julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

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JULIO ARAGON BRIALES MELHORIA CONTÍNUA ATRAVÉS DO KAIZEN: ESTUDO DE CASO DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total. Niterói 2005

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JULIO ARAGON BRIALES

MELHORIA CONTÍNUA ATRAVÉS DO KAIZEN: ESTUDO DE CASO DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total.

Niterói 2005

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2

JULIO ARAGON BRIALES

MELHORIA CONTÍNUA ATRAVÉS DO KAIZEN: ESTUDO DE CASO DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total.

Aprovado em 15 de Dezembro de 2005

BANCA EXAMINADORA

---------------------------------------------------------- Profº Fernando Toledo Ferraz

Universidade Federal Fluminense

---------------------------------------------------------- Prof ª Stella Regina Reis da Costa Universidade Federal Fluminense

----------------------------------------------------------- Profº João Batista Turrioni

Universidade Federal de Itajuba

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3

Dedico este trabalho

Dedico este trabalho a minha esposa Inês,

que em todos os momentos em que estive

ausente, suportou todas as dificuldades e

em nenhum momento deixou de me apoiar e

de me incentivar na realização deste sonho.

Obrigado.

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4

AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu Irmão Miguel por fazer-me acreditar em um sonho. Agradeço a minha Mãe Francisca por me dar à coragem de realizar este sonho. Agradeço a minha equipe por compartilhar desta experiência, a Laice por me ajudar neste projeto e em especial ao colaborador e amigo Roland por dividir nestes 5 anos esta experiência maravilhosa chamada Kaizen. Agradeço ao meu Orientador Fernando por colocar no papel este meu sonho. A Direção desta empresa que me proporcionou esta oportunidade. Agradeço as pessoas que, de alguma forma, participaram na realização deste trabalho. E meu agradecimento em especial para minha esposa Inês e aos meus filhos Julio e Natan, que foram sem duvida o combustível e a motivação para finalizar este meu SONHO. Y a my Padre.

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5

Hace más quien quiere,

` que quien puede...”

Tereza Aragon

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6

RESUMO

Em um cenário cada vez mais competitivo, empresas e indústrias de diversos

setores vêm continuamente buscando mecanismos que permitam a otimização dos

resultados, a redução nos prazos de entrega, a eliminação de desperdícios, alcançando

assim, um aumento real de lucratividade e da rentabilidade, soma-se à importância que

se tem dado à questão da implementação das ações estratégicas nas empresas na

busca da melhoria de seus processos. Assim, justifica-se uma análise mais cuidadosa

para entender como as empresas podem buscar a implementação bem sucedida de

suas ações de melhoria e mudança, alinhando-as e integrando-as aos seus objetivos e

metas estratégicas. Para tratar essa questão, esta pesquisa realizou uma análise do

referencial teórico e um estudo de caso na DaimlerChrysler do Brasil Ltda., juntamente

com uma pesquisa interna, com o objetivo de se medir a percepção dos colaboradores,

com relação à implementação da filosofia Kaizen na empresa, onde pôde se observar

os pontos positivos e potenciais de melhoria da filosofia. Pode-se notar também, a

importância de se ter um processo estruturado e sistematizado para gerenciar esta

filosofia, entretanto, o desenvolvimento desse processo deve assumir a realidade e

entender as características culturais e particulares de cada empresa. As informações

obtidas neste trabalho permitem concluir que este modelo entusiasma gestores e

colaboradores no alcance de metas e objetivos, para obtenção de um clima

organizacional favorável e, conseqüentemente, bons resultados para os clientes

internos e externos.

Palavras-chaves: Kaizen. Melhoria Contínua. Mensuração de resultados.

Estratégia empresarial. Cultura organizacional.

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7

ABSTRACT

In an always more competitive world, companies and industries from many

sectors are continuously looking for methods to increase results, to shorten the delivery

time, to take waste out of production, expecting to achieving a real increase of

profitability. So it is important to analyze careful how enterprises can successfully

implement its change and improvement actions, lining them up and integrating them with

the enterprises objectives and strategic goals. To treat this question, this research

investigates the theoretical referential and the case DaimlerChrysler do Brasil Ltda.

through a internal research that intends to measure the perception of the work force

about the implementation of the Kaizen philosophy in that company. So it was possible

to observe the positive points and improvement chances of the implementation model.

Also after this study it became clear how important it is to have a structured process to

manage the Kaizen philosophy, however, for the development of this process we must

assume the reality and understand the cultural and particular characteristics of each

company. The information presented in this work, allow us to conclude that this model

conquests managers and workers passion by reaching goals and objectives. Resulting

in a better organizational environment, producing excellent results for both, internal and

external costumers.

Key words: Kaizen. Continuous improvement. Results Measurement. Enterprise

strategy. Organizational culture.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - METODOLOGIA APLICADA NA DISSERTAÇÃO....................................21

FIGURA 02 - UM MAR DE ESTOQUE EM PROCESSO ...............................................34

FIGURA 03 - KAIZEN: PALAVRA DE ORIGEM JAPONESA.........................................38

FIGURA 04 - % DE AGREGAÇÃO DE VALOR .............................................................38

FIGURA 05 - EVOLUÇÃO DA FUNÇÃO QUALIDADE ATRAVÉS DO TEMPO ............42

FIGURA 06 - CICLO PDCA............................................................................................44

FIGURA 07 - ESTRUTURA DO DIAGRAMA DE ISHIKAWA.........................................49

FIGURA 08 - QUADRANTE DE IDÉIAS ........................................................................50

FIGURA 09 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL...............................................................59

FIGURA 10 - ORGANOGRAMA DA UNIDADE DE JUIZ DE FORA ..............................61

FIGURA 11 - A ESTRUTURA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE JUIZ DE FORA ......62

FIGURA 12 - REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DA INTERAÇÃO ENTRE OS SUB-SISTEMAS DO SPJ .......................................................................................................64

FIGURA 13 - OBJETIVOS DO KAIZEN .........................................................................66

FIGURA 14 - FLUXO DA METODOLOGIA KAIZEN ......................................................67

FIGURA 15 - AGENDA DA SEMANA KAIZEN...............................................................75

FIGURA 16 - FÓRMULA ..............................................................................................114

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9

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - SOMATÓRIO DOS RESULTADOS DE KAIZEN (2000 A 2005) .............82

TABELA 02 - OBJETIVOS DO KAIZEN .........................................................................83

TABELA 03 - RESUMO DOS RESULTADOS DO KAIZEN ...........................................84

TABELA 04 - COMPOSIÇÃO DA PESQUISA................................................................87

TABELA 05 - DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS X SATISFAÇÃO COM OS KAIZEN REALIZADOS X DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................116

TABELA 06 - CONHECIMENTO DA FILOSOFIA X PARTICIPAÇÃO INDIRETA........117

TABELA 07 - SATISFAÇÃO COM OS KAIZENS X DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS.....................................................................................................................................118

TABELA 08 - SATISFAÇÃO COM AS SEMANAS X ELABORAÇÃO DAS METAS.....119

TABELA 09 - CONHECIMENTO DA FILOSOFIA X PERCEPÇÃO DOS RESULTADOS.....................................................................................................................................121

TABELA 10 - CONHECIMENTO DA FILOSOFIA X FERRAMENTA FUNDAMENTAL PARA MELHORIA CONTÍNUA ....................................................................................122

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 – AVALIAÇÃO DE REAÇÃO....................................................................71

GRAFICO 02 – AVALIAÇÃO DO CONSULTOR............................................................71

GRAFICO 03 – AVALIAÇÃO DO LÍDER........................................................................72

GRÁFICO 04 - WORKSHOPS KAIZEN REALIZADO DESDE 2000.............................80

GRÁFICO 05 - TOTAL DE PARTICIPANTES EM KAIZEN (ACUMULATIVO)..............80

GRÁFICO 6 - RESUMO BUDGET ACUMULADO POR ANO (EM R$ MILHÕES).......81

GRÁFICO 07 - BUDGET POTENCIAL A SER REDUZIDO – ACUMULADO POR ANO (EM R$ MILHÕES).........................................................................................................81

GRÁFICO 08 - REDUÇÃO DO LEAD TIME (% MÉDIA DOS PROCESSOS ANALISADOS) ...............................................................................................................81

GRÁFICO 09 - COMPOSIÇÃO DA PESQUISA.............................................................86

GRÁFICO 10 – COMPOSIÇÃO DA PESQUISA POR ÁREA.........................................88

GRÁFICO 11 – VOCÊ GOSTARIA DE PARTICIPAR DE KAIZENS?............................91

GRÁFICO 12 – QUANTO VOCÊ CONHECE A FILOSOFIA KAIZEN?..........................91

GRÁFICO 13 – QUANTO VOCÊ PARTICIPOU INDIRETAMENTE DE KAIZENS? ......92

GRÁFICO 14 – QUANTO AS ALTERAÇÕES PROPOSTAS PELOS KAIZENS TROUXERAM MELHORIAS PARA SUA ÁREA?...........................................................92

GRÁFICO 15 – QUAL O SEU GRAU DE SATISFAÇÃO COM OS KAIZENS REALIZADOS NAS SUAS ÁREAS? ..............................................................................93

GRÁFICO 16 – COMO OS RESULTADOS OBTIDOS COM OS KAIZENS SÃO DIVULGADOS NAS SUAS ÁREAS?..............................................................................93

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11

GRÁFICO 17 – QUAL RAZÃO O LEVOU A NÃO PARTICIPAR DE NENHUM KAIZEN?.......................................................................................................................................94

GRÁFICO 18 – VOCÊ GOSTARIA DE PARTICIPAR DE KAIZEN NOVAMENTE?.......95

GRÁFICO 19 – QUANTO VOCÊ CONHECE A FILOSOFIA KAIZEN?..........................95

GRÁFICO 20 – QUANTO VOCÊ FICOU SATISFEITO COM A SEMANA DO WORKSHOP KAIZEN DE QUE PARTICIPOU?.............................................................96

GRÁFICO 21 – QUANTO AS METAS DO KAIZEN FORAM BEM ELABORADAS?......96

GRÁFICO 22 – QUANTO AS ALTERAÇÕES PROPOSTAS PELOS KAIZEN TROUXERAM MELHORIAS PARA SUA ÁREA?...........................................................97

GRÁFICO 23 – QUAL O SEU GRAU DE SATISFAÇÃO COM OS KAIZENS REALIZADOS NA SUA ÁREA?......................................................................................97

GRÁFICO 24 – COMO OS RESULTADOS OBTIDOS COM OS KAIZENS SÃO DIVULGADOS NA SUA ÁREA?.....................................................................................98

GRÁFICO 25 – VOCÊ GOSTARIA DE PARTICIPAR DE KAIZEN NOVAMENTE?.......99

GRÁFICO 26 – QUANTO VOCÊ CONHECE A FILOSOFIA KAIZEN?..........................99

GRÁFICO 27 – QUANTO VOCÊ FICOU SATISFEITO COM A SEMANA DO WORKSHOP KAIZEN DE QUE PARTICIPOU?...........................................................100

GRÁFICO 28 – QUANTO AS METAS DO KAIZEN FORAM BEM ELABORADAS?....100

GRÁFICO 29 – QUANTO AS ALTERAÇÕES PROPOSTAS PELOS KAIZENS TROUXERAM MELHORIAS PARA SUA ÁREA?.........................................................101

GRÁFICO 30 – QUAL O SEU GRAU DE SATISFAÇÃO COM OS KAIZENS REALIZADOS NA SUA ÁREA?....................................................................................101

GRÁFICO 31 – COMO OS RESULTADOS OBTIDOS COM OS KAIZENS SÃO DIVULGADOS NA SUA ÁREA?...................................................................................102

GRÁFICO 32 – QUANTO VOCÊ CONHECE A FILOSOFIA KAIZEN?........................102

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12

GRÁFICO 33 – QUANTO VOCÊ CONSIDERA O KAIZEN COMO FERRAMENTA FUNDAMENTAL PARA O PROCESSO DE MELHORIA CONTÍNUA? .......................103

GRÁFICO 34 – QUANTO AS METAS PRÉ – ESTABELECIDAS PELO TIME SÃO COERENTES COM A REALIDADE DA ÁREA? ..........................................................104

GRÁFICO 35 – QUAL O GRAU DE APLICABILIDADE DAS MELHORIAS PROPOSTAS? .............................................................................................................104

GRÁFICO 36 – QUAL O GRAU DE MONITORAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DAS MELHORIAS PROPOSTAS PARA 30 DIAS?..............................................................105

GRÁFICO 37 – QUAL A SUA PERCEPÇÃO SOBRE OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELOS KAIZENS REALIZADOS NA SUA ÁREA? ......................................................105

GRÁFICO 38 – QUAL O GRAU DE COMPROMETIMENTO DOS FUNCIONÁRIOS NA PARTICIPAÇÃO DOS KAIZENS?................................................................................106

GRÁFICO 39 – VOCÊ CONSIDERA QUE A MODIFICAÇÃO PÓS- KAIZEN CONTINUA COM O DECORRER DO TEMPO?..............................................................................106

GRÁFICO 40 – NA SUA OPINIÃO EXISTE RELAÇÃO ENTRE AS FERRAMENTAS DE MELHORIA CONTÍNUA (KAIZEN, LEAN SIGMA, BANCO DE IDÉIAS)? ...................107

GRÁFICO 41 – QUANTO VOCÊ CONHECE A FILOSOFIA KAIZEN?........................108

GRÁFICO 42 – QUANTO VOCÊ CONSIDERA O KAIZEN COMO FERRAMENTA FUNDAMENTAL PARA O PROCESSO DE MELHORIA CONTÍNUA? .......................109

GRÁFICO 43 – QUAL O GRAU DE DIFICULDADE EM ESTABELECER UM TEMA PARA O KAIZEN?........................................................................................................109

GRÁFICO 44 – QUANTO AS METAS PRÉ-ESTABELECIDAS PELO TIME SÃO COERENTES COM A REALIDADE DA ÁREA? ..........................................................110

GRÁFICO 45 – QUAL O GRAU DE DIFICULDADE EM ESTABELECER METAS DOS KAIZENS?....................................................................................................................110

GRÁFICO 46 – QUAL O GRAU DE APLICABILIDADE DAS MELHORIAS PROPOSTAS? .............................................................................................................111

Page 13: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

13

GRÁFICO 47 – QUAL O GRAU DE MONITORAMENTO DAS IMPLEMENTAÇÕES DAS MELHORIAS PROPOSTAS PARA 30 DIAS?......................................................111

GRÁFICO 48 – QUAL A SUA PERCEPÇÃO SOBRE OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELOS KAIZEN REALIZADOS NA SUA ÁREA?.........................................................112

GRÁFICO 49 – QUAL O GRAU DE COMPROMETIMENTO DOS FUNCIONÁRIOS NA PARTICIPAÇÃO DOS KAIZENS?................................................................................112

GRÁFICO 50 – VOCÊ CONSIDERA QUE A MODIFICAÇÃO PÓS – KAIZEN CONTINUA COM O DECORRER DO TEMPO?..........................................................113

GRÁFICO 51 – NA SUA OPINIÃO, EXISTE RELAÇÃO ENTRE AS FERRAMENTAS DE MELHORIA CONTÍNUA (KAIZEN, LEAN SIGMA, BANDO DE IDÉIAS)? ...................113

GRÁFICO 52 – SATISFAÇÃO COM OS KAIZEN REALIZADOS X DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................................................................115

GRÁFICO 53 – CONHECIMENTO DA FILOSOFIA X PARTICIPAÇÃO INDIRETA ....116

GRÁFICO 54 – SATISFAÇÃO COM OS KAIZENS X DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................................................................117

GRÁFICO 55 – SATISFAÇÃO COM AS SEMANAS X ELABORAÇÃO DAS METAS .119

GRÁFICO 56 – CONHECIMENTO DA FILOSOFIA X PERCEPÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................................................................120

GRÁFICO 57 – CONHECIMENTO DA FILOSOFIA X FERRAMENTA FUNDAMENTAL PARA MELHORIA CONTÍNUA ....................................................................................121

GRÁFICO 58 – VOCÊ GOSTARIA DE PARTICIPAR DE KAIZENS? ( NÃO PARTICIPANTES E PARTICIPANTES) ............................................................123

GRÁFICO 59 – QUANTO VOCÊ CONHECE A FILOSOFIA KAIZEN? (GERAL) ........123

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14

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 5S Programa de Qualidade (Sensos: utilização, ordenação, limpeza, saúde e

autodisciplina)

PDCA Plan-Do-Check-Act (Planejar – Fazer – Checar – Agir )

WS Workshop

STP Sistema Toyota de Produção

SPJ Sistema de Produção de Juiz de Fora

AMOB Montagem Bruta

AMOF Montagem Final

APIN Departamento de Pintura

SPSS Família de software para tratamento estatístico de dados

WIP Work in Process ( Estoque em Processo )

Budget Orçamento Anual

CKD Completely Knocked Down ( Totalmente Desmontado )

Page 15: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................18

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................18

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA ..........................................................................................19

1.3 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................19

1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO.........................................................................................19

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...................................................................................20

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.................................................................................20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................22

2.1 A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA........................................................................22

2.2 A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO .........26

2.2.1 O Sistema Toyota ................................................................................................28

2.3 FILOSOFIA KAIZEN.................................................................................................36

2.4 A FUNÇÃO QUALIDADE .........................................................................................41

2.4.1 Ferramentas para o monitoramento da função ................................................43

2.4.1.1 O Ciclo PDCA.....................................................................................................43

2.4.1.2 O Programa 5 S (Housekeeping) .......................................................................45

2.4.1.3 Fluxogramas.......................................................................................................47

2.4.1.4 Gráfico de Pareto ...............................................................................................48

2.4.1.5 Listas de Verificação ..........................................................................................48

Page 16: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

16

2.4.1.6 Diagramas de Causa & Efeito ............................................................................49

2.4.1.7 Técnicas de Brainstorming .................................................................................50

2.4.1.8 Análise por que - por que ...................................................................................51

2.4.1.9 Mapeamento da cadeia do Fluxo de Valor .........................................................51

2.5 MELHORIA CONTÍNUA ATRAVÉS DO KAIZEN .....................................................52

3 ESTUDO DE CASO NA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL ....................................55

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO...............................................................55

3.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL ............59

3.2.1 Unidade Juiz de Fora ..........................................................................................60

3.2.2 O Sistema SPJ (Sistema de Produção da Fábrica de Juiz de Fora) ...............61

3.2.2 Kaizen na DaimlerChrysler em Juiz de Fora ....................................................65

4 LEVANTAMENTO DE DADOS...................................................................................85

4.1 OBJETIVO ESPECÍFICO.........................................................................................85

4.2 METODOLOGIA.......................................................................................................85

4.3 – RESULTADO DO LEVANTAMENTO DE DADOS ................................................90

4.3.1 – Dados Quantitativos........................................................................................90

4.3.1.1 - Colaboradores Não Participantes de Kaizens..................................................90

4.3.1.2 Colaboradores com 1 (uma) Participação em Kaizens.......................................94

4.3.1.3 Colaboradores com 4 (quatro) Participações em Kaizens..................................98

4.3.1.4 Colaboradores Consultores e Líderes de Kaizens ...........................................102

Page 17: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

17

4.3.1.5 Colaboradores Gestores ..................................................................................108

4.3.2 Correlações........................................................................................................114

4.3.3 Resultados Gerais .............................................................................................122

4.3.3.1 Não Participantes e Participantes de Kaizens..................................................122

4.3.3.2 Todos Colaboradores .......................................................................................123

4.3.4 Dados Qualitativos ............................................................................................124

4.3.4.1 Colaboradores com participações em Kaizens ................................................124

4.3.4.2 Colaboradores Gestores ..................................................................................125

4.3.4.3 Todos Colaboradores .......................................................................................125

4.3.4.5 Demais sugestões (gestores)...........................................................................128

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................131

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................136

BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................138

GLOSSÁRIO................................................................................................................140

APÊNDICE ..................................................................................................................143

ANEXO ........................................................................................................................155

Page 18: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

18

1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A competitividade entre as empresas esta cada vez mais acirrada e com a

globalização o mercado atual ficou mais competitivo e tem deixado bem claro que o

mundo está em constante mutação. Observa-se que já não é considerada uma

novidade a necessidade de atualização tecnológica, de garantia de sustentabilidade e

qualidade, de comportamentos e clima motivacionais. A verdade é que as organizações

têm que se adaptar ao ambiente externo e se capacitar para um trabalho perfeito de

planejamento visando projeções futuras, considerando fortemente o cliente com todas

as suas exigências e necessidades, o mercado, seus colaboradores e produtos.

Os gestores devem estar preparados para reagir às constantes modificações do

mercado e devem produzir da melhor forma, sob a demanda adequada, dentro dos

prazos estipulados para a entrega, de forma a garantir uma boa percepção dos clientes.

As organizações têm que estar constantemente atentas a cinco direcionadores

principais das suas atividades: clientes, colaboradores, parceiros, investidores e

sociedade. Neste sentido, o grande passo a ser dado é a adequada gestão destes

direcionadores, focando o atendimento das necessidades específicas dos clientes em

termos da qualidade, valor e capacidade de resposta, e, em seguida, alinhando os

colaboradores e parceiros no alcance destes objetivos. Conseqüentemente, se esta

lógica for seguida de maneira adequada, os investidores tenderão a demonstrar maior

satisfação com o desempenho da organização e através da responsabilidade social

uma boa imagem da empresa perante a sociedade.

Uma interessante estratégia adotada por algumas empresas são as ferramentas

de melhoria continua e dentre elas a filosofia Kaizen, que está pautada na eliminação

de desperdícios com base no bom senso, no uso de soluções baratas que se apóiem

na motivação e criatividade dos colaboradores para melhorar a prática de seus

processos.

Page 19: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

19

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA

As organizações devem aprender a projetar e oferecer produtos que possam ser

elaborados com flexibilidade e personalizados, preferencialmente, ao mesmo custo que

prevaleceria na produção em larga escala. Desta forma, pode-se observar que surge

para a organização a necessidade de utilização de ferramentas que possam colaborar

para que ela alcance sucesso em seus processos e produtos finais.

1.3 OBJETIVO GERAL

O Objetivo do presente trabalho é de levar ao conhecimento do leitor uma

explicitação sobre a filosofia Kaizen e como mensurar seus resultados, tangíveis e

intangíveis abrangendo sua aplicação.

Também será descrita a sua metodologia, assim como será desenvolvida uma

reflexão sobre a utilização da mesma na Daimlerchrysler do Brasil – Fábrica de Juiz de

Fora - contemplando uma demonstração dos resultados alcançados. No entanto, este

estudo somente se tornará completo quando, após esta explanação inicial, se discutirá

a efetividade da ferramenta/ seus indicadores de desempenho e se analisará os pontos

fortes e oportunidades de melhoria que podem ser resultantes da sua implementação.

1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO

O objetivo específico deste trabalho interfere sobre esta filosofia, sua

metodologia e aplicação na Daimlerchrysler do Brasil - Fábrica de Juiz de Fora.

Inicialmente é fornecido um embasamento teórico, que será, em seguida,

conjugado com a realidade observada na empresa em estudo. Também são descritas

as atividades desenvolvidas, finalizando-se o projeto proposto com uma avaliação

crítica do tema.

Estima-se que este estudo pode contribuir para os que desejam incorporar a

filosofia Kaizen à cultura organizacional de sua empresa. Através do conhecimento das

linhas de pensamento dos diferentes autores, da visualização de sua aplicação em uma

Page 20: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

20

organização real, como também, através da observação de críticas à sua

implementação, o leitor pode adquirir ou mesmo ampliar seu conhecimento a respeito

do tema.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O Kaizen em Juiz de Fora teve seu inicio em 2000, todos os resultados e toda a

estrutura de administração desta filosofia esta em um banco de dados, que foi a base

para este trabalho. Também foi elaborada uma pesquisa (Coleta de Dados) para se ter

uma real percepção dos colaboradores com relação à implantação do Kaizen. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

A estrutura do trabalho esta baseada primeiramente na pesquisa bibliográfica, ou

pesquisa de fontes secundárias que foram as etapas mais complexas no

desenvolvimento deste trabalho. Ela é o primeiro apoio metodológico utilizado na

elaboração do mesmo. A pesquisa bibliográfica “trata basicamente da realização de um

levantamento da bibliografia já publicada e apresentada em forma de livros técnicos,

artigos e revistas científicas, dentre outras”.

Esta pesquisa oferece um reforço conceitual para dar suporte as empresas. Além

da pesquisa em fontes secundárias, também foi realizada uma pesquisa em fontes

primárias, ou seja, documentos com informações geradas pela empresa estudada, que

complementam a avaliação e estudo do tema em questão.

O presente relato de caso será estruturado em cinco principais capítulos. O

primeiro se constitui de uma introdução, que contextualiza o tema em questão e

explicita as considerações iniciais, situação problema, objetivo geral, e específico,

delimitação de estudo e a estrutura do trabalho.O segundo capítulo aborda o referencial

teórico, base para o desenvolvimento de um trabalho confiável, tratando inicialmente da

importância estratégia da manufatura para uma organização, destacando, em seguida,

a importância dos sistemas de produção, abordando o Sistema Toyota de Produção.

Dando seqüência, será apresentada a filosofia Kaizen e seus resultados.

Page 21: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

21

O terceiro capítulo apresentará estudo de caso Daimlerchrysler Juiz de Fora as

principais linhas de ação, as atribuições desenvolvidas e a caracterização da

organização em que será desenvolvido o projeto, explicitando seus aspectos gerais,

estrutura organizacional, estrutura setorial e o Sistema de Produção de Juiz de Fora -

Fábrica Daimlerchrysler.

O quarto capítulo mostrará um levantamento de dados (Pesquisa) realizada na

empresa com relação à percepção do colaborador em relação ao nível de

conhecimento e implantação da filosofia e o resultado das avaliações de reação após a

conclusão de cada workshop kaizen realizado.

O quinto e o ultimo capítulo trata do resultado quantitativo e qualitativo do

levantamento de dados bem como as considerações finais, no qual serão apresentadas

as conclusões e comentários a respeito do tema estudado, seus indicadores de

mensuração e sua aplicação na organização em questão.

A figura 01, a seguir, ilustra o método de desenvolvimento desta dissertação.

Nota-se, também, a possibilidade de trabalhos futuros como, por exemplo, a

realização de um projeto de doutorado para a validação da proposta em empresas.

.

.

Figura 01 - Metodologia aplicada na Dissertação Fonte: O próprio autor

Trabalhos Futuros

Revisão Bibliografica

Levantamento de DadosEstudo de Caso

Análise e Conclusãoda Dissertação

Aplicaçãoda Proposta

Validaçãoda Proposta

Revisãoda Proposta

Trabalhos Futuros

Revisão Bibliografica

Levantamento de DadosEstudo de Caso

Análise e Conclusãoda Dissertação

Aplicaçãoda Proposta

Validaçãoda Proposta

Revisãoda Proposta

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22

2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A ESTRATÉGIA DA MANUFATURA

Analisando-se as mudanças no panorama competitivo industrial, observa-se que

durante os últimos trinta anos, as posições ocupadas pelos principais países

industrializados, em termos de competitividade de manufaturados, mudaram. Alguns

países de larga tradição na indústria foram superados por nações de menor tradição,

dentre as quais se destaca o Japão. A indústria manufatureira japonesa se sobressaiu

em mercados já bem desenvolvidos e com líderes estabelecidos, como o de

eletrodomésticos, automóveis, motocicletas, dentre outros. Estas empresas japonesas

teriam tido sucesso por sua habilidade em gerir as áreas comercial e financeira, mas

principalmente pela alta qualidade e preços baixos de seus produtos, adquiridos através

de uma excelência na manufatura dos mesmos, e, à qual seus concorrentes não

conseguiram responder com rapidez.

Realizando-se uma reflexão sobre os motivos que levaram os líderes industriais

tradicionais a serem superados pelos novos concorrentes, pode-se destacar, conforme

Corrêa e Gianesi (1996, p.18-19), cinco pontos principais: considerações financeiras,

considerações tecnológicas, especialização excessiva e falta de integração apropriada,

perda de foco e inércia.

Em termos financeiros, a avaliação de desempenho das organizações estava

sempre voltada para o curto prazo, induzindo os administradores a evitar investimentos

de longo prazo, já que seus resultados demorariam a aparecer. Por esta necessidade

de apresentar resultados com rapidez, conclui-se que foram adotadas medidas de

desempenho inadequadas aos melhores interesses competitivos da organização. Já em

termos tecnológicos, os líderes industriais tradicionais demonstraram um menor

interesse por questões tecnológicas concentrando suas atenções em assuntos

financeiros ou de controladoria.

