jornal Ética e liberdade

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rubrica Entrevista com Miguel Teixeira XVII Congresso do Partido Socialista Número 6 • Abril de 2011 • Mensal Editorial Se cá nevasse fazia-se cá Ski… Portugal enfrenta hoje, por muito que custe a aceitar por muito boa gente (e má também!), o maior de- safio da sua história. Consolidada a Independência, expulsos os Mouros, conquistada a Glória, falhado o V Império, perdida a extensão ultramarina da Na- ção, desperdiçado o ouro e mais um horror de oportunidades, implantados ou experimentados vários regimes, descolonizando e democratizando, mais coisa menos coisa, a Pátria, chegamos ao patamar em que nos encontramos hoje. Afonso Henriques morreu, D João II e o Marquês do Pombal também e a União Europeia já não se sente nada bem. O maior português de sempre diz que era de Santa Comba Dão e para cá do Marão mandam os que em Bruxelas estão. Atrasos tecnológicos a vapor, falta de formação e qualificação à pressão, erros alheios e desperdícios voluntários, auto-estradas a mais e caminhos-de- -ferro a menos, barragens com gravuras e bancos com gavetas e sacos azuis. Traumas imperiais, tabus coloniais, defeitos matriciais, cultura ou falta dela. Camarate’s, BPN’s ou submarinos à parte, temos nem mais nem menos aquilo pelo que lutamos no passado ou construímos no presente. Ou não? Queríamos mais? Queríamos melhor? Sonhamos mais alto? Ambicionamos chegar mais longe? Quando? Exactamente quando é que isso aconte- ceu? Foi um sonho há muito perdido no mar de con- forto instalado ou de sobrevivência garantida? Foi um último suspiro no final de um gelado perdido numa infância longínqua? Não sei. Dizem que temos o país que merecemos. Que o pa- norama actual é exactamente reflexo da “sociedade” civil ou civilizada, à rasca ou encavacada. Uma realidade enrascada. Eu sei que temos muito melhores políticos, em todos os partidos e até fora deles, do que aquilo que “a sociedade” acredita ou é levada a acreditar. O que falta? Coragem? Os cidadãos, que são também contribuintes e parece que alguns até são eleitores de vez em quando, são culpados ou vitimas? Ou ambos? As elites, escrevem uns, desgraçaram-nos. Em parte até acredito, mas não chega. E o resto? Onde esta o resto? É isto tudo o que so- bra? Vinho do Porto em copos do Ikea, CDs da Amália vendidos na feira e vídeos do Eusébio a preto e bran- co? Será “sim” a resposta à pergunta “E se isto for o melhor que conseguimos?” Desculpem-me, não me levem a mal, mas não acre- dito, isto está muito, muito longe de ser o melhor que conseguimos… Intervenções na Assembleia Municipal de Lisboa Paulo Ferreira Jornal Oficial da Secção de Alvalade do Partido Socialista Director: Paulo Ferreira • Sub-director: Jorge Franco O Modelo Social Europeu em Risco

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Jornal Oficial da Secção de Alvalade do PS Lisboa/FAUL

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Page 1: Jornal Ética e Liberdade

rubrica

Entrevista comMiguel Teixeira

XVII Congressodo Partido Socialista

Número 6 •Abril de 2011 • Mensal

EditorialSe cá nevasse fazia-se

cá Ski…Portugal enfrenta hoje, pormuito que custe a aceitarpor muito boa gente (e má também!), o maior de-safio da sua história. Consolidada a Independência,expulsos os Mouros, conquistada a Glória, falhadooV Império, perdida a extensão ultramarina da Na-ção, desperdiçado o ouro e mais um horror deoportunidades, implantados ou experimentadosvários regimes, descolonizando e democratizando,mais coisa menos coisa, a Pátria, chegamos aopatamar em que nos encontramos hoje.AfonsoHenriquesmorreu,D João II e oMarquês doPombal também e a União Europeia já não se sentenada bem.O maior português de sempre diz que era de SantaCombaDão e para cá doMarãomandamos que emBruxelas estão.Atrasos tecnológicos a vapor, falta de formação equalificação à pressão, erros alheios e desperdíciosvoluntários, auto-estradas a mais e caminhos-de--ferro a menos, barragens com gravuras e bancoscomgavetas e sacos azuis. Traumas imperiais, tabuscoloniais, defeitos matriciais, cultura ou falta dela.Camarate’s, BPN’s ou submarinos à parte, temosnem mais nem menos aquilo pelo que lutamos nopassado ou construímos no presente. Ou não?Queríamos mais? Queríamos melhor? Sonhamosmais alto?Ambicionamos chegar mais longe?Quando? Exactamente quando é que isso aconte-ceu? Foi um sonho hámuito perdido nomar de con-forto instalado ou de sobrevivência garantida? Foium último suspiro no final de um gelado perdidonuma infância longínqua? Não sei.Dizem que temos o país que merecemos. Que o pa-norama actual é exactamente reflexo da “sociedade”civil ou civilizada, à rasca ou encavacada. Umarealidade enrascada.Eu sei que temosmuitomelhores políticos, em todosos partidos e até fora deles, do que aquilo que “asociedade” acredita ou é levada a acreditar. O quefalta? Coragem?Os cidadãos, que são tambémcontribuintes e pareceque alguns até são eleitores de vez em quando, sãoculpados ou vitimas? Ou ambos?As elites, escrevemuns, desgraçaram-nos. Emparteaté acredito, mas não chega.E o resto? Onde esta o resto? É isto tudo o que so-bra?Vinho do Porto em copos do Ikea, CDs da Amáliavendidos na feira e vídeos doEusébio a preto e bran-co?Será “sim” a resposta à pergunta “E se isto for omelhor que conseguimos?”Desculpem-me, nãome levem amal,mas não acre-dito, isto está muito, muito longe de ser o melhorque conseguimos…

Intervenções na AssembleiaMunicipal de Lisboa

Paulo Ferreira

Jornal Oficial da Secção deAlvalade do Partido SocialistaDirector: Paulo Ferreira • Sub-director: Jorge Franco

OModelo SocialEuropeu em Risco

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editorial2

Igor Roçadas

AFarinha e o Farelo naExecução Orçamental –

Modernização daAdministração Pública

O Silêncio dos Bons

Não têm sido tempos fáceis para aAdminis-tração Pública. Sou Especialista de Informá-tica na Função Pública há quase 15 anos euma privilegiada porque adoro o que faço.Tenho um orgulho imenso em sê-lo, espe-cialmente porque considero que o desempe-nho das minhas funções teve como conse-quência a melhoria do contacto com oscidadãos, nas áreas de responsabilidade dasorganizações nas quais desempenhei funções.Confesso que ainda tenho a noção de serviçopúblico e tenho um respeito enorme pelodinheiro dos contribuintes, que efectivamentepaga o meu vencimento. Embora eu tambémseja contribuinte e, contrariamente a algunscidadãos, desconto efectivamente as percen-tagens devidas, em sede de IRS e outras, emrelação ao meu vencimento.De há cerca de 10 anos para cá, a Adminis-tração Pública percebeu que os técnicos deInformática, disponíveis nos quadros doEstado (administração central e regional) nãopoderiam oferecer as competências técnicasque os técnicos disponíveis nas entidades pri-vadas, e que passama vida a ser confrontadoscom novas tecnologias, novas experiências e

formação e certificação constante, podemoferecer. Então, os técnicos daAdministraçãoPública teriam sim, e dadas as valênciastécnicas de que dispunham, que se tornar emexcelentes contratadores e gestores de con-tratualização, desistindo, por isto, de “por amão na massa”. Garantindo, por outro lado,que o Estado recebe o maior valor possível,em bens e serviços, que o investimento lhepermite.Aparentemente, esta função é simples, Masnão o é de facto. A crescente complexidadetecnológica, da Lei da Contratação Pública eo funcionamento intrincado da Agência Na-cional deCompras Públicas, torna a tarefa decontratualizar, seja o que for, com a melhorrelação custo-benefício, quase impossível.Porém, com a possibilidade do recurso acandidaturas a fundos comunitários comoSistema deApoio à ModernizaçãoAdminis-trativa (SAMA), abriu-se a oportunidade dasorganizações públicas e privadas, com o re-curso a estes fundos, procederem a uma efec-tiva modernização da realidade tecnológicaque permitiria ao sector público servir oscidadãos com mais eficácia e eficiência.

Acrescia a este facto, o de no início do ano onosso secretário-geral ter assumido o com-promisso de que este ano o QREN teria umaexecução substancialmente superior aos dosanos anteriores. Confesso que como técnica,tanto o financiamento europeu como estecompromisso me animaram. Trata-se de umano em que todos vimos os nossos venci-mentos seremdiminuídos, pelo que projectosque façam a diferença e que sejam geradoresde racionalidade nos motivam imensamente.Mas no início do ano foi publicada a Portarian.º 4-A/2011 de 3 de Janeiro que, de formaresumida, obriga a que todos os procedi-mentos para aquisição de serviços, desde queexcedam os 5.000 euros careçam de parecerprévio doMinistério das Finanças para seremdesenvolvidos. Em tese, parece-me uma boamedida mas não é.

Distintos Cidadãos!Camaradas!

Breves palavras.O País chegou ao estado que todos conhe-cemos.Foram marcadas eleições para 5 de Junho.O Partido Socialista tem um dever paracom o Povo Português.Assim, é nosso dever elevarmos ao máxi-mo o nível da campanha eleitoral para quese apresente um caminho de esperança,uma saída credível para esta crise que nosrouba a alegria, de sonhar e viver o Impérioque nos aguarda.Não podemos cair na tentação de jogadastácticas e de discursos fáceis que descre-dibiliza e coloca em causa a Democracia.Existe a consciência de que haverá lugar amedidasmais difíceismas, paralelamente a

estas, urge a implementação de respostasque tenham em consideração o máximorespeito pelo Povo, que impeçam a servi-dão que o prenda à miséria, ao medo, àintolerância, ao sofrimento desnecessário.Não podemos deixar morrer a sua Alma etemos que impedir a fome.Lanço aqui um forte apelo…Estamos nummomento decisivo onde é chegado o mo-mento das Mulheres e dos Homens Bons,que têm Coração eAlma, que amam a Jus-tiça, a Solidariedade, a Honra, a DedicaçãoTotal, e que lutem por este Povo, por estaNação que ainda tem uma Missão a cum-prir numa Europa de todos e para todos.“O que mais preocupa não é o grito dosviolentos, nem dos corruptos, nem dosdesonestos, nem dos sem ética. O que maispreocupa é o silêncio dos bons”. MartinLuther King

