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www.gazetanossa.com.br [email protected] JORNAL Edição Especial Edição Especial TAMANDARÉ, OUT/2014 Píer do Ibama na Praia do Forte Foto: Paulo Rocha TAMANDARÉ19ANOS.indd 1 TAMANDARÉ19ANOS.indd 1 28/10/2014 15:38:55 28/10/2014 15:38:55

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Page 1: JORNAL redacao@gazetanossa.com.br Edição Especial · dias embarcações no pier do CEPENE/IBAMA. É na Praia do Pontal do Lira que se encon-tra o Forte e Farol de Santo Iná-cio,

[email protected]

Edição EspecialEdição EspecialTAMANDARÉ, OUT/2014

Píer do Ibama na Praia do ForteFoto: Paulo Rocha

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GRANDE LITORAL/GAZETA NOSSA setembro/2014 2

A palavra Tamandaré, se-gundo a maioria dos historia-dores e pesquisadores, está re-lacionada ao vocábulo tupi ta-moindaré (tab-moi-inda-ré) que signifi ca o repovoador. Segundo a lenda, o repovoa-dor era um pajé a quem Tu-pã, o Deus dos trovões, reve-lara que iria exterminar os ho-mens. Assim, quando houve o dilúvio que inundou a ter-ra, Tamandaré fi cou abrigado, com sua família, numa arca onde permaneceu até as águas baixarem, voltando em segui-da para reiniciar o povoamen-to. A lenda indígena provavel-mente é uma adaptação da his-tória bíblica de Noé, fato co-mum nos tempos da evangeli-zação dos índígenas.

A povoação inicial de Ta-mandaré surgiu em torno de seu porto, considerado o me-lhor do Litoral Sul de Pernam-buco e um dos melhores do Nordeste, através do qual os co-lonizadores enviavam à Euro-pa açúcar e outras mercadorias,

GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

Aos leitoresFazer uma edição especial sobre Tamandaré é um desa-

fi o acima do comum. Primeiro, que por sua fama de uma das melhores praias de Pernambuco, por aqui já passaram dezenas de publicações e revistas, mostrando um pouco desta maravilhosa cidade.

Segundo porque, apesar de ter apenas 19 anos de eman-cipação, Tamandaré tem praticamente quatro séculos de história, com parca documentação ou de difícil acesso.

Nestas poucas páginas tentamos sintetizar um pou-co das origens e das belezas de Tamandaré, uma vez que só num grande livro pode-se aprofundar esta história. Tive-mos ajuda valiosa de muitas pessoas e agradecemos espe-cialmente a Maria do Carmo Ferrão Santos, autora do livro “Tamandaré, a história de um município”, certamente a ba-se de nosso humilde trabalho. Agradecemos também a An-tônio Luciano Ferreira, ex-funcionário da Escola de Pesca que nos disponibilizou seus arquivos fotográfi cos. Agrade-cemos, por último, a Danilo Marx, que nos recebeu com pa-ciência e ofertou seus arquivos digitais. E a muitos outros que nos possibilitaram confi rmar uma informação aqui, ou-tra ali para formar o mosaico que mistura um passado dis-tante com o presente, mais uma pincelada de futuro.

Paulo Rocha, Misso Melo, Jacione Melo e Wilza Carla

AGRADECIMENTOS

A origem de Tamandaréque vinham dos engenhos em lombo de animais. Para prote-ger esse porto, foi construído o forte Santo Inácio de Loyola, a Fortaleza de Tamandaré. Até hoje não se entende porque um porto tão importante foi sim-plesmente abandonado.

Em função do Porto tam-bém foi criado o Lazareto, es-pécie de “hospital” onde fi ca-vam em quarentena pessoas que desembarcavam com sin-tomas ou suspeitas de doenças contagiosas.

As terras que hoje formam o município tinham como proprietário, nos idos de 1600, o senhor de engenho João Pa-es Barreto, cujo reduto era no então Morgado do Cabo. Dos descendentes dessa família, nasceu em 1740, no Engenho Mamucabas, José Luis Paes de Mello, que passou a seus fi lhos João Corte Real e José Meira Lins a praia de Tamandaré, fi -cando outros outros fi lhos (es-tes, legítimos) com as terras do Engenho Mamucabas.

Foi se formando a Vila de Tamandaré na área de Campi-nas, por pescadores, tiradores de coco, trabalhadores de en-genhos e outros, em redor do Porto, do Lazareto e do Forte.

Por volta de 1850, sendo Rio Formoso elevada à cate-goria de cidade, a pequena vi-la passou a depender daquele município. O Distrito foi ofi -cialmente criado sob a deno-minação de Tamandaré, por lei municipal de 17/05/1905.

EmancipaçãoA população de Tamandaré

só aumentou nas décadas de 70 e 80 do século passado, quan-do loteamentos permitiram que pessoas de outras cidades aqui se instalassem, maravilha-das com as belezas naturais e a possibilidade de aqui ergue-rem residências de veraneio. Is-to possibilitou que, depois de um grande movimento popu-lar, Tamandaré fosse às urnas em 3 de setembro de 1995, di-zendo SIM à emancipação. Em

28 de setembro do mesmo ano o então governador Miguel Ar-raes de Alencar sancionou a lei 11.257, criando assim o muni-cipio de Tamandaré.

TAMANDARÉE SUA

HISTÓRIA

Vila Formosa de Sirinhaém, retratada na época da dominação holandesa por Frans Post, hoje ciade de Sirinhaém, da qual Tamandaré foi distrito

VOCÊ SABIA?ENGENHEIRO AUGUSTO MILLETHenri Auguste Millet era o nome de batismo do engenhei-ro francês Henrique Augusto Milet, mque teve grande parti-cipação na história de Tamandaré. Apesar de fazer parte da elite dos produtores de açúcar da época, era um dos que defendiam a modernização do sistema produtivo no Bra-sil. Foi trazido pelo presidente da Província, Francisco Rêgo Barros no seio da missão Vauthier, em 1840, para implanta-rem obras públicas em Pernambuco. Casou com Maria Car-melita de Albuquerque, fi lhado Barão da Boa Vista, grande proprietário de terras, e se tornou, ele mesmo, dono doengenho São Estevão.

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GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

VOCÊ SABIA?ORIGEM DO NOME DA PRAIA DOS CARNEIROSA Praia de Carbneiros já pertenceu aos herdeiros da Viscondessa de Rio Formoso. Posteriormente foi propriedade de José Henriq ue Carneiro que, ao morrer, legou-a a seus fi lhos. O sobrenome da família passou a denominar a própria área.

Alcir Lacerda, o fotógrafo do paraísoNascido em São

Lourenço da Ma-ta, o fotógrafo Alcir Lacerda foi um dos primeiros a docu-mentar e a divulgar as belezas das praias de Tamandaré.

Falecido em se-tembro de 2012, aos 85 anos, Alcir Lacer-da teve uma vida de-dicada à fotografi a, tornando-se famo-so por suas fotos em preto e branco. Tra-balhou no Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco, Estado de São Paulo, além de revistas como Manchete, Fa-tos e Fotos, Cruzeiro, Veja e Placar. Presidiu por duas ve-zes a Associação dos Repórteres Fotográfi cos e Cinemato-gráfi cos de Pernambuco nos anos 1980. Sempre foi respei-tado como um professor e articulador, a quem o sentimen-to de gratidão é sempre revelado pelos colegas mais jovens e mais experientes.

Visitou pela primeira vez a Praia de Tamandaré, pela qual se apixonou, no ano de 1949. Ao longo de mais de 50 anos criou uma relação especial com a praia e com os pes-cadores da região. O resultado é um rico acervo que mos-tra uma parte da história do município.

Na noite do dia 31 de dezembro de 2001, realizou um antigo sonho: mostrar suas fotografi as, feitas ao longo de 50 anos, ao povo de Tamandaré, com a exposição Taman-daré dos pescadores de sonhos e de peixes.

