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JUNTA INTERNACIONAL DE FISCALIZAÇÃO DE ENTORPECENTES - JIFE Relatório Anual 2007 ÍNDICE PÁGINA Press Release No. ASSUNTO 2 1 Mensagem do Presidente 3 2 Aplicação da lei e tratados internacionais 5 3 Destaques Regionais 13 4 Medicamentos contra a dor: desigualdade de acesso 15 5 O Afeganistão e as Drogas 17 6 África e Ásia na rota do tráfico 19 7 O papel da JIFE 21 8 O Brasil no Relatório Anual da JIFE 29 9 O Brasil no Relatório de Precursores Químicos da JIFE ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional . Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01. 1

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JUNTA INTERNACIONAL DE FISCALIZAÇÃO DE ENTORPECENTES - JIFE

Relatório Anual 2007

ÍNDICE

PÁGINA Press Release No.

ASSUNTO

2 1 Mensagem do Presidente3 2 Aplicação da lei e tratados

internacionais5 3 Destaques Regionais13 4 Medicamentos contra a dor:

desigualdade de acesso15 5 O Afeganistão e as Drogas17 6 África e Ásia na rota do tráfico19 7 O papel da JIFE21 8 O Brasil no Relatório Anual da JIFE29 9 O Brasil no Relatório de Precursores

Químicos da JIFE

JUNTA INTERNACIONAL DE FISCALIZAÇÃO DE ENTORPECENTES - JIFE

Relatório Anual 2007Mensagem do Presidente

Quando consideramos o problema das drogas no âmbito mundial, observam-se dois acontecimentos preocupantes. Em primeiro lugar, as organizações ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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criminosas aproveitam as lacunas dos sistemas de fiscalização da África e da Ásia Ocidental, especialmente em relação às substâncias químicas utilizadas na fabricação de drogas ilícitas. Procuram estabelecer centros de tráfico desses produtos químicos (precursores) nessas regiões. Foram identificados diversos carregamentos suspeitos, com produtos químicos, destinados à África e oeste asiático. Em segundo lugar, a existência de rotas de tráfico de cocaína entre os países sul-americanos e africanos é muito preocupante. Os países afetados pelo fenômeno devem instaurar medidas adequadas para prevenir que os territórios sejam explorados como centros de atividade criminosa. A cooperação de países ricos é bem-vinda, reafirmando a idéia de responsabilidade compartilhada.

Hoje, dez anos após a adoção da Declaração da Assembléia Geral sobre Princípios para Redução da Demanda por Drogas, chegou o momento de reflexão sobre as ações dos governos. Muitos têm se esforçado, mas é preciso mais compromisso. Os governos devem reconhecer que reduzir a demanda e a oferta de drogas são ações que se complementam e se reforçam.

Sugerir que a legalização “solucionaria” de vez o problema mundial das drogas é ignorar fatos históricos. Os primeiros esforços de fiscalização internacional de entorpecentes começaram em 1912 e ajudaram a reduzir graves problemas de dependência de ópio nos países asiáticos. Cerca de 60 anos depois, com a Convenção sobre Substâncias Entorpecentes de 1971, houve forte queda nos níveis de abuso dessas drogas – que resultaram em graves problemas de saúde durante as décadas de 1950 e 60. Diante destas e outras experiências, sugestões de legalização do uso de drogas parecem não levar em conta os efeitos, inclusive para a saúde pública. Não há solução fácil para este problema. Os governos devem continuar a adotar medidas para prevenir o uso e conter o tráfico ilícito de drogas – com programas contínuos e ações abrangentes e coordenadas. Aí reside a solução do problema das drogas. Cruzar os braços não é uma opção aceitável.

dr. Philip O. Emafo, Presidente da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes

JUNTA INTERNACIONAL DE FISCALIZAÇÃO DE ENTORPECENTES - JIFE

Relatório Anual 2007

Aplicação desproporcional de leis sobre drogas enfraquece tratados internacionais

É preciso tratar diferentemente usuários e traficantes

Viena, 5 de março — A Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), com sede em Viena, Áustria, pediu aos governos que apliquem a lei ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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segundo a proporcionalidade dos delitos cometidos. Caso contrário, fica enfraquecida a aplicação efetiva dos tratados que a própria lei pretende cumprir.

O Princípio da Proporcionalidade e os delitos ligados às drogas são importantes pontos do Relatório Anual de 2007, lançado, hoje, 5 de março de 2008, em Viena.

A Junta observa que muitos países têm avançado na aplicação do Princípio da Proporcionalidade, desde que o assunto foi abordado no relatório de 1996. Outros países insistem em se concentrar em infrações menores e nos consumidores de drogas, em vez de abordarem assuntos mais graves e identificar, desmantelar e punir aqueles que controlam e organizam as principais atividades do tráfico.

Ao mesmo tempo em que a Junta destaca a necessidade de aplicar penas alternativas à prisão aos usuários de drogas – inclusive com acesso a programas de tratamento, reabilitação e reintegração à sociedade – a Junta insiste que os governos prestem atenção aos casos de usuários de drogas que são figuras públicas, personalidades conhecidas.

Celebridades que “pregam” sobre estilos de vida relacionados ao uso de droga dificultam a prevenção ao abuso de drogas entre os jovens – historicamente uma população vulnerável ao culto de celebridades e glamour.

Quando uma celebridade usa drogas, isso é um mau exemplo aos jovens, que percebem que o estilo de vida é tratado com leniência pela mídia e pela sociedade. Isso afeta sua consciência sobre esses atos. A situação levanta dúvidas sobre a imparcialidade do sistema de justiça e pode até enfraquecer as iniciativas de redução da demanda de drogas.

O relatório indica que existem amplas diferenças entre os países e as regiões quanto à tolerância dos delitos vinculados às drogas e seus autores. As sanções aplicadas aos delitos análogos podem ser mais severas em um lugar do que em outro. Os tratados internacionais de fiscalização de drogas promovem e facilitam respostas proporcionais aos crimes e práticas relacionadas às drogas; mas só estabelecem normas mínimas. Quando se trata de penalizar o tráfico de drogas em larga escala há menos problemas quando à tipificação do crime. Mas não existe um critério, um “instinto moral” universal, sobre o que é certo e errado quando se trata de punir crimes em menores escalas. Há países que impõem pena de prisão para crimes que em outro lugar seriam considerados de menor gravidade, por exemplo, crime de posse, ou aquisição para o consumo próprio. Em diversos países esta é uma fatia grande de sua população carcerária.

Citando os casos do Afeganistão e da Colômbia, a JIFE mostra que estão cada vez mais complexas as operações do tráfico de drogas e o fluxo financeiro gerado pelo crime organizado entre os países. Alinhada à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, a situação pede que ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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governos tomem “uma ação decidida, firme e bem coordenada [...] por parte das autoridades policiais e judiciais, particularmente relacionada à troca de informações de serviços de investigação e de provas entre países que possam empreender ações efetivas de confisco.”

Em seu relatório, a JIFE insiste que os governos adotem medidas corretivas, dando prioridade à promulgação e aplicação de leis que facilitem rastrear, bloquear e confiscar fundos e bens de traficantes de drogas. Também enfatiza a importância de os Estados ampliarem o alcance e acesso dos programas de tratamento e reabilitação de usuários de drogas em ambientes prisionais. Além disso, solicita aos governos que aumentem a variedade de sanções – com privação de liberdade ou não – e que recorram a tribunais especializados em questões sobre drogas com ênfase nas pessoas mais vulneráveis aos riscos do abuso de substâncias. Recomenda-se – conforme o caso – tratamento de dependência química obrigatório como substituição do aprisionamento.

