kaiangô

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Kaiangô/Kaiango/Kaiangu Encontramos referências a essa divindade em Nei Lopes que dá como sua origem o Congo, sendo a palavra derivado de Yangu acrescido de um prefixo diminutivo Ka, ou do substantivo Nkai que traduzindo seria avó. Também ele registra a forma Caingo cuja tradução seria velho, fraco, doente, debilitado. Óscar Ribas por sua vez situa sua origem como sendo da área lingüística do kimbundo, portanto angolana, e nos informa que a divindade é esposa de Mutakalambô, portanto uma divindade ligada à caça. Manuel Laranjeira Rodrigues de Areia registra esse Nkisse entre os Luenas, os luvali e os lucazi como a divindade da adivinhação com a etmologia Kaiangu. Edison Carneiro encontrou-a nos candomblés bantu da Bahia de sua época. É cultuada no Tumbansi, Itapecerica da Serra. Novamente daremos a voz a Itana Mutararê, que em interessante postagem nas páginas do Orkut nos brinda com uma vasta explicação sobre o Nkisi Kaiangô. Ouçamo-la: “Kaiongo –s.f. Espírito feminino que constitui uma das mulheres de Mutakalombo. Entidade espiritual conubiada com essoutra entidade espiritual. Termo quimbundo Fonte: -- Dicionário de Regionalismos Angolanos, pág. 140 -- de Oscar Ribas -- 1994 – Editora Contemporânea. Durante meus primeiros estudos sobre o ngombo, encontrei uma resenha de Ramon Sarró sobre o livro ‘SE ISTO É UMA CESTA” da Etnógrafa Sonia Silva. Descrevendo o que leu diz ele: “Entre os Luvale, só poderão ser adivinhos aqueles que sofreram de uma determinada doença cuja cura tenha envolvido a possessão dos seus corpos por kayongo, o espírito da adivinhação. A possessão e a capacidade divinatória constituem a sua cura — porém, sempre que tente abandonar a adivinhação, o homem será novamente acometido pela doença. Kayongo, um espírito metaforicamente associado ao vento, é também o espírito que toma posse da nova cesta de adivinhação mediante a transferência das peças da antiga lipele para a nova.”Essas duas informações sobre Kayongo, em que ela seria a esposa de Mutakalombo e em outra região, seria o espírito da adivinhação e metaforicamente associado ao vento, não poderiam ficar dissociadas das informações anteriores que obtive dos meus mais velhos no Candomblé. Em nossa casa, (casa de meu pai Passinho) KAIANGO , é o fogo da

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Kaiang/Kaiango/KaianguEncontramos referncias a essa divindade em Nei Lopes que d como sua origem o Congo, sendo a palavra derivado de Yangu acrescido de um prefixo diminutivo Ka, ou do substantivo Nkai que traduzindo seria av. Tambm ele registra a forma Caingo cuja traduo seria velho, fraco, doente, debilitado. scar Ribas por sua vez situa sua origem como sendo da rea lingstica do kimbundo, portanto angolana, e nos informa que a divindade esposa de Mutakalamb, portanto uma divindade ligada caa. Manuel Laranjeira Rodrigues de Areia registra esse Nkisse entre os Luenas, os luvali e os lucazi como a divindade da adivinhao com a etmologia Kaiangu. Edison Carneiro encontrou-a nos candombls bantu da Bahia de sua poca. cultuada no Tumbansi, Itapecerica da Serra.Novamente daremos a voz a Itana Mutarar, que em interessante postagem nas pginas do Orkut nos brinda com uma vasta explicao sobre o Nkisi Kaiang. Ouamo-la:Kaiongo s.f. Esprito feminino que constitui uma das mulheres de Mutakalombo. Entidade espiritual conubiada com essoutra entidade espiritual. Termo quimbundo Fonte: -- Dicionrio de Regionalismos Angolanos, pg. 140 -- de Oscar Ribas -- 1994 Editora Contempornea. Durante meus primeiros estudos sobre o ngombo, encontrei uma resenha de Ramon Sarr sobre o livro SE ISTO UMA CESTA da Etngrafa Sonia Silva. Descrevendo o que leu diz ele: Entre os Luvale, s podero ser adivinhos aqueles que sofreram de uma determinada doena cuja cura tenha envolvido a possesso dos seus corpos por kayongo, o esprito da adivinhao. A possesso e a capacidade divinatria