jornal laboratório

10
UESB Denúncia confirmada Denúncia confirmada 4 3 Resgate Resgate Comportamento Comportamento Entre-Vistas Entre-Vistas EXCLUSIVO Ano VII Abril/2007 15 Aluna de Odontologia denuncia descaso Aluna de Odontologia denuncia descaso A luta diária dos universitários viajantes A luta diária dos universitários viajantes Gileno Paiva: 27 anos de dedicação à Uesb Gileno Paiva: 27 anos de dedicação à Uesb CIDADE Arco-íris preto e branco Arco-íris preto e branco 7 4 3 Entre-Vistas Entre-Vistas Ano VII Abril/2007 15 Secretário de Cultura nega o fim da Miconquista Secretário de Cultura nega o fim da Miconquista Sociedade Sociedade Açao humana é a vilã da degradação ambiental Açao humana é a vilã da degradação ambiental Resgate Resgate O massacre indígena na conquista da terra O massacre indígena na conquista da terra Conhecida por suas animadas manifestações pelo mundo, a comunidade homossexual perde seu “colorido” característico em Conquista Conhecida por suas animadas manifestações pelo mundo, a comunidade homossexual perde seu “colorido” característico em Conquista 8

Upload: ailton-fernandes

Post on 03-Mar-2016

239 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Turma 2005 do curso de Jornalismo da Uesb

TRANSCRIPT

Page 1: Jornal Laboratório

UESB

Denúncia confirmada Denúncia confirmada

4 3

Resgate Resgate Comportamento Comportamento Entre-Vistas Entre-Vistas

EXCLUSIVO

Ano VIIAbril/2007

15

Aluna de Odontologiadenuncia descaso

Aluna de Odontologiadenuncia descaso

A luta diária dosuniversitários viajantes

A luta diária dosuniversitários viajantes

Gileno Paiva: 27 anosde dedicação à Uesb

Gileno Paiva: 27 anosde dedicação à Uesb

CIDADE

Arco-íris preto e brancoArco-íris preto e branco

743

Entre-VistasEntre-Vistas

Ano VIIAbril/2007

15

Secretário deCultura nega o fim

da Miconquista

Secretário deCultura nega o fim

da Miconquista

SociedadeSociedade

Açao humana é a vilãda degradação ambiental

Açao humana é a vilãda degradação ambiental

ResgateResgate

O massacre indígenana conquista da terraO massacre indígenana conquista da terra

Conhecida por suas animadas manifestações pelo mundo,a comunidade homossexual perde seu “colorido” característico em Conquista

Conhecida por suas animadas manifestações pelo mundo,a comunidade homossexual perde seu “colorido” característico em Conquista

8

Page 2: Jornal Laboratório

Hoje o tempo voa, amor...uatro anos ou mais cursando uma faculdade governo? na instituição? nos professores? Mas, ao podem mudar para sempre uma vida. Mas refletir-se, percebe-se que o mais responsável, ou

Qcom o passar dos semestres, infelizmente, as melhor, irresponsável, pode ser o próprio estudante. expectativas de calouro não se concretizam e os Pois, esquece que o papel principal, quem sonhos vão se desmanchando na apática realidade protagoniza é ele mesmo. acadêmica. Quem faz a universidade também são os Depois da faculdade a verdade é que estudantes e o que estão construindo?nenhum estudante é mais o mesmo. Mas também é

Como a carruagem da Cinderela, que num fato, que a faculdade não faz toda aquela diferença passe de mágica vira abóbora, à medida que o tempo que se esperava. Deixou-se de aprender, de vai passando, a atmosfera de desânimo toma conta experimentar, de questionar, de agir. Muita coisa se dos estudantes e o encanto desaparece. Assistir às perdeu no meio do caminho e dentre elas, algo que aulas passa a ser apenas uma necessidade, ao invés dificilmente será recuperado: o orgulho de ser de um prazer. Planos e promessas de estudar muito e estudante universitário. Por isso, “não adianta dedicar-se e aquela alegria do dia em que seu nome fugir, nem mentir pra si mesmo agora”, diz a música foi encontrado na lista dos aprovados transformam-do cantor Lulu Santos. Estar numa universidade se em frustração. pública, infelizmente, ainda é privilégio de poucos.

Essa desilusão, para muitos estudantes, E não se ocupa uma cadeira na sala de aula por começa quando percebem que a realidade não é acaso. É uma oportunidade que deve ser aquela idealizada: a de uma faculdade que abra a aproveitada. cabeça e faça ver o mundo de outro jeito. Espera-se Como diz Lulu, “vamos viver tudo que há uma formação profissional perfeita com para viver, vamos nos permitir”, e freqüentar a professores capacitados, infra-estrutura completa, biblioteca, estudar os conteúdos, realizar os companheirismo dos colegas e projetos prontos. trabalhos propostos, debater com os professores, Espera-se demais dos outros e como de costume, propor soluções. “Pois tudo passa, tudo sempre coloca-se a culpa dessa frustração em alguém: no passará” e a Uesb precisa melhorar agora!

le era só mais um garoto cheio de sonhos e brincadeiras da turma. Perdeu a conta das vezes em planos que chegava de uma cidadezinha do que foi vítima das gozações em sala de aula. interior, lá “onde o vento faz a curva”, para Contudo, nada disso abatia o garoto sonhador. Ele Eingressar na universidade. Como boa parte dos tinha um propósito maior do que cursar uma

estudantes, levava uma vida difícil, cheia de faculdade para ter um diploma pendurado na parede privações e dificuldades e batalhava muito para se do seu quarto. manter sozinho em um lugar estranho, por vezes Esse rapaz simples passou por cada etapa na hostil, longe de casa e dos amigos. Lembrava-se Universidade com a determinação e a perseverança constantemente, com muito carinho, de todo o de um guerreiro. Transformou-se num vencedor. sacrifício que seus pais faziam para custear os seus De alvo das gozações e chacotas, passou a ser o estudos.referencial dos colegas, líder de turma, consultor de

Mas ele sabia exatamente o que queria. Era matérias e um exemplo a ser seguido pelos novos determinado. Sabia que não estava ali por acaso e estudantes. aproveitar ao máximo todos os momentos tornou-se Ele fez a diferença, provou que era capaz de essencial. Cada congresso e seminário significavam ultrapassar os seus limites. Foi além, inclusive, das um novo aprendizado. Não perdia nenhuma expectativas de todos os que o acompanhavam em oportunidade oferecida pelo curso. Nas aulas, era o sua jornada. Deixou “o fim do mundo” para virar último a sair, ficava discutindo a matéria do dia. Nas cidadão do mundo. Essa história é uma bela exceção viagens? Enquanto todos estavam se divertindo, de alguém que não se concentrou no tamanho das tirando fotos e aproveitando a paisagem, o jovem suas asas, mas na altura do vôo que queria alçar no procurava conhecer mais dos temas abordados na horizonte.

a aula prática. Nada passava despercebido, sem um Este texto é dedicado ao ex-estudante do curso de questionamento, ou uma resposta a uma dúvida. Jornalismo da Uesb, Euclides Pindaí.

O seu jeitão intelectual rendeu muitos apelidos, tornando-o alvo mais freqüente das

Superando limites

por Flávia [email protected]

CRÔNICA

Carta do leitor

por Amanda [email protected]

ARTIGO

OPINIÃOOPINIÃO

Depende do ângulo

por James [email protected]

TVE UesbAprendi muito com a disciplina Oficina de Impresso, mas, em especial, uma lição: nunca entreviste sem gravador. Que sirva também a outras turmas: por confiar em uma colega de curso, fui chamado de mentiroso e antiético. Um lapso de memória, talvez outro motivo. Mas, pela ausência do gravador, não posso comprovar a fala de Eveline Mota, na matéria escrita por mim, na edição número 13 do Oficina de Notícias, sobre a TVE Uesb, onde ela trabalha atualmente. Mas tenho a consciência tranqüila. Os que me conhecem sabem que defendo a verdade e não atribuo opiniões a quem não as emitiu. No mais, coloco-me a disposição de Eveline, que em momento algum me procurou, e agradeço o espaço concedido pela atual equipe do Oficina de Notícias. Paulo Anderson, estudante de Jornalismo.A

A Uesb é uma ilha?Gostei muito do artigo que vocês publicaram (Oficina de Notícias, nº 14), explicitaram a realidade da Uesb muito bem, foi uma matéria digna de jornais famosos no Brasil e no mundo. Parabéns. Delano de Oliveira, funcionário da Uesb/Itapetinga.

Editora: Flávia MotaEditora: Bianca Maia

22

Oficina de Oficina de

NotíciasOficina deOficina deNotícias

Quando o frio vem de dentrorasil. Bahia. Verão. Sábado de janeiro. Não, não vezes nem percebemos que o sol já apareceu e a continue a imaginar uma praia em que biquínis armadura bloqueadora de emoções já podia ser despida.e sungas desfilam de maneira tentadora à luz de Por motivos diversos, ignoramos o incômodo B

um sol ofuscante. Bahia, sim, mas me refiro a Vitória da do sentimento de distância. Talvez seja porque Conquista, uma das poucas cidades que fogem ao estejamos tão perto e ao mesmo tempo tão longe que estereótipo baiano. nem percebemos a impossibilidade de sentirmos as

Naquele sábado nublado, depois de uma noite pessoas.inteira de garoa, tive de acordar cedo em pleno fim de É difícil acreditar que as pessoas se acostumam semana para pegar um ônibus. Como todas as outras a não dar bom dia, a não agradecer ou pedir desculpas pessoas, eu também vestia casaco, botas, cachecol e acompanhadas de um sorriso. Não é questão de luvas. educação, de bom-humor, de caráter. O frio pode estar

O frio é uma das características referenciais da presente dentro de cada um de nós, impedindo um cidade. Contudo, notei que o ser humano internaliza abraço como fonte de calor. Ou será que a temperatura aquilo que não deveria ser mais que um fator climático. reflete no temperamento?Os casacos, além de nos aquecer, involuntariamente O que somos é diariamente moldado por nossas funcionam como proteção contra o contato físico. experiências, fatores externos que involuntariamente Contato que nos faz humanos e nos diferencia dos influenciam nosso interior. Numa realidade tão outros animais. insegura, vivemos em busca de um refúgio, de

Todos ali, de certa forma, procurávamos nos proteção. É chegada a hora de admitirmos que devemos esconder, ocultar nosso mundo de sentimentos e nos proteger não do calor, mas da falta dele. pensamentos. A cada tentativa de proteção do frio, acabamos nos acostumando a tantos agasalhos. Muitas

vida é uma festa que deve ser aproveitada ao o próprio orçamento e fazem sacrifícios por alguns dias máximo e, como toda brincadeira adulta, exige de festa, deixando um rastro de dívidas. Para terem responsabilidade de quem faz parte dela. Mas acesso à balada, tomam empréstimos, vendem objetos A

até que ponto pode ir o esforço para fazer parte de uma pessoais ou trabalham em vários lugares diferentes para folia? Vale a pena pagar por algumas horas, ou dias de financiar a curtição. Outros chegam a cometer crimes diversão, em detrimento do resto do ano? Quais os para conseguirem um lugar em meio ao círculo social. limites desse prazer? Atos como roubo e prostituição não são difíceis de

Há quem diga que gastar com uma alegria serem observados, principalmente em pequenas passageira seja uma perda de tempo e dinheiro. Porém, cidades ou lugares onde o turismo é considerável. isso não é condenável desde que não cause danos às Atitudes como essas extrapolam o limite da ética e da necessidades básicas e fira os limites do respeito ao se lei, além de causarem danos morais e físicos às outras pagar por uma festa. Contudo, essa atitude pode se pessoas e a quem os comete. O resultado deste delírio tornar um ato inconseqüente quando interfere momentâneo é muita dor de cabeça por um longo diretamente nas contas e nas condições de vida do tempo. folião ou quando transgride a lei e a ordem social, Contudo, mesmo com o lado ruim, participar trazendo conseqüências para o resto do ano ou por toda de um evento cultural pode ser muito bom, desde que se a vida. faça com responsabilidade. Divertir-se faz bem ao

Em épocas de festas como carnaval e micareta, corpo e ao espírito, acaba com o estresse e o mau humor. a concorrência entre blocos movimenta o mercado da Para aqueles que gostam, os eventos movimentam suas folia e, consequentemente, o folião que gosta de vidas trazendo felicidade, mesmo que momentânea. participar das festividades. A população se agita, a Pagar por isso pode não ser uma necessidade, mas serve cidade fica empolvorosa, alegre e cheia de expectativa. de paliativo na vida de muitas pessoas.Tudo gira em torno de um evento que não alcança uma “Comprar” uma balada é totalmente aceitável, semana. Nos lugares em que o mercado festeiro é forte, desde que a pessoa tenha dinheiro suficiente para isso. nota-se uma grande influência dessa atividade no Tudo se torna muito divertido quando, no dia seguinte, cotidiano das pessoas. Algumas, levadas pelo não é preciso trabalhar como louco para saldar dívidas, entusiasmo, fazem o possível e o impossível para nem acordar com ressaca moral por ter feito algo participar desse mundo de diversão. Entretanto, essa errado. Uma festa pode trazer satisfação quando a paixão pela folia, ou o desejo de não se sentir excluído, diversão não resulta em problemas.pode ir além de um simples momento de felicidade.

Muitas pessoas não reconhecem o limite ao se pagar por essa diversão. Alguns chegam a comprometer

A vida é uma festa! Ou não?

por Paula Ariá[email protected]

ARTIGO

CRÔNICA

Exclusão musicalpor James [email protected]

por Bianca [email protected]

ERRATA

O crédito de fotos da editoria Reviravolta, da edição 14 do Oficina de Notícias, é de Iulo Almeida.

Acesse o nosso

jornal em versão on-line!

