jornal liberdade em destaque

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Histórias particulares da Liberdade Igrejas e templos guardam memórias e com outras atrações chamam turistas Págs. 4, 5 e 6 Imprensa japonesa destaca-se no bairro Origens dos jornais impressos mais tradicionais da Liberdade e como sua distribuição é realizada. Pág. 10 LIBERDADE EM DESTAQUE DEZEMBRO, 2014 - Nº 01 Acal é ponto de referência cultural na comunidade Barba, cabelo e bigode Tradição passada de pai para filho, utiliza técnicas artesanais. Págs. 7 e 8 Associação promove lazer e bem estar aos seus frequentadores. Pág. 9 Caroline Neumann Tatiana Mallmann Tânia Lisboa Galvão Bueno, rua principal Violência e sujeira afetam população Comerciantes reclamam de assaltos e moradores não aguentam mais o lixo espalhado pelas vias. Pág. 11

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Jornal produzido pelos alunos do 5º semestre da Universidade Anhembi Morumbi, na disciplina Produção de Jornal orientado pela professora Rose Naves.

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Page 1: Jornal Liberdade em Destaque

Histórias particulares da LiberdadeIgrejas e templos guardam memórias e com outras atrações chamam turistas Págs. 4, 5 e 6

Imprensa japonesa destaca-se no bairroOrigens dos jornais impressos mais tradicionais da Liberdade e como sua distribuição é realizada. Pág. 10

LIBERDADE EM DESTAQUEDEZEMBRO, 2014 - Nº 01

Acal é ponto de referência cultural na comunidade

Barba, cabelo e bigodeTradição passada de pai para filho, utiliza técnicas artesanais. Págs. 7 e 8

Associação promove lazer e bem estar aos seus frequentadores.Pág. 9

Car

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Tânia Lisboa

Galvão Bueno, rua principal

Violência e sujeira afetam população

Comerciantes reclamam de assaltos e moradores não aguentam mais o lixo espalhado pelas vias. Pág. 11

Page 2: Jornal Liberdade em Destaque

Caro leitor, recebemos o

desafio de realizar uma publicação na qual as principais características envolvessem o caráter histórico de um bairro da cidade de São Paulo.Pode parecer simples

à primeira vista, mas acredite, pesquisar, apurar, escrever, discutir o formato do jornal e cuidar de cada passo para que o resultado seja

o melhor possível é uma atividade desgastante. Porém, extremamente satisfatória.Encarar essa tarefa, que

faz parte da rotina de um jornal impresso diário, nos pareceu arduosa, em um primeiro momento. Mas conseguimos vencer a batalha, e produzimos um conteúdo de qualidade, com transparência e seriedade, compromissado com o

Editorialleitor.A edição deste jornal foi

inteiramente produzida por nós, estudantes do 5º semestre de jornalismo, com orientação da professora Rose Naves. Os textos, as fotos e o formato foram planejados e executados por nossa própria equipe, de maneira dedicada e criteriosa.Durante todo o processo

de produção, aprendemos

como trabalhar o material jornalístico empenhados em levar informação e conhecimento a todos.Com a ajuda do mapa

abaixo, nas páginas a seguir o leitor será levado a um passeio pelo bairro oriental de SP, onde cada esquina revela segredos de uma cultura distinta, recheada de costumes, sabores e tradições. Boa leitura.

Expediente

Jornal laboratório produzido pelos alunos da disciplina Produção de Jornal do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação da Universi-dade Anhembi Morumbi.

Profa.: Rose NavesEditores: Alberto Nogueira e Tatiana MallmannEditora de Fotografia: Tânia LisboaRevisor: Alberto NogueiraDiagramação: Caroline NeumannRepórteres: Alberto Nogue-ira, Caroline Neumann, Erverton Sousa, Tânia Lis-boa e Tatiana Mallmann

DESTAQUES DO BAIRRO ORIENTAL DE SÃO PAULO Infográfico: Alberto Nogueira

2 - Liberdade em Destaque – Dez/2014

Page 3: Jornal Liberdade em Destaque
Page 4: Jornal Liberdade em Destaque

A praça está toda iluminada e aquecida pela

luz do sol. O domingo é azul, e a primavera espalha seus matizes pelas flores. A 200 metros da Igreja da Sé, onde está o Marco Zero da cidade de São Paulo, encontra-se a Praça da Liberdade. O lugar não é muito grande, tem cerca de 1.000m² e está situado no ponto mais elevado do bairro, que tem o mesmo nome da praça. Cerca de 200

barraquinhas dispostas uma ao lado da outra, em fileiras, fazem a festa dos visitantes. É o dia da Feira de Arte, Artesanato e Cultura da Liberdade. A Feirinha da Liberdade, como é chamada popularmente esse evento, acontece todos os domingos das 10h às 18h na Av. Liberdade 365. Hiroko Takasu, 43 anos,

que expõe pequenos origamis na feira, diz com um sorriso nos lábios: “A Feirinha da Liberdade esta aqui há trinta e três anos e toda semana tem mais gente”. Ela explica que o público é bem variado tanto na idade como na procedência. Além dos habitantes da capital, a feirinha é muito prestigiada pelos turistas de outras regiões do Brasil e por estrangeiros. Comerciantes japoneses,

chineses, coreanos e brasileiros vendem utensílios de cozinha feitos com bambu, pequenos patuás, bonecas de pano, brincos, colares, blusas com apliques Pat work, tricô, crochê, fontes de água e mais uma longa lista de objetos. Takasu diz que o maior diferencial da feira é a explicação que cada vendedor dá ao comprador sobre o produto que adquirir.

