juventude, participaÇÃo e direitos (tcc)

82
1 SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL ELENILTON ALVES PEREIRA JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS, UM OLHAR PARA AS PERCEPÇÕES DE JOVENS NO MUNICIPIO DE FLEXEIRAS SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO NO PROJOVEM ADOLESCENTE

Upload: glauciaas

Post on 05-Jun-2015

5.028 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

Page 1: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

1

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOSERVIÇO SOCIAL

ELENILTON ALVES PEREIRA

JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS, UM OLHAR PARA AS PERCEPÇÕES DE JOVENS NO MUNICIPIO DE

FLEXEIRAS SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO NO PROJOVEM ADOLESCENTE

Maceió2011

Page 2: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

2

ELENILTON ALVES PEREIRA

JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS, UM OLHAR PARA AS PERCEPÇÕES DE JOVENS NO MUNICIPIO DE

FLEXEIRAS SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO NO PROJOVEM ADOLESCENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Profª Clarice da Luz Kerkanp.

Maceió2011

Page 3: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho á minha mãe Aliete Alves Pereira, que

sempre mim incentivou a buscar sempre o melhor para minha

vida, e está sempre comigo em todos os momentos.

Aos meus amigos que sempre mim apoiaram nessa minha

trajetória acadêmica e que motivaram a prosseguir ao caminho da

vitória.

Em especial lembrança á memória de meu pai Luiz Pereira, que

com seu jeito de educar ensinou-me á buscar escolhas certas e

que com sua enfermidade e depois o seu falecimento mim ensinou

á amá-lo.

Page 4: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

4

AGRADECIMENTOS

A Deus que permitiu á todo momento que meus sonhos fossem

alicerçado em seu nome, e assim deu-me a oportunidade de alcançar este

sonho chamado Vitória.

A professora Cléia da Escola Délcio Verçosa de Amorim do

município de Flexeiras-Al, por sua dedicação de ensinar-me a realizar o meu

primeiro portfólio da universidade.

Á todos os tutores de sala que passaram por mim, contribuindo

com seus ensinamentos para minha formação profissional, e em especial á

tutora atual Andréa Azevedo.

Ao coordenador do curso de Serviço Social do pólo

CeapCursos Valter Tenório, que também foi um norteador do meu processo

acadêmico.

Ás minhas amigas Edneide Portella e Andréa Alves que a todo

o momento foram anjos no decorrer da buscar da realização dos meus sonhos.

A supervisora de campo e coordenadora do Centro de

Referência da Assistência Social – CRAS de Flexeiras-Al Anne Priscila Lira

Leite Serafim, que concedeu á oportunidade do aprendizado de estágio,

depositando em mim confiança e sempre acompanhando o meu processo de

amadurecimento no CRAS, pelas as vezes que teve de optar pôr dar-me as

oportunidades.

Á coordenadora técnica do Projovem Adolescente Maria Alice

Lima dos santos, pela oportunidade de aprendizado nas atividades do

ProJovem adolescente

Á todos funcionários do CRAS pelo momento de meu estágio

porque receberam-me de braços abertos.

Por último, mas não com menos importância, aos meus amigos

e irmãs que cada um com sua maneira ajudaram-me a prosseguir neste

caminho

Page 5: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

5

O degrau de uma escada não serve simplesmente para que alguém

permaneça em cima dele, destina-se a sustentar o pé de um homem pelo

tempo suficiente para que ele coloque o outro um pouco mais alto.

THOMAS HUXLEY

Page 6: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

6

ALVES, Elenilton Pereira.Juventude, Participação e Direitos, um olhar para as percepções de jovens no município de Flexeiras sobre sua participação do Projovem Adolescente.2011.41 pg. Trabalho de Conclusão de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Maceió, 2011

RESUMO

Este trabalho aborda a reflexão sobre as políticas públicas da juventude ofertada pelo Governo Federal aos jovens do Brasil, e ao mesmo tempo as percepções de jovens sobre sua participação no Projovem Adolescente e a experiência de estágio supervisionado no Centro de referência da Assistência Social – CRAS no município de Flexeiras-Al. A reflexão é acerca do direito á participação da juventude nas políticas públicas de promoção da cidadania, conforme proposto pela Constituição Federal de 88, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. A análise da participação e direitos á juventude brasileira da atualidade, se impõe como necessidade perante o grande contingente jovem e á situação de vulnerabilidade que se encontra grande parte desse contingente.

Palavra-Chave: Juventude, Direitos, Políticas Públicas,

Projovem Adolescente

Page 7: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

7

ALVES, Elenilton Pereira.Juventude, Participación y Derechos, una mirada a la percepción de los jóvenes en la ciudad de Flexeiras sobre su participación PROJOVEM Adolescente.2011.41 pg. Finalización de los trabajos y Ciencias Sociales Aplicadas de Empresas, Universidad del Norte de Paraná, Macedonia, 2011

RESUMEN

El presente trabajo aborda el debate sobre las políticas públicas de juventud que ofrece el Gobierno Federal de Brasil para los jóvenes, mientras que las percepciones de los jóvenes sobre su participación en el PROJOVEM Teen y la experiencia de prácticas supervisadas en el Centro de Referencia de Asistencia Social - CRAS en la ciudad de Al-Flexeiras. La reflexión es sobre el derecho de participación de los jóvenes en las políticas públicas para promover la ciudadanía, según lo propuesto por la Constitución Federal de 88 años, de acuerdo a la Niñez y la Adolescencia de 1990. El análisis de la participación y los derechos de la juventud de hoy de Brasil, se impone como una necesidad para los jóvenes y un gran contingente a la situación de vulnerabilidad que una gran parte de la cuota.

  Palabra clave: Juventud, Derechos Humanos, Políticas Públicas, PROJOVEM Adolescente

Page 8: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................09

1.2 Objetivos Geral.........................................................................................10

1.3 Objetivo Específico..................................................................................10

1.4 Justificativa...............................................................................................10

1.5 Metodologia..............................................................................................11

2. A Política de Assistência Social no Brasil............................................12

2.1 Breve Histórico das Políticas Públicas no Brasil.................................13

2.2 Política Nacional de Assistência Social...............................................15

3. Políticas Públicas, Adolescência e Juventude: A Concretização do

Direito.......................................................................................................18

3.1 Conceito de Juventude........................................................................25

3.2 Código de Menores x ECA..................................................................27

3.3O Direitos dos Jovens á Assistência Social.........................................29

4. O Socioeducativo: Formas de Potencializar a Convivência e a

participação Cidadã.....................................................................................34

4.1 O Socioeducativo como direito á Assistência Social..........................38

4.2 Os programas Ofertados pelo Governo Federal a Juventude

Brasileira...................................................................................................40

4.3 Implantação do ProJovem Adolescente Serviço Socioeducativo no

município de Flexeiras..............................................................................45

5. Considerações Finais.............................................................................50

6. Referências Bibliográficas.....................................................................53

Page 9: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

9

INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe-se refletir acerca das políticas públicas

para adolescentes e jovens no Brasil, com abordagem acerca dos processos

de trabalho onde o Assistente Social se insere e com os quais pode contribuir

perante a realidade nas relações institucionais e sociais. Assim aponta-se para

as abordagens das políticas públicas voltadas para o atendimento das

demandas sociais oriundas da população. As políticas públicas aos

adolescentes e jovens é um assunto que vem ao longo do tempo sendo

discutida na Política Nacional de Assistência Social. Por tanto, a pouco tempo

atrás, a abordagem com adolescente especificamente em programas

governamentais, tanto em nível municipal como federal eram pensados de

formas assistencialista, ou seja, ocupar tempo. Nesse sentido as idéias juvenis

eram fragmentadas, pois a proposta era simplesmente um espaço de

ocupação, sem vislumbrar um enforque social que promovesse o

desenvolvimento integral e assim contribuir para o protagonismo juvenil.

Diante do contexto social e das poucas oportunidades dadas

aos adolescentes e jovens que se encontra em situação de vulnerabilidade

social, se faz necessário que a política de assistência social preste este

serviço. Logo essa realidade demanda também desafios para que o Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) possa ser materializado em usa

integra. Foi a partir das lutas da sociedade e da categoria profissional do

Serviço Social que a Constituição Brasileira estabelece nos seus artigos 203 e

204 a Assistência Social como política pública continuando com processo de

consolidação da assistência social como política pública, também neste século

deu-se a implantação de seu Sistema Único de Assistência Social – SUAS,

estruturando assim as áreas de proteção social básica e proteção social

especial-Lei orgânica da Assistência Social –LOAS (1993).

A Política Nacional de Assistência Social que se materializa

através do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, composto de uma

rede articulada e orgânica de serviços, programas, projetos e benefícios

socioassistenciais, encontra-se o programa federal Projovem Adolescente,

implantado em 2008 no município de Flexeiras-Al. O Projovem Adolescente é

Page 10: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

10

um serviço socioassistencial continuado que articula um conjunto de ações dos

dois âmbitos das proteções sociais básicas e especial, o programa destina-se

aos jovens de famílias em condições de extrema pobreza e aquelas marcados

por vivencias resultantes de diferentes situações de riscos e vulnerabilidade

sociais. Pois o Projovem Adolescente tem como intuito oferecer um espaço de

convivência social voltado ao desenvolvimento de potencialidades dos jovem e

adolescente e aquisições para atuação crítica para que saiba como prever,

reconhecer e assumir a responsabilidade de interferir e fazer como que coisas

importantes aconteçam no seu contexto, tais como motivar o retorno á escola e

assim conseqüentemente o aumento do nível da escolaridade e o

fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

É justamente nesta reflexão que este trabalho veio a ser

realizado com necessidade de conhecer e de estudar as políticas públicas

ofertadas pelo Governo Federal através de programas e projetos sociais

voltados aos adolescentes e jovens que pertence as famílias que fazem parte

do programa Bolsa Família ou que tenha o perfil e não recebem a bolsa família.

Objetivo Geral

Identificar as Políticas Públicas ofertadas pelo Governo Federal

aos Adolescentes e Jovens em vulnerabilidade social.

Objetivo Especifico

Apontar as Políticas Públicas existentes para

adolescentes e jovens;

Indicar o acesso e garantia dos direitos aos

adolescentes;

Mostrar a experiência do Projovem Adolescente no

município de Flexeiras-AL.

Justificativa

O motivo que levou á pesquisar sobre as políticas públicas

existente ofertadas pelo governo federal aos adolescentes e jovens do Brasil,

foi o estado de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social em

que é produzido na conjunção da precariedade do trabalho com a fragilidade

Page 11: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

11

do vínculo social, sendo uma categoria capaz de descrever a situação de uma

grande parcela da população brasileira. Pois mesmo com toda as políticas

públicas direcionada aos adolescentes e jovens não se faz como garantia de

seus direitos, os projetos e programas existentes ofertado pelo Estado como

respostas á demanda deste público, fica e somente no papel.

Faz-se necessário compreender que não adianta implantar

políticas públicas, se as que existem não são executadas e não atendidas as

demandas dos adolescentes e jovens nesta situação de vulnerabilidade social.

É fato que as políticas públicas muitas delas ainda são desconhecidas pelos

jovens, fazendo com que os mesmos não exerçam seus direitos como

participação e protagonistas de seus direitos. Por isso, é preciso o debate

acerca deste tema e suas concepções com relação á juventude e a

adolescência, são essenciais, pois a partir delas serão retratado e interpretado

suas formas de ser e está no mundo e, além disso, a maneira como a

sociedade se organiza na atenção á essas fases da vida, especialmente o

modo como são configurados os direitos e os deveres dos adolescentes e

jovens e quais são as ações sociais e políticas reivindicadas.

Por tanto, é preciso o estudo sobre as políticas públicas para a

juventude para o fortalecimento de ações que se dediquem á promoção dos

direitos dos adolescentes e dos jovens em situação de vulnerabilidade, já que o

Brasil acredita nos jovens como futuros deste país, então se faz necessário que

o mesmo garanta o direito á este através das políticas públicas existentes.

