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www.unicamp.br/ju ornal U ni camp da Campinas, 18 a 24 de março de 2013 - ANO XXVII - Nº 554 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA J IMPRESSO ESPECIAL 9.91.22.9744-6-DR/SPI Unicamp/DGA CORREIOS FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT REITORÁVEIS DEBATEM ADMINISTRAÇÃO 2 e 3 6 e 7 Cena do filme La teta asustada, dirigido pela peruana Claudia Llosa: cineastas latino-americanas são objeto de pesquisa de doutorado de Maria Célia Orlato Selem Foto: Divulgação 4 5 9 11 12 Programa Professor Visitante reforça internacionalização Resistência e propriedades de rodas ferroviárias são testadas Aditivo melhora desempenho e pode reduzir custo do biodiesel Nova técnica torna mais preciso diagnóstico de lesões cerebrais A importância das escrituras no embate entre Hobbes e a Igreja MULHERES que vão à luta A professora e historiadora Margareth Rago, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), reconstitui a trajetória de sete feministas que abriram novos espaços na esfera pública e na vida política do Brasil, desde a ditadura militar, no livro A aventura de contar-se: feminismos, narrativas autobiográficas e invenções da subjetividade. A obra será publicada em breve pela Editora da Unicamp. A docente também orientou dois trabalhos, ambos no programa de pós-graduação em História do IFCH, cujo objeto é a mulher. Maria Célia Orlato Selem aborda, em tese de doutorado, a produção de cineastas latino- americanas. Em dissertação, Júlia Glaciela da Silva Oliveira resgata a trajetória da associação feminista União de Mulheres de São Paulo.

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Jornal da Unicamp, edição 544

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Page 1: JU554

www.unicamp.br/juornal Unicampda

Campinas, 18 a 24 de março de 2013 - ANO XXVII - Nº 554 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA J IMPRESSO ESPECIAL

9.91.22.9744-6-DR/SPIUnicamp/DGACORREIOS

FECHAMENTO AUTORIZADOPODE SER ABERTO PELA ECT

REITORÁVEIS DEBATEM ADMINISTRAÇÃO 2 e 3

6e 7

Cena do fi lme La teta asustada, dirigido pela peruana Claudia Llosa: cineastas latino-americanas são objeto de pesquisa de doutorado de Maria Célia Orlato Selem

Foto: Divulgação

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Programa Professor Visitantereforça internacionalização

Resistência e propriedades derodas ferroviárias são testadas

Aditivo melhora desempenho epode reduzir custo do biodiesel

Nova técnica torna mais preciso diagnóstico de lesões cerebrais

A importância das escrituras no embate entre Hobbes e a Igreja

MULHERES que vão à luta

A professora e historiadora Margareth Rago, do Instituto de

Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), reconstitui a trajetória de sete feministas que

abriram novos espaços na esfera pública e na vida política do Brasil, desde a ditadura militar, no livro

A aventura de contar-se: feminismos, narrativas autobiográficas e invenções da subjetividade. A

obra será publicada em breve pela Editora da Unicamp. A docente também orientou dois

trabalhos, ambos no programa de pós-graduação em História do IFCH, cujo objeto é a mulher.

Maria Célia Orlato Selem aborda, em tese de doutorado, a produção de cineastas latino-

americanas. Em dissertação, Júlia Glaciela da Silva Oliveira resgata a trajetória da associação

feminista União de Mulheres de São Paulo.

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Campinas, 18 a 24 de março de 20132

Reitoráveis expõem planos para a área administrativa

Fotos: Antoninho Perri

Quais serão os grandes desafios administrativos da Unicamp nos próximos quatro anos e como sua administração vai enfrentá-los?

Em termos gerais, qual será sua política de recursos humanos?

JOSÉ TADEU JORGE – Um dos grandes problemas que atingem as atividades administrativas é o excesso de buro-cracia. O tempo gasto em várias instâncias pode compro-meter decisões importantes. Propomos várias ações para reduzir drasticamente os efeitos burocráticos:

- Criação de uma câmara para análise e aprovação dos contratos e convênios, com poder de decisão, composta por representantes da PRP, Preac, DGRH, DGA e Procura-doria Geral. Essa câmara contará com um secretário exe-cutivo e todos os participantes obrigatórios na aprovação de contratos e convênios que tenham sido aprovados nas unidades de origem. Esse tipo de ação eliminará a neces-sidade de várias consultas à PG, já que um representante desta é obrigatório na sua composição, bem como de várias passagens dos processos entre esses órgãos, que também têm representantes obrigatórios na composição da câmara.

- Modernização do sistema de informação, gerencia-mento e tramitação de processos administrativos, com nova plataforma de informática e tendo como meta a dimi-nuição da circulação de documentos impressos.

- Reformulação da estrutura administrativa, com revi-são da gestão de serviços, recursos humanos e finanças.

Outra questão que exige especial atenção é a dos pro-cessos de avaliação. É necessário superar a tradicional con-cepção segundo a qual se avalia somente para identificar, individualmente, os “melhores e os piores”. Ao contrário, deve-se avaliar para colher subsídios à tomada de decisões visando prover as condições necessárias para o desenvolvi-mento e o aprimoramento conjunto da instituição univer-sitária e dos indivíduos que a constituem.

Pensando no melhor equilíbrio entre esses aspectos, será necessário repensar os processos de avaliação docen-te – que têm tido na Cadi seu lugar específico – no âmbito da administração central. Tais ajustes no processo evitarão algumas distorções que têm produzido, em certos casos, um desestímulo à parte do corpo docente.

Merecem destaque, ainda, a revisão geral dos estatutos, a disponibilização total das informações sobre a Univer-sidade e as ações qualificadoras na área de tecnologia de informação e comunicação.

MARIO SAAD – São vários os desafios administrativos, mas o maior de todos é desburocratizar a Unicamp. Ao fa-zer isto, melhoraremos a vida universitária como um todo. Temos graves problemas de tramitação dos processos de aquisição de materiais e serviços, em especial os de maior valor e os de obras e reformas. Eles são condicionados a vá-rias etapas morosas que, além de atraso, por vezes acabam até inviabilizando sua realização.

Queremos criar procedimentos administrativos pa-drão, que tenham a segurança contábil e jurídica para ga-rantir a correta aplicação dos recursos públicos. Assim, a Procuradoria-Geral poderá cuidar apenas das exceções e não da rotina diária da Universidade. Ainda em relação aos procedimentos de compras, vamos criar uma Central de Compras da Área da Saúde, que representa ao redor de 50% das compras na Unicamp. Também estudaremos como dar maior independência às unidades na gestão de seus recursos.

Um passo importante para agilizar o trâmite de con-vênios e contratos será o aprimoramento do Escritório de Convênios, no qual estarão representados os vários órgãos universitários necessários à análise, aprovação e formaliza-ção dos convênios, e que, em reuniões semanais, emitirá os pareceres necessários e decidirá com agilidade pela aprova-ção ou não das propostas originadas das várias unidades.

Outro descontentamento é o tempo que decorre entre a obtenção de vagas para contratação de docentes e fun-cionários e o início efetivo das atividades dos aprovados em concurso. Vamos propor a criação de procedimentos-padrão e formulários-padrão de editais para preenchimen-to de vagas, pré-aprovados pela PG. As unidades também terão maior autonomia na montagem de bancas, para tor-nar o processo mais independente dos calendários da Cepe e suas comissões assessoras.

Em suma, desburocratizaremos a Unicamp, por meio da qualificação de equipes executivas menores, integradas por membros treinados e presentes nas várias instâncias da Universidade (Unidade, PG, Sec. Geral e DGRH, se con-cursos; ou Unidade, PG, Cori, Preac/Conex, ECC, Inova, DGA e Funcamp, no caso de convênios; ou ainda Unidade, PG e DGA para processos licitatórios), que, desde o início de um processo, decidirão rapidamente sobre modifica-ções, alterações e trâmite.

Estas medidas só serão possíveis se investirmos deci-didamente em tecnologia de informação e comunicação, como comentamos em nosso programa.

JOSÉ TADEU JORGE – Tarefa prioritária é a apresentação de uma nova política de recursos humanos, devidamente explicitada no Planejamento Estratégico da instituição. Ampla e que contemple uma proposta orgânica de integra-ção, de formação, de capacitação contínua e de permanente incentivo, condizentes com a valorização do exercício da função pública.

Prioridade absoluta para o restabelecimento, no prazo de dois anos, da igualdade dos salários da Unicamp com os da Universidade de São Paulo (USP), resolvendo o proble-ma da quebra da isonomia, criado nos últimos dois anos.

Destaque para algumas medidas importantes, como a viabilização do regime estatutário para quem quiser por ele optar, a transformação da AFPU em Escola de Educação Corporativa da Unicamp, o respeito aos salários mínimos profissionais e a completa revisão da resolução que trata do Estágio Probatório.

Quanto à carreira e ao processo avaliatório, propomos:- Realizar ampla revisão da carreira Paepe, restabele-

cendo o conceito de identidade profissional, indispensável para elaborar políticas de recursos humanos que objetivem o desenvolvimento profissional dos funcionários e o reco-nhecimento institucional do trabalho realizado.

- Estabelecer, com clareza, critérios e parâmetros para enquadramento e progressão, abandonando conceitos sub-jetivos em que se baseiam esses procedimentos.

- Resgatar o processo de estímulo à qualificação pro-fissional do funcionário, que ficou conhecido como “reco-nhecimento dos títulos” e foi lamentavelmente desativado em 2010. Garantir a existência de recursos distintos dos empregados no processo de avaliação de desempenho e re-alizar esses processos anualmente.

- Realizar ampla revisão da metodologia de avaliação de desempenho adotada atualmente, implementando indica-dores de avaliação do trabalho efetivamente realizado no dia a dia e não apenas quesitos que avaliam o comporta-mento e o relacionamento dos funcionários.

MARIO SAAD – Discutimos isto em três itens separa-dos em nosso programa, Carreira Docente, Carreira Fun-cional e Carreiras Especiais.

No caso dos docentes, acreditamos que seja essencial a revisão dos processos e critérios de avaliação das ativi-dades, valorizando os diferentes caminhos possíveis para a promoção na carreira. Sendo o objetivo a busca da qua-lidade e uma vez que a Universidade se baseia na estreita vinculação das atividades de ensino, pesquisa e extensão, é justo criar mecanismos de reconhecimento do que se rea-liza nos três campos de atuação, bem como compreender e respeitar a especificidade das diferentes áreas do conheci-mento, que possuem formas diferentes de aferir a relevân-cia e a qualidade das iniciativas e realizações acadêmicas.

No que se refere aos funcionários, é preciso reconhecer que a carreira deve ser objeto de ações consequentes, com vistas à retomada da isonomia salarial entre as universi-dades públicas paulistas e também ao estabelecimento de amplo debate sobre um plano de carreira, no qual sejam clara e amplamente explicitados os critérios de promoção e valorização, bem como garantida a transparência dos crité-rios e dos mecanismos de avaliação, com diálogo e respeito a todas as instâncias administrativas. Há também que se destacar o nosso compromisso com a mudança de regime de CLT para Esunicamp e a jornada de 30 horas para os profissionais de enfermagem.

Vale destacar a mudança do regime CLT para Esuni-camp. Há cinco situações hoje na Unicamp quanto ao regi-me de trabalho. Uma delas refere-se aos funcionários que foram contratados até 05/10/1988, data em que foi pro-mulgada a nova Constituição. A segunda situação refere-se aos funcionários que foram contratados entre 06/10/1988 e a Emenda Constitucional19, de junho de 1998. A terceira situação refere-se aos contratados após a emenda 19 e até agosto de 2007 e a quarta situação após agosto de 2007 e até 21 de dezembro de 2011. A quinta e última situação é a dos admitidos após essa data e que estão inseridas nas regras da Previdência Complementar.

Há situações, dentre as destacadas, que dependem da decisão do Supremo Tribunal Federal, como é o caso da recente decisão favorável para a segunda situação. Para as outras situações pendentes, nós nos comprometemos a to-mar todas as medidas necessárias para que todos os servi-dores possam fazer essa transição.

O engenheiro de alimentos José Tadeu Jorge

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Campinas, 18 a 24 de março de 2013 3

Reitoráveis expõem planos para a área administrativa

O engenheiro de alimentos José Tadeu Jorge e o médico Mario José Abdalla Saad, candidatos que disputarão o segundo turno da consulta para a escolha do sucessor do reitor Fernando Costa, revelam nesta matéria suas propostas para a área administrativa. A consulta à comunidade acontece nos dias 20 e 21 de março.

Questões como qualidade de vida e segurança no campus estão hoje entre as principais preocupações da comunidade da Unicamp. Seu programa contempla esses temas?

Do ponto de vista orçamentário, os recursos que vêm para a Unicamp são suficientes? Que investimentos terão que ser feitos nos próximos quatro anos?JOSÉ TADEU JORGE – O processo de autonomia de ges-

tão financeira com vinculação orçamentária deu à Unicamp condições fundamentais para o seu desenvolvimento qua-litativo e quantitativo. Condição indispensável para o bom uso dos recursos públicos é o Planejamento Estratégico (Planes), pela sua estrutura capilar que envolve desde os órgãos mais simples da universidade até o Conselho Uni-versitário, passando por todas as instâncias representativas e participativas. Por sua amplitude e abrangência, o Planes deve ser o sistema de análise e proposição das prioridades da Unicamp em termos de investimentos, sendo a decisão final tomada pelo Conselho Universitário.