Mas não é só pelo visual que as barraquinhas encantam os visitantes. O aroma estimulante das delicias orientais espalhados pela praça abrem o apetite do público. Recheadas guiozas, camarões fritos, yakissobas, tempurás,

suhis, sashimis são vistos nas mãos das pessoas que os comem em pé, sentadas em banquinhos, escadas e calçadas.“Vendemos quase

sempre mais de duas mil

guiozas por domingo”, revela Sergio de Paula, 26 anos, ajudante da Barraca Família Nakamura. Para conseguir comprar os deliciosos pastéis

japoneses é preciso pegar uma senha e aguardar um tempo, que normalmente não é muito. “A guioza é um prato típico da Indonésia”. Todo mundo pensa que é japonês ou chinês!”O prato foi adaptado pelos japoneses e faz sucesso entre o

público da feira”.

Da forca a LiberdadeMas nem sempre essa

praça, frenética, cheia de gente se acotovelando, se chamou Liberdade.

Quem hoje visita o lugar, pode desconhecer o que acontecia no local há séculos. Fausto Chermont em seu livro “São Paulo do Sec. XX” relata que

há mais de duzentos anos, na região, pessoas eram condenadas a morte pelos delitos e crimes contra a coroa de Portugal. O autor esclarece que,

“O patíbulo – armação de madeira onde ficava a forca - foi ali estabelecido,

desde 1775, por ordem expressa do vice-rei, o Marquês de Lavradio. O local foi escolhido pela visão privilegiada de todos os cantos da cidade, possibilitando assim que

a população pudesse ver a força da justiça implacável de Sua Majestade sobre os rebeldes”. Logo, o lugar recebeu o

nome de Largo da Forca,

hoje é conhecido como Praça da Liberdade. Boa parte da população da cidade assistia aos enforcamentos. Todas as classes sociais presenciavam as sentenças de morte. Alguns chegavam por simples interesse e curiosidade e outros por simpatia às vitimas. O rumor dos tambores

e os sons dos clarins anunciavam a chegada da escolta que trazia o prisioneiro condenado. Ao lado da forca eram acesas velas, um grande crucifixo de madeira foi colocado para as pessoas rezarem pelas almas dos mortos. Muitos dos que ali morriam eram conhecidos das pessoas que alí habitavam.Paulo Cursino de

Moura, em sua obra intitulada “São Paulo de Outrora”, revela que no local iluminado por velas e rezas, foi construída em 1887, a Capela de Santa Cruz dos Enforcados. O início de sua construção se deu muitos anos depois que ficou proibida a pena de morte no Brasil. Ao lado da Praça da Liberdade pode-se ver a igreja que nasceu da fé do povo. Dentro dela são

guardadas pinturas de cenas antigas da cidade. Imagens de santos com olhares piedosos ladeiam o corredor principal, que leva ao altar cheio de anjos e luz. Olhando pra cima, pode-se ver pintado no teto momentos da vida de Jesus. Descendo uma pequena escada encontra-se o velário. Em primeiro plano aparece um balcão onde são vendidas vários tipos de velas aos devotos. André de Paula, 37

anos é zelador, trabalha há quinze anos no loca e possui muitas histórias:

Fotos: Tânia Lisboa

Feirinha da Liberdade se tornou ponto de parada obrigatório aos domingos em SP

Igreja das Almas, contruída em 1837, recebe milhares de fiéis às segundas-feiras

4 - Liberdade em Destaque – Dez/2014

Traços da cultura oriental estão em toda parte e dão charme ao bairro

Por Tânia Lisboa

Fatos reais e crendices populares se misturaram ao longo do tempo e criaram novas histórias

