jornal informativo philia 50 -libre

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ANO XVI | ABR / MAIO / JUN 2014 | EDIÇÃO Nº 50 CULTURA & SOCIEDADE INS 1519-6917 www.philia.uerj.br O De Res Publica é um pergaminho que sofreu a ação do tempo e do homem ao longo do tempo. O palimpsesto bobbiense foi recuperado no século XIX, na qual as atuais traduções se baseiam. Página 3 DE RES PUBLICA: O PALIMPSESTO DE BOBBIO A ARQUEOLOGIA E OS CRISTIANISMOS ORIGINÁRIOS: Os estudos sobre Cristianismos Originários devem ser guiados pelo que Ginzburg chamou de paradigma indiciário. Arqueologia, neste sentido, nos aparece como um caminho ou um ferramental interessante ao mesmo. Página 6 coordenação e direção SUMÁRIO Editorial Maria Regina Candido 2 De Res Publica: O Palimpsesto de Bobbio Thiago Tolfo 3 O Mundo Helenístico e cultura material: dois breves exemplos Thiago do Amaral Biazotto Breves considerações sobre a construção histórica da memória Marina Rockenback 5 A arqueologia e os cristianismos originários: algumas considerações Juliana B. Cavalcanti 6 Cursos & Notícias 7 NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã RJ Prédio João Lyra Filho, bloco A, sala 9030 Tel.: (21) 2334-0227 - Fax (21) 2284-0547 Anderson de A. M. Esteves - UFRJ Deivid Valério Gaia - UFPel Glaydson José da Silva – UNESP Gilvan Ventura da Silva – UFES Andréa Magalhães da S. Leal - UERJ Vinícus Moretti Zavalis - UERJ Maria Regina Candido - UERJ Alessandra Serra Viegas - UFRJ Renan M. Birro - UFF Julian Gallego - Universidad Buenos Aires Ivan Esperança – UNESP Gilberto da Silva Francisco - UNIFESP Imagem: Retrato de Angelo Mai, religioso responsáveis por desvendar as primeiras escrituras do codex que nos forneceram o que temos hoje denominado como De Res Publica Imagem: Aqueduto romano em Cesareia Marítima, construído primeiramente por Herodes, o Grande, e reconstruído depois pelas legiões romanas. . 8 Cartago: organização política e social Fabrício Nascimento de Moura P HILIA Φιλια edições trimestrais desde 1998 JORNAL INFORMATIVO DE HISTÓRIA ANTIGA 4 conselho editorial conselho consultivo revisão edição e diagramação XI JORNADA DE HITÓRIA ANTIGA CURSO DE EXTENSÃO Evento promovido pelo Núcleo de Estudos da Antiguidade, com temática relacionada ao diálogo entre história, cinema e imagem. jornal informativo de história antiga Sumarios.org | AWOL. Indexações:

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Informativo de história antiga

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  • ANO XVI | ABR / MAIO / JUN 2014 | EDIO N 50

    CULTURA & SOCIEDADE

    INS 1519-6917www.philia.uerj.br

    O De Res Publica um pergaminho que sofreu a ao do tempo e do homem ao longo do tempo. O p a l i m p s e s t o b o b b i e n s e f o i recuperado no sculo XIX, na qual as atuais tradues se baseiam.Pgina 3

    DE RES PUBLICA: O PALIMPSESTO DE BOBBIO

    A ARQUEOLOGIA E OS CRISTIANISMOS ORIGINRIOS:

    Os estudos sobre Cristianismos Originrios devem ser guiados pelo que Ginzburg chamou de paradigma indicirio. Arqueologia, neste sentido, nos aparece como um caminho ou um ferramental interessante ao mesmo.

    Pgina 6

    coordenao e direo

    SUMRIO Editorial Maria Regina Candido2De Res Publica:O Palimpsesto de Bobbio Thiago Tolfo

    3O Mundo Helenstico e cultura material: dois breves exemplos Thiago do Amaral Biazotto Breves consideraes sobre aconstruo histrica da memria Marina Rockenback

    5A arqueologia e os cristianismos originrios: algumas consideraesJuliana B. Cavalcanti

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    Cursos & Notcias

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    NCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADERua So Francisco Xavier, 524 - Maracan RJPrdio Joo Lyra Filho, bloco A, sala 9030Tel.: (21) 2334-0227 - Fax (21) 2284-0547

    Anderson de A. M. Esteves - UFRJDeivid Valrio Gaia - UFPel Glaydson Jos da Silva UNESPGilvan Ventura da Silva UFES

    Andra Magalhes da S. Leal - UERJ Vincus Moretti Zavalis - UERJ

    Maria Regina Candido - UERJ

    Alessandra Serra Viegas - UFRJ Renan M. Birro - UFF

    Julian Gallego - Universidad Buenos Aires Ivan Esperana UNESP Gilberto da Silva Francisco - UNIFESP

    Imagem: Retrato de Angelo Mai, religioso responsveis por desvendar as primeiras escrituras do codex que nos forneceram o que temos hoje denominado como De Res Publica Imagem: Aqueduto romano em Cesareia Martima, construdo primeiramente por Herodes, o Grande, e reconstrudo depois pelas legies romanas. .8

