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Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter Ano III Número17 Curitiba, dezembro de 2011 MARCO ZERO Apesar da facilidade em buscar músicas na rede para baixar, o mercado do vinil ainda continua aquecido. Um exemplo pode ser encontrado em uma loja no centro de Curitiba, onde é possível encontrar raridades. (p. 9) Consumismo pode ser doença O ator e comediante Marco Zenni já gravou mais de 80 comerciais e no cinema fez parte do elenco de longas- metragens paranaenses como “Estômago”, “Corpos Celestes” e “Mistéryus”. Em entrevista ao Marco Zero, ele fala de sua carreira e da falta de incentivo à cultura. (p. 8) Um paranaense que faz sucesso no Brasil Divulgação Ezequiel Schukes Saudosismo e bons negócios Claudia Bilobran Cresce o número de pessoas que consomem de forma compulsiva, especialmente entre as mulheres (p. 6 e 7)

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Curitiba, dezembro de 2011 MARCO ZERO 1

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano III • Número17 • Curitiba, dezembro de 2011

MARCO ZERO

Apesar da facilidade em buscar músicas na rede para baixar, o mercado do vinil ainda continua aquecido. Um exemplo pode ser encontrado em uma loja no centro de Curitiba, onde é possível encontrar raridades. (p. 9)

Consumismopode ser doença

O ator e comediante Marco Zenni já gravou mais de 80 comerciais e no cinema fez parte do elenco de longas-metragens paranaenses como “Estômago”, “Corpos Celestes” e “Mistéryus”. Em entrevista ao Marco Zero, ele fala de sua carreira e da falta de incentivoà cultura. (p. 8)

Um paranaense que faz sucessono Brasil

Divulgação

Ezequiel Schukes

Saudosismo e bons negócios

Claudia Bilobran

Cresce o número de pessoas que consomem de forma compulsiva, especialmente entre as mulheres (p. 6 e 7)

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MARCO ZERO Curitiba, dezembro de 20112

Ao leitorEDITORIAL

Expediente

RESENHA

O jornal Marco Zero é umapublicação feita pelos alunos doCurso de Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter)

* Melhor jornal-laboratório do Paranáem 2010: primeiro lugar no Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná

Coordenador docurso de Jornalismo:Tomás Barreiros

Professores responsáveis:Roberto NicolatoTomás Barreiros

Diagramação:André Halmata (7º período)

Facinter: Rua do Rosário, 147CEP 80010-110 • Curitiba-PRE-mail: [email protected] Telefones: 2102-7953 e 2102-7954.

Boca no trombone!

Esta edição do jornal Marco Zero trata da situação dos bicicletários abandonados de Curitiba e da dificuldade que os ciclistas enfrentam para transitar e estacionar suas bicicletas pelo centro da cidade. Traz ao leitor uma matéria sobre força de vontade, disciplina e amor pró-prio que são os pontos-chave para uma dieta saudável e com resultado garantido. Aborda o consumismo feminino, as compras compulsivas das mulheres para estarem na moda e as dificuldades financeiras que elas enfrentam para sa-tisfazerem seus desejos de consumo. Apresenta um entrevista com o humorista paranaense Marco Zeni, que vem se destacando no humor bra-sileiro, já teve participações em mais de 80 comerciais e fez parte do elenco do longa-metragem “Estômago”, do diretor Marcos Jorge. Mostra ainda uma matéria so-bre o mercado do vinil e, na seção “Tri-lhas do Tempo”, fala da revitalização da Rua 24 Horas e sobre o novo cal-çadão que será construído na Avenida Cândido de Abreu, parte das obras para receber a Copa do Mundo no Bra-sil. Para finalizar, apresenta um ensaio fotográfico que participou de concurso da Aliança Francesa, em homenageou o fo-tógrafo húngaro Brassaï. Boa leitura!

O Paço da Liberdade é o ponto turístico mais bonito do centro de Curitiba. Acho linda a construção da antiga prefeitura de Curitiba. Depois da reforma, fi-cou muito charmoso.

Rosa Maria da Silva,60 anos, cozinheira

O Largo da Ordem. Aos domingos, tem a feira de artesanato e a descontração dos bares que funcionam diariamente.

Fabio Medeiros,28 anos, editor de vídeo

O Largo da Ordem, pelo clima descon-traído, para curtir um happy hour com os amigos. Os bares são muito legais. A rua XV de Novembro é o cen-tro da arte. Ali reúnem-

se os artistas de rua, pintores, repentis-tas. Na época de Natal, fica ainda mais charmosa com todas aquelas luzes e brilho.Gabriel Eloi de Marchi,20 anos, estudante

Eu gosto muito da rua XV de Novembro e do Largo da Ordem. O Largo da Ordem tem um visual retrô, um ar nostálgico que me agrada muito. E a Rua XV de Novembro já

tem um ar mais clássico, mais bonito, de que eu também gosto.Daniele Alves Pinheiro Lourenço,23 anos, estudante

De que atrações turísticas do centrode Curitiba vocêmais gosta?

O programa Profissão Repórter, que combina reportagens com uma tentativa de “reality show” de estagiá-rios de jornalismo, passou ele próprio pelo longo caminho de ser estagiário: depois de dois anos aparecendo como seção do programa Fantástico, aca-bou o estágio e foi contratado, com horário fixo.

Já os repórteres parecem não ter passado pelo crivo do professor Bar-cellos, já que, depois de anos de re-portagens árduas, fazendo entrevistas em beiras de estradas, de rios e de ci-dades, ainda são retratados como principiantes que requerem a orien-tação – e eventu-ais broncas – do supervisor.

Mas essa ten-tativa de fazer com que os personagens sejam os repórte-res é desnecessária e serve apenas para justificar a continuidade do nome do programa. Os repórteres parecem querer mostrar serviço e terminam em situações agora atípicas de repórteres da Globo, mas que já vimos décadas atrás, quando o Globo Repórter fazia reportagens de verdade e não se limi-tava a entrevistar nutricionistas.

Às vezes, a temática do programa passa por assuntos mais sensaciona-listas e, mais do que o Globo Repór-ter, lembra o Comando da Madruga-da de Goulart de Andrade. Exemplo disso é o programa que retratou a

vida das travestis que se prostituem. Como sempre, mostra vários lados da história: a travesti que primeiro foi acusada de cafetina e, depois, mos-trou seu cafofo; a odisseia de uma mãe paraense em busca do seu filho, que volta para casa, mas continua se prostituindo e, finalmente, foge nova-mente para São Paulo.

Essa nova fuga para São Paulo é mostrada junto aos créditos do pro-grama. O final do programa é sempre abrupto. Por vezes, esses trechos de matéria mostrados às pressas acabam tendo uma conotação moralista.

Além da história da prostituição, houve o caso do programa sobre re-

abilitação, que narrou a história da recuperação de uma garota vi-ciada em crack. O trecho final narra uma recaída que ela teve. Essa cena, a última do

programa, pode ser entendida como uma mensagem de que a reabilitação é algo difícil, mas também pode ser in-terpretada como afirmação de que a reabilitação é algo inútil. É necessário pensar que a edição também acarreta conotações que podem não ser dese-jadas, então, é necessário cuidado.