Page 5: Jornal Liberdade em Destaque

“No velário aparece todo tipo de gente, vem pessoas pra pedir o mal e pessoas pra pedir o bem. Um dia alguém colocou um envelope cheio de fotografias e pólvora e de repente aquilo pegou fogo, explodiu e fez uma barulheira enorme”.“Essa igreja recebe

cerca de mil pessoas todas as segundas-feiras, que veem em busca de pedidos e agradecimentos para as almas”, relata Edvaldo Dantas, 42, administrador da igreja. “É preciso ficar atento ás velas, às vezes as pessoas exageram e acendem um número muito grande, isso é perigoso. Em 2.000 houve um incêndio provocado por uma devota que acendeu uma enorme quantidade de velas” diz Dantas.O a d m i n i s t r a d o r

explica que a igreja é muito procurada por devotos não católicos. “Os umbandistas são numerosos, mas não podem fazer qualquer tipo de cerimonia dentro da igreja, afinal aqui é uma igreja católica”.Maria Isabel, 56 anos,

frequentadora da igreja, desce as escadas indo ao velário: “Venho todas as segundas feiras”... conta com os olhos cheios de lágrimas. A devota se

emociona ao falar do filho morto. “Vir rezar pela alma dele, me alivia o coração, me consola um pouco” desabafa enquanto acende a vela.As pessoas que morriam

no Largo da Forca eram enterradas em um cemitério há duas quadras dali, no sentido sul. Erguido em 1779, o primeiro cemitério publico da cidade enterrava os corpos dos pobres. Moura cita que “A tradição desse cemitério acompanha a do Largo da Forca, eis que era destinado a recolher cadáveres de supliciados e de indigentes, em féretros humílimos, contrastando com a suntuosidade dos funerais faustosos dos burgueses do período monárquico, inumados (enterrados) no interior das igrejas”.O campo santo não existe

mais. Em 1880 a Mitra Diocesana, proprietária da necrópole loteou o terreno que foi vendido para as construções de prédios e casas particulares. Apenas o beco e a capelinha foram preservados. Conforme apurou Cursino, existem poucos registros da retirada das ossadas do cemitério. Em 1885 foi construído o Cemitério da Consolação e o primeiro cemitério público de São

Paulo, foi desativado.No meio da antiga

necrópole havia uma pequena construção, a Capela dos Aflitos. Esta igrejinha ainda pode ser vista no Beco dos Aflitos entre as ruas Galvão Bueno e Rua da Gloria. O beco sem saída tem cem metros de extensão. Atualmente a rua recebe diariamente dezenas de caminhões descarregam suas cargas que vão para as diferentes lojas do bairro. O santuário é cinza

por fora e foi edificado no estilo barroco paulista. Necessita de reformas urgentes. É um imóvel tombado pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico - desde 1978. A passagem pra dentro da capela é marcada pelo cheiro das velas, o altar e os nichos são cobertos por alvas toalhinhas de crochê, onde repousam os santos. Olhando para o alto esta o coro, protegido por uma cerca de madeira. À direita, fica uma porta

marrom cheia de fitas, flores e bilhetes enterrados em suas fendas. Ilth Maria Figueiredo, 44 anos, administradora da capela explica que aquela porta é onde os devotos colocam seus pedidos. Ela narra a historia do lendário

soldado Francisco Jose das Chagas. “Chaguinhas - diz ela com emoção – foi um soldado que ousou protestar e se rebelar contra a coroa portuguesa porque seus soldos estavam há anos atrasados. Ele foi condenado à forca, em 20 de setembro de 1821 foi ao cadafalso. Por três vezes a corda que deveria matá-lo, rompeu-se. As pessoas que ali estavam gritavam: Liberdade!”O governo não aceitou o

apelo popular e na quarta tentativa, Chaguinhas faleceu, seu corpo enterrado no Cemitério dos Aflitos. “Sua morte causou uma grande comoção no povo que passou a reverenciar o soldado como uma alma milagrosa.” Chaguinhas é um santo do povo, diz Ilth, “não é um santo oficializado pela igreja, mas pelo povo”.Cecília Coutinho,

42 anos, auxiliar de enfermagem frequentadora da capela diz como deve ser feito os pedidos de graças à Chaguinhas. “Você escreve o seu pedido em um pedacinho de papel e depois coloca em uma frestinha da porta e bate três vezes nela. Quando alcançar a graça deve vir aqui e bater novamente três vezes na porta.”Chermont diz que o

nome do bairro se deve aos gritos de liberdade proclamados pelo povo na ocasião da morte de Chaguinhas. Depois disso, o Largo da Forca passou a se chamar Liberdade. Muitos anos se passaram e o bairro ganhou luminárias que lembram cerejeiras, plantadas por imigrantes que cruzaram oceanos em busca de uma vida nova. A partir de 1945, japoneses que chegavam a São Paulo, encontraram morada no bairro que antes foi palco de sofrimento e mortes.