CristinaMarques

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3entrevista

Jorge Franco

Encontramo-nos hoje em crise, uma criseeconómica, social e política que nos afecta atodos de igual forma; Homens e Mulheres,Jovens e idosos, portugueses e restantes Eu-ropeus. Esta crise ameaça uma estadia pro-longada no contexto europeu e, entre outrascoisas, ameaça cominar, punir e castigar onossomodelo social europeu que tanto custoua impor e a moldar.Para nós: Socialistas, democratas, Republi-canos, homens e mulheres de Esquerda osprincípios orientadores de qualquer estratégiapara a saída da crise devem, têm, que passarpela mudança definitiva para um modelo degovernação baseado na sustentabilidade e nasolidariedade. Para que isto aconteça é ne-cessário reconhecer as origens sociais da crisee retirar daí as correctas e necessárias elaçõese subsequentes respostas políticas.Esta não é apenas uma batalha política, étambém uma dura batalha ideológica que setem travado na Europa, podemos verificaristo mesmo com as medidas de austeridadeque nos são impostas pelaAlemanha, com ofim das medidas excepcionais de apoio aomercado de trabalho recentemente aprovadopelo Comité Económico e Financeiro e peloconselho Europeu e, um último exemplo,com o documento estratégico 2020 da UniãoEuropeia.Como o bom senso nos dirá, para qualquerproblema não existe apenas uma resposta,

existirão várias e diferentes soluções. Paísescomo os Estados Unidos e o Japão, a titulomeramente exemplificativo, têm investidono seu futuro, apostando na sua economia,impulsionando crescimento e atentando, namedida do possível, às necessidades sociaisdos seus cidadãos. Por oposição, na Comu-nidade Europeia, de liderança cada vez maisconservadora, continua obcecada com oscortes nas finanças públicas, tenham essescortes os custo sociais e económicos quetiverem.Os últimos dados do Eurostat revelam que odesemprego atingiu o recorde máximo nosúltimos 10 anos, com23milhões de europeussem trabalho e com o desemprego juvenil aatingir uns alarmantes 20%, expostos estesnúmeros torna-se por demais urgente repen-sar algumas políticas europeias, urge reflectirsobre a bondade do timing definido para aconsolidação dos orçamentos públicos dosvários paísesmembros, urge repensar o Pactode Estabilidade para que este possa enfrentaras novas realidades e é preciso, na minhaopinião, salvaguardar, saudar e reforçar a im-portância da protecção social, da segurançasocial e solidariedade social.O aperto da política fiscal a que estamos,passivamente, a assistir apresenta gravíssimosriscos sociais, como aliás todos sabemos,masapresenta também, para aqueles a quem avertente social não diz nada, enormes riscos

económicos porque este aperto vai originar,forçosamente, muitos mais milhões de de-sempregados por toda aEuropa o que prolon-gará, assim, a recessão e gerará desempregode longa duração para uns e a não obtençãoda 1ª oportunidade de emprego para outros,existirá uma menor procura nos mercadosinternos e maior e mais acentuada exclusãosocial. Este aperto fiscal atravanca, embargae tolhe grosseiramente com a luta contra apobreza que, a par de ser um desígnio nacio-nal, é também uma competência da UniãoEuropeia. Relembro que o artigo 151 doTra-tado de Lisboa refere-se à luta contra a ex-clusão social como um dos objectivos daUniãoEuropeia, e que as acções dos Estados-Membros neste âmbito contam com o apoioda UE como consta no artigo 153 do mesmotratado.Desta realidade poderemos retirar algumasconclusões/lições. Não nos podemos ver li-vres, pela via da privatização, das poucas fer-ramentas de combate à crise de que dispomos(como têm feito proactivamente alguns paí-ses); Não podemos responder à crise de for-ma descoordenada, sem a prévia criação desinergias de governação, a nível europeu; eque as novas políticas económicas de com-bate à crise devem ser dirigidas à criação deemprego e à redução das desigualdades so-ciais. Urge colocar as pessoas em primeirolugar!

OModelo SocialEuropeu em Risco

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4 CadernoAutárquico

Quem é oMiguel Teixeira?Antes de mais, quero agradecer a oportu-nidade para conversarmos. Já ultrapassá-mos mais de quatro anos desde que soucoordenador do PSAlvalade e mais de trêsanos desde que esta secção tem uma publi-cação própria e só hoje tivemos a esta opor-tunidade. Durante este período falei bemmais na imprensa externa ao PS.Bom, eu tenho trinta e três anos, sou casadoe pai de três filhos. A minha formação su-perior é em arquitectura e a par desta áreaestou também ligado ao sector da comuni-cação. Sou umoptimista, uma pessoamuitorigorosa, há quem me considere um cava-lheiro “à antiga” – eu não sei bemoque issosignifica, mas sim, gosto muito de mantercertas formalidades,mas sobretudo sou umhomem leal, amigo do seu amigo e umpro-fundo crente na ética republicana, nas res-ponsabilidades e deveres, no humanismo esolidariedade.Acabo de me expor um pou-co...

Defina em poucas palavras a secção doPSAlvalade.Um espaço político de excelência, commuita memória colectiva e com uma mili-tância absolutamente notável. Uma segun-da família.

O que é que esta secção, da qual é coor-denador há 5 anos, o que significa parasi?Bom, caminho para cinco anos há frentedos destinos do PSAlvalade. O que ela é eo que significa para mim? Esta é uma per-gunta complicada, pelo que tentarei sersimples na resposta. O PSAlvalade é comolhe disse anteriormente, umespaço de gran-de memória colectiva do PS, mas tambémdo País. Esta é uma secção com muitosmembros fundadores, entre eles, o nossomilitante número, oDr.Mário Soares, figu-ra indelével, umpai da democracia. Isto sig-nifica naturalmente umaumento da respon-sabilidade na liderança dos destinos destaestrutura.Mas hoje, o PSAlvalade, está no-vamente mais próxima da prática militanteque teve na sua fundação e que se estendeupor muitos anos e isso deixa-me ampla-mente satisfeito. Não lhe escondo que ficoorgulhoso do trabalho que tem vindo a serrealizado por várias mulheres e homens,que diariamente se empenham de uma for-ma muito militante em torno do PS. Mas

Entrevista a Miguel Teixeira

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5CadernoAutárquico

também sei que o trabalho que aplicámosajudou fortemente a reencontrar-se a me-mória desses tempos. Quando iniciámos onosso primeiro mandato, o PS Alvalade,estava de certa forma parado. E é evidente,que receber como recebo, elogios e palavrasde incentivo por parte de tantos camaradasé muito reconfortante. Mas temos aindamuito trabalho para concretizar e contamoscom todos para continuarmos este percurso.

Quais os seus principais objectivos, quaisas metas que colocou para esta secção?Bom, eu sou uma pessoa rigorosa e abso-lutamente decidida e estar em Alvaladeobriga-nos igualmente a sermos rigorosose decididos e dessa forma a desenvolver-mos a procurarmos a desenvolver umtrabalho de elevada qualidade. Julgo que secontinuarmos a inovar, como o temos feito,continuaremos a receber o benefício daconfiança dos camaradas.Mas veja, hoje, oPS Alvalade tem novamente militanteseleitos emvários órgãos, somos uma secçãode referência pela nossa história, mas hojetambém, fruto do trabalho que desenvolve-mos e que nos permite receber entre nóscamaradas de várias secções e concelhias.Creio que este é um importante sinal dequalidade. Veja o caso desta publicação,quando ela surgiu, ainda sob o nome de“notícias deAlvalade”, um ex-coordenadore presidente de mesa referiu-se a ela numareunião geral de militantes, como um desa-fio que não iria ter mais de duas edições.Hoje, verificamos que o “Ética e Liberda-de”, é uma versão qualificada de imprensapolítica e que recebe artigos de opinião decamaradas de norte a sul de Portugal, mastambémde independentes.O site, queman-temos com domínio próprio desde que fo-mos eleitos e repare que a par da publica-ção, é matéria em que o PS Alvalade semantém como a única estrutura em que seutilizam estes instrumentos. Mas recordo--me também dos recortes de imprensa quediariamente e durante quatro anos fizemosseguir para os militantes por email. Apro-veito a oportunidade para anunciar, que osrecortes de imprensa ressurgirão, com umanova organização. Sabe, não nos podemosconformar comoque já fizemos e fazemos.Por essa razão, estamos a definir novasabordagens, a par de um quadro de debatese conferências que continuaremos, à seme-lhança dos últimos anos a desenvolver. Por-

que é nosso entendimento que umaestrutura política tem de ser sobretudo umespaço de debate e organização política.Asmetas são inovar, participar e militar.

Como vê o papel do PS nas 4 freguesiasda área da Secção?Olhe, como sempre vi a política. Numa re-lação franca e aberta, visando a produçãode uma relação de confiança com base nu-ma política de proximidade. Ainda ontemdebati isto com os cabeças de lista do PSnas nossas freguesias e pretendo transmitiro mesmo aos restantes eleitos na próximareunião, que por acaso vai decorrer já ama-nhã.Mas deixe-me que agradeça a confian-ça dos militantes nas equipas apresentadasàs eleições autárquicas. É que o tempopassa e creio que é justo dizer-se que reali-zámos uma Assembleia Geral Eleitoralonde foram apresentadas as propostas paraas equipas às quatro freguesias.As equipasforamvotadas em separado e em todas tive-mos taxas de aprovação acima dos quarentapor cento, na Assembleia Eleitoral com amaior participação de militantes das dezas-sete secções deLisboa. E olhe, tal comoon-tem, creio que a aposta está ganha.Tivemosum crescimento eleitoral próximo dos qua-renta por cento, tivemos bastantes maisvotos, tivemos mais mandatos e estivemosna iminência de vencer uma freguesia. Con-vém recordarmo-nos que a direita concor-reu coligada e a esquerda separada. Tive-mos os melhores resultados de sempre doPS nestas freguesias, concorrendo sem co-ligação. Todos sabemos que as freguesiasde Alvalade, Campo Grande, São João deBrito e São João de Deus, são bastiões dedireita.Mas hoje o PS estámais implantadona comunidade, junto das associações, jun-to dos clubes desportivos, junto das escolas.Veja o caso do Clube de Rugby de SãoMiguel, um clube com sede em Alvalade,mas com uma ligação afectiva e efectivanas quatro freguesias. Este clube apresentouuma proposta no orçamento participativo(OP) deste ano da Câmara Municipal deLisboa (CML), para a construção de umcampo de rugby no valor de novecentosmileuros e não só venceu, como foi também apropostamais votada de entre novecentas evinte e sete a concurso. E sabe como é queeste clube teve acesso à informação do OP.Porque o secretariado resolveu reunir comvários clubes e associações locais para lhes

apresentar esta importante iniciativa daCML.Hoje este clube,mas tambémoFon-secas e Calçada, o Hóquei Clube de Portu-gal, a comunidade doBairro dasMurtas, doBairro do pote deÁgua ou das cooperativasde São João de Brito, algumas das escolas,sabem quem são os responsáveis locais doPS e isso faz toda a diferença.Agora mentiria se lhe dissesse que o ca-minho tem sido fácil. Não é e não vai ser,mas estamos conscientes que podemoscrescer ainda mais nestas freguesias, o quepoderá equivaler a uma vitória.

Aproxima-se o Congresso nacional, oque espera deste Congresso?O Congresso Nacional é um momento ful-cral da vida interna doPartido, é onde o par-tido se reúne, onde se discute e onde oPartido se recentra comas suas bases.Nestemomento contamos com 4 candidaturasque são importantes no sentido em querepresentamo ecletismo pelo qual o PartidoSocialista é conhecido e que faz do PS umPartido verdadeiramente representativo.Defacto, é a diversidade de opiniões que faz acoesão doPS e o pluralismo é benéfico paraum partido democrático, ainda sobre estatemática é importante dizer que quando omomento doCongresso vier possamos con-tar com intervenções e contributos de boagente que está muito preocupada com ofuturo do país e com o PS.

Temos vivido tempos algo conturbados,commuita desconfiança para coma clas-se política, o que tem a dizer sobre estarealidade?Éóbvio que temos que entender que passa-mos todos por momentos difíceis, que aspessoas sentem a necessidade de se expres-sarem e que têm todo o direito de o fazer.Posto isto, é importante também dizer comclareza que quando estesmomentos surgemtemos que fazer uso da nossa utilidade, te-mos que incentivar as pessoas que encon-tram algo errado no nosso sistema políticoa, ao invés de perderem fé no sistema e seafastarem, se filiarem massivamente nospartidos políticos, em todos, e, por dentro,darem o seu contributo fazendo desses par-tidos tudo aquilo que podem e devem ser,mais representativos, mais ecléticos, maisintegradores e, sobretudo, mais abertos.Esta sim é a verdadeira prática da cidadaniaactiva, isso sim é Democracia!

