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Juntas AparafusadasTRANSCRIPT
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PARAFUSOS DE POTÊNCIA E JUNTAS
PARAFUSADAS
PARTE 2
Universidade Federal de Santa Catarina Dep. de Engenharia Mecânica Rodrigo de Souza Vieira Lauro Cesar Nicolazzi
Junho de 2015
EMC 5335 – Elementos de Máquinas
Parte 2
Juntas parafusadas
carregadas
estaticamente
2
2
JUNTAS PARAFUSADAS As juntas parafusadas são compostas pelos parafusos e pelas
partes a serem unidas.
Normalmente as juntas são submetidas a dois tipos de
carregamentos:
Tração e
Cisalhamento.
Esses carregamentos são mostrados na figura.
3
JUNTAS PARAFUSADAS
As juntas parafusadas, devido aos carregamentos, podem abrir e, em função disso, há a necessidade de uma pré carga ou pré tensão.
Com essa pré carga as partes a serem unidas ajudam a suportar os carregamentos nelas aplicados. Essa pré carga é de tração nos parafusos enquanto que nas partes a serem unidas é de compressão.
No que é desenvolvido a seguir, é mostrado como calcular a pré carga bem como quais os valores seguros das cargas externas aplicadas, bem como as relações entre elas.
Para essa modelagem é necessário fazer considerações a respeito das deflexões dos parafusos e das partes que devem ser unidas. Essa modelagem implica em uma série de simplificações porque a geometria das juntas é variada e um modelo geral mais preciso não é suficientemente sintético.
4
https://www.youtube.com/watch?v=x4fON_C64fY
https://www.youtube.com/watch?v=kidWBeyOMA0
3
Curso de juntas pesquisador da NASA
5
https://www.youtube.com/watch?v=D6zaVhQkwnY
https://www.youtube.com/watch?v=vkbBpAOM4kM
https://www.youtube.com/watch?v=0BOzXjfu6ww
https://www.youtube.com/watch?v=FYjBJz61bXg
https://www.youtube.com/watch?v=eKcXn1lnN5A
https://www.youtube.com/watch?v=w7adFzZ_ZVA
https://www.youtube.com/watch?v=_c1-2xnzyS4
https://www.youtube.com/watch?v=okrTqWMSxo8
https://www.youtube.com/watch?v=CPDkR0fqqDI
PRÉ-CARGA EM PARAFUSOS
Para isso os parafusos devem ser pré carregados, pois:
Melhora a resistência das partes em compressão,
Aumento do atrito melhora resistência ao cisalhamento.
Para conseguir a pré carga aperta-se o parafuso para que apareça uma força de tração 𝐹𝑖 . Esse procedimento é apresentado no que segue.
6
Regra básica
A junta deve suportar a cargas
de tração 𝑃 e de cisalhamento 𝐹𝑠 com o
maior desempenho possível.
4
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Antes de continuar a análise da junta parafusada é necessário a
definição de alguns termos específicos para parafusos.
Área de tração.
Para o cálculo da resistência de um parafuso é necessário
considerar a área de tração, e com isso, é necessário definir o que
é diâmetro resistente ou o diâmetro de tração 𝑑𝑡.
Essa grandeza decorre da presença dos filetes da rosca, que
fazem que a área da seção transversal não seja circular, mas
levemente elíptica, como mostrado a seguir.
7
DIÂMETRO DE TRAÇÃO 𝒅𝒕
Diâmetro de tração (dt);
Diâmetro efetivo (d2);
Diâmetro da raiz (dr);
Diâmetro nominal (d).
Com isso a área de tração
é dada por:
𝐴𝑡 =𝜋
4𝑑𝑡
2
sendo:
8
dr d2 d
𝑑𝑡 =𝑑2 + 𝑑𝑟
2
5
DIÂMETRO DE TRAÇÃO
O diâmetro efetivo, d2, para roscas métricas é estimado por:
e o diâmetro da raiz, dr, para roscas métricas é estimado por:
sendo p o passo da rosca (fonte: Shigley).
As principais dimensões de parafusos métricos são mostrados na figura do próximo slide.
9
𝑑2 = 𝑑 − 0,649519 𝑝
𝑑𝑟 = 𝑑 − 1,226869 𝑝
Foi
10
foi en-
passo
Ob
s.:
Dim
en
sõ
es e
m m
m
6
11
Ob
s.:
Dim
en
sõ
es e
m p
ole
ga
da
s
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Quanto aos valores das tensões de referência também há uma nomenclatura específica, como pode ser observado.
Carga de prova: é a carga (força) máxima que o parafuso suporta sem sofrer deformação permanente.
Resistência mínima à prova - 𝑺𝒑: é o quociente da carga de prova e a área de tração.
Resistência mínima ao escoamento - 𝑺𝒚: é que causa a plastificação total do parafuso.
Resistência mínima à tração - 𝑺𝒖𝒕: é a tensão que causa a ruptura do parafuso.
12
7
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Diagrama do ensaio de um parafuso
13
𝑺𝒑 - Resistência mínima à prova.
𝑺𝒚 - Resistência mínima ao escoamento.
𝑺𝒖𝒕 - Resistência mínima à tração.
14
8
15
16
9
CONDIÇÃO DE CARGA E DESLOCAMENTOS NA JUNTA
a) Junta parafusada montada sem carregamento;
b) Porca apertada criando uma força de tração 𝐹𝑖 na junta;
c) Carga P atuando sobre a junta (𝐹𝑝 no parafuso e 𝐹𝑚 na junta).
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VALORES RECOMENDADOS DE PRÉ-CARGA
Para carregamentos estáticos a pré-carga recomendada é:
90% da carga de prova.
Para carregamentos cíclicos a pré-carga recomendada é:
75% da carga de prova.
Por que estes valores? Diagrama tensão-deformação progride suavemente até a fratura;
Tensão de torção desaparece após o aperto.
Nota: Se um parafuso não falhar no aperto, há chance de ele nunca falhar quando em operação!
18
10
DADO ESTE PROBLEMA
Os modos de falha de uma junta aparafusada são:
Abertura da junta;
Ruptura do parafuso.