Estes líderes também se equivocaram ao se influenciarem pelos modelos da

administração científica, procurando especializar cada vez mais as atividades, mas sem

desenvolver mecanismos adequados de integração. Isso colaborou para uma excessiva

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23

especialização das funções e dificultou a comunicação e integração ágil e eficaz entre

os diversos setores para o atingimento dos objetivos organizacionais. Esta mentalidade

de separação e especialização colaborou para que muitas empresas diversificassem

suas atividades a ponto de distanciá-las de suas principais tecnologias e mercados,

gerando perda do foco de atuação. Assim, a produção ficou sujeita à competitividade

dos concorrentes que focalizavam seus recursos na obtenção de excelência de

desempenho em um conjunto definido e restrito de atividades e objetivos.

Um outro importante fator que colaborou para a degradação do poder de

competitividade de algumas organizações foi à inércia com relação às mudanças. O

estilo gerencial adotado no pós-segunda guerra, visando o alcance de produtividade e

eficiência, ainda era aplicado pela maior parte das fábricas do mundo ocidental nos

anos 70. O mercado passou a demandar uma maior qualidade e variedade de produtos,

o que não foi atentado pelos líderes tradicionais da manufatura. Pode-se concluir que

ocorreu uma falha, por parte da sociedade dos países industrializados, em reconhecer

a importância do desafio competitivo que estavam sofrendo e a necessidade de

mudanças.

Assim, as fábricas tradicionais se deixaram obsolescer em termos estruturais

(equipamentos, máquinas e pessoas) e em infra-estrutura (sistemas gerenciais e

outros). Estas ficaram cercadas por organizações estrangeiras que competiam

baseadas em dimensões como produtos sem defeito, inovação em processos e

confiabilidade de suprimentos, e, conseqüentemente, começaram a ser afastadas dos

mercados internacionais e posteriormente dos mercados internos.

Observando este contexto de mudanças e necessidade de atualização,

estudiosos começaram a destacar a importância do papel estratégico que a função

produção deve ter na competitividade da organização como um todo. Desta forma, o

potencial da produção para a competitividade e o uso da manufatura com um enfoque

estratégico se tornaram algumas das linhas direcionadoras do pensamento produtivo.

Pode-se destacar, conforme Corrêa e Gianesi (1996, p.21-24), alguns dos principais

aspectos que passaram a ser abordados pelas organizações: a manufatura como uma

arma competitiva, manufatura contribuindo com eficácia e não só com eficiência em

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24

custos, focar a excelência no que realmente é importante, criar sistemas de integração,

adotar uma manufatura pró-ativa e utilizar a estratégia como um padrão de decisões.

As organizações devem perceber que a concorrência dos mercados atuais se dá

através de necessidades como, produtos livres de defeito e confiáveis, entregas

rápidas, dentre outras, que estão amplamente influenciadas pela função produção. O

direcionamento a ser dado é o de criação de vantagem competitiva através do

atingimento de excelência nas práticas produtivas. As organizações também precisam

avaliar de maneira adequada, não somente sua eficiência em custos, mas sim sua

capacidade competitiva, priorizando e focando a excelência no desempenho de critérios

definidos em um ranking.

É também perceptível, conforme a nova realidade competitiva, que a forma de

organização deve privilegiar a comunicação e a intensa interação entre as diversas

funções, com a criação de equipes que realizem interfaces.

Para a atuação no mercado competitivo, a função produção deve assumir um

papel pró-ativo, contribuindo ativamente para o atingimento de uma situação de

vantagem competitiva, deixando de lado o papel tradicionalista de uma função reativa,

que apenas responde às solicitações de outros setores. Torna-se necessário que a

produção monitore o ambiente externo à organização, para estudar aspectos

tecnológicos e metodológicos, buscando o melhoramento e novos desenvolvimentos

em sua área de atuação. A organização também deverá incluir a produção em seu

processo de planejamento estratégico, pensando esta função de maneira estratégica.

Segundo Corrêa e Gianesi (1996 p. 24-26)

A forma adequada e moderna de se encarar a estratégia de manufatura passa pela criação, desenvolvimento, implantação e manutenção de um padrão coerente de decisões.". Ou ainda:” O principal objetivo de uma estratégia de manufatura é suportar a organização no atingimento de vantagem competitiva sustentada de longo prazo.

Para que uma organização possa atingir seus objetivos é necessário que opere

através de uma forte integração entre as diferentes funções que a compõem. Tais

funções cumprem papéis primordiais para que a organização atue com sucesso no

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25

mercado. Entretanto, é interessante destacar que, se a organização não contar com

uma estratégia de manufatura que trabalhe de maneira ótima, de nada adiantará o

esforço máximo das demais estratégias, pois o fraco desempenho na produção não

poderá ser suprido pela atuação de outras estratégias da organização, como a

administração financeira e do marketing.

Segundo Slack et al (1996), três principais papéis podem ser considerados

particularmente importantes para a função produção: produção como apoio, como

implementadora e como impulsionadora da estratégia organizacional. A função

produção como apoio à estratégia organizacional deve ser entendida como a produção

atuando com foco na estratégia, estudando e desenvolvendo relacionamentos com

fornecedores, organizando processos flexíveis, se adaptando a mudanças, ou seja,

apropriando à estratégia corporativa tudo o que envolve produção, tecnologia,

funcionários, sistemas e procedimentos. Enquanto a função produção estiver

desenvolvendo bem estes aspectos, estará dando apoio à estratégia organizacional.

Quanto ao papel de implementar estratégias, a função produção é a responsável por

colocá-las em prática. Assim, a produção tem que estar constantemente apta a

materializar as estratégias organizacionais para que brilhantes idéias não deixem de se

concretizar devido a uma produção ineficaz.

O terceiro e último papel da função produção destacado por Slack et al (1996), é

o da produção como impulsionadora da estratégia empresarial. Deve-se entender esta

impulsão como uma forma de levar a organização a ter uma vantagem competitiva em

longo prazo.

Conforme Slack et al (1996 p. 66):

[...] qualquer empresa que faz produtos e/ou serviços melhores, mais rápidos, em tempo, em maior variedade, e mais baratos do que os concorrentes possuem a melhor vantagem competitiva em longo prazo que qualquer empresa poderia desejar.

Desta forma, pode-se dizer que, o ponto a ser destacado é que tudo o que

promove sucesso em longo prazo decorre direta ou indiretamente da função produção.

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26

Uma organização que deseja ser bem sucedida em longo prazo deverá

desenvolver uma função produção baseada em vantagem competitiva, ou seja,

trabalhando através de cinco objetivos de desempenho principais: qualidade, custo,

rapidez, confiabilidade e flexibilidade.

A estes cinco objetivos também se pode inserir a inovação, essencial no atual

contexto de mudanças. Garantir vantagem com qualidade para a organização significa

fazer certo as coisas, não cometer erros e cumprir as especificações. Já a vantagem

em rapidez significa acelerar o processo, ou seja, minimizar o tempo entre o pedido do

consumidor e a entrega do produto ao mesmo. A vantagem da confiabilidade, quer

dizer fazer as coisas em tempo. A vantagem de flexibilidade, demonstra preparo para

mudar o que faz, ou seja, ter condições de mudar ou adaptar as atividades de produção

para enfrentar circunstâncias inesperadas. E a vantagem de custo, está em fazer os

produtos ou serviços o mais barato possível.

É interessante destacar que estes objetivos, que devem ser perseguidos para a

obtenção de vantagem competitiva, terão uma importância relativa que varia conforme

o mercado em que a organização está competindo.

Portanto, para que uma organização possa competir no atual e futuro mercado

mundial, o isolamento ao qual a estratégia da manufatura esteve sujeita por vários anos

deve acabar, buscando-se enfatizar a integração entre a produção e as diferentes

funções organizacionais e adotar a utilização dos objetivos estratégicos de

desempenho produtivo para obter excelência nos processos. A adoção de ferramentas

específicas e a estruturação de sistemas de administração da produção coerentes aos

objetivos da empresa são uma maneira de fazer a estratégia da manufatura atuar com

eficiência e eficácia na busca pelo desenvolvimento organizacional, o que será

percebido a seguir.

2.2 A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

Devido à nova realidade competitiva mundial, as organizações tiveram que se

preocupar em adotar adequadas maneiras de gerenciamento de seus processos

produtivos. Assim, foram desenvolvidos os sistemas de administração da produção

(SAP), que têm o intuito de colaborar para um excelente trabalho produtivo

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27

organizacional, controlando os processos produtivos. O principal objetivo de um SAP é

planejar e controlar o processo de produção em todos os seus níveis, incluindo

materiais, pessoas, equipamentos, fornecedores e distribuidores. Através de um SAP,

uma organização consegue garantir que suas decisões operacionais produtivas estejam

em concordância com suas necessidades estratégicas.

Conforme Corrêa e Gianesi (1996):

Sistemas de Administração da Produção são sistemas que provêem informações que suportam o gerenciamento eficaz do fluxo de materiais, da utilização de mão-de-obra dos equipamentos, a coordenação das atividades internas com as atividades dos fornecedores e distribuidores e a comunicação/interface com os clientes no que se refere a suas necessidades operacionais. Corrêa e Gianesi (1996 p.42).

A maior parte das atividades gerenciais suportadas por um SAP têm implicações

estratégicas. Elas afetam o nível de desempenho do sistema de produção, em termos

de custos, qualidade, prazos, flexibilidade e confiabilidade; em conseqüência, afetam a

forma com que a organização é vista pelo mercado. É interessante ressaltar que um

SAP não toma decisões ou gerencia sistemas; são os administradores os responsáveis

por estas atividades. Entretanto, um SAP assume papel fundamental, pois ele oferece

suporte aos administradores através de informações para que possam ser tomadas

decisões embasadas e inteligentes.

As crescentes aplicações de novas tecnologias e as exigências de uma

competição acirrada tornaram imprescindível a existência de um sistema de

administração da produção que englobe práticas ou ferramentas que possam tornar a

empresa mais eficiente e auxiliem no alcance de metas ou desafios. Estas práticas e

ferramentas orientam os processos de forma ordenada e sistêmica desde o

desenvolvimento do produto, influindo diretamente no processo produtivo. Diversas

práticas de sistemas de produção são desenvolvidas no mundo como uma resposta aos

desafios econômico-sociais de suas respectivas culturas. Estas práticas e ferramentas

norteiam os processos, possibilitando a garantia de padronização e estabilidade dos

mesmos, o que acarreta em produtos mais adequados aos interesses organizacionais e

do cliente.

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28

Para que se possa entender melhor a importância de um sistema de

administração da produção, veremos, a seguir, as principais características de um dos

mais conhecidos sistemas já desenvolvidos: o Sistema Toyota de Produção.

2.2.1 O Sistema Toyota

De acordo com Womach, (1992), em 1950, um jovem engenheiro japonês, Eiji

Toyoda, fez uma visita de três meses aos Estados Unidos com o intuito de observar as

instalações da Ford, em Rouge-Detroit, e verificar a possibilidade de implementar o

sistema de produção em massa na fábrica da Toyota, no Japão. Para se ter uma idéia

comparativa da quantidade de veículos produzidos, em 1950, a Toyota após treze anos

de trabalho, havia produzido 2.685 automóveis, enquanto a Ford produzia, por dia,

7000 veículos.

Eiji, após ter estudado em detalhes a fábrica da Ford, observou que ela era a

maior e mais eficiente complexo fabril do mundo. Ainda nos EUA, escreveu para sua

empresa, a Toyota, e relatou que copiar ou melhorar o sistema de produção da Ford

era praticamente impossível. Como conseqüência, havia a necessidade de criação de

um novo sistema de produção que fosse apropriado a Toyota e ao Japão.

De volta ao Japão, Eiji e seu gerente de produção, Taiichi Ohno, chegaram à

conclusão de que seria impossível implementar, na Toyota, o sistema de produção em

massa nos moldes da Ford. A partir desse momento, iniciaram a criação de um novo

sistema de produção que seria conhecido como Sistema Toyota de Produção (STP) ou

Sistema de produção enxuta (lean production). É importante ressaltar que o

desenvolvimento do sistema foi totalmente empírico, do tipo tentativa e erro.

Para Ohno (1997), “a necessidade é a mãe da invenção”, o mesmo se refere aos

motivos da necessidade de desenvolvimento de um novo sistema de produção e, ainda

nos dias atuais, as melhorias ocorridas nas fábricas da Toyota são motivadas pela

necessidade de Melhoria Contínua. Ele ressalta que a chave para o progresso das

melhorias esta em permitir que o pessoal da fábrica sinta essa necessidade.

Os autores Womach, Jones e Roos (1992), descreveram que o sistema lean

production se apresenta imensamente superior ao sistema de produção em massa,

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29

tanto em produtividade como em qualidade e destacam que o sistema é mais eficiente

porque:

• Exige menor utilização de recursos como estoque, área, tempo e esforço físico.

• Busca incessantemente a eliminação total dos desperdícios.

• Desenvolve as capacidades intelectuais.

• É capaz de atender melhor às mudanças e gostos individuais dos consumidores.

• Oferece maior variedade de produtos aos clientes.

• Combina o melhor da produção artesanal com o melhor da produção em massa.

• É capaz de adequar as novas tecnologias ao sistema de produção.

O Sistema Toyota de Produção (STP) pode ser considerado um marco na

história dos sistemas de produção convencionais que foram adotados. Conforme

Shingo (1996), a Toyota transformou um sistema de produção passivo e conciliatório

em um novo sistema, calçado em conceitos que jamais haviam sido utilizados.

Esta mudança ocorreu com base em estudos investigatórios das origens da

produção convencional, derrubando crenças anteriormente aceitas. Este Sistema parte

do princípio do não custo (minimização de custos) como diretriz do estilo gerencial. Ao

contrário do princípio de custos tradicional, que parte do pressuposto de que o preço de

venda é formado pela soma do custo de produção ao lucro (custo+lucro= preço de

venda), o Sistema Toyota de Produção defende a premissa de que é o consumidor o

determinante do preço de venda dos produtos. Desta forma, a organização só obterá

lucros quando baixar seus custos de produção através da eliminação de perdas (preço-

custo=lucro). Conclui-se assim, que, conseqüentemente, a redução de custos deverá

ter alta prioridade, se tornando um meio para manter ou aumentar lucros e motivando a

organização à eliminação total de desperdícios.

Pode-se caracterizar, segundo Shingo (1996), alguns princípios básicos deste

Sistema. O primeiro a ser considerado é a questão das perdas por superprodução, que

pode ser estudada em duas vertentes: a superprodução quantitativa e a antecipada. A

superprodução quantitativa ocorre quando peças excedentes são produzidas para

garantir um adequado fornecimento, mas acabam sendo desperdiçadas. Já a

superprodução antecipada se caracteriza por uma decisão de produção antes da

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30

entrega. Ambas têm que ser evitadas, garantindo-se assim, a eliminação do

desperdício.

Outro princípio do Sistema é o Just-in-Time (JIT), que consiste no processo de

abastecimento com os itens, quantidade e momento necessários à produção. Segundo

Shingo (1996, p.103) "Em japonês as palavras para just-in-time significam no momento

certo, oportuno." Ele é um método utilizado para evitar a produção antecipada. Este

princípio será abordado com maior intensidade posteriormente.

O princípio da separação da máquina do trabalhador também é uma relevante

característica deste Sistema. Esta separação tem por objetivo o aumento de eficiência

da produção e um melhor aproveitamento dos recursos humanos. Esta transformação

envolve seis diferentes estágios que vão do inicial, caracterizado pelo trabalho manual

ao mais elevado, caracterizado pela autonomação (que será mais bem estudada

posteriormente), ou seja, processamento, detecção e correção de problemas feitos de

forma automática.

O Sistema Toyota é adepto à adoção de um maior número de máquinas para

realizar o trabalho com baixas taxas de utilização, o que garante ao operador um ritmo

de trabalho, evitando a ociosidade. Pensando em termos de custos, é preferível uma

máquina parada a um operador ocioso, pois a máquina sofre depreciação e o operador

deverá manter um ritmo de trabalho para garantir a continuidade de seu

desenvolvimento no trabalho.

O STP ainda defende a adoção de um planejamento de equipamentos por parte

da organização, pois, com baixas taxas de operação, os equipamentos mais baratos e

menores podem ser planejados e aperfeiçoados à necessidade da empresa,

destacando-se que essas adaptações podem ser feitas internamente na organização.

Os equipamentos novos devem ser evitados, pois possuem altos investimentos, dando

prioridade à aquisição de máquinas usadas. Um outro benefício da operação de

máquinas a baixas taxas é a possibilidade da organização poder atender rapidamente

às flutuações de demanda adotando simplesmente a contratação de colaboradores

temporários.

Outro princípio a ser considerado é o da utilização de controles visuais, como por

exemplo, um andon (painel indicador) que indica, através de luzes, quando, onde e o

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31

tipo de problema ocorrido. Este controle visual informa e sinaliza a necessidade de uma

ação imediata por parte dos responsáveis, entretanto, o mais importante não é somente

a rapidez com que o problema é alertado, mas sim quais soluções serão

implementadas.

O STP é um sistema de administração da produção que se preocupou em criar

métodos que garantissem a manufatura com base no objetivo de eliminação de

desperdícios para gerar queda de custo e aumento de lucratividade para a organização.

Assim, observa-se que o sistema desenvolvido tem foco na eliminação do que é

desnecessário, evitando-se a superprodução, adotando-se o JIT, para garantir uma

utilização adequada de recursos e tempo, otimizando o aproveitamento do trabalhador,

criando máquinas capazes de trabalhar sozinhas, fornecendo um ritmo de produção

pela adoção de máquinas a baixos índices de operação, com planejamento de

equipamentos e controle visual para otimizar as ações produtivas.

Conforme Shingo (1996): [...] o Sistema Toyota de Produção rejeita as idéias convencionais a respeito da produção baseada em projeções e realizada em grandes lotes, em favor da produção contra pedido e executada com lotes pequenos. Além do mais, isso exige uma rígida fidelidade aos princípios da produção com estoque zero. Shingo (1996 p.246).

Pela adoção do princípio do não custo, o fundamento de eliminação de perdas

foi o responsável pela origem dos demais princípios do Sistema Toyota de Produção.

Segundo Shingo (1996, p.110) “A perda é qualquer atividade que não contribui para as

operações, tais como espera, acumulação de peças semiprocessadas,

recarregamentos, passagem de materiais de mão em mão, etc."

Dentre as possíveis perdas a serem eliminadas, destaca-se o estoque, que

durante muito tempo foi considerado necessário. O questionamento de sua

necessidade revelou que mantê-lo era um grande desperdício. A existência de

estoques garante a produção, pois se uma das peças utilizadas estiver defeituosa, o

problema pode ser facilmente resolvido, já que o colaborador pode trocá-la por uma

outra que esteja conforme as especificações. Assim, a existência de estoques encobre

todos os possíveis problemas que ocorrem na organização, como produtos defeituosos,

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32

`1 excesso de movimentação, excesso de produção, tempo de espera, transporte,

dentre outros.

Na busca pela eliminação de desperdícios, também foi observada a existência de

estoques de produtos acabados, gerados pela produção de grandes lotes, adotada no

sistema de produção convencional. Para otimizar esta prática, foi desenvolvida a

produção contra pedido, ou seja, a produção passou a ser gerada a partir do pedido do

cliente como uma forma melhor de atender à demanda, passando esta a determinar a

produção. Com a adoção desta prática, tornou-se necessário produzir em lotes

pequenos e diversificados em ciclos de produção altamente reduzidos, já que os

clientes desejavam variedade nos produtos oferecidos.

Segundo Correa e Gianesi (1996), existem diversas diferenças entre STP e o

Sistema de Produção em Massa, mas a principal característica é a introdução do

conceito de puxar a produção. Com aplicação desse conceito, o nível de estoque em

processo é reduzido, pois somente são feitos os produtos que realmente estão sendo

vendidos.

Observa-se inicialmente, como o estudo pela eliminação de desperdícios gerou o

surgimento de diversos conceitos que não eram adotados. Os princípios do Sistema

Toyota de Produção foram um desdobramento de conceitos que surgiam em

conseqüência de outros.

Foi criado o método Kanban de controle visual para manter o nível de

desenvolvimento do sistema. Este método de controle visual auto-regulador e

simplificado, que se concentra no chão-de-fábrica, fez com que se tornasse possível

responder a mudanças na produção de forma rápida e simples.

Corrêa e Gianesi (1996) afirmam que o sistema de "puxar" a produção a partir da

demanda produzindo a cada estágio somente os itens necessários, nas quantidades

necessárias e no momento necessário ficou conhecido no ocidente como método

Kanban, nome dado aos cartões que são usados para autorizar a produção e a

movimentação de itens em todo o processo produtivo.

O Kanban é o método de operação, uma forma de controle do Sistema Toyota

de Produção. Consiste na utilização de um pedaço de papel que carrega informações

de coleta, de transferência e de produção, podendo ser considerado como uma forma

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33

para atingir o just-in-time. O Kanban deve ser praticado sobre regras rígidas e pode-se

considerar como suas funções principais: fornecer informações sobre apanhar ou

transportar, impedir a superprodução e o transporte excessivo, servir como ordem de

fabricação afixada às mercadorias, impedir a fabricação de produtos defeituosos

através da identificação do processo que os produz, revelar problemas existentes e

manter o controle de estoques.

De acordo com Ohno (1997), os dois pilares de sustentação do Sistema Toyota

são o just-in-time (JIT) e a autonomação (que será estudada em seguida). O JIT

significa que em um processo de fluxo, as partes necessárias à montagem em um

determinado ponto alcançam a linha de montagem no momento em que são

necessárias e na quantidade adequada.

Slack et al (1996) afirmam que: [...] o JIT significa produzir bens e serviços exatamente no momento em que são necessários - não antes para que não se transformem em estoque, e não depois para que seus clientes não tenham que esperar. Além deste elemento temporal do JIT, podemos adicionar as necessidades de qualidade e eficiência. Slack et al (1996 p.474). O just in time (JIT) é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento apenas da quantidade necessária de componentes, na qualidade correta, no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos.1 Springer/Verlag apud Slack et al (1996 p.474).

Segundo Corrêa e Gianesi (1996, p.57) “o objetivo da filosofia JIT é reduzir os

estoques, de modo que os problemas fiquem visíveis e possam ser eliminados através

de esforços concentrados e priorizados.

“Lubben (1989) também afirma:

Obter uma vantagem competitiva significa ser mais eficiente, ter um produto melhor ou fornecer um serviço melhor que os competidores. A manufatura Just-in-Time persegue cada um destes valores para desenvolver uma vantagem competitiva através de melhor administração de todo o sistema de manufatura. [...] os sistemas Just-in-Time são desenvolvidos para trabalhar continuamente pelas metas de melhoria do desempenho. Integrar e otimizar o sistema de manufatura é um processo constante em uma empresa JIT.”Lubben (1989 p.05).

1 Voss,C.A In: Voss, C.A (Org.). Just in time Manufacture. IFS, Springer/Verlag, 1987.

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34

A existência de estoques desvia a atenção da organização quanto a sérios

problemas de qualidade e falta de confiabilidade de fornecimento e equipamentos.

Observe a figura a seguir:

Figura 02 – Um mar de estoque em processo Fonte: TBM Consulting Group ( 2002 )

Pode-se fazer uma alusão dos estoques a um rio no qual flutua tranqüilamente

um barco.

Esta água é considerada um mar de estoque em processo, que pode encobrir

diversos problemas de produção, como refugo, tempo de espera, excesso de

movimentação, superprodução e longos tempos de preparação. Quando o nível de

estoques é reduzido, os problemas aparecem, fazendo com que o barco fique parado, e

surge a necessidade de se tomar decisões para resolvê-los. Assim, pode-se entender

melhor o grau de prejuízos que podem ser causados pelo estoque excessivo.

Se uma empresa conseguir implantar este fluxo na íntegra, poderá alcançar o

estoque zero. Entretanto, em processos de produção que envolva um grande número

de etapas de montagem, torna-se muito difícil aplicar o JIT de maneira ordenada a

todos os planos.

Este Sistema também percebe a vantagem de se utilizar máquinas que sejam

independentes dos trabalhadores. Segundo Ohno (1997, p.27), o significado de Jidoka

é “dar inteligência à máquina”, em seu significado literal a palavra representa

automação com um toque humano (autonomação). Conforme Sharma e Moody (2003,

p.109) "Taiichi Ohno, criador do Sistema Toyota de Produção, cunhou a palavra inglesa

que significa autonomação para descrever jidoka." O Jidoka implica na capacidade da

máquina operar sem a intervenção humana. Surgiu a partir da adaptação de máquinas

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35

que trabalhavam de maneira autônoma, de forma que as mesmas passaram a ter um

dispositivo de parada automática acoplado e, assim, pudessem informar ao

colaborador quando algo de errado estava acontecendo. Este fato permitiu uma melhor

detecção e prevenção de anormalidades na produção. Desta forma, o operador que

ficaria vigiando o processo, ficou livre para executar outra atividade que valoriza seu

potencial para aprender e criar, enquanto a máquina trabalha sozinha. No Jidoka,

quando uma anormalidade é detectada, o operador tem autoridade para parar a linha, o

que impede que o erro continue acontecendo e que as perdas nos processos sejam

maiores. Também foi modificada a forma de gestão, já que com as máquinas

trabalhando sozinhas, um mesmo colaborador poderia atender a diversos

equipamentos, possibilitando a redução do número de operadores e aumentando a

eficiência da produção.

Portanto, o Sistema Toyota de Produção revolucionou a forma das organizações

produzirem, visto que se tornaram de conhecimento mundial todos os conceitos

desenvolvidos e focados na grande possibilidade de aquisição de vantagem competitiva

com a redução de custos.

Atualmente as organizações utilizam o Sistema Toyota de Produção com uma

outra nomenclatura: Sistema Global de Produção. Esta alteração de nomenclatura foi

adotada devido a restrições que alguns países apresentaram em utilizar um sistema de

produção criado no Japão. O Sistema Global de Produção é formado por dois pilares

(JIT e Jidoka) e por uma base que é o Nivelamento da produção.

O JIT (just in time) auxilia na redução de custos gerados pelo estoque e prazo de

entrega. Em um processo de fluxo, deve-se produzir o que o cliente deseja, na

quantidade desejada, quando ele deseja, e usando um mínimo de matéria-prima,

equipamento, mão-de-obra e espaço. Os princípios deste pilar são a sincronia com o

ritmo da produção estabelecido pelo cliente (takt2) e a criação de um fluxo de uma peça

única na manufatura, eliminando a existência de estoques e estabelecendo um sistema

de "puxar" a produção, no qual a operação seguinte solicita a anterior. A produção e

fluxo em peça única minimizam os desperdícios, o estoque e forçam a melhoria da

2 Takt, Palavra alemã que significa ritmo. Nota de responsabilidade do autor.

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36

qualidade. A inexistência de estoques torna o sistema intolerável às anomalias de

produção.

O segundo pilar do Sistema Global de Produção é o Jidoka, já mencionado

anteriormente. Ele é responsável pela detecção e prevenção de anormalidades na

produção, garantindo uma reação imediata às mesmas para melhorar a qualidade e

reduzir o tempo ocioso.

A base do Sistema Global é o nivelamento da produção. Ele consiste em,

primeiramente, se estabelecer um fluxo e uma forma padrão de abastecimento da linha

produtiva. Em seguida os índices da produção deverão ser adaptados às variações de

demanda, que englobam as variações de volume e de tipo de produtos. Esta adaptação

é realizada com a criação de um programa diário de produção que faça um pouco de

todos os produtos, ou seja, que mantenha a produção diária igual em quantidade e mix.

O nivelamento da produção serve então como uma base, utilizando o just in time para

responder à demanda e o Jidoka para mensurar o sucesso e manter a qualidade dos

produtos.

Devido ao sucesso de implantação, o STP despertou o interesse de diversas

organizações, que procuraram encontrar nos princípios do sistema, um caminho para

orientar o desenvolvimento de seus próprios sistemas de administração da produção.

No capítulo 3 Estudo de Caso, explanar-se-á sobre o Sistema de Produção

aplicado à Fábrica DaimlerChrysler de Juiz de Fora, que é baseado no STP.

2.3 FILOSOFIA KAIZEN

Transformar uma organização em um empreendimento melhor não é tarefa fácil

nem rápida, na verdade deve ser encarada como um processo cíclico e permanente.

Desta forma, a organização deve inicialmente ter um profundo conhecimento de seus

próprios processos para, em um segundo momento, adotar as ferramentas adequadas

para buscar as melhorias julgadas necessárias, dentre as quais, destaca-se o Kaizen.

A filosofia Kaizen está baseada na eliminação de desperdícios com base no bom

senso, no uso de soluções baratas que se apóiem na motivação e criatividade dos

colaboradores para melhorar a prática de seus processos de trabalho, com foco na

busca pela melhoria contínua. Os caracteres japoneses que significam a palavra

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37

Kaizen, de origem japonesa conforme Sharma (2003, p. 109 – 111), significa Fazer

Bem (KA = mudar; ZEN = bem). Veja fig 3. A ferramenta ficou mundialmente conhecida

pela sua aplicação dentro do Sistema Toyota de Produção. A ferramenta Kaizen foi

criada no Japão pelo engenheiro Taichi Ohno, com a finalidade de reduzir os

desperdícios gerados nos processos produtivos, buscando a melhoria contínua da

qualidade dos produtos e o aumento da produtividade.