No geral, podemos continuar pen-sando que estamos assistindo a jorna-listas iniciantes, mas estamos assis-tindo jornalismo de qualidade, ainda que com alguns problemas, mas que fazem coisas que jornalistas com mais experiência já cansaram de fazer. So-brou para os estagiários.

Eternos estagiários

Matias Peruyera

“Os repórteres parecem não ter passado pelo crivo do professor Barcellos, já que, depois de anos de reportagens árduas, ainda são

tratados como principiantes”

Divulgação

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Curitiba, dezembro de 2011 MARCO ZERO 3

Claudiane dos Santos

Construções com pouca utilidadeBoa parte dos bicicletários de Curitiba está abandonada. Com isso, as pessoas que trabalhame estudam no centro vêm encontrando dificuldades para estacionar suas bicicletas com segurança

Os curitibanos que se concen-tram no centro e optam por ir de bicicleta para o trabalho

ou para realizar algum serviço acabam tendo que improvisar o estacionamen-to para seus veículos em postes, placas de trânsito e cercas, entre outros lo-cais. Logo, surge o questionamento: onde estão os bicicletários que deve-riam estar à disposição dos ciclistas no centro da capital? Sempre que tem algo para fazer no centro da cidade, a agente administrativa Patrícia Conceição Mencacci, de 44 anos, diz que gosta-ria de poder ir de bicicleta, mas sabe da dificuldade que existe em ter que dividir a rua com os carros, além da preocupação de achar um local se-guro para estacioná-la. “A procura por estacionamentos de bicicletas que tragam confiança sobre o lugar em que o ciclista deixa seu veículo é grande, tanto por parte de trabalha-dores como por pessoas que usam as bikes para o lazer”, relata Fernando Eduardo Paulinho, 20 anos, atenden-te da loja e ajudante no bicicletário localizado no Passeio Público. Para quem costuma usar cons-tantemente o serviço de estaciona-mento, são cobrados cinco reais por hora, com direito a manutenção em caso de necessidade. Hoje, a maioria das empresas tem um espaço reser-vado para os funcionários guardarem suas bikes. Paulinho dá a dica de que seria bom haver um serviço 24 ho-ras, porque muitas vezes acontece de estragar a bicicleta, o que fica difícil para a pessoa ir embora. “O espaço é pequeno e não tem possibilidade de atender um grande número de pesso-as. Por isso, é interessante que exista mais desses locais espalhados pela ci-dade”, salienta Em toda a região de Curi-tiba, existem seis bicicletários que permanecem sem uso. Estão locali-zados no Parque São Lourenço, no Jardim Botânico, no Centro Cívico, nas ruas da cidadania do Pinheirinho e do Carmo, na Avenida Arthur Ber-nardes e no bairro Santa Quitéria.

A Prefeitura os construiu em 2002 com o intuito de motivar a popula-ção a usar a bicicleta como meio de transporte e promover a mobilidade pública, ambiental e de saúde públi-ca. Atualmente, eles estão abando-nados. Ou seja, não existe cuidado nem segurança. Segundo a professora Hellen Bozza, de 51 anos, é uma pena os bicicletários estarem fechados e sem uso, porque mesmo vazios eles cha-mam a atenção de ladrões. “Imagine só se estivessem sendo ocupados? A segurança do local é péssima. Os la-drões roubam até os ferros e os bici-cletários só serve para propaganda”, diz a professora. As únicas coisas que estão “estacionadas” nos bicicletários são o lixo e a ferrugem, indícios de aban-dono e descaso que os transforma-ram em depósito de sujeira. Como é algo inapropriado, as pessoas acabam percebendo que foi uma tentativa frustrada e que os órgãos responsá-veis não vêem um projeto importan-te na ajuda de um trânsito melhor.

Insegurança Patrícia Mencacci começou usar a bike para ir ao trabalho há cer-ca de um ano e durante esse tempo já teve uma bicicleta roubada. “Refor-cei a segurança e hoje uso trava de moto”, afirma. Ela diz também que é muito complicado andar de bicicleta por não haver ciclovias. “O motorista não respeita o ciclista, e corro risco todos os dias. No trânsito, preciso ter a atenção redobrada”, lamenta. A chefe do gabinete do Ippuc, Mara Lúcia Guimarães, informa que os bicicletários foram construídos com caráter experimental, para pos-terior avaliação e definição de outros espaços. “O Plano Diretor Cicloviário prevê a implantação de paraciclos em diversos pontos da cidade, incluindo terminais de transporte. O planeja-mento pretende, também, ampliar a rede cicloviária e vias de forma a aludir todos os bairros e atender à demanda dos trabalhadores”, justifica. Em 2007, o Ippuc desenvol-veu uma pesquisa do perfil do ciclista

“Existem em torno de 80 bi-cicletas que a Prefeitura poderia pôr à disposição da guarde municipal e infelizmente estão paradas. Por que não aproveitarmos esses veículos para levar segurança à população e promo-ver um incentivo a todas as pessoas a optarem por esse meio de transporte?”, questiona o guarda municipal Josué Juliano de Oliveira, de 39 anos. O projeto piloto Jardim Botâni-co-Centro – A Ciclo Patrulha Comunitá-ria inicialmente contaria com 27 guar-das que trabalhariam em duplas. “A finalidade desse projeto está na Copa do Mundo. Seria importante se a pre-feitura ou o Instituto de Pesquisa e Pla-nejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) o visse como uma forma de trazer beneficio à capital. O trânsito já está

em Curitiba e Região Metropolitana, cujo resultado apontou que 87% dos usuários de bicicletas são trabalhado-res e fazem uso das bikes nos des-locamentos dentro da capital e nos municípios vizinhos. “Um novo modelo de pa-raciclos está sendo instituído com base nas necessidades dos ciclistas, e examinado pela Câmara Técnica de Mobilidade, da qual participam representantes dos ciclistas. O pa-

Abandono, descaso e depósito de sujeira nos bicicletários

raciclo é um mobiliário urbano que serve como estacionamento em lo-cais onde haja demanda desse tipo de modal. Tudo faz parte do Plano Diretor Cicloviário”, finaliza a chefe do Gabinete. Foram abertas pela Urbs três licitações para a contratação de permis-sionários, até o momento sem interes-sados. Os bicicletários são equipamen-tos terceirizados com controle público e que geraram custo para os usuários.

complicado, e, por isso, é necessário ir pensando em 2014 com um bom pla-nejamento, tanto antes como depois da Copa, pois possibilitará uma maior mo-bilidade na cidade,” completa Oliveira. O projeto precisa contar com a participação de empresas privadas. Haverrá ainda um espaço reservado para as pessoas que desejam sair de bicicleta. Como se trata de um projeto piloto, inicialmente, as vagas de esta-cionamento serão limitadas. “A Prefeitura não atendeu o projeto que duas vezes foi apresentado na Câmara dos Vereadores”, conclui o guarda municipal. Agora, o idealizador do projeto vai fazer algumas alterações no plano para que se torne mais viável e novamente tentar fazer com que a ideia seja vista com bons olhos.

