jornal kizomba

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Jornal do Coletivo Kizomba, desenvolvido para o II Festival Latino Americano de Juventudes de Fortaleza.

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Page 1: Jornal Kizomba

2º Festival Latino-Americano das Juventudes em Fortaleza

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II Conferência Nacional de Juventude

#10%doPIBjá!Fala Diretor!39º CONUBES Página 4Página 8

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No segundo semestre de 2011 iniciou-se um novo período do movimento estudantil brasileiro. A União Nacional dos Estudantes realizou seu 52º Congresso, que contou com a participação, através do processo eleitoral, de mais de 1,6 milhão de estudantes de 97% das universidades do país. O segundo Encontro Nacional de ProUnistas com a presença do Ex-Presidente Lula reforçou a responsabilidade da entidade na defesa da democratização com qualidade do ensino superior. Mas sem dúvidas, o ponto mais marcante do congresso foi o grande ato público em defesa dos 10% do PIB, no bojo do PNE, e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação! O acúmulo da gestão passada em torno do debate do PNE, que culminou na criação de 59 emendas ao Plano, e a participação da Kizomba, representando a UNE, no Fórum Nacional de Educação colocaram grandes desafios para a nova gestão da UNE.

E com esse espírito, a gestão de 2011-2013 deu o pontapé inicial com o Agosto Verde e Amarelo, que teve seu ápice na Marcha dos Estudantes dia 31 de Agosto, contando com 12 mil estudantes nas ruas de Brasília, que ao lavarem a entrada do Banco Central reforçaram que a prioridade do governo deve ser investir na educação! Nós da Kizomba nos responsabilizamos com os desafios desse próximo período na entidade. Com nossa grande participação de delegados e forte capacidade de formulação política no último congresso da UNE elegemos uma forte diretoria para os próximos 2 anos. Nossa manutenção na Vice-presidência e a volta da nossa presença na diretoria de Políticas

Educacionais na executiva são a expressão disso. A possibilidade de darmos continuidade, com todo nosso acúmulo, nas diretorias de Mulheres e Combate ao Racismo reforça, mais uma vez, a importância dada por nós da Kizomba à luta por uma sociedade justa, igualitária e sem opressão. Ampliamos nossa intervenção na UNE também na diretoria plena, ocupando as diretorias de Meio- Ambiente, Extensão, Ensino Tecnológico e 2ª diretoria de Políticas Educacionais. Sem dúvidas, com a construção de uma nova cultura política, a Kizomba está contribuindo cada vez mais para a construção do socialismo democrático em nossa entidade. Assumimos a tarefa de protagonizar a luta pela aprovação do PNE com a cara do estudante e do povo, com constante diálogo com os movimentos sociais, e que nele seja aprovado 10% do PIB para a educação. Construiremos uma entidade cada vez mais feminista e inserida nas agendas dos movimentos de mulheres, e que coloque o debate racial no centro da sua agenda. Nos colocamos novos desafios, como a participação na construção da Conferência Rio+20, o fortalecimento do papel da Extensão na universidade brasileira, e uma maior participação da UNE no debate do ensino tecnológico. Nos responsabilizamos também por construir uma entidade cada vez mais democrática, transparente, plural e próxima da base do movimento estudantil e de todos e todas estudantes desse país. A turma aguerrida da Kizomba, nas UEE, DCE e CA com certeza participará efetivamente da construção desses próximos dois anos de muitas lutas e muitas vitórias para o movimento estudantil brasileiro.

ExpedienteColaboraram com essa edição: Clarissa Alves da Cunha, Estevão Cruz, Diego Loiola, Liliane Oliveira, Caroline Bernardo e Tamara TersoProjeto Gráfico: Alexandre Masotti [Modificado por Marcelo Coelho]

Diagramação: Marcelo CoelhoTiragem: 10 mil exemplares

Editorial

A atual gestão da União Nacional dos Estudantes começa sua jornada com muita pauta e intervenções políticas. O Agosto Verde e amarelo deu o pontapé inicial para várias mobilizações pelo país na defesa dos 10% do PIB e 50% do Fundo Social do pré-sal para a Educação, além de lutar por um Plano Nacional de Educação a serviço do Brasil.

