumas literários é a obrigatoriedade da leitura na escola.

23

É de suma importância considerar, como ponto de partida, que o adolescente é (e

deveria ser considerado) um leitor em formação. Portanto, fez-se necessário começar a

investigação desde a primeira leitura realizada por eles, primeira pergunta realizada no

questionário dos alunos. Vários livros diferentes foram citados, resultando no seguinte

quadro:

(Gráfico 1: Primeiro livro que leram e gostaram)

Fonte: dados da pesquisa

Os alunos também responderam que tinham entre 5 e 15 anos quando realizaram a

primeira leitura por conta própria e já se percebe a presença de best-sellers (―Harry Potter‖ e

―O diário da princesa‖), ao lado de clássicos infantis (―Clássicos da Disney‖ e ―O pequeno

príncipe‖) e infanto-juvenis (―Pollyana‖ e ―O estudante‖).

Quando perguntados sobre a obra literária, proposta pela escola, que leram e

gostaram, o quadro apresentado foi:

24

(Gráfico 2: Obras propostas pela escola que leram e gostaram)

Fonte: dados da pesquisa

Percebe-se, no entanto, que muitos dos livros citados acima, também foram

mencionados quando os alunos responderam quais livros propostos pela escola eles não

gostaram, ressaltando a diferença de gosto pessoal no que diz respeito à leitura:

(Gráfico 3: Obras propostas pela escola que leram e não gostaram)

Fonte: dados da pesquisa

Insistir na leitura de clássicos, nessa faixa etária, segundo Romagnolli (2005), é

um erro. Devido à grande complexidade dessas obras, antes de adotá-las como leitura, seria

preciso que os alunos percebessem a importância do livro, o contexto em que foi criado e as

relações com o mundo hoje.

25

Os motivos citados pelos alunos para não terem apreciado a leitura de tais obras,

foram: história nada interessante e/ou cansativa, linguagem chata e complexa ou por não

gostar do gênero proposto. Gonçalves (2006) acredita que o livro pode ser um excelente

companheiro, caso consiga num mesmo enredo integrar, equilibradamente, os diferentes

aspectos que interessam a um jovem do século XXI. Não é fácil o jovem leitor se identificar,

compreender ou apreciar certos hábitos, linguagem e estilo, se a sua infância e juventude

foram vivenciadas num contexto histórico diferente, em que as mentalidades levam a

perguntas que antes não se faziam, além do que, a sociedade evoluiu e se modernizou e a

linguagem está em constante mudança (GONÇALVES, 2006).

A única pergunta fechada do questionário respondido pelos alunos dizia respeito a

quais dos best-sellers citados eles haviam lido. Essa pergunta tinha como propósito

estabelecer quais os best-sellers mais populares entre os alunos, hoje em dia, e se eles

preferiam livros direcionados ao público jovem ou ao público adulto. Todos os livros citados

já estiveram na lista de best-sellers do site do Jornal americano ―New York Times‖.

(Gráfico 4: Livros que leram por conta própria)

Fonte: dados da pesquisa

Observa-se no gráfico acima que, os best-sellers voltados para o público infantil e

infanto-juvenil (―O diário da princesa‖, ―Desventuras em série‖, ―Artemis Fowl‖, ―As

crônicas de Nárnia‖ e Série ―Harry Potter‖), e juvenil (Série ―Crepúsculo‖, Série ―Gossip

Girl‖) são preferência notável (57% no total), mas alguns dos livros mais vendidos nos

últimos anos (―Código da Vinci‖, ―Fortaleza Digital‖, ―Anjos e Demônios‖, ―A menina que

26

roubava livros‖ e ―O caçador de pipas‖), que não são destinados especificamente ao público

jovem, tiveram expressiva porcentagem (43%) de leitura entre os alunos.

Quando perguntados por que resolveram ler tais livros, tem-se o seguinte gráfico:

(Gráfico 5: Motivos que os incentivaram a ler por conta própria)

Fonte: dados da pesquisa

Curiosidade e indicação de amigos são os motivos mais citados (57% ao todo), e é

curioso notar que os principais influenciadores, os pais, representam apenas 1% dos motivos

que levaram esses alunos a ler. É bastante comum que os pais cobrem da escola o milagre de

fazer o que eles mesmos não fazem. No entanto, a questão da formação de leitores não é, de

forma alguma, só da escola. Trata-se de uma empreitada para várias frentes de trabalho: a

escola, sim, mas a casa, a família, os amigos, a televisão, a Internet e mesmo as políticas

públicas (RIBEIRO, 2007).