    Cartago: organizao poltica e socialFabrcio Nascimento de Moura

    PHILIAedies trimestrais desde 1998

    JORNAL INFORMATIVO DE HISTRIA ANTIGA

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    conselho editorial

    conselho consultivo

    reviso

    edio e diagramao

    XI JORNADA DE HITRIA ANTIGA CURSO DE EXTENSO

    Evento promovido pelo Ncleo de Estudos da Antiguidade, com temtica relacionada ao dilogo entre histria, cinema e imagem.

    jornal informativo de histria antiga

    Sumarios.org | AWOL. Indexaes:

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    Prof. Dr.Maria Regina CandidoEDITORIAL: PHILIA E A SUA 50 EDIO

    PHILIAano xvI | ABR / MAIO / JUN 2014 | EDIO N 50JORNAL INFORMATIVO DE HISTRIA ANTIGAO Jornal Philia alcana a sua 50 edio e para ns editores coordenadores que compem a equipe do NEA/UERJ, este um motivo de jbilo, congratulao e reflexo visando analisar a trajetria da publicao do informativo de Histria Antiga que tem priorizado as pesquisas de alunos de graduao em sociedades antigas.

    O jornal Philia teve incio no ano de 1999, quando era produzido em parceria com os alunos de graduao e ps-graduao em Histria Antiga da UERJ, UFRJ e da UFF. A misso do jornal consistia em abrir espao para publicao de artigos e reflexes de alunos de graduao com pesquisas em sociedades antigas. Em geral, os alunos pesquisadores publicavam o estado atual de suas pesquisas resultado de Projetos de Iniciao Cientfica, Projeto de Extenso, alguns eram bolsistas da CAPES, outros do CNPq e, atualmente, muitos deles se tornaram professores universitrios.

    O jornal teve a sua trajetria de publicao comprometida devido ao alto custo do papel e da impresso, fato que levou no final dos anos 2000, a necessidade de ser subvencionado pela UERJ/SR3. A produo do Jornal Philia permitiu aos integrantes e pesquisadores do NEA/UERJ promover o intercmbio e realizar parcerias com outras instituies de ensino superior para a realizao de eventos, convnios e atividades. Atravs desta aproximao os alunos e bolsistas colocam em prtica as mximas greco-romanas de atuar em equipe, prezar pela solidariedade, ajuda-mtua, reciprocidade e de realizar um trabalho de excelncia em qualquer rea de atuao. O trabalho em equipe exige o domnio da seleo do contedo, conhecimento de diagramao, contato e organizao de entrevistas que durante a dcada de 90 foram realizados pelos trs centros de pesquisas em sociedades antigas, a saber: NEA/UERJ, LHIA/UFRJ

    e CEIA/UFF no qual dos 500 exemplares produzidos, 130 jornais eram distribudos para cada instituio e os demais eram enviados para as diferentes unidades pblicas e privadas que frequentavam os cursos e eventos de extenso.

    O jornal Philia ampliou o seu espao de atuao, a pedido, e passou a receber artigos de pesquisadores tanto da graduao quanto da ps-graduao, visando divulgar as pesquisas com grau de excelncia.

    Atualmente, o jornal impresso pela Grfica da UERJ/DIGRAF UERJ a quem enviamos os nossos agradecimentos pela ateno e empenho. Continuamos recebendo artigos de alunos de graduao e ps-graduao, mantemos a distribuio para as IES pblicas e privadas, sem custos.

    Hoje a equipe do NEA/UERJ que compe a produo do Jornal Philia se orgulha em relembrar e comemorar a sua trajetria de trabalho, de perseverana ao chegar na sua 50 edio, com circulao internacional promovida pelo site AWOL / The Ancient World Online. Com efeito, a equipe de editores e coordenadores perceberam que estava na hora de se reinventar e efetuar uma renovao no layout, entrando na modernidade atravs do estabelecimento do jornal na Internet.

    Sim, agora via on line, o Jornal Informativo de Histria Antiga: Philia a partir de sua 50 edio passa a disponibilizar os artigos, as entrevis tas e as informaes de

    evento/cursos atravs de site na Internet. Nesta edio de aniversrio da 50 edio, vamos disponibilizar, a pedido, as antigas publicaes as quais incluem o Jornal Philia de n 01 cuja produo foi idealizada em animada reunio de amigos, realizada numa agradvel cobertura na Tijuca.

    A equipe de editores e a condenao do Jornal Philia agradece a todos que vm colaborando com o jornal ao longo desses anos nos fornecendo artigos, informao de eventos e cursos de extenso. Na funo de Coordenadora Geral do NEA e do Jornal Philia deixo a pblico os meus sinceros agradecimentos aos trabalhos prestados como editor do Prof. Carlos Eduardo Campos e, em especial, ao design e Prof Junio Cesar Lima assim como desejo as boas-vindas nova e jovem equipe de editores formada pelos pesquisadores Andra Magalhes da S. Leal e Vinicius M. Zavalis. Convidamos a todos que tm colaborado com o Jornal Philia ao longo desses anos p a r a r e n o v a r m o s o s l a o s d e amizade/philia, informando que estamos recebendo artigos para publicao impressa e on line assim como as entrevistas e divulgao de cursos e eventos nacionais ou internacionais. Um grande abrao a todos.