Metodologia

A realização deste trabalho se deu através de pesquisa

Bibliográfica, utilizando-se de fontes de pesquisa como, internet, arquivos

documentados, livros e experiência vivenciada pelo acadêmico nos estágios

supervisionados no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS no

município de Flexeiras no Projeto Projovem Adolescente.

Page 12: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

12

2. A Política de Assistência Social no Brasil

Neste capitulo será abordado como se deu o surgimento das

Políticas de Assistência Social no Brasil, seus avanços, limites e desafios

atualmente, pois é nesta política de Assistência Social que está inserida as

políticas públicas de cunho social.

Porém ao abordar as políticas públicas de assistência social, é

preciso pontuar a concepção da qual se parte acerca das políticas públicas,

assim estas políticas são composta por política de cunho social e econômico e

logo, foram construídas ao longo do desenvolvimento da ordem burguesa, com

a emergência do Estado na ação, a partir do meado do século XVI. Por tanto a

política social separada da política econômica é cair na ilusão de que uma é

possível sem a outra. O Estado, desde sua origem nasce voltado para o

fortalecimento da nascente ordem burguesa e promove ações para a sua

consolidação. No século XVIII marca, através das Revoluções Industriais em

1979, Americana em 1976 e Francesa em 1789, a passagem definitiva para a

nova ordem burguesa, onde cujo principio é o da acumulação e o fundamento é

a propriedade privada dos meios de produção. Naquele século inaugura a era

dos direitos civis, logo, necessário á ordem burguesa, porque era preciso o

direito de ir e vir, de vender livremente a sua força de trabalho e principalmente

ter a garantia através da força estatal, da segurança á propriedade privada.

No século XX testemunha o nascimento dos direitos sociais,

resultado das inúmeras lutas enfrentadas pela classe trabalhadora desde

meados do século XIX. Esse processo de nascimento do que conhecemos

atualmente como cidadania, que logo são, direitos civis, políticos e sociais,

desenvolveu-se na Inglaterra, centro do desenvolvimento capitalista, e

espraiou-se de formas diferenciadas e de acordo com as lutas de classes nos

demais países.

Assim, o Estado foi de importância para regular os inúmeros

conflitos das lutas de classes, regulamentando leis políticas e sociais, porém

mantendo sua função primordial, que logo era a de manter e fortalecer a ordem

capitalista e, ao mesmo tempo transfigurar-se como um ente acima das classes

Page 13: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

13

sociais. Porém, além do importante papel político, o Estado desenvolveu desde

o seu nascedouro ações econômicas cruciais para o desenvolvimento da

empresa capitalista.

Na passagem para o século XX, com a transição do

capitalismo do tipo concorrencial para o monopolista, fez com que o Estado

assumisse de vez por toda a sua função que era de “empresário” da classe

capitalista. Logo, desenvolveu políticas públicas, claro, com recursos públicos,

vindo da extração de mais-valia da classe trabalhadora, voltada assim, para o

processo de monopolização capitalista.

2.1 Breve Histórico das Políticas Públicas no Brasil

Foi na década de 1930 que o Brasil, um país capitalista

periférico entrou no mundo industrial, pois o Estado foi o impulsionador central

daquele processo no contexto ideológico nacional – desenvolvimentista, com

políticas econômica voltadas para a indústria, na nascente zona urbana, e que

ainda mantinham o poder do latifúndio, no campo. Foi baseado na cidadania

regulada que o padrão brasileiro de políticas sociais se baseou, isto é, tinham

acesso á proteção social somente aqueles que detivessem a carteira de

trabalho, com profissão e sindicato reconhecidos pelo Estado varguista. Isto é,

aquele que não detinham a carteira de trabalho ou questionassem a ordem

vigente eram tratados com violenta repressão estatal. Todo este padrão de

política social, logo subjugada á política econômica atravessou o governo e a

ditadura Vargas (1930/1945), o período populista (1946/1963), a longa ditadura

militar (1964/1984), e então só foi modificado com a promulgação da

Constituição Federal de 1988.

Assim a Assistência Social foi historicamente, no contexto

brasileiro detida pelas instituições religiosas e utilizada como moeda de troca,

política, seja onde fosse à zona urbana ou rural, com o poder dos coronéis.

Então o Estado varguista criou grandes instituições, como LBA, que logo não

fugia da lógica da benemerência, ou seja, do favor aos pobres, então a política

de assistência social sempre foi, portanto, cunhada pela ótica do favor e não

tida ainda como direito, mas sim, como serviço da manutenção da miséria e

dos interesses das elites brasileiras. Todo o processo de constituição da

Page 14: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

14

cidadania no Brasil foi marcado pela restrição das liberdades civis, enquanto

isso o executivo ficou com o papel de criar os direitos sociais, como um

distribuidor repressor e paternalista de empregos e favores. Porém, somente

com os ventos democráticos populares da década de 1980 e a promulgação da

Constituição Federal de 88 inaugurou-se um padrão de proteção social

afirmativo de direitos sociais enquanto direitos de cidadania.

Em Dezembro de 2003 no campo da Assistência Social foi

realizado a IV Conferencia Nacional de Assistência Social, em caráter

extraordinário, no que significou um avanço no que diz respeito á retomada da

valorização de espaços de controle social. Foi na plenária da IV Conferencia

Nacional de Assistência Social – CNAS que a provou a Política Nacional de

Assistência Social – PNAS, que logo prevê a construção e implantação do

Sistema Único da Assistência Social- SUAS cujo modelo de gestão é

descentralizado e participativo. A implantação do SUAS objetiva o rompimento

com a fragmentação programática entre as esferas governamentais e a

articulação e provisão de Proteção Social Básica e Especial para os segmentos

populacionais usuários da política de Assistência Social no país. Pois seus

princípios e diretrizes apontam para a universalização do sistema; a

territorialização da rede; a descentralização político-administrativa; a

padronização dos serviços de assistência social; a integração de objetivos,

ações, serviços, benefícios, programas e projetos; a garantia da proteção

social; a substituição do paradigma assistencialista e a articulação de ações e

competências com os demais sistemas de defesa de direitos humanos,

políticas sociais e esferas governamentais.

Assim com todo o processo da contextualização histórica das

políticas públicas no Brasil. A assistência social é uma dessas políticas

públicas e logo afirma que é dever do Estado e direito de todos os cidadãos e

cidadãs de quem dela necessitar com a firmação do controle social por parte

da sociedade civil. A deliberação á PNAS e a construção do SUAS expressa

um esforço coletivo que, desde a promulgação da CF 88 e da Lei Orgânica da

Assistência Social – LOAS em 1993, vem se empenhando na tarefa de colocar

a Assistência Social brasileira no campo de garantia dos direitos sociais. Para a

efetivação da proteção social, o SUAS dispõe de duas modalidades de

proteção, que são a Proteção Básica e a Especial, aqui iremos da ênfase na

Page 15: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

15

Proteção Básica, pois é justamente esta que iremos abordar nas políticas

públicas da juventude.

A Proteção Social Básica representada pela sigla (PSB),

objetiva prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de

potencialidades, com fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Assim, destina-se á população que vive em situação de vulnerabilidade social

decorrente da pobreza, privação ou fragilização de vínculos afetivos,

relacionais e de pertencimento social. Quanto a proteção social básica com a

proteção social especial têm como suposto o princípio de proteção social Pró-

Ativa, o que logo significa não mais considerar os usuários dos serviços de

assistência social como objetos de intervenção, mas sim como sujeito de

direito.

Como foi mostrado nesse trabalho, o Estado é responsável por

efetivar esse papel e para tanto, dispõe de legislação e aparelhagem capaz de

movimentar a estrutura social para o enfrentamento legítimo das questões

pertinentes a garantia dos direitos dos cidadãos. Em quanto a isso, a Lei

Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8742, sancionada em 7 de

Dezembro de 1993 prevê os instrumentos que devem nortear os princípios e

procedimentos para a implementação, gestão e execução das Políticas de

Assistência Social. A Lei Orgânica da Assistência Social dá, pois a sustentação

para a criação do SUAS, possibilitando assim a efetivação de uma nova forma

de gestão política no país.

2.2 Política Nacional de Assistência Social

A implantação da Política Nacional de Assistência Social –

PNAS, publicada em 28 de outubro de 2004, define a assistência como política

de proteção social aos que estão em situação de risco ou vulnerabilidade, faz

distinção entre Proteção Social Básica e Proteção Social Especial e tem por

objetivos estabelecer diretrizes e princípios congruentes para implantação do

sistema. A final o que vem ser esta Política Nacional de Assistência Social?

Pois bem, a Política Nacional de Assistência Social é uma política que junto

com as políticas setoriais, considera as desigualdades socio-territoriais,

Page 16: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

16

visando seu enfrentamento, á garantia dos mínimos sociais, ao provimento de

condições para atender á sociedade e á universalização dos direitos sociais.

O público dessa política são os cidadãos e grupo que se

encontra em situações de riscos. Assim ela significa garantir a todos, que dela

necessitam e sem contribuição previa a provisão dessa proteção. A Política de

Assistência Social vai permitir a padronização, melhoria e ampliação dos

serviços de assistência no país, respeitando as diferenças locais. A Política

Nacional de Assistência Social – PNAS conceitua a “Família” como o grupo de

pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e, ou de

solidariedade. Assim, são os principais princípios da PNAS, em consonância

com o disposto na Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, no capitulo II,

seção I, artigo 4º a Política Nacional de Assistência Social, rege-se pelos

seguintes princípios democráticos:

I- Supremacia do atendimento ás necessidades sociais

sobre as exigências de rentabilidade econômica;

II- Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o

destinário da ação assistencial alcançável pelas demais

políticas públicas;

III- Respeito á dignidade do cidadão, á sua autonomia e ao

seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem

como á convivência familiar e comunitária, vedando-se

qualquer comprovação vexatória de necessidade;

IV- Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem

descriminação de qualquer natureza, garantindo-se

equivalência ás populações urbanas e rurais;

V- Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e

projetos assistenciais, bem como dos recursos

oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua

concessão.

Na Política Nacional de Assistência Social – PNAS 2004 pode-

se encontrar as seguintes informações:

Análise situacional do país;

Classificação dos municípios por números de habitantes;

Page 17: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

17

Definições: como, CRAS, Proteção Básica e Proteção

Social Especial de Média e Alta complexidade;

Gestão da PNAS na perspectiva do SUAS, são

financiamento de Seguridade Social, Controle Social,

participação dos usuários, política dos recursos

humanos, sistema de informação em assistência social;

Referências bibliográficas e contribuições á versão da

PNAS 2004.

O Sistema Único de Assistência Social é o elemento

fundamental para implantação da Política Nacional de Assistência Social, pois

estabelece procedimentos técnicos e políticos em termos de organização e

prestação das medidas sócioassistenciais, além da nova processualidade em

relação á gestão e ao financiamento das ações organizadas no âmbito desta

política pública. A gestão do SUAS deve ser descentralizado e participativa,

regulando e organizando em todo território as ações de Assistência Social,

pressupondo gestão compartilhada e co-financiamento pelas três esferas de

governo com definição de suas competências.

Page 18: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

18

3. Políticas Públicas, Adolescência e Juventude: A Concretização do

Direito

Neste capítulo iremos abordar sobre as Políticas Públicas da

Juventude, o conceito de juventude e toda contextualização do que cerca a

juventude brasileira, também sobre o processo de como se deu a criança como

sujeito de direitos através do Código de Menor e o processo até o ECA. Pois

bem, é justamente na juventude que a sociedade deposita as maiores

esperanças de vivermos em mundo melhor no futuro, por outro lado, é também

neste segmento de 15 á 29 anos, que infelizmente encontramos mais

ocorrência dos principais problemas da atualidade. Pois é entre os jovens que

estão os maiores índices de usuários de álcool, cigarros e drogas, causadores

e vítimas de acidentes de trânsito, mas também são os jovens os que mais

sofrem com o desemprego, e os que entram para a criminalidade.