(Fonte: Fundaj)

A praia e pescadores foram retratados por Alcir Lacerda

Praia de Tamandaré em foto de Alcir Lacerda

Praias dos CarneirosTamandaré tem uma população estimada de 22 mil habitantes. Em 2010, o IBGE contabilizou 20.715 pessoas

residindos no município. Mas esse número, durante o verão, se multiplica em muitas vezes. Tudo porque os veranistas acorrem para as diversas praias disponíveis em 16 km de costa

A Praia dos Carneiros, considerada uma das praias mais bonitas do Brasil, locali-za-se a 5 km da cidade. Com paisagens ainda quase intoca-das, é um misto de praia par-ticular e pública, com pouco e difícil acessso, o que de cer-

TAMANDARÉE SUASPRAIAS

Com quase 5km de ex-tensão e ótimas água para ba-nho, tem uma barreira de re-cifes de corais e uma faixa de aproximadamente 60 metros de areia, na maré baixa, indo do Hotel Marinas até a Igreja de São José. Ali encontra-se a antiga Igreja de São Pedro.

ta forma a mantém ainda pre-servada. Por toda a extensão existem os coqueirais, e à dis-posição dos visitantes o estu-ário do Rio Formoso e uma barreira de recifes de corais com piscinas naturais de água límpida e calma.

O destino é o preferido para quem faz passeios de catamarã. Os passeios, a preços popula-res, podem ser feitos a partir de pousadas ou restaurantes com estrutura disponível aos turis-tas, ou a partir de dois ancora-douros, situados às margens do

Rio Ariquindá, nas cabeceiras da ponte, na nova rodovia que liga Rio Formoso à Tamandaré. Os passeios contemplam a visi-ta aos mangues, às piscinas na-turais e ao disputado banho de argila, na vizinha praia de Gua-dalupe.

Passeios de Catamarã partem do Rio Ariquindá. Foto: Misso Melo Banho de lama em Guadalupe. Foto: Misso Melo

De fácil acesso, possui be-las casas de veraneio para al-bergar visitantes. Pode se des-frutar de mergulho, pesca de alto mar e passeios náuticos, além de estrutura para ancorar pequenas embarcações.

Para quem gosta de praias menos movimentadas e mais

tranquilas, a dica é frequen-tar durante a baixa tempora-da, quando é possível os es-portes como windsurf, futebol e voleibol na areia, sem peri-go de atrapalhar ou incomodar outros veranistas. Há estrutu-ra sufi ciente de barracas, bares, restaurantes e pousadas.

Praias de Campas

Foto: Pernambuco é Aqui

Foto: Secretaria de Turismo de Pernambuco

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GRANDE LITORAL ESPECIAL TAMANDARÉ OUTUBRO/2014 PAGINA

TAMANDARÉE SUASPRAIAS

Praia de Tamandaré

A Praia do Pontal do Lira possui uma extensão de 1Km, acompanhada de uma vasta ve-getação de coqueiros espaçados, sendo excelente para banhos. A presença de recifes de co-rais oferece esta tranqüilidade e, em maré baixa, chega a oferecer uma extensão de areia de apro-

ximadamente 70 metros.A Praia do Pontal do Li-

ra possui um razoável estado de preservação e o mar ofere-ce possibilidade de ancoragem natural para pequenas e mé-dias embarcações no pier do CEPENE/IBAMA. É na Praia do Pontal do Lira que se encon-

tra o Forte e Farol de Santo Iná-cio, propriedades da Marinha, o que signifi ca que na orla não há construções de casas de ve-raneio, oferecendo uma tran-quilidade e isolamento ímpar.

Aqui predomina o comér-cio formal e informal de custos acessíveis.

Praia Pontal do Lira. Foto: Paulo Rocha

Praia Pontal do Lira

A praia de Tamandaré é a mais urbana do município, lo-calizada no “centro nervoso” das atividades de lazer no alto verão, quando fi ca completa-mente lotada de turistas e ve-ranistas. Está localizada entre o Pontal do Lira e Campas, e oferece a mesma paisagem re-pleta de coqueiros e um banho de mar em águas tranqüilas. O

local oferece possibilidade de ancoragem natural para pe-quenas embarcações. Ao norte da praia, se observa as ruínas da Igreja de São José de Botas e, ao sul, o Pontal do Lira.

Observa-se um paredão de recifes de corais a cerca de 200 metros da praia. Sua faixa de areia é de até 50 metros na ma-ré baixa. Águas mornas, cris-

talinas, de um verde intenso, convidam o turista ao banho de mar e até ao mergulho – uma aventura para quem quer des-bravar um território de bele-zas marinhas. Ainda conta com uma estrutura padronizada de quiosques no calçadão de sua orla marítima, na rua São José, onde se pode provar as delícias da gastronomia local.

Submarino Amarelo e outros bares e restaurtantes proporcionam a festa na Praia de Tamandaré, deixando as noites mais animadas. Foto: Divulgação

Bonita e praticamente deserta, a Praia Boca da Barra tem cerca de 2,50 km de extensão, ideal de para se tomar banho em águas normas, aproveitando as piscinas naturais que for-mam-se na baixa mar, desfrutando-se de quasde comple-to isolamento. A paisagem é composta por bancos de areia e mangue como resultado do encontro do rio Mamucabas com as águas do Oceano Atlântico, esta mistura permite aprovei-tar de um banho nas águas do rio Mamucabas, um dos pou-cos com nível de poluição igual a zero.

Na praia Boca da Barra encontra-se a área de preservação da APA dos Corais.

Praia Boca da BarraPASSEIO

IMPERDÍVEL!

Quem visita Tamandaré se depara com um mar lim-po e ideal para prática de mer-gulho. Suas águas são mornas e favorecem diversas belezas submarinas, tais como - ban-cada de corais, peixes colori-dos e naufrágios. Os melhores meses para prática de mergu-lho são janeiro e fevereiro, pois a visibilidade chega a 20 me-tros e os locais são a Praia de Tamandaré e as piscinas natu-rais em frente ao bar Bora Bo-ra. Os mergulhos vão desde o conhecido batismo em águas rasas, até os mais profi ssionais a profundidades de 20 a 25 me-tros, todos com instruções de um orientador. As piscinas na-

Foto: Danilo Marx

turais de Tamandaré encon-tram-se a apenas 500 metros da praia, e são excelentes para a

prática de mergulho livre, com profundidades em maré baixa variando de 0,5 a 8 metros.

Mergulhando em águas claras

Um dos passeios preferidos por turistas que não tem medo de caminhar um pouco

é ir a pé até a Praia do Porto, já no município

de Barreiros. Uma caminhada em praias desertas repletas de belezas naturais até o famoso “Coqueiro

Solitário, que fi ca numa pequena ilha, quando a maré está alta. Com a maré baixa, é fácil o acesso, num cenário

também de isolamento, com formações

rochosas e áreas de mangue.

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GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

Forte de Santo InácioDevido a sua importân-

cia histórica e permanência na paisagem ao longo do tempo, o Forte Santo Inácio de Loyola é o principal referencial urbano no município de Tamandaré e um dos mais importantes mar-cos da história de Pernambuco. A fortifi cação é o único exem-plar fora dos limites da Região Metropolitana do Recife e úni-co monumento dessa nature-za tombado a nível Estadual. O Forte Santo Inácio de Loyo-la está inserido no Parque Na-tural do Municipal do Forte de Tamandaré (PNMFT), institu-ído pela Prefeitura de Taman-daré através do Decreto nº013, em 10 de setembro de 2003. O Parque possui 349 hectares e contempla uma área terrestre que inclui o Forte, a Capela e o antigo cemitério;

A história do Forte San-to Inácio de Loyola, também conhecido como Fortaleza da Barra Grande, Fortaleza de Ta-mandaré ou simplesmente For-te de Tamandaré, tem início no século XVII. Para os por-tugueses, a barra de Tamanda-ré constituía um dos melho-res portos da Capitania de Per-nambuco. Guardando este por-to, consta que existira, desde 1630, um pequeno forte (For-te de Santa Cruz), construído

O grande objetivo da construção do Forte de Tamandaré era guardar o local dos ataques dos holandeses e servir

de proteção para as embarcações portuguesas. Tamandaré se fez presente com o Forte na Guerra contra os

Holandeses (1654) na Guerra dos Mascates (1710-1711) na Revolução de 1817, na Guerra dos Cabanos (1832-

1836), sediando as Forças Federais (1898), na Segunda Guerra Mundial (1942-1945) e na Revolução de 1964.

