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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - CAMPUS II DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC JOSEMIR PEREIRA SANTOS MEMÓRIA DO ALAGOINHAS ATLÉTICO CLUBE: Jogadores, Trajetória e Vínculos Alagoinhas 2010

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Page 1: Josemir

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - CAMPUS II DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC

JOSEMIR PEREIRA SANTOS

MEMÓRIA DO ALAGOINHAS ATLÉTICO CLUBE:

Jogadores, Trajetória e Vínculos

Alagoinhas 2010

Page 2: Josemir

JOSEMIR PEREIRA SANTOS

MEMÓRIA DO ALAGOINHAS ATLÉTICO CLUBE: Jogadores, Trajetória e Vínculos

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da

Universidade do Estado da Bahia - Campus II, para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física, sob orientação do Professor

Dr. Augusto César Rios Leiro.

Alagoinhas- Ba

2010

Page 3: Josemir

Agradecimentos

Agradecimento maior a Deus que nos concede força e discernimento para

superação das dificuldades, à família que é a base de sustentação que me

motiva e me impulsiona a todo momento.

Rendo uma homenagem ao meu velho pai, incentivador de todos os filhos para

que estudassem em busca de uma educação de qualidade. Com todo esforço

nos possibilitou esta oportunidade.

Dedico uma página especial à minha mãe, presença marcante em todos os

momentos, símbolo de garra e proteção.

Aos amigos os quais tenho dividido o peso do fardo, tornando-o mais leve.

Também temos compartilhado muitos momentos de alegria.

À minha turma, a qual parabenizo pela maturidade alcançada neste período em

que convivemos, prova disso fica evidenciada pelos bons trabalhos

apresentados para a conclusão do curso, me orgulho de tê-los como colegas,

alguns se tornaram amigos, que levarei para toda a vida.

A todos, os ex-atletas que com boa vontade e presteza aceitaram fazer parte

desta pesquisa dando uma colaboração muito importante para a elaboração

deste trabalho.

Aos professores que com seu método de ensino nos passam mais do que

conhecimento tão somente voltado as disciplinas curriculares, nos incentivam a

pesquisar, discutir novas idéias, auxiliando assim para o bom desenvolvimento

do grupo.

A meu irmão Silvan e minha cunhada Pedrita, pelo incentivo e ajuda constante

em busca da conclusão do curso e elaboração deste trabalho.

Aos amigos Uilien e Milena pela disponibilidade, sempre que precisei consultá-

los para formatação, correção e companhia para a coleta de dados.

Aos amigos de todas as horas : Silvana, Roberta e Daniel.

A todos o meu muito obrigado.

Page 4: Josemir

Resumo

A presente escrita, trata de um estudo monográfico sobre a história e memória

do Alagoinhas Atlético Clube - Ba, com vistas dos ex - jogadores destacando

sua trajetória no clube e sua atual situação fora do futebol. Foram

desenvolvidos os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa

documental e bibliográfica e questionário com questões fechadas e entrevista.

Os resultados apontam que apesar dos ex-jogadores possuírem um tempo de

atuação expressivo e terem participado da conquista de alguns títulos para o

clube, nenhum deles possui qualquer tipo de vinculo com A.A.C. atualmente,

onde apenas um dos entrevistados refere ter participado de um programa

social criado pelo clube. Para tanto, inicialmente, foi feito um diagnóstico

institucional, para conhecimento do time e sua trajetória no cenário baiano e

nacional, as necessidades e dificuldades presentes no esporte local e também

de seus jogadores. O estudo foi desenvolvido a partir de três (03) blocos

temáticos: Aplicação de questionários aos ex-atletas; Entrevista com o gestor

do A.A.C.; Levantamento documental do clube. Após análise descritiva dos

dados, é possível afirmar que existem poucos registros referentes ao clube

datado da época da sua fundação em abril de 1970 e que seus ex-jogadores,

seguem vidas distintas, sem manter nenhum vínculo social desde os

respectivos desligamentos do clube.

Palavras-chave: Memória, Jogadores e Trajetória.

Page 5: Josemir

Abstract

This writing is a monographic study of the history and memory Alagoinhas

Atlético Clube - Ba, with views of the ex - players at the club highlighting its

history and its current situation outside of football. We have developed the

following methodology: desk research and literature and closed questions and

interview. The results show that in spite of ex-players have an impressive time

of work and have participated in the conquest of some titles for the club, none of

them has any link with AAC Currently, only one of the respondents reported

having participated in a program created by the social club. For that, initially, an

institutional diagnosis was made out to the team and its trajectory in Bahia and

national scene, needs and difficulties present in local sport and also his players.

The study was developed from three (03) thematic groups: Application of

questionnaires to former athletes, Interview with the manager of AAC

documentary survey of the club. After descriptive analysis, it is clear that there

are few records pertaining to the club dated from the time of its founding in April

1970 and that his former players, they follow different lives, without maintaining

any link from their social club shutdowns.

Keywords: Memory, Players and Trajectory.

Page 6: Josemir

Lista de Siglas

AAC – Alagoinhas Atlético Clube

AGAP – Associação de Garantia aos Atletas Profissionais

CBF – Confederação Brasileira de Futebol

FIFA- Federação Internacional e Associação de Futebol

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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Lista de Imagens

FIGURA 1 – Bola de Futebol 15

FIGURA 2 – Escudo do AAC 27

FOTO1 –Time do Bangu 20

FOTO 2 - Campo do Bangu 22

FOTO 3 – Estádio Antônio Carneiro 25

FOTO 4 – Time Pioneiro do AAC 26

FOTO 5 – Parte Interna do Estádio 36

FOTO 6 – Visão Geral da Obra 36

FOTO 7 – Estádio Atualmente 37

Page 8: Josemir

Sumário

1 Introdução 8

2 Reflexões Teóricas sobre Memória e História 10

2.1 Memória no Esporte 12

2.2 História do Futebol 14

2.3 História e Memória dos Clubes 19

3 Caminhos Metodológicos da Pesquisa 23

3.1 O Alagoinhas Atlético Clube em Foco 25

3.2 Análise dos Dados 29

4 Considerações finais 30

Referências

Anexos

Page 9: Josemir

8

1. Introdução

No processo de escolha do tema para o Trabalho de Conclusão de

Curso havia um desejo de realizar, não uma monografia de produção textual

baseada apenas nas pesquisas bibliográficas, mas um trabalho de pesquisa de

campo, um fator acabou sendo decisivo: a realização pessoal. Não tinha

interesse em fazer um projeto de pesquisa diretamente voltado para área, uma

analise do discurso, questionamentos acerca dos veículos ou tão somente uma

pesquisa histórica. Por conta disso, fica claro que, os projetos de pesquisas na

Uneb, tenham uma abrangência que vá além da Licenciatura na Educação

Física e abra um leque de possibilidades maior e mais provocador.