Esta grande contradição entre a esperança dos jovens e a

triste realidade urbana encontradas nas estatísticas, gera a necessidade civil

definam planos e ações direcionadas a proteger, capacitar e gerar

oportunidades aos jovens, de modo em que a mudar estes números. Logo,

estes conjuntos de planejamento e ações dos governos com o apoio da

população são as Políticas Públicas para a juventude, ou chamada como P.P.J.

O olhar da sociedade sobre essa juventude ainda é carregado de mitos e

preconceitos, se não nos despíramos deste modo de olhar pouca mudança

será possível, pois já é hora de entender melhor e ouvir o que os próprios

jovens querem e pensam sobre seu futuro, para que possamos contribuir um

novo referencial da sociedade, pois só na escuta dos jovens é que se pode

implantar políticas públicas ativa e que atenda as demandas deste público alvo.

Mas, para isto a identificação do jovem como sujeito participativo do processo

político é necessário, pois é preciso que eles se sintam além de sujeitos de

direitos firmados pela Constituição Federal de 88, mas como participante desta

implantação das políticas públicas.

Page 19: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

19

Pois a discussão sobre a questão dos jovens e a

institucionalização de políticas públicas de juventude só recentemente avançou

no Brasil, apesar dos esforços da Organização Ibero-amaricana da Juventude

(OIJ), a partir dos anos 90 de colocar o tema nas agendas governamentais.

Apesar da preocupação mais sistemática dos governos brasileiros, a partir dos

anos 90, em formular e implementar políticas especificas voltadas para os

jovens, a maior mobilização para discutir uma Política Nacional de Juventude

só foi realmente acontecer nos últimos dois anos, com vistas a elaborar um

Plano Nacional de Políticas Públicas que contemple e aprofunde as questões

que afetam os jovens e um Estatuto dos Direitos da Juventude.

Nas últimas décadas têm testemunhado profundas

transformações sociais, econômicas e culturais, afetando as rotinas produtivas

e as relações sociais, comerciais e trabalhistas em todo o mundo. Este novo

contexto produziu novas desigualdades sociais que exigiram do campo das

políticas públicas alternativas que enfrentassem o quadro de exclusão. No que

se refere á juventude é recente a inclusão desta temática na agenda política do

Brasil e do mundo. As Políticas Públicas passaram a incluir as questões

relacionadas á juventude, de forma mais consistente por motivos emergenciais,

já que os jovens são os mais atingidos pelas transformações no mundo do

trabalho e pelas distintas formas de violência física e simbólica que

caracterizam o século XXI. No Brasil o tema ganhou maior relevância na

década de 90, a partir dos esforços de pesquisadores, organismos

internacionais que enfatizavam a singularidade da experiência social desta

geração de jovens.

No entanto, até recentemente as políticas públicas eram

restritas ao universo do jovem e/ou adolescente, de até 18 anos. O debate

público e a mobilização que ocorreram em torno do ECA, uma das mais

avançadas leis existentes no mundo foram decisivos para a visibilidade dada

aos direitos da infância e a adolescência e ás políticas públicas destinadas a

essa faixa etária. Assim, os jovens com idade superior a 18 anos eram

atendidos por políticas voltadas para a população em geral e as políticas

públicas de juventude eram marcadas por uma abordagem emergencial, cujo

foco era o jovem em situação de risco social. Ainda que nesta perspectiva seja

importante, ela é insuficiente, pois é preciso considerar às heterogeneidades da

Page 20: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

20

juventude, o universo juvenil é complexo, compreende múltiplas singularidade

que precisam ser levadas em consideração na elaboração e implementação de

políticas públicas.

Diante do desafio de inovar esta concepção, o Governo

Federal passou a reconhecer que a juventude não é única, mas sim

heterogênea, com características distintas que variam de acordo com aspectos

sociais, culturais, econômicos e territoriais. Este novo olhar inaugurou uma

nova concepção de política pública que considera a juventude como um

segmento social portador de direitos e protagonistas do desenvolvimento

nacional. Logo o Governo Federal inovou na concepção de políticas públicas e

passou a considerar á juventude como uma condição social, e os jovens, como

sujeito de direitos. Esta nova concepção de política de juventude é norteada

por duas noções fundamentais: oportunidades e direitos. As ações e

programas do Governo Federal buscam oferecer oportunidades e garantir

direitos aos jovens, para que eles possam resgatar a esperança e participar da

construção da vida cidadã no Brasil.

Foi a partir da Constituição de 88, que tivemos a aprovação de

leis ordinárias que visam detalhar e concretizar os mecanismos para

cumprimento dos preceitos constitucionais, além das legislações estabelecidas,

está em curso um intenso debate acerca da necessidade de aprovação de um

marco regulatório voltado ás especificidades da juventude brasileira, tornando-

se cada vez mais evidente que há necessidades e dimensões que precisam ser

incorporadas ás políticas públicas de forma consagrar os direitos dos/das

jovens partindo “da própria diversidade que caracteriza as juventudes”

(NOVAES, 2006). Não é suficiente, portanto, estabelecer um somatório do que

já existem nas diferentes áreas: o desafio é assumir a integração e a

transversalidades como elementos fundamentais de todas as políticas públicas

de juventude, combinando mecanismo de proteção social, expediente que

gerem novas oportunidades de inserção profissional e sociocultural e

incentivem a participação (INSTITUTO CIDADANIA, 2004, p.19). Ressalta-se

como um desses diferenciais que se trata de uma população concentrada entre

15 e 29 anos, logo o Estatuto da Criança e do Adolescente não responde

suficientemente a essas peculiaridades.

Page 21: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

21

Nesse sentido, e grosso modo, considerando o fato dos jovens comporem o contingente populacional mais vitimizado pela distintas formas de violência presente no Brasil; enfrentarem enormes dificuldades de ingresso e permanência no mercado de trabalho; sofrem impedimentos no acesso a bens culturais; não terem assegurado o direito a uma educação de qualidade e não receberem tratamento adequado no tocante ás políticas públicas de saúde e lazer, o reconhecimento de seus direitos deve estar alicerçado em uma perspectivas ampla de garantia de uma vida social plena e de promoção de sua autonomia. Portanto, seu desenvolvimento integral é legítimo e de interesse de todo o conjunto de sociedade. (NOVAES, 2006 p. 7)

O autor convida o leitor a refletir a problemática dos jovens em

meio a violência, onde essa geração está sempre envolvida nesta violência

atual, fazendo com que eles seja vítima da não oportunidades de emprego,

sabendo que os jovens são sujeito de direitos e não mais como uma forma de

intervenção do Estado.

Pois bem, para o Instituto de Cidadania (2004) há pelo menos

três razões para sustentar que o debate sobre a juventude deve estar em

primeiro plano da agenda nacional, já que são confiado nesta geração o

percussor do país, são eles:

(...) o peso numérico do segmento populacional envolvido; a gravidade dos problemas diferenciais enfrentados por ele; e ainda a reconhecida energia, a criatividade e o potencial de engajamento em mobilizações de cunho cidadão que a juventude já comprovou na história de nosso país e de outros povos (op cit, p8)

O plano Nacional de Juventude, em tramitação no Congresso

Nacional, propõe o desenvolvimento de ações ao longo de dez anos, dentre as

quais se destacam a elaboração de planos específicos em estados e

municípios, pautados na construção de diagnósticos reais acerca da situação

da juventude em cada localidade e, ainda, incluindo a participação direta dos

jovens em sua formulação. Logo a idéia de pactuar uma política específica para

juventude busca assegurar a articulação das diferentes iniciativas voltadas a

esse segmento e empenha-se, ainda, no enfretamento de alguns desafios,

Page 22: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

22

destacados á época da aprovação pela Secretaria Nacional de Juventude e

que ainda estão presentes.

Ampliar o acesso e a permanência na escola de

qualidade;

Erradicar o analfabetismo entre os jovens;

Preparar para o mundo do trabalho;

Gerar trabalho e renda;

Promover vida saudável;

Democratizar o acesso ao esporte, ao lazer, á cultura e

á tecnologia da informação;

Promover os direitos humanos e as políticas afirmativas;

Estimular a cidadania e a participação social;

Melhorar a qualidade de vida dos jovens no meio rural e

na comunidade tradicionais.

Assim reconhece-se, dessa forma, que há uma importante

lacuna no debate e na formulação de políticas integradas para e com a

juventude. Contudo, a especificidade do serviço Projovem Adolescente

encontra respalda para a sua estruturação nas legislações em vigor por voltar-

se á faixa etária de 15 á 17 anos. A esse respeito, torna-se importante destacar

que algumas dessas legislações significaram verdadeira revolução-ética,

política e na gestão pública, como são os casos, por exemplo, do ECA e da

LOAS.

Como já foi citado, um importante referencial sobre a infância e

a adolescência no Brasil é o ECA, pois desde a sua publicação, em 1990,

passou-se a considerar criança e adolescente como cidadãos em

desenvolvimento, ancorados numa concepção plena de direitos. No entanto, a

juventude não surge, nesse contexto, como protagonista com identidade

própria, uma vez que parece reforçar a imagem do jovem como um problema,

especialmente em questões relacionadas á violência, ao crime, á exploração

sexual, á drogadição, á saúde e ao desemprego. A partir dessa concepção

limitada, os programas governamentais procuraram apenas e nem sempre com

sucesso minimizar a potencial ameaça que os jovens parecem reapresentar

para a sociedade.

Page 23: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

23

Pode-se afirmar assim que com a provação do ECA e da

LOAS, a sociedade brasileira passou a ter recursos jurídicos, políticos e

financeiros para garantir e defender os direitos de criança e adolescente. São

exemplos disso: o direito á profissionalização e a proteção no trabalho, os

conselhos de direitos e centros de defesa, assim como fundo vinculado á

realização das políticas públicas. Dentre as definições comuns a todas as

legislações citadas está a de que a gestão das políticas públicas no Brasil é de

responsabilidade compartilhada entre a União, os Estados e os municípios

exigindo, em decorrência, redefinições do pacto federativo. Por esse pacto, as

diferentes instâncias devem atuar de forma complementar no financiamento,

execução e coordenação dos sistemas de políticas públicas. Portanto, se

atenção á juventude e adolescência é uma responsabilidade pública, expressa

nos marcos legal e nas diretrizes de diferentes políticas, deve ser realizada

tendo como premissa as responsabilidades e competências de três instâncias

governamentais.

Especialmente na atenção a adolescência e jovens, dado seu

caráter transversal a várias políticas sociais, outra articulação necessária diz

respeito ao esforço intersetorial para o conhecimento das reais condições de

vida desse segmento social, suas aspirações, necessidades e capacidades de

interação social, para formulação de propostas e intervenções abrangentes e

continuadas, que realmente atendam ás especificidades desse ciclo de vida.

Firma-se, assim, a busca da garantia do direito á proteção integral dos

adolescentes e jovens; portanto, não se trata aqui de propostas reducionistas

voltadas á ocupação de jovens e adolescentes para que eles não se envolvam

com os circuitos de violência.

Ao contrário, trata-se de garantir que as diferentes dimensões

propulsionadoras de condições de desenvolvimento e de qualidade de vida

sejam atendidas. Uma adequada definição da concepção da proteção integral é

a expressão nos preceitos constitucionais ao declarar em seu artigo 227:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar á criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito á vida, á saúde, á alimentação, á educação, á cultura, ao lazer, á profissionalização, á liberdade, ao respeito, á dignidade, á

Page 24: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

24

convivência familiar e comunitário, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

( ECA,1999)

Entende-se desta forma que a atenção á adolescência e á

juventude, pela sua característica de transversalidade, requer ações

complementares e articuladas entre si. A dimensão intersetorial passa, então, a

ocupar importância estratégica, visto que nenhuma política será capaz de

sozinha atender a todos esses direitos, expressos no artigo constitucional.