    Maria Regina CandidoDiretora e Coordenadora do Jornal Philia

    Coordenadora do NEA/UERJProfessora Associada de Histria Antiga/UERJ

    Coord. do Lato Sensu de Histria Antiga e Medieval / UERJProf da Ps-Graduao da PPGHC/UFRJ e PPGH/UERJ

    Member of Society for Historical Archaeology - SHA/USA

  • Thiago Tolfo* DE RES PUBLICA: O PALIMPSESTO DE BOBBIO

    Resumo: O De Res Publica um pergaminho que sofreu a ao do tempo e do homem ao longo do tempo. O palimpsesto bobbiense foi recuperado no sculo XIX, na qual as atuais tradues se baseiam. Palavras chaves: Obra; Bobbio; Cicero. .

    *Graduado em Histria pela Universidade Federal de Santa Maria

    A obra De Res Publica, um tratado poltico-filosfico datado de 52 a.C. O contexto em que a obra foi escrita remonta ao perodo da crise republicana romana. O seu contedo sugere as transformaes da sociedade romana, corrompida pelos excessos, pelo abandono dos antigos valores do homem rstico e os ideais do homem cidado, que remontam aos perodos de glrias da Urbe. As ideias do escrito tangem a aproximao de um governo imaginrio, considerado o mais adequado, baseado na figura de um lder poltico, militar e acima de tudo um erudito, o princeps. O autor da obra, Marco Tlio Cicero, era um personagem importante da histria romana. Ccero era orador, homem pblico, advogado, filsofo. Ele escreveu a obra no momento de ruptura entre a aliana de Caio Jlio Csar, quando este retorna da sua campanha da Glia, e Cneu Pompeu Magno, cnsul residente em Roma. Nesse contexto, Ccero, recm-chegado de seu exlio forado, protagonizado pelos agitadores do partido cesarista- no qual se tem a figura de Pblio Cldio como seu grande motivador- lana a pedra fundamental do que ser seu famoso tratado, publicado por seu amigo Attio, trinta anos depois. Muitos textos clssicos ficaram no esquecimento ou, por muito tempo, seus paradeiros foram perdidos e achados em bibliotecas de mosteiros, conventos ou abadias na Europa Medieval. Sabe-se que em Bobbio, considerado um dos celeiros das obras clssicas, foram encontrados muitos textos de autores greco-latinos. Bobbio um municpio no norte da pennsula itlica, prxima a Milo. A sua famosa abadia, So Colombano, comportou por certo tempo, inmeras e expressivas obras clssicas, que atualmente servem como referncias nos estudos das sociedades greco-romanas. Sabe-se que, at o sculo XV, a maioria das obras ainda estava nesse convento, pois logo a seguir, muitas das obras foram transportadas biblioteca do Vaticano, nas qual se tem o registro no ndice feito pelo francs A Peyron. No caso de Bobbio, no sculo VIII, durante o perodo carolngio, um abade

    colorida do texto raspado, e com isso, conseguiu reportar as antigas escrituras ciceronianas perdidas nas sombras do esquecimento. Num trabalho dedicado e minucioso reproduziu os escritos danificados de Ccero. A descoberta de Angelo Mai serviu como suporte para as antigas e contemporneas tradues do De Res Publica. Esse mais um acontecimento envolvendo as mais variadas obras da antiguidade que nos apresentada hoje, no entanto, a julgar pelos numerosos percalos e transformaes que estes objetos do conhecimento sofrem e vm a sofrer no decorrer do tempo, deve-se levar em conta imperfeies como possveis informaes alteradas, mensagens apagadas, tradues errneas, alm de possveis discusses sobre a veracidade destas obras. Por isso, o balano sugere que para conhecermos o mundo antigo atravs da documentao textual, alm dos mais laboriosos mtodos de anlise, faz-se necessrio compadecer a essas imperfeies e tomar conscincia que o que temos de informao hoje uma quantidade inexpressiva de testemunhos do passado e que a maioria das obras da Antiguidade se perdeu ou possam estar perdidas em alguma localidade.

    Imagem 1: Abadia de Bobbionecessitava copiar um comentrio de Santo Agostinho para os Salmos de sua congregao (Enarratio in Psalmos). No entanto, mesmo com a indigncia de materiais a fins de redao, fazia-se imprescindvel a cpia sobre algo. Os estudos dos textos antigos apontam para a dificuldade de material onde pudesse ser escrito. O uso do pergaminho de papiro de couro, tbuas de madeiras e outras formas rudimentares eram usados. O papel, alm de uma raridade, no era usual e a imprensa foi somente aprimorada por Gutemberg setecentos anos posteriores. A soluo do abade foi utilizar um cdex j contendor de textos, com margens largas e texto em uncial. Ele escreveu sobre essas informaes que lhe pareciam sem importncia, que no lhe agregavam informaes significativas. O abade esfregou e raspou as antigas escrituras e escreveu por cima as informaes que necessitava das cartas de Santo Agostinho. Nesse pergaminho raspado, estava no alto, escrito em letras grandes, M.TULLIS.CICERONIS.DE.REPUBLICA. No sculo XIX, em 1819, o religioso e linguista, Angelo Mai, deixou a ordem dos jesutas para exercer as atividades da direo da biblioteca apostlica vaticana. Em 1822, fez renascer, atravs de uma nova tcnica, muitas obras perdidas ao longo do tempo. Dentre essas obras, Mai desvelou as primeiras escrituras de um cdex que remontava do sculo IV. Tais escrituras forneceram-nos o que temos hoje das 151 pginas do De Res Publica, de Ccero, que at ento se fazia conhecido somente uma mnima parte do Somniun Scipionis. Mai aprendeu que com o uso de uma esponja contendo cido glico podia tornar visvel a tinta des-