Forte Santo Inácio de Loyola. Foto: Governo Pernambuco

Recuperação do Forte Santo InácioFoto: Manoel Pedrosa

TAMANDARÉE SUA

HISTÓRIA

pelos luso-brasileiros. Quais relações de continuidade teria havido entre o Forte de Santa Cruz e o Forte de Tamandaré, é um assunto ainda não total-mente esclarecido.

Em 1635, Domingos Lu-ís, um experiente piloto des-ta costa, teria recomendado que as tropas de D. Luís Rojas Y Borja, que vinha em socor-ro dos portugueses contra a in-vasão holandesa ocorrida em 1930, desembarcassem em Ta-mandaré. Há referências de que

em 1646, durante a Campanha da Restauração, João Fernan-des Vieira teria erguido em Ta-mandaré uma fortifi cação para guarnecer o porto, e dar abri-go às embarcações portugue-sas, constantemente persegui-das pela frota holandesa no li-toral de Pernambuco. Mas em 1649 era sugerido concentrar a navegação (portuguesa) da Ca-pitania no porto de Tamandaré, por “ser capaz dos maiores na-vios que há” e que, para tanto, deveria ser convenientemente

fortifi cado. Em 1668, o engenheiro

Francisco Correia Pinto teria idealizado o Forte, tendo sido substituído em 1676 pelo en-genheiro João Coutinho. No ano seguinte, João Fernandes Vieira anunciava que estavam contratadas as obras do For-te, cujo início se deu em torno de 1680 e inaugurado parcial-mente em 1691. Deste ano até 1700 houve contínuos melho-ramentos.

A capela de Santo Inácio de Loyola foi construída somente em 1780.

O Forte de Tamandaré foi reconstruído em 1811, pelo engenheiro Antonio Bernar-dino Pereira do Lago, por or-dem do Governador Capitão-General Caetano Pinto de Mi-randa Montenegro.

Foi tombado pelo Patri-mônio Histórico em 08 de ou-tubro de 1998, mas continua sendo patrimônio da Mari-nha. Os projetos para recupe-ração do Forte estão em anda-mento, mas com a lentidão tí-pica da burocracia. Com exce-ção do farol, o Forte Santo Iná-cio de Loyola mantem suas ca-racterísticas construtivas pre-servadas, ainda que muito da-nifi cadas, o que permite uma completa restauração.

Os trâmites para a recuperação do Forte Santo Inácio continuam em andamento. Dia 28 de outubro, na sede do PRODETUR, a Câmara Técnica formada por membros da Prefeitura de Tamandaré (Secretaria de Meio Ambien-te), Marinha do Brasil, FUNDARPE e Fundação Gilberto Freyre, esteve reunida para apresentação do projeto execu-tivo de restauração.

Em 2010, com a nomeação da Secretaria Executiva do Forte Santo Inácio foram realizadas, no âmbito do COM-DEMA de Tamandaré, reuniões para discussão e solicitação de cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta que contempla, entre outras exigências, a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré.

Desde então, os seguintes produtos já foram entregues e suas análises dadas como aprovadas:

- Estudo de Capacidade de Carga para a Praia de Ta-mandaré (2012);

- Plano de Manejo do Parque Natural municipal do For-te de Tamandaré (2011);

- Plano de Viabilidade Econômica (2013);- Projeto Arqueológico (2014);- Projeto Estrutural (2014);- Projeto Arquitetônico (entrega para analise da CT no

dia 28/10) e o Plano de Museologia (entrega até 01/2015).

O FarolO primeiro farol instalado

junto ao Forte Santo Inácio, por iniciativa do antigo Lazareto, era metálico e tinha 18 metros de altura. Foi intalado a partir de 1896 sendo inaugurado em 20 de abril de 1902.

Em 1930, foi adquirido ou-tro farol metálico, este com 60 metros de altura, no entanto a embarcação que o conduzia

naufragou. Assim, em 1932 foi construído o atual farol, em al-venaria. Em seu livro Taman-daré - A História de um Mu-nicípio Maria do Carmo Fer-rão Santos cita os faroleiros Jo-ca Pimentel, Alcides Fontes, Manuel Vital de Jesus e Aluí-sio Vieira.

Fonte: Brasil Arqueológico/UFPE e Tamandaré - A História de um Mu-nicípio - Governo Pernambuco

VOCÊ SABIA?

Foto: Misso Melo

Canhões da Fortaleza. Foto: Misso Melo

Ruínas da Fortaleza. Foto: Misso Melo

O COMÉRCIO E A INDÚSTRIA DA TAMANDARÉO primeiro mercado público de Tamandaré foi construído na rua Cleto Campelo, no início do Século XX. Posteriormente, um novo foi edifi cado entre a Avenida Dr Leopoldo Lins e a rua Samuel Hardman, e depois na Avenida José Bezerra Sobrinho.

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6 GRANDE LITORAL/GAZETA NOSSA agosto/2014

GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

Uma nova e moderna TamandaréGrande Litoral – Prefeito,

Tamandaré é hoje um grande destino turístico, principal-mente levando em conta seus 16 quilômetros de praia. Exis-te algum plano municipal pa-ra incremento do Turismo?

Hildo Hacker – Em par-ceria com o Governo do Es-tado e PRODETUR a Pre-feitura de Tamandaré, desde 2009 apoiamos a criação de planos e projetos que nos dão norte para o desenvolvimen-to do Turismo em Tamanda-ré. Sabemos que a execução destas metas não acontece da noite para o dia, é um “traba-lho de formiguinha”. Nós fo-mos contemplados com uma série de planejamentos sus-tentáveis para o desenvolvi-mento da economia local no que diz respeito ao Turismo, como exemplo: Criação do Inventário de Atrativos Cul-turais, Inventário de Atrati-vos Naturais, Estudo de Ca-pacidade de Carga de nossas Praias e Implantação do Pro-jeto Praia Sem Barreiras. A revitalização do Forte Santo Inácio está também em an-damento.

Em um primeiro momen-to, minha preocupação como gestor, foi estruturar Taman-daré para receber bem o tu-rista. Se nós pensarmos que Carneiros é o principal cartão postal de nossa cidade e se-quer existia um acesso àquela localidade, vemos o quão de-fi ciente era nossa infraestru-tura turística.

Podemos citar como ações estruturadoras que vão in-fl uenciar diretamente a indús-tria do turismo no nosso mu-nicípio a construção do Cen-tro de Informações Turísticas, a nova Casa do Artesão, a pa-vimentação da via que liga o centro de Tamandaré aos Car-neiros, com a via de contorno para os Carneiros, a constru-ção da nova entrada da cidade e a pavimentação de mais de trinta ruas em nossa cidade.

Grande Litoral – E quan-to aos quesitos de saúde?