Projeto pode melhorar mobilidade

Claudiane dos Santos

MOBILIDADE

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MARCO ZERO Curitiba, dezembro de 20114

PERFIL

“Muito Prazer. Eu sou uma nova mulher”Força de vontade, disciplina e amor próprio são os pontos-chave para uma dieta saudável e com resultado garantido, afirma a gerente de turismo Silvana Batista

“Se eu posso, todos podem”. Essas são as palavras de Silvana Batis-ta quando fala sobre sua odisseia em busca de autoestima, saúde e perda de peso. Silvana, de 35 anos, gerente de uma conceituada agência de turismo de Curitiba, sofreu muito preconceito e passou por situações desagradáveis ao chegar aos 135 quilos. Cansou de chamar a emergência para atendê-la em seu local de trabalho e deixou de frequentar bares, cinemas e teatros por não “caber na cadeira”. Em um ano e meio, ela mudou esse perfil, de “obesa reclusa” para “baladeira de plantão”. Em entrevista ao jornal Marco Zero, Silvana conta como conseguiu eliminar 40 quilos sem tomar qualquer tipo de anorexígeno, apenas com mui-ta força de vontade, disciplina e exer-cícios físicos diários.

Você sempre foi obesa? Sempre fui gordinha. Já fui mais magra, mas tomando remédio. Na verdade, ainda sou e ,se eu parar de fazer tudo o que estou fazendo, volto a ser o que era há um ano e meio.

Desde que idade? Desde a adolescência. Quan-do criança, eu não era gordinha; so-mente após os 13 anos eu engordei.

E na escola? Como era? Até os 13 anos, não tive pro-blemas, mas quando fui para o segun-do grau (atual ensino médio) é que comecei a passar por situações chatas e a sentir preconceito.

Por que situações constrangedoras você passou? Até os 18 anos, não ligava muito para o fato de ser gordinha, mas depois as coisas começaram a ficar estranhas. Na rua, já fui chama-da de baleia; já quebrei cadeira ao me sentar; em shows, me insultavam para eu sair da frente, já entalei na roleta do ônibus... Era muito triste.

Como você reagia a tantos insultos? Eu comia em vez de tentar

Sivana Batista: hoje com 40 quilos a menos e 100% de amor próprio e saúde e muito feliz por suas conquistas.

mudar. Chegava em casa e comia e depois chorava e ficava me sentindo muito infeliz, incapaz de fazer algo para mudar a minha vida, e com isso engordava ainda mais.

Chegou a pensar em fazer redução do estômago? Sim, mas tenho uma prima que fez e passou muito mal, teve problemas no pós-operatório, daí acabei ficando com medo e desisti da ideia. Na verdade, sempre fui contra esse tipo de procedimento. Seria a última opção caso minha decisão de emagrecer não des-se certo. Mas aos poucos estou con-seguindo o que quero e com muita saúde e disposição.

E as dietas malucas? Fiz todas. Dieta da USP, die-ta da Lua, dieta do presunto, o que aparecia de novo eu fazia. A gente até

emagrece, mas quando para engorda tudo de novo. Fiz a dieta da proteína e emagreci bastante, fiquei bem magra, mas acabei ficando com um problema sério nos rins. A gente não consegue manter essas dietas loucas, não tem como passar a vida toda comendo so-mente proteínas, ou somente verdu-ras, ou apenas tomando liquido. Isso é humanamente impossível.

Você tomou muitas “boletas”? Sim, tomei to-das as boletas possí-veis para emagrecer. E emagrecia horro-res, mas emagrecia

e ficava com um aspecto de doente. A pele ficava feia, meus cabelos fica-vam sem brilho, vivia mal humorada. A boleta é o pior de todos os métodos para perder peso, porque depois que você para de tomar, engorda o dobro do que tinha emagrecido. Isso quan-do não vicia, e se acontece você para de emagrecer, mas precisa continuar

tomando porque o organismo sente falta da bendita, é uma droga, literal-mente falando.

Como estava a sua saúde com tan-tas oscilações de peso e dietas? Devido ao excesso de peso, ti-nha problemas de hipertensão e sem-pre fui muito ansiosa. Juntou ansiedade com obesidade, mais stress de trabalho, as frustrações de dietas doidas e minha baixa autoestima. O resultado não po-deria ser diferente: o pessoal da emer-gência sempre era chamado para me “visitar” durante o horário de trabalho, até que um dia a minha pressão arte-rial não baixava com os medicamentos convencionais e tive que ir para um hospital, de ambulância e tudo. Foi nes-se momento que percebi que teria que mudar muitas coisas em minha vida. Meus exames clínicos e laboratoriais estavam com bons resultados. O médi-co diagnosticou que meu problema era de fundo emocional, e eu sabia que era por conta da obesidade. Passei por um psiquiatra; durante algum tempo, tomei

“Tomei todas as boletas possíveis para emagrecer. E emagrecia horrores, mas

emagrecia e ficava com um aspecto de doente”

Claudia BilobranClaudia Bilobran

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Curitiba, dezembro de 2011 MARCO ZERO 5

“Muito Prazer. Eu sou uma nova mulher”Força de vontade, disciplina e amor próprio são os pontos-chave para uma dieta saudável e com resultado garantido, afirma a gerente de turismo Silvana Batista

medicamentos para ansiedade e come-cei a fazer caminhadas diárias de uma hora e meia, mais ou menos, e a mudar minha alimentação. Deu certo. Depois de três meses, eu já tinha emagrecido dez quilos e isso me animou muito.

Você tem algum tipo de acompa-nhamento profissional? Eu participo do Vigilantes do Peso. Foi por intermédio de minha irmã que conheci o grupo comecei a frequentar as reuniões. Eles têm um plano alimentar que permite que a gente faça algum exagero alimentar, mas sem sacrificar o emagrecimento. Tem uma quantidade “x” de calorias que eu posso ingerir durante um dia todo e eu só vou emagrecer se não ultrapassar esse valor calórico. E ain-da conto com um auxílio de vários profissionais. Além do pessoal do VP, tenho a ajuda de uma nutricionis-ta, e um personal trainer; aliás, sem ele, eu não teria coragem nem de entrar na academia para treinar. Tenho esse acompanhamento três vezes por sema-na. É um investimento caro, mas para a minha saúde vale a pena cada centavo pago. Eu sempre odiei academias, só de pensar em entrar em uma me dava arrepios. Eu pensava que as pessoas iriam me olhar e dizer: “Para ela, isso não tem mais jeito, olha só o tamanho dela”. Achava que as pessoas iriam me olhar com nojo, com raiva, mas era tudo coisa da minha cabeça. Quem procura uma academia está atrás de saúde. Cla-ro que sempre tem aqueles que vão só para manter uma bela silhueta e fazer desfile de moda esporte, mas a maioria é preocupada com a saúde.

O que você deixou de fazer quando estava com muito peso? Deixei de ir ao casamento de uma das minhas melhores amigas, e me culpo muito por isso, mas não ti-nha roupa que me servisse, tudo o que eu provava ficava horrível. Não existe roupa de festa para obesos, nem para vender, nem para alugar. Aliás, eu des-cobri que em Curitiba não há loja que venda roupas legais para gordinhas, eu tinha que ir para São Paulo para com-prar roupas. Viajar de avião era um su-

plício, porque as poltronas são muito pequenas, o espaço entre elas é minús-culo. Para se ter noção do meu cons-trangimento: o cinto de segurança não fechava, eu apenas fingia que o fazia. Nos aviões, existe um extensor para aumentar o tamanho do cinto, mas eu me recusava a pedir porque seria humilhante demais admitir na frente de todas aquelas pessoas o quanto eu estava gorda. Parei de ir ao cinema e ao teatro porque simplesmente eu não cabia nas poltronas. Foram dez anos da minha vida que passei me privando de pequenos prazeres. Odiava ser fo-tografada .Quando via uma câmera, já me escondia. Praia e piscina eram algo raro. Foi um período terrível.