Page 6: Jornal Ética e Liberdade

6 CadernoAutárquico

Poesia e AntagoniaPor um lado... e por outro lado!

Por um ladoJá foste fado Portugal.Hoje és fardo.És mochila de pedra,Cruz que se carrega e nos faz todos PedrosQue sem remorso te negamosVezes três as vezes que forem necessárias,Portugal.És família das berças,És primo inconveniente,És embaraço permanente Portugal.És mulher-a-dias com chinelo de piscina,Tens olhinhos tortos, perninha curtaMãozinha deformada e não se pode fazernada Portugal.Não há diminutivo que te encharme.És calçada desdentada,Caixa d’ar condicionado na fachada,És carro no passeio,Arquitectura de empreiteiroÉs foleiro Portugal.

És maricas Portugal.Por uma unha encravada, um tropeção, ummero abanãoPara fingir que sentes ou para teconvenceres que não mentes,Por dá cá aquela palhaPor tudo e por nada,Nem que seja só para ter a cara lavada,Lá vai lágrima, Portugal.Devias ser mais homenzinhoPorque o teu nome nem sequer é feminino,Devias endireitar a coluna dar murros namesaLargar a caixa da graxa, o salamaleque, ovexa senhor doutor.Ser firme, cerrar o dente, aguentar a dor,seguir em frente.Mas não.És pedinte Portugal!De dedos sapudos e mãos suadasE é com elas que vês o mundo àsapalpadelas Portugal.Acordeonista de passeio que afugenta opeão quando lhe chegas a mão.Às vezes lá tens sorte e ele larga umamoedinhaE o “plim” faz-te o dia.Nobre povo Portugal?

És Maria, PortugalDas que copia.Fazer igual é a tua grande ambiçãoPortugal.És preconceito, falta de respeito,Tens medo de arriscar de fazer diferente,Tens pensamentos de porta de casa debanho,És invejoso, dizes mal,

És espectador do mundo com devaneios detreinador, PortugalMas para ver o que se passa, da bancada,Precisas de almofada no cu para ficar dotamanho dos outros.Claro que os pezinhos ficam no ar a abanar.Não te enxergas Portugal?Não passa de um fedelhoVestido de verde e vermelho(Cores que não rimam nem combinam)Armado ao pingerelho.És anão, Portugal

És bexigoso Portugal.Tens a cara esburacada e a pele todamarcada.Não que tenhas culpa, foi doença que Deuste deuMas é impossível olhar para ti sem asco epenaÉ impossível ouvir-teÉ impossível seguir-te os raciocínios,Admirar-te as ideias sem compaixão,Sem relativização.São buracos de pobrezaMarcas de tristeza.Mesmo quando ris, Portugal,É infância amarguradaSaúde desleixadaPele maltratada.Um nojo Portugal.

És húmido Portugal.És frio que se entranha e que todos osInvernos nos lembraQue de tropical tens apenas maniasPortugal.És bolor na parede, fungo verde, infecçãopulmonar.És fresta na janela, corrente de ar.És lençol frio, bota molhada, gabardinaencharcadaÉs constipação, espirro, arrepio,inflamação.És tão desconfortável Portugal.És cirrose, cancro no estômago, refluxogástrico, azia,És sal em demasia, gordura,AVC, alergiaE, pior que tudo, mania.És doença terminal Portugal.

És só ideia Portugal.Sem consequência ou implementação.És teoria distante, prática sem táctica.És crucificador de quem tentaInquisidor de quem fazCarrasco de quem fez.És criatura soez Portugal,Vestida de arrogâncias, ares e importânciasÉs estória, Portugal.

Memória de que uma vez,(Há quanto tempo meu Deus)Algo de grande se fezE agora (meu Deus outra vez)Nada.És água estagnada, vida parada.Nevoeiro?Quem te dera, PortugalMas a névoa levantou e o que revelou,Foi apenas lamaçal.Acabaste Portugal?

Por outro ladoÉs til PortugalDitongo subtil e inimitávelSom que só sai fechando a bocaParadoxo fonético que faz ficar no peito apaixão,Aemoção, a sensaçãoE todos os ladrares do coração.E és tão português Portugal.Piropeiro, galhofeiro, sorridente, gajoporreiro.Bom tipo, bon vivant e bom divã.És original Portugal.Não és ficção porque és memória.Não és wanna be porque tens históriaNão és suficientemente bonito pararomanceNem suficientemente expedito para ensaioNão és livro de instruções, nem de autoajuda,Nem mesmo livrinho de aeroporto comreflexões.Não Portugal.És praia, sargo, robalo.És cheiro e sabor a marÉs sol que no Inverno não se apagaÉs todas as estações do anoÉs castanheiro, pinheiro,És carvalho, cerejeira, sobreiro e figueira.És perdiz pendurada e figos a secar noterreiro.És jasmim, alecrim, esteva e alfazema.És só poema Portugal.

E és a minha casa Portugal,De tecto e paredes azul infinito.És tão bonito Portugal.És sensação que nunca chega à razãoE por isso ninguém dizMas todos gostamos de ti Portugal.Amamos-te o cheiro, a luzAmamos-te o calor e o sabor.Amamos-te com a pele, com os olhos ecom a língua.Amamos-te como cães, gatos e ratos quevivem felizes neste quintal.Amamos-te sem palavras Portugal.

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7Notícias deAlvalade

Quebrar o ciclo da pobreza...

CristinaMarques

Tive o privilégio de assistir, recentemente, auma palestra realizada pelo ProfessorDou-tor JoséBiscaia, no âmbito de um seminário(Gerir, Inovar e Participar - GIP) organi-zado pela instituição na qual trabalho. Oprofessor Doutor José Biscaia é o Directordo Agrupamento de Escolas Dr. AzevedoNeves. Este agrupamento integra escolassitas na Damaia e na Reboleira, concelhoda Amadora. O agrupamento serve umapopulação multicultural e multirracial comuma panóplia de nacionalidades como aLusa,Cabo-verdiana e descendentes,Ango-lana e descendentes, Guineense e descen-dentes, Brasileira, Ucraniana, Moldava,Russa, Romena e Chinesa. Este agrupa-mento deparava-se com uma elevada taxade abandono escolar, maus resultados euma desmotivação crescente da populaçãoestudantil.Até aqui nada de novo, a população doAgrupamentoDr.AzevedoNeves será bas-tante similar á população de outros agrupa-mentos sitos nos arredores deLisboa.Oqueé inovador e absolutamente diferente foi aforma como o Director do Agrupamento ea equipa que o acompanha decidirampotencializar estamultiplicidade de culturase a especificidade da sua população, guina-do a sua acção por objectivos assentes em3vertentes: preparação do aluno para a vidasocial enquanto cidadão, preparação doaluno para a vida activa, preparação peda-gógica para a entrada nas Universidades enas Empresas.Como é que esta acção tem sido conduzida?É simples e inovador. No que refere cursosde formação profissional na área da hote-laria, o Agrupamento celebrou protocolos

com várias cadeias de restaurantes que ga-rantem um estágio diário aos alunos, me-diante o pagamento simbólico do trabalho(cerca de 100 euros/mês) que paramuitos éum importante contributo para o orçamentofamiliar.Até às 14horas têm aulas, na parteda tarde trabalham num restaurante paracomeçarema sentir o ambiente profissional,o que é cumprir um horário, o que é atingirobjectivos, enfim, o que é o mundo dotrabalho e as responsabilidades que lhe es-tão inerentes. Nomês de Junho, omês é in-tegralmente cumprido em estágio.Acrescea isto o facto da celebração de protocoloscom entidades como a Escola Superior deHotelaria e Turismo do Estoril, em que égarantida a entrada de alunos vindos doAgrupamento dos cursos com âmbito doTurismo e Hotelaria.Foi feito um esforço similar para os cursosde Técnico de Apoio à Infância e Técnicode Multimédia.Foram ainda celebrados protocolos com aAcademia de Futebol de Alcochete para acaptação de novos talentos e treino dos alu-nos por profissionais de futebol, medianteacordos de cedência de instalações. E pro-tocolos com associações desportivas noâmbito do Xadrez, Judo, Montanhismo,Atletismo Solidariedade e com outras en-tidades, no âmbito dos Primeiros Socorros,Geografia,Arqueologia, eApoio Social.Por outro lado, considerou o Director doAgrupamento que existia no concelho umapista artificial para a prática de ski, queestava desaproveitada, assim, sugeriu àCâ-mara Municipal da Amadora, a realizaçãode um protocolo que permitisse ao agrupa-mento a exploração do espaço para a for-

mação de alunos na actividade e a explo-ração do restaurante, também, para efeitosde formação dos alunos. O protocolo, quepossibilita esta optimização de espaços, foiassinado dia 1 de Abril de 2011 entre oAgrupamento e a Câmara Municipal daAmadora.E resultados? Embora as pessoas não sejamnúmeros, estes são impressionantes.A taxade empregabilidade de alunos provindosdeste agrupamento ronda os 90% e a taxade abandono escolar ronda os 5%, o que éabsolutamente extraordinário!Assim, o conjunto de pessoas (leia-se fun-cionários públicos) liderado pelo ProfessorDoutor José Biscaia está a fazer uma efec-tiva diferença na vida de todos os alunosque passam pelo agrupamento. E está a fa-zê-lo mediante a capacitação de pessoasválidas e comcompetências úteis aomerca-do de trabalho, retirando-os de uma depen-dência futura de subsídios estatais, quebran-do um ciclo de dependência e de pobreza,dado que a maioria é oriundo de famíliasmonoparentais, vivem com os tios ou avósem bairros como a Cova da Moura ou o 6de Maio.Se ocorrer a capacidade de iniciativa e deefectiva inovação por parte de cada um denós a melhoria é possível e não depende,por vezes, de disponibilidade financeira,depende, muitas vezes, de pessoas com amotivação e a capacidade de liderançacomo o Professor Doutor José Biscaia. Aele, como a outros que continuam a traba-lhar com afinco e qualidade, o meu bem--haja como cidadã, como militante doPartido Socialista e como ex-aluna do re-ferido agrupamento.

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8 XVII Congresso do Partido Socialista

Delegados:ListaA:Miguel Teixeira, Paulo Ferreira, Sandra Paulo

Lista C:André Bernardo

Lista D:Luis Reis, Manuela Malheiro

Resultados deAlvalade:José Sócrates .............92Jacinto Serrão............6António Brotas..........17Fonseca Ferreira........27Votos Brancos ...........0Votos Nulos...............1

Resultados Nacionais:José Sócrates .............26.713 (93,3%)Jacinto Serrão............954 (3,33%)António Brotas..........257 (0,9%)Fonseca Ferreira........728 (2,54%)Votos Brancos ...........390 (1,34%)Votos Nulos...............99 (0,34%)

XVII Congresso do Partido Socialista

ComoChegar:Como chegar à EXPONOR de autocarroA Sociedade de Transportes Colectivos doPorto (STCP) opera diversas linhas de auto-carro que poderão ser utilizadas para acederà EXPONOR.- Da estação ferroviária de Campanhã paraa Rotunda da Boavista: o ideal é recorreraos serviços do Metro do Porto tomando aLinha Azul em direcção ao Senhor deMatosinhos;- Da estação ferroviária de São Bento paraa Rotunda da Boavista: 201;- Da Rotunda da Boavista para a EXPO-NOR: 601 para oAeroporto.

Como chegar à EXPONOR de automóvelAEXPONOR localiza-se junto à via rápidaA28, a 5 km a Norte da cidade do Porto.Vindo de Sul pelaAuto-EstradaA1Deve entrar no Porto pelas pontes daArrá-bida ou do Freixo. EmplenaVia deCinturaInterna (VCI), deve sair no Nó de Francos,seguindo os sinais que indicam Valença,Viana e o Porto de Leixões. Seguindo pelaA28 em direcção a Norte, deve continuarem frente durante 4,5 km até passar sobre

um viaduto com o Porto de Leixões à suaesquerda. Deve sair logo após o viaduto,seguindo a indicação Leça da Palmeira.Imediatamente encontrará sinalização paraa EXPONOR.

Como chegar à EXPONOR de comboioDeverá utilizar as estações ferroviárias dePorto-Campanhã ou Porto-São Bento. Daípoderá optar pelo táxi ou pelo autocarro.

Como chegar à EXPONOR de metroO Porto está dotado de um moderno sis-tema de metro ligeiro, similar às redesStadtbahn e Prémetro de outras cidades eu-ropeias e americanas.Inaugurada em2002, a rede temvindo a sersucessivamente alargada e conta actual-mente com5 linhas distintas, uma extensão

de 60 kme 69 estações, ligando o centro doPorto aosmunicípios periféricos. No centrodo Porto, o metro é subterrâneo e foi cons-truído de raiz, enquanto que nos arredorescircula à superfície, utilizando, em parte,antigas linhas de caminho-de-ferro conver-tidas.A EXPONOR ainda não é directamenteservida pelometro. Tal só deverá acontecernuma fase subsequente, pelo prolonga-mento da LinhaAzul que actualmente temo seu término na estação do Senhor de Ma-tosinhos, a cerca de 3km da EXPONOR.Neste momento, se quiser utilizar o metropara se deslocar àEXPONORdeverá tomara Linha Azul e seguir em direcção ao Se-nhor de Matosinhos. Nessa estação deveapanhar o autocarro n.º 507 dos STCPparaa EXPONOR.

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9XVII Congresso do Partido Socialista

RESUMO - MOÇÃO “Defender Portugal,Construir o Futuro”

Primeiro subscritor: José Sócrates

PosicionamentoO PS que se reúne e se mobiliza para esteXVII Congresso Nacional é, pois, um PSbem consciente das suas tarefas principaisna governação, nomeadamente reduzir odéfice e controlar a dívida, para assegurar aconsolidação das contas públicas e a sus-tentabilidade das políticas sociais, restaurara confiança nos mercados de dívida sobe-rana, assegurar o financiamento da econo-mia portuguesa e contribuir para a defesado Euro e do projecto europeu.Este XVII Congresso é uma excelenteoportunidade para o Partido Socialista rea-firmar na sociedade portuguesa aquela queé a sua identidade política e aquele que é oseu rumo estratégico.OPS posiciona-se na sociedade portuguesacomo ampla plataforma política do centro-esquerda, que se dirige a todos os portugue-ses. O PS é, por isso, um espaço aberto àparticipação cívica e lugar de encontro decorrentes de opinião e movimentos sociaisdiversos, que se reconhecem nos valores eprincípios do PS e no seu projecto progres-sista demodernização do País e de constru-ção de uma sociedademais solidária emaisjusta.A livre expressão e confronto de ideias, aparticipação activa e crítica, a pluralidade ediversidade das opiniões são os ingredientesbásicos da organização e actividade do Par-tido Socialista.Trata-se de preservar a estabilidade tambémporque o alcançar de resultados não se com-padece comcrises políticas de conveniênciapartidária, antes exige a continuidade daspolíticas e o cumprimento integral dos com-promissos assumidos.O grau de exigência colocado para esteajustamento (reduzir o défice) não poderiaser alcançado semumesforço determinantedo lado da despesa pública e uma contri-buição também decisiva do lado do acrés-cimo da receita fiscal. (...) Mas este é umesforço que tem de ser feito para garantir onosso empenhamento na criação de condi-ções de financiamento da economia portu-guesa, indispensável à actividade econó-mica.É preciso prosseguir, com determinação eceleridade acrescida, o equilíbrio das contaspúblicas para garantir o financiamento doEstado e da economia: a consolidação or-çamental é, pois, uma condição absoluta-mente necessária para o crescimento eco-nómico. Mas, sendo uma condição, não é

um fim em si mesmo: o nosso objectivodeve ser favorecer o crescimento da eco-nomia.É da máxima importância num País queainda precisa de fazer muito para elevar assuas qualificações, importa criar condiçõesmais favoráveis para a integração dos jo-vens no mercado de trabalho. Sendo certoque é do crescimento da economia que de-pende a criação de emprego que há-de darresposta às necessidades dos mais jovens.Não podemos ceder à tentação populista etudo devemos fazer para dignificar as ins-tituições da nossa democracia liberal e re-presentativa. Com exigência e com rigor.Identificando os verdadeiros problemas eprocurando solucioná-los de modo a aten-der as legítimas inquietações de largos sec-tores da cidadania.Em bom rigor, deveremos admitir que oactual sistema eleitoral garante o respeitopela proporcionalidade e tem permitido agovernabilidade do País. Onde porventurafalha é na qualidade da relação de represen-tação democrática. A excessiva distância,observada sobretudo nos maiores círculoseleitorais, entre eleitores e eleitos, afectanegativamente a capacidade de escrutíniodos primeiros e diminui a relevância públi-ca dos segundos. É a esse nível que é preci-so agir de forma a aumentar a visibilidadeda função parlamentar, desde o momentoda eleição até ao instante da prestação decontas.Nas duas Áreas Metropolitanas concen-tram-se hoje alguns dos mais graves pro-blemas de organização territorial do País eo seu correcto tratamento já não parececompadecer-se com soluções de naturezaintermunicipal. Uma reforma desta nature-za justifica, de facto, um amplo debatepúblico na sociedade portuguesa.Quanto às Regiões Autónomas, o PS pre-coniza um movimento de aprofundamentodas autonomias nos termos que estão hojecorporizados, essencialmente, no projectode revisão constitucional apresentado peloPartido Socialista, por via das novas regrasde aprovação das leis estruturantes para asRegiões, do alargamento das suas compe-tências legislativas, do reforço do dever deaudição dos respectivos órgãos de governopróprio e da redefinição dos seus poderes.NumaEuropa plural cabe às forças políticaseuropeias que mais fortemente se identi-ficam comeste projecto umpapel relevantena defesa do aprofundamento dumaEuropa

competitiva e solidária. Essa tem sido aposição do Partido Socialista – e continuaráa sê-lo em todas as instâncias da União.Mas a situação exige umesforço de todas asfamílias políticas europeias face à dimensãodos problemas e dos riscos que vivemos.(...)Para tal é necessário um reforço da coor-denação das políticas económicas e orça-mentais entre os Estados-membros e umamaior convergência no crescimento econó-mico e nas políticas sociais e ambientais.Por outro lado, importa agir com determi-nação reforçada no sentido da regulaçãoefectiva do sistema e dos mercados finan-ceiros, para que as causas desta crise pos-sam ser, de facto, enfrentadas.Garantir a consolidação orçamental, o re-forço da competitividade e a promoção doemprego, devem ser objectivos devidamen-te articulados de modo a garantir: conso-lidação, crescimento e convergência.A Estratégia Europa 2020 deve, assim, sero quadro de referência global perante os di-versos instrumentos de política, da União edos diferentes Estados-membros, de modoa garantir a articulação adequada e a asse-gurar o investimento estratégico na execu-ção da EE 2020: um crescimento maisinteligente, mais verde e mais inclusivo.

Objectivos− Concentrar os esforços numa internacio-nalização da nossa economia que promovao crescimento das exportações de formasustentada e sustentável;− Valorizar a oferta nacional no mercadodoméstico para apoiar a redução do dese-quilíbrio externo;− Concentrar os apoio públicos ao inves-timento nos sectores de bens e serviçostransaccionáveis e na promoção da inova-ção;− Promover parcerias estratégicas de inter-nacionalização que envolvam as maioresempresas nacionais, a rede de pequenas emédias empresas e as instituições de inova-ção e qualificação;−Reforço da especialização nas actividadescommaior incorporação de valor acrescen-tado nacional, em particular em área comoas fileiras florestal, agro-alimentar e domar,com o sector do turismo e com a produçãode bens e serviços de elevada incorporaçãotecnológica;− Intensificação da aposta nacional na re-dução da dependência energética, valori-

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zando a fileira das energias renováveis e autilização eficiente da energia.

Compromissos− Cumprir o Programa do Governo numnovo contexto− Defender a economia portuguesa dosefeitos profundamente negativos da criseinternacional e da instabilidade dos merca-dos financeiros; defender as famílias, asempresas e o emprego, assegurando o fi-nanciamento de que o País precisa; defen-der as pessoas que se encontram em maiordificuldade, por terem menos rendimento

Propostas concretasPartido− O desenvolvimento desta (Novas Fron-teiras) e de outras plataformas de abertura ecomunicação entre o PS e a sociedade civilconstitui uma prioridade de primeira gran-deza, para o próximo biénio.− Renovar a maioria de que o PS dispõe(nosAçores). NaMadeira, o PS quer lideraro processo político-eleitoral.

País−Aumento da taxa de escolarização dos jo-vens e o reforço das qualificações dos por-tugueses, com o apoio da requalificação doparque escolar e das condições de trabalhonas escolas.− Consolidação da aposta nas energias re-nováveis (para alcançar a meta de 31% deenergias renováveis no total da energiaconsumida) e na eficiência energética.−Afirmação do sector exportador para queele possa vir a representar 40% do PIB− Investimento na Ciência.− Avanço na Agenda digital, assegurandoque todo o território nacional fica cobertopelas redes de nova geração.− Manutenção da dinâmica de simplifica-ção e modernização administrativas.− Continuar a reformar o mercado de tra-balho, de forma torná-lo mais ágil na con-tratação de desempregados, reforçar os ins-trumentos de promoção das qualificaçõesdos desempregados e alargar os instrumen-tos de aproximação dos desempregados a

uma inserção ou reinserção laboral são ta-refas de uma agenda para a competitividadee para a dinamização do mercado de em-prego.− É necessário recentrar o debate sobre areforma do sistema de justiça, focalizando-o numobjectivo essencial: reduzir os custosde contexto e reforçar os factores de com-petitividade. (…) Deve ser dada prioridadeàsmedidas que visammelhorar a eficiênciageral do sistema e, em particular, às quepermitam aumentar a celeridade dos pro-cessos e, de entre todas, as que tenham porobjecto: A garantia do cumprimento doscontratos de arrendamento; A execução decréditos e a cobrança de dívidas; eA liqui-dação de empresas falidas e o pagamentoaos seus credores.−Medidas de apoio à actividade económicaque favoreçam um crescimento baseadonum tecido empresarial mais internaciona-lizado e competitivo, em que o contributodos jovens, mais qualificados e com maiorpotencial de inovação, é fundamental e terápor isso um índice maior de procura;− Desbloqueio dos mecanismos de regu-lação profissional impeditivos das entradasdos jovens na vida profissional, assentes naprotecção dos grupos instalados e que nãotenham justificação nos condicionalismosconstitucionais, tais como a segurança e asaúde públicas;− Impedir, nos termos da lei, os estágiosprofissionais extra-curriculares não remu-nerados e não abrangidos por mecanismosde Segurança Social.− Substituir o trabalho subordinado de jo-vens sob a forma abusiva de “recibos ver-des”, por formas contratuais que garantamuma relação de trabalho, quer em termos la-borais, quer em termos de protecção social;− Prosseguir os programas INOVeumpro-grama ambicioso de Estágios que envolvaanualmente um número de 50 mil jovens,abrangidos por sistemas de protecção so-cial, e beneficiando especialmente as áreasda inovação, das PME, da ReabilitaçãoUrbana e da Economia Social;− Desenvolver um programa específico deformação dos jovens portugueses para os

sectores económicos emergentes, assenteem novas competências, nomeadamentedas energias alternativas e dos empregosverdes, que ligue novos perfis de formação,estágios profissionais e apoios à inserçãonas empresas e, inclusive, empreendedo-rismo jovem;− Criar novas condições de financiamento,em ligação com as Universidades, quefavoreçamo empreendedorismo dos jovenscom projectos inovadores e com aceitaçãono mercado;− Desenvolver projectos de intercâmbioentre os jovens portugueses e o mundo detrabalho europeu e mundial mais moderno,de forma amelhor inserir as novas geraçõesnas actividades económicasmais dinâmicasda economia internacional.− No caso do sistema eleitoral para a As-sembleia daRepública, estabelecemos, comclareza, os princípios orientadores da nossaacção: respeito pela proporcionalidade,aproximação entre eleitos e eleitores epromoção da governabilidade.− Continuaremos a pugnar pela introduçãourgente de modificações que assegurem adistinção entre responsabilidades políticasexecutivas e poderes de fiscalização dasoposições em assembleias municipais depoderes reforçados.− Defesa da ideia da Regionalização e pre-coniza, nos termos do seu projecto de revi-são constitucional, a eliminação da figurado chamado “duplo referendo”, mantendo-se a exigência de um referendo de âmbitonacional. (…) A realização de um novo evital referendo sobre a regionalização exigeque estejam reunidas as condições políticasfavoráveis a um resultado positivo. Paraisso, é necessário construir um bloco socialmaioritário, que sustente nas urnas estaopção e, posteriormente, escolher a oportu-nidade adequada para desencadear umnovo processo referendário− Deve ser aberto um debate sério sobre omodelo de organização e funcionamentodas áreasMetropolitanas deLisboa e Porto,abrindo a porta à possibilidade de eleiçãodirecta dos titulares dos seus órgãospolíticos.

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PosicionamentoÉ generalizado o descrédito nos partidos eno exercício da política. Preocupante é,também, a progressiva perda de soberania,comopaís subordinado às decisões das ins-tâncias europeias e à voragem dos merca-dos financeirosMas o PS tem sofrido um progressivo es-vaziamento de militância e de vida demo-crática, não reflectindo os anseios e o em-penho dos seus militantes e apoiantes, queverdadeiramente não ouve.É hoje um corpo que se move por inércia,dirigido por cúpulas restritas. Perdeu a na-tureza do colectivo, alienou a reflexão e odebate, abdicou da elaboração ideológica eprogramática.Destes défices de reflexão, de debate deideias e de afirmação programática se res-sente oGoverno, que visivelmente perdeu oímpeto reformista, sem plena capacidadepara enfrentar e resolver os graves proble-mas que o país enfrenta. Como militantessocialistas, queremos intervir no debate deideias e participar num processo regene-rador que traga soluções para tirar o PS daletargia em que mergulhou, para o revita-lizar e consolidar eleitoralmente.Nos nossos dias, um dos principais pro-blemas da política – senão o principal – é ofacto de os dirigentes partidários e mesmoos governantes, na suamaioria, nunca teremexercido uma profissão fora da política edela dependerem economicamente para vi-verem. Não conhecem o país real e a vidareal.Assim se constituemas oligarquias apa-relhísticas, o cancro do sistema partidário.Os partidos que temos estão completamentefora das realidades contemporâneas, distor-cendo e fragilizando a democracia.O Partido Socialista é o partido central dademocracia portuguesa. Mas o PS está emestado de dissolução como ente colectivo esocial, sem matriz ideológica definida econtemporânea, com estruturas anquilosa-das e a maioria das instalações degradadasou fechadas.É grave a falta de poder e de participaçãodos militantes na escolha de candidatos.Mais grave ainda que os órgãos nacionais(CN,CP, Secretariado) não funcionemcomregularidade, democraticidade e utilidade –cumprem formalidades,mas não desempe-nham o seu papel político.Um partido sintonizado com os temas, ascausas e os valores contemporâneos terácapacidade de renovação interna. Será umagente de transformação da sociedade por-tuguesa e não apenas umagente instrumen-tal de apoio ao Governo. Será um partido a

que os militantes se orgulham de pertencer,porque nele têm voz e a sua opinião conta.Para isso, é necessário que os órgãos es-tatutários funcionem, reúnam com regula-ridade e democraticidade, que os dirigentesdêem seguimento às decisões doCongressoe dos outros órgãos democráticos do parti-do. OPS será forte quando as suas políticasforem inspiradas no pensamento e susten-tadas pela acção dos militantes e simpati-zantes, e não apenas o fruto de liderançasunipessoais centradas na conquista e exer-cício do poder, nestas circunstâncias ne-cessariamente efémero.Portugal precisa de ter uma visão estraté-gica para o seu futuro. Temos de definir, deforma clara e partilhada, para onde quere-mos e podemos ir.Em consequência de um processo prolon-gado de erosão, vítimas da sua própria rigi-dez e falta de flexibilidade, não se adaptan-do às exigências dos novos tempos, ospartidos políticos afastaram-se dos cidadãose caíram em descrédito. Mesmo quandoherdeiros de grandes tradições de luta pelademocracia e pela liberdade, os partidos jánão respondem à contemporaneidade emtermos de ideologia, organização, funcio-namento e representatividade, marcadoscomo estão pela sua génese na época in-dustrial.Com excepção do fundador, Mário Soares,as lideranças que se seguiram têm-se con-sumido na efemeridade de ser Poder ouOposição, suportadas em corpos aparelhís-ticos e clientelares que vivemàmargemdosmovimentos sociais e populares, dos deba-tes civilizacionais e da sociedade civil.Constituem esses grupos uma nova aristo-cracia de favores, repartida entre o PS e oPSD, partilhando a ocupação e controlo dasadministrações públicas – central e peri-féricas – e das empresas públicas.

Propostas concretasPartido− Estabelecer a meta de duplicar o númerode militantes nos próximos dois anos.− Possibilitar a adesão on-line e publicitar,anualmente, o número demilitantes activos(com quotas pagas).− Adopção das eleições primárias para adesignação dos candidatos do Partido aosactos eleitorais sendo o seu universo eleito-ral constituído pormilitantes, simpatizantese eleitores declarados, previamente recen-seados.− Instituir a possibilidade de referendos in-ternos para aprovação das alterações esta-tutárias significativas ou das grandes ques-

tões doutrinárias ou programáticas do Par-tido−Dinamizar a constituição de cibersecçõese de secções temáticas e proceder a reor-ganização das secções de residência, paraas tornar representativas e operacionais.− Promover a constituição de federações deâmbito regional, antecipando e dando su-porte político à regionalização do país.− Estabelecer que o pagamento das quotassó possa ser feito pelo próprio militante,através de MB, transferência ou cheque eque só possamvotar osmilitantes comquo-tas regularizadas até 30 dias antes dos actoseleitorais.− Obrigatoriedade da declaração de inte-resses dos dirigentes partidários.− Criação de uma Comissão de Ética quese ocupe da avaliação e julgamento de actose situações que contrariem a ética republi-cana e socialista (com um enquadramentoestatutário, composição e atribuições a de-finir após alargada reflexão interna).

País− Implementação do sistema de círculosuninominais, conjugados com um círculonacional, para garantir proporcionalidade.− Criação de um Grupo de Missão, coor-denado por uma personalidade respeitada eexperiente, comcapacidade de concertação,para chegarmos a uma visão partilhada paraa Educação e construirmos uma estratégiaconsistente e consensualmente alargada.− O Estado deve assegurar os mecanismosque permitam que a distribuição de energianão privilegie determinados agentes econó-micos e formas de produção, em prejuízode outros.− Fomento do empreendedorismo jovem,através de linhas de crédito acessíveis eincentivos fiscais;− Não permissão da utilização do dinheirodos depositantes, pelos bancos, emprodutosde alto risco; pela clara separação dos bancoscomerciais dos bancos de investimento; pelofim dos off shores e de um maior controlodas transferências de capitais− Criminalizar o enriquecimento ilícito.− Moralizar por lei os níveis máximos dosordenados, prémios e outras mordomiaspagos nas empresas e instituições com ca-pitais públicos, directa ou indirectamente,ou em que exista uma intervenção pública.Igualmente nas instituições e empresas pri-vadas em que haja uma intervenção públi-ca, mesmo que temporária− Terminar com a prática actual das par-cerias público/privadas, em que o Estadoassume, no todo ou na parte, os riscos

RESUMO -MOÇÃO “PSVivo, Portugal Positivo”Primeiro subscritor:António Fonseca Ferreira

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inerentes aos investimentos e exploração denegócios geridos por entidades privadas.Quando esteja em causa uma óbvia neces-sidade social, e não haja interesse pelo sec-tor privado na exploração de um determi-nado equipamento, cabe ao Estado assumira totalidade dos respectivos investimentos.− Reavaliar a utilidade e eficácia de todosos institutos, fundações e empresas de ca-pitais públicos e criar limites à sua proli-feração.− Extinguir as empresas e os institutos comfunções paralelas às da Administração Pú-blica.−AAdministração Pública deve ser refun-dada comdirigentes qualificados e a gestãopor objectivos, terminando com o desastreda escolha partidária.− Penalizar fortemente os detentores de car-gos políticos responsáveis pela divulgaçãode falsas informações ou por actos limi-tativos do acesso à informação.−Criar níveis de remuneração dos políticoscompatíveis com a responsabilidade atri-buídos às funções que desempenham e aoprestígio que lhe devem estar associados,no contexto das capacidades económicas efinanceiras do país, exigindo em troca aus-teridade e rigor na sua vida pública− Assegurar que as crianças das famíliasmais pobres tenham acesso a creches e aopré-escolar desde a mais tenra idade, 10horas por dia, comalimentação e transporte.− Fomentar em todos os graus de ensino aeducação para o empreendedorismo,− Rever os actuais planos curriculares, es-pecialmente o do 3.º ciclo do ensino básico(…) Português e a Matemática, disciplinasfundamentais para a progressão de qualqueraluno, há muito o nosso ponto fraco.− Reformular o actual sistema de classifi-cação de escolas num ranking nacional (…)não podemos ignorar o contexto socioeco-nómico e as características específicas decada escola (…) Acabar com a dicotomiaou a comparação entre escolas públicas eescolas privadas.Todas prestamumserviçopúblico de educação.−Acriação dos mega-agrupamentos de es-colas deve ser revista.− É imperioso suspender e reavaliar o novoregime de custas, que além de encarecersubstancialmente a justiça, complica ospagamentos e reduz as possibilidades deacesso dos mais desfavorecidos−Agestão dos tribunais deve ser profissio-nalizada e entregue a gestores experientes,principalmente nas grandes comarcas, se-parando essa função da administração dajustiça.− Propomos que a par do PIB e dos indi-cadores ambientais generalizadamente uti-lizados (emissões de carbono, por exem-plo), seja adoptado o Índice de Desenvol-

vimentoHumano (IDH), indicador dasNa-ções Unidas para avaliar o progresso dascondições de bem-estar social.− Iniciar, com urgência, negociações comas grandes empresas estrangeiras instaladasem Portugal, no sentido de aumentarem asua incorporação nacional, tendo comobase oferecer sempre essa incorporação apreçosmais baixos do que os actuais e coma qualidade e o serviço equivalentes.−Os dois investimentosmais importantes arealizar devem ser dirigidos para um portode transhipment, competitivo, e para umalinha de caminho de ferro paramercadoriasemdirecção àEuropa.O objectivo de subs-tituir o transporte rodoviário demercadoriaspelo transporte marítimo e ferroviário tor-nar-se-á mais interessante para Portugal seestivermos entre os primeiros a adoptar oprojecto Eurofreightrain.− Portugal terá ainda de reduzir o custo daenergia que consome. Deve fazê-lo semvanguardismos inúteis e caros, seguindo oprincípio de que o desenvolvimento do co-nhecimento científico e tecnológico devepreceder o investimento apoiado pelo Esta-do, tal foi como feito há décadas relativa-mente ao sector hídrico. A energia hídricadeve ser prioritária no campo das energiasrenováveis− Deverá ser criado um grupo de trabalhopara avaliar as oportunidades de desenvol-vimento da agricultura e das pescas portu-guesas e apresentar em Bruxelas propostasalternativas às políticas comuns até aquiseguidas.− Defender a pesca selectiva e com perío-dos de defeso, em vez da pesca predadoradas espécies.−Negociar junto daUnião Europeia incen-tivos à dinamização dos sectores produtivosnacionais e a possibilidade, durante umperíodo limitado, de redução controlada dasimportações.−Renegociar as parcerias público-privadas,no sentido de adiar os pagamentos dos pró-ximos três a cinco anos.− Propomos a elaboração e implementaçãode um Plano Estratégico de Conectividadee Mobilidade, articulando os diversos mo-dos de transporte, bem como a mobilidadede proximidade.− Clusterização da mega-região litoral Se-túbal/La Corunha, através do serviço fer-roviário de alta velocidade e a densificaçãode Pólos de Competitividade em Lis-boa/Setúbal, Leiria/MarinhaGrande,Coim-bra/Aveiro e Porto/Braga.− Desenvolvimento do Algarve em doiseixos estratégicos: destino turístico de re-ferência internacional e dedicação à inves-tigação e economia marítimas.− Instalação de Pólos de Competitividadeem Vila Real/Bragança, Guarda/ Covilhã/

Fundão/Castelo Branco e Évora/Beja deveconstituir uma das prioridades do QREN.− Junto da Direcção do Partido deverá sercriado um Grupo de Trabalho, responsávelpela sistematização de contributos e pro-postas para a renovação doutrinária e pro-gramática em matérias de sustentabilidadecomomodelo de desenvolvimento ambien-tal, económico, social, energético e territo-rial. Propostas a integrar nos programaseleitorais e de governo (legislativas e autár-quicas) e na acção quotidiana dos Socia-listas e das estruturas partidárias.−Reduzir, por agregação, o número de Fre-guesias e de Concelhos, criar as Regiões,extinguir os Governos Civis, emagrecer equalificar aAdministração Central.− O processo de transferências de compe-tências e recursos para as regiões deve serfaseado.−As regiões deverão ter órgãos e estruturasleves, não se permitindo novas burocraciase quadros de funcionários excessivos.− O número de postos de trabalho criadosnas regiões deverá implicar a redução deum número equivalente de postos de tra-balho na administração central e local (ori-gem das competências transferidas).− As CCDR transformar-se-ão em estru-turas técnicas das Regiões.− Deverá instituir-se um quadro de arti-culação e contratualização entre as Regiões(NUTS II) e asAssociações de Municípios(NUTS III) com experiência de contratua-lização, visando evitar a criação de novastendências centralistas, desta vez ao nívelregional.− Em termos geográficos, a regionalizaçãodeve assentar nas cincos regiões-plano (áreadas CCDR) que demonstraram a sua perti-nência nos 40 anos da sua existência (evi-tando as engenharias de fronteira queenvenenaram o processo de 1998).

OrdemMundial− Tornar as Nações Unidas uma orga-nização independente do financiamento dosgovernos, através de uma taxa sobre todasas transacções comerciais a pagar pelos ci-dadãos dos países com um rendimentomédio acima de um determinado valor. Ataxa será, por exemplo, de 1% sobre todasas transacções de consumo, ou outras adefinir.− Os grandes países em vias de desenvol-vimento com recursos relevantes, comoporexemplo, a China,Angola,Arábia Saudita,Irão, ou outros não democráticos, deverãopagar uma taxa com o mesmo objectivo,calculada sobre as vantagens competitivasque resultam da inexistência de liberdadesindical, salários artificialmente baixos,moeda artificialmente desvalorizada e daausência de pagamento doCO2 produzido.

XVII Congresso do Partido Socialista

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PosicionamentoNão desejamos complicar a vida já difícildo Governo, e do primeiro-ministro, masnão nos resignamos perante o estado daNação e cremos ser possível reconquistar acredibilidade do PS, e da classe política noseu conjunto, uma vez que a actual crise étransversal e envolve os demais partidos.Não nos anima qualquer vontade de “mataro rei”: pelo contrário, queremos pôr “or-dem” no Partido, para que o primeiro-mi-nistro possa “pôr ordem” no Governo e noPaís.O PS tem de voltar a ser uma referência deestudo e de reflexão, que auxilia oGoverno.Entre os partidos da esquerda portuguesa, oPS é o único com vocação para exercer opoder, situação que lhe acarreta responsa-bilidades acrescidas.Unidade sim, mas unicidade não, temos derelançar uma prática política que renove aconfiança e a esperança dos portugueses.Nós queremos serenidade e estabilidade epor isso entendemos que o PS temde voltara ser um instrumento de mudança e de pro-gresso.

Propostas− Redução do número de eleitos a todos osníveis,− A extinção dos governos civis e suasextensões,− A fixação estreita dos cargos de no-meação política e de centenas de assessorias− Exclusividade como regra de ouro daAdministração Pública eAutárquica− Fim de todas as reformas douradas nãosustentadas em carreiras contributivas con-vencionais, e implementação de um limitemáximo de 75%, sobre o vencimento doPR− Programa nacional de combate à fome, àpobreza e à exclusão social− Simplificar textos e práticas, e formar ediferenciar todos os seus agentes, a todos osníveis−APresidência daRepública não pode gas-tar mais que o SupremoTribunal de Justiça− A lei deve penalizar os responsáveis porquaisquer desvios orçamentais relevantes,à margem da lei, ainda que sem benefíciopessoal− AAdministração tem de ser obrigada adar resposta a todas as solicitações dos ci-dadãos−Efectiva responsabilização administrativae criminal dos funcionários que, por omis-

são, incompetência ou dolo, prejudiquemde forma julgada procedente qualquer cida-dão ou empresa− Planos curriculares com menos teoria emais prática, aproximar os programas àrealidade emáreas como a educação cívica,a alimentação, a economia doméstica, asaúde e a puericultura− Destinar aos professores o primado dasquestões pedagógicas− Fim da limitação de alunos nos Curso deMedicina.

XVII Congresso do Partido Socialista

RESUMO -MOÇÃO “Democracia e Socialismo –por um Portugal com futuro”

Primeiro subscritor:António Brotas

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Exma. Senhora Presidente da AssembleiaMunicipalExmo. Sr. Presidente daCâmaraMunicipalExmos. Senhores VereadoresExmos. Senhores Deputados Municipais epor ultimo mas nunca os menos importan-tesExmos. Senhores Concidadãos

- Quero saudar todos os intervenientes quetiveram a capacidade e a determinação po-litica em reabrir, mesmo em período deinstabilidade politica, este processo dereorganização da cidade de lisboa.- acreditaram que seria possível encontrarsoluções que satisfizessem as necessidadesdos cidadãos, apresentando, um novo mo-delo de governação para a cidade deLisboa.- É um projecto que resulta de uma nego-ciação e que exprime a plataforma de en-tendimento possível entres as partes. Todostemos a noção que a proposta poderia ser

diferente, talvez mais ambiciosa, talvezcom menos freguesias, mas é este o cami-nho.Sou autarca no Campo Grande desde 2005e acredito que capacitar as juntas com maismeios técnicos, commaismeios humanos emais competências e logicamente commaismeios financeiros é absolutamente necessá-rio para concretizar todas as politicas locais,que irão ao encontro das necessidades lo-cais da população e isto sim é servirmelhoros fregueses é servir melhor Lisboa.- Naturalmente e com o intuito de prestarmais serviços de proximidade a um customais baixo, as Juntas têm aceitado cada vezmais competências e também têm-se agru-pado entre elas a fim de aproveitar as si-nergias

Quanto â proposta de lei:A inclusão da actual freguesia do CampoGrande numa nova freguesia que inclua osterritórios desta, da freguesia de São JoãodeBrito e da freguesia deAlvalade permiteganhos de escala na gestão local, bemcomomaior coerência na intervenção neste terri-tório, que sempre partilhou afinidades.Aproveitando este fórum para submeter aapreciação deV. EX.a a possível e necessá-ria alteração do limite ocidental da freguesiado Campo Grande, onde esta confina coma freguesia de São Domingos de Benfica.Originariamente em zona desabitada, esses

limites foram definidos por recurso a umalinha imaginária, correspondente às antigas“linhas de água” – as chamadas “Azinhagados Barros” e “Azinhaga das Galhardas”.O repovoamento e a requalificação destazona levaram a que, actualmente, esta linhasepare Bairros ao meio, tais como o Bairroda EPUL e o Bairro Fonsecas e Calçada.Em rigor um dos blocos da Cooperativa 25deAbril e daCooperativaUnidade do Povo– o bloco C – fica já na freguesia de SãoDomingos de Benfica, havendo, inclusiva-mente, edifícios “cortados ao meio” peloactual traçado.Propõe-se, então, o estabelecimento de umnovo contorno para os limites da freguesia,estendendo a freguesia do Campo Grandeaté aoEixoNorte-Sul, constituindo este umabarreira urbanística coerente e duradoura.Outra opção é colocar o limite ao longo daRua Melvin Jones, em direcção à Rotundae continuando pela Rua Albino Machadoaté 2ª circular, resolve a divisão dos agru-pamentos habitacionais, mas não garante aestabilidade do obstáculo que oEixoNorte-Sul constitui e que permite grande durabili-dade do limite estabelecido.Bemassim, a limitação da freguesia naAzi-nhaga das Galhardas não nos parece seruma boa opção, pois desligam uma popu-lação longamente identificada com terrenosdo Campo Grande, a sua freguesia de sem-pre.

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Ana CatarinaAlbergaria

Exma. Senhora Presidente da AssembleiaMunicipalExmo. Sr. Presidente daCâmaraMunicipalExmos. Senhores VereadoresExmos. Senhores Deputados MunicipaisExmos. Senhores Concidadãos

Há 50 anos Portugal tinha televisão a pretoe branco e o slbenfica era campeao europeuna final contra o Barcelona. Há 50 anosHenriqueGalvão assaltava o paquete SantaMaria e tinha inicio a luta armada pela inde-pendência das ex-colónias com o assalto àesquadra de Luanda.Há 50 anos tomavaposse JFK cm pres dos EUAe tinha inicioa construção do Muro de Berlim.Muito tempo passou desde que a actual

organização administrativa de Lisboa to-mou a actual forma e o Muro de Berlim atéjá caiu e tudo... já era mesmo tempo demudar também o mapa de Lisboa!De facto, debateu-se, discutiu-se auscultou-se ,à abriu-se a discussão a todos e a todascomo émarca da gestão socialista naCML,elogio a postura do Ps e PSD que permitiueste acordo, e o trabalho desenvolvido peloexecutivo liderado porAntónio Costa.Alvalade, onde sou autarca, por exemplo,ganhará no seu espaço geográfico: um cen-tro de saúde, uma repartição de finanças,uma esquadra, receberá associações e ou-tras entidades, mais espaços verdes, cultu-rais e desportivos... os fregueses sentir-se-ãomais integrados na nova freguesia e sentir-se-ão parte de um corpo denominado porfreguesia de forma mais real, mais intensa,mais vívida.A politica de proximidade, a intervençãodirecta junto da população, servir o Povo,mudar as condições de vida de todos, jo-vens e seniores, na capital de Portugal, nãopodem ser mais sonhos adiados, palavrasvãs e ocas, chavões de ocasião para inaugu-ração a contento ou preceito.A nova politica que emergirá desta crisemundial, a nova gestão autárquica integrada

no espaço europeu, as novas gerações defregueses, os eleitores do futuro, os cida-dãos do século XXI merecem, precisam eexigem muito mais.Lisboa deve liderar o processo demudançade consciência, de métodos de auscultaçãoe discussão, de comunicação, de cultura detrabalho e relacionamento com os muníci-pes, de articulação entre entidades e insti-tuições, de organização da administraçãopública.Com este mapa estamos no bom caminho.Com este acordo entre PS e PSD estamosno caminho certo.Não teremos mais 53 pontos de contactocom os fregueses a dizerem que não têm,que não podem, que é competência ou cul-pa da Câmara, que falta isto ou aquilo, te-remos em vez disso 24 pontos de contactoque dirão aos munícipes e fregueses, "sim,podemos ajudá-lo", "sim, temos", "sim, sa-bemos", "sim, vamos tratar do assunto".É assim que Lisboa será aquilo que todosdesejamos, uma capital europeia de refe-rência, um Farol para todo o País, um tubode ensaio de politicas e projectos, a van-guarda de Portugal, em nome da qualidadede vida de todos os lisboetas e para orgulhode todos os portugueses.

Jorge Franco

Assembleia Municipal de Lisboa

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Exma. Senhora Presidente da AssembleiaMunicipalExmo. Sr. Presidente daCâmaraMunicipalExmos. Senhores VereadoresExmos. Senhores Deputados MunicipaisExmos. Senhores Concidadãos

Gostaria antes de mais enaltecer esta ini-ciativa daAssembleiaMunicipal de Lisboanuma matéria de grande importância parao futuro da Cidade.Ouvir, auscultar, debater, incluir, alargar,unir e trabalhar com rigor. Tem sido esta amatriz desta gestão camarária.É preciso muita coragem para que, apósmais de 50 anos semmexer na organizaçãoadministrativa da cidade, se dê uma respos-ta tão cabal as novas exigências, as novasdinâmicas, aos novos desafios que se colo-cam a esta belaOlissipo cujas imagens nosinvadem o mais profundo e intimo do ser ecompadecemharmoniosamente como sen-timento de que a ela pertencemos.

Esta reforma serve Lisboa, serve os lisboe-tas, serve Portugal em tempos de crise, emtempos de ansiedade e desmotivação e on-de, hoje como nunca, falta luz ao fundo dotúnel.Lisboa dá um passo que é claramente umaluz que servirá de guia para o resto do País.Esta reforma é, posso dizê-lo sem dúvidas,um exemplo de bom trabalho que trará fru-tos a cidade e ao País.Serve como exemplo de um bom trabalho,rigoroso, de estudo e análise, de debate ediscussão de propostas e projectos.Serve como prova de que é possível diver-sos partidos, movimentos, forças, tendên-cias e opiniões confluírem num compro-misso forte e determinado em prol de umbem maior.Serve tambémcomo exemplo de que oma-rasmo e a inércia podem ser quebrados pelamotivação, pela determinação e pela com-petência.Serve como exemplo de que agora Lisboanão pára e realmente tem uma visão de Fu-turo com Futuro, para o Futuro.Serve este exemplo para o resto do País.Nada menos de que isto se pode esperar dacapital de um país. Bons exemplos.Lisboa mostra ao País o caminho a seguir.Com esta Reforma Lisboa prova que comDebate franco e Discussão aberta, com tra-balho sério e honesto, comparceiros empe-nhados,motivados porValores e Princípios,sustentados em boas propostas e projectos

de qualidade,Reorganizar e reestruturar é possível.Realizar Economias de escala é viável.Aumentar significativamente as sinergiasentre entidades pode ser uma realidade.Fazer mais e melhor, fazer mais com me-nos, poupar, rentabilizar e reformar emprolda eficiência e da eficácia.Mais do que terminologia daquilo queagora se designa como "economicês",maisdo que linguagem de comentadores, maisdo que chavões arremessados como pedrasno "combate político", estas palavras e ex-pressões definem o Futuro que merecemose precisamos e, agora, definem LISBOA.O acordo entre o PS e o PSD para a Refor-maAdministrativa daCidade deLisboa de-monstra a todo o País que tudo isto é pos-sível.Acredito que, pela optimização dos recur-sos humanos, logísticos e infra-estruturasda CML, pelo aumento da eficiência e efi-cácia dos serviços prestados aosmunícipese fregueses, Lisboa irá demonstrar que vol-tou a ser um Farol do País, uma referênciaautárquica e politica para toda a Nação.Assim, existam mecanismos e ferramentascolocados ao dispor dos agentes envolvidosno terreno e acredito que o que hoje desig-namos por ReformaAdministrativa de Lis-boa será mais tarde recordado como oprimeiro passo para uma grande reformaadministrativa do País.Disse.

15Assembleia Municipal de Lisboa

Igor Roçadas

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16 Rir é a mlhor liberdade

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17Artigos de Opinião

Face a um contexto socio-económico mar-cado pela globalização dosmercados, cons-tantes fusões e reorganizações empresariais,rápida evolução tecnológica, competitivi-dade e flexibilidade de emprego, agravadopor uma onerosa crise económica e social,tem-se assistido à emergência de novos ris-cos profissionais de natureza psicossocial,designadamente oAssédio Moral.Este fenómeno é umproblema comdimen-sões preocupantes na Europa, nomeada-mente emPortugal, e encontra-se associadoao funcionamento anormal da organizaçãoe ao surgimento de umclima laboral degra-dado de desmotivação e insatisfação no tra-balho.Nos últimos anos este fenómeno temvindo substancialmente a crescer, de acordocom base estatística da Autoridade para asCondições de Trabalho (ACT). Só nos úl-timos três anos a mesma recebeu mais de1000 queixas anónimas de trabalhadoresque vivenciam este fenómeno.O assédio moral é uma das formas de re-presentação social da degradação das rela-ções de trabalho no mundo moderno, ondepredomina a figura do egoísmo, da arrogân-cia, da prepotência e do despotismo, quesão atitudes inadequadas que envolvem re-lação de poder englobando a intenção deofender, humilhar, constranger, diminuir otrabalhador no exercício de suas funções.Este fenómeno existe desde que surgiramas primeiras relações de trabalho, mas sónos últimos anos tem sido amplamente dis-cutido, principalmente devido às grandesmudanças que sugiram no ambiente de tra-balho, com o advento da globalização, queprolificou, o aumento do desemprego e daconcorrência, o que levou e leva muitostrabalhadores a se submeterem a situaçõeshumilhantes, diante das dificuldades emconseguir espaço no mercado de trabalho,cada vez mais exigente, com menos opor-tunidades e ofertas profissionais.O assédio moral distingue-se de um trivialconflito laboral pela ausência de igualdadeentre as partes. Na realidade, o que existe éuma relação dominador/dominado, em quea estratégia do assediador determina as “re-gras do jogo”, pormenorizadamente planea-das para a submissão do outro até à totalperda de identidade. Este, por conseguinte,embarca num quadro de calamidade física,psicológica e social tão duradoura quanto a

astúcia do assediador. No entanto, em Por-tugal, parece existir uma ausência de cons-ciência generalizada sobre esta realidadecrescente.É urgente a promoção de iniciativas quecontribuam para um maior consciência daexistência do assédio moral no local de tra-balho por parte de todos os actores organi-zacionais envolvidos.AResolução do Parlamento Europeu sobreo assédio no local de trabalho (n.º2001/2339), de Março de 2003, observaque “os problemas de assédio moral notrabalho provavelmente ainda são subesti-mados em muitas partes da União e queuma série de argumentos justificam acçõescomuns a nível comunitário, por exemplo,o facto de ser difícil conceber instrumentoseficazes para prevenir e combater este fe-nómeno, de as orientações em matéria deluta contra o assédio moral no trabalho po-derem contribuir para o estabelecimento denormas e ter uma influência nasmentalida-des, e de as razões de equidade argumenta-rem igualmente em favor de tais orienta-ções comuns.”O combatemais eficaz ao assédiomoral notrabalho exige a formação de um colectivomultidisciplinar, envolvendo diferentesclasses sociais: sindicatos, advogados, mé-dicos do trabalho e outros profissionais dasaúde, sociólogos, antropólogos e grupos dereflexão sobre o assédio moral. Estes sãopassos preambulares para conquistarmosum ambiente de trabalho digno, conformenos lembra a Constituição da RepúblicaPortuguesa que, no artigo 25.º consagra odireito à integridade moral e física das pes-soas. Por outro lado, deverá haver por partedo Governo uma preocupação em enqua-drar legalmente o fenómeno, de forma a

possibilitar um maior apoio às vítimas san-cionado os agressores.Outra das formas de combate para este fla-gelo consiste, ainda, na efectiva intervençãodesenvolvida pelaAutoridade para as Con-dições do Trabalho (ACT), materializadanas visitas inspectivas efectuadas pelos Ins-pectores do Trabalho.Assim, e no cumpri-mento damissão que rege esta autoridade eque visa a promoção da melhoria das con-dições de trabalho, tendo por isso a obriga-ção de intervir e responder às solicitaçõesquer dos trabalhadores, quer dos emprega-dores. Estas intervenções respondemdirec-tamente aos objectivos de trabalho defini-dos pelo Ministério do Trabalho e da Soli-dariedade Social, através de estratégiasnacionais que resultam de compromissosassumidos com a União Europeia, e aindacom o direito jus-laboral português.Relembrando um pensamento de NorbertoBobbio, na sua obra Liberalismo e Demo-cracia, “para tornar-se cidadão é necessáriohaver direitos iguais para todos, constitu-cionalmente garantidos, semdiscriminaçãode qualquer tipo, sejam provenientes de se-xo, religião, raça, classe social ou quaisqueroutras. E como o momento histórico e opovo influenciam esses direitos, pode-seafirmar, que fundamentais são os direitosatribuídos a todos os cidadãos indistinta-mente e de forma equitativa.”No próximo Ética e Liberdade falar-lhe-eide algumas iniciativas que deveremos terem atenção para evitar ou minimizar osefeitos nefastos destas situações ao nível danossa saúde física e mental, contribuindodesta forma, com uma saudável ajuda nosentido da sua prevenção e gestão efectiva.

Até lá...

MargaridaAfonso

OLHA a CRISE…O actual sistema de trabalho pressagia um tipo de comportamento que trata otrabalhador comoumobjecto descartável, recorrendo a variadíssimas condutas deAssédioMoral.