Segundo Sharma (2003):

A ferramenta Kaizen utiliza questões estratégicas baseadas no tempo. Nesta estratégia, os pontos-chave para a manufatura ou processos produtivos são: a qualidade (como melhorá-la), os custos (como reduzi-los e controlá-los), e a entrega pontual (como garanti-la). O fracasso de um destes três pontos significa perda de competitividade e sustentabilidade nos atuais mercados globais. Sharma (2003, p. 114).

O Kaizen não visa tão somente os ganhos de produtividade, redução de custos e

eliminação de desperdícios. Mas, também visa à melhoria contínua das condições de

trabalho do homem, buscando sua total interação com os processos de manufatura,

aumentando a sua satisfação.

Slack et al (1996), diz que:

[ ... ] qualquer empresa que faz produtos e serviços melhores, mais rápidos, em tempo, em maior variedade, e mais baratos do que os concorrentes possui a melhor vantagem competitiva a longo prazo que qualquer empresa poderia desejar. Slack et al (1996, p. 66)

O resultado mais marcante do Kaizen, segundo a Equipe GRIFO (1994, p. 21) é

uma procura constante para resolver os problemas da empresa, formando uma cultura

na organização de modo que todos possam admitir livremente essas dificuldades,

desde o presidente até o mais humilde funcionário.

De acordo com a TBM Consulting (2000, p. 08), “a Metodologia Kaizen pode ser

aplicada em qualquer processo produtivo em que exista um padrão nas tarefas ou

atividades”.

Page 38: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

38

Figura 03 - Kaizen: palavra de origem japonesa Fonte Sharma e Moody (2003, p114)

Esta filosofia se baseia na eliminação de desperdícios em três pontos-chave:

qualidade, custo e entrega dos produtos/serviços, visando constantemente torná-los

melhores a preços menores. Em busca da redução do prazo de entrega do produto,

uma empresa típica geralmente ataca as atividades que envolvam produção de bens,

tentando otimizar os processos produtivos e conseqüentemente poderá obter uma

pequena melhoria, já que geralmente as otimizações nestes processos não acarretam

em grandes impactos.

Figura 04 - % de Agregação de Valor Fonte: TBM Consulting Group

198 MinutosEmpresatípica

2 Minutos

198 MinutosMelhoria tradicional

1 Minuto

Fração de Valor

Agregado

1%

0,5%

2%

Atividades que agregam valor

Atividades que não agregam valor

Tempo original do Processo (200 min)

98 MinutosRedução de Desperdício com Kaizen

Grande MelhoriaRedução de 100 min

2 Minutos

50 % do tempo original

198 MinutosEmpresatípica

2 Minutos

198 MinutosMelhoria tradicional

1 Minuto

198 MinutosMelhoria tradicional

1 Minuto

Fração de Valor

Agregado

1%

0,5%

2%

Atividades que agregam valor

Atividades que não agregam valor

Tempo original do Processo (200 min)

98 MinutosRedução de Desperdício com Kaizen

Grande MelhoriaRedução de 100 min

2 Minutos

50 % do tempo original

Page 39: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

39

Entretanto, uma organização que emprega a redução de desperdícios utilizando

a filosofia Kaizen atacará as atividades que podem ser descartadas, o que implicará na

eliminação de atividades desnecessárias e a melhoria advinda poderá gerar resultados

financeiros, no prazo de entrega, na qualidade do produto e no processo, além de

outros. Pode-se visualizar melhor este benefício da filosofia Kaizen através da figura 04

apresentada anteriormente.

Assim, é importante que as atividades nos processos de manufatura e serviços

sejam classificadas quanto à agregação de valor ao cliente, ou seja, atividades que

agregam valor à manufatura são aquelas que transformam matérias-primas e

informações em produtos que o cliente deseja, são aquelas pelas quais o cliente paga.

Já as atividades que não agregam valor à manufatura são aquelas que consomem

recursos, mas não contribuem diretamente para os produtos, ou seja, os clientes não

querem pagar pelas mesmas. Portanto, eliminar desperdícios significa atacar

diretamente as atividades que não agregam valor à produção.

É interessante conhecer os principais tipos de desperdícios no sistema produtivo,

que serão foco de aplicação da metodologia Kaizen para sua eliminação:

superprodução, excesso de tempo disponível (espera), excesso de transporte,

processamento ineficaz, excesso de estoque disponível, excesso de movimentação, e

excesso de produtos defeituosos. A eliminação destes desperdícios melhora todo o

processo produtivo, aumentando a efetividade da organização e gerando produtos

melhores com custos reduzidos.

Um evento Kaizen consiste na aplicação da filosofia em uma organização por

meio da metodologia. O Kaizen é efetuado através de uma equipe com colaboradores

de diferentes áreas organizacionais e que ocupam diferentes cargos, para realizar um

trabalho focado em metas arrojadas, estabelecidas por uma determinada área. Estas

metas podem envolver resultados em ganhos de produtividade, redução em ocupação

de área na planta, aspectos ergonômicos e de segurança, dentre outros.

Entretanto, é importante destacar que, para que a aplicação da filosofia gere

excelentes resultados, toda a empresa precisa se envolver neste processo, mantendo

sempre o foco na busca pela melhoria contínua, na predisposição para a ação e na

utilização da criatividade antes de se realizar investimentos. É relevante destacar a

Page 40: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

40

necessidade de envolvimento da alta gerência, demonstrando apoio e incentivo à

participação de todos os colaboradores com sugestões de melhoria para desenvolver

pessoas com pensamento Kaizen.

A filosofia Kaizen trabalha os processos através de equipes focadas na

eliminação de desperdícios e criação de fluxos adequados, gerando soluções criativas

para sanar problemas. Verifica-se, assim, o diferencial competitivo de que uma

organização pode usufruir ao incorporar à sua política a aplicação da filosofia. O Kaizen

pode adequar os processos e atividades da empresa para que a mesma trabalhe com

uma visão de Produção “Lean”, ou seja, trabalhar com um sistema de produção que

não apresente imperfeições, que gere produtos em fluxo de peça única com qualidade

perfeita, até que se torne parte da cultura da empresa a noção de buscar o “fazer certo

na primeira vez” em toda a cadeia do produto.

A organização também deve oferecer à equipe todos os recursos de que a

mesma necessite, já que o evento Kaizen é dotado de um caráter de urgência, o que de

certa maneira colabora para uma maior valorização dos trabalhos da equipe.

Outra importante premissa a ser destacada é a valorização da criatividade dos

colaboradores antes de se utilizar investimentos de capital para criar melhores

processos e ambientes de trabalho, aumentando também a rentabilidade da

organização. De acordo com Sharma e Moody (2003) “O Kaizen coloca a inteligência pelo

processo e a responsabilidade pela tomada de decisões diretamente nas mãos dos

especialistas do chão de fábrica." Assim, é facilmente perceptível a força que a equipe

Kaizen possui dentro da organização. O time tem autonomia para promover melhorias e

implantá-las para alcançar ou até mesmo ultrapassar as metas inicialmente

estabelecidas.

Para uma aplicação de um evento Kaizen com sucesso, a metodologia conta

com a adoção de diversas ferramentas para o melhoramento da qualidade, que serão

abordadas no próximo tópico.

Page 41: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

41

2.4 A FUNÇÃO QUALIDADE

Para se iniciar um entendimento sobre esta função, torna-se primordial conhecer

o significado do termo qualidade. Segundo Campos3 apud Werkema (1995, p.2) "[...]

um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma

confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do

cliente."

Slack el al (1996, p.552) definem a qualidade sob a visão da operação:

"qualidade é a consistente conformidade com as expectativas dos consumidores".

Ampliando o entendimento deste conceito, a palavra conformidade significa o

atendimento de especificações claras, enquanto que a palavra consistente deve

fornecer o entendimento de que as especificações são definidas com base em

projeções e controle que garantam que o bem ou serviço atenda às expectativas dos

consumidores.

Observa-se assim, que a função qualidade está diretamente ligada ao

atingimento, ou superação, das expectativas dos clientes. Por isso é de tão grande

relevância a preocupação constante das organizações em realizar ajustes que

garantam a conformidade aos requisitos organizacionais de produção de bens ou

prestação de serviços, considerando a qualidade como um fator diferencial de

competitividade.

É relevante destacar que a qualidade é decorrente de sua ligação com o objetivo

básico da organização, que é sobreviver. A única forma de atingir este objetivo é

colocando os produtos/serviços no mercado, e a maneira de crescer é ganhando novos

locais para atuação. Assim, ao cliente deve ser dado um tratamento de prioridade, já

que de sua satisfação vai depender a aceitação dos produtos/serviços. Se o produto for

adequado, a empresa se consolida e garante empregos, gerando reflexos positivos aos

colaboradores que trabalharão motivados; esta motivação pode tornar os funcionários

ainda mais produtivos, fortalecendo a organização e ampliando o mercado de atuação.

3 CAMPOS, V.F. (1992). TQC – Controle da Qualidade Total (No Estilo Japonês), fundação Christiano Ottoni / Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.

Page 42: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

42

Deste ciclo, observa-se então que a qualidade é uma tarefa de todos os

envolvidos com a organização.

A evolução histórica da função qualidade está ligada diretamente ao ser humano,

o que pode ser melhor observado segundo Farias Filho4 apud Mendonça (2003):

O estudo sobre a evolução da qualidade como companheira da evolução da humanidade, [...] está distribuído em etapas que podem ser caracterizadas fazendo-se uma correlação com a situação sócio-econômica do ser humano em seu processo evolutivo. Farias Filho apud Mendonça (2003, p.19).

Segundo Mendonça (2003), problemas de origem estrutural e operacional

surgiram com a divisão de trabalho, a aplicação do conceito de linha de produção e o

aumento da complexidade dos bens manufaturados. Estes problemas precisavam ser

resolvidos e isto desencadeou um processo de desenvolvimento de formas e

ferramentas para garantir e controlar as operações dos processos produtivos

objetivando a qualidade dos produtos manufaturados. A seguir, a figura 05 se propõe a

mostrar a escala evolutiva da função qualidade no tempo:

Figura 05- Evolução da função qualidade através do tempo Fonte: Mendonça (2003, p.19)

4 FARIAS FILHO, J. R. Sistemas de Gestão pela Qualidade Total in Módulos I a IV. Notas de aula da disciplina SGQT. Niterói: UFF, 2000. (Mestrado em Sistemas de Gestão).

Fonte: Mendonça (2003, p.19)

Gra

u de

evo

luçã

o

GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE TOTAL

GESTÃO INTEGRADA DA QUALIDADE TOTAL

GARANTIA DA QUALIDADE

CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO - CEP

INSPEÇÃO

Tempo 1900 1930 1950 1970 1990

Page 43: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

43

2.4.1 Ferramentas para o monitoramento da função

Diversas são as ferramentas (dispositivos, procedimentos, gráficos, formulações

práticas, mecanismos de operação) que podem ser utilizadas no processo de melhoria

da qualidade nas organizações. Estas ferramentas apresentam diferentes propósitos e

podem contribuir de várias formas, principalmente com relação aos processos, como

por exemplo, para uma descrição e conhecimento detalhados dos mesmos, para uma

avaliação sobre diferentes pontos de vista, para sintetizar conhecimentos e conclusões,

fornecer elementos para o monitoramento, facilitar o entendimento de problemas e suas

causas.

Serão explicitadas algumas ferramentas de melhoria da qualidade com ações

mais voltadas para a sua avaliação em processos e produtos.

2.4.1.1 O Ciclo PDCA

O Ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo de Deming, seu idealizador, é

amplamente utilizado em ambientes organizacionais que buscam aprimoramento

contínuo de seus processos. Conforme Werkema (1995, p.17), "o Ciclo PDCA é um

método gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das metas

necessárias à sobrevivência de uma organização." Portanto, quanto mais informações

(fatos, dados e conhecimentos) forem agregadas ao método, maiores serão as chances

de alcance das metas.

O PDCA é constituído por 4 fases (Plan, Do, Check e Action), estruturadas de

maneira cíclica, e por isso, possuindo uma característica de aplicação contínua e

constante. Cada quadrante do círculo é representado por uma fase que deve ser

aplicada para que a seguinte possa ser realizada. Este Ciclo pode ser melhor

visualizado pela figura 06 a seguir:

Page 44: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

44

Figura 06 – Ciclo PDCA Fonte: Werkema (1995, p.18)

A fase inicial (Plan) que em português significa planejar, representa a parte de

planejamento do ciclo, na qual a organização deve estabelecer metas e disseminá-las a

todos os envolvidos na melhoria do processo. Nesta etapa é identificado o problema e

reconhecida sua importância, seguindo-se a observação do mesmo para investigar as

característica específicas do problema com uma visão ampla sob diversos pontos de

vista. Esta etapa é fundamental, pois nela serão coletadas informações, como o

histórico do problema, as perdas geradas por ele, dentre outras que servirão de base

para a criação do plano de ação a ser implantado. Após esta análise do problema, os

envolvidos descobrem suas causas fundamentais e concebem um plano de ação com

estratégias para bloqueá-las.

A fase seguinte (Do), caracterizada pelo fazer, se inicia com a capacitação e

treinamento dos envolvidos, divulgando a todos o plano, com reuniões participativas e

técnicas de treinamento. Em seguida, realiza-se a execução das ações colocando em

prática toda a qualificação recebida para bloquear as causas do problema e atingir as

metas propostas.

Page 45: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

45

Após o planejamento e a ação, segue-se para o processo de verificação (Check),

no qual será feita uma checagem dos efeitos reais alcançados pela implantação do

plano de ações. Devem ser comparados os resultados aos dados coletados ainda na

fase de planejamento para se verificar a efetividade do bloqueio do problema e do grau

de redução do mesmo. O objetivo desta fase é verificar se as atividades foram

realizadas com sucesso e quando isto não ocorre, tomar ações para acertar os rumos

seguidos.

Continuando o ciclo, na fase da ação (Action), pode-se acertar as linhas de

decisão adotadas anteriormente. Poderão ser tomadas atitudes corretivas sobre as

causas do não atingimento da meta (neste caso as ações não foram bem sucedidas),

ou então, pode-se padronizar o plano aplicado para adotá-lo de maneira pró-ativa na

realização de novos trabalhos.

Deve-se destacar que o Ciclo PDCA possui a característica de se reiniciar após a

fase de ação. Somente sendo visualizado em uma filosofia de melhoramento contínuo,

ele se torna parte do trabalho de cada pessoa na organização.

2.4.1.2 O Programa 5 S (Housekeeping)

O Programa 5S é um conjunto de atividades que visam aperfeiçoar o

comportamento das pessoas, refletindo em uma mudança de hábitos e atitudes,

ampliando os valores éticos e morais e melhorando a relação entre o ser humano e o

ambiente em que se encontra.

O programa recebe esta denominação (5S) por ser derivado de cinco palavras

de origem japonesa iniciadas com a letra S. Em português, a tradução destas palavras

foi melhor determinada com a adoção do termo "senso de".

Assim, pode-se seguir para uma explanação sobre o significado dos cinco

termos.

Significado do Senso de Utilização (Seiri): saber utilizar sem desperdiçar. Uma

forma de realizar este Senso é separar materiais, equipamentos, ferramentas e

informações de acordo com dois critérios, ou seja, o que é realmente necessário deve

permanecer, e o que é desnecessário deve ser descartado ou receber um adequado

Page 46: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

46

destino. Seus principais benefícios são a redução ou até mesmo a eliminação de

desperdícios e a melhor utilização dos espaços.

Significado do Senso de Ordenação (Seiton): saber arrumar para facilitar o

acesso e reposição de quaisquer itens. Uma maneira de se aplicar este Senso é a

definição de um lugar certo para cada item necessário, como também manter cada um

em seu lugar. Os principais benefícios visualizados são a redução do tempo e dos

desgastes físicos e mentais para acessar aquilo que se deseja, gerando maior

produtividade.

Significado do Senso de Limpeza (Seiso): saber usar sem sujar. Este Senso é

desenvolvido quando o usuário de um local passa a ser responsável por limpá-lo,

inspecionando o que provoca a sujeira, buscando uma solução para eliminá-la, atenuá-

la ou bloqueá-la, tornando o ambiente cada vez mais limpo. Os principais benefícios

observados são a melhoria da saúde e da vida útil das instalações físicas, contribuindo

para uma maior disponibilidade operacional das máquinas e equipamentos.

Significado do Senso de Padronização (Seiketsu): procurar fazer o asseio

permanente do ambiente, do corpo e da mente. As melhorias promovidas pelos demais

Sensos devem ser mantidas e aperfeiçoadas, tornando esta prática um hábito e

estimulando a revisão dos valores éticos e morais, desenvolvendo auto-estima. Seus

principais benefícios são a liberação de energia humana para a construção de um

ambiente interior voltado para o bem e a busca contínua de melhoria.

Significado do Senso de Autodisciplina (Shitsuke): desenvolver o hábito de

observar e seguir normas, regras, procedimentos, atender especificações, sejam elas

escritas ou informais. A autodisciplina é o estágio mais elevado do ser humano, pois

representa a educação comportamental e é constituída por grandes valores, como:

amor, cooperação, simplicidade, honestidade, humildade, liberdade, respeito,

responsabilidade, tolerância e unidade. Seus principais benefícios são o

desenvolvimento do espírito de equipe, sinergia entre as pessoas, e cumprimento às

normas, procedimentos, prazos e horários.

Assim, pode-se dizer que a aplicação do Programa 5S tem muito a contribuir

para a organização, pois leva a mesma a deixar de lado antigos conceitos em prol de

Page 47: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

47

um melhor ambiente de trabalho, que direcione as atividades a um desempenho de

maneira melhor em um local mais agradável.

Segundo Mendonça (2003), durante a implantação e implementação da

chamada Gestão pela Qualidade Total: [...]pode-se perceber que um dos principais desafios reside na dificuldade de reverter comportamentos e atitudes incorporados e, de certa forma, cristalizados pela força de trabalho. Portanto, com base nesta afirmação, pode-se presumir que a mudança comportamental tem papel preponderante na implementação da GQT. Neste contexto, a prática do programa 5 S assume a condição de excelente meio para a busca por alterações de ordem comportamental, tanto pela revolução que provoca no ambiente físico, quanto pelo empenho e engajamento que gera nas pessoas." Mendonça (2003, p.29-30).

2.4.1.3 Fluxogramas

Os fluxogramas são ferramentas muito úteis para colaborar no mapeamento de

processos que necessitem de uma análise de melhoria. Eles são a representação

gráfica de um processo, apresentando como principais contribuições: realizar um

estudo da melhor seqüência de etapas para um determinado projeto, e visualizar,

localizar, corrigir ou eliminar atividades desnecessárias. Os fluxogramas tendem a

utilizar-se de símbolos padrões que identificam operações, inspeções, transportes,

decisões, demoras e armazenamentos.

Pode-se verificar dois tipos de fluxogramas: o vertical (ou de processo) e o

horizontal (ou administrativo). O fluxograma vertical destina-se a representar rotinas

relativamente simples, com uma média de trinta passos, representando o

processamento de trabalho dentro de uma mesma unidade administrativa ou

operacional. Estes fluxogramas têm uma simbologia apropriada para sua construção,

pressupondo-se que o analista preparará um gabarito no qual desenvolverá o

fluxograma pertinente ao processo em análise.

Já o fluxograma horizontal é uma ferramenta utilizada para a representação de

rotinas com um grau de complexidade maior, que pressupõe o envolvimento e

participação de diferentes unidades de trabalho. Pode ser entendido como um

facilitador de interpretação gráfica sob o aspecto da análise administrativa e

operacional. Também apresenta uma simbologia específica para a sua construção, que

Page 48: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

48

deve estar de acordo com algumas regras existentes para sua elaboração e

padronização, facilitando o entendimento de quem necessita analisar o mesmo.

2.4.1.4 Gráfico de Pareto

O Gráfico de Pareto utiliza-se de uma analogia dos princípios de Economia

fixados por Vilfredo Pareto, segundo o qual, apenas uma pequena parcela de pessoas

detinha a maior parte da renda. Assim, a análise do Pareto é baseada no fenômeno de

que relativamente poucas causas explicam a maioria dos defeitos.

O Gráfico é uma ferramenta para o monitoramento da qualidade que sugere a

existência de elementos críticos aos quais deve ser dada total atenção, adotando-se

assim, um modelo de gráfico de colunas que classifica estes elementos em ordem

decrescente de importância, da esquerda para a direita. Os elementos estudados

(apresentados na linha horizontal) são associados a uma escala de valor (apresentada

na vertical). Uma de suas características principais é a capacidade de demonstrar as

causas ou problemas ordenados por prioridade, objetivando mostrar onde se deve focar

e concentrar esforços. Graças ao impacto visual do gráfico, a interpretação de

resultados tende a ser rápida e fácil.

2.4.1.5 Listas de Verificação

As listas de verificação são representações gráficas de situações que requerem

uma organização de dados. É uma ferramenta muito útil para garantir que ações

relevantes não sejam esquecidas ou negligenciadas durante a análise do processo em

evidência.

Sua construção é parte de um processo de coleta de dados que exige grande

atenção, segurança e precisão nas contagens feitas, pois estes dados representarão a

realidade organizacional e servirão como base para as ações a serem tomadas.

Não existe um padrão de formato para a criação das listas de verificação, elas

dependem de cada processo em que a aplicação será feita.

Page 49: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

49

2.4.1.6 Diagramas de Causa & Efeito

Esta ferramenta, também conhecida como gráfico de espinha de peixe ou

diagrama de Ishikawa (homenagem a seu criador), é um instrumento voltado para a

análise de processos produtivos. Permite identificar, classificar e expor as possíveis

causas de um determinado efeito verificado na organização. Se o efeito é nocivo, as

causas podem ser eliminadas; se for benéfico, pode-se conferir consistência a elas,

garantindo a sua continuidade.

Estes diagramas, quando adotados ou utilizados, podem gerar diversas

contribuições, como expansão do conhecimento sobre o processo em fase de análise,

indicação das possíveis causas de variabilidade e apresentação das principais

informações de maneira graficamente organizada.

A construção de um diagrama se inicia com a identificação do efeito que será

considerado, colocando-o no lado direito. Em seguida, um grupo envolvido com o

problema sugere e lista as causas do efeito, separando as básicas das secundárias e

alocando-as ao lado esquerdo do diagrama. Este vai sendo testado e aprimorado com o

passar dos dias, e em sua estrutura final são definidas as causas do efeito a eliminar ou

manter. A estrutura deste diagrama pode ser melhor visualizada através da figura 07 a

seguir:

Figura 07 – Estrutura do Diagrama de Ishikawa Fonte: Mendonça (2003, p.48).

E FE ITO

M E D IÇ Ã OM A T E R IA ISA M B IE N T E

M É T O D O E Q U IP A M E N T O P E S S O A S

C A U S A S

E sp in ha D o rsa l

E sp in h aS ecu n d ária

E sp in h aP rim á ria

Page 50: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

50

2.4.1.7 Técnicas de Brainstorming

O termo brainstorming tem origem na língua inglesa com a junção das palavras

brain = cérebro e storm = tempestade, o que gerou o significado de tempestade de

idéias. Esta ferramenta é utilizada por equipes com o intuito de que sejam geradas

diversas visões sobre um assunto em um pequeno espaço de tempo.

A ferramenta é utilizada para que seja gerado um grande número de idéias a

respeito de um problema, estimulando a criatividade dos componentes da equipe e

gerando informações para a aplicação de outras ferramentas para a melhoria da

qualidade. Para que o brainstorming seja realizado, deve-se nomear um coordenador

da atividade e um escrivão para registrar as idéias obtidas. A equipe deve conhecer o

problema em análise para gerar as idéias e deve respeitar regras, como por exemplo, a

de não criticar as idéias oferecidas pelos colegas pois este comportamento inibe a

participação de todos os demais envolvidos.

Com a utilização correta desta ferramentas, o que normalmente ocorre que com

um numero elevado de idéias e o problema que geralmente acontece é com relação a

como administrar essas idéias, na figura 08 podemos observar uma estratégia adotada

em Juiz de Fora para priorizar estas idéias.

Figura 08- Quadrante de Idéias Fonte: TBM Consulting Group

1 - Alto impacto / Baixa dificuldade

2 - Baixo impacto / Baixa dificuldade

4 - Baixo impacto / Alta dificuldade

3 - Alto impacto / Alta dificuldade

TOTAL DE IDÉIAS:.......

(1 semana) (30 dias)

Page 51: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

51

O quadrante de idéias auxilia os times de Kaizen a priorizar as idéias mais

simples e que trazem maior resultado para o alcance das metas. As idéias classificadas

nos quadrantes um e dois deverão ser implantadas durante a semana de Workshop

Kaizen. As idéias dos quadrantes três e quatro serão protocoladas em um plano de

ação a ser executado em trinta dias.

As modificações abrangem tanto a parte física do processo quanto a alteração

de procedimentos relevantes.

2.4.1.8 Análise por que - por que

A técnica do por que - por que é uma ferramenta muito interessante que

tem por objetivo descobrir a causa raiz de um problema, que muitas vezes está

escondida por uma situação óbvia. Inicia-se com o estabelecimento do tema em

questão, seguindo-se à pergunta: "por que" o problema ocorreu; identificadas as

maiores causas do problema em análise, elas são tomadas e a cada uma é novamente

realizada a pergunta: "por que" essas razões ocorreram e assim sucessivamente até

que uma causa seja atribuída como a responsável pelo problema.

Esta técnica possibilita a tomada de ações definitivas que podem colaborar para

que uma anomalia ou defeito não ocorra novamente. Se a busca pela resolução de um

problema não for completa, ações efetivadas podem se tornar inválidas.

Uma das estratégias adotadas na fabrica de Juiz de Fora , foi incorporar aos

times de Kaizens, pessoas totalmente neutras, no que diz respeito ao tema escolhido

na semana, justamente para incentivar as práticas dos por quês em função das

dúvidas naturais.

2.4.1.9 Mapeamento da cadeia do Fluxo de Valor

Fluxo de Valor é toda ação (agregando valor ou não) necessária para trazer um

produto por todos os fluxos essenciais a cada produto, fluxo de produção desde a

matéria prima até os braços do consumidor, fluxo de projeto do produto, da concepção

até a matéria prima, fluxo que geralmente são relacionados à produção enxuta e

precisamente a área onde se tem lutado para implementar os métodos enxutos.

Page 52: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

52

Segundo Sharma (2003) O desafio, tanto para as organizações quanto para os adeptos mais experientes dessas metodologias, é compreender que o significado do Lean e do Kaizen é manter o processo sólido e confiável, enquanto proporciona-se a liberação de ondas de criatividade e inovação para transformar completa e continuamente a maneira de como o trabalho é feito. Sharma (2003,p.73)

No capítulo 3, Estudo de Caso podemos observar como esta ferramenta é

utilizada em Juiz de Fora.

2.5 MELHORIA CONTÍNUA ATRAVÉS DO KAIZEN

O Kaizen é uma filosofia pautada no esforço continuado, em soluções baratas

com base no empenho pessoal, no envolvimento de todos e na premissa central de

combate aos desperdícios. Deve ser entendido como um processo de melhorias

graduais feitas continuadamente, apostando que o esforço pessoal de melhoramento

deve vir de uma nova mentalidade e estilo de trabalho das pessoas, contribuindo para a

aprendizagem organizacional e para o melhoramento do local de trabalho.

Deve ser considerado um processo de resolução de problemas visando o

melhoramento, e que exige o uso de diversas ferramentas para alcançar o sucesso,

obedecendo a um ordenamento de pensamentos que passe pelo reconhecimento e

levantamento de dados sobre um problema, utilizando um sistema de geração de

sugestões e implantando as mesmas com foco na resolução. Deve-se ressaltar que

estas modificações necessitam ser checadas para que se verifique sua real

contribuição.

Ao realizar-se uma análise da filosofia Kaizen, é possível que se faça uma

comparação de sua aplicação à adoção do gerenciamento por processo de TQM

(Gerenciamento da Qualidade Total), devido à sua ênfase no processo. De acordo com

o TQM, o meio efetivo de elevar a qualidade é melhorar o processo usado para fabricar

o produto, já que todo produto ou serviço é resultado de um processo. Implícita ao

conceito de ênfase no processo, está a premissa de que qualquer atividade pode ser

melhorada se, sistematicamente, for planejada a melhoria, entendida a prática atual,

Page 53: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

53

planejadas e implementadas soluções, analisando-se o resultado e suas causas e

reiniciando-se o ciclo.

