Download - Josemir
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - CAMPUS II DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC
JOSEMIR PEREIRA SANTOS
MEMÓRIA DO ALAGOINHAS ATLÉTICO CLUBE:
Jogadores, Trajetória e Vínculos
Alagoinhas 2010
JOSEMIR PEREIRA SANTOS
MEMÓRIA DO ALAGOINHAS ATLÉTICO CLUBE: Jogadores, Trajetória e Vínculos
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da
Universidade do Estado da Bahia - Campus II, para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física, sob orientação do Professor
Dr. Augusto César Rios Leiro.
Alagoinhas- Ba
2010
Agradecimentos
Agradecimento maior a Deus que nos concede força e discernimento para
superação das dificuldades, à família que é a base de sustentação que me
motiva e me impulsiona a todo momento.
Rendo uma homenagem ao meu velho pai, incentivador de todos os filhos para
que estudassem em busca de uma educação de qualidade. Com todo esforço
nos possibilitou esta oportunidade.
Dedico uma página especial à minha mãe, presença marcante em todos os
momentos, símbolo de garra e proteção.
Aos amigos os quais tenho dividido o peso do fardo, tornando-o mais leve.
Também temos compartilhado muitos momentos de alegria.
À minha turma, a qual parabenizo pela maturidade alcançada neste período em
que convivemos, prova disso fica evidenciada pelos bons trabalhos
apresentados para a conclusão do curso, me orgulho de tê-los como colegas,
alguns se tornaram amigos, que levarei para toda a vida.
A todos, os ex-atletas que com boa vontade e presteza aceitaram fazer parte
desta pesquisa dando uma colaboração muito importante para a elaboração
deste trabalho.
Aos professores que com seu método de ensino nos passam mais do que
conhecimento tão somente voltado as disciplinas curriculares, nos incentivam a
pesquisar, discutir novas idéias, auxiliando assim para o bom desenvolvimento
do grupo.
A meu irmão Silvan e minha cunhada Pedrita, pelo incentivo e ajuda constante
em busca da conclusão do curso e elaboração deste trabalho.
Aos amigos Uilien e Milena pela disponibilidade, sempre que precisei consultá-
los para formatação, correção e companhia para a coleta de dados.
Aos amigos de todas as horas : Silvana, Roberta e Daniel.
A todos o meu muito obrigado.
Resumo
A presente escrita, trata de um estudo monográfico sobre a história e memória
do Alagoinhas Atlético Clube - Ba, com vistas dos ex - jogadores destacando
sua trajetória no clube e sua atual situação fora do futebol. Foram
desenvolvidos os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa
documental e bibliográfica e questionário com questões fechadas e entrevista.
Os resultados apontam que apesar dos ex-jogadores possuírem um tempo de
atuação expressivo e terem participado da conquista de alguns títulos para o
clube, nenhum deles possui qualquer tipo de vinculo com A.A.C. atualmente,
onde apenas um dos entrevistados refere ter participado de um programa
social criado pelo clube. Para tanto, inicialmente, foi feito um diagnóstico
institucional, para conhecimento do time e sua trajetória no cenário baiano e
nacional, as necessidades e dificuldades presentes no esporte local e também
de seus jogadores. O estudo foi desenvolvido a partir de três (03) blocos
temáticos: Aplicação de questionários aos ex-atletas; Entrevista com o gestor
do A.A.C.; Levantamento documental do clube. Após análise descritiva dos
dados, é possível afirmar que existem poucos registros referentes ao clube
datado da época da sua fundação em abril de 1970 e que seus ex-jogadores,
seguem vidas distintas, sem manter nenhum vínculo social desde os
respectivos desligamentos do clube.
Palavras-chave: Memória, Jogadores e Trajetória.
Abstract
This writing is a monographic study of the history and memory Alagoinhas
Atlético Clube - Ba, with views of the ex - players at the club highlighting its
history and its current situation outside of football. We have developed the
following methodology: desk research and literature and closed questions and
interview. The results show that in spite of ex-players have an impressive time
of work and have participated in the conquest of some titles for the club, none of
them has any link with AAC Currently, only one of the respondents reported
having participated in a program created by the social club. For that, initially, an
institutional diagnosis was made out to the team and its trajectory in Bahia and
national scene, needs and difficulties present in local sport and also his players.
The study was developed from three (03) thematic groups: Application of
questionnaires to former athletes, Interview with the manager of AAC
documentary survey of the club. After descriptive analysis, it is clear that there
are few records pertaining to the club dated from the time of its founding in April
1970 and that his former players, they follow different lives, without maintaining
any link from their social club shutdowns.
Keywords: Memory, Players and Trajectory.
Lista de Siglas
AAC – Alagoinhas Atlético Clube
AGAP – Associação de Garantia aos Atletas Profissionais
CBF – Confederação Brasileira de Futebol
FIFA- Federação Internacional e Associação de Futebol
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Lista de Imagens
FIGURA 1 – Bola de Futebol 15
FIGURA 2 – Escudo do AAC 27
FOTO1 –Time do Bangu 20
FOTO 2 - Campo do Bangu 22
FOTO 3 – Estádio Antônio Carneiro 25
FOTO 4 – Time Pioneiro do AAC 26
FOTO 5 – Parte Interna do Estádio 36
FOTO 6 – Visão Geral da Obra 36
FOTO 7 – Estádio Atualmente 37
Sumário
1 Introdução 8
2 Reflexões Teóricas sobre Memória e História 10
2.1 Memória no Esporte 12
2.2 História do Futebol 14
2.3 História e Memória dos Clubes 19
3 Caminhos Metodológicos da Pesquisa 23
3.1 O Alagoinhas Atlético Clube em Foco 25
3.2 Análise dos Dados 29
4 Considerações finais 30
Referências
Anexos
8
1. Introdução
No processo de escolha do tema para o Trabalho de Conclusão de
Curso havia um desejo de realizar, não uma monografia de produção textual
baseada apenas nas pesquisas bibliográficas, mas um trabalho de pesquisa de
campo, um fator acabou sendo decisivo: a realização pessoal. Não tinha
interesse em fazer um projeto de pesquisa diretamente voltado para área, uma
analise do discurso, questionamentos acerca dos veículos ou tão somente uma
pesquisa histórica. Por conta disso, fica claro que, os projetos de pesquisas na
Uneb, tenham uma abrangência que vá além da Licenciatura na Educação
Física e abra um leque de possibilidades maior e mais provocador.