Costumes OrientaisTodas últimas quinta-

feiras do mês na Rua São Joaquim, uma via movimentada do bairro, pessoas formam fila, na frente de um templo budista. Esperam pacientemente para receber um bom prato de comida. É a cerimônia da Aparecida Kannon da Paz Universal. Monges e membros do Templo Busshinj oferecem gratuitamente um prato de alimento à população que passa por ali. A cerimônia é em intenção da paz universal e bem estar de todos. Muita coisa mudou de

1700 para cá. Dos negros, índios e indigentes que frequentavam o local, quase nada restou. “Atualmente grande

Com mais de 2 séculos de existência, Capela dos Aflitosapresenta as marcas da degradação sofrida pelos anos

Nipo-brasileiros lotam templo budista Bussinji toda última quinta-feira dos meses

Dez/2014 – Liberdade em Destaque - 5

Page 6: Jornal Liberdade em Destaque

parte da população e do comércio local, é oriental.”. Moura relata que

após o fim da Segunda Guerra Mundial chega ao Brasil, uma nova leva de imigrantes japoneses. Um grupo se instala no bairro da Liberdade, onde já se encontravam conterrâneos que chegaram em 1900. Eles esperavam encontrar uma segunda pátria, onde pudessem viver definitivamente. Mityko Watanabe,

77 anos, explica que sentiam a falta de tudo, mas a religião que mais lamentavam não poderem praticar. “É por essa razão que naquela ocasião, os japoneses se uniram e pediram para que viessem do Japão missionários budistas”. A tarefa desses religiosos foi para realizar as cerimônias e praticar a religião.Um dos monges que

chegaram em 1956 foi o abade Rosen Takashina, da Escola Sotozen. Nessa ocasião, conta Mityko,

foi instalado um pequeno templo em uma casinha humilde numa das ruas da Liberdade. Assim foi fundada a Comunidade Budista Soto Zenshu, o embrião do atual Templo Bussihinji. O Budismo possui vários ramos denominados Escolas ou Tradições. A Escola Sotozen

é da linhagem do Budha Shakiamuni, antes conhecido como Sidharta Gautama. Essa Escola valoriza bastante a meditação o que a diferencia de outras que muitas vezes, não utiliza essa pratica. O Templo que inicialmente servia apenas a comunidade japonesa passou a ser frequentado também por brasileiros que buscavam na meditação o caminho da paz.Com o passar dos

anos, a casa onde estava instalado o templo, ficou pequena e inadequada para a realização das cerimônias e acolhida aos monges, leigos e congregados. Em 1994 as

atividades começam a ser realizado definitivamente na Rua São Joaquim, 284. É nesse local que acontecem à maioria das atividades: os cursos, casamentos, batismos e várias cerimônias. Segundo o reverendo

Dosho Saikawa, atual dirigente da casa, qualquer pessoa pode, por exemplo, se casar no Templo, mesmo que não seja praticatante, apenas deve respeitar o ritual. Os cursos de ikebana, aqueles lindos arranjos florais, os de culinária, canto, coral e outros variados, são destinados ao publico em geral e fazem parte do departamento feminino que é bastante atuante no Templo. O reverendo nos relata que muitas das cerimônias são abertas ao publico. Obon é a cerimônia que faz homenagem os espíritos sofredores e demônios famintos. É realizada todo sétimo mês do ano em oferta aos mortos.Hoje, a Praça da

Liberdade é palco dos

festejos orientais. Dragões coloridos andam pelo bairro espantando maus espíritos e homenageando

os mortos Fazem isso nas comemorações de final do ano chinês. Festivais de flores, de estrelas e coreografias com musicas delicadas encantam o

publico durante todo o ano. Situação bem diferente dos tristes anos da justiça feita por

enforcamento. Atualmente são poucas

as lembranças do soldado Chaguinhas, que morreu no bairro lutando por seus direitos e pelo seu sonho de liberdade.

Monge deposita pedido de frequentadores do templo

6 - Liberdade em Destaque – Dez/2014

Page 7: Jornal Liberdade em Destaque

A t r a d i c i o n a l região da L i b e r d a d e ,

na cidade de São Paulo, abriga há quase um século uma significativa comunidade japonesa. Esses orientais trouxeram seus costumes, padrões de comportamentos e formas de negócio para sobreviver. O comércio, portanto, na área, se desenvolveu influenciado por esses fatores.A rua Galvão Bueno

é a principal referência comercial do bairro. Com grande fluxo de pessoas, diariamente, conta em sua extensão com os mais variados tipos de comércio como restaurantes, lojas de artigos japoneses, mercearias, e até um shopping. Localizado num casarão

na rua Galvão Bueno, 268, está o Restaurante da família Sato. Uma

grande variedade de pratos da cozinha brasileira e japonesa é servida todos os dias, na hora do almoço, das 11h as 15h45. Atendimento, simpatia e a qualidade dos produtos continuam ganhando muitos adeptos. O preço atrai clientes novos, principalmente os populares, que trabalham e moram no bairro. O restaurante possui

uma clientela fiel e antiga, como é o caso do empresário Cesar Okinaga, 66, que vai almoçar quase todos os dias. “Meu prato preferido é a feijoada. É muito saborosa, e quem podia imaginar, feita por uma japonesa.” Okinaga frequenta a casa há pelo menos 40 anos.Noburu Sato, 68, irmão

