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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Joinville - SC – 04 a 06/06/2014
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Jornalismo e a capacidade de educar
Janine MOTTA1
Tabita STRASSBURGER2
Universidade Federal do Pampa, São Borja, RS
RESUMO
O presente artigo apresenta as aproximações iniciais sobre a atuação do jornalismo e a
educação ou até mesmo o conceito conhecido como jornalismo educativo, a partir de
uma pesquisa exploratória e bibliográfica realizada. Para tanto, foram buscadas
referências em sites e repositórios digitais, buscando compreender de que modo o
jornalismo voltado à educação vem sendo trabalhado. Foi possível perceber a falta de
aprofundamento nas matérias jornalísticas sobre educação, deixando o leitor informado
apenas pela notícia, até mesmo as reportagens são pouco explorados com uma maneira
mais educativa.
PALAVRAS-CHAVE: jornalismo especializado; comunicação; educação; jornalismo
educativo.
INTRODUÇÃO
O artigo buscou trazer a problematização sobre a atuação do jornalismo no
sentido de educar e buscando gerar uma reflexão sobre a junção das áreas da educação e
comunicação, em especifico o jornalismo.
Realizou-se uma pesquisa exploratória e bibliográfica nas pesquisas brasileiras
com o tema Jornalismo Educativo, onde encontrou-se dificuldades em encontrar
referências acerca da temática. Apesar da dificuldade, alguns trabalhos neste artigo são
conhecidos na área da educação e do jornalismo como: Alberto Dines e Paulo Freire. A
aproximação destas duas profissões importantes para a sociedade leva a despertar
propostas nas mudanças nas atuações das ambas às áreas.
Vivemos em um mundo com inúmeras informações e uma atualização
constante das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), mas não foi sempre
1 Graduada em de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).
E-mail: [email protected] 2 Doutoranda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
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assim. O primeiro jornal brasileiro surgiu antes da primeira escola normal3, é o que diz
Werebe (1963, p.231) “A primeira escola normal brasileira foi criada em Niterói em
1835 e em São Paulo, fundada em 16 de março de 1846: foi criada para atender
exclusivamente ao público masculino”. E foi através dos jornais que inicialmente as
pessoas tiveram acesso à educação. Já começamos então com a relação entre o
jornalismo e educação.
O analfabetismo no Brasil colonial foi um dos principais pontos negativos pela
demora da imprensa no país. A escrita era um privilégio dos religiosos e dos grandes
cargos da administração pública. Em 1792, existiam no Rio de Janeiro apenas duas
livrarias. O primeiro jornal impresso do Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, estreou em
10 de setembro de 1808. Sua periodicidade inicial era semanal e com o tempo passou a
ser trissemanal. A história do jornalismo integra-se à história do Brasil, principalmente
nos assuntos relacionados à política e educação.
DESENVOLVIMENTO
O Brasil tinha até o ano de 2010, segundo dados da Agência Nacional de
Jornalismo, 89.2524 profissionais da informação, ou seja, os jornalistas. Um número
bem alto ao refletirmos sobre o papel social-educativo desta profissão, mas antes de
falarmos sobre o papel do jornalismo na sociedade, vamos observar alguns dados sobre
a educação em nosso país.
A primeira escola primária brasileira foi fundada em 1952, em Salvador, por
Manuel da Nóbrega. No ano de 1932, houve o movimento dos pioneiros da educação
nova, o que trouxe mudanças no ensino público e uma inovação política de educação no
Brasil. A escola moderna, chamada de Escolanovista5 (ou nova escola), vê o professor
como facilitador em busca do conhecimento que parte do aluno. O papel do professor
seria organizar as informações e coordenar as situações de aprendizagem.