Com isso houve uma escolha de uma temática que fosse o mais
prazerosa possível, assim o trabalho fluiria mais facilmente É claro que, sendo
um produto comunicacional de possível interesse para o público e ao mercado,
seria uma união ideal.
O universo da educação física, conforme aprendemos durante todo o
curso, transcendem as técnicas de cada meio. Ele diz respeito ao mundo, pois
é também uma questão de saúde.
Sendo assim, enfatizo a modalidade esportiva de futebol, devida a sua
significativa expressão como alto rendimento no município de Alagoinhas, por
ser um importante esporte profissional na região. Abrangendo atletas, ou
melhor, ex-atletas de status de nível nacional e internacional. O grande
questionamento era de que forma se encontra a situação atual dos ex-
jogadores de equipes de futebol profissional no município e quais as atividades
desenvolvidas por esses atletas.
A idéia inicial de fazer um projeto tendo o futebol como tema surgiu a
partir de questionamentos acerca de um grupo de ex-jogadores, moradores na
proximidade da minha residência, que exercem uma série de atividades como:
motorista, corretores e alguns sem atividades que vez por outra reunem-se
para jogar dominó numa barraca do bairro. A minha curiosidade girava em
torno da fonte de renda dessas pessoas e se havia algum amparo
previdenciário voltado para esta categoria de ex-jogadores. Mais tarde aceitei a
9
sugestão de discorrer sobre a história do clube ao qual esses jogadores haviam
atuado na cidade o Alagoinhas Atlético Clube.
A partir dessas premissas nesse trabalho monográfico inicio uma
discussão sobre a história e a memória do futebol um estudo de caso do
Alagoinhas Atlético Clube, clube oficial do município de Alagoinhas no interior
da Bahia.
Comecei a leitura pelos livros e revistas, resumindo e fazendo anotações
sobre os assuntos escolhidos. Inicialmente concentrei as primeiras pesquisas
na origem do futebol, sua história moderna e suas regras. Dando continuidade,
pesquisei os principais jogadores, técnicos, campeonatos e esquemas táticos.
Depois, selecionei os termos mais utilizados na linguagem do futebol, o
chamado futebolês. Por fim, para garantir informações e dados estatísticos
mais atualizados consultei sites especializados, dando preferência aos sites
oficiais das confederações e dos times e jogadores.
O presente trabalho trata do estudo sobre a história de ex-jogadores e
memória do clube do Alagoinhas Atlético Clube do município de Alagoinhas
Bahia .
O trabalho procura enfatizar a modalidade esportiva futebol, o grande
questionamento é de que forma se encontra a situação atual desses ex-
jogadores da equipe de futebol do Alagoinhas Atlético Clube, a conservação e
registros dos fatos que marcaram a sua história no decorrer desses anos de
atividade do clube e que atividades desenvolvem socialmente. Quais as
medidas utilizadas pelo clube ou município para a conservação da sua história
e como forma de homenagear os seus ídolos.
A proposta de solução do problema mencionado seria implementar
medidas e diretrizes que possam contribuir para promover uma maior
conservação da memória dos clubes. Reconstruir histórias referentes ao
esporte, futebol e à educação física utilizando-se de fontes primárias advindas
dos depoimentos de pessoas cuja memória auxilia reconstruir o passado
permitindo, então, melhor compreender o presente;
Organizar um acervo iconográfico e documental a partir do contato com os
entrevistados e do processamento das entrevistas produzir documento para
uma política de Centro de Memória do futebol na comunidade.
10
2. Reflexões Teóricas sobre Memória e História
O futebol, como é praticado hoje, tem mais de cem anos de história. É o
principal esporte nacional, uma das principais manifestações do que se
entende por brasilidade. Está no jeito, na cultura, nos nossos ídolos e ideais e
também na nossa língua. Isso pode ser facilmente perceptível em nosso
cotidiano repleto de expressões futebolísticas. Com tamanha importância e
influência na vida do brasileiro, esse esporte não poderia deixar de ser objeto
de estudo de antropólogos, historiadores, sociólogos, escritores e jornalistas,
tematizado por diversos produtos culturais como livros, filmes, programas
televisivos dentre outros. Mesmo aqueles que pouco, ou nada, entendem e
acompanham desse esporte se vêem envolvidos em um clima futebolístico que
domina o país.
Segundo Silva, 2002 uma visão positivista toma memória como
distorção, ideologia, ficção ou simples narrativa identitária; outra visão a
entende como uma das formas de acesso ao passado que reflete o acontecido
no presente e o projeta no futuro. Na segunda perspectiva, apesar de a
memória representar aquilo que uma coletividade ou um indivíduo permitiu que
chegasse ao presente com imagens, escrita e oralidades, muitas das vezes
distorcidas e opacas, ainda assim essa narrativa tem como pretensão a
verdade, seja com base na experiência ou nos fragmentos discursivos,
imagens e documentos que se apresentam ao presente. Nesse particular,
memória e história compartilham do mesmo valor da busca da verdade, mesmo
que seja por diferentes caminhos.
Dos muitos conceitos pesquisado sobre a memória, destaca-se que
:lembrar não é a re-excitação de inumeráveis traços fragmentados, fixos e sem
vida. É uma reconstrução, ou construção imaginativa, construída a partir de
nossa atitude em relação a uma massa ativa de reações ou experiências do
passado organizadas, e em relação a pequenos detalhes importantes que
comumente aparecem em imagem ou na forma da linguagem.( Rev. Bras. Hist,
2003).
Podemos compreender a memória como sendo qualquer forma de
pensamento, percepção ou prática que tenha o passado como sua principal
11
referência. A memória de experiências passadas está presente em cada
palavra que dizemos em cada passo que damos ou em cada sonho que
construímos. Ela está presente no pensamento, nos sentimentos e percepções,
bem como na imaginação. Tudo o que sabemos ou que podemos aprender se
deve às memórias que possuímos ou que iremos adquirir. Mesmo
considerando a presença da memória "em nós", precisamos considerar que
esse "nós" não é uno e indivisível. Nós não somos capazes de lembrar com
todos os detalhes nem mesmo um evento vivenciado algumas horas atrás. Se
nos damos conta de que, além de ser seletiva, a memória envolve o
esquecimento, podemos compreender melhor ainda a falta de controle que
temos sobre ela, pois o que lembramos e esquecemos não é resultado apenas
de nossas intenções e desejos declarados. Nós nos lembramos de detalhes
aparentemente sem importância e esquecemos faces, nomes e lugares que
seriam fundamentais para nós. O esquecimento de experiências traumáticas
pode acontecer independentemente de nossas vontades.