JUNTA INTERNACIONAL DE FISCALIZAÇÃO DE ENTORPECENTES - JIFE

Relatório Anual 2007

Destaques Regionais

África

TráficoNo relatório anual, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) afirma que a África ocidental está rapidamente se tornando a mais importante rota de contrabando de cocaína que vem da América do Sul enviada para a Europa. A Interpol estima que 200 a 300 toneladas de cocaína chegam à Europa – especialmente via oeste africano, onde a droga é estocada e embalada novamente para transporte. Países da África ocidental não têm meios necessários para conter o problema. Traficantes também estão usando a África, particularmente o centro do continente, como rota de passagem de precursores como efedrina e pseudo-efedrina. A falta de uma legislação sólida contra o tráfico de precursores na maioria dos países africanos facilita a compra de produtos químicos para a fabricação ilícita de drogas. A África responde por 7,6% do total de consumidores de cocaína no mundo –

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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concentrados especialmente no oeste e sul da África e em áreas costeiras do norte do continente.

Cannabis – maconha e haxixeA cannabis (maconha e haxixe) é a droga mais usada na África, e, no momento, a tendência é de aumento do consumo nesses países. Há cultivo ilícito de cannabis na região e contrabando para a América do Norte e Europa. Os principais produtores da na região são: na África ocidental (Benin, Gana, Nigéria e Togo); na África meridional (Malawi, África do Sul, Zâmbia, Swazilândia); África oriental (Comores, Etiópia, Quênia, Madagascar, Tanzânia e Uganda). O Marrocos continua sendo como um dos principais produtores da resina de maconha (haxixe), que é contrabandeada para Europa.

HeroínaO uso e o tráfico de heroína também aumentaram em alguns países africanos. A droga é contrabandeada, via aérea, do sudoeste asiático pela África Oriental (Etiópia, Quênia e Tanzânia) e África ocidental (Costa do Marfim, Gana, Nigéria) para a Europa; e da África ocidental (Costa do Marfim, Gana, Nigéria) para a América do Norte. Além disso, os traficantes utilizam serviços de correios para contrabandear heroína na Nigéria, África do Sul, Costa do Marfim, Mali, Moçambique e República Democrática do Congo.

RemédiosOutro problema na região é o uso indevido de medicamentos farmacêuticos que contêm narcóticos ou substâncias psicotrópicas que podem ser obtidos sem receita médica, comprados de vendedores ambulantes ou dos próprios serviços de saúde. Os governos da África devem abordar o problema, que tem graves repercussões para a saúde dos africanos, e para a sociedade como um todo. América

América Central e Caribe

TráficoOs traficantes de drogas utilizam a região como zona de tráfico e distribuição de drogas enviadas para os Estados Unidos e Europa. Calcula-se que 88% da cocaína que entra nos EUA passam pela América Central e 40% da cocaína na Europa passam pelo Caribe, transportadas, sobretudo, pelas águas do Caribe e Pacífico ou pelo corredor da América Central. As ações cada vez intensificadas de grupos criminosos nacionais e internacionais do narcotráfico na região enfraquecem o estado de direito. Para países como El Salvador, Guatemala e Honduras a situação se agrava com gangues de jovens, ou maras, que controlam a venda de cocaína e derivados da cocaína como o crack.

prensaObserva-se o aumento do uso indevido e tráfico de maconha na América Central e no Caribe. Apesar da redução da produção, a Jamaica é o principal produtor e exportador de maconha para outras regiões. A Jamaica também ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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apresenta o maior índice de usuários de maconha, 10% de toda população dos 15 aos 64 anos.

EcstasyO aumento da apreensão de ecstasy (MDMA1) também é um indício que a região é utilizada como rota de tráfico e mostra um aumento do consumo dessa droga na região. A Junta encoraja os países da América Central e do Caribe a reforçarem a fiscalização dos precursores para impedir o contrabando dessas substâncias para outras regiões que os utilizam na produção de metanfetamina.

América do Norte

MaconhaO aumento acentuado da concentração de THC- Tetrahidrocanabinol– é motivo de preocupação. A substância modificada tem potência 10 vezes maior que a maconha consumida nos anos 60. O THC é o princípio ativo da planta cannabis.

Países da América do Norte são grandes produtores de maconha. Os Estados Unidos produzem 5 mil toneladas, o México 4 mil e o Canadá 800 toneladas de maconha. A produção interna do Canadá é suficiente para atender à demanda interna.

CocaínaA maioria (90%) da cocaína que chega aos EUA vem da Colômbia e passa pelo México e América Central. Todos os anos entram no Canadá entre 15-25 toneladas de cocaína, vindas principalmente da Colômbia via EUA ou de remessas do Caribe. O tráfico de drogas na América do Norte é controlado por organizações poderosas, inclusive financeiramente. Os criminosos travam uma guerra aberta contra as autoridades mexicanas para manter o México como a principal rota do tráfico de cocaína para os EUA. Elas ainda lucram com o tráfico de heroína, metanfetamina e maconha no mercado americano.

Remédios com venda controladaEstima-se que 6.4 milhões de pessoas nos EUA abusem de medicamento de venda controlada – com substâncias sujeitas a fiscalização internacional.

Tratados internacionais e compromissosA Junta pede ao governo do Canadá que ponha fim a alguns programas, como o adotado pela Secretaria da Saúde de Vancouver que fornece “kits de crack seguro” contendo bocal (piteira) e filtro para cachimbos usados para fumar o crack. A Junta considera que tais programas ferem o artigo 13 da Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas de 1988. A distribuição destes e outros materiais relacionados ao uso de droga a usuários em Ottawa e Toronto, e a promoção de lugares específicos para o uso de drogas injetáveis também violam tratados de fiscalização internacional de substâncias – dos quais o Canadá faz parte.

1 MDMA - metilenodioximetanfetamina, o princípio ativo do ecstasy ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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América do Sul

CocaínaOs recentes estudos realizados na região mostram que o uso de cocaína continua aumentando. Dados de busca por tratamento de dependência química na região mostram que o uso de cocaína (e derivados) corresponde a 50% das buscas por tratamento e o uso de cannabis (maconha) corresponde a 26%. O crime organizado, a violência e os homicídios continuam causando estragos em países da América do Sul. O fortalecimento da cooperação entre agências de segurança pública da região resultou em apreensões de cocaína que representam cerca de 40% de toda a produção mundial – e corresponde a mais da metade das apreensões realizadas no planeta.

Plantação

CocaToda a região está afetada pelo cultivo ilícito em larga escala da coca, da papoula e da cannabis (maconha), bem como a produção e tráfico de drogas. Segundo o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), em 2006, 50% da plantação mundial de coca foram provenientes da Colômbia; 33% tiveram origem no Peru e 17% da Bolívia. Além disso, o cultivo se estende, em pequena escala, ao Equador e à Venezuela.

Estudos mostram que em 20062 houve redução de 78 mil hectares de plantação de coca na Colômbia, cerca de metade (163 mil hectares) da área de plantio registrada no ano 2000. No Peru, o cultivo em 2006 aumentou para 51,4 mil hectares. Na Bolívia houve aumento de 8% da área total de cultivo de coca, que chegou a 156,9 mil hectares. Ainda assim, a cifra é 29% menor que no ano 2000, recorde de plantação dos últimos 10 anos. A projeção da produção anual de cocaína na América do Sul entre 1997 a 2000 foi de 800 a 1 mil toneladas.