Faz-se necessário neste momento fazer um destaque para

aprofundar um pouco mais sobre a reflexão da Política de Assistência Social.

Tal destaque é preciso no contexto do Projovem Adolescente, como:

Um serviço continuado de Proteção Social Básica do

Sistema Único de Assistência Social – SUAS;

Como caráter socioeducativo orientado por uma

perspectiva universalizantes;

Que visa a assegurar atenção a populações

vulnerabilizadas pela pobreza, protegendo-as de

possíveis incidências de risco e buscando fortalecer

vínculos comunitários e familiares

Pode-se afirmar que a Proteção Social Básica tem, assim, uma

dimensão inovadora (SPOSATI, 2006), na Política Nacional de Assistência

Social – PNAS (2004), ao superar a história atenção voltada a situações

emergenciais, que exigiam ações indenizatórias de perdas já instaladas, mais

do que asseguradoras de patamares de dignidade e de desenvolvimento

integral.

Assim, nessa direção, insere-se o debate das ações

socioeducativas como um campo de direitos a serem assegurados também

pela política pública de assistência social, pois são entendidas como:

...uma oportunidade de desenvolvimento social e pessoal dos jovens [que] contribuiu para que estes reflitam e desenvolvam o conhecimento, o compromisso com a cidadania e a participação social. É importante preocupar-se com a formação do ser humano em sua totalidade. Formação entendida no sentido amplo, enquanto exercício das potencialidades básicas

Page 25: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

25

do ser humano, tais como: a racionalidade, a emoção, a criatividade, o afeto, as diferentes formas de linguagem. Espaço de desenvolvimento de competências e habilidades e acesso á construção de valores e visões de mundo articuladas com seu grupo social.

(MDS/SNAS/DPSB, 2007)

Logo, reconhece que para intervir em questões

multidimensionais como são as necessidades pessoais e sociais de jovens e

adolescentes, a ação pública deve ser igualmente diversificada, visto a

realidade dos jovens.

3.1 Conceitos de Juventude

Conceito de juventude foi formado por diferentes áreas do

conhecimento, como: Psicologia, Sociologia, Demografia, Direito e Políticas

Públicas e dentre outras. Pois de acordo com Bourdiu (1983), não se deve

incidir no erro de falar de jovens como se fossem uma unidade social, um

grupo constituído, dotado de interesses comuns, e relacionar esses interesses

comuns, e relacionar esses interesses a uma faixa etária. Pois é preciso ter um

conceito que não existe uma juventude, porém multiplicidade delas, tantas

quantas são as tribos existentes.

A juventude é também um estilo de vida que vai além da

definição da idade, evocando a transgressão, o anticonformismo (GRAZIOLO,

1984,p.63), a procura do risco e do prazer, a onipotência, a irreverência, a

contestação, a solidariedade e os esforços para mudar os padrões

estabelecidos (LIMA, 1958,p.11-19). Universalmente a juventude destaca-se

pela singularidade de seu posicionamento perante a vida. Por definição, a

juventude é criadora, é nela que os sonhos se renovam, descobertas se

transforma. Assim, a juventude pode-se dizer que “o jovem é revolucionário,

porque é dele que saem as novas propostas”. Mas nem sempre foi assim, só

se começou á falar de juventude no capitalismo. A burguesia começou a se

preocupar com seus filhos que entrariam na vida adulta. Até o feudalismo, a

média de vida das pessoas era de menos de 40 anos. Logo, o conceito de

juventude vem deste processo, e tem então uma construção com a cara de

uma elite adulta que pensa no futuro de seus herdeiros.

Page 26: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

26

Por isso o caráter de transição. Hoje é jovem, pois ontem era

criança e amanhã será adulto, e querem prepará-los para a vida adulta, como

se a inserção na sociedade não se desse com autonomia na juventude, e sim

somente após este período, na vida adulta. Preparam-se os jovens para o

futuro, esquecendo as vezes que é justamente nesta fase que é preciso a

responsabilidade e que faixa etária não quer dizer amadurecimento. Vemos até

hoje muito tratamento que entende a juventude como uma etapa de transição,

ou seja, como vimos anteriormente, que visa preparar a juventude para o

futuro, tem que formara juventude para assumir o lugar dos adultos no futuro.

Como se pode observar na esquerda e na direita, há muito

senso comum neste debate sobre a juventude. Falamos de juventude pois,

mesmo dentro de uma classe social, há muitas e diferentes juventudes. A

diversidade das juventudes é algo que caracteriza esta fase da vida. Então, se

faz necessário aqui refletir, por que discutimos sobre a juventude hoje? Pois

bem, no mundo hoje, neste mundo em que vivemos o maior número de jovens

da história da humanidade. Quem afirma isso é a ONU – Organização das

Nações Unidas, que logo diz que nunca iremos nem teremos mais jovens (que

eles consideram como faixa etária, restrita de 15 a 24 anos) do que temos

neste período, que vai de 1990 até 2020, pois é justamente neste momento

que a população está tendo menos filhos e vivendo mais anos, fazendo com

que a população mundial vá envelhecendo.

Por isso o prognóstico que afirmam que nunca teremos tantos

jovens, isso ajuda a entender o porquê falamos tento sobre juventude hoje em

dia, pois a desafios a si enfrentar, pois os jovens estão a cada instante

crescendo, e a partir do momento que se cresce a juventude, trás com ela

novos sonhos, conquistas, lutas pela garantia de direitos. Pois no Brasil temos

a quinta maior população jovem do mundo, com 34 milhões de jovens (de 15 a

24 anos pela ONU) em 2000. Isto representa 20% da população brasileira, e

quase equivale a toda população Argentina (por volta de 36 milhões de

pessoas).

Desses jovens brasileiros, 40% estão em situação de extrema

pobreza, em famílias com meio salário mínimo de renda per capita ou até

mesmo sem rendimento nenhum.

Page 27: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

27

3.2 Código de Menores X ECA

Pode-se afirmar que o ECA foi elaborado com a participação

dos movimentos sociais. O caráter participativo deste processo e uma primeira

e importante diferença. Pois o protagonismo da sociedade se impõe pela

expressão de seus interesses, é a democracia, recentemente conquistada,

revelando-se pela prática da participação popular. É a proposição de nova

ordem jurídica a partir da proposta de mudança de mentalidade da sociedade

em relação ás suas crianças e adolescentes. Outra mudança que merece

destaque é o caráter universal dos direitos conferidos. Rende no

reconhecimento legal do direito de todas as crianças e adolescentes á

cidadania independente da classe social (Pino, 1990).

Pois enquanto o antigo código de menores destinava-se

somente àqueles em “situação irregular” ou inadaptados, a nova lei diz que

todas as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos. No Código de Menor,

havia um caráter discriminatório, que associava a pobreza á delinqüência,

encobrindo as reais causas das dificuldades vividas por esse público, a enorme

desigualdade de renda e a falta de alternativas de vida. Assim, essa

inferiorização das classes populares continha a idéia de norma, ou seja, todos

deveriam se enquadrar. Como se os mais pobres tivessem um comportamento

desviante e certa tendência natural á desordem, portanto, inaptos a conviver

em sociedade. Os meninos que pertenciam a esse segmento da população

eram considerados carentes, infratores ou abandonados, eram na verdade,

vítimas da falta de proteção.

O antigo código de menores funcionava como instrumento de

controle, transferindo para o Estado a tutela dos menores inadaptados e assim,

justificava a ação dos aparelhos repressivos. Ao contrário, o ECA serve como

instrumento de exigibilidade de direitos àqueles que estão vulnerabilizados pela

sua violação. O reconhecimento da criança e do adolescente como sujeito de

direitos, e não mais como simples portadores de carências (Costa, 1990),

despersonaliza o fenômeno, e principalmente, responsabiliza toda sociedade

pela criação das condições necessárias ao cumprimento do novo direito.

Ao assumir que a criança e o adolescente são pessoas em

desenvolvimento, á nova Lei deixa de responsabilizar algumas crianças pela

Page 28: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

28

irresponsabilidade dos adultos, agora são todos os adultos que devem assumir

a responsabilidade pelos seus atos em relação ás todas as crianças e aos

adolescentes. Logo, a mudança na referência nominal também contém uma

diferença de paradigma, pois a expressão “menor” é substituída por “criança ou

adolescente” para negar o conceito de incapacidade na infância. Pois o

conceito de infância ligado a expressão “menoridade” contém em si a idéia de

não ter, assim ser “menor” significa não ter dezoito anos e, portanto, não ter

capacidades, não ter atingido um estágio de plenitude e não ter, inclusive,

direitos (Valpi, 2000)

A partir da formulação do ECA, inicia-se um debate para

compreender as competências e capacidade da população infanto-juvenil. O

paradigma muda, os menores passam a ser denominado crianças e

adolescentes em situação peculiar de desenvolvimento. Então as crianças e

adolescentes passam a ser vista pelo seu presente, pelas possibilidades que

têm nessa idade e não pelo futuro, pela esperança do que verão a ser. E isto

significa trazer á tona a perceptividade do conceito de infância, que é marcada

pela provisoriedade e singularidade, uma constante metamorfose. Aqui se faz

necessário da ênfase na idéia da singularidade vivida pelas crianças e

adolescente, pois são seres sócio-históricos que não apenas reagem as

determinações sociais, porém são também sujeitos de ações, pois participam

de um momento histórico em que criam e transformam sua existência, a partir

de suas experiências, que são vividas de forma singular.

Neste sentido, o que faz a definição de adolescência não é

uma crise inerente á uma idade, nem tão pouco essência biológica universal,

mas é um conjunto de característica, que inscreve uma qualidade de

pensamento que é diferente na infância e na idade considerada adulta. O

Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA propõe um reordenamento

institucional, rompe assim com práticas fundadas na filantropia ou caridade

(Pino, 1990) e institui uma nova ordem, onde os direitos das crianças geram

responsabilidades para a família, para o Estado e para a sociedade. O Estatuto

introduz um elemento novo que é a constituição de Conselhos de Direitos e dos

Tutelares, elementos estes, fundamentais para as novas políticas de

atendimentos, os conselhos também são espaços de participação da

sociedade organizada, governo e sociedade juntos assumem responsabilidade

Page 29: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

29

pela formulação e controle das ações relativas aos direitos da criança e do

adolescente.

3.3 O Direitos dos Jovens á Assistência Social

Aqui inicialmente é necessário apontar a relação entre dois

importantes marcos regulatórios da atenção a jovens e adolescentes na política

de assistência social: o Estatuto da criança e do Adolescente e a Lei Orgânica

de Assistência Social – LOAS. Uma primeira questão a ser destacada é a visão

de Assistência Social presente no Estatuto da Criança e do Adolescente,

considerando que, até aquele momento, a assistência social ainda não tinha

sido ainda alcançada o status de política pública. A Lei Orgânica de Assistência

Social ainda não havia sido publicado e a idéia que predominou no ECA era a

de política de assistência social com uma função complementar, supletivo e

voltado para necessitados e não para necessidades sociais.

Com todo contexto histórico ao longo desses vinte anos de

vigência do Estatuto, a compreensão em torno da assistência social como uma

política pública asseguradora de direitos avançou muito, inclusive com a

contribuição de militantes, profissionais e pesquisadores que atuam no campo

de defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens. Estabelecer esse

caráter de política pública para a assistência social requer, dentre outras

questões “superar idéias tutelares e de subalternidades, que identificam os

cidadãos como carentes, necessitados, pobres, mendigos, descriminando-os e

apartando-os do reconhecimento como sujeitos de direitos” (NOB/SUAS,

2005,p.25)

Trata-se então de compreender e consolidar a assistência

social como uma política setorial que possui campo próprio de intervenção e

compromisso com a proteção social, que deve ser assegurada de forma

universal na atenção ás vulnerabilidades sociais, considerando as

peculiaridades próprias dos ciclos de vida: “Assim, a assistência social tem

especializações por segmentos etários, o que a coloca em diálogo com os

direitos de criança, adolescentes, jovens e idosos”.