O dicionário de língua portuguesa Houaiss define História como sendo o
conjunto de conhecimentos relativos ao passado da humanidade, segundo o
lugar, a época e o ponto de vista escolhido. Já a enciclopédia colaborativa
Wikipédia descreve: ―a História é o estudo da ação humana ao longo do tempo‖
por meio da avaliação de processos e de eventos ocorridos no passado. O
filósofo Arthur Schopenhauer acreditava que ―o que a História conta não passa
do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade‖. História (do
grego antigo historie, que significa testemunho, no sentido daquele que vê) é a
ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitante
à análise de processos e eventos ocorridos no passado.
12
2.1 Memória no Esporte.
Esta discussão objetiva destacar a pesquisa histórica como uma
possibilidade de narrar e analisar o esporte moderno. Para tanto analisa a
relação entre memória e história bem como a vinculação deste fenômeno
cultural com a tradição e com o espetáculo. Por fim, elenca uma série de
"locais da memória" existentes no Brasil cujos acervos traduzem-se em
importantes fontes de consulta e pesquisa.Tendo como objetivo reconstruir,
preservar e divulgar a memória do esporte, da educação física, do lazer .
Dos 20 clubes pertencentes ao Clube dos 13 – os mais poderosos do
país -, apenas nove têm museus ou espaços abertos ao público dedicados à
história das agremiações (Bahia, Corinthians, Grêmio, Fluminense, Portuguesa,
Santos, São Paulo, Sport e Vasco). E alguns não estão bem estruturados tanto
para receber os interessados quanto na organização de seus acervos. O que
mais recebe visitantes é o ―Memorial das Conquistas‖ do Santos (100 mil
visitantes/ano). Seguido pelos espaços do Grêmio (85 mil) e São Paulo (36
mil).
Números bem inferiores - para não ir muito longe – aos do museu do
Boca Juniors, que recebe anualmente 500 mil visitantes. Na Europa, então, a
preocupação com a divulgação do passado dos clubes está muito
mais enraizada. O memorial do Barcelona, com 1,2 milhão de visitantes a cada
ano, é o museu mais visitado da região da Catalunha, superando espaços que
reúnem acervos de qualquer tipo (quadros, esculturas etc). Além de divulgar a
história das equipes e cativar um número maior de aficionados, os museus
geram também uma receita importante com a venda de entradas e de
souvenirs.
Apesar de ainda muito precisar ser feito, o movimento de preservação e
divulgação da memória esportiva no Brasil ganha força com várias iniciativas.
A principal delas foi a inauguração em setembro de 2008 do Museu do Futebol,
instalado no estádio do Pacaembu (São Paulo). E o interesse do público por
um espaço que mostre a história do esporte fica provado pelos números. O
local já é o segundo museu mais visitado de São Paulo (113.942 pessoas de
13
janeiro a abril deste ano), pouco atrás do Museu de Língua Portuguesa
(123.485), o mais visitado do país.
14
2.2 A História do Futebol
O futebol é um dos esportes mais populares no mundo. Praticado em
centenas de países, este esporte desperta tanto interesse em função de sua
forma de disputa atraente.
Embora não se tenha muita certeza sobre os primórdios do futebol,
historiadores descobriram vestígios dos jogos de bola em várias culturas
antigas. Estes jogos de bola ainda não era o futebol, pois não havia a definição
de regras como há hoje, porém demonstram o interesse do homem por este
tipo de esporte desde os tempos antigos.
Segundo Unzelte (2002), as primeiras manifestações do futebol
ocorreram entre 3.000 e 2.500 a.C., na China. Há indícios que durante o
império chinês, os soldados chineses tinham o costume de chutar crânios de
soldados derrotados, que por sua vez mais tarde crânio seria substituídos por
bolas de couro, usados por soldados em exército militar, onde deveriam ser
lançados entre duas estacas cravadas no chão, teriam sido as primeiras traves
da história.
O futebol tornou-se tão popular graças a seu jeito simples de jogar.
Basta uma bola, equipes de jogadores e as traves, para que, em qualquer
espaço, crianças e adultos possam se divertir com o futebol. Na rua, na escola,
no clube, no campinho do bairro ou até mesmo no quintal de casa, desde cedo
jovens de vários cantos do mundo começam a praticar o futebol.
Há relatos de um esporte muito parecido com o futebol, embora usava-
se muito a violência. O Soule ou Harpastum era praticado na Idade Média por
militares que se dividiam em duas equipes: atacantes e defensores. Era
permitido usar socos, pontapés, rasteiras e outros golpes violentos. Há relatos
que mostram a morte de alguns jogadores durante a partida. Cada equipe era
formada por 27 jogadores, onde grupos tinham funções diferentes no time:
corredores, dianteiros, sacadores e guarda-redes.
15
Bola de futebol final do século XIX
O primeiro brasileiro a dominar a nobre arte de controlar a bola e marcar
gols era quase um inglês. Charles Miller nasceu no Brás, em São Paulo,
descendente de ingleses e escoceses. Aos 9 anos seguiu para a Inglaterra
com a finalidade de estudar. Lá, aprendeu - e bem - a jogar futebol. Nos jogos
oficiais de seu colégio. Charles era um artilheiro implacável. Marcou 41 gols em
25 partidas. "Nosso melhor atacante. Drible maravilhosamente rápido e chute
brilhante. Marca gols com grande eficiência", registrou na época o jornal da
escola. Seu futebol chamou tanto a atenção que acabou convocado para jogar
no time de Southampton, a seleção local. Sem falar da partida que disputou
pelo Corinthians, famoso time amador inglês, o mesmo que mais tarde iria
inspirar a fundação do Corinthians Paulista.