Em 2006, a Colômbia intensificou a erradicação de cultivo ilícito da coca. Foram erradicados 213,55 mil hectares – 26% a mais que em 2005. Os esforços, sobretudo na Colômbia, só não tiveram melhores resultados devido ao aprimoramento de técnicas de cultivo, de variedades da planta e processamento da coca nos laboratórios clandestinos. No Peru, 12,69 mil hectares foram erradicados em 2006, na Bolívia foram 5,07 mil hectares.

A Junta pede que o governo boliviano e peruano que adotem medidas para proibir a venda, uso e exportação da folha da coca que não estejam alinhadas aos tratados internacionais3. A JIFE se preocupa com o aumento de impactos negativos do cultivo da coca e produção de cocaína na região.

2 Os dados estão disponíveis no último Relatório Mundial Sobre Drogas do UNODC 2007 (que fazem referência aos números de 2006) www.unodc.org.br (ver Publicações – drogas)3 A Bolívia assinou e ratificou as 3 Convenções da ONU sobre Drogas (1961,1971 e 1988)ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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MaconhaPraticamente todos os países sul-americanos produzem maconha, sendo o Paraguai o maior produtor da região. O mercado ilícito de maconha no Brasil é parcialmente suprido pelo Paraguai. Na Venezuela, no ano de 2006, a apreensão de maconha superou 21 toneladas, seguidos de Equador e Peru, entre outros países onde houve grande número de apreensões. Estima-se que o uso ilícito de maconha na região é 2,3%, taxa inferior à média do consumo mundial.

No fim de 2006, o UNODC e o Observatório Interamericano sobre Drogas publicaram o primeiro estudo comparativo sobre o uso de drogas no ensino médio na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. O estudo mostrou que em 2005 o uso de maconha (prevalência anual) alcançou o nível mais alto no Chile (12,7%). Em relação à cocaína, o nível mais elevado de consumo (prevalência anual) foi registrado na Argentina (2.5%).

Ásia

Ásia oriental e sudoeste Asiático

ÓpioÁsia oriental e sudoeste Asiático não são mais os maiores produtores de papoula do ópio, mas ainda há produção de heroína na região. Mianmar é o país que mais cultiva a papoula na região. A produção em 2007 aumentou – em comparação com 2006 – e a área produtiva chegou a 27 mil hectares. O Laos registrou uma área de 1,5 mil hectares cultivados em 2007, o menor número desde 1992.

Drogas e HIVCamboja, China e Mianmar registraram grandes apreensões de precursores químicos, o que revela aumento da produção e do tráfico de anfetaminas (estimulantes do grupo anfetamínico) na região. Autoridades desmantelaram diversos laboratórios clandestinos para produção de crack. O uso de anfetaminas, especialmente a metanfetamina, está aumentando ao longo do leste e sudeste da Ásia. Outra preocupação é o alastramento do HIV por meio de uso de drogas injetáveis (heroína e metanfetamina).

O plantio de maconha no Camboja, na Indonésia, nas Filipinas e na Tailândia ainda é um problema.

Remédios para emagrecerA Coréia do Sul tem um dos índices mais elevados na região de prescrição de estimulantes usados como anorexígenos, dentre eles a metanfetamina. A Junta encoraja os governos a aprender mais sobre as razões por trás dos níveis alarmantes de consumo de estimulantes, por meio de monitoramento e análise dos padrões de prescrições dos medicamentos. Os governos também devem instruir os médicos e o público em geral sobre o uso racional de entorpecentes e de substâncias psicotrópicas, além de promoverem práticas seguras de prescrição de medicamentos. ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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Sul da Ásia

Maconha e HeroínaO tráfico e o consumo de maconha e heroína aumentam cada vez mais no sul da Ásia. Traficantes do oeste da África utilizam os países da região, principalmente a Índia, para o tráfico de cocaína. A cocaína é enviada da América do Sul, em pequenas quantidades, e em seguida é trocada por heroína produzida na região, que é traficada para América do Norte e Europa. A Índia passou a ser um dos principais países de trânsito e destino do tráfico. O contrabando transfronteiriço é relativamente fácil em decorrência da permeabilidade das fronteiras entre Bangladesh, Butão, Índia e Nepal. O cultivo e o consumo de maconha continuam a ser um problema para a maioria os países da Ásia meridional.

Xaropes e codeínaAlguns produtos farmacêuticos fabricados licitamente, como xaropes à base de codeína e substâncias do grupo de benzodiazepina e buprenorfina, são contrabandeados da Índia para Bangladesh, Butão e Sri Lanka. Na Índia existem organizações criminosas que se dedicam ao tráfico de estimulantes do grupo anfetamínico. No sul da Ásia, o consumo de heroína e de produtos farmacêuticos por meio injetável contribui para a propagação do HIV/aids. Na Índia, a fronteira noroeste com Mianmar e as áreas de concentração urbana continuam sendo as zonas de maior incidência de infecção por HIV relacionada às drogas.

Dos usuários de drogas nas Maldivas, 20-25% consomem drogas injetáveis. A percentagem de usuários de drogas injetáveis aumentou de 8% em 2003 para 29% em 2006, e cerca de 75% da população prisional são usuários de drogas. A Junta também observa com preocupação que falta informação adequada sobre o consumo de drogas no Butão e no Nepal.

Ásia ocidental

OpiáceosEm 2007, apesar dos esforços do governo e da ajuda da comunidade internacional nos últimos cinco anos, o cultivo ilícito de papoula aumentou 17% no Afeganistão. Com uma área de cultivo de 193 mil hectares e uma produção de 8,2 mil toneladas, 93% do mercado mundial de ópio (e derivados) têm origem no país.

A Junta manifesta preocupação com a contínua disponibilidade de precursores químicos, em especial o anidrido acético para a fabricação de heroína, e relembra os governos que o país não tem qualquer necessidade legítima para o uso da substância.

O contrabando de opiáceos no Afeganistão se dá principalmente pelo Irã, Paquistão e países da Ásia central. Nesses países, o tráfico de drogas em

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grande escala gera crime organizado, corrupção e elevada demanda por ópio e derivados. No Irã se registra a maior taxa de abuso de opiáceos do mundo.

Em decorrência da disponibilidade de ópio e derivados, a Ásia central se depara com um aumento alarmante no número de crimes relacionados ao uso de drogas, bem como de infecções por HIV entre usuários de drogas. Na região, o número de casos de HIV, segundo registros oficiais, passou de 14,8 mil em 2005 para 19, 2 mil em 2006, o que representa um aumento de 30% decorrente, sobretudo, do uso de drogas injetáveis.

O Cáucaso meridional é utilizado como zona de trânsito de remessas de opiáceos procedentes do Afeganistão, o que propicia um aumento no uso de drogas. O tráfico e o uso indevido de drogas provavelmente vão piorar na Armênia, no Azerbaijão e na Geórgia. A Junta recomenda um maior intercâmbio de informações, um melhor controle das fronteiras e uma coordenação regional das atividades de fiscalização de drogas.

Vários países da região são utilizados no tráfico de drogas, incluindo a Síria, país de trânsito para maconha, cocaína, heroína e morfina destinadas a Jordânia e Líbano, e caminho, também, de comprimidos falsificados de Captagon (que contém principalmente anfetamina) para todo o Golfo Pérsico.

Outro problema da região é o uso indevido de estimulantes do grupo anfetamínico, que continuam a se expandir no Irã, na Turquia e nos demais países da Península Arábica.