Estabelecido esse panorama de juntas parafusadas o que
precisa ser feito para o dimensionamento é:
Avaliar a segurança da junta contra abertura.
Avaliar uma possível falha do parafuso.
19
RIGIDEZ
Para iniciar o desenvolvimento é necessário
dividir o problema em duas partes:
Cálculo da rigidez do parafuso
Cálculo da rigidez das peças
20
11
CÁLCULO DA RIGIDEZ DO PARAFUSO
21
𝐿𝐺- Comprimento de agarramento;
𝑙𝑑- Comprimento da parte lisa (não roscada) do parafuso;
𝑙𝑡- Comprimento da parte roscada do parafuso.
𝐿𝑇 =
2𝑑 + 6 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐿 ≤ 125 𝑚𝑚 𝑒 𝑑 ≤ 48𝑚𝑚2𝑑 + 12 𝑝𝑎𝑟𝑎 125 < 𝐿 ≤ 200𝑚𝑚 2𝑑 + 25 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐿 > 200𝑚𝑚
Para roscas métricas se tem:
RIGIDEZ DO PARAFUSO
Como pode ser observado, o parafuso consiste em
duas partes em série, a roscada e a lisa. Isso significa
que para o cálculo da rigidez do mesmo isso precisa ser
considerado. Assim, considerando associação em série
dessas partes, pode ser escrito que:
22
1
𝑘𝑏=1
𝑘𝑡+1
𝑘𝑑 𝑘𝑡 =
𝐴𝑡𝐸
𝑙𝑡 𝑘𝑑 =
𝐴𝑑𝐸
𝑙𝑑
𝐴𝑡 - área de tração;
𝐴𝑑 - área de diâmetro maior do fixador;
𝑙𝑡 - comprimento da rosca na região do agarramento;
𝑙𝑑 - comprimento da parte não rosqueada.
12
RIGIDEZ DO PARAFUSO
Assim, com as devidas substituições:
Esse caso desenvolvido considera que o furo é passante e que o parafuso tem uma porca para aplicar a pré carga. No caso em que a porca não existe e uma das partes da junta é roscada, servindo como porca, há uma pequena diferença no desenvolvimento.
Essa pequena diferença deve ser considerada no cálculo da rigidez do parafuso, bem como da junta. A seguir é apresentado a recomendação de como calcular o comprimento de agarramento desse tipo de fixador, que é conhecido como parafuso com estojo.
23
𝑘𝑏 =𝑘𝑑𝑘𝑡
𝑘𝑑 + 𝑘𝑡=
𝐸𝐴𝑑𝐴𝑡𝐴𝑑𝑙𝑡 + 𝐴𝑡𝑙𝑑
𝑧𝑠𝑑𝑓
𝐿′𝐺 = +
𝑡22 𝑠𝑒 𝑡2 < 𝑑
+𝑑
2 𝑠𝑒 𝑡2 ≥ 𝑑
RIGIDEZ DO PARAFUSO COM ESTOJO
Na figura podem ser observadas as principais características
desse tipo de fixação.
24
𝑘𝑏 =𝐸𝐴𝑑𝐴𝑡
𝐴𝑑𝑙𝑡 + 𝐴𝑡𝑙𝑑
𝑙𝑑 = 𝐿 − 𝐿𝑇
𝑙𝑡 = 𝐿𝐺′ − 𝑙𝑑
𝐴𝑙𝑐𝑎𝑛𝑐𝑒 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜
13
A rigidez da junta é um pouco mais complicada de ser determinada, especialmente porque a sua geometria não permite determinar a região que sofre compressão entre a cabeça do parafuso e a porca, bem como pelo fato de poder ser composta de materiais de diferentes tipos, tais como :
Aço;
Ferro fundido;
Alumínio;
Cobre;
Gaxetas etc.
Mesmo assim, o sistema pode ser idealizado como um conjunto de molas em série, cuja rigidez total é determinada pela seguinte relação:
25
RIGIDEZ DA JUNTA
1
𝑘𝑚=1
𝑘1+1
𝑘2+1
𝑘3+⋯+
1
𝑘𝑛
No caso de um dos elementos da junta ser de material
muito menos rígido que os demais, tal como uma
gaxeta, a última equação fica reduzida a apenas:
26
RIGIDEZ DA JUNTA
𝑘𝑚 = 𝑘𝑔𝑎𝑥𝑒𝑡𝑎
14
No caso em que a junta não possua um material muito
mais flexível que os demais, o modelo proposto por ITO
vai ser usado.
Esse modelo, um pouco mais simples do que o
proposto por Rostcher, considera que a área de
compressão entre a cabeça e a porca do parafusos não
são constantes, mas sim na forma de um tronco de
cone duplo, como mostrado na figura que segue.
27
RIGIDEZ DA JUNTA
28
RIGIDEZ DA JUNTA
D
O deslocamento axial de uma peça de seção variável, na
forma diferencial, é dada por:
𝑑𝛿 =𝑃 𝑑𝑥
𝐸 𝐴(𝑥)
𝑃 é 𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑥𝑖𝑎𝑙.
15
RIGIDEZ DA JUNTA
A área da equação anterior, 𝐴 𝑥 , é a área líquida do tronco de
cone vazado, a qual pode ser escrita como:
29
𝐴 𝑥 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 − Á𝑟𝑒𝑎 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
Sendo:
Área externa = área função da posição;
Área interna = área do furo para passar o corpo do parafuso.