Quando desembarcou de volta ao Brasil em 1894, para São Paulo,
trazendo na bagagem camisa, calção, chuteiras e duas bolas oficiais, Charles
Miller se surpreendeu ao descobrir que ninguém praticava o esporte bretão por
aqui. Sorte que trouxera duas bolas, uma agulha, uma bomba de ar e dois
uniformes. Charles voltou em 1895, mas em 26 de outubro de 1863 já havia
sido fundada na Freemason's, taberna da Great Queen's Street, centro de
Londres, The Football Association, a entidade que até hoje rege o futebol na
Inglaterra. Já existiam, portanto, as regras, os grandes clubes, os
campeonatos, as taças. Quando Charles voltou, enfim, o futebol já era um
esporte e não um antídoto de reformas sociais. Começou então a catequizar
seus companheiros de trabalho e de críquete - altos funcionários da
Companhia de Gás, do Banco de Londres e Ferrovia São Paulo Railway,
fundando o primeiro clube de futebol do Brasil, o São Paulo Athletic, clube que
congregava os britânicos residentes em São Paulo.
O novo esporte vingou e, no primeiro campeonato disputado no Brasil (o
Paulista de 1902), lá estava Miller encabeçando a lista de artilheiros com 10
gols em nove jogos. O nosso homem-gol ainda jogou até 1910 pelo São Paulo
16
Athletic Club. Depois atuou como árbitro e, finalmente, apenas como torcedor.
Morreu em 1953, coberto de glórias por ter introduzido o futebol no país, mas
sem ver o Brasil campeão do mundo.
Foi com jovens de boas famílias como a sua, até então interessados em
críquete, golfe, tênis e similares, que Charles plantou a semente. Ensinou-lhes
os fundamentos do futebol, dividiu-os em dois times, escalou um dos seus
amigos para juiz, outro para bandeirinha, e lá foram todos fazer história na
várzea do Carmo. Depois, realizaram novos jogos em campo literalmente mais
nobre: o gramado da chácara da também britânica família Dooley, no bairro do
Bom Retiro. Daí, sempre entre a elite, foi surgindo os primeiros times de
verdade. Em 1896, o São Paulo Athletic Club, fundado oito anos antes, seria o
primeiro a aderir ao novo esporte, logo seguido do Sport Club Germania
(1889), de Mackenzie Athletic Association (1898), Sport Club Internacional
(1898), Clube Atlético Paulistano (1900), já com nome aportuguesado. Em
Campinas, fundou-se a Associação Atlética Ponte Preta (1900). No Rio de Cox,
o Fluminense Foot-ball Club (1902), o Rio Foot-ball Club (1902), o Botafogo
Foot-ball Club, o America Foot-ball Club, o Bangu Athletic Club (os três últimos
em 1904). Flamengo e Vasco da Gama já existiam desde o fim do século,
ambos dedicando-se ao remo: o primeiro só criaria seu departamento de
futebol em 1911; o segundo, em 1923. Em Porto Alegre, foi fundado o Esporte
Clube Rio Grande (1900); em Minas, o Sport Club Belo Horizonte (1904); em
Recife, o Club Náutico Capeberibe (1901); em Salvador, o Vitória Foot-ball
Club (1905). Vale ressaltar que há apenas um ponto comum entre todos os
momentos dessa gênese: aqui e ali o futebol brasileiro nasceu como brinquedo
de menino rico. Ou quase.
É verdade que essa tese — a do melhor futebol ser um privilégio do
homem do povo — desperta controvérsias. Sociólogos, antropólogos, entre
outros estudiosos, têm denunciado sua falta de fundamento científico. Mas,
defendida por Gilberto Freyre no prefácio do livro de Mário Filho O negro no
futebol brasileiro, e por este corroborada nas páginas seguintes, ela não deixa
de ter sentido. Mais que isso, tem contornos de verdade. E um dos seus mais
eloqüentes pontos de apoio é ninguém menos que, o primeiro craque a surgir
no Brasil: Arthur Friedenreich. Filho de alemão com negra brasileira, dividindo
sua infância entre o clube fechado do pai e as peladas democráticas do bairro
17
da mãe, o mulato de olhos verdes foi, até fins dos anos 20, uma espécie de
estranho no ninho, um homem do povo vestindo a mesma camisa dos jovens
da elite, fazendo-se campeão e artilheiro, chegando à seleção paulista e depois
à brasileira, tudo isso numa época em que nenhum de seus europeizados
companheiros e adversários jogava a metade de seu futebol.
Segundo João Máximo, jornalista de O Globo, no Brasil, estranho que
pareça, o avanço profissionalista teve como causa uma idéia conservadora. Os
clubes que perdiam campeonatos por se negarem a ter em seus times
jogadores negros (e seus times eram formados obrigatoriamente por sócios-
atletas, com direito a freqüentar as sedes sociais) decidiram decretar o novo
regime. Assim, poderiam arregimentar jogadores de qualquer raça ou condição
social, contratados como empregados, sem precisarem macular seu quadro
social. Não foi por acaso que as elites do Fluminense e do São Paulo estavam
entre os líderes do movimento profissionalista. O que, por sinal, resultou em
séria cisão no futebol brasileiro, só sepultada com a reunificação de 1937.
O jornalista afirma ainda que a profissionalização abriu definitivamente o
caminho para que os primeiros gênios do futebol brasileiro, a suceder
Friedenreich, entrassem em campo. Fausto dos Santos, Domingos da Guia,
Leônidas da Silva, Waldemar de Brito e depois uma longa e ilustre galeria de
Zizinho a Pelé. Integrado, profissionalizado e temperado na paixão, o futebol
brasileiro seria devidamente coroado em 1970 com o tricampeonato mundial no
México e a conquista definitiva da Taça Jules Rimet. Foi uma caminhada
vitoriosa, mas nem por isso livre de malogros e frustrações. Porque, no meio
dela, à medida que amadurecia dentro do campo, o futebol brasileiro via-se
vítima de distorções nas arquibancadas. Talvez porque o país tivesse tão
pouco do que se orgulhar, o futebol converteu-se num equivocado meio de
afirmação nacional. Ganhar uma Copa do Mundo passou a ser, desde nosso
terceiro lugar na de 1938, uma espécie de termômetro: era isso que iria dizer
se éramos ou não uma grande nação. Claro, não pensavam assim os mais
lúcidos, os mais bem informados, os que viam o Brasil com olhos que não os
do torcedor. Mas para este, ser campeão mundial era o atestado de nossa
grandeza. Motivo de ter ele encarado como tragédia nacional a derrota para os
uruguaios em 1950, em pleno Maracanã erguido justamente para festejarmos a
vitória. Motivo também de duvidarmos de nosso talento, de nossos brios, de
18
nosso patriotismo, quando da derrota para os húngaros em 1954. Os
equívocos se repetiriam até nos tão ansiados dias de glória, as conquistas de
1958, 1962 e 1970. "Com o brasileiro não há quem possa...", cantava-se após
a primeira. "Ninguém segura este país!", exclamava-se depois da última.