Europa

Maconha e haxixeA cannabis (maconha e haxixe) continua sendo a droga mais consumida na Europa. A Europa ocidental é o maior mercado do mundo para resina de cannabis (haxixe). Contudo, as apreensões de haxixe têm diminuído em alguns países, o que pode estar relacionado com a redução da produção de resina de maconha no Marrocos. Há informações sobre o cultivo ilícito de maconha na Albânia, Alemanha, Bélgica, Bulgária, Países Baixos e Polônia. Na Alemanha, o cultivo profissional e em ambientes fechados (estufas) tem crescido desde 2002.

Itália e Espanha possuem os maiores índices anuais de consumo de maconha da Europa ocidental. Enquanto na Itália o consumo de maconha por parte de jovens e adultos vem aumentado, na Espanha permanece estável. Na Inglaterra e no País de Gales queda nos índices anuais e mensais do uso da maconha. Bulgária, Grécia, Malta e Romênia obtiveram os menores indicadores do uso de maconha.

CocaínaA Europa ainda é o segundo maior mercado de cocaína do mundo. Em 2006, a venda de cocaína aumentou consideravelmente na Alemanha, Espanha,

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Finlândia, Irlanda, Portugal e Suíça, e diminuiu na Áustria. As taxas de uso de cocaína mais elevadas são da Espanha, do Reino Unido e da Itália.

HeroínaPraticamente toda a heroína que circula no mercado Europeu tem origem no Afeganistão. A Turquia é a principal rota das remessas dessa droga para a Europa ocidental, e serve de ponto de partida para a rota dos Bálcãs. Também se transporta heroína contrabandeada pela chamada “rota da seda”, que se inicia na Ásia central, passa pela Rússia, onde, também, é consumida, e, depois, é contrabandeada aos países da União Européia. Ainda existe outra rota, que parte do Afeganistão e chega ao Paquistão, dali seguindo, por via aérea, para a Europa. A maioria dos países da Europa ocidental reportou queda de apreensões de heroína – somente a Espanha e a Alemanha tiveram aumento. Utiliza-se cada vez mais o canal meridional da roda dos Bálcãs, que passa por Istambul, Sofía, Belgrado e Zagreb, para contrabandear opiáceos afegãos para região e para a Rússia.

Calcula-se que 3,3 milhões de pessoas consomem heroína em toda a Europa. Ainda que o consumo de opiáceos esteja estável ou tenha diminuído na Europa ocidental e central, o consumo aumentou na Rússia, em outros países de Europa ocidental e, também, nos países do sudoeste europeu ao longo da rota dos Bálcãs. A demanda por tratamento de usuários de opiáceos é maior na Europa oriental(61%) que na Europa ocidental (55%).

A Europa continua sendo a maior fonte de anfetaminas. Alemanha, Holanda e Reino Unido registraram aumento nas apreensões das substâncias. Em 2006, as autoridades russas descobriram 1,7 mil fábricas clandestinas, dentre elas 136 laboratórios utilizados na fabricação ilícita de drogas sintéticas. Houve queda acentuada na apreensão de MDMA – ecstasy – na Espanha e na Alemanha, já no restante da Europa a diminuição tem sido gradual. Apesar da redução do consumo anual na região, o consumo mais elevado é registrado em Gales, Irlanda do Norte e Espanha.

Oceania

MaconhaO índice de uso de maconha e de estimulantes do grupo anfetamínico na Oceania está entre os maiores do mundo. A maconha continua sendo a droga mais consumida na Austrália e na Nova Zelândia. Os Estados Federados da Micronésia e a Papua Nova-Guiné comunicaram taxas de consumo superiores a 29%. Na Austrália, 11% da população maior de 14 anos de idade consomem maconha. Há indícios de cultivo de maconha na Austrália e na Nova Zelândia.

AnfetaminasAustrália e Nova Zelândia registram taxas elevadas de consumo de estimulantes do tipo anfetamina. A fabricação ilícita de estimulantes, incluindo a metanfetamina, continua na Oceania. Na Austrália, há indícios de que Queensland seja o centro de fabricação clandestina de estimulantes do grupo anfetamínico que abastecem todo país. Na Austrália e na Nova Zelândia a ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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apreensão de pseudo-efedrina e efedrina, precursores utilizados na fabricação ilícita de estimulantes, indica que os criminosos estão recorrendo ao contrabando de preparados farmacêuticos que contenham precursores utilizados na fabricação clandestina de estimulantes do tipo anfetamínico. O tráfico de substâncias não controladas pela fiscalização internacional, como a gamma-butirolactona (GBL) e a ketamina, continua sendo um problema na região. Os Estados insulares da Oceania são utilizados cada vez mais como zonas de contrabando de estimulantes e drogas ilícitas. A Junta se preocupa com a falta de informação adequada sobre a situação das drogas na Oceania.

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JUNTA INTERNACIONAL DE FISCALIZAÇÃO DE ENTORPECENTES - JIFE

Relatório Anual 2007

Press Release N o 4

ágina 11Medicamentos contra a dor: desigualdade de acesso

Viena, 5 de março — No relatório anual de 2008, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) assinala que em todo o mundo milhões de pessoas sofrem de dores agudas e crônicas graças por causa da falta de entorpecentes essenciais ao tratamento da dor. A Junta pede aos governos que apóiem o novo programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) criado para aumentar o acesso aos medicamentos. A JIFE observa que, em muitos países, o baixo consumo de morfina e de outros analgésicos opióides4 não resulta da falta de insumos necessários para fabricação. Ao contrário, após 2000, as reservas de material necessário à fabricação de morfina aumentaram de forma nunca vista antes, e a produção foi superior à demanda. “As propostas para aumentar a oferta de matéria-prima pela utilização de parte do ópio cultivado ilicitamente no Afeganistão não solucionam o problema. Os governos deveriam se concentrar nas medidas para aumentar a demanda por analgésicos de acordo com as recomendações da OMS e da JIFE,” disse o Dr. Philip O. Emafo, presidente da JIFE.

Em todo o mundo milhões de pessoas sofrem sem necessidade de dores crônicas e agudas resultantes de partos, cirurgias, traumatismo e doenças como a aids e o câncer. O consumo global de analgésicos opióides para o tratamento de dores moderadas e agudas duplicou na última década, mas o aumento se concentra na América do Norte e na Europa. Em 2006, essas regiões responderam por 89% do consumo mundial de morfina. Em termos populacionais, 80% da população reside em países em desenvolvimento, mas 4 Opiáceos sintéticosATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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respondem somente por 6% do total de morfina distribuída do mundo. Em alguns países em desenvolvimento o acesso aos analgésicos opióides é muito escasso, praticamente inexistente, para a maior parte da população.

Algo similar acontece com outros opióides, tais como a fentanil e a oxicodona, que nos últimos anos ganharam novas formas (adesivos transdérmicos, pastilhas de liberação controlada). O consumo dessas drogas se limita quase que exclusivamente à América do Norte e à Europa. Em 2006, essas regiões registram quase 96% do consumo mundial de fentanil e 97% do consumo mundial de oxicodona. As análises feitas pela JIFE e pela OMS revelaram que as dificuldades de garantir o acesso aos analgésicos opióides resultam de diversos fatores interligados, entre eles educação e informação inadequada dos profissionais da área da saúde, falta de conhecimento e capacidade desenvolvida para o tratamento da dor, atitude da opinião pública sobre o tema, impedimentos regulatórios e limitações econômicas. A JIFE solicita que os governos identifiquem os impedimentos que existem em seu país e adotem medidas destinadas a aumentar a disponibilidade desses medicamentos.

