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Juan Marsé, escritor catalão e um dos grandes nomes da literatura espanhola contemporânea, morreu no passado dia 18 de julho. Foi um dos melhores cronistas da Barcelona (cidade onde nasceu, em 1933) do pós-guerra e dos anos do franquismo. Quando em 2008 lhe foi atribuído o Prémio Cervantes, afirmou: “Fiz-me escritor porque tenho um desajuste com a realidade que me rodeia, o meu país, a minha cidade, a minha época. Isso leva-me a encontrar na literatura um mundo de experiências que não tive, mas que sonhei.” Um dos desajustes deve-se à morte da mãe pouco depois do parto, e o pai deu-o em adoção a um casal amigo que acabava de perder um filho. Hábil nas descrições, como poucos, vai retratando a sociedade com textos de grande realismo social, o que, aliado à sua condição de trabalhador e de autodidata, levou a que o apelidassem de “escritor obrero”. Com os também catalães Manuel Vásquez Montalbán, Jaime Gil de Biedna, Juan Goytisolo e Eduardo Mendonza, entre outros, fez parte da famosa “Geração dos 50”. Era conhecida a sua paixão pelo cinema, quer como espectador, quer como guionista, tendo afirmado que a sua aprendizagem do ofício de narrar aconteceu com o cinema, “sempre gostei mais de trabalhar com imagens que com ideias”. D QUATRO LIVROS PARA DESCOBRIR JUAN MARSÉ Últimas tardes com Teresa A consagração de Juan Marsé chegou com a sua terceira obra que publicou em 1966. Um retrato certeiro e preciso da Barcelona do pós-guerra, que relata a ligação entre um marginal, Pijoaparte, ladrão de automóveis, e Teresa uma jovem da alta burguesia que fica fascinada pelo rapaz que julga ser um operário marxista e revolucionário. Uma obra nascida em pleno franquismo mas que crava as garras na sociedade espanhola da época. Uma forma de narrar inspirada na literatura picaresca, mas com uma linguagem pessoal que marcaria o resto da sua carreira. Este livro converteu Marsé num autor com repercussão internacional. BMAG 82-E MARJu | BPMP 8b 010126 | BPMP 8b 010126 O feitiço de Xangai Barcelona, 1948. Uma cidade cinzenta de um país cinzento, e um relato de aventuras de um herói que embarcou rumo a Xangai para cumprir uma arriscadíssima missão entre pistoleiros, ex-nazis, belas mulheres e sinistros clubes noturnos. Uma obra sobre os sonhos adolescentes destruídos pela guerra e pela ditadura, publicada em 1993 e que ampliou o universo literário do autor. BMAG 82 MARJf | BPMP 82 MARSf | BPMP 8b 017129 JUAN MARSÉ 1933 > 2020

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Page 1: JUAN MARSÉJuan Marsé, escritor catalão e um dos grandes nomes da literatura espanhola contemporânea, morreu no passado dia 18 de julho. Foi um dos melhores cronistas da Barcelona

Juan Marsé, escritor catalão e um dos grandes nomes da literatura espanhola contemporânea, morreu no passado dia 18 de julho. Foi um dos melhores cronistas da Barcelona (cidade onde nasceu, em 1933) do pós-guerra e dos anos do franquismo. Quando em 2008 lhe foi atribuído o Prémio Cervantes, afirmou: “Fiz-me escritor porque tenho um desajuste com a realidade que me rodeia, o meu país, a minha cidade, a minha época. Isso leva-me a encontrar na literatura um mundo de experiências que não tive, mas que sonhei.” Um dos desajustes deve-se à morte da mãe pouco depois do parto, e o pai deu-o em adoção a um casal amigo que acabava de perder um filho.

Hábil nas descrições, como poucos, vai retratando a sociedade com textos de grande realismo social, o que, aliado à sua condição de trabalhador e de autodidata, levou a que o apelidassem de “escritor obrero”. Com os também catalães Manuel Vásquez Montalbán, Jaime Gil de Biedna, Juan Goytisolo e Eduardo Mendonza, entre outros, fez parte da famosa “Geração dos 50”. Era conhecida a sua paixão pelo cinema, quer como espectador, quer como guionista, tendo afirmado que a sua aprendizagem do ofício de narrar aconteceu com o cinema, “sempre gostei mais de trabalhar com imagens que com ideias”.