Os alunos afirmam que estudar e enriquecer o vocabulário, são alguns dos motivos

que os incentivam a ler. Acredita-se que toda e qualquer leitura requer compreensão, em

níveis diversos, e dela sempre se pode aprender. Segundo Ribeiro (2007)

Mesmo na leitura mais singela, quando com uma atenção dirigida, além do

conteúdo/mensagem, podem-se aprender formas corretas de grafia, expandir o

vocabulário, construir um argumento, desenvolver a articulação lógica das idéias e

comparar estilos diversos de escrita. Para isso, é preciso bem se orientar na leitura,

com critérios e intencionalidade (RIBEIRO, 2007).

Quando perguntados sobre o que achavam da leitura dos best-sellers, a maioria

respondeu que esses livros são muito bons, porque os levam a outro mundo, através da

imaginação, consistem em uma leitura prazerosa e envolvente e eles mesmos escolhem o que

querem ler, sem pressão de prazo e atividades avaliativas relacionadas a esse tipo de livro.

27

Uma minoria, por sua vez, afirma que esses são livros de cultura de massa, que as pessoas só

lêem porque ―todo mundo‖ está lendo.

Também foi questionado se esses alunos concordavam com a afirmação de que a

leitura de clássicos é mais importante do que a leitura de best-sellers. O resultado foi o

seguinte:

(Gráfico 6: Você concorda que a leitura de clássicos da literatura é mais importante do que a leitura de livros

não-literários, best-sellers?)

Fonte: dados da pesquisa

É interessante notar que a maioria (46%) dos alunos acredita que os clássicos são

mais importantes, pois foram escritos por autores importantes e que constituem nossa história

e cultura, mas nas justificativas observa-se que, apesar de afirmarem isso, os best-sellers

ainda são preferidos por eles.

O aluno 68 afirma que os clássicos da literatura ―apesar de serem mais difíceis de

ler e bem menos divertidos, são indispensáveis para a formação e amadurecimento literário de

qualquer pessoa‖.

Alguns (18%) defendem que depende muito de cada livro, pois, segundo eles,

―também existem clássicos ruins‖ e, outros ainda acreditam que ambos são importantes, têm

suas peculiaridades, cada um tem sua função, como o aluno 11, que afirma que ―a leitura

deveria ser geral, os benefícios e os conhecimentos vêm de ambos‖.

Um dos pontos negativos a respeito dos clássicos, notado intensamente durante

toda a pesquisa, é sua obrigatoriedade de leitura na escola. O aluno 49 opina ―acredito que

muitos clássicos que lemos não nos acrescentam muita coisa porque só lemos por obrigação e

isso não adianta; lemos, mas não absorvemos o fundamental‖.

28

Já o aluno 34 afirma que ―livros clássicos só são lidos pois há o interesse do

vestibular‖. O vestibular é, sem dúvida, um dos motivos mais citados e que parece preocupar

mais os alunos. Muitos acreditam que a única finalidade das obras clássicas é ser aprovado no

vestibular, portanto ler e gostar de tais livros se torna mais uma pressão imposta para eles.

A pergunta seguinte se refere à preferência pessoal deles entre livros escolares e

livros sem fins-escolares. O quadro resultante foi o seguinte:

(Gráfico 7: Você prefere ler os livros de literatura, propostos pela escola ou os livros que você lê sem fins

escolares?)

Fonte: dados da pesquisa

A maioria expressiva justificou que não gosta de ler por obrigação, e quando lê por

diversão não tem responsabilidade, prazo, avaliação ou vestibular para se preocupar, por isso

lê com mais vontade, se interessa mais.

O aluno 25 respondeu ―gosto dos dois, os escolares são interessantes e me ajudam

a compreender melhor o conteúdo e a gostar mais de leitura. E nos ‗não escolares‘ há a

diversão‖.