𝐴 𝑥 = 𝜋( 𝑟𝑜2− 𝑟𝑖
2)
Da figura mostrada, a equação
da geratriz do cone é escrita
como:
30
RIGIDEZ DA JUNTA
𝑟𝑜 𝑥 = 𝑥 tan 𝛼 +𝐷
2
𝐴 𝑥 = 𝜋[ 𝑥 tan 𝛼 +𝐷
2
2
−𝑑
2
2
]
𝐴 𝑥 = 𝜋(𝑥 tan 𝛼 +𝐷 + 𝑑
2) (𝑥 tan 𝛼 +
𝐷 − 𝑑
2)
Assim a área do tronco de cone vazado é dada por:
Desenvolvendo um pouco mais pode ser escrito que:
16
RIGIDEZ DA JUNTA
Com isso o deslocamento do troco de cone sob a ação
de uma carga axial é dado por:
que, após a integração, resulta em:
31
𝛿 =𝑃
𝜋 𝐸 𝑑 tan𝛼 ln(2 𝑡 tan𝛼 + 𝐷 − 𝑑)(𝐷 + 𝑑)
(2 𝑡 tan𝛼 + 𝐷 + 𝑑)(𝐷 − 𝑑)
Sendo assim a rigidez do j´ésimo tronco de cone, que representa parte da junta é dada por:
Como pode ser observado, o valor do ângulo afeta de forma significativa a rigidez. Experimentalmente verificou-se que = 45 superestima a rigidez. Osgood relata que os valores mais adequados de , para as possíveis combinações de materiais, ficam na faixa de 25 ≤ ≤33.
32
RIGIDEZ DA JUNTA
𝑘𝑗 =𝑃
𝛿=
𝜋 𝐸 𝑑 𝑡𝑎𝑛𝛼
𝑙𝑛(2 𝑡 𝑡𝑎𝑛𝛼 + 𝐷 − 𝑑)(𝐷 + 𝑑)2 𝑡 𝑡𝑎𝑛𝛼 + 𝐷 + 𝑑)(𝐷 − 𝑑)
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Para o desenvolvimento que vai ser feito aqui, se toma =30 e,
com isso a equação da rigidez de cada elemento da junta é
reescrita como:
Essas equações, caso a junta seja feita de vários materiais
diferentes porém com módulos de elasticidade de mesma
grandeza, devem ser calculadas para cada tronco de cone e o
arranjo final determinado pela composição de molas em série,
como segue:
33
RIGIDEZ DA JUNTA
𝑘𝑗 =0,5774 𝜋 𝐸 𝑑
𝑙𝑛1,155 𝑡 + 𝐷 − 𝑑 𝐷 + 𝑑1,155 𝑡 + 𝐷 + 𝑑 𝐷 − 𝑑
1
𝑘𝑚=1
𝑘1+1
𝑘2+1
𝑘3+⋯+
1
𝑘𝑛
Para o caso em que a junta é de apenas um material,
independentemente de quantas partes ela é composta, como
mostrado na figura, a rigidez é dada por:
Ou, de maneira mais simplificada por
34
RIGIDEZ DA JUNTA
𝑘𝑚 = 𝜋 𝐸 𝑑 𝑡𝑎𝑛𝛼
2𝑙𝑛𝑙 𝑡𝑎𝑛𝛼 + 𝑑𝑤 − 𝑑 𝐷 + 𝑑𝑙 𝑡𝑎𝑛𝛼 + 𝑑𝑤 + 𝑑 𝐷 − 𝑑
𝑘𝑚 = 0,5774 𝜋 𝐸 𝑑
2𝑙𝑛 5 0,5774 𝑙 + 0,5 𝑑0,5774 𝑙 + 2,5 𝑑
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JUNTAS SOB TRAÇÃO Definidas a rigidez das partes que compõem uma junta parafusada é possível modelar o problema.
Para isso vale a pena observar a figura nas condições de carregamentos mostradas nas figuras mostradas a seguir.
a) Junta parafusada montada sem carregamento;
b) Porca apertada criando uma força de tração 𝐹𝑖 na junta;
c) Carga P atuando sobre a junta (𝐹𝑏 no parafuso e 𝐹𝑚 na junta)
35
36
RIGIDEZ DA JUNTA Nessa figura:
𝑭𝒊 - é a pré carga;
𝑷 - é a carga externa à junta.
Além disso se considera que a força P é subdividida em duas parcelas:
𝑷𝒃 - é a porção da carga externa absorvida pelo parafuso;
𝑷𝒎 - é a porção da carga externa absorvida pela junta.
Da análise dessa figura pode ser escrito que:
a) A carga resultante no parafuso é dada por:
𝑭𝒃 = 𝑷𝒃 + 𝑭𝒊
b) A carga resultante na junta é dada por:
𝑭𝒎 = 𝑷𝒎 − 𝑭𝒊
𝑷 = 𝑷𝒎 + 𝑷𝒃
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A carga externa faz a junta se alongar de uma quantidade 𝛿, que
é igual para a parte sob compressão da junta, denominada de
∆𝛿𝑚, bem como para o parafuso da junta, denominada de ∆𝛿𝑏.
Com isso definido pode ser escrito para o parafuso e as partes
comprimidas da junta que:
∆𝛿𝑏 =𝑃𝑏
𝑘𝑏
∆𝛿𝑚 =𝑃𝑚
𝑘𝑚
Como os 𝛿 são iguais para as duas partes da junta, pode ser
escrito que :
37
RIGIDEZ DA JUNTA
𝑃𝑏𝑘𝑏
=𝑃𝑚𝑘𝑚
Isolando a porção da carga externa que a junta absorve
é possível escrever que:
Mas lembrando que a carga externa aplicada a junta é
dada por:
38
𝑃𝑚 = 𝑃𝑏𝑘𝑚𝑘𝑏
𝑃 = 𝑃𝑚 + 𝑃𝑏
RIGIDEZ DA JUNTA
20
A última equação pode ser reescrita como:
Com isso, tem-se que:
A qual, reorganizada, resulta em:
39
𝑃𝑚 = 𝑃 − 𝑃𝑏
𝑃 − 𝑃𝑏 = 𝑃𝑏𝑘𝑚𝑘𝑏
𝑃 = 𝑃𝑏𝑘𝑚𝑘𝑏
+ 𝑃𝑏 = 𝑃𝑏𝑘𝑚𝑘𝑏
+ 𝑃𝑏𝑘𝑏𝑘𝑏
= 𝑃𝑏𝑘𝑚 + 𝑘𝑏
𝑘𝑏
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
Essa última expressão pode ser ainda reorganizada como
mostrado a seguir:
Sendo 𝐶 =𝑘𝑏
𝑘𝑚+𝑘𝑏 denominada de constante de rigidez da junta.