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    REFERNCIAS CHATELAIN, mile. Les palimpsestes latin. Frana: cole pratique des hautes tudes, Section des sciences historiques et philologiques, 1904. ERNOUT, Alfred. Cicron et le De Republica. Frana: Comptes-rendus des sances de l'academie des Incription et Belles-Lettres, 82 ano, n 6, 1938.

  • Thiago do Amaral Biazotto * MUNDO HELENSTICO E CULTURA MATERIAL: DOIS BREVES EXEMPLOS

    * Graduado em Histria pela Unicamp

    Resumo: Este artigo visa a apresentar dois exemplos da cultura material do perodo helenstico (323 30 a.C.): uma moeda de Alexandre Magno e o clebre mosaico da Batalha de Isso. Cotejados os artefatos, v-se como o perodo foi prdigo em diversos tipos de interao cultural. Palavras-chave: Mundo Helenstico; Helenismo; Cultura Material.

    Quando Alexandre Magno padeceu na Babilnia em 323 a.C. vtima de uma febre arrebatadora chegava ao fim sua mais extraordinria utopia: reunir gregos e asiticos, transform-los em iguais em lngua, costumes e cultura. Esse intento gigantesco foi batizado de helenismo pelo historiador prussiano Johann Gustav Droysen (1808-1884), em sua obra Alexandre, o Grande, lanada em 1833. O germnico tambm foi pioneiro em delimitar o perodo helenstico como aquele que vai da morte do conquistador macednio at o suicdio de Clepatra, em 30 a.C. Entre os infindveis temas sobre os quais se debruam os classistas que investigam esse perodo, aquele que envolve as resultantes do encontro entre as prticas culturais gregas e asiticas, postas em contato pelo avano das conquistas de Alexandre, foi abordado de modo farto. Inserido nessa temtica, este artigo intenta apresentar dois exemplos vindos da cultura material, uma vez que a Histria Antiga, amide nas ltimas dcadas, tem recorrido aos artefatos de modo a enriquecer seus saberes. Longe de querer reduzir a um inquo e simplista binarismo as incalculveis derivadas do encontro acima descrito, opta-se por duas imagens: uma moeda de Alexandre Magno e o famoso mosaico da Batalha de Isso (333 a.C.). A moeda escolhida apresenta Alexandre envergando cornos alusivos a Zeus-Amon e comearam a ser batidas durante o governo Ptolomeu I (367 283 a.C.), persistindo at o perodo romano. Essas peas foram fabricadas a mando de Lismaco (360-281 a.C.), guarda-costas do conquistador e um dos mais conspcuos generais do exrcito macednico, no perodo entre 297-281 a.C. (DAHMEN, 2007: 42). O filho de Olmpia representado com chifres de carneiro, animal smbolo do deus egpcio Amon, de maneira a reivindicar uma ascendncia desta divindade. A associao entre conquistador e o deus reporta visita ao osis de Siwah, na qual Alexandre logra obter o ttulo de fara, ao mesmo tempo em que mantm sua filiao a Zeus. Capital ressaltar que as imagens que constam em

    moedas que representam monarcas, conquistas militares e outros esto intimamente ligadas legitimao do poder constitudo. Ademais, aps a morte do conquistador, a cunhagem de peas que continham sua efgie tornou-se importante ferramenta dos generais que se digladiavam pelos esplios e territrios daquele imenso imprio (DAHMEN, 2007: 17).

    Imagem 1: Tetradracma de prata com a efgie de Alexandre.

    O segundo exemplo o Mosaico da Batalha de Isso, descoberto na casa do Fauno, importante stio arqueolgico localizado em Pompeia. Sua datao de cerca de 100 a.C. e, quase certo, foi inspirado em uma pintura helenstica que data entre 330 e 310 a.C.. Encontrado em 1831, est desde 1843 exposto no Museu Arqueolgico de Npoles (GARCA SNCHEZ, 2009: 322). O que est representado no mosaico o voraz embate entre um Alexandre destemido, audaz, e um Dario III, dbil, covarde, gliscride, comandante de hordas desordenadas, que apenas promovem mixrdia no campo de batalha. to esplndida esta representao que mesmo o literato germnico Wolfgang Von Goethe (1749-1832) no deixou de coment-la, destacando o semblante sorumbtico do Grande Rei persa ao seus soldados fenecerem tentando a todo custo salvar a vida de seu monarca (GARCA SNCHEZ, 2009: 322). Tambm importante mencionar que este mosaico serviu de susentculo para diversos discursos sobre o Oriente e seus habitantes, tidos como cruis, indolentes, prfidos e irracionais (FUNARI, 2004: 2).