A pergunta seguinte, ―você acha que a escola deveria abrir espaço para livros não-

literários?‖, resultou no seguinte gráfico:

29

(Gráfico 8: Você acha que a escola deveria abrir espaço para livros não-literários?)

Fonte: dados da pesquisa

Novamente percebe-se a clara simpatia dos alunos com os best-sellers. O aluno 1

afirma que esses livros não-literários deveriam ser utilizados ―para incentivar e ensinar os

estudantes a arte da leitura, pois quando se aprende a ler com livros que gostamos, quando

temos que ler aqueles ‗clássicos-sem-fim‘ tiramos de letra‖. O aluno 49 tem opinião parecida:

―sim, é importante que o aluno tenha o hábito de ler e gostar de leitura. Se o aluno desenvolve

interesse por conta própria é ótimo. Mas se ele é estimulado a ler o que prefere, ele se

apaixona. E isso não deixa de ser aprendizado também‖.

Alguns alunos (16%) foram contrários a idéia. O aluno 32 respondeu que ―não há

porque abrir espaço para esses livros se o vestibular cobra os literários e estamos no colégio

para entrar em uma faculdade‖. Novamente, nota-se o peso do vestibular. O aluno 2 também

concorda: ―acho que primeiro os vestibulares deveriam ter um enfoque maior neles [ livros

não-literários], pois assim poderia se conciliar leitura escolar, com diversão, magia e ainda

por cima boa prova de vestibular‖.

A maioria dos best-sellers voltados para o público jovem atualmente foi escrita

originalmente em inglês, portanto se perguntou:

30

(Gráfico 9: Você acharia interessante a utilização de livros ou trechos de livros não-literários nas aulas de Inglês)

Fonte: dados da pesquisa

A grande maioria, novamente, respondeu positivamente em relação ao uso de best-

sellers na sala de aula. As justificativas apresentadas pelos alunos foram: incentivaria a leitura

em inglês, fariam os alunos gostarem da língua, por se tratarem de livros fáceis de causar

identificação nos alunos, e tornaria as aulas mais interessantes, além de promover uma maior

participação dos alunos. O aluno 56 respondeu ―claro que sim. São livros atuais, retratam

nossos sonhos, conflitos, etc. Tornariam as aulas 100% mais interessantes‖.

Nos que foram contrários a idéia (16%), nota-se uma unidade na resposta, que está

mais relacionada a não gostarem de inglês, do que preconceito com o livro não-literário. O

aluno 14 respondeu ―Não, pois se em português já é difícil a compreensão, imagina em

inglês‖.

4.2. Análise dos questionários dos professores

Quanto às respostas dos professores, observa-se uma diferença de opinião. Três

professores responderam o questionário: o professor 1, que leciona Inglês, e os professores 2 e

3 que lecionam Português e Literatura.

Quando perguntados sobre a importância de os alunos lerem literatura clássica,

nota-se uma unidade de opinião, pois todos consideram importantes. O professor 1 afirma que

―Leitura é sempre salutar. A literatura clássica é de muita importância, pois possibilita uma

análise de contos eruditos ou não que vão ajudar o leitor a fundamentar o hábito de outras

leituras‖.

O professor 2 é de opinião mais tradicional ―Levando-se em conta que 50% do

vestibular é literatura, envolvendo interpretação e análises, a literatura é o melhor caminho

para aprovação do vestibular‖. Não por acaso os alunos também se preocupam com o

vestibular, visto que seu professor também atribui grande peso e importância a ele.

Já o professor 3 acredita que seja ―muito importante, visto que terão a

oportunidade de lançar julgamentos, adquirir senso crítico (ao lançar comentários a respeito) e

também identificar valores humanos nos enredos estabelecendo uma ponte junto à realidade

deles‖.

Observa-se que os best-sellers destinados ao público jovem não são muito

populares entre os professores: de todos os citados, apenas dois professores leram

31

―Crepúsculo‖, um leu ―Harry Potter‖ e o outro leu ―O diário da princesa‖ e ―Crônicas de

Nárnia‖. Quando os best-sellers são voltados ao público adulto, aumenta-se o número de

professores-leitores: dois leram ―A menina que roubava livros‖, ―Anjos e demônios‖ e

―Código da Vinci‖ e um deles leu ―Fortaleza digital‖.