Aproveite e participe com

sugestões e comentários.

tEx ra!Extra!

www.uesb.br/jornallaboratorio

Page 3: Jornal Laboratório

ENTRE-VISTASENTRE-VISTAS

“O curso pára no próximo semestre”

Quais os objetivos da manifestação dos estudantes de Você acredita que existe um favorecimento do curso de talvez o motivo seja cultural. Mas existe sim um pouco de Odontologia? E por que a escolha do campus de Vitória Medicina em detrimento do de Odontologia?comodismo. Costumamos nos manifestar quando acontece da Conquista?Eu diria que existem vários favorecimentos. A situação do alguma coisa. Estamos traçando discussões para que isso Os objetivos em Conquista foram tentar participar da campus de Jequié em relação ao de Conquista é deplorável: seja permanente, para que não se espere uma situação reunião (da Pró-Reitoria) de Graduação que aconteceu alunos de Pedagogia sem cadeiras, faltam laboratórios, caótica para tomarmos providências. ontem (dia 22 de março) para tentar pressionar o processo estrutura, ou seja, não há uma instrumentalização. Para de contratação de dois professores de Odontologia. E outra professores de Medicina foram liberadas 32 vagas, para Qual o contato que o Movimento teve com os estudantes questão foi tentar marcar uma reunião com a PraRH (Pró-Odontologia apenas uma. Isso reflete também em Jequié. de Itapetinga?Reitoria de Administração e Recursos Humanos) e a Se contabilizar, o curso de Medicina foi bem favorecido Tivemos contato com o pessoal de Itapetinga na reunião ProGrad (Pró-Reitoria de Graduação). Porque quando nessa questão. Quando falamos de favorecimento, são essas com o Secretário de Educação, tratamos de questões com íamos à Prefeitura de Campus e no departamento, que é o questões, sobre o Módulo de Odontologia e de modo geral, eles e vamos retomar as discussões. Achamos importante setor responsável por essa questão de professores e sobre o campus de Jequié.essa troca, essa ligação entre os três (campi), acho que se a funcionários, não tínhamos muitas respostas. Então, luta for única, com certeza será mais forte.falamos: vamos buscar no foco. Onde é que a gente poderia Além dos estudantes, quem mais apoiou o movimento?ter essas respostas de imediato? Aqui. Também achamos Os professores estão dando muita força. Há uma O que você acha sobre uma maior integração entre os interessante passar para todos os estudantes a situação real preocupação com a qualidade do profissional formado no campi da Uesb?de Odontologia e também dos outros cursos de Jequié, que curso. Existem professores em nossa grade muito Sentimos essa necessidade. Desde a reunião com o sofrem descaso com essa política de favorecimento que a qualificados, com mestrados, doutorados. O CA está todo secretário de Educação, em que representantes dos três gente vê em nossa universidade.envolvido nessa questão, porém não é só ele que está campi estavam presentes, vimos o quanto é importante

levando o movimento, mas também os alunos de todos os estar conversando. Desde aquele momento nos Notamos que o movimento faz constantes comparações semestres. O CA e o Colegiado têm ajudado nessas preocupamos em estar planejando ações que visassem os entre os cursos de Odontologia e Medicina alegando organizações já que são as instâncias que representam os três campi, porque é necessário. Hoje, (23 de março) é um haver diferenças de tratamento da administração em estudantes na universidade. É uma causa geral.dia muito especial para a gente porque Jequié e Conquista relação a esses cursos. Quais os problemas do curso de estão juntos num movimento em prol da universidade de Odontologia e por que essa comparação com o curso de forma geral. Queremos, sim, continuar as discussões. Medicina?Queremos um movimento estudantil firme, uma base forte. O curso de Odontologia, com três anos de existência, só tem Eu sei que essa integração vai ser complicada pela questão hoje 12% do projeto (obras estruturais) construído. No geográfica, mas temos muita vontade. Já que a Uesb são os Módulo, onde caberia um grupo de 40 alunos, já tem 78. A três campi, então vamos encarar sem separações.gente tem que se acotovelar por causa do espaço pequeno. Só tem uma sala de aula, e tudo é adaptado. Faltam quatro Quais as expectativas em relação ao próximo semestre?professores. Hoje, a clínica, pré-clínica e o laboratório Quanto aos outros cursos, qual foi o apoio recebido?O prazo de construção do Módulo é de seis meses e vai estão em lugares que seriam da Administração e da Quando paralisamos na segunda-feira (dia 19 de março) entrar mais uma turma na clínica, então vão ser quatro Biblioteca. Como Odontologia é clínica, é preciso essa fomos mal vistos. Houve um pouco de indiferença, mas turmas. Estamos esperando a Secretaria da Saúde do Estado Clínica-Escola. Não temos funcionários para receber os conversamos bastante com todo mundo e por isso na da Bahia (Sesab) liberar R$700 mil, que é a verba destinada pacientes na clínica, nem para esterilizar o material. Como quarta-feira tivemos uma paralisação geral. Vimos que os à construção da segunda etapa do Módulo. Sem isso, o é que a gente vai atender? Não tem condições de transporte. problemas são muito semelhantes. Odontologia quer curso pára no próximo semestre. Estamos lutando para ter Não tem água encanada. No Módulo de Odontologia, o professor, quer funcionário, quer estrutura física, mas menos prejuízo, ou seja, para conseguirmos terminar este abastecimento é feito com carro pipa. Quanto à comparação temos que pensar na universidade de uma forma geral. semestre. O próximo não se sabe nem quando vai começar. em relação ao pessoal de Medicina, o motivo é que o curso Procuramos semelhantes necessidades entre os cursos e A situação é caótica. foi implantado na mesma época, na mesma gestão, no todo mundo abraçou a causa.mesmo momento político. Só que Odontologia estagnou e Medicina continuou. Viemos aqui para lutar pela nossa Em relação ao campus de Jequié, existe integração entre causa. Queremos saber por que Odontologia está nessa os estudantes?situação, já que foi implantado no mesmo momento Às vezes, as pessoas colocam que o campus de Jequié, para político e também é da área de saúde. Viemos aqui para manifestações, é meio apático. Há uma preocupação de buscar apoio de todos também. integração, embora tenha um pouco mais de dificuldade,

por Isaac Santos e Rafael [email protected]

[email protected]

As condições precárias do curso de Odontologia levam alunos a prever paralisação indeterminada das aulas

A situação do campusde Jequié em relação ao

de Conquista é deplorável

A situação do campusde Jequié em relação ao

de Conquista é deplorável ““

Fotos: Iu

lo Alm

eida

Stênia Marília, representante do movimento dos alunos de Odontologia Stênia Marília, representante do movimento dos alunos de Odontologia

Stênia Marília Pereira é coordenadora de Formação Política do Centro Acadêmico de

Odontologia na Uesb, campus de Jequié. A aluna do VI semestre é representante do Movimento que

no dia 22 de março ocupou o Módulo de Medicina no campus de Vitória da Conquista. No

dia seguinte, cerca de 50 estudantes de Odontologia, junto com alunos de outras

graduações, se manifestaram na entrada da Uesb proibindo o acesso de veículos. Preocupada com

as condições do curso e ciente que os demais também enfrentam dificuldades, a estudante diz

que é necessária uma integração entre os discentes da Uesb. Em entrevista ao Oficina de

Notícias, Stênia esclarece os principais problemas que atingem o seu curso.

Editor: Isaac Santos

Editora: Zélia Sousa

33

Oficina de Oficina de

NotíciasOficina deOficina deNotícias

Miconquista 2007: festa fechada, porém gratuita

Já foi cogitado pela atual administração municipal os sindicatos dos comerciários, patronal e CDL, para compacto, nossa idéia é contratar três ou quatro, que serão deixar de realizar a Miconquista? chegarmos a um bom termo nessa questão. cedidos para blocos sem fins lucrativos. Todos os blocos Não há nenhuma discussão sobre o fim da Miconquista. vão sair da Praça da Escola Normal, e os trios vão ficar

Quais são as novidades da Miconquista 2007?Há quem diga por aí que ela está enfraquecendo, mas é circulando apenas no perímetro triangular entre a Rua da Desde setembro de 2006, abrimos uma discussão com preciso esclarecer que, na verdade, o que houve foram Granja, a Avenida Brasil e Rua Siqueira Campos. todos os empreendedores de bloco, com o Prefeito e mudanças na festa ao longo dos anos. A partir de 1997, a órgãos de segurança pública, para definição de um novo O Governo do Estado vai investir na Miconquista? Prefeitura começou a profissionalizar mais a estrutura da circuito. Optamos por mudar o conceito da festa, no Antes do carnaval, estive, juntamente com o Prefeito José micareta, valorizando as bandas de Conquista. Os blocos sentido de dar uma concentração para o público, evitando Raimundo, visitando o Secretário de Turismo Estadual. também começaram a se profissionalizar, garantindo uma aquela impressão de esvaziamento. Toda a folia será Entregamos-lhe os nossos projetos de eventos culturais e maior infra-estrutura para o seu folião e trazendo atrações concentrada no Bosque da Paquera, que será o grande de lazer para o município. Cobramos que fosse observado de renome. Com isso, os blocos pequenos foram centro de efervescência da Miconquista. Teremos três que somos a segunda cidade mais importante do interior. acabando, porque não era mais interessante para eles palcos em destaque: o do rock, o do forró e o palco É discriminatório apoiar a micareta de Feira de Santana, competir com quem traz grandes atrações. Assim, os principal. A nossa micareta é uma festa multicultural, em carnavais pequenos ou micaretas menores, e excluir foliões dos blocos extintos foram se incorporando aos termos de estilos musicais. Ao longo desses anos, fomos Conquista, como vinha acontecendo. Portanto, esperamos blocos maiores. Nos últimos anos, os cachês cobrados rompendo com essa idéia de uma festa só de música receber algum apoio do Estado na Miconquista 2007, pelo pelas bandas subiram assustadoramente, e os baiana. Neste ano, vamos dar mais qualidade à festa, que menos para garantir algumas atrações que possam dar um empreendedores de blocos começaram a perceber que era sempre foi de paz, porém garantiremos ainda mais a maior poder de atratividade à festa. um grande risco investir tão alto. O Bloco Tôa-Tôa, por segurança dos foliões. O circuito será totalmente fechado. exemplo, optou por fazer uma festa fechada, ao invés de O novo formato da Miconquista - a festa particular Ninguém vai poder entrar com armas, porque as pessoas desfilar na rua. No ano passado, tivemos apenas o dentro do Parque de Exposições, e a pública, no só poderão ter acesso ao circuito se identificadas com Massicas como bloco oficial no circuito. Essas mudanças Bosque da Paquera - não criará uma situação de detector de metais. A festa será toda fechada do ponto de não são de responsabilidade do poder público. Não divisão social?vista do acesso, porém totalmente gratuita. Isso é o que eu podemos obrigar ninguém a sair ou deixar de sair da festa. Acredito que não, porque nossa preocupação é garantir acho que vai mudar o conceito e o formato da É uma opção dos blocos fazer festas fechadas, ao invés de uma festa de qualidade para o povo, e as pessoas vão Miconquista. Se não há bloco oficial, não precisamos de colocar os foliões na rua, atrás do trio elétrico. Poucas entender isso. Enquanto poder público, não podemos um circuito com três quilômetros, o que diminuirá os cidades no Brasil mantêm esse formato de micareta com entrar na lógica do mercado e da mídia. Não dá para pegar custos com a festa. Um outro detalhe é que, como não blocos na rua. A maioria optou por fazer as chamadas o dinheiro público e usá-lo para contratar uma banda, que teremos mais blocos oficiais, reduzimos a festa em um festas Indoor (fechadas). Respeitamos todos os blocos e tocará apenas por algumas horas, por R$ 100 mil. Isso é dia, ou seja, volta a ser como no passado: sexta, sábado e entendemos que, quantos mais eventos privados houver coisa para a iniciativa privada. Por mais que venhamos a domingo. numa cidade do porte como a nossa, melhor será. Mas, em ter dinheiro, precisamos destinar verbas para outras ações

momento algum, o Prefeito José Raimundo e sua equipe também. Sempre trouxemos artistas de qualidade, mas é a de governo condicionaram a existência da festa à lógica de essa questão da mídia que temos que nos contrapor. Para um bloco ou de outro. Vamos continuar garantindo uma quem quiser curtir a micareta, não vão faltar ritmos. festa popular, para quem queira brincar na rua sem pagar Acredito que o novo formato da festa vai garantir a ingresso. revitalização da Miconquista. Estamos preparados para

que a festa aconteça com brilho, com muita qualidade e Há boatos de que os comerciantes pedem o fim da animação. Sem bloco oficial neste ano, a Miconquista Miconquista. Existe de fato essa cobrança?

E os trios elétricos, continuam? perde do ponto de vista de algumas atrações nacionais de Parte do comércio - e eu sei que ela não é a maioria - Temos blocos alternativos inscritos para a micareta, peso, mas ganha um novo formato, que, sem dúvida, terá realmente tem feito sugestões, mas não oficialmente. Não portanto, haverá trios elétricos, sim. Muitas vezes, só qualidade superior ao dos outros anos. Agora é esperar é uma premissa verdadeira considerar que a Miconquista falamos dos blocos comerciais, que vendem abadás, mas que Conquista e região participem do evento.estaria dando prejuízo ao comércio. Há, inclusive, uma existem vários blocos alternativos, que não têm interesse maior movimentação nas lojas de confecções, de calçados, comercial, e a gente acaba cometendo o erro de não em restaurantes e hotéis no período da festa. Em relação ao menciona-los. O que haverá é uma redução pelo menos na feriado da micareta, estamos buscando um consenso com metade do número de trios. Como o circuito ficou

por Indiana [email protected]

“ “O Secretário Municipal de Cultura aposta em maior segurança e conforto para

o folião na Micareta de Vitória da Conquista, que terá um novo formato

Em 1989, acatando sugestão dos blocos carnavalescos, o então Prefeito Murilo Mármore criou a Micareta de Vitória da Conquista, que se

tornou um dos mais importantes carnavais fora de época do Estado. Ao longo das 18 edições já

realizadas, a festa passou por várias mudanças, e, nos últimos anos, surgiram especulações em torno

do seu fim. Para esclarecer algumas questões sobre a Miconquista, que, neste ano, acontecerá de

20 a 22 de abril, entrevistamos o Secretário Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer,

Gildelson Felício de Jesus, no cargo desde janeiro de 2005. Ele é licenciado em Matemática,

especialista em Administração Pública e foi diretor do extinto Bloco Fascinação.

Fotos: Iulo Almeida Secretário de Cultura Gildelson Felício Secretário de Cultura Gildelson Felício

Não há nenhumadiscussão sobre o fim da

Miconquista

Não há nenhumadiscussão sobre o fim da

Miconquista

Foto

s: Z

élia

Sou

sa

Page 4: Jornal Laboratório

RESGATE

Para sempre na memória De diretor de setor a técnico de manutenção, Gileno Paiva dedicou grande parte de sua vida à universidade e deixou como herança a TV Universitária

por Nayara Souza e [email protected]@hotmail.com

Welder Dias

13 de fevereiro de 2007. A Uesb perde um dos Gileno fez alguns cursos na área de técnico em que fosse, ele saía daqui para ir consertar a torre”, afirmou seus mais antigos funcionários: o professor Gileno rádio e, na equipe da Ditora, se dedicava muito à parte Aracely Paiva.Novais Paiva. Foram 61 anos de vida, 27 deles dedicados técnica, como na manutenção de equipamentos. Ele fazia Foi com muita persistência que Gileno sustentou à universidade. Inicialmente como professor, depois questão de prestar tais serviços a fim de poupar recursos da essa idéia que hoje é uma realidade retizada. Porém, ele como produtor de vídeos. A persistência o levou a universidade. Apenas em alguns casos, quando não havia foi destituído do cargo de Diretor da TV e nomeado conseguir, junto com seus colegas de trabalho, aquilo que material para conserto, os equipamentos eram mandados Diretor Técnico, logo após ter se afastado durante 45 dias poucas universidades no Brasil têm: uma TV para fora da cidade. “Muitas vezes Gileno comprou para tratar da Síndrome de ELA, Esclerose Lateral Universitária.equipamentos com dinheiro do próprio bolso”, afirmou o Amiotrófica, doença que o vitimou. “Quando eu

Pioneiro no setor audiovisual em Vitória da cinegrafista e amigo Alexandre Rocha.conversei com Gileno, logo após o seu afastamento, eu Conquista, ele ingressou na instituição em 1980 para Em 1993, surge a Pró-Vídeo, Produtora notava que ele estava tomado de um verdadeiro trauma, se ministrar as disciplinas de Literatura Inglesa/Norte-Universitária de Vídeo da Uesb. Dessa forma, a Ditora sentindo um homem bastante injustiçado com a maneira americana e Língua Inglesa, no curso de Letras. Nessa passa a ter apenas a função de disponibilizar aos como houve a substituição dele por outras pessoas”, época, a Uesb ainda era Faculdade de Formação de professores equipamentos audiovisuais necessários à relatou Ruy Medeiros. O reitor Abel Rebouças foi Professores de Vitória da Conquista (FFPVC) e estava melhor qualidade do ensino, tais como retro-projetores, procurado para possíveis esclarecimentos sobre o instalada no prédio onde hoje funciona o Colégio vídeos-cassete, televisores, projetores de slides e, mais episódio, mas não teve tempo em sua agenda para atender Estadual Adélia Teixeira.tarde, DVDs e computadores. A produção de vídeos a reportagem do Oficina de Notícias.