D QUATRO LIVROS PARA DESCOBRIR JUAN MARSÉ

Últimas tardes com TeresaA consagração de Juan Marsé chegou com a sua terceira obra que publicou em 1966. Um retrato certeiro e preciso da Barcelona do pós-guerra, que relata a ligação entre um marginal, Pijoaparte, ladrão de automóveis, e Teresa uma jovem da alta burguesia que fica fascinada pelo rapaz que julga ser um operário marxista e revolucionário. Uma obra nascida em pleno franquismo mas que crava as garras na sociedade espanhola da época. Uma forma de narrar inspirada na literatura picaresca, mas com uma linguagem pessoal que marcaria o resto da sua carreira. Este livro converteu Marsé num autor com repercussão internacional.

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O feitiço de XangaiBarcelona, 1948. Uma cidade cinzenta de um país cinzento, e um relato de aventuras de um herói que embarcou rumo a Xangai para cumprir uma arriscadíssima missão entre pistoleiros, ex-nazis, belas mulheres e sinistros clubes noturnos. Uma obra sobre os sonhos adolescentes destruídos pela guerra e pela ditadura, publicada em 1993 e que ampliou o universo literário do autor.

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JUAN MARSÉ1933 > 2020

Page 2: JUAN MARSÉJuan Marsé, escritor catalão e um dos grandes nomes da literatura espanhola contemporânea, morreu no passado dia 18 de julho. Foi um dos melhores cronistas da Barcelona

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O amante bilingue: romanceCom o amante bilingue (1990) Marsé lançou um olhar irónico sobre a dualidade cultural e linguística de Barcelona com uma temática que aborda de novo o amor e classes sociais. Juan Marés que protagoniza a história –claro anagrama do nome do autor-, é um sonhador que descobre que a sua mulher o engana. Abandonado, afunda-se no desespero e na indigência e converte-se num músico de rua que deambula pelos bairros de Barcelona, até que concebe um delirante estratagema para reconquistar a sua ex-mulher. Um jogo de máscaras, de identidades e de personagens em que o autor diverte o leitor e se diverte, tendo como pano de fundo a Barcelona franquista que viu nascer as suas obras. O livro foi adaptado para cinema pelo realizador Vicente Aranda.

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Rabos de lagartixaCom uma carreira mais do que consolidada Marsé publicou em 2000 outro dos seus êxitos, Rabos de lagartixa. Sete livros depois de Últimas Tardes com Teresa, o escritor demonstrava que nada perdera do seu talento e que mantinha esse universo próprio que o tinha convertido num dos melhores escritores da sua geração. Uma galeria de personagens inesquecíveis, como o adolescente David, o seu cão Chispa e o inspetor Galván, povoam esta novela contada de um ponto de vista original: Vitor, a partir do ventre da sua mãe, conta-nos a história de Barcelona do pós-guerra. O livro foi Prémio da Crítica e Prémio Nacional de Narrativa.

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Canções de amor em Lolita’s ClubJuan Marsé; trad. Arsénio MotaBMAG 82 MARJc BPMP 8a 015713

Essa puta tão distintaJuan Marsé; trad. Maria Manuel Viana

Caligrafia dos sonhos: romanceJuan Marsé; pref. António Lobo AntunesBMAG 82 MARJc BPMP 8b 019122

Encerrados con un solo jugueteJuan MarséBMAG 82-E MARJe

Teniente bravoJuan MarséBMAG 82-E MARJt

El embrujo de ShanghaiJuan MarséBMAG 82-E MARJe

Ultimas tardes con TeresaJuan MarséBMAG 82-E MARJu

Un día volveréJuan MarséBPMP 82[46] MARSd

Ronda del GuinardóJuan MarséBMAG 82-E MARJr