Com isso houve uma escolha de uma temática que fosse o mais

prazerosa possível, assim o trabalho fluiria mais facilmente É claro que, sendo

um produto comunicacional de possível interesse para o público e ao mercado,

seria uma união ideal.

O universo da educação física, conforme aprendemos durante todo o

curso, transcendem as técnicas de cada meio. Ele diz respeito ao mundo, pois

é também uma questão de saúde.

Sendo assim, enfatizo a modalidade esportiva de futebol, devida a sua

significativa expressão como alto rendimento no município de Alagoinhas, por

ser um importante esporte profissional na região. Abrangendo atletas, ou

melhor, ex-atletas de status de nível nacional e internacional. O grande

questionamento era de que forma se encontra a situação atual dos ex-

jogadores de equipes de futebol profissional no município e quais as atividades

desenvolvidas por esses atletas.

A idéia inicial de fazer um projeto tendo o futebol como tema surgiu a

partir de questionamentos acerca de um grupo de ex-jogadores, moradores na

proximidade da minha residência, que exercem uma série de atividades como:

motorista, corretores e alguns sem atividades que vez por outra reunem-se

para jogar dominó numa barraca do bairro. A minha curiosidade girava em

torno da fonte de renda dessas pessoas e se havia algum amparo

previdenciário voltado para esta categoria de ex-jogadores. Mais tarde aceitei a

Page 10: Josemir

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sugestão de discorrer sobre a história do clube ao qual esses jogadores haviam

atuado na cidade o Alagoinhas Atlético Clube.

A partir dessas premissas nesse trabalho monográfico inicio uma

discussão sobre a história e a memória do futebol um estudo de caso do

Alagoinhas Atlético Clube, clube oficial do município de Alagoinhas no interior

da Bahia.

Comecei a leitura pelos livros e revistas, resumindo e fazendo anotações

sobre os assuntos escolhidos. Inicialmente concentrei as primeiras pesquisas

na origem do futebol, sua história moderna e suas regras. Dando continuidade,

pesquisei os principais jogadores, técnicos, campeonatos e esquemas táticos.

Depois, selecionei os termos mais utilizados na linguagem do futebol, o

chamado futebolês. Por fim, para garantir informações e dados estatísticos

mais atualizados consultei sites especializados, dando preferência aos sites

oficiais das confederações e dos times e jogadores.

O presente trabalho trata do estudo sobre a história de ex-jogadores e

memória do clube do Alagoinhas Atlético Clube do município de Alagoinhas

Bahia .

O trabalho procura enfatizar a modalidade esportiva futebol, o grande

questionamento é de que forma se encontra a situação atual desses ex-

jogadores da equipe de futebol do Alagoinhas Atlético Clube, a conservação e

registros dos fatos que marcaram a sua história no decorrer desses anos de

atividade do clube e que atividades desenvolvem socialmente. Quais as

medidas utilizadas pelo clube ou município para a conservação da sua história

e como forma de homenagear os seus ídolos.

A proposta de solução do problema mencionado seria implementar

medidas e diretrizes que possam contribuir para promover uma maior

conservação da memória dos clubes. Reconstruir histórias referentes ao

esporte, futebol e à educação física utilizando-se de fontes primárias advindas

dos depoimentos de pessoas cuja memória auxilia reconstruir o passado

permitindo, então, melhor compreender o presente;

Organizar um acervo iconográfico e documental a partir do contato com os

entrevistados e do processamento das entrevistas produzir documento para

uma política de Centro de Memória do futebol na comunidade.

Page 11: Josemir

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2. Reflexões Teóricas sobre Memória e História

O futebol, como é praticado hoje, tem mais de cem anos de história. É o

principal esporte nacional, uma das principais manifestações do que se

entende por brasilidade. Está no jeito, na cultura, nos nossos ídolos e ideais e

também na nossa língua. Isso pode ser facilmente perceptível em nosso

cotidiano repleto de expressões futebolísticas. Com tamanha importância e

influência na vida do brasileiro, esse esporte não poderia deixar de ser objeto

de estudo de antropólogos, historiadores, sociólogos, escritores e jornalistas,

tematizado por diversos produtos culturais como livros, filmes, programas

televisivos dentre outros. Mesmo aqueles que pouco, ou nada, entendem e

acompanham desse esporte se vêem envolvidos em um clima futebolístico que

domina o país.

Segundo Silva, 2002 uma visão positivista toma memória como

distorção, ideologia, ficção ou simples narrativa identitária; outra visão a

entende como uma das formas de acesso ao passado que reflete o acontecido

no presente e o projeta no futuro. Na segunda perspectiva, apesar de a

memória representar aquilo que uma coletividade ou um indivíduo permitiu que

chegasse ao presente com imagens, escrita e oralidades, muitas das vezes

distorcidas e opacas, ainda assim essa narrativa tem como pretensão a

verdade, seja com base na experiência ou nos fragmentos discursivos,

imagens e documentos que se apresentam ao presente. Nesse particular,

memória e história compartilham do mesmo valor da busca da verdade, mesmo

que seja por diferentes caminhos.

Dos muitos conceitos pesquisado sobre a memória, destaca-se que

:lembrar não é a re-excitação de inumeráveis traços fragmentados, fixos e sem

vida. É uma reconstrução, ou construção imaginativa, construída a partir de

nossa atitude em relação a uma massa ativa de reações ou experiências do

passado organizadas, e em relação a pequenos detalhes importantes que

comumente aparecem em imagem ou na forma da linguagem.( Rev. Bras. Hist,

2003).