Com o objetivo de ajudar os governos a eliminar os obstáculos do acesso aos medicamentos, a OMS, em consulta com a JIFE, preparou o Programa de Acesso aos Medicamentos Controlados, programa de assistência para abordar todos os impedimentos encontrados. A execução do programa estará a cargo da OMS. A JIFE alerta os governos e as organizações internacionais para que cooperem nesta tarefa, e, também, solicita que os governos disponibilizem fundos para a OMS com esse fim.

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Relatório Anual 2007

Press Release N o 5

O Afeganistão e as drogas

Viena, 5 de março — Em seu relatório anual de 2008 a JIFE alerta sobre a facilidade de acesso ao anidrido acético, principal produto (precursor químico) utilizado na fabricação da heroína ilícita, constatada no Afeganistão. O Afeganistão não tem necessidade legítima de uso dessa substância, que é controlada pela Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas de 1988. Entretanto, na Ásia os traficantes desviam o comércio lícito de anidrido acético e de outros produtos químicos necessários para a fabricação ilícita de drogas e os contrabandeia pela fronteira afegã para zonas de fabricação de heroína.

A apreensão dessas substâncias no Afeganistão, bem como nos seus países vizinhos, é negligenciada e pouco se sabe sobre origem, métodos e rotas ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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utilizadas no desvio desse material. A JIFE pede aos governos asiáticos a que estabeleçam controle sobre movimentos internos do anidrido acético e reforcem a assistência ao Afeganistão para interceptar as remessas de anidrido acético contrabandeadas no seu território. Os governos afetados devem unir esforços para deterem o contrabando de anidrido acético e de outras drogas utilizadas na fabricação de heroína na região, principalmente no Afeganistão.

A Junta também se preocupa com a proliferação do cultivo de papoula de ópio no Afeganistão. Estima-se que, em 2007, cerca de 193 mil hectares foram destinados ao cultivo ilegal da droga, e 93% dos opiáceos que circulam ilicitamente no mundo vêm do Afeganistão. Os opiáceos de origem afegã são contrabandeados para Irã, Paquistão e Ásia central. O tráfico de drogas em grande escala resulta em crime organizado, corrupção e aumento na demanda por opiáceos ilícitos, o que é grave para os objetivos de fiscalização internacional de drogas. Recentemente o Afeganistão também passou a abastecer o mercado mundial com um derivado da maconha – o haxixe. Calcula-se que o país cultivou, em 2007, 70 mil hectares de maconha, um aumento com relação aos 50 mil hectares registrados em 2006. O uso de opiáceos segue como um problema grave no Afeganistão e nos países vizinhos, entre eles o Irã, que possui a maior taxa de consumo de opiáceos no mundo, com uma taxa de prevalência de 2,8%. O Paquistão e muitos países da Ásia central também apresentam taxas de consumo elevadas, e a heroína passa a ser a droga mais problemática, substituindo o ópio e a maconha.

A JIFE reitera o pedido de que o governo afegão aborde o crescente e grave problema das drogas em seu país. A JIFE segue realizando consultas com esse Governo para o cumprimento do artigo 14 da Convenção Única de 1962, artigo invocado exclusivamente em casos excepcionais de violação grave e persistente do tratando. A JIFE pode recomendar ao Conselho Econômico e Social medidas como proibições de importações e exportações se o Afeganistão não tomar atitudes corretivas nem de cooperação.

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Relatório Anual 2007

África e Ásia na rota do tráfico

Viena, 5 de março — Em seu relatório anual de 2008, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) alertou que a África e a Ásia ocidental passaram a ser importantes pontes de remessa de precursores e estimulantes

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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do grupo anfetamínico. A Junta solicita que a África e a Ásia ocidental reforcem seus sistemas de fiscalização para vigiarem o desvio desses produtos químicos. Também pede que os países vizinhos adotem medidas com caráter urgente para fazerem frente ao problema.

A Operação Crystal Flow, operação especial de seis meses de duração com objetivo de rastrear as remessas dos precursores efedrina e pseudo-efedrina com destino aos países da África, das Américas e da Ásia, descobriu que os traficantes aproveitam a falta de controle sobre produtos que contêm efedrina e pseudo-efedrina para enviar remessas aos países da África e Ásia ocidental. A JIFE recomenda que antes de autorizar a exportação de remessas de efedrina e pseudoefedrina, os países exportadores confirmem com os importadores, ou com a Junta, a razão e a legitimidade das remessas.

Em relação a preparados farmacêuticos que contenham efedrina ou pseudo-efedrina, a Junta pede aumento da vigilância e pede que os governos fiscalizem esses preparados da mesma maneira que fiscalizam os seus componentes (matéria prima). O monitoramento das operações de comércio internacional tem ajudado a impedir o desvio de efedrina e pseudo-efedrina, e os governos são incentivados a utilizarem o PEN Online, sistema eletrônico de troca de notificações prévias de exportações de químicos.

A Junta anunciou que havia tomado medidas para iniciar a aplicação de medidas para fiscalização do ácido fenilacético, produto químico utilizado com freqüência na fabricação ilícita de estimulantes do tipo anfetamínico. Cabe esperar que o fortalecimento da fiscalização de efedra na União Européia resulte na redução das tentativas de desvio do mercado lícito.

Iniciativas internacionais de fiscalização de precursores, entre elas o Projeto Prisma (relacionado especialmente aos produtos químicos utilizados freqüentemente na fabricação ilícita de estimulantes do grupo anfetamínico) e o Projeto Coesão (focado no permanganato de potássio e no anidrido acético), como também o novíssimo sistema de estimativas de requerimentos legítimos de precursores, mas que são usados na fabricação ilícita de estimulantes do grupo anfetamínico, contribuem com prevenção do desvio de precursores químicos durante o ano. Segundo a Junta, tendo em vista a adesão de Liechtenstein e da Coréia do Norte à Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas de 1988 e que, até agora, somente 12 Estados ainda não são partes dessa convenção, esse instrumento está perto de se tornar um instrumento de fato universal para o controle de precursores químicos.

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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Relatório Anual 2007

Press Release N o 7

O papel da JIFE

A Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) é um órgão de fiscalização independente para a implementação das Convenções

Internacionais das Nações Unidas de controle de drogas. Foi estabelecida em 1968 de acordo com a Convenção de Drogas de 1961. Os antecessores da

Junta remetem aos tratados de controle de drogas que existiam na época da Liga das Nações.

Composição

A JIFE é independente tanto dos governos como das Nações Unidas. Seus 13 integrantes são eleitos pelo Conselho Social e Econômico e prestam serviços de acordo com suas capacidades profissionais, não como representantes de governos.

Três integrantes com experiência médica, farmacológica ou farmacêutica são eleitos de uma lista de especialistas nomeada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e 10 integrantes são eleitos de uma lista de técnicos nomeados pelos governos.

A JIFE colabora com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) e com outras organizações internacionais que se preocupam com a questão do controle de drogas, inclusive a Comissão de Narcóticos, a OMS, A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e a Organização Mundial de Alfândegas (OMA).ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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FunçõesAs funções da JIFE estão de acordo com os seguintes tratados: A Convenção Única sobre Drogas Narcóticas de 1961 e sua apuração pelo Protocolo de 1972, a Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971, e a Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico de Drogas Narcóticas s Substâncias Psicotrópicas, de 1988.

De modo geral, a JIFE:

. Monitora a implementação dos tratados internacionais de controle de drogas e, de acordo com a situação, sugere cooperação técnica e apoio financeiro.

. Trabalha em cooperação com os governos para assegurar que a oferta de drogas esteja disponível para uso médico e científico e que drogas de fontes lícitas não sejam desviadas a canais ilícitos.