O TQM aplica esta abordagem tanto para melhorar o processo de uma empresa

a fim de antecipar as necessidades de seus clientes, quanto para melhorar as

capacidades dos funcionários, individualmente e em grupo.

Conforme Shiba (1997), um processo de melhoria reativa trata da correção e

melhoria dos processos existentes, que não estão bons o suficiente, reagindo a falhas

como defeitos, esperas e perdas. A essência desta abordagem reativa é a

padronização do processo de resolução de problemas.

Por apresentar uma característica de ser um movimento “de massa”, o TQM

sugere que o processo de resolução reativa de problemas deve ser de fácil

entendimento, aprendizagem, utilização e monitoramento. Portanto, é necessária a

determinação de etapas padrão para esta resolução reativa, que podem ser

quantificadas em número de 7, conforme a seguir: seleção do tema, verificando-se o a

sua importância; coleta e análise de dados, com o objetivo de se entender as causas;

análise de causas; planejamento e implementação de soluções; avaliação dos efeitos

das soluções; padronização das melhores soluções; e reflexão sobre o processo ,

realizando-se um autodiagnóstico. Observa-se, assim, que o Kaizen pode ser

considerado um processo de resolução reativa de problemas, sendo aplicado como um

processo de TQM, pois segue a lógica das etapas listadas acima e é elaborado para

um fácil entendimento, utilização e aprendizagem.

Pode-se verificar que estas etapas padrão do processo de melhoria reativa

podem ser visualizadas na adoção do Ciclo PDCA, no qual a metodologia Kaizen

também é classificada. Estas etapas podem ser distribuídas conforme as 4 fases do

Ciclo, caracterizado pela melhoria iterativa, ou seja, pela idéia de realimentação do

melhoramento, seja trabalhando no problema seguinte ou aprofundando a otimização

de um processo já aperfeiçoado. As etapas de seleção do tema, coleta e análise de

dados e análise de causas são classificadas como parte da fase de planejamento do

PDCA; já a etapa de planejamento e implementação de soluções corresponde à fase de

execução do Ciclo; a etapa de avaliação de efeitos corresponde à fase de verificação

Page 54: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

54

do PDCA; e as etapas de padronização de soluções e reflexão sobre o processo

correspondem à fase de atuação do Ciclo.

O PDCA deve ser encarado como um método que possibilita o melhoramento

contínuo; o melhoramento é advindo do propósito do Ciclo que é a tomada de decisões

para o alcance de metas da organização (que geralmente estarão ligadas ao

atendimento de padrões de qualidade para garantir a satisfação do cliente), já o

contínuo é explicado pela sua característica de ser cíclico, o que possibilita o

recebimento de feedbacks das ações implantadas e assim, o desenvolvimento de

novos trabalhos. O Ciclo pode ser utilizado com foco na melhoria contínua não só de

processos já existentes como também para a projeção de um novo processo.

Deve-se destacar neste momento, que para garantir a aplicação continuada

tanto do ciclo PDCA, como do Kaizen, são utilizadas diversas ferramentas para o

melhoramento da qualidade que colaboram na coleta, processamento e disposição de

informações. Portanto, a aplicação do método PDCA está diretamente ligada à adoção

de ferramentas pertinentes a cada etapa do Ciclo.

De acordo com Shiba (1997), o PDCA busca a satisfação do empreendimento

através de tentativa e feedback, tomando por base a seguinte alusão: O princípio de iteração do PDCA lhe dá um sistema para realizar melhorias por etapas, executando o melhor que você pode dentro de ciclos de melhoria relativamente curtos. Dessa maneira, você pode tentar uma melhoria e obter feedback real em relação à direção e distância dos alvos ou metas. É importante fazer com que os produtos ou serviços melhorados cheguem rapidamente ao mercado ou ao próximo processo, a fim de obter feedback desse usuário. Além disso, o PDCA é um sistema para realizar melhorias contínuas a fim de atingir o alvo ou níveis de desempenho cada vez maiores. Shiba et al, (1997, p.48).

Conforme Slack et al (1996), no melhoramento contínuo não é o tamanho de

cada passo que importa, mas sim a probabilidade de que o melhoramento vai

continuar. Masaaki Imai5 apud Slack et al (1996, p.599), um dos principais proponentes

do melhoramento contínuo, afirma que o Kaizen significa melhoramento e mais: [...] significa melhoramento na vida pessoal, na vida doméstica, na vida social, e na vida de trabalho. Quando aplicada para o local de trabalho, Kaizen significa melhoramentos contínuos envolvendo todo mundo - administradores e trabalhadores igualmente. Masaaki Imai apud Slack et al (1996, p.599).

5 IMAI, M. Kaizen: the key to japan’s competitive success. McGraw-Hill, 1986.

Page 55: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

55

3 ESTUDO DE CASO NA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

A história do nome Mercedes-Benz está ligada ao Sr. Emil Jellinek, fanático por

velocidade e cliente fiel da Gottlieb Daimler. Jellinek participava de competições

automobilísticas e em uma destas, utilizando como pseudônimo o nome de sua filha

Mercedes, saiu vitorioso. O nome espanhol Mercedes tornou-se sinônimo de sorte, e

assim, em 1900, Jellinek encomendou à gerência da Daimler a construção de um

automóvel rápido, leve e seguro que se chamasse Mercedes. Depois disso ele se

tornou um revendedor Daimler, e como grande conhecedor dos produtos, passou a

sugerir à organização diversas mudanças para melhorar o veículo e conquistar o

mercado.

O nome Mercedes passou a ficar conhecido por identificar os carros

encomendados por Jellinek e a partir de 1902, foi registrado como marca. Na época

Daimler e Benz ainda não haviam unido suas fábricas, o que só viria a acontecer em

1926, com a criação da Daimler-Benz AG, quando os carros Mercedes passaram a se

chamar Mercedes-Benz. Foi assim o nascimento da marca que se tornou conhecida em

todo o mundo como símbolo de luxo, segurança e tecnologia.

Gottlieb Daimler e Karl Benz foram pioneiros na motorização veicular mundial,

sendo os responsáveis pela construção, em paralelo, dos primeiros automóveis

motorizados do mundo. Também colecionaram diversas conquistas, como a construção

do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão

a diesel no mundo. Deste trabalho iniciado por Daimler e Benz, na Alemanha, resultou

na formação da Daimler-Benz AG, em 1926.

Do outro lado do Atlântico, Walter P. Chrysler, um admirador da mecânica,

lançou, nos Estados Unidos, o primeiro automóvel com o nome Chrysler, o Chrysler Six,

em 1924. Um ano depois nasceu a Chrysler Corporation, com a matriz nos Estados

Unidos e uma filial no Canadá. Por meio de tecnologias inovadoras e marcas

automotivas fortes, a empresa tornou-se, ao longo dos anos, uma das mais respeitadas

entre os clientes, em especial no mercado norte-americano.

Page 56: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

56

Em novembro de 1998, Daimler-Benz e Chrysler fundiram suas operações e,

dessa transformação nasceu a DaimlerChrysler AG, detentora de marcas como

Mercedes-Benz, Chrysler, Dodge e Jeep. Esta fusão de duas grandes empresas

reconhecidas por sua excelência, mudou a face do setor automotivo e estabeleceu

novos padrões de eficiência e tecnologia.

Hoje, a companhia tem marcas fortes e consolidadas, tecnologias de ponta,

produtos inovadores e serviços de primeiro nível, fazendo da DaimlerChrysler um dos

mais bem sucedidos e respeitados grupos industriais no mundo. A empresa atua nos

setores automotivo, de transportes e serviços e, com presença global, estruturas

eficientes e força de trabalho criativa, está pronta para continuar sua trajetória de

sucesso no futuro.

A força inovadora da companhia revela-se em uma constante busca de novos

caminhos, como a aliança estratégica com a Hyundai Motors, a parceria global com a

Mitsubishi Motors, e a continuidade de alianças para a conquista de posições

estratégicas no mercado internacional.

Com mais de 380.000 funcionários, a empresa produz em torno de 4 milhões de

veículos por ano que são comercializados em mais de 200 países. Sua presença nos

mais diversos mercados se dá por meio de marcas consagradas como Mercedes-Benz,

Chrysler, Dodge, Jeep®, Smart, Freightliner, Sterling, Thomas Built Buses, Setra, entre

outras.

No Brasil, dentro da estratégia de integração da empresa no grupo

DaimlerChrysler mundial, a Mercedes-Benz do Brasil S.A. se transformou em

DaimlerChrysler do Brasil Ltda. em dezembro de 2000.

Em sua estrutura, a organização da DaimlerChrysler do Brasil é composta por

oito diretorias, que são as seguintes: diretoria de recursos humanos, relações jurídicas

e institucionais; ônibus América Latina; técnica e caminhões; compras de material;

controlling e organização; finanças e tesouraria central LA; vendas; e a diretoria

productline automóveis, esta última lotada em Juiz de Fora.

No país, a empresa possui duas unidades montadoras, localizadas em São

Bernardo do Campo e Juiz de Fora. Além destas, existe em Campinas um centro de

comercialização de peças.

Page 57: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

57

A unidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo é a responsável pela

fabricação de caminhões; chassis com motores dianteiros ou traseiros; plataformas

para ônibus urbanos, rodoviários, articulados, microônibus ou minibus da marca

Mercedes-Benz. A fábrica, que começou a operar em 1956, possui atualmente cerca de

10 mil colaboradores. Nesta unidade, também são produzidos eixos, motores, peças e

componentes para aplicações industriais. Esta unidade concentra a fabricação de mais

de 30 modelos - leves, médios, semipesados, pesados e extrapesados - com múltiplas

opções de motores.

Os caminhões Mercedes-Benz mantêm a liderança do mercado nacional há mais

de trinta anos e compreendem cerca de 40% da frota brasileira. A DaimlerChrysler tem

atuação dinâmica nas vendas ao exterior, tendo uma participação superior a 55% do

total de caminhões exportados pelo Brasil. Atualmente, os veículos da marca Mercedes-

Benz são comercializados em mais de 30 países.

Na unidade de Campinas, inaugurada em 1979, estão concentradas atualmente

as atividades de pós-venda, ou seja, assistência técnica e comercialização de peças,

além das áreas de treinamento e desenvolvimento da rede de concessionários. A

central de peças de todos os produtos da marca, computadorizada e conectada à rede

de concessionários via satélite, permite que o atendimento seja rápido, em qualquer

lugar do Brasil.

A história da Unidade de Juiz de Fora teve início em meados de 1994, quando a

Daimler-Benz AG iniciou um trabalho de verificação das possibilidades de se instalar

uma fábrica de automóveis na América do Sul, e o país escolhido foi o Brasil.

A fabricação de um modelo já em implantação na Europa facilitou de certa forma

o direcionamento das instalações físicas necessárias, inclusive em relação à

sistemática de montagem, de grande integração com o fornecimento de peças

diretamente da Alemanha.

A opção pela cidade de Juiz de Fora, se deu por diversos motivos como a oferta

de mão-de-obra capacitada, o forte apelo das isenções fiscais e sua localização

geográfica, próxima ao Porto do Rio de Janeiro, da Estação Aduaneira do Interior (Porto

Seco), à Rodovia BR 040 e a uma Ferrovia.

Page 58: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

58

A unidade de Juiz de Fora (DCBR-JF) é considerada uma das fábricas mais

modernas da indústria automobilística da América do Sul. As instalações fabris ficaram

prontas em agosto de 1998, com início de produção, (primeiro carro fabricado na linha

de montagem), no início de 1999. Atualmente conta com cerca de 1.108 colaboradores

e é uma das fábricas que atingiu os mais altos padrões de qualidade dentre todas as

outras unidades de automóveis da marca Mercedes-Benz no mundo.

Na DCBR-JF é produzido o Classe A, um automóvel que conta com inúmeras

inovações em segurança, aproveitamento de espaço e desempenho, sendo o mais

seguro de sua categoria. A previsão de produção contemplava a operação da fábrica

em até 2 turnos de trabalho, com um montante de 70.000 unidades por ano, de um

único modelo, um compacto, o modelo Classe A. A curva de produção foi ascendente

até metade de 2000, onde se estabilizou em 120 carros por dia, totalizando 8.168

unidades/ano. A partir daí, a curva de vendas foi decrescendo, até os patamares

atuais, próximo de 27 unidades por dia.

Para atender a uma demanda latente do mercado americano, outro veículo foi

planejado para montagem em sistema CKD (onde se recebe partes dos veículos que

serão montados, pintados, posteriormente completados e enviados ao mercado

americano), o qual privilegiou a estruturação de instalações manuais de produção, com

exceção da pintura, que compartilha a instalação original do Classe A. Este produto

denominado Classe C, era destinado exclusivamente para o mercado Americano. Sua

produção se iniciou em 2001 e foi encerrada em março de 2004 totalizando uma

produção de 19.386 veículos.

A continuidade das operações desta fábrica, com equipamentos de tecnologia de

ponta, estrutura logística eficaz e o aproveitamento máximo dos incentivos em vigor,

levaram a empresa a buscar um novo posicionamento no mercado através de análises

sistemáticas apoiadas em ferramentas de gestão e parcerias estratégicas

internacionais.

Porem, a unidade de Juiz de Fora passaria a produzir um veículo da linha Smart,

em 2005, cujo modelo tem como primeira versão um utilitário esportivo, destinado

principalmente à exportação para os Estados Unidos. Esta primeira versão seria o que

a indústria chama de SUV(Sport Utility Vehicle), uma espécie de veículo multiuso

Page 59: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

59

(passageiros ou carga), com um design esportivo. Contudo o projeto não foi adiante

devido a problemas estratégicos e a empresa foi obrigada a retornar a montagem do

classe C ( CKD ). A adoção deste projeto foi uma das formas que a DaimlerChrysler do

Brasil encontrou para resolver a questão da ociosidade na fábrica de Juiz de Fora. De

acordo com Hans Weingarten, diretor mundial da divisão de automóveis do grupo, que

engloba as marcas Mercedes-Benz, Smart, Jeep e Chrysler, “o objetivo é produzir o

novo modelo Classe C no Brasil em 2005. As vendas terão início em 2005, para o

mercado Americano e a expectativa é fazer 7000 mil unidades no primeiro ano.

3.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL

A DaimlerChrysler do Brasil apresenta três unidades, sendo duas

montadoras e um centro de comercialização de peças. Observa-se sua estrutura

através da visualização do organograma abaixo.

Figura 09 - Organograma Funcional Fonte: DaimlerChrysler do Brasil

Page 60: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

60

A DCBR Unidade de Juiz de Fora (DCBR-JF) está subordinada à Diretoria

Productline Automóveis, localizada no mesmo espaço físico e que, por sua vez, está

subordinada administrativamente à Presidência da DaimlerChrysler do Brasil. A DCBR-

JF é subdividida em duas principais áreas, a A - productline automóveis, sob conduta

do diretor da empresa e a AP - produção e logística JdF - sob conduta do diretor

adjunto da empresa. Hierarquicamente a unidade de Juiz de Fora apresenta três

gerências de staff,(compras de material produtivo, recursos humanos e controlling) três

gerências subordinadas à diretoria “A” (contabilidade financeira, organização,

administração e tráfego), e cinco gerências subordinadas à diretoria AP (montagem

bruta, pintura, montagem final, logística e planejamento de fábrica e manutenção).

Observa-se a existência de uma hierarquia bem definida, já que o organograma

se apresenta de maneira bem linear, com níveis divididos conforme as funções.

3.2.1 Unidade Juiz de Fora

A diretoria AP (produção e logística) é responsável por cinco gerências:

montagem bruta, pintura, montagem final, logística e planejamento de fábrica e

manutenção. A esta diretoria também respondem duas supervisões: a supervisão de

projetos estratégicos de produção e a supervisão de coordenação de projetos Kaizen,

na qual foi realizada a coleta de dados.

A supervisão de coordenação de projetos Kaizen apresenta uma estrutura

simples, formada por três funções: a de supervisor, analista e estagiário, sendo que

estas duas últimas respondem hierarquicamente ao supervisor, mas o estagiário se

encontra em um nível inferior ao analista. Entretanto, apesar de existir uma estrutura

hierárquica bem definida, a supervisão é estabelecida fisicamente através de células de

equipe, o que implica em um canal de comunicação rápido e eficiente.

O Organograma funcional pode ser observado na figura 10 a seguir:

Page 61: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

61

Figura 10 - Organograma da Unidade de Juiz de Fora Fonte: Intranet da DaimlerChrysler do Brasil 3.2.2 O Sistema SPJ (Sistema de Produção da Fábrica de Juiz de Fora)

O Sistema Toyota de Produção foi adotado como benchmarking6 por diversas

organizações interessadas em desenvolver sistemas de administração da produção tão

efetivos quanto o mesmo. O Sistema de Produção da Fábrica de Juiz de Fora, mais

conhecido como SPJ foi desenvolvido com base nos princípios do STP.

Durante a fase de planejamento da Unidade de Juiz de Fora, uma equipe

desenvolveu um modelo de sistema de produção, a ser adotado, baseado em sistemas

de produção de outras fábricas Mercedes. Este sistema tinha um escopo simples,

formado por apenas dez pilares que seriam à base de sustentação da estratégia de

manufatura da unidade produtiva. É interessante destacar, que foram consideradas em

sua concepção e divulgação, as características sócio-culturais brasileiras.

6 Prática adotada por diversas organizações para comparar suas operações com aquelas de outras companhias, para verificar o quão bem vai a organização. Trata de proporcionar um estímulo que possibilite às operações entenderem como elas poderiam melhor servir seus clientes. Slack et al (1996, p.590-592).

Page 62: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

62

Com a fusão da Chrysler e da Daimler-Benz, grupos de trabalho foram criados

para conhecer as diversas práticas adotadas nas diferentes fábricas da organização.

Assim, após estes estudos que consideraram práticas de manufatura "enxuta", foi

criado o Modelo de Operação DaimlerChrysler, válido para todas as unidades da

organização. Entretanto, razões organizacionais levaram à cisão do modelo

DaimlerChrysler em outros dois: o sistema de Produção Mercedes-Benz e o Modelo

Chrysler, que guardam 96% de similaridade.

Assim, foi criada uma área responsável pela gestão do Sistema de Produção

Mercedes-Benz nas diversas fábricas, garantindo sua aplicação e manutenção, através

da criação de um Manual de Ferramentas do Sistema de Produção. A adesão e

implantação deste sistema contou com o envolvimento e comprometimento das

diretorias das fábricas, além da criação de um sistema de auditorias anuais para

verificar a manutenção e aprimoramento da implementação do Sistema. Para a implantação na fábrica de Juiz de Fora, foi criada a área de projetos

estratégicos da produção, respondendo diretamente à diretoria. Esta área preparou a

fábrica para a adoção do novo Sistema de Produção Mercedes-Benz, (Figura 11) de

maneira que os ganhos obtidos através do SPJ inicial não fossem perdidos.

Figura 11 - A estrutura do Sistema de Produção de Juiz de Fora Fonte: Intranet da DaimlerChrysler do Brasil

Estruturas de Trabalho eTrabalho em Equipe Padronização Melhoria

ContínuaJust in Time

Qualidade eProcessos /

Produtos Robustos

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34 10 24 14 10

5 Subsistemas

15 Elementos

92 Métodos/Ferramentas

Estruturas de Trabalho eTrabalho em Equipe Padronização Melhoria

ContínuaJust in Time

Qualidade eProcessos /

Produtos Robustos

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34 10 24 14 10

5 Subsistemas

15 Elementos

92 Métodos/Ferramentas

Page 63: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

63

O sistema em questão é composto por cinco sub-sistemas: Estrutura e Trabalho

em Equipe, Padronização, Processos e Produtos Robustos, “Just in Time” e Melhoria

Contínua, representados graficamente na figura 11 acima.

O sistema de produção de Juiz de Fora é um dos caminhos que leva a

concretizar a visão para a fábrica de Juiz de Fora. Com produtos de alta qualidade,

inovação, valor ao cliente e lucratividade, conquistando novos mercados na América

Latina."7

O sub-sistema estrutura de trabalho em equipe define as regras básicas para as

funções, estrutura da organização e liderança. Estas regras devem enfatizar a

participação de todos os colaboradores para o alcance dos objetivos empresariais. Já o

sub-sistema padronização busca a determinação de procedimentos do modo de

execução de processos de trabalho.

Cada padrão individual representa o mais seguro e adequado caminho para a

execução de tarefas em um determinado momento. O sub-sistema processos e

produtos robustos visa desenvolver produtos que possam ser elaborados dentro dos

limites de tolerância especificados e garantir que os processos estejam capacitados

para atingir resultados previsíveis, estáveis e controláveis. O sub-sistema Jus-in-Time

objetiva garantir a produção daquilo que o cliente deseja, na quantidade desejada e no

momento em que é solicitado.

Neste processo somente deve ser utilizada a quantidade necessária de material,

equipamento, força de trabalho e área. O sub-sistema melhoria contínua visa garantir

análises sistemáticas e soluções criativas, que fixam e ancoram o sistema de produção,

para que melhorias tanto econômicas, quanto para a situação trabalhista atual, estejam

em processo constante de aprimoramento.

Estes sub-sistemas se desdobram em 92 ferramentas que foram criadas para

colaborar com a implantação e alcance de objetivos do sistema. Observa-se pela figura

11, que os elementos desdobrados em cada sub-sistema, apresentam grande

similaridade aos princípios do Sistema Toyota de Produção, como, trabalho em equipe,

gerenciamento visual, detecção rápida de problemas e solução ágil de falhas,

7 www.intranet.daimlerchrysler.com.br, acesso em 29/11/05

Page 64: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

64

estabilidade de produção, ritmo de manufatura, eliminação de desperdícios, dentre

outras.

Cada sub-sistema se divide em diversas ferramentas, havendo uma considerável

interação entre as mesmas que pode ser melhor visualizada através da figura 12 a

seguir.

Figura 12 - Representação simbólica da interação entre os sub-sistemas do SPJ Fonte: Sampaio e Zago (2002, p.23)

Conforme Sampaio e Zago (2002), pode-se entender melhor a figura acima: [...] o objetivo é o de que a fábrica “rode” em Just in Time, e de que a melhoria contínua acelere o seu movimento. A padronização é a “cunha” que impede que a fábrica perca os ganhos que alcançou. Quanto maior a qualidade e a robustez dos processos e dos produtos menos íngreme será a subida e conseqüentemente mais rápido poderá subir a “roda” (fábrica). O desperdício é a “pedra no caminho” que deve ser eliminada. As estruturas de trabalho e o trabalho em equipe são o ambiente em que a fábrica deve atuar. Sampaio e Zago (2002, p.23-24).

Infra-estrutura Humana

Padronização

Melhoria Contínua

Chão de Fábrica

Desperdício

Foco na Qualidade &Produtos e ProcessosRobustos

JUST

IN

TIME

Infra-estrutura HumanaInfra-estrutura Humana

PadronizaçãoPadronização

Melhoria Contínua

Melhoria Contínua

Chão de FábricaChão de Fábrica

Desperdício

Desperdício

Foco na Qualidade &Produtos e ProcessosRobustos

Foco na Qualidade &Produtos e ProcessosRobustos

JUST

IN

TIME

JUST

IN

TIME

Page 65: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

65

Assim, o SPJ foi implementado buscando garantir processos padronizados, com

uma produção livre de falhas, através da participação e do envolvimento dos

colaboradores.

É importante ressaltar, que dentro do sub-sistema voltado à Melhoria Contínua,

com elementos focados na eliminação de desperdícios, foi desenvolvida uma

ferramenta, que aborda o tema deste trabalho, para auxiliar no alcance dos objetivos do

SPJ. Esta ferramenta é o Kaizen, tema central deste estudo científico que será melhor

explicitado a seguir.

3.2.2 Kaizen na DaimlerChrysler em Juiz de Fora

Observa-se que o Kaizen é uma prática baseada em equipes multifuncionais

para o rápido aprimoramento com tendência à ação, criatividade antes do capital e foco

em resultados. O ápice da transformação física deve ser no fazer aprendendo, superar

resistências e infundir a mudança cultural.

Na DaimlerChrysler do Brasil - fábrica de Juiz de Fora, a metodologia Kaizen foi

inicialmente aplicada em 2000 sob a orientação da empresa TBM Consulting Group -

Time Based Management - ou administração baseada no tempo. Conforme Marchiori

(2002) a TBM associou-se estrategicamente à consultoria Shingijutsu (criadora da

metodologia Kaizen) para divulgar e aplicar a metodologia. A consultoria Shingijutsu

formou-se através da associação de Taiichi Ohno (após sua saída da Toyota) a alguns

de seus discípulos mais aplicados, criando uma metodologia que se baseia nos

métodos e técnicas utilizados na Toyota. Segundo Marchiori (2002, p.50): "O objetivo

da consultoria é aplicar a metodologia em outras empresas, ou seja, aplicar conceitos,

métodos e técnicas do STP na busca de maior competitividade das empresas que

contratam seus serviços."

Para que os trabalhos de Kaizen sejam desenvolvidos, torna-se necessária à

definição de metas e objetivos que serão utilizados pelo grupo como direcionadores das

atividades. Os objetivos devem ser definidos de maneira reduzida e as metas devem

ser arrojadas para instigar o grupo à busca pela melhoria contínua. O Autor sintetizou

os objetivos do Kaizen, conforme se pode observar na figura a seguir:

Page 66: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

66

Figura 13 – Objetivos do Kaizen Fonte: O próprio autor

Pode-se verificar que o Kaizen pode contribuir para uma organização de

diferentes formas, tendo como objetivos principais o aumento de produtividade, a

redução de lead-time8, redução do estoque em processo, criação de um fluxo uniforme

de produção, redução do tempo de setup, melhorias ergonômicas e segurança,

melhoria da qualidade, padronização de operações, dentre outros.

A seguir podemos visualizar um fluxo de realização de um Workshop Kaizen. É

importante destacar que a seqüência de realização dos mesmos será definida de

acordo com o tema desenvolvido, sendo que algumas etapas podem nem ser

aplicadas. Elas podem ser mais bem visualizados pela figura a seguir:

8 “lead-time” - Tempo decorrido desde o início até o fim de um processo. Martins e Alt (2001, p.275)

Melhoria da Qualidade

Estratégias

Prioridades

Produtividade

Lead Time

Set-up

Wip – Estoque em processo

Nivelamento Processo / Prod. / Adm.

Melhoria ergonômica / Segurança /Meio Ambiente

Padronização do Fluxo Prod./ Adm.

Objetivos

Qualidade

Tempo

Custo

Melhoria da Qualidade

Estratégias

Prioridades

Produtividade

Lead Time

Set-up

Wip – Estoque em processo

Nivelamento Processo / Prod. / Adm.

Melhoria ergonômica / Segurança /Meio Ambiente

Padronização do Fluxo Prod./ Adm.

Objetivos

Qualidade

Tempo

Custo

Estratégias

Prioridades

Produtividade

Lead Time

Set-up

Wip – Estoque em processo

Nivelamento Processo / Prod. / Adm.

Melhoria ergonômica / Segurança /Meio Ambiente

Padronização do Fluxo Prod./ Adm.

Objetivos

Qualidade

Tempo

Custo

Page 67: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

67

Figura 14 - Fluxo da Metodologia Kaizen Fonte: O próprio autor

A etapa de formação do grupo multifuncional caracteriza o início da aplicação da

metodologia. A gerência define uma área na qual serão realizados os trabalhos de

Kaizen.

Em seguida são definidos o líder e o co-líder da equipe, em geral colaboradores

que tenham conhecimentos técnicos da área, e apresentem características de

tendência para a mudança, facilidade para motivar os participantes, facilidade de

comunicação e habilidade para resolver conflitos. O líder da equipe tem como principais

atribuições manter a união do grupo, direcionar o mesmo para o alcance dos objetivos,

dividir as tarefas entre os integrantes e gerenciar o tempo. O co-líder deverá substituir o

líder quando necessário, atuando de modo mais operacional durante o Kaizen. Após a

definição do líder e co-líder, deverá ser formada a equipe, com participantes de

diferentes áreas, em um número de 10 a 12 pessoas, em que aproximadamente 50%

estejam envolvidos com o processo que será estudado.