Propomos algumas questões prementes para a Unicamp e que precisam ser solucionadas com urgência:

- Reposição do quadro docente. Não apenas a garantia de que as vagas dos aposentados serão preenchidas, mas, também, a recuperação da capacidade da Universidade em investir em novas áreas de fronteira e em desafogar situa-ções críticas de número de professores em várias unidades.

- Restabelecimento da igualdade dos salários da Unicamp com os da USP, resolvendo o problema da quebra da isono-mia, criado nos últimos dois anos. Injusto para os funcioná-rios, que recebem bem menos do que seus colegas de outra universidade do mesmo sistema, com atividades muito se-melhantes, se não iguais. Péssimo para a instituição, que está perdendo profissionais, não conseguindo repor com a mesma experiência e qualificação, causando prejuízos sérios aos trabalhos realizados em nossa Universidade.

- Manutenção predial. Muitos prédios precisam de re-formas inadiáveis para recuperar suas condições básicas

de funcionamento.- Atualização de equipamentos. Há defasagens impor-

tantes em várias áreas, em especial de ensino. Também há necessidade de significativos investimentos em TICs.

- Conclusão de obras. É necessário um esforço para di-minuir significativamente o número de obras inacabadas nos campi. Planejar as construções é indispensável.

MARIO SAAD – A Unicamp é jovem, tem menos de 50 anos, e ainda está em pleno desenvolvimento. Assim, o orçamento precisa ser muito bem cuidado para não com-prometer o crescimento e a manutenção do legado que conquistamos. Há necessidade de investimento em con-tratação de novos docentes e funcionários, infraestrutura, novos prédios, novas salas de aula, e reforma de diversos locais, além de um continuo crescimento de investimentos em permanência estudantil. O comprometimento médio do orçamento com a folha de pagamento em 2012 foi de 88,61%. Em 2011, foi de 83,15%.

Além disso, é necessário ter uma reserva orçamentá-ria, pois o orçamento aprovado todo final de ano é feito em cima da expectativa do desempenho econômico do ano seguinte, ou seja, do ICMS que será arrecadado. Essa reserva prevê investimentos já compromissados, como aquisição de bens e materiais, construções e reformas, além de assegurar o pagamento da folha salarial no caso de um revés econômico.

Neste panorama, tem sido muito discutida a isono-mia salarial dos servidores técnico-administrativos com a USP. Abordamos este assunto em nosso programa, no qual assumimos como meta alcançar gradativamente em quatro anos a isonomia salarial entre as universida-des estaduais paulistas, de acordo com as possibilidades orçamentárias. Nossa proposta é responsável e realista, e considera diversos aspectos para que a Universidade continue funcionando adequadamente. Nossos cálculos, usando as previsões governamentais de inflação e PIB, é que poderemos alcançar a isonomia gradualmente, de 2013 a 2016, estimando um comprometimento com folha salarial ao redor de 91% neste período.

Esses cálculos ainda não incluem a implantação da jor-nada de 30 horas para os profissionais de enfermagem, que requer a contratação de mais profissionais para que os serviços do HC não sejam afetados. Se a isonomia for im-plantada a toque de caixa, junto com a redução da jornada dos funcionários da saúde, o comprometimento será maior e poderá, no limite, levar a Unicamp à inadimplência, im-pedindo reajustes salariais, melhorias na política de apoio aos estudantes, aumentos no auxílio alimentação, abertura de novas vagas docentes e reposição de aposentados, sem falar da manutenção da infraestrutura.

JOSÉ TADEU JORGE – Apoiar a criação e o fortalecimen-to de projetos que contribuam para a melhoria da quali-dade de vida é dever da Reitoria. Estas são algumas das nossas propostas:

- Investir em áreas de bem-estar e que contribuam para a integração das pessoas.

- Levar a todos os campi e seus setores a rica produção cultural da própria universidade.

- Recriar o projeto de formação musical da Escola Livre de Música Unibanda, que funcionou durante 27 anos na Universidade, formando crianças, adolescentes e adultos.

- Melhorar a capacidade de atendimento do Cecom nas diversas especialidades e áreas profissionais. Estabelecer pro-jeto de prevenção de doenças do trabalho. Criar um programa sobre dor, atendendo, investigando e propondo tratamentos.

- Resgatar o programa Medicarium, propiciando a aqui-sição de medicamentos com preços significativamente me-nores do que os do mercado.

- Implementar programa de subsídio ao estabelecimen-to de plano de saúde para professores e funcionários.

- Reestruturar o programa de preparação para a apo-sentadoria.

- Ampliar a abrangência do Programa de Apoio ao Ser-vidor Estudante (ProSeres), em sintonia com uma política de recursos humanos que incentive os funcionários a bus-carem sempre mais qualificação profissional.

- Desenvolver o esporte universitário em conjunto com as Ligas de Atléticas estabelecidas na Unicamp. Apoiar, também, a formação de equipes técnicas.

- Incentivar a utilização da bicicleta como meio de trans-porte dentro do campus, disponibilizando o equipamento e criando ciclofaixas, ciclovias e bolsões de estacionamento.

Em relação à segurança, é necessário investir em todos os campi: ampliação dos pontos de iluminação, qualificação dos profissionais de vigilância, aumento do uso de tecnologia pela vigilância operacional, novas estratégias de controle e prote-ção da comunidade e do patrimônio, implantação de postos fixos da vigilância em lugares estratégicos como agências bancárias e locais de grande circulação de público externo.

MARIO SAAD – Sim. A Unicamp é o que é graças às pes-soas que aqui trabalham e estudam, e é importante que ela promova a qualidade de vida nos seus campi e a interação entre as várias categorias que integram a sua comunida-de. Ainda que passemos a maior parte do nosso dia nos espaços destinados ao trabalho especializado, temos que pensar no lazer e na sociabilidade, entendendo que o maior convívio faz com que o conhecimento seja compartilhado, gerando por sua vez mais conhecimento.

Além disso, o convívio com pessoas que desenvolvem atividades diferentes daquelas que nos absorvem na ad-ministração, nas salas de aula e nos laboratórios estimula a compreensão das diferenças, desenvolve a tolerância e enriquece a vida cotidiana. Logo, há vários problemas que precisam ser enfrentados, para que a vida nos campi seja mais enriquecedora e agradável. Precisamos urgentemente de um Plano Diretor que considere as várias demandas e as compatibilize no sentido de criar espaços de convivência.

Temos que definir políticas consistentes de ocupação, conservação e aproveitamento do espaço comum, a come-çar por medidas simples como, por exemplo, desenvolver um plano de construção de calçadas nos campi. Precisamos pensar na otimização do fluxo de veículos no interior dos campi, planejando melhor o transporte coletivo, áreas de estacionamento, incentivo ao uso de bicicletas, reforço do programa de mobilidade, entre outros, caso contrário em breve a situação será insustentável.

Precisamos especialmente rever a política de acessibili-dade, para que os campi possam adequadamente as pesso-

as com deficiências. Outro aspecto que discutimos em nos-so programa é a sustentabilidade, a preservação do meio ambiente e o adequado manejo de resíduos, e medidas des-tinadas a garantir a segurança nos campi, especialmente no período noturno. Também dedicamos sessões do nosso programa para discutir a política cultural que deve ser for-temente ampliada, bem como para a prática de esportes e atividades corporais na Unicamp, que são fundamentais para a qualidade de vida nos campi e para a formação aca-dêmica completa de nossos estudantes.

O médico Mario José Abdalla Saad

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Campinas, 18 a 24 de março de 20134

Número de adesões atesta sucesso do

RACHEL BUENOEspecial para o JU

engenheiro nuclear cubano Mario Bernal, primeiro parti-cipante do Programa Professor Visitante do Exterior (PPVE) a iniciar suas atividades na Uni-

camp, acaba de tornar-se também o primei-ro a alcançar o objetivo original do mecanis-mo criado pela Reitoria para ampliar o grau de internacionalização do corpo docente da Universidade. De acordo com as regras do PPVE, as unidades de ensino e pesquisa an-fitriãs são obrigadas a abrir concurso públi-co na área de todos os professores visitantes que forem bem avaliados ao longo dos dois anos de duração do programa. Bernal, rece-bido pelo Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) no fim de janeiro de 2011, teve a oportunidade de concorrer a uma posição permanente na unidade em outubro do ano seguinte – e foi aprovado em primeiro lugar. Ele assumiu o cargo de professor doutor no IFGW no dia 1º, após a homologação do re-sultado do concurso pelas instâncias supe-riores da Unicamp.

Desde que Bernal veio para a Unicamp, o número de participantes do PPVE cresceu consideravelmente. “No começo, tínhamos de enviar os currículos que recebíamos em resposta aos anúncios publicados em veícu-los de divulgação científica às unidades para que elas os avaliassem, mas, com o tempo, as próprias unidades passaram a nos enca-minhar currículos de pesquisadores de seu interesse”, informa o pró-reitor de Pesquisa, Ronaldo Pilli, coordenador do programa.

Até o momento, 19 professores já foram admitidos no PPVE, entre estrangeiros e brasileiros com experiência profissional no exterior. Compõem esse número os 12 pro-fessores que percorreram o caminho tradi-cional do programa, passando por todas as

A economista Andréia Mara Pereira, autora da tese: “O Brasil tem todas as condições de promover a bioprospecção. Falta, entretanto, destravar o sistema, o que depende de vontade política”

Primeiro a chegar à Universidade, engenheiro cubano passa a integrar quadro do IFGW

etapas do processo de seleção – análise de currículo, visita preliminar à Universidade e submissão de plano de trabalho à Congrega-ção da unidade interessada –, e os sete que fizeram o caminho inverso: já aprovados em concurso, ingressaram no PPVE para poder iniciar suas atividades na Unicamp mais cedo, enquanto aguardam a tramitação em Brasília do processo que leva à concessão do visto de trabalho para estrangeiros.

Dos 12 professores que ingressaram no PPVE pelo caminho tradicional, apenas três não estão mais no programa: Mario Bernal, já no quadro permanente do IFGW; o russo com cidadania britânica Alexandre Alexandrov, que faleceu em agosto de 2012 antes de completar o primeiro ano como professor visitante no mesmo instituto; e o francês François Artiguenave, que retor-nou ao seu país em outubro desse mesmo ano depois de permanecer por 18 meses na FCM. Um professor ainda está para che-gar à Universidade – o russo Artem Lopa-tin, recrutado pelo Instituto de Matemá-tica, Estatística e Computação Científica (Imecc) – e os oito restantes ainda estão vinculados ao programa, espalhados por cinco unidades de ensino e pesquisa: FCM, Imecc, Faculdade de Tecnologia (FT), Insti-tuto de Estudos da Linguagem (IEL) e Ins-tituto de Geociências (IG).

Entre os sete professores que entraram no PPVE já tendo sido aprovados em con-curso, o italiano Roberto Greco foi o primei-ro a utilizar o programa para antecipar sua vinda para a Unicamp. Grego chegou ao Ins-tituto de Geociências (IG) em maio de 2012, nove meses depois da realização do concur-so, e não demorou a passar para o quadro permanente: em setembro, já estava efetiva-do no cargo de professor doutor. Os outros seis professores que seguiram o exemplo do italiano continuam vinculados ao programa, lotados em quatro unidades: no IFGW e nos

Programa Professor Visitante ‘A sensação foi de alívio’

‘A Universidade é muito boa’Meses depois de conhecer o professor

Pedro Gonçalves, do IG, em uma confe-rência na África do Sul sobre educação em geociências, Roberto Greco recebeu dele a informação de que a unidade abriria concur-so para professor doutor justamente nessa área. Greco juntou todo o material necessá-rio para a inscrição e enviou-o ao colega bra-sileiro, mas, quando se aproximou a data do concurso, ficou em dúvida sobre se viria ou não fazer as provas. O motivo da indecisão foi a época em que o concurso seria realiza-do: meados de agosto de 2011, pouco mais de um mês antes do início da Olimpíada In-ternacional de Ciências da Terra na cidade de Modena, que Greco, como funcionário do Ministério da Educação italiano, estava encarregado de organizar.

O jovem doutor pela Universidade de Modena e Reggio Emilia acabou vindo pres-tar o concurso e voltou para a Itália poucos dias depois já sabendo que havia sido apro-vado. Preocupado com o que ouvira de co-nhecidos a respeito do Brasil, Greco viu na opção de permanecer por alguns meses no PPVE uma ótima oportunidade para desco-

Institutos de Artes (IA), de Filosofia e Ci-ências Humanas (IFCH) e de Química (IQ).