A carga suportada pela parte sob compressão da junta é o
complemento da carga total, ou seja:
40
𝑃𝑏 =𝑘𝑏
𝑘𝑚 + 𝑘𝑏𝑃 = 𝐶 𝑃
𝑃𝑚 = (1 − 𝐶) 𝑃
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
21
Lembrando das equações desenvolvidas anteriormente, e mais especificamente que:
a) A carga resultante no parafuso
𝐹𝑏 = 𝑃𝑏 + 𝐹𝑖
b) A carga resultante na junta
𝐹𝑚 = 𝑃𝑚 − 𝐹𝑖
Da primeira equação é possível escrever que:
𝐹𝑏 = 𝑃𝑏 + 𝐹𝑖 =𝑘𝑏
𝑘𝑚 + 𝑘𝑏𝑃 + 𝐹𝑖 = 𝐶 𝑃 + 𝐹𝑖
41
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
42
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
Da segunda equação é possível escrever que:
𝑭𝒎 = 𝑷𝒎 − 𝑭𝒊 = (𝟏 −𝒌𝒃
𝒌𝒎 + 𝒌𝒃)𝑷 − 𝑭𝒊
Ou, de maneira mais compacta, por:
𝑭𝒎 = (𝟏 − 𝑪) 𝑷 − 𝑭𝒊
É importante observar que as duas equações são válidas somente se a junta não abre, ou seja, é necessário que 𝑭𝒎 > 𝟎. Nesse caso toda a carga é suportada apenas pelo parafuso, o que não é adequado, pois a junta está aberta. Com essa consideração se percebe a importância da pré carga na junta, pois ela permite uma distribuição da carga entre a parte da junta à compressão e o parafuso.
22
Como já comentado, a pré carga em um parafuso é função da deflexão axial que o mesmo é submetido na montagem da junta. Essa deflexão pode ser relacionada com a pré carga através da seguinte relação:
O valor de 𝛿𝑃𝑟é 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 deve ser medido para garantir a
aplicação da pré carga, 𝐹𝑖, o que só é possível com ferramentas especiais, tais como uma chave sônica.
43
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
𝛿𝑃𝑟é 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 =𝐹𝑖𝐿𝐺𝐴𝐸
Normalmente essa tarefa não é simples e a imposição da
deflexão axial 𝛿𝑃𝑟é 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 no parafuso pode ser feita de maneira
alternativa a partir da aplicação do torque de aperto.
As principais ferramentas industriais aplicar torque em um
parafuso, além da chave sônica, são:
Torquímetro com indicador de torque;
Torquímetro de estalo ou de catraca;
Chaves elétricas ou pneumáticas de impacto;
Método do giro da porca (!!!).
44
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
23
45
46
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
Em parafusos de movimento foi desenvolvida um equacionamento que permite relacionar a força axial ao parafuso com o torque aplicado. Esse procedimento é bastante simples porém há alguns problemas inerentes desse procedimento que podem alterar significativamente o valor da pré carga induzida. Esses fatores são:
Lubrificação;
Qualidade de fabricação da porca e do parafuso;
Dureza das superfícies em contato;
Tipo de rosca (fina ou grossa);
Calibração dos torquímetros (porém as ferramentas sônicas também têm esse problema).
24
A equação que relaciona torque com a carga axial em parafusos,
já desenvolvida anteriormente, é dada por:
Ainda lembrando que:
𝑡𝑎𝑛𝛽 =𝑙
𝜋𝑑𝑚
Com as devidas substituições se tem:
47
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
𝑇 =𝐹
2 𝑑𝑚
𝜇 𝜋 𝑑𝑚 𝑠𝑒𝑐𝛼 + 𝑙
𝜋𝑑𝑚 − 𝜇 𝑙 𝑠𝑒𝑐𝛼+ 𝜇𝑐 𝑑𝑐
𝑇 =𝐹𝑖2 𝑑𝑚
𝜇 𝑠𝑒𝑐𝛼 + 𝑡𝑎𝑛𝛽
1 − 𝜇 𝑡𝑎𝑛𝛽 𝑠𝑒𝑐𝛼+𝐹𝑖2 𝜇𝑐 𝑑𝑐
Considerando a figura ao lado, a última expressão pode ser
reescrita como:
Ou, de forma reduzida, como:
Sendo:
48
𝑇 = 𝐹𝑖𝑑𝑑𝑚2 𝑑
𝜇 𝑠𝑒𝑐𝛼 + 𝑡𝑎𝑛𝛽
1 − 𝜇 𝑡𝑎𝑛𝛽 𝑠𝑒𝑐𝛼+ 0,625 𝜇𝑐
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
𝑇 = 𝐾 𝐹𝑖𝑑
𝐾 =𝑑𝑚2 𝑑
𝜇 𝑠𝑒𝑐𝛼 + 𝑡𝑎𝑛𝛽
1 − 𝜇 𝑡𝑎𝑛𝛽 𝑠𝑒𝑐𝛼+ 0,625 𝜇𝑐
25
O 𝑲 é denominado de coeficiente de torque e depende de uma
série de fatores, repetidos a seguir:
Lubrificação;
Qualidade de fabricação da porca e do parafuso;
Dureza das superfícies em contato;
Tipo de rosca (fina ou grossa).
Normalmente o coeficiente de atrito do colarinho do parafuso e
da rosca do par parafuso/porca rosca são iguais, ou seja:
49
𝜇 = 𝜇𝑐 = 0,15
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
Com essas considerações, independentemente da rosca ser fina
ou grossa bem como do tamanho dos parafusos, o coeficiente de
torque K, vale:
Esse valor é usado como referência para a solução alguns
problemas aqui desenvolvidos.