Em 1983, Gileno Paiva foi convidado para educativos e documentais da instituição coube à Pró-Foram 22 anos para que o objetivo maior de implantar o Setor de Audiovisual na Uesb, apesar da Vídeo. Nesse mesmo ano, Gileno se aposenta como Gileno fosse alcançado, mas ele faleceu antes mesmo da universidade dispor de poucos equipamentos. A Diretoria professor e passa a trabalhar exclusivamente na Produtora.TV completar um ano. “Uma perda para todos nós, Técnico-Operacional de Recursos Audiovisuais (Ditora) familiares, amigos, professores, alunos e principalmente foi criada, começando a produção de vídeos na TV Universitária para a universidade. Gileno merece que a sua memória instituição. seja lembrada, possivelmente com a denominação de

No início, passaram pela equipe, coordenada por A partir de 1985, após uma viagem de algumas alguma sala do Surte. Acho que seria uma homenagem Gileno, nomes como Valeriano Queiroz, Iolando semanas a São Paulo, uma paixão passou a dominar o justa, no mínimo”, assegurou José Duarte.Fagundes e Jorge Luiz Melquisedeque - participante coração do professor Gileno: um canal de TV para Uesb. Boa parte da história da Uesb se confunde com a mais ativo na procura por novos equipamentos e Em 1986, com o apoio dos administradores da trajetória deste sonhador, que sempre lutou em busca de produção. Eles tinham o compromisso de filmar tudo que universidade Walquíria Albuquerque e Orlando Leite novas perspectivas e de reconhecimento para a a Uesb produzia, desde os eventos realizados na Júnior, o grupo composto por Gileno Paiva, Jorge Luiz universidade. Ele é um exemplo a ser seguido por todos. instituição até as mais simples produções de caráter Melquisedeque, Janid Ramos e José Duarte enviou um O professor Ruy traduz o sentimento de cada um que educativo.projeto ao Ministério das Comunicações, que na época conviveu com Gileno: “Eu tinha uma admiração muito

Com o passar dos anos, a Ditora evoluiu e muitas tinha Antônio Carlos Magalhães como ministro, visando à profunda pelo ser humano e pelo funcionário que foi pessoas fizeram parte desse processo. Diversos trabalhos criação da TV Universitária. O Ministério autorizou o Gileno Paiva. Ele era um homem de espírito público, era passaram a ser produzidos por Gileno e Melquisedeque, projeto, porém ele foi engavetado na gestão do então reitor aquele servidor público que ia além do cumprimento de juntamente com o professor José Duarte, Sônia Mota, Carlos Botelho. suas simples tarefas”.dentre outras. “Gileno foi responsável pela edificação do Durante alguns anos, a universidade teve a primeiro registro material aqui da Uesb. Era uma pessoa concessão disponibilizada para apresentação de um muito envolvida com a dinâmica da universidade e com o Telejornal através do sinal da Embratel, o Tela Viva, que setor de Recursos Audiovisuais”, afirmou o professor do era exibido uma vez por semana e veiculado para todo o curso de Comunicação José Duarte. “Quase tudo que nós Brasil. Contudo, o projeto não deu certo, uma vez que o temos em matéria de mídia aqui na universidade decorre objetivo maior era de que houvesse uma programação em do trabalho de Gileno”, declarou o professor do curso de nível regional. A Uesb passou a apresentar um programa Direito Ruy Medeiros. Na época, ainda não havia ilha de na TV Cabrália. Por problemas com a emissora e edição na cidade e as filmagens muitas vezes eram feitas intervenções na universidade, após três anos, o programa com câmeras emprestadas. Segundo a filha de Gileno, teve de sair do ar. Começava aí mais uma etapa dessa luta: Aracely Paiva, seu pai se inspirava na famosa frase do a criação da TV Universitária.cineasta Glauber Rocha: “bastava uma idéia na cabeça e Em 2004, é criado o Sistema Uesb de Rádio e uma câmera na mão”.Televisão Educativas (Surte), órgão responsável pela

Apesar das dificuldades da produção, alguns repetição do sinal de TV. Com o propósito de concretizar o documentários foram premiados nacionalmente, o que projeto da TV Universitária, Gileno viajou por diversas deu mais impulso para o desenvolvimento do setor na cidades brasileiras, como Brasília e Uberlândia. Uesb. É o caso do documentário A Chacina do Sarampo, Finalmente, em 2006, é implantada, com a parceria da TV visto em diversas cidades brasileiras e até mesmo em Educativa (TVE), a TVE/Uesb. Cuba. No início da década de 90, na administração de O sonho de Gileno havia se realizado. “Ele Pedro Gusmão, a Ditora ganhou uma ilha de edição Super abandonou uma parte da vida dele, deixou um pouco a VHS, possibilitando a edição de vídeos com melhor família de lado em função da TV”, afirmou Alexandre qualidade. Novos funcionários foram contratados, como Rocha. Com a TV no ar, havia um problema de sinal na o fotógrafo Sabiá e Esmon Primo, atual diretor do projeto transmissão. A imagem por diversas vezes chuviscava e Janela Indiscreta Cine Vídeo. Em 1992, chegaram os isso deixava Gileno insatisfeito, pois ele queria ver a cinegrafistas e também editores Renato Correia e imagem perfeita. “Ele deu a vida pela Uesb, a primeira Alexandre Rocha. Estava mais próxima a criação de uma coisa que ele fazia quando chegava em casa era ligar a produtora de vídeo.televisão. Se a imagem estivesse ruim, podia ser a hora

Editor: Welder Dias

4

Oficina de Oficina de

Notícias

Foto: A

rquivo da família

RESGATEEditora: Natália Oliveira

4

Professor Gileno Paiva

Oficina deOficina deNotícias

Professor Gileno Paiva Professor Gileno Paiva

Opressão e mito na formação de uma cidade

a a

a

Batalha Hoje

“Mesmo com o imenso estrondo das armas, os Segundo o professor e advogado, Ruy Medeiros, temíveis Ymboré se escondiam atrás das árvores. por volta de 1752 houve um grande conflito entre O conflito entre índios e bandeirantes em Fornecendo flechas, as mulheres auxiliavam os homens Bandeirantes e Mongóio, que entrou para a história de Conquista é permeado de lendas. A Praça Tancredo que as disparavam, em grande quantidade, de tal forma Conquista. Os relatos indicam que, após perseguir um Neves é uma das que permanecem no imaginário da que feriram três soldados. Os índios resistiram por horas grupo de índios pelas matas durante todo o dia, os população. Não é raro ouvir que lá é um grande até que foram expulsos, deixando 21 mortos e dez colonizadores, liderados pelo Capitão João Gonçalves, cemitério, onde foram enterrados os índios após o prisioneiros: oito crianças e uma mulher, que conseguiram alcançá-los e travaram uma luta difícil às 4 Banquete da Morte. Para o estudioso da história, Ruy amamentava o filho”. Apesar de cinematográfico esse horas da manhã. A esta altura, os bandeirantes já estavam Medeiros, o fato não passa de um relato produzido por relato do Capitão João Gonçalves, citado pela fisicamente cansados e as armas não funcionavam. pessoas que não pesquisam seriamente. “A região da historiadora Edinalva Padre Aguiar em seu artigo Os Para animar o grupo, de acordo com registros praça era próxima à antiga igreja que possuía um grupos indígenas do Sertão da Ressaca, é real e aconteceu históricos, o capitão fez uma promessa a Nossa Senhora cemitério ao lado. Ali haviam diversas pessoas na região de Vitória da Conquista. No antigo Sertão da das Vitórias. Se ganhassem o conflito, ergueriam uma enterradas, não somente índios, mas pessoas das mais Ressaca, foram registrados os mais violentos conflitos igreja em homenagem à Santa. Após o juramento, os variadas origens”. entre grupos indígenas e bandeirantes no final do século homens brancos partiram para o embate corpo a corpo. Para o antropólogo José Luis Caetano, não XVIII. Munidos de facão, conseguiram vencer os índios, que existem estudos suficientes para que se possa falar sobre

O Sertão da Ressaca se situava em uma região não sabiam lutar com este tipo de arma. Por isso, alguns a questão da herança das tribos em Conquista. Para ele, estratégica, ligando Minas ao litoral da Bahia. Com o acabaram se rendendo, outros foram aprisionados ou não há um grupo indígena isolado que possa reivindicar esgotamento do ouro, a busca por novas terras se tornou a fugiram. O local onde ocorreu este conflito está a 6 km da uma identidade nesta região. “Por isso, a cultura indígena melhor alternativa para superar a crise. Bandeirantes, cidade de Conquista e, atualmente, abriga o povoado que permanece oculta nesta sociedade.”como João Gonçalves da Costa, escravo liberto, e João da carrega um nome nada significativo: Batalha. A memória de um povo é construída a partir do Silva Guimarães, viam na proximidade com a região de João Gonçalves, não entrou para a história como respeito às culturas que formam a sua identidade. Em Rio de Contas a possibilidade de encontrar novas minas. um descobridor de minas, sua pretensão, mas como um Vitória da Conquista esta afirmativa foi deturpada. Por

Até a chegada dos bandeirantes, por volta de grande dizimador dos povos indígenas. Suas práticas conta disso, até hoje se reproduz a versão do “herói 1752, o Sertão da Ressaca pertencia a três grupos violentas ganharam notoriedade e o levaram a ser bandeirante”. A comunidade regional tem um conceito de indígenas principais: os Ymboré/Botocudos, requisitado para “missões” de grande dificuldade contra sociedade pouco diversificado em que somente um grupo Kamakãs/Mongóio e Pataxó, pertencentes ao tronco os ditos “selvagens”. Os próprios índios, em 1790, se dominador foi responsável pela formação histórica da Macro-Jê. Os índios eram conhecidos como “língua dirigiram ao então Governador da Capitania, Fernando cidade. Será possível prosseguir sustentando essa travada” por não se adaptarem a convivência com os José de Portugal, para suplicar a remoção de João versão? brancos. Apesar de estarem no mesmo espaço Gonçalves do Sertão da Ressaca. geográfico, as tribos eram rivais. As tribos indígenas foram exterminadas não só

Os Ymboré e Pataxó eram nômades e tinham pelo poderio bélico dos bandeirantes, mas também por grande habilidade para a luta. Por causa disso, o conflito terem tido o seu espaço natural reduzido. Os com os bandeirantes foi muito mais intenso e violento do conquistadores, ao não encontrar ouro, passaram a que com o Grupo Mongóio. Estes eram sedentários e utilizar as terras para criar gado, grandes pastos surgiram acabaram sendo mais facilmente dominados, auxiliando, onde antes a mata era dominante. Os grupos indígenas, inclusive, os bandeirantes na busca pelos Ymboré, seus principalmente os nômades, dependiam da caça e da inimigos. A história de Vitória da Conquista foi pesca. Sua existência estava ligada diretamente à construída em cima de mitos, não possibilitando natureza. Como sobreviver?conhecer nenhuma outra visão que não seja a do Os Mongoió acreditavam que a resposta seria vencedor, neste caso os bandeirantes. uma aliança com os colonos para derrotar seus inimigos,

Os documentos históricos são poucos e os Ymboré, e garantir o seu espaço. Mas, em 1806, após elaborados pelos colonizadores. Poucos relatos, como o um período de “paz”, os Bandeirantes, que não tinham do príncipe alemão Maximiliano, que esteve no arraial da interesse em dividir a terra, convidaram os Mongoió para Conquista por volta de 1817, apresentam uma visão celebrar a suposta trégua.desvinculada dos interesses econômicos imperiais. Em “Eles utilizaram uma prática comum, que já seu livro Viagem ao Brasil, o príncipe revela dera certo na África e em outros lugares do Brasil: o características da fauna, flora e dos costumes e hábitos Banquete da Morte”, diz Ruy Medeiros. Na “festa”, os dos índios que habitavam a região. Apesar de escassas, as índios foram embriagados e atacados, sem poder reagir. informações existentes deixam claro que a conquista do Eles foram cercados e massacrados, inclusive mulheres e Sertão da Ressaca foi longa e difícil, por conta da crianças. O povo Mongoió foi trucidado e sucumbiu.resistência dos índios.

Vitória da Conquista foi construída em cima do mito do

vencedor. A herança dos seus primeiros habitantes, Mongoió,

Ymboré e Pataxó, foi massacrada. A conseqüência disso é uma

cultura segregadora

YMBORÉ - Fabricavam e utilizavam botoques. Acreditavam que a alma se perdia durante o sono. Sabiam tirar água de bromélias e taquara, andavam semi-nus. Só os homens usavam ornamentos com penas.PATAXÓ - Andavam nus, semi-nomandismo, usavam talos de bambus nos lábios e orelhas. Acreditavam na vingança dos mortos e nas fatalidades como ações dos espíritos que retornavam a terra.MONGÓIO - O casamento entre as aldeias era encarado como uma troca: a tribo que recebia a mulher doava outra mulher à aldeia que doou. Os chefes de família eram enterrados de cócoras e acendiam-se fogueiras nos túmulos. Para dormir, eles utilizavam peles de animais ou folhas.

Fonte: Ymboré, Kamakã, Pataxó - A presença indígena no Planalto da Conquista, organizado por Edinalva Padre Aguiar.

por Fernanda Castro e Natália [email protected]

[email protected]

Índios do Planalto da Conquista

Da esquerda para a direita: índios Mongoió, em tela de Debret, Ymboré e Pataxó em gravuras de Maximiliano Da esquerda para a direita: índios Mongoió, em tela de Debret, Ymboré e Pataxó em gravuras de Maximiliano

Bibliografia consultada: A Conquista do Sertão da Ressaca, povoamento e posse da terra no interior da Bahia, de Maria Aparecida Silva de Sousa e Ymboré,

Kamakã, Pataxó - A presença indígena no Planalto da Conquista, organizado por Edinalva Padre Aguiar.

Page 5: Jornal Laboratório

ESPAÇO ABERTO

Tem vaga aí? A carona na Uesb rende histórias inusitadas entre caroneiros e motoristas e é uma das maneiras usadas pelos estudantes para redução dos gastos

O sol estava mais quente que de costume. A se pega carona. “Contanto que chegue à cidade, desconhecido, pois me sinto mais confortável e fome, que a cada minuto se intensificava, tornava-se qualquer carona é válida, mas quando o cara abre o segura”, argumentou a recém graduada em Direito, uma inimiga íntima. Chegava a ser assustador. Além carro, observo mais ou menos a sua feição. Não é meio Anamaria Santos Maia. Já Paulo Maurício afirmou disso, um dilema o atormentava: gastar ou não o seu justo, mas é um critério relativamente de segurança”, que só oferece carona aos estudantes que estiverem único passe? Mas e no dia seguinte, como ele iria para a declarou Mauro Jorge. trajando o uniforme do curso. Esses critérios de universidade? No meio da sua angústia, a galope, veio Entretanto, algumas vezes, os universitários se segurança, adotado por alguns motoristas, são a a solução. Uma carroça surge ao longe e uma idéia irritam com a “insensibilidade” dos motoristas. “Eu fico maneira encontrada para ajudar quem pede carona, invade seus pensamentos. Hoje a carona pouco chateado porque é uma questão de boa vontade, sem, no entanto, comprometer o seu bem-estar. convencional é contada aos risos pelo estudante do simplesmente. Todo mundo que passa por aqui, passa Enquanto os motoristas não escolhem quem oitavo semestre de Agronomia, Renan Pina: “Peguei por onde vou ficar. Fico um pouco irritado”, disse o será ajudado, os estudantes, com olhares atentos, carona com mais cinco colegas numa carroça, que me estudante de Direito, Caio Ricardo Pereira. Já a aluna de aguardam uma oportunidade para voltarem para casa. deixou perto da minha casa. As pessoas sorriam ao nos Agronomia, Silvia Azevedo, disse ficar “retada. Acho Uma espera longa e, muitas vezes, cansativa; uma ver. Nossos colegas ficaram semanas fazendo resenhas falta de consideração. Não custa nada, né? Ainda mais rotina. Um cenário constante na universidade, palco sobre o ocorrido”.com o carro vazio”.de diferentes episódios na vida desses personagens.

