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Teses equivocadas no debate sobre desindustrialização e perda de competitividade da indústria brasileira José Luis Oreiro Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Pesquisador Nível IB do CNPq Presidente da Associação Keynesiana Brasileira Líder do Grupo de Pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento

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Teses equivocadas no debate sobre desindustrialização e perda de competitividade da indústria brasileira. José Luis Oreiro Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Pesquisador Nível IB do CNPq Presidente da Associação Keynesiana Brasileira - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Teses equivocadas no debate sobre desindustrialização e

perda de competitividade da indústria brasileira

José Luis Oreiro Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pesquisador Nível IB do CNPqPresidente da Associação Keynesiana Brasileira

Líder do Grupo de Pesquisa Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento

Page 2: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

1. Interlúdio conceitual: conceituação, causas e consequências do processo de desindustrialização.

2. As Teses Equivocadas sobre a desindustrialização e a perda de competitividade da indústria brasileira.

3. O que sabemos sobre a situação da indústria brasileira de transformação?

Estrutura da Apresentação

Page 3: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

O conceito “clássico” de “desindustrialização” foi definido por Rowthorn e Ramaswany (1999) como sendo uma redução persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país ou região.

Mais recentemente, Tregenna (2009) redefiniu de forma mais ampla o conceito “clássico” de desindustrialização como sendo uma situação na qual tanto o emprego industrial como o valor adicionado da indústria se reduzem como proporção do emprego total e do PIB, respectivamente

1 - Interlúdio Conceitual

Page 4: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desindustrialização é uma mudança estrutural, não um problema cíclico

A primeira observação importante a respeito do conceito ampliado de “desindustrialização” é que o mesmo é compatível com um crescimento (expressivo) da produção da indústria em termos físicos. ◦ Em outras palavras, uma economia não se

desindustrializa quando a produção industrial está estagnada ou em queda, mas quando o setor industrial perde importância como fonte geradora de empregos e/ou de valor adicionado para uma determinada economia.

◦ Dessa forma, a simples expansão da produção industrial (em termos de quantum) não pode ser utilizada como “prova” da inexistência de desindustrialização.

Page 5: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A segunda observação é que a desindustrialização não está necessariamente associada a uma “re-primarização da pauta de exportação”. ◦ Com efeito, a participação da indústria no emprego e no valor

adicionado pode se reduzir em função da transferência para o exterior das atividades manufatureiras mais intensivas em trabalho e/ou com menor valor adicionado.

◦ Se assim for, a desindustrialização pode vir acompanhada por um aumento da participação de produtos com maior conteúdo tecnológico e maior valor adicionado na pauta de exportações. Nesse caso, a desindustrialização é classificada como

“positiva”.

Desindustrialização implica Reprimarização da Pauta Exportadora ?

Page 6: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desindustrialização Negativa e Doença Holandesa

Se a desindustrialização vier acompanhada de uma “re-primarização” da pauta de exportações, ou seja, por um processo de reversão da pauta exportadora na direção de commodities, produtos primários ou manufaturas com baixo valor adicionado e/ou baixo conteúdo tecnológico; então isso pode ser sintoma da ocorrência de “doença holandesa”, ou seja, a desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio resultante da descoberta de recursos naturais escassos num determinado país ou região. 

Nesse caso, a desindustrialização é classificada como “negativa”, pois é o resultado de uma “falha de mercado” na qual a existência e/ou a descoberta de recursos naturais escassos, para os quais o preço de mercado é superior ao custo marginal social de produção, gera uma apreciação da taxa de câmbio real, produzindo assim uma externalidade negativa sobre o setor produtor de bens manufaturados (Bresser-Pereira, 2008)

Page 7: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Sobre as causas da desindustrialização

Segundo Rowthorn e Ramaswany (1999) a desindustrialização pode ser causada por fatores internos e externos a uma determinada economia. ◦ Os fatores internos seriam basicamente dois, a

saber: uma mudança na relação entre a elasticidade renda da demanda por produtos manufaturados e serviços e o crescimento mais rápido da produtividade na indústria do que no setor de serviços.