Para Máximo muito tempo passaria até que o torcedor brasileiro
começasse a perceber que a seleção brasileira era uma coisa e o Brasil, outra.
Que o futebol, eterna paixão, não era o que o dramaturgo Nélson Rodrigues
rotulou de "a pátria em chuteiras". Era, sim, um brinquedo levado muito a sério.
19
2.3 A História e Memória dos Clubes
Ao iniciar a reflexão acerca da história dos clubes, coloco como
destaque o time do Bangu do Rio de Janeiro, pois reflete a origem da maioria
dos clubes fundados nesta época, criados apartir da implantação de fábricas ou
em decorrência da chegada de grupos econômicos ao país. No dia 8 de março
de 1893 foi inaugurada a Companhia Progresso Industrial do Brasil, fábrica de
tecidos de capital português, no distante e até então praticamente despovoado
arrabalde de Bangu. Para tocar o novo empreendimento, foram contratados
técnicos e funcionários de diversas nacionalidades, principalmente ingleses. A
escolha de Bangu para sediar uma indústria têxtil se deveu ao fato daquela
parte da cidade apresentar fartos recursos hídricos, com um grande número de
cachoeiras e nascentes, pois "a água era fundamental em seis das oito etapas
do processo têxtil" (ASSAF, 2001, p.13).
Não tardou para que os técnicos ingleses que trabalhavam na fábrica
tratassem de se organizar em torno da formação de um clube no qual
pudessem se dedicar à prática desportiva durante os momentos de lazer. Após
algumas tentativas frustradas, finalmente, em 17 de abril de 1904, contando
com o apoio dos diretores da fábrica, iniciava as suas atividades o The Bangu
Athletic Club, inicialmente voltado à organização de jogos de football, cricket e
lawn tennis (HAMILTON, 2001, p.69), que, ao contrário de outros clubes
ingleses da cidade, como o Paysandu, não restringia o ingresso de elementos
de fora da comunidade britânica.
Entretanto, o novo clube não apresentava um caráter tão democrático
quanto parece, já que a idéia inicial era a de congregar apenas os
trabalhadores especializados de origem britânica que ocupavam cargos de
chefia. A abertura a uma gama maior de associados aconteceu devido a uma
exigência por parte da direção da fábrica para formalizar o seu apoio à nova
agremiação. Segundo Pereira (2000), o próprio valor da mensalidade - menos
da metade daquele cobrado pelo Fluminense - facilitava o ingresso de
funcionários menos qualificados, como era de interesse dos diretores da
companhia (p.32-33).
20
A esse respeito Caldas (1994) argumenta:
Ainda que fundado por altos funcionários ingleses da Cia. Progresso Industrial do Brasil, o Bangu, pela própria condição geográfica, sempre teve tendências proletárias. Localizado na periferia distante, num bairro proletário, a Cia. Progresso iria estimular o futebol entre seus executivos como forma de lazer. Mas, como formar dois times se o número de funcionários mais graduados e interessados neste esporte não chegava a tanto? A alternativa seria a de aceitar operários para completar as duas esquadras. O critério de escolha, para isso, obedecia a algumas exigências administrativas na empresa, tais como: desempenho profissional, o tempo de serviço e o comportamento pessoal. Surgiria, assim, o primeiro time de futebol no Brasil não inteiramente elitizado. Mas, como se vê, por questões meramente circunstanciais. Desse contexto surgiria, mais tarde, o time proletário do Bangu (p.42-43).
Corroborando com o texto, a localização geográfica de Bangu, muito
distante das demais porções da cidade na qual a prática do futebol se
desenvolvia, gerou um isolamento dos jogadores bangüenses em relação aos
seus colegas futebolistas (ingleses e brasileiros) dos clubes das zonas sul e
norte que, muitas vezes, se recusavam a fazer a penosa viagem de trem em
direção ao bairro. Isso tornava necessária a formação de pelo menos dois
teams dentro do próprio clube para que os seus associados pudessem se
dedicar à prática futebolística. Esse fato, aliado à relativa abertura existente no
interior do clube, proporcionou que um número cada vez maior de brasileiros
tomasse gosto pelo esporte. Sendo assim, não tardou para que, em 1905, em
meio a uma equipe composta por cinco ingleses, três italianos e dois
portugueses (MÁRIO FILHO, 2003, p.32) surgisse a figura do primeiro negro a
atuar em um time de futebol no Brasil. Seu nome, Francisco Carregal (Foto 1) .
Foto 1: Francisco Carregal (sentado à esquerda) e parte do time do Bangu de 1905.
Fonte: O Malho, 5 de agosto de 1905 apud Pereira, 2000, p. 68.
21
Como não poderia deixar de ser, o Bangu pagou um preço bastante alto
pelo seu pioneirismo. Logo o clube tornou-se num dos principais alvos por
parte da arbitragem e de torcedores (inclusive negros!) dos grandes times da
época. É o que podemos constatar a partir do relato de Mário Filho (2003):
Era sempre bom, mesmo para um clube de fábrica, ter mais brancos do
que pretos no time. Os pretos muito visados, quase não podendo fazer nada
em campo. Tendo de jogar um futebol muito limpo, muito decente, respeitando
os brancos.
Quando um preto metia o pé num branco era sururu na certa. Todo
mundo achando que o preto devia ser posto para fora de campo. A torcida dos
clubes brancos, muito maior. O Bangu vinha jogar com um Fluminense, com
um Botafogo, com um Flamengo ou com um América, não trazia quase
ninguém: o time, meia dúzia de torcedores.