Pedir carona não é uma prática nova na Os motoristas se defendem explicando que Essa é a vida do estudante que precisa de um outro universidade, localizada a cerca 10 km do Centro de caronas mal sucedidas os fazem pensar bastante antes alguém para chegar em casa.Vitória da Conquista. Com o reajuste de 21,3% na de abrirem novamente a porta do carro para um passagem de ônibus, em vigor desde 21 de janeiro de estranho. “Uma vez dei carona pra uns três (rapazes) 2007, intensificaram-se os pedidos dos caroneiros que estavam no ponto de ônibus, e os meliantes neste primeiro semestre do ano. Esses estudantes são roubaram uma pasta que estava no carro”, conta o na maioria de outras cidades e vêm para Conquista estudante de Direito, Vitor Amorim. Situações cursar o nível superior. Longe da casa dos pais, inusitadas sempre ocorrem, como conta o seu colega, procuram as repúblicas e os pensionatos, logo as Paulo Maurício, “Dei carona para uma pessoa que despesas vão aumentando gradativamente e qualquer estava com um odor ardiloso, então tive que abrir a possibilidade de economia é válida. Segundo a janela e pedir para ela abrir também. E o pior é ter que estudante de Agronomia, Jaqueline Costa, é mais ouvir todos os dias a pessoa fétida falar: ‘e aí, já viável pegar carona do que gastar um passe. O vamos?’”.estudante de Direito, Mauro Jorge Vieira, também Os estudantes consideram a carona um ato concorda: “o mais importante é a contenção de solidário, que todos deveriam aderir sem restrições à despesas”.cor nem ao sexo. Jaqueline conta que, um motorista

Os universitários têm um lugar específico para uma vez lhe confidenciou não gostar de dar carona a pedirem carona, localizado próximo ao Módulo dos mulheres, por perceber o desconforto delas, quando Laboratórios. No local havia uma placa: “Seja amigo, ficam sozinhas, no carro com um homem. “Eu entendo dê carona ao estudante”, que foi colocada no primeiro o lado dos motoristas, mas eu acho que não há motivo semestre de 2006 a pedido dos graduandos, mas deles negarem carona, porque aqui há pessoas que desapareceu. “Nós a parafusamos justamente para que necessitam da carona. Não são pessoas que vão agir de ela não soltasse. Não fomos nós que tiramos, foi má fé, mas eu entendo, eles têm certa razão”, afirmou realmente um ato de vandalismo. Infelizmente, nem Renan Pina.todos os estudantes lutam pelos mesmos ideais”, Para os motoristas não é tão fácil assim, afinal, declarou a substituta do Prefeito de Campus Neide confiar em um anônimo torna-se uma tarefa difícil, uma Aguiar Silva. vez que o índice de violência só tem aumentado nesses

últimos anos. “Na realidade quando afirmo que dou (In) Segurança carona falo de uma carona seletiva, pois não dou carona

a todas as pessoas que pedem. Geralmente, dou carona a Como os problemas financeiros são freqüentes colegas. Têm casos em que quando estou acompanhada

entre os estudantes, dificilmente se escolhe com quem de algum deles, eu venha a dar carona a um

por Adriana Brasil e Luara [email protected]

[email protected]

“O cara falou que ia me levar até o Centro. Confiei nele, e aí quando chegou ao Inocoop, ele mudou de idéia de uma hora pra outra. Disse que não ia mais para o Centro. Tive que ir andando para casa porque não tinha passe nem dinheiro”.Renan Pina

“Uma vez eu e uma amiga resolvemos dar carona a três estudantes. Cumprimentei-os e voltamos a conversar sobre assuntos do coração. Ela reclamava do namorado dela e eu do meu. ‘Meti o pau’ na criatura, soltei o verbo. No Centro os rapazes desceram. A grande surpresa dessa carona estava por vir. Meu namorado me ligou perguntando se eu falava mal dele para as pessoas. Claro que eu disse que não. Foi aí que ele me revelou que os três estudantes eram amigos dele. Fiquei uma fera com aqueles meninos, pois ganharam carona e ficaram ouvindo a conversa alheia. Que coisa feia!”.Anamaria Santos Maia

Caronas curiosas

Editora: Laiana Meira

5

Oficina de Oficina de

NotíciasESPAÇO ABERTO

Editora: Andressa Cangussú

5

Oficina deOficina deNotícias

Fotos: A

driana B

rasil

por Gracielly Bittencourt e Vitor [email protected]@yahoo.com.br

Apatia no cenário gay de Conquista Falta atitude dos homossexuais para transformar pequenas iniciativas em um movimento organizado

Foto: Andressa Cangussú

“Somos, logo existimos!” Essa frase foi a primeira coisa que me chamou a atenção assim que cheguei à festa Morgana Mix. A batida se ouvia de longe. E à medida que caminhava em direção ao local o som ficava mais e mais alto. O clima já podia ser sentido. Os transeuntes habituais deram lugar aos performistas, malabaristas, e drag-queens. A esta altura da noite a rua foi tomada por uma multidão de gays, simpatizantes e curiosos a fim de uma noite divertida e alto astral.

Mesmo com toda a purpurina, não parava de pensar na frase que vi assim que cheguei. Aquela frase pulsava, gritava, pedia para ser ouvida - incomodava até. Era como se dissesse: nós existimos, estamos aqui e não queremos mais nos esconder.

A quarta edição do Morgana Mix, uma festa direcionada ao público GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), foi realizada no dia 12 de janeiro deste ano, no Espaço Massicas em Vitória da Conquista. A maioria dos homossexuais que participaram do evento expuseram seguramente sua orientação sexual e não tiveram medo “de sair do armário”. Mas até onde essa coragem é exposta em outras instâncias sociais? Em quais outros momentos o homossexual conquistense se articula para demonstrar sua força e representatividade? Ao que parece, a poética frase, “somos, logo existimos”, pintada em letras garrafais na entrada da festa, leva a uma indagação: Eles existem, sim! Mas será que lutam? Segundo o estudante de Jornalismo da Uesb, Leandro Lima: “As pessoas estão bem mais interessadas em participar de festas, do que lutar pela causa gay. Elas querem um projeto de lei, querem igualdade, mas pouca gente se mobiliza”

O vereador do município de Vitória da Conquista Adão Albuquerque é enfático ao dizer que uma coisa é assumir sua orientação sexual, outra é assumir a bandeira do movimento do ponto de vista político-social. Para ele, não há movimento gay em Conquista, existem pequenas iniciativas, a maioria delas voltadas para a questão da diversão, mas nada para o debate nem para a formação política. “Já tentamos, por várias vezes, criando associações. Só para vocês terem idéia, em janeiro marcamos uma reunião aqui na Câmara de Vereadores e ninguém compareceu”, critica.a

Parada gay

Há algum tempo se discute a realização de uma parada gay em Conquista. Entretanto, um evento dessa dimensão não pode ser realizado sem que antes haja uma ampla discussão com o público GLBT da cidade. Para um dos organizadores do Morgana Mix, Alexandre Damião, “as paradas já cumpriram seu papel de dar visibilidade à causa, mas hoje se transformaram em um carnaval fora de época”.

Adão, por sua vez, ressalta que essa passeata pode acontecer um dia como fruto de um processo de amadurecimento político da cidade e dos homossexuais. “Se acontecesse hoje uma parada gay em Conquista,

quantos gays participariam? Poucos. As ruas certamente estariam lotadas, não de gays, mas de pessoas preconceituosas prontas para 'jogar pedras' e apontar o dedo”, completa o vereador.

Evolução

“Ao se transformar numa cidade universitária, Vitória da Conquista atraiu um público jovem que, com uma nova visão de mundo, tem alterado a cultura tradicionalista da cidade e contribuído para a superação de alguns preconceitos”, afirmou o estudante de direito da Uesb, Fábio Fernandes.

Apesar da pouca articulação dos homossexuais em Conquista, alguns espaços de discussão têm sido criados. Sites, blogs, comunidades no Orkut e associações começam a despontar no cenário GLBT da cidade. O Pátria GLBT (patriaglbt.com.br) é um desses espaços. Com a intenção de quebrar o estereótipo de que todo site destinado ao público gay tem linguagem vulgar e é atalho para filmes pornográficos, Leandro pretende colocar no ar uma página que trate de educação, cultura, política, entretenimento e moda, direcionando esses temas ao público gay. “A

sociedade tem evoluído e não teria hora melhor para o movimento GLBT evoluir junto. Uma

cidade como Vitória da Conquista, com mais de 300 mil habitantes, não pode

fazer de conta que todo mundo é branco, heterossexual e que

quem domina são os homens”, declara ele.

Os organizadores do Morgana Mix também p re t endem p romover ações vo l t adas pa ra conscientização política da comunidade. Além da esperadíssima festa, eles realizarão, pela segunda vez, uma feira cultural que oferecerá arte e serviços para cidade.

Outra iniciativa direcionada ao público GLBT é a Acrópole (Associação Gay do Sudoeste da Bahia). A princípio criada com o objetivo de abranger toda a região Sudoeste, hoje passa por uma reformulação e pretende ser uma associação gay de Conquista, uma vez que as cidades circunvizinhas se organizaram em associações próprias. Um dos objetivos da Acrópole é tentar resgatar a dignidade de muitos homossexuais, principalmente aqueles de baixa renda, que não tiveram acesso a uma formação educacional nem a oportunidade de desenvolver seus talentos.

Há ainda um projeto de lei, elaborado pelo vereador Adão, que pretende coibir qualquer forma de discriminação por orientação sexual.

Preconceito

Ainda que a sociedade tenha convivido de forma “aceitável” com as diferentes orientações sexuais, o preconceito e a discriminação estão longe de ser temas encerrados. A manifestação de afeto por pessoas do mesmo sexo em locais públicos é considerada por muitos, atentado ao pudor, quando na verdade, os homossexuais têm os mesmos direitos que os heterossexuais de demonstrar carinho ao companheiro. “Eu me sinto à vontade de estar com o meu o parceiro em qualquer lugar, seja lá onde for”, alfineta Adão. E ainda acrescenta: “Se você está em algum lugar e vê uma manifestação de carinho entre dois homens ou duas mulheres, isso só te incomoda quando esta questão é mal resolvida na sua cabeça”.

Não são raros os casos em que os homossexuais sofrem agressões relacionadas à sua opção sexual. Fábio, o estudante de Direito, recorda que em um show, na cidade de Ilhéus, por pouco não foi atingido por uma pedra quando beijou outro rapaz. “Ninguém é obrigado a aceitar, mas todos devem respeitar”, enfatiza ele.

Na verdade, as pessoas ainda têm certa dificuldade de perceber que as individualidades não significam necessidade de um choque. “Temos a oportunidade de fazer com que a situação se inverta. O fato de eu estar na Câmara de Vereadores é novidade para muita gente, mas para muitos tem sido uma boa novidade, porque as pessoas têm aprendido a conviver com o diferente, percebendo que o diferente não é desigual!”, finaliza Adão.

Page 6: Jornal Laboratório

SOCIEDADE

Uesb é a última universidadea discutir cotas na BahiaCom 26 anos de história e 25 cursos de graduação, a Uesb

tem apenas mestrados em Zootecnia, Agronomia, Engenharia de Alimentos, Química e nenhum doutorado. Em março, a universidade apresentou ao órgão competente do Ministério da Educação, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o projeto de doutorado em Zootecnia, um mestrado profissionalizante em Produção Agropecuária no Semi-árido e outro em Memória e Linguagem. A divulgação do resultado ainda não tem data definida.

A Capes é a responsável por avaliar e liberar a implantação dos projetos de pós-graduação enviados pelas universidades. Segundo a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG), Cristiane Leal, a aprovação da implantação de mestrados e doutorados está diretamente condicionada à qualificação de professores na área pleiteada. Isso significa que é necessário um mínimo de professores doutores, com produção científica, para que o órgão possa recomendar a pós-graduação solicitada.

Hoje são 90 professores afastados para conclusão de doutorado e 137 doutores na universidade, no entanto, nem todos são produtivos. “Não basta ter o título de doutor. Tem que continuar trabalhando, investindo em si próprio, produzindo projetos, publicando resultados, porque se o doutor não publica projetos e resultados para a Capes, ele torna-se improdutivo. Ou seja, não conta para o corpo docente de mestrado ou doutorado”, explicou a pró-reitora.

Para dar suporte ao programa de capacitação, a Uesb destina parte dos recursos à concessão de bolsas de mestrado e doutorado ao corpo docente. O programa exige do professor a conclusão da pós-graduação e a permanência na instituição pelo período correspondente ao afastamento para qualificação. São comuns os casos de professores que terminam doutorado ou mestrado e querem ir embora da universidade. Ou professores que não terminam a pós-graduação que foram liberados para cursar. Nessas situações, os docentes podem ser punidos legalmente e obrigados a devolver todos os recursos neles investidos.

Capacitado, o professor pode se reunir e montar propostas de pós-graduação para a universidade. No entanto, há uma série de exigências da Capes para que os projetos sejam aceitos e, muitas vezes, eles são indeferidos. É o caso do Mestrado em Memória e Educação. O projeto “foi articulado, e incluímos doutores da casa, com produção acadêmica, e os que também não eram da área de Educação, mas que tinham projetos dentro da área do Museu Pedagógico. Para a Capes, é claro, só podem participar professores doutores. A resposta foi que, do ponto de vista do mérito, o projeto correspondia com o desejado. No entanto, tinha uma produção acadêmica relativamente pequena e também não possuía o corpo docente com formação na área de educação, que correspondesse ao percentual exigido, 75%”, explicou a doutora em Educação Lívia Diana Guimarães.

A implantação de cursos de pós-graduação é essencial para a produção de conhecimento na universidade. Também há uma cobrança interna e externamente pelos interessados em ir além da graduação e sem condições de sair de Conquista ou região. “É importante a implantação de cursos de pós-graduação na universidade, porque você não vê sua formação limitada a graduação, você enxerga a possibilidade de uma pós sem precisar ir a outras localidades. Além do mais, cursos de pós-graduação aumentam os títulos da universidade. A universidade cresce e se qualifica”, diz o graduando de Geografia, Alex Dias.

por Janine [email protected]

Capes analisa projeto de doutorado

Ilustração: Jam

es Freire

última semana de maio, o seminário externo, em que serão convidados pesquisadores desta e de outras instituições para debater cotas”.

O representante da sub-gerência de Assistência Estudantil (Sae), Aldo Clécio, confirma a discussão inflamada da reunião. “Dentro do segmento de cotas, existem os movimentos sociais que apóiam as cotas raciais, reserva de vagas vai para negros, e os que apóiam as cotas sociais, vagas para escola pública, independente de cor. A briga final acabou sendo pelo título do seminário. Eles não queriam que a gente colocasse o nome Seminário de Políticas Afirmativas e Inclusão Social. Tinha que ser um ou outro”.