Afirmar então que a Assistência Social é uma política de

proteção social de caráter universal, no âmbito da Seguridade Social, requer

Page 30: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

30

reconhecer sua responsabilidade na garantia de vida digna e na atenção aos

direitos. Esse padrão de dignidade implica não só o acesso a bens materiais,

mas também a padrões de sociabilidade e usufruto de bens culturais e sociais,

fortalecendo a capacidade do cidadão de participar ativamente da sociedade e

de suas conquistas civilizatórias, e de definir objetivos e projetos para si e para

aqueles com os quais convive diretamente. Nessa percepção de Sposati, esse

compromisso da assistência Social assim se expressa:

A proteção social na assistência social inscreve-se, portanto, no campo de riscos e vulnerabilidade sociais, que além de provisões materiais, deve afiançar meios para o reforço da autoestima, autonomia, inserção social, ampliação da resilência aos conflitos, estímulo á participação, equidade, protagonismo, emacipação, inclusão e conquista de cidadania. (SPOSATI, 2004, p.43)

O autor convida aqui á tal concepção do compromisso com

padrões dignos para a vida humana adquire especial relevância ao tratarmos

de atenção a adolescentes e jovens, dada a sua peculiar situação de

desenvolvimento. Nessa direção é que o debate acerca de políticas para e com

adolescentes e jovens tem destacado a importância de assegurar a provisão de

acessos a bens materiais e culturais, mas também que o desenho das ações

preveja maior envolvimento e protagonismo do segmento juvenil como forma

de aprendizado participativo e, principalmente, como mecanismo assegurado

de que seus interesses e necessidades sejam atendidos pela ação

desenvolvida. Nesse sentido, fortalecer a participação dos adolescentes e

jovens na formulação, na execução e na avaliação das políticas é uma diretriz

que visa a atender aos princípios da gestão democrática.

O desafio é grande se pensamos na precariedade no processo de socialização do/ a jovem na sociedade (com foco no trabalho e na educação); nos mecanismos inadequados é insuficiente de inserção do jovem (na sociedade, no mundo do trabalho, no estudo etc.); na ausência (ou na apropriação) de espaços (opções de sociabilidade (com foco na esfera política, religiosa e do esporte e lazer) para o/a jovem e, finalmente, na carência de espaços de participação da juventude em políticas voltadas á qualidade de vida. (NOVAES, 2006, p. 69)

Page 31: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

31

Entende-se que, é a partir da concepção de assistência social

como política de proteção social, estabelecem-se seguranças ou garantias que

devem ser acessadas nessa política, ou seja, ofertadas que a política deve

prover para combater insegurança que o cidadão enfrenta ao longo dos seus

ciclos de vida e, no caso dos adolescentes e jovens, contribuir para o seu

desenvolvimento e seu processo de autonomização. Reafirma-se, portanto,

com esse entendimento, que cabe ao Estado desenvolver ações de combate a

riscos e vulnerabilidades sociais e que enfrentá-las não é um problema

individual e sem de responsabilidade coletiva. A esse respeito afirma a Política

Nacional de Assistência Social – PNAS: “a proteção social deve garantir as

seguintes seguranças: segurança de sobrevivência (de rendimento e

autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência familiar” (PNAS, 2004, p.13).

Na segurança de sobrevivência inserem-se programas e

benefícios de transferências de renda, cujo objetivo é assegurar a todo cidadão

brasileiro o acesso á provisão material necessária para suprimento de suas

necessidades de alimentação e vestuário. Para a PNAS: “essa é a garantia de

que todos tenham uma forma monetária de garantir sua sobrevivência,

independentemente de suas limitações para o trabalho ou do desemprego”

(PNAS, 2004, p.13)

Na segurança de acolhida encontram-se os serviços, projetos e

programas que são desenvolvidos para atender situações de abandono,

fragilização ou perda de vínculos relacionais e familiares, impedimento de

permanência na residência por situação de desastres ou acidentes naturais ou

ainda ocasionadas por situações de violência. Um exemplo de serviços de

acolhida são os abrigos para criança e adolescentes, como medida de proteção

aplicável em situação de vulnerabilidade. Os serviços e programas de acolhida

operam, portanto, na atenção ás necessidades humanas tais como:

alimentação, vestuário, abrigo, proteção á vida.

É necessário estabelecer que segurança de acolhida não é

sinônimo de institucionalização:

Page 32: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

32

Trata-se de construir espaços de referência que dêem a liberdade de a pessoa poder recorrer a eles, reduzindo seu sofrimento e garantindo seu padrão de dignidade e cidadania. (SPOSATI, 2004, p. 46)

Então se pode afirmar que a segurança de acolhida está

presente em vários serviços de assistência social e constitui-se em mecanismo

garantidor de atenção digna ao usuário de política. Porém, é nos serviços e

programas de proteção básica da assistência social que a capacidade de

“escuta” e de apoio aos usuários dos serviços em momentos de

vulnerabilidades se insere nessa acolhida. Para jovens e adolescentes essa é

uma tarefa especialmente importante, visto que requer capacidade de

compreender as contradições e conflitos vividos e que trazem consigo muitas

expectativas, mas também muitas frustrações, especialmente na vivência de

um cotidiano cercado de restrições.

É fundamental, assegurar uma “escuta ativa”, ou seja, aquela

que provoca a reflexão crítica sobre a situação vívida, buscando favorecer

movimentos que extrapolem a dimensão individual e busquem compreender a

questão da juventude e adolescência inserida num cenário sócio-histórico mais

amplo. Por fim, é fundamental apontar que o fortalecimento do convívio familiar

e comunitário requer a instalação de condições favorecedoras de acesso a

essa segurança o que diz respeito ao necessário investimento do Estado na

provisão de políticas públicas articuladas e complementares.

Os vínculos familiares e comunitários possuem uma dimensão política, na medida em que tanto a construção quanto o fortalecimento dos mesmos dependem também, dentre outros fatores, de investimentos do Estado em políticas públicas voltadas as famílias, á comunidade e ao espaço coletivo – habitação, saúde, trabalho, segurança, educação, assistência social, desenvolvimento urbano, combate á violência, ao abuso e á exploração de crianças e adolescentes, distribuição de renda e diminuição da desigualdade social, meio ambiente, esporte e cultura, dentre outros. ( SAWAIA, 2004, p.33)

A definição das seguranças a serem providas pela política de

assistência social constitui, assim, aspecto essencial na legitimação das

demandas sociais, visto que, ao reconhecer o direito á atenção ás

Page 33: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

33

necessidades humanas, há uma ampliação para além da atenção a situações

e,emergenciais e centradas exclusivamente nas situações de risco social.

Reafirma-se, por fim, o objetivo da reflexão sobre as políticas

públicas adolescências e juventude, de desencadear o debate acerca dos

desafios que se impõem ao pensar na atenção a esse grupo social, sem mitos

e, principalmente, sem preconceitos, para que a ação alcance o objetivo de

ampliar oportunidades, garantir acessos e promover autonomia.

Page 34: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

34

4. O Socioeducativo: formas de potencializar a convivência e a

Participação cidadã

Dando continuidade da pesquisa, chama-se agora á reflexão

sobre os sentidos e direções do socioeducativo, norte principal do serviço que

se oferece no Programa Projovem Adolescente. Os serviços socioeducativo

voltados aos adolescentes e jovens de 15 á 17 anos, pelas características

peculiares do grupo que atende, deverão considerar as vulnerabilidades

próprias do ciclo de vida da condição juvenil, das circunstâncias de risco

contingencial, da pobreza e da violência que incidem no quadro mais geral da

violação de direitos.

Busca-se, contudo, estender as ações da assistência social

para além da pobreza jogando o foco sobre a “turma” jovem que busca ousar a

vida extrapolando os muros da casa e da escola e, principalmente, driblando a

morte Severina... É necessário de inicio, portanto, entender o significado do

termo socioeducativo, o que exige ir á sua gênese para reconstruí-lo no

presente, num novo patamar de entendimento e no contexto de análise do que

são direitos, liberdade e autonomia, no estabelecimento de mediações para

compreensão e desembalagem das múltiplas expressões da questão social

trazidas pelos usuários das políticas sociais.

O caráter educativo do trabalho profissional é muito antigo na

área da Assistência Social, constituído com a marca e objetivo de socialização

e domesticação do trabalhador pobre no contexto da expansão do capitalismo

urbano-industrial que marcou o país nos idos da década de 1930-1940. As

práticas educativas buscaram “consertar” o que se entendia como problemas

morais e religiosos das famílias, desviando seus membros – especialmente os

jovens dos caminhos do “bem”. Constituindo-se, ali, a idéia de culpabilização

dos pobres pela sua situação, entendida como individual, única e, portanto,

passível de superação também pela ação individual, pelo esforço continuado

de todos, pelo trabalho desde a mais inteira idade, pelo conformismo aos

desígnios divinos.

O trabalho socioeducativo, desenvolvido em todos os serviços

voltados aos diferentes ciclos de vida, organizava como pauta a proposta

equivocada de promover consciência de fora para dentro em relação aos

Page 35: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

35

cuidados com a vida cotidiana, com a saúde, com os hábitos nutricionais, com

o planejamento familiar etc. A intervenção profissional permanecia voltada ao

individuo, deslocada e desfocada de práticas coletivas, como males a serem

enfrentados um a um, por cada um.

A discussão de direitos sociais objetivos e subjetivos estava

submetida ao discurso oficial de oferta de benefícios assistenciais como forma

de evitar à desordem, a desobediência civil, a decadência familiar e a

organização de trabalhadores e de estudantes, atendendo as necessidades

básicas das famílias como instrumentos de garantia de sobrevivência voltada

ao interesses presentes e futuros da ordem estabelecida. Nas décadas de

1990-2000, retomam-se os debates sobre o trabalho profissional no âmbito das

políticas sociais e a discussão sobre o socioeducativo retorna ao palco central

pelas mãos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Propondo que a

população de menor idade, menos de 18 anos, tenha a possibilidade de

participar das chamadas medidas socioeducativa como porta de saída da

infração cometida e porta de regresso á família e á sociedade.

A política Nacional de Assistência Social vira de ponta cabeça,

propondo serviços socioeducativos que tenham a ver como a liberdade e

cidadania, entendida como:

...estado de pleno de autonomia (...) saber escolher, poder escolher e efetivar as escolhas (...) num trabalho permanente de criação, recriação de invenção e reinvenção de instituições através das quais se exerce essa autonomia. ( OLIVEIRA, 199)

Os serviços socioeducativos integram a Proteção Social

Básica, de caráter continuado, em tempos de existência ainda de vínculos

afetivos e parceiros entre a família e adolescente/jovem, ainda que

desgastados e fragilizados pelos conflitos e embates da vida cotidiana. A NOB-

SUAS prevê a instalação de uma rede de serviços socioassistenciais e

socioeducativo direcionados para grupos geracionais, intergeracionais, grupos

de interesse, entre outros, tendo a família como eixo matricial da proteção

social.

Page 36: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

36

A oferta de serviços socioeducativos para jovens e

adolescentes no âmbito de proteção básica tem caráter proativo, aposta e

investe na prevenção (importante componente de proteção social básica),

categoria teórica e metodológica nova no trabalho social direto, a exigir

intencionalidade política, clareza teórico-metodológico, debate e formação. A

compreensão de que as ações socioeducativa são, ao mesmo tempo, “sociais”

e “educativas” nos lança ao desafio de dar sentido á junção destes termos.