Os objetivos traçados para o grupo devem visar aumento de produtividade,

redução de área ocupada, melhorias ergonômicas, redução do estoque em processo,

Mapeamento doFluxo de Valor

A área divulga os objetivos aos colaboradores

Afetados 7 diasantes do Kaizen

Avaliação pelo Escritório de

Melhoria Contínua / Gerente

Preenchimento do Questionário Padrão de Consultoria Kaizen

Fim

Reunião semanal de monitoramento

Apresentação dos resultados alcançados

Após conclusão dasatividades de 30 dias entrega

do Resultados Oficial

Feedback dos resultados ao time de kaizen / certificado

Necessidade Emergencial

Abertura oficial do Kaizenconforme agenda padrão

Mapeamento doFluxo de Valor

A área divulga os objetivos aos colaboradores

Afetados 7 diasantes do Kaizen

Avaliação pelo Escritório de

Melhoria Contínua / Gerente

Preenchimento do Questionário Padrão de Consultoria Kaizen

Fim

Reunião semanal de monitoramento

Apresentação dos resultados alcançados

Após conclusão dasatividades de 30 dias entrega

do Resultados Oficial

Feedback dos resultados ao time de kaizen / certificado

Necessidade Emergencial

Abertura oficial do Kaizenconforme agenda padrão

Page 68: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

68

melhoria na qualidade do produto ou processo, redução no tempo de setup9, dentre

outros.

Em seguida, a equipe realiza um mapeamento da situação atual de trabalho,

através de cronometragens das operações envolvidas no processo atual, que

colaboram para a detecção de desperdícios tanto produtivos como administrativos.

Também deverá ocorrer uma análise da relação entre o tipo de produto e a quantidade

a ser produzida, que quando é alta, necessita de um estudo sobre a possibilidade de

utilização de uma única linha de produção para os produtos. Para esta análise, é

interessante a utilização da ferramenta denominada gráfico de Pareto, conforme

explicitada na pág. 48.

A equipe também elaborará uma matriz de fluxo do produto, que determinará o

sentido e a seqüência mais adequada na qual as máquinas e equipamentos devem ser

dispostos evitando interrupções no processo de produção.

Após a elaboração da matriz de fluxo do produto e da análise do produto e

quantidade, deve ser elaborado um novo lay-out para a condição futura de trabalho. A

equipe fará diferentes propostas de lay-out que serão inicialmente analisadas pelos

integrantes para a definição da mais adequada. Esta alteração deverá ser implantada

na semana Kaizen e contará com uma força tarefa composta por colaboradores

especialistas neste tipo de mudança.

A equipe também deverá realizar uma análise das máquinas que apresentam

altos tempos de setup, realizando um estudo para reduzir esse tempo. Uma etapa

seguinte é a análise das condições de ergonomia e segurança, pontos fundamentais

para garantir um bom trabalho aos demais colaboradores envolvidos no processo.

A criação de um fluxo uniforme de produção é mais uma das etapas da

metodologia Kaizen. Consiste na adaptação do processo para operar no sentido anti

horário e uma peça por vez entre as máquinas, atividade esta que evita a formação de

estoques em processo de produtos.

Um outro ponto fundamental para que o Kaizen alcance o sucesso é a utilização

do trabalho em equipe. O trabalho em equipe é primordial para o aperfeiçoamento

qualitativo por diversas razões. A complexidade dos trabalhos aumenta a cada

9 “Setup”Tempo de troca de matrizes ou ferramentas em uma máquina para que sejam produzidos diferentes produtos. Shingo (1996, p.77)

Page 69: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

69

momento, se tornando necessárias as equipes interfuncionais, já que trabalhos

complexos exigem muita criatividade. Além do mais, o trabalho em equipe evita a

divisão, propiciando uma aprendizagem de maior efeito sobre a organização. Também

é importante destacar que, quando as pessoas aprendem juntas, se motivam a

continuar no desenvolvimento do trabalho. As equipes devem ser constituídas por

participantes de visão ampla e que tenham experiência suficiente para desenvolver

soluções apropriadas ao problema proposto.

Para garantir a organização e monitoração dos resultados alcançados pelo

Kaizen na DaimlerChrysler foi estruturado o escritório Kaizen, uma supervisão ligada

diretamente à diretoria. Este escritório é responsável por providenciar os temas de

Kaizen junto às gerências e garantir toda a infra-estrutura e informações de que a

equipe necessitar para a realização dos eventos. Suas atribuições estão todas

envolvidas com a organização e acompanhamento das atividades relacionadas à

melhoria contínua, ou seja, à realização de projetos Kaizen e LeanSigma na unidade de

Juiz de Fora.

Anualmente a supervisão realiza um planejamento dos projetos de melhoria

contínua junto às diversas áreas da fábrica, definindo temas e a abrangência dos

trabalhos. São preparados materiais de apoio e apostilas para que todos os

participantes de Kaizen sejam treinados, ou seja, recebam informações técnicas que

facilitarão a atuação durante a semana, assim como informações comportamentais,

para que se inicie o processo de integração do trabalho em equipe.

O treinamento, atualização e formação dos consultores internos de Kaizen

também é uma atividade desempenhada pela supervisão. São preparados materiais de

apoio como apostilas e filmes para treinar os consultores e possibilitar aos mesmos a

execução dos projetos planejados.

Os consultores internos são colaboradores capacitados para orientar as equipes

durante a realização de uma semana Kaizen. Eles recebem um treinamento completo

sobre a metodologia Kaizen aplicada à fábrica, sistema de produção da unidade de Juiz

de Fora (SPJ), mapeamento do fluxo de valor dos processos organizacionais e

gerenciamento de conflitos. Estes consultores estão cadastrados em uma matriz de

qualificação composta por diversos requisitos que devem ser preenchidos para que o

Page 70: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

70

colaborador possa atuar junto às equipes. Além de completar os treinamentos, fazem

parte desta matriz a participação em eventos Kaizen como sombra (acompanhamento

da atuação de um consultor formado) e a participação nos fóruns Pós-Kaizen (reuniões

entre os consultores de Kaizen para nivelamento de informações e troca de

experiências) realizados após o encerramento do evento.

Outra medida adotada para a qualificação dos consultores esta em uma

pesquisa realizada junto ao time da semana, com relação aos conhecimentos do

consultor, este poderá ser melhor visualizado a seguir.

Como o processo de melhoria contínua não está apenas nos processo

produtivos, está também nos processo administrativos. Diante deste panorama o

escritório de melhoria continua esta intrinsecamente envolvida e comprometido em

melhorar a sua eficácia, para isso a estratégia adotada ao longo de sua implantação

foi estar realizando uma pesquisa ao termino de cada semana de Workshop Kaizen.

Esta pesquisa esta sendo realizada há 5 anos e um dos objetos é medir a satisfação

dos participantes em relação ao Kaizen, vide apêndice – F.

O nome desta pesquisa é Avaliação de Reação, que possibilita a verificação dos

potenciais de melhoria dentro da dinâmica dos Kaizens a partir das opiniões dos

participantes da semana realizada. A escala utilizada varia de ruim, regular, bom e

ótimo, para a qual se estipula uma nota, que gera um valor final variando de 0 a 10,

onde a empresa estipulou como meta a nota 9. Abaixo encontram-se alguns dos pontos

abordados nesta avaliação e que serão pertinentes aos resultados desta dissertação.

No que diz respeito ao Conteúdo e Organização das semanas Kaizens, dos itens

da Avaliação de Reação selecionados, a média histórica desses 5 anos apresentou o

seguinte resultado:

Page 71: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

71

6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5

Motivação

Interesse em participar de outros Kaizens

Avaliação do evento como um todo

Adequação do conteúdo às expectativas dosparticipantes

Duração Total

Gráfico 01 – Avaliação de Reação Fonte: O próprio autor

Através dessa avaliação, percebe-se que o item Motivação Pessoal

apresentou a nota 8,4; Interesse em participar de outros Kaizens, 8,1; Avaliação do

evento como um todo, 7,8; Adequação do conteúdo às expectativas dos participantes,

7,5 e o item Duração Total, 7,1.

No que diz respeito ao quesito Consultoria das semanas, dos itens selecionados,

a média histórica foi a seguinte:

7,8 7,9 8,0 8,1 8,2 8,3 8,4 8,5 8,6 8,7

Domínio daMetodologia Kaizen

Avaliação doconsultor como um

todo

Grafico 02 – Avaliação do Consultor Fonte: O próprio autor

Page 72: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

72

Percebe-se então que no que diz respeito ao Domínio da Metodologia

Kaizen por parte dos Consultores, a nota é 8,6 e quanto à Avaliação do Consultor como

um todo, 8,1.

No que diz respeito ao quesito Liderança das semanas, dos itens selecionados,

a média história foi a seguinte:

7,9 8,0 8,1 8,2 8,3

Domínio daMetodologia Kaizen

Avaliação do lídercomo um todo

Grafico 03 – Avaliação do Líder Fonte: O próprio autor

Nota-se que o item Avaliação do líder como um todo apresentou uma nota 8,3 e

quanto ao Domínio da Metodologia Kaizen por parte desses líderes 8,1. (Maximo 10).

De acordo com Sharma (2003, p.110): os funcionários estarão envolvidos com os conceitos, trabalhando ativamente para criar novos métodos e processos, quando a nova estrutura lhes oferecer estabilidade no emprego e oportunidades diárias de motivação para influenciar e discutir de maneira mais aberta os fatos que realmente tem influência em suas operações.

O escritório Kaizen é a supervisão responsável por manter contato permanente

com os consultores externos de Kaizen buscando compartilhar experiências e adquirir

atualização de informações. A organização de estadia, transporte, dentre outras

atividades ligadas à participação destes consultores em projetos de melhoria contínua

na unidade é de responsabilidade do escritório.

Quando uma semana Kaizen se encerra, a coordenação de projetos de melhoria

contínua mantém um sistema de acompanhamento das pendências da equipe para

Page 73: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

73

garantir que todas as atividades sejam solucionadas conforme o prazo previsto pelos

grupos de trabalho.

Todos os dados e informações obtidas através dos projetos de melhoria contínua

são coletados e valorizados pela supervisão, para confirmar o resultado previsto pelo

grupo. Esta coleta e armazenamento de dados é feita através de um sistema criado

para o gerenciamento de Kaizens. Nele estão cadastrados todos os eventos já

realizados na unidade de Juiz de Fora, desde a implantação da filosofia. Este banco de

dados se constitui em uma poderosa fonte de informações sobre o Kaizen, que são

resultados alcançados em área desocupada, economias monetárias, participantes em

Kaizen, dentre outras. São gerados através deste sistema, diversos relatórios de

monitoramento das equipes que são acompanhados pela diretoria e gerências.

A coordenação também é responsável por realizar projetos de melhoria contínua

em fornecedores, sendo esta prática uma maneira de garantir o melhoramento em toda

a cadeia do produto.

O gerenciamento e coordenação dos colaboradores visando à motivação e o

desenvolvimento dos mesmos com a participação em projetos de melhoria para garantir

a disseminação das filosofias Kaizen e LeanSigma na unidade de Juiz de Fora também

é uma das linhas de ação desta supervisão.

Os Kaizens podem ser realizados com um caráter assistido ou autônomo. O

Kaizen assistido é organizado e acompanhado pelo escritório Kaizen, já o autônomo, é

organizado pela própria área detentora do processo a ser melhorado. Os Kaizens

autônomos são possíveis graças à existência dos consultores internos de Kaizen,

treinados e experientes com relação à metodologia para serem multiplicadores. Eles

orientam o time durante a semana para que os trabalhos sejam feitos conforme a

metodologia. Cada área possui um multiplicador de Kaizen, obtendo assim,

conhecimento e autonomia para a realização dos mesmos.

Pode-se dizer que são pré-requisitos e necessidades do Kaizen: o

estabelecimento de objetivos (deve-se admitir que existem problemas), a escolha e o

treinamento de líderes e co-líderes de equipes, formação de times que devem receber

treinamento técnico e comportamental, trabalho prático, apresentação de resultados,

apoio do corpo gerencial da organização e consolidação de resultados.

Page 74: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

74

O fluxo para a realização de um Kaizen se inicia quando um processo é

estudado por iniciativa dos colaboradores através da realização de um mapeamento

das atividades, que indica os potenciais para o melhoramento. Assim, as metas do

Kaizen são estabelecidas com antecedência pela área detentora do processo a ser

melhorado, que se orienta por um formulário, disponibilizado pela coordenação de

projetos Kaizen (vide apêndice 1 - Questionário Padrão de Consultoria Kaizen). A

supervisão analisa os objetivos e metas para verificar seu potencial e, aprovadas, as

metas são apresentadas ao líder e co-líder do Kaizen durante a preparação para o

evento.

A formação do time também é de responsabilidade da área em que será

realizado o Kaizen, sendo que a equipe deve ser composta por 12 participantes de

acordo com a seguinte distribuição: 1 líder com perfil moderador, 1 co-líder com perfil

especialista do processo, 3 participantes da área solicitante, 4 participantes de áreas

clientes ou fornecedoras e 3 participantes de áreas neutras ao processo. Também é

determinado um consultor interno de Kaizen para orientar a equipe quanto à

metodologia. Esta distribuição deve garantir uma adequada fonte de informações para a

resolução do problema. A equipe recebe um padrinho que atuará apoiando as

atividades até que se encerre o Kaizen. Este padrinho recebe o nome de sponsor e é

sempre um gerente representante da diretoria e que apresenta força política para

completar o processo de mudança.

A metodologia Kaizen implantada na fábrica de Juiz de Fora, consiste na

aplicação de um evento de duração de cinco dias programados com atividades

distintas. É interessante destacar que os Kaizens podem ser estruturados para uma

duração menor, podendo ser realizados entre 3 e 5 dias. É considerada uma semana

de criação e implantação de melhorias.

Pode-se verificar através da figura 15, a seguir, a agenda de uma semana

Kaizen na Unidade de Juiz de fora.

Page 75: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

75

Figura 15 - Agenda da Semana Kaizen Fonte: DaimlerChrysler do Brasil

No primeiro dia, é oferecido um treinamento à equipe para que a mesma

conheça a filosofia e seus princípios. Esta etapa é fundamental, pois supre a

necessidade de conhecimento técnico a respeito do tema e norteia os princípios que

poderão ser aplicados durante a criação de melhorias. Além disso é também

desenvolvido um treinamento comportamental para que os participantes comecem a se

integrar e conheçam os princípios comportamentais que regem o Kaizen. Em seguida a

equipe se reúne para se conhecer e iniciar o processo de análise do problema,

realizando um levantamento da situação atual em que o mesmo se encontra. Nesta

etapa o time começa a planejar suas atividades, utilizando as ferramentas para o

melhoramento da qualidade para conhecer o processo atual, como fluxogramas, análise

por que - por que, Gráfico de Pareto para verificar as causas críticas do problema,

existência de listas de verificação e se elas são cumpridas. Neste dia as atividades se

Período Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

09:30 - 10:00 Abertura

10:00 - 10:30Apresentação da

EquipeTreinamento Técnico

Treinamento Comportamental

12:00 - 13:00 Almoço

15:30 Foto do Grupo (Salão de Mármore)

16:00 - 17:00Apresentação dos Líderes

Apresentação dos Líderes

(CHECK - Checar)

Apresentação dos Líderes

Apresentação do Grupo

17:00 - 18:00

Brainstorming dentro do quadrante (Alto Impacto e Alta

dificuldade)(PLAN - Planejar)

Implantação das Idéias e ações

(ACT - Agir)

Preparar slides para a apresentação final

(Encerramento)Celebração

Implantação das Idéias e Ações(DO - Fazer)

Implantação das Idéias e Ações

(ACT - Agir)

Se dedicar à preparação da

Apresentação final

Agenda Semana Kaizen

Apresentação individual: nome, área e atividade.

Conhecer a área: o Co-Líder apresenta a

área, fluxo e atividades.

Depois,ver in loco o processo.(PLAN)

Ensaio para a apresentação final,

no Auditório do ARHU

Implantação das Idéias e ações(DO - Fazer)

Implantação das Idéias e ações

(ACT - Agir)

10:30 - 12:00

Livre

Fazer o Fluxo atual e o gráfico

Agrega e não Agrega Valor.

(PLAN - Planejar)

13:00 - 16:00

08:00 - 09:30 Levantar dados Analisar o fluxo,

Fazer o diagrama "Spagheti",

Cronometrar, Medir, Ver

equipamentos.(PLAN - Planejar)

Page 76: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

76

iniciam e estão voltadas para a coleta da maior quantidade possível de informações,

primordiais para a tomada de decisão. Assim, a equipe deve focar esforços nesta coleta

de dados, já que deste adequado trabalho depende toda a linha de ações que orientará

os trabalhos da semana.

O segundo dia é caracterizado pela continuidade do levantamento de

informações sobre o processo em questão. São elaborados pela equipe, gráficos, fluxos

de informação e movimentação do operador (o gráfico spaghetti), são avaliadas as

atividades e classificadas quanto à agregação de valor para a análise de desperdícios,

são medidos e analisados os tempos com que os colaboradores realizam o processo,

dentre outras informações. Os participantes também utilizam a análise por que - por que

para conhecerem ao máximo o processo. Para cada tema de Kaizen a ser

desenvolvido, a equipe levantará e analisará as informações pertinentes. Após este

levantamento de dados, a equipe que já conhece em profundidade o problema, poderá

iniciar a aplicação das técnicas de brainstorming10, momento em que cada pessoa

criará e sugerirá idéias para melhorar ou resolver o problema e assim, atingir as metas

propostas. O brainstorming é um momento de extrema relevância para o Kaizen, pois é

caracterizado pela geração e motivação do processo criativo. Um brainstorming fornece

uma média de 100 idéias (variam conforme o tema) que serão analisadas e

classificadas em um quadrante de acordo com a dificuldade e o grau de impacto da

implantação (alto ou baixo).

O terceiro dia é caracterizado pelo início das modificações, ou seja, pela

implantação das idéias, correspondente à fase fazer no ciclo PDCA. Neste dia, a equipe

Kaizen precisa ter à sua disposição todos os recursos de que necessite para uma

adequada condução dos trabalhos. O time realiza as alterações, tendo sempre em

mente os princípios do programa 5S. Estes cinco parâmetros são fundamentais para a

organização estratégica dos equipamentos, materiais, documentos e idéias no local de

trabalho. As alterações realizadas têm um caráter de teste e são acompanhadas para

que se verifique se estão de acordo com os objetivos e respeitando as políticas da

organização.

10 Processo criativo, desenvolvido a partir de grupos de pessoas, normalmente de formações diferentes, em que idéias aleatórias são geradas sem preocupação de crítica, levando, por associação, a que uma idéia inovadora seja gerada e aplicada. Martins e Alt (2001, p.328).

Page 77: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

77

No quarto dia a equipe continua a implementação de idéias realizando um

acompanhamento das mesmas para verificar se realmente estão contribuindo para a

melhoria do processo. As atividades deste dia são caracterizadas como a fase de

checagem e ação do ciclo PDCA. São observados os efeitos das modificações e

realizadas ações corretivas quando encontradas divergências com relação à

adequação do processo. A equipe também inicia sua preparação para apresentar os

resultados alcançados à gerência da fábrica.

O quinto dia é dedicado à preparação e apresentação dos resultados. A equipe

elabora a apresentação, que segue um modelo, e realiza ensaios, já que todos os

participantes têm que apresentar uma parte dos resultados alcançados. Durante o

encerramento, que é conduzido pela coordenação de projetos Kaizen, a equipe

apresenta os resultados e o sponsor e o gerente da área realizam um pronunciamento

em agradecimento ao time. Após o encerramento da semana, ocorre uma celebração

do sucesso das atividades desempenhadas com um coquetel.

É interessante destacar que a supervisão de projetos Kaizen acompanha a

atividade das equipes durante a semana, apresentando-se disponível para qualquer

eventualidade e para verificar a real aplicação da metodologia.

Também são realizadas reuniões diárias com a participação do gerente da área

melhorada, o sponsor, o líder e co-líder, um sombra da equipe (apenas assiste a

reunião, como testemunha das decisões), o consultor e a equipe da supervisão Kaizen.

Estas reuniões são primordiais pois oferecem um feedback das atividades realizadas

pela equipe no decorrer do dia e também são aproveitadas para negociações de pontos

críticos junto à gerência.

É aplicada uma pesquisa de satisfação à equipe, conhecida como avaliação de

reação, que tem por objetivo conhecer a avaliação do time a respeito do evento como

um todo, da atuação do líder da equipe e do consultor interno. O resultado desta

avaliação é posteriormente apresentado ao líder e ao consultor para que os mesmos

conheçam seus resultados, que são utilizados como uma fonte histórica de

desempenho dos consultores colaborando para uma adequada preparação de cursos e

complementos para a capacitação dos mesmos.

Page 78: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

78

As idéias que não conseguem ser implantadas durante a semana são realizadas

durante os trinta dias seguintes ao encerramento. Este período é utilizado para

controlar as atividades aplicadas e implantar as pendências através de reuniões

semanais (Jour-Kaizen) de responsabilidade do líder, que acompanha o status de cada

tarefa cobrando os responsáveis da equipe. Observa-se que para cada atividade existe

apenas um responsável, para que não ocorra duplicidade de responsabilidade durante

a cobrança dos resultados por parte do líder.

Quando o Kaizen é encerrado por completo, ou seja, todas as atividades são

implantadas, o líder da equipe consolida os resultados em um formulário específico e

entrega aos responsáveis no escritório Kaizen (vide apêndice C – Resultado Oficial de

Kaizen). A equipe afetada pelo Kaizen é informada dos resultados em reunião regular

de equipe e o escritório Kaizen, prepara uma cerimônia de encerramento para os

participantes que recebem um certificado e uma camisa como forma de reconhecimento

pela realização do trabalho e pela capacitação na metodologia.

Os procedimentos para a realização de um Kaizen podem ser melhor

visualizados através do apêndice 3 – Fluxo de Realização de Eventos Kaizen .

É possível se verificar que a implantação da filosofia Kaizen foi um trabalho

realizado com sucesso na unidade de Juiz de Fora. A existência de um forte

envolvimento da diretoria e gerência no desenvolvimento dos temas é um fator

relevante para a garantia deste sucesso. Durante a semana Kaizen, todas as gerências

têm consciência da realização do evento para que coloquem à disposição da equipe

todo o apoio que for necessário.

A coordenação de projetos Kaizen está sempre empenhada para que os temas

sejam trabalhados e alcancem o sucesso. Todos os processos de organização das

semanas Kaizen estão registrados em documentos da supervisão, assim como todas as

atividades necessárias para a organização de um Kaizen, seja ele autônomo ou

assistido, estão documentadas no procedimento para realização de Kaizens. Este

procedimento é um documento organizacional que descreve todo o fluxo de

procedimentos a serem adotados para que o evento transcorra da maneira mais

adequada aos objetivos de melhoramento contínuo e segundo a metodologia.

Page 79: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

79

Tanto os colaboradores da supervisão, quanto os consultores internos de Kaizen

estão engajados na disseminação da filosofia a toda a unidade de Juiz de Fora. Estes

colaboradores apresentam um perfil motivador, ativo e criativo, e atuam junto à fábrica

para demonstrar a importância do melhoramento contínuo, não somente durante a

realização de um evento Kaizen, mas também em seus próprios trabalhos de área,

promovendo otimizações na empresa como um todo.

Este trabalho de disseminação da filosofia tem trazido bons resultados e pode-se

dizer, por dados primários da coordenação de Kaizen, que 51% dos colaboradores da

fábrica já participaram de um evento Kaizen. Este resultado reflete este trabalho de

divulgação da metodologia, já que por algum período de tempo os colaboradores não

tinham uma boa percepção do Kaizen, pois acreditavam que os trabalhos poderiam

sugerir desligamentos da empresa, desmotivando a participação. Entretanto, a diretoria

acordou junto à fábrica que demissões não seriam geradas por motivo de Kaizen,

contribuindo para um maior interesse em participar por parte dos colaboradores.

Um outro ponto a ser destacado é a questão da dificuldade de receber as

mudanças por parte dos funcionários, que muitas vezes ficam relutantes em aceitar as

idéias implantadas pela equipe de Kaizen. Devido à sua implementação adequada e

apoio das gerências, as mudanças passaram a ser recebidas de uma maneira mais

receptiva, ou seja, os colaboradores passaram a entender que o objetivo do Kaizen é

promover benefícios para todos, se preocupando em tornar os processos melhores

para a fábrica e funcionários.

Pode-se entender melhor a força que a filosofia Kaizen representa na unidade

através da visualização de alguns resultados alcançados durante os cinco anos de

implantação, compilados pela supervisão. Atualmente já foram realizados 139 Kaizen e

concluídas 961 ações para trinta dias, sendo que 89 foram classificadas como inviáveis.

Avaliando-se ganhos, o Kaizen foi responsável por uma redução média de 40% em

tempo de processo e pela disponibilização de uma área de 15.316 m². Foram geradas

economias financeiras em torno de R$ 5.00.000,00 (cinco milhões de reais), e um

ganho geral (liberação para aplicação em outras atividades) em torno de R$

14.000.000,00 (quatorze milhões de reais). Os resultados são surpreendentes, e

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80

observa-se assim, quantos desperdícios foram eliminados e quantas otimizações foram

realizadas nos processos analisados.

A seguir alguns exemplos de resultados tangíveis de Kaizen que foram

mensurados desde 2000.

10

43

69

101

120137

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 04 - Workshops Kaizen realizado desde 2000 Fonte: O próprio autor

105

368

517

725

834

949

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 05 - Total de participantes em Kaizen (Acumulativo) Fonte: O próprio autor

Page 81: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

81

0,88

2,88

3,4

4,4 4,54 4,56

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 6 - Resumo Budget Acumulado por Ano (em R$ milhões) Fonte: O próprio autor

1,87

8,43

10,09

12,8413,55 13,75

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 07 - Budget Potencial a ser reduzido – Acumulado por Ano (em R$ milhões) Fonte: O próprio autor

3239

42 42

6671

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 08 - Redução do Lead Time (% Média dos processos analisados) Fonte: O próprio autor

Page 82: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

82

Tabela 01 – Somatório dos Resultados de Kaizen (2000 a 2005)

Resultados de Kaizen Total Nº de Kaizens 139Produtividade 12%Lead Time -39%Participantes 952 - 52% da EmpresaParticipações 2246Área disponibilizada 11.194 m2Redução Geral (R$) R$ 13.278.586,00 Redução Budget (R$) R$ 4.405.860,00

Fonte: O próprio autor

Além dos diversos resultados visualizados acima, o Kaizen também gera

resultados que não podem ser mensurados, mas que contribuem para o crescimento da

organização: os resultados intangíveis. O Kaizen colabora para a formação de uma

mentalidade de busca pela melhoria contínua mais homogênea, que transforma o

trabalho de todos os que já foram participantes de Kaizen e conhecem a filosofia.

Também colabora para a formação e estreitamento de laços de amizade entre os

colaboradores, tornando a comunicação mais rápida e eficiente e facilitando os

trabalhos, já que muitos funcionários passam a ter contatos nas diversas áreas. O

Kaizen valoriza o trabalho individual e de equipe, mostrando aos colaboradores a

importância do processo criativo e da participação conjunta. Em um evento recente, um

funcionário comentou que estava muito satisfeito por descobrir, através da sua atuação,

que ele possuía capacidade para pensar e resolver problemas, e não somente de

colaborar com a organização operando máquinas. Verifica-se assim, que também é

promovido um aumento e valorização de moral para os participantes de Kaizen.

A metodologia Kaizen está apoiada nos princípios do Sistema Toyota de

Produção que revolucionou os modelos de manufaturas existentes em todo o mundo.

Através do conhecimento dos métodos e princípios adotados pelo STP, a equipe pode

visualizar conceitos como JIT, Kanban (descritos anteriormente), eliminação de

desperdícios, dentre outros, e pode aplicá-los à realidade organizacional com rapidez e

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83

urgência por meio um evento Kaizen em que todos trabalham em tempo integral para o

cumprimento das metas, buscando difundir a filosofia e cultura do melhoramento

contínuo intrínseco aos princípios do STP. A adoção de ferramentas para o

melhoramento da qualidade também é fundamental, pois elas contribuem tanto para a

coleta de dados, quanto para direcionar o pensamento da equipe para uma maneira

melhor de realizar atividades e transformar processos adequando-os aos objetivos da

empresa. Assim, verifica-se que a metodologia está embasada por fortes princípios e

ferramentas que contribuem diretamente para a melhoria de processos.

Esta metodologia utilizada na unidade de Juiz de Fora pode ser melhor

visualizada com uma demonstração de resultados a seguir, que exemplifica a

realização do Kaizen Integração Logística e Operacional Classe C e Classe A, ocorrido

no mês de fevereiro.

A área de montagem final do produto, da unidade de Juiz de Fora, percebeu um

potencial de melhoria que poderia ocorrer nas operações de logística operacional.

Estas operações eram realizadas separadamente para a produção dos veículos Classe

A e Classe C, com um processo descentralizado, gerando muita movimentação e

armazenamento de embalagens vazias em áreas descobertas. Assim, o objetivo era

unificar o processo de logística operacional, otimizando o fluxo de carretas na fábrica,

reduzindo o índice de acidentes com materiais/pessoal, liberando área interna e

centralizando o recebimento de peças. Observa-se através da tabela 02 abaixo as

metas estabelecidas pela área.