Os torcedores do Bangu perdiam-se na geral, na arquibancada, nem
abriam a boca. Os pretos que se portassem muito direitinho, senão
apanhavam. Até de outros pretos, os pretos da geral, que torciam pelo grande
clube, que vinham logo ofendendo com um 'negro sujo' (p.88-89).
As perseguições sofridas pela equipe da zona oeste serviram para
reforçar ainda mais os laços que uniam o clube aos moradores do bairro e
operários da fábrica. Laços esses que se faziam mais fortes ainda quando o
Bangu tinha o mando de campo contra os grandes clubes aristocráticos. De
acordo com o mesmo Mário Filho:
As coisas mudavam, é fato, lá em cima, jogo em Bangu. Aí o Bangu
lamentava não ter mais pretos no time. Os pretos metendo o pé, tomando a
bola do branco na força bruta. Podia ser do Fluminense, do Botafogo, do
América, do Flamengo. Quem mandava lá em cima era o Bangu.
Por mais gente que o clube levasse com ele, para garantir o time, não
adiantava. Lá em cima havia sempre mais gente do Bangu. Gente que ia para
a geral, para a arquibancada, disposta a tudo. Invertiam-se os papéis: o time de
branco é que não podia fazer nada (p.89).
Fatos como esses fizeram com que o novo clube conquistasse a
simpatia dos funcionários da fábrica de tecidos e dos moradores do bairro,
criando uma forte identidade entre eles. A impressão que se tinha ao chegar a
Bangu era de que clube e fábrica pareciam compor um único conjunto (Foto 2):
22
Foto 2: O campo do Bangu com a fábrica ao fundo. Lazer e trabalho se misturam.
Fonte: Alured Bell, The Beautiful Rio de Janeiro, Londres: W. Heinemann, 1914, p.182 apud Pereira, 2000, p. 259.
Casos como o do Bangu se repetiu em outros pontos do planeta e no
Brasil não foi diferente. O esporte que nasce elitizado aos poucos cede espaço
aos operários se popularizando especialmente entre os intelectuais e no interior
do movimento operário, razões que levaram à criação e desenvolvimento das
equipes fabris; o uso do futebol como veículo de propaganda do nome e
produtos das fábricas; e o surgimento da figura do "operário-jogador".
Não posso deixar de mencionar o advento do futebol na Bahia com a
fundação de um dos clubes mais antigos do país o Esporte Clube Vitória,
fundado em 13 de maio de 1899, foi o primeiro clube social do Estado fundado
por brasileiros. Antes dele, apenas os ingleses haviam feito isso, mesmo assim
num projeto que durou pouco tempo. O Ypiranga foi fundado em 7 de setembro
de 1906, sendo um dos mais antigos clubes do futebol da Bahia. O primeiro
clube de futebol fundado foi o Sport Club Bahiano, em 1903. Dois anos depois,
seria fundada a Liga Bahiana de Sports Terrestres, atual Federação Baiana de
Futebol, por outros três clubes, além do SC Bahiano: São Paulo Clube, Sport
Club Victoria (antes chamado de Club de Cricket Victoria e atual Esporte Clube
Vitória) e Clube Internacional de Cricket, que ficaria com o primeiro título.
23
3. Caminhos Metodológicos da Pesquisa
O método de pesquisa será de abordagem de natureza qualitativa, um
estudo de caso, utilizando as técnicas de análise de conteúdo, bem como, a
aplicação de questionário com ex-jogadores e dirigentes do referido clube com
a realização de pesquisa documental. A população é composta por 03 (três)
ex-jogadores do Alagoinhas Atlético Clube. Haja vista que, 02 (dois) de um
grupo de 05 ( cinco) participantes que haviam se comprometido anteriormente
por motivos pessoais não tiveram condições de participar da última fase da
pesquisa. Por fim, teremos a análise dos dados coletados.
A primeira etapa do projeto foi fazer uma ampla pesquisa na bibliografia
especializada para selecionar as fontes de consulta e, a partir destas fontes,
identificar os temas que seriam tratados.
Sendo o futebol o principal esporte brasileiro, foi imprescindível a
pesquisa em alguns livros, artigos, revistas e sites sobre o assunto. A revista
especializada em futebol, também foi de extrema importância, pois lança
diversas edições especiais sobre assuntos específicos do esporte, como a
historia das copas do mundo, além de suas edições mensais.
Na internet os sites oficiais da Fifa Fédération International de Football
Association, órgão mundial da modalidade, da CBF – Confederação Brasileira
de Futebol, sites oficiais de times, jogadores e de órgãos de imprensa possuem
um vasto conteúdo que mereceu ser investigado.
Comecei a leitura pelos livros e revistas, resumindo e fazendo anotações
sobre os assuntos escolhidos. Inicialmente concentrei as primeiras pesquisas
na origem do futebol, sua história moderna e suas regras. Dando continuidade,
pesquisei os principais jogadores, técnicos, campeonatos e esquemas táticos.
Depois, selecionei os termos mais utilizados na linguagem do futebol, o
chamado futebolês. Por fim, para garantir informações e dados estatísticos
mais atualizados consultei sites especializados, dando preferência aos sites
oficiais das confederações e dos times e jogadores.
O presente trabalho trata do estudo sobre a história de ex-jogadores e
memória do clube do Alagoinhas Atlético Clube do município de Alagoinhas
Bahia.
24
O trabalho procura enfatizar a modalidade esportiva futebol, o grande
questionamento é de que forma se encontra a situação atual desses ex-
jogadores da equipe de futebol do Alagoinhas Atlético Clube, a conservação e
registros dos fatos que marcaram a sua história no decorrer desses anos de
atividade do clube e que atividades desenvolvem socialmente. Quais as
medidas utilizadas pelo clube ou município para a conservação da sua história
e como forma de homenagear os seus ídolos.
A proposta de solução do problema mencionado seria implementar
medidas e diretrizes que possam contribuir para promover uma maior
conservação da memória dos clubes.
25
3.1 O Alagoinhas Atlético Clube em Foco
A pesquisa sobre o Alagoinhas Atlético Clube ou Atlético de Alagoinhas
me levou a conversar com diversos admiradores, líder de torcida e diretores,
que relataram diversos fatos pitorescos e controversos, em função desta
variedade, optei por divulgar o que consta na página do clube na internet ¹ .