Portanto, não é desejável separar o que é “sócio” daquilo que é

“educativo”. Trata-se de buscar sentidos para a combinação de ambos. Assim

poderemos tornar mais claro os ganhos e as aquisições dos cidadãos (jovens,

adolescentes, crianças, adultos, idosos) que têm o direito a estes serviços no

âmbito de políticas públicas de assistência social. Na definição das ações

socioeducativa a participação é um qualificativo da convivência, remetendo ao

campo ético dos serviços e programas. Isto requer afirmar o sentido de

presença, de acolher os jovens e os adolescentes como estão; reconhecer e

valorizar aquilo que podem o que já sabem e as escolhas que querem fazer.

E, sobretudo, acreditar que eles podem ser mais, que a

convivência entre iguais e diferentes pode expandir o sentido da sua existência

para além de estigmas e qualquer outra forma de aprisionamento, seja ele

material, relacional ou afetivo. As ações socioeducativa não são mais uma

promessa de cidadania, algo que se acena para o futuro dos adolescentes em

expressões como:, “vamos formar cidadãos”. Os adolescentes já são cidadãos

reconhecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, pela Lei

Orgânica da Assistência Social e pela Constituição Federal de 88.

Ao garantir sua participação nas diversas situações de

convivência, seja no planejamento e avaliação das ações do Programa, seja

estimulando sua participação nas conferências e fóruns da juventude, nas

decisões familiares que afetam sua vida, enfim, realiza-se em ato sua condição

de sujeito de direitos. É importante neste momento enfatizar que, a formulação

de projeto como forma de intervenção na comunidade abre dois desafios ao

desenvolvimento das ações socioeducativas: produzir um saber prático que

seja reconhecido e valorizado pelos próprios adolescentes e jovens, assim

como pelo mundo adulto, e fermentar a atuação de adolescentes e jovens nos

espaços públicos.

Page 37: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

37

O primeiro desafio implica produzir com os jovens um saber

prático, um modo de intervenção na realidade capaz de gerar mudanças na

coletividade. Por meio de projetos voltados á comunidade, podem ser

articulados diversos campos de conhecimentos, técnicas, saberes profissionais

capazes de configurar para os jovens as relações entre saber e intervenção;

conhecimento, técnica e trabalho. Este exercício é fundamental para suas

escolhas profissionais, pois estimula a busca de novas capacidades. Os

aprendizados socioeducativos de jovens e adolescentes podem, portanto,

ampliar seus saberes práticos, tanto do ponto de vista do conhecimento de

técnicas específicas, quanto dos aprendizados necessários á pesquisa e

acesso á informações em sentido amplo.

Os aprendizados socioeducativos no âmbito relacional também

são fundamentais para lidar com conflitos, conviver com as diferenças, expor

idéias, sustentar decisões coletivas.

O segundo desafio diz respeito á dimensão da convivência e

participação como exercício da vida pública, diferentemente do público infantil,

os adolescentes e jovens podem usufruir mais do direito de expressão e

manifestação de interesses na esfera pública. Por meio de sua própria

circulação pela cidade e suas redes, a produção cultural dos jovens ocupa

diferentes espaços públicos, como lugares para lazer e manifestação cultural.

Na perspectivas socioeducativa é desejável ampliar a circulação de

adolescentes e jovens pela cidade, promovendo maior interação com diferentes

grupos, acesso e usufruto de direitos culturais.

O exercício de cidadania para os jovens está posto tanto em

canais mais formalizados como grêmios estudantis, conselho de escolas,

conselho de juventude, quanto em espaços informais, como grupos culturais,

conselhos consultivos, associações comunitárias e demais associações por

interesses comuns. A participação dos adolescentes e jovens no planejamento

e avaliação dos programas e serviços no âmbito da política pública de

assistência social não está formalizada em conselhos de unidade ou

equivalentes.

Page 38: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

38

4.1 O Socioeducativo como direito á Assistência Social

Trabalhar com jovens e adolescentes numa perspectivas

socioeducativa, que tenha como horizonte a liberdade e não a punição,

significa oferecer serviços que respondam a necessidades e interesses reais,

objetivos e subjetivos manifestados por eles em discussões coletivas e

individuais; família, escola, trabalho, prazer, esporte, lazer, sexo, arte,

literatura, violência, drogas, cidadania, meio ambiente, saúde etc.

O socioeducativo assume em seu conceito uma nova

dimensão, pautada no planejamento e desenvolvimento de atividades que

sejam libertadoras dos potenciais criativos da adolescência, incentivando a

independência, recuperando a autoestima, a capacidade transformadora a

discussão das possibilidades de inserção no mundo do trabalho, que tem o

conhecimento produzido pela humanidade de como mediação fundamental,

articulado á riqueza dos saberes advindos da experiência individual e coletiva.

Oferecer serviços públicos do caráter socioeducativo significa:

Conhecimento e apropriação do território como espaço

de relações; de encontros e confrontos; de

acesso/expulsão da escola; de acolhimento/expulsão da

família e da turma; de atração/fuga do consumo e do

tráfico de drogas;

Desvelamento da demanda e desejos dos adolescentes

e jovens, criando e fortalecendo o corredor de confiança

entre eles e o serviço socioeducativo;

Aproximação aos arranjos familiares constituídos,

construindo e negociando canais efetivos de

participação da família na construção do ser

adolescente/jovem;

Incentivo á participação dos jovens nos movimentos

voltados aos interesses da juventude, á promoção e

defesa de seus direitos sociais básicos e daqueles

decorrentes de suas necessidades específicas como

Page 39: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

39

pessoas em desenvolvimento, com um conjunto de

necessidades diferenciadas;

Conhecimento, atenção e denúncia da violência vivida

pelos jovens e adolescentes; cuidados e reflexões sobre

a violência por eles praticada, assegurando proteção

social;

Desenvolvimento de atividades culturais que viabilizem o

exercício da criação e da produção cultural;

Desenvolvimento de atividades de lazer e esportivas que

proporcionem a integração grupal e os valores da

cooperação solidária;

Desenvolvimento de atividades ligadas ao meio

ambiente na perspectiva da melhoria da qualidade de

vida.

Pois o adolescente jovem está submetido a processos

informativos e formativos veiculados na mídia, no mercado de trabalho, na

comunidade e, principalmente, na escola, os serviços socioeducativos devem

contar com profissionais que contribuam para a formação do espírito crítico,

pois eu trabalho objetiva, antes, ajudar a forjar jovens que descubram, criem e

estimulem seus talentos, capazes de enfrentar as adversidades da vida com

dignidade e autoestima.

...não basta formar indivíduos; é preciso saber para que tipo de sociedade, para que tipo de prática social o educador está formando indivíduos. (DUARTE, 1996, p.52 apud MIRANDA)

O autor convida á uma nova prática de profissional, prática

essa, que precisa ter caráter proativo, propondo e negociando a participação

dos jovens, indo ao seu encontro nas ruas, nas portas das escolas, nas praças,

nos pontos da “turma”. Pois o trabalho socioeducativo contém, no mesmo

movimento contraditório, a possibilidade de dominação e de emancipação,

ferramenta de controle e de libertação, envolve, portanto, dinâmicas pessoais e

sociais de construção e reconstrução, continuidades e rupturas, características

Page 40: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

40

de processos de formação e desenvolvimento, mais ainda quando se trata de

jovens e adolescentes.

4.2 Os Programas Ofertados pelo Governo Federal a Juventude Brasileira

Os programas ofertados pelo Governo Federal á juventude,

são respostas á necessidade deste público segundo suas demandas, mas vale

ressaltar que, estes programas ofertado será que a juventude usufrui ou até

mesmo conhece esses programas e projetos? Então vamos conhecer alguns

programas e projetos que o Governo Federal oferta.

Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano

É uma ação continuada de assistência social destinada a

jovens de 15 a 17 anos. O projeto é destinado a jovens que vivem em família

com renda per capita de até meio salário mínimo. É dada prioridade àqueles

que já tenha participado de programas sociais. Os jovens recebem uma bolsa

de R$65,00 mensais durante os 12 meses em que estiverem inseridos no

Programa e atuando em sua comunidade. Umas das exigências para a

permanência no Agente Jovem é a freqüência de, no mínimo, 75% do total de

aulas e atividades previstas.

O programa visa, ainda, contribuir para redução dos índices de

violência, de uso de drogas, de doenças sexualmente transmissíveis e de

gravidez na adolescência, bem como desenvolver ações que facilitem a

integração e a interação do adolescente no mercado de trabalho.

Programa Bolsa – Atleta

Este programa tem como objetivo garantir apoio financeiro aos

atletas com mais de 12 anos, que não contam com o patrocínio da iniciativa

privada e que já começaram a mostrar seu alto potencial em competições

nacionais e internacionais. O mesmo permite que o atleta treine sem precisar

abandonar os estudos ou o esporte para ajudar no sustento da família. O

beneficio é dividido em quatro categorias: Estudantil, Internacional, Nacional e

Olímpico-Paraolímpica. A categoria Estudantil é destinada a atletas com mais

de 12 anos e a bolsa é no valor de R$ 300,00

Programa Brasil Alfabetizado

Page 41: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

41

O Programa Brasil Alfabetizado tem por objetivo promover a

alfabetização dos brasileiros com mais de 15 anos que não tiveram a

oportunidade de estudar. A alfabetização foi integrada á educação de jovens e

adultos com o propósito de garantir a continuidade dos estudos aos agressores

do Programa. Vale ressaltar que este programa não tem repasse de renda, ou

seja, transferência de renda para o aluno.

Programa Escola Aberta

Este programa amplia as oportunidades de acesso a atividades

educativas, culturais, de lazer e de geração de renda por meio da abertura das

escolas públicas de 5º a 8] séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio

nos fins de semana. As atividades são voltadas á toda comunidade, e os

jovens são os principais beneficiários do programa. Através de uma parceria

entre os Ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego permite o

pagamento de uma ajuda mensal de R$ 150,00 aos jovens que ministram as

oficinas.

Programa Escola de Fábrica

Este programa possibilita a inclusão de jovens de 16 a 24 anos

no mercado de trabalho por meio de cursos de iniciação profissional oferecidos

no próprio ambiente das empresas. O programa tem como finalidade estimular

o ingresso e a permanência dos jovens na educação básica regular e envolve o

setor produtivo na formação desses jovens. Os cursos são direcionados para

as vocações de cada região e as entidades parceiras do programa devem

acompanhar seus alunos por dois anos. Como incentivo, o Ministério da

Educação repassa aos alunos R$ 150 por mês durante a realização do curso.

Programa Melhoria e Expansão do Ensino Médio (Promed)

O devido programa tem a finalidade de melhorar a qualidade e

a eficiência do Ensino Médio e de ampliar a capacidade de atendimento em

todo o país. O programa está estruturado em dois subprogramas. Projeto de

investimento das Unidades Federadas e Políticas e Programas Nacionais. Para

participar do Promed, os estados e o Distrito Federal devem apresentar seu

projeto de investimento e cumprir os critérios de elegibilidade estabelecidos

pelo programa, além de comprovar sustentabilidade financeira.

Programa Juventude e Meio Ambiente

Page 42: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

42

O Programa Juventude e Meio Ambiente é coordenado pelos

Ministérios da Educação e do Meio Ambiente e busca incentivar o debate sobre

o tema entre os jovens. Com foco em políticas ambientais, o programa visa

ampliar a formação de lideranças ambientalistas e fortalecer os coletivos jovens

de meio ambiente nos estados e na Rede da juventude pelo meio ambiente.

Podem participar do programa os jovens integrantes desses coletivos, com

idade entre 15 e 29 anos.

Programa Nossa Primeira Terra

Nossa primeira terra é uma linha de financiamento do

Programa Nacional de Crédito Fundiário, voltada para jovens rurais e destinada

á aquisição de imóveis e investimentos em infra-estrutura básica.