    Imagem 2: Mosaico da Batalha de Isso (Pompia).

    Cotejando as imagens escolhidas, temos duas das resultantes do encontro entre Alexandre e toda a vastido de culturas dos rinces por ele conquistados: da parte da moeda, o que se v uma unio harmoniosa, equilibrada, com o macednio representado com os atributos caractersticos de Amon, distinta divindade egpcia. J o Mosaico do Fauno est eivado de animosidades, da agressividade inequvoca que redundaria do choque entre Alexandre, aquele que comanda pela razo e em nome da razo e Dario, aquele que no possui concidados, mas sditos (FUNARI, 2004: 3). A partir dos exemplos aquilatados neste artigo, v-se como o encontro entre o mundo grego e as i t ico fo i problemtico, diverso e plural. Os registros materiais secionados, portanto, tm o objetivo de ilustrar todo o complexo proscnio cultural do perodo helenstico. Por fim, buscou-se fornecer uma panormica do contexto em que estes artefatos foram criados, aspecto fundamental para uma anlise mais problematizada de suas representaes. REFERNCIAS DAHMEN, K. The Legend of Alexander the Great on Greek and Roman Coins. New York: Routledge, 2007. FUNARI, P. P. A. Retrica e argumentao, do mundo clssico ao nosso quotidiano. Histria e-Histria, pp. 1-4. 13/06/2004, 2004. GARCA SNCHEZ, M. El Gran Rey de Persia: formas de representacin de La alteridad persa en El imaginario griego. Instrumenta 33: Barcelona, 2009.

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  • Marina Rockenback de Almeida *BREVES CONSIDERAES SOBRE A CONSTRUO HISTRICA DA MEMRIA

    Na mitologia grega temos Mnemosyne, deusa representativa da memria, me de nove musas, entre elas Clio, deusa da histria. a partir deste pensamento que propomos essas breves palavras sobre a construo histrica da memria.

    fragmentos, sendo possvel preencher a partir de dados alternativos algumas lacunas histricas. Analisar a relao entre a histria e a memria vem a contribuir de forma que, seja qual for o objeto de pesquisa proposto, ser sem dvida, uma forma de dialogar com as sociedades antigas. Pierre Nora contribui ao tratar do teor simblico da histria, ao perceber os usos e significados que um simples objeto de anlise pode proporcionar, tanto no seu contexto histrico, quanto sob outros olhares. Tal fato nos remete importncia do historiador tomar cuidado com anacronismos, ou falsas adequaes. Nora trata o lugar de memria como material simblico e funcional e Marc Auge nos traz no-lugares e lugares antropolgicos. Pollak e Stuart Hall dialogam devido s relaes da memria individual e coletiva, visando as inter-relaes do indivduo com o meio em que coexiste, podendo influenciar e ser influenciado.

    REFERNCIAS DETIENNE, Marcel. Comparar o incomparvel. Idias e letras. Aparecida, SP, 2004. LE GOFF, Jacques, Histria e memoria -, Campinas Sp, Editora da UNICAMP, 1990. NORA, Pierre. Entre memria e histria: A problemtica dos lugares. Projeto Histria 10- PUC/SP -93 POLLAK, Michael. Memria e Identidade Social.Estudos Histricos RJ-1992 O que nos remete a recorrer a Le Goff quando trata do documento como herana

    do historiador e o monumento, como memria do passado. Pois o uso e as construes feitas pelo pesquisador, dependem do recorte e do questionamento que lana sobre o passado , j as fontes e fragmentos deixados pela sociedade proporcionam um olhar que nos auxiliam

    Imagem 2: Representao de Clio por Pierre Mignard

    delinear os personagens daquele tempo, as suas realizaes, tanto as construdas, quando pensamos em legitimaes de poderes, quanto as atitudes de um cotidiano. Marcel Detienne contribui dizendo sobre os desdobramentos proporcionados pela memria, as aes de um s homem torna-se um ponto no menos importante, pelo fato desse homem pertencer a grupos sociais que integram uma sociedade que no conjunto produz memrias coletivas e compartilhadas. O acontecimento em si, em sua plenitude, nem sempre objetiva a tornar-se memria, necessrio que se torne parte integrante do pensamento dos homens para que a partir da uma memria seja construda e validada. Escrever sobre algo que se recorda construir lugar de memria influenciadora e influencivel. Sendo necessrios ento, cuidados ao manusear fontes e a documentao, percebendo sempre os aspectos plurais das informaes extradas. E com isso, tornando capaz a construo de uma historicidade do passado, movido por memrias, identidades e reformulaes de pensamentos.