da proprietária, conta que tudo começou lá pelos anos 60, com a pensão

da família Sato. Após uma década, mudou para Restaurante Sato. No começo, os clientes do restaurante eram os hóspedes e os estudantes

da pensão que buscavam um lugar bom e barato para comer. “Hoje o nosso movimento acontece durante o almoço. Mas nem sempre foi assim. Funcionávamos sem fechar as portas, das 11h até as 20h, quando

servíamos o jantar,” recorda.Noburu, ajuda no caixa

aos sábados quando a irmã

não está. “O movimento é bom durante a semana. Mas, aos sábados, ela viaja então eu e minha esposa ficamos no caixa.” Noburu é engenheiro aposentado pela Prefeitura. Ele conta que foi o responsável pela

instalação das lâmpadas nas ruas do bairro na década de 70. Durante o depoimento

para esta reportagem, a esposa de Noburu ficou sentada atrás dele, quase não falou, só sorriu, como manda a tradição.Para ele, o movimento

não é mais como antigamente. “Caiu muito. Tá tudo muito caro e a gente não pode subir muito o preço, senão perde cliente. Pagamos impostos, temos 15 funcionários registrados, e pagamos tudo direitinho.” Noburo, afirma que hoje em dia, não dá mais para faturar, ficar rico. “Só quem ganha dinheiro aqui na Liberdade agora são os coreanos. Eles sonegam, trazem produtos ilegais e os funcionários não tem carteira assinada. Japonês não faz isso, japonês é correto, né.”

D escendo um quarteirão da principal rua,

Galvão Bueno, quase na esquina com a Rua Barão de Iguape, no número 180 A, está a Barbearia Yahiro. Motohide Yahiro, 79,

pai, natural de Araponga é filho de japoneses. Ele abriu a barbearia no começo dos anos 60. Aprendeu a técnica que utiliza, quando passou um tempo estudando no Japão. Hoje está afastado do salão. Há um ano e seis meses descobriu o Alzheimer. Um dia, cortou o rosto de um cliente enquanto fazia a barba. “Desde então, ele mesmo, decidiu não trabalhar mais,” conta Yahiro filho, de cabeça baixa.Teruo Yahiro, 49,

também conhecido como Luizinho, é quem

comanda as tesouras e a navalha. “Desde criança ficava no salão ajudando meu pai. Fui o único filho que seguiu seus passos. Eu praticamente cresci aqui dentro.” É ele quem mantém o salão funcionando com a ajuda da esposa e da herdeira, Beatriz Tiemy Yahiro, 17. Ela estuda de manhã,

faz ensino médio-técnico e vai pro salão trabalhar com o pai todos os dias. “Venho pra cá desde os 3 anos, ficava dormindo no sofá. Hoje, ajudo meu pai no atendimento, preparando os clientes, assim como ele ajudava meu avô.”A maioria dos clientes

do Yahiro é composta por

filhos ou netos de clientes do Yahiro pai. Eles agora mantém a tradição familiar de frequentar a barbearia. O pesquisador e doutor em ciências pela Unesp, Mário Nakano, 84, tem glaucoma, e já não ouve muito bem. Com medo do Alzheimer toma três ampolas de vit. B1 e B12 por injeção. “Sou Cliente

dos Yahiro há pelo menos 50 anos. Comecei com o pai e agora que ele não pode mais, quem cuida de mim é o Yahiro san”. Ele garante que não troca de barbeiro por nada.Thiago Nakada, 24,

corta o cabelo no salão junto com pai, desde os 10 anos. “Naquela época o Sr. Yahiro nos atendia. Agora, eu e meu pai cortamos o cabelo com o filho.“ Ele cruza a cidade pra fazer barba, cabelo e bigode, o famoso serviço completo. Thiago estava acompanhado da namorada. Depois iam juntos, fazer compras na rua.Yahiro revela que só

atende homens. Diz que a esposa já quis incluir mulheres, mas não deu certo. “Quando tem só homens o papo é diferente. Eles se abrem mais, contam suas histórias. Yahiro - Barbearia tradicional conquista clientes com o uso de técnicas artesanais

Culinária japonesa e brasileira dividem espaço no Sato

Fotos: Tatiana Mallmann

Dez/2014 – Liberdade em Destaque - 7

Por Tatiana Mallmann

Por Tatiana Mallmann

Filhos de japoneses mantêm comércio no bairro

Barba, cabelo e bigode em estilo JaponêsNa barbearia Yahiro, técnica trazida do Japão é passada de pai para filho há três gerações

Desde meados dos anos 60, o tempero da D. Lourdes Sato atrai e conquista clientes fiéis

Page 8: Jornal Liberdade em Destaque

O papo fica mais de homem, sabe. Sou como um psicólogo.” O corte dura em média 20 minutos. Não existe horário marcado. O cliente chega e espera. “Aos sábados o movimento é maior. Os clientes contam quantos têm na frente, avisam as esposas para irem fazer compras e voltar depois,” explica Beatriz.