Podem participar jovens sem terra, filhos de agricultores

familiares e estudantes de escolas agrotécnicas, na faixa etária de 18 a 28

anos, que queiram permanecer no meio rural e investir na propriedade. Os

beneficiários recebem créditos de até R$ 40 mil para projetos comunitários e de

infra-estruturas. A linha Nossa Primeira Terra estimula a permanência dos

jovens e suas famílias no campo e possibilita qualificação técnica e maior

inovação tecnológica nas propriedades rurais.

Programa Cultura Viva

O Programa Cultura Viva foi criado em 2004 com o objetivo

de potencializar iniciativas culturais já existentes e que reconheçam a cultura

popular brasileira em toda sua diversidade. Um das cinco ações do programa

são, os pontos de cultura, que estão espalhados em localidades rurais,

indígenas e quilombolas e centros urbanos de todo o país. Cada ponto de

cultura recebe cerca de R$ 185 mil para a realização de suas atividades e para

a aquisição de kit de produção multimídia com computadores, com internet

Banda larga e programas de Software livre, estúdio e ilha de edição.

Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio

na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja)

Este programa foi criado em 2005 para ampliar a oferta de

vagas nos curso de educação profissional a trabalhadores que não tiveram

acesso ao Ensino Médio na idade regular. O programa é direcionado a jovens e

adultos que já concluíram o Ensino Fundamental e tenham, no mínimo, 21

anos de idade. São oferecidos cursos de formação inicial a continuada, com

Page 43: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

43

carga horária de 1.600 horas, dos quais 1.200 consistem em formação geral,

integrada ao ensino de 5º a 8º série. Para quem desejar cursar a educação

profissional técnica a carga horária mínima é de 2.400 horas. Nesse caso, o

aluno que concluir o curso com aproveitamento, mediante avaliação, recebe o

certificado do Ensino Médio, estando apto a ingressar na educação superior

Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE)

O Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego foi

criado em 2003 com o objetivo de reforçar a qualificação socioprofissional para

assegurar a inclusão social e á inserção do jovem no mercado de trabalho. O

PNPE atende jovens de 16 a 24 anos, desempregado e integrantes de famílias

com renda mensal per capita de até meio salário mínimo. Pessoas com

deficiências, mulheres, afro descendentes, indígenas e ex-presisiário tem

prioridades no atendimento.

O programa é composto por seis modalidades, entre elas, o

consórcio social da juventude, o empreendedorismo juvenil e o jovem aprendiz.

Iremos destacar o Jovem Aprendiz que é uma oportunidade para jovens de 14

a 24 anos, aprenderem um oficio ou profissão com contrato de trabalho

determinado. As grandes e médias empresas qualificam profissionalmente

jovens por meio do sistema S ou entidades especializadas. Para atender á cota

exigida por lei, as empresas devem ter em seu quadro, no mínimo, 5% e no

máximo, 15% de jovem contratados.

Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem)

O Programa Nacional de Inclusão de Jovens, conhecido como

Projovem, há várias modalidades neste programas, aqui iremos enfatizar o

Projovem Adolescente. O projovem Adolescente é destinado aos jovens de 15

a 17 anos, filhos de famílias beneficiária da Bolsa família.

Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM)

O Governo Federal ampliou a distribuição de livros didáticos de

português e matemática para os alunos do ensino médio com a criação em

2004, do Programa nacional do Livro Didático para o Ensino Médio – PNLEM.

A distribuição de livros didáticos era feita apenas para os estudantes do ensino

fundamental.

Projeto Rondon

Page 44: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

44

O Projeto Rondon é uma ação coordenada pelo Ministério da

Defesa que têm por finalidade levar estudantes de instituições de Ensino

Superior a regiões menos favorecidas do Brasil. Os jovens dos

estabelecimentos de ensino selecionados desenvolvem trabalhos nas

respectivas áreas de estudo, sob a supervisão de professores, durante as

férias universitárias. A idéia é justamente levar universitários brasileiros a

conhecer a realidade do país e proporcionar aos estudantes a oportunidade de

contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Brasil.

Programa Pronaf Jovem

O Pronaf Jovem é uma linha de financiamento do Programa

Nacional da Agricultura familiar especialmente criada para os filhos dos

agricultores familiares.

O programa contempla jovens de 16 a 25 anos que tenham

concluído ou estejam cursando o último ano em centros familiares rurais de

formação por alternância, ou em escolas técnicas agrícolas de nível médio, ou

que tenham participado de curso ou estágio de formação profissional.

Programa Universidade para Todos (ProUni)

O ProUni concede bolsa de estudos integrais e parciais em

instituições de ensino superior privada para os estudantes brasileiros de baixa

renda. O objetivo é democratizar o acesso á educação superior, ampliar vagas,

estimular o processo de inclusão social e gerar trabalho e renda aos jovens

brasileiros. As instituição de ensino que aderirem ao programa ficam insetas de

alguns tributos federais.

O ProUni, foi criado pelo Governo Federal em 2004 e

institucionalizado em 2005. Por meio do ProUni milhares de jovens de baixa

renda passaram á ter acesso á educação superior. Os aluno do ProUni que se

dedicam ao estudo em tempo integral são beneficiados pela Bolsa

Permanência, uma contribuição mensal de um salário mínimo. O auxilio

incentiva a permanência do jovem na universidade e ajuda nos gastos com o

transporte, alimentação e material didático.

Programa Segundo Tempo

É uma iniciativa do Ministério do Esporte para democratizar o

acesso á prática esportiva no turno oposto ao da escola. Pelo programa,

Page 45: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

45

crianças e adolescentes da rede pública de ensino têm acesso á prática

esportiva, complemento alimentar, reforço escolar e ao material esportivo.

O objetivo é desenvolver também atividades recreativas e

culturais com crianças e adolescentes, resgatando a cidadania, fortalecendo a

boa relação familiar e a participação da comunidade nas questões locais. O

segundo tempo tem como público alvo meninos e meninas, entre sete e 14

anos, matriculados na rede pública de ensino e provenientes de famílias com

baixa renda.

Projeto Soldado Cidadão

Foi criado em Agosto de 2004 com o objetivo de preparar os

jovens egressos do serviço militar para o mercado de trabalho. A maioria dos

militares que integram o programa tem perfil socioeconômico carente. Por meio

do programa esses jovens passam a ter a oportunidade de aprender várias

profissões nas áreas de telecomunicações, automobilistica, alimentícia,

construção civil, artes gráficas, têxtil, eletricidade, comércio, comunicações,

informática, entre outros.

4.3 Implantação do Projovem Adolescente Serviço Socioeducativo no

município de Flexeiras

O Programa Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo

lançado no ano de 2005 e regulamentado pela Lei nº 11.629, de 10 de junho de

2008. Foi no ano de 2008 que o Governo Municipal de Flexeiras, através da

Secretaria de Assistência Social, implantou o Programa Projovem Adolescente

– Serviço Socioeducativo, o qual tem seu alicerce apoiado em dois pilares

básicos do Sistema Único de Assistência Social – SUAS: Matricialidade

Familiar e Territorialização. É ligado diretamente e se constitui por meio dos

Centros de Referências de Assistência Social- CRAS, em seus territórios, oito

coletivos com o total de 200 jovens atendidos, na faixa etária de 15 a 17 anos

com o recorte de renda do Programa Bolsa Família, pois as vagas são

destinadas aos filhos de famílias que estão recebendo ou não à bolsa auxilio.

Logo no inicio do Projovem Adolescente no município de

Flexeiras, se deu na execução de quatro coletivos com quatro orientadores

sociais, no decorrer do projovem adolescente, atendendo ao Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate á Fome – MDS foi formado mais quatros

Page 46: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

46

coletivos, tendo no total atualmente de oito coletivos e quatros orientadores,

todos os orientadores tem duas turmas. A constituição dos coletivos de jovens

se dá na Sede do Projovem Adolescente pertencente ao CRAS, pois o

desenvolvimento dos coletivos é de fundamental importância que ocorra no

espaço territorial desses centros, fazendo com que o adolescente se envolva

em sua comunidade de forma positiva, reconhecendo-se enquanto pessoa

responsável pelo meio no qual está inserido e ao qual pertence, buscando e

contribuindo junto com esta comunidade alternativas de superação das

dificuldades presente. Defini-se um universo cultural e histórico e um conjunto

de relações e interrelações a serem considerados, bem como situações a ser

objeto da ação articulada das diversas políticas públicas.

Pois fica patente a importância da constituição dos coletivos

como espaço relacional e de convívio instância organizativa, deliberativa,

questionaria, grupo orientado para a ação, contraponto ao individualismo,

sendo vetor de transformação social nestes territórios, pois assim o

envolvimento e o sentimento de pertencimento, o que se resulta através do

conhecer da forma integrada com outros adolescentes, fazendo assim, um

posicionamento frente ás dificuldades encontradas neste território, sob um

novo olhar para essa realidade. Antes as atividades desenvolvidas nos

coletivos eram realizadas dentro do CRAS, porém o gestor municipal sentiu a

necessidade de ampliar esse local de atendimento e convívio desses jovens,

atualmente os coletivos são executados em uma Sede do Projovem

Adolescente, ainda que localizado extremamente ás territorialidades em que

pertence, isso levou a equipe juntamente com os coletivos a se reorganizarem,

pensarem em alternativas para contextualizar seus questionamentos e

vivências, formulando ações que venham ao encontro com a realidade social

dos territórios e suas particularidades.

O trabalho de orientação no Projovem Adolescente Serviço

Socioeducativo está pautado no Traçado Metodológico que tem fundamental

importância para o desenvolvimento dos coletivos, elaborado por uma equipe

multidisciplinar que atua no âmbito da política de assistência social e publicado

pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome – MDS. Assim, o

traçado metodológico é parte integrante do conjunto das publicações

elaboradas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome,

Page 47: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

47

proporcionando ás equipes de profissionais e aos gestores responsáveis pelo

programa, se embasarem em instrumento que conceitue, e de subsídios

teóricos e práticos necessários á estruturação dos coletivos.

Este traçado justamente se organiza e tem como alicerce três

eixos estruturantes. São eles: Convivência Social, Participação Cidadã e

Mundo do Trabalho, integrados para a estruturação de um processo formativo

que pretende contribuir para que os jovens se apropriem criticamente dos

conhecimentos sociais e historicamente acumulados, cultivem e adensem os

valores éticos e democráticos e se constituam individual e coletivamente como

cidadãos de direitos comprometidos com a transformação. A proposta logo

citada acima se divide em dois Ciclos, ou seja, Ciclo I no qual forma-se o

Coletivo, tornando-se um lugar de convívio e contribuindo para

desenvolvimento integral do adolescente e o Ciclo II que, após sua constituição

propicia ao coletivo, interação e participação na comunidade, bem como,

reflexão e formação para o mundo do trabalho.

Os instrumentais que auxiliam neste processo são chamados

de Cadernos e tem os objetivos e a programação detalhada das ações com os

coletivos, os quais orientam passo a passo metodologicamente, envolvendo

seis temas transversais que citaremos logo abaixo e instrumentaliza o trabalho

socioeducativo. São os Cadernos “Concepções e Fundamentos”, que

apresenta as noções de juventudes e adolescências as quais dão base ao

Projovem Adolescente, além de um breve histórico sobre as políticas públicas

traz dimensões metodológicas, aliadas a um conjunto de princípios e valores

que permeiam e contribuem com direcionamento para organização dos

espaços educativos e a convivência com e entre os jovens, norteando e

subsidiando a práxis do orientador nos coletivos;

Caderno do Orientador Social – Ciclo I – Percurso

Socioeducativo II – Consolidação do Coletivo, Caderno do Orientador Social –

Ciclo I – Percurso Socioeducativo III – “coletivo pesquisador” Caderno do

Orientador Social – Ciclo I – Percurso Socioeducativo IV – “caderno

questionador, Caderno do Orientador Social – Ciclo II – Percurso

Socioeducativo V – “coletivo Articulador-Realizador: Participação Cidadã;

Caderno do Facilitador da Formação Técnica geral – FTG – Ciclo II – Percurso

Socioeducativo Coletivo Articulador-Realizador: “Formação Técnica Geral”

Page 48: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

48

Há que se determinar que após a consolidação desses

coletivos, nesses espaços estão presentes discussões sociais com diferentes

temas transversais, tais como Juventude e Direitos Humanos, Juventude e

Saúde, Juventude e Meio Ambiente, Juventude e Trabalho, Juventude e

Cultura, Juventude, Esporte e Lazer, tendo como objetivo a reflexão sobre as

realidades locais passíveis de intervenção desta juventude. No Ciclo II indicam-

se ações socioeducativas no que se refere á Formação Técnica geral – FTG

para os jovens, ampliando assim suas expectativas de inclusão no mundo do

trabalho, desenvolvendo competências comunicativas e inclusão digital,

favorecendo o desenvolvimento integral no ponto de vista de participação,

opinando em espaços democráticos, participando coletivamente em

conferências, conselhos, valorizando a prática social.

Neste processo metodológico do trabalho socioeducativo do

Projovem Adolescente consta que, o papel do orientador social, que logo é a

alma do Projovem adolescente, o qual tem a função-chave de facilitar a

trajetória de cada um e do Coletivo Juvenil na direção do desenvolvimento

pessoal e social, contribuindo para a criação de ambientes educativo,

participativo e democrático, cabendo a ele planejar, organizar e executar as

ações socioeducativas.

Durante a implantação do Projovem Adolescente no município

de Flexeiras, percebeu-se a necessidade de um técnico de referência

(Assistente Social) para acompanhamento deste programa, junto aos

orientadores sociais e aos jovens inclusos no programa, esta técnica de

referência realiza planejamento junto com os orientadores e facilitadores, está

atenta á toda dinâmica do Projovem Adolescente. O Projovem Adolescente de

Flexeiras atende aos jovens de segunda-feira á sexta-feira, além de ofertar

todo o serviço é incluso na metodologia o lanche á esses jovens depois das

atividades realizadas. Dentre a metodologia aplicada no Projovem Adolescente

do município de Flexeiras, a cultura, o esporte são uns dos marcos dos jovens

ingressado no Projovem, pois durante todo o ano são realizadas várias

atividades em que os jovens participam, como: lazer, danças culturais

(destacando na dança a quadrilha junina, onde os jovens participam e percorre

alguns municípios alagoano participando de concursos de quadrilhas juninas,

onde tem como nome “Caçoar de luxo”), torneio de futebol entre os coletivos,

Page 49: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

49

confraternizações entre os membros e a gincana natalina. Todas essas

atividades realizadas no Projovem Adolescente são através dos facilitadores,

orientadores sociais e toda equipe técnica de referência do CRAS

Resumindo, com a implantação do Programa Projovem

Adolescente – serviço socioeducativo no município de Flexeiras faz

atendimento á 200 jovens divididos em oito coletivos, tendo como divisão os

seis coletivos pelo turno matutino e dois coletivos no turno vespertino,

compostos por 25 jovens cada um, todos proveniente de diversos bairros e

zona rural do município. As oficinas citadas acima são distribuídas conforme a

aptidão dos adolescentes, com resultados positivos efetivando o protagonismo

juvenil. Além de todas as oficinas, cada coletivo com seu orientador planeja e

desenvolve suas atividades, conforme o traçado metodológico, mas, suas

necessidades, o que e como trabalhar são prioritariamente respeitadas dentro

do coletivo.

O Projovem Adolescente de Flexeiras vem se desenvolvendo

com uma metodologia dinâmica, além da utilização dos cadernos de atividades

dos coletivos proposto pelo MDS, observando principalmente a realidade dos

jovens do município, pois os encontros dos coletivos são de suma importância,

pois é justamente no coletivo que são trabalhados o potencial de todos os

jovens ingressos no Programa.

5. Considerações Finais

Page 50: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

50

Diante das facetas das políticas públicas na sociedade

moderna, e do descrédito que esta tem passado não só aos jovens, mas na

população em geral, dando ênfase á juventude observa-se que muitos

programas são ofertados a este público pelo Governo Federal, porém é

necessário refletirmos: será que estes programas estão sendo executados e/ou

atendendo as demandas e anseios da juventude? Será que os jovens em

vulnerabilidade social estão sendo beneficiados por estes programas, ou o

Governo Federal está preocupado em somente implantar Políticas Públicas do

que executá-las como deveria?

Assim, se faz necessário repensarmos estas interrogações,

pois destacando sobre as políticas públicas da juventude e aqui dando ênfase

o ProUni onde é um dos programas que a juventude busca alcançar através do

mesmo um espaço á uma vaga para ingressar em um curso superior, então

vale ressaltar que á todo instante se ver o absurdo que através das mídias

podemos acompanhar os fraudes cometidos durante aplicações de provas, ou

outro caso é como esse programa está sendo distribuídos, não negando jamais

que vários jovens conseguiu ingressar no curso superior que tanto lhe almeja,

porém a quantidade de jovens que está ingressado em um curso superior

através do ProUni são jovens que não está no patamar de vulnerabilidade

social.

Então, é preciso sim implantar políticas públicas para os

jovens, pois ainda o Governo federal vê os jovens como as causas, ou até

mesmo ele o problema atual da sociedade moderna. Vale ressaltar ainda, que

é preciso essa implantação, mas é necessário ser visto como esses programas

estão sendo distribuídos, pois se observa que muitos dos programas ofertados

pelo Governo Federal são desconhecidos á este público, então, como se faz

políticas públicas para a juventude se o mesmo não participa e desconhece

destas políticas? Tendo base este trabalho, conclui-se que os jovens em sua

faixa etária são visto ao mesmo tempo como problema e esperança de uma

país melhor, aja vista á necessidade de incluir os jovens em situação de

vulnerabilidade social nos programas e projetos do Governo Federal.

Por isso a importância da juventude se envolver como

participador e protagonista destas políticas públicas, é evidente que houve

Page 51: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

51

muitos os avanços em relação às políticas públicas aos jovens, mas é preciso

avançar nas distribuições destas políticas. As políticas públicas direcionadas á

juventude foi um dos marcos importante em nosso país, pois antes não se

falava de juventude, foi através do Estatuto da Criança e do Adolescente –

ECA, que a criança e o adolescente foram visto como sujeito de direitos e não

mais como Menor segundo o antigo Código de menor, onde a criança e o

adolescente eram visto como um “menor adulto”, ou seja, as leis previstas

também eram para essas crianças e adolescente. Porém, através do ECA foi

que tudo foi dando rumo, porque Ra preciso enxergar á juventude também

como vítima das desigualdades sociais e não só como o problema, o culpado

das manifestações das questões sociais.

Destaco neste momento o Programa Projovem Adolescente do

município de Flexeiras, vários jovens de 15 a 17 anos que participam do

Projovem Adolescente apresentaram os avanços de melhoria, pois observava

que esses jovens antes da implantação do programa encontravam-se ociosos,

ficando assim á margem ou em situações de “mentes vazias”. O Projovem

Adolescente, além de suprir a necessidades dos jovens que ficava na

ociosidade, veio também erradicar o ditado “mente vazia, oficina do diabo”, pois

era justamente nesta situação que os jovens do município se encontravam,

isso não quer dizer que os jovens de Flexeiras se resumem e somente no

Projovem, várias ações são ofertadas através do Projovem para ocupar

espaços, antes vazios, atualmente ocupados por atividades educativas no

convívio destes jovens.

Sabemos também que o Projovem não é o salvador da pátria

do município, ou seja, não acabou com o problema, pois vivemos em uma

sociedade que constantemente várias manifestações das questões sociais são

apresentadas, e justamente estes jovens estão incluídos nestas modificações

de sociedade local. É preciso ainda avançar no sentido dos métodos

trabalhados no Projovem Adolescente em que são visto não como

simplesmente um problema e que todas as manifestações das questões sociais

se resumem nos jovens. Vale ressaltar que nesta faixa etária é o momento da

descoberta, da curiosidade, da diversão, da responsabilidade e principalmente

da teimosia, e isso entra no contexto de compreendermos os jovens nesta sua

totalidade.

Page 52: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

52

6. Referências Bibliográficas

Page 53: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

53

Adolescências, juventude e socioeducativo: concepções e

fundamentos / Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome. – 1. –

Brasília: Ministério do Desenvolvimento social e Combate á Fome, 2009. 56 p.

ARENDT, Hannah. O que é política. Editora, Ursula Ludz. 3”

Ed. Tradução de Reinaldo Guarany. – 3” Ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

2002. 240 p.

______. As relações entre o Sistema Único de Assistência Social e

o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. São Paulo:

NEPSAS/PUC, 2006. Mimeo.

BOURDIEU, P. A “juventude” é apenas uma palavra! Questões

de sociologia. Rio de Janeiro: (1983) Marco Zero. (pp. 112-121)

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lei

Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

CONANDA. Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e

do Adolescente. Resolução 113. Diário Oficial da União – DOU, nº 76, 20 de

abril de 2006. Brasília, 2006.

COSTA, A.C.G.da O novo direito da infância e da juventude do

Brasil: 10 anos do EFA - Avaliando conquistas e projetando metas. Cad.1-

Unicef, 1990. 

DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a

escola de Vigotski. Campinas: Autores Associados. 1996.

INSTITUTO CIDADANIA. Projeto Juventude: documento de

conclusão. São Paulo, 2004.

_______. Lei Orgânica de Assistência Social. (LOAS). Lei Federal nº

8742, 7 de dezembro de 1993

_______. Lei Orgânica de Assistência Social e a política de atenção á

infância e juventude. SILVA, L. A. P; STANISCI, S. Assistência Social:

parâmetros e problemas. Brasília: MPAS/SEAS: 1999

_______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome.

Secretaria Nacional de Assistência Social. Departamento de proteção Social

Básica. Ações Sócio-Educativas da Assistência Social para jovens de 15 a

17 anos. Brasília: MDS, 2007.

Page 54: JUVENTUDE, PARTICIPAÇÃO E DIREITOS (TCC)

54

NOVAES, R. et al. Política Nacional de Juventude:

diretrizes e perspectivas. São Paulo: Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE); Fundação Friederich Ebert, 2006.

OLIVEIRA, F. O que é formação para a cidadania? Entrevista

realizada por Silvio Caccia Bava, diretor da ABONG, em dezembro de 1999.

Disponível em http://www.dhnet.org.br.

PINO, A. Direitos e realidade social da criança no Brasil. A

propósito do “Estatuto da Criança e do Adolescente”. Revista Educação &

Sociedade, ano XI, n.36, p. 61-79, ago. 1990.

______. Política Nacional de Assistência Social. Resolução 145 de

15/10/2004 – Ministério do Desenvolvimento Social.

SAWAYA, B. B. A família, fonte de todo bem e de todo mal.

In: WANDERLEY, M. B; OLIVEIRA, I. I. Trabalho com famílias. v.2. São Paulo:

IEE/PUC-SP, 2004.

SEDA, E. & SEDA, E. A criança, o índio, a cidadania.

Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado para os Cidadãos das

Comunidades, Urbanas, Rurais e Indígenas. Rio de Janeiro: Edição Adês,

2005. Disponível em: http:/www.edsonseda.com.br/acrianindi.doc.

SPOSATI, A. Proteção e desproteção social na perspectiva

dos direitos socioassistenciais. Caderno e Texto da VI Conferência Nacional

de Assistência social. Brasília: CNAS/MDSCF: Dezembro, 2007.

SPOSITO, M. Trajetória na constituição de políticas públicas de

juventude no Brasil. In: FREITAS, M. V.; PAPA, F. de C. (org). Políticas

Públicas: juventude em pauta. São Paulo: Cortez, 2003

VOLPI, M.(UNICEF) I Encontro Estadual de Educação Social

na rua. São Paulo, jul,2000 (Palestra)