50
𝐾 ≅ 0,2
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
26
Mesmo com essa consideração, na tabela que segue são
mostrados alguns valores de K para alguns tipos de acabamento
superficial do parafuso;
51
FORÇAS NO PARAFUSO E NA JUNTA
Condição do parafuso K
Não metalizado 0,30
Zincado 0,20
Lubrificado 0,18
Proteção em cádmio 0,16
Com porcas anti-agarramento 0,12
As forças que o parafuso e a junta suportam quando em operação, são dadas pelas
equações repetidas a seguir:
Dividindo a primeira equação pela área de tração se tem a tensão que o parafuso está
submetido quanto a junta está em operação, ou seja:
Como se sabe o valor limitante da tensão no parafuso, 𝝈𝒃, é a resistência à prova, que
é um dado de projeto dos parafusos, representada por 𝑺𝒃. Com isso definido e
introduzindo um fator de carga n, a última expressão pode ser reescrita como segue:
52
SEGURANÇA DE UMA JUNTA PARAFUSADA
𝑭𝒎 = (𝟏 − 𝑪) 𝑷 − 𝑭𝒊
𝑭𝒃 = 𝑪 𝑷 + 𝑭𝒊
𝝈𝒃 =𝑭𝒃𝑨𝒕
=𝑪 𝑷
𝑨𝒕+𝑭𝒊𝑨𝒕
27
53
𝒔𝒃 =𝒏 𝑪 𝑷
𝑨𝒕+𝑭𝒊𝑨𝒕
=𝒏 𝑪 𝑷
𝑨𝒕+ 𝝈𝒊
Isolando o fator de carga ou fator de segurança, pode ser escrito que:
𝒏 =𝑨𝒕𝑪 𝑷
(𝒔𝒃 − 𝝈𝒊)
Qualquer valor de 𝑛 > 1 implica que a tensão de operação é
menor do que a tensão de resistência à prova do parafuso.
SEGURANÇA DE UMA JUNTA PARAFUSADA
Outro aspecto importante na segurança da junta é evitar que a
junta abra. Para isso é necessário que a carga externa seja
completamente suportada pelo parafuso, o que implica que a
força suportada pela junta é nula, ou seja:
Para essa situação, a carga externa é um valor crítico, ou seja
𝑷 = 𝑷𝒐 . Com essa consideração pode ser escrito que:
54
SEGURANÇA DE UMA JUNTA PARAFUSADA
𝑭𝒎 = 𝟏 − 𝑪 𝑷 − 𝑭𝒊 = 𝟎
𝑷𝒐 =𝑭𝒊
𝟏−𝑪
28
Com isso definido a segurança da junta contra a abertura é definida como:
Quando uma junta parafusada é montada o parafuso, além de estar carregado da pré carga, está submetido ao torque de aparafusamento, porém esse torque só ocorre antes de a junta ser posta em operação. Essas duas solicitações em conjunto causam um estado de tensões bastante severo que pode causar a falha do parafuso durante a montagem.
Felizmente, logo após cessada aplicação do torque de montagem, há a relaxação do mesmo, resultando algo em torno do torque do colarinho, o qual tende a desaparecer com o tempo, pelo escorregamento lento dos colarinhos do parafuso e porca. Sendo assim o parafuso fica menos solicitado quando a junta entra em operação
55
SEGURANÇA DE UMA JUNTA PARAFUSADA
𝒏𝒐 =𝑷𝒐
𝑷=
𝑭𝒊
𝑷 𝟏−𝑪=
𝑭𝒊
𝑷𝒎
De acordo com grandes fabricantes de parafusos, como já citado anteriormente, a recomendação de pré carregamento de parafusos deve ser função do tipo de carregamento, como segue:
Para carregamentos estáticos a pré-carga recomendada é:
90% da carga de prova, ou seja:
Para carregamentos cíclicos a pré-carga recomendada é:
75% da carga de prova, ou seja:
𝐹𝑖 = 0,90 𝐹𝑝
56
SEGURANÇA DE UMA JUNTA PARAFUSADA
𝐹𝑖 = 0,75 𝐹𝑝
29
A carga de prova é obtida a partir da resistência
à prova a partir de:
sendo:
57
SEGURANÇA DE UMA JUNTA PARAFUSADA
𝐹𝑝 = 𝐴𝑡 𝑆𝑝
𝐴𝑡- área de tração e
𝑆𝑝- resistência de prova, que é obtida em laboratório
com os parafusos como corpos de prova.
EXERCÍCIO
Um parafuso 𝟑
𝟒𝒊𝒏 𝟏𝟔𝑼𝑵𝑭 × 𝟐
𝟏
𝟐in Grau 5 SAE faz parte de uma junta de
tração e suporta uma carga de 26 700N. A pré carga que esse parafuso foi
montado é de 111 250N. A rigidez do parafuso é de 𝟏𝟏𝟑𝟕, 𝟓 𝟏𝟎𝟔 N/m e a da
junta de 𝟐𝟒𝟏𝟓, 𝟎 𝟏𝟎𝟔 N/m. As dimensões da junta são mostradas na figura.
58
30
EXERCÍCIO - QUESTÕES
59
a) Determinar a tensões de pré carga do parafuso;
b) Determinar a tensão para a carga de serviço;
c) Comparar esses valores com a resistência à prova, com a resistência mínima à tração e com a resistência mínima ao escoamento ;
d) Especifique o torque para desenvolver a pré carga do parafuso usando a equação simplificada e compará-lo com a equação geral considerando que o coeficiente do colarinho e da rosca seja 0,15.
e) O parafuso rompe na hora da montagem?
f) Qual a parcela de carga que a junta suporta?
g) Qual o fator de carga do parafuso?
h) Qual o fator de segurança de abertura da junta?
SOLUÇÃO – TENSÃO DE PRÉ CARGA
Para calcular a tensão de pré carga no parafuso é necessária a
área de resistência do mesmo. Esse valor é um dado de projeto
e é dado em tabelas, tal como a mostrada no slide 14.