Yahiro faz como o pai, corta com tesoura e máquina. Logo após a primeira aparada, passa maizena com uma almofada em todo o cabelo, com cuidado, para ver as pontas que sobraram. “Talco não pode, porque é abrasivo e tira todo o corte da tesoura.” Para finalizar as últimas pontas

irregulares, seleciona entre três tipos diferentes de tesoura, dependendo do corte escolhido pelo freguês. Usa uma e depois outra para cortar no alto da cabeça.Beatriz traz água

fervendo numa toalhinha e entrega ao pai.“É para finalizar o pezinho do corte com a navalha”, conta.Mas ainda não acabou,

tira os cravos do pescoço com uma engenhoca específica para limpeza de pele. Pronto, agora vem a melhor parte, afirma Thiago. “Ele massageia com o antebraço nos ombros e no pescoço. É muito relaxante”.Na sequência, Yahiro

passa a máquina que vibra massageando, com força, os ombros e as

costas. Depois fricciona cabeça e orelhas, com as mãos impostas abertas de forma intensa A finalização pode parecer estranha, mas Yahiro usa um pauzinho cilíndrico de aproximadamente um palmo de comprimento com as pontas cobertas de algodão e faz uma lenta e cuidadosa higiene dos ouvidos do freguês.

Ainda na Rua Galvão Bueno, no número 379,

encontra-se o Kanazawa Comercial, uma mercearia especializada em doces, mais especificamente o Sakura Moti – o famoso doce de arroz envolto na folha de cerejeira e recheado de Anko, uma pasta de feijão azuki, japonês. “Os doces japoneses não

são como os brasileiros,

lotados de chocolate, leite condensado e enjoativos”, diz Eiko Kanazawa.Eiko está há

40 anos na L i b e r d a d e . C o m e ç o u p r o d u z i n d o os doces de forma artesanal, em casa. “ Recebíamos os pedidos de todo o bairro pela manhã e a tarde meu marido saía

para entregar. “ A procura foi grande e desde o final dos anos 70 passamos a

vender em diversas outras

lojas e supermercados.”Hoje ela já não fica mais

na loja. Eiko conta que tem boas recordações do local que ainda é conhecido pelo doce de feijão. “ O bairro mudou muito, já não conheço mais ninguem, tem muito coreano e chinês aqui, né.” A casa mantém a fama dos bolinhos moti, mais conhecido como “bolinho da

prosperidade”.

No final do ano, aumenta o consumo do Moti, durante as comemorações do Moti Tsuki Matsuri, o Festival do Bolinho da Prosperidade. Esse evento acontece no dia 31 de dezembro, na Praça da Liberdade. Todos agradecem aos Deuses as dádivas e benefícios recebidos durante o ano que passou, abençoando a prosperidade, saúde, paz e harmonia do novo ano.

Além de gostoso, Moti traz prosperidade

8 - Liberdade em Destaque – Dez/2014

Por Tatiana Mallmann

Sakura Moti, o brigadeiro japonêsIguaria japonesa mais conhecida como bolinho da prosperidade, faz sucesso nas festas de fim de ano

Page 9: Jornal Liberdade em Destaque

Lo c a l i z a d a na Avenida Liberdade, no

número 365, a Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (Acal) integra e dá assistência a comunidade japonesa. O prédio que a abriga se confunde muito com construções ocidentais, porém, dentro dele a cultura japonesa é fortemente mantida. Ao longo dos seus 24 anos de existência, a entidade promove cursos e eventos para preservar e disseminar a cultura japonesa. Durante a semana, aulas

de KenkoTaiso, Ginástica, Aikido, Alfabetização, Odori, Momiji Kai, Ballet Clássico, Dança de Salão, Yasakoi e Buyo-Bu ocorrem durante o dia todo. Os alunos e frequentadores são em sua grande maioria nissei e sansei, da terceira idade e que têm a Associação como um lugar de bem estar físico e mental.Uma das principais aulas

da ACAL é o Bouyo-Bu (tradicional dança japonesa), pois são feitas apresentações da dança nos festivais. A aula é ministrada pela professora Yasue Hasui, japonesa naturalizada brasileira de 71 anos, que mora

em Itatiba, há 80 km de distância da Associação. Ela, fez uma pausa em seu almoço para começar a entrevista para esta reportagem. Sorridente, ela diz que é professora na entidade há dez anos e que com o passar do tempo a quantidade de

alunos em sua aula foi só aumentando. Hoje já são aproximadamente trinta. A aula é feita

exclusivamente por mulheres, que usam os trajes tradicionais, nesse caso o kimono, dançam delicadamente ao som de uma música calma. Yasue diz que quando há um festival, elas começam a se preparar com um mês de antecedência, mas que nem todas se apresentam no palco, pois algumas

praticam a dança mais pelo fato de ser uma atividade física. “Não é que todas dançam bonito, mas faz bem pra saúde, além de ser uma oportunidade para sair de casa e se encontrar com as pessoas.”A professora diz que a

média de idade das alunas é entre 60 e 80 anos, mas que há algumas bem mais velhas. Ela brinca e pergunta, se referindo a um grupo de mulheres que conversam no salão enquanto a aula não começa, “Quantos anos você acha que elas têm?” Na dúvida, respondo que acredito que tenham aproximadamente 60 anos. A professora rebate “60? Muito mais! Aquela tem uns 90 e poucos”.

E aponta para Taneyo Ishihara. Yasue aproveita a oportunidade para apresentá-la.Taneyo parece tímida,

principalmente com relação ao português, mas impressiona por falar tão bem. Ela nasceu no Japão

em 1921 e com apenas 13 anos veio ao Brasil, junto com a imigração japonesa, para trabalhar nas lavouras de café do Oeste Paulista. Apesar de todas as dificuldades que enfrentou ao longo da vida, ela é forte, tem 9 filhos, 23 netos e 10 bisnetos. É viúva e sente muita saudade do marido. Ele faleceu há 30 anos devido à alta exposição a produtos químicos quando trabalhava na

lavoura de café. “Ele era um bom homem, sinto muita falta dele.” Quando o assunto é

sobre a dança Taneyo, que é praticante há 15 anos, revela: “Parece ginástica pra mim.” Também diz que participa ativamente das aulas uma vez por semana e não falta aos festivais. Ela mora em Guarulhos com uma ajudante que a acompanha desde as tarefas diárias até no trajeto do metrô a Associação. Taneyo Ishihara é uma personagem que caracteriza muito bem os alunos da entidade. Sorridente, bem humorada e disposta, Taneyo encontrou na dança uma atividade que a enriquece de saúde e obtém bem estar. Ela diz que, frequentar aquele ambiente é importante para ela. Assim como a dança

japonesa, todas as atividades da ACAL têm como objetivos principais, gerar a interação entre as pessoas, preservar a cultura e realizar o trabalho do corpo e da mente. Para participar das aulas

é necessário se inscrever separadamente em cada curso e pagar uma mensalidade no valor de 40 reais.

Com vestimentas da tradição japonesa, mulheres ensaiam a dança Bouyo-Bu

Caroline Neumann

Dez/2014 – Liberdade em Destaque - 9

Por Caroline Neumann

Tradições japonesas são cultivadas pela AcalAssociação Cultural e Assistencial da Liberdade disponibiliza aulas de dança para a terceira idade

Page 10: Jornal Liberdade em Destaque

A região da L i b e r d a d e abriga uma

comunidade japonesa de cerca de 69.000 pessoas (segundo o senso de 2010). Para atender a demanda por informação, alguns jornais nasceram direcionados para esse público. Foi o caso do veículo São Paulo Shimbun, o primeiro jornal nipônico em terras brasileiras. O foco da publicação está em assuntos de interesse do público japonês, sem, contudo, abrir mão das notícias do Brasil. Outro jornal com o mesmo objetivo é o Nikkey Shimbun. Publicado em japonês e português, destacou-se por manter um vínculo direto com a imprensa do Japão.Pioneiro em tratar

assuntos japoneses no Brasil, o São Paulo Shimbun circulou pela primeira vez em 12 de outubro de 1946. Fundado pelo empresário Mituto Mizumoto, sua sede, localizada na rua batizada com seu nome, possui um ar sereno, mesmo se tratando de uma redação. Nesse ambiente atípico desenvolve-se há quase 70 anos um jornal que originalmente atende ao público nissei de São Paulo, mas com o passar dos anos levaria notícias para toda a comunidade japonesa no Brasil.O ambiente de trabalho

do São Paulo Shimbun conta com profissionais nipônicos e brasileiros, divididos em dois

núcleos, o português e o japonês. O repórter do núcleo brasileiro Thiago Martinez explica: “as pautas são trabalhadas conforme o interesse do público-alvo. O núcleo português atende sobre tudo o que acontece com a comunidade japonesa

no Brasil; política, esporte, economia, saúde; enquanto o núcleo japonês aborda os assuntos de maior impacto no Japão e os reporta para o Brasil”.Sob uma mesa antiga,

debaixo de algumas embalagens com material vindo do Japão, um exemplar ainda em fase de acabamento mostra a cara da publicação. Com circulação semanal (à exceção dos sábados e domingos), o conteúdo do jornal trabalha com temas que passeiam pela diversidade do cotidiano dos cidadãos nipo-brasileiros como cultura, diversidades e afins.