Além da saúde e da autoestima, aconteceu algo mais a fez querer emagrecer? Sim. Me apaixonei perdidamen-te por um amigo de longa data. Nos víamos muito, as poucas vezes que eu saía de casa era com ele, sempre almo-çávamos juntos, éramos inseparáveis. Mas para ele eu era apenas uma que-rida amiga e nada mais. Eu sabia dos seus relacionamen-tos; afinal, eu era a pessoa com quem ele confidenciava tudo o que aconte-cia em sua vida. Ele saía com várias mulheres, magras, altas, bonitas. Então, decidi que iria emagre-cer para conquistá-lo. Já existia uma grande sintonia entre nós, só faltava ele me enxergar como uma mulher linda, sensual e magra. Comecei a emagrecer, e a nossa amizade continuava a mes-ma, ele não dava indícios de que um dia iria me olhar com paixão, até que caiu minha ficha. Para alguém gostar de mim, primeiro eu teria que me amar muito, e foi o que fiz. Deixei de pensar somente naquele rapaz e aprendi a me amar. O foco passou a ser eu, Silvana. Descobri que tudo o que estava fazen-do seria única e exclusivamente por mim. Quanto ao rapaz, continuamos os melhores amigos de sempre, e agra-deço por ele ter ficado ao meu lado nas horas em que mais precisei. Mas hoje a

pessoa mais importante do mundo sou eu. Como diz a música: “Eu me amo e não posso mais viver sem mim”...

Qual a maior dificuldade que você encontrou durante os 18 meses de reeducação de vida? Eu costumo brincar dizen-do que esse processo de reeducação é como se fosse um emprego novo: tem um prazo de três meses. Passar por esse período de experiência para se acostumar à nova vida é muito difícil, mas depois vai embora. Uma das coi-sas que mais me marcou foi o quando comecei a frequentar academia. Fazer dez minutos de esteira era muito difí-cil, não tinha fôlego e suava em bicas, qualquer exercício que fazia transpirar horrores. Eu sempre tive um pouco de preconceito com pessoas mais gordas exatamente por isto: suam demais e dão a impressão de pouca higiene, en-tão, eu me odiava por isso, morria de vergonha de transpirar tanto. Tive que lutar contra isso, eu tinha nojo de mim mesma e imaginava que todas as pesso-as que estavam à minha volta também.

Procurei ajuda de um psiquiatra para aprender a lidar com isso. Depois de muita conversa e medicamentos, percebi que tudo era coisa da minha

cabeça. Eu achava que o universo estava contra mim, que tudo o que eu fazia era errado, que ninguém me amava e com-preendia. Tudo coisa da minha cabeça.

Como foi o início da transformação? O Forrest Gump, um dia, do nada, começou a correr... Eu comecei a andar. Depois da visita ao hospital, aquela paixão... eu desmbestei a andar. Uma noite, depois do trabalho, eu fui caminhar, andei da minha casa até a praça Oswaldo Cruz, foi uma hora e meia de caminhada. E assim foi du-rante três meses. Eu só não saía para caminhar se estivesse chovendo mui-to, e nesse tempo eliminei dez quilos! Foi a partir daí que resolvi contratar um personal e comecei a frequentar academia três vezes por semana. No

início, entrava na academia e não fala-va com ninguém, morria de vergonha. Hoje, converso com todos, me sinto segura para ir sozinha e até dou con-selhos Digo que o remédio que tomei foi “vergonha na cara”.

E quando bate aquela vontade de comer coisas gostosas, o que faz? Para mim, guloseimas são como uma droga, então, eu não com-pro. Não tenho bolachas, chocolate, Miojo, essas coisinhas rápidas e gosto-sas de comer quando a gente tem fome, mas tem preguiça de cozinhar. Minha irmã mais nova vem morar comigo, e já avisei que ela vai ter que entrar no meu ritmo: nada de “besteirinhas”. Recen-temente, fui a um casamento muito ba-cana que tinha comidas maravilhosas, e só comi os grelhados e a salada. Quan-do vieram os doces, só comi a cereja. Resisti bravamente. Mas tem horas que não dá para aguentar. Se saio um pou-co do regime, compenso nos exercícios aeróbicos na academia.

Qual a melhor coisa de estar magra? Receber elogios três vezes por dia, de pessoas diferentes, entrar naque-la roupa maravilhosa, viajar de avião e sobrar bastante cinto de segurança, me sentir feliz e confiante. Encontrar pa-rentes que não via há muito tempo e ouvir: “Como você emagreceu! Está linda!” Vou sentir falta dos elogios de-pois que todos se acostumarem com a nova Silvana magra. Perceber que todo meu esforço está valendo a pena e to-dos percebem como estou feliz.

O que você diria para quem já ten-taram todas as dietas possíveis e não conseguiu um bom resultado? Essa história de começar dieta na segunda-feira é roubada, qualquer dia é dia. Cada um tem o seu dia de “cair a ficha” e perceber que precisa mudar. Eu quero “evangelizar” todos os gordinhos que encontro, mostrar que, como eu consegui, qualquer um pode. Basta ter força de vontade, disci-plina e determinação e acreditar que vai dar certo, sem precisar usar remédios que tiram fome ou cirurgias que muti-lam, e acreditar muito em si mesmo.

“Essa história de começar dieta na segunda feira é rou-bada. Cada um tem o seu dia de “cair a ficha” e perceber

que precisa mudar”

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MARCO ZERO Curitiba, dezembro de 20116ESPECIAL

Patricia RuedaRegiane Silva

Cresce a cada dia o número de mulheres que consomem sem motivo algum; garotas que

compram compulsivamente apenas pelo prazer do consumo. Elas gastam em busca de acabar com o stress coti-diano. Com isso, acabam acumulando dívidas desnecessárias no orçamento do mês. Os consumistas compulsivos são pessoas que não conseguem con-trolar seus impulsos diante de uma vitrine e utilizam seus cartões de cré-ditos como armas contra si mesmos. Esse comportamento é mais comum entre as mulheres. Segundo uma pes-quisa do Ibope Mídia, 21% das brasi-leiras vão às compras para se sentirem mais calmas e felizes. Foram ouvidas 3.400 pessoas em 11 regiões metropolitanas do Bra-sil e concluiu-se que a população gas-ta, em média, 15% da renda familiar com compras pessoais. No caso das mulheres, as compras costumam ser de roupas e acessórios. A universitária Cristiane Takaya, de 22 anos, faz compras a cada duas semanas. Ela compra roupas em geral, sem nenhuma preferência por marcas, mas consome acima do nor-mal. “Considero-me uma pessoa con-sumista, pois compro coisas das quais não preciso, por ser tendência e estar na moda e não por necessidade”. Ela diz ter consciência de que é consumista e por isso tenta manter o controle. Porém, a vaidade termina superando a consciência, e ela acaba consumindo algo desnecessário. “Às vezes, me sinto triste e tento suprir com compras”, conta. Cristiane tam-bém cita que já se endividou por com-prar demais. A jornalista Juliana Guerra diz que todo mês compra alguma coisa e, quando isso não é possível, convence alguém a lhe dar um presente. “Não penso muito em manter dinheiro até receber o próximo salário. Com di-nheiro na mão, eu gasto”, relata. Seus maiores gastos são com maquiagem, roupas e restaurantes. “Roupas nem