Em conjunto a estas mobilizações, a UNE esteve ao lado das e dos estudantes chilenos em suas manifestações pela educação pública lá... e a presidenta da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile (FECh), Camila Vallejo, esteve no Brasil para a Marcha dos Estudantes, ato que reuniu mais de 20 mil estudantes pelas ruas de Brasília exigindo os 10% do PIB para a educação. Além da Marcha, a diretoria executiva da UNE

realizou reunião com a Presidenta Dilma Rousseff e cobrou empenho na aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE).

A universidade brasileira assumiu no último período novas caras e cores, novos desafios se apresentam e a UNE tem protagonizado essa luta. As contribuições da Kizomba na direção da entidade e o protagonismo das ações das diretorias que ocupamos, a exemplo da Diretoria de Combate ao Racismo, Meio Ambiente e Mulheres. Muitas lutas estão sendo travadas no interior das universidades e a Kizomba está presente em muitas delas. As mobilizações da UFF, UFBA, UFRB, UFPA, IFCE apontam o nosso programa político. Estamos fazendo uma grande Kizomba e a nova cultura política é o nosso enredo!

Sou estudante não abro mãoDos 10% do PIB pra Educação!

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O mundo contemporâneo nos impede, muitas vezes, de refletir, de ponderar e de agir conscientemente. Ficamos concentrados em problemas individuais, como a busca por emprego e formação, e deixamos de lado o potencial que temos de transformar a ordem e a realidade cotidiana.

Nas palavras de Che Guevara, “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”. Somos questionadores e transformadores, com uma significativa diversidade, por isso os espaços de discussão e organização, como o II Festival latino americano das Juventudes em Fortaleza, são importantes para construirmos um horizonte comum, um sonho coletivo. Com esse pensamento começou-se a pensar o tema do II Festival. Não por acaso este evento se tornou o nosso lugar de encontro. Nosso canto. Assim surge o tema “O Canto de um novo mundo”. A palavra “canto” significa música, expressão de vontades, anseios, idéias. Mas também pode lembrar canto significando lugar, espaço, momento. O Canto onde é possível cantar, um lugar que ao invés de ter silêncio dos dias atuais, do capital que espolia os povos e coíbe a nossa capacidade inventiva, prevalecerá o canto das juventudes. E isso está casado com o debate de construção e consolidação da agenda ambiental no Brasil. Uma das atividades centrais neste festival será a discussão da Rio + 20 com um olhar para as juventudes.

A cidade do Rio de Janeiro será a sede da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012. O encontro recebeu o nome de Rio+20 e visa renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92). Serão debatidos a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza, com foco sobre a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável.

Embora tenha havido um processo de esvaziamento das mobilizações sociais durante a década

de 90, especialmente na América Latina – muitos países passavam pela redemocratização, mas sofriam uma grave crise econômica –, o Levante de Chiapas, no México, em 1994, representou um sinal de que existia resistência à hegemonia dos Estados Unidos e ao neoliberalismo. Mesmo nos Estados Unidos, começava a ganhar força o Movimento por Justiça Ambiental, expondo as contradições do sistema vigente. Em 2002, ano da Conferência da ONU realizada em Joanesburgo (Rio + 10) se dava o ápice da campanha contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Em 2003 inicia-se um novo ciclo de governos na América Latina com proposições antineoliberais, culminando na derrota da Alca em 2005.

O Fórum Social Mundial realizado na Amazônia em 2009 (Belém-PA) serviu também para ampliar a discussão por justiça climática e a questão ambiental se tornou prioridade nos debates. Agora em 2011 as revoltas no norte da África, Oriente médio e as manifestações na Europa dão o tom para o que podemos esperar da Cúpula dos Povos da Rio + 20 por Justiça Social.

Neste festival o comitê dos movimentos sociais que se mobilizam para a Rio + 20 e que compõem a cúpula dos povos, fará discussões e

reflexões do que esta conferência pode apresentar para as nações mundiais, em especial para o Brasil como desafios para a superação do modelo de desenvolvimento em curso. A reforma do código florestal, portanto é central e de grande relevância coletiva neste processo. Propor uma reforma que afrouxa e fragiliza a preservação dos recursos naturais em pleno processo de mudanças climáticas, efeito estufa e outros fenômenos, responsabiliza a sociedade civil e governos a definirem de uma vez por todas a que modelo de desenvolvimento devemos seguir. A pauta do código florestal está implicada na prolongabilidade da espécie humana com o estímulo de novas ilegalidades, ameaça ao bem-estar e segurança dos povos tradicionais, a falta de proteção a mais de 50 milhões de hectares de floresta, o aumento exponencial do desmatamento, desequilíbrio climático, entre outros.