A pergunta seguinte se refere ao que acham da leitura de best-sellers. O professor

1 respondeu ―Acho que são importantes, porém não são prioritários. Os alunos devem sim ler

esses e outros livros, mas deve haver uma seqüência a ser seguida‖.

O professor 2 é mais valorativo ―Considero que o hábito da leitura é o que

interessa. A sub-literatura também é viável‖.

E o professor 3 respondeu que ―Não tenho uma opinião contrária a isso. Acredito

que os jovens devam ler o que lhes interessa, contanto que sejam guiados para uma reflexão

acerca da leitura. Ler literatura e não refletir sobre o que foi lido dará em nada‖.

Em seguida, questiona-se se eles concordam que a leitura de clássicos é mais

importante do que a leitura de best-sellers. O professor 1 disse que sim, a leitura de clássicos é

mais importante e o professor 2 respondeu ―Considero sim. É mais viável adquirir

conhecimentos através da literatura clássica. Porém, claro, os não-literários proporcionam

mais divertimento, aventura e prazer, e não conhecimentos intelectuais‖.

O professor 3 afirmou

Considerando que os clássicos contêm elementos diversos da chamada

―literariedade‖, acredito que eles são um pouco fundamentais. Todavia, faz-se

fundamental que façamos também uma leitura mais popular para que se possa

comparar ambas e chegar a uma conclusão individual. Não podemos nos aprisionar

lendo textos complexos e herméticos se isso não nos satisfaz. Defendo que

devemos ler o que nos dá prazer! (professor 3).

Os professores e os alunos pensam em consonância, pois afirmam que a leitura de

livros literários é mais importante do que a leitura de não-literários, que seriam destinados

apenas à diversão.

No entanto, quando perguntados se a escola deveria abrir espaço para o estudo de

livros não-literários, todos os três professores responderam afirmativamente. O professor 1

concorda, mas com ressalvas ―Sim, deveria abrir espaço para livros não-literários desde que

também consiga trabalhar os literários clássicos, eles são prioridade‖.

O professor 2 respondeu ―Claro que sim, é possível se fazer análise literária de

livros não literários. Convenhamos que as obras clássicas são mais recomendáveis para a

análise literária e aquisição do conhecimento da boa escrita e boa interpretação‖.

32

O professor 3 respondeu ―Acho que qualquer tipo de leitura é válido. Entretanto,

acredito que a escola deveria contrabalancear, estimulando a leitura dos literários e abrindo

espaço para os que não são assim considerados, já que atraem mais a atenção dos alunos‖.

A última pergunta se refere à utilização de best-sellers na aula de inglês, uma vez

que a maioria dos textos originais foi escrita na língua inglesa. O professor 2 respondeu

afirmativamente e o professor 1, que ensina inglês, respondeu ―Sim, e o faço. Podemos assim

trabalhar de forma mais atraente, uma das maiores dificuldades dos alunos que é o

vocabulário‖. A resposta do professor 3 foi a seguinte:

Acho muito interessante, porque temos a oportunidade de trazer a discussão de algo

mais próximo a eles (alunos). Certamente é uma leitura que lhes agrada e, muitas

vezes, é super atual. Pode-se sim aplicar elementos de estudo da literatura em textos

não-literários. Por que não analisar o contexto, o tempo da ficção (se assim o for), a

mudança ou não dos personagens durante o enredo da ―estória‖? Acredito que neste

exemplo, trabalhamos o que poderíamos ter feito num texto literário, mas

proporcionando mais prazer a quem está aprendendo (professor 3).

É válido notar que todos responderam afirmativamente quanto ao uso de best-

sellers na aula de inglês, o que já representa uma boa abertura de tais livros agora não só entre

os alunos, mas também entre os professores.

4.3 Análise geral dos dados

No geral, as respostas dos alunos estão de acordo com o esperado, mas faz-se

interessante notar que os alunos têm a consciência de que os dois tipos de obras são

importantes, tanto as literárias quanto as não-literárias, ambos têm suas peculiaridades. Em

nenhum momento dessa pesquisa tinha-se como objetivo provar a superioridade de um sobre

o outro, mas sim que os best-sellers estão por toda parte, extremamente presentes na vida dos

alunos e, ainda assim, são marginalizados na escola, apesar da opinião favorável dos

professores a respeito deles.