Tabela 02 - Objetivos do Kaizen

Objetivos Antes do Kaizen Metas (%)

Área m² 777 -50%

Produtividade 100 10%

Work in Process (WIP) 195 itens importados -20%

Equipamentos 17 -5% Fonte: O próprio Autor

Page 84: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

84

A equipe trabalhou durante toda a semana Kaizen, seguindo a metodologia

especificada, com orientação do consultor interno, alcançando excelentes resultados

em seu trabalho, que podem ser melhor entendidos na tabela 03 a seguir. Estes

resultados foram conseguidos através do esforço de toda a equipe, destacando-se que

os itens da tabela que estão em vermelho, não estavam inseridos na meta,

demonstrando que o grupo ultrapassou os objetivos sugeridos.

Tabela 03 – Resumo dos Resultados do Kaizen

Objetivos Antes Kaizen Metas (%)

Quantidade

%

Área (m²) 777 m² -50 0 -100

Produtividade (%) 100% (28 AK’s11) 10 25 AK’s 11

Percurso/Homem 15.000m/dia -30 3.141m/dia -70

WIP (% peças) 195 itens importados -20 24 itens

importados -87,7

Equipamentos movimentação 17 -5 16 -5,9

Percurso/Homem (externo) 10.780m/dia - 2.700m/dia -75

Área livre (Galpão Vinílico)

669m² - 395m² (274m2) -41

Equipamentos Gerais

17 prateleiras / 03 impressoras - 04 prateleiras /

02 impressoras -

Fonte: O próprio Autor

11AK’s - Sigla da palavra alemã Arbeitskräfte, que significa força de trabalho. Nota de responsabilidade do autor.

Após Kaizen

Page 85: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

85

4 LEVANTAMENTO DE DADOS 4.1 OBJETIVO ESPECÍFICO

O Projeto Melhoria Contínua foi realizado com o intuito de verificar a atual

situação da filosofia Kaizen na DaimlerChrysler do Brasil Ltda. - fábrica de Juiz de Fora.

Com este raciocínio, pode se ter uma posição mais concreta da difusão da filosofia

Kaizen nesta fábrica. O intuito foi, ainda, reestruturar, a partir das percepções dos

colaboradores entrevistados, a dinâmica de disseminação e/ou manutenção da filosofia. 4.2 METODOLOGIA

Primeiramente, foi apresentada a proposta do projeto junto aos gestores da

fábrica e levantadas algumas questões a respeito da percepção dos colaboradores em

relação à filosofia Kaizen implantada na empresa. Procurou-se assim responder alguns

questionamentos tais como:

• Qual o nível de conhecimento da filosofia Kaizen em Juiz de Fora por parte dos

colaboradores?

• Qual a satisfação dos participantes e não participantes em relação a filosofia?

• Como está a distribuição da satisfação?

• Qual a relação entre satisfação e divulgação dos resultados?

• Qual o perfil que mais gostaria e o que menos gostaria de participar em Kaizens?

• Qual a dificuldade em estabelecer metas de Kaizen?

• A valorização da filosofia está relacionada com o conhecimento da mesma? .

E, a partir do conhecimento desses questionamentos, foi desenvolvido

questionários, de acordo com a atuação dos colaboradores dentro da filosofia Kaizen.

Dessa forma, aumenta-se a abrangência da pesquisa, coletando um maior número

possível de diferentes percepções, de acordo com o papel que cada colaborador teve

diante da filosofia Kaizen na fábrica. Foi definido 5 tipos de questionários. Os 5 tipos

identificados foram desenvolvidos para os colaboradores que nunca participaram de

Kaizen (Não- Participantes), os que tiveram 1 (uma) participação nos times de Kaizen

(Participante 1X), aqueles que tiveram 4 participações (Participante 4X), os consultores

Page 86: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

86

e líderes de Kaizen e os supervisores e gerentes (Gestores). Vale ressaltar que foi

percebido ao longo desses 5 anos, que há diferenças de percepções dos participantes

que participaram 1 vez daqueles que participaram 4 vezes. Por isso criou-se a

necessidade de separá-los para que se possam identificar as diferentes percepções por

parte desses funcionários.

O Estudo de caso com dados quantitativos foi realizada no período de agosto a

setembro de 2005. Vale ressaltar que foi realizado anteriormente, a fim de medir a

eficácia dos questionários, um Teste Piloto, o que ocasionou algumas modificações na

estrutura do questionário. Contou-se com 127 participantes dentre os quais, 39% nunca

participaram em Kaizens e 61% tiveram alguma participação dentro da filosofia. Dentre

os 61 % dos participantes, 34% tiveram 1 (uma) participação em semanas Kaizens,

25% são os gestores, ou seja, gerentes e supervisores, 23%, pertencem ao grupo dos

consultores e líderes de Kaizen e 18% são colaboradores que tiveram 4 (quatro)

participações em times de Kaizens.

Gráfico 09 - Composição da pesquisa Fonte: O próprio autor

Par ticipantes 4x; 18%

Consul tor es e Líder es; 23%

Gestor es; 25%

Par ticipantes 1x; 34%

Não Participantes;

39%

Participantes; 61%

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87

De acordo com a tabela abaixo, percebe-se que do total de não participantes, a

pesquisa abrangeu 9,5%; dos colaboradores que tiveram 1 (uma) participação, a

abrangência foi de 7,5%; dos que tiveram quatro participações o percentual foi de 37%;

do total de consultores e líderes, a pesquisa alcançou o percentual de 26,5% e dos

gestores, 65,5%.

Tabela 4 – Composição da pesquisa

Questionário Total PesquisaNão Participantes 526 9,5% Participantes 1X 346 7,5% Participantes 4X 38 37,0% Consultores e Líderes 68 26,5% Gestores 29 65,5%

Fonte: O próprio autor

A fim de se garantir a qualidade das respostas dos entrevistados, foi aplicado de

forma bastante criteriosa, para que se evitásse erros de pesquisa, principalmente os

erros “não amostrais de resposta do entrevistado”. Procurou-se assim, em realizar a

aplicação subdividindo em grupos por área e por tipo de questionário, nas salas de

reuniões da própria DaimlerChrysler. Buscou-se ainda, efetuar a leitura dos

questionários com os entrevistados e motivá-los em respondê-los de forma bastante

fidedigna.

É importante lembrar que a pesquisa aconteceu no momento em que a fábrica

estava reestruturando suas áreas. Por isso, preocupou-se em utilizar a nomenclatura

antiga, uma vez que os colaboradores não estavam ainda habituados com as novas

siglas, nem tinham realizado Kaizens para essas novas áreas (algumas incorporadas).

Abaixo visualiza-se o gráfico da composição da pesquisa em relação à área dos

entrevistados. Percebe- se que, 24% da pesquisa foi composta por colaboradores da

APF ( Montagem Final ), 16% da APB ( Montagem Bruta ), 11% da APP (Pintura), 9%

da APL (Logística), 8% da A/Q (Qualidade), 6% do CCJ (Controle), H/JP (Recursos

Humanos) e A/E (Engenharia) e 4% da APM (Manutenção ), A/A (Contabilidade) e AP

(Diretoria) respectivamente.

Page 88: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

88

Gráfico 10 – Composição da pesquisa por área Fonte: O próprio autor

Outro ponto a ser destacado é que a atual conjuntura da fábrica, ou seja, um

momento de troca de produtos, não é a conjuntura ideal para a aplicação de

ferramentas de melhoria contínua, uma vez que os procedimentos do antigo produto

(Classe A) estão sendo deixados de lado e os novos processos estão sendo ainda

criados. A fábrica passa atualmente por um momento em que não há escassez de

recursos e ainda, para não atingir uma alta produtividade, uma vez que a sua produção

é baixa. Isso dificulta a implementação do Kaizen, que trabalha com recursos escassos

para atingir uma alta produtividade.

As perguntas realizadas aos não participantes de Kaizens, presentes no

questionário aplicado, fizeram referência ao desejo desses colaboradores em participar

de semanas Kaizens, se consideram conhecer a filosofia Kaizen, se participam

indiretamente nos Kaizens realizados, se percebem as alterações propostas nas suas

áreas e por sua vez se estão satisfeitos com esses Kaizens e por fim, se consideram

que os resultados com os Kaizens são divulgados nas suas áreas. As questões abertas

abordaram a razão que levaram esses colaboradores a não participarem de Kaizens e

sugestões de melhorias a respeito da filosofia Kaizen.

24%16%

11%9%

8%6%

6%6%

4%4%

4%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

APF

APP

A/ Q

H/ JP

APM

AP

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89

O questionário aplicado aos colaboradores que participaram uma vez e quatro

vezes em Kaizens foi similar. As perguntas que fizeram parte do escopo do questionário

abordaram o desejo desses colaboradores em participarem de Kaizens novamente, o

quanto consideram conhecer a filosofia Kaizen, a satisfação com a semana Kaizen da

qual participaram, a percepção do quanto as metas foram bem elaboradas, as

melhorias trazidas pelos Kaizens para as suas áreas, o grau de satisfação com os

Kaizens realizados nas áreas e quanto à divulgação dos Kaizens nas suas áreas. As

questões abertas abordaram basicamente as dificuldades encontradas durante a

semana e as sugestões de melhorias propostas.

O questionário aplicado aos Consultores e Líderes de Kaizen contou com

questões um pouco mais aprofundadas a respeito do tema. Como nos outros

questionários, procurou-se saber sobre o quanto consideram conhecer a filosofia, se a

consideram fundamental dentro do processo de melhoria contínua, se as metas pré-

estabelecidas são coerentes com a realidade da área, a aplicabilidade das melhorias

propostas, se há monitoramento das melhorias propostas para 30 dias, a percepção

dos benefícios trazidos pelos Kaizens e quanto consideram o comprometimento dos

funcionários durante a semana. As questões abertas fizeram menção sobre a

continuação das modificações pós- kaizens, a relação existente entre as outras

ferramentas de melhoria contínua (Kaizen, Lean Sigma, Banco de Idéias) e as

sugestões de melhorias por parte desses colaboradores.

Os gestores, ou seja, gerentes e supervisores, foram questionados com o intuito

de verificar o conhecimento, de acordo com suas percepções a respeito da filosofia

Kaizen, se a consideram fundamental para o processo de melhoria contínua, qual a

dificuldade encontrada para o estabelecimento de um tema para o Kaizen, a coerência

das metas com a realidade da área, a dificuldade para o estabelecimento das metas

dos Kaizens, a aplicabilidade das melhorias propostas, o monitoramento da

implementação das melhorias propostas para 30 dias, as percepções sobre os

benefícios trazidos pelos kaizens realizados, o comprometimento dos funcionários na

participação das semanas e se as modificações pós-kaizen continuam com o decorrer

do tempo. As questões abertas foram realizadas no sentido de saber qual o critério de

decisão para a disponibilização de um funcionário para as semanas Kaizens, a relação

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90

existente entre as outras ferramentas de melhoria contínua e as sugestões de

melhorias para a dinâmica do Kaizen nesta fábrica. Ressalta-se que este questionário

foi aplicado de forma diferenciada. A aplicação foi como um roteiro de entrevista onde

os gerentes e supervisores poderiam dar sugestões e o pesquisador se preocupava em

anotar as observações feitas durante a aplicação da pesquisa.

Os questionários utilizados na pesquisa encontram-se anexos no final deste

relatório. O questionário foi do tipo “auto-aplicável”, ou seja, os próprios colaboradores

preenchiam. Utilizou-se em média 10 questões e a escala utilizada foi do tipo Likert,

variando entre 5 níveis de satisfação (Nada, Pouco, Médio, Muito e Totalmente).

A tabulação dos dados foi feita no software estatístico SPSS para assegurar os

resultados da pesquisa. Posteriormente foram criados gráficos das respostas, os quais

compõe este relatório. Alguns cruzamentos foram realizados nesta pesquisa a fim de

comprovar a correlação de algumas questões e achar em alguns casos sua causa raiz.

O Plano de Recomendações foi escrito com base nos resultados da pesquisa, ou

seja, a partir das percepções dos entrevistados em relação à Filosofia Kaizen. Faz-se

necessário assim, que seja avaliada as sugestões de melhoria para que possa viabilizar

a reestruturação dessa Filosofia tão importante no processo de melhoria contínua.

4.3 – RESULTADO DO LEVANTAMENTO DE DADOS

4.3.1 – Dados Quantitativos

4.3.1.1 - Colaboradores Não Participantes de Kaizens Segue os gráficos relacionados às respostas dos colaboradores entrevistados

que nunca participaram de Kaizens em relação ao questionário aplicado.

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91

86%

14%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Sim Não

Você gostaria de participar de Kaizens?

Gráfico 11 – Você gostaria de participar de Kaizens? Fonte: O próprio autor

A partir do gráfico, percebe-se que dos colaboradores que nunca participaram de

Kaizen, 86 % gostariam de participar e 14% não gostariam.

Quanto você conhece a filosofia Kaizen?

Gráfico 12 – Quanto você conhece a filosofia Kaizen? Fonte: O próprio autor

Percebe-se através do gráfico que 50% dos colaboradores que não participaram

de Kaizens na fábrica, consideram ter um conhecimento médio a respeito da filosofia

Kaizen, 46%, ter pouco conhecimento e 4%, avaliam conhecer muito a filosofia.

46,0%50,0%

4,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito

Page 92: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

92

Quanto você participou indiretamente de Kaizens?

Gráfico 13 – Quanto você participou indiretamente de Kaizens? Fonte: O próprio autor

Dos não participantes de Kaizen, 36% deles não participaram nem indiretamente

em Kaizens, 28% participaram pouco, 20% de forma mediana e 16% participaram muito

de Kaizens de forma indireta.

Quanto as alterações propostas pelos Kaizens trouxeram melhorias para sua área?

Gráfico 14 – Quanto as alterações propostas pelos Kaizens trouxeram melhorias para sua área? Fonte: O próprio autor

Quanto às percepções dos colaboradores que nunca participaram em relação às

melhorias trazidas pelos Kaizens nas suas áreas, 32,7% consideraram poucas as

melhorias, outros 32,7% consideraram muitas, 18,3%, médias, 14,3%, alegaram não

14,3%

32,7%

18,3%

32,7%

2,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

36,0%

28,0%

20,0%16,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Nada Pouco Médio Muito

Page 93: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

93

haver nenhuma melhoria e 2% consideraram totais as melhorias trazidas para as áreas

com os Kaizens.

Qual o seu grau de satisfação com os Kaizens realizados nas suas áreas?

Gráfico 15 – Qual o seu grau de satisfação com os Kaizens realizados nas suas áreas? Fonte: O próprio autor

Dos colaboradores que nunca fizeram Kaizens, 32% consideram pouco

satisfeitos com os Kaizens realizados nas suas áreas, 30% consideram muito e médio

satisfeitos e 8% declararam nada satisfeitos com os Kaizens realizados.

Como os resultados obtidos com os Kaizens são divulgados nas suas áreas?

Gráfico 16 – Como os resultados obtidos com os Kaizens são divulgados nas suas áreas? Fonte: O próprio autor

8,0%

32,0%30,0% 30,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Nada Pouco Médio Muito

4,1%

30,6%

36,7%

28,6%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%

25,0%30,0%35,0%40,0%

Nada Pouco Médio Muito

Page 94: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

94

78,0%

10,0%

4,0%

4,0%

2,0%

2,0%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Não fui convidado

Indisponibilidade

Não sei

Falta de Substituição

Pouco tempo de empresa

Oportunidade direcionada

Quanto à divulgação dos resultados obtidos pelos Kaizens, 36,7% dos

colaboradores consideram que os resultados são divulgados de forma mediana, 30,6%

consideram poucos divulgados, 28,6% muito divulgados e 4,1% nada divulgados.

Qual razão o levou a não participar de nenhum Kaizen?

Gráfico 17 – Qual razão o levou a não participar de nenhum Kaizen? Fonte: O próprio autor

Dentre estes colaboradores, 78% alegam que não participaram de Kaizens por

que nunca foram convidados, 10%, por não ter tido disponibilidade, 4%, por falta de

substituição na área ou não sabem, 2% por ter pouco tempo de empresa e 2% afirmam

que as oportunidades são direcionadas.

4.3.1.2 Colaboradores com 1 (uma) Participação em Kaizens Segue os gráficos relacionados às respostas dos colaboradores entrevistados

que tiveram uma participação em times de Kaizens, em relação ao questionário

aplicado.

Page 95: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

95

Você gostaria de participar de Kaizen novamente?

Gráfico 18 – Você gostaria de participar de Kaizen novamente? Fonte: O próprio autor

Dos colaboradores que tiveram 1 participação em Kaizens, 73,1% gostariam de

participar novamente e 26,9% não gostariam de participar.

Quanto você conhece a filosofia Kaizen?

Gráfico 19 – Quanto você conhece a filosofia Kaizen? Fonte: O próprio autor

Quanto ao conhecimento da filosofia Kaizen, 65,4% consideram ter um

conhecimento médio, 19,2%, conhecê-la muito, 11,5% avaliam ter pouco conhecimento

e 3,9% conhecê-la em sua totalidade.

73,1%

26,9%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%

Sim Não

11,5%

65,4%

19,2%

3,9%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

Page 96: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

96

Quanto você ficou satisfeito com a semana do Workshop Kaizen de que participou?

Gráfico 20 – Quanto você ficou satisfeito com a semana do Workshop Kaizen de que participou? Fonte: O próprio autor

Quanto à satisfação com a semana Kaizen da qual os colaboradores

participaram, 48%, ficaram muito satisfeitos, 24%, médio satisfeitos, 12%, totalmente

satisfeitos e 16%, ficaram pouco satisfeitos.

Quanto as metas do Kaizen foram bem elaboradas?

Gráfico 21 – Quanto as metas do Kaizen foram bem elaboradas? Fonte: O próprio autor

Um percentual de 44% dos colaboradores considerou as metas muito bem

elaboradas, 32% de forma média, 12% totalmente bem elaboradas, 8% pouco

elaboradas e 4% nada elaboradas.

16,0%

24,0%

48,0%

12,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

4,0%8,0%

32,0%

44,0%

12,0%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%50,0%

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

Page 97: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

97

Quanto as alterações propostas pelos Kaizen trouxeram melhorias para sua área?

Gráfico 22 – Quanto as alterações propostas pelos Kaizen trouxeram melhorias para sua área? Fonte: O próprio autor

Quanto às alterações propostas pelos Kaizens, 38,5% dos colaboradores

consideram muito e média as melhorias trazidas, 11,5% consideram que essas

propostas trouxeram totais melhorias, 7,7% acham poucas as melhorias trazidas e 3,8%

consideram não existentes as melhorias trazidas.

Qual o seu grau de satisfação com os Kaizens realizados na sua área?

Gráfico 23 – Qual o seu grau de satisfação com os Kaizens realizados na sua área? Fonte: O próprio autor

Dos colaboradores que participaram uma vez de Kaizens, 34,6% estão médio

satisfeitos com os resultados dos Kaizens nas suas áreas, 30,8% estão muito satisfeitos

com os Kaizens, 23,1% pouco satisfeitos e 11,5% totalmente satisfeitos.

3,8%7,7%

38,5% 38,5%

11,5%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

23,1%

34,6%30,8%

11,5%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%

25,0%30,0%35,0%40,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

Page 98: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

98

Como os resultados obtidos com os Kaizens são divulgados na sua área?

Gráfico 24 – Como os resultados obtidos com os Kaizens são divulgados na sua área? Fonte: O próprio autor

Os colaborados consideram que os resultados obtidos nas áreas são pouco

divulgados (34,6%), 23,4% muito divulgados, 23,1% acreditam possuir uma divulgação

média, 15,1% totalmente divulgados e 3,8% acham que não há divulgação dos

resultados nas áreas.

4.3.1.3 Colaboradores com 4 (quatro) Participações em Kaizens

Segue os gráficos relacionados às respostas dos colaboradores entrevistados

que tiveram quatro participações em times de Kaizens, em relação ao questionário

aplicado.

Você gostaria de participar de Kaizen novamente?

3,8%

34,6%

23,1% 23,4%

15,1%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

Page 99: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

99

Gráfico 25 – Você gostaria de participar de Kaizen novamente? Fonte: O próprio autor

De acordo com os colaboradores que fizeram 4 Kaizens, um percentual de

78,6% gostaria de participar novamente de Kaizen e 21,4% não gostaria.

Quanto você conhece a filosofia Kaizen?

Gráfico 26 – Quanto você conhece a filosofia Kaizen? Fonte: O próprio autor

Um percentual de 64,4% dos colaboradores que participaram 4 vezes de Kaizen

acreditam ter um conhecimento médio da filosofia Kaizen e 35,7% acreditam conhecer

muito a filosofia.

Quanto você ficou satisfeito com a semana do Workshop Kaizen de que participou?

78,6%

21,4%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

Sim Não

64,3%

35,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

Médio Muito

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100

Gráfico 27 – Quanto você ficou satisfeito com a semana do Workshop Kaizen de que participou? Fonte: O próprio autor

Percebe-se que 64,3% dos colaboradores que participaram 4 vezes de Kaizen

estão muito satisfeitos com a semana do Workshop Kaizen da qual participou e 14,3%

possuem uma satisfação média em relação à semana da qual fez parte.

Quanto as metas do Kaizen foram bem elaboradas?

Gráfico 28 – Quanto as metas do Kaizen foram bem elaboradas? Fonte: O próprio autor

Para 69,2% dos colaboradores, as metas do Kaizen foram muito bem

elaboradas, 23,1%, consideram média a elaboração das metas e 7,7% acham que as

metas são pouco elaboradas.

Quanto as alterações propostas pelos Kaizens trouxeram melhorias para sua área?

14,3%

64,3%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

Médio Muito

7,7%

23,1%

69,2%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%

Pouco Médio Muito

Page 101: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

101

Gráfico 29 – Quanto as alterações propostas pelos Kaizens trouxeram melhorias para sua área? Fonte: O próprio autor

Para os que participaram 4 vezes, 57,1% consideram que os Kaizens trouxeram

muitas melhorias para suas áreas, 28,6% consideram médias as melhorias trazidas,

7,2% acham que as propostas são totalmente melhorias para as áreas e 7,1%

consideram poucas as propostas que trazem melhorias para as áreas.

Qual o seu grau de satisfação com os Kaizens realizados na sua área?

Gráfico 30 – Qual o seu grau de satisfação com os Kaizens realizados na sua área? Fonte: O próprio autor

Esses participantes consideram muito satisfeitos com os Kaizens realizados nas

suas áreas (57,1%), 28,6% estão satisfeitos de forma mediana e 14,3% estão poucos

satisfeitos com os Kaizens realizados nas suas áreas.

Como os resultados obtidos com os Kaizens são divulgados na sua área?

7,1%

28,6%

57,1%

7,2%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

14,3%

28,6%

57,1%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito

Page 102: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

102

Gráfico 31 – Como os resultados obtidos com os Kaizens são divulgados na sua área? Fonte: o próprio autor

Quanto à divulgação dos resultados, 28,6% dos colaborados acham pouca e

muita a divulgação dos resultados nas suas áreas. Um total de 21,4% acha média a

divulgação, 14,3% acham que os resultados dos Kaizens são totalmente divulgados e

7,1% consideram que os resultados não são nada divulgados.

4.3.1.4 Colaboradores Consultores e Líderes de Kaizens

Segue os gráficos relacionados às respostas dos consultores e líderes de

Kaizens entrevistados, em relação ao questionário aplicado.

Quanto você conhece a filosofia Kaizen?

Gráfico 32 – Quanto você conhece a filosofia Kaizen? Fonte: O próprio autor

7,1%

28,6%

21,4%

28,6%

14,3%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

38,9%

55,6%

5,5%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Médio Muito Totalmente

Page 103: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

103

Os consultores e líderes de Kaizen consideram conhecer muito a filosofia

(55,6%), 38,9% consideram haver um conhecimento médio e 5,5% acreditam conhecer

totalmente a filosofia.

Quanto você considera o Kaizen como ferramenta fundamental para o processo de

melhoria contínua?

Gráfico 33 – Quanto você considera o Kaizen como ferramenta fundamental para o processo de melhoria contínua? Fonte: O próprio autor

Os consultores e líderes entrevistados acreditam que a filosofia Kaizen é

totalmente fundamental para o processo de melhoria continua, para 55,6%, e o

restante, 44,4% acreditam que é muito fundamental dentro deste processo.

Quanto as metas pré-estabelecidas pelo time são coerentes com a realidade da área?

44,4%

55,6%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Muito Totalmente

16,7%

55,6%

16,7%11,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

Page 104: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

104

Gráfico 34 – Quanto as metas pré – estabelecidas pelo time são coerentes com a realidade da área? Fonte: O próprio autor

Os consultores e líderes classificam como média a coerência das metas com a

realidade da área (55,6%), 16,7%, acreditam que é pouca e muita a coerência e 11%

acham que é totalmente coerente às metas pré-estabelecidas com a realidade da área.

Qual o grau de aplicabilidade das melhorias propostas?

Gráfico 35 – Qual o grau de aplicabilidade das melhorias propostas? Fonte: O próprio autor

Para 61,1% dos consultores e líderes, há muita aplicabilidade das melhorias

propostas pelos Kaizens, 33,3% acreditam que a aplicabilidade é média e 5,6%

considera total a aplicabilidade das melhorias propostas.

Qual o grau de monitoramento da implementação das melhorias propostas para 30

dias?

33,3%

61,1%

5,6%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

Médio Muito Totalmente

16,7%

33,3%38,9%

11,1%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

Page 105: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

105

Gráfico 36 – Qual o grau de monitoramento da implementação das melhorias propostas para 30 dias? Fonte: O próprio autor

Um percentual de 38,9% dos consultores e líderes de Kaizens entrevistados

acredita haver muito monitoramento das implementações das melhorias propostas para

os 30 dias, 33,3% classificam esse monitoramento como médio, 16,7% acham pouco e

11,1% considera total o monitoramento da implementação.

Qual a sua percepção sobre os benefícios trazidos pelos Kaizens realizados na sua

área?

Gráfico 37 – Qual a sua percepção sobre os benefícios trazidos pelos Kaizens realizados na sua área? Fonte: O próprio autor

Estes colaboradores consideram muito, os benefícios trazidos pelos Kaizens

(72,1%), 16,7% classificam como médios os benefícios trazidos e um percentual de

5,6% considera total e pouco os benefícios trazidos pelos Kaizens realizados nas áreas,

em ambos os casos.

Qual o grau de comprometimento dos funcionários na participação dos Kaizens?

5,6%16,7%

72,1%

5,6%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

Page 106: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

106

Gráfico 38 – Qual o grau de comprometimento dos funcionários na participação dos Kaizens? Fonte: O próprio autor

Para 55,6% dos consultores e líderes entrevistados, há muito comprometimento

dos funcionários na participação dos Kaizens, 22,2% classificam como médio este

comprometimento, 16,6%, como total e 5,6% como pouco.

Você considera que a modificação pós-Kaizen continua com o decorrer do tempo?

Gráfico 39 – Você considera que a modificação pós- Kaizen continua com o decorrer do tempo? Fonte: O próprio autor

A partir do gráfico acima, visualiza-se que 50% dos consultores e líderes de

Kaizen consideram que as modificações pós-Kaizens continuam com o decorrer do

tempo, uma vez que há sempre possibilidade de melhorias, criando-se novas rotinas,

modificando os próprios colaboradores inseridos no processo e agregando a cada

Kaizen em uma determinada área, uma melhoria constante no seu processo.

Já para 27,8%, alegam que às vezes as modificações ocorrem, pois em algumas

situações, há defasagem das idéias propostas.

5,6%

22,2%

55,6%

16,6%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

50,0%

27,8%

11,2%

5,6%

5,4%

0,0% 10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%

Sim

Ás vezes

Não

Na maioria das vezes

N.A

Page 107: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

107

Para 11,2%, as modificações não continuam, acreditando que acontecem após o

Kaizen, o comodismo em relação ao antigo processo e ainda, não havendo um controle

eficiente de longo prazo.

Por fim, 5,6% disseram que na maioria das vezes as modificações perduram.

Ressalta-se ainda que, 5,4% desses colaboradores não se posicionaram a respeito.

Na sua opinião, existe relação entre as ferramentas de melhoria contínua (Kaizen, Lean

Sigma, Banco de Idéias)?

Gráfico 40 – Na sua opinião existe relação entre as ferramentas de melhoria contínua (Kaizen, Lean Sigma, Banco de Idéias)? Fonte: O próprio autor

O gráfico acima mostra que 61,1% dos colaboradores disseram que há relações

entre as ferramentas de melhoria contínua (Kaizen, Lean Sigma, Banco de Idéias), já

que todas elas visam melhorias, ou seja, redução de custos e aumento de

produtividade. Uma dessas relações foi feita no sentido de que o Kaizen “limpa a casa”

e o Lean Sigma encontra a sua causa raiz.

Para 22,2% consideram que essa relação acontece em parte, uma vez que não

estão muito claras essas ligações declarando que muitos colaboradores não sabem

quando nem onde usar essas ferramentas.