Os movimentos sociais vêm cumprindo um papel de vanguarda junto ao enfrentamento aos interesses do agronegócio e a rejeição da reforma do código florestal. Pensar em um posicionamento de vanguarda que casa o movimento social à defesa de uma agenda para a esquerda brasileira, coloca para a UNE um grande desafio.

Considerar a reforma do código florestal como central para

a consolidação de um processo de revolução democrática passa pelo nosso grau de disputa do tema dentro e fora da UNE. O código florestal nunca foi tão importante, atual e necessário. Este código é de suma relevância para o cumprimento e comprometimento das metas brasileiras de redução de emissões de gases assumidas na COP15 pelo então presidente Lula.

Através da diretoria de meio ambiente da UNE a Kizomba poderá reafirmar seu compromisso com a tarefa de incidir, propor e avançar cada vez mais nesta temática. Para nosso campo é crucial se engajar nas atividades da conferência que acontecerão no decorrer deste e do próximo ano. Por isso a importância de valorizarmos estas discussões em um espaço como o II Festival latino americano das Juventudes em Fortaleza.

A Rio + 20 pode nos apontar um novo programa de transição de economia, sociedade e desenvolvimento rumo à arrancada para reforma agrária, soberania dos povos e sustentabilidade. O planeta poderá não ser mais testemunha de uma “Rio + 40”, portanto todos os nossos esforços devem servir para apresentar as contradições, fazendo com que as soluções emerjam diante as necessidades reais de mudanças.

Festival das JuventudesRio + 20 e um canto de um novo mundo

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A superação das políticas privatistas na educação implementadas na era FHC não está se dando sem percalços e contradições. Embora tenhamos tido conquistas importantes, com a incorporação de pautas históricas do movimento educacional na agenda do governo, foram mantidas no governo Lula limites estruturais para a política educacional, impedindo avanços fundamentais para uma mudança qualitativa na organização do sistema educacional brasileiro. Para os movimentos sociais, portanto, o governo Dilma começou como esse enorme desafio: enfrentar os interesses rentistas que ainda hegemonizam a política econômica do governo e impedem que as políticas sociais, entre elas a de educação, deslanchem no sentido da sua universalização conforme um alto padrão de qualidade.

Inserido nesta conjuntura desafiadora para o movimento estudantil está o Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação. O projeto está em discussão no Congresso Nacional e na sociedade e definirá o conjunto de metas do Estado Brasileiro na área educacional para os próximos dez anos.A proposta apresentada pelo governo é reflexo das deliberações da Conferência

Nacional de Educação (CONAE), que representou um momento importante de convocação da sociedade para seguir discutindo os desafios e formulando alternativas para a educação no país, mas apresenta sérias lacunas.

Mantendo a posição de disputar criticamente os rumos do governo, a UNE está desde o início do ano absolutamente concentrada em disputar politicamente a aprovação do PNE. Desde a realização do CONEB em janeiro, passando pelas jornadas de lutas de março e agosto, pelo envio de 59 emendas ao Projeto de Lei, e pelo Congresso da UNE, a entidade tem formulado e mobilizado bastante sobre o PNE.

Nós da Kizomba temos tido um importante papel, representando a UNE no Fórum Nacional de Educação, contribuindo para articular as ações do movimento estudantil com o conjunto do movimento educacional e apresentando ao longo dos últimos anos uma rica formulação para as políticas educacionais. A Kizomba sempre lutou em defesa da democratização radical da universidade brasileira. Isso significa, antes de tudo, construir um modelo de universidade mais público em todos os seus aspectos.

Por um Plano Nacional de Educação a serviço do Brasil

Embora já tenhamos acumulado a opinião de que o financiamento não esgota os desafios para democratizar a universidade, o principal gargalo hoje da educação brasileira se encontra nos baixos índices de financiamento. Os problemas relacionados à qualidade do ensino, a escassa política de assistência estudantil, a ausência de políticas mais consistentes de pesquisa e extensão, a forte presença do setor privado e o limitado número de matrículas em especial nas universidades públicas são sintomas da falta de investimento em educação no Brasil.