Um dos últimos professores desse grupo a chegar à Unicamp foi o norte-americano Lars Hoefs, aprovado em concurso realizado pelo IA para a área de violoncelo, música de câmara e história da música em março de 2012. “A morosidade gerada pela excessiva documentação necessária para a contratação apontava para a ausência de docente para o curso de violoncelo neste primeiro semes-tre de 2013, situação já vivida no semestre passado, o que gerou grande desconten-tamento por parte dos alunos da modali-dade”, relata o diretor da unidade, Esdras Rodrigues. “Tínhamos conhecimento do Programa Professor Visitante do Exterior, mas desconhecíamos a possibilidade de sua utilização numa situação como essa. A agilidade, uma vez que conseguimos con-firmar a vinda do professor em menos de um mês, e o empenho da Pró-Reitoria de Pesquisa foram determinantes para que ga-rantíssemos a presença do professor já no início do semestre”, completa.

Bastante familiarizado com Brasil, para onde viajava anualmente desde 2004 para participar do festival Rio International Cello Encounters e onde chegou a viver durante todo o ano de 2009 por conta de uma par-ticipação especial na Orquestra Sinfônica Brasileira, com sede no Rio de Janeiro, Ho-efs diz ter “altas expectativas” com relação ao trabalho que desenvolverá na Unicamp. “Dá para fazer muita coisa boa aqui”, afir-ma, em bom português. “A área não é tão desenvolvida no Brasil, mas tem potencial. Estou animado para submeter projetos de pesquisa e espero mandar meus alunos para o próximo Cello Encounters.”

O número total de participantes do PPVE pode chegar a 21 nos próximos meses, com o término dos processos de seleção de dois candidatos estrangeiros. Um deles é o ucra-niano com cidadania finlandesa Sergiy Kyry-lenko, indicado para o programa pelo Institu-to de Biologia (IB); o outro, o espanhol Jesús Angulo, indicado pelo IQ. Kyrylenko veio conhecer a Unicamp em fevereiro e Angulo deverá chegar à Universidade para uma visita de dois dias na primeira semana de abril.

Em seu último dia como professor visitan-te, Mario Bernal recebeu do IFGW um carimbo com seu nome e uma placa de identificação para pendurar na porta de sua sala no prédio do Departamento de Física Aplicada (DFA). Os dois objetos, sobre os quais Bernal fala com orgulho, simbolizam a concretização de um sonho antigo do professor. “A sensação foi de alívio”, diz ele, descrevendo o que sentiu ao entrar no IFGW pela primeira vez na condição de professor concursado. “A estabilidade é muito importante, tanto profissionalmente como para a família.”

Desde que saiu de Cuba em 2000 para seguir um programa de mestrado em física médica na Venezuela financiado pela Agência Internacio-nal de Energia Atômica (AIEA) e direcionado exclusivamente a alunos da América Latina, Bernal vinha tentando estabelecer-se de forma definitiva no exterior. “Sou daqueles imigrantes que nunca pensaram em voltar”, afirma.

Embora o programa de mestrado previsse o retorno dos alunos aos seus países de ori-gem no momento de escrever a dissertação final, Bernal decidiu permanecer na Venezuela. Depois de defender o mestrado, doutorou-se pela Universidade Simón Bolívar e tornou-se professor dessa instituição. Ao todo, foram dez anos no país, de onde decidiu sair em razão de seu descontentamento com os baixos salários pagos aos jovens professores universitários e da falta de perspectivas de melhorar de vida.

Graças a contatos estabelecidos com um professor brasileiro dos tempos do mestrado, Bernal conseguiu uma bolsa de um ano, sem possibilidade de prorrogação, para atuar como pesquisador visitante na Universidade Estadu-al do Rio de Janeiro (UERJ). O futuro era total-mente incerto, mas, mesmo assim, o cubano recebeu com entusiasmo a notícia e seguiu para o Rio com a esposa e o filho venezuela-nos em janeiro de 2010.

O professor soube do PPVE por meio de um anúncio publicado no site da American Physical Society. Aprovado no processo de seleção, conseguiu encadear o encerramento da bolsa no Rio com o início das atividades na Unicamp, estendendo por mais dois anos o tempo de permanência da família no Brasil.

No primeiro semestre de 2012, já com o segundo filho nascido em Campinas, Bernal pas-sou em primeiro lugar em concurso para profes-sor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A greve nas federais, porém, não per-mitiu que ele assumisse o cargo de imediato e deu-lhe tempo para prestar o concurso do IFGW.

A decisão de permanecer na Unicamp foi to-mada com base em fatores profissionais, como a familiaridade com o ambiente da Universidade e o acesso a boas fontes de financiamento para pesquisa, e também pessoais, como a quali-dade de vida em Campinas. Antes de assumir, Bernal ainda recebeu um convite para trabalhar na respeitada Universidade McGill, do Canadá, mas preferiu continuar na Unicamp.

Do ponto de vista da rotina diária, o pro-fessor acredita que pouca coisa vá mudar agora que é concursado. “Eu já recebia a carga didática normal de qualquer docente do IFGW”, explica. Por outro lado, ele terá a segurança necessária para assumir a orienta-ção de alunos de pós-graduação e investir de forma consistente os recursos que já recebeu da Fapesp para seu projeto de pesquisa.

Bernal não tem planos de sair da Unicamp. “Quero trabalhar, produzir pesquisa com o maior impacto possível e progredir na carreira universitária”, diz. “Minha próxima meta é fazer concurso de livre docência e tornar-me professor associado.”

brir como seria a vida no país antes de resol-ver mudar-se definitivamente para cá.

Foram necessárias algumas idas até o Consulado-Geral do Brasil em Milão para que o italiano finalmente conseguisse o visto temporário que lhe permitiria ingressar no programa. Ele chegou ao Brasil na manhã do dia 16 de maio de 2012 e, poucas horas mais tarde, já estava no Centro de Convenções da Unicamp participando de uma das mesas re-dondas do Fórum Permanente de Arte e Cul-tura dedicado ao tema “A Aprendizagem por Livre Escolha e o Papel da Universidade”.

Alguns dias depois de sua chegada, foi supreendido pela notícia de que um gran-de terremoto havia causado estragos em sua terra natal, a algumas dezenas de qui-lômetros ao norte de Modena. “Meus pais ficaram assustados e dormiram durante um bom tempo em uma barraca no quintal”, re-corda. “Como trabalho com ensino de geoci-ências, preparei uma coletânea de atividades educativas, incluindo algumas que tratam de terremotos, que vai ser impressa na Itália neste mês e distribuída gratuitamente aos professores de ciências da região afetada.”

Afora esse conturbado período inicial, tudo correu bem nos cinco meses em que Greco permaneceu vinculado ao PPVE. “A Universi-dade é muito boa, tenho um bom relaciona-mento com as pessoas, o clima é agradável e ainda me surpreendo com as plantas e animais que vejo na natureza”, diz ele, explicando por que decidiu ficar na Unicamp e assumir a po-sição para a qual foi aprovado em concurso.

Greco acabou de assumir uma das discipli-nas do Programa de Formação Interdiscipli-nar Superior (ProFIS) e diz-se impressionado com o alto nível dos alunos da turma de 2013. Entre seus principais projetos para o futuro está a organização da primeira olimpíada na-cional de geociências a partir da experiência já acumulada pela Unicamp na montagem de competições similares nas áreas de história e informática. Ele pretende, ainda, dedicar-se com afinco ao estudo do português, idioma no qual vem se aperfeiçoando com a ajuda de amigos interessados em aprender, em troca, o italiano. “Na minha atividade de pesquisa, trabalhando com professores, com escolas, é preciso falar muito bem e saber escrever bons projetos“, justifica.

O pró-reitor de Pesquisa e coordenador do programa, Ronaldo Pilli: “As próprias unidades passaram a nos encaminhar currículos de pesquisadores de seu interesse”

O engenheiro nuclear cubano Mario Bernal: “Minha próxima meta é fazer concurso de livre docência e tornar-me professor associado”

O norte-americano Lars Hoefs: “Estou animado para submeter projetos de pesquisa e espero mandar meus alunos para o próximo Cello Encounters”

O italiano Roberto Greco, que foi efetivado no cargo de professor do IG em setembro de 2012: impressionado com o alto nível dos alunos do ProFIS

Fotos: Antoninho Perri/ Antonio Scarpinetti

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químico da Unicamp Rodrigo Alves de Mattos formulou um aditivo natural capaz de me-lhorar o desempenho e reduzir o custo do biodiesel utilizado

na frota brasileira. A principal vantagem é que a mistura desenvolvida no Instituto de Química (IQ) diminui a possibilidade do entupimento do combustível no motor. Com isso, o biodiesel pode ser produzido a partir de matérias-primas mais baratas, como a gordura animal. O aditivo é consti-tuído de resíduos da casca de cítricos e de resinas de árvores utilizadas na indústria de papel e celulose.

A falta de fluidez do biodiesel pode im-pedir o seu escoamento do tanque até a câmara de combustão do veículo, causan-do desde pequenas falhas até sérios danos ao motor. Esta fluidez é influenciada tanto pela matéria-prima utilizada na produção do biodiesel, como pelas condições de tem-peratura e pressão atmosférica.

A probabilidade de entupimento au-menta, por exemplo, quando o biodiesel é produzido a partir de insumos menos no-bres, caso da gordura animal. Além dela, o biodiesel pode ser obtido por outras fontes renováveis, entre as quais os óleos vegetais. Apesar de mais apropriados para a produção deste combustível, eles são matérias-primas mais caras por também serem utilizadas como produtos alimentícios. É o caso do óleo de soja e da semente de girassol.

É incomum o comércio de biodiesel puro nos postos de combustível brasileiros, reve-la o pesquisador da Unicamp. Atualmente, o diesel presente nos postos do país possui apenas 5% de biodiesel e 95% de diesel, de-vido, justamente, à preocupação com o risco de entupimento. Ele é vendido pela Petro-bras e conhecido como B5 (Biodiesel 5%).

O principal entrave para aumentar a por-centagem de biodiesel no diesel está relacio-nado ao custo do combustível. Quando utili-zado um biodiesel de menor valor na mistura, oriundo de gorduras animais, o ponto de entupimento aumenta, inviabilizando o seu uso. “Nós desenvolvemos um aditivo natu-ral de baixo custo justamente para resolver este problema”, indica Rodrigo Mattos.

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Aditivo natural reduz custos e pode melhorar desempenho do biodiesel

SILVIO ANUNCIAÇÃ[email protected]

Produto é feito à base de resinas de árvores e de resíduos da casca de cítricos

PublicaçõesTese: “Estudo da influência de aditivos naturais nos pontos de entupimento a frio, de turbidez e de fulgor de biodiesel e de misturas diesel-biodiesel”Autor: Rodrigo Alves de MattosOrientador: Matthieu TubinoUnidade: Instituto de Química (IQ)

O químico Rodrigo Alves de Mattos: mistura já pode ser produzida comercialmente por indústrias interessadas

Fotos: Antonio Scarpinetti

O aditivo: melhoria de 80% na redução do ponto de entupimento do biodiesel analisado

A mistura formulada por ele como parte de seu estudo de doutorado chegou a apre-sentar melhoria de 80% na redução do pon-to de entupimento do biodiesel analisado. O aditivo natural já tem pedido de patente depositado pela Agência de Inovação Inova Unicamp junto ao Instituto Nacional da Pro-priedade Industrial (Inpi). O orientador do trabalho foi o docente Matthieu Tubino, do Departamento de Química Analítica do IQ.

O químico Rodrigo Mattos elenca as principais vantagens decorrentes da uti-lização do aditivo. A mistura já pode ser produzida comercialmente por indústrias interessadas. “A utilização deste aditi-vo natural pode reduzir o consumo de matérias-primas nobres para a produção de biodiesel, reprimindo, deste modo, a competição entre alimentos e combustí-vel. Além disso, poderia haver aumento significativo da quantidade do biodiesel ao diesel, determinando, assim, a redu-ção do derivado do petróleo. Outro as-pecto importante é privilegiar o consumo de materiais provenientes de fontes natu-rais, tornando o combustível utilizado no país mais verde”, enumera.

Outros ganhos, citados pelo pesquisa-dor da Unicamp, estão associados ao in-centivo à química verde e ao uso de pro-dutos naturais na indústria petroquímica, além da valorização dos resíduos da indús-tria de cítricos e de papel. Isso porque o aditivo natural foi formulado a partir da mistura de resíduos da casca da laranja e da indústria de papel e celulose. Foram utilizados dois compostos, o limoneno e a terebintina, respectivamente.

“Estes materiais são resíduos de produ-ção. Um exemplo é a extração do suco de laranja, cujas sobras são a casca e o bagaço. Da casca se extrai um óleo, que tem basi-camente três componentes: algum resíduo polimérico; óleos essenciais, usados para perfumaria; e as substâncias mais básicas, como o limoneno. Hoje, ele é usado para al-gumas poucas aplicações de limpeza, como solvente. Outra substância utilizada é a terebintina. Ela é aplicada, principalmen-te, na indústria de tinta, como removedor. Terebintina é um subproduto, uma resina oriunda de árvores utilizadas na indústria de papel e celulose,” esclarece.

RESULTADOSO químico da Unicamp explica que

quanto mais baixa a temperatura, maior é a possibilidade de entupimento do biodiesel no filtro de óleo. “Com a queda da tempe-ratura, a gordura animal solidifica primeiro que os óleos vegetais. Isso desinteressa o uso de gordura para fazer biodiesel. Só que a gordura é mais barata, e é muito abun-dante no Brasil. Nossa cultura é baseada em consumo de carne. Hoje a gordura é um produto de baixo custo. Ao mesmo tempo, existe o dilema: não dá para substituir o petróleo porque não há nada mais compe-titivo”, expõe.