Trata-se de um clube do futebol brasileiro sediado na cidade de Alagoinhas no
Estado da Bahia distante à 100 Km da capital, com uma população estimada
de 137.810 habitantes, ( IBGE, 2009). Segundo dados oficiais do Clube, foi
fundado no dia 2 de Abril de 1970, o Carcará (pássaro do Nordeste), como é
chamado pela torcida, manda seus jogos no estádio Carneirão. O Alagoinhas
Atlético Clube teve no seu plantel jogadores como o lendário Merica e Dendê,
que também brilharam com a camisa do Flamengo do Rio de Janeiro.
A primeira partida amistosa, disputada pelo Atlético, foi em 30 de janeiro
de 1971, num jogo amistoso, no Estádio do Carneirão, contra o Fluminense de
Feira de Santana, em que fora vencido pelo placar de 1 x 0.
Foto 03: Estádio Antônio Carneiro em 1971
A primeira partida oficial, válida pelo Campeonato Baiano/71, foi no dia
11 de abril de 1971, também no Carneirão, contra o Leônico, em que o Atlético
venceu pelo escore de 2 x 1. O primeiro gol surgiu aos 37 minutos da fase
inicial, quando Dida recebeu um lançamento de Olívio, driblou dois zagueiros e
da entrada da grande área, chutou no ângulo esquerdo do goleiro ―adversário‖,
26
sem chance de defesa. Alegria total nas arquibancadas era gol do Atlético. No
segundo tempo, o Leônico voltou ameaçador empatando aos 18 minutos,
emudecendo por completo a platéia que lotava o estádio. Mas, houve uma
reação, jogando melhor e, aos 43 minutos, Dida aproveitando a cobrança de
um escanteio, pela direita, fez um bonito gol, levando a torcida ao delírio e, um
carnaval tomou conta da cidade. Era o Atlético ingressando do pé direito no
cenário esportivo profissional.
Dados pesquisados nos mostram que pelo ranking criado pela
Confederação Brasileira de Futebol que pontua todos os times do Brasil, o AAC
ocupa a 146º posição, com um uma pontuação de 34 pontos. Vários ídolos
marcaram a história do clube, dentre eles destacam-se: Vaguinho, Américo,
Barriga Azul(Técnico), Bené, Bigú, Dendê, Ênio, Hélio, Luciano, Merica,
Meruca, Russo, Silva Paraíba, Zé Augusto, Dida, Zelito do Bamba, Márcio(Pato
Rouco).Essas passagens fora entremeadas pelos presidentes Walter Robatto
Campos o primeiro em 1970 até o atual Albino Leite, que já gerenciou o clube
em outras gestões.
Constatamos no decorrer da pesquisa o desempenho do clube nos
campeonatos também foi coroado com a conquista de alguns títulos, entre
eles: Vice-Campeonato Baiano: 1973;Vice-Campeonato Baiano da Segunda
Divisão: 1993 e 1998.Também obteve vitórias nas categorias de base, sendo:
Campeonato Baiano Sub-20 (Juniores): 1982;Copa Gazetinha Infanto-Juvenil:
1999.;IV Copa Interestadual Nordestina Sub-20: 2001.
Foto 04: Time Pioneiro
27
Um grande motivo de orgulho para os seus torcedores são os símbolos
como o escudo e a bandeira do clube, com o AAC não podia ser diferente.
Figura 02
A idéia do escudo nasce do sócio fundador, conselheiro e torcedor
apaixonado, Saturnino Peixoto Pinto,que concentrou seu poder de imaginação
para criar o escudo do Atlético, clube de seu coração e, explicando seu
significado: ―O escudo é de forma circular e sua periferia é contornada por uma
roda dentada em esmalte sable (preto), significando pela forma, o trabalho e,
pela cor, a prudência e o poder. Segue-se a faixa concêntrica em metal prata
(branco), significando pureza e paz, Nessa faixa está colocada a legenda
Alagoinhas Atlético Clube, sendo separada por três estrelas que representam
os elementos da natureza: Terra, Água e Ar. O círculo central, em esmalte
galês (vermelho), significa soberania e luta e nele está localizada as letras : A A
C, de traçado concêntrico e em metal prata (branco)".
As tabelas inseridas a seguir tem como objetivo caracterizar os sujeitos
por aspectos sócio-econômicos, faixa etária e atual campo de atuação
profissional, os quais serviram como base para questões envolvidas no estudo
Os itens que se referem as carreiras profissionais e tiveram como
objetivo constatar o sucesso desses atletas no clube e campeonatos que
jogaram.
28
Tabela 01 - identificação dos jogadores:
Identificação
Idade (anos)
Naturalidade
Profissão
atual
Residência
J.F.B.
52
Alagoinhas-
BA
Aposentado
Alagoinhas-
BA
M.B.S.
64
Paraíba
Aposentado
Alagoinhas-
BA
J.A.V.S.
58
Alagoinhas-
BA
Instrutor de
escolinha de
futebol
Alagoinhas-
BA
Tabela 2 - Trajetória no Clube
Identificação
Ano de ingresso
Tempo de
atuação (anos)
Títulos
conquistados
J.F.B.
1978
15
Vice-Campeão do
seletivo Copa
Brasil 1984
M.B.S. 1972 10 Vice-Campeão
Baiano 1972,
1973, 1975, 1976
e 1977.
J.A.V.S. 1973 1,8 Vice-Campeão
Baiano 1973
29
3.2. Análise dos Dados
Durante a pesquisa foram entrevistados três ex-jogadores que atuaram
no Alagoinhas Atlético Clube na década de 70.
No decorrer das entrevistas observou-se que apesar dos ex-jogadores
possuírem um tempo de atuação expressivo e terem participado da conquista
de alguns títulos para o clube, nenhum deles possui qualquer tipo de vinculo
com A.A.C. atualmente, onde apenas um dos entrevistados refere ter
participado de um programa social criado pelo clube.
Contudo constatamos que os jogadores entrevistados possui vínculo
com a Associação de Garantias aos Atletas Profissionais – AGAP com o papel
de ajudar profissionais e ex-profissionais, criada pela a Lei Pelé, em março de
1998, destina recursos para a assistência social e educacional desses atletas.