Podemos compreender a memória como sendo qualquer forma de

pensamento, percepção ou prática que tenha o passado como sua principal

Page 12: Josemir

11

referência. A memória de experiências passadas está presente em cada

palavra que dizemos em cada passo que damos ou em cada sonho que

construímos. Ela está presente no pensamento, nos sentimentos e percepções,

bem como na imaginação. Tudo o que sabemos ou que podemos aprender se

deve às memórias que possuímos ou que iremos adquirir. Mesmo

considerando a presença da memória "em nós", precisamos considerar que

esse "nós" não é uno e indivisível. Nós não somos capazes de lembrar com

todos os detalhes nem mesmo um evento vivenciado algumas horas atrás. Se

nos damos conta de que, além de ser seletiva, a memória envolve o

esquecimento, podemos compreender melhor ainda a falta de controle que

temos sobre ela, pois o que lembramos e esquecemos não é resultado apenas

de nossas intenções e desejos declarados. Nós nos lembramos de detalhes

aparentemente sem importância e esquecemos faces, nomes e lugares que

seriam fundamentais para nós. O esquecimento de experiências traumáticas

pode acontecer independentemente de nossas vontades.

O dicionário de língua portuguesa Houaiss define História como sendo o

conjunto de conhecimentos relativos ao passado da humanidade, segundo o

lugar, a época e o ponto de vista escolhido. Já a enciclopédia colaborativa

Wikipédia descreve: ―a História é o estudo da ação humana ao longo do tempo‖

por meio da avaliação de processos e de eventos ocorridos no passado. O

filósofo Arthur Schopenhauer acreditava que ―o que a História conta não passa

do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade‖. História (do

grego antigo historie, que significa testemunho, no sentido daquele que vê) é a

ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitante

à análise de processos e eventos ocorridos no passado.

Page 13: Josemir

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2.1 Memória no Esporte.

Esta discussão objetiva destacar a pesquisa histórica como uma

possibilidade de narrar e analisar o esporte moderno. Para tanto analisa a

relação entre memória e história bem como a vinculação deste fenômeno

cultural com a tradição e com o espetáculo. Por fim, elenca uma série de

"locais da memória" existentes no Brasil cujos acervos traduzem-se em

importantes fontes de consulta e pesquisa.Tendo como objetivo reconstruir,

preservar e divulgar a memória do esporte, da educação física, do lazer .

Dos 20 clubes pertencentes ao Clube dos 13 – os mais poderosos do

país -, apenas nove têm museus ou espaços abertos ao público dedicados à

história das agremiações (Bahia, Corinthians, Grêmio, Fluminense, Portuguesa,

Santos, São Paulo, Sport e Vasco). E alguns não estão bem estruturados tanto

para receber os interessados quanto na organização de seus acervos. O que

mais recebe visitantes é o ―Memorial das Conquistas‖ do Santos (100 mil

visitantes/ano). Seguido pelos espaços do Grêmio (85 mil) e São Paulo (36

mil).

Números bem inferiores - para não ir muito longe – aos do museu do

Boca Juniors, que recebe anualmente 500 mil visitantes. Na Europa, então, a

preocupação com a divulgação do passado dos clubes está muito

mais enraizada. O memorial do Barcelona, com 1,2 milhão de visitantes a cada

ano, é o museu mais visitado da região da Catalunha, superando espaços que

reúnem acervos de qualquer tipo (quadros, esculturas etc). Além de divulgar a

história das equipes e cativar um número maior de aficionados, os museus

geram também uma receita importante com a venda de entradas e de

souvenirs.

Apesar de ainda muito precisar ser feito, o movimento de preservação e

divulgação da memória esportiva no Brasil ganha força com várias iniciativas.

A principal delas foi a inauguração em setembro de 2008 do Museu do Futebol,

instalado no estádio do Pacaembu (São Paulo). E o interesse do público por

um espaço que mostre a história do esporte fica provado pelos números. O

local já é o segundo museu mais visitado de São Paulo (113.942 pessoas de

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13

janeiro a abril deste ano), pouco atrás do Museu de Língua Portuguesa

(123.485), o mais visitado do país.

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2.2 A História do Futebol

O futebol é um dos esportes mais populares no mundo. Praticado em

centenas de países, este esporte desperta tanto interesse em função de sua

forma de disputa atraente.

Embora não se tenha muita certeza sobre os primórdios do futebol,

historiadores descobriram vestígios dos jogos de bola em várias culturas

antigas. Estes jogos de bola ainda não era o futebol, pois não havia a definição

de regras como há hoje, porém demonstram o interesse do homem por este

tipo de esporte desde os tempos antigos.

Segundo Unzelte (2002), as primeiras manifestações do futebol

ocorreram entre 3.000 e 2.500 a.C., na China. Há indícios que durante o

império chinês, os soldados chineses tinham o costume de chutar crânios de

soldados derrotados, que por sua vez mais tarde crânio seria substituídos por

bolas de couro, usados por soldados em exército militar, onde deveriam ser

lançados entre duas estacas cravadas no chão, teriam sido as primeiras traves

da história.

O futebol tornou-se tão popular graças a seu jeito simples de jogar.

Basta uma bola, equipes de jogadores e as traves, para que, em qualquer

espaço, crianças e adultos possam se divertir com o futebol. Na rua, na escola,

no clube, no campinho do bairro ou até mesmo no quintal de casa, desde cedo

jovens de vários cantos do mundo começam a praticar o futebol.

Há relatos de um esporte muito parecido com o futebol, embora usava-

se muito a violência. O Soule ou Harpastum era praticado na Idade Média por

militares que se dividiam em duas equipes: atacantes e defensores. Era

permitido usar socos, pontapés, rasteiras e outros golpes violentos. Há relatos

que mostram a morte de alguns jogadores durante a partida. Cada equipe era

formada por 27 jogadores, onde grupos tinham funções diferentes no time:

corredores, dianteiros, sacadores e guarda-redes.

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Bola de futebol final do século XIX

O primeiro brasileiro a dominar a nobre arte de controlar a bola e marcar

gols era quase um inglês. Charles Miller nasceu no Brás, em São Paulo,

descendente de ingleses e escoceses. Aos 9 anos seguiu para a Inglaterra

com a finalidade de estudar. Lá, aprendeu - e bem - a jogar futebol. Nos jogos

oficiais de seu colégio. Charles era um artilheiro implacável. Marcou 41 gols em

25 partidas. "Nosso melhor atacante. Drible maravilhosamente rápido e chute

brilhante. Marca gols com grande eficiência", registrou na época o jornal da

escola. Seu futebol chamou tanto a atenção que acabou convocado para jogar

no time de Southampton, a seleção local. Sem falar da partida que disputou

pelo Corinthians, famoso time amador inglês, o mesmo que mais tarde iria

inspirar a fundação do Corinthians Paulista.