Pela baixa quantidade de biodiesel acrescido ao diesel comercializado atual-mente, a influência sobre o entupimento é limitada, pondera Rodrigo Mattos. “O nosso trabalho mostrou que o B5 gerado de biodiesel de gordura suína teve ponto de entupimento ao redor de 7º C. A intenção do governo é aumentar esta quantidade de biodiesel, chegar, por exemplo, num B10 [Biodiesel 10%], até passar por um B20 [Biodiesel 20%], um momento em que não seria necessária nenhuma mudança mecâ-nica nos veículos. De acordo com nossos resultados, o ponto de entupimento do B10 esteve próximo de 14ºC. E o B20, chegou a 20ºC, inviabilizando o seu uso devido a nossa temperatura tropical”, demonstra.

Utilizando o aditivo natural, o ponto de entupimento do B20, obtido a partir de gor-dura suína, foi reduzido de 20ºC para 10ºC. “Conseguimos reduzir até mesmo o ponto de entupimento do B5 para o mesmo ponto de entupimento do diesel padrão, que é de 5ºC. No geral, as formulações patenteadas trouxeram melhoria de 80% na redução do ponto de entupimento”, revela.

CENÁRIOO pesquisador da Unicamp explica que

o consumo global de diesel derivado do pe-tróleo está ao redor de 800 bilhões de litros anuais. No Brasil, o diesel corresponde a 50% do consumo de combustível comer-cializado. Em 2011, a sua comercialização atingiu a marca de 52 bilhões de litros, o que corresponde a aproximadamente 6% da demanda global deste derivado do petróleo.

“São produzidos em todo o mundo aproximadamente 16 bilhões de litros de biodiesel por ano, sendo que cerca de 50% desta produção está na Europa. O Brasil produziu em 2011 3,2 bilhões, o equiva-lente a 20% do biodiesel comercializado globalmente. A capacidade de produção brasileira possibilitaria o início imediato da mistura diesel-biodiesel B10, com 10% de biodiesel. Entretanto se o biodiesel for pro-duzido com gordura animal como matéria-prima de baixo custo, o ponto de entupi-mento do combustível será um problema. Assim, o uso dos aditivos naturais poderia ser uma solução viável”, defende.

“A importância do aditivo é que ele viabili-zaria a introdução imediata do B10 e também abriria uma janela para o uso de material não nobre para fazer biocombustível, como gor-dura suína, bovina ou mesmo resto de cozi-nha industrial. Todo este material, que muitas vezes é jogado em rios, poderia ser coletado, e transformado em biodiesel, aumentando a vida útil das reservas de petróleo. O aditivo poderia até ser utilizado no contexto atual, no sul e sudeste do país, regiões mais frias, onde a questão do entupimento poderia ser minimizada”, complementa.

INOVAÇÃO VERSUS INDÚSTRIADescobrir um produto inovador de re-

levância para a sociedade é privilégio para poucos no Brasil, país em que o número de patentes ainda é muito reduzido em relação a nações mais desenvolvidas. Conforme dados do Inpi, os depósitos em 2011 chegaram a 32 mil. O número não representa nem 10% dos pedidos de países como Estados Unidos, Ja-pão, China e algumas nações europeias.

Rodrigo Alves de Mattos aponta como uma das causas para este problema a fal-ta de cultura e apoio do setor empresarial para o incremento da ciência e da inovação. “É muito desvalorizado, na indústria bra-sileira, o perfil de profissional de pesquisa, de academia. Lá fora, o comprometimento e o grau de investimentos das empresas são outros. Da forma como este profissional é tratado no Brasil, é como se ele não exis-tisse”, critica. No país, o maior número de pedidos de patentes ainda é feito pelo setor público, como as agências de fomento, uni-versidades e empresas públicas.

Tanto as pesquisas de mestrado como de doutorado de Rodrigo Mattos foram re-alizadas concomitantes com sua atividade profissional. O estudioso desenvolveu toda a sua carreira de pesquisador no IQ da Uni-camp, atuando também como químico em empresas nacionais e multinacionais, fora do país. “Mesmo não recebendo suporte financeiro para a realização da pesquisa, a Unicamp, o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi-co] e a Capes [Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de Nível Superior] nos possibilitaram elaborar a patente e também apoiaram a apresentação do trabalho em congressos científicos nacionais e interna-cionais”, sublinha.

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custos e pode melhorar desempenho do biodieselProduto é feito à base de resinas de árvores e de resíduos da casca de cítricos

O aditivo: melhoria de 80% na redução do ponto de entupimento do biodiesel analisado

O químico da Unicamp explica que quanto mais baixa a temperatura, maior é a possibilidade de entupimento do biodiesel no filtro de óleo. “Com a queda da tempe-ratura, a gordura animal solidifica primeiro que os óleos vegetais. Isso desinteressa o uso de gordura para fazer biodiesel. Só que a gordura é mais barata, e é muito abun-dante no Brasil. Nossa cultura é baseada em consumo de carne. Hoje a gordura é um produto de baixo custo. Ao mesmo tempo,

“São produzidos em todo o mundo aproximadamente 16 bilhões de litros de biodiesel por ano, sendo que cerca de 50% desta produção está na Europa. O Brasil produziu em 2011 3,2 bilhões, o equiva-lente a 20% do biodiesel comercializado globalmente. A capacidade de produção

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Mulheres que desbravaram caminhos PAULO CESAR NASCIMENTO | [email protected]

rofundas modificações e rupturas culturais ocorreram na sociedade ao longo das últimas quatro décadas sob o impacto das pressões históricas do feminismo. Como reflexo desse fenômeno, as mulheres não apenas têm ocupado lugares antes interditados a elas, como também têm inserido novos valores, ideias e concepções no mundo masculino, influenciando

desde a produção científica e a formulação das políticas públicas até as relações corporais, subjetivas, amorosas e sexuais.

Os meios pelos quais as mulheres têm modificado o mundo e se transformado a si mesmas são o objeto de três recentes estudos desenvolvidos no âmbito do programa de pós-graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, amparados em referências teóricas e políticas do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984).

A professora Luzia Margareth Rago investigou a maneira como um grupo de feministas históricas abriu novos espaços na esfera pública e na vida política do Brasil, desde os violentos anos do regime militar, e revolucionou muitas das concepções e maneiras de ser de uma nova geração de mulheres – e de homens também. A pesquisa será publicada em breve no livro A aventura de contar-se: feminismos, narrativas autobiográficas e invenções da subjetividade (Editora da Unicamp).

Ela também orientou dois outros trabalhos. Na tese de doutorado Políticas e poéticas feministas: imagens em movimento sob a ótica de mulheres latino-americanas, Maria Célia Orlato Selem mostra como diretoras utilizam suas produções cinematográficas na América Latina para abordar temáticas de interesse feminista, como tráfico de mulheres, estupro e feminicídio, entre outros. Já na dissertação União de Mulheres de São Paulo: feminismo, violência de gênero e subjetividades, a aluna de mestrado Júlia Glaciela da Silva Oliveira conta a trajetória da associação feminista UMSP e destaca os esforços da entidade para que a violência direcionada às mulheres ganhasse visibilidade na sociedade.

Da esq. para a dir., Júlia Glaciela da Silva Oliveira, Maria Célia Orlato Salem e a professora Margareth Rago, autora do livro sobre feministas históricas e orientadora das pesquisas

Foto: Antoninho Perri

Livro reconstitui experiênciasde sete feministas

A gênese do livro de Margareth Rago é a pesquisa Espaços autobiográficos e invenções de si nos feminismos brasileiros, apoia-da pelo CNPq, em que ela preocupou-se em entender como os feminismos, nas últimas quatro décadas, possibilitaram profundas e positivas mudanças na cultura e na sociedade brasileiras. A partir da observação das experiências da inser-ção política de sete militantes feministas de esquerda, nasci-das entre os anos de 1940 e 1950, no Brasil, e do resgate de suas lembranças, a historiadora analisa os desdobramentos gerados pela irrupção do feminino na cultura brasileira.

A matéria-prima do estudo conduzido por Margareth são as narrativas autobiográficas (ou “escritas de si”) das ex-presas políticas Criméia Schmidt de Almeida e Maria Amélia de Almeida Teles, fundadoras da União de Mul-heres de São Paulo; da filósofa e teóloga feminista Ivone Gebara, autora de inúmeros livros e antiga assistente de Dom Helder Câmara, no Recife, por 17 anos; da líder do Movimento Autônomo das Prostitutas e fundadora da grife Daspu, Gabriela Silva Leite; da socióloga feminista e pro-fessora da Unicamp Maria Lygia Quartim de Moraes; da an-tropóloga e historiadora Norma Telles (PUC-SP), autora de inúmeros livros e artigos e da historiadora Tania Navarro Swain (UnB), editora da Revista digital feminista Labrys, Estudos Feministas. Margareth colheu relatos em entrevistas gravadas com as ativistas ou que já haviam sido publicadas em periódicos, reuniu artigos e livros que elas escreveram, além de processos penais, quando existiam.

“Foi impressionante constatar como elas subverteram o conceito de ser mulher no país. Educadas para a virgindade, o casamento monogâmico indissolúvel, a maternidade e os cuidados com a família e para a passividade e o silêncio, abri-ram caminhos singulares em suas trajetórias pessoais e pro-fissionais, sem contar com referências anteriores”, ressalta a autora, que substituiu o relato historiográfico tradicional pela reconstituição de diferentes experiências individuais.

“Essas mulheres notáveis não apenas se reinventaram; com as suas práticas concretas e com os seus modos de pensar feministas, produziram importantes rupturas, espe-cialmente no que tange às questões da moral, da sexuali-dade e dos modelos de feminilidade e corporeidade.”

“ESTRANGEIRIDADE”Conforme aponta Margareth em seu trabalho, cada uma

dessas mulheres tem uma relação com a vida e consigo mes-ma muito diferente umas das outras, embora todas elas reg-istrem uma experiência de incômodo e inadaptação frente aos modelos tradicionais de feminilidade, um sentimento de “estrangeiridade” vivido desde cedo em suas vidas.

“Tiveram, então, de construir novos espaços físicos e subjetivos, sociais e de gênero, e o feminismo foi a grande porta de entrada para seus deslocamentos e reinvenções. Nesse sentido, posso dizer que suas experiências conver-gem, mantendo, ao mesmo tempo, suas dispersões.”

Assumidamente de esquerda, mas em ruptura com o que se convencionou chamar de “esquerda tradicional”, descon-fortáveis com a estrutura político-partidária masculina,

elas tiveram participação política na luta contra a ditadura militar vigente no país, entre 1964 e 1985, e continuaram lutando no regime democrático. Algumas foram exiladas, outras, encarceradas. Feministas, denunciaram e continuam denunciando as inúmeras formas da violência sexual, física ou simbólica que aniquilam as possibilidades de inscrição diferenciada das mulheres no mundo público e no privado. Na literatura, na produção acadêmica, na religião, nas lu-tas que promovem no “movimento feminista organizado” e fora dele, essas libertárias abriram trincheiras de combate ao poder dos homens, dos partidos, do Estado, da Igreja e da ciência, contribuindo com a força de suas manifestações para a construção de um pensamento crítico ao autoritarismo.

“Se uma nova geração de mulheres brasileiras desfruta de uma independência impensável há 40 anos, se hoje temos uma mulher na presidência da República, nada disso ocorreu por acaso. Essas conquistas femininas, que também modifi-caram o cotidiano dos homens, são frutos da história contem-porânea do país, mas esse fato é muito pouco percebido pelas próprias mulheres”, enfatiza a docente da Unicamp.

“A minha estratégia foi resgatar e evidenciar essa história, a partir das experiências individuais de mulheres que empun-haram no país as bandeiras da luta pelos direitos reproduti-vos, pelos direitos ao próprio corpo e ao controle da própria vida, contra o assédio sexual, contra a violência doméstica, contra o estupro e pela descriminalização do aborto, levando

essas questões para a esfera das grandes discussões políticas no Brasil ao longo das últimas quatro décadas.”

LACUNA

Segundo Margareth, ao reconstituir suas memórias, as feministas que, de algum modo, estiveram envolvidas na resistência ao regime militar, acabaram contribuindo não só para reconstruir o próprio passado, mas também para preencher o vazio de narrativas autobiográficas femininas sobre episódios tanto do período da ditadura e da contra-cultura, como a respeito das profundas transformações so-ciais, econômicas e culturais no Brasil nas últimas décadas.

De acordo com a pesquisa, após o fim da ditadura mili-tar no Brasil, as memórias, os testemunhos, as autobio-grafias ou os romances memorialistas que tratam da ex-periência da militância política em partidos de esquerda e da prisão foram, em sua maior parte, produzidos por mili-tantes do sexo masculino, embora muitas mulheres tives-sem tido uma atuação de destaque nos grupos políticos “revolucionários” e na resistência contra a ditadura militar.