. Identifica fraquezas nos sistemas de controle nacionais e internacionais

. Avalia precursores químicos utilizados na produção ilícita de drogas para determinar se devem ser postos no controle internacional.

. Administra um sistema de estimativas de narcóticos e uma avaliação voluntária de substâncias psicotrópicas e monitoramento de atividades ilícitas por um sistema internacional de envio de relatórios estabelecido nas convenções

. Monitora e promove medidas tomadas pelos governos para prevenir o desvio de químicos usados na produção ilegal de drogas.

Em caso de aparente violação dos tratados, a JIFE pede explicações e propõe medidas aos governos medidas remediadoras.

A JIFE também pode chamar a atenção da Comissão de Narcóticos e do Conselho Econômico e Social.

RelatóriosOs tratados internacionais de controle de drogas requerem que a JIFE prepare um Relatório Anual sobre seu trabalho. O Relatório Anual contem análises da situação do controle de drogas e chama atenção para brechas e fraquezas no sistema nacional de controle, para o cumprimento dos tratados e recomenda melhorias nos níveis nacionais e internacionais. Os Relatórios estão baseados em informação providenciada pelos governos e organizações internacionais à JIFE. O Relatório Anual é complementado por relatórios detalhados sobre drogas, substâncias narcóticas e psicotrópicas e precursores químicos - que podem ser usados na produção ilegal de drogas.

Mais informações sobre a JIFE: www.incb.org

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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Relatório Anual 2007

Press Release No. 8

O Brasil no Relatório Anual da JIFE

Brasília, 5 de março - O Relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE), lançado em parceria com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), cita o Brasil em 24 dos 739 parágrafos. No Relatório do ano passado, o país foi mencionado em 12 dos 654 parágrafos do documento. Seguem as menções ao Brasil no Relatório divulgado hoje:

p. 29

Estimulantes da Lista IV da Convenção de 1971 que são utilizados como anorexígenos

Parágrafo 130. Os estimulantes da Lista IV da Convenção de 1971 são utilizados principalmente como anorexígenos. A Junta seguiu de perto a evolução do consumo dessas substâncias buscando determinar níveis de consumo que pudessem corresponder à utilização inadequada como fins médicos e que, portanto, pudessem dar lugar ao seu uso indevido. Desses estimulantes, os que mais são consumidos são a fentermina, o fenproporex, a anfepramona e a fendimetracina, nessa ordem.

Parágrafo 131. O consumo de estimulantes da Lista IV continua aumentando de forma considerável em alguns países da América, dentre eles Argentina, Brasil e Estados Unidos, que são também os países que apresentam o nível de consumo mais alto do mundo de substâncias que estimulam o sistema nervoso central, incluídos na Lista IV. De modo geral, o consumo per capita desses estimulantes foi três vezes maior na América que em outras regiões. Embora os níveis de consumo dessas substâncias tenham caído na Europa e na Oceania, aumentaram nos países da Ásia, em particular na República da Coréia.

Parágrafo 132. A Junta reitera o chamado para que os governos dos países em que há registros elevados de consumo de estimulantes – da Lista IV da Convenção da ONU 1971 – vigiem a tendência do consumo das substâncias,

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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determinem possíveis exageros em medicação de anorexígenos, cerceiem e controlem bem os canais internos de distribuição.

p. 56. Parágrafo 299. Em julho de 2007 o UNODC iniciou um projeto de três anos que aproveita a cooperação policial e o intercâmbio de inteligência para frear o contrabando de cocaína da América Latina à África ocidental. O projeto tem como objetivo estabelecer um mecanismo multirregional de intercâmbio de inteligência na esfera de apreensão de drogas e promover investigações baseadas em dados da América Latina, África ocidental e Europa. A iniciativa é financiada pela Comissão Européia e Espanha e incluirá capacitação e equipamento aos policiais da área investigativa dos países da América Latina e da África ocidental que fazem parte da cooperação. Sete países da América Latina [Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela y Trinidad e Tobago] e seis países da África [Cabo Verde, Gâmbia, Ghana, Guiné-Bissau e Senegal] foram selecionados.

p. 58

Parágrafo 313. Grandes remessas ilícitas de cocaína são transportadas de países da América Latina (da Colômbia através do Brasil e da República Bolivariana da Venezuela) até zonas costeiras da África ocidental (a bordo de navios, iates particulares e, ultimamente, aviões particulares) – e de lá para a Europa. Além disso, por fora da costa de Cabo Verde e Guiné, são enviadas grandes quantidades de cocaína, a maioria destinada a Portugal e Espanha. Durante os oito primeiros meses de 2007, foram apreendidas importantes quantidades de cocaína em Benin, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Mauritânia e Senegal. Na África, a cocaína é redirecionada, dividida em pequenas quantidades e introduzida por contrabando na Europa por via aérea, sendo utilizados, para tal, correios locais. A fim de evitarem ser descobertos, os traficantes de cocaína costumam partir de aeroportos diferentes e utilizar rotas distintas. Na África ocidental, os principais aeroportos utilizados pelos correios que introduzem a cocaína contrabandeada na Europa são os de Dakar, Conakry, Freetown, Banjul, Accra e Lagos. Além das rotas diretas até a Europa, novas rotas de tráfico vêm surgindo, atravessando a África setentrional e a península arábica. Levando em conta o aumento da oferta de cocaína na África ocidental, foram desenvolvidas redes organizadas de tráfico capazes de adquirir e redistribuir centenas de quilogramas de cocaína. A droga é transportada também por via aérea de países da África meridional, especialmente a África do Sul (onde é objeto de uso indevido), seja diretamente da América do Sul ou pela África ocidental, utilizando correios, serviços de frete aéreo ou serviços de correio expresso.

p. 73

Parágrafo 418. O vínculo que existe entre o tráfico de drogas, o crime organizado relacionado com as drogas e a violência continuou causando estragos em vários países da América do Sul. No Brasil, por exemplo, nos últimos anos, como resultado do crime organizado relacionado com as drogas, ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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aumentaram os atos de violência e homicídios cometidos por quadrilhas nas grandes zonas urbanas.

Parágrafo 419. As principais drogas consumidas por pessoas que buscam tramento de dependência química na América do Sul são cocaína (50%) e cannabis (26%). A demanda por tratamento de abuso de estimulantes do grupo anfetamínico e opiáceos é menor, já que representa cerca de 1% das pessoas que submetem a tratamento de dependência de drogas. Continua aumentando o abuso de cocaína em todos os países que foram objeto de estudos recentes.

p. 74

Cooperação regional

Parágrafo 420. A Conferência Internacional Antidrogas, celebrada em Paramaribo em outubro de 2006, contou com a participação de representantes de 10 países e territórios, entre eles Brasil, Colômbia, Guiana, Venezuela e Suriname, e de seis organizações internacionais. A Conferência aprovou a Declaração de Paramaribo, na qual figuram medidas destinadas a fortalecer a coordenação e a cooperação entre os países participantes em matéria de iniciativas de luta contra o tráfico de drogas e seus precursores, o tráfico de armas pequenas e as organizações criminosas implicadas nessas atividades.

Parágrafo 421. Em diversas reuniões celebradas na América do Sul, continuou-se examinando a maneira de manter e melhorar ainda mais a cooperação regional e internacional entre os serviços policiais e de investigação dos países sul-americanos, bem como entre suas autoridades judiciais. Na reunião do Grupo de Trabalho da América Latina e Caribe e União Européia de intercâmbio de inteligência em matéria de drogas, celebrada no Rio de Janeiro (Brasil) em outubro de 2006, estiveram representados vários países sul-americanos, entre eles Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Guiana, Paraguai, Venezuela, Suriname e Uruguai, assim como Estados-membros da União Européia, Europol e Interpol. Os participantes falaram sobre os progressos realizados nos programas de intercâmbio de funcionários policiais e apresentaram os resultados das operações conjuntas mais recentes. Foram convidados os Estados participantes do Sistema Europol de controle de Cocaína, que é destinado a determinar os vínculos entre as drogas apreendidas e as redes criminosas envolvidas.