Quando desembarcou de volta ao Brasil em 1894, para São Paulo,

trazendo na bagagem camisa, calção, chuteiras e duas bolas oficiais, Charles

Miller se surpreendeu ao descobrir que ninguém praticava o esporte bretão por

aqui. Sorte que trouxera duas bolas, uma agulha, uma bomba de ar e dois

uniformes. Charles voltou em 1895, mas em 26 de outubro de 1863 já havia

sido fundada na Freemason's, taberna da Great Queen's Street, centro de

Londres, The Football Association, a entidade que até hoje rege o futebol na

Inglaterra. Já existiam, portanto, as regras, os grandes clubes, os

campeonatos, as taças. Quando Charles voltou, enfim, o futebol já era um

esporte e não um antídoto de reformas sociais. Começou então a catequizar

seus companheiros de trabalho e de críquete - altos funcionários da

Companhia de Gás, do Banco de Londres e Ferrovia São Paulo Railway,

fundando o primeiro clube de futebol do Brasil, o São Paulo Athletic, clube que

congregava os britânicos residentes em São Paulo.

O novo esporte vingou e, no primeiro campeonato disputado no Brasil (o

Paulista de 1902), lá estava Miller encabeçando a lista de artilheiros com 10

gols em nove jogos. O nosso homem-gol ainda jogou até 1910 pelo São Paulo

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Athletic Club. Depois atuou como árbitro e, finalmente, apenas como torcedor.

Morreu em 1953, coberto de glórias por ter introduzido o futebol no país, mas

sem ver o Brasil campeão do mundo.

Foi com jovens de boas famílias como a sua, até então interessados em

críquete, golfe, tênis e similares, que Charles plantou a semente. Ensinou-lhes

os fundamentos do futebol, dividiu-os em dois times, escalou um dos seus

amigos para juiz, outro para bandeirinha, e lá foram todos fazer história na

várzea do Carmo. Depois, realizaram novos jogos em campo literalmente mais

nobre: o gramado da chácara da também britânica família Dooley, no bairro do

Bom Retiro. Daí, sempre entre a elite, foi surgindo os primeiros times de

verdade. Em 1896, o São Paulo Athletic Club, fundado oito anos antes, seria o

primeiro a aderir ao novo esporte, logo seguido do Sport Club Germania

(1889), de Mackenzie Athletic Association (1898), Sport Club Internacional

(1898), Clube Atlético Paulistano (1900), já com nome aportuguesado. Em

Campinas, fundou-se a Associação Atlética Ponte Preta (1900). No Rio de Cox,

o Fluminense Foot-ball Club (1902), o Rio Foot-ball Club (1902), o Botafogo

Foot-ball Club, o America Foot-ball Club, o Bangu Athletic Club (os três últimos

em 1904). Flamengo e Vasco da Gama já existiam desde o fim do século,

ambos dedicando-se ao remo: o primeiro só criaria seu departamento de

futebol em 1911; o segundo, em 1923. Em Porto Alegre, foi fundado o Esporte

Clube Rio Grande (1900); em Minas, o Sport Club Belo Horizonte (1904); em

Recife, o Club Náutico Capeberibe (1901); em Salvador, o Vitória Foot-ball

Club (1905). Vale ressaltar que há apenas um ponto comum entre todos os

momentos dessa gênese: aqui e ali o futebol brasileiro nasceu como brinquedo

de menino rico. Ou quase.

É verdade que essa tese — a do melhor futebol ser um privilégio do

homem do povo — desperta controvérsias. Sociólogos, antropólogos, entre

outros estudiosos, têm denunciado sua falta de fundamento científico. Mas,

defendida por Gilberto Freyre no prefácio do livro de Mário Filho O negro no

futebol brasileiro, e por este corroborada nas páginas seguintes, ela não deixa

de ter sentido. Mais que isso, tem contornos de verdade. E um dos seus mais

eloqüentes pontos de apoio é ninguém menos que, o primeiro craque a surgir

no Brasil: Arthur Friedenreich. Filho de alemão com negra brasileira, dividindo

sua infância entre o clube fechado do pai e as peladas democráticas do bairro

Page 18: Josemir

17

da mãe, o mulato de olhos verdes foi, até fins dos anos 20, uma espécie de

estranho no ninho, um homem do povo vestindo a mesma camisa dos jovens

da elite, fazendo-se campeão e artilheiro, chegando à seleção paulista e depois

à brasileira, tudo isso numa época em que nenhum de seus europeizados

companheiros e adversários jogava a metade de seu futebol.

Segundo João Máximo, jornalista de O Globo, no Brasil, estranho que

pareça, o avanço profissionalista teve como causa uma idéia conservadora. Os

clubes que perdiam campeonatos por se negarem a ter em seus times

jogadores negros (e seus times eram formados obrigatoriamente por sócios-

atletas, com direito a freqüentar as sedes sociais) decidiram decretar o novo

regime. Assim, poderiam arregimentar jogadores de qualquer raça ou condição

social, contratados como empregados, sem precisarem macular seu quadro

social. Não foi por acaso que as elites do Fluminense e do São Paulo estavam

entre os líderes do movimento profissionalista. O que, por sinal, resultou em

séria cisão no futebol brasileiro, só sepultada com a reunificação de 1937.

O jornalista afirma ainda que a profissionalização abriu definitivamente o

caminho para que os primeiros gênios do futebol brasileiro, a suceder

Friedenreich, entrassem em campo. Fausto dos Santos, Domingos da Guia,

Leônidas da Silva, Waldemar de Brito e depois uma longa e ilustre galeria de

Zizinho a Pelé. Integrado, profissionalizado e temperado na paixão, o futebol

brasileiro seria devidamente coroado em 1970 com o tricampeonato mundial no

México e a conquista definitiva da Taça Jules Rimet. Foi uma caminhada

vitoriosa, mas nem por isso livre de malogros e frustrações. Porque, no meio

dela, à medida que amadurecia dentro do campo, o futebol brasileiro via-se

vítima de distorções nas arquibancadas. Talvez porque o país tivesse tão

pouco do que se orgulhar, o futebol converteu-se num equivocado meio de

afirmação nacional. Ganhar uma Copa do Mundo passou a ser, desde nosso

terceiro lugar na de 1938, uma espécie de termômetro: era isso que iria dizer

se éramos ou não uma grande nação. Claro, não pensavam assim os mais

lúcidos, os mais bem informados, os que viam o Brasil com olhos que não os

do torcedor. Mas para este, ser campeão mundial era o atestado de nossa

grandeza. Motivo de ter ele encarado como tragédia nacional a derrota para os

uruguaios em 1950, em pleno Maracanã erguido justamente para festejarmos a

vitória. Motivo também de duvidarmos de nosso talento, de nossos brios, de

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18

nosso patriotismo, quando da derrota para os húngaros em 1954. Os

equívocos se repetiriam até nos tão ansiados dias de glória, as conquistas de

1958, 1962 e 1970. "Com o brasileiro não há quem possa...", cantava-se após

a primeira. "Ninguém segura este país!", exclamava-se depois da última.