E para 16,7%, não há relação por que alguns têm resistência ao Banco de Idéias

e outros acreditam que a ferramenta Lean Sigma não teve incentivo já que não ganhou

força com o decorrer do tempo.

61,1%

22,2%

16,7%

0 0,2 0,4 0,6 0,8

Sim

Em parte

Não

Page 108: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

108

4.3.1.5 Colaboradores Gestores

Segue os gráficos relacionados às respostas aos gestores entrevistados,

gerentes e supervisores, em relação ao questionário aplicado.

Quanto você conhece a filosofia Kaizen?

Gráfico 41 – Quanto você conhece a filosofia Kaizen? Fonte: O próprio autor

Dos gestores entrevistados, 52,6% consideram conhecer muito a filosofia, 26,3%

totalmente e 21,1% acham ter um conhecimento médio sobre a filosofia Kaizen.

21,1%

52,6%

26,3%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Médio Muito Totalmente

Page 109: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

109

Quanto você considera o Kaizen como ferramenta fundamental para o processo de

melhoria contínua?

Gráfico 42 – Quanto você considera o Kaizen como ferramenta fundamental para o processo de melhoria contínua? Fonte: O próprio autor

Os entrevistados alegaram que consideram a filosofia Kaizen muito fundamental

dentro do processo de melhoria contínua (47,4%), 31,5% consideram totalmente

relevante e 21,1% consideram média a sua relevância para o processo de melhoria

contínua.

Qual o grau de dificuldade em estabelecer um tema para o Kaizen?

Gráfico 43 – Qual o grau de dificuldade em estabelecer um tema para o Kaizen? Fonte: O próprio autor

Os gestores acreditam haver uma dificuldade média a respeito do

estabelecimento de um tema para o Kaizen (47,4%), 31,6% acham pouca dificuldade,

21,1%

47,4%

31,5%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%50,0%

Médio Muito Totalmente

5,3%

31,6%

47,4%

15,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Nada Pouco Médio Muito

Page 110: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

110

15,7% possuem muita dificuldade e 5,3% não apresentam nenhuma dificuldade para o

estabelecimento de um tema para a semana Kaizen.

Quanto as metas pré-estabelecidas pelo time são coerentes com a realidade da área?

Gráfico 44 – Quanto as metas pré-estabelecidas pelo time são coerentes com a realidade da área? Fonte: O próprio autor

Para 52,6% dos gestores entrevistados, as metas têm um nível médio de

coerência com a realidade da área, 31,6% acreditam que há muita coerência, 10,5%

acham que as metas são totalmente coerentes com a realidade da área e 5,3%

alegaram que há pouca coerência.

Qual o grau de dificuldade em estabelecer metas dos Kaizens?

Gráfico 45 – Qual o grau de dificuldade em estabelecer metas dos Kaizens? Fonte: O próprio autor

5,3%

52,6%

31,6%

10,5%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

5,3%

31,6%

47,4%

15,7%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%50,0%

Nada Pouco Médio Muito

Page 111: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

111

Quanto ao estabelecimento de metas para o Kaizen, 47,4% dos gestores

encontram-se, de forma mediana, dificuldades, 31,6% encontram pouca dificuldade,

15,7% consideram haver muita dificuldade e 5,3% apresentam nenhuma dificuldade.

Qual o grau de aplicabilidade das melhorias propostas?

Gráfico 46 – Qual o grau de aplicabilidade das melhorias propostas? Fonte: O próprio autor

Para 42,1% dos gerentes e supervisores entrevistados há muita aplicabilidade

das melhorias propostas pelo Kaizen, 21,1% acredita que a aplicabilidade é média ou

pouca, em ambos os casos e 15,7% consideram totalmente aplicáveis as melhorias

propostas.

Qual o grau de monitoramento das implementações das melhorias propostas para 30

dias?

Gráfico 47 – Qual o grau de monitoramento das implementações das melhorias propostas para 30 dias? Fonte: O próprio autor

21,1% 21,1%

42,1%

15,7%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

21,1%26,3%

42,1%

10,5%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

Page 112: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

112

Os gestores acreditam haver muito monitoramento das implementações

propostas para 30 dias (42,1%), 26,3% acredita que há um médio monitoramento,

21,1% acreditam haver pouco monitoramento das atividades pós-Kaizen e 10,5%

alegam que este monitoramento acontece integralmente.

Qual a sua percepção sobre os benefícios trazidos pelos Kaizens realizados na sua

área?

Gráfico 48 – Qual a sua percepção sobre os benefícios trazidos pelos Kaizen realizados na sua área? Fonte: O próprio autor

Para 63,2% dos gestores, os benefícios trazidos pelos Kaizens realizados na sua

área são muitos, 15,8% classificam como médios os benefícios trazidos, 10,5%,

consideram totais os benefícios adquiridos pelos Kaizens e com este mesmo

percentual, observam pouco os benefícios trazidos.

Qual o grau de comprometimento dos funcionários na participação dos Kaizens?

Gráfico 49 – Qual o grau de comprometimento dos funcionários na participação dos Kaizens? Fonte: O próprio autor

10,5%15,8%

63,2%

10,5%

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

10,5%

47,4%42,1%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

Médio Muito Totalmente

Page 113: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

113

Quanto ao grau de comprometimento dos funcionários na participação dos

Kaizens, 47,4% acreditam ser muito este comprometimento, 42,1% o percebem

totalmente e para 10,5%, o comprometimento é médio.

Você considera que a modificação pós-Kaizen continua com o decorrer do tempo?

Gráfico 50 – Você considera que a modificação pós – Kaizen continua com o decorrer do tempo? Fonte: O próprio autor

Os gestores entrevistados consideram haver média a continuação das

modificações propostas pelo Kaizen com o decorrer do tempo (55,6%), para 38,8%

consideram haver muita a continuação das modificações e 5,6% declaram haver pouco

monitoramento.

Na sua opinião, existe relação entre as ferramentas de melhoria contínua (Kaizen, Lean

Sigma, Banco de Idéias)?

Gráfico 51 – Na sua opinião, existe relação entre as ferramentas de melhoria contínua (Kaizen, Lean Sigma, Bando de Idéias)? Fonte: O próprio autor

5,6%

55,6%

38,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito

78,9%

10,5%

5,3%

5,3%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

Sim

Em parte

Não

N.A

Page 114: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

114

O gráfico acima mostra que 78,9% dos gestores disseram que há relações entre

as ferramentas de melhoria contínua (Kaizen, Lean Sigma, Banco de Idéias), já que

todas elas buscam a melhoria contínua e se complementam.

Para 10,5%, essa relação acontece em parte. Foi mencionado que há algumas

restrições quanto à relação com o Banco de Idéias, já que deve ser analisado em

conjunto com o Kaizen.

E para 5,3%, não há relação por que consideram ferramentas distintas dentro do

processo de melhoria contínua. Ressalta-se que 5,3% não se posicionaram a respeito.

4.3.2 Correlações

A seguir encontram-se os cruzamentos de algumas questões dos questionários

aplicados. Esses cruzamentos foram realizados através do software estatístico SPSS,

através do qual pode-se retirar esses dados compilados.

É importante ressaltar que os gráficos foram desenvolvidos com o cálculo do

número de colaboradores que optaram por uma das escalas, multiplicado pelas

seguintes ponderações: para nada – 1; pouco – 2; médio – 3; muito – 4 e Totalmente –

5 e, em seguida, somando esses valores, que é o valor do gráfico. A fórmula encontra-

se a seguir:

Figura 16 – Fórmula Fonte: O próprio autor

A partir desse valor foram criados gráficos, que serão visualizados a seguir,

dentro dos quais poderá vislumbrar uma linha de tendência onde é possível verificar a

disposição dos resultados dessas correlações.

Desta forma, fica explicitado as correlações que essas questões possuem,

buscando outras informações a respeito da implantação da filosofia Kaizen na fábrica

que não foram abordadas diretamente nos questionários aplicados.

Qtde de colaboradores por escala x Ponderação (1,2,3,4 ou 5) = X ΣX = Valor

Page 115: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

115

Satisfação com os Kaizens realizados x Divulgação dos resultados

Gráfico 52 – Satisfação com os Kaizen realizados x Divulgação dos resultados Fonte: O próprio autor

O gráfico acima mostra a relação existente entre a satisfação com os Kaizens e a

divulgação dos resultados nas áreas na perspectiva dos colaboradores que nunca

participaram de Kaizen.

No eixo x encontra-se os resultados da pergunta “Como os resultados obtidos

com o Kaizens são divulgados na sua área?” e no y, “ Qual o seu grau de satisfação

com os Kaizens realizados na sua área?”.

Através das ponderações, percebe-se que quanto maior a percepção da

divulgação por parte dos colaboradores que nunca participaram de Kaizen, maior é a

Satisfação com os Kaizens realizados.

A linha de tendência comprova este resultado, uma vez que ela apresenta uma

elevação crescente.

2

30

54 56

0102030405060708090

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

Divulgação dos resultados

Satis

façã

o co

m o

s K

aize

ns

real

izad

os

Page 116: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

116

Tabela 5 – Divulgação dos Resultados x Satisfação com os Kaizen realizados x Divulgação dos resultados

Nada Pouco Médio Muito Totalmente1 2 0 6 0 02 0 20 6 16 03 0 8 27 4 04 0 2 15 36 05 0 0 0 0 0

Σ 2 30 54 56 0

Divulgação dos Resultados

Satis

façã

oco

mos

Kaiz

ens

real

izad

os

Fonte: O próprio autor

A tabela acima demonstra os valores das ponderações. A linha do somatório

são os valores que constam no gráfico e os demais valores são aqueles que foram

ponderados de acordo com a metodologia citada anteriormente.

Conhecimento da Filosofia x Participação Indireta

Gráfico 53 – Conhecimento da Filosofia x Participação indireta Fonte: O próprio autor

Através do gráfico acima é possível visualizar a correlação entre o conhecimento

da filosofia, para os não participantes de Kaizen, e a sua participação indireta nas

semanas.

No eixo x encontra-se os resultados da pergunta “Quanto você participou

indiretamente de Kaizen?” e no y, “Quanto você conhece a filosofia Kaizen?”.

Através das ponderações, percebe-se que quanto maior a participação indireta

nas semanas Kaizens, maior estes consideram conhecer a filosofia Kaizen.

18

2830

36

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Nada Pouco Médio Muito

Participação Indireta

Con

heci

men

to d

a Fi

loso

fia

Page 117: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

117

A linha de tendência comprova este resultado, uma vez que ela apresenta uma

elevação crescente dos resultados.

Tabela 6 - Conhecimento da Filosofia x Participação indireta

Nada Pouco Médio Muito Totalmente1 0 0 0 0 02 14 16 0 4 03 4 12 30 20 04 0 0 0 12 05 0 0 0 0 0

Σ 18 28 30 36 0

Participação IndiretaC

onhe

cim

ento

da

Filo

sofia

Fonte: O próprio autor

A tabela acima demonstra os valores das ponderações. A linha do somatório

são os valores que constam no gráfico e os demais valores são aqueles que foram

ponderados de acordo com a metodologia citada anteriormente.

Satisfação com os Kaizens x Divulgação dos Resultados

Gráfico 54 – Satisfação com os Kaizens x Divulgação dos Resultados Fonte: O próprio

O gráfico acima mostra a relação existente entre a satisfação com os Kaizens e a

divulgação dos resultados nas áreas na perspectiva dos colaboradores com uma e

quatro participações.

2

26 2724

05

101520253035

Nada Pouco Médio Muito

Divulgação

Satis

façã

o co

m o

s K

aize

ns

Page 118: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

118

No eixo x encontra-se os resultados da pergunta “Como os resultados obtidos

com os Kaizens são divulgados na sua área” e no y, “Qual o seu grau de satisfação

com os Kaizens realizados na sua área”.

Através das ponderações, percebe-se que um aumento na percepção da

divulgação, promove um crescimento da satisfação com os Kaizens realizados, porém

no nível “muito”, acontece uma pequena queda dessa satisfação.

A linha de tendência comprova este resultado, uma vez que ela apresenta uma

elevação crescente.

Tabela 7 - Satisfação com os Kaizens x Divulgação dos Resultados

Nada Pouco Médio Muito Totalmente1 0 0 0 0 02 1 12 3 0 03 1 8 9 8 04 0 4 15 12 05 0 2 0 4 0

Σ 2 26 27 24 0

Divulgação

Satis

façã

oco

mos

Kai

zens

Fonte: O próprio autor

A tabela acima demonstra os valores das ponderações. A linha do somatório

são os valores que constam no gráfico e os demais valores são aqueles que foram

ponderados de acordo com a metodologia citada anteriormente

Page 119: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

119

Satisfação com as Semanas Kaizens x Elaboração das metas

Gráfico 55 – Satisfação com as semanas x Elaboração das metas Fonte: O próprio autor

O gráfico acima demonstra a correlação entre a eficácia da elaboração das

metas dos Kaizens e a satisfação dos colaboradores participantes durante a semana

Kaizen da qual fizeram parte.

No eixo x encontra-se os resultados da pergunta “Quanto as metas foram bem

elaboradas?” e no y, “ Quanto você ficou satisfeito com a semana do Workshop Kaizen

que participou?”.

Através das ponderações, percebe-se que um aumento na percepção da eficácia

na elaboração das metas causa um crescimento da satisfação com as semanas

Kaizens, porém no nível “Totalmente”, acontece uma queda dessa satisfação.

A linha de tendência comprova este resultado, uma vez que ela apresenta uma

elevação crescente apesar de possuir uma menor inclinação devido a queda do valor

no nível “Totalmente”.

Tabela 8 - Satisfação com as semanas x Elaboração das metas

Nada Pouco Médio Muito Totalmente1 0 0 0 0 02 1 0 9 0 03 0 2 9 8 54 0 2 15 52 55 0 0 0 20 5

Σ 1 4 33 80 15

Eficácia na elaboração das metas

Satis

façã

oco

mas

Sem

anas

Kaiz

ens

Fonte: O próprio autor

1 4

33

80

15

0102030405060708090

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

Elaboração das Metas

Satis

façã

o co

m a

s Se

man

as

Kai

zens

Page 120: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

120

A tabela acima demonstra os valores das ponderações. A linha do somatório

são os valores que constam no gráfico e a diminuição do nível “Totalmente” acontece

devido a uma menor concentração de colaboradores neste ponto da escala.

Conhecimento da Filosofia x Percepção dos Resultados

Gráfico 56 – Conhecimento da Filosofia x Percepção dos Resultados Fonte: O próprio autor

Este gráfico explicita a correlação entre o conhecimento da filosofia e a

percepção dos benefícios trazidos pelos Kaizens realizados nas áreas do ponto de vista

dos gestores e consultores/líderes de Kaizens.

No eixo x encontra-se os resultados da pergunta “Quanto você conhece a

filosofia Kaizen?” e no y, “ Qual a sua percepção sobre os benefícios trazidos pelos

Kaizens realizados na sua área?”.

Através das ponderações, percebe-se que quanto mais esses colaboradores

consideram conhecer a filosofia, maior é a sua percepção dos resultados de Kaizen,

porém no nível “Totalmente” essa tendência não acontece, diminuindo esse valor.

A linha de tendência comprova este resultado, uma vez que ela apresenta uma

elevação crescente apesar de possuir uma menor inclinação devido a queda do valor

no nível “Totalmente”.

0 0

39

75

25

01020304050607080

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

Conhecimento da Filosofia

Perc

epçã

o do

s R

esul

tado

s

Page 121: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

121

Tabela 9 – Conhecimento da Filosofia x Percepção dos Resultados

Nada Pouco Médio Muito Totalmente1 0 0 0 0 02 0 0 2 4 03 0 0 9 6 34 0 0 28 60 125 0 0 0 5 10

Σ 0 0 39 75 25

Conhecimento da filosofia

Perc

epçã

odo

sR

esul

tado

s

Fonte: O próprio autor

A tabela acima demonstra os valores das ponderações. A linha do somatório

são os valores que constam no gráfico , verificando que a queda no nível “Totalmente”

acontece devido ao menor número de colaboradores que optaram por esta escala

Conhecimento da Filosofia x Ferramenta fundamental para Melhoria Contínua

Gráfico 57 – Conhecimento da Filosofia x Ferramenta Fundamental para Melhoria Contínua Fonte: O próprio autor

O gráfico acima demonstra a relação entre o conhecimento da filosofia e a

importância do Kaizen dentro do processo de melhoria continua na visão dos gestores e

consultores/líderes de Kaizens.

No eixo x encontra-se os resultados da pergunta “Quanto você conhece a

filosofia Kaizen?” e no y, “Quanto você considera o Kaizen como ferramenta

fundamental para o processo de melhoria contínua”.

0 0

44

90

26

0

20

40

60

80

100

Nada Pouco Médio Muito Totalmente

Conhecimento da Filosofia

Ferr

amen

ta F

unda

men

tal p

ara

Mel

horia

Con

tínua

Page 122: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

122

Através das ponderações, percebe-se que quanto mais esses colaboradores

consideram conhecer a filosofia, mais eles a consideram como uma ferramenta

fundamental para o processo de melhoria contínua, porém no nível “Totalmente” esse

valor diminui.

A linha de tendência comprova este resultado, uma vez que ela apresenta uma

elevação crescente apesar de possuir uma menor inclinação devido a queda do valor

no nível “Totalmente”.

Tabela 10 – Conhecimento da Filosofia x Ferramenta Fundamental para Melhoria Contínua

Nada Pouco Médio Muito Totalmente1 0 0 0 0 02 0 0 0 0 03 0 0 3 9 04 0 0 36 16 165 0 0 5 65 10

Σ 0 0 44 90 26Ferr

amen

tal

Fund

amen

tal

para

Mel

horia

Con

tínua

Conhecimento da filosofia

Fonte: O próprio autor

A tabela acima demonstra os valores das ponderações. A linha do somatório

são os valores que constam no gráfico, verificando que a queda no nível “Totalmente”

acontece pela menor concentração de colaboradores neste ponto da escala.

4.3.3 Resultados Gerais 4.3.3.1 Não Participantes e Participantes de Kaizens

Page 123: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

123

Você gostaria de participar de Kaizens?

Gráfico 58 – Você gostaria de participar de Kaizens? ( Não participantes e Participantes) Fonte: O próprio autor

De acordo com o gráfico acima, tem-se que 81,1% dos colaboradores

entrevistados, entre aqueles que nunca participaram de Kaizen e aqueles que já

tiveram participações, desejam participar de Kaizens e 18,9% não desejariam participar

de Kaizens.

4.3.3.2 Todos Colaboradores

Quanto você conhece a filosofia Kaizen?

Gráfico 59 – Quanto você conhece a filosofia Kaizen? (Geral) Fonte: O próprio autor

Dentre todos os colaboradores que participaram desta pesquisa, 48,8%

consideram ter um conhecimento médio da filosofia Kaizen, 25,2% conhecer muito a

filosofia, 20,5% conhecer pouco a filosofia e 5,5% declararam conhecer totalmente a

filosofia.

81,1%

18,9%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Sim Não

20,5%

48,8%

25,2%

5,5%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Pouco Médio Muito Totalmente

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124

4.3.4 Pesquisa Qualitativa 4.3.4.1 Colaboradores com participações em Kaizens

Quais foram as dificuldades encontradas durante a semana?

Esta pergunta foi feita a fim de se mapear quais são as dificuldades encontradas

para os colaboradores que fizeram somente um Kaizen e para aqueles que já

realizaram quatro.

Para os que participaram uma vez em Kaizen, as principais dificuldades

encontradas foram:

• Demora na distribuição das tarefas;

• Dificuldade com os contatos necessários;

• Colaboradores não abertos à mudanças;

• Metas complicadas;

• Falta de colaboração da chefia;

• Dificuldade em conciliar as atividades diárias;

• Dificuldades técnicas;

• Integração com os participantes;

• Liderança inflexível;

• Tempo para conclusão das atividades;

• Direcionamento das metas;

• Falta de comunicação;

Para os colaboradores que participaram quatro vezes as dificuldades foram:

• Conciliar as decisões técnicas com a cultura organizacional;

• Entender os objetivos;

• Falta de comprometimento dos participantes;

• Regras corporativas sem potencial de melhoria;

• Falta de tempo (quebra da 4ª Feira);

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125

• Resistência à mudança.

4.3.4.2 Colaboradores Gestores

Qual critério de decisão com relação a disponibilização do funcionário para participar da

semana de Kaizen?

Esta questão foi feita aos gestores da fábrica. Tem o intuito de se verificar quais

são os fatores para disponibilizar os colaboradores para as semanas Kaizens.

Alguns fatores foram identificados como:

• Necessidade de um especialista na semana Kaizen;

• Disponibilidade do colaborador durante a semana;

• Ampliação da filosofia (novos participantes);

• Kaizen sempre prioritário;

• Interesse do funcionário em participar da semana Kaizen.

4.3.4.3 Todos Colaboradores

Você tem sugestões de melhoria para a ferramenta Kaizen?

Esta pergunta foi comum à todos os questionários. É um espaço aberto para o

colaborador mostrar suas sugestões de melhorias e levantar possíveis falhas na

dinâmica do Kaizen. É interessante observar que as sugestões partem de uma visão

restrita para uma visão mais holística dos procedimentos de Kaizen.

Na visão dos Não participantes, destacam-se as seguintes sugestões:

• Oportunidade para novos colaboradores participarem das Semanas Kaizens;

• Consulta prévia da área envolvida bem como divulgação de que acontecerá

Kaizen naquela semana;

• Havendo a necessidade de modificações, informar sobre a alteração,

principalmente para os colaboradores afetados;

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126

• Envolver os colaboradores, mesmo que indiretamente, nas atividades do

Kaizen, para que não sofram grandes impactos depois da mudança e

fundamentalmente escutá-los durante essas decisões;

• Preocupar com questões ergonômicas;

• Divulgar as melhorias para a área afetada pós- Kaizens.

As sugestões dos participantes que tiveram uma participação foram as

seguintes:

• Os próprios integrantes dos times apresentarem as modificações dos Kaizens

nas áreas, uma vez que eles conhecem mais do processo;

• Auditorias anuais, por exemplo, para verificar se as modificações estão

realmente ocorrendo;

• Realizar Kaizens quando realmente necessário uma vez que a filosofia deve

fazer parte do dia-a-dia dos colaboradores.

Para os participantes com quatro participações, as sugestões estão listadas a

seguir:

• Após o Brainstorming, definir melhor quais pontos atacar;

• Quando da realização de Kaizens com o mesmo assunto, alocar um

colaborador participante do antigo Kaizen uma vez que já se tornou um

especialista do assunto;

• Apoio maior do consultor para que evite o acúmulo de tarefas para 30 dias;

• Maior envolvimento da gerência;

• Respeito à filosofia sem interesses departamentais;

• Flexibilidade da dinâmica do Kaizen, como diminuição do número de

participantes.

Os consultores/líderes de Kaizen apresentaram as seguintes sugestões:

• Divulgar em um painel central os resultados dos Kaizens realizados (de

preferência por área;

• Maior participação dos consultores na definição de projetos Kaizen;

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127

• Flexibilizar quanto ao número de participantes e dias de Kaizen de forma a

estimular os Workshops Autônomos, variando quanto à dificuldade do tema e

dessa forma, estimulando a vivência da filosofia;

• Políticas de auditorias após Kaizen 30 dias para verificar se as melhorias

perduram;

• Difundir de forma correta o sentido da filosofia Kaizen para que não se torne

uma ferramenta de “vender” a imagem do líder, consultor ou demais

participantes.

As sugestões dos gestores estão listadas a seguir:

• Flexibilização da semana, de forma a quebrar o modelo de 1 semana,

quantidades de participantes e outras regras;

• Não colocar metas de realizações de Kaizens por área;

• Análise prévia para convalidar a necessidade de realização do Kaizen na

área;

• Cada área ter seu grupo de Kaizen permanente e somente os 3 melhores

resultados do ano ser apresentado à diretoria;

• Workshops nas áreas administrativas a fim de criar temas dentro dos

processos administrativos;

• Jamais perder o foco, ser criativo na manutenção e continuidade da filosofia;

• Manter os formadores de opinião sempre atualizados;

• Criar mapeamentos de processos com a ferramenta;

• Modificar o coquetel, eliminando bebidas alcoólicas;

• Formação de Fóruns de participantes para troca de experiências;

• Fazer Kaizens com fornecedores;

• Criar uma nova proposta para o formato das apresentações.

Page 128: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

128

4.3.4.5 Demais sugestões (gestores)

A aplicação do questionário aos gestores foi feita de forma diferenciada, como já

mencionado. Como essa aplicação aconteceu como modelo “entrevista”, os gerentes e

supervisores puderam dar suas opiniões de forma bastante aberta para o pesquisador.

Alguns pontos foram levantados por esses gestores, como a necessidade de

realizar Kaizens junto a fornecedores uma vez que promove uma conseqüente melhoria

dos processos internos. Foi mencionado que o crescimento da ferramenta Lean Sigma

na fábrica provocou um desaquecimento do Kaizen: “O foco está no Lean Sigma e

depois da implantação desta ferramenta, o Kaizen ficou um tanto quanto esquecido”.

Citou-se a importância da flexibilização da dinâmica do Kaizen, principalmente

quanto ao número de colaboradores e quantidade de dias a se realizar: “A idéia é fazer

com que a estrutura do Kaizen montada seja de acordo com o tipo e complexidade do

Kaizen a se realizar”. Ressalta-se ainda, que a filosofia deve estar enraizada nos

colaboradores, sendo uma constante na rotina deles, não necessitando, em casos mais

simples, mobilizar uma semana de Workshop.

Outra questão levantada durante a aplicação destes questionários é quanto a

real necessidade em realizar Kaizens. Foi dito que muitos Kaizens são realizados para

solucionar problemas políticos, destacando os Kaizens administrativos. “Por exemplo,

apaga-se as luzes de um local não porque uma supervisão requeriu, mas porque foi

idéia do Kaizen”.

Uma sugestão interessante levantada seria a formação de times de consultores,

capazes de definirem temas de Kaizens nas áreas. A proposta seria uma semana de

Workshop no início do ano, com os consultores de Kaizen, para identificarem através

dos mapeamentos das áreas, os potenciais de melhoria. Posteriormente seria realizado

um Workshop junto aos gestores a fim de apresentar os potenciais temas de Kaizens a

se realizar. Segundo este gestor, evitaria a fixação da quantidade de Kaizens a serem

realizados por ano, que muitas vezes se faz pouco embasada, já que não foi feito

antecipadamente um estudo aprofundado dos temas a serem desenvolvidos.

Outra sugestão de mudança levantada seria a descentralização do escritório de

Kaizen. Cada área teria seu time de Kaizen e um número de 3 Kaizens, por exemplo,

seriam apresentados para a diretoria no final do ano, seguindo o modelo da Toyota.

Page 129: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

129

Esse time em cada área, por sua vez, seria responsável em convidar os participantes

de uma outra área, organizar toda a estrutura do Kaizen e ajudá-lo na sua execução.

Segundo este gestor, seria mais fácil a captação de temas para os Kaizens, sem

necessidade de “criação” de pontos de melhorias, para simplesmente o cumprimento de

metas estipuladas no início de cada ano.

Uma outra idéia levantada diz respeito ao modelo atual de treinamento. Segundo

esse gestor, deve ser feito um treinamento mais dinâmico e criativo. “Seria interessante

passar filmes de outros Kaizens para que já comece a criar nos participantes o espírito

de como é a semana Kaizen e como as pessoas se comprometem e se mostram

envolvidas”.

No que diz respeito às metas das Semanas Kaizens, acredita-se que poderiam

ser mais “agressivas”. Dessa forma, o time é estimulado a alcançar objetivos maiores,

ou seja, ir mais longe.

Foi dito que acontece um processo, em alguns casos, de “deskaizenação”, onde

há a tendência de as modificações voltarem ao que era antes. Principalmente dentro

dos Kaizens Administrativos, onde se observa mais forte esta tendência.

Ainda que aprove e considere boa a filosofia, acredita-se que dentro de um

contexto econômico, não vê sentido atualmente. Em uma visão mais financeira, cita-se

que “Ninguém vende “PC’s” ou telefones quando são tirados de alguma área.”

Alguns outros pontos mais gerais foram ditos como a não necessidade de

realização de Kaizens em algumas áreas, como em Compras. Outros disseram sobre a

criação de uma sistemática mais eficaz de mensuração dos resultados.

Alguns gestores fizeram menção sobre a atual conjuntura pela qual a fábrica

está passando. Acredita-se que este contexto não ajuda ao pleno emprego da filosofia.

Como dito por um gestor: “O momento atual trabalha em uma direção contrária, em que

há muitos recursos para atingir uma baixa produtividade”.

Vale ressaltar que foi mencionado a respeito da nova estrutura da fábrica.