tanto, compro menos, mais quando precisa mesmo. Já maquiagem, que eu nem uso muito, eu compro sempre”, afirma. Ela diz que comprar é quase terapia. E sair de casa com uma roupa nova, se sentindo bo-nita, é a melhor coisa para elevar sua autoes-tima. Também comen-ta que já se endividou no cartão de crédito por comprar demais. “Logo que entrei na faculdade, fiz cartões de todas as lo-jas que aceitavam ‘universitário’ como profissão. Foi bem difícil conseguir pagar tudo”. Segundo pesquisa da Quórum Brasil, mulheres das classes B e C uti-lizam cerca de 18% do seu orçamen-to com o pagamento das faturas de

cartão de crédito. O meio eletrônico leva 26% do dinheiro gasto pelas con-sumidoras com prestações mensais, mais do que com empréstimos, cujo gasto é de 22%, e financiamento de automóveis, 19%.

O cartão traz certa comodidade, no entanto, também au-mentou a inadimplên-cia entre as mulheres, que chegam a 55% das pessoas cadastradas no Serviço de Prote-

ção ao Crédito (SPC). Um dos atrati-vos trazidos pelos cartões de crédito é o sistema de pontos, que dá direito a benefícios como, por exemplo, passa-gens aéreas. Por isso, várias mulheres optam por esse meio de pagamento. Para a jornalista Fabiana Lima, o cartão de crédito traz mais facilida-

des na hora da compra, pois com ele é possível fazer compras on-line em si-tes de descontos. Ela também o utiliza por oferecer prazos, mesmo sabendo que isso pode comprometer seu futu-ro financeiro. Fabiana compra principalmen-te para sua filha Isis, de quatro anos. Apesar de se considerar consumista, gosta muito de liquidações, pois dessa forma consegue fazer o dinheiro ren-der mais. “Não sou de ficar gastando em coisas caras No geral, consumo normalmente, a não ser que realmente seja uma boa promoção, daí eu com-pro e gasto mesmo”, comenta. Ela faz compras a cada dois meses aproximadamente, a não ser quando surge uma boa oportunidade de adquirir algo bom e barato. Uma dica que Fabiana deixa é ir às lojas em trocas de estação e procurar sites de

Oneomania, a doença do consumoPara as pessoas que consomem sem necessidade, o mundo ideal poderia ser feito de vitrines e cartões de crédito

Não penso muito em manter dinheiro até receber o próximo

salário. Com dinheiro na mão, eu gasto”

Cristiane Takaya: “Sou uma pessoa consumista, pois compro coisas das quais não preciso, por ser tendência e estar na moda e não por necessidade”

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Curitiba, dezembro de 2011 MARCO ZERO 7ESPECIAL

Os melhores amigos

Se na década de 50 Marilyn Monroe cantava que os diamantes eram os melhores amigos de uma mulher, a premissa parece não se adequar às mulheres atuais. Ao que indicam personagens de livros, filmes e seriados, os sapatos é que tomaram o posto dos diamantes. Sem dúvida, isso é verdade para as mulheres reais, que precisam da praticidade e ele-gância de um bom par de sapatos ou sandálias para encararem um dia de trabalho, uma festa ou uma balada. No dia 24/11, aconteceu a inauguração da loja My Shoes, no Sho-pping Curitiba. A grife conta com mais de 300 franquias no Brasil e prima pela qualidade e excelente acabamento dos sapatos, sandálias, sapatilhas, bolsas e clutchs, tudo em sintonia com as ten-dências atuais, que vão desde o python colorido até as estampas degradê. Os peep toes ganharam versões atualizadas e sofisticadas em doura-do e prata, além das tradicionais co-res vermelho e preto, e a coleção de

inspiração tropical desenhada pelo estilista Amir Slama, da Rosa Chá. As sapatilhas em diferentes mate-riais, como couro e camurça, vêm em várias cores e ornamentos, como pedrarias e laços. Para mulheres que não abrem mão da sofisticação na hora do trabalho, a My Shoes conta com sapatos de saltos mais grossos e médios, nas cores camelo e preto, mais fáceis de combinar. Para abranger todos os gos-tos, os acessórios da My Shoes são divididos em quatro linhas: casual, work, fashion e festa. A dona da franquia curitiba-na da My Shoes, Grazielle de Vilar, conta orgulhosa que a elegância e a fácil composição do look propor-cionada pelos sapatos são uma das causas da obsessão da mulher con-temporânea por eles. Apesar da dificuldade de an-dar pelas calçadas de Curitiba, ela acredita que há uma variedade de sa-patos que oferecem conforto ao ca-minhar, sem deixar de lado a beleza do acessório.

Oneomania, a doença do consumoPara as pessoas que consomem sem necessidade, o mundo ideal poderia ser feito de vitrines e cartões de crédito

desconto, como, por exemplo, o Pri-valia, onde, segundo ela, sempre há coisas boas e baratas. “Procuro buscar bom preços e qualidade no produto”. A dentista Ana Ganske diz que, como toda mulher, sempre gos-tou de comprar, porém, hoje adquire roupas em lugares que considera liga-dos na moda atual. Ela gosta muito de saber das tendências e prefere le-var poucas peças, mas que combinem com o que já tem. Ana diz ter gasto, nos últimos seis meses, cerca de R$ 10 mil reais em roupas e R$ 1.500 reais em sapatos e maquiagem. A compulsão por comprar é chamada de oneomania. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cer-ca de 1% da humanidade sofre dessa doença. No Brasil, pesquisas da Uni-

versidade de São Paulo (USP) mostra-ram que os oneomaníacos chegam a 3% da população. Quem mais tende a manifestar a compulsão são as mu-lheres, os jovens e, recentemente, os internautas. Um aspecto comum aos oneomaníacos é o impulso desenfrea-do em ter determinado item, indepen-dentemente de sua utilidade ou neces-sidade real. Para quem sofre com a doen-ça, é essencial ter organização finan-ceira. Saber o quanto ganha e o quan-to se pode gastar é importante para os oneomaníacos que queiram sair das dívidas. A recomendação é que pas-sem a anotar os custos e fazer plani-lhas de gastos, para não voltarem mais a ter um orçamento negativo.

Juliana Guerra: “Não penso muito em manter dinheiro até receber o próximo salário”

Rodrigo Custodio

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MARCO ZERO Curitiba, dezembro de 20118

ENTREVISTA

Paranaense que faz sucesso no BrasilO humorista e ator Marco Zenni já gravou mais de 80 comerciais e participou de filmes como “Estômago”

Ojornal Marco Zero con-versou com o humorista Marco Zenni. Na entre-

vista, ele comenta a Lei de Incenti-vo à Cultura, fala sobre a atual fase do teatro paranaense e conta como foi trabalhar no dia do enterro de sua filha. Marco Zenni, além de comediante, é ator, radialista, im-provisador e diretor e também um dos criadores do Santa Comédia. O humorista já gravou mais de 80 comerciais. No cinema, fez parte do elenco de longas-metragens pa-ranaenses: “Estômago”, do diretor Marcos Jorge, “Corpos Celestes”, de Marco Jorge e Fernando Severo, e “Mistéryus” do diretor Beto Car-minatti. Zenni também foi um dos comandantes do programa de rádio “Boa da Pan”, da emissora Jovem Pan Curitiba.

O que pode ser classificado como cultura? Cultura pra mim é qualquer manifestação artística de grupo, qualquer forma de arte que demons-tre ao povo uma maneira de visuali-zar o mundo.

O que significa cultura popular para você? A gente não pode esquecer que o teatro nasceu da manifestação do povo, da conversa, da história na pré-história, quando os caçadores contavam suas lendas. A cultu-ra popular é muito forte no Brasil e demonstra muito o nosso caráter, nossa maneira de ver o mundo e também o lado religioso.

Em geral, como você avalia o me-canismo estatal de incentivo à cultura? A gente vive em um país em desenvolvimento, então, não tem muita verba para cultura. O povo não é acostumado a consumir cul-tura como um produto, e as leis de

incentivo auxiliam muito a produ-ção no Brasil. Mas ao mesmo tempo criam uma facilidade para pessoas que não necessitam. Concordo com a lei de incentivo no sentido de levar cultura para a comunidade que não tem condições de comprar um in-gresso. Sou contra utilizar meios de incentivo à cultura para espetáculos de grandes nomes que com certeza vão ter bilheteria. Às vezes, deixa-se de auxiliar via leis de incentivo quem precisa, que é a maior parte da po-pulação, que não tem condições de pagar. Em vez disso, acabam finan-ciando espetáculos de medalhões que, além de serem pagos por em-presas privadas, têm uma bilheteria de cem por cento. Quer dizer, só enriquecem mais ainda algumas pes-soas e deixam de privilegiar a arte de quem não tem acesso.

Falta no Paraná “garimpar” a arte, procurar e promover manifesta-ções populares? Em qualquer lugar, santo de casa é difícil de fazer milagre. Os meios de comunicação dão ênfase muito mais ao que vem de fora, até mesmo sem qualidade, do que ao que vem daqui. Curitiba, por exemplo, tem a Lei de Incentivo Municipal e o Fundo Municipal de Cultura, que auxiliam de alguma maneira as mani-festações artísticas. Mas falta à mídia acreditar e divulgar seus trabalhos,

e, aos artistas da-qui, acreditarem que seus trabalhos são produtos, que preci-sam fazer bilheteria. É preciso sobreviver não só através do mecanismo da lei,

mas também fazer com que as pes-soas vão ao teatro, consumam e pa-guem pelo trabalho do artista.

Como valorizar o teatro daqui? Acho que a mídia tem que começar a ver com bons olhos. O Festival de Curitiba aconteceu, e os grandes críticos do Brasil elogiaram a produção dos espetáculos de teatro de Curitiba, das companhias inde-pendentes, companhias de processo,

de repertório. Falta realmente a mídia olhar para o que é daqui. Vamos ser um pouco mais “gaúchos”, né?!

Qual a importância do Festival de Curitiba? O festival é importante, mas-sifica a cultura, mais pessoas se to-cam que em Curitiba existe teatro. Mas isso acontece porque o festival vem com uma mídia maior, vem com um guia, e há uma atenção es-pecial da mídia. Mas, infelizmente, após o festival, as pessoas esquecem que acontecem espetáculos no tea-tro paranaense.

Qual a sensação ao ver que as pes-soas estão rindo do seu trabalho? Indescritível, é uma loucu-ra. Não tem energia maior do que a risada, a gargalhada. Penso que as pessoas desmerecem a arte de fazer rir. Tem arte que é para refletir, tem arte que é para divertir, e tem arte de fazer rir. A gente não pode ter preconceitos com a arte, e infeliz-mente muitos colegas o têm na clas-se artística. Gosto de lembrar de um momento da minha vida, quando a minha filha faleceu. No mesmo dia em que a enterrei, eu tinha um es-petáculo. Minha mulher chorando, minha família muito chateada, e eu muito mal. Fui para o espetáculo e

fiz uma das maiores apresentações da minha vida de humorista. No final, disse para a platéia que eu ti-nha enterrado minha filha naquele dia. Muitas pessoas pensaram que era piada de humor negro. Eu disse: “Hoje, minha filha foi enterrada, e vocês foram os melhores pêsames que eu poderia receber, a risada de vocês, a alegria de vocês, a boa ener-gia que vocês me deram.” O humor tem uma força, uma alegria que a gente não pode diminuir.

Onde o público pode encontrar você? Pelo twitter, que é @marco zenni, pelo facebook (Marco Zenni) e no meu site: www.marcozenni.com.br.

Deixe um recado final Stand-up comedy não é uma moda passageira. Isso se demonstra no interesse das pessoas em relação ao gênero. Stand-up é teatro, é criação. Valorizem a cultura curitibana, valo-rizem o que é daqui. É chato você ver que o artista curitibano tem que sair daqui e ir para o eixo Rio-São Paulo para que os curitibanos reco-nheçam o trabalho dele. A gente tem uma qualidade que faz inveja a outros estados. Olhem a cultura paranaense com mais carinho. O que é daqui é bom, muito bom.

Guilherme BarchikDivulgação

Zenni: “Sou contra a lei de incentivo à cultura a grandes espetáculos que com certeza vão ter bilheteria”

“Os meios de comunicação dão ênfase muito mais ao que vem de fora, até

mesmo sem qualidade, do que ao que vem daqui”

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Curitiba, dezembro de 2011 MARCO ZERO 9

Ezequiel Schukes Quister

Saudosismo e bons negócios

Quem tem um pouco mais de 30 anos ainda se lembra da época em que os discos de vi-

nil enchiam as prateleiras das lojas pelo Brasil. Hoje, não se pode dizer que são os CDs que ocupam esses espaços, pois mesmo essas mídias já estão ficando obsoletas diante da possibilidade quase infinita de downloads de arquivos musi-cais na internet. A facilidade em buscar na rede as obras tornou a música ainda mais difundida e mais comercial, se as-sim se pode defini-la. A cada minuto, são baixados milhões de bits em músicas e clipes, a maioria de forma ilegal. Esse con-texto facilitou a entrada de muito ma-terial novo e a descoberta de muitos talentos. Mas ainda há pessoas que se mantêm à margem da modernidade e se abastecem do velho disco de vinil. Quem são elas? Se você apostou nas pessoas mais velhas, acertou em parte. Recentemente, a cantora Pitty lançou um disco cuja tiragem incluía a opção em vinil. Para aqueles mais atentos ao trabalho da cantora, restou a dúvida: por que a opção em vinil? Com certeza, não foi somente o pre-ço baixo o principal elemento a defi-nir essa opção da cantora. O mercado do vinil ainda continua aquecido. No Brasil, recentemente, uma das poucas empresas que ainda faziam a prensa de disco em vinil, a Polysom, no Rio de Janeiro, encerrou suas atividades. Em seguida, a empresa Deckdisk assu-miu o controle acionário da Polysom, manteve o nome e atualmente quase não dá conta da demanda. Os reflexos desse resgate do vi-nil podem ser vistos no centro de Curi-tiba, onde fica a Vinyl Club, que, como o nome indica, tem um dos mais varia-dos e principalmente raros acervos de