Hildo Hacker – Já está em projeto a reforma, ampliação e modernização do hospital municipal, que vai dobrar de tamanho, o que nos permiti-rá dar um suporte maior, tam-bém, ao turista que nos visita; Recebemos um município su-cateado, sem as mínimas con-dições de atender a popula-ção. Renovamos praticamente toda a frota de veículos, hos-pitais, escolas e equipamen-tos urbanos como as praças, e hoje, tenho a consciência que entregaremos Tamandaré, ao próximo gestor, com uma ou-tra realidade. Só para citar, até janeiro, estaremos entregando à população um total de 331 casas populares. Ainda com relação à saúde, a implanta-ção do Sistema de Saneamen-

As mudanças que estão feitas em Tamandaré são visíveis, mas até agora não tinham, sido dimensionadas pela população. Para completar este caderno em homenagem aos 19 anos de

Tamandaré, onde falamos de seu passado, procuramos o prefeito Hildo Hacker para tentarmos também mostrar como será o futuro de Tamandaré; Em entrevista, ele disse o que está

sendo feito e o que está sendo planejado para uma nova e moderna Tamandaré, que acolha melhor os turistas mas que coloque em primeiro lugar o cidadão tamandareense.

to do Município com uma Es-tação de Tratamento de Esgo-tos (Tamandaré faz parte dos 30% de cidades saneadas no Brasil). Dobramos o número de postos de saúde; implanta-mos o sistema de Socorro Ru-ral, feito por rádio amador e

implantado em mais de 40 en-genhos, e estamos concluindo a reforma, ampliação e mo-dernização do hospital muni-cipal.

Grande Litoral – Uma palavra da moda hoje é “sus-

tentabilidade”. Como está Ta-mandaré neste caminho?

Hildo Hacker – Em maté-ria de sustentabilidade, ecolo-gia, preservação, nossa cida-de está bem servida e no ca-minho certo: foi contempla-da com quatro unidades de Conservação e uma dela é a maior unidade de conserva-ção para proteção dos recifes costeiros do hemisfério sul, a APA Costa dos Corais, criada em 1999 pelo então Presiden-te Fernando Henrique. Ain-da temos uma APA Estadual, uma Reserva Biologia Federal e um Parque Natural Munici-pal que foi criado para prote-ger nosso patrimônio históri-co (o Forte de Santo Inácio de Loyola, construído em1651) e o patrimônio natural de be-leza cênica. Com base nessas premissas, das quais somos co-responsáveis, fi z questão de criar a marca “Tamandaré Sustentável”, para que as ações de todas as secretarias pos-sam tomar como foco a sus-tentabilidade de suas ativida-des exercidas em conformi-dade com os Planos de mane-jo das Unidades de Conser-vação. Podemos citar como marcos importantes o encer-ramento do lixão em feverei-

ro de 2012. Hoje todo resíduo que não pode ser reaproveita-do é destinado ao aterro sani-tário do Rio Formoso. Fomos um dos primeiros municípios do estado a estar de acordo com a Lei 12305, que exige o fi m dos lixões.

Hoje todo material reci-clável coletado é direcionado a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Ta-mandaré, o que fomenta a ca-deia produtiva. Apoiamos com a entrega de equipamentos pa-ra benefi ciamento (prensas, ba-lança, doação de terreno para construção da unidade de com-postagem e triagem de mate-riais recicláveis) agregando va-lor aos produtos com participa-ção social;

Temos então como proje-tos importantes como a im-plantação da coleta seleti-va em todo o município, a criação do Programa Agen-te Jovem Ambiental, a Gestão compartilhada do Parque Na-tural Municipal do Forte de Tamandaré, a instalação, co-mo já disse, do Sistema de Es-gotamento Sanitário e outras de profundidade ecológica, como a restauração de 7 hec-tares de restinga com o plan-tio de mais de duas mil arvo-res distribuídas em 57 espé-cies frutíferas da Mata Atlân-tica nas margens dos rios e córregos do centro urbano. Em parceria com a Socieda-de Nordestina de Ecologia foi aprovado o Plano de Conser-vação e Recuperação da Mata Atlântica do Município de Ta-mandaré, com isso nossa ci-dade será a segunda no esta-do a elaborar inciativas de re-cuperação na Mata Atlântica;

Mas não podemos esque-cer o centro da cidade. Uma cidade com árvores torna-se uma cidade cada vez mais gostosa de se viver. Para is-so, em parceria com empresas do setor privado estamos ela-borando o Plano Municipal de Arborização Urbana, que contemplará a arborização das nossas ruas e avenidas.

Grande Litoral – E na área rural?

Hildo Hacker – Na área rural estamos fortalecen-do justamente os projetos de agricultura sustentável, com participação das comunida-des nos conselhos de Desen-volvimento Rural Sustentável, Conselho de Meio Ambiente de Tamandaré – COMDEMA, Conselho da Reserva Biológi-ca de Saltinho, Conselho da APA de Guadalupe, Conse-lho da APA Costa dos Corais e articulação com o Pro-Ru-ral (programa de desenvol-vimento de atividades rurais sustentáveis).

Grande Litoral – Quer di-zer que Tamandaré optou por ser uma cidade ecológica, sem grandes empresas?

Hildo Hacker – Não é exatamente isso, as duas ini-ciativas podem conviver. To-das as ações estruturadoras em nosso município, têm, também, o cunho de dar su-porte a empresas que por ven-tura queiram se instalar aqui. O Zoneamento ambiental, a criação de infra estrutura de base (pavimentação, acessos, hospitais e etc.) é a seguran-ça que temos de que os turis-tas possam desfrutar da me-lhor forma possível do nosso patrimônio natural. Já as em-presas são atraídas pelo mer-cado de negócios do turismo, e com os atrativos e estrutu-ra de base salvaguardados, es-tas empresas certamente terão retorno a curto prazo.

Outro fator importan-te para a economia local é a criação em parceria com o SEBRAE do Agente Local de desenvolvimento Econômico, que prestará serviços de apoio a pequenos comerciantes in-dividuais para sua formaliza-ção e fomento as atividades e serviços prestados pela cadeia produtiva do turismo de base comunitária. Capacitações já foram realizadas e temos ou-tras previstas.

Grande Litoral – Uma cidade, grande ou peque-na, precisa de educação bási-ca para chegar a patamares de desenvolvimento. Como es-tá sendo tratada esta questão?

Hildo Hacker – Estamos padronizando estruturalmen-te as escolas no nível máximo possível, e todos os nossos es-forços nesse sentido tem sido feito com recursos do próprio município. Temos hoje, sem dúvida as melhores escolas da região, comparáveis às escolas particulares do Recife.

Além disso, a prefeitura está iniciando apoio ao De-partamento de Oceanogra-fi a da UFPE para instalação de televisores nas escolas e pontos turísticos do municí-pio. O Projeto Recifes Costei-ros ao Vivo, foi desenvolvido pelo Prof. Dr. Mauro Maida e tem como objetivo transmitir ao vivo imagens subaquáticas da Reserva Marinha de Ta-mandaré para que a comuni-dade estudantil possa crescer entendendo o que é biodiver-sidade, conservação e recupe-ração ambiental.

Ainda dentro das ques-tões elencadas, dentro de mais (aproximadamente) 30 dias estaremos entregando uma Academia das Cidades aos munícipes.

Estamos também refazen-do toda a pavimentação da entrada do Distrito de Saué e reformando e ampliando mais 03 postos de saúde (Coqueiro, Oitizeiro e Estrela do Mar).

No âmbito social, já entre-gamos 30 casas do Programa Minha Casa Minha Vida e em breve entregaremos mais 301.

Futuro Centro de Informações Turísticas

Futura Casa do Artesão

TAMANDARÉE SEU

FUTURO

Prefeito Hildo Hacker. Foto: Divulgação

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GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

BARÃO DE TAMANDARÉ

Considerado uma das personalidades mais desta-cadas da história militar brasileira e consagrado co-mo patrono da Marinha do Brasil, O almirante Joa-quim Marques Lisboa nasceu no dia 13 de dezembro de 1807, na vila de Rio Grande, na Capitania do Rio Grande de São Pedro, atual Estado do Rio Grande do Sul. Aos 16 anos, embarcou como praticante de pilo-to, na fragata Niterói, do comandante John Taylor. Se-guiu para a Bahia, onde recebeu seu batismo de fo-go no primeiro combate naval (1823). O jovem Joa-quim seguiu na esquadra que iria para Pernambuco, reprimir a Confederação do Equador - revolução da-tada de 1824.

Em 1859, acompanhou o casal imperial ao norte do Brasil, na fragata a vapor Amazonas. Passando em Pernambuco, pediu permissão ao imperador para rea-lizar uma pequena parada no porto de Tamandaré, pa-ra que ele pudesse recolher os restos mortais do seu ir-mão, Manoel Marques Lisboa, revolucionário que par-ticipou da Confederação do Equador, a fim de serem conduzidos ao jazigo de sua família no Rio de Janeiro. Embora o irmão do almirante fosse um inimigo de-clarado do Império, o Imperador concedeu-lhe a per-missão pedida, e ainda a de que disparasse uma salva de artilharia da fragata em homenagem aquele comba-tente. Meses mais tarde, o imperador demonstrou no-vamente o seu reconhecimento ao almirante pelos re-levantes serviços prestados à nação, concedendo-lhe o título de “Barão de Tamandaré”.

Em 1865, foi elevado a visconde e recebeu o co-mando das forças navais brasileiras, argentinas e uru-guaias aliadas. Em dezembro de 1866, entregou o co-mando da esquadra ao visconde de lnhaúma. Em 1887, foi elevado a Marquês, mas já conhecido tam-bém como Almirante Tamandaré. Morreu em 1897, com 89 anos.

Joaquim Marques Lisboa, já com o título de Marquês de Tamandaré, em foto tirada no ano de 1873,.

SÍMBOLOS MUNICIPAISHino de TamandaréLetra: Maria do Carmo Ferrão SantosMelodia: José Severino Alves da Silva

Tamandaré canteiro de belezaQue a natureza jamais apagaráTens um título de nobrezaA tua história para sempre viverá.

Teu povo unido e forteNas batalhas defendeu seu torrãoMil vezes pretendeu a morteQue a covarde rendição.

Tamandaré, TamandaréQuem te vista não esquece jamaisTuas praias de areias brancasE o verde de teus coqueirais.

Graças, a esse povo heróico e bravoQue o teu nome proclamouHoje és livre e independenteTeu passado na história assim fi cou.

Hoje, és só riquezaCheia de encantos milPrincesa do litoralPedaço do meu Brasil.

Bandeira de Tamandaré

Tamandaré em fotosAlém dos projetos da nova Casa do Artesão e do Centro de Informações Turísticas, na página anterior,

listamos abaixo algumas das ações já realizadas ou em andamento no município

Educação ambiental no Forte Santo Inácio. Foto: Prefeitura Tamandaré

Dezenas de ruas calçadas. Foto: Prefeitura Tamandaré

Apoio na segurança. Foto: Prefeitura Tamandaré

Incentivo ao Esporte. Foto: Prefeitura Tamandaré

Maquete da nova escola Amália Macário. Foto: Prefeitura Tamandaré

Nova escola Almirante Tamandaré. Foto: Prefeitura Tamandaré

Obras do novo hospital de Tamandaré. Foto: Prefeitura Tamandaré

Artesanato e reaproveitamento do pescado. Foto: Prefeitura Tamandaré

Maquete das futuras instalações do Centro Administrativo. Foto: Prefeitura Tamandaré

TAMANDARÉE SUA

HISTÓRIA

TAMANDARÉE SEU

FUTURO

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O povo de Tamandaré sempre foi mui-to animado, desde a época em que era um simples aglomerado de edifi cações rústi-cas. Conta Maria do Carmo Ferrão San-tos, em seu livro Tamandaré – a histó-ria de um município, que nas décadas de 1950 e 1960 havia grandes festas ofereci-das pelo sargento Antonio Torquato Viei-ra, que animava os eventos e principal-mente o carnaval e as festas juninas. “A rua Cleto Campelo era tida como o Centro Comercial e festivo da vila”, diz ela, acres-centando: “Aqui se vivia o verdadeiro fol-clore pernambucano: mamulengos, bum-ba-meu-boi, pastoril, reisado, guerreiro, samba de matuto e fandango.”

No carnaval, haviam clubes importan-tes como os Remadores, Mocidade. Havia rivalidade entre os foliões de cada clube, envolvendo até quem nem brincava car-naval, conta a autora.

As quadrilhas juninas tradicionais so-breviveram até a década de 1990, quando sobressaíram-se as quadrilhas estilizadas.

Ainda na área cultural, a autora ressal-ta como atuantes na época da publicação de seu livro (editado no ano 2000) o Gru-po de Dança Popular Recriar, de Márcio André Santos Morais, e os Brincantes do Nordeste, de José Roberto Soares, ambos promovendo a legítima tradição folclórica pernambucana.

Arte e artesanatoEmbora o artesanato não tenha pro-

dução representativa em quantidade, sem-pre teve peças produzidas para o consumo de turistas, quer tinham na Casa do Ar-tesão seu ponto de referência, logo na en-trada da cidade. Com a demolição para a construção de um Centro Turístico no lo-cal, os artistas aguardam a construção de um novo loical, mais perto da praia e mais propício ao comércio com os turistas.

No entanto, artistas não faltam em Ta-mandaré, produzindo isoladamente, ven-dendo para fora ou simplesmente aplican-do sua arte “em casa”, como é o caso da ar-tesã Lita, que, ao planejar sua soparia Ta-pitanga, usou toda a sua arte para incre-mentar o local.

Vale lembrar também a Associação das Mulheres do Bairro Estrela do Mar, que fazem um artesanato com forte refe-rência aos animais marinhos. Gabriel dá forma a diversos utensílios domésticos usando as raízes do coqueiro como ma-téria prima, transformando-as em bolsas, chapéus, fruteiras, samburás, etc. Lenildo, “o artesão do coco” inventa peixes colori-dos com formas variadas e bastante origi-nais.

GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

A ÁGUIA SOLITÁRIA

ProsseguirProsseguir por este mundoÉ travar dia após diaUma batalha de vida ou morte!É negar-se de privilégiosPara alcançar seus ideais.Eu prossigo e mesmo sendoPeregrino pela vidaNão abdico dos meus sonhos,Que sei não os é muito; mas são grandes!E os verei realidades.Prosseguir, perseguir, desejar,Querer a fé e a esperança, é vislumbrar,Que vou atingir minha meta, meu objetivo...Meta esta que devo seguir e,Se for preciso, lutarei e morrerei,Por este sonho, por este ideal,Pois só assim, minha vida terá sentido.O nome deste livro será com a ajuda de Deus, MOMENTOS!

Gizelda MouraEm seu livro, Maria do Carmo encerra o capítulo sobre

cultura com uma homenagem especial à poetiza Gizelda Moura. Gizelda faleceu no início de outubro, infelizmente sem conseguir nos brindar com seu novo livro de poemas, pronto desde 2013 e à espera de um editor.

Em 22 de novembro ela compartilhou em sua página no facebook o seguinte o poema:

Foto: Facebook

Antiga Casa do Artesão. Foto: Ernani NevesArtesanato de Lita. Foto: Divulgação

MIRANTE DO OITIZEIRO

Foto: Sid Rasta

Foto: Arquivo Danilo Marx

(Juscelino Catarino) – Mirante do Oitizeiro, árvo-re centenária que abriga em sua fenda natural uma ima-gem de São Pedro.

Em 10 de março de 1996 ocorreu a 1ª festa de São Pe-dro do Oitizeiro, que contou com uma grande participa-ção popular. A programação incluiu queima de fogos, ce-lebração de missa, sorteio de brindes, quebra-panela, bin-gos, grupos de danças, côco, maracatu, ciranda, cavalha-da, entre outros.

As festas ocorreram no Mirante do Oitizeiro, e era a maior festa do municí-pio, a festa Ecológica de São Pedro do Oitizeiro, ocor-reu por 8 edições de 1996 a 2003. No principio a ima-gem do santo foi posta na fenda da árvore por Raul Fran, no ano de 1993.

Cultura, festas e comemorações

Ivete Sangalo no Tamandareé Fest 2014. Foto: PE Mais Notícias

Calendário de Festas em Tamandaré

Reveillon – Shows musicais e shows pirotécnicos na orla

Janeiro – Tamandaré Fest. Uma das maiores festas de Pernambuco, com artistas nacionais se apresentando na orla.

Carnaval – Dezenas de Blocos de Carnaval, Trios Elétricos, Cortejos (com apresentações folclóricas tradicionais) e atrações musicais na orla.

Abril – Semana Santa – Programação religiosa e atrações musicais na orla.

Junho – Festa de São Pedro, padroeiro da cidade, com procissão marítima– Festas Juninas com apresentação de quadrilhas, atrações musicais, feirinhas típicas e de artesanto, bacamarteiros e vários arraiais.

Julho – Festa de Santo Inácio de LoyolaApresentações culturais, religiosas e feira de artesanato

Setembro – Festa de Emancipação do município com shows musicais

Novembro – Festa de Santo André AvelinoShows musicais e programação religiosa no distrito de SauéAbertura do Verão com Shows musicais

Ao decorrer dos anos a imagem de São Pedro, veio a sofrer depredações por três ve-zes, sendo a última em 2012 e restaurada no mesmo ano por um morador do local conheci-do como Kino, o qual cuida da imagem há 23 anos.

TAMANDARÉE SUA

CULTURA

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GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

Turismo, Ecologia e Preservação

A entrada de Tamandaré pela PE 60 deixa no visitante uma impressão única ao passar pelo “túnel” verde da Reserva do Saltinho. No meio da mata está a Cachoeira Bulha D’água, (foto abaixo), que possui altura aproximada de 10 metros e largura de 15 metros. Localizada às margens da PE-76, a rodovia que dá acesso à Tamandaré. Suas águas mantém uma temperatura que nunca ultrapassa os 15ºC, e três quedas fortes.

A Área de Proteção Am-biental Costa dos Corais foi criada em 1997. A existência de recifes de corais e mangues é uma das principais caracte-rísticas da unidade, garantin-do uma alta biodiversidade re-presentada por diversos gru-pos marinhos como algas, co-rais, peixes, crustáceos, mo-luscos, mamíferos aquáticos e outros, e ainda inclui a ocor-rência de espécies ameaçadas de extinção, como o peixe-boi marinho, tartarugas e baleias.

A APACC é a maior Uni-dade de Conservação da ma-rinha federal, com mais de 400mil hectares, cerca de 120 Km de extenção ao longo da costa , entre os municípios de Tamandaré e norte de Maceió. Em direção ao oceano, seu li-mite é a quebra de plataforma, conhecido pelos pescadores como “paredes”, distante cer-ca de 30 km da praia. A sede da UC fi ca em Tamandaré, na se-de do Centro de Gestão e Pes-quisa de Recursos Pesqueiros do Nordeste - CEPENE.

São parceiros da APACC diversas ongs e instituições ambientais como a Asociação Peixe Boi, o Centro de Mamí-feros Aquáticos, a CEPENE, a Cooperativa Náutica Am-biental, a Fundação SOS Ma-ta Atlântica, a Fundação Toyo-ta do Brasil, o Instituto Bioma Brasil, o Instituto Recifes Cos-teiros e muitos outros, o que garante um futuro a Tamanda-ré com desenvolvimento bio-sustentável, uma das exigên-cias que se impõe neste século para termos uma qualidade de vida no planeta.

O município de Tamandaré é privilegiado em termos de ecologia e preservação do meio ambiente. Tamandaré sedia a APACCC e está estrategicamente colocado bem no centro da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, maior unidade de conservação federal marinha do Brasil, que protege praias e mangues.

CONDUTA CONSCIENTE EM ÁREA RECIFALA maioria das espécies de corais formadoras de

recifes é endêmica de águas brasileiras, ou seja, só ocorrem aqui, onde contribuem na formação de es-truturas que não são encontradas em nenhuma outra parte do mundo.

Não dê alimento aos peixes, eles sabem se alimen-tar muito bem, e a oferta de alimentos causa graves danos ao ambiente e a sua biodversidade;

Antes de nadar ou mergulhar procure tomar in-formações sobre o local para evitar acidentes e tome muto cuidado para não tocar nos seres vivos, os co-rais, por exemplos, demoram muitos anos para cres-

Aquários Naturais. Foto: Acervo ICMbio/MMA

Foz dos rios mamucabas e ilhetas. Foto: Acervo ICMbio/MMA

Gato Maracajá, espécie protegida na Reserva do Saltinho. Foto: Internet

cer e alguns, como o coral-de-fogo, podem causar queimaduras e irritações;Comprar artezanato com serem marinhos é crime ambiental, e estimula a depredação dos

recifes;Cuidado onde vai jogar a âncora, fundear em ambiente de corais é crime ambiental, fun-

deie sempre na areia;Cuidado com o uso do remo ou da vara, pois o seu manuseio pode destruir os corais e ou-

tros organismos;Em águas rasas, evite o uso de nadadeiras, pois os movimentos podem quebrar os corais e

outros organismos, além de provocarem a suspensão de sedimentos, prejudicando a visibilidade;Na água movimente-se lentamente para não afugentar os animais;A pesca com explosivos, água sanitária e outras substâncias químicas é extremamente no-

civa ao ambiente, sendo proibida por lei;A pesca amadora ou profi ssional só pode ser praticada com licença do órgão competente

(Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA);Na APA Costa dos Corais não é permitido pescar nas Zonas de Visitação e nas Zonas de

Preservação da Vida Marinha. Observe e se informe sobre os horários e ciclos de marés, a fi m de evitar situações imprevistas, impróprias e potencialmente perigosas.

Reserva Biológica de Saltinho

Além disso, Tamandaré também abriga a Reserva Bio-lógica de Saltinho, criada em 21 de setembro de 1983 e su-bordinada ao Instituto Brasi-leiro de Desenvolvimento Flo-restal – IBDF, depois IBAMA – A reserva tem uma superfí-cie de 548 hectares) está locali-zada no Engenho Saltinho, de propriedade da União, segun-do o decreto, limitando-se: ao norte, com o Engenho Pague-

vira; ao sul, com os Engenhos Ouro Preto, Tabor, União, Boa Esperança e Santa Cruz; a les-te, com o Engenho São Mano-el e a Fazenda da Cachoeira; e a oeste, com os Engenhos La-ranjeiras e Barro Branco.

Dentro da área que com-põe a Reserva Biológica de Saltinho, são proibidas quais-quer atividades de utilização, de perseguição, de caça, de apanha ou de introdução de espécimes da fl ora e da fauna, silvestre ou domésticas, bem

como a exploração dos recur-sos naturais e as atividades que implicarem modifi cações do meio-ambiente, exceto as de caráter estritamente científi ca, devidamente autorizadas.

Algumas espécies ameaça-das de extinção estão protegi-das dentro da área, como o Ca-marão-de-pedra, o Chororó-didi, o Gato-do-mato, o Bar-ranqueiro-de-olho-branco, o

Chupa-dente-de-máscara, a Sa-biazinha, o Gato-maracajá, o Udu-de-coroa-azul-do-nordes-te, o Formigueiro-de-cauda-rui-va, o Besourão-de-bico-gran-de, o Choca-lisa-do-nordeste e o Beija-fl or-das-costas-violetas, entre outras, além de ser habitat natural de muitas outras espé-cies de animais como tatu, lebre, cutia, papa-mel, o guaxinim, sem falar nas cobras como co-ral, jararaca, sucuri e nos pássa-ros como pica-pau, o papa-taio-ca, o tucano verdadeiro, a perua-choca, o pintor verdadeiro e até morcegos.

Na reserva também es-tá localizada a barragem que abastece o município de Ta-mandaré, e o Museu da Árvo-re. Atualmente a reserva é ad-ministrada pelo Ibama.

APA GuadalupeTamandaré também faz

parte da APA Guadalupe, área de proteção criada em 1997 é gerenciada pelo CPRH – Agên-cia Estadual de Meio Ambiente e que abrange também os mu-nicípios de Sirinhaém, Rio For-moso e Barreiros. Em dezem-bro de 1998, o Decreto Esta-dual nº 21.135 regulamentou o uso do solo em seu território, aprovando o Zoneamento eco-lógico-econômico e criando o Conselho Gestor.

Composta por uma diver-sidade de ambientes e ativida-des econômicas, a APA pos-sui áreas particulares e públi-cas, moradias, casas de vera-neio, assentamentos rurais, engenhos, atividades de pesca, agricultura e turismo.

Os objetivos da APA são proteger e conservar os siste-mas naturais essenciais à bio-diversidade, especialmente os recursos hídricos, visando uma melhoria da qualidade de vida da população local, a pro-teção dos ecossistemas e o de-senvolvimento sustentável.

Foto: http://desbravandopernambuco.blogspot.com.br /Madoka Kitani/Webventure

Foto: Misso Melo

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TURISMO

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OUTRAS IGREJAS

Cerimônia de constituição da Paróquia de São Pedro, em 1995.

GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

Igrejas: Turismo histórico, religioso e arquitetônico

Tamandaré tem muitas e importantes igrejas, entre par-ticulares e incorporadas à Dio-cese de Palmares. Uma das mais antigas é a de Santo Iná-cio de Loyola, construída em 1780 na área do Forte de Ta-mandaré. Infelizmente sofreu modifi calções inadequadas em 1990, quando seu piso original foi substituído, mas o mesmo pode ser resgatado agora que há um trabalho de recupera-ção do Parque do Forte.

Outro resgate que preci-saria ser feito é com relação a Igreja de São José de Botas, em acelerado estado de degra-dação, Apesar de ter sido tom-bada pela Fundarpe, no site da instituição não há o histórico da mesma. Segundo dados dis-poníveis na Wikipedia, a igre-ja teria sido erguida no sécu-lo XIX. A curiosidade é o sím-bolo maçônico de sua fachada, que seria o brasão de São José de Botas, com ferramentas de carpintaria. A hoje denomina-da Acervo Histórico-Cultural Igreja & Casa Paroquial de São José de Botas está aos cuidados de particulares.

A mais antiga, datada de 1777, seria a do Engenho Ma-mucabas, em homenagem a Nossa Senhora da Concei-ção, da qual hoje restam ape-nas desenhos de como seria.Outra igreja antiga é a de São Pedro, localizada na praia de Campas. Provavelmente foi edifi cada também no século XIX. Era a matriz da Paróquia de São Pedro até a construção da nova, em 2012 (veja maté-ria na página seguinte). A Pa-róquia foi instalada por oca-sião da emancipação política do município, em 1995, e o pa-droeiro escolhido foi São Pe-dro, patrono dos pescadores, o que dividiu opiniões na época, pois muitos preferiam que fos-se Santo Inácio de Loyola, pe-la antiguidade da igreja em ho-menagem ao santo erguida no Forte.

Na Praia dos Carneiros, já cartão postal a Capela de São Benedito, o Santo Negro. Em sua fachada há uma refe-rência ao século XVIII, quan-do era comum haver igrejas específi cas para os escravos, mas não há comprovação his-tórica disso.

Capela em Saué. Foto: facebook Usina Santo André

Igreja de São Pedro, na orla. Foto Misso Melo

Igreja de São José de Botas. Foto Misso Melo

Igreja de São José de Botas. Foto Misso Melo

Capela Nossa Senhora de Fátima. Foto: mariahelenareporter.blogspot

Capela Nossa Senhora da Conceção. Foto: mariahelenareporter.blogspot

Capela de Santo Inácio de Loyola (Forte de Tamandaré) Foto: Misso Melo

VOCÊ SABIA?

OS PRIMEIROS SERVIÇOS aos habitantes da vila tamandaré– A primeira linha telefônica implantada em Tamandaré foi em 1982, para atender o CEPENE. O primeiro posto telefônico pa-ra atender à comunidade só foi implantado no ano seguinte, na Praça Paulo Punt. Já as linhas convencionais para residências e comércio só vieram quinze anos depois. Em Saué, o posto telefônico só foi ativado em 1989. – A Escola Engenheiro Millet foi a mais antiga de Tamandaré. Foi construída em 1928, pelo Dr. Samuel Hardman. – Os serviços de Correios existem em Tamandaré desde o ano de 1900. O objetivo inicial era atender o Lazareto e a vila. Funcionaram bem até os anos 1980, mas depois decaíram consideravelmente. – O primeiro jornal a circular em Tamandaré foi O Independente de Tamandaré, fundado na década de 1920 pelo Engenheiro Augusto Millet. – O abastecimento de energia elétrica regular chegou a Tamandaré apenas na década de 1960. Antes, a energia era a partir de um gerador, herança do antigo patronato que fi cou a cargo da Prefeitura, e que funcionava das 7 às 22h. Nesta época também iniciou o abastecimento de água tratada.

TAMANDARÉE SEU

TURISMO

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OUTROS PADRES

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A história da nova Igreja Matriz de São Pedro, hoje mais que um templo, mas um mar-co da evolução e da moderni-dade em Tamandaré, além de um símbolo do do que pode fazer o esforço pessoal e cole-tivo começou efetivamente no ano de 2009. O sonho, Padre Arlindo já havia transformado em projeto, e aguardava apoio fi nanceiro de instituições reli-giosas no exterior para come-çar a erguer o templo. Após re-ceber, no dia anterior, a notí-cia de que este apoio não viria, Padre Arlindo não conseguiu conciliar o sono e, na madru-gada do dia 07/12/2009, pre-cisamente às 3 horas da ma-nhã, munido de picareta, saiu de casa e começou a cavar os alicerces da nova Igreja.

Botar a “mão na massa” passou a ser uma constante nos dois anos que durou a constru-ção. Carregando areia ou ci-mento, dobrando ferros, cor-tando pedras e granitos, Padre Arlindo sempre esteve não ape-nas à frente da obra, mas junto com o mestre de obras, com pe-dreiros e com os muitos volun-tários que participaram de de-zenas de mutirões no processo de cosntrução.

“O grande mérito foi sem-pre da comunidade”, diz Pa-dre Arlindo, com humilda-de. Construir em tão pouco tempo tão grandiosa obra só foi possível, realmente, com a participação do povo de Ta-mandaré. Com custos altíssi-mos, foram necessárias muitas campanhas de arrecadação de fundos, feitas entre veranistas e, principalmente, com a po-pulação mais pobre.

Com emoção, Padre Ar-lindo conta sobre a primeira contribuição que recebeu pa-ra a Igreja: Durante a missa, após dar a notícia de que não viria ajuda do exterior e exor-

A Nova Matriz de São Pedro

Construção esteve sob a responsabilidade do Engenheiro Manoel Jorge Tavares. Foto: Misso Melo

tar a comunidade a contribuir, cada um com um pouquinho, aproximou-se um paroquia-no de nome Ezequiel, presença constante na Igreja, mas mais famoso pelo alcoolismo e pela pobreza extrema do que pro-priamente pela sua fé, e colo-cou em sua mão tudo o que ti-nha no bolso, dizendo: “Padre, pode começar a sua igreja”.

Era uma moeda de 25 cen-tavos. Quem menos tinha da-va tudo o que tinha para aju-dar na construção do sonho que já não era de Padre Arlin-do, era do povo católico de Ta-mandaré.

Padre Arlindo sempre achava uma forma criati-va de envolver a população. Além das centenas de solici-tações feitas em todas as mis-sas as quais celebrava, gravou CDs com paródias de músi-cas de Cláudia Leite e de Ive-

te Sangalo, distribuídos duran-te as Maratonas Solidárias; Re-alizou bingos, sendo que em um deles o prêmio principal, uma garbosa bezerra, fi cava à porta da igreja com roupa cor de rosa, chamando a atenção de todos. Durante as campa-nhas criou o bordão lembrado até hoje por todos e quase uma marca registrada da campa-nha: “Acorda, povo de Deus!”.

Assim, as doações foram se multiplicando, foram in-cluídas as escolas, onde se pe-dia que cada aluno levasse 0,50 centavos; foram promovidas gincanas, feiras e campanhas, foi fundada a Pastoral da So-lidariedade, e os caminhos se abriram para outras contribui-ções de comerciantes, de ma-téria prima comprada a preço de custo, como o granito que reveste o chão vindo de Mi-nas Gerais e que resultou nu-

Padre Enzo RizzoEm 1994, chegou em Tamandaré e criou a Paróquia

São Pedro. Na visão do padre Rizzo, as crianças da comu-nidade precisavam de uma família. Esta foi a base inicial para o seu projetoque teve início em 1995. Com a ajuda de um grupo de amigositalianos, foi construído o Asilo Soli-dariedade, para atender 40crianças do local.

O asilo se transformou em creche e hoje se chama As-sociação Padre Enzo Solidariedade para Tamandaré. Com a ajuda do Gruppo Italiano Sviluppo in America Latina que faz a captação de novos “padrinhos” e doadores, a cre-che já atende cerca de 500 crianças.

— Cerca de 90% dos padrinhos que adotam nossas crianças, ou seja, que enviam dinheiropara ajudar a man-tê-lasna creche, são italianos. Muitas vezes, um padrinho tem mais deum afi lhado — explica Irmã Assunta Dacanal, enfermeira-chefe da creche.

As crianças recebem cinco refeições diárias e reforço escolar. Quando fazem 14 anos ou completam a quarta sé-rie primária, precisam deixar a creche. Mas podem conti-nuar a freqüentá-lapara aprender costura, bordado, pintu-ra e panifi cação.

Padre Rizzo morreu em 2000. Sua obra perdura até os dias atuais graças à ajuda dos padrinhos italianos e da boa vontade daquelesque trabalham na creche.

Padre PauloPadre Padre

Paulo Punt era de origem holandesa e veio para Taman-daré na década de 1960. Dedicou-se à educação e às comunidades po-bres, sendo profes-sor e diretor da Es-cola Almirante Ta-mandaré, de 1969 a 1975. Segundo o site da Congre-gação dos Padres Dehonianos, Padre Paulo teria anga-riado inimigos ao denunciar a exis-tência de contra-bando no porto de Tamandaré. Foi denunciado como co-munista, durante a ditadura militar, por ter fundado a co-lonia de pescadores, mas não foi constatado nada contra ele. A 15 de dezembro de 1975 era um dia festivo por cau-sa da conclusão de curso do ginásio local. No fi nal do dia, após todas as solenidades o assassino dirigiu-se ao Padre Paulo e disparou três certeiros e mortais tiros que acaba-ram com sua vida

ma grande amizade entre Pa-dre Arlindo e o proprietário da empresa.

Mas o mais importante, sempre, foi a contribuição dos moradores, que envolveu adul-tos, independentemente da re-ligião seguida, jovens que iam às ruas, crianças que catavam latinhas e revertiam o resulta-do para a obra da igreja, e até os “papudinhos” conhecidos da cidade, que além de pegarem no pesado ajudando a cons-truir, fi zeram por conta própria uma arrecadação entre os vera-nistas e entregaram o valor ao padre.

Enquanto a igreja não foi fi -nalizada, Padre Arlindo não ce-lebrou nenhuma missa. Ape-nas em 28 de janeiro de 2012, com a igreja totalmente pronta, as missas começaram a ser ce-lebradas na nova Matriz de São Pedro.

Foto: mariahelenareporter.blogspot

Padre Arlindo sai às ruas no Bingo da Bezerra. Escultura de São Pedro no interior da nova Matriz

Participação da comunidade foi importante em todo o processo da obraPadre Arlindom no primeiro dia, cavando a base.

Padre Arlindo

TAMANDARÉE SUAS

CRENÇAS

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Page 12: JORNAL redacao@gazetanossa.com.br Edição Especial · dias embarcações no pier do CEPENE/IBAMA. É na Praia do Pontal do Lira que se encon-tra o Forte e Farol de Santo Iná-cio,

12 GRANDE LITORAL/GAZETA NOSSA agosto/2014

GRANDE LITORAL ESPECIAL OUTUBRO/2014 PAGINA

Do Lazareto ao CEPENE

O local onde fi ca atual-mente a CEPENE – Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira do Nordeste, faz parte dahis-tória de Tamandaré desde os seus primórdios e será conta-

Cartão postal com o Lazareto de Tamandaré editado pela Livraria Francesa em 1907. Carros de boi eram puxado sobre trilhos para o transporteFonte Café História

da aqui rapidamente, por meio de fotos, por extensa que é. As primeiras edifi cações foram para abrigar um leprosário, o chamado Lazareto, em data não especifi cada, mas prova-

Conjunto arquitetônico da EPT, provavelmente antes da reforma. Note-se que ainda haviam os trilhos na área. Acervo Danilo Marx

Ao lado, a imponência arquitetônica do antigo Patronato (Na foto acima à esquerda) Detalhe da Caixa Dágua (na foto acima, ao centro). Na parte de baixo, a “cafua”, onde alunos do Patronato eram punidos. Fotos: Arquivo Danilo Marx.

velmente na segunda metade do século XIX. O que se sabe é que em estava em construção em 1895 e apenas em 1905 foi nomeado pessoal para ali tra-balhar. Quem desembarcas-se com suspeita de alguma do-ença contagiosa era confi na-do ali para tratamento. Não se tem notícias também de quan-do foi desativado.

Por volta de 1924, depois de reformas nos prédios, a área abrigou o Patronato Agríco-la João Coimbra, com crianças vindo de várias cidades per-nambucanas e até de outros estados para ali estudar. Poste-riormente, de 1938 a 1941, foi transferido para Barreiros.

Em 1953, depois de nova reforma, o local passou a abri-gar a Escola de Pesca de Ta-mandaré. De âmbito federal, atendia as regiões Norte e Nor-deste. As atividades da EPT fo-ram encerradas em 1975, pas-sando então local a sediar cur-so de pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que ali fi cou até 1983, quando foi criado o Centro de Pesqui-sa e Extensão Pesqueira, vin-culado inicialmente à SUDE-PE e depois, inclusive nos dias atuais, ao IBAMA.

Sala de aula do antigo Patronato. Foto: Arquivo Danilo Marx.

Alunos em treinamento no Recife, em barco da EPT. Foto: Arquivo Antônio Luciano

Desfi le de alunos da EPT no 7 de Setembro, na rua Almirante Tamandaré. Foto: Arquivo Antônio Luciano Banda da Escola de Pescadores de Tamandaré. Na sala de aula, o falecido professor Geraldo Lopes da Rosa ensina tecnicas para anzóis e outros. Foto: Arquivo Antônio Luciano

Colação de grau de alunos da Escola de Pesca com a presença do falecido Padre Paulo, que era também pescador. Foto: Arquivo Antônio Luciano

Agulhão dos tempos de pesca farta. Quem seriam os jovens desta foto? Foto: Arquivo Antônio Luciano

Área da CEPENE em 1983 (acima, em Preto e Branco) e em 1998, sob o mesmo ângulo, já com o pavilhão à esquerda demolido Foto: Publicação Cepene/ Arquivo Antônio Luciano

TAMANDARÉE SUA

HISTÓRIA

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