constituem a sua cura porm, sempre que tente abandonar a adivinhao, o homem ser novamente acometido pela doena. Kayongo, um esprito metaforicamente associado ao vento, tambm o esprito que toma posse da nova cesta de adivinhao mediante a transferncia das peas da antiga lipele para a nova.Essas duas informaes sobre Kayongo, em que ela seria a esposa de Mutakalombo e em outra regio, seria o esprito da adivinhao e metaforicamente associado ao vento, no poderiam ficar dissociadas das informaes anteriores que obtive dos meus mais velhos no Candombl. Em nossa casa, (casa de meu pai Passinho) KAIANGO , o fogo da terra, a parte gnea da Terra; principio por onde passam todos os caminhos que tm relao com este elemento primordial, FOGO EM BRASA, EM LAVAS. Todos sabem que os bantu habitam esses 3 reinos, Angola, Matamba e Congo, desde perodos pr-histricos, no perodo paleozico quando a terra ainda esfriava... Lembram das pegadas de Zambi na frica??? Assim, logicamente, todos os mitos devem ser buscados desde essas eras Kaiango Tem ligao com Ntoto u Zaba (as profundezas da terra que se comunica com o cu), nos domnios do Nkisi Nsumbu, com quem compartilhou grandes segredos, os quais somente ela conhece e a ela pertence. Mais para cima dessas terras profundas, tambm tem ligao com Kavungo, onde nesses domnios, as cavernas, visita com suas ventanias, bem vinda e festejada. KAIANGO A GRANDE SENHORA DO FOGO PRIMORDIAL , DAS BRASAS DO INTERIOR DA TERRA, enquanto Nzazi o grande Senhor do Fogo Csmico que rasga os cus desde os tempos primordiais. No momento em que a Terra iniciou o seu resfriamento, surge a FUMAA (no uma fumaa qualquer, mas uma fumaa das brasas vulcnicas, resultante do processo da criao deste mundo)... A ENERGIA DE KAIANGO SE TRANSMUTANDO, CRIANDO CAMINHOS... Fumaa a representao do ar, do vento na forma mais simples e elementar da Criao. A Natureza gnea se transmuta em fumaa primordial e cria novos caminhos sem, contudo perder a sua ligao com o fogo primordial de centro da Terra. Mas... FOGO FOGO, FUMAA FUMAA. A nuvem de fumaa, o movimento da fumaa, a presena de fumaa em florestas, em lugares midos, sem duvida nos reporta a imaginar a forma das almas dos antepassados da humanidade. Dessa forma, KAIANGO est ligada criao do mundo, tendo sua prpria natureza associada aos VENTOS e como resultantes de seu movimento, novos caminhos se criam para a existncia dos redemoinhos de ar e tempestades. Na frica, nas regies do Kongo, ocorrem tempestades de ventos impetuosos to formidveis que fica tudo em trevas. Para dissipar esse estado atmosfrico to carregado e que traz tantas dificuldades, realizam-se rituais.O vento tambm faz parte do sistema divinatrio dos Ngangas, conforme podem ver, citado acima, entre os Luvale; sem ele acreditam que no receberiam a visita dos espritos, principalmente em seus sonhos. O VENTO TRABALHA em favor dos africanos... entre os povos Humbe a ajuda do vento primordial na operao de separar a palha dos gros de massambala Estudos da Mitologia bantu --- Tata Nkasute, pgina 94. Porm a Natureza no pra de se transmutar para GERAR NOVOS ELEMENTOS. Como conseqncia NOVOS CAMINHOS. Com as mudanas climticas, previsveis no processo de formao da terra, vieram as CHUVAS. A CHUVA vem da evaporao devida ao ar quente sobre as guas dos rios, dos lagos, poas. No encontro das camadas de ar frio, com ar quente as poeiras da atmosfera se condensam e desaparecem, ocorrendo a precipitao Mais uma vez a Natureza se transmuta e sem perder seu principio original abre caminho para UAMBULU NSEMA (BAMBURUCEMA) - a grande SENHORA DO FENMENOS ASSOCIADOS SOBRECARGA NA ATMOSFERA, de calor, umidade e vento, culminando em TEMPESTADES DE CHUVA, RAIOS E TROVES. No encontrei nos livros nada semelhante ao que aprendi pela oralidade dos MEUS mais velhos do TUMBENSI, mas, nos estudos referentes formao da terra fcil constatar quer realmente a mitologia se encaixa perfeitamente com os relatos histrico/ cientficos.