O investimento em educação no Brasil correspondeu a somente 5,1% do Produto Interno Bruto em 2010. A proposta do Governo Federal encaminhada ao Congresso propõe alcançarmos o índice de 7% do PIB até 2020. Tal proposta é limitada visto que significaria a ampliação de somente 2% do investimento em educação nos

próximos dez anos. Na perspectiva de aprofundar e radicalizar as discussões do PNE, a UNE está construindo uma ampla campanha pela aprovação dos 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para educação pública, culminando na recolha de abaixo-assinado com 10 milhões de assinaturas em todo país.

Assim, estamos orientando toda a militância da Kizomba a organizarem os Comitês populares pelos “10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação” que deverão articular diversas ações da campanha como: organizar Aulas Públicas, circular um Manifesto em apoio à proposta, convocar paralizações nas universidades e tuitaços, circular o abaixo-assinado, entre outras.

Convoquem os CA`s e DA`s, DCE`s, sindicato de professores e técnicos-administrativos, coletivos universitários para construir os Comitês e mãos à obra!

Educação tem que ser 10!

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Pautar uma Reforma do Ensino Médio é urgente, pois sabemos que o modelo de ensino que temos hoje, formulado nos anos 80, não condiz com a realidade da juventude brasileira, que vem abandonando a escola por ela não ter os atrativos necessários para que as e os estudantes se mantenham motivados a frequentá-la. A UBES tem um papel fundamental nesse processo de revitalização da escola, e isso se faz com muita mobilização e proposição.

É necessário que pensemos uma UBES com mais autonomia política, capacidade de organização e formulação própria, principalmente em torno de suas pautas específicas. Isso se dá através de uma intervenção mais fortalecida em sua base, por meio da construção efetiva dos grêmios estudantis, com capacidade de intervenção na dinâmica diária da escola.

É urgente que a UBES retome discussões de grande relevância para o contexto educacional brasileiro, especialmente sobre aqueles que causaram polêmicas durante boa parte do ano de 2011. O PronaTEC traz a idéia de um novo formato de ensino técnico, que vai influenciar em uma série de fatores desde a qualidade da educação recebida por nossa juventude até o desenvolvimento econômico do nosso país. É papel fundamental da UBES debruçar-se sobre o estudo desse projeto, promover fóruns específicos para tratar do mesmo e colocar na balança os prós e os contras da sua implementação, para que os estudantes secundaristas não fiquem de fora dessa discussão¬.¬¬

Alguns meses atrás, vimos fomentar a discussão em torno do Kit Escola Sem Homofobia desenvolvido pelo MEC, a ser utilizado como instrumento de combate à intolerância

Construindo uma Nova Cultura Política na UBES

quanto à orientação sexual através da desconstrução dos preconceitos na educação de base. Em maio, o projeto foi vetado pela presidência da república, mediante protestos dos setores conservadores da sociedade, e, em pouco tempo, o assunto foi esquecido. Precisamos reavivar esta discussão com a propriedade de quem luta todos os dias por uma sociedade justa, livre de preconceitos e por um estado verdadeiramente laico.

Estas mesmas bandeiras foram o motivo que levaram a UBES a realizar, em setembro, o seu 1º Encontro de Mulheres, que foi, por si só, um grande avanço, introduzindo

o debate do feminismo ao universo secundarista. Porém, a dinâmica da atividade precisa ser revista com muita seriedade. Devemos prezar pelos espaços de auto-organização feminina como prioridade e adotar os EME’s como política permanente da entidade, pois, só assim, avançaremos cada vez mais nessa discussão.

A Kizomba deve estar cada vez mais presente e atuante nesse processo de disputa dos rumos da política da UBES. Construir com ousadia uma participação qualificada e propositiva é o desafio da Kizomba para esse próximo período que se aproxima, junto com o 39º Congresso da UBES.

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“Se é a destinação maior e o obje-tivo da Universidade, particularmente da Universidade Pública, produzir co-nhecimento, não é menor nem menos essencial este seu outro e complementar objetivo, que é o de socializar o co-nhecimento produzido.” (Magda B. Soares, 1996)

Hoje as Universidades brasileiras estão pinceladas de todas as cores, cores dos/as indígenas, mulheres, dos negros e negras, dos/as sem terra, LGBTs e de muitos trabalhadores e trabalha-doras. Com uma maior abertura das Universidades a partir da implantação de programas de expansão de vagas e de inclusão de setores historicamente excluídos do espaço universitário temos a condição de consolidar um projeto

democrático e popular para as Univer-sidades brasileiras.