Parágrafo 423. No 40º período ordinário de seções da CICAD5, celebrados em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) do dia 29 de novembro ao 1º de dezembro de 2006, os especialistas falaram sobre questões de interesse comum, entre elas a fiscalização de precursores e preparados farmacêuticos e o uso da Internet para a venda de drogas e a lavagem de dinheiro. Os representantes dos países participantes falaram de questões relacionadas com a política em matéria de drogas, entre elas a nova legislação sobre fiscalização de drogas do Brasil, a política nacional em matéria de erradicação de cultivos ilícitos da Colômbia e a

5 Comisión Interamericana para el Control del Abuso de Drogas (CICAD)ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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Estratégia de Luta contra o Narcotráfico e Revalorização da Folha de Coca 2007-2010, da Bolívia.

Parágrafo 425. Em 2006, o Paraguai construiu uma base de operações na fronteira com o Brasil para fazer frente ao aumento das atividades criminosas organizadas e à presença de grupos de narcotraficantes na região. Em 2006, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Paraguai, Peru e Venezuela deram início à sétima etapa da Operação Seis Fronteiras, iniciativa regional de fiscalização dos precursores utilizados na fabricação ilícita de cocaína e heroína.

p. 75

Parágrafo 429. A Junta observa que em 2007 os Governos da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai e Peru participaram da Operação Crystal Flow, centrada no tráfico de efedrina e pseudoefedrina, precursores essenciais na fabricação de estimulantes de tipo anfetamínico.

Parágrafo 433. No Brasil aumentaram o narcotráfico e os atos criminosos cometidos em combinação com outros tipos de delitos graves, dentre eles o seqüestro, a extorsão e o tráfico de armas, organizados por grupos criminosos, principalmente nas grandes cidades. Para fazer frente a esses graves problemas, em 2007 o governo brasileiro elaborou um novo plano contra a delinqüência e a violência, centrado na segurança social dos agentes da polícia e na integração das medidas tradicionais de repressão antidroga com as políticas sociais atuais. Por exemplo, no estado do Rio de Janeiro foram empreendidas atividades destinadas a reduzir o tráfico de drogas e a delinqüência nas zonas de favelas, visando tornar mais seguros os locais públicos e oferecer serviços de saúde, educação e proteção à população local. No Brasil, o setor privado tem mobilizado esforços com as instituições públicas locais a fim de prevenir o uso indevido de drogas no seio da família e da comunidade.

p. 76

Parágrafo 434. No fim de 2006 foi promulgado no Brasil o decreto nº 5.912, pelo qual se delimita ainda mais a competência do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. No Chile, durante 2006 foram aprovados vários instrumentos legislativos relacionados com as drogas, entre eles o decreto supremo nº 539, de 18 de maio de 2006, intitulado Regulamento sobre Distribuição do Fundo Especial do Ministério do Interior para Financiar Programas de Prevenção do Consumo de Drogas, Tratamento e Reabilitação das Pessoas Afetadas pela Dependência das Drogas. Além disso, em abril de 2007 começou a funcionar o Registro Especial de Usuários de Substâncias Químicas Controladas, que servirá para fortalecer a fiscalização de precursores no país.

p. 77

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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Cultivo, produção, fabricação, tráfico e uso indevido

EntorpecentesParágrafo 441. Praticamente em todos os países da América do Sul se produz cannabis. O principal produtor da região é o Paraguai, seguido, a notável distância, por Colômbia e Brasil. A diminuição da produção de cannabis na Colômbia durante os últimos anos foi neutralizada pelo aumento registrado em outros países da região, em especial o Paraguai.

p. 77

Parágrafo 442. Apesar de o Brasil ser um importante produtor de cannabis, não produz uma quantidade suficiente para atender à demanda de seus mercados ilícitos. No Brasil a planta da cannabis é cultivada principalmente em campos semelhantes a plantações. As autoridades brasileiras calculam que 60% da cannabis que se consome no país provém do Paraguai. Na República Bolivariana da Venezuela a apreensão total de cannabis aumentou gradualmente depois de 2003, até alcançar, em 2006, uma cifra superior a 21 toneladas. Em 2006 a apreensão total aumentou no Equador e no Peru, mas diminuiu no Chile. Quase 60% das 5 toneladas apreendidas no Chile originavam do Paraguai.

Parágrafo 443. A estimativa anual do abuso de cannabis na população em geral da América do Sul foi de 2,3%, porcentagem inferior à média mundial. Os resultados de um recente estudo comparativo sobre o uso indevido de drogas confirmam que a cannabis é a droga ilícita que os estudantes secundários em todos os países da América do Sul mais consomem, à exceção do Brasil, onde as substâncias inaláveis ocupam o primeiro lugar. A estimativa mais elevada durante o ano anterior à pesquisa foi registrada no Chile (12,7%) e, em segundo lugar, no Uruguai (8,5%). Nesses dois países, mais de 60% dos estudantes consomem unicamente cannabis. As taxas mais baixas de consumo corresponderam aos estudantes da Bolívia, do Paraguai e do Peru.

p. 77

Parágrafo 448. Segundo o Governo do Peru, aproximadamente 90% da folha de coca produzida no país se destina aos mercados ilícitos. Desde 1999, a superfície total de cultivo de arbustos de coca aumentou no Peru de 38,7 mil hectares até alcançar 51,4 mil hectares em 2006. A zona dos rios Apurímac e Ene foi uma das mais afetadas pelo aumento no cultivo. Além disso, foi detectada a existência de uma nova zona de cultivo de arbusto de coca situada entre o Brasil, a Colômbia e o Peru, na bacia amazônica. A partir dos resultados de um estudo do rendimento da folha de coca e da cocaína realizado no Peru em 2006, calculou-se que a produção potencial de cocaína subiu para 280 toneladas.

p. 79

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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Parágrafo 456. Em 2007 a polícia colombiana conduziu uma série de operações proveitosas contra os narcotraficantes. Em janeiro de 2007, em meio à “Operação Mercaderes”, a polícia nacional desarticulou uma importante organização criminosa que introduzia cocaína e heroína da Colômbia por contrabando nos Estados Unidos através de Argentina, Brasil, Costa Rica, Equador, México, Nicarágua, Panamá e República Dominicana. Foram detidos integrantes da organização na Colômbia e em outros países da América. Durante 2007, graças à cooperação entre os organismos encarregados do combate ao tráfico de drogas na região, conseguiu-se capturar no Brasil e na Colômbia os narcotraficantes colombianos mais procurados.

Parágrafo 457. As organizações de narcotráfico que abastecem o mercado ilícito de drogas em expansão no Brasil continuaram aproveitando a situação geográfica do país e as zonas escassamente povoadas da selva amazônica para transportar pasta de coca e cocaína da sub-região andina, através do território brasileiro, até a África, a Europa e a América do Norte. Particularmente em 2006 aumentou consideravelmente o contrabando de pasta de coca da Bolívia através do Brasil e diminuiu, em troca, o contrabando de heroína proveniente da Colômbia através do Suriname. As autoridades brasileiras calculam que 70% da cocaína fabricada na Bolívia é introduzida por contrabando pela fronteira desse país com o Brasil.