A professora do Departamento de História (DH) e também representante do Movimento Negro de Vitória da Conquista, Graziele Ferreira, lembra que já foi entregue um documento ao reitor no final do ano passado para que o assunto fosse levado à pauta no Conselho de Pesquisa e Extensão (Consepe). “Nós apresentamos o documento que pede 45% de reservas e caso esse contingente não seja preenchido, fica aberta a possibilidade dos negros de escolas privadas preencherem. Por isso que nós podemos dizer que é cota racial e isso está no documento". A

Enquanto as outras universidades públicas professora também argumenta que o modelo de da Bahia - Ufba, Uesc, Uneb, Uefs - já cotas sugerido pelo Movimento mescla os implantaram o sistema de cotas, a Uesb ainda está exemplos bem sucedidos da Uneb e da Ufba. discutindo a questão e sem um acordo entre os “O documento entregue pelo Movimento grupos envolvidos. A principal divergência é Negro carece de maior aprofundamento nas quanto ao modelo de cotas a ser implantado: justificativas”, avalia o professor do DFCH reserva de vagas para afro-descendentes, Reginaldo Silva. De acordo com ele, existem defendida pelo Movimento Negro de Vitória da algumas contradições: “as propostas são absurdas, Conquista, ou para candidatos oriundos de escolas chegando a reforçar o preconceito e públicas, proposto pela União Municipal dos discriminações. Um debate sério e Estudantes Secundaristas (Umes) e alguns compromissado ainda está por ser feito na Uesb”. professores da instituição.Para o professor do DFCH, Márcio Alves,

Na última reunião, realizada no dia 28 de as objeções existentes ao modelo de cotas são março para discutir o Seminário de Assistência geradas por um misto de parcialidade e de Estudantil e Políticas Afirmativas, proposto pela interesses. “Como a universidade é um espaço de Reitoria, decidiu-se por acatar a sugestão do elite, de cabeças que pensam e vão gerenciar a Movimento Negro: separar as discussões em dois ordem estabelecida, e como na sociedade seminários diferentes, cotas e assistência brasileira nós não temos espaços de ponta para a estudantil. população negra, há certa preocupação por parte

Segundo o professor João Diógenes do dos setores dominantes”. Departamento de Filosofia e Ciências Humanas Segundo o reitor da Uesb, Abel Rebouças, (DFCH), na reunião “ficou estabelecido a não há atrasos nas discussões sobre as cotas, e os realização na primeira semana de maio, dia 9, de trâmites oficiais estão em andamento. “A um seminário interno para se ouvir os universidade ainda está discutindo o assunto. Se Departamentos, Colegiados, Adusb (Associação ocorrer uma aprovação, a gente inicia esse dos Docentes da Universidade Estadual do trabalho, provavelmente, já para o próximo Sudoeste da Bahia), Sindicato dos Funcionários da vestibular”. Instituição (Afus) e outras entidades envolvidas, para saber qual a idéia que a universidade tem sobre as cotas. Após esse Seminário, irá ocorrer na

por Anselmo Alves e Ian [email protected]

[email protected]

Editora: Amanda Moreira

6

Oficina de Oficina de

NotíciasSOCIEDADE

Editora: Mirna Ledo

6

Oficina deOficina deNotícias

parcela de responsabilidade. Atividades que visem elevar a auto-estima dessas pessoas, não dependem de grandes investimentos e geram resultados inestimáveis. Estão em curso no bairro Pedrinhas, por exemplo, projetos sociais e culturais que contam com a participação de moradores e voluntários. Na escola Antônio Cavalcante, há cinco anos são desenvolvidas atividades como capoeira, pinturas em grafite e hip hop.

As raízes do problema da violência são profundas e as ramificações se espalham num solo adubado pela omissão, indiferença e falta de informação. Esclarecer a

Mal o sol “acorda” e junto com ele, Dona Maria Por mais paradoxal que possa parecer, o fato é que classe média no intuito de minimizar o preconceito contra põe-se de pé para mais uma jornada de trabalho. Sempre o índice de furtos e roubos no bairro Pedrinhas além de ser os moradores de bairros vitimados pela violência não custa com um sorriso largo, essa senhora de 38 anos começa seu inferior ao dos bairros de classe média e Centro da cidade, recursos financeiros e tem um retorno muito eficaz. Não é dia com uma longa caminhada até o local de trabalho. “Não decresceu no último ano, segundo dados do Setor de preciso grandes teses, estudos ou estatísticas para se pego ônibus, vou a pé, porque não tenho dinheiro”, diz Estatística do Distrito Integrado de Segurança Pública comprovar a eficácia da máxima dita por Dona Maria no sorrindo a diarista. Cabe a ela e ao seu esposo, a tarefa de (Disep). Surge então uma questão, no mínimo, intrigante: o início dessa reportagem: “quem faz o bairro são os sustentar os quatro filhos. decréscimo no número de furtos e roubos nesses bairros moradores”, a fórmula é básica e pode ser aqui adaptada:

Moradora de um dos bairros considerados mais seria devido a um certo respeito por parte dos marginais quem faz a sociedade somos nós.violentos da cidade, a protagonista, que de fictícia possui em relação aos vizinhos ou simplesmente os praticantes de aqui apenas o nome, mora no bairro Pedrinhas na cidade de delitos visam os bairros com mais “recursos”? Embora Vitória da Conquista. “As pessoas me perguntam: ‘você nenhum estudo sério sobre esse tema tenha sido produzido não acha ruim morar naquele bairro?’ E eu digo: ‘quem faz localmente, parece que as duas respostas são corretas. “Eu o bairro são os moradores’”. Assim como esta cidadã, são acho que talvez quem furta aqui nem seja desse bairro, seja muitas as pessoas idôneas e trabalhadoras que habitam não de outros. Eles não furtam no bairro que moram até porque apenas este, mas também outros bairros carentes. a própria comunidade [os] conhece”, diz a educadora

O psicólogo Valter Rodrigues, com formação em Gerlany Silva. “A nossa escola tem poucos recursos, mas psicanálise expandida para o social, e em constante contato os poucos que tem poderiam ser levados por eles com os moradores do bairro Pedrinhas diz que “a maior facilmente, no entanto, nós nunca fomos furtados. Até parte dos moradores não é violenta”. Ele chama atenção temos pais de alunos que cometem delitos, mas por terem para o fato de que, devido ao estigma que o bairro carrega, uma convivência boa com a comunidade, com os até mesmo a simples menção do local onde mora algumas funcionários da escola, eles têm esse respeito”, conclui.vezes pode “manchar” um currículo de emprego. Não são

Responsáveispoucas as pessoas, principalmente entre os jovens, que se envergonham de mencionar o bairro onde moram.

O processo de construção das identidades e da O reflexo desse preconceito criado pela sociedade cidadania se dá nos espaços da família, da escola e da pode ser visto até mesmo no mercado imobiliário. Apesar comunidade. É necessário um compromisso solidário, um de Vitória da Conquista ter um mercado de imóveis pacto entre sociedade e o Estado, pois ambos têm suaaltamente inflacionado, é possível alugar uma casa de até

dois quartos no bairro Pedrinhas a partir de R$ 40,00. Na opinião do delegado da Furtos e Roubos, Israel

Aristides, a imprensa também tem sua parcela de culpa ao alimentar o preconceito contra os bairros periféricos. “Se a imprensa, como formadora de opinião mostra muita incidência criminal, acaba criando um apartheid. Bairro Pedrinhas, Patagônia, Cadija e tal. Se você começa massificar isso como foco de marginais, toda a sociedade vai ver isso com uma certa restrição”, alerta o delegado.

O preconceito contra os bairros periféricos é uma cruel realidade que serve para aumentar o abismo social e contribuir para o quase aniquilamento da auto-estima e cidadania de seus moradores. “As pessoas daqui do Bairro têm a visão de que os de fora têm uma imagem ruim deles, de que os moradores têm só a visão de roubar, de matar e, na verdade, essa violência não é encontrada totalmente aqui no bairro” relata Gerlany Silva, vice-diretora de uma escola do bairro Pedrinhas.

Até mesmo o tratamento dispensado pela classe média ao contratar, como mão-de-obra barata, os serviços de pessoas que moram em bairros “perigosos” é uma consequência dessa exclusão. “Tem faxineira na cidade que ganha R$ 70,00 por mês e quem emprega achabom. Isso é trabalho escravo”, ressalta Valter Rodrigues. “A classe média, as elites, têm medo dessas pessoas e ao mesmo tempo as desqualifica”, acrescenta.

a

a

Bairro Pedrinhas é vítima do preconceitoA discriminação é um dos tipos de violência

mais graves que os moradores de bairros periféricos enfrentam

Bahiafarma é reativada em Vitória da ConquistaVitória da Conquista e cidades circunvizinhas serem produzidos serão os básicos, tais como:

contarão com uma indústria produtora de remédios. antitérmicos, analgésicos, antiinflamatórios, de Será implantada na cidade uma unidade da Bahiafarma, controle da hipertensão, colesterol, diabetes etc.indústria farmacêutica que está sendo reativada após O projeto, que tramitou de 2003 a 2006, uma parceria entre Ministério da Saúde, governo começou com o apoio do Ministério da Saúde ao municipal e agora Governo do Estado. As obras foram município. Hoje, conta também com a parceria do iniciadas no início do mês de fevereiro e têm um término Governo Estadual, num alinhamento político muito previsto para dois anos. oportuno para sua concretização. Antes de conseguir

Segundo a Secretária Municipal de Saúde, mais esse apoio, o orçamento era de apenas R$ 4 Suzana Ribeiro, “os benefícios não serão apenas para a milhões e agora está em torno de R$18 milhões.população de Conquista, mas para toda a região Para a construção, primeira etapa já em Sudoeste. Haverá geração de empregos diretos e andamento, há a estimativa de contratação de 200 indiretos”. Além disso, as prefeituras dessas cidades pessoas. Depois de instalada, o quadro será composto poderão comprar os medicamentos a preços menores. por algo entre 130 a 150 funcionários. Até o pleno “Os benefícios serão visíveis no próprio sistema de funcionamento da indústria, os medicamentos serão saúde, com a garantia da aquisição de medicamentos submetidos a uma série de testes de fórmulas durante um básicos”, completou Suzana. período de seis meses. Esses testes são necessários para

A produção da Bahiafarma vai destinar-se que haja um posterior registro na ANVISA (Agência exclusivamente à distribuição gratuita de remédios à Nacional de Vigilância Sanitária). população, de acordo com os critérios estabelecidos pelas Prefeituras interessadas no programa e suas respectivas Secretarias de Saúde. Os medicamentos a

por Diogo de [email protected]

por Caíque [email protected]

Fot

o: I

ulo

Alm

eida

Roubo a transeuntes em 2006

Fonte: Disep

Page 7: Jornal Laboratório

Francisco Alfredo Sampaio Cruz e Francisca conseguir as provas. Provas ilícitas não podem produzir "Não eram alunos excelentes, eram alunos Priscila Sampaio Cruz, alunos do curso de Medicina, efeito em qualquer processo, seja administrativo ou médios", comentou Edney, que foi professora dos dois foram expulsos em janeiro de 2007 acusados de judicial", alega o advogado de defesa se referindo ao irmãos. Ubirajara, que também lecionou na turma dos fraudarem o Vestibular 2005.1 da Universidade fato de que os alunos não sabiam da real finalidade do acusados, chegou a se surpreender com a notícia da Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Investigações, teste grafotécnico, feito com todos os estudantes da fraude. "Eram bons alunos, interessados, participativos; realizadas por aproximadamente dois anos, turma. Segundo alguns colegas de turma dos dois daí a minha surpresa total", concluiu o professor.confirmaram que as caligrafias dos irmãos, que vieram irmãos, ninguém foi obrigado a fazer teste. O exame No entanto, quando se ouvem os ex-colegas, as do Ceará, não eram as mesmas das pessoas que fizeram grafotécnico foi realizado sob o pretexto de avaliar a opiniões já não são as mesmas. "Eles não eram muito as provas. No âmbito da universidade, o caso foi modificação que a caligrafia de alunos de Medicina responsáveis, faltavam às provas, os tutoriais e, o pior, encerrado, mas os estudantes recorreram à Justiça Civil podem sofrer ao longo do curso. fraudavam atestados médicos para isso. E quando para retornarem às aulas. faziam as provas, pescavam descaradamente mostrando

As investigações do caso começaram após o quase que total falta de estudo dos assuntos", conta um recebimento de e-mail anônimo na semana de ex-colega que não quis se identificar. divulgação do resultado do Vestibular 2005. Depois da Além disso, os alunos da turma acreditavam denúncia, o fato foi levado à Procuradoria Jurídica, que que a imagem do curso pudesse ser prejudicada. "Nós por sua vez criou uma comissão de sindicância, temíamos piadinhas do tipo 'quanto foi a sua vaga? '. Era responsável pelas investigações iniciais e pela a reputação tanto do curso como da universidade que certificação de que o caso tinha relevância. Com teste estava em jogo", declarou o mesmo informante grafotécnico, realizado por técnicos da Polícia Civil, em anônimo. que se comparam as caligrafias, confirmou-se a Em contraponto, Edney pensa que esse validade do caso. episódio não traz prejuízos ao curso. "Pelo contrário.

Após concluída essa etapa, segundo o professor Quando você tem as denúncias, se investiga para saber do curso de Agronomia Joel Queiroga, o procedimento as causas. Ninguém está protegendo ninguém", usual é fazer um relatório para a Procuradoria. Em concluiu.seguida, uma nova comissão é nomeada e abre-se um Por outro lado, a defesa vê o processo como Processo Administrativo. A Comissão Administrativa algo distorcido. “A forma como foi conduzido era só deste caso foi formada pelos professores: Joel para justificar que existia um Processo Administrativo, Queiroga, Ubirajara Cairo do curso de Biologia e mas a decisão já estava previamente dada pela Uesb. Ao Marilza Ferreira do Nascimento do curso de Direito. Ela meu entender, já estava fadado para punir os alunos presidiu o processo e não quis conceder entrevista. A antecipadamente”, argumentou o advogado.oficialização desse procedimento foi publicada no Embora haja muitas opiniões contrárias, o fato Diário Oficial no dia 10 de junho de 2006.é que o assunto já foi concluído no âmbito acadêmico.

Os dois alunos acusados foram instruídos a Se os alunos ganharão a causa na Justiça Civil e voltarão procurar uma defesa. “Eu chamei os alunos e falei que à universidade, isso é algo que só a justiça irá eles constituíssem um advogado, eles tinham direito”, determinar.contou a coordenadora do curso de Medicina Edney Nascimento Matos. Segundo o professor Ubirajara, o próximo passo da Comissão foi ouvir as partes acusadas, além dos técnicos da Polícia responsáveis pelo teste de caligrafia. A defesa dos dois irmãos, que foram convocados na primeira lista do Vestibular 2005.1 - ele na 11ª colocação e ela na 30ª, alegou inocência.

O advogado de defesa dos acusados Gutenberg Macedo Júnior confirmou que eles realizaram as provas, negando todas as acusações. "O princípio do Direito brasileiro é o da inocência. Quem prova a acusação é quem está acusando. A própria Uesb tem que provar a acusação e não os alunos provarem que são inocentes", afirmou.

De fato, a universidade chegou a um parecer. No fim de 2006, o processo se encerrou com a confirmação da fraude e, como punição, os alunos tiveram de ser expulsos e o resultado foi publicado em janeiro deste ano no Diário Oficial. Os irmãos não foram encontrados para se pronunciarem. Segundo seu advogado, eles retornaram para o Ceará.