Ainda hoje, observa o estudo, são poucas as autobiogra-fias femininas relativas aos chamados “anos de chumbo”, e mesmo as que foram lançadas nas décadas seguintes, em que se fortalece o movimento feminista.

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Mulheres que desbravaram caminhos

PublicaçõesLivro: “A aventura de contar-se: feminismos, narrati-vas autobiográficas e invenções da subjetividade” (no prelo, Editora da Unicamp) | Autora: Margareth Rago

Tese: “Políticas e poéticas feministas: imagens em movi-mento sob a ótica de mulheres latino-americanas”Autora: Maria Célia Orlato Selem Orientadora: Margareth RagoUnidade: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)

Dissertação: “União de Mulheres de São Paulo: femi-nismo, violência de gênero e subjetividades” Autora: Júlia Glaciela da Silva OliveiraOrientadora: Margareth RagoUnidade: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)

A poesia e a militância de cineastas da AL

Atrizes na Passeata dos Cem Mil, ocorrida no Rio de Janeiro em 26 de junho de 1968: papel desempenhado por feministas na resistência à ditadura militar é

investigado pela professora Margareth Rago

Foto: Reprodução

Fotos: Reprodução

Associação pioneira é tema de pesquisa de mestrado

O estudo de Júlia consistiu no mapeamento da experiên-cia da associação feminista União de Mulheres de São Paulo (UMSP), fundada em 1981, na capital, dedicada à luta pelos direitos femininos, entre os quais a erradicação da violência de gênero. A partir de pesquisa em documentos arquivados pela entidade e por meio de narrativas de militantes, o trab-alho discorre sobre as iniciativas do grupo que contribuíram para que a violência direcionada às mulheres ganhasse visi-bilidade na sociedade nas últimas três décadas.

“Constatei como o tema da violência contra as mul-heres deixou de ser algo considerado de fórum privado e foi politizado por meio do movimento feminista a partir dos anos 1980, no Brasil. Se por muito tempo essa situa-ção foi aceita pela sociedade como ‘natural’, hoje, apesar de não ter desaparecido, já não é encarada como algo nor-mal no cotidiano”, afirma a autora.

Conforme ela apurou, a UMSP foi criada por integran-tes do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), que desde muito jovens construíram um estilo de vida norteado pela militância revolucionária, entre as quais as ativistas Cri-méia Alice Schmidt de Almeida, Deise Leopoldi, Dinalva Tavares, Maria Amélia de Almeida Teles (Amelinha), Kátia Antunes, Maria de Lourdes Rodrigues (Lurdinha), Rosana Fernandes e Terezinha de Oliveira Gonzaga.

Suas trajetórias foram marcadas por posturas de re-sistência e enfrentamento aos discursos sexistas que exis-tiam dentro do próprio partido e o contato com o feminis-mo, nos anos 1970, despertou o desejo de construir outro espaço de atuação onde temas referentes ao feminismo, considerados “burgueses” pelas lideranças masculinas, pudessem ser contemplados.

Desse modo, da mesma forma que lutou pelas liberdades democráticas, a associação também esteve à frente de cam-panhas pela descriminalização do aborto durante o processo da constituinte de 1988, e acompanhou a implantação, na cidade de São Paulo, da primeira delegacia especializada no atendimento às mulheres vítimas de violência, como decor-rência da atenção que passou a dar a novas demandas.

“As militantes se reuniam para discutir o direito à creche ou ao aborto. Aí aparecia alguém com o olho roxo.

Pronto: a violência no cotidiano das mulheres vinha à tona nos encontros e não tardou para que a denúncia de assas-sinatos de mulheres pelos companheiros começasse a gan-har força dentro do movimento”, observa Júlia.

Se, a princípio, os assassinatos de mulheres cometidos por seus pares afetivos e justificados como crimes de motivação passional estavam no centro das denúncias, os anos 1990 as-sistem a um desdobramento do que estava sendo compreen-dido como violência contra a mulher.

“É quando crescem substancialmente as denúncias de espancamentos, ameaças, estupros, tráfico de mulheres, prostituição infantil e de assédio sexual nos locais de trab-alho. Toda essa gama de violência, que antes ia para debaixo do tapete, ganha visibilidade”, explica a pesquisadora.

De acordo com seu trabalho, há também um aumento significativo das produções teóricas sobre a violência dire-cionada às mulheres, bem como surgem definições e rami-ficações conceituais sobre a mesma, ora qualificada como violência doméstica, ora como violência familiar, ou, como mais recentemente, como violência de gênero. As dis-cussões teóricas sobre a violência contra a mulher acabam sendo espelhadas e inseridas no discurso da UMSP e nas propostas de luta na década de 1990.

No enfrentamento da desinformação e do descaso jurídi-co que colaborava para a banalização das agressões e dos assassinatos de mulheres, a UMSP implantou, em 1994, o projeto de educação jurídica Promotoras Legais Populares (PLP). Realizado em parceria com a ONG feminista gaúcha Themis e baseado na experiência de grupos feministas lati-no-americanos, o PLP proporciona às mulheres noções bási-cas de Direito e cidadania, e transformou-se em um impor-tante instrumento de luta ao possibilitar que as mulheres constituam outras formas de pressão política.

“Elas saem transformadas desse processo, fortalecidas em sua autoestima e capazes de encontrar, por si só, outras respostas para as situações que vivenciam”, enfatiza Júlia.

“O convívio, a troca de experiências pessoais e a oportuni-dade de conhecer as construções históricas e culturais acerca do feminismo lhes permitem lançar novos olhares sobre si mesmas e traçar novos caminhos para suas vidas.”

Uma câmera na mão e o feminismo na cabeça? O ponto de par-tida da pesquisa de Maria Célia foram algumas de suas inquietações acerca da atual produção cinematográfica feminina latino-americana: após três décadas de feminismo organizado na América Latina, seria possível identificar políticas comuns em filmes dirigidos por mulheres latino-americanas de diferentes países neste início de século? Se-ria possível falar de um olhar feminino por detrás das câmeras? Em busca de respostas, selecionou e analisou doze películas produzidas entre 2001 e 2010, além de alguns festivais de cinema feminino na década de 1980 e na atualidade, identificados como espaços de con-strução da crítica feminista de cinema latino-americana.

Seu estudou abordou os filmes La teta asustada, de Claudia Llosa (Peru – 2009); Que tan lejos, de Tania Hermida (Equador – 2006); Rompecabezas, de Natalia Smirnoff (Argentina, 2009); Entre nós, de Paola Mendoza e Gloria La Morte (Colômbia, 2009); Sonhos Roubados, de Sandra Werneck (Brasil, 2009); En la puta vida, de Beatriz Flores Silva (Uruguai, 2001); A falta que me faz, de Marília Rocha (Brasil, 2009), Senhorita extraviada, de Lourdes Portillo (México, 2001), Tambores de água, un encuentro ances-tral, de Clarissa Duque (Venezuela, 2009), Memória de un escrito perdido, de Cristina Raschia (Argentina, 2010), e Maria em tierra de nadie, de Marcela Zamora (El Salvador, 2010).

Segundo Maria Célia, a escolha dessas películas justifica-se pelo fato de serem roteirizadas e dirigidas por mulheres latino-americanas na primeira década deste século e por abordarem subjetividades femininas em diferentes contextos. Não se ateve a produções exclusivamente latino-americanas, uma vez que vários dos filmes são coproduções com outros países não pertencentes à América do Sul e América Central, e reuniu tanto obras ficcionais e documentais, algumas comerciais e outras mais alternativas.

“O que procurei ressaltar foi a nacionalidade somada às vivências das diretoras em contextos latino-americanos, que di-recionam seu olhar para o sul, conferindo a seus trabalhos mar-cas perpassadas pela colonialidade e pelo feminismo”, observa a historiadora.

Em filmes como Entre nós, En la puta vida e no documentário Señorita extraviada, questões como o estupro, o tráfico de mul-heres e o feminicídio aparecem como pano de fundo ou como

o próprio cerne de suas narrativas, em conexão com as pautas que tem norteado as lutas feministas na América Latina. La teta asustada (vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2009) desvela o estupro de mulheres indígenas durante o con-flito armado no Peru; Memória de un escrito perdido retrata em sua poética as minúcias da memória e da subjetividade de mul-heres presas e torturadas durante a ditadura militar argentina; Tambores de água, un encuentro ancestral visibiliza a resistên-cia de mulheres de comunidades afro-venezuelanas por meio do cuidado com a memória ancestral; e Rompecabezas aposta nas minúcias desprezadas no cotidiano doméstico para abordar as possíveis reinvenções femininas como práticas de liberdade.

Com a finalidade de pensar uma possível política feminista co-mum no campo do cinema, Maria Célia realizou também sucinta análise de quatro atuais festivais de cinema de mulheres (Festival Internacional de Cinema Feminino – Femina, no Brasil; Mujeres en Foco- Festíval internacíonal de cine por la equídad de género, na Ar-gentina; Festival Cine de Mujeres, no Chile; e Mostra Mujeres en el Cine y la Televisión, no México) e ainda um breve histórico de três festivais ocorridos nos anos 1980: o argentino La Mujer y el Cine, o brasileiro I Video Mulher e o mexicano Cocina de imágenes : primera muestra de cine y video realizados por mujeres Latinas y Caribeñas.

“Minha intenção, ao realizar esse diálogo entre os citados eventos, foi perceber as possíveis aproximações e distanciamen-tos entre eles, suas transformações e relações com o discurso feminista latino-americano ao fomentarem e respaldarem a con-strução discursiva de um cinema de mulheres”, explica.

De algum modo, os filmes foram percebidos como atravessa-dos pelas consequências do capitalismo e do patriarcado, embora de maneiras diversas, avalia. Desses trabalhos, emergiram temas ligados aos processos migratórios, violência de Estado, feminicídio, desigualdade social, entre outros tantos, que também são objetos de interesse dos feminismos, em suas possibilidades de resistência.

Em relação aos festivais, foi possível constatar que, embora guardem alguns aspectos comuns, no que diz respeito à visibilidade das mulheres no cinema, acontecem, por vezes, de forma desco-nectada das pautas feministas locais e da crítica ao sistema político-econômico que tem norteado o feminismo latino-americano. Mosaico com cenas de fi lmes abordados na tese de doutorado de Maria Célia Orlato Salem

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MARIA ALICE DA [email protected]

Todo mundo vai ao circo”, diz a canção. Menos os palhaços. Hoje eles estão nas ruas, na empresa, na

escola, enfim, em ambientes alternativos. Fazem rir, mas de vez em quando, choram. Esta é a vida real também do palhaço. Esta é a realidade de Edmilson Antonio Orto-lan, funcionário do Centro de Ensino de Línguas (CEL) da Unicamp, que enquanto se compõe para virar o “Cacareco”, esque-ce as amarguras. As performances, porém, acontecem nas horas vagas e aos finais de semana, quando o trabalho administrativo não exige sua presença.

Qual a graça de ser um palhaço? Poder externar a esperança de um mundo melhor, vender ilusão. Pôr para fora sentimento de criança. Fazer as pessoas verem que existe um mundo melhor, nem que seja por um instante. “Os bons valores estão cada vez mais apagados nessa sociedade moderna, então, qualquer pessoa que invista no riso de alguém, tem um grande mérito. Isso é dizer ao mundo que existe felicidade. As tristezas têm de ser passageiras”, respon-de ‘Cacareco”. Quer dizer, Edmilson, o funcionário que tirou das graças de “Caca-reco” os recursos para educar o filho, hoje aluno do terceiro ano do curso de matemá-tica da Unicamp.

Edmilson gosta de ser o “Cacareco” e ser rodeado por crianças e adultos que acompanham as performances desde o primeiro sinal da maquiagem. Entre brin-cadeiras e trocadilhos, conquista o público, principalmente o infantil, para que não se assuste com a personagem já caracterizada. “A cada passo da maquiagem faço pergun-tas para envolvê-los na brincadeira, e eles se empolgam em responder, por exemplo, se estou bonito ou feio ou quando pergunto, por exemplo: ‘sabe como se chama o caracol do vizinho? Encaracolado!!!!’ ”, conta, en-quanto sorri para a câmera.

O novo nariz e a gravata “borboleta” causam estranhamento aos vizinhos que conhecem somente o Edmilson, mas, como todo bom artista, não se intimida, continua dando atenção à objetiva. Foi como se as cores transformassem não somente o rosto, mas a alma de Edmilson, que sem perceber esquece a bengala, usada na recuperação de uma cirurgia, e passa a brincar com a equipe jornalística, o poeta-motorista Moacir Mon-teiro e a vizinhança que, como quem não quer nada, vai chegando. De forma natural, vai explicando a graça de ser palhaço.