No Brasil, muito se discute as questões da qualidade do ensino e os motivos nos
quais não se tem interesse por parte das políticas públicas e comunidade escolar. Uma
3 A escola normal foi a princípio uma instituição de caráter precário que abria e fechava em função de
decisões políticas nem sempre acertadas, criada para atender as necessidades de formação dos professores
para o ensino primário que tentava expandir-se no Império. (WEREBE,1963, p. 231) 4 Dado retirado do site da ANJ. Disponível em: http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-
brasil/jornalistas-no-brasil/ 5Maria Lúcia de A. Aranha, Filosofia da Educação (São Paulo: Ed. Moderna, 1989), 167-171
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enquete (Figura 1) realizada no site do Canal Futura6, durante os meses de março e abril
de 2013, apontou que 34% dos participantes acreditam que o modelo utilizado pelas
escolas está ultrapassado, além da desvalorização do professor ter sido o primeiro fator
indicado (61%) para a falta de mudança no cenário educacional.
Figura 1 - Enquete
Fonte: site canal futura
Com o resultado da pesquisa, podemos observar que mesmo diante das
modificações ocorridas na educação, o país não tem mudanças significativas no modo
de educar a população. Para provar o desinteresse por parte dos brasileiros (políticos,
professores, alunos e famílias), o país está na colocação 88º do ranking de piores países
em desenvolvimento na educação, conforme pesquisa realizada pelo Fórum Econômico
Mundial (WEF).
O canal futura foi fundado em 1997 por uma empresa privada e parceiros do
terceiro setor (ONGs), com o propósito de ser um canal educativo e abrangente nos
temas como saúde, trabalho, juventude, educação, meio ambiente e cidadania;
contribuindo para a construção do conhecimento. Assim como o canal futura, outros
programas estão inseridos no modo de fazer jornalismo educativo, como aborda o
segundo volume do Manual do Planejamento em Defesa Civil (1999) do Ministério da
Integração Nacional/ Secretaria de Defesa Civil, o jornalismo educativo é:
6Site Canal Futura:http://www.futura.org.br/
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um dos mais importantes instrumentos de mudança cultural. Por esse motivo,
a área de comunicação social da Defesa Civil deve buscar ativamente a
cooperação da imprensa nesta área de atuação. A atuação do jornalismo em
proveito do crescimento do nível de segurança global da população deve ser
planejada com antecipação. Esta atuação, quando bem planejada e conduzida,
realmente contribui para desenvolver o senso de percepção de riscos, para
aumentar o nível de exigência quanto aos riscos aceitáveis e para incrementar
a segurança global da população em circunstâncias de desastres. (DEFESA
CIVIL, 1999, p.44)
Ou seja, é de responsabilidade da profissão produzir matérias jornalísticas que
educam, a fim de promover a crítica e a mudança de comportamento dos indivíduos.
O termo jornalismo educativo não é usual no Brasil, e se confunde muito com o
jornalismo educacional, que informa sobre escolas e educação de modo geral. Este
jornalismo é o mais citado nas pesquisas brasileiras, porém não abrange o sentido de
educar, mas apenas o de informar. Ele pode ser considerado um tipo do jornalismo
especializado que, como diz Abiahy (2005), serve para guiar os leitores sobre o que
mais interessa para eles.