Contudo, o debate de integração da Universidade com a totalidade da socie-dade, portanto ‘romper com os muros da Universidade’ não se dá apenas com a entrada de novos atores sociais neste espaço de poder. Quando pensamos em Integração logo pensamos em educação libertadora, inclusiva e principalmente aprendizado mutuo e integrado com a diversidade de saberes.

Um passo fundamental para esta integração é o fortalecimento da princi-pal via de dialogo da Universidade com a sociedade, a Extensão. Atualmente a extensão universitária não supre o papel de integração, pois, além dos parcos financiamentos, encontramos a pesqui-

O desafio da integração e uma nova perspectiva para a extensão

Legalizar o aborto essa luta nos UNE!

sa disfarçada de extensão, e a extensão utilizada basicamente como forma assistencialista. Um outro quadro das extensões universitárias se mostra nos cursos pagos, muitas vezes inacessível à população em geral, o que consolida mais uma barreira entre universidade e sociedade.

Ao longo das lutas do Movimen-to estudantil quebramos algumas barreiras, como a do acesso, porém devemos ainda lutar pela permanência e pela mudança ideológica do ensino superior. Contribuir na formulação e implantação de novas linhas de ex-tensão que tenha um papel crítico em relação à sociedade é fundamental para intervimos nas salas de aula, nos currí-culos e na concepção de universidade

que queremos.A política de extensão da UNE deve

ser centrada na disputa dos rumos desta nova universidade. É preciso pensar a extensão como uma ação de mão dupla, como parte da construção de conheci-mento que é dado na universidade e principalmente como um setor priori-tário para a formulação da função social destas instituições. A extensão deve servir para referendar uma educação contra-hegemônica, transversal e que reconheça e valorize o povo brasileiro.

Neste sentido, convocamos as/os estudantes de todo país à construção do I Seminário Nacional de extensão da UNE e contamos com a participação de todas e todos para uma Outra Uni-versidade Possível.

A clandestinidade da prática do aborto não impede que o mesmo seja realizado. A legislação extremamente punitiva aliada ao poder político concentrado nas mãos de setores conservadores, traz retrocessos para a garantia da autonomia das mulheres. Na Câmara Federal tramitam diversos projetos de lei que não resolvem o problema da mortalidade materna e ferem os direitos humanos das mulheres, exemplo destes projetos está o estatuto do nascituro e a bolsa estupro. Ao mesmo passo não há em tramitação nenhum projeto que vise à proposta da legalização do aborto e descriminalização das mulheres que o praticam. Nosso código civil, datado de 1940, abriga a hipocrisia do patriarcado e condena milhares de mulheres à morte.

O aborto não é um método contraceptivo, ele é o último recurso para se impedir uma gravidez indesejada. A mortalidade materna em decorrência da prática de abortos atinge distintamente as mulheres jovens, do campo e das periferias das cidades, negras e que recorrem a métodos inseguros para realização do procedimento. A clandestinidade do aborto alimenta o mercado das clínicas de planejamento familiar que realizam de forma segura o procedimento

mediante o pagamento de valores altos.

A UNE faz parte da Frente Nacional pela Legalização do Aborto e no período de 26 a 30 de setembro realizou mobilizações em diversas universidades do país debatendo o tema. A Frente lançou nesta semana o abaixo assinado que repudia os projetos de lei que pretendem criminalizar e penalizar ainda mais as

mulheres. Aborto é questão de saúde pública, não de polícia e cadeia. Nossa tarefa é avançar na construção da 3ª Conferência Nacional de Mulheres e contribuir cada vez mais para a construção de políticas públicas que garantam a autonomia das mulheres.

Questionamos a imposição da maternidade às mulheres como se essa fosse a única tarefa em nossas vidas. Questionamos o sistema patriarcal

que impõe a morte a diversas mulheres em todas as suas formas de violência e opressão. Lutamos pelo estado laico e combatemos a imposição de dogmas religiosos que afetam a vida de todas, (# tirem seus rosários de nossos ovários). Nenhuma mulher pode ser obrigada a enfrentar uma gravidez ou realizar um aborto, lutamos pelo direito de decidir!Nós que parimos, nós que decidimos!