Segundo Martinez, “as editorias trabalham em conjunto para atender as necessidades de informação do público nissei no Brasil. Os assuntos principais ocupam o topo do jornal e os rodapés atendem pelos cadernos diários”. O

repórter explica que cada dia da semana o veículo trata um determinado assunto, na segunda falam sobre os temas mais pesados: política, economia, já nos demais dias variam os assuntos, que vão de saúde e culinária a música, eventos e cidadania.A distribuição é feita

pela Editora Folha, onde os exemplares são direcionados em maior número para o estado de São Paulo, além do Paraná e Mato Grosso, e em menor escala para as demais regiões do Brasil. Assim como no meio impresso, o Jornal São Paulo Shumbun também

é o pioneiro no conteúdo online, disponibilizando chamadas que são complementadas pelas matérias oferecidas no veículo impresso.O concorrente do São

Paulo Shimbun fica na Rua da Glória, cerca de 300 metros da sua

sede. Possui uma área de trabalho menor, sem grande movimentação. Uma escadaria leva até ao local onde pilhas de jornais antigos ocupam parte das mesas da Redação.wCom tom sério, o

redator-chefe da redação japonesa, Masayuki Fukasawa conta que o “Nikkey Shimbun nasceu em 1998, a partir da fusão de outras duas publicações: o Jornal Paulista e o Diário Nippak”. Segundo Fukasawa“O Jornal Paulista nasceu em 1947, enquanto o Diário Nippak circulou pela primeira vez em 1949,

logo, o Nikkey Shimbun carrega uma tradição de quase setenta anos”. Diante de um

mostruário notava-se diversas publicações, entre as quais o exemplar do jornal em duas línguas, aliás. “Nosso conteúdo é voltado para a comunidade japonesa, principalmente para os imigrantes”, explica Fukasawa. Com sotaque carregado, o redator esclarece que as notícias internacionais são compradas de uma agência japonesa, a Kodo, e repassadas sob sua permissão em território brasileiro.O ambiente, apesar

de contar com poucos funcionários (apenas cinco repórteres), é bastante intenso, carregado e dinâmico como qualquer outra redação. Fukasawa mostra os números da tiragem do jornal: “São impressos dez mil por dia, com edições semanais em português e japonês. Só não circula nos domingos e nas segundas”.Por questão de praticidade, o conteúdo online oferece suporte ao que sai no meio impresso, já que o envio de correspondnete para o Japão gera um custo elevado para o jornal. “O tempo que um jornalista levaria para ir e voltar com a notícia impossibilitaria seu uso, ao passo que a internet agiliza todo esse processo”, avalia.

Pilhas de antigas edições do jornal nipo-brasileiro Nikkey Shimbun, criado em 98

Erverton Sousa

10 - Liberdade em Destaque – Dez/2014

Por Erverton Sousa

Comunidade japonesa publica jornais impressos‘Publishers’ falam do surgimento dos veículos impressos da Liberdade e como estão atualmente

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A L i b e r d a d e , como outros bairros do

centro da cidade de São Paulo, tem sofrido, ao longo dos últimos anos, com o avanço rápido da degradação e da violência. De acordo com moradores e donos de comércios da região, o lixo acumulado nas ruas, o aumento dos congestionamentos nas vias locais e a sensação de insegurança e impunidade são, de forma geral, alguns dos maiores problemas do bairro oriental.

Pesquisa divulgada em setembro de 2012 pelo jornal Folha de S.Paulo, na segunda edição do seu especial quadrienal sobre regiões da capital paulista, “DNA Paulistano”, mostrou uma queda de satisfação dos moradores da Liberdade. Com notas de 0 a 10, 35 aspectos foram analisados, dentre alguns deles, iluminação, atividades culturais, área de lazer e segurança. A nota média do bairro, que na coleta de dados de 2008 ficou em 6,3, caiu 4

anos depois para 6,0.Nas últimas semanas, a

equipe de reportagem do Liberdade em Destaque percebeu que lojistas fechavam as portas de seus estabelecimentos sempre 15 minutos antes das 18h. Apreensivos, os comerciantes confessaram estar com medo do aumento de roubos e arrastões na região, que, segundo eles, acontecem no horário de fechamento das lojas.Um lojista, que preferiu

não se identificar,

disse que mesmo com o pagamento de um segurança particular de rua, os crimes continuam acontecendo, mas que realiza o pagamento da taxa por medo de alguma represália.

OUTRO LADOProcurada, a SSP

(Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) informou através de sua assessoria de comunicação desconhecer “essa frequência de ações criminosas no bairro”, mas

afirmou que o “aumento de policiamento na região central para coibir a ação de criminosos é uma realidade e que a denúncia da equipe de reportagem será apurada”.De acordo com

estatísticas disponíveis no site da SSP, o número de inquéritos policiais instaurados no bairro da Liberdade até setembro deste ano é de 710, contra 1.024 referente ao mesmo período de 2013.

Com Tatiana Mallmann

Dez/2014 – Liberdade em Destaque - 11

Por Alberto Nogueira

Sujeira, trânsito e insegurança preocupam popularesNa questão da violência, Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirma desconhecer casos

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