As publicações especializadas servem como um termômetro da gama de
interesses das mais diversas áreas, expõem, então, o nível dissociação entre
os componentes da Sociedade da Informação. Mas por outro lado, podemos
considerar que as produções segmentadas são uma resposta para
determinados grupos que buscavam, anteriormente, uma linguagem e/ou uma
temática apropriada ao seu interesse e/ou contexto. (ABIAHY, 2005, P.6)
Então, podemos considerar que o jornalismo educacional faz parte do conceito
de especializado, pois foca em matérias para um público específico como: estudantes,
professores, gestores de escolas, e demais indivíduos relacionado ao ambiente escolar e
interessados nesse segmento. Analisando essas diferenciações, uma pesquisa realizada
pela Andi7, mostrou a quantidade de notícias relacionadas à educação de crianças e
adolescentes na mídia, porém não o modo como essas matérias poderiam colaborar no
conhecimento desse e de outros públicos (podemos considerar que foi realizada uma
pesquisa quantitativa sobre jornalismo educacional). Apesar disso, houve um aumento
do assunto educação nos jornais brasileiros, como mostra a tabela abaixo:
Tabela 1 – mídia e educação
ANO 1º TEMA 2º TEMA 3º TEMA 4º TEMA 5º TEMA
1996 direitos&
justiça
Saúde Violência abuso&
exploração
educação
7 Pesquisa disponível em: http://comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=49&id=615
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sexual
2007 educação direitos&justiça Violência Saúde Esporte e
lazer
Fonte: Andi
Apesar do aumento sobre matérias ligadas à educação, ainda não se pensa que a
apuração de um fato sobre essa temática pode gerar um conhecimento extra ou novo
para a população.
O mundo é conhecido pelo relato dos jornalistas, que dia a dia noticiam os
acontecimentos da maneira como suas fontes explicam, além disso, o papel social do
profissional tem valor tão grande quanto do professor. Vejamos, as práticas jornalísticas
assumem uma responsabilidade com o leitor/ouvinte/telespectador e usuário da internet
de transmitir o fato da forma mais bem apurada e real possível, resultando algumas
vezes em ideias e decisões a serem tomadas pela sociedade. O papel do professor tende
a apurar a informação tão bem quanto o jornalista e de transmitir ao aluno a informação
da maneira mais real possível. Ou seja, utilizando o método construtivismo8, onde o
professor e o aluno constroem junto o conhecimento acerca das situações do cotidiano,
percebemos a forte ligação que ambas as áreas têm no noticiar e educar, ou podemos
ainda dizer que noticiar deve ser educar. O jornalista Alberto Dines (2001, p. 118)
confirma o valor do jornalismo na educação, explicitando que “o processo de informar é
um processo formador, portanto, o jornalista, em última análise, é um educador.”. Na
escrita de cada matéria, o jornalista deve ter em mente a criatividade para formar o texto
e responder os critérios de noticiabilidade, mas também importar-se em pensar em
torná-la educativa.
As práticas jornalísticas têm uma aproximação com as técnicas do professor que
utiliza o método do construtivismo. O jornalista precisa de fontes para checar a
informação e ter ética para divulgá-las. Assim como diz o Art.8 do Capítulo III do
código de ética dos jornalistas: “O jornalista é responsável por toda a informação que
divulga desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros, caso em que a
responsabilidade pela alteração será de seu autor.”. Ou seja, assim como o jornalista tem
autonomia em apurar e responsabilidade em divulgar a notícia, o professor que utiliza o
8 Teoria criada por Jean Piaget (1896-1980). A teoria diz que a criança constrói conhecimento a partir das
suas descobertas em contato com o mundo. Deve se ensinar conceitos e criar questionamentos para
expandir as ideias. Educar não é apenas transmitir conteúdo, mas fazer o aluno compreender diante a suas
condições de conhecimentos sociais. A lição precisa estar próximo do aluno e o exemplo deve ser algo
ligado a sua rotina ou entendimento intelectual.
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método construtivista tem a responsabilidade de planejar uma aula de acordo com os
fatos atuais da sociedade, com a finalidade de educar com exemplos próximos do
cotidiano e gerar uma interação de conhecimentos entre professor e estudantes. A
educação não é construída dentro de uma sala de aula e com um professor, a educação é
construída no dia a dia, no conhecimento além dos livros didáticos, é exatamente isso
que o jornalista faz: conta a história da vida, contudo, depende de uma equipe para
colaborar na execução de cada texto informativo.
“Dizer que jornal é trabalho de equipe é dizer muito pouco.
Jornal bem-sucedido é trabalho de uma orquestra de personalidades e
ideias diferentes ou mesmo antagônicas, porém complementares,
harmonizadas e equilibradas por normas ou metas comuns.” (DINES,
2001, p.58).
5. ESCOLA E SUA RESPONSABILIDADE COM O COTIDIANO
Foram citadas na primeira parte deste artigo, as relações do jornalismo com a
educação. Mas como a escola poderá utilizar do jornalismo como parte do seu processo
educativo? Souza (2003) nos traz uma reflexão sobre o papel do professor:
Muitos educadores ainda não entenderam porque a criança que chega à
escola, logo se desgosta da mesma. Na verdade esta não se acabrunha com o
ambiente educacional, mas sim com os métodos de ensino. Precisamos
pensar na escola, como esta era em épocas passadas, mesmo com poucas
décadas atrás, e por quais evoluções passou. Além disso, necessitamos
debater sobre as posturas e condutas de professor na sociedade em que estava
inserido no passado, e como ele vem se posicionando na atualidade.
(SOUZA, 2003, P. 57)
Se você conhece um professor, já deve ter ouvido dele que os alunos não querem
estudar e que não se tem mais a responsabilidade familiar em educar a criança sobre a
importância da escola em sua vida. Alguém já perguntou para esse professor o que
agrada seus alunos em chegar a um ambiente plenamente arcaico? Exatamente, em
plena era digital e com informações de tudo sobre tudo em um clique, o papel do
professor deve ser renovador.
A Pesquisa9 realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (GCI.BR),
mostrou o acesso de crianças e jovens a este universo. O resultado comprovou que 85%
9 Dados fornecidos pelo professor doutor da ECA-USP, Ismar de Oliveira, no Campus Party em São
Paulo, em janeiro de 2013.(informação verbal)
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das crianças/jovens (9 a 18 anos) de todas as classes sociais do Brasil já têm contato
com a internet (amostragem de 1.589 crianças/jovens brasileiros). Essa porcentagem
nos mostra que esse público tem mais contato com a internet do que o ensino escolar,
além disso, nos prova que a internet pode se tornar uma grande escola. Outro resultado
curioso da pesquisa foi que 55% dos pais desses jovens são professores e não se
envolvem com a rede. Segundo observações do Professor Doutor Ismar de Oliveira
Soares (ECA/USP) sobre a pesquisa, a porcentagem de 85% das crianças e jovens terem
acesso à rede, confirma que elas têm interesse no conhecimento, no contato com o
mundo. Os professores podem utilizar as tecnologias para atrair o aluno a estar mais
próximo do conteúdo explanado em sala de aula. A importância de a educação estar
ligada com as novas tecnologias aumenta a interação e incentiva a pesquisa sobre os
conteúdos, é o que explica o professor José Manuel Moram10:
Os processos de comunicação tendem a ser mais participativos. A relação
professor-aluno mais aberta, interativa. Haverá uma integração profunda
entre a sociedade e a escola, entre a aprendizagem e a vida. A aula não é um
espaço de inado; mas tempo e espaço contínuos de aprendizagem. O
importante é aprender e não impor um padrão único de ensinar.
O conhecimento escolar vai além dos livros e da maneira tradicional de
aprendizagem. Peruzzo (2002) destaca o poder das pessoas em adquirem conhecimento
a cerca da sociedade:
Está ai o âmago da questão da educação para a cidadania nos movimentos
sociais: na inserção das pessoas num processo de comunicação, onde ela
pode tornar-se sujeito do seu processo de conhecimento, onde ela pode
educar-se através de seu engajamento em atividades concretas no seio de
novas relações de sociabilidade que tal ambiente permite que sejam
construídas. (PERUZZO, 2002, P. 5)
Uma reportagem exibida pelo Globo Universidade, em 20/04/201311, mostrou a
deficiência do país em produzir medicamentos e o modo como as universidades estão se
preparando para que o Brasil suba da 8º colocação como produtor de fármacos e
medicamentos, o que movimenta anualmente cerca de 28 bilhões de reais. E o que essa
reportagem poderia contribuir na formação do aluno? Pois bem, além de poder mostrar
o outro lado do conhecimento (a pesquisa), apresenta a importância de se fabricar
remédios e a colocação do profissional de farmácia/química no mercado de trabalho.
10 Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância.
11 Reportagem disponível em: http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-universidade/v/globo-
universidade-20042013-farmacos-integra/2524746/
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Além disso, o professor poderá dar uma aula de química ou até mesmo despertar
curiosidades e montar seu plano de aula a partir de debates e dúvidas que irão surgir
após os alunos assistirem a reportagem.
O Globo Universidade é um dos programas brasileiros que consideramos como
exemplo de jornalismo educativo. Exibido todos os sábados, às 7h da manhã, traz temas
do cotidiano e que podem ser utilizados como materiais nas salas de aulas de diferentes
maneiras e em disciplinas variadas.
Paulo Freire12 diz que educar é construir, é libertar o homem do determinismo,
passando a reconhecer o papel da História e a questão da identidade cultural, tanto em
sua dimensão individual, como na prática pedagógica proposta. A concepção de
educação apresentada pelo autor percebe o homem como ser autônomo. Esta autonomia
está presente na definição de vocação antológica de “ser mais” que está associada com a
capacidade de transformar o mundo (ZACHARIAS, 2007).
Ou seja, educar não é simplesmente trazer os conteúdos novos, mas sim, refletir
sobre o que acontece na vida cotidiana, propondo discussões que desenvolvam o senso
crítico dos estudantes, aproximando da rotina escolar o ensino e a aprendizagem do
social real.
A revista Nova Escola pode ser considerada um jornalismo educativo
educacional, segundo nossas observações. Ela consegue educar um público, porém o
seu público é a comunidade escolar. Não há nada de ruim em se ter um jornalismo
educacional, todavia, os jornalistas devem compor essa matéria como forma de educar e
não apenas informar. Um exemplo visto nos jornais e televisão sobre jornalismo
educacional são as notícias sobre vestibular.
Observamos notícia que foi publicada13 no dia 12/04/2013 no portal Globo –
Educação, sobre a utilização do Enem na Universidade Federal do Rio de Janeiro:
12 Educador e filosofo, Paulo Freire é considerado um dos maiores pensadores da pedagogia. 13 Matéria disponível em: http://oglobo.globo.com/educacao/ufrj-confirma-enem-como-unica-fase-do-
vestibular-8095207
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Figura 2 – Notícia G1
Figura 2. Fonte: Site O globo/Educação
Uma proposta que poderia ser pensada, quando se fala em vestibular, é ampliar
as informações acerca deste assunto. Se jornalismo é responsabilidade, falar de
educação e só abranger o básico seria uma contradição. Poderíamos destacar alguns
pontos positivos e interessantes que poderiam ser colocados nesta matéria:
História da Instituição: Quando iniciou; Quais cursos; Fotos antigas, Qual o
curso mais disputado entre os anos de 1990 a 2000;
Abordar como era processo de avaliações nas correções das provas;
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História do Enem no Brasil e o motivo pelo qual se iniciou na UFRJ;
Infográficos sobre a quantidade de alunos desde o começo da instituição e o final
dela.
Parecem informações demais, porém são informações extras que poderão
colaborar com o leitor. O estudante que pretende virar universitário na UFRJ poderá se
sentir mais seguro e confiante em tentar ingresso em uma instituição sobre a qual tem
informações aprofundadas. Além do mais, a empresa que está noticiando (no caso, a
Globo) poderá criar um laço de credibilidade com o seu público, informando o
necessário (fato) e contextualizando o motivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo buscou assinalar algumas reflexões iniciais sobre o distanciamento
atual da área da educação com o jornalismo, além de problematizar a responsabilidade
social de seus profissionais na formação dos indivíduos. No Brasil, há uma carência no
que diz respeito a referências acerca do assunto Jornalismo Educativo. O que costuma
ser mais encontrado são bibliografias sobre Educomunicação, que ainda não abrangem
diretamente o jornalismo, mas a comunicação de maneira geral.