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A nossa geração é potencialmente favorável aos valores do socialismo de-mocrático. Isso significa que precisa-mos disputá-la, construindo agendas vinculadas a uma plataforma de cida-dania, por mais direitos, reduzindo o espaço para o discurso consumista e individualista.

A Kizomba está completamente envolvida com a construção de espaços públicos de formulação dessas novas agendas. A 2a. Conferência Nacional de Políticas Públicas para a Juventude apresenta-se como uma oportunidade para se travar essa disputa e apresentar para a sociedade uma plataforma de direitos para a juventude concatenada com o projeto de desenvolvimento do país.

A 2ª Conferência Nacional de Juventude precisa dar um salto de qualidade na formulação de políticas públicas de juventude, ampliando sua capilaridade e contribuindo para que a juventude opine sobre os grandes te-mas do país. Chegou a hora de afirmar quais são as políticas prioritárias do Governo Dilma, sugerir metas, prazos e como implementá-las com partici-pação ativa da juventude. Para tanto,

será preciso uma Secretaria Nacional de Juventude vigorosa, que consiga de fato assegurar a transversalidade de políticas universais que atendam a ju-ventude no conjunto dos Ministérios de forma integrada, desenvolvendo sua capacidade de coordenar progra-mas específicos inovadores.

A 2ª Conferência precisa delibe-rar de maneira decisiva a necessidade de avançarmos nos marcos legais da juventude e, portanto, fazer avançar as leis que tramitam no Congresso, como o Plano Nacional de Juventu-de e o Estatuto da Juventude. Nesse sentido, a definição sobre quais são os direitos da juventude, quais são as políticas e programas prioritárias para garanti-los e qual é o modelo de gestão devemos ter para executá-los, devem constituir as questões chaves dessa discussão.

Para tal, a Kizomba tem três agen-das que devem ser destacadas:

Em primeiro lugar, se temos uma juventude sobretudo trabalhadora, parte expressiva dos dilemas e deman-das dos jovens estão justamente na conciliação do tempo entre trabalho e estudo. Portanto, é uma premissa bá-

II Conferência de Juventude Consolidar e ampliar direitos

sica para o nosso projeto o de articular políticas públicas que garantam ao jo-vem mecanismos de poder se dedicar aos estudos, sem que a sua condição social seja um impeditivo, de modo que sua inserção produtiva se dê em melhores condições. Essa agenda deve estar articulada com a noção de direi-to ao tempo livre, ao maior acesso à cultura, a espaços de participação e socialização, fundamentais para um período de definição de identidade e formação.

Do ponto de vista do trabalho, embora tenha havido avanços na ocu-pação, é preciso fortalecer a agenda de promoção do trabalho decente, combatendo mecanismos de precari-zação e flexibilização das relações de trabalho, aos quais os jovens estão mais expostos.

Na área da educação, temos que hoje o principal gargalo é constituído pelo Ensino Médio, nível no qual há uma brusca redução de matrículas comparado ao ensino fundamental e uma alta taxa de evasão escolar. Isso se deve não apenas ao fato de que muitos jovens deixam de estudar para traba-lhar, mas também em função do des-

colamento da realidade da escola em relação à vida e aos anseios dos jovens. Além disso, 77% dos/as jovens que-rem cursar o ensino superior. Nesse sentido, é preciso pensar uma política de assistência estudantil como política pública de juventude, garantindo ao jovem condições de evitar a entrada precoce e precária no mundo do tra-balho e o direito a viver a juventude.

Em segundo lugar, é o nosso compromisso com a radicalização da democracia. São necessárias ações políticas para garantir a ampliação da participação dos jovens nos espaços políticos e a renovação dos quadros políticos, além de dar espaço e reco-nhecimento às novas organizações sociais da juventude. A agendas da Reforma Política torna-se central, nesse contexto.

Em terceiro lugar, nós precisa-mos resgatar as pautas emancipatórias que dialoguem com a dimensão das liberdades individuais. Temas impor-tantes como a legalização do aborto e autonomia das mulheres, a livre expe-rimentação, a sexualidade, devem ser apresentados sob uma visão socialista nessa 2ª. Conferência.