Para Máximo muito tempo passaria até que o torcedor brasileiro

começasse a perceber que a seleção brasileira era uma coisa e o Brasil, outra.

Que o futebol, eterna paixão, não era o que o dramaturgo Nélson Rodrigues

rotulou de "a pátria em chuteiras". Era, sim, um brinquedo levado muito a sério.

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2.3 A História e Memória dos Clubes

Ao iniciar a reflexão acerca da história dos clubes, coloco como

destaque o time do Bangu do Rio de Janeiro, pois reflete a origem da maioria

dos clubes fundados nesta época, criados apartir da implantação de fábricas ou

em decorrência da chegada de grupos econômicos ao país. No dia 8 de março

de 1893 foi inaugurada a Companhia Progresso Industrial do Brasil, fábrica de

tecidos de capital português, no distante e até então praticamente despovoado

arrabalde de Bangu. Para tocar o novo empreendimento, foram contratados

técnicos e funcionários de diversas nacionalidades, principalmente ingleses. A

escolha de Bangu para sediar uma indústria têxtil se deveu ao fato daquela

parte da cidade apresentar fartos recursos hídricos, com um grande número de

cachoeiras e nascentes, pois "a água era fundamental em seis das oito etapas

do processo têxtil" (ASSAF, 2001, p.13).

Não tardou para que os técnicos ingleses que trabalhavam na fábrica

tratassem de se organizar em torno da formação de um clube no qual

pudessem se dedicar à prática desportiva durante os momentos de lazer. Após

algumas tentativas frustradas, finalmente, em 17 de abril de 1904, contando

com o apoio dos diretores da fábrica, iniciava as suas atividades o The Bangu

Athletic Club, inicialmente voltado à organização de jogos de football, cricket e

lawn tennis (HAMILTON, 2001, p.69), que, ao contrário de outros clubes

ingleses da cidade, como o Paysandu, não restringia o ingresso de elementos

de fora da comunidade britânica.

Entretanto, o novo clube não apresentava um caráter tão democrático

quanto parece, já que a idéia inicial era a de congregar apenas os

trabalhadores especializados de origem britânica que ocupavam cargos de

chefia. A abertura a uma gama maior de associados aconteceu devido a uma

exigência por parte da direção da fábrica para formalizar o seu apoio à nova

agremiação. Segundo Pereira (2000), o próprio valor da mensalidade - menos

da metade daquele cobrado pelo Fluminense - facilitava o ingresso de

funcionários menos qualificados, como era de interesse dos diretores da

companhia (p.32-33).

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20

A esse respeito Caldas (1994) argumenta:

Ainda que fundado por altos funcionários ingleses da Cia. Progresso Industrial do Brasil, o Bangu, pela própria condição geográfica, sempre teve tendências proletárias. Localizado na periferia distante, num bairro proletário, a Cia. Progresso iria estimular o futebol entre seus executivos como forma de lazer. Mas, como formar dois times se o número de funcionários mais graduados e interessados neste esporte não chegava a tanto? A alternativa seria a de aceitar operários para completar as duas esquadras. O critério de escolha, para isso, obedecia a algumas exigências administrativas na empresa, tais como: desempenho profissional, o tempo de serviço e o comportamento pessoal. Surgiria, assim, o primeiro time de futebol no Brasil não inteiramente elitizado. Mas, como se vê, por questões meramente circunstanciais. Desse contexto surgiria, mais tarde, o time proletário do Bangu (p.42-43).

Corroborando com o texto, a localização geográfica de Bangu, muito

distante das demais porções da cidade na qual a prática do futebol se

desenvolvia, gerou um isolamento dos jogadores bangüenses em relação aos

seus colegas futebolistas (ingleses e brasileiros) dos clubes das zonas sul e

norte que, muitas vezes, se recusavam a fazer a penosa viagem de trem em

direção ao bairro. Isso tornava necessária a formação de pelo menos dois

teams dentro do próprio clube para que os seus associados pudessem se

dedicar à prática futebolística. Esse fato, aliado à relativa abertura existente no

interior do clube, proporcionou que um número cada vez maior de brasileiros

tomasse gosto pelo esporte. Sendo assim, não tardou para que, em 1905, em

meio a uma equipe composta por cinco ingleses, três italianos e dois

portugueses (MÁRIO FILHO, 2003, p.32) surgisse a figura do primeiro negro a

atuar em um time de futebol no Brasil. Seu nome, Francisco Carregal (Foto 1) .

Foto 1: Francisco Carregal (sentado à esquerda) e parte do time do Bangu de 1905.

Fonte: O Malho, 5 de agosto de 1905 apud Pereira, 2000, p. 68.

Page 22: Josemir

21

Como não poderia deixar de ser, o Bangu pagou um preço bastante alto

pelo seu pioneirismo. Logo o clube tornou-se num dos principais alvos por

parte da arbitragem e de torcedores (inclusive negros!) dos grandes times da

época. É o que podemos constatar a partir do relato de Mário Filho (2003):

Era sempre bom, mesmo para um clube de fábrica, ter mais brancos do

que pretos no time. Os pretos muito visados, quase não podendo fazer nada

em campo. Tendo de jogar um futebol muito limpo, muito decente, respeitando

os brancos.

Quando um preto metia o pé num branco era sururu na certa. Todo

mundo achando que o preto devia ser posto para fora de campo. A torcida dos

clubes brancos, muito maior. O Bangu vinha jogar com um Fluminense, com

um Botafogo, com um Flamengo ou com um América, não trazia quase

ninguém: o time, meia dúzia de torcedores.