◦ Os fatores externos que induzem a desindustrialização estão relacionados ao grau de integração comercial e produtiva das economias, ou seja, com o estágio alcançado pelo assim clamado processo de “globalização”.

Page 8: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desindustrialização como um estágio superior do desenvolvimento

O processo de desenvolvimento econômico levaria “naturalmente” todas as economias a se desindustrializar a partir de um certo nível de renda per-capita. ◦ Isso porque a elasticidade renda da demanda de serviços tende

a crescer com o desenvolvimento econômico, tornando-se maior do que a elasticidade renda da demanda por manufaturados.

◦ Dessa forma, a continuidade do desenvolvimento econômico levará a um aumento da participação dos serviços no PIB e, a partir de um certo nível de renda per-capita, a uma queda da participação da indústria no PIB.

◦ Além disso, como a produtividade do trabalho cresce mais rapidamente na indústria do que nos serviços, a participação do emprego industrial deverá iniciar seu processo de declínio antes da queda da participação da indústria no valor adicionado.

Page 9: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desindustrialização e Globalização

Os diferentes países podem se especializar na produção de manufaturados (o caso da China e da Alemanha) ou na produção de serviços (Estados Unidos e Reino Unido).

Além disso, alguns países podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho qualificado, ao passo que outros podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho não-qualificado.

Esse padrão de desenvolvimento gera uma redução do emprego industrial (em termos relativos) no primeiro grupo e um aumento do emprego industrial no segundo grupo

Page 10: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desindustrialização Precoce e Doença Holandesa

A relação entre a participação do emprego (e do valor adicionado) da indústria e a renda per-capita pode ser afetada pela “doença holandesa” (Palma, 2005).

Nesse contexto, a abundância de recursos naturais pode induzir a uma redução da participação da indústria no emprego e no valor adicionado por intermédio da apreciação cambial, a qual resulta em perda de competitividade da indústria e déficit comercial crescente da mesma. ◦ Em outras palavras, a desindustrialização causada pela “doença

holandesa” está associada a déficits comerciais crescentes da indústria e superávits comerciais (crescentes) no setor não-industrial.   

A desindustrialização causada pela “doença holandesa” é também denominada de “desindustrialização precoce”; uma vez que a mesma se iniciaria a um nível de renda per-capita inferior ao observado nos países desenvolvidos quando os mesmos iniciaram o seu processo de desindustrialização. ◦ Sendo assim, os países afetados pela “doença holandesa” iniciam o seu processo

de desindustrialização sem terem alcançado o “ponto de maturidade” de suas respectivas estruturas industriais e, portanto, sem ter esgotado todas as possibilidades de desenvolvimento econômico que são permitidas pelo processo de industrialização

Page 11: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Indústria como motor do crescimento

A indústria é o motor de crescimento de longo-prazo, pois ela é a fonte de retornos crescentes de escala (indispensável para a sustentação do crescimento no longo-prazo), é o setor com maiores encadeamentos para frente e pra trás na estrutura produtiva, é a fonte e/ou a principal difusora do progresso tecnológico e permite o relaxamento da restrição de balanço de pagamentos ao crescimento de longo-prazo pois as exportações de manufaturados tem maior elasticidade renda do que a exportação de produtos primários.◦ Nesse contexto, a desindustrialização é um fenômeno que tem

impacto negativo sobre o potencial de crescimento de longo-prazo, pois reduz a geração de retornos crescentes, diminui o ritmo de progresso técnico e aumenta a restrição externa ao crescimento

Page 12: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A produtividade do trabalho é maior na indústria de transformação (principalmente para os manufaturados de alta e média-alta tecnologia) do que no resto da economia.

Isso implica que uma redução da participação da indústria de transformação no emprego e/ou no valor adicionado da economia deverá resultar numa diminuição da produtividade média da economia.

Desindustrialização é uma mudança estrutural perversa

Page 13: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

1. A desindustrialização é um fenômeno mundial. 2. A economia brasileira não está se desindustrializando. 3. A desindustrialização brasileira é decorrência natural do seu

estágio de desenvolvimento 4. A indústria é um setor como outro qualquer. 5. O caso da Austrália mostra que a industrialização não é

fundamental para um país se tornar membro do primeiro mundo. 6. A desindustrialização brasileira não se deve a apreciação da taxa

de câmbio. 7. A apreciação cambial no Brasil é similar a dos demais países

emergentes. 8. A perda de competitividade da indústria brasileira deve-se ao

baixo dinamismo da produtividade e ao crescimento dos salários. 9. A apreciação cambial é decorrente da implementação do “Estado

do Bem-Estar Social”.10. O câmbio apreciado veio pra ficar.

2 - As teses equivocadas

Page 14: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A Desindustrialização é um fenômeno mundial ?

1970 1980 1990 2000 20100

5

10

15

20

25

30

35

Participação da Indústria de transformação no PIB no G7, América Latina e Países Dinâmicos da Ásia (1970-

2010)

G7 América Latina Países Dinâmicos da Ásia

Fonte : Rocha (2011), Elaboração própria

Page 15: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

O Brasil não está se desindustrializando?

Fonte : Marconi e Rocha (2011)

Page 16: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

O Brasil não está se desindustrializando?

1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 20100.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

70.00%

Composição da pauta de exportações brasileira

Exportações - produtos básicosExportações - produtos manufaturadosExportações - produtos semi-manufaturados

Ano

Fonte : Faria (2011)

Page 17: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

O Brasil não está se desindustrializando?

Fonte : Faria (2011)

Page 18: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desindustrialização natural ou precoce?

Fonte : Marconi e Rocha (2011)

Page 19: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Desindustrialização natural ou precoce?

Fonte : Marconi e Rocha (2011)

Page 20: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A indústria é um setor como outro qualquer?

1970 1980 1990 20000

5

10

15

20

25

30

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

Participação da Indústria no PIB e Taxa Média de Crescimento nos países do G7 (1970-2000)

Participação da indústria no PIB Taxa média de crescimento

Fonte : Rocha (2011), Elaboração própria

Page 21: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A indústria é um setor como outro qualquer?

1970 1980 1990 2000 20100

5

10

15

20

25

0

1

2

3

4

5

6

Dinâmica da Participação da Indústria no PIB e da Taxa média de crescimento em 4 Economias da América

Latina (1970-2010)

Participação da indústria no PIB Taxa média de crescimento

Fonte : Rocha (2011), Elaboração própria

Page 22: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A Indústria é um setor como outro qualquer?

Fonte : Marconi e Rocha (2011)

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20080

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

PRODUTIVIDADE MÉDIA (VALOR ADICIONADO / EMPREGO)Em reais de 1995, fonte: Contas Nacionais

Commodiities agrícolas e extrativas Ind. TransformaçãoCommodiities derivadas agric e extrativas Manufaturados baixa e média-baixa tecnolManufaturados média-alta e alta tecnol

Page 23: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A Indústria é um setor como outro qualquer?

Commodiities agrícolas e extrativas

Ind. Transformação

Commodiities derivadas

agric e extrativas

Manufaturados baixa e média-baixa tecnol

Manufaturados média-alta e alta tecnol Comercializáveis

Não comercializáveis

1995 26,3% 13,0% 3,3% 7,2% 2,5% 39,3% 60,7%1996 24,9% 12,8% 3,2% 7,2% 2,4% 37,7% 62,3%1997 24,8% 12,3% 3,2% 6,7% 2,3% 37,1% 62,9%1998 24,1% 11,6% 3,1% 6,3% 2,2% 35,7% 64,3%1999 24,5% 11,7% 3,0% 6,5% 2,2% 36,2% 63,8%2000 22,6% 12,0% 3,0% 6,7% 2,3% 34,6% 65,4%2001 21,5% 11,8% 3,0% 6,6% 2,2% 33,3% 66,7%2002 21,3% 11,7% 3,0% 6,5% 2,2% 33,0% 67,0%2003 21,3% 11,9% 3,1% 6,5% 2,3% 33,2% 66,8%2004 21,7% 12,2% 3,2% 6,6% 2,4% 33,9% 66,1%2005 21,2% 12,8% 3,4% 7,0% 2,5% 34,0% 66,0%2006 20,0% 12,5% 3,3% 6,7% 2,5% 32,5% 67,5%2007 18,9% 12,8% 3,3% 6,8% 2,6% 31,7% 68,3%2008 18,1% 13,0% 3,4% 6,8% 2,8% 31,1% 68,9%