Os acusados entraram com um processo na Conflito de opiniõesJustiça Civil. "A Uesb se utilizou de fraude para

SOCIEDADE

Comprovada fraude no Vestibular 2005Estudantes de Medicina da Uesb são afastados depois que teste grafotécnico confirma irregularidades no processo seletivo

comprometeram com uma eventual interferência de aparelhos de comunicação, principalmente celulares. “Nós não impedimos o uso, mas solicitamos que o aparelho fosse O recente caso de fraude no vestibular de desligado e colocado embaixo da cadeira e se por acaso o Medicina da Uesb alertou os responsáveis pelo processo aparelho tocasse, o aluno estaria automaticamente seletivo para a necessidade de mudanças na realização das desclassificado”, declarou Paulo Sérgio Cavalcanti Costa, provas. No Vestibular 2007, algumas modificações já pró-reitor de Extensão, que trabalhou como fiscal no foram implementadas. Foi solicitada dos candidatos a vestibular deste ano. impressão da digital no cartão de autógrafo e a assinatura

Nas últimas provas realizadas, um dos candidatos de um termo de responsabilidade pelo uso de aparelhos de se recusou a assinar o termo e então foi impedido de fazer comunicação. as provas. “Era um direito dele de não assinar, mas também Como a fraude no ano de 2005 foi cometida era um direito da universidade de não permitir que ele através de falsidade ideológica, o uso da digital impediria fizesse a prova”, contou Paulo Sérgio, que nos dias do que tal fato pudesse acontecer. Segundo a atual Vestibular 2007 fiscalizou a sala do candidato. “Ele coordenadora da Comissão Permanente do Vestibular provocou certa agitação no local, deu até a impressão que (Copeve) Alana Muniz Freitas, “a gente recebe a impressão tinha algo por trás”, completou. dele (o estudante) durante o processo do vestibular e

Mesmo com essas modificações, o processo recolhe outra digital durante a matrícula. A empresa vai seletivo não é completamente seguro. "A cada nova comparar se o candidato é aquele mesmo que fez as provas articulação que é feita para tentar se evitar, as pessoas se ou não”.especializam para tentar burlar", concluiu Paulo Sérgio. Com o termo de responsabilidade, solicitado pela

Procuradoria Jurídica da Uesb, os alunos se

por Débora Fernandes e Rafael [email protected]

[email protected]

Fotos: W

elder Dias

Vestibular mais rigoroso

7

Oficina de Oficina de

Notícias

Alunos de Medicina temem repercusão negativa Alunos de Medicina temem repercusão negativa

SOCIEDADE

7

Oficina deOficina deNotícias

O preço do progresso

MEIO AMBIENTE

Em Vitória da Conquista, a natureza paga pelas práticas irresponsáveis do homem

por Cristiano Anunciação e Mirna [email protected];

[email protected]

Elevação da temperatura média global, longos a elevação nos níveis de temperatura. “Já chegou ao vamos fazer um amplo debate para discutir formas de períodos de seca, aumento considerável no nível dos mínimo de 5°C, todavia hoje raramente se observa a implementar o que é lei, na prática”, garante. oceanos, escassez de água potável e outros fenômenos temperatura abaixo de 7°C”. Ele ainda lembra que, na que anunciam uma verdadeira catástrofe. Não é o fim do situação que o planeta se encontra, é preciso ter cautela Arborizaçãomundo! São conseqüências das mudanças climáticas para resolver o problema ambiental. “É como se fosse provocadas pelas atividades humanas, de acordo com a uma pilha de livros e a gente tem que tirar um sem mexer Não é difícil encontrar moradores ou visitantes p r i m e i r a p a r t e d o r e l a t ó r i o d o P a i n e l no outro”, explica metaforicamente. de Vitória da Conquista comentando sobre o pequeno Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, número de árvores na cidade. Para a funcionária pública na sigla em inglês). Em Vitória da Conquista, os Código de Meio Ambiente Paula Lacerda, faltam árvores em lugares estratégicos. desmatamentos, as queimadas e a poluição do ar pelos “A Serra do Periperi, por exemplo, se fosse bem automóveis são os principais instrumentos de Até o fim de abril, será votado na Câmara de arborizada, a cidade não ficaria tão cheia de terra e degradação ambiental. As conseqüências desses atos Vereadores o Código Municipal de Meio Ambiente. pedras que são arrastadas de lá pela chuva. A população afetam a vida da população na cidade e na zona rural. Desenvolvido a partir de discussões com representantes sofre com isso.” Para o analista ambiental do Instituto Brasileiro do de Organizações Não-Governamentais, como o Quanto a isso, “não é que a cidade seja pouco Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) arborizada, na verdade, ela é má arborizada no sentido (Ibama) José Reinaldo de Jesus, o desmatamento e Associação dos Trabalhadores Rurais, e o Ibama, o de que não foi planejada para ter árvores nos passeios sempre foi a forma mais intensa de violência ambiental Código cria o Sistema Municipal do Meio Ambiente públicos”, afirma Ricardo. Ele ainda argumenta que na cidade. Nas décadas de 60 e 70, principalmente, (Simma). esse é um trabalho que necessita de tempo para surtir durante o ciclo do café, houve uma grande pressão sobre A educação ambiental e a aplicação de multa efeito. “A questão da arborização não é uma coisa que se as florestas nativas, as matas de cipó. Em meados da para pessoas físicas e jurídicas que degradam o meio resolve de um dia para o outro. Para a árvore crescer, até década de 80, essa cultura começou a ser abandonada. ambiente são alguns dos pontos mais importantes da lei. um porte razoável, leva dois, três e até quatro anos”.Desde então, o ciclo do eucalipto com fins energéticos, “As multas serão revertidas em recursos para o também O trabalho de arborização envolve também a mais especificamente para a produção de carvão novo Fundo Municipal de Meio Ambiente, e a partir de educação ambiental. “Não é só chegar e plantar, temos destinada às siderúrgicas de Minas Gerais, tornou-se a lá, esse dinheiro será investido em algum projeto ligado que envolver a comunidade, fazer com que ela participe maior ameaça ao equilíbrio ambiental. à proteção ambiental”, assegura o Secretário Municipal e saiba que tem importante papel nessa questão”,

Segundo o analista, a destruição da flora de Meio Ambiente, Ricardo Marques. explicou o secretário. Caso esse envolvimento não compromete também a fauna regional, pois com o Outra novidade que o Código traz é a aconteça, o resultado pode ser o mesmo do incidente da habitat natural destruído, animais como a paca, o tatu e o municipalização do licenciamento ambiental Frei Benjamim, onde algumas pessoas arrancaram a veado catingueiro ficam desprotegidos e acabam obrigatório a todo empreendimento que gera impacto madeira dos cercados que protegiam as mudas plantadas morrendo. Além disso, existem caçadores que não (indústrias, laticínios e padarias) -, agilizando a emissão pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente em 2006. respeitam nem os períodos de reprodução e do documento. Até novembro de 2006, quando a Já na Avenida Olívia Flores, no Alto Maron e em amamentação dos animais. O Parque Municipal da Secretaria Estadual de Meio Ambiente era a responsável algumas praças do Bairro Brasil a experiência foi bem Serra do Periperi também tem seu espaço ambiental por esse procedimento, as empresas podiam esperar por sucedida. ameaçado por ser fonte de minério para a construção até um ano para obter resposta. “O melhor é que o Apesar de Conquista ser uma cidade pouco civil na cidade, que tem crescido em níveis controle ambiental fica com o município, a gente que industrializada e o número de carros ser relativamente consideráveis nos últimos anos. define onde devem ser instalados determinados tipos de pequeno se comparado ao das grandes cidades, ela

Outro problema é a queima de combustível indústrias, de empreendimentos e de que modo esse também contribui para o desequilíbrio ambiental em fóssil. “Conquista tem uma frota relativamente velha empreendimento vai ser instalado”, afirma Marques. todo o planeta. Qualquer poluição, por menor que seja, que não tem catalisadores para filtrar os gases poluentes. Para o vereador Adão Albuquerque (PV), o no âmbito local afeta o global, agride a atmosfera e No caso dos carros mais novos, os catalisadores projeto representa um avanço muito importante para a torna-se um agente com potencial destruidor. Preservar precisam ser substituídos, mas custam caro e a questão. “O Código de Meio Ambiente municipalizado o meio ambiente é, antes de tudo, uma atitude população prefere não investir nisso”, explica José é mais específico, mais voltado para nossa realidade, individual. Faça sua parte, respeite o meio ambiente. Reinaldo. para as nossas necessidades, sem deixar de levar em

O coordenador da Estação Meteorológica da conta a questão mais ampla que é essa discussão Uesb, professor Rosalve Marcelino, afirma que os ambiental”. Ele espera que a lei seja cumprida, através efeitos mais perceptíveis na cidade são a redução da da fiscalização. “Eu, junto com o Partido Verde e as quantidade de chuva no período de novembro a março e Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente,

a

Lixo no Poço Escuro e erosão na Serra do Periperi são exemplos do descasoLixo no Poço Escuro e erosão na Serra do Periperi são exemplos do descaso

Fot

os:

Iulo

Alm

eida

Page 8: Jornal Laboratório

Na estrada por um sonho Viagens cansativas e desconfortáveis, poucas horas de descanso e estudo: essa é a rotina dos “estudantes-viajantes”

por Flávia Fucci e Társis Pinchemel [email protected], [email protected]

custo foi cortada e, conseqüentemente, aumentou a coordenadora de uma escola num município vizinho a um pouco mais cedo do trabalho. Lanche rápido, banho mensalidade que os passageiros pagavam pelo serviço. Vitória da Conquista. Para ela, esse estilo de vida não é também, e já se escuta a buzina da van na porta de casa. O As despesas ficaram ainda maiores depois que passou a sacrifício. Muitos, em busca da realização pessoal, risco e a presença dos quase desconhecidos morar em Conquista. "Não sai mais barato morar aqui, anestesiam as dificuldades. “Eu até me esqueço como é a companheiros marcam o ritual diário de alunos que, em essa é a única desvantagem", afirma Raquel. "Mas o rotina. É nas férias que eu percebo a diferença quando busca do diploma de nível superior, enfrentam as tempo para estudar é outra coisa. Você chega em casa, dá saio do trabalho e vou pra casa”. estradas. tempo de você estudar até tarde (da noite), fazer trabalho. Estudar pode ser um grande fardo para qualquer

"Conhecimento é a única coisa que não podem Dá até para você conseguir um estágio. Seu tempo não pessoa. Mas, para alcançar o sonho de ter um curso nos roubar”, afirma a estudante de Engenharia Florestal fica tão comprometido".superior, todo esforço é mera condição. “É uma Cátia do Carmo, do campus de Vitória da Conquista. Ela O estudante de Física Wenderson Lima realização para mim, aquilo que sei fazer e faço por enfrenta três horas de viagem por dia - tempo gasto no concorda com o fato do tempo de estudo ser limitado. Ele prazer. E não paro por aqui, quero a pós-graduação”, traslado até à Uesb e de volta a Poções, cidade em que chegava em casa por volta das 21 horas, depois de uma finaliza a esperançosa estudante de Pedagogia.reside. O motivo, segundo a aluna, é a companhia da viagem cansativa até Itapetinga, onde morava antes de se É expressiva a quantidade de alunos nessa família, impossível se morasse em Conquista. “Quis ir e mudar para Conquista. Um dos problemas - quando tem situação, cada um com suas particularidades, mas o vir por causa da convivência com os meus pais”. horário vago na faculdade - é que os passageiros anseio pelo diploma ainda é maior do que qualquer

A preferência em morar em suas cidades de precisam esperar para pegar a condução. empecilho.origem também está relacionada ao conforto das suas Marco Aurélio conta que a maior dificuldade próprias casas. "Eu optei por isso devido à comodidade dos “estudantes-viajantes” de Brumado é o monopólio de não ter preocupações com despesas e outras coisas", de uma família do município no mercado de transporte. diz a graduanda de Administração Raquel Alves. “Nós ficamos na dependência total deles, o preço que

Ainda que encontrem as mesmas pessoas e eles quiserem, da forma que eles quiserem e nos dias que viajem com elas durante tanto tempo, são raras as vezes eles se dispõem a vir”, relata. Para conseguir ir às aulas em que, dentro dos veículos, nascem amizades. De aos sábados, os universitários têm de decidir entre viajar acordo com aluno de Administração Marco Aurélio, por uma empresa de viação rodoviária privada ou dormir todos conversam, mas não é um vínculo forte. “Quando em hotéis de Conquista.alguém sai da van, perdemos todo o contato”, completa. Sair do local de origem não foi a única solução

encontrada por alguns alunos. O graduando de Dificuldades Administração Lucas Brito mora em Itambé e, por causa

da interdição do Marçal, tem que pegar um atalho pela Raquel, de Itapetinga, acabou desistindo dessas BR-116 para chegar à Universidade. O aluno se viu viagens quando a Serra do Marçal, que liga Conquista à obrigado a cursar poucas matérias neste semestre por sua cidade, foi interditada. Esse foi só o último dos causa do novo trajeto. Além de aumentar cerca de 100km problemas enfrentados. "Pneu já furou, teve dia que o ao percurso de costume, seus dias de aula passaram de carro quebrou, já perdi duas provas, e para fazer essas cinco para apenas dois. provas foi duro", lembra. Segundo ela, os professores são

tolerantes com os estudantes que moram em outras Estudocidades, embora, vez ou outra, tenha algum tipo de conflito. "Essa professora queria que eu desse um Lucas trabalha em Itambé pela manhã e, quando atestado comprovando que o carro quebrou, não teve chega da faculdade à noite, ainda consegue tempo para como. Eu dei um atestado médico, mas falei para ela estudar. "Tenho de me virar nesse horário, ou então nos que o principal motivo de eu não ter feito a prova não finais de semana". Essa é a rotina de estudo destes foi esse".universitários.

O transporte - uma Van - utilizado pela estudante “Estudar só mesmo na madrugada. contava com o auxílio da Prefeitura Municipal de Normalmente, vou dormir às 2h30”, conta a aluna de Itapetinga, que pagava o combustível. Essa ajuda de Pedagogia Esdrineia Alves. Ela ainda trabalha como

Com sorte e compreensão do patrão, dá para sair

a

a

a

a

Uma parte da rodovia BA-263, que liga Vitória da Conquista a Ilhéus, foi interditada no dia 9 de fevereiro deste ano. O trecho da Serra do Marçal apresentava más condições de conservação e pouca segurança, e já havia sido interditado anteriormente - em 2004, para a construção de um muro de contenção.

Segundo o engenheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) Leandro Fonseca, em entrevista concedida ao programa Resenha Geral da rádio Brasil FM, a liberação da estrada para veículos pequenos ocorrerá no mês de maio.

De acordo com o site do Departamento de Infra-estrutura de Transportes da Bahia (Derba), o Governo do Estado recupera um trecho de 6 km para proporcionar um tráfego mais seguro.

O Derba informa, também, diversos desvios que os usuários da rodovia podem utilizar enquanto a obra não é concluída. Mais informações no site www.derba.ba.gov.br/noticiaserradomarcal.htm

a

Oficina de Oficina de

NotíciasCOMPORTAMENTO

Fotos: P

aula A

riádine

Foto: Iu

lo Alm

eida

Interdição da Serra do Marçal

Editor: Iulo Almeida

8

COMPORTAMENTOEditor: Ailton Fernandes

8

Oficina deOficina deNotícias

Unidos pela músicaOs ritmos e os estilos compõem a cara de umacidade essencialmente musical, colocandoem um só lugar maneirasdiferentes de ser

por Evandro Pacheco e Mirna [email protected]

[email protected]

Viagens cansativas e desconfortáveis, poucas horas de descanso e estudo: essa é a rotina dos “estudantes-viajantes”

custo foi cortada e, conseqüentemente, aumentou a coordenadora de uma escola num município vizinho a um pouco mais cedo do trabalho. Lanche rápido, banho mensalidade que os passageiros pagavam pelo serviço. Vitória da Conquista. Para ela, esse estilo de vida não é também, e já se escuta a buzina da van na porta de casa. O As despesas ficaram ainda maiores depois que passou a sacrifício. Muitos, em busca da realização pessoal, risco e a presença dos quase desconhecidos morar em Conquista. "Não sai mais barato morar aqui, anestesiam as dificuldades. “Eu até me esqueço como é a companheiros marcam o ritual diário de alunos que, em essa é a única desvantagem", afirma Raquel. "Mas o rotina. É nas férias que eu percebo a diferença quando busca do diploma de nível superior, enfrentam as tempo para estudar é outra coisa. Você chega em casa, dá saio do trabalho e vou pra casa”. estradas. tempo de você estudar até tarde (da noite), fazer trabalho. Estudar pode ser um grande fardo para qualquer

"Conhecimento é a única coisa que não podem Dá até para você conseguir um estágio. Seu tempo não pessoa. Mas, para alcançar o sonho de ter um curso nos roubar”, afirma a estudante de Engenharia Florestal fica tão comprometido".superior, todo esforço é mera condição. “É uma Cátia do Carmo, do campus de Vitória da Conquista. Ela O estudante de Física Wenderson Lima realização para mim, aquilo que sei fazer e faço por enfrenta três horas de viagem por dia - tempo gasto no concorda com o fato do tempo de estudo ser limitado. Ele prazer. E não paro por aqui, quero a pós-graduação”, traslado até à Uesb e de volta a Poções, cidade em que chegava em casa por volta das 21 horas, depois de uma finaliza a esperançosa estudante de Pedagogia.reside. O motivo, segundo a aluna, é a companhia da viagem cansativa até Itapetinga, onde morava antes de se É expressiva a quantidade de alunos nessa família, impossível se morasse em Conquista. “Quis ir e mudar para Conquista. Um dos problemas - quando tem situação, cada um com suas particularidades, mas o vir por causa da convivência com os meus pais”. horário vago na faculdade - é que os passageiros anseio pelo diploma ainda é maior do que qualquer

A preferência em morar em suas cidades de precisam esperar para pegar a condução. empecilho.origem também está relacionada ao conforto das suas Marco Aurélio conta que a maior dificuldade próprias casas. "Eu optei por isso devido à comodidade dos “estudantes-viajantes” de Brumado é o monopólio de não ter preocupações com despesas e outras coisas", de uma família do município no mercado de transporte. diz a graduanda de Administração Raquel Alves. “Nós ficamos na dependência total deles, o preço que

Ainda que encontrem as mesmas pessoas e eles quiserem, da forma que eles quiserem e nos dias que viajem com elas durante tanto tempo, são raras as vezes eles se dispõem a vir”, relata. Para conseguir ir às aulas em que, dentro dos veículos, nascem amizades. De aos sábados, os universitários têm de decidir entre viajar acordo com aluno de Administração Marco Aurélio, por uma empresa de viação rodoviária privada ou dormir todos conversam, mas não é um vínculo forte. “Quando em hotéis de Conquista.alguém sai da van, perdemos todo o contato”, completa. Sair do local de origem não foi a única solução

encontrada por alguns alunos. O graduando de Dificuldades Administração Lucas Brito mora em Itambé e, por causa

da interdição do Marçal, tem que pegar um atalho pela Raquel, de Itapetinga, acabou desistindo dessas BR-116 para chegar à Universidade. O aluno se viu viagens quando a Serra do Marçal, que liga Conquista à obrigado a cursar poucas matérias neste semestre por sua cidade, foi interditada. Esse foi só o último dos causa do novo trajeto. Além de aumentar cerca de 100km problemas enfrentados. "Pneu já furou, teve dia que o ao percurso de costume, seus dias de aula passaram de carro quebrou, já perdi duas provas, e para fazer essas cinco para apenas dois. provas foi duro", lembra. Segundo ela, os professores são

tolerantes com os estudantes que moram em outras Estudocidades, embora, vez ou outra, tenha algum tipo de conflito. "Essa professora queria que eu desse um Lucas trabalha em Itambé pela manhã e, quando atestado comprovando que o carro quebrou, não teve chega da faculdade à noite, ainda consegue tempo para como. Eu dei um atestado médico, mas falei para ela estudar. "Tenho de me virar nesse horário, ou então nos que o principal motivo de eu não ter feito a prova não finais de semana". Essa é a rotina de estudo destes foi esse".universitários.

O transporte - uma Van - utilizado pela estudante “Estudar só mesmo na madrugada. contava com o auxílio da Prefeitura Municipal de Normalmente, vou dormir às 2h30”, conta a aluna de Itapetinga, que pagava o combustível. Essa ajuda de Pedagogia Esdrineia Alves. Ela ainda trabalha como

Com sorte e compreensão do patrão, dá para sair

a

a

a

a

Uma parte da rodovia BA-263, que liga Vitória da Conquista a Ilhéus, foi interditada no dia 9 de fevereiro deste ano. O trecho da Serra do Marçal apresentava más condições de conservação e pouca segurança, e já havia sido interditado anteriormente - em 2004, para a construção de um muro de contenção.

Segundo o engenheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) Leandro Fonseca, em entrevista concedida ao programa Resenha Geral da rádio Brasil FM, a liberação da estrada para veículos pequenos ocorrerá no mês de maio.

De acordo com o site do Departamento de Infra-estrutura de Transportes da Bahia (Derba), o Governo do Estado recupera um trecho de 6 km para proporcionar um tráfego mais seguro.

O Derba informa, também, diversos desvios que os usuários da rodovia podem utilizar enquanto a obra não é concluída. Mais informações no site www.derba.ba.gov.br/noticiaserradomarcal.htm

a

Conquista é a cidade do rock? Não seria do aqueles que realmente se identificam com o reggae. “Às vezes a reggae? Outros afirmam ser do axé. Ou do pagode? gente não quer que outras pessoas participem, é aquela coisa de

Ou quem sabe do punk? Forró! Talvez da música misturar... É visível que a gente tem algumas barreiras. É a eletrônica... Na realidade, são esses ritmos que pessoa no seu mundo e a gente no nosso”, completa.

caracterizam a música conquistense. A cidade já passou Paralelo ao reggae, o rock vem com altos e baixos desde por períodos diferentes em que determinados estilos o início dos anos 90, fazendo música de forma independente, seja

estavam em evidência, cada um deixou sua marca em por diversão ou rebeldia. “A tribo do rock e do reggae são muito forma de tribos musicais. ligadas porque são excluídas, isoladas da massa”, compara a

Lá entre as décadas de 60 e 70, havia uma efervescência estudante e roqueira, Núbia Cardoso, 23. Por estar distante da na produção cultural em todo o país, e Vitória da Conquista capital, a cidade acaba não sofrendo muita influência do axé,

não estava de fora. Desde o teatro até as artes plásticas, dando maior visibilidade ao cenário alternativo, tanto que já foi alcançando também a música. Nas escolas e nos clubes da considerada a cidade baiana mais rock and roll.cidade, os festivais incentivavam a nascente produção, Os festivais estudantis foram os seus primeiros palcos. A baseada na música de raiz. Posteriormente, em meados dos partir daí o estilo alcançou maior público. A tribo recém formada anos 80, o Festival de Inverno da Bahia começou a revelar começou a ampliar produções, como o Agosto de Rock, Fest nomes conquistenses que depois se consagraram Rock e A Conquista do Rock, eleito o segundo melhor evento de nacionalmente, como Evandro Correia e Rozemberg Oliveira. rock do interior da Bahia no ano de 2005. Hoje, embora um

Já no fim da década, em 1989, o carnaval foi para a rua movimento mais tímido, há bandas como Princípio Ativo, em cima dos trios elétricos ao som do axé music, não apagando a Ardefeto e Cama de Jornal que conservam a sua identidade. forte tendência regional do forró. Algum tempo depois a cena Os roqueiros vão além do vestir preto e usar tênis All alternativa se revelou, primeiro o pesado rock and roll, depois a Star. “O movimento do rock não é só um movimento musical, há influência reggae e, hoje, a batida da música eletrônica é a toda uma ideologia de fugir dos padrões”, ressalta Núbia, “os responsável pela nova tribo desse cenário. meninos do punk rock, por exemplo, prezam coisas como o total

Essa mistura está localizada em um ponto estratégico. respeito à natureza”. Alguns estereótipos são equivocados, como “É um anel viário, daqui você vai para o Brasil inteiro”, explica o a atribuição de atos de vandalismo. “O som pode ser agressivo músico Carlos Moreno, mas “Conquista exporta mais que em alguns momentos, mas não há violência”, justifica o importa, tem produção própria”, conclui. Pelo fato da cidade integrante da banda Princípio Ativo, Vitor Quadros.ser passagem tanto para o Nordeste quanto para o Sul do país, Em outro extremo, está um estilo que também é mal artistas trazem a sua bagagem musical e deixam influência visto. “A gente sofre preconceito, e muito”, confessa o viciado para novas tendências. em pagode Jorge Luiz, 19. O ritmo é discriminado por suas letras

Os jovens, como ativa força social, são os primeiros a de apelo sexual e seu caráter dançante, mas isso não incomoda a sofrer com essas mudanças, como esclarece a antropóloga quem se diz pagodeiro. “Pagode não tem letra, roqueiro senta pra

Eliane Nogueira. “A juventude tem a cara do seu tempo, se discutir rock, a gente não. A gente se junta pra ir pro show, pra ela vive em uma sociedade de crise ou de desejos rachar o táxi”, explica Jorge. Em Conquista, o pagode não tem

reprimidos, a postura será desse tempo, dessa tanta força quanto em outras cidades baianas, como Feira de realidade”, argumenta. Santana, mas ainda assim o seu público sobrevive em meio às

outras tribos. Quem curte o ritmo é notado pelas roupas ou gírias Minha Tribo usadas, provenientes das bandas e músicas em destaque.

Atualmente, um novo estilo ganha popularidade no Os grupos sociais se estruturam pouco estado através dos aficcionados por música eletrônica. O grupo

a pouco e da mesma forma acontece com incorpora termos em inglês à fala, roupas modernas e cabelos as tribos musicais, em que os com cortes chamativos e, cada vez mais, organizam eventos com componentes se identificam por destaque para o som dos Dj´s. “Agora a bola da vez é a e-music motivações coletivas. “A importância (música eletrônica). Todo mundo quer ir a uma rave (festa de da tribo é a construção dos laços longa duração comandada por música eletrônica), quer aprender sociais, que permitem ao indivíduo se malabares, quer se vestir como pós-clubber (vertente que segue o constituir numa relação de parceria, de futurismo dos anos 90)”, opina Marco Melo, responsável pelo composição de forças”, afirma o site VocêVê. Mesmo com maior visibilidade, a nova tendência psicólogo Valter Rodrigues. não ocupou o espaço das antigas tribos, mas enriqueceu a

“Conquista é uma cidade de diversidade musical da cidade. tribos, é perceptível como as pessoas se As tribos têm importante papel para as relações sociais e vestem, se comportam, estão presas contribui para a formação de seus participantes, como sustenta o nesses grupos”, destaca a baixista das professor Valter, “o indivíduo sozinho não pode nada, ele só pode

bandas Shiva Root's e Servos de Sião, junto com o outro”. Cada uma delas é uma forma diferente de ver Indira Cuncino, 20, integrante do e viver o mundo, de ser e de se comportar dentro de um mesmo

movimento reggae. Mesmo com toda a lugar, um “caldeirão” de ritmos e estilos, que é Vitória da importância dessa tribo, os seguidores Conquista.

ainda mantêm a linha mais alternativa, não buscam atingir um público maior, a não ser

sednanreF notli

A :etrA / sibroC e tukrO :sotoF

Page 9: Jornal Laboratório

9

Oficina de Oficina de

NotíciasACONTECE

ABU, espaço cristão na universidade

Encontro Regional de Computação na Uesb

Para compartilhar idéias, convicções e até questões 1957, e está presente na Uesb desde 1994. “Nós cremos em Deus, relacionadas à espiritualidade, estudantes costumam buscar nós cremos em Cristo, por isso que participamos das reuniões. Não espaços alternativos na universidade. É o caso da Aliança Bíblica alimentamos apenas a nossa intelectualidade, mas alimentamos Universitária (ABU) da Universidade Estadual do Sudoeste da também a nossa parte espiritual. Porque nós precisamos de Deus, Bahia, campus de Vitória da Conquista, que realiza às quartas e nós carecemos”, são as motivações do estudante de Agronomia sextas-feiras encontros de estudo bíblico e confraternização. Irlândio Santos, para participar do grupo. “A ABU é aberta para

Segundo o estudante do curso de Ciência da Computação toda e qualquer pessoa que faça parte da universidade, que estude, da Uesb Dárcio Rocha, o objetivo principal do grupo é seja funcionário, seja o que for”, acrescenta. “compartilhar com toda comunidade universitária, as coisas Além de compartilhar experiências e estudar a Bíblia, a maravilhosas, as bênçãos sem medida, o gozo e a alegria que nos ABU pretende também, segundo a estudante do curso de dá a leitura da Bíblia”. Jornalismo Taísa Moura Rodrigues, partilhar da palavra de Deus

A ABU realiza uma série de atividades abertas à com as outras pessoas. “Assim como têm outras experiências de comunidade universitária. A principal delas são as reuniões, vida que as pessoas acham legais e partilham e dividem, essa aqui é realizadas nos três turnos, com a participação de cerca de 30 a nossa festa, a nossa confraternização. É a nossa comunhão, e a pessoas semanalmente. Também são promovidos eventos de gente se sente bem fazendo isso”, defende.confraternização com música e teatro, bem como circuitos de As reuniões acontecem toda quarta-feira, às 10h50 e exibição de filmes. O grupo também está presente no campus da 16h30, no pátio do Módulo I e às 20h40 na entrada do Teatro Uesb em Jequié, na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e na Glauber Rocha. Nas sextas o encontro é às 10h50, também no pátio Faculdade Juvêncio Terra e já se prepara para implantação de do Módulo I. núcleos na Faculdade Independente do Nordeste (Fainor) e na Ufba/Campus de Vitória da Conquista.

A idéia da formação da Aliança foi trazida ao Brasil por estudantes americanos para a Universidade de São Paulo, em

Será realizada na Uesb, entre os Computadores, Marco Dantas, considera dias 16 e 20 de abril, a 7ª edição da Erbase a Erbase como o maior e mais esperado (Escola Regional de Computação Bahia - evento regional de computação do Alagoas - Sergipe). O evento, promovido Nordeste.pela Sociedade Brasileira de Computação Os encontros visam divulgar (SBC), reunirá estudantes, professores e localmente novas idéias, debater e profissionais da área de computação dos promover a atualização profissional no três estados.contexto da Computação para os

A cada ano a escola é coordenada participantes da regional. O evento por uma instituição diferente. Em 2007, a abrange várias áreas de interesse com 11 Erbase terá como universidade palestras, 9 mini-cursos, 8 laboratórios e 2 realizadora, a Uesb e contará com o apoio painéis. Profissionais e professores dos da Faculdade de Tecnologia e Ciências estados participantes serão ministrantes (FTC), da Faculdade Independente do das atividades, além de outros de São Nordeste (Fainor) e do Centro Federal de Paulo e Paraná. Haverá ainda três eventos Educação Tecnológica de Vitória da paralelos: o Workshop de Trabalhos de Conquista (Cefet/VC).Iniciação Científica e Graduação, o

O objetivo do encontro é trazer Workshop de Educação em Informática e para comunidade de informática regional, o Workshop de Inclusão Digital. conhecimentos a respeito de novas As inscrições foram realizadas pesquisas e tecnologias da área, que não até o dia 10 de abril, com valores entre fazem parte dos cursos de graduação. “Os R$16 e R$75, variando entre estudantes, laboratórios e os mini-cursos são na professores e profissionais e também de maioria voltados para temas da acordo com a data. Para alojar os computação que a gente não consegue participantes que virão de outros estados abordar no curso de graduação. A foram disponibilizadas cinco salas de aula computação evolui muito rapidamente e o do CAP/Uesb (Centro de nosso currículo não consegue contemplar Aperfeiçoamento Profissional) e uma sala todo esse desenvolvimento em tempo do Módulo de Medicina, com capacidade real”, afirmou a coordenadora do curso de total para 90 pessoas. Ciência da Computação da Uesb, Maísa Soares. O professor do curso, responsável pela disciplina Arquitetura de

Projeto Janela deCinema Itinerante

O Programa Janela Indiscreta Cine-Vídeo Uesb promoverá entre os meses de abril e setembro, a segunda edição do projeto Janela de Cinema Itinerante. O projeto deve ir a 10 cidades do sudoeste da Bahia promovendo exibições de filmes brasileiros em espaços públicos das cidades e uma oficina sobre Cinema e Educação para professores e agentes culturais.