Os torcedores do Bangu perdiam-se na geral, na arquibancada, nem

abriam a boca. Os pretos que se portassem muito direitinho, senão

apanhavam. Até de outros pretos, os pretos da geral, que torciam pelo grande

clube, que vinham logo ofendendo com um 'negro sujo' (p.88-89).

As perseguições sofridas pela equipe da zona oeste serviram para

reforçar ainda mais os laços que uniam o clube aos moradores do bairro e

operários da fábrica. Laços esses que se faziam mais fortes ainda quando o

Bangu tinha o mando de campo contra os grandes clubes aristocráticos. De

acordo com o mesmo Mário Filho:

As coisas mudavam, é fato, lá em cima, jogo em Bangu. Aí o Bangu

lamentava não ter mais pretos no time. Os pretos metendo o pé, tomando a

bola do branco na força bruta. Podia ser do Fluminense, do Botafogo, do

América, do Flamengo. Quem mandava lá em cima era o Bangu.

Por mais gente que o clube levasse com ele, para garantir o time, não

adiantava. Lá em cima havia sempre mais gente do Bangu. Gente que ia para

a geral, para a arquibancada, disposta a tudo. Invertiam-se os papéis: o time de

branco é que não podia fazer nada (p.89).

Fatos como esses fizeram com que o novo clube conquistasse a

simpatia dos funcionários da fábrica de tecidos e dos moradores do bairro,

criando uma forte identidade entre eles. A impressão que se tinha ao chegar a

Bangu era de que clube e fábrica pareciam compor um único conjunto (Foto 2):

Page 23: Josemir

22

Foto 2: O campo do Bangu com a fábrica ao fundo. Lazer e trabalho se misturam.

Fonte: Alured Bell, The Beautiful Rio de Janeiro, Londres: W. Heinemann, 1914, p.182 apud Pereira, 2000, p. 259.

Casos como o do Bangu se repetiu em outros pontos do planeta e no

Brasil não foi diferente. O esporte que nasce elitizado aos poucos cede espaço

aos operários se popularizando especialmente entre os intelectuais e no interior

do movimento operário, razões que levaram à criação e desenvolvimento das

equipes fabris; o uso do futebol como veículo de propaganda do nome e

produtos das fábricas; e o surgimento da figura do "operário-jogador".

Não posso deixar de mencionar o advento do futebol na Bahia com a

fundação de um dos clubes mais antigos do país o Esporte Clube Vitória,

fundado em 13 de maio de 1899, foi o primeiro clube social do Estado fundado

por brasileiros. Antes dele, apenas os ingleses haviam feito isso, mesmo assim

num projeto que durou pouco tempo. O Ypiranga foi fundado em 7 de setembro

de 1906, sendo um dos mais antigos clubes do futebol da Bahia. O primeiro

clube de futebol fundado foi o Sport Club Bahiano, em 1903. Dois anos depois,

seria fundada a Liga Bahiana de Sports Terrestres, atual Federação Baiana de

Futebol, por outros três clubes, além do SC Bahiano: São Paulo Clube, Sport

Club Victoria (antes chamado de Club de Cricket Victoria e atual Esporte Clube

Vitória) e Clube Internacional de Cricket, que ficaria com o primeiro título.

Page 24: Josemir

23

3. Caminhos Metodológicos da Pesquisa

O método de pesquisa será de abordagem de natureza qualitativa, um

estudo de caso, utilizando as técnicas de análise de conteúdo, bem como, a

aplicação de questionário com ex-jogadores e dirigentes do referido clube com

a realização de pesquisa documental. A população é composta por 03 (três)

ex-jogadores do Alagoinhas Atlético Clube. Haja vista que, 02 (dois) de um

grupo de 05 ( cinco) participantes que haviam se comprometido anteriormente

por motivos pessoais não tiveram condições de participar da última fase da

pesquisa. Por fim, teremos a análise dos dados coletados.

A primeira etapa do projeto foi fazer uma ampla pesquisa na bibliografia

especializada para selecionar as fontes de consulta e, a partir destas fontes,

identificar os temas que seriam tratados.

Sendo o futebol o principal esporte brasileiro, foi imprescindível a

pesquisa em alguns livros, artigos, revistas e sites sobre o assunto. A revista

especializada em futebol, também foi de extrema importância, pois lança

diversas edições especiais sobre assuntos específicos do esporte, como a

historia das copas do mundo, além de suas edições mensais.

Na internet os sites oficiais da Fifa Fédération International de Football

Association, órgão mundial da modalidade, da CBF – Confederação Brasileira

de Futebol, sites oficiais de times, jogadores e de órgãos de imprensa possuem

um vasto conteúdo que mereceu ser investigado.

Comecei a leitura pelos livros e revistas, resumindo e fazendo anotações

sobre os assuntos escolhidos. Inicialmente concentrei as primeiras pesquisas

na origem do futebol, sua história moderna e suas regras. Dando continuidade,

pesquisei os principais jogadores, técnicos, campeonatos e esquemas táticos.

Depois, selecionei os termos mais utilizados na linguagem do futebol, o

chamado futebolês. Por fim, para garantir informações e dados estatísticos

mais atualizados consultei sites especializados, dando preferência aos sites

oficiais das confederações e dos times e jogadores.

O presente trabalho trata do estudo sobre a história de ex-jogadores e

memória do clube do Alagoinhas Atlético Clube do município de Alagoinhas

Bahia.

Page 25: Josemir

24

O trabalho procura enfatizar a modalidade esportiva futebol, o grande

questionamento é de que forma se encontra a situação atual desses ex-

jogadores da equipe de futebol do Alagoinhas Atlético Clube, a conservação e

registros dos fatos que marcaram a sua história no decorrer desses anos de

atividade do clube e que atividades desenvolvem socialmente. Quais as

medidas utilizadas pelo clube ou município para a conservação da sua história

e como forma de homenagear os seus ídolos.

A proposta de solução do problema mencionado seria implementar

medidas e diretrizes que possam contribuir para promover uma maior

conservação da memória dos clubes.

Page 26: Josemir

25

3.1 O Alagoinhas Atlético Clube em Foco

A pesquisa sobre o Alagoinhas Atlético Clube ou Atlético de Alagoinhas

me levou a conversar com diversos admiradores, líder de torcida e diretores,

que relataram diversos fatos pitorescos e controversos, em função desta

variedade, optei por divulgar o que consta na página do clube na internet ¹ .