Parágrafo 462. Segundo o UNODC, entre 2004 e 2005 foram descobertos laboratórios de fabricação ilícita de pasta de coca e cocaína na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela. Na Bolívia, o número de laboratórios de pasta de coca e cocaína destruídos em 2006 passou de 4 mil, o que equivale ao aumento de mais de 50% em relação ao ano anterior. Também foram destruídos no país laboratórios de precursores químicos. O número de laboratórios clandestinos de processamento de pasta de coca vinda da Bolívia aumentou também no Brasil em 2006.

p. 80

Parágrafo 465. No fim de 2006, a UNODC e o Observatório Interamericano sobre Drogas (OID) da CICAD publicaram o primeiro estudo comparativo sobre o uso indevido de drogas na população escolar secundária de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. Segundo o estudo, a prevalência do uso indevido de drogas durante o ano anterior por parte dos estudantes de 14 a 17 anos de idade alcançou o nível mais elevado no Chile com respeito à cannabis (12,7%), na Argentina com respeito à cocaína (2,5%), na Colômbia com respeito ao êxtase (3%) e no Paraguai com respeito aos tranqüilizantes do tipo benzodiazepina (7,1%).

Parágrafo 466. A idade em que se começa a consumir drogas diminuiu em alguns países da América do Sul, entre eles Argentina e Brasil. Na Argentina, o consumo de “paco” (pasta de coca), forma de cocaína extremamente viciante, aumentou de maneira considerável durante os últimos anos. Jovens – inclusive crianças de oito ou nove anos de idade, de bairros pobres de Buenos Aires – costumam consumir a substância. A fim de corrigir a situação, autoridades ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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municipais pretendem estabelecer centros especializados para administrar tratamento a menores dependentes de drogas. No Brasil aumentou o uso de crack, especialmente por parte das pessoas de baixa renda das zonas urbanas, o que contribui para agravar ainda mais a violência relacionada com as drogas e os problemas sanitários.

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Parágrafo 470. No Brasil o consumo de estimulantes, principalmente como anorexígenos, é um dos mais elevados do mundo. As substâncias submetidas a fiscalização internacional continuam desviando-se dos canais lícitos e podem ser adquiridas sem receita. Também são introduzidos por contrabando no Brasil preparados farmacêuticos, entre eles preparados falsificados, provenientes de países da Ásia, como ficou demonstrado em um caso de contrabando de oxicodona originária da China. Em fevereiro de 2007 as autoridades brasileiras desmantelaram um laboratório utilizado na produção ilícita de comprimidos de fenproporex, substancia psicotrópica da Lista IV da Convenção de 1971. A Junta solicita ao Governo do Brasil que acelere a adoção das medidas previstas para fazer frente ao desvio e ao uso indevido de substâncias fiscalizadas, em particular de estimulantes.

Parágrafo 472. Entre 2001 e 2006, foram apreendidas menores quantidades de LSD no Brasil, no Chile, na Colômbia e no Uruguai. A informação mais recente sobre a apreensão de precursores indica que há possibilidade de que o LSD esteja sendo fabricado ilicitamente na América do Sul.

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Parágrafo 483. A Junta enviou uma missão ao Brasil em dezembro de 2006. Observa com preocupação que aumentou o uso indevido de drogas e que estimulantes continuam sendo receitados excessivamente, apesar das recomendações formuladas em missão anterior, conduzida em 2003. A Junta também manifesta preocupação com a falta de cooperação entre os organismos estaduais e federais, a escassa destinação de recursos em escala nacional, a lentidão do sistema judicial e os relatos sobre corrupção na polícia e no poder judicial. A Junta solicita ao governo brasileiro que adote medidas para reforçar as atividades de interceptação em todo o país, especialmente nas zonas fronteiriças, e que faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir o julgamento rápido e justo dos delitos relacionados a drogas. Considerando a participação de organizações criminosas africanas no tráfico de drogas no Brasil, é preciso fortalecer a cooperação com os organismos policiais dos países da África a fim de promover a investigação e o julgamento de todos os delinqüentes envolvidos. A Junta toma nota do empenho do governo do Brasil nos últimos anos em ampliar os serviços de redução da demanda de drogas. No entanto, no que diz respeito à nova lei sobre fiscalização de drogas, a Junta opina que as disposições relativas ao tratamento do abuso de drogas não podem ser aplicadas ainda porque até o presente momento não há serviços suficientes nesse setor em todo o país. Além disso, a nova lei pode até prejudicar a investigação e o julgamento das atividades ilícitas relacionadas a ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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drogas, e pode dar a entender à opinião pública que o governo está tratando o narcotráfico com mais indulgência.

Parágrafo 484. A Junta solicita ao governo do Brasil que reforce a inspeção dos canais internos de distribuição de substâncias e a vigilância do transporte de precursores, particularmente nas zonas próximas aos lugares utilizados para a fabricação ilícita de pasta de coca e cocaína, e que fortaleça os mecanismos de fiscalização da distribuição lícita de entorpecentes e substâncias psicotrópicas, levando em conta os casos de desvio por canais ilícitos. Além disso, o governo deveria pôr em prática as medidas de fiscalização aplicáveis aos estimulantes e fortalecê-las ainda mais, se necessário, com o objetivo de fazer frente ao consumo excessivo. Apesar de o consumo de opiáceos utilizados para o tratamento da dor continuar sendo escasso no Brasil, o abuso de opióides sintéticos, segundo a pesquisa domiciliar mais recente, é considerável. A Junta solicita ao governo do Brasil que adote novas medidas a fim de eliminar todo obstáculo reconhecido que se oponha ao tratamento adequado da dor e de promover o uso racional dos medicamentos.

JUNTA INTERNACIONAL DE FISCALIZAÇÃO DE ENTORPECENTES - JIFE

Relatório Anual 2007

Press Release No. 9

O Brasil no Relatório de Precursores Químicos da JIFEp. 14

Parágrafo 65. A Junta continuou a monitorar, em particular, as remessas de permanganato de potássio destinadas à América do Sul, região onde tem lugar a maior parte da fabricação ilícita de cocaína. Das 1,3 mil remessas de permanganato de potássio submetidas à vigilância, 134 (com um volume total de quase 1,7 mil toneladas) tinham como destino a América do Sul. Argentina, Brasil e Chile foram os principais importadores de permanganato de potássio – a eles correspondem quantidades superiores a 100 toneladas por ano. A maior parte das remessas de permanganato de potássio tinha origem fora da América do Sul, sendo muito limitado o comércio da substância dentro da região.

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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As Américas

Parágrafo 68. Em 2006, o maior volume de permanganato de potássio apreendido em todo o mundo (99 toneladas) correspondeu mais uma vez à Colômbia. Além disso, nesse país foram destruídos 15 laboratórios ilícitos clandestinos que produziam permanganato de potássio. Em 2006 foi apreendida 1,3 tonelada de permanganato de potássio no Peru e 0,3 tonelada no Equador. As apreensões efetuadas no Equador podem estar relacionadas com a fabricação ilícita de cocaína no país, como demonstra a destruição de um laboratório ilícito com uma capacidade de fabricação estimada de 2 a 3 toneladas de cocaína por mês. No Brasil, um dos principais importadores de permanganato de potássio da região, a quantidade total de substância apreendida desde 2003 foi relativamente baixa e não ultrapassou os 100 kg por ano.

ATENÇÃO: Este relatório está sob embargo internacional. Só pode ser divulgado e publicado a partir de 5 de março de 2008 às 00h01.

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