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8“Acredito que a presença forte, atuante, responsável e protagonista da Kizomba na UNE ajudará a trazer cada vez mais a entidade para perto dos/as estudan-tes. A nova cultura está cada vez mais presente na UNE através da nossa atu-ação em cada diretoria que ocupamos. Assim, conseguimos sempre renovar nossa atuação a partir da demanda real do/da estudante brasileiro/a. A Kizom-ba assume esses desafios e acrescenta outra na agenda da entidade: queremos a UNE feminista, anti racista, anti ho-mofóbica, sempre caminhando lado a lado dos movimentos sociais!”

“Acho que uma das grandes tarefas da UNE nos próximos dois anos é atualizar a formulação das políticas educacionais em três aspectos: recuperando o Projeto de Reforma Universitária; reconhecendo a presença de cada vez mais jovens negros, mulheres e trabalhadores na universidade; e combinando a agenda estudantil com a dos/as trabalhadores/as. Isso é fundamental para a UNE manter o seu protagonismo num momento em que precisamos dizer coisas novas!”

‘’Nessa gestão temos a tarefa de ampliar o debate sobre Ações Afirmativas Por Inteiro onde colamos a necessidade de aprimorarmos e ampliarmos o acesso, permanência e pós-permanência de estudantes negros e negras que ainda se encontra insuficiente. Para superar esses desafios, a UNE se coloca como parceira dos movimentos sociais negros na organização de uma frente nacional. Convocamos toda a nossa juventude da Kizomba para organizarmos juntos uma UNE ainda mais aguerrida, combatendo o racismo e todas as formar de discriminação e preconceito’’

“Teremos grandes desafios nesta gestão, algumas pautas que estão na agenda do dia para o movimento estudantil e para os movimentos sociais (Reforma do código Florestal e Programa Nacional de Políticas de Juventude pelo Meio Ambiente). Nossa gestão será bastante voltada para a Rio + 20, que nos ofere-cerá a oportunidade perfeita de demar-car nossas posições históricas dentro e fora das universidades, nos propiciando dialogar com uma grande diversidade de estudantes. A partir do nosso traba-lho, organização e empenho esta gestão poderá ser um divisor de águas para o debate ambiental na UNE”.

“A opção da Kizomba por construir a diretoria de politicas educacionais através de dois diretores mostra o alto nível de comprometimento que temos com essa pauta. Nossa forte contribuição nesse debate colocará a União Nacional dos Estudantes em maiores condições de enfrentar os desafios educacionais do próximo período. Acreditamos na tarefa de trazer o conjunto dos movimentos sociais e de educação para caminhar do nosso lado nessa luta!”

“Nesta gestão, pretendemos ser um marco na história da entidade no que diz respeito ao debate e a disputa do conteúdo da educação brasileira no ensino superior. Ampliamos o acesso e é preciso disputar o ensino para construímos de fato um projeto de Universidade Democrática e Popular, que sirva para acabar com as desigualdades e os preconceitos, . O saber popular deve se juntar com o acadêmico produzindo a síntese de uma matriz educacional que respeite a diversidade e trabalhe para a soberania do país”

“ O Debate de Ensino Tecnológico é um debate muito novo para o movimento estudantil e para o movimento educacional como um todo. Então, esta pasta nos traz um desafio enorme no que tange a formulação e a organização dos estudantes da rede de Institutos Federais. Temos boas perspectivas para o ano que vem, fazemos parte da comissão de organização do II Fórum Mundial de Educação Profissional e tecnológica, onde pretendemos organizar espaços com os estudantes para no futuro organizar um encontro/seminário na UNE. IF’s.”

“Assumimos mais uma vez a grande tarefa de estar a frente da diretoria de mulheres da UNE. A diretoria, através de nossa condução nos últimos anos, realizará o V Encontro de Mulheres Estudantes da UNE e sem dúvidas não medirá esforços para combater todas as formas de machismo no movimento estudantil. Não aceitaremos mais machismo nas estancias do movimento estudantil, nas salas de aulas, nos congressos estudantis e nem em nossos currículos! Para pintar a universidade de lilás é necessário ter uma entidade estudantil feminista!”

Clarissa Alves da CunhaVice-presidente da UNE

Liliane OliveiraDiretora de Mulheres

Estevão CruzDiretor de Políticas Educacionais

Cristian RibasDiretor de Combate ao Racismo

Diego LoiolaDiretor de Meio Ambiente

Caio PescarmonaDiretor de Políticas Educacionais

Tâmara TersoDiretora de Extensão

Caroline BernardoDiretora de Ensino Tecnológico

Fala Diretor!