Segundo um gestor, a reestruturação proporcionou uma maior facilidade na definição

de temas para o Kaizen. Passou-se a enxergar melhor, os processos, e

conseqüentemente, vislumbrar os temas potenciais.

Page 130: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

130

Cabe mencionar que a grande maioria dos gestores vislumbra a filosofia Kaizen

como fundamental dentro do processo de melhoria contínua, porém em um contexto

propício. Acredita-se que a filosofia é muito importante para a fábrica de Juiz de Fora,

ainda que hoje, seja no sentido de manutenção da ferramenta e de conscientização de

seus colaboradores para uma visão mais enxuta. Espera-se então, criatividade do

escritório Kaizen para que se mantenha vivo, nos colaboradores, este conceito.

Page 131: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

131

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Abaixo encontram-se as respostas das dúvidas apresentadas no início da

pesquisa.

Percebeu-se através da pesquisa que o conhecimento da filosofia Kaizen na

fábrica de Juiz de Fora está com um nível entre médio e muito. Isso se explica,

principalmente, pelo fato de que há um percentual considerável de colaboradores que

ainda não fizeram Kaizens (44%) e este colaboradores, de acordo com a pesquisa

realizada, consideram haver, essencialmente, pouco conhecimento da filosofia.

A respeito da satisfação dos participantes e de não participantes em relação à

filosofia foi evidenciado que os participantes de Kaizen consideram mais satisfeitos em

relação à filosofia do que os não participantes. Esses participantes se sentem, de forma

geral, muito satisfeitos com a semana da qual participaram, consideram as metas muito

bem elaboradas e acreditam que as alterações propostas trouxeram melhorias para

suas áreas. Já os não participantes, o nível é menor já que classificam como pouco e

muito as alterações propostas pelos Kaizen, a satisfação com os Kaizens realizados

nas suas áreas e as melhorias para as suas áreas. Foi dedutivo a partir dos resultados

da pesquisa, que esse nível de satisfação, à medida que os colaboradores participam

em Kaizens, são melhores percebidos. Os colaboradores com quatro participações

consideram muito satisfeitos com os Kaizens realizados nas suas áreas enquanto

aqueles com uma participação, essa satisfação fica entre pouco, médio e muito. Vale

mencionar que tanto os participantes quanto os não participantes possuem o desejo de

participar em mais Kaizens.

De acordo com a pesquisa, os não participantes de Kaizen acreditam que a

divulgação acontece pouco ou de forma média; para os participantes com uma

participação, esse nível varia entre pouco, médio, muito e totalmente; já para os

participantes com quatro participações, o nível fica entre pouco, médio e muito. Foi

dedutivo através da pesquisa que a satisfação está relacionada com a divulgação dos

Kaizens. Quanto maior a percepção da divulgação dos Kaizens nas áreas, maior a

satisfação dos colaboradores em relação aos resultados adquiridos por esses Kaizens.

Page 132: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

132

Ficou explícito na pesquisa que todos os colaboradores entrevistados tem o

desejo de participar em outros Kaizens. Isso acontece de forma balanceada, ou seja,

não há variação significativa entre aqueles que mais gostariam de participar em

Kaizens e aqueles que menos gostariam.

No que diz respeito à dificuldade em se estabelecer metas e temas de Kaizens,

os gestores a consideram alta. Através da pesquisa notou-se que esses gestores

sentem falta de mapeamentos das áreas, o que facilitaria a identificação desses temas.

Um ponto interessante que foi concluído na pesquisa é que a filosofia Kaizen na

planta de Juiz de Fora está implantada em quase sua totalidade. Isso é explicado pelo

fato de que de uma forma geral, os participantes de Kaizen consideram conhecer a

filosofia Kaizen e esses colaboradores representam mais da metade do total de

colaboradores dessa fábrica. Apesar de os colaboradores que nunca fizeram Kaizen

considerarem conhecer pouco a filosofia, a pesquisa mostrou que uma grande parte

deles já teve um certo tipo de contato com a ferramenta já que participaram

indiretamente de Kaizens.

Por último, foi constatado na pesquisa que a valorização da filosofia está

diretamente relacionada com o conhecimento dos gestores e consultores. Percebe-se

que quanto mais esses colaboradores consideram conhecer a filosofia Kaizen mais eles

acham que ela é fundamental dentro do processo de melhoria contínua.

A seguir segue algumas sugestões de melhorias baseando nas respostas dos

entrevistados.

Percebeu-se através da pesquisa realizada e no que diz respeito aos não

participantes de Kaizen, a necessidade de um incentivo quanto às novas participações.

É interessante disseminar a filosofia aos colaboradores que nunca participaram. Esses

colaboradores desejam participar de Kaizens (86%) e ainda, não participam porque

nunca foram convidados (78%). Outro dado interessante é que esses colaboradores já

participaram indiretamente de Kaizens, ainda que poucas vezes (64%). Isso permite,

um contato indireto com a filosofia o que promove um crescimento quanto ao

conhecimento da filosofia. Como comprovado, percebeu-se que quanto maior a

participação indireta em Kaizens, maior o conhecimento da filosofia. Atualmente têm-se

realizado Kaizens e incentivado as novas participações, principalmente no sentido de

Page 133: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

133

ocupação dos colaboradores. Isso tem proporcionado um crescimento do número de

novas participações atingindo um percentual de 56% de colaboradores desta planta que

já participaram efetivamente de Kaizens.

Outro ponto diz respeito à divulgação dos resultados de Kaizen. A maioria dos

colaboradores identifica uma oportunidade de melhoria neste ponto. Esta divulgação é

importante para a solidificação da filosofia na fábrica. Isso foi comprovado na pesquisa,

onde percebeu-se que a divulgação está diretamente relacionada com a satisfação dos

colaboradores com os Kaizens realizados nas suas áreas. Assim, vê-se que quanto

mais os colaboradores sentem que os Kaizens são bem divulgados, mas eles se

sentem satisfeitos. Uma proposta seria enviar um e-mail, a cada Kaizen finalizado, para

os colaboradores da área, sobre os resultados dos Kaizens. Já que a ferramenta

disponibilizada pela fábrica, lótus notes, possui grupos relacionados às áreas , este

envio se torna mais fácil. Este procedimento poderia entrar no check list de

funcionamento da semana, tornando assim uma rotina do escritório Kaizen. Desta

forma, os colaboradores das áreas seriam informados sobre as modificações ocorridas

com os Kaizens e conseqüentemente uma maior satisfação quanto aos Kaizens

realizados.

Algumas informações são importantes que sejam disseminadas durante o

treinamento do primeiro dia da semana Kaizen. Faz-se necessário ficar claro que

quaisquer modificações que sejam feitas durante a semana, devem ser consultadas

com as pessoas das áreas. Os colaboradores afetados devem ser além de consultados,

avisados sobre as modificações. Isso devem-se às sugestões que os não participantes

fizeram na pesquisa. Espera-se que as mudanças não sejam pegas de surpresa pelos

colaboradores.

Outro ponto destacado é a questão de muitas alterações não perdurarem com o

tempo. A idéia seria criar, após o fechamento de Kaizen, um check list que o líder

deverá fazer, após 3 e 9 meses sobre a área afetada. Seria uma espécie de auditoria

que irá confirmar as modificações ocorridas.

As alterações nas apresentações de treinamento devem ser feitas a fim de que

os participantes se sintam motivados a participarem delas. Cada treinamento poderá

ser feito de uma forma um pouco diferente. Desta forma, os colaboradores que tiveram

Page 134: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

134

quatro participações não se sentiriam desmotivados em participar dos treinamentos

iniciais de Kaizen. Seria interessante a apresentação de vídeos de outros Kaizens para

que a equipe já possa sentir o clima das atividades Kaizens. Neste mesmo aspecto os

modelos de apresentação deveriam também se tornar mais flexíveis aos grupos de

Kaizen. É cabível que se tenha um modelo para nortear a equipe e é interessante

também que cada colaborador apresente um slide a respeito dos resultados da

semana. Porém deve ser livre para cada time fazer a sua apresentação.

Atualmente a filosofia Kaizen nesta fábrica passa por um momento de

modificação. É importante que se trabalhe mais no sentido de pulverizar a filosofia,

tornar parte da vivência do colaborador e por isso, a idéia de quebrar algumas regras

faz-se necessário para a maturação do Kaizen nesta fábrica. Por isso, é interessante

que sejam realizados mais Kaizens autônomos nesse sentido para que se possa

disseminar mais este conceito. O incentivo também para que sejam realizados

“pequenos” Kaizens nas áreas é interessante.

É em respeito a essa filosofia, que o escritório Kaizen está buscando a melhoria

de seus processos internos. Como responsável pela implantação do processo de

melhoria contínua, deve a todo momento, fazer alterações dos seus procedimentos. Só

que nenhuma melhoria não se faz sem a ajuda de todos os colaboradores da fábrica, já

que quando se fala de Kaizen, se fala de gestores ao chão de fábrica. O Kaizen torna-

se assim, uma obrigação de todos os indivíduos da empresa. A filosofia Kaizen está inserida no sistema de produção da fábrica, o que

contribui muito para a aplicação do melhoramento contínuo na empresa. O SPJ garante

que as diversas áreas da organização estejam engajadas na realização de melhorias

sistêmicas. O forte apoio da diretoria também é um dos fatores que garante a

aplicabilidade do Kaizen na organização. Mas ainda há muito trabalho a ser feito para

que a empresa alcance os níveis de aplicação projetados. Em seus cinco anos de

aplicação, mais da metade da empresa conhece a filosofia o que se apresenta como

um resultado, entretanto, como meta, estima-se que este esforço de disseminação

assuma patamares ainda mais elevados.

Uma outra interessante sugestão, seria a de elaborar treinamentos voltados para

a gestão pela qualidade total, que fariam parte da capacitação dos consultores de

Page 135: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

135

Kaizen, funcionando também como uma forma de reciclagem. Estes, por sua vez,

poderiam abordar ferramentas e técnicas que podem contribuir para o monitoramento

da qualidade e casos de aplicação e estudo, que poderão ampliar o grau de

capacitação para que o consultor tenha sempre uma mentalidade voltada para o

melhoramento cíclico.

Também seria de grande valia para a organização a elaboração de um

treinamento mais completo para o líder e o co-líder do time de Kaizen. Apesar de serem

colaboradores que apresentam um perfil motivador e pró-ativo, este treinamento

complementaria a formação dos mesmos quanto aos conhecimentos técnicos a respeito

da metodologia Kaizen. Hoje é realizado um treinamento que antecede o evento

visando o nivelamento de informações pertinentes ao tema e ao papel destes

colaboradores frente à equipe.

Um outro ponto interessante é a questão da aceitação de mudanças. O

Kaizen é representado pela ação para a mudança, que nem sempre é bem recebida

pelos colaboradores. Alterar rotinas de trabalho, postos de trabalho e ambientes físicos

sempre causa um certo desconforto e uma sensação de insegurança quanto ao que

pode acontecer. Hoje o Kaizen já não representa uma transformação tão agressiva

quanto no início de implantação, mais conhecido por “Kai-quem”. É claro que ainda se

observa a existência da tendência ao sentimento de indiferença quanto aos

colaboradores participantes em um evento Kaizen, principalmente em áreas ligadas aos

processos operacionais, mas isto não ocorre com a mesma intensidade.

Tanto no Brasil como em outros países, o processo de melhoria contínua esta

ligado diretamente a dois fatores: um a cultura e o outro o total envolvimento da alta

gestão, implantar um processo de melhoria nas empresas, antes de mais nada a

Diretoria tem que dar total apoio, mesmo não tendo total conhecimento da filosofia, tem

que se ter muita disciplina, criar as regras e fazer cumpri-las.

Podemos concluir que pelos resultados tangíveis já mencionados pelos

resultados intangíveis que foram apresentados através da coleta de dados é evidente

que se uma empresa que quer melhorar sua competitividade e por que não dizer ter

mais garantia a sua sustentabilidade, um dos caminhos mais curtos a seguir, poderia

ser através da melhoria continua, ou seja, o KAIZEN.

Page 136: julio aragon briales melhoria contínua através do kaizen

136

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140

GLOSSÁRIO

Cadeia de Valor - Atividades específicas necessárias para projetar, pedir e oferecer um

produto específico, da concepção ao lançamento, do pedido à entrega e da matéria-

prima às mãos do cliente.

Cycle-time - Tempo necessário para se completar o ciclo de uma operação, estão

incluídos os tempos de operação, de transporte e o tempo de inspeção ou controle.

Estoque em processo - Prática do sistema de produção em massa em que são

produzidas grandes quantidades de um único tipo de peça. Este estoque é gerado

dentro do sistema produtivo quando uma determinada operação é completa e as peças

são enviadas ao processo seguinte, gerando filas de espera.

Flexibilização - É a capacidade de adaptação da empresa em relação ao mix de

produtos que são solicitados pelos clientes.

Folha de combinação de trabalho padrão - Ë a folha na qual estão descritas as

atividades que são executadas pelo operador num determinado posto de trabalho. São

descritos os tempos manuais, automáticos e o tempo gasto para o operador

movimentar-se entre os diversos postos de trabalho. Essa folha dever ser colocada no

posto de trabalho.

Heyjunka (Nivelamento) – Criação de um “cronograma nivelado” por meio do

seqüenciamento dos pedidos em um padrão repetitivo e eliminação das variações

cotidianas nos pedidos totais, de modo a corresponder à demanda de longo prazo. Por

exemplo, se o cliente, durante o período de uma semana, solicitar 200 unidades do

produto a 200 do produto B e 400 do produto C em lotes de 200, 200 e 400

respectivamente, o cronograma nivelado seqüenciaria seu processamento na

progressão A, C, B, C, A, C, B, C, A,...

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Jidoka - (Autonomação) – É o segundo pilar de sustentação do Sistema Toyota de

produção, é composto por 3 itens:

• Transferir tanto quanto possível o trabalho do homem para a máquina.

• Adaptar dispositivos as máquinas automáticas para detectar irregularidades no

processo produtivo, somente uma peca deve ser produzida, com efeito.

• Transferir autonomia para o homem, ou seja, a linha de montagem deve ser

parada quando for detectado algum problema.

Lead Time – É o tempo necessário para que um produto evolua da sua concepção até

o lançamento, do pedido ate sua entrega, da matéria-prima ate o produto acabado.

Estão incluídos nesse tempo, os tempos de processamento, espera controle e

transporte.

Lean Production – Denominação dada pelos autores do livro “A máquina que mudou o

mundo” ao Sistema Toyota de produção. É lean production porque utiliza menor

quantidade de recursos como máquinas, estoques, mão-de-obra, área, etc.

Mapeamento do Fluxo de Valor – Identificação de todas as atividades especificas que

ocorrem ao longo da cadeia de valor referente a um produto ou a uma família de

produtos.

Operação - Atividade ou atividades realizadas em um produto por uma máquina One – piece –flow – Tem como objetivo otimizar o suprimento de peças para satisfazer

a demanda do cliente. Como vantagens de aplicação deste sistema pode-se citar a

visualização e controle das peças no processo e também a eliminação da possibilidade

de criação de estoques intermediários desnecessários que prejudicam o fluxo de

produção.

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Operário Multifuncional – É o operário que foi treinado para operar diferentes tipos de

equipamentos de produção. O operário multifuncional é essencial à criação de células

de manufatura nas quais cada operador pode operar vários equipamentos.

Pensamento enxuto - Conforme Womack e Jones, o pensamento enxuto pode se

resumido em cinco princípios?

• Determinar precisamente o valor de produto específico

• Identificar a cadeia de valor para cada produto

• Fazer o valor fluir sem interrupções / Buscar a perfeição

• Deixar que o cliente puxe valor do produtor

Em resumo, o pensamento é enxuto porque é uma forma de faze cada vez mais

utilizando cada vez menos, ou seja, menos esforço humano, menos equipamento,

menos tempo e menos espaço. Simultaneamente, o objetivo é aproximar-se cada vez

mais dos clientes para oferecer exatamente o que eles desejam.

LeanSigma - União entre as filosofias Kaizen e 6 Sigma.

Processo – Série de operações individuais necessárias para criar um produto, um

projeto ou um pedido. Takt-time – É o ritmo que deve ser aplicado no sistema produtivo, deverá ser obtido em

função da demanda do cliente, ou seja, para se calcular o takt-time é necessário dividir

o tempo líquido de produção num determinado período pela demanda do cliente no

mesmo período. Por exemplo, o período líquido de trabalho por dia é 480min/dia e a

demanda diária de um determinado produto é de 120 peças/dia, logo o takt-time será

480/120, que é igual a 4 min/peças, ou seja, a cada 4min/peça, ou seja, a cada 4

minutos deverá estar pronta uma peça. Técnicas Enxutas - São as técnicas que foram desenvolvidas pela Toyota e que

compõem o Sistema Toyota de produção. Como exemplo pode-se citar o setup, células

de manufatura, kanban, Heyyjunka, poka-yoke.

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APÊNDICE A – EXEMPLO CHEKLIST DAS ATIVIDADES DO ESCRITÓRIO DE

KAIZEN

12/dez

Quando

12 a 16/1260ª Semana SPJ CCJ

CCJ Atividade Quem Quando

OK OK Agendar data com as Áreas Solicitantes Roland 07/nov 5 Semanas

Enviar e- mail com o Questionário Padrão de Kaizen e a Lista de Potencial Laíce 07/nov 5 Semanas

Definir metas Roland 21/nov 3 Semanas

Formar equipes Roland 21/nov 3 Semanas

Definir Consultores e Sombras Roland 21/nov 3 Semanas

Notificar o Co-Lider para apresentar as Metas, 2 semanas antes na AP ou Michilini Laíce 21/nov 3 Semanas

Convite para times ( Pegar as assinaturas da Diretoria ) Laíce 21/nov 3 Semanas

Agendar apresentação dos Co-líderes na Reunião AP Roland 21/nov 3 Semanas

Reserva da Sala 2 DA -Sexta das 8:00 as 13:00 e H/JP - Sexta das 12:30 as 17:00 ) Laíce 21/nov 3 Semanas

Reserva do Salão de Mármore para o Coquetel. ( Sexta das 13:00 as 18:00 ) Laíce 21/nov 3 Semanas

Reserva de Sala Reunião 2 DA - (Seg/Ter/Qui das 15:45 as 17:00 ) Laíce 21/nov 3 Semanas

Fechar agendas dos Gerentes com secretarias, p/ reuniões (Seg/Ter/Qui) 16:00 Laíce 21/nov 3 Semanas

Definir o Sponsor Roland 05/dez 1 Semana

Entregar ao Sponsor o convite, o papel do sponsor e o Questionário Padrão Roland 05/dez 1 Semana

Material de Apresentação p/ Sexta ( Técnico ) Roland 05/dez 1 Semana

Material de Apresentação p/ Sexta ( Comportamental - Atualizado ) Roland 05/dez 1 Semana

Verificar as apresentações de abertura, (inclusive da segurança) ( Atualizar ) Roland 05/dez 1 Semana

Definição de Recursos APM (Agendar reunião, líder, co-líder e repres. APM) Roland 05/dez 1 Semana

Preparar pastas com material orientativo para líder, co-líder, consultor e sombra Laíce 07/dez 1 Semana

Reunião com líder, co-líder, consultor e sombra ( Passar material orientativo Kaizen ) Laíce 07/dez 1 Semana

Termo de responsabilidade da pasta ( Cronômetros calculadoras e trenas ) Laíce 07/dez 1 Semana

Comunicar Diretoria abertura na Segunda as 9:30 e encerramento Sexta as 16:00 ( Inge) Laíce 07/dez 1 Semana

Enviar Questionário Padrão para a segurança (Herberto Cunha) Laíce 07/dez 1 Semana

Café da Sexta as 10:30 ( Responsabilidade do ACPK ) (agua,leite,café ,biscoito ) La/co-lider 07/dez 1 Semana

Material para Dinâmica dos Grupos ( Segunda ) Roland 12/dez Sexta

Imprimir etiquetas com nomes dos participantes para colete Laíce 12/dez Sexta

Material para co-líder ( Assinar termo de responsabilidade da pasta ) Laíce 12/dez Sexta

Lista de participantes: ACPK (colocar na pasta de material) Laíce 12/dez Sexta

Apostila para Sexta Laíce 12/dez Sexta

Reservar veículo para Julio Laíce 12/dez Sexta

Pedir aos grupos os nomes dos convidados para pizza e coquetel Laíce 15/dez Segunda

Pizza e coquetel ( Encomendar na Quarta ) e reservar mesas/ Coquetel Laíce 15/dez Segunda

Convidar Supervisores da Área envolvida e Gerentes para o Encerramento / Coquetel Laíce 15/dez Segunda

Preparação de Filmagem Roland 15/dez Segunda

Convidar Sombras / E convidados do ACPK ( Papel personalizado ) / Coquetel Laíce 18/dez Quinta

Convidar Secretárias Laíce 18/dez Quinta

Avaliação de Reação ( Tirar as copias e entregar para o Líder na Quinta de manhã ) Roland 18/dez Quinta

Reservar sala para Fórum Pós-Kaizen (Terça às 09:30) Roland 18/dez Quinta

Enviar convite para os consultores do Fórum Pós-Kaizen Roland 18/dez Quinta

Time ACPK lembrar de vir com a camisa na Sexta (Encerramento) TIME 18/dez Quinta

Tirar foto do Time (Máquina fotográfica: Emprestar do H/JP ou APEP) Roland 19/dez Sexta

Recolher Avaliação de Reação Laíce 19/dez Sexta

Avaliação dos participantes por parte dos líderes Laíce 22/dez Segunda

Solicitar o envio de Fotos e arquivos de antes / depois (apres. De encerramento) Laíce 22/dez Segunda

Verificar divulgação da semana Kaizen com a área de comunicação (Cíntia - 2013) Laíce 22/dez Segunda

Disponibilizar apresentações e vídeos no P:/ ACPK Laíce 22/dez Segunda

Nota fiscal / Remessa de coletes Laíce 22/dez Segunda

Enviar cópia da Lista de Participantes para Giovana e Aliene Laíce 22/dez Segunda

Protocolo Jour-Kaizen enviar para Líder e Co-líder Laíce 22/dez Segunda

Ligar para Alexandre do restaurante (5279) e pedir cópia das N.F.'s do coquetel e pizzas. Laíce 22/dez Segunda

Preparar entrega de certificados Laíce Após 30 d. -

Imprimir certificados no sistema e pegar assinaturas (Julio e Diretoria) Laíce Após 30 d. -

Verificar disponibilidade de horário dos gerentes Laíce Após 30 d. -

Informar data da entrega ao líder e co-líder (enviar e-mail) Laíce Após 30 d. -

Ligar 1 dia antes para todos os participantes lembrando da entrega Laíce Após 30 d. -

Fazer reserva de sala para entrega Laíce Após 30 d. -

Imprimir lista de controle de participantes e separar camisas Laíce Após 30 d. -

Fazer transparências para apresentação do líder Laíce Após 30 d. -

Levar Resultado Oficial Laíce Após 30 d. -

Sistema de Produção Mercedes-Benz

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APÊNDICE B – MODELO DO QUESTIONÁRIO PADRÃO DE CONSULTORIA KAIZEN

Área Coordenadora: A/MF Contato: JULIO Ramal: 2018 Ass.

Área Solicitante: Contato: Ramal: Ass. Data:

Que problemas estão ocorrendo?

Antes Kaizen Metas (%)m²%

horas / mêsmin

metrosmetrosqtde.

horas / mêshoras / mês

qtde.Quant.Quant.

minQuant.

%

ST Data Limite

Área Ramal Perfil

Moderador

Avaliação de risco no processo

ACPK

ACPK

Material para Apresentação ACPK

ACPK

Solic. café para intervalos (Segunda) ACPK

Julio Briales R-2018 09/ 07/ 01 G:Kaizen/ Questionário Padrão de Consultoria

Treinamento das Equipes

Área Neutra

Formação das Equipes

Reserva da sala para o evento

Preparação dos Líderes

Convidar Gerencia para aberturaÁrea Solicitante

Cronograma de Atividades:

Escolha de Líder e Co-Líder

Questionário Padrão de Consultoria Kaizen

O que pretende melhorar?

Nome

Quais os Objetivos?

Refugo

Budget

Percurso de Peça

WIP Estoque em ProcessoPercurso do homem

Takt-time

ColaboradoresVolume de produção diáriaTurnos de trabalho

Retrabalho

Ferramentas

OutrosOutros

(Co-Líder) (Líder )

Participantes

Data do evento:

ÁreaProdutividade

Tema do WorkShop:

Set-upLead -time

Área Cliente ou Forn.

Coordenação Projetos Estratégicos Sistema de Produção Mercedes-Benz

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APÊNDICE C – MODELO DO RESULTADO OFICIAL DE KAIZEN

De: Até:

Função Data1. Líder do Kaizen: ___/___/____2. AP - Coordenação Kaizen ___/___/____3.1 Segurança (H/JP): ___/___/____3.2. Ergonomia (H/JP): ___/___/____3.3 Meio-Ambiente (APM): ___/___/____4. Analista (CCJ): ___/___/____5. Gerente: ___/___/____6. Sponsor: ___/___/____

AntesKaizen

Metas(%)

PósKaizen

Result.(%)

ResultadoGeral (R$)

ReduçãoBudget (R$)

Área (m2)

Produtividade (%)Set-up horas / mês

Lead -time min

Percurso de Peça metros

Percurso do homem metros

WIP (anexo ) qtde. de peças

Retrabalho horas / mês

Refugo horas / mês

Colaboradores (qtde)

Volume de produção diária (qtde)

Turnos de trabalho (qtde)

Equipamentos (R$)

OutrosInvestimento (R$) Total

Ramal

Área:

Julio Briales

Dr. RonaldoClaudio Graffunder

Carlos Castro

Carlos Fernandes

Coordenação Projetos Estratégicos

Período

Resumo dos Resultados

ParticipantesNome

Resultado Oficial de KaizenTema:

Aprovação (em ordem de assinatura)

Observações

Nome Assinatura

Função no Kaizen

Itens

Área

Sistema de Produção Mercedes-Benz

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APÊNDICE D – EXEMPLO DE PROTOCOLO DE JOUR – KAIZEN (30 DIAS)

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APÊNDICE E – MODELO DA AVALIAÇÃO DE REAÇÃO

* Para que possamos ter uma melhora contínua em nossos workshops, é de extrema

importância que você nos dê sua opinião sobre alguns assuntos abaixo:

* NÃO SE IDENTIFIQUE

Conteúdo/Organização

ITEM ÓTIMO BOM REGULAR RUIMAdequação do conteúdo às expectativas do participanteMotivação pessoalInteresse em participar de outros Kaizens Coffee BreakQualidade do conteúdo do material didático apresentadoQualidade das salas de apoioDuração totalQualidade do material de apoioApoio Coordenação Projetos EstratégicosAvaliação do evento como um todo

Consultoria

Consultor do timeITEM ÓTIMO BOM REGULAR RUIM

Domínio da metodologia KaizenClareza e exposição do métodoCapacidade de prender a atenção da equipeRelacionamento com a equipePlanejamento e utilização do tempo disponívelAvaliação do consultor como um todo

Liderança

Líder do TimeITEM ÓTIMO BOM REGULAR RUIM

Domínio da metodologia KaizenCapacidade de estruturar a equipe (divisão de tarefas)Relacionamento com a equipePlanejamento e utilização do tempo disponívelContribuição do líder para o alcance dos objetivosAvaliação do líder como um todoVide verso =>

Qual era a sua expectativa antes do Kaizen?

O Kaizen atendeu às suas expectativas? Comente.

Pontos fortes da semana.

Sugestões de melhoria para a semana.

"AVALIAÇÃO DE REAÇÃO"

Sistema de Produção Mercedes-Benz

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APÊNDICE F – EXEMPLO DO RELATÓRIO DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE

REAÇÃO

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APÊNDICE G – MODELO DO QUESTIONÁRIO (NÃO – PARTICIPANTE) UTILIZADO

PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS

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APÊNDICE H – MODELO DO QUESTIONÁRIO (PARTICIPANTE 1X E 4X) UTILIZADO

PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS

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APÊNDICE I – MODELO DO QUESTIONÁRIO (CONSULTORES E LÍDERES)

UTILIZADO PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS

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APÊNDICE J – MODELO DO QUESTIONÁRIO (GESTORES) UTILIZADO PARA O

LEVANTAMENTO DE DADOS

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ANEXO A – CARTA DA TBM ( A ORIGEM DO KAIZEN NO BRASIL POR SR. WALTER

KLEMENS CHMIDT)

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ANEXO B – CARTA DA TBM ( A ORIGEM DO KAIZEN NO BRASIL )

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO TECNOLÓGICO MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

JULIO ARAGON BRIALES

MELHORIA CONTÍNUA ATRAVÉS DO KAIZEN: ESTUDO DE CASO DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL

Niterói 2005