A verba é repassada para as Associações de Garantia aos Atletas Profissionais
(Agaps), de cada Estado.
Para ter direito ao benefício, é preciso fazer o cadastramento na sede da
Agap, que custa R$ 50 ao ano. Os interessados devem levar documento de
identidade, CPF e cópia de um dos contratos registrados na CBF ou na antiga
CBD, que era o nome da Confederação Brasileira de Futebol. A taxa de
anuidade é apenas para aqueles que têm menos de 60 anos.
Há ainda auxílio medicamento, auxílio funeral, cursos profissionalizantes e de
graduação até R$ 400.
Vale ressaltar que todos os entrevistados manifestaram o desejo que
houvessem projetos sociais criados pelos clubes voltados para ex-jogadores e
família, o que até o momento não existe.
30
4. Considerações Finais
Para ninguém é segredo que a grande maioria dos jogadores
profissionais, não atinge um ápice financeiro, nem são consagrados pela mídia
esportiva, encerrando a carreira sem alcançar uma realização profissional. Por
isso, existem muitos ex – jogadores passando por dificuldades econômicas por
não receberem nenhuma ajuda dos clubes e das Federações, que deveriam
ser responsáveis pela preparação do afastamento e aposentadoria desses
atletas.
Essas entidades deveriam ser ainda responsáveis pela conservação da
memória dos seus ex-jogadores que está atrelada diretamente a história dos
seus clubes.
Algumas medidas se tornam necessárias por parte do clube Alagoinhas
Atlético Clube para o reconhecimento pelo tempo de serviço prestado Por
esses atletas:
a- Criação de acervo municipal com registro de todos os
jogadores;
b- Conservação de documentos relacionados à história do
clube;
c- Desenvolvimento de projetos sociais com aproveitamento
da experiência de seus ex- jogadores, para formação de
novos profissionais.
d- Criação de um calendário de homenagens a pessoas de
relevância para o clube.
O presente trabalho não é conclusivo, acredito que posso colher mais
elementos, visando enriquecer e trazer mais respostas para as demandas aqui
apontadas numa oportunidade futura, no momento apresento essas propostas
que poderão contribuir para conservação da história e memória do Alagoinhas
Atlético Clube do município de Alagoinhas no Estado da Bahia.
31
Referências:
BARRETO, J.A. Psicologia do esporte para o atleta de alto rendimento. Rio
de Janeiro: Shape, 2003.
FARIA, T.G. Análise comparativa do nível de motivação intrínseca de
atletas de ambos os sexos, participantes de esportes individuais e
coletivos, com diferentes níveis de experiência. Dissertação de Mestrado
em Educação Física - Universidade Federal do Paraná, 2004.
FILHO, Mário. Texto extraído da Revista: Brasil Escola.com.br
Disponível em: <http://www1 pt.wikipedia.org/wiki/História> Acesso em: 13 jun.
2010
MÁXIMO, João Jornal O Globo, n. 2, p. 5, set. 1997 Rio de Janeiro (RJ).
MENDELSOHN, Darío. El retiro Del futebolística. Disponível em:
<http://efdeportes.com> acesso em 22 janeiro. 2011
MCAULEY, E., DUNCAN, T. Inventário de motivação intrínseca para
situações competitivas, 1989.
OLIVEIRA, V. M. O que é educação física. São Paulo: Editora Brasiliense, 11.
ed., p. 112, 1994.
PAIM, C. Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista Virtual
EF Artigos, Natal, v. 2, n. 6, 2004.
Rev. Bras. Hist. vol.23 no.46, São Paulo, 2003.
SERPA, S. O psicólogo e a intervenção no desporto. Revista Horizonte.
Lisboa, n. 53, v. 9, jan-fev, p. 187-192, 1993.
32
9. Anexos
QUADRO 1:
DADOS PESSOAIS DOS EX-JOGADORES DE FUTEBOL
EX-
JOGADORES
FAIXA
ETÁRIA
BAIRRO PROFISSÃO
ATUAL
NATURALIDADE
A
B
C
D
E
33
QUADRO 2:
ATUAÇÃO PROFISSIONAL E TRAJETÓRIA DOS EX-JOGADORES
EX-JOGADOR
ÍNICIO TEMPO DE ATUAÇÃO
CAMPEONATOS PRINCIPAIS TIMESEM
QUE ATUOU
A
B
C
D
E
34
QUESTIONÁRIO PARA OS EX-JOGADORES:
1- QUAL O SEU VÍNCULO COM O CLUBE?
2- POR QUANTO TEMPO JOGOU NO CLUBE ?
3- HÁ QUANTO TEMPO ESTÁ AFASTADO DO CLUBE ?
4– PARTICIPA DE ALGUM PROGRAMA SOCIAL CRIADO PELO CLUBE?
5- GOSTARIA QUE HOUVESSE UM PROJETO DO CLUBE VOLTADO
PARA EX-JOGADORES ?
35
QUESTIONÁRIO PARA O DIRIGENTE DO ALAGOINHAS ATLÉTICO
CLUBE:
1-EXISTE ALGUM PROGRAMA SOCIAL OU PREVIDENCIÁRIO VOLTADO
PARA OS SEUS JOGADORES?
SIM ( )
NÃO ( )
2-O CLUBE GUARDA DOCUMENTOS OU REGISTROS DOS SEUS EX-
JOGADORES?
SIM ( )
NÃO ( )
3-EXISTE UMA SALA OU ESPAÇO PARA TOFÉUS EM HOMENAGEM AS
PESSOAS LIGADAS A HISTÓRIA DO CLUBE?
SIM ( )
NÃO ( )
4-EXISTE ALGUMA VERBA DAS FEDERAÇÕES BAIANA OU BRASILEIRA
DE FUTEBOL DIRECIONADA PARA A CRIAÇÃO OU MANUTENÇÃO
DESSES ESPAÇOS?
SIM ( )
NÃO ( )
5-O CLUBE TEM EX JOGADORES QUE PRESTAM SERVIÇOS
VOLUNTÁRIOS EM PROL DO TIME?
SIM ( )
NÃO ( )
36
Fotos do Estádio Antônio Carneiro
Parte Interna do Estádio
Visão Geral da Obra
37
Estádio Atualmente