Para o parafuso especificado, ou seja 𝟑
𝟒𝒊𝒏 𝟏𝟔𝑼𝑵𝑭 , a área da
seção de resistência é:
a) Com esse valor a tensão de pré carga é dada por:
60
𝐴𝑡 = 0,373𝑖𝑛2 = 240,6 𝑚𝑚2
𝜎𝑖 =𝐹𝑖𝐴𝑡
=111250
240,6= 462,4𝑀𝑃𝑎
31
SOLUÇÃO – FORÇA DE OPERAÇÃO DO PARAFUSO
Para calcular a força que o parafuso suporta quando a junta está em operação é necessária a determinação da constante de rigidez da junta, que é dada pela composição da rigidez do parafuso e da parte sob compressão da junta, como segue:
Lembrando que a força de operação do parafuso é dada por:
b) Assim é possível calcular a tensão do operação ou para a carga de serviço sobre o parafuso, como segue:
61
𝐶 =𝑘𝑏
𝑘𝑚 + 𝑘𝑏=
1137,5
2415 + 1137,5= 0,320
𝐹𝑏 = 𝐶 𝑃 + 𝐹𝑖 = 0,320 26700 + 111250 = 119799,3𝑁
𝜎𝑏 =𝐹𝑏𝐴𝑡
=119799,3
240,6= 498𝑀𝑃𝑎
SOLUÇÃO – TENSÕES DE REFERÊNCIA
Da tabela de resistência de parafusos da SAE, para o parafuso
de GRAU 5 SAE, que está mostrada no slide 14, a resistência à
prova, a resistência de tração e a resistência mínima ao
escoamento desse parafuso valem:
62
𝑆𝑏 = 𝜎𝑏 = 85000𝑝𝑠𝑖 = 586𝑀𝑃𝑎
𝑆𝑢𝑙𝑡 = 𝜎𝑟𝑢𝑝 = 120000𝑝𝑠𝑖 = 826𝑀𝑃𝑎
𝑆𝑦 = 𝜎𝐸𝑠𝑐 = 92000𝑝𝑠𝑖 = 633𝑀𝑃𝑎
32
SOLUÇÃO – RELAÇÕES DE DESEMPENHO c) Com isso definido pode ser comparada a tensão de pré carga e de operação desse parafuso com:
1) A tensão de resistência à prova:
Isso significa dizer que a tensão de pré carga e a tensão de operação do parafuso são 21 % e 15% menores do que as tensões de resistência à prova, respectivamente.
63
𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 1𝑏 =𝑆𝑏 − 𝜎𝑖𝑆𝑏
=586 − 462,4
586= 0,21
𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 2𝑏 =𝑆𝑏 − 𝜎𝑝
𝑆𝑏=586 − 498
586= 0,15
SOLUÇÃO – RELAÇÕES DE DESEMPENHO
64
2) A tensão de resistência à ruptura:
Isso significa dizer que a tensão de pré carga e a tensão de
operação do parafuso são 44 % e 40% menores do que as
tensões de resistência à ruptura, respectivamente.
𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 3𝑏 =𝑆𝑢𝑙𝑡 − 𝜎𝑖𝑆𝑢𝑙𝑡
=826 − 462,4
826= 0,44
𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 4𝑏 =𝑆𝑢𝑙𝑡 − 𝜎𝑝
𝑆𝑢𝑙𝑡=826 − 498
826= 0,40
33
SOLUÇÃO – RELAÇÕES DE DESEMPENHO
65
3) A tensão de resistência ao escoamento:
Isso significa dizer que a tensão de pré carga e a tensão de
operação do parafuso são 27 % e 21% menores do que as
tensões de resistência ao escoamento, respectivamente.
𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 3𝑏 =𝑆𝑌 − 𝜎𝑖𝑆𝑦
=633 − 462,4
633= 0,27
𝑅𝑒𝑙𝑎çã𝑜 4𝑏 =𝑆𝑌 − 𝜎𝑝
𝑆𝑌=633 − 498
633= 0,21
d) O torque de aperto para que o parafuso desenvolva a pré
carga exigida pode ser calculada de duas maneiras: modelo
empírico e modelo geral.
1) Modelo empírico
SOLUÇÃO – TORQUE DE APERTO
66
𝑇 = 0,2 𝐹𝑖𝑑 = 0,2 111250 3
4 25,4 = 423862𝑁 𝑚𝑚 = 424𝑁𝑚
34
2) Modelo geral
Para a aplicação do modelo geral é necessário calcular o ângulo de hélice
desse parafuso. Como o parafuso é de 16 fios de rosca por polegada o avanço
é:
Para finalizar, as roscas unificadas, o ângulo do filete de rosca 𝜶 = 𝟑𝟎𝒐.
SOLUÇÃO – TORQUE DE APERTO
67
𝑇 = 𝐹𝑖𝑑𝑑𝑚2 𝑑
𝜇 𝑠𝑒𝑐𝛼 + 𝑡𝑎𝑛𝛽
1 − 𝜇 𝑡𝑎𝑛𝛽 𝑠𝑒𝑐𝛼+ 0,625 𝜇𝑐
= 111.2503
4 25,4
18,2
2 34 25,4
0,15 𝑠𝑒𝑐30𝑜 + 𝑡𝑎𝑛1,59𝑜
1 − 0,15 𝑡𝑎𝑛1,59𝑜𝑠𝑒𝑐30𝑜+ 0,625 0,15
= 402597 𝑁𝑚𝑚 = 403𝑁𝑚
𝛽 = 𝑡𝑎𝑛−1𝑙
𝜋𝑑𝑚= 𝑡𝑎𝑛−1
25,416
𝜋 18,2= 1,59𝑜
Para aplicar a equação anterior foi necessário calcular o
diâmetro médio do parafuso, o que não é fornecido
explicitamente pelo fabricante do parafuso.
O valor do diâmetro da raiz, 𝑑𝑟, pode ser obtido a partir da área
da raiz do parafuso. Esse dado é disponibilizado pelo fabricante
nas especificações do parafuso. Para esse caso específico,
𝐴𝑟 = 0,351 𝑖𝑛2 = 226,5𝑚𝑚2 e, assim:
68
SOLUÇÃO – TORQUE DE APERTO
𝑑𝑚 =𝑑 + 𝑑𝑟2
𝑑𝑚 =𝑑 +
4𝐴𝑟𝜋
2=19,4 + 4 226,5
𝜋
2= 18,2mm
35
A diferença entre os resultados do modelo empírico e o modelo geral é:
Ou seja, o resultado de referência é 5,2 por cento menor do que o valor do
modelo empírico o que é um valor aceitável para engenharia.