Trata-se de um clube do futebol brasileiro sediado na cidade de Alagoinhas no

Estado da Bahia distante à 100 Km da capital, com uma população estimada

de 137.810 habitantes, ( IBGE, 2009). Segundo dados oficiais do Clube, foi

fundado no dia 2 de Abril de 1970, o Carcará (pássaro do Nordeste), como é

chamado pela torcida, manda seus jogos no estádio Carneirão. O Alagoinhas

Atlético Clube teve no seu plantel jogadores como o lendário Merica e Dendê,

que também brilharam com a camisa do Flamengo do Rio de Janeiro.

A primeira partida amistosa, disputada pelo Atlético, foi em 30 de janeiro

de 1971, num jogo amistoso, no Estádio do Carneirão, contra o Fluminense de

Feira de Santana, em que fora vencido pelo placar de 1 x 0.

Foto 03: Estádio Antônio Carneiro em 1971

A primeira partida oficial, válida pelo Campeonato Baiano/71, foi no dia

11 de abril de 1971, também no Carneirão, contra o Leônico, em que o Atlético

venceu pelo escore de 2 x 1. O primeiro gol surgiu aos 37 minutos da fase

inicial, quando Dida recebeu um lançamento de Olívio, driblou dois zagueiros e

da entrada da grande área, chutou no ângulo esquerdo do goleiro ―adversário‖,

Page 27: Josemir

26

sem chance de defesa. Alegria total nas arquibancadas era gol do Atlético. No

segundo tempo, o Leônico voltou ameaçador empatando aos 18 minutos,

emudecendo por completo a platéia que lotava o estádio. Mas, houve uma

reação, jogando melhor e, aos 43 minutos, Dida aproveitando a cobrança de

um escanteio, pela direita, fez um bonito gol, levando a torcida ao delírio e, um

carnaval tomou conta da cidade. Era o Atlético ingressando do pé direito no

cenário esportivo profissional.

Dados pesquisados nos mostram que pelo ranking criado pela

Confederação Brasileira de Futebol que pontua todos os times do Brasil, o AAC

ocupa a 146º posição, com um uma pontuação de 34 pontos. Vários ídolos

marcaram a história do clube, dentre eles destacam-se: Vaguinho, Américo,

Barriga Azul(Técnico), Bené, Bigú, Dendê, Ênio, Hélio, Luciano, Merica,

Meruca, Russo, Silva Paraíba, Zé Augusto, Dida, Zelito do Bamba, Márcio(Pato

Rouco).Essas passagens fora entremeadas pelos presidentes Walter Robatto

Campos o primeiro em 1970 até o atual Albino Leite, que já gerenciou o clube

em outras gestões.

Constatamos no decorrer da pesquisa o desempenho do clube nos

campeonatos também foi coroado com a conquista de alguns títulos, entre

eles: Vice-Campeonato Baiano: 1973;Vice-Campeonato Baiano da Segunda

Divisão: 1993 e 1998.Também obteve vitórias nas categorias de base, sendo:

Campeonato Baiano Sub-20 (Juniores): 1982;Copa Gazetinha Infanto-Juvenil:

1999.;IV Copa Interestadual Nordestina Sub-20: 2001.

Foto 04: Time Pioneiro

Page 28: Josemir

27

Um grande motivo de orgulho para os seus torcedores são os símbolos

como o escudo e a bandeira do clube, com o AAC não podia ser diferente.

Figura 02

A idéia do escudo nasce do sócio fundador, conselheiro e torcedor

apaixonado, Saturnino Peixoto Pinto,que concentrou seu poder de imaginação

para criar o escudo do Atlético, clube de seu coração e, explicando seu

significado: ―O escudo é de forma circular e sua periferia é contornada por uma

roda dentada em esmalte sable (preto), significando pela forma, o trabalho e,

pela cor, a prudência e o poder. Segue-se a faixa concêntrica em metal prata

(branco), significando pureza e paz, Nessa faixa está colocada a legenda

Alagoinhas Atlético Clube, sendo separada por três estrelas que representam

os elementos da natureza: Terra, Água e Ar. O círculo central, em esmalte

galês (vermelho), significa soberania e luta e nele está localizada as letras : A A

C, de traçado concêntrico e em metal prata (branco)".

As tabelas inseridas a seguir tem como objetivo caracterizar os sujeitos

por aspectos sócio-econômicos, faixa etária e atual campo de atuação

profissional, os quais serviram como base para questões envolvidas no estudo

Os itens que se referem as carreiras profissionais e tiveram como

objetivo constatar o sucesso desses atletas no clube e campeonatos que

jogaram.

Page 29: Josemir

28

Tabela 01 - identificação dos jogadores:

Identificação

Idade (anos)

Naturalidade

Profissão

atual

Residência

J.F.B.

52

Alagoinhas-

BA

Aposentado

Alagoinhas-

BA

M.B.S.

64

Paraíba

Aposentado

Alagoinhas-

BA

J.A.V.S.

58

Alagoinhas-

BA

Instrutor de

escolinha de

futebol

Alagoinhas-

BA

Tabela 2 - Trajetória no Clube

Identificação

Ano de ingresso

Tempo de

atuação (anos)

Títulos

conquistados

J.F.B.

1978

15

Vice-Campeão do

seletivo Copa

Brasil 1984

M.B.S. 1972 10 Vice-Campeão

Baiano 1972,

1973, 1975, 1976

e 1977.

J.A.V.S. 1973 1,8 Vice-Campeão

Baiano 1973

Page 30: Josemir

29

3.2. Análise dos Dados

Durante a pesquisa foram entrevistados três ex-jogadores que atuaram

no Alagoinhas Atlético Clube na década de 70.

No decorrer das entrevistas observou-se que apesar dos ex-jogadores

possuírem um tempo de atuação expressivo e terem participado da conquista

de alguns títulos para o clube, nenhum deles possui qualquer tipo de vinculo

com A.A.C. atualmente, onde apenas um dos entrevistados refere ter

participado de um programa social criado pelo clube.

Contudo constatamos que os jogadores entrevistados possui vínculo

com a Associação de Garantias aos Atletas Profissionais – AGAP com o papel

de ajudar profissionais e ex-profissionais, criada pela a Lei Pelé, em março de

1998, destina recursos para a assistência social e educacional desses atletas.