Eleição do DCE

No dia 25 de abril serão realizadas na Uesb as eleições para o Diretório Central dos Estudantes - DCE para mandato de um ano. Duas chapas, “DCE em movimento” e “Mudança”, estão concorrendo. As urnas estarão nos módulos de aula, nos três turnos e todos os alunos dos cursos de graduação podem votar munidos da carteira de identidade. O resultado da eleição será divulgado no mesmo dia.

Palestra Políticas Públicas e Meio Ambiente

No dia 24 de abril, no Auditório II do Módulo de aulas “Luizão”, será realizada a palestra Políticas Públicas e Meio Ambiente. A conferência será ministrada pelo professor Cláudio de Oliveira Carvalho, do curso de Administração. As inscrições são gratuitas e podem ser efetuadas no Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA).

“O Mendigo ou o Cão Morto”

No dia 26 de abril, no Teatro Glauber Rocha será encenada a peça teatral “O Mendigo ou o Cão Morto”, de autoria de Bertold Brecht, pelo Grupo Avante Época-Teatro. A apresentação, que começa às 18 horas, marca a abertura das atividades do curso de teatro da Uesb. A entrada é gratuita.

Projetos de Extensão

Em 2007, serão realizados 145 projetos de extensão da Uesb. A lista dos aprovados no edital de extensão da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Uesb foi divulgada no dia 30 de março. Entre projetos, programas e cursos foram aprovadas 98 propostas com financiamento e mais 47 sem financiamento. As áreas variam entre cultura, comunicação, trabalho, tecnologia, saúde, direitos humanos, meio ambiente e educação.

a

Editora: Cássia Dias

Por CássiaDias [email protected]

Com a proposta de apresentar inovações, a 7ª Edição da Escola Regional de Computação Bahia - Alagoas - Sergipe acontecerá em Vitória da Conquista

ACONTECEEditor: Péricles Luís

9

Oficina deOficina deNotícias

Micareta de cara nova em Conquista

Grupo Caçuá seleciona atores

tempo para as aulas, assim como para as A última audição ocorreu em 2004 e outras demais atividades (atuações, contou com a participação de 200 viagens, cursos, etc) e vontade de candidatos, sendo grande a expectativa participar da equipe. de público e inscritos para esta nova De acordo com as informações do edição comemorativa dos 10 anos de

Nos dias 13, 14 e 15 de abril será professor de teatro Marcelo Benigno nascimento do grupo.realizada, no Centro Cultura Camilo de Amorim e Silva, o processo de seleção Deve-se ressaltar que todo o Jesus Lima, a Audição do Grupo Caçuá será dividido em três etapas. Durante valor arrecadado com as inscrições e de Teatro. O evento vai selecionar novos esse período, os inscritos terão aulas do alimentos recebidos serão doados pelos atores para fazer parte da sua equipe. repertório do grupo, exercício de corpo, próprios atores vencedores às

Para se inscrever o candidato voz, improvisação, debates, danças, instituições de caridade de Vitória da deverá ser maior de 15 anos, comprovar entrevistas e apresentação. Nesta última Conquista. escolaridade, pagar uma taxa R$2,00 etapa, o candidato poderá escolher um mais 1 kg de alimento, ter disciplina entre os nove monólogos sugeridos pelo suficiente para fazer parte do grupo, ter grupo.

Escola de Seguros

No dia 18 de abril, quarta-feira, ás 19h, será realizada uma apresentação sobre Gestão Empresarial de uma Corretora de Seguros. O evento acontecerá no Hotel Livramento P a l a c e , l o c a l i z a d o n a R u a Expedicionários, 701, Bairro Recreio, e terá como palestrante: Wagner Attina Xavier, pós-graduado em D o c ê n c i a S u p e r i o r c o m especialização em Seguros pela fundação Getúlio Vargas/RJ e pela Escola de Seguros. O palestrante é professor da Escola Nacional de Seguros/RJ, da Universidade Veiga de Almeida (UVA/RJ), da Universidade Cândido Mendes (UCAM/RJ) e da Universidade Estácio de Sá/RJ. O evento é gratuito.Mais informações pelo e-mail: [email protected].

Bloco do Arrocha

Sábado, dia 21 de abril às 20h, estará se apresentando no Bloco do Arrocha a banda Tesão 100 Limite. Já no domingo, dia 22, no mesmo horário, é a vez da banda Saliva Doce. A camisa para os dois dias de festa será vendida a um preço de R$ 20,00. Mais informações pelo telefone: (77) 3083- 3047.

Religião

De 20 a 23 de abril acontecerá o 1º Aniversário da Igreja Missionária Dimensão. O evento será realizado na Avenida Alagoas 476/A, Bairro Brasil. Mais informações pelo e-mail: prsantosolievria@gmailcom.

Em breve

De 03 a 06 de maio será realizado em Vitória da Conquista o Primeiro Aniversário da igreja do Avivamento, no Templo da Adoração, às 19h, atrás do Disep, Bairro Jurema. Qualquer i n f o r m a ç ã o p e l o e - m a i l : pr.jairbruno@gmailcom

A História do Violão

Até o dia 17 desse mês, a Sonora Brasil apresenta a exposição “A História do Violão” na Casa Memorial Dr. Régis Pacheco. O espaço estará aberto à visitação de 10h ás 20h, com entrada franca.

por Alan [email protected]

Com circuito reduzido, Miconquista continua no BosqueCom circuito reduzido, Miconquista continua no Bosque

Ivete Sangalo é um dos destaques da festa fechada Ivete Sangalo é um dos destaques da festa fechada

Fot

o: W

elde

r D

ias

Mudanças visam profissionalizar um dos maiores eventos da cidade

Fot

o: D

ivu

lgaç

ão

De 20 a 22 de abril, Vitória da Conquista vira animação e folia com o carnaval fora de época. Este ano serão duas festas distintas: uma pública concentrada no Bosque do Paquera, Miconquista, e uma particular, dentro do Parque de Exposição, o Massicas Indoor. De acordo com informações do Secretário de Cultura, Gidelson Felício, “o circuito da Miconquista será totalmente fechado no Bosque, e terá a instalação de detectores de metais, a fim de garantir mais segurança e conforto aos foliões”. O acesso será gratuito para todas as idades. Em sua décima nona edição, a Micareta de Vitória da Conquista, diferente das outras edições, será realizada em apenas três dias de folia, antes eram quatro. A Miconquista ocorrerá sem a presença dos principais blocos oficias, Massicas e Tôa Tôa. Serão mantidos os três palcos tradicionais: do Forró, o Point Poprock e o palco principal, onde se apresentarão as bandas de axé. A concentração dos trios elétricos e blocos ficará na praça da escola Normal, de onde seguirão pela Rua da Granja, Avenida Brasil e Rua Siqueira Campos. Estão confirmados as presenças dos blocos: Qual é?, Tôpirado, Amigos do Bracim, Fofopegô, Baby Chic, Juventude Cidadã, Abre alas (terceira idade) e Galera Vip do Orkut. A Secretaria de Cultura caracteriza a Miconquista como uma festa eclética. Isso porque valoriza e abre espaço para as bandas locais e há um investimento Municipal em espaços

alternativos para os apreciadores de outros estilos musicais. A outra festa, o Massicas Indoor, será no Parque de Exposição. De acordo com organizador e proprietário do Massicas, Alexandre “Massinha” da Rocha, será montada uma estrutura de camarotes com Posto Médico, Posto Policial, Praça de Alimentação, e pórtico de entrada principal. As pessoas com necessidades especiais terão acesso específico ao Massicas Indoor, com uma equipe de prontidão para acompanhá-los. Quanto às famílias, poderão participar com seus filhos no Espaço Massiquinhas nas tardes de domingo. Entre as atrações, estão confirmadas a de Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Banda Eva, Psirico, Parangolé, e outros. Durante o evento o lixo produzido será separado, os materiais recicláveis como latinhas

e embalagens plásticas terão como destino, em forma de doação, o projeto Recicla Conquista. De acordo com Massinha, desde 2001 uma parte da renda com os eventos do Massicas tem como finalidade entidades filantrópicas ou associações religiosas que prestam serviços à comunidade conquistense.

por Péricles [email protected]

Foto: M

asterfile

por Bruno [email protected]

Page 10: Jornal Laboratório

Oficina de Oficina de

NotíciasREVIRAVOLTA

Eles sobrevivem A melhor recompensaualquer jornal é fruto do trabalho de equipe, em que cada membro tem um papel fundamental. No

QOficina de Notícias não é diferente. Juntos, em meio a erros e acertos, encontros e desencontros, sintetizamos a identidade da turma. Longe da corrida pelo lucro e com mais tempo que os jornais diários, buscamos fazer um jornalismo mais comprometido com a sociedade. Como na edição anterior, o veículo se divide em dois focos: a Uesb e a cidade de Vitória da Conquista. Do ponto de vista da universidade, a indignação com a caótica situação do curso de Odontologia é explicitada na editoria Entre-Vistas. Em Espaço Aberto e Comportamento, narramos as aventuras de universitários que não desistem de seus sonhos. A possível implantação do sistema de cotas, a falta de mestrados e doutorados e a fraude no Vestibular 2005.1 são as polêmicas da editoria Sociedade. Gileno Paiva, um exemplo de dedicação pela Uesb, é lembrado em Resgate.

Apontamos nossas lentes para a cidade e, retornando ao século XVIII, contamos a história da conquista do Sertão da Ressaca - marco da fundação do município - na editoria Resgate. Em Entre-Vistas, o Secretário de Cultura, Gildelson Felício, esclarece as principais mudanças na Miconquista 2007. Em sintonia com a realidade conquistense, a editoria Comportamento nos leva a um passeio pelas tribos e tendências musicais na cidade, enquanto que a Espaço Aberto nos traz um pouco do mundo GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais). Meio ambiente e o preconceito que recai sobre as periferias são temas analisados em Sociedade.

Inovamos ao convidar o professor José Duarte, fundador do curso de Jornalismo da Uesb, para nos prestigiar com sua análise como Ombudsman. Acreditamos que suas sugestões e críticas contribuirão para o nosso aprimoramento profissional. Apesar da incômoda sensação de que os projetos são bem mais perfeitos que as realizações, fechamos a 15ª edição do Oficina de Notícias com a satisfação de quem recebe o melhor salário que a prática pode dar: o aprendizado.

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESBDepartamento de Filosofia e Ciências Humanas - DFCH

Colegiado do Curso de Comunicação

Estrada do Bem-Querer, km 4 - Cx. Postal 95.(77) 3424 8600 - www.uesb.br

CEP.: 45.083.900 - Vitória da Conquista - BA

Professor Responsável: Carmen Carvalho

Editores-Chefes: Ana Oliveira e Alberto MarlonSecretários de Redação: Rafael Carvalho e Ailton Fernandes

Diretor de Arte: Fabio BotelhoOmbudsman (colaborador): José Duarte*

Diagramação: Ailton Fernandes e Evandro PachecoCapa Uesb: Iulo Almeida e Laiana Meira

Capa Cidade: Ailton Fernandes e Andressa Cangussú

Tiragem: 2.000 exemplaresImpressão/Fotolito: Poligráfica

*O texto Ombudsman é de total responsabilidade do seu autor.

O jornal é produzido pelos alunos do IV Semestre da disciplina Oficina de Impresso II do curso de Comunicação Social/Jornalismo

CONTATO ELETRÔNICO: [email protected]ão na Internet: www.uesb.br/jornallaboratorio

g

g

g

g

g

ENSAIO

Expediente

EDITORIAL

*Os primeiros navegadores chegaram

nn fh t

afugetadoos ilosda erra,

ned

ltão d

ssca,

petrano peo sera rea

do Rio deContas ao Rio Pardo,

vieram pra azer guerra.

f

Em

len

écuo

dezio

po

sl

o

t

Essa

istória aonte

eu,

h

cc

A p

artir dlan

a C

onq

uista

o palto

dA

mta

s í

ioe on

ça o

or

u

an

ça d

en

ds

sc

re

.

Ou

tra vez foram

con

vid

ados

*Adaptação do poema “A Vitória da Conquista” de autoria de Ademário Ferreira (Babá)

Fotos do projeto de pesquisa “Tradições étnicas entre os pataxós no Monte Pascoal”

Oficina deOficina deNotíciasREVIRAVOLTA

ncontraram espaço no Oficina de Notícias, em sua décima quarta edição, desde “causos” pitorescos envolvendo personagens do E

submundo da pobreza ou da loucura, escolhidos para superar a condição de objetos de escárnio e se tornarem sujeitos de seu agir, como reportagens ousadas, que buscaram e conseguiram dar conta do caos político que se instalou na cidade com o entra-e-sai de prefeito, de registrar o movimento social na luta pela residência estudantil, da delicada situação de dirigentes universitários afetados pela troca de comando no governo do estado.

Coberturas factuais de acontecimentos que interferem no cotidiano acadêmico, como as licitações da cantina e do restaurante universitário, a inauguração do telejornalismo da TVE Uesb e a aprovação do novo calendário mereceram os devidos registros. Outra vertente optou por retratar a cidade no período natalino e o aquecimento das vendas do comércio neste período, mesclando obviedades com características singulares verificadas no Natal da Cidade. A dificuldade de adaptação de estudantes vindos de outras cidades e a constituição de repúblicas recebeu uma abordagem etnográfica, com a imersão do repórter neste cotidiano. A questão ecológica foi lembrada nas matas e nascentes do Poço Escuro. Os temas das entrevistas foram pertinentes, assim como a escolha dos entrevistados, mas professoras deveriam ser entrevistadas num próximo número, para equilibrar a balança dos gêneros. Um jornal com boas “estórias” para contar atrai a atenção de quem inicia a leitura e deve levar o leitor até o final.

Considerei os textos, em sua maioria, bem escritos, leves, gostosos de ler. Um sabor de jornal mensal, com um tempero bem equilibrado. Claro que pequenos deslizes ocorrem nos textos informativos e mesmo nas reportagens, mas uma boa revisão, não apenas ortográfica, pode dar conta. Parece-me que o ponto mais frágil encontra-se na parte declaradamente opinativa, nas retrancas Artigo e Crônica. Para se fazer um artigo precisa-se de um lastro de informações, cultura, vivência e capacidade de análise, dificilmente encontrados em alunos em processo de formação, pois buscam dar conta de interpretar um acontecimento do mundo real. Já a crônica é menos compromissada com a tal “realidade”, mas em contrapartida exige mais talento literário, mais intimidade com as palavras.

Outro problema, já sabido, refere-se à qualidade das fotografias, mas isto é uma carência do curso, não desta edição. As charges, incorporadas como elemento comunicativo, cumprem seu papel, mas carecem de amadurecimento estilístico para superar uma mensagem óbvia.

O formato, apesar de um tanto estranho aos padrões do tablóide tradicional, mostrou-se funcional para abrigar as matérias; a diagramação, se não foi ousada, também não comprometeu a organização visual das páginas e acabou conseguindo unir as duas correntes de abordagens temáticas, a que privilegiava a universidade e a que expunha a vida da cidade.

Que venha o número15 e suas novidades!

muitos nativos da região

s o i e

pen and os nocentes qu

e a aron ate

zo

s ri pa c

frrni açã

r

ds

ao ve os nativ

os bêba

o ,

ue

oo

f

o q o

cr

nel ez

?ou

ulh

a

rmas

Rbo

-e

s a

r

atá-

ls

d

ave

z

paa

m

oe

um

.

po

das

o q

ece

u

Um

ou

co

cu

su

de

,n

imag

ina

e se

te q

uem

lê,

Com

o a

Co

nq

uis

ta v

ence

u.

Fo

to:

Wel

der

Dia

s

José Duarte (Professor do curso de Jornalismo da Uesb) [email protected]

Gravuras feitas por Maximiliano, de Wied, entre 1815 e 1817 (Cedidas pelo Museu Regional)príncipe

Editor: Fabio Botelho

Editora: Ana Oliveira

1010