Segundo Tufano (2007)

Uma pessoa desenvolverá o gosto pela leitura se, desde cedo, tiver experiências

gratificantes com a leitura. Se isso ocorrer, ela não precisará ser ―obrigada‖ a ler; ao

contrário, procurará espontaneamente nos livros aquilo que lhe interessa, estará

aberta a novas leituras. (...) Em vez de reclamar e dizer que os jovens são os

―culpados‖, deveríamos, isso sim, tentar compreender em que situação familiar

foram eles criados, que exemplos de leitura tiveram em casa e na escola, que

possibilidades de acesso a bons livros lhes foram dadas (TUFANO, 2007).

33

Concluindo, vários são os motivos que podem levar os alunos a serem bons

leitores ou não, mas observando os dados da pesquisa, faz-se fundamental repensar a

abordagem das atividades de leitura realizadas na escola, tanto de livros literários quanto de

livros não-literários, pois ficou claro que a característica obrigatória resulta em traumas, que

podem ocasionar na queda do número de leitores quando esses alunos saírem da escola.

Por que a literatura trabalhada em sala de aula não seduz os alunos, que

consideram as aulas desinteressantes e monótonas? De acordo com a pesquisa, a resposta

pode estar na liberdade de escolha, na variedade que esse tipo de livros oferece, na

possibilidade de se construir um sentido pessoal para a leitura, na oportunidade de

desenvolver o seu imaginário por meio das propostas ficcionais presentes em universos

fantásticos ou mais próximas da realidade, mas mesmo assim interessantes (FREITAS, 2003).

CONCLUSÃO

A principal questão proposta no presente artigo diz respeito ao estudo exclusivo de

obras clássicas e conseguinte marginalização dos livros voltados para o público jovem. Essas

são questões e reflexões que se fazem importantes atualmente, pois esses são livros presentes

na realidade de boa parte dos alunos. Levando esse fato em consideração, nota-se, a cada dia,

o aumento do número de leitores jovens, que podem, em virtude dessa leitura, se tornarem

leitores de Literatura Clássica.

Abreu (2006) conclui a questão com a seguinte solução

[...] Nas escolas, os livros preferidos pelos alunos podem (e devem) ser lidos e

discutidos em classe, levando-se em conta os objetivos com que foram produzidos,

os gêneros de escritos a que pertencem, seu funcionamento textual. Estes livros

podem ser comparados com textos eruditos, não para mostrar como os últimos são

superiores aos primeiros, mas para entender e analisar como diferentes grupos

culturais lidam e lidaram com questões semelhantes ao longo do tempo. Neste

sentido a literatura erudita será entendida como um conjunto de produções

realizadas por um determinado grupo cultural e não como a Literatura, assim como

a visão do crítico literário expressará uma leitura e não a leitura correta de um

determinado texto ou a única autorizada. Não estou propondo que se abandone o

estudo do texto literário canônico, e sim que se garanta espaço para a diversidade

de textos e de leituras; que se garanta o espaço do outro (ABREU, 2006, p. 111).

Baseando-se nos dados expressivos dessa pesquisa, faz-se necessária a garantia de

um espaço para os best-sellers na escola, pois estes representam uma boa parte do gosto

pessoal dos alunos. E, como sugere Abreu (2006), eles podem ser utilizados em sala de aula,

proporcionando discussões sobre costumes, época, linguagem, hábitos, entre outros temas.

34

Toma-se como exemplo o livro ―Eclipse‖, de Stephenie Meyer, o terceiro livro da

saga ―Crepúsculo‖, que representa o livro mais mencionado pelos jovens na pesquisa. Nesse

livro são citados os personagens e trechos do livro ―O morro dos ventos uivantes‖, livro de

Emily Brontë. Além disso, no decorrer da história traça-se um paralelo entre o enredo de

ambas as obras. A leitura de tais obras geraria uma discussão interessante a respeito dos

gêneros literários distintos, da diferente visão do amor obsessivo por adultos e adolescentes,

em épocas diferentes, em um mundo fantástico e um mundo real e suas diversas

conseqüências. Esse é apenas um exemplo do que poderia ser feito para chamar a atenção dos

jovens, a partir de suas próprias e prazerosas leituras, para a literatura de clássicos.