69
SOLUÇÃO – TORQUE DE APERTO
𝐷𝑖𝑓 % = 100403 − 424
403= −5,2%
SOLUÇÃO e) No item c) foi avaliado o estado de tensões do parafuso para diversos casos e, em todas as análises, percebeu-se que o parafuso não trabalha sobrecarregado. Assim, nesse item, vai ser determinado se o mesmo falha durante a montagem, pois nessa situação, além da pré carga, também atua o torque de aparafusamento.
Como desenvolvido anteriormente o estado de tensões do parafuso em operação vale 𝜎𝑏 = 498𝑀𝑃𝑎 , porém na hora do aperto para indução da pré carga, é aplicado um torque. Esse torque causa uma tensão cisalhante no parafuso a qual deve ser sobreposto à tensão de tração de pré carga no parafuso.
É importante observar que o torque que o corpo do parafuso suporta é o torque de aperto descontado do torque de atrito do colarinho, ou seja:
70
𝑇𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 401,2 − 198,7 = 202 𝑁𝑚
36
Considerando que o torque vai ser suportado somente pela área
da raiz é possível calcular a tensão cisalhante a partir de:
71
SOLUÇÃO
𝜏 =𝑇𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑟𝑟
𝐽𝑟=2202,5 103
𝜋 8,493= 211𝑀𝑃𝑎
𝑟𝑟 =𝑑𝑟2=
𝐴𝑟𝜋 = 226,5
𝜋 = 8,49𝑚𝑚
Como é um caso de solicitações combinadas é necessário usar
um critério de falha para a análise de segurança, tal como o de
von Mises, que segue:
1) Resistência mínima à tração – ruptura do parafuso
72
SOLUÇÃO
𝑓𝑠 =2𝜎𝑟𝑢𝑝
(𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑧𝑧)2 + (𝜎𝑥𝑥 − 𝜎𝑧𝑧)
2 + (𝜎𝑦𝑦 − 𝜎𝑧𝑧)2 + 6(𝜏𝑥𝑦
2 + 𝜏𝑥𝑧2 + 𝜏𝑦𝑧
2)
𝑓𝑠 =2 826
(462)2 + (462)2 + (0)2 + 6(2112)= 1,40
37
2) Resistência mínima ao escoamento – plastificação do parafuso
73
SOLUÇÃO
𝑓𝑠 =2 633
(462)2 + (462)2 + (0)2 + 6(2112)= 1,07
𝑓𝑠 =2 586
(462)2 + (462)2 + (0)2 + 6(2112)= 0,99
3) Resistência mínima à prova – deformação residual do parafuso
f) A parcela de carga que a junta suporta é dada por:
74
SOLUÇÃO
𝐹𝑚 = 𝑃𝑚 − 𝐹𝑖 = 1 − 𝐶 𝑃 − 𝐹𝑖 𝐹𝑚 = 1 − 0,320 26700 − 111250 = −93094 𝑁
g) O fator de carga do parafuso é dado por:
𝑛 =𝐴𝑡𝐶𝑃
𝑆𝑝 − 𝜎𝑖 =240,6
0,320 26700586 − 462,4 = 3,5
38
75
SOLUÇÃO
h) O fator de segurança de abertura da junta é dado por:
𝑛 =𝐹𝑖𝑃𝑚
=111.250
1 − 0320 26.700= 6,13
PROBLEMA RESOLVIDO
O bocal de inspeção de um tanque de alta pressão feito de aço
ABNT (SAE) 1020, tem diâmetro interno de 400 mm. O tanque
suporta uma pressão de operação de 6,8 MPa
(aproximadamente 70 atm) e o bocal de inspeção tem o
desenho mostrado de forma esquemática na figura.
Considerando que os parafusos da tampa deverão ser
reutilizados, selecione os mesmos bem como determine o
número de parafuso para que a junta opere com fator de
segurança seja em torno de 2(±10%) contra a falha dos
parafusos e abertura da junta.
76
39
PROBLEMA RESOLVIDO
77
Proposta de parafuso a ser usado: M16 x 2 x 65 classe 8.8
Comprimentos do parafuso
a) Parte roscada
b) O comprimento de agarramento é
igual a 40 mm ou seja duas vezes a
espessura da placa do bocal.
c) Com isso definido o comprimento da
parte não roscada do parafuso é dada
por:
SOLUÇÃO
Esse parafuso têm as seguintes características técnicas:
78
𝑺𝒑 = 𝟔𝟎𝟎𝑴𝑷𝒂
𝑺𝒚 = 𝟔𝟔𝟎𝑴𝑷𝒂
𝑺𝒖𝒕 = 𝟖𝟑𝟎𝑴𝑷𝒂
𝑨𝒕 = 𝟏𝟓𝟕 𝒎𝒎𝟐
𝑨𝒓 = 𝟏𝟒𝟒 𝒎𝒎𝟐
𝐿𝑇 = 2 𝑑 + 6 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐿 ≤ 125𝑚𝑚 𝑒 𝑑 ≤ 48𝑚𝑚
𝐿𝑇 = 2 16 + 6 = 38𝑚𝑚
𝑙𝑑 = 𝐿 − 𝐿𝑇 = 65 − 38 = 27𝑚𝑚
40
SOLUÇÃO
79
d) Comprimento da parte roscada
na região de agarramento
𝑙𝑡 = 𝐿𝑔 − 𝑙𝑑 = 40 − 27 = 13𝑚𝑚
Com essas grandezas definidas o próximo passo é o cálculo da
rigidez do parafuso e da junta, como segue:
𝑘𝑏 =𝐸𝐴𝑑𝐴𝑡
𝐴𝑑𝑙𝑡 + 𝐴𝑡𝑙𝑑 𝑘𝑚 =
0,5774 𝜋 𝐸 𝑑
2𝑙𝑛 5 0,5774 𝑙 + 0,5 𝑑0,5774 𝑙 + 2,5 𝑑
SOLUÇÃO
Assim, com os dados levantados, tem-se:
Sendo:
80
𝑘𝑏 =𝐸𝐴𝑑𝐴𝑡
𝐴𝑑𝑙𝑡 + 𝐴𝑡𝑙𝑑=
207000 201 157
201 13 + 157 27 = 953 341𝑁/𝑚𝑚
𝐴𝑑 =𝜋𝑑2
4=𝜋162
4= 201𝑚𝑚2
𝐸 = 207 000 𝑀𝑃𝑎 (𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜)
41
SOLUÇÃO
A rigidez da junta, que é composta por placas de aço com
módulo de elasticidade igual a 207000MPa.