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18 Artigos de Opinião

Os casos de violência doméstica parecemnão parar de crescer emPortugal. Em2010,as forças de segurança registaram uma su-bida de queixas face a 2009 que, presumi-velmente se justifica com o aumento de vi-sibilidade mediática destes casos, transmi-tindo confiança às vítimas para denuncia-rem as agressões a que foram sujeitas. Aaliar a isto até o homicídio conjugal temvindo a subir na última década no nossoPaís.No entanto, no âmbito da campanha contraa violência doméstica e após divulgação doestudo, O Homicídio Conjugal em Portu-gal, de Elza Pais, actual Secretária de Esta-do da Igualdade, são visíveis alguns sinaisreveladores de significativas alterações nasociedade portuguesa, como por exemplo,

os homens mais novos já não matam tantoe, nas mulheres, não se verificou um au-mento do homicídio como resposta, namaior parte dos casos, à violência de quesão vítimas.Este livro trata-se de o primeiro e único es-tudo assente em trabalho de campo levadoa cabo junto de um universo representativode pessoas condenadas por homicídio con-jugal.Aanálise dos dados recolhidos possi-bilita considerações surpreendentes: ao ladodas imagens contemporâneas da família,lugar de intimidade, autenticidade, afecti-vidade e privacidade, temos indesmentíveissinais de um reverso dramático: mentira,angústia, submissão, a família geradora deviolência, quando não de morte. Enqua-drando a violência doméstica no quadro

geral da violência, os dados demonstramque a família é o local onde existe maiorviolência, mais do que em qualquer outromeio social. Vinte e cinco por cento da cri-minalidade registada ocorre no seio da fa-mília, uma percentagem que seria aindamaior se todos os casos de violência que aíocorrem fossem absolutamente denun-ciados.Este livro dá-nos conta das discordâncias davida, onde o amor, amalevolência, o ódio ea violência se misturam. Esta investigaçãovem, ainda, preencher um espaço vazionunca antes estudado: o da análise do homi-cídio conjugal, ou das rupturas violentas daconjugalidade, como a autora prefere classi-ficar. O estudo transpõe as dimensões deuma análise do homicídio para se situar na

MargaridaAfonso

Contradiçõese Subtilezas

da ConjugalidadeTudo começa com gritos e tudo pode acabar num vastíssimo, assustador e definitivo silêncio...

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19Artigos de Opinião

Andamconturbados os tempos pela capital.O desvario que temos assistido na Assem-bleia daRepública por parte dos partidos daoposição, principalmente pelo PSD e aliderança melodramática de Pedro PassosCoelho, leva-me a crer que a travessia dodeserto destaDireitamais liberal de sempree arredada do poder há vários anos, provo-cou tamanha desidratação no corpos de tãodoutos intervenientes políticos, que sóassim se consegue explicar a enorme sedecom que o PSD quer ir ao pote.Para o PSD, pouco importam os sacrifíciosadicionais que tal atitude acaba por imporaos já de si sobrecarregados portugueses,que para alémda crise financeira que assolaaEuropa, ainda têmde levar comumanovadirecção “Social-democrata” que não con-segue passar um dia sem salivar, de tal or-dem é a ânsia para governar Portugal.Um partido politico que provoca uma crisepolítica grave para que haja uma clarifica-ção no País tem que ser claro nas suas pro-postas e não pode ir para eleições semdizerao que vem e o que vai fazer . Só assim po-derá sair destas eleições uma clarificaçãoséria sobre a vontade popular. Lamentavel-mente, não temos ouvido uma única pro-posta do PSD que possa ser apresentadacomo alternativa credível ao actual quadrode restrições financeiras que vivemos. OPSD limita-se a entrar pelo caminho dademagogia fácil, ocultando a sua verdadeiraagenda aos portugueses.Como chumbodoPEC, Pedro PassosCoe-lho é neste momento o grande promotor dainstabilidade em Portugal e da abertura deportas à intervenção do FMI que deixará o

nosso país à mercê da fúria dos especula-dores e dos abutres da desregulação laborale do fim do Estado Social. Pedro PassosCoelho e o PSD são neste momento partedo problema dos portugueses e não da so-lução.No entanto, é precisamente essa busca dopoder pelo poder, que tem contribuído paradesmascarar, este lobo vestido de cordeiro.São tantas as trapalhadas deste aspirante aPrimeiro Ministro, que chego seriamente aquestionar-me se a efectiva reeleição de Jo-sé Sócrates estará algumdia emperigo.Oravejam: depois de não concordar comoPECpor considerar que "asmedidas exigiamde-masiados sacrifícios aos portugueses" e deseguida dizer que afinal o PSD votou con-tra o PECporque as "medidas não foram tãolonge quanto deviam", Pedro Passos Coe-lho pretendia reafectar as verbas do TGVpara programas sociais, desconhecendo queas próprias regras do Fundo de Coesão nãoo possibilitam. Como pode este senhorquerer ser Primeiro Ministro de Portugal?Caberá a todos os socialistas, sem excep-ção, contribuir activamente para a duracampanha eleitoral que se avizinha.Nunca,em democracia, o fosso ideológico entre aEsquerda e Direita foi tão grande como ac-tualmente. Nunca, em democracia, o riscodo desmantelamento do Estado Social foitão elevado. Nunca foi tão importante oapoio e a união em torno do nosso reeleitoSecretário-Geral, José Sócrates.Estou certo, que todos os socialistas saberãoestar a altura das suas responsabilidades eque demonstrarão de uma forma clara deque fibra são feitos os militantes do PS.

Lisboa com Norte

BrunoMoreiraTeixeira

convergência de áreas como a violência nafamília, a violência conjugal e a violênciacontra a mulher.Segundo a socióloga, o aumento do homi-cídio conjugal por parte dos homens alerta-nos também para a urgência de continuar-mos a promover uma cultura para a cidada-nia e para a igualdade de género, sobretudojunto dos mais jovens, onde se enalteça orespeito pelo outro e a partilha colectiva.“Hoje, fala-se (e activistas homens defen-dem) numa nova masculinidade. Uma re-definição dos poderes, de modo a que oshomens (pessoas) se permitam sentir pode-rosa, sem por essa razão terem que ser se-xistas. Ou, como diz Élizabeth Badinter, éimportante que aprendam a impotência e afragilidade para seremmelhores pessoas. Éeste o desafio da modernidade: construirnovasmasculinidades.Ademocracia, sem-pre imperfeita, ganha-se com pequenospassos. Tal como não existe uma única fe-minilidade, também não existe uma mas-culinidade universal,masmúltiplasmascu-linidades, sendo nesta diversidade que seexpressa a complexidade do real, e nelaresidem também as potencialidades demudança.” Elza Pais, Excerto daintervenção da autora na sessão delançamento do livroem Lisboa, 2 de Junhode 2010, Livraria Ler Devagar.Outra grande preocupação evidenciada porElza Pais, diz respeito à violência entre osprogenitores a que as crianças assistem,uma vez que as mesmas têm, de acordocom a investigação, tendência para desen-volver esses comportamentos agressivosno futuro, sendo por isso importante“definir projectos capazes de prevenir areincidência dos actos violentos, numtrabalho de articulação com outrosorganismos.” Elza Pais.Em jeito de conclusão, gostaria de desafiaros camaradas e estimados amigo(a)s alerem o livro, uma vez que a literatura é defacto o melhor retrato disponível para per-cebermos e reflectirmos sobre astenuidades e incoerências entre o amor e oódio no seio familiar.Sobre a autora, não posso deixar de referiro facto de ter uma brilhante e granjeadacarreira de investigação académica epolítica dedicada sempre a temas delicadosda vida social, nomeadamente, a luta contratodas as formas de discriminação e apromoção da igualdade de género. Sópodemos almejar continuar a receber todosos seus sublimes contributos, para quejuntos possamos continuar a caminhar nosentido da total e efectiva Igualdade deGénero.

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20 Artigos de Opinião

Towards a positive narrativeon migration in the EU

While EU member states face differentsituations with regard to third countrynationals and mobile European Unionnationals, a common theme is that acrossEuropemigrants are treated as second classpersons, socially excluded and subject tovarious forms of discriminationwith regardto access to human rights, employment,education, goods and social services.Whilesome European developments have madeimportant steps forward for the protectionof third country nationals, manymore havesought to restrict - or at least strongly cir-cumscribe - rights, and serve to underminethe integration of all migrants. They havealso had a negative impact on the lives ofall those who are externally perceived asmigrants due to their supposed ethnic orreligious background, though they mighthave been European citizens for genera-tions.The EU recognises the important role ofeconomic immigration for its social andeconomic prosperity, in particular due to thephenomenon of demographic ageing.However, the focus on the economic role ofthird country nationals has increasinglyobscured the goal of equal rights.Migrationis seen as a utilitarian and short-term solu-tion to demographic change whereby mi-grants will come to Europe for a few years,contribute to the economy, and leave beforethey become a “burden”. This approach,which treats migrants as economic unitsand not as human beings, places insufficientvalue on long term economic and demo-graphic benefits as well as the social andcultural contribution that can be, and ismade, by migrants to Europe. In addition,the denial of rights to many migrants,including asylum seekers, undocumentedmigrants and others, not only has a negativeeffect on the individuals concerned, but also

denies society the fruits of their partici-pation in civic, political, social, cultural andeconomic life, by hindering their willing-ness to creatively contribute to society as awhole.

In addition, the awareness of Europe as acontinent of migration has been accom-panied by an increasingly palpable negativepublic perception of migration and mi-grants, which has led to aworrying increasein racism and xenophobia towards real orperceived third country nationals. Govern-ments are passing restrictive legislation thatsends out a strong message of exclusion.The public rhetoric paints a picture of thediversity of migrants’ culture as a threat tothe dominant identity of Europe. Islam ispainted as incompatible with “westernvalues” andMuslims as terrorists, Roma arestereotyped as thieves and beggars and theirright to free movement curtailed in theinterests of ‘public order’, and the econo-micmotives of thosewhomigrate forworkare portrayed as immoral and exploiting thesystem.It is therefore time to convey a positiveapproach to migration that allows for thedevelopment of mutual benefits betweenmigrants and their offspring on the onehand and host communities on the other,and views migrants as individuals withequal rights that are to be valued and pro-tected. Such a narrative entails recognisingthe vital importance of equality and diver-sity to a vibrant society and economy.Ethnic and religious minorities living inEurope are bridges between societies andshould be recognised as rich contributors tomajority societies, economically, socially aswell as culturally - from the Polish plumberinLondon to theLebanese restaurant ownerin Tallinn.

Part of this exercise requires maximisingthe currently under-valued and untappedskills and talents of migrants because theyface discrimination in education and/oremployment and experience difficultieswith the recognition of foreign diplomas.The recognition and value placed on diver-sity is a concept that has been gainingground in business for many years. The“business case for diversity” is frequentlypromoted as appealing to the economicinterests of businesses who can maximisethe potential of their staff, find it easier torecruit qualified candidates, expand theircustomer base and increase their profits.Moving beyond the business case however,mother tongue learning is another exampleof how a positive narrative can offer a dif-ferent perspective on the issue. The currentnarrative too often portrays mother tonguelearning as a resource burden on the majo-rity, who must lose out in order to accom-modate minorities. It also sees the learningof mother tongue languages as a measureof segregation.A renewed narrative wouldsee things differently. It would see thepromotion of mother tongue learning ascontributing to a valuable diversity of skillsamong the population as a whole that canbe harnessed in awide range of fields, fromeducation to international diplomacy andbusiness. It would also recognise the posi-tive benefits for the minority population, interms of increased cohesion and commu-nity confidence, as positive factors contri-buting to a healthier society.It is time to acknowledge that not only dominorities in Europe make a daily contri-bution to the economic, social, cultural,civic and political life of Europe, but alsothat valuing the wealth of talents present ina diverse Europe can contribute to thegrowth of European society and economy.

ByMichaël Privot, Director of the European NetworkAgainst Racism (ENAR)