    Lancemos mo do termo momento-memria, sendo este denominado por Nora o momento em que na historiografia francesa se constri a necessidade de assimilaes de memrias singulares, c o l e t i v a s , a n n i m a s , m a s q u e contribussem neste momento de grandes mudanas. Em breve abordagem, importante frisar que nos anos 1980/1990, h uma srie de novas conjecturas e algumas mudanas de paradigmas, tornando os pensamentos mais voltados s temticas de memria, identidade e histria. Sendo assim, ocorre uma reformulao dos Analles, sendo capaz o historiador de desenvolver pesquisas em torno de novas abordagens. A memria no pode ser vista como um elemento preso no passado, e sim como algo fluido e que capaz de influenciar geraes. Existem diversas pesquisas em torno da memria e suas especificidades. O uso da memria est presente em diversos documentos que o historiador seleciona para sua pesquisa, sejam presentes em documentos textuais ou monumentos , na o ra l idade das informaes, em lugares de memria e

    Imagem 1: a deusa Mnemosyne integra um mosaico romano intitulado Mnemosyne au banquet do Muse Antakia(Turquia)

    PHILIAano xvI | ABR / MAIO / JUN 2014 | EDIO N 50JORNAL INFORMATIVO DE HISTRIA ANTIGAResumo: O presente texto apresenta um breve panorama da construo de uma historiografia em torno dos usos da memria e como o indivduo ser - social torna-se parte integrante da construo da mesma.Palavras chaves: Memria; Histria; Pensamento historiogrfico.

    * Mestranda pelo PPGHC-UFRJ, Pesquisadora NEA/UERJ

    Pesquisadora NEEHMAAT-UFF

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  • Juliana B. Cavalcanti *A ARQUEOLOGIA E OS CRISTIANISMOS ORIGINRIOS: ALGUMAS CONSIDERAES.

    *Bacharel em Histria pela UFRJ

    Mestranda pelo PPlo: PaulinGHC-UFRJBolsita CAPES

    Do ponto de vista da documentao textual, h pouco a ser dito sobre os primeiros 20 anos que se sucederam aps a morte de Jesus. Os escritos mais antigos so datados, nos melhores dos casos, em finais da dcada de 40 e incio da dcada de 50 do sculo I EC (entre eles esto os escritos paulinos). O que significa dizer que os Cristianismos Originrios num primeiro momento no tiveram a preocupao em registrar dados de seu cotidiano em comunidades (lgicas e normas de estruturao e convvio) ou mesmo suas memrias de e sobre Jesus. O silenciamento dos primeiros anos por parte do movimento que se desencadeou a partir da figura Jesus estava ligado provavelmente concepo de um fim iminente. Ou melhor, estava ligada ideia de um retorno prximo de Jesus. Retorno este que implicaria na instaurao do Reino de Deus e consequentemente a derrota definitiva do Imprio Romano. Tal ideia perceptvel ainda nos escritos mais antigos, por exemplo, na primeira epstola aos corntios, uma carta escrita por Paulo por volta do ano 54 EC. Outro elemento que deve ser acionado para explicar este silenciamento o fato de que a escrita no desempenhava o mesmo papel como em nossa sociedade. No caso das comunidades paleocrists, h estudos que apontam que as taxas de analfabetismo chegavam a cerca de 90% (GAMBLE, 1995:2-11). As memrias de e sobre Jesus neste perodo se restringiram ao campo da oralidade. Feitas as devidas consideraes sobre a ausncia de fonte escrita nos primeiros anos dos cristianismos primitivos, devemos lembrar que a documentao textual que dispomos sobre os mesmos est sujeita, como toda documentao do tipo escrita, ao que Ginzburg em O queijo e os vermes (2009) chamou de filtros deformadores, ou filtros de leitura. E o historiador sempre ao se voltar a uma fonte deste gnero deve se lembrar de que ela fruto de uma perspectiva de classe, grupo ou ideologia. Alm de ser sempre uma ao voluntria (so construes subjetivas e enviesadas), o que no significa dizer que no possamos estudar as 'classes subalternas' ou perceber

    outras vozes que normalmente no deixariam registros escritos. Muito pelo contrrio, estas vozes de alguma forma esto nelas presentes, mas de forma filtrada, deformada. Contudo, se nos restringirmos ao campo textual nossas leituras e questes ficaro deveras limitadas ou obscurecidas. A arqueologia, assim, se apresenta como um caminho mais do que interessante Histria Antiga. E mais especificamente para os estudos no campo do Jesus Histrico e dos Cristianismos Originrios. A arqueologia estuda a cultura material, os artefatos produzidos ou modificados pelo ser humano e o contexto natural e ambiental associado vida humana. Em outras palavras, uma documentao que decorrncia de aes involuntrias e que automaticamente aparece como uma porta de acesso aos diferentes estratos da sociedade. Assim, por intermdio da cul tura mater ial e da l i teratura arqueolgica possvel obter informaes valiosas sobre o contexto histrico, social, cultural e religioso do Jesus Histrico e das comunidades crists.

    No que diz respeito s escavaes na Palestina, destacam-se os seguintes vestgios: o ossurio do sumo sacerdote Jos Caifs; a inscrio do prefeito Pncio Pilatos; a casa do apstolo Pedro, em Cafarnaum; o barco de pesca do Mar da Galileia; o esqueleto do crucificado Ieohokhanan; Cesareia Martima e Jerusalm, poca de Herodes Antipas; Sforis e Tiberades, poca de Herodes Antipas; Massada e Qumram e a resistncia judaica ocupao romana; Gamla e Jodefat: aldeias judaicas poca de Jesus e os vasos e banheiras rituais: rituais judaicos.

    Imagem 1: Vista de Massada. REFERNCIAS: ALCOCK, Susan E. Graecia Capta: the landscapes of Roman Greece. New York: Cambridge University Press, 1993. CROSSAN, John Dominic e REED, Jonathan L. Em busca de Jesus: debaixo das pedras, atrs dos textos. So Paulo: Paulinas, 2007. CROSSAN, John Dominic e REED, Jonathan L. Em busca de Paulo: como o apstolo de Jesus ops o Reino de Deus ao Imprio Romano. So Pauas, 2007.

    PHILIAano xvI | ABR / MAIO / JUN 2014 | EDIO N 50JORNAL INFORMATIVO DE HISTRIA ANTIGA

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    Resumo: Os estudos sobre Cristianismos Originrios devem ser guiados pelo que Ginzburg chamou de paradigma indicirio. Arqueologia, neste sentido, nos aparece como um caminho ou um ferramental interessante ao mesmo. Palavras-chaves: Arqueologia; Histria Antiga; Cristianismos Originrios.

    Estes vestgios contribuem para a reconstruo do cenrio em que se processou o movimento de Jesus, no que d iz respei to p lura l idade das experincias judaicas, os estamentos que compunham o movimento de Jesus e a relao entre Jesus e seus seguidores ao imperialismo romano. Alm disso, fica claro que o programa poltico de Jesus, pautado na paz, na comensalidade e na justia, era antes de tudo um projeto local, rural e anti-imperialista. Os cristianismos de centros urbanos (Corinto, Tessalnica) j so releituras e ou recepes das ideias e/ou memrias de e sobre Jesus. Ideias e ou memrias que tambm estavam dialogando com lgicas de um judasmo de dispora e com as problemticas prprias de cada localidade em que se formou uma comunidade crist primitiva. Em outras palavras, as escavaes na regio da Palestina bem como de cidades onde houve comunidades crists demonstram que estas comunidades estavam inseridas dentro de um ambiente judaico, mas que tambm so frutos das demandas locais. At mesmo no que diz respeito para com a forma como estas comunidades pensam sobre a poltica imperial estar ligado s relaes estabelecidas entre as provncias, em que esto vinculadas, e Roma. Como podemos ver na epstola aos corntios, onde Paulo se apresenta dbio sobre os banquetes pblicos destinados ao imperador e ao Imprio.

  • Fabrcio Nascimento de Moura *CARTAGO: ORGANIZAO POLTICA E SOCIAL

    Os principais documentos acerca da organizao poltica e social de Cartago - cidade-estado de origem fencia que exerceu hegemonia econmica e militar no Mediterrneo at o embate com os romanos no sculo III a. C. so a Poltica de Aristteles e a Histria de Polbios. A seguir veremos como o filsofo e o historiador, ambos gregos, teceram suas digresses. Iniciaremos com Aristteles:

    Politicamente os cartagineses se organizavam a partir de uma constituio mista, agregando caractersticas comuns a vrios sistemas de governo. Cartago se organizava em torno de um poder mais ou menos centralizado nas mos dos Sufetas, mag i s t r ados e l e i t o s anua lmen te responsveis pela administrao da cidade, cujo poder era limitado por um Conselho de Ancios e cujas aes eram julgadas pelo Tribunal dos Cento e Quatro. Outro aspecto da estrutura poltica cartaginesa a Assembleia do Povo, que detinha a prerrogativa de avaliar todos os assuntos referentes comunidade cvica. Politicamente os cartagineses guardavam semelhanas com romanos e gregos, uma vez que se organizavam socialmente em torno da ideia de cidadania. O historiador grego radicado em Roma, Polbios, tambm teceu descries acerca da constituio dos cartagineses, realizando uma comparao com a constituio dos romanos no contexto da segunda guerra pnica:

    Inspirado talvez pelas descries elaboradas por Polbios, o filsofo francs Montesquieu elaborou uma comparao entre romanos e cartagineses. De acordo com o autor, Cartago havia se tornado uma cidade-estado rica antes dos romanos, e, em consequncia disso, teria se corrompido tambm mais cedo. Nesse sentido, Montesquieu destaca que em Roma os cargos pblicos eram conquistados atravs da virtude do indivduo e em Cartago, os cargos pblicos eram vendidos e os magistrados exerciam sua funo mediante um pagamento. O autor revela ainda que, se por um lado, a pobreza que era cultivada em Roma tornava todos os homens relativamente iguais, em Cartago a riqueza acentuava as diferenas entre os cidados. Ao contribuir para a construo da memria de Cartago, Montesquieu a concebeu quase como uma cidade diametralmente oposta a Roma, no que tange s instituies e aos valores. (MONTESQUIEU, 1995: 29-30). A sociedade cartaginesa era composta por uma populao muito diversa em sua origem e desigual em termos de riqueza e participao poltica. Contudo no chegaram at nos vestgios de conflitos de grupos sociais que tenham agitado a cidade. Os pesquisadores Andre Aymard e Jeannine Ayboyer destacam que havia em Cartago trs tendncias polticas, de acordo com as circunstncias. A cidade foi inicialmente administrada a partir de um regime monrquico, sendo substitudo por vrios colgios de magistrados eleitos anualmente, no qual um deles era composto por dois Sufetas, que seriam os juzes. A magistratura cartaginesa se concentrava nas mos de uma oligarquia pouco numerosa em relao ao conjunto da comunidade cvica. Havia ainda uma aristocracia guerreira de onde provinham os generais que, ao longo da histria de Cartago, ameaou a situao privilegiada da oligarquia emergente das atividades comerciais e mercantis. (AYMARD & AYBOYER, 1993: 58-59). O historiador M. Sznycer alerta, no entanto, que a tarefa de reconstruir a his-

    tria interna de Cartago, analisando seus problemas sociais, as disputas internas e as mudanas de regimes polticos bastante complicada. A dificuldade do trabalho do historiador contemporneo tem origem na inexistncia de informaes produzidas pelos prprios cartagineses acerca de suas questes sociais. A arqueologia pouco descobriu at agora para que pudssemos possuir informaes seguras acerca do cotidiano cartagins e a documentao textual disponvel at ento sobre seus hbitos e costumes necessariamente questionvel, por sua origem grega ou latina, povos que historicamente mantiveram relaes de hostilidade com os cartagineses. (SZNYCER, 1978: 550).

    REFERNCIAS: AYMARD, A.; AYBOYER, J. Histria Geral das Civilizaes. Vol. III Roma e Seu Imprio. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. MONTESQUIEU. Grandeza e decadncia dos romanos. So Paulo: Paumape, 1995. SZNYCER, M. Carthage et la civilisation punique. In : NICOLET, C. (Org.) Rome et la conqute du monde Mditerranen. Paris : Press Univ. De France, 1995.

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    Resumo: Aristteles e Polbios teceram as descries acerca das instituies sociopolticas da civilidade cartaginesa que influenciaram a historiografia especializada. Em geral estas instituies polticas e sociais so apontadas como responsveis pela estabilidade social da cidade-estado. Palavras-Chave: Cartago; Sociedade; Poltica.

    Os Cartagineses, em particular, possuem instituies excelentes, e o que prova o

    grande mrito de sua constituio que, a pesar da grande parte de poder que concede ao povo, nunca houve em Cartago mudanas de governo, e, o que mais estranho, jamais conheceram nem as revoltas, nem a tirania.

    (Poltica II VIII).

    Em Cartago, nada que proporcione lucro considerado ignbil; em Roma, nada

    considerado mais ignbil do que deixar-se subornar, ou procurar o ganho por meios

    imprprios. [...] em Cartago, os candidatos a funes pblicas recorrem abertamente ao suborno, enquanto em Roma essa prtica

    punida com pena de morte." (Histria, VI 56).

    * Mestre em Histria PPGHC-UFRJ Ex-professor substituto de

    Histria Antiga e Medieval da UEMA.Coordenador do Grupo de Estudos de

    Histria Antiga e Medieval da UEMA/CESI.

  • POZZER, K. M. P. Banquetes, Recepes e Rituais na Mesopotmia. Phila: Jornal Informativo de Histria Antiga, Rio de Janeiro, Ano XIII, n. 37, p. 5-6, jan./fev./mar. 2011.

    COMO CITAR O PHILA

    - 800 palavras ou 5000 caracteres com espao; - Biografia resumida do autor; - Resumo (35 palavras ou 230 caracteres com espao) - 03 palavras-chaves; - 02 Imagens com referncia; - 01 Foto do autor de rosto; - Fonte: Tahoma 9, espaamento entre linhas simples; - 03 Referncias bibliogrficas.

    NORMAS PARA PUBLICAO

    EVENTO: XI JORNADA DE HITRIA ANTIGA LIVRO

    CURSO DE EXTENSO

    No dia 11 de abril, encerrou-se mais um grande evento promovido pelo Ncleo de Estudos da Antiguidade, a XI Jornada de Histria Antiga, cuja temtica estava relacionada ao dilogo entre histria, cinema e imagem. Graduandos e ps-graduandos de Histria, e reas afins, em nvel nacional e internacional viram na XI Jornada de Histria Antiga a oportunidade de socializar os resultados de suas pesquisas e contribuir para um debate sobre a natureza do documemento histrico.

    Desde o seu incio, em 1998, as atividades de pesquisa e extenso desenvolvidas pelo NEA vm construindo um espao de debates e dilogos entre os pesquisadores brasileiros e estrangeiros que desenvolvem estudos sobre sociedades antigas, visando apresentao do estado atual de suas pesquisas. Vale salientar que as caractersticas do evento permitem a participao da comunidade de interessados em Antiguidade que est fora da academia, o que proporciona a difuso dos resultados das pesquisas e a democratizao do saber ao promover a interao entre os especialistas em sociedades antigas e a comunidade no-acadmica.

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    R454 Catalogao na Fonte UERJ/Rede Sirius/CCS/A Phila: jornal informativo de histria antiga. vol.1, n.1 (1998) - . Rio de Janeiro: UERJ/NEA, 1998 v. : Il. Trimestral. ISSN 1519-6917 1. Histria antiga Peridicos. I. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ncleo de Estudos da Antiguidade. CDU 931 (05)

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