A verba é repassada para as Associações de Garantia aos Atletas Profissionais

(Agaps), de cada Estado.

Para ter direito ao benefício, é preciso fazer o cadastramento na sede da

Agap, que custa R$ 50 ao ano. Os interessados devem levar documento de

identidade, CPF e cópia de um dos contratos registrados na CBF ou na antiga

CBD, que era o nome da Confederação Brasileira de Futebol. A taxa de

anuidade é apenas para aqueles que têm menos de 60 anos.

Há ainda auxílio medicamento, auxílio funeral, cursos profissionalizantes e de

graduação até R$ 400.

Vale ressaltar que todos os entrevistados manifestaram o desejo que

houvessem projetos sociais criados pelos clubes voltados para ex-jogadores e

família, o que até o momento não existe.

Page 31: Josemir

30

4. Considerações Finais

Para ninguém é segredo que a grande maioria dos jogadores

profissionais, não atinge um ápice financeiro, nem são consagrados pela mídia

esportiva, encerrando a carreira sem alcançar uma realização profissional. Por

isso, existem muitos ex – jogadores passando por dificuldades econômicas por

não receberem nenhuma ajuda dos clubes e das Federações, que deveriam

ser responsáveis pela preparação do afastamento e aposentadoria desses

atletas.

Essas entidades deveriam ser ainda responsáveis pela conservação da

memória dos seus ex-jogadores que está atrelada diretamente a história dos

seus clubes.

Algumas medidas se tornam necessárias por parte do clube Alagoinhas

Atlético Clube para o reconhecimento pelo tempo de serviço prestado Por

esses atletas:

a- Criação de acervo municipal com registro de todos os

jogadores;

b- Conservação de documentos relacionados à história do

clube;

c- Desenvolvimento de projetos sociais com aproveitamento

da experiência de seus ex- jogadores, para formação de

novos profissionais.

d- Criação de um calendário de homenagens a pessoas de

relevância para o clube.

O presente trabalho não é conclusivo, acredito que posso colher mais

elementos, visando enriquecer e trazer mais respostas para as demandas aqui

apontadas numa oportunidade futura, no momento apresento essas propostas

que poderão contribuir para conservação da história e memória do Alagoinhas

Atlético Clube do município de Alagoinhas no Estado da Bahia.

Page 32: Josemir

31

Referências:

BARRETO, J.A. Psicologia do esporte para o atleta de alto rendimento. Rio

de Janeiro: Shape, 2003.

FARIA, T.G. Análise comparativa do nível de motivação intrínseca de

atletas de ambos os sexos, participantes de esportes individuais e

coletivos, com diferentes níveis de experiência. Dissertação de Mestrado

em Educação Física - Universidade Federal do Paraná, 2004.

FILHO, Mário. Texto extraído da Revista: Brasil Escola.com.br

Disponível em: <http://www1 pt.wikipedia.org/wiki/História> Acesso em: 13 jun.

2010

MÁXIMO, João Jornal O Globo, n. 2, p. 5, set. 1997 Rio de Janeiro (RJ).

MENDELSOHN, Darío. El retiro Del futebolística. Disponível em:

<http://efdeportes.com> acesso em 22 janeiro. 2011

MCAULEY, E., DUNCAN, T. Inventário de motivação intrínseca para

situações competitivas, 1989.

OLIVEIRA, V. M. O que é educação física. São Paulo: Editora Brasiliense, 11.

ed., p. 112, 1994.

PAIM, C. Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista Virtual

EF Artigos, Natal, v. 2, n. 6, 2004.

Rev. Bras. Hist. vol.23 no.46, São Paulo, 2003.

SERPA, S. O psicólogo e a intervenção no desporto. Revista Horizonte.

Lisboa, n. 53, v. 9, jan-fev, p. 187-192, 1993.

Page 33: Josemir

32

9. Anexos

QUADRO 1:

DADOS PESSOAIS DOS EX-JOGADORES DE FUTEBOL

EX-

JOGADORES

FAIXA

ETÁRIA

BAIRRO PROFISSÃO

ATUAL

NATURALIDADE

A

B

C

D

E

Page 34: Josemir

33

QUADRO 2:

ATUAÇÃO PROFISSIONAL E TRAJETÓRIA DOS EX-JOGADORES

EX-JOGADOR

ÍNICIO TEMPO DE ATUAÇÃO

CAMPEONATOS PRINCIPAIS TIMESEM

QUE ATUOU

A

B

C

D

E

Page 35: Josemir

34

QUESTIONÁRIO PARA OS EX-JOGADORES:

1- QUAL O SEU VÍNCULO COM O CLUBE?

2- POR QUANTO TEMPO JOGOU NO CLUBE ?

3- HÁ QUANTO TEMPO ESTÁ AFASTADO DO CLUBE ?

4– PARTICIPA DE ALGUM PROGRAMA SOCIAL CRIADO PELO CLUBE?

5- GOSTARIA QUE HOUVESSE UM PROJETO DO CLUBE VOLTADO

PARA EX-JOGADORES ?

Page 36: Josemir

35

QUESTIONÁRIO PARA O DIRIGENTE DO ALAGOINHAS ATLÉTICO

CLUBE:

1-EXISTE ALGUM PROGRAMA SOCIAL OU PREVIDENCIÁRIO VOLTADO

PARA OS SEUS JOGADORES?

SIM ( )

NÃO ( )

2-O CLUBE GUARDA DOCUMENTOS OU REGISTROS DOS SEUS EX-

JOGADORES?

SIM ( )

NÃO ( )

3-EXISTE UMA SALA OU ESPAÇO PARA TOFÉUS EM HOMENAGEM AS

PESSOAS LIGADAS A HISTÓRIA DO CLUBE?

SIM ( )

NÃO ( )

4-EXISTE ALGUMA VERBA DAS FEDERAÇÕES BAIANA OU BRASILEIRA

DE FUTEBOL DIRECIONADA PARA A CRIAÇÃO OU MANUTENÇÃO

DESSES ESPAÇOS?

SIM ( )

NÃO ( )

5-O CLUBE TEM EX JOGADORES QUE PRESTAM SERVIÇOS

VOLUNTÁRIOS EM PROL DO TIME?

SIM ( )

NÃO ( )

Page 37: Josemir

36

Fotos do Estádio Antônio Carneiro

Parte Interna do Estádio

Visão Geral da Obra

Page 38: Josemir

37

Estádio Atualmente