Variação % 08/95 -31,3% 0,4% 4,8% -5,6% 11,9% -20,8% 13,5%

Fonte: IBGE, Contas Nacionais

Participação setorial no emprego (em %)

Fonte : Marconi e Rocha (2011)

Page 24: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A Austrália é um país desenvolvido diferente dos outros?

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Participação da Indústria Total no PIB de Países Selecionados (1972-2009)

Australia OECDUnião Européia Estados Unidos Reino Unido Japão Axis Title

Fonte :Banco Mundial

Page 25: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A Desindustrialização brasileira não se deve a apreciação cambial?

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 201030

40

50

60

70

80

90

100

110

120

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

Evolução da Taxa Real Efetiva de Câmbio e da Participação da Indústria de Transformação no PIB da

Economia Brasileira (2003-2010)

TRC % ind

Fonte : IPEADATA, Elaboração própria

Page 26: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A Desindustrialização brasileira não se deve a sobrevalorização cambial?

19801981198219831984198519861987198819891990199119921993199419951996199719981999200020012002200320042.9

3

3.1

3.2

3.3

3.4

3.5

3.6

3.7

3.8

3.9

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

Sobreapreciação (% a.a.) ln(VA dos manufaturados/PIB)

Fonte : Marconi e Rocha (2011)

Page 27: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A apreciação cambial do Brasil é similar a dos demais países emergentes?

Tipos de cambio real efectivos (CEPAL). América del Sur

(100=2000)

Argentina

Brasil

Chile

Colombia Perú

Uruguay

50,0

75,0

100,0

125,0

150,0

175,0

200,0

225,0

250,0

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Argentina Brasil Chile Colombia Perú Uruguay

Fonte : Frenkel e Rapetti (2011)

Page 28: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Perda de competitividade devido ao baixo dinamismo?

Dec/01Mar/

02Jun

/02Sep

/02Dec/

02Mar/

03Jun

/03Sep

/03Dec/

03Mar/

04Jun

/04Sep

/04Dec/

04Mar/

05Jun

/05Sep

/05Dec/

05Mar/

06Jun

/06Sep

/06Dec/

06Mar/

07Jun

/07Sep

/07Dec/

07Mar/

08Jun

/08Sep

/08Dec/

08Mar/

09Jun

/09Sep

/09Dec/

09Mar/

10Jun

/10Sep

/10Dec/

10Mar/

11Jun

/11Sep

/11Dec/

1185

90

95

100

105

Custo Unitário do Trabalho da Indústria de Transformação, Média móvel dos últimos 12 meses

(Dez.01/dez.11)

Series1

Fonte : CEMACRO, Elaboração própria

Page 29: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Perda de competitividade devido ao baixo dinamismo?

Dec/01Mar/

02Jun

/02Sep

/02Dec/

02Mar/

03Jun

/03Sep

/03Dec/

03Mar/

04Jun

/04Sep

/04Dec/

04Mar/

05Jun

/05Sep

/05Dec/

05Mar/

06Jun

/06Sep

/06Dec/

06Mar/

07Jun

/07Sep

/07Dec/

07Mar/

08Jun

/08Sep

/08Dec/

08Mar/

09Jun

/09Sep

/09Dec/

09Mar/

10Jun

/10Sep

/10Dec/

10Mar/

11Jun

/11Sep

/11Dec/

110

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Custo Unitário do Trabalho/Taxa Real Efetiva de Câmbio da Indústria de Transformação (Dez/01-Dez.11)

Series1

Fonte : CEMACRO, Elaboração própria

Page 30: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Perda de Competitividade devido a baixo dinamismo?

Costo laboral unitario en US$ (CLU$). América del Sur. (100=2000)

Argentina

Brasil

Chile

Colombia

Perú

Uruguay

25.0

50.0

75.0

100.0

125.0

150.0

175.0

200.0

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Argentina Brasil Chile Colombia Perú Uruguay

Fonte : Frenkel e Rapetti (2011)

Page 31: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Perda de competitividade devido a baixo dinamismo?

Incremento del CLU$ entre 2002 y 2010: descomposición en factores explicativos.

América del Sur

(en porcentajes)

2009

-30.0

-20.0

-10.0

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

100.0

110.0

120.0

130.0

140.0

150.0

160.0

Argentina Brasil Chile Colombia Perú Uruguay

CLU W/P TCR (apreciación) Productividad

Fonte : Frenkel e Rapetti (2011)

Page 32: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A apreciação cambial é decorrente da implementação do “Estado do Bem-Estar Social”?

2004.0

1

2004.0

4

2004.0

7

2004.1

0

2005.0

1

2005.0

4

2005.0

7

2005.1

0

2006.0

1

2006.0

4

2006.0

7

2006.1

0

2007.0

1

2007.0

4

2007.0

7

2007.1

0

2008.0

1

2008.0

4

2008.0

7

2008.1

0

2009.0

1

2009.0

4

2009.0

7

2009.1

0

2010.0

1

2010.0

4

2010.0

7

2010.1

0

2011.0

1

2011.0

4

2011.0

7

2011.1

0

2012.0

150

60

70

80

90

100

110

120

130

140

Taxa real efetiva de câmbio e termos de troca da economia brasileira (2004/01-2012-01)

Taxa real efetiva de câmbio Termos de troca

Fonte : IPEADATA, Elaboração própria

Page 33: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

O câmbio apreciado veio pra ficar?

Índice de preços das commodities metálicas (1970-1979=100)

Fonte: The terms of trade for commodities since the MID-19th Century. Elaboração: Ocampo e Parra (2010).

Page 34: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

O Câmbio apreciado veio pra ficar?Índice de preços dos produtos agrícolas tropicais e não-tropicais (1970-

1979=100)

Fonte: The terms of trade for commodities since the MID-19th Century. Elaboração: Ocampo e Parra (2010).

Page 35: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

3 – O que sabemos sobre a situação da Indústria Brasileira de Transformação?

1. A participação da indústria brasileira de transformação no PIB vem caindo continuamente desde meados da década de 1970, caracterizando assim um claro processo de desindustrialização.

2. Nos últimos 10 anos, a desindustrialização tem sido acompanhada de re-primarização da pauta exportadora.

3. A desindustrialização brasileira é precoce quando comparada com processos similares ocorridos nos países desenvolvidos, pois se iniciou num nível de renda per capita bem inferior ao observado nos países desenvolvidos quando os mesmos começaram a se desindustrializar.

4. Existem evidências fortes (Vide Marconi e Rocha, 2011) de que a desindustrialização brasileira está fortemente associada a sobre-valorização cambial, a qual foi uma constante desde a implantação do Plano Real.

Page 36: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

5. A perda de competitividade da indústria de transformação no período 2001-2011 deve-se fundamentalmente a apreciação da taxa real de câmbio, embora o crescimento dos salários reais a frente da produtividade do trabalho pós-2008 tenha contribuído para acelerar esse processo.

6. A produtividade do trabalho na indústria de transformação permaneceu estagnada no período 1995-2008 resultado dos baixos investimentos feitos na ampliação/modernização da capacidade produtiva.

7. A participação da indústria de transformação no emprego total permaneceu inalterada no período 1995-2008 porque a indústria de transformação atendeu ao aumento das vendas com maior utilização da capacidade, mas sem realizar investimentos na ampliação/modernização da capacidade produtiva.

8. A indústria de transformação investiu pouco nesse período devido a combinação câmbio sobre-valorizado/juro real alto.

3 – O que sabemos sobre a situação da Indústria Brasileira de Transformação?

Page 37: José Luis  Oreiro Professor do  Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Referências citadas