Além disso, a educomunicação trabalha em desenvolver técnicas para ampliar o
conhecimento, e tem o seu objetivo no aumento da autoestima e da capacidade de se
expressar com a comunidade na qual se integra. O Jornalismo Educativo traz
perspectivas que possam educar o leitor e que podem ser trabalhadas dentro de uma sala
de aula ou fora dela. Ou seja, uma notícia educativa não precisa necessariamente estar
vinculada com a escola, mas sim com o dever de educar. Já uma notícia educacional
trata de fatos que envolvam a escola/universidade, sem tem o objetivo de educar.
Partindo do papel da escola e do professor, pode-se afirmar que se trata de um
assunto muito ignorado na academia em ambas as áreas. Em geral, o professor acaba
excluindo a atividade jornalística como didática de educar. Fala-se tanto no método
construtivista na educação e não se utiliza práticas para melhorar a didática, por
exemplo, atividades de reflexão e crítica sobre as mídias.
Há diversas maneiras de educar através da mídia. Temos que ter as duas áreas
trabalhando juntas e assim excluindo o pensamento retrógado de que a mídia não educa.
Para a mídia começar a ter uma mudança significativa em sua função educativa na
sociedade, precisamos que as universidades problematizem e ensinem os jornalistas (e
comunicólogos) a produzirem material com alto teor de apuração e com objetivos além
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do simples informar. Nesse sentido, é o que buscamos com esse texto e os apontamentos
iniciais no que tange a tais problemáticas.
REFERÊNCIAS
1. ABIAHY, Ana Carolina. O Jornalismo Especializado na Sociedade da Informação.
In: BOCC. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação. Portugal, v. 1, p. 1-27,
2005. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/abiahy-ana-jornalismo-
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Integração Nacional/ Secretaria de Defesa Civil. Imprensa Nacional, Brasília, 1999.
3. MORAN, José. Os Meios de Comunicação na Escola. Disponível em:
<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/c_ideias_09_021_a_028.pdf>. Acesso em: 19
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<http://publicacoes.fatea.br/index.php/janus/article/view/41>. Acesso em: 19 de out. de
2013.
6. RAIGÓN, Guillermo. Ensino de jornalismo: Objetivos. Disponível em:
<http://www.ull.es/publicaciones/latina/a1999c/115raigon.htm>. Acesso em: 19 de out.
de 2013.
7. MARCELO, Adriana. Radio na escola: O jornalismo como ferramenta no processo
de ensino/aprendizagem. Disponível em:
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<http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/8/88/GT6_-_019.pdf>. Acesso em:
16 de out. de 2013.
8. RIZZON, Gisele. A sala de aula sob o olhar do construtivismo Piagetiano:
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<http://www.ucs.br/site/midia/arquivos/Construtivismo_Piagetiano.pdf>. Acesso em:
20 de out. de 2013.
9. UNICEF. Fórum Mídia & Educação:Perspectivas para a Qualidade da Informação.
Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/pt/midiaedu.pdf>. Acesso em: 20 de
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10. VAZ, Tyciane. Jornalismo utilitário - Teoria e pratica. Disponível em:
<http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3235>.
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11. FENAJ. Código de ética dos jornalistas. Disponível em:
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Acesso em: 21 de out. de 2013.
12. UERJ. imagem.jpg. Uerj confirma Enem como única fase do vestibular 2013.
Largura: 332 pixels. Altura: 310 pixels. 96 dpi. 24 BIT RGB. 23,97KB. Formato JPEG .
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/educacao/ufrj-confirma-enem-como-unica-
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14. SENE, Fábio. Mídia e educação: a cobertura jornalística em foco. Disponível em:
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out. de 2013.