As artes cênicas sempre tiveram um lugar especial na vida de Edmilson, mas foi a partir de 1985 que assumiu a “cara de palhaço”. Ah, assumiu roupa e sapatos também. Começou a trabalhar com recre-ação, “ocupando” lugar especial em festas de aniversário e outros eventos. O bom hu-mor foi apreendido dentro de casa, com a mãe, que brincava até mesmo com a pró-pria doença, mas a incursão no teatro deve a Benê Silva, ator campineiro que atuou no Instituto de Física da Unicamp (IFGW). Ao lado de Sandra Bernardes, eles mantinham o Grupo Morte (Movimento Revolucioná-rio do Teatro). “Aprendi muito, inclusive a assistir filmes, ouvir músicas para apurar a audição. Benê sempre dizia que a audi-

Meio palhaço, meiofuncionário público

Edmilson Antonio Ortolan: “Qualquer pessoa que invista no riso de alguém, tem um grande mérito”

Na sequência, Edmilson Antonio Ortolan se maquia para incorporar o palhaço

“Cacareco”: divertindo plateias desde 1985

Foto: Antonio Scarpinetti

Funcionário do CEL vira personagem“Cacareco” em folgas e finais de semana

ção é muito importante para um ator. Hoje tenho um acervo de duas mil músicas de compositores brasileiros e internacionais, bem selecionadas”.

Durante a fase de desemprego, a única atividade era a recreação, mas por ser pouco rentável, foi substituída por atividades admi-nistrativas na Unicamp. Em 1985, resolveu enfrentar a fila quilométrica do último “reba-nhão”, apelido dado a um concurso gigante por meio do qual a instituição repunha ou ampliava seu quadro de funcionários. Para nunca mais se identificar como desemprega-do, respondeu “sim” ao seu sétimo concurso da Unicamp. “Prestei uns sete”, brinca o pa-lhaço que trocou o “picadeiro” pela área de Orçamento e Finanças (extinta DGA 32).

Mas antes que “Cacareco” invertesse a boca para baixo e acrescentasse uma gota d’água em sua maquiagem, decidiu conti-nuar seu trabalho cênico em período con-trário ao da jornada de trabalho. Reduziu os compromissos de Cacareco; ampliou os compromissos de Edmilson, mas sentiu que os dois continuariam a conviver muito bem.

O trabalho com or-çamento durou cerca de dez anos, durante os quais aprendeu a administrar suas pró-prias finanças. Em 1995, um convite para trabalhar num labo-ratório de ensino de línguas, hoje Centro de Ensino de Línguas (CEL), foi a chance de Edmilson trocar a calculadora por câme-ras fotográficas e de vídeo. Deixou então a Diretoria Geral de Administração, que-brando uma regra na

qual ninguém entrava nem saía da DGA. Sua coordenadora, porém, entendeu que sorriria muito mais no CEL ao manipular câmeras de vídeo e fotografias. “Agarrei a oportunidade. Adoro trabalhar com fotos e vídeos”, declara. A nova atividade o motivou a filmar eventos e editar vídeos aos finais de semana.

Lá, entre uma brincadeira e outra, ajuda no que lhe é possível, seja em orçamentos, manutenção, preparação de salas e, por que não, até a evitar um pé quebrado. Até porque, para ele, manter-se alegre depen-de de bem-estar. Seu cuidado com outras pessoas vai além da teatralidade. Desde 1992, é voluntário na Cipa da Unicamp, e é conhecido por alertar colegas e fazer advertências sobre condições de risco de acidente. Essa história começou quando decidiu acompanhar o amigo Passoni, na época presidente da Cipa, fotografando si-tuações de risco. Quando as informações sobre acidentes de trabalho e domésticos são aprofundadas, o olhar cuidadoso pas-sa a trabalhar automaticamente. “Olhe o cinto de segurança, Alice”, avisa quando o motorista dá partida no carro.

Para Edmilson, a distinção entre traba-lho administrativo e cênico deve existir, mas bom humor não atrapalha. “Tem de ti-rar de letra, com bom humor. Em tudo que faço na Unicamp coloco meu bom humor. É algo que pode melhorar o relacionamen-to com o cliente, no caso o aluno e o pro-fessor. Tem de ter criatividade, educação e respeito”, acentua.

Brincalhão, adora aplicar trocadilhos o tempo todo com seu público e até com a en-trevistadora. No meio da conversa, lança um deles: “Quem nasce em Juiz de Fora o que é? O bandeirinha”. E gargalha em seguida.

LEMBRANÇASA brincadeira, na hora certa, ren-

deu a publicação do texto “A valsa das escovas”, em 1986, no jornal “Uni-camp Notícia”. “Era maravilhoso ver que entre 12 horas e 12h15 todos os funcionários da DGA se dirigiam ao banheiro com escovas de dentes sorti-das, muita vezes simulando um maes-tro, um esgrima. Transformei em tex-to, e Eustáquio Gomes publicou. Mas não sem fazer uma observação: “Estou publicando o texto mas não sei bem se é uma crônica, uma redação...”

Em outro momento de descontra-ção, Edmilson, e não “Cacareco”, de-cidiu atravessar a Praça das Bandeiras não com o nariz de palhaço, mas com orelha e dentes de coelho. A Páscoa se aproximava, e Edmilson queria, sem pensar em repercussão, surpreender a namorada, que trabalhava na Secreta-ria Geral. Como ser feliz é uma obri-gação e pronto, a moça deve ter ficado sem graça ao deparar com aquele co-elhinho de quase 2 metros de altura, mas Edmilson, sentiu-se realizado.

O mesmo aconteceu num progra-ma de interação da DGA, quando o natal se aproximava. Foi chamado pela diretora que, percebendo sua inquie-tação, autorizou-o a realizar a loucura que alegraria a festa. Seu corpo como sempre magérrimo foi coberto com uma roupa do “Bom Velhinho”. Em pouco tempo, “Cacareco” foi substi-tuído por outro personagem: o “Papai Noel da Crise”. Assim ficou conheci-do por muito tempo. Mas quem liga? O importante é ser feliz.

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Tese avalia resistênciade rodas ferroviárias

Propriedades mecânicas, microestruturas e micromecanismos foram analisados em laboratório

studo desenvolvido na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), em parceria com o Instituto Fe-deral de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), analisou, a partir de ensaios em laborató-rio, as propriedades mecânicas, as microestrutu-

ras e micromecanismos de fraturas em amostras de cinco ro-das ferroviárias com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre o comportamento mecânico dessas rodas, sejam elas fundidas ou forjadas. “Hoje, o Brasil compete no mercado mundial, exportando rodas ferroviárias em grande escala e cada vez com mais confiabilidade e segurança. O conheci-mento aprofundado das propriedades da roda pode garantir a segurança de milhões de passageiros, pois no mundo inteiro o transporte ferroviário é muito utilizado”, destaca a autora do estudo, a engenheira Syme Regina Souza Queiroz.

De acordo com a engenheira, os trens estão mais mo-dernos e sofisticados devido às constantes mudanças in-dustriais e exigências do mercado. Atualmente, segundo ela, a tendência mundial das estradas de ferro é utilizar car-ga elevada por vagão no setor de transporte de produtos, e alta velocidade no setor de transporte de passageiros. “As duas situações remetem a uma forte solicitação mecânica das rodas ferroviárias. Elas são projetadas e fabricadas para serem substituídas somente por desgastes, mas isso nem sempre acontece”, explica.

Existem defeitos peculiares que ocorrem em rodas fer-roviárias como desgastes que são denominados spalling, shelling, shaterred rim, entre outros. Esses defeitos, associa-dos às condições de fabricação e de serviço, podem levar a roda ferroviária a sofrer uma fratura. Essa fratura, na maio-ria dos casos, é ocasionada por fadiga da roda. Se uma roda

PublicaçõesTese:“Propriedades mecânicas e micromecanismos de fratura de corpos-de-prova usinados de rodas ferrovi-árias fundidas e forjadas”Autora: Syme Regina Souza QueirozOrientador: Itamar FerreiraUnidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)Financiamento: Capes

PublicaçõesTese:“Caracterização bioquímica e com-postos bioativos de macaúba (acroco-mia aculeata (jacq.) lodd. ex mart.)”Autora: Priscila Becker SiqueiraOrientação: Gabriela Alves MacedoUnidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)

A engenheira Syme Regina Souza Queiroz, autora do estudo: resultados satisfatórios

Priscila Becker Siqueira: “O fruto pode oferecer retorno econômico para a indústria e gerar renda para as comunidades mais carentes”

Foto: Divulgação

Foto: Antoninho Perri

Nas bancasNas bancas

RAQUEL DO CARMO [email protected]

LUIZ [email protected]

fratura, a consequência pode ser uma tragédia. “Quando ocorre uma grande perda material, se trata de uma perda reparável, mas tudo muda quando se trata de vidas huma-nas”, argumenta a engenheira.

No estudo, orientado pelo professor Itamar Ferreira, fo-ram analisadas as propriedades mecânicas básicas (limite de escoamento, limite de resistência à tração, alongamento

específico até a fratura e outras) e as propriedades de fadi-ga e tenacidade à fratura. Além das propriedades mecânicas foram caracterizados e analisados também os micromeca-nismos de fratura da superfície de fratura dos corpos-de-prova utilizados nos ensaios de fadiga das cinco rodas e corpos-de-prova utilizados nos ensaios de impacto Charpy.

Syme Queiroz ressalta que o diâmetro de uma roda fer-roviária varia entre 660 mm e 1118 mm (26 a 44 polegadas) e seu peso entre 250 kg e 580 kg, respectivamente. Foram realizados sete tipos de ensaios e utilizados 129 corpos-de-prova. Os resultados encontrados foram satisfatórios e em sua maioria puderam ser comparados com os valores reco-mendados pelas normas da Association of American Railroad – AAR e British Standard Europaische Norm. “Portanto, foi registrada uma importante contribuição para a indústria ferroviária, que pode ser utilizada como base para futuros investimentos”, acredita.

O estudo foi desenvolvido em parceria com a MWL Bra-sil, fabricante de rodas e eixos ferroviários forjados. Segun-do Syme, a pesquisa prossegue no sentido de criar normas técnicas específicas que possam garantir mais segurança não só nos ensaios laboratoriais, mas também na prática diária das rodas ferroviárias em serviço.

Estudo identifica atividadesantioxidantes na macaúba

A forte tendência de aumento no con-sumo de alimentos funcionais vem levando a comunidade científica a estudar cada vez mais as propriedades bioativas de plantas brasileiras, sobretudo de grandes biomas como a Amazônia e o Cerrado. Entretan-to, o fruto da macaúba – palmeira nativa encontrada em extensa área do território nacional – ainda não tinha merecido a de-vida atenção dos pesquisadores, até que a engenheira de alimentos Priscila Becker Siqueira decidiu avaliar seu potencial para utilização nas indústrias alimentícia, far-macêutica e de cosméticos. O que já vinha sendo estudado é seu aproveitamento para a produção de biocombustível.

“O fruto da macaúba é característico do Cerrado, mas muito pouco pesquisado do ponto de vista nutricional e terapêutico, ape-sar do bom potencial científico e tecnológico. Decidimos, então, fazer esta investigação”, conta Priscila, que defendeu em novembro a tese de doutorado envolvendo a “Caracteri-zação bioquímica e compostos bioativos de macaúba (Acrocomia aculeata)”, junto à Fa-culdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, com a orientação da professora Gabriela Alves Macedo.

Professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) em Cuiabá, a autora da tese afir-ma que a macaúba é abundante em áreas do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e também do território paulis-ta. “A polpa e a amêndoa da fruta podem ser consumidas in natura. Com ela também se faz doce, sorvete ou licor, sendo que algumas comunidades, como as indígenas, produzem farinha da polpa seca e paçoca da amêndoa.”

Segundo Priscila Siqueira, o uso da ma-caúba como biocombustível vem despertan-

Fruto da palmeira é avaliado do ponto de vista nutricional e terapêutico

do maior interesse dos pesquisadores devi-do a sua composição lipídica, já que o fruto é rico em ácido oléico e ácido palmítico. “Já existem plantações com esta finalidade, como no Mato Grosso do Sul, mas ainda em fase de pesquisa, não se iniciou nenhuma produção industrial deste biocombustível. Em relação ao óleo da amêndoa, existem ou-tras potencialidades, como seu uso em cos-méticos ou em alimentos; é muito parecido com azeite de oliva e óleo de palma (dendê), sendo usado na culinária doméstica.”

CARACTERIZAÇÃOA pesquisa da engenheira de alimentos

teve duas vertentes. Uma delas foi caracte-rizar o fruto de macaúba do ponto de vista enzimático, procurando saber quais enzi-mas estão presentes na polpa e amêndoa e em que quantidades. “Esta caracterização é importante para a produção enzimática in-dustrial, visando alimentos, detergentes ou medicamentos. O fruto é rico, por exemplo, em enzimas oxidativas (polifenoloxidase e peroxidase), que causam escurecimento do alimento se não houver um tratamento prévio para inativá-las”.

Priscila encontrou outras enzimas como lipase, celulase e pectinase, estudando es-pecificamente a lipase no extrato bruto da polpa, por conta da maior atividade e de perspectiva para aplicação tecnológi-ca. “Fiz a caracterização bioquímica desta enzima para conhecer propriedades como temperatura ótima de atividade e estabili-dade, pH ótimo e de estabilidade, o efeito de íons e de alguns ativadores e inibidores de atividade enzimática, e sua estabilidade em solventes orgânicos. Também descrevo a possibilidade de aplicação desta lipase em reações de hidrólise e síntese de ésteres.”