vinil da cidade. Seu proprietário, Mar-co Antonio M. da Cunha, de 42 anos, há mais 15 anos no ramo, argumenta que o principal motivo para a compra de um vinil é a qualidade do som. Se-gundo ele, um vinil tem mais qualida-de porque em sua gravação não foram utilizados vários tipos de filtros, o que contribui para a perda de qualidade. O professor e produtor musical Otacílio Vaz endossa os argumentos de Cunha: “É verdade, o vinil tem um som melhor porque não passa pela compressão das frequências pela qual o CD passa. Isso fica mais perceptível nas baixas fre-quências”, explica”. Outro fator que, conforme Cunha, atrai os consumido-res, é a singularidade das obras que ele possui em sua loja. Dos vários títulos divididos entre MPB e Rock and Roll, destacam-se alguns discos que são ver-dadeiras pérolas, como um de Raul Sei-xas e outro de Pedro Santos. Cada um desses discos teve tiragem limitada a apenas mil cópias. Isso os torna singu-lares e objeto de apreço dos colecio-nadores. É claro que o valor comercial também é digno de colecionador: cada um sai por R$ 1.500,00. Segundo Marco Cunha, seu público é bem eclético e de idade va-riada. Ainda predominam aqueles com mais de 30 anos, que buscam reviver a época em que o vinil era comum. A maioria desse público é bem segmen-tada e faz parte de um círculo de pes-soas que tem gostos afins, como é o caso de Luiz Antonio (de 56 anos), que há mais de dez anos conhece e compra discos na Vinyl Club. A rela-ção entre eles já passa do comercial, pois se tornaram amigos. Luiz tem apreço pela música brasileira e, como muitos, compra de três a quatro dis-cos por mês. Ele confirma a tendência desse tipo de comércio: a especializa-ção e o atendimento exclusivo. Em geral, as pessoas que compram na loja

de Marco Cunha são colecionadores ou aficionados por coisas raras. “Às vezes, o Marco me liga e diz: ‘Olha, chegou uma coisa nova que eu acho que você vai gostar’ ”, comenta Luiz. Não é estranho que Marco ligue para seu cliente quando algo novo está dis-ponível para venda, pois nesse tipo de comércio o tratamento individualiza-do e uma relação mais intimista com o cliente são característicos. Cunha mantém um canal de vendas pela internet, em seu blog (lo-javinylclub.blogspot.com), no qual, en-tretanto, só deixa disponíveis as infor-mações sobre os discos mais raros. Ele também é fundador e organizador de

uma feira de discos raros que acontece anualmente em Curitiba. Para 2012, a previsão é de que a feira aconteça em janeiro, no Memorial de Curitiba. Ain-da não há data certa para o evento, po-rém, aqueles que tiverem interesse po-dem consultar o blog indicado a partir do início do ano que vem.

DISCOS RAROS• Raul Seixas, Let me sing my rock’n’roll , R$ 1.500,00• Pedro Santos, Krishnanda, R$ 1.500,00• Lula Côrtes e Zé Ramalho, Paebirú, R$ 1.000,00• Brazilian Octopus, R$ 800,00• Geração Bendita, R$ 650,00• Baobás, R$ 500,00

CULTURA

A loja Vinyl Club tem um dos mais variados e raros acervos de discos de vinil de Curitiba

Marco Antonio da Cunha: humor na loja e destaque para a qualidade do som do disco de vinilAlguns discos que são verdadeiras pérolas, com o de Raul Seixas, com tiragem de apenas mil cópias

Loja no centro de Curitiba comercializa preciosidades em vinil que atraem colecionadoresEzequiel Schukes

Ezequiel Schukes

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MARCO ZERO Curitiba, dezembro de 201110

Hamilton Zambiancki

TRILHAS DO TEMPO

A pouco mais de dois anos para a Copa do Mundo de futebol que ocorrerá no Brasil, em 2014, Curitiba, uma das cidades-sede, co-meça sua preparação. Dessa vez, nada relacionado aos estádios de fu-tebol, mas à mobilidade urbana. A prefeitura municipal da capital para-naense retomará o caminho para os projetos que consagraram a cidade curitibana na década de 1990. O novo calçadão que será implantado ao longo da Avenida Candido de Abreu, no Centro Cívico, terá a extensão de quase um quilôme-tro e se estenderá da Praça Dezeno-ve de Dezembro até a Praça Nossa Senhora de Salete. De acordo com a adminis-tradora Francyelle Aranha, a cons-trução dessa via trará, de uma vez só, benefícios para alguns e male-fícios para outros. “Acho que vai ser bom para os pedestres, mas vai dificultar a vida dos motoris-tas”, afirma. Francyelle argumenta ain-da que, para um evento do porte de uma Copa do Mundo, qualquer investimento vale a pena. “É um investimento bom porque não vai ser utilizado somente na Copa e vai facilitar para os pedestres de

Curitiba ganhará novo calçadão para pedestres

Curitiba”, argumenta. Se, por um lado, a mobili-dade dos pedestres melhora, por outro, o trânsito será um desafio para os motoristas. É no que apos-ta a analista de desenvolvimento Thais Loezer. “Se com quatro fai-xas, às vezes, o transito naquela região já é estressante, imagina se diminuir”, reclama a jovem. No entanto, entre elogios e descrenças, de acordo com o antropólogo e professor Rapha-el Hardy, todas as mudanças que envolvem o espaço urbano e um

alto valor de in-vestimento, em qualquer cidade, p r i nc ipa lmen te nas capitais e às vésperas de um evento impor-tante prestes a acontecer, podem

gerar inúmeras dúvidas quanto à conveniência de se a realizar ou não alguma alteração. Segundo o antropólogo, nesse caso, há há muitos prós e contras. “O mesmo tipo de dis-cussão ocorre com o metrô, a Li-nha Verde etc. A consciência do uso do espaço que se quer dar é que poderá dizer se esse investi-mento é acertado ou não. O que não pode é a obra, quando finali-zada, prejudicar a mobilidade que existe hoje, por pior que ela seja”, conclui.

Rua 24 Horas: um marcopara a cidade de Curitiba

Situada na cidade de Curitiba, a Rua 24 Horas é conhecida por ser a primeira rua comercial coberta no Brasil. Ela faz ligação entre as ruas Visconde de Nácar e Visconde do Rio Branco. Quando inaugurada, em 1992, tornou-se um marco na histó-ria, não só de Curitiba, como também do Brasil. Construída em estrutura me-tálica tubular coberta, composta por 32 arcos com dois grandes relógios, o lugar, com funcionamento inter-rupto, atraía turistas e era ponto de encontros e local de entretenimento. Após ser fechada, em 2007, a Rua 24 Horas serviu de espaço apenas para circulação de pedestres e também como abrigo para alguns moradores de rua, além de facilitar o tráfico de drogas que ali se estabeleceu. Um novo projeto de revita-lização foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc) e pela Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop), com fiscaliza-ção de responsabilidade da Urbs, com a intenção de tornar a Rua 24 Horas novamente um ponto de referência para o cenário turístico em Curitiba. A reforma iniciou-se em junho de 2010 e foi finalizada em novembro de 2011. Para o embele-zamento da Rua, foram mantidas as características arquitetônicas origi-nais. O local também será ponto de chegada e saída da Linha Turismo. Foram instaladas lojas como revistaria, chocolateria, livraria, auto-atendimento bancário, farmácia, cy-