Para se formar um leitor, além de serem necessárias experiências gratificantes com

a leitura, há outro aspecto a se considerar: um leitor forma-se aos poucos, com o passar do

tempo. Daí a importância de se começar o quanto antes o contato da criança com o mundo dos

livros. A fase de leitura livre entre os jovens também não deve ser ignorada, e sim encorajada,

pois faz parte deles, de seus gostos e vai influenciar boa parte de suas futuras escolhas

literárias.

Segundo Tufano (2007), não se deve procurar culpados para o pequeno número de

leitores jovens, mas soluções para que essa juventude tenha mais oportunidades de conhecer

livros que tornem o ato de ler uma experiência gratificante e não simplesmente uma rotineira

tarefa escolar.

O que esse artigo propõe como possível solução são projetos de incentivo à leitura,

relacionados aos hábitos de leitura dos próprios alunos, como concursos, oficinas literárias,

atividades que proporcionem aos alunos um ambiente sem pressão de avaliação ou

julgamento, em que possam realizar atividades de seus livros preferidos, aproximando aluno e

escola, prazer e leitura.

35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Márcia. Cultura letrada: literatura e leitura. São Paulo: UNESP, 2006.

BRAGA, Regina Maria; SILVESTRE, Maria de Fátima Barros. Construindo o leitor

competente: atividades de leitura interativa para a sala de aula. São Paulo: Peirópolis, 2002.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos de ensino

fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC/SEF, 2000.

BRASIL. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros

Curriculares Nacionais. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEMT, 2002.

BURKE, Peter (org). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: editora UNESP,

1992.

CAVALLO, Guglielmo; CHARTIER, Roger. História da leitura no mundo ocidental 1.

São Paulo: Ática, 1998.

EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. São Paulo: Martins fontes, 2003.

FREITAS, Maria Thereza. Leitura, escrita e literatura em tempos de internet. In:

Aparecida Paiva; Aracy Martins; graça Paulino; Zélia versiane. (Org.). Literatura e

letramento: espaços, suportes e interfaces - O jogo do livro. Belo Horizonte: Autêntica

Editora, 2003.

GONÇALVES, Paulo. Leitura para jovens: um desafio. Lisboa, dez 2006. Disponível em <

http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=5071> Acesso em 11 Jun 2009.

HOHLFELDT, Antonio. Literatura Infanto-Juvenil – teoria e prática. Porto Alegre:

Mercado Aberto, 2006.

KOTHE, Flávio R. Cânone colonial. Brasília: Editora da UNB, 1997.

LAJOLO, Marisa. O Que é Literatura. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1995.

MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor? In:

BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (org.). Português no ensino médio e formação do

professor. São Paulo: Parábola, 2006.

36

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

RIBEIRO, Ana Elisa. Adolescente lê, sim, senhor! São Paulo, jun 2007. Disponível em

<http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2303> Acesso em 01 Set

2009.

RIBEIRO, Wliane da Silva. Práticas de leitura no mundo ocidental. Revista Ágora. Rio de

Janeiro, nov 2008. Disponível em

<http://www.iseseduca.com.br/pdf/pratica%20de%20leitura.pdf> Acesso em 12 Out. 2009.

ROMAGNOLLI, Luciana. Para gostar de ler na escola. Paraná, out 2005. Disponível em <

http://www.universia.com.br/noticia/materia_clipping.jsp?not=20868> Acesso em 9 Out

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SAMUEL, Rogel. Novo manual de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 2007.

SCHOLES, Robert, KELLOGG, Robert. A natureza da narrativa. São Paulo: McGraw-Hill

do Brasil, 1977.

SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: Papirus, 1995.

TUFANO, Douglas. Os jovens e os livros. São Paulo, fev 2007. Disponível em

<http://douglastufano.multiply.com/reviews/item/1> Acesso em 10 Out de 2009.

ZILBERMAN, Regina. Fim do livro, fim dos leitores? São Paulo: SENAC, 2001.

ZILBERMAN, Regina. Letramento literário: não ao texto, sim ao livro. In: Aparecida Paiva

(Org.) Literatura e letramento: espaços, suportes e interfaces – o jogo do livro. Belo

Horizonte: Autêntica, 2003.

37

ANEXOS

ANEXO A – QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS

Questionário para pesquisa. Pesquisadora: Kelly Ferreira dos Santos1

O presente questionário tem cunho, exclusivamente, científico. Com fundamento na

confecção de um artigo científico2 para o Curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás.

As informações aqui obtidas serão analisadas, não se empregando juízo de valores, nem a

divulgação de quem as responderam3.

1- Qual o primeiro livro que você se lembra de ter lido e gostado? Quantos anos você

tinha? Quantos anos você tem hoje?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2 - Quais obras literárias, propostas pela escola, você já leu e gostou? Quais delas você

não gostou? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3 - Quais desses livros você leu por conta própria?

Crepúsculo (qualquer um da série)

Harry Potter (qualquer um da série)

Desventuras em série (qualquer um da série)

Artemis Fowl

A menina que roubava livros

O diário da princesa (qualquer um da série)

Gossip Girls (qualquer um da série)

As crônicas de Nárnia (qualquer um da série)

O caçador de Pipas

Anjos e Demônios

Código da Vinci

Fortaleza Digital

Outros, no mesmo estilo: ___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4 - Quais motivos o levaram a ler tais livros por conta própria (para passar o tempo,

curiosidade, indicação de amigos, etc.)? ___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

1 Aluna do 4º ano de Letras – Port. Inglês da UEG;

2 Confecção de Artigo Científico como requisito da disciplina de TCC;

3 Não é necessário que o questionário contenha o nome de quem o respondeu.

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5- O que você acha sobre a leitura de best-sellers, livros chamados de “não-literários”?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6 - Você concorda que a leitura de clássicos da literatura é mais importante do que a

leitura de livros não-literários, best-sellers? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7 - Você prefere ler os livros de literatura, propostos pela escola, ou outros livros, que

você lê sem fins “escolares”, aqueles que você lê por diversão, por prazer? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

8 - Você acha que a escola deveria abrir espaço para livros não-literários (sugerindo a

leitura dos mesmos ou trabalhos relacionados a eles)? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9- Levando em conta a sua resposta à pergunta anterior, você acharia interessante a

utilização de livros ou trechos de livros não-literários nas aulas de Inglês? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

39

ANEXO B – QUESTIONÁRIO DOS PROFESSORES

Questionário para pesquisa. Pesquisadora: Kelly Ferreira dos Santos4

O presente questionário tem cunho, exclusivamente, científico. Com fundamento na

confecção de um artigo científico5 para o Curso de Letras da Universidade Estadual de Goiás.

As informações aqui obtidas serão analisadas, não se empregando juízo de valores, nem a

divulgação de quem as responderam6.

1- Qual dessas disciplinas você leciona?

Português

Inglês

Literatura

2 – Em sua opinião, qual a importância de os alunos lerem literatura clássica?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3 - Quais desses livros você já leu?

Crepúsculo (qualquer um da série)

Harry Potter (qualquer um da série)

Desventuras em série (qualquer um da série)

Artemis Fowl

A menina que roubava livros

O diário da princesa (qualquer um da série)

Gossip Girls (qualquer um da série)

As crônicas de Nárnia (qualquer um da série)

O caçador de Pipas

Anjos e Demônios

Código da Vinci

Fortaleza Digital

Outros, no mesmo estilo: ___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4 – O que acha sobre a leitura de livros não-literários, best-sellers e/ou livros

direcionados ao público jovem? Acha que os alunos deveriam ler esses livros ou não?

Justifique. ___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4 Aluna do 4º ano de Letras – Port. Inglês da UEG;

5 Confecção de Artigo Científico como requisito da disciplina de TCC;

6 Não é necessário que o questionário contenha o nome de quem o respondeu.

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5 - Você concorda que a leitura de clássicos da literatura é mais importante do que a

leitura de livros não-literários, best-sellers? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6 - Você acha que a escola deveria abrir espaço para livros não-literários (sugerindo a

leitura dos mesmos ou trabalhos relacionados a eles) ou não? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7- Levando em conta a sua resposta à pergunta anterior, você acharia interessante a

utilização de livros ou trechos de livros não-literários nas aulas de Inglês? Justifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________