A outra vertente da tese de doutorado foi investigar a presença de compostos bioati-vos no fruto de macaúba, visto que outras

pesquisas apontaram quantidades impor-tantes de tocoferóis (vitamina E) e de beta-caroteno. “Como essas pesquisas ficaram nisso, pensamos em procurar propriedades antioxidantes e talvez antimicrobianas. E encontramos atividades antioxidantes de-vido à presença de compostos fenólicos e flavonoides, que somados aos tocoferóis e betacaroteno fazem com que o fruto tenha interessantes características nutricionais.”

EXTRATIVISMOO primeiro problema a ser vencido para

disseminar o consumo do fruto da macaú-ba, na opinião de Priscila Siqueira, é que sua exploração ainda se dá de forma ex-trativista. “O coco é duro e a polpa, muito aderida ao endocarpo da amêndoa, precisa ser retirada a faca pelas comunidades lo-cais, num processo demorado. Antes de tudo, seria necessário viabilizar equipa-mentos para a extração. A Associação de Pescadores Artesanais de Iscas de Miranda, no Pantanal, que recebeu uma despolpadei-ra desenvolvida na Universidade Federal de Viçosa, extrai a polpa e a fornece para uma franquia de sorvetes de sabores exóticos.”

Quanto ao sabor da fruta in natura, a pesquisadora afirma que agrada bastante às pessoas que já cresceram em contato com a macaúba. “Quem a experimenta pela primei-ra vez pode estranhar o sabor marcante e aro-mático da polpa. Já a castanha, redonda e pa-recida com a noz pecã, é saborosíssima, uma unanimidade. Acho que a importância do meu estudo está em mostrar que este fruto pode oferecer retorno econômico para a in-dústria e gerar renda principalmente para as comunidades mais carentes. Há fazendeiros que querem eliminar a macaúba de suas pro-priedades por considerá-la quase uma praga que não traz qualquer benefício para eles.”

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10Campinas, 18 a 24 de março de 2013

Unicamp amplia intercâmbio com ALUniversidade recebe delegação com representantes de instituições colombianas

LUIZ [email protected]

A visita de uma numerosa missão da Colômbia, no último dia 13, integrada por 85 representantes de instituições de ensino superior e órgãos do governo da Colômbia, ilustra o incremento que a Unicamp vem pro-movendo na cooperação e intercâmbio com a América Latina. “É uma satisfação muito grande recebê-los na Universidade de Cam-pinas, que tem como um dos seus objetivos mais importantes aumentar o grau de inter-nacionalização”, ressaltou o reitor Fernando Costa, ao recepcionar a delegação. “A coope-ração com os países vizinhos – e a Colômbia em especial – é uma das nossas prioridades. Não por acaso, o maior número de estudan-tes estrangeiros nesta Universidade é de ori-ginários da Colômbia”, completou o reitor.

O encontro faz parte do programa Mis-sões Acadêmicas para a Promoção da Educa-ção Superior na América Latina (Mapes), ins-tituído pelo governo colombiano em 2009, sendo que esta viagem ao Brasil tem o apoio dos Ministérios da Educação e das Relações Exteriores de ambos os países. “Em 2012, a Unicamp recebeu 26 colombianos na gradu-ação, equivalente a 8% dos nossos alunos de intercâmbio, e 203 na pós-graduação, o que representa 32% dos estrangeiros”, informou o professor Alberto Luiz Serpa, coordenador de Relações Institucionais e Internacionais. “Juntos, eles compõem a maior população vinda do exterior. Temos vinte acordos com universidades colombianas”, acrescentou.

O professor Leandro Tessler, assessor da Reitoria, esteve por seis ocasiões na Colôm-bia nos últimos quatro anos, em três delas para o Latin American and Caribbean Higher Education Conference (Lachc), espaço onde a visita à Unicamp foi planejada. “O porte dessa missão é sinal do forte investimento que o governo do país vizinho promete fa-zer no Brasil. Houve uma decisão estratégica no início da gestão do professor Fernando Costa, no sentido de priorizar países latino-americanos em termos de cooperações e in-tercâmbios. E percebemos o grande potencial da Colômbia, que já naquela época tinha um

número importante de estudantes de pós-graduação na Universidade”, comentou.

Segundo Tessler, uma das medidas para aumentar esse intercâmbio foi o estabeleci-mento de um programa de crédito educativo para que pós-graduandos colombianos vies-sem a Campinas pelo Instituto Colombiano de Crédito Educativo e Estudos Técnicos no Exterior (Icetex). “Mais recentemente, assinamos um acordo com o Colciencias (equivalente ao CNPq colombiano), que vai conceder bolsas integrais para que seus estudantes façam mestrado e doutorado na Unicamp, além de prever fundos para que nossos professores passem períodos curtos em instituições de lá. A ideia é que possa-mos contribuir para estabelecer programas de pós na Colômbia.”

Em relação aos demais países da Amé-rica Latina, Leandro Tessler lembra o bom relacionamento que a Unicamp mantém com os membros da Associação de Univer-sidades do Grupo Montevidéu (AUGM), aos quais concede 48 bolsas de estudo, e a vinda dos primeiros estudantes pelo Cen-

tro Interuniversitário de Desenvolvimento (Cinda), nesta gestão. “O número de inter-cambistas do continente teve um aumento bastante significativo: de apenas oito estu-dantes de graduação colombianos em 2009 passamos para 26 em 2012. Os vindos da América Latina e Caribe aumentaram de 113 para 194 no mesmo período.”

VISITA Depois de ouvir uma apresentação da Uni-

camp pelo reitor Fernando Costa, os colom-bianos foram levados a um tour pelo campus. Na parte da tarde, realizaram visitas paralelas aos laboratórios da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), Faculda-de de Ciências Médicas (FCM) e Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). A incursão terminou no Polis de Tecnologia do CNpQ, localizado em Campinas.

Natalia Jaramillo Manjarrés, chefe de As-suntos Internacionais do Ministério da Edu-cação da Colômbia, afirmou que esta missão

esteve em quatro países no ano passado: Panamá, Bolívia, Peru e Equador. “Estamos visitando países estratégicos para o fortaleci-mento de alianças entre nossas universidades e as latino-americanas. Depois do Brasil, va-mos ao México no segundo semestre. Nosso objetivo é promover a Colômbia como tendo um ensino superior de qualidade. Hoje em dias existe uma grande mobilidade de colom-bianos ao Brasil, mas queremos ter maior co-nhecimento das universidades brasileiras em nível institucional.”

A missão colombiana, na qual estão repre-sentadas 54 instituições daquele país, partici-pou de encontros desde segunda-feira na USP, Unesp, Unifesp, Mackenzie, Senai e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Em 2013, a Colômbia será o país que receberá o maior número de bolsas no âmbito do Programa Estudante-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG), mantido pela Ca-pes: 108 (43%) de um total de 250, demons-trando que o relacionamento entre os dois go-vernos no campo do ensino superior vem se intensificando nos últimos anos.

Livroda semana

Cenas de reconhecimento na poesia grega

acadêmica

Vida

do Portalda Unicamp

Teses da semana

Painel da semana

Teses da semana

Livro da semana

Destaques

Vida

Painel da semana

Teses da semana

Minicurso e palestra com Pablo Piccato - O professor Pablo Piccato, da Columbia University, ministra, de 18 a 21 de março, o minicurso “Genero y Crimen en la esfera pública: Narrativas y debates a mediados del siglo veinte”. Piccato também profere palestra, dia 19 de março, às 10 horas, na Sala de Projeções do Instituto de Filosofi a e Ciências Humanas (IFCH). Aborda: “Los Pistoleros como autores: Algunas refl exiones sobre historia y violencia en México em el siglo XIX”. Palestra com a Universidade de Anglia - Ruskin - A Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) organiza no dia 18 de março, às 12 horas, no auditório da Biblioteca Central “Cesar Lattes (BC-CL), palestra da Universidade de Anglia Ruskin, Reino Unido, na qual serão apresentados serviços que a Universidade oferece aos brasileiros nas áreas de Artes, Direito e Ciências Sociais, além de oportunidades de intercâmbios focados em pesquisa, vocação e empregabilidade. Público-alvo: alunos e professores. Mais informações: 19-3521-7145. Fórum Permanente de Esporte e Saúde - O Fórum Permanente de Esporte e Saúde, com o tema “Novas e antigas questões em saúde e trabalho: desafi os e perspectivas”, será realizado no dia 19 de março, das 9 às 17 horas, no Centro de Convenções da Unicamp. É organizado pela professora Maria Inês Monteiro. Mais: http://foruns.bc.unicamp.br/foruns/projetocotuca/forum/htmls_descricoes_eventos/saude60.html Nepam organiza Semana de Arqueologia - O Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte (LAP) do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (/Nepam) organiza a I Semana de Arqueologia - “Arqueologia e Poder”, entre 19 e 21 de março de 2013, na Unicamp. Inscrições e outras informações no link http://www.nepam.unicamp.br/lap/arqueologiaepoder/index. Workshop Germany-Brasil - A Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e o Institut for Mining & Energy Law-Ruhr University of Bochum organizam

nos dias 19 e 20 de março, no auditório ID-2 (sala de defesa de teses), o workshop “Germany-Brasil: comparando as políticas públicas brasileiras e alemãs - experiências sobre fontes de energia renováveis e efi ciência energética”. Mais detalhes na página eletrônica http://www.iei-la.org/. Ofi cina para calouros - O Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), através de seu Serviço de Orientação Educacional, organiza no dia 20 de março, às 12h30, na Sala PB14, a Ofi cina para calouros “Cheguei e daí? Conversando sobre adaptação à universidade”. Mais detalhes no site do evento: www.sae.unicamp.br ou telefone 19-3521-6539. João Paulo Krajewski profere palestra e lança livro no IB - O Instituto de Biologia (IB) recebe, para palestra e lançamento do livro “Vida em nossos Mares”, João Paulo Krajewski, aluno da turma de 1999 do IB. O encontro acontece no dia 20 de março, às 16 horas, na Biblioteca do IB (sala IB 02). Na ocasião, Krajewski fala sobre disponibilização e informações biológicas em imagens e editoração. Krajewski fez seu mestrado e doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia (Unicamp). Atualmente é pesquisador colaborador do Laboratório de Biogeografi a e Macroecologia Marinha do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisa história natural e ecologia de peixes recifais e outros organismos marinhos desde 2000. Dedica-se principalmente ao estudo de interação e associações. É também cinegrafi sta e fotógrafo da natureza. Já escreveu artigos e recebeu prêmios pelas fotografi as que fez da natureza. Colloquium for Philosophy and History of Formal Sciences - O 1st CLE Colloquium for Philosophy and History of Formal Sciences acontece de 21 a 23 de março, no Centro de Convenções da Unicamp. Abertura às 9 horas. O objetivo é promover reuniões regulares permitindo colaborações entre os interessados por pesquisas em Filosofi a e História das Ciências Formais Mais detalhes no link http://www.cle.unicamp.br/principal/1stcle4science/ ou telefone 19- 3521-4951. Enfermaria de Pediatria recebe doações de ovos de Páscoa - A Enfer-maria de Pediatria do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp já está recebendo doações de ovos de páscoa nº 12 (com brinquedo dentro) para as crianças que atualmente encontram-se internadas na unidade. A festa de Páscoa está marcada para o dia 26. As entregas podem ser feitas até o dia 22 de março, no 4º andar do HC. Mais detalhes: 19-3521-7458. X Seminário Nacional de História da Matemática - Iniciativa do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE) da Unicamp e da So-ciedade Brasileira de História da Matemática (SBHMat), de 24 a 27 de março, no Centro de Convenções da Unicamp, às 13 horas, acontece o X Seminário Nacional de História da Matemática (X SNHM). O evento reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros, interessados na área de História da Matemática. Mais detalhes na página eletrônica http://www.cle.unicamp.br/principal/xsnhm/

Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - “Diretrizez solares para o planejamento urbano: o envelope solar como critério para adensamento e verticalização” (doutorado). Candidato: Denis Roberto Castro Pérez. Orientador: professor Edison Favero. Dia 20 de fevereiro de 2013, às 9h30, na sala de defesa da CPG da FEC. Engenharia de Alimentos -“Potencial antioxidante in vivo da casca do maracujá (Passifl ora Edulis)” (mestrado). Candidata: Juliana Kelly da Silva. Orientador: professor Mário Roberto Maróstica Junior. Dia 22 de março de 2013, às 10 horas, no anfi teatro do Departamento de Alimentos e Nutrição da FEA. Engenharia Elétrica e de Computação -“Computação biogeográfi ca: fundamentos, estrutura conceitual e aplicações” (doutorado). Candidato: Rodrigo Pasti. Orientador: professor Fernando José Von Zuben. Dia 18 de março 2013, às 9 horas, na sala de defesa de teses da FEEC. Engenharia Química -“Viabilização da polimerização mediada por nitróxi-

dos (NMRP) em emulsão por meio da variação de parâmetros de processo” (doutorado). Candidato: Eduardo Galhardo. Orientadora: professora Liliane Maria Ferrareso Lona. Dia 20 de março de 2013, às 9 horas, na sala de aula PG05, bloco D da FEQ.“Estudo das propriedades de barreira de fi lmes de nancompósitos obtidos da blenda de PEAD/PEBDL com montmorilonita organofílica” (mestrado). Candidata: Carolina Vertu Marinho da Cruz. Orientadora: professora Ana Rita Morales. Dia 22 de março de 2013, às 10 horas, na sala de defesa de teses do Bloco D da FEQ.“Aplicação do laser de CO2 para remoção de ácidos e enxofre dos petróleos pesados e desenvolvimento de metodologias de caracterização das proprieda-des termo-físicas” (doutorado). Candidata: Julie Andrea Ballesteros Hernandez. Orientador: professor Rubens Maciel Filho. Dia 22 de março de 2013, às 14 horas, na sala de defesa de teses do Bloco D da FEQ. Biologia - “Análise de região do promotor do gene CsEXP como um dos possíveis locais de interação genética no desenvolvimento do cancro cítrico envolvido na sinalização de auxina e estudos da proteína CsARF de Citrus sinensis” (mestrado). Candidata: Fabiana Helena Forte Gomes. Orientador: professor José Camillo Novello. Dia 18 de março de 2013, às 14 horas, na sala de defesa de teses do prédio da CPG do IB.“Estudos comparativos da atividade cinética e trombina-símile de serinoprote-ases isoladas a partir dos venenos de Bothrops brazili e Bothrops roedingeri” (doutorado). Candidato: Augusto Vilca Quispe. Orientador: professor Sergio Marangoni. Dia 19 de março de 2013, às 9 horas, na sala de defesa de teses do prédio da CPG do IB.“Modulação das vias de sinalização de sobrevivência, ciclo celular, resistência e potencial metastático pela etoxzolamida na linhagem celular de adeno-carcinoma ductal de pâncreas humano (PANC-1)” (mestrado). Candidata: Cintia Elisabeth Gomez. Orientadora: professora Carmen Veríssima Ferreira Halder. Dia 21 de março de 2013, às 14 horas, na sala de defesa de teses do prédio da CPG do IB. Filosofi a e Ciências Humanas - “As portas do programa bolsa família: vozes das mulheres benefi ciárias do município de Santo Antonio do Pinhal/SP” (mestrado). Candidata: Luciana Ramirez da Cruz. Orientadora: professora Gilda Figueiredo Portugal Gouvea. Dia 19 de março de 2013, às 10h30, na sala multiuso do IFCH.“Ja mis lectorcitos, la nación! - a construção das memórias mexicanas através dos manuais escolares durante o governo de Porfi rio Díaz (1876-1911)” (mes-trado). Candidata: Julia Rany Campos Uzun. Orientador: professor Leandro Karnal. Dia 19 de março de 2013, às 13h30, na sala da congregação do IFCH.“A lógica e a metafísica dos enigmas: surpresa, espanto e informação” (doutora-do). Candidato: Samir Bezerra Gorsky. Orientador: professor Walter Alexandre Carnielli. Dia 22 de março de 2013, às 14h30, na sala da Congregação do IFCH. Matemática, Estatística e Computação Científi ca -“Análise de curvas funcionais agregadas com efeitos aleatórios” (mestrado). Candidata: Amanda Lenzi. Orientadora: professora Nancy Lopes Garcia. Dia 21 de março de 2013, às 14 horas, na sala 253 do IMECC. Química -“Síntese de biodiesel: estudo da infl uência de catalisadores alca-linos na reação de metanólise por monitoramento online do índice de refração” (doutorado). Candidato: José Geraldo Rocha Junior. Orientador: professor Matthieu Tubino. Dia 19 de março de 2013, às 14 horas, no miniauditório do IQ.“Aplicação da espectrometria de massas na avaliação da composição química de vinhos e uvas” (doutorado). Candidata: Flamys Lena do Nascimento Silva. Orientador: professor Marcos Nogueira Eberlin. Dia 21 de março de 2013, ás 14 horas, na sala IQ-14 do IQ.“Cálculo efi ciente de alta qualidade Ab initio e DFT das atividades Raman de espalhamento dependentes da frequência de moléculas de interesse ambiental” (doutorado). Candidato: Alamgir Khan. Orientador: professor Pedro Antonio Muniz Vazquez. Dia 22 de março de 2013, às 14 horas, no miniauditório do IQ.

Sinopse: “Há algo de divino no reconhecimento dos que ama-mos”, diz Eurípides em sua Helena. Presente em diversos gêneros literários gregos, desde a épica homérica até o romance, convertido em motor da catarse pela força de seu apelo emocional, o reco-nhecimento (anagnórisis) torna-se com Aristóteles um termo crucial de poética, debatido numa longa tradição dos estudos literários. Esta obra examina as muitas cenas de reconhecimento na poesia grega arcaica e clássica, articulando leituras teóricas e discussões analíticas das passagens literárias em que ele ocorre. O resultado percorre uma produção que vai da épica homérica (Ilíada e Odisseia) à tragédia (Ésquilo, Sófocles e Eurípides) e à comédia (Aristófanes e Menandro) e desenha um amplo mapa da evolução do conceito e da experiência que ele recobre, interessando a um só tempo aos que estudam a Antiguidade e aos que se ocupam da teoria literária.

Autor: Adriane da Silva Duarte é professora de língua e literatu-ra grega na Universidade de São Paulo, cocoordenadora do Grupo de Pesquisa Estudos sobre o Teatro Antigo e autora de O dono da voz e a voz do dono: a parábase na comédia de Aristófanes (Humanitas, 2000). Traduziu as comédias aristofânicas As aves (Hucitec, 2000) e Duas comédias: Lisístrata e As tesmoforiantes (Martins Fontes, 2005), e participou da equipe que elaborou o Dicionário grego-português (Ateliê, 2006-2010).

Autor: Adriane da Silva DuarteFicha técnica: 1ª edição, 2012; 312 páginas; Formato: 16 x 23 cm; | ISBN: 978-85-268-0984-0Área de interesse: Crítica e teoria literária | Preço: R$ 40,00

Fotos: Antoninho Perri

Reitor Fernando Costa fala a integrantes da missão colombiana: cooperação com os países vizinhos é uma das prioridades

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11Campinas, 18 a 24 de março de 2013

SILVIO ANUNCIAÇÃ[email protected]

ma nova técnica desenvol-vida na Unicamp permite analisar de forma integrada e mais precisa os diferentes tipos de lesões cerebrais. O

método, automatizado, auxiliará médicos e especialistas no diagnóstico de alterações na substância branca do cérebro, que po-dem estar associadas à esclerose múltipla, lúpus e acidente vascular cerebral (AVC).

O estudo, de caráter preliminar, foi conduzido pela engenheira de teleinfor-mática Mariana Pinheiro Bento. Ela de-fendeu em fevereiro último dissertação de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp. Alguns resultados já foram apresentados este ano no Congresso da Sociedade Internacional de Óptica e Fo-tônica (SPIE, na sigla em inglês).

O método pode trazer vantagens, prin-cipalmente, para a investigação de lesões que ainda não foram caracterizadas, como, por exemplo, as causadas pelo lúpus, do-ença rara e autoimune. A técnica, expli-ca a pesquisadora Mariana Bento, poderá colaborar tanto no diagnóstico, como no acompanhamento dos pacientes.

“Inclusive poderemos saber no futuro não somente se as lesões aumentaram ou diminuíram, mas o quanto elas aumenta-ram ou decresceram e de que forma acon-teceu. Isto se torna muito importante para o monitoramento do paciente ao longo do tempo”, reforça a engenheira.

Ainda de acordo com ela, outro diferen-cial em relação aos métodos convencionais é a possibilidade de analisar, comparati-vamente, lesões causadas por diferentes doenças. “Existem softwares no mercado que fazem a análise de determinada do-ença e lesão. Desconhecemos métodos de análise integrada para diferentes tipos de doença, como é a nossa proposta”, con-trasta Mariana Bento.

Técnica permite análise integrada e mais precisa de lesões cerebrais

PublicaçõesBento, M; Rittner, L; Appenzeller, S; Lapa, A; e Lotufo, R. Analysis of Brain White Matter Hyperintensities using Pattern Recognition Techniques in Anais do Congresso da Sociedade Internacional de Óptica e Fotônica (SPIE), 2013.

Dissertação: Análise de Lesões na Substância Branca do Cérebro a partir de Imagens de Ressonância Magnética Autora: Mariana Pinheiro BentoOrientador: Roberto de Alencar LotufoCoorientadora: Letícia RittnerUnidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC)

Foto: Antonio Scarpinetti

Em sua pesquisa, ela foi orientada pelo docente Roberto de Alencar Lotufo, do Departamento de Engenharia de Compu-tação da FEEC. Do mesmo departamento, a professora Letícia Rittner coorientou o trabalho. O estudo também contou com a colaboração da médica do Hospital de Clí-nicas (HC) Simone Appenzeller, docente da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

A médica da Unicamp forneceu ima-gens de ressonância magnética de pa-cientes do HC utilizadas para subsidiar a pesquisa, informa Mariana Bento. “As lesões na substância branca do cérebro são frequentemente encontradas em diag-nósticos neurológicos, sejam sintomáticos ou assintomáticos. O acompanhamento e análise são muito importantes para o diag-nóstico. Atualmente, a ressonância mag-nética do cérebro é o tipo de exame que transmite mais informação para o médico. Só que as análises são feitas apenas com base em observações visuais”, pondera.

A pesquisadora explica que, pelo mé-todo convencional, um especialista abre a imagem de ressonância magnética em determinado software e observa as lesões visualmente, quadro por quadro. “Diferen-ciar, visualmente, os tipos de lesões é muito difícil para os médicos porque as alterações na substância branca são muito parecidas. A nossa metodologia propõe a análise au-tomática de uma região para dizer se ela é ou não uma lesão e também qual o tipo de lesão em caso positivo”, compara.

O objetivo, esclarece ela, não é substi-tuir o médico, mas auxiliá-lo. “É indicar qual a região que tem maior probabili-dade de lesão e até apontar qual seria a sua origem. É uma análise mais robusta, fundamentada em outros atributos e in-formações do que apenas aquelas visuais”, destaca a estudiosa.

“As técnicas permitirão propor medi-das de acompanhamento longitudinal do paciente. Por exemplo: ele começa a ser tratado e de quatro em quatro meses são comparados atributos e informações des-tas lesões ao longo do tempo, como a es-

demos adicionar também outras técnicas para a análise de tumores cancerígenos no cérebro”, revela.

O método proposto permite, no mo-mento, identificar lesões de origem isquê-mica e desmielinizante. Estas lesões são as mais frequentemente vistas em exames de ressonância magnética no cérebro, assi-nala a pesquisadora.

As isquêmicas existem em pacientes que tiveram acidente vascular cerebral. Neste caso, a lesão é originada pela in-terrupção de um vaso cerebral, que im-pede a passagem do fluxo sanguíneo por aquela região.

Já as lesões de etiologia desmielini-zante estão ligadas à esclerose múltipla, doença que ataca a bainha de mielina dos neurônios. Este processo é, então, chama-do de desmielinização.

“Existem algumas lesões que não tem etiologia conhecida, não se sabe por que ela foi gerada. É o caso do lúpus. No AVC, a lesão foi causada porque teve interrup-ção do fluxo sanguíneo. No lúpus, nin-guém sabe. Com esta metodologia será possível comparar a lesão causada pelo lúpus, abrindo caminho para um melhor entendimento da doença, que ainda não tem cura”, prevê Mariana Bento.

pessura e o volume das alterações. Deste modo, o médico pode analisar de modo mais preciso se o tratamento está evoluin-do ou não”, completa.

COOPERAÇÃOEmbora preliminar, o estudo desenvol-

vido por Mariana Bento dá passo signifi-cativo para o desenvolvimento de novas técnicas de processamento de imagens e reconhecimento de padrões, ressalta o orientador Roberto Lotufo.

“O projeto de mestrado da Mariana vem fortalecer e consolidar a coopera-ção entre a FEEC e a FCM de modo que possamos, de um lado, apoiar a pesquisa clínica feita na FCM e ao mesmo tempo contribuir com o desenvolvimento de no-vas técnicas de imagens”, considera o do-cente da FEEC.

Ele também avalia a importância do trabalho, opinião corroborada pela coo-rientadora Letícia Rittner. “Este estudo conjunto permite diminuir a subjetividade da análise das imagens feita pelo especia-lista, além de reduzir o tempo gasto e pro-porcionar um entendimento mais amplo e aprofundado do problema, neste caso, das lesões do cérebro.”

A pesquisa, lembrou Lotufo, está inti-mamente ligada ao trabalho desenvolvi-do pela professora Simone Apenzeller no Departamento de Reumatologia da FCM. A docente utiliza técnicas de neuroima-gem para auxiliar no diagnóstico e des-vendar a fisiopatologia do lúpus. Lotufo acrescentou ainda as colaborações dos docentes Fernando Cendes e Lilian Tere-za Lavras Costallat, da FCM, além de Ga-briela Castellano, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW).

FUTUROConforme Mariana Bento está previs-

to em estudos futuros o desenvolvimento de um software para executar os procedi-mentos de modo automatizado. “Preten-

Método auxiliará no diagnóstico do lúpus, esclerose múltipla e AVC

A engenheira de teleinformática Mariana Pinheiro Bento, autora do estudo: metodologia propicia análise automática

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