81
𝑘𝑚 = 0,5774 𝜋 𝐸 𝑑
2𝑙𝑛 5 0,5774 𝑙 + 0,5 𝑑0,5774 𝑙 + 2,5 𝑑
𝑘𝑚 = 0,5774 𝜋 207000 16
2𝑙𝑛 5 0,5774 40 + 0,5 160,5774 40 + 2,5 16
= 3 330 796 𝑁/𝑚𝑚
Com isso definido o próximo passo é a determinação da
constante de carga para juntas, mostrado a seguir.
SOLUÇÃO
82
Com isso definido o próximo passo é a determinação da
constante de carga para juntas, dada por:
𝐶 =𝑘𝑏
𝑘𝑏 + 𝑘𝑚=
953 341
953 341 + 3 330 796= 0,223
O próximo passo da análise é a determinação das cargas que o
parafuso e a junta suportam. Para isso é necessária a determinação
da força de pré carga sobre a união parafusada. Como essa junta vai
ser desmontada com frequência adota-se que a mesma vale setenta e
cinco (75) por cento da força de prova. A força de prova é obtida a
partir da resistência de prova 𝑆𝑝 a partir da seguinte relação:
𝐹𝑝 = 𝐴𝑡 𝑆𝑝 = 157 600 = 94 200N
42
SOLUÇÃO
83
Assim a pré carga sobre o parafuso é dada por:
𝐹𝑖 = 0,75 𝐹𝑝 = 0,75 94200 = 70 650N
𝜎𝑖 = 0,75 𝑆𝑝 = 0,75 600 = 450 MPa
A tensão de pré carga sobre o parafuso é dada por:
Lembrando da equação que dá o fator de carga sobre o parafuso,
repetida a seguir por comodidade, se observa que essa equação é
para um parafuso apenas.
No caso que está sendo analisado a união parafusada é composta por
um número 𝑍𝑝 de parafusos. Lembrando que a carga que opera sobre
a junta que está sendo analisada é 𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙, considerando a hipótese que
as forças originadas pela pressão se distribuam uniformemente ao
logo do perímetro da junta, a força que a 𝑍𝑝 é𝑠𝑖𝑚𝑎 parte da junta deve
suportar é dada por:
SOLUÇÃO
84
𝑛 =𝐴𝑡𝐶𝑃
𝑆𝑝 − 𝜎𝑖
𝑃 =𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑍𝑏
43
SOLUÇÃO
85
Assim o fator de carga pode ser reescrito como segue.
𝑛 =𝐴𝑡
𝐶𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑍𝑏
𝑆𝑝 − 𝜎𝑖
No caso que está sendo analisado, a incógnita é o número de
parafusos. Assim:
Arredondado se tem:
𝑍𝑏 =𝑛 𝐶 𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝐴𝑡 𝑆𝑝 − 𝜎𝑖=
2 0,223 854513
157(600 − 540)= 16,18
𝑍𝑏 = 16 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜𝑠 Foi adotado um número menor de parafusos em
função da facilidade alocação dos furos (𝜽 = 𝟐𝟎𝒐)
Como o número de parafusos foi arredondado é necessário
recalcular o novo fator de carga do parafuso como segue:
Ou seja, o fator de carga do parafuso (segurança) se reduziu em
1% em relação ao valor médio.
Para as análises das cargas que a junta e o parafuso resistem é
interessante conhecer o carregamento externo em um segmento
da junta apenas, ou seja:
86
𝑛 =𝑍𝑏𝐴𝑡𝐶𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑆𝑝 − 𝜎𝑖 =16 157
0,223 854513600 − 450 = 1,98
𝑃 =𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑍𝑏
=854513
16= 53 407𝑁
SOLUÇÃO
44
87
SOLUÇÃO
Cálculo da força que um parafuso da junta está submetido:
𝐹𝑏 = 𝐶𝑃 + 𝐹𝑖 = 0,223 53407 + 79650 = 91 560𝑁
𝐹𝑚 = 1 − 𝐶 𝑃 − 𝐹𝑖 = 1 − 0,223 53407 − 79650 = −38 152𝑁
A força sobre a junta é dada por:
Usando o modelo aproximado para o cálculo do torque de aperto,
se tem:
𝑇 = 𝐾𝐹𝑖𝑑 = 0,2 79650 16 = 254880 𝑁𝑚𝑚 = 254 𝑁𝑚
As parcelas da carga externa que o parafuso e a junta suportam são determinadas a partir de:
Determinação do fator de segurança de abertura da junta:
Esse valor satisfaz a exigência do projeto, que é que os coeficientes de segurança contra o deformações residuais do parafuso e a abertura da junta seja em torno de 2.
88
𝑛 =𝐹𝑖𝑃𝑚
=79650
41497,2= 1,92
𝑃𝑏 = 𝐶 𝑃 = 0,223 53407 = 11909𝑁
𝑃𝑚 = 1 − 𝐶 𝑃 = 1 − 0,223 53407 = 41497,2 𝑁
SOLUÇÃO
45
Para tampas, tal como a do problema analisado, há a
recomendação que o espaçamento dos parafusos devem ser
espaçados entre si de acordo com a seguinte relação.
89
3 ≤𝜋∅𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜𝑍𝑏𝑑
≤ 6
SOLUÇÃO
3 ≤𝜋(400 + 2 20 + 3 16)
16 16≤ 6
3 ≤ 5,79 ≤ 6 OK!
A explicação do valor máximo da recomendação, 6, é que os
parafusos não podem ser colocados a mais do que seis
diâmetros distantes entre si para que a pressão sobre a gaxeta
entre parafusos adjacentes não seja tão baixa a ponto de
impedir vazamentos.
O valor menor, 3, é para permitir que sejam utilizadas
ferramentas para a montagem e a desmontagem da junta.
90
46
Fim de juntas parafusadas
carregadas estaticamente
91