Beatriz Szymanski bercafé, agência de turismo, agência dos Correios, confeitaria, artesanato, relojoaria, perfumaria e cosméticos, chaveiro 24 horas, central de turismo e espaço cultural. Para o proprietário de um restaurante vizinho da Rua 24 Horas, “a revitalização trouxe benefícios, primeiro por deixar de ser lugar de vândalos e baderneiros que acaba-vam atrapalhando a aproximação de clientes no restaurante”. Outro bene-fício apontado por ele é que, com a reabertura da Rua 24 Horas, cresceu o movimento no restaurante por se tornar um espaço de maior tráfego, principalmente por visitantes e turis-tas na cidade. Segundo o Engenheiro da Smop Luiz Bozza, responsável pela obra, foram instaladas nove lojas, vi-dro moderno que dá melhor conforto térmico, estacionamento, piso novo e novas canalizações elétricas e câme-ras de segurança. Além disso, os dois grandes relógios, um em cada entra-da, foram restaurados, mantendo-se o modelo original. Eles marcarão ho-ras em 24 intervalos, em lugar de 12, sendo iluminados e comandados por uma central eletrônica a quartzo. A Rua 24 Horas sempre foi atração em Curitiba, na condição de ponto turístico, atraindo grande nú-mero de visitantes e movimentando o comércio local. Para a estudante Taís Michele Berttolo, a Rua 24 Horas sempre foi lugar de encontro dos curitibanos e também cartão postal para visitantes. “Com este estilo e arquitetura, já vi muito turista tirar foto e elogiar o ce-nário da Rua”, conta.

Divulgação

Divulgação

O novo calçadão terá a extensão de quase um

quilômetro e se estenderá da Praça Dezenove de Dezembro até a Praça

Nossa Senhora de Salete

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Curitiba, dezembro de 2011 MARCO ZERO 11

TÁ NA WEBCRÔNICA

Clarissa Brandolff Gindri

Espírito de Natal

Dizem que final de ano é uma época em que as pessoas ficam emoti-vas. Supostamente, o espírito de Natal traz o sentimento de união e alegria, fazendo com que estranhos se cum-primentem na rua, colegas de trabalho sintam-se mais inclinados a gentilezas, familiares reatem laços antes corta-dos, crianças cantarolem pelas ruas... ou não. Em Curitiba, pelo menos, isso definitivamente não acontece. Os ado-ráveis curitibanos continuam ignorando solenemente seus companheiros de elevador, lançando olhares fulminantes a todos aqueles que ousarem cruzar seu caminho na calçada e resmungan-do aparentemente sem motivo enquan-to cumprem seus compromissos diá-rios, ansiosos pela chegada das férias. O fim de um ano significa, na verdade, o pico de estresse e irritação com tudo aquilo que vem dando errado durante os últimos 12 meses. A viagem de janeiro que não aconteceu porque aquele tio teve uma crise de pressão alta; o início das aulas dos filhos, que logo na primeira semana já arrumaram confusão com os coleguinhas; a fúria interminável da mulher com o marido que esqueceu o aniversário de casa-mento; o sócio que não pagou as con-

tas; o amigo que virou inimigo depois de uma discussão sobre futebol; aque-le desconhecido que pisou no seu pé já machucado pelo martelo que o mestre de obras da reforma interminável da sua casa havia derrubado no dia ante-rior; a fila gigantesca para comprar os malditos enfeites de Natal mais bonitos que os do vizinho; enfim, tantos moti-vos para querer estrangular a primeira pessoa que ousa dizer bom dia às sete da manhã de um dia chuvoso e frio em pleno dezembro. Há, no entanto, um pacto silen-cioso que, no fundo, nos faz tolerar um pouco mais as grosserias do próximo nesta época do ano. Compreendemos a situação do outro, pois também es-tamos passando por ela. Obviamen-te, isso não nos impede de responder suas palavras com o dobro de gros-seria, mas, pelo menos, evita compli-cações maiores, fazendo com que se-guremos a vontade de utilizar nossos conhecimentos de luta livre para resol-ver a situação. A essas alturas, todos buscam apenas sobreviver aos últimos dias de rotina trágica, focando todas as energias na palavra mágica que faz qualquer indivíduo, curitibano ou não, querer soltar fogos de artifício: férias! Isso, é claro, se aquele tio não tiver uma crise de pressão alta...

Filosofando com Alexandre Nero

Curitiba mostra que é repleta de grandes talentos, tanto na música como no teatro e na televisão. Da caital paranaense saíram grandes nomes para a telinha, como Ary Fontoura, Luis Mello e Letícia Sabatella. Atualmente, um nome que vem se destacando é o de Alexandre Nero Vieira, cantor, compositor, músico, arranjador, sonoplasta, diretor musical e ator. Ele ficou famoso por suas atuações no teatro, principalmente no espe-táculo “Os Leões”, e após ter feito o papel do verdureiro Vanderlei, na novela “A Favorita”, da TV Globo. Hoje, além de dar vida ao personagem Baltazar, na novela “Fina Estampa”, que vai ao ar às 21h na Rede Globo, Alexandre Nero está lançando seu novo tra-balho musical, o CD Vendo Amor. No dia 24 de novembro, ele apresentou o clipe da música Filosofando. O clipe tem uma bela fotografia, e a voz de Nero é muito agradável. O clipe merece ser visto e compartilhado. www.youtube.com/watch?v=IygFKSkb860 Site oficial: www.alexandrenero.com.br

Para quem gosta de fotografia

Para os que gostam da arte de fotografar, este vídeo é muito interessante. Dewitt Jones é um dos melhores fotógrafos profissionais da América. Ele combina as histórias de seus 20 anos na National Geographic com suas fotografias extraor-dinárias para ensinar a criatividade e divulgar sua visão do “celebrar o que é certo com o mundo”. Jones tem uma clientela que conta com empresas como Nike, Walt Disney e Ritz Carlton Hotels, entre outras. Este é o resultado de fazer um trabalho sério e muito bem feito e principalmente gostar do que faz. http://www.youtube.com/watch?v=Seghv-nrDDU

Claudia Bilobran

Divulgação

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MARCO ZERO Curitiba, dezembro de 201112

ENSAIO FOTOGRÁFICO

Fotos e texto:Juliana Moraes*

Um concurso de fotografias promovido pela Aliança Francesa ho-menageou o fotógrafo húngaro Brassaï. O célebre Brassaï, que adotou a cidade de Paris como sua, trafegou também pelos universos da pintura, da escultura, do cinema e das letras. Seu trabalho habita o espaço urbano insólito e desconhecido e revela seu gosto pelo diferente e pelo proibido. O concurso contou com mais de 4 mil inscrições de fotógrafos do Brasil e da França, dos quais 30 foram finalistas. O concurso premiou um fotógrafo da França e outro do Brasil e também distribuiu prêmios de menção honrosa e um prêmio popular. O ensaio “Luzes distantes e devires” apresenta uma leitura imagéti-ca que se constrói a partir da própria noção de fotografia, o “escrever com luz”, e da perspectiva do distante enquanto momento passado, assim como o antônimo do próximo, conectando o projeto atual à obra de Brassaï.

[*Juliana Moraes, aluna do curso de Comunicação Social daFacinter, esteve entre os finalistas do concurso, terminando em 7º lugar]

Luzes distantes e devires