jornal de estudo

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Hobbie, curiosidade e aprimo- ramento do currículo estão en- tre os motivos apontados pelos alunos na hora de fazer matrí- cula em outros cursos. Mas a multidisciplinaridade pode re- presentar novas oportunidades de atuação profissional (p.3) Com o colapso das principais avenidas, vias alternativas da cidade também sofrem engarrafamentos e aumentam dificuldades para os motoristas. Percursos que antes demoravam cerca de 15 minutos de carro, hoje levam mais que o dobro do tempo, o que obriga as pes- soas a saírem mais cedo de casa. Segundo o Sindicato dos Taxistas, o horário de maior movimento tem sido entre 17h e 19h (p. 5) Estudantes buscam conhecimento em disciplinas opcionais Trânsito de JF muda rotina dos motoristas Jornal de Estudo Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF | Juiz de Fora, Setembro de 2011 | Ano 46 | Nº 216 Jornal de Estudo Médicos enfrentam difícil rotina no SUS Mesmo depois de eleitos, políticos têm usados as redes sociais, como Facebook e Twitter, para se manter em visibilidade e prestar contas à sociedade. Uma forma de incentivar a politização de jovens e fortalecer a democracia (p. 4) Eleitores e políticos ficam mais próximos pela internet Salários baixos, plano de carreira ruim e usuários insatisfeitos dificultam rotina médica nos hospitais públicos juiz-foranos. A situação tem desanimado os estudantes de medicina que acabam não se interessando em trabalhar na saúde pública (p. 9) Time de vôlei da UFJF na elite nacional Projeto da Universidade Federal de Juiz de Fora conquista vice-campeonato na Liga Nacional e garante o direito de dis- putar a Superliga (p. 10) 42 anos de resgate da tradição alemã Oportunidade do primeiro emprego em Juiz de Fora é maior no comércio Comércio lídera ranking quando assunto é primeiro em- prego, com quase o dobro de contratações que o se- gundo colocado. A pesquisa divulgada pelo Caged traz os setores da indústria e da construção civil em segun- do e terceiro lugar, respectivamente (p. 5) Sites estimulam a cultura do ‘faça você mesmo’ É crescente o número de pessoas que formam grupos na internet e buscam tornar viável o acesso a shows, apre- sentações e até mesmo filmes que passam longe das salas de cinema de suas cidades. O fenômeno chamado de ‘cro- wdfunding’ é utilizado para explicar esses empreendimen- tos gerados por esforço coletivo, aproveitando a massifica- ção da internet e de softwares de colaboração (p. 6 e 7) Tecnologias que influenciam o cotidiano Com uma ideia na cabeça e a internet nas mãos, eles realizam projetos com pessoas conectadas pelo mesmo ideal Maior evento de setembro do calendário turístico de JF, Festa Alemã valoriza a culi- nária e as danças folclóricas trazidas pe- los imigrantes (p.12) Professores da UFJF em parceria com norte-americamos promoveram o 3º Software Studies Workshop, na Facul- dade de Comunicação (p.8) João Vallo Felipe Gasparete Carolina Peralta Divulgação Divulgação Laís Mendes

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Setembro de 2011

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Page 1: Jornal de Estudo

Hobbie, curiosidade e aprimo-ramento do currículo estão en-tre os motivos apontados pelos alunos na hora de fazer matrí-cula em outros cursos. Mas a multidisciplinaridade pode re-presentar novas oportunidades de atuação profissional (p.3)

Com o colapso das principais avenidas, vias alternativas da cidade também sofrem engarrafamentos e aumentam dificuldades para os motoristas. Percursos que antes demoravam cerca de 15 minutos de carro, hoje levam mais que o dobro do tempo, o que obriga as pes-soas a saírem mais cedo de casa. Segundo o Sindicato dos Taxistas, o horário de maior movimento tem sido entre 17h e 19h (p. 5)

Estudantes buscam conhecimento em disciplinas opcionais

Trânsito de JF muda rotina dos motoristas

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF | Juiz de Fora, Setembro de 2011 | Ano 46 | Nº 216

Jornal de EstudoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF | Juiz de Fora, Setembro de 2011 | Ano 46 | Nº 216

Jornal de Estudo

Médicos enfrentam difícil rotina no SUS

Mesmo depois de eleitos, políticos têm usados as redes sociais, como Facebook e Twitter, para se manter em visibilidade e prestar contas à sociedade. Uma forma de incentivar a politização de jovens e fortalecer a democracia (p. 4)

Eleitores e políticos ficam mais próximos pela internet

Salários baixos, plano de carreira ruim e usuários insatisfeitos dificultam rotina médica nos hospitais públicos juiz-foranos. A situação tem desanimado os estudantes de medicina que acabam não se interessando em trabalhar na saúde pública (p. 9)

Time de vôlei da UFJF na elite nacional

Projeto da Universidade Federal de Juiz de Fora conquista vice-campeonato na Liga Nacional e garante o direito de dis-putar a Superliga (p. 10)

42 anos de resgate da tradição alemã

Oportunidade do primeiro emprego em Juiz de Fora é maior no comércioComércio lídera ranking quando assunto é primeiro em-prego, com quase o dobro de contratações que o se-gundo colocado. A pesquisa divulgada pelo Caged traz os setores da indústria e da construção civil em segun-do e terceiro lugar, respectivamente (p. 5)

Sites estimulam a cultura do ‘faça você mesmo’ É crescente o número de pessoas que formam grupos na internet e buscam tornar viável o acesso a shows, apre-sentações e até mesmo filmes que passam longe das salas de cinema de suas cidades. O fenômeno chamado de ‘cro-wdfunding’ é utilizado para explicar esses empreendimen-tos gerados por esforço coletivo, aproveitando a massifica-ção da internet e de softwares de colaboração (p. 6 e 7)

Tecnologias que influenciam o cotidiano

Com uma ideia na cabeça e a internet nas mãos, eles realizam projetos com pessoas conectadas pelo mesmo ideal

Maior evento de setembro do calendário turístico de JF, Festa Alemã valoriza a culi-nária e as danças folclóricas trazidas pe-los imigrantes (p.12)

Professores da UFJF em parceria com norte-americamos promoveram o 3º Software Studies Workshop, na Facul-dade de Comunicação (p.8)

João Vallo

Felipe Gasparete

Carolina Peralta

DivulgaçãoDivulgação

Laís Mendes

Page 2: Jornal de Estudo

Setembro de 2011Jornal de EstudoOpinião2

Editorial

A precarização das institui-ções públicas figura no rol de problemas políticos

mais graves de nosso país. Movida por diversos vícios, desde a má ges-tão de bens públicos, por parte do Governo, até a conduta desviante de profissionais e usuários, a deterio-ração de serviços básicos prejudica o acesso de milhares de brasileiros à saúde, à educação e à segurança de qualidade. Nota-se, na recusa dos médicos em atender a demanda do SUS, um repúdio às condições de trabalho ruins e a remuneração desproporcional do sistema público de saúde. A responsabilidade por esse fato fica dividida, ou melhor, compartilhada. De um lado, está o contribuinte, que não fiscaliza o uso dos impostos que paga; de outro, os poderes Executivo, Legislativo e Ju-diciário e suas falhas estruturais.

Se por um lado a balança pende para o descaso com antigas institui-ções, surgem novas potencialidades democráticas. A internet, e outros veículos “do instantâneo”, como a comunicação móvel, surgem como novas opções de canal comunicati-vo para fins políticos. Não é possí-vel mais posicionar-se ingenuamen-te diante de ferramentas poderosas como as redes sociais. Geridos pe-los próprios políticos e correlegio-nários, blogs, sites e perfis, se mul-tiplicam na rede; alguns candidatos, inclusive, usam da internet como sua principal plataforma de diálogo com o eleitorado.

As possibilidades oferecidas pe-los “novos meios” ainda não foram completamente exploradas. Não apenas na política os caminhos são incertos, como também na dinâmica de consumo das pessoas, cada vez mais invadida por hábitos ligados à tecnologia.

O crowdfunding, ou “financia-mento pela massa”, em tradução li-vre, encontra no meio hipermidiático a ferramenta perfeita de captação de dinheiro. Milhares de pessoas, pela internet, doam quantias pequenas, que somadas são capazes de finan-ciar projetos de arte, candidaturas e até o tratamento médico de pessoas que você nunca viu antes. Segundo especialistas, boa parte do sucesso da campanha do Obama, em 2008, deve-se a arrecadação feita pelo site “myObama”, fato que deu ainda mais força para as discussões sobre os impactos políticos da internet.

O desafio do primeiro emprego é sempre angustiante para os jovens. A pouca experiência e

a insegurança de dinâmicas em grupo e entrevistas, que mais parecem sabati-nas, tornam a busca por uma colocação no mercado de trabalho uma verdadeira tortura.

Por onde começar? Ficar desenhan-do é realmente útil? Por que estão ba-lançando a perna? Será que falei algo errado? São muitas as dúvidas que afli-gem os candidatos. Especialistas falam que não há dica melhor que tentar man-ter a calma acima de tudo. E, claro, não

muitos jovens dispostos a se dedicarem para ganhar ‘uma grana’ no fim do mês. Uma boa porta de entrada no setor de comércio varejista são as datas de gran-de movimentação do setor de compras. O emprego temporário pode se tornar fixo com apenas algumas demonstra-ções de interesse e boa vontade.

Mesmo com todas essas dicas, você pode não ser o selecionado da vez. Isso também é previsível. A persistência nessa conquista pode ser fundamental para o sucesso. Nenhum grande talen-to conseguiu logo de cara. Quem sabe você é o próximo.

querer que seu primeiro emprego seja o de Executivo chefe de uma multinacio-nal. Começar de baixo, ganhar experi-ência, mostrar seu valor e aspirar uma promoção. Essa é a ideia de sucesso profissional.

Se o candidato ainda não tem mui-ta experiência ou qualificação, buscar cargos atrelados a áreas com pouca exi-gência teórica é o mais adequado. É o caso de algumas funções na construção civil e no comércio. Em Juiz de Fora, foram esses os departamentos que mais empregaram os iniciantes. Por ser polo de estudantes na região, a cidade abriga

Raphaela Benetello

Isso é mesmo necessário?

É verdade que o governo pretende negociaR com os grevistas?

HEIN!?

Nós estamos aqui para isso!!

Charge

“Estamos em greve!” O trabalhador encontra o cartaz colado na porta do

banco, e sem o que poder fazer, engole seus problemas e necessidades, que de-vem ser adiadas até quando os patrões resolverem abrir negociação. “Parali-sados, por período indeterminado”, lê a mãe num bilhete que o filho trouxe da escola. As mobilizações e greves pipocam aqui e ali e a sensação que se tem é que não há mais o que fazer, está tudo congelado.

Se por um lado temos reivindica-ções legítimas, as lutas pelos direitos do trabalhador têm causado, na maio-ria das vezes, entraves extremamente prejudiciais a terceiros, como a popu-lação que utiliza os serviços que se encontram parados. Alunos do ensi-no médio da rede pública estadual se desesperam com a aproximação dos exames, e a falta de preparação, com as aulas paradas. Estudantes univer-sitários da UFJF vindos de outras ci-

bates e discussões, eventuais acordos, mas depois de algum tempo, o retorno aos conflitos parece ser inevitável. E o cotidiano vai se parecendo cada vez mais com o trânsito de uma metrópo-le: andando arrastado, ameaçando es-tagnar. Depender de qualquer desses serviços, sobretudo os públicos, vai se tornando arriscado, embora seja im-prescindível para o cidadão comum.

No meio dessa “sinuca”, percebemos que todo o problema é resultante de décadas de negligência da sociedade com problemas sociais sérios, que todos fingimos não ver, sempre que algum deles não nos afeta diretamente. Elegemos representantes políticos sem nenhum escrúpulo, de nossa parte ou da deles, e terminamos a história com essa confusão, que se deixa entrever frequentemente. Até quando vamos esperar que alguém resolva nossos problemas, enquanto estamos sentados despreocupadamente, vendo o tempo passar?

dades precisam gastar muito mais do que o normal com a alimentação, com o Restaurante Universitário de portas fechadas.

O descaso e a irredutibilidade, por parte das autoridades e dos patrões, apenas refletem a indiferença que a sociedade, como um todo, tem em relação a estas diversas lutas de clas-se. É até bastante comum encontrar estudantes felizes com as greves de professores, não se importando com a falta de aulas, e sem nem mesmo pen-sar na carga exaustiva de trabalho que os mestres enfrentam, sem um salário que recompense o esforço, que muitos diriam hercúleo. O que se tem, então, é o profissional que se desonra, sendo obrigado a lutar por direitos que lhe são garantidos por lei.

Talvez alguma coisa esteja errada. Observamos as paralisações e os pro-testos continuamente, e os problemas nunca se resolvem de maneira definiti-va. Volta e meia temos notícias dos de-

Protesto geralLuigi Gomes

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de ForaProduzido pelos alunos de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso

Reitor: Prof. Dr. Henrique Duque de Miranda Chaves FilhoVice-Reitor: Prof. Dr. José Luiz Rezende PereiraDiretora da Faculdade de Comunicação: Profª. Drª. Marise Pimentel MendesVice-Diretor da Faculdade de Comunicação: Prof. Dr. Paulo Roberto Figueira LealCoordenador da Faculdade de Comunicação diurno: Profª. Ms. Letícia TorresCoordenadora da Faculdade de Comunicação noturno: Prof°. Ms. Eduardo Leão

Expediente

Chefe do Dept. de Jornalismo: Profº. Drº. Boanerges Balbino Lopes FilhoProfessores orientadores:Profª. Ms. Janaina Nunes, Prof. Ms. Chico Brinati, Profª. Ms. Aline Maia, Profª Marise BaessoMonitoria: Luiz Henrique FreitasReportagem e Diagramação: Bárbara Moreira, Felipe Gasparete, Gabriela Cabral, João Guilherme Vallo, Laís Mendes, Luigi Gomes, Raíza Halfeld, Raphaela Benetello, Talitha Évely, Tatiane Oliveira, Victor Marcelino, Ana Luíza

Rocha, Juscielle Antunes, João Henrique Guimarães, Luciana Peronio, Natalie Mauad, Priscila Oliveira, Rodrigo Silva, Vanessa Verdeiro.

Rezende, Bárbara Ribeiro, Carolina Peralta, Danielle Caldas, Danielle Damasceno, Diego Almeida, Emílio Silva, Hélio

Tiragem: 1.000 exemplares. Endereço: Campus Universitário de Martelos, s/n – Bairro Martelos 36036-900Telefones: (32) 2102-3601 / 2102-3602

Page 3: Jornal de Estudo

Jornal de Estudo CampusSetembro de 2011

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Alunos buscam matérias extras para formaçãoOs motivos para a prática multidisciplinar revelam o desejo de crescimento pessoal ou profissional

A possibilidade de fazer matérias diferentes das exigidas na grade curri-

cular das faculdades atrai mui-tos estudantes que, por conta própria, acabam tendo uma formação multidisciplinar. O que motiva os acadêmicos a essa prática vai desde hobbie ou curiosidade, até a constru-ção de um currículo diversifi-cado, na busca por destaque no mercado de trabalho.

A multidisciplinaridade pressupõe que várias matérias podem ser reunidas sem que tenham o mesmo objeto de

estudo e tampouco partilhem qualquer tipo de relação. Co-ordenador da Faculdade de Pe-dagogia da Universidade Fe-deral de Juiz de Fora (UFJF), Paulo Roberto Oliveira Dias leciona a matéria de Currícu-lo e Organização da Prática Pedagógica. “É importante que os alunos quebrem a visão linear, típica da sociedade, e procurem construir o conhe-cimento a partir de diversas abordagens”, afirma.

Graduando do oitavo pe-ríodo de Medicina da UFJF, Vinícius Gonçalves Azevedo dos Santos já cursou Introdu-ção ao Cinema na Faculdade de Comunicação Social, além

Estudantes buscam em outras áreas conhecimentos complementares aos que vão adquirir no curso de origem

Danielle DamascenoVanessa Verdeiro

Alteração no trânsito da UFJF causa transtornosBárbara Ribeiro e Jucielle Antunes

De acordo com o Pró-reitor de Infraestrutura, o pedido para colocação das placas já foi encaminhado à Settra

As obras da UFJF in-terferem diretamen-te na vida de quem

circula pelo Campus. Bene-ficiando os estudantes, os prédios recem-construídos precisam, porém, de novas vias de acesso, o que au-menta, consequentemente, o fluxo de veículos.

Para que o ambiente continue seguro para moto-ristas e pedestres, a sinali-zação adequada é indispen-sável. Na rotatória em fren-

te à cantina da Faculdade de Educação (Faced), por exemplo, é recorrente ver os motoristas desrespeita-rem a sinalização horizontal da pista, cometendo várias infrações de trânsito. Natá-lia Pereira é aluna da Facul-dade de Enfermagem e faz matérias na Faced. De acor-do com ela, fazer esse traje-to a pé tem sido perigoso: “a falta de calçadas já é ruim e isto é agravado pelos moto-ristas que não respeitam os pedestres. Temos que nos equilibrar entre o meio-fio

e a calçada de terra”. Os motoristas que fre-

quentam a UFJF também enfrentam problemas pela falta de orientação, diante de placas antigas e desatu-alizadas. Juliana Magalhães é mãe de uma aluna da Fa-culdade de Arquitetura e re-clama: “para quem não vem todo dia à UFJF é difícil en-contrar o caminho certo das faculdades. A placa que in-dica o ICH ainda é próxima à faculdade de Letras, mas o ICH também funciona do outro lado, bem longe da-qui.”

A UFJF é responsável pela sinalização em par-ceria com a Secretaria de Transporte e Trânsito do município. A Universidade faz as alterações nas vias e solicita ao órgão municipal a pintura e instalação das sinalizações das vias. De acordo com o Pró-reitor de Infraestrutura, Paschoal Ro-berto Tonelli, a sinalização

horizontal já está pronta, faltando apenas os “olhos de gato”, que serão coloca-dos em breve, garante.

Quanto à sinalização vertical, ainda será provi-denciada: “encaminhamos o pedido à Settra, responsá-vel por instalar as placas”, diz Tonelli. Ainda segundo ele, a linha de trabalho é no sentido educativo: “na uni-versidade temos o papel de educar e instruir, mais do que punir. Por isso, medidas educativas serão tomadas. Nosso objetivo é orientar o motorista e o pedestre para circularem de forma segura no Campus”. O pró-reitor reitera que as obras ainda não estão concluídas, por isso a sinalização também não está completa.

A velocidade máxima permitida no Campus é de 40 quilômetros por hora, mas é comum ver os carros passando muito mais rápido.

Além disso, os veículos não param diante das faixas para dar passagem aos pedestres, como deveriam. “Depen-demos da boa vontade de uns poucos para atravessar a rua”, reclama o aluno Vi-tor Pascoal, que frequenta o prédio do antigo ICH.

Além do novo Instituto de Ciências Humanas (ICH), também o Instituto de Ciên-cias Biológicas (ICB), de Ciências Exatas (ICE), entre outros setores da UFJF vão receber reestruturações no trânsito. Entre novas marca-ções para vagas, direção das vias e pontos de ônibus, as alterações visam melhorar o fluxo de pessoas e veículos, como na alteração da saída do ICE, onde agora os car-ros são obrigados a seguir em direção à Faculdade de Engenharia. A mão única, diz a Pró-reitoria de Infraes-trutura, garante que os pedi-dos de sinalização já foram encaminhados à Settra.

Foto: Cri-stiane Delgado/Divulgação

Carro desrespeita a sinalização horizontal na rotatória em frente à Faculdade de Educação

Conteúdos podem ser diferenciais

de Psicologia e Saúde e Psico-patologia no curso de Psicolo-gia. “Escolhi as matérias pela vontade de aprender sobre os temas que despertavam curio-sidade mesmo antes de cursar medicina. O cinema, principal-mente, é um dos meus hobbies favoritos”, explica.

Com a organização curri-cular especializada, muitas ve-zes os estudantes buscam em outras áreas novas alternativas para o seu campo de atuação, como no caso de Vinícius. “As matérias do curso de psicolo-gia me ajudaram a ter um olhar diferenciado sobre as afecções do campo psiquiátrico e po-dem ser diferencial em uma

Formada em Filosofia pela UFJF, Caliandra Calisto, 21 anos, já atua em sua área, lecionando para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) no Co-légio de Aplicação João XXIII. Enquanto acadêmica, cursou Língua Italiana na Faculdade de Letras por três semestres. “A oportunidade de conhecer outra língua e ampliar meus conhecimentos me motivaram na busca pela disciplina.”

Ela conta que precisava de matérias optativas para atingir os créditos necessários para a formação, e a escolha contri-buiu para o seu curso, facilitan-do a leitura e o entendimento de determinadas obras.

Mesmo que, em sua atua-ção profissional, a matéria ain-da não tenha sido aproveitada, Caliandra acredita que conteú-dos extras podem ser diferen-ciais. “Cada vez mais exigente e competitivo, o mercado co-bra do profissional a capacida-de de exercer diversas ativida-des, dentro e fora de sua área de atuação. A possibilidade de começar a praticar essa tendên-cia no ambiente acadêmico há, sem dúvida, de ser explorada pelos alunos.”

Aluna do quarto período do Bacharelado de Ciências Humanas da UFJF, Jéssica Li-lian da Costa Nocelli, já cursou matérias em diversas áreas, como letras, psicologia e artes.

Embora necessárias para a complementação de créditos, as disciplinas foram escolhidas por serem consideradas impor-tantes para sua atuação pro-fissional. “Outras abordagens fazem com que o meu currí-culo seja diferente de todos os outros e expandem a possibili-dade de atuação para além do turismo, que é a minha área de interesse.”

O professor Paulo Dias alerta que, para quem pretende utilizar disciplinas extras para enriquecimento curricular na área de atuação, é preciso al-guns cuidados: “Normalmen-te, a orientação é que os alunos busquem optativas no próprio curso. Para agregar valor ao currículo, é saudável ver ou-tras áreas sim, desde que haja coerência. Um curso de balé pode favorecer a contratação de uma profissional de educa-ção física, mas não conta na contratação de uma engenhei-ra, por exemplo.”

Vanessa Verdeiro

futura análise de currículo.”Para o estudante, a impor-

tância da prática multidiscipli-nar vai além de perspectivas profissionais. “O crescimento é sempre pessoal. Pensar que

por ser de um curso ou área diferente da que você está fa-zendo é inútil, é fechar a men-te para novas abordagens e deixar de enxergar soluções.”

Page 4: Jornal de Estudo

Setembro de 2011Jornal de EstudoCidade4

Oportunidade de 1º emprego é maior no comércioLaís Mendes

Cidade abriga mais de 26 mil comerciários; possibilidade de efetivação de temporários é de 25%

Retenções no trânsito dobram tempo ao volante Felipe GaspareteGabriela Cabral

Tráfego intenso causa lentidão no centro da cidade e atrasa o percurso dos juiz-foranos

Joaquim Mendes, 55 anos, reclama do trânsi-to em Juiz de Fora. Para

realizar o trajeto de carro da Avenida Francisco Bernardi-no até o Mergulhão na Ave-nida Barão do Rio Branco, que costumava demorar cer-ca de 15 minutos, hoje leva o dobro . O “Jornal de Estu-do” acompanhou o itinerário do instrutor de autoescola e constatou que há dificuldade para a circulação em trechos da área central. Segundo Mendes, era possível fugir de engarrafamentos no Centro através de vias alternativas, como as Avenidas Olegário Maciel e Brasil, porém hoje essas rotas também já estão saturadas.

O instrutor não é o único que compartilha desta opi-nião. Taxistas da cidade tam-bém avaliam que o trânsito precisa de reformas urgentes. De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas, Aparecido Fagundes, o ho-rário de maior movimento é entre 17h e 19h. O instrutor diz que quando dá aula du-rante esses horários, percebe que há uma grande movi-mentação de veículos. “Pois

é quando as pessoas saem do trabalho e as crianças da escola”. Para o presidente do sindicato, são necessárias re-formas que auxiliem o fluxo de veículos nas principais pistas da cidade e nas rotas alternativas.

Segundo a assessoria de comunicação da Settra Secretaria de Transporte e

Trânsito (Settra), o Centro não tem como expandir, uma vez que é um modelo da dé-cada de 1980 e já não há mais espaço. O que a Settra propõe são obras de revitalização das principais vias do Cen-tro, além da construção de outras. O número de veículos em Juiz de Fora vem aumen-tando a cada ano, trazendo

mais transtornos para a cida-de. Segundo a Settra, a frota do município cresce em ter-mos de proporção mais que a frota de São Paulo. Hoje, Juiz de Fora possui quase 200 mil veículos. O Centro possui, em média, 45 mil automóveis circulando, porém, na sexta-feira, esse número aumenta 20%, é o dia da semana em

que o trânsito registra maior movimentação.

As obras prometidas para as principais ruas do municí-pio são para a revitalização das pistas. Outra reforma pre-vista é a construção de três viadutos que servirão como alternativas para melhorar o fluxo do tráfego. Um deles li-gará a Avenida Brasil à Ave-nida Francisco Bernardino. Além disso, há um projeto visando aumentar o número dