jornal outrolhar | edição 11 | julho de 2007

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cultura lazer entrevista esporte Descubra um pedacinho da África em Viçosa página 7 Diversão e conhecimento nos museus da cidade página 13 O exercício da inclusão social através da prática de esportes página 15 A arte dos grafismos de porta em porta com Jamil da Silva página 16 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA VIÇOSA • JUNHO DE 2007 • ANO 04 • NÚMERO 11 Por que fumar? Veja os riscos do cigarro e como as empresas de fumo estão de olho nos jovens No Brasil, o cigarro mata mais de 200 mil pessoas por ano página 8 Você esquece da vida lá fora quando está pintando Izabel Pompermayer

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O Jornal-Laboratório OutrOlhar é uma produção de alunos do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. A edição nº 11 foi produzida sob orientação do professor Joaquim Lannes.

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Page 1: Jornal OutrOlhar | Edição 11 | Julho de 2007

cultura

lazer

entrevista

esporte

Descubra umpedacinho daÁfrica em Viçosapágina 7

Diversão econhecimento nosmuseus da cidadepágina 13

O exercício dainclusão socialatravés da práticade esportespágina 15

A arte dosgrafismos de portaem porta comJamil da Silva

página 16

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAVIÇOSA • JUNHO DE 2007 • ANO 04 • NÚMERO 11

Por que fumar?

“”

Veja os riscos do cigarro e como as empresas de fumo estão de olho nos jovens

No Brasil, o cigarro mata mais de 200 mil pessoas por ano

página 8

”Você esquece da

vida lá fora quandoestá pintando

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Page 2: Jornal OutrOlhar | Edição 11 | Julho de 2007

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((opinião

crítica à mídia

Chefe do Departamento de Artes eHumanidadesProfª. Maria Isabel de Jesus Chrysostomo

Coordenador do Curso deComunicação Social - JornalismoProf. Ricardo Duarte

Jornalista ResponsávelJoaquim Sucena Lannes - MT/RJ 13173

Editores de PáginasAna Paula Camelo, Ellen Araujo, FelipeLuchete, Jihana Silva, Michelle Bastos,Renata Amaral, Renata Loures

Editoria de ArtesCristiano Sávio, Devalnir Dias, Elisa França,

Izabel Pompermayer, Priscilla Souza,Rebeca Morato, Thiara Klein

RevisãoCristiano Sávio, Felipe Luchete, GerliceRosa, Rodrigo Resende, Tiago Agostinho,Vinicius Wagner

RedaçãoÁbdon Júnior, Amanda Oliveira, Ana MariaAmorim, Ana Paula Camelo, Beatriz Mascari,Bruno Lima, Camila Pena, Carolina Rocha,Clarice Machado, Cristiano Sávio, DevalnirDias, Elaine Nascimento, Elga Mól, ElisaFrança, Ellen Araujo, Felipe Luchete, GabrielMiranda, Gerlice Rosa, Gisele Gonçalves,Izabel Pompermayer, Jihana Silva, LaraMarques, Larissa Lacerda, Marcos Alves,

Michelle Bastos, Oswaldo Botrel, PatríciaCastro, Priscilla Souza, Rebeca Morato,Renata Amaral, Renata Loures, RodrigoResende, Simony Ávila, Tania Rosim,Tarciane Vasconcelos, Thiara Klein, TiagoAgostinho, Victor Tancredo, Victor Godoi,Vinicius Wagner.

ImpressãoDivisão de Gráfica Universitária

Tiragem1500 exemplares

Os textos assinados não refletem a opinião daInstituição ou do Curso e são de inteiraresponsabilidade de seus autores.

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Jornal Laboratório da Turma de 2005 doCurso de Comunicação Social -Jornalismo da Universidade Federal deViçosa

Endereço: Vila Giannetti, casa 39,Campus Universitário. CEP 36570-000.Viçosa - MG

ReitorProf. Carlos Sigueyuki Sediyama

Diretor do Centro de CiênciasHumanas, Letras e ArtesProf. Walmer Faroni

O século XX assistiu ao nascimen-to e à derrota de regimes autoritári-os, em que a censura serviu de ins-trumento aos cruéis princípios des-ses sistemas. Assim ocorreu na Eu-ropa, com o governo nazista naAlemanha e o fascista na Itália.

No Brasil, quando se fala emcensura, logo nos vem à mente operíodo do regime militar. Naquelaépoca a perseguição à mídia era in-tensa, tudo o que era veiculadopassava por uma rigorosa avalia-ção prévia, controlada pelo gover-no, que chegou até a proibir a exi-bição do balé Bolshoi e a venda dealgumas gravuras de Picasso. Aconstituição de 1988 aboliu a cen-sura, mas esta nunca deixou de exis-tir, apenas foi camuflada.

Seja por questões éticas,ideológicas ou comerciais, muitos

programas, reportagens ou opini-ões produzidos têm passado poruma espécie de censura. Em entre-vista à revista Veja, o ex-diretor dejornalismo da TV Globo, JoséBonifácio de Oliveira Sobrinho, oBoni, enumerou quatro tipos decensura existentes: “a de diversõespúblicas, a política, a autocensurae a censura indireta”, cada qualvariando a predominância de acor-do com o momento histórico.

Em fevereiro desse ano, arevista Você S/A, da Editora Abril,foi censurada devido a uma repor-tagem sobre empresas derecolocação profissional. Uma dasempresas citadas na reportagemconseguiu autorização judicial paraver o conteúdo da matéria antesde ser publicada, a fim de ter direi-to de resposta caso julgasse ne-

cessário. Essa decisão coloca emdebate os direitos de liberdade deexpressão e interfere na imparciali-dade jornalística. A imprensa nemsempre mantém a neutralidade ne-cessária. Para equilibrar essa situ-ação existe o direito de resposta,que não deve ser usado para impe-dir uma publicação ou deturpá-la.

A imprensa também temsido pressionada pelas autorida-des por denúncias feitas aos polí-ticos. Se os jornalistas cederem àpressão, podem limitar seu traba-lho e perder sua função de denun-ciar os abusos de poder. Funçãoinclusive bem característica da im-prensa brasileira.

O caso mais recente de cen-sura à imprensa foi a proibição davendagem da biografia RobertoCarlos em Detalhes, do jornalistaPaulo César Araújo. Houve acor-do entre os advogados do cantore os da Editora Planeta, visandointerromper a publicação e vendado livro. O autor ficou impedido dedar declarações sobre o assunto.

Utilizar a censura em favorde interesses pessoais pode con-tribuir para a volta de uma repres-são exagerada. Quando os princí-pios do bom jornalismo são detur-pados, impedindo o compromissode divulgar a verdade com auto-nomia, isenção e imparcialidade,devemos começar a nos preocupar.Caso contrário, voltaremos aostempos da ditadura.

Novas publicações abremdiscussão sobre censura

OUTR LHAR((

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O

Um jornalismo diferenciado

Enfim a terceira edição da novafase do Outro Olhar. Os assun-tos, novamente os mais interes-santes possíveis. Temas como osmalefícios do cigarro, RPG, umjogo inteligente, mas que tambémpode oferecer perigos, além daopinião dos jovens sobre a redu-ção da maioridade penal. Estes eoutros assuntos constam da pre-sente edição. Tudo elaborado, éclaro, com o devido carinho, massem perder a visão das técnicasjornalísticas.

Todas as matérias veicu-ladas, à primeira vista, poderiamparecer corriqueiras. Mas com ostratamentos e angulações espe-ciais por parte dos nossos alu-nos, para atender ao máximo osobjetivos do Projeto, as matériasganharam uma roupagem dife-renciada, tornando-se de grandeimportância não só para informaro leitor, mas também para servirde temática de reflexões e discus-sões do público-alvo, dentro desuas salas de aula: alunos do ní-vel médio dos colégios públicosde Viçosa.

O Outro Olhar é isso, umProjeto Cidadão. Trata-se do ca-samento de uma atividadelaboratorial do Curso de Jorna-lismo da UFV com a prestação deum serviço a esses jovens de ins-tituições públicas que carecem dematerial didático. A proposta épromover a conquista de novosconhecimentos e a reflexão so-bre assuntos atuais. O tratamen-to jornalístico adequado é umaforma de incentivo ao hábito daleitura e ao exercício da interpre-tação de textos com temas de realimportância em suas formaçõescidadãs.

Prof. Joaquim Sucena Lannes

ErrataO mês da décima edição do

Outro Olhar é março, e nãojaneiro como publicado no

número anterior.((

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opinião

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Funk, da periferia para todo o país

LARISSA LACERDA

Superficialismo, ditadura, algo pas-sageiro, culto ao corpo perfeito,futilidade, roupas caras e chiques,beleza e estética, foram essas algu-mas das respostas que obtive aofazer uma enquete nas ruas de Vi-çosa sobre o que é a moda e o queela representa.

A palavra moda vem demode, do francês, e modu, do la-tim, ambas significam modo, ma-neira. É, em primeiro lugar, uma for-ma de comunicação, de expressaratitudes, idéias, estilo e comporta-mento. A maneira como agimos enossa posição perante à socieda-de em que vivemos são transmiti-das pela moda, sem que muitasvezes nem percebamos. Ao usaruma simples blusa branca e umacalça jeans, estamos comunican-do algo, por mais que pareçam pe-ças de roupa simples, corriqueirase sem muita elaboração.

É necessário esclarecer quemoda é um fenômeno sócio-cultu-ral bastante amplo que expressa ocontexto político e sociológico. Amoda não significa exclusivamentealta-costura. Estilismo e design sãoelementos que complementam o

conceito de moda, além de seremexpressões artísticas.

A última coleção de inver-no dos famosos estilistasDomenico Dolce e StefanoGabbana é inspirada na Revolu-ção Francesa do século XVIII, erevive a história através de botas,jaquetas, calças, cintos e vestidosque revivem a doçura louca e fe-minilidade de Josefina, além dapompa e a confiança do memorá-vel general francês NapoleãoBonaparte. As peças produzidaspor Dolce e Gabbana são uma for-ma de arte, assim como a arquite-tura, a música e as artes plásticas.

Segundo a consultora demoda Kellen Marques, para se en-tender o caleidoscópio compostopor peças clássicas associadas àsextravagantes e por tendênciasépicas associadas às modernas, asmentes precisam estar abertas aostrabalhos dos estilistas. Kellenafirma que se engana quem pensaque se vestir bem é sinônimo dealta-costura, pois o mundo dastendências e da criatividade en-globa desde os famosos estilistasda Itália até os artesãos do nor-deste brasileiro. Buscar seu sen-so de estilo próprio em roupas que

lhe caem bem e que são confortá-veis é a melhor maneira de fazer ouso correto das tendênciaslançadas a cada estação.

O uso de roupas e acessóri-os significa muito mais do que arti-fícios de figurino, são resultado dojeito de ser de cada indivíduo. Seimportar com tendências e ajustá-las ao seu gosto e estilo não signi-fica necessariamente se escravizarao culto da estética e da beleza ouser fútil, uma vez que a verdadeiraessência do mundo da moda é seroriginal e transmitir personalidade.

Moda, uma futilidade ou utilidade?

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RENATA LOURES

O Funk ganhou espaço na mídiabrasileira quando artistas comoClaudinho e Buchecha começarama falar de amor em suas músicas. Ochamado “Funk Sensual” se tor-nou sucesso em todo o país e con-quistou até mesmo lugares já do-minados por outros ritmos, comona Bahia.

A música Funk foi difundi-da nas camadas mais pobres devi-do à sua produção fácil e barata, elogo se tornou uma porta-voz dasclasses mais baixas. Por isso, o pre-conceito com esse estilo de músi-ca é também uma discriminação so-cial. Comentários associando o mo-vimento à violência são constan-tes. Mas será mesmo o Funk

culpado por parte da criminalidadeem nosso país e em nossa cidade?O “Funk Proibidão”, que fala detráfico de drogas e até enaltece fac-ções criminosas, pode ser um es-tímulo à violência para jovens queencontram no terror a única formade se tornarem visíveis aos olhosda sociedade. Mas o “Funk Meló-dico” fala de amor, idéia totalmen-te contrária à violência.

Esse estilo musical desa-grada muita gente porque aindapensamos que movimentos musi-cais só podem ser criados por in-telectuais. O som do Funk saiu dogueto, deixou de ser somente umproduto com fins lucrativos e pas-sou a pertencer à mesma classe daMPB, que reverencia mudançassociais, econômicas e políticas.

Tal movimento originário das clas-ses menos favorecidas está mu-dando a cabeça de muita gente, atémesmo intelectuais e governantesque, alertados pela voz da perife-ria, tendem a rever suas posiçõessociais perante alguns aconteci-mentos. A questão não é se o Funké violento ou não, e sim, quem ofaz violento através da forma dedivulgá-lo ou de apreciá-lo.

Longe de casa

shinybinary.com

ÁBDON JÚNIOR

A maioria das pessoas têmsaudades dos tempos de cri-ança. Tempo em que podiabrincar, se divertir, “aprontar”,tudo isso sem grandes conse-qüências e responsabilidades.Mas o tempo passa e com aidade surge a maturidade. De-vemos procurar nossos própri-os caminhos. Para quem optapor estudar, a fim de se tornaralguém na vida, o caminhopode estar bem longe de casa.

A maior parte dos es-tudantes de Viçosa vem de ou-tras cidades e até mesmo deoutros países. Deixam para trásos pais e os amigos, em buscade uma melhor formação aca-dêmica. De repente se vêemnuma nova cidade, cercados pornovas pessoas. O que fazer?

Para o estudanteRicardo Pena, há três anos emViçosa, o mais importante énão deixar que a saudade decasa atrapalhe: “No começo, aadaptação é realmente difícil.A vontade é de desistir, jogartudo pro alto e ir embora. Mascom o tempo você vai se adap-tando e as coisas se tornammais fáceis”, diz.

Um outro desafio paraquem vem de outras cidades é aconvivência em grupo, nas cha-madas repúblicas de estudan-tes. Respeitar a individualidadede cada um e saber onde termi-na o seu direito e começa o dooutro é de fundamental impor-tância para uma boa relação.Morando sozinho e longe decasa, o estudante tende a se tor-nar, pelo menos na teoria, maisresponsável. Não terá mais o painem a mãe para resolver as coi-sas por ele. Passa a caminharcom as próprias pernas.

Morar sozinho, longede casa e longe dos pais, temsuas vantagens e desvanta-gens. O que o estudante nun-ca pode esquecer é que ape-sar da liberdade, trará consigouma enorme responsabilidade.

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A Câmara também é sua((

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cidade

LARA MARQUES

Francisco Augusto de Freitas che-ga ao número 5 da Praça do Rosá-rio, no Centro de Viçosa, às6h30min. Ele executa serviços ge-rais, como limpeza e entrega dedocumentos, oito horas por dia.“Tenho que chegar sempre no ho-rário correto, para ver quem estátrabalhando, quem não está”.

Pela manhã, Elizabete Valé-ria Francisco vai da Rua CapitãoJosé Maria até o local onde funci-ona a Prefeitura. Ela cuida da faxi-na do segundo andar do prédio,todos os dias até as três da tarde.

O local de trabalho dessesdois personagens é o mesmo: aCâmara Municipal de Viçosa. Masenquanto Francisco, apesar docansaço diário, acompanha as reu-niões semanais para obter informa-ções sobre os projetos aprovadosou não pelos vereadores da cida-de, Elizabete não demonstra inte-resse em interferir nas reuniões.

Afinal, por que participar,reivindicar e sugerir prioridades doGoverno Municipal? Qual a impor-tância do trabalho dos vereadores

e em que eles intervêm na vida decada cidadão?

A Câmara Municipal de Vi-çosa começou a funcionar em 12de abril de 1877, quando o Brasilainda era Império governado porDom Pedro II. Desde então, é pal-co das principais discussões po-líticas e trabalha pela organiza-ção social e estrutural da cidade.São onze vereadores que se reú-nem toda terça-feira às 18h30min.Na primeira parte da discussãofaz-se a leitura de correspondên-cias e das propostas de projetose, após um intervalo, os represen-tantes discutem e votam os pro-jetos apresentados.

Também há um momento re-servado à fala dos cidadãos. Nachamada “tribuna livre”, as pesso-as podem aproximar osgovernantes da realidade em quevivem, além de criticar e sugerirações para o Município. Avereadora Vera Saraiva lamenta queessa ainda seja uma prática poucorecorrente e reafirma sua importân-cia como uma das formas de ga-rantir a melhoria da qualidade devida da comunidade. “Geralmente,

alguma associação de bairro vem epede ao vereador para entrar comaquele projeto. Se o assunto for in-teressante, ele pode transformar-se em lei”, completa.

Todos têm o que reivindi-car: pouca opção de lazer, calça-mento mal conservado, coleta delixo precária e falta de sinalizaçãosão alguns dos problemas apon-tados por estudantes de EnsinoMédio em Viçosa. Para estes ca-sos, a Câmara mantém um recur-so que se chama “indicação”, noqual solicita ao prefeito que re-solva a situação exposta pela co-munidade. É um incentivo paraque os representantes escolhi-dos trabalhem em prol das neces-sidades mais urgentes de Viçosa.

Para despertar o interes-se dos jovens em relação à par-ticipação política, a Câmara estáinvestindo num projeto chama-do Câmara Cidadã, que pre-tende esclarecer o papel dos ve-readores e o funcionamento dainstituição. Nas escolas serãodistribuídas cartilhas informati-vas e promovidos debates so-bre o assunto.

Tão importante quanto su-gerir, reclamar e procurar informa-ções sobre a atuação dos verea-dores e prefeito é vigiar o PoderPúblico, assim como Francisco deFreitas faz durante o expedientecom os funcionários da Câmara.Sobre o trabalho dos vereadores,ele tem opinião formada: “eu achoque eles deveriam se preocupar emfazer algo que atinja todo mundo,para ajudar a sociedade. Para issoeles foram eleitos: trabalhar em con-junto com o Executivo e fazer o me-lhor pra cidade”.

Conheça o processo de aprovação dos projetos para o município

Quem elabora?Prefeito, vereadores, Secretarias Municipais e comunidade, esta através de abaixo-assinado. Os cidadãos também podem participardas reuniões da Câmara e sugerir pautas de discussão.

Como é a votação?O projeto é lido na reunião ordinária e votado durante três semanas. Nas duas primeiras, o vereador pode retirar o projeto de votação, pordois processos. No chamado “vista”, quando deseja esclarecer algum elemento do texto com o autor, o processo de discussão éinterrompido por sete dias. Já no “sobressamento”, há suspensão por tempo indeterminado.

A aprovaçãoPara a aprovação, os vereadores podem alterar o texto através de emendas supressivas - que eliminam um artigo que o vereadorconsidera inconveniente – ou complementares – com o acréscimo de informações.

A publicaçãoApós a discussão na Câmara, o prefeito tem o poder de vetar o projeto ou parte dele. Os vereadores ainda julgam essa decisão e opresidente da Câmara assina e publica o parecer final.

Arte: Lara Marques

Confira o queacontece na Câmara

Municipal deViçosa no site:

www.camaravicosa.mg.gov.br

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((cidade

Um espaço para todosANA MARIA AMORIM

O significado de uma praça não seresume a tijolos, pedras, areia e ci-mento. Local público, a praça é umambiente propício para a troca, en-contros, integração, discussões.Com a intenção de melhorar a con-dição do bairro Bela Vista, os mo-

Como este, muitos cães em Viçosa não possuem lar

Clarice Machado

C o m o a d o t a r :

C l o t i l d e :( 3 1 ) 9 9 6 5 - 2 9 0 0

D e p a r t a m e n t od e v e t e r i n á r i a :3899-2312

Meu amigo cão de ruaCLARICE MACHADO

Os cães de rua já fazem parte dapaisagem de Viçosa. A praça daigreja matriz, o calçadão e ocampus da UFV são alguns de seuspontos preferidos. Apesar de sujose sarnentos eles possuem certagraça e beleza. O jeito malandro edesavergonhado não escondetraços de inocência, mas é o olharo que mais se destaca. É um olharde doce melancolia, capaz deamolecer até os mais duroscorações. Assim são os cãesvadios de Viçosa.

A grande quantidade deanimais de rua preocupa aPrefeitura Municipal. SegundoMarcelo Santana, chefe doDepartamento de Fiscalização, oscães geram um grande incômodo àpopulação: “Eles procriam muito,remexem o lixo e fazem bagunça ànoite. Fora as doenças que podemtransmitir, como a raiva e outras deque são hospedeiros, como aleishmaniose”. Para agravar asituação, acredita-se que ascidades vizinhas têm mandado

contingentes cada vez maiores decães sem dono para Viçosa,justamente porque a cidade possuium canil.

Tamanha preocupaçãolevou a Prefeitura a firmar umaparceria com a UFV. Ela investiucerca de 60 mil reais na construçãode um novo canil dentro docampus. Ficará a cargo daPrefeitura a apreensão e aalimentação dos animais. Já aUniversidade será responsávelpelo tratamento e pelo destino dosmesmos. As obras estão emandamento e a previsão é que onovo canil seja inaugurado noinício de junho.

Adoção: um ato de amor

Assim que são apreendidos, oscães passam por uma limpeza etratamentos para se livrarem dequaisquer doenças. Já cuidados evacinados, muitos desses cães setornam disponíveis para adoção. Aartista plástica Clotilde BorgesMaestri é um exemplo de carinho ededicação aos cães sem dono, além

de ser membro daSociedade Viço-sense de Proteçãoaos Animais. Regis-trada desde o ano2000, essa entidadetambém recolhe etrata os animais derua. Clotilde cuida eabriga hoje em suacasa mais de 80 cães,todos prontos paraa adoção. A entida-de sobrevive deajuda financeira devoluntários e deconvênios com a Univiçosa e aUFV. A artista plástica admite quenão é fácil ter tamanha responsabi-lidade: “É um trabalho duro. Maspegar um animal triste e doente edepois vê-lo brincando saudávelnão tem preço”.

Clotilde e dezenas depessoas que passaram peloprocesso de adoção afirmam queesses cães, quando estãosaudáveis, limpos e bem amados,são tão carinhosos e alegresquanto quaisquer cães devem ser.

radores procuraram a Prefeitura embusca de apoio na construção deuma praça. O acordo foi feito coma concessão do material pelo Mu-nicípio, sendo a mão-de-obra daconstrução responsabilidade dacomunidade.

O espaço para a construçãoda praça foi cedido pela UFV e oprojeto está em fase de elabora-ção por estudantes de Geografiae Arquitetura e Urbanismo, vincu-lado com o programa de extensãoCores da Terra, coordenado peloprofessor Anor Fiorini de Carva-lho. O projeto visa a praça como

um elemento amplo no espaçourbano, não a visualizando comomero item do bairro. No proces-so de construção do projeto, há

a análise perceptiva das neces-sidades e desejos dos mo-radores, de forma a se terum diagnóstico do modeloideal de praça.

Garantindo a familia-rização da praça como par-te da comunidade, serãoali preservadas as árvoresplantadas por crianças na

década de 80, em homena-gem ao Dia da Árvore. Há

também uma análise da localizaçãoda praça, tanto na preocupação deque os lotes vagos em sua proximi-dade sofram com a especulação imo-biliária como na projeção visual deBela Vista. O bairro recebeu essenome devido ao seu ponto – há umavisão privilegiada da cidade, asse-melhando-se a um mirante.

Com a grande recepti-vidade dos moradores demonstra-da em reuniões e dedicação dosenvolvidos, o projeto torna-se só-lido. Construir uma praça periféri-ca contribui para a integração dacomunidade e exige dedicação paraque se tenha um resultado favo-rável ao perfil do bairro. O estu-dante de Arquitetura FernandoCardoso afirma que a idéia dapraça é baseada no que as pes-soas sentem e necessitam. So-bre as dificuldades, acredita que“quanto maior o problema, mai-or o aprendizado”.

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Clarice M

achado

Arte: Carolina Rocha

Abra sua casa e seu coração e dêboas vindas a um novo grandeamigo: o (ex) cão de rua.

Page 6: Jornal OutrOlhar | Edição 11 | Julho de 2007

cultura

Mais harmonia e sucesso com a arte do Feng ShuiGISELE GONÇALVES

Namoros mal resolvidos, desen-tendimentos com os pais, tensãopré-vestibular, escolha do cursocerto, candidatos por vaga... ques-tões difíceis de resolver, não é?

Não é não, quando se apli-ca o Feng Shui em sua vida e nomeio em que você vive.

Feng Shui é uma arte chi-nesa que busca harmonizar o am-biente, transformando sua vida etrazendo bons fluidos. Esta har-monia é alcançada através de uma

energia denominada chi, que é aforça da vida.

Você, e somente você, é oresponsável por criar energias po-sitivas ou negativas dentro da suacasa, a partir dos seus pensamen-tos, sentimentos, hábitos e os mes-mos são dependentes dos obje-tos e cores que rodeiam o ambien-te onde você vive.

Segundo a consultora datécnica Áurea Céli, “a nossa casaé como o ser humano, precisa depouca coisa para viver bem. O queprecisamos é ativar o Baguá emnossas vidas”.

O Baguá é o símbolo doFeng Shui, utilizado para protegeros ambientes contra as energiasnegativas. Ele tem forma octogonale é dividido em várias cores e par-tes diferentes que representam umbem do ser humano: saúde, pros-peridade, criatividade, família, re-lacionamento, sucesso, trabalho,espiritualidade e amigos. Você co-loca o talismã no seu ambiente coma posição que desejar, de acordo

com a necessidade de um bem nasua vida.

A técnica do Feng Shuitransforma sofrimento e estresseem satisfação interior e felicidade,

além de possibilitar o alcance deseus objetivos. Por isso frases dotipo “quem acredita sempre alcan-ça”. É o pensamento positivo quepermite o êxito.

Uma academia para turbinar as suas idéias

Membros da Academia de Letras de Viçosa concedem palestra em colégio

O Baguá protege os ambientes dasenergias negativas

MICHELLE BASTOS

Existe na cidade a Academia deLetras de Viçosa, em funciona-mento desde 23 de novembro de1985. Porém poucas pessoas têmconhecimento, algumas vezes porignorar as atividades realizadaspor uma instituição deste tipo.

Segundo a e sc r i t o raAparecida da Silva Simões,presidente da ALV, a Acade-mia de Letras procura cabeçaspensantes na c idade , inde-pendente de posições sociais,e dá a oportunidade de se ex-pressarem, buscando e fazen-do vir à tona a essência lite-rária que há nelas.

As principais vantagensque a Academia propicia à cida-de de Viçosa é a possibilidadede promoções culturais, comopalestras, lançamentos de livrose bienais, e maior visibilidade no

âmbito literário, estabelecendoum canal de comunicação com omeio cultural nacional, apoian-do e orientando jovens talentos.

A estudante da EscolaEstadual Santa Rita de Cássia,Janaína da Silva, de 16 anos, émembro da Academia de LetrasMirim e diz ser beneficiada,pois o seu rendimento escolare relacionamento com os ami-gos melhoraram, além disso,sua timidez diminuiu com a práticada declamação.

Uma das formas de parti-cipação direta da sociedade é aapresentação de trabalhos escri-tos ou performances, como de-clamações, que criam a oportu-nidade para se conhecer pesso-as que trabalham na área.

Sede provisória da Acade-mia, o prédio localizado à Rua So-fia Bernardes, 294, no bairroSanta Clara, funciona como lo-

cal para as reuniões semanaisdos acadêmicos, quando mem-bros efetivos e correspondentesreúnem-se para discutir assuntosque envolvam literatura.

Ter boas idéias não bas-ta, é preciso expressá-las, e édessa forma que a Academia de

Letras de Viçosa trabalha, dan-do oportunidade a todos de mos-trar o que pensam e tendo aces-so às idéias alheias. “Quem temvivacidade se dá melhor mos-trando coisas para os outros, doque guardando conhecimento”,lembra Aparecida.

( ( ((6

Michelle B

astos

Dê uma chance a você, seguindo

as dicas abaixo:

Mente organizada permite a força para a batalhadiária. Acredite mais em você.

Pegue pedrinhas quartzo branco (encontra-se emlojas esotéricas), coloque-as na testa e com três de cadavez , mentalize o seu desejo.

Coloque em seu quarto uma gravura ou foto dauniversidade que almeja ingressar, acredita e sinta quevocê já conseguiu.

Lembre-se: P + O = S. Esteja sempre Preparado

para o mais difícil, pois Oportunidades surgirão e vocêfacilmente obterá o Sucesso.

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ulga

ção

Page 7: Jornal OutrOlhar | Edição 11 | Julho de 2007

Uma África que poucos conhecemMARCOS ALVES

A cidade de Viçosa, por conta daUniversidade Federal, abriga estu-dantes das mais variadas regiões doBrasil. O que muita gente não sabeé que aqui também vivem estudan-tes vindos de outros países, e atémesmo de outros continentes, comoa África.

Atualmente, moram e estu-dam em Viçosa mais de trinta africa-nos, provenientes de países comoAngola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,São Tomé e Príncipe, Moçambique

e Senegal. São jovens que deixa-ram o conforto do lar e o aconche-go da família para realizar um so-nho: conquistar um diploma decurso superior.

A saudade de casa, segun-do eles, é o que mais dificulta a es-tada aqui. Muitos só voltarão paraseus lares quando se formarem. Masnão é apenas a saudade que os in-comoda. A grande distância que ossepara de suas famílias faz com quese sintam indefesos e frágeis emmomentos delicados, como aconte-ceu recentemente. Um atentado co-

metido con-tra um grupode estudan-tes africanosem Brasília,na UnB, foinotícia em di-versos jor-nais e deixouos africanosdaqui inse-guros e apre-ensivos.

Excetoem raros

momentos, os africanos levam umarotina igual a de qualquer outroestudante: estão sempre fazendonovos amigos e curtindo algunsmomentos de descontração. Separa a maioria dos estudantesdescontração tem muito a ver comfesta, para os africanos não é di-ferente. O interessante é que elescostumam promover as própriasfestas. Nesses encontros, que nãotêm uma periodicidade certa (ge-ralmente coincidem com o aniver-sário de algum deles), são servi-dos pratos como katchupa, siga,cafriela e calulu, além de bebidascomo a carolas, todos típicos depaíses africanos. Vale ressaltarque essas festas não são restritase contam também com a presençade diversos brasileiros.

Apesar da saudade de casae da família, os jovens africanosgarantem que não encontram mui-tos problemas para se adaptar aonosso país e à nossa cultura. Noentanto, uma vez ou outra sãosurpreendidos por alguns de nos-sos hábitos e muito freqüente-mente se espantam com a visão

equivocada que os brasileiros têmda cultura africana, como diz oestudante de Economia, AbdulBandeira Cravid: “As pessoas seconfundem. A África não é umpaís, é um continente com diver-sos países diferentes, cada umcom seus costumes e culturasdiferentes”. A crítica se estendeaté mesmo à mídia, que, paraAbdul, passa uma imagem marti-rizada da África.

De um modo geral, enxergaro que realmente seja a África ou acultura africana parece estar longede se concretizar para a maioria dosbrasileiros, mas não é algo impos-sível. É o que ressalta o estudantede Gestão do Agronegócio, Ló Ju-lio Mango: “O que os jornalistas eas outras pessoas também tinhamque fazer é tomar mais cuidado,pesquisar e apurar melhor as infor-mações antes de formar qualqueropinião a respeito dos países afri-canos. Lá, como em qualquer ou-tro lugar do mundo, existem coisasboas e ruins. Não é só pobreza, mi-séria, fome e guerras, como nós ve-mos na televisão”.

REBECA MORATO

Com a Revolução Industrial, que levou à mecanização da indústria, otermo “artesão” passou a ser associado àquele que produz objetos quepertencem à chamada cultura popular, atra-vés de técnicas transmitidas de pais parafilhos, permanecendo no âmbito familiar.Entretanto, em seu surgimento, o artesa-nato não era apenas os bordados, crochêse pinturas que sempre nos vêm à cabeçaquando pensamos no termo; vai além,considerado essencialmente como o pró-prio trabalho manual, não industrializado,de um artesão.

É comum encontrar na sociedade avisão de que a produção artística eartesanal é vazia, ás vezes fútil. Há quemacredite que só serve para tirar uma rendaextra no final do mês. Mas de acordo comas pesquisadoras Roberta Puccetti e Ma-ria Eugênia Castanho, a produção artística deve ser vista como arte-educação, uma vez que esta estimula os processos cognitivos: desen-volve o raciocínio lógico, a coordenação motora, a memória, a percepção

A arte ao alcance de suas mãos visual, a capacidade de comunicação e a autonomia.

E quem disse que para produzir artesanato a pessoa tem que ter odom, estava errado! Sim, pois hoje basta sentir interesse para aprender afazer algo. Foi o que aconteceu com Luis Gonzaga, professor da UFV. O

seu interesse em aprender a fazer traba-lhos manuais o levou a pesquisar sobre amanufatura de facas, feitas em aço e ma-deira. Hoje, Luis produz facas artesanaiscomo um hobbie, uma terapia de relaxamen-to, através da qual aproveita diversos ti-pos de materiais, como chifres, madeiras eaté molas de carros.

Muito mais do que a cultura co-mum à qual estamos acostumados, o arte-sanato abrange um universo de possibili-dades. De um pedaço de madeira podemsurgir esculturas, talheres e até mesmoaeromodelos, que são pequenos aviõesem miniatura. Para aprender é fácil: exis-tem até sites especializados que ensinam

passo a passo como produzir o que desejar. Além de estimular o inte-lecto, as atividades artísticas podem contribuir para mandar todo oestresse embora.

Para Luis, produzir facas artesanalmente é uma terapia

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Izabel Pompermayer

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Mesmo no Brasil, a tradição das roupas típicas africanas.

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Por dentro do cigarroBRUNO LIMA

O cigarro mata. E mata muito. É res-ponsável, segundo pesquisa feitaem 2003 pela Organização Mundi-al de Saúde (OMS), por 4,9 milhõesde mortes anuais. Só no Brasil mor-rem 200 mil por ano, o equivalentea mais que o dobro do número dehabitantes de Viçosa.

Os malefícios do tabagismosão muitos. Pode causar cerca de50 doenças como o câncer de pul-mão, leucemia e infarto. Além dis-so, é capaz de provocar impotên-cia sexual no homem, complicaçõesna gravidez, aneurismas arteriais,úlcera do aparelho digestivo, infec-ções respiratórias e trombosevascular. Mas qual é a explicaçãopara isso?

Quando a fumaça do cigar-ro é tragada, ela vai direto para opulmão, distribuindo-se pelo sis-tema circulatório rapidamente. Emapenas um minuto, o volume totalde sangue do corpo passa pelopulmão, espalhando pelo organis-mo todas as substâncias tóxicaspresentes no cigarro, isto é, 4720substâncias tóxicas.

Como se pudesse ignorar

os efeitos assustadores do taba-co, a população jovem tem engros-sado a fileira dos fumantes. NoBrasil, segundo o Inca (InstitutoNacional do Câncer), existem 2,67milhões de jovens fumando, sen-do 370 mil deles na faixa dos 10aos 14 anos. De acordo com espe-cialistas, o índice de adolescentesfumantes está aumentando empaíses em desenvolvimento comoBrasil, Argentina, Uruguai e Chile.

A grande jogada das in-dústrias tabagistas é seduzir osjovens, afinal eles irão reporaqueles que deixaram de fumarou então morreram. A prova dis-so é que 90% dos dependentesdo cigarro começam a fumar an-tes dos 19 anos.

Ao contrário do passado,quando fumar dava um ar deglamour, já que os galãs do cine-ma sempre andavam com um ci-garro na mão, os adolescentes dehoje sabem muito bem dos riscosdo tabagismo. “Estou tentandoparar de fumar, sei dos riscos, fi-quei um mês sem fumar, mas vol-tei”, conta Joaquim, estudante doEnsino Médio da escolaESEDRAT. Os motivos que os le-

vam são outros. Eles vêem o cigar-ro como uma possibilidade de “re-frescar a cabeça” dos problemas.

Refrescar a cabeça signifi-ca ingestão de nicotina, uma dro-ga que estimula a produção, pelascélulas do cérebro, de substânci-as chamadas neurotransmissores.Essas substâncias são responsá-veis por dar a sensação de prazerque o fumante tem ao tragar a fu-maça do cigarro. No entanto, comingestão contínua de nicotina, océrebro se acostuma e passa a pre-cisar de doses cada vez maiorespara manter o mesmo nível de sa-tisfação que tinha no início. É por

Técnicas de restauro garantem a conservação de obras antigasELGA MÓL

Com o passar dos anos, a simplesexposição à atmosfera coloca emprocesso de decomposição edifí-cios, quadros, imagens e fotogra-fias. O oxigênio do ar entra em con-tato com os metais e outros com-ponentes dos objetos, e reage comos mesmos em uma reação de oxi-dação. Esse processo resume-sena perda de elétrons, que acarretao acúmulo de ferrugem e manchasnas peças. Há ainda, além do des-gaste natural, uma infinidade defatores que danificam e alteram asobras, como cupins, carunchos,quedas, queimaduras, uso de pro-dutos de limpeza inapropriados,poluição e até a umidade do ar.

A antiga casa de passeio doex-presidente Arthur da SilvaBernardes, com seus mais de 80anos, sofreu com todos esses fa-tores. Para ser aberta à comunida-

de viçosense como o museumemorial Casa Arthur Bernardes,em 1996, a construção passou porum longo processo de restauraçãopara mostrar aos futuros visitantesdo museu como era a casa em que oex-presidente vivia. As técnicasusadas - de restauro -, agem no sen-tido de eliminar todos os efeitos queo desgaste do tempo causa. Um projeto de restauraçãopressupõe várias atividades, comopesquisa histórica, concepção, de-senvolvimento e realização daobra. Cada peça a ser restauradadeve ser estudada, a fim de que otrabalho resulte, fielmente, na obraoriginal. Após a pesquisa, deve-se conceber e definir as técnicasque serão utilizadas para cada ob-jeto, levando em conta o material aser restaurado e o resultado finalalmejado. Essas técnicas seguemum padrão, como afirma a restau-radora do Museu Arthur

Fique atento!

A lei n° 9.294 proíbe o uso de cigarro e de seus derivados emrecinto coletivo, privado ou público, tais como repartiçõespúblicas, hospitais, salas de aula, bibliotecas, ambientes detrabalho, teatros e cinemas; exceto em lugares específicos parafumantes.

Bernardes, Helena Fortes. Inicia-se com uma limpeza a seco do ma-terial, seguida dos processos deimunização, reconstituição dosuporte, l impeza química,nivelamento, reintegração de co-res e, por último, é aplicado o ver-niz de proteção na peça, com finsde conservação.

Após todo o processo, ain-da há de se ter certos cuidados tan-to na limpeza - usando produtospróprios -, quanto no monitora-mento das peças restauradas.Todoo árduo trabalho de restauro, namaioria das vezes, passa desper-cebido. Não há uma valorização doprocesso e sua extrema importân-cia cultural para a sociedade. “Émuito importante essa questão,também, da educação patrimonial,porque você estará relatando paraas pessoas como são as técnicas,o que é preciso, o que é prioridade,quais são os agentes deletérios

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ciência

isso que, com o tempo, os fuman-tes precisam fumar mais e mais ci-garros. Pois aconteceu com eleso que achavam que nunca iriaacontecer: tornaram-se viciados.

De sinônimo de rebeldia,glamour e auto-afirmação, o ci-garro se tornou sinônimo de do-ença e dor de cabeça. Quem é fu-mante pode tentar parar pelo mé-todo imediato (marca um dia enunca mais fuma) ou gradual (vaidiminuindo o número de cigarrosaos poucos). Ou pode ainda pro-curar ajuda médica. Quem preten-de começar a fumar, precisa ler otexto de novo.

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A instituição brasileiraque disponibiliza estudona área de conservaçãoe restauração de bensculturais no país é aFAOP - Fundação deArte de Ouro Preto, queoferece um cursotécnico de três anos emConservação eRestauração de BensCulturais. Para maisinformações, acesse osite da fundação:www.faop.mg.gov.br

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que danificam mais a obra”, contaHelena. Com esses conhecimen-tos, a população se empenhariaem conservar o patrimônio públi-co, guardando um bem que é detodos e colaborando para a per-petuação da nossa história.

O tabagismo provoca vários males, como câncer de pulmão e necroseD

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Parece mentira, mas não é

Bic – Júnior: proporcionando a descoberta de jovens cientistasVICTOR GODOI

Sábado, sete horas da manhã. En-quanto a maioria de seus colegasestá dormindo, as estudantes dosegundo ano Paula Soares, da E.E.Santa Rita de Cássia, e Edna ThaísMoraes, da E.E. Effie Rolfs, pre-param-se para ir ao laboratório deNutrição da UFV atender mais umvoluntário em sua pesquisa.

A princípio pode parecerestranha a presença das alunas doEnsino Médio no laboratório da

Universidade, mas é esta a pro-posta do BIC – Júnior (ProgramaInstitucional de Bolsas de Inicia-ção Científica Júnior): “favorecero aluno do Ensino Médio ampli-ando sua formação e permitindoque mantenha contato com umprojeto científico, despertando ointeresse pela pesquisa científi-ca”. A cada período letivo são ofe-recidas 44 bolsas de 100 reais aosestudantes de sete escolas esta-duais de Viçosa e do Colégio deAplicação – COLUNI.

Paula e Edna foramselecionadas entre os alunos deseus colégios por apresentaremmédia igual ou superior a 80 pon-tos. Segundo a ProfessoraAristéia Alves Azevedo, coorde-nadora do Programa BIC – Júniorna UFV, as escolas têm autono-mia para selecionar os alunos quejulgarem mais adequados para oprograma, se eles cumprirem ospré-requisitos.

Os estudantes contempla-dos com as bolsas devem dedicaruma carga horária de oito horassemanais para as atividades em la-

RENATA AMARAL

Ilhas de calor, inversão térmica, efei-to estufa, aumento da temperatura.O aquecimento global nunca foi tãodiscutido. A quantidade de repor-tagens que vemos na mídia é bemextensa e, em alguns casos,preocupante. No entanto, ouvimosprevisões que só vão acontecernas próximas décadas e acaba fi-cando difícil tratar do assunto e, aomesmo tempo, chamar a atenção eser convincente. Parece longe, dis-tante de todos nós. Mas não é.

Em quase 30 anos, de 1968a 2005, a temperatura média em Vi-çosa subiu cerca de 2°C. Pode pa-recer pouco, mas já vem afetando oplantio do chamado arroz de chu-va, colhido em um período em queas chuvas já não são tão freqüen-tes. Nesse ano, os agricultores per-deram uma boa parte da colheita de-vido ao grande volume de chuvasregistrado nos meses de dezembro

e janeiro. O aumento da quanti-dade das precipitações é atribuí-do ao desmatamento, queimadase grande emissão de gasespoluentes no ar.

Aliás, a emissão de gases

poluentes na atmosfera é um fatoque tem preocupado muitos pes-quisadores. Segundo o professorde Climatologia da UFV EdsonFialho, Viçosa é o 4° município doEstado de Minas com a maior con-

centração de automóveis por habi-tante, cerca de um carro para qua-tro habitantes. O resultado é o au-mento da poluição no ar. Os prédi-os armazenam calor durante a noitee provocam o aumento da tempera-

tura do ambiente. A conseqüênciadisso é o nevoeiro que vemos pelamanhã, principalmente no outonoe inverno, resultado da inversãotérmica provocada pelos poluentespresentes no ar.

boratório, além de apresentarem osresultados da pesquisa noSimpósio de Iniciação Científica.“O resultado tem sido excelente.Os alunos do Ensino Médio têmse mostrado extremamente capa-zes de desenvolver as atividadespropostas em laboratório. E, quan-do este estudante ingressar naUFV, ele já está gabaritado para apesquisa. É muito compensadororientar um BIC – Júnior”, declaraa professora.

Paula, estudante, tambémse sente compensada. “Estar emcontato com a universidade, comos aparelhos, ter a orientadora,isto é bom, porque, caso eu passeno vestibular, já conheço tudo”.

O programa tem servidotambém para fins além da pesqui-sa. Promove, por exemplo, a in-clusão digital, já que os estudan-tes precisam aprender a utilizaro computador para fazer os rela-tórios. Muitos aproveitam o di-nheiro da bolsa para pagar cur-sos de inglês ou informática, oumesmo comprar um computador,como já aconteceu.

No ano passado, foi reali-zado em Belo Horizonte o Primei-ro Encontro Estadual do BIC –Júnior. Para a coordenadora doprograma, o encontro foi de muitavalia pois, além de conheceremestudantes de todo o Estado, naspalestras e eventos, foi a primeiravez que alguns dos estudantessaíram de Viçosa.

O grande mérito do pro-grama consiste, porém, em mos-trar ao estudante do Ensino Mé-dio que a universidade está maispróxima do que parece. “Muitosestudantes acham que a univer-sidade é uma coisa inacessível.Com o programa, pensam em con-tinuar estudando. O programaabre uma gama de possibilidadesque eles às vezes nem imagina-vam”, conclui Aristéia.

Se você tem vontade departicipar, fale com seu professor!O programa atende alunos do 1º e2º ano das Escolas Estaduais EffieRolfs, Santa Rita de Cássia, Raulde Leoni, Dr. Raimundo AlvesTorres, Alice Loureiro e José Lou-renço de Freitas ou do COLUNI.

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Apesar de tantos fatos,muitos moradores não acreditamque a temperatura está seguindo atendência do planeta Terra comoum todo. Pelo fato de cidades pró-ximas, como Ubá, serem mais quen-tes que Viçosa, a população se re-cusa a acreditar na existência deilhas de calor na cidade .

Um estudo realizado porestudantes e professores de Geo-grafia da UFV mostra que o centroé cerca de 3°C mais quente se com-parado a bairros como Nova Viço-sa. Em certos períodos, a diferençachegou a quase 6°C em relação àMata do Paraíso.

Não está em nossas mãosacabar com a poluição por comple-to. Mas cada um pode fazer a suaparte e não jogar lixo no chão, porexemplo. Reaproveitar garrafas esacolas de plástico. Gastar menosenergia elétrica, demorar menos to-mando banho. Coisas pequenassão as que mais fazem a diferença.

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Divulgação

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IZABEL POMPERMAYER

CDs, bolsas, tênis, documentos,remédios, filmes, jogos e progra-mas de computador são os produ-tos que mais sofrem falsificações.Como justificativas para o consu-mo destes produtos, estão o preçomais acessível e a facilidade deencontrá-los.

A falsificação, no passado,era uma atividade minuciosa, degrande dificuldade e que exigiaconhecimento e habilidade dequem se propunha a fazer esse tipode serviço. Além disso, para con-seguir uma boa cópia, era precisoinvestir em materiais e máquinasespecíficas e caras. Hoje encontra-mos um número muito grande de

imitações em quase todo o comér-cio. As técnicas e os materiaisnecessários para criar produtosde baixo custo, semelhantes aosque já existem no mercado, sãode fácil acesso.

Na atual condição econô-mica, a oportunidade de compraruma imitação barata de uma marcabem-sucedida e de ganhar dinhei-ro com a venda desse tipo de mer-cadoria acaba seduzindo milharesde pessoas. Mas o que comandamesmo o comércio da pirataria é ovalor simbólico que a sociedadeconfere à aquisição de certos pro-dutos e marcas. Segundo MarisaAlves, professora do Departamen-to de Economia da UniversidadeFederal de Viçosa, os objetos

pirateados vendem porque imitammarcas já conhecidas e bem acei-tas pela maioria das pessoas. Osconsumidores não procuram ape-nas uma cópia de característicasmateriais. A obtenção de uma mar-ca – um sinal que distingue da-quilo que é comum – expressa umaidentidade, uma manifestação dapersonalidade do indivíduo e umainteração com a sociedade, umavez que as semelhanças represen-tam um compartilhamento de ide-ais entre um determinado grupo.

A Lei considera que as re-lações entre as pessoas são base-adas na honestidade e veracida-de. Assim, aqueles que não agemde boa-fé estão indo contra a Lei,ou seja, cometendo um crime.

Mais do que isso, os danos que aatividade de falsificar causa paraos consumidores, outros traba-lhadores, empresas, governos,enfim, para o mercado mundial, sãosérios. O consumo de remédiosclandestinos, por exemplo, podeagravar o estado de saúde do pa-ciente e levá-lo à morte. O uso detênis com irregularidades pode ge-rar problemas nas articulações. Autilização de produtos de belezasem controle na qualidade podedesenvolver irritações e alergias.

Ter um artigo, mesmo quefalsificado, que está em modapode ser satisfatório por um tem-po. Mas agir visando o bem es-tar de todos garante o respeito ea consideração entre as pessoas.

Ação social a serviço da juventude

Quanto vale uma imitação

ANA PAULA CAMELO

Além de cumprir leis, respeitaros direitos alheios e proteger anatureza e o patrimônio público,é dever de todo cidadão votarpara escolher seusrepresentantes, fiscalizá-los epropor ações interessantes aocoletivo. Para ajudar o cidadão

nessa tarefa, existe em algumascidades um órgão chamadoouvidoria. Segundo o viçosenseAdir Gomes da Silva, a ouvidoria éuma possibilidade de falar,denunciar, sem a necessidade dese expor. Mais que isso, elafunciona como um elo entregoverno e cidadão.

A ouvidoria Municipal é

Ouvidorias aproximam administradores e população

TARCIANE VASCONCELOS

“A gente faz tudo o que pode praajudar...” A frase traduz o compro-metimento dedicado ao projetoApoio e Intercâmbio Escolar eProfissionalizante, realizado em Vi-çosa pela Paróquia Santa Rita deCássia. A iniciativa oferece, desde2004, um curso pré-vestibular anu-al para alunos de baixa renda e pro-venientes de escolas públicas.Coordenada por voluntários, con-ta com a participação de professo-res da UFV e do COLUNI - Colégiode Aplicação.

As aulas acontecem nasala 207 do Edifício Padre Carlos

Baêta Braga, na Praça SilvianoBrandão, das 19h às 22h30min, desegunda a sexta. A maioria dos alu-nos trabalha durante o dia e, ape-sar das dificuldades, o índice dedesistência é baixo.

Por ano, cerca de 180 jovensconcorrem as 40 vagas oferecidas,e os candidatos são selecionadosatravés de provas de Português eMatemática. Além disso, passampor uma avaliação do nível sócio-econômico.

Os alunos devem contribuircom 18 reais por mês para financiaro material utilizado e a compra deequipamentos. Os alunos recebemlivros emprestados, e o material

complementar como lista de exer-cícios e demais atividades, é sem-pre atualizado. A literatura exigidanos vest ibulares também éfornecida, e os alunos ainda po-dem fazer um simulado ao finaldo curso, no qual verificam seuaproveitamento.

Sempre que possível, osprofessores procuram dinamizar oconteúdo das disciplinas com au-las práticas, filmes e outras ativi-dades, buscando estimular e facili-tar o aprendizado. O projeto, frutodo empenho de membros da comu-nidade, traz resultados excelentes,pois todos os anos, o nível de apro-vação nos vestibulares é de quase

Estudantes do cursinho se preparampara o vestibular

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Tarciane Vasconcelos

40%. Segundo as coordenadorasEny Tafuri e Antônia Soares Bran-di, o cursinho auxilia não só o de-senvolvimento intelectual dos alu-nos, mas principalmente o relacio-namento deles em sociedade e nomercado de trabalho.

responsável por receberreclamações, denúncias e sugestõesquanto ao atendimento prestadopelos órgãos municipais aoshabitantes da cidade.Viçosa, por nãopossuir um órgão desse tipo, ofereceuma alternativa à sua população. Ritade Cássia Silva, secretária deGabinete da Prefeitura de Viçosa, diz:“A cidade não possui uma ouvidoria

e por aqui nunca ninguém falousobre o assunto”. Ela completaque, geralmente, quando umapessoa quer uma informação e nãosabe onde procurar, vai aoGabinete do Prefeito para, então,ser encaminhada à secretariacompetente. Há ainda aqueles quese dirigem diretamente àsSecretarias Municipais.10

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Medula Óssea - causa que deve ser conhecida e entendidaVINICIUS WAGNER

Tanto no caso de Leucemia comoem outras doenças do sangue, érecomendado o transplante de me-dula óssea, ação que pode salvara vida do paciente. A grande difi-culdade é a necessidade de doa-dores compatíveis. No caso doBrasil, a probabilidade de se en-contrar um deles é de 1 para 100mil. Isso pode tornar o processobem mais complicado.

Assim, foi criado um siste-ma nacional de cadastramentopara possíveis doadores. Primei-ramente, procura-se na família dopaciente. Caso o doador compatí-vel não seja encontrado, o próxi-mo passo é procurar no sistemanacional. Por isso, é muito impor-tante que cada vez mais pessoas

Diariamente, ao vivo ou através dos meios de comunicação, temos contato com muitas mortes causadas por acidentes, guerras, doenças... Aquestão é que, na maioria dos casos, ficamos imóveis, impotentes, sem saber o que fazer para ajudar ou se realmente podemos ajudar de algumaforma. Aqui em Viçosa, pessoas nos provaram que sempre há um jeito de ajudar e, para isso, não é necessário ser super-herói, ter armas, participarde guerras, ser rico... O que se precisa é ter boa vontade e, no caso de alguns, enfrentar pequenos medos.

Por onde andam os jovens

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se cadastrem, pois quanto maiorfor a lista de cadastrados, maio-res as chances de um doador com-patível ser encontrado.

O processo de doação émuito simples e indolor, pois o do-ador estará sedado ou submetidoà anestesia geral. Depois, podehaver algum incômodo na primeirasemana, controlável com medica-mentos e, dentro de 15 dias, o doa-dor já estará totalmente recuperado.

Qualquer pessoa saudávelentre 18 e 55 anos pode doar. Paraisso, basta se cadastrar no Regis-tro Nacional de Doadores Volun-tários de Medula Óssea(REDOME), coletando uma míni-ma quantidade de sangue em umcentro especializado. Se forverificada a compatibilidade comdeterminado paciente, o possível

doador será convocado para ou-tros exames e posterior decisão dedoar ou não. Um gesto simplespode ser a diferença entre a vida ea morte de uma pessoa.

Superando DificuldadesPara superar a falta de centrosespecializados em Viçosa, profis-sionais da área de saúde, em par-ceria com a Fundação Hemominasde Ponte Nova, promoveram, re-centemente, uma campanha decadastramento para possíveis do-adores de medula óssea, realizadano Centro de Ensino e Extensão daUniversidade Federal de Viçosa(CEE – UFV). Segundo a enfermei-ra Clarice Valente, a campanha foiuma iniciativa da Professora Sylviado Carmo de Castro Franceschini,Chefe da Divisão de Saúde da UFV,

contando com o trabalho voluntá-rio de cerca de 70 colaboradores eacolhendo um total de 1131 doa-dores. Este foi um bom número,pois, segundo Clarice, houve al-guns problemas técnicos na di-vulgação, além do que, sábadonão é um bom dia para se fazeruma campanha desse tipo.

A técnica em enfermagemda Divisão de saúde da UFV,Izabel Gonçalves, relata que al-gumas pessoas venceram seusmedos para doar. Ela própria dizque tem medo de agulha e doouassim mesmo. Izabel ainda lembraque algumas pessoas achavamque aquela pequena coleta desangue já era a doação de medu-la, outras pensavam que a cirur-gia de retirada da medula ósseaseria ali mesmo no CEE.

GERLICE ROSA

A juventude é sempre vista comoo futuro do país, a esperança deum mundo melhor, a certeza damudança. Mas será que é real-mente isso que ocorre? Viçosa,cidade universitária, fonte de pes-quisas, berço do conhecimento,sonho de muitos jovens. Mas énesse mesmo lugar, na Zona daMata mineira, entre as serras daMantiqueira e do Caparaó queuma outra visão é encontrada;uma cidade onde os jovens se

envolvem com a violência e pas-sam por caminhos obscuros.

Segundo o delegado depolícia, Fernando Dias, o núme-ro de jovens que são vítimas eagentes da violência tem cresci-do muito na cidade. Os menores(entre 12 e 17 anos) têm baixa es-colaridade, sendo que a maioriacursou apenas até a 4ª série doEnsino Fundamental. Os regis-tros mais freqüentes são furtosde tênis, celulares, carteiras, cri-mes contra o patrimônio e arrom-bamentos de casas; raras são as

agressões eameaças. Nos úl-timos seis meses(outubro de 2006a março de 2007)foram uma médiade 12 ocorrênci-as/mês, em cri-mes cometidospor menores;números que

correspondem a menos de 4% dasocorrências mensais. Oenvolvimento maior é de jovensdo sexo masculino. Os casos emque envolvem mulheres são mí-nimos (cerca de 12% do total).Sobre a redução da maioridadepenal, o delegado opina: “Em si-tuações emergenciais, há neces-sidade de agir de formaemergencial”. Mas também adver-te: “A polícia tem que prender edar incentivo para o crescimentopessoal. Deve haver também, porparte da família, formação ética eapoio religioso desde a infância”.

O Estatuto da Criança e doAdolescente (ECA) está registra-do pela lei nº 8069, de 13 de julhode 1990, e se propõe a divulgaros direitos e deveres dos cida-dãos de 0 a 18 anos. É atravésdesse conjunto de artigos e pa-rágrafos que os procedimentosjudiciais são norteados com rela-ção ao envolvimento de menores

em crimes. O Artigo 4º esclarece:“É dever da família, da comuni-dade, da sociedade em geral e dopoder público assegurar, comabsoluta prioridade, a efetivaçãodos direitos referentes à vida, àsaúde, à alimentação, à educa-ção, ao esporte, ao lazer, àprofissionalização, à cultura, àdignidade, ao respeito, à liberda-de e à convivência familiar e co-munitária (da criança e do ado-lescente)”. Fernando Oliveira,professor de Direito da UFV, de-clara a respeito dos papéis de-sempenhados na sociedade: “Afunção do Estado é propiciar mei-os para inserção do jovem, pro-mover educação, lazer, e desen-volver a dignidade desse jovem.Mas não é só papel nosso comocidadão participar dessa questão.É muito fácil abrir mão da sua res-ponsabilidade e transferir tudopara o Estado. E você, o que temfeito para melhorar isso?”. 11

Page 12: Jornal OutrOlhar | Edição 11 | Julho de 2007

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FELIPE LUCHETE

Parece um jogo como outro qualquer. Um grupo de pessoas reunidas, umobjetivo, dados e regras. Mas o Role Playing Game, mais conhecido pelasigla RPG, exige também a representação de papéis e se diferencia por nãoterminar com um vencedor. Neste jogo de interpretação, cada participanteassume o papel de um personagem e age de acordo com suas caracterís-ticas. A história é apresentada pelo mestre – ou narrador –, responsávelpor orientar os demais jogadores e criar desafios. O cenário da aventurapode ser ambientado na Idade Média, no Brasil colonial, nos dias de hoje,ou ainda ser baseado em livros e filmes como O Senhor dos Anéis, StarWars e Matrix.

O RPG foi criado na década de 70 nos Estados Unidos, quandoos fãs de jogos de estratégia Gary Gygax e Dave Arneson

lançaram a primeira edição de Dungeons & Dragons. Ojogo logo se tornou um sucesso e se espalhou poroutros países, possibilitando a criação de novas

ambientações. O RPG foi trazido ao Brasil nosanos 80 e passou a ser mais conhecido na

década seguinte. Ao mesmo tempo em queagrada pessoas de diferentes idades, cau-sa polêmicas quando é associado a víci-os e crimes, como casos ocorridos emOuro Preto e Brasília. Praticantes do jogoteriam confundido o limite entre fantasia e

realidade, provocando vítimas.Com o objetivo de divulgar o RPG e derrubar

mitos relacionados a ele, foi criada no ano passa-do a Associação de Rpgistas de Viçosa. Participan-

tes do grupo, Alexandre Zaca e Vinícius RennóBueno contam que a ARV pretende realizar eventos como mesas

abertas ao público semanalmente, na Estação Hervè Cordovil. Qualquerpessoa, segundo eles, pode participar.

Nem só para meninos, nem coisa de gente esquisita

A Coquetel, ramo da editora Ediouro que publicaPalavras Cruzadas, possui um projeto de inclusão deste pas-satempo no cotidiano escolar. A empresa cede gratuitamen-te às instituições de ensino brasileiras remessas de PalavrasCruzadas no “Programa Coquetel nas Escolas”, cabendo àescola as despesas relativas ao envio das revistas. Estimuleseus professores, supervisores e diretores a procurarem esteprojeto. Mais informações é só acessar www.coquetel.com.brou ligar para o telefone (21) 3882-8300.

RODRIGO RESENDE

País da Europa cuja capital é Pariscom 6 letras ... primeiro nome deTiradentes com 7 letras e a terceiraletra é A ... Sejam em revistas, jor-nais, panfletos ou até mesmo emprovas escolares, as palavras cru-zadas representam muito mais quequadrinhos a serem preenchidospor letras. Além do lazer, são umagrande fonte de conhecimento e atémesmo de cura de doenças.

As primeiras palavras cru-zadas apareceram em 1913, no jor-nal americano “The New YorkWorld”. Desde então estes desafi-os em pequenos espaços quadri-culados se alastraram por todo omundo, chegando ao Brasil em1925, no jornal “A Noite”.

Os desafios ganharam pá-ginas de jornais e revistas, e até

mesmo publicações próprias. Nasbancas de jornais há sempre umaprateleira com os diversos títulos adisposição dos fãs dos quadradinhos.Em Viçosa, a venda de revistas depalavras cruzadas é constante, deacordo com os proprietários de ban-cas da cidade. Eles indicam que al-gumas pessoas chegam a comprarmais de um exemplar por semana eaté colecionam as revistas, dizemainda que não há uma classe ouidade que compra em maior quanti-dade, visto que existem os mais di-versos títulos, nos mais diversosníveis de dificuldade.

As palavras cruzadas funcio-nam como uma via de mão dupla, tan-to para o acréscimo de conhecimentoquanto para a comprovação do saber.A dona de casa Maria Aparecida dizque sempre faz palavras cruzadasquando tem uma “folguinha” e que

acha mais importante a descoberta denovas palavras.

É comum, em tratamentoscom pessoas idosas, o uso de pa-lavras cruzadas, pois elas exigemque o cérebro realize um verdadei-ro exercício mental em busca dasletras e palavras que preenchamcorretamente os quadrados vazios.

Palavras cruzadas aliam

lazer e aquisição de conhecimen-to, duas atividades que no âmbitoeducacional são indispensáveis.Aproveite então o seu tempo livree se debruce sobre as folhas qua-driculadas em busca de novas pa-lavras e novas descobertas.

Ah... e as respostas do iní-cio da matéria? França e Joaquim,conseguiu descobrir?

Um dos interessados é o estudante da 8ª sérieVinícius Sant’Anna, que começou a jogar RPG hápouco tempo. Ele acredita que a prática estimula acriatividade e também “incentiva a pessoa pelotrabalho de equipe”. Estudante do curso deHistória da UFV e rpgista desde os 10 anos,Roberta Benzoquen afirma que o RPG não éuma atividade necessariamente masculina. Osjogadores tampouco se resumem afreqüentadores de cemitérios e delinqüentes. As-sim como a televisão e o videogame, diz ela, “tudodepende da maneira como a pessoa decide olharpara o RPG”.

Roberta ainda defende o caráter didá-tico do jogo. Por isso, integra a equipe doprojeto Aprender e Ensinar História: os Jogos de RPG na Sala deAula, criado em 2004. A iniciativa consiste em capacitar professores dasescolas de Viçosa, por meio de oficinas e manuais, a utilizar o RPG comoum instrumento de ensino. A nova ferramenta estimula a motivação,leitura, raciocínio e socialização dos alunos, como explicam os estudan-tes de História e participantes do projeto Bolívar Augusto e GoshaiDaian Loureiro. Eles ressaltam que a narrativa, o cenário e os objetivossão detalhadamente planejados para serem trabalhados de acordo como conteúdo da disciplina.

Para o psicólogo Eduardo Simonini Lopes, professor do Departa-mento de Educação da UFV, “o RPG é um exercício da fantasia, um exercí-cio de criação”, capaz de beneficiar a aprendizagem. Como toda brinca-deira, é fundamental para o desenvolvimento humano. Casos envolven-do vítimas do RPG são isolados, quando indivíduos preferem permanecerem um mundo irreal a enfrentar os problemas do seu dia-a-dia. “O proble-ma não é o jogo”, explica o psicólogo, “é o uso que cada um faz dele e oslimites que cada um vai vivenciar quando entra no jogo de criação depersonagens”.

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Lazer e conhecimento com as palavras cruzadas

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Page 13: Jornal OutrOlhar | Edição 11 | Julho de 2007

Se você já ouviu falar em Peter Henry Rolfs, Bello Lisboa, e nãoacredita que antigamente as aulas da ESAV (hoje UFV) aconteciam no Edifí-cio Arthur Bernardes (Bernardão), o Museu Histórico da UFV pode lhe com-provar isso. Fundado em 1988, o Museu possui muitas curiosidades, como aplaca do primeiro caminhão da instituição e chapéu e óculos do primeiroreitor, P.H.Rolfs. De acordo com José Ricardo dos Santos, responsável pelomuseu, o acervo do local é constituído por objetos doados por diversosdepartamentos e setores da universidade, além de doações particulares.

Casa 53 da Vila Giannetti. 2ª a 6ª, de 8h às 12h e de 14h às 18h.Entrada franca. Telefone: 3899-2653.

Vila de Curiosidades

Para quem sempre quis ver de perto pedras preciosas como ouro ediamante, este é o lugar certo. O Museu, fundado em 1993 como Museu deRochas, Minerais e Solos, hoje recebe o nome de um dos seus principaisidealizadores, o professor Aléxis Dorofeef. Ele começou a colecionar mineraisem 1935 e foi um dos pioneiros na montagem e organização dos minerais erochas que se encontram por lá.

E quem não se controla e sempre quer tocar em tudo que vê, terá essaoportunidade. Segundo Hudson Pocceschi, funcionário do museu, os visitan-tes, além de tocarem em alguns tipos de rochas e solos, podem aguçar seussentidos com experiências que misturam tato, olfato, paladar, visão e audição.

Casa 31 da Vila Giannetti. 2ª a 6ª, de 8h às 12h e de 14h às 18h.Entrada franca. Telefone: 3899-2662.

Museu de Zoologia João Moojen

TIAGO AGOSTINHO

Animais exóticos, pedras raras, um misterioso cofre, um quadro feito com palha de aço...Tudo isso pode ser encontrado aqui, bem perto de você. Para quem pensa que museu é lugarde coisas velhas e estranhas, uma viagem aos museus de Viçosa, além de contar um pouco

da história da cidade, pode nos transformar em desbravadores de curiosidades.

lazer((

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Museu Histórico da UFV

Museu de Ciências da Terra Aléxis Dorofeef

Fotos:

Rodrigo R

esendeT

iago Agostinho

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Uma sala. Imagine que você olha para o

lado e se depara com uma onça pintada. Olha para

o outro lado e percebe que tem um enorme Jacaré

do Papo Amarelo olhando para você. Ao se virar

vários macacos em galhos de árvores também o

observam. É essa a sensação que se tem ao entrar

no Museu de Zoologia João Moojen. Em 1933, o

professor João Moojen iniciou uma coleção de

animais realizando estudos e coletas zoológicas

em diversos municípios mineiros. Desde lá, vários

professores foram ampliando e acrescentando pe-

ças ao acervo do museu.Além dos animais antes citados, existem

vários outros que estão taxidermizados (processo

popularmente conhecido como empanação). O

curador do museu, professor Renato Neves Feio,

acrescenta que o local possui diversos esqueletos

(fósseis), animais no formol (substância usada para

conservar os animais) e um serpentário com mais

de uma dezena de cobras vivas.Casa 32 da Vila Giannetti. 2ª a 6ª, de 8h

às 12h e de 14h às 18h. Entrada franca.

Viajar na história e desbravar avida de um ex-presidente do Brasil. Paraquem procura tudo isso, o destino certo éo Museu Casa Arthur Bernardes. O Mu-seu possui peças incríveis como um cofreque nunca foi aberto e pertenceu ao ex-presidente. Existem muitas especulaçõesacerca do que se encontra dentro dele,mas ninguém sabe realmente o que de tãomisterioso ele guarda.

Depois de uma reforma noassoalho do museu, foram encontradasdiversas cápsulas de fuzil que chegam amedir quase meio metro. Segundo a fun-cionária Miria Mota, as peças de artilha-ria fizeram parte da Revolução de 1932,revolução esta, que teve a participaçãode Arthur Bernardes.

Praça Silviano Brandão, 69.3ª a 6ª, de 9h às 17h30min. Sábado e

domingo de 8h às 11h30min.

Museu Casa Arthur Bernardes

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Mais que importante, o esporte é fundamental

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Adolescentes e o mito da musculação

PRISCILLA SOUZA

Segundo a ONU (Organização dasNações Unidas), 10% da popula-ção brasileira possui algum tipode limitação, seja ela visual, audi-tiva, mental ou física. Essa condi-ção, em muitos casos, não as im-pedem de ter uma vida normal, tra-balhar, estudar, sair e praticar es-

ELLEN ARAUJO

À primeira vista o ponteiro dis-para. Sobre a balança, um mito:adolescentes, com idade entre 12e 18 anos, não podem praticarmusculação. Mas, despido, semas roupas da fantasia, os sapa-tos da mentira e o chapéu das fa-lácias, o ponteiro cai, e o mito,outrora forte e pesado, fica leve,como as falsas verdades. Já fra-co, desmorona quando atingidopelas palavras daqueles que oconhecem, e por isso, o combatem.

Especialista em muscu-lação, o professor do Departa-mento de Educação Física da Uni-versidade Federal de Viçosa,Carlos Augusto Cabral, garanteque pessoas que ainda não che-garam à fase adulta podem prati-car essa modalidade. Mas alerta:os jovens devem ser orientadospor profissionais que elaboremum diagnóstico de suas capaci-dades. Ele explica que, antes demeninos e meninas saírem por aí

Ellen A

raujo

Orientado pelo instrutor Lúcio Mauro, Matheus malha com o objetivode emagrecer

esportes((

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portes. Embora poucos tenhamconhecimento, essas pessoas têmpossibilidades de praticar váriosesportes, de forma adaptada.Dentre eles: atletismo, basquete-bol sobre rodas, ciclismo, futebol,natação, tênis e judô.

Em Viçosa, existe há doisanos o projeto Interagir, uma par-ceria da Universidade Federal de

Viçosa, do Departamentode Educação Física (DES),da APAE (Associação dePais e Amigos dos Excepci-onais) e recentemente daAPONE (Associação dosPortadores de Necessida-des Especiais), que temcomo objetivo principalpromover a inclusão socialdos portadores de necessi-dades especiais por meiodo esporte.

O Projeto atendecerca de 80 pessoas daAPAE e APONE, oferecen-

do natação e atletismo para osalunos. A natação atende crian-ças portadoras de Síndrome deDown ou que tenham paralisiacerebral e também adultos excep-cionais. Já o atletismo é voltadopara crianças com deficiênciamental. De acordo com EvelineTorres, coordenadora do Projetopelo DES, o Interagir está cres-cendo e há a intenção de ampliá-lo, incluindo basquete decadeirantes e musculação para osadultos da APONE.

Ainda existe preconceito nasociedade em relação aos portado-res de necessidades especiais, porisso o Interagir, ao manter ainteração social, estabelece uma re-lação que “derruba” preconceitos.Segundo Eveline, “muitas vezes aexclusão vem da falta de conheci-mento. A visibilidade que o projetooferece torna o contato mais natu-ral e auxilia no comportamento detodos que dele participam”.

Não são só estes os re-sultados que o projeto Interagirobteve. Os benefícios da inicia-tiva foram detectados pela equi-pe que trabalha com os alunosda APAE/APONE. Além de auxi-liar no comportamento social dosalunos, há melhora no equilíbrioe também na coordenaçãomotora desses.

Pesquisas na área com-provaram que a prática de ativi-dades físicas por quem é porta-dor de necessidades especiais éum grande passo na reabilitaçãoe na maior independência des-sas pessoas, refletindo tambémna melhoria do convívio social.Filomena de Fátima, tia de umadas alunas da natação, disse quesua sobrinha “gosta muito de ir,fica muito feliz, é uma maravilha.Para ela é bom porque ela temmuita força de vontade. Nãogosta de perder, quando perdeela até chora”.

levantando pesos para enrijecere aumentar suas fibras muscula-res, é necessário o conhecimen-to sobre a maneira certa de se fa-zer isso. “Primeiro é preciso ensi-

nar a eles o movimento correto.O peso é uma progressão que éfeita ao longo do tempo”.

Os adolescentes que nãorespeitam esses limites do tempo

e do corpo e caminham aos pas-sos largos sofrem o risco de ve-rem suas pernas atrofiadas, seuspassos curtos. Pois, explica o pro-fessor Cabral, o excesso de peso

lesiona as extremidades dos os-sos - epífises - e impede o cresci-mento do jovem, já que é o siste-ma ósseo responsável pelo de-senvolvimento do corpo.

A obediência aos prin-cípios da prática da musculação,além de permitir um crescimentocorporal equilibrado, gera aos ado-lescentes muitos benefícios. Espe-cialistas afirmam que a atividadeprovoca melhorias no metabolismo,emagrecimento, correção de pos-tura, estímulo de auto-estima e pre-venção contra lesões esportivas.

O estudante Matheus Bar-bosa, de 14 anos, que há três me-ses faz musculação, antes de pas-sar a freqüentar a academia con-sultou uma médica pediatra. Elediz que, hoje, na realização daatividade, segue as orientaçõesde um especialista. Depois quecomeçou a malhar, ele afirma terficado mais disposto.

Matheus, assim como to-dos os jovens que praticam amusculação e respeitam seus prin-cípios, ajudam a enfraquecer o mitode que adolescentes não podemmalhar. Afinal, como diz o profes-sor Cabral, se praticado na dosecerta, pode-se praticar tudo.

A natação é realizada no Viçosa Clube e no CentroAquático, que cedem os espaços para o Interagir

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O Mountain Bike é uma prática radical de coragem

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esportes((

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O esporte em posição de ataqueAMANDA OLIVEIRA

As regras e possibilidades dos es-portes não estão apenas a serviçode grandes campeões e meda-lhistas. Uma alternativa é o queacontece no esporte com fim naeducação. Nesse caso, as modali-dades esportivas são voltadaspara a formação integral de crian-ças, jovens e adolescentes.

A diferença entre a práticaque visa a educação e a que buscao alto rendimento está no objetivofinal. Segundo a professora doDepartamento de Educação Físicada Universidade Federal de Viço-sa, doutora em Psicologia Social,Emmi Myotin, “o esporte educaci-onal visa mais a formação do que odesenvolvimento técnico”.

Em projetos sociais, orga-nizações não-governamentais ouescolas, o desporto aliado à edu-cação permite ao indivíduo o co-

O circuito técnico de Viçosa fica naantiga pista de moto cross, no Paraíso

ELAINE NASCIMENTO

Adrenalina, contato com a nature-za, preparo físico e coragem. Umamistura perfeita para os amantes deum esporte radical: o MountainBike. Uma modalidade de ciclismocujo objetivo é transpor percursoscom irregularidades e obstáculos,que surgiu no final dos anos 70,no estado da Califórnia, nos Esta-dos Unidos, e chegou ao Brasil nadécada de 80.

Graças ao seu relevo, Mi-nas Gerais é considerada a capitalnacional do Mountain Bike. Ter-renos acidentados, montanhas etrilhas são espaços ideais. Parapercorrê-los é necessário que oatleta se prepare tecnicamente, de-senvolvendo a parte física, atravésda musculação, trabalhando forçae resistência, e com treinamento depercurso num circuito técnico.

O Mountain Bike pode serpraticado por qualquer pessoa.Mas, de acordo com NewtonSanches Milani, coordenador doProjeto de Treinamento de Ciclis-

Elaine Nascimento

mo - categoria Mountain Bike, doDepartamento de Educação Física

da UFV, “não é todo mundo quevai se sair bem na modalidade, poisse a pessoa não tiver coragem paraenfrentar um circuito dessa magni-tude, ela não vai se sair bem

nas competições”.Além da parte técnica e da

coragem, ainda são necessáriosao atleta equipamentos adequa-dos, como: capacete, luvas e umabicicleta diferenciada, com pneusmais grossos, quadros reforça-dos, guiador mais alto e outrasespecificidades. Os equipamen-tos podem apresentar um altocusto. Equipamentos de pontacomo uma bicicleta de alto rendi-mento, por exemplo, chegam acustar 20 mil reais.

Contudo, o Campeão Bra-sileiro de Maratona 2006, na Cate-goria Sub-23, Daniel Carneiro, deViçosa, destaca que “para come-çar, qualquer bicicleta dá, e queao longo do tempo vai melhoran-do. A bicicleta tem que evoluirjunto com o atleta, não adianta oatleta começar tendo do bom e domelhor, é bom ir evoluindo com otempo, porque um vai aperfeiço-ando o outro.”

Daniel, 21 anos, que atual-mente ocupa o 1º lugar no rankingda Confederação Brasileira de

Mountain Bike, iniciou sua carrei-ra como uma forma de diversão,andando de bicicleta desde crian-ça. Apenas em 2001, ele passou ase interessar pelas competições.Em 2004, diante da sua necessida-de de preparo técnico e contandocom a colaboração do professorNewton, foi criado, em Viçosa, oProjeto de Treinamento de Ciclis-mo. Com o treinamento, grada-tivamente, Daniel foi conquistan-do resultados e outros atletas fo-ram beneficiados.

Atualmente o projetoacompanha o desempenho de 12atletas, nas categorias infanto-juvenil, juvenil e adulto. Garotase garotos interessados podem seinformar pelo telefone (31) 3899-2072 ou no Ginásio de Esportesda UFV. Segundo o coordenador,Newton Sanches, “para entrar noprojeto é necessário que o inte-ressado tenha uma bicicleta,vontade de treinar, gostar e sededicar ao Mountain Bike”. Ouseja, bicicleta, disposição, cora-gem e pé na tábua!

nhecimento de novos valores eresponsabilidades. Através depráticas acessíveis a todo tipo depessoa, o esporte educacional édemocrático e incentiva o desen-volvimento pessoal e coletivo. Asatividades buscam a inclusão so-cial e a formação do participante,auxiliando no auto-conhecimen-to, na auto-estima e na consciên-cia cidadã. Para a professoraEmmi Myotin, “esporte educaci-onal é para todos, porque vocêcoloca como objetivo a formação,a educação. Você coloca ainteração social”.

Em Viçosa, o projeto MinasOlímpica Nova Geração é uma ini-ciativa do governo estadualdirecionada à formação de crian-ças e adolescentes de 10 a 17 anos,que tem por objetivo possibilitarseu acesso ao esporte e à cultura.As atividades acontecem no bair-ro São José do Triunfo e agregam

esportes como futsal e vô-lei, além de expres-são corporal e re-forço escolar.

E s t etipo de ini-ciativa temsua efici-ência ve-r i f i cadaem seusprópriosp a r t i c i -p a n t e s ,como WillianS e b a s t i ã o ,que freqüenta oMinas OlímpicaNova Geração e vê noprojeto uma alternativa: “O es-porte leva a gente mais parafrente. É melhor do que ficar àtoa na rua”. Seja pelo respeitoàs regras, pelo convívio socialou simplesmente pela aprendi-

zagem escolar, a área pedagógi-ca do esporte aliada ao apoiofamiliar e à escola é uma impor-tante ferramenta de formação etransformação social.

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Page 16: Jornal OutrOlhar | Edição 11 | Julho de 2007

“Eu acho que sim, porque as coisas quea gente não pode fazer, podia com 16”. AmandaSantos, 14 anos.

“Se tem idade para fazer, tem idade paraarcar com as conseqüências”. Indyra Carva-lho, 15 anos.

“Não vai adiantar, tem que investir naeducação”. Humberto Fontes, 17 anos.

“O problema que a gente enfrenta é so-cial e, quanto mais cair a maioridade penal, me-nor a idade com que o jovem vai entrar nacriminalidade”. Raquel Livieira, 15 anos

A arte de fazer artes

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THIARA KLEIN

O jornal Outro Olhar realizou uma enquete econstatou que 52% dos jovens entrevistados emViçosa são a favor da redução da maioridadepenal no Brasil, ou seja, concordam que o ado-lescente maior de 16 anos deve ser responsabili-zado por crime cometido. Outros 40% acreditamque a melhor solução é deixar como está, pois aredução não amenizaria a violência praticada nopaís. Os que disseram não ter opinião formadasobre a polêmica somam 8% dos entrevistados.

A redução da maioridade penal de 18para 16 anos não afeta só a vida dos jovenscom menos de 18 anos, mas também toda a so-ciedade. Essa discussão é polêmica, e ganhoua mídia depois do assassinato violento do me-nino João Hélio no Rio de Janeiro, com a parti-cipação de um menor de idade.

Apesar de dividir opiniões, estaenquete mostra que a população jovemviçosense se preocupa com a violência no

TANIA ROSIM

Você já viu os desenhos pintados nas portasdo comércio de Viçosa? Se encantou por eles?Este é o trabalho de Jamil Silva, artista gráficode 25 anos que começou a desenhar ainda me-nino. Hoje, além de fazer a aerografia, ele es-culpe em madeira, pinta telas, paredes, carros,

faz aquarelas etambém desenhose retratos à lápis.

Muito co-nhecido na cidade,Jamil tem seus tra-balhos expostosnas portas do co-mércio local, utili-zando-se da es-sência do grafittipara compor umaobra autêntica. Oartista ganhou oprêmio ExpressãoViçosa 2007 em

reconhecimento às suas pinturas. Sua arte podeser vista na Casa Paroquial de Itajubá e até emLisboa, Portugal. Seu trabalho com a aerografiajá percorreu toda a Zona da Mata, Triângulo Mi-neiro, Sul de Minas, Belo Horizonte, São Paulo eFranca.

Em entrevista, Jamil nos contou um pou-co da sua vida e da forma como ele encara a artee o reconhecimento.

Outro Olhar: Quando você começou a pintar?Jamil: Desde criança, quando eu tinha uns 9 ou10 anos. Mas o grafitti de rua eu comecei em 2004,por acaso. Onde eu trabalhava, o meu patrão pre-cisou de uma pintura. Eu fiz e ele gostou, e porcoincidência abriu um novo comércio em Viçosa eo dono pediu para eu pintar a porta da loja. Foiminha primeira experiência com a aerografia.

OO: O que o motiva a pintar?Jamil: Primeiro porque eu gosto muito. Distrai,você esquece da vida lá fora quando está pin-tando ou desenhando. O dinheiro é conseqüên-cia do trabalho bem feito.

OO: Você acredita que o reconhecimento fazparte da sua obra?Jamil: Eu procuro sempre me aprimorar. Fazercom que as pessoas fiquem satisfeitas com omeu trabalho. O reconhecimento é a indicaçãode que as pessoas se agradam pela minha obra.

OO: Com todas as suas maneiras de fazer arte,você nunca pensou em fazer uma exposição dosseus trabalhos?Jamil: Eu gostaria muito de expor as minhas obras.O problema é que a maior parte do meu trabalho éfeita por encomenda. E me sobra pouco tempopara fazer pinturas minhas. Eu só tenho três telasque são minhas mesmo. O resto é vendido.

Aerografia: Uma arte voltada para pinturas temáticas de desenhos em comércio e residência. A Aerografia é uma dastécnicas mais admiradas na arte da pintura e ilustração, porque depende tanto do artista como da qualidade do equipa-mento. O instrumento utilizado para pintar é o aerógrafo que, conectado a um compressor, faz pinturas através dapressão do ar criando jato de tintas.

A idade da responsabilidadeBrasil e procura soluções para este caso.Afinal, independente de classe social ou fai-xa etária, todos sofrem os efeitos das altastaxas de criminalidade.

Confira o que os entrevistados disseramsobre a redução da maioridade penal:

Tania Rosim

O artista viçosense estampa sua arte pela cidade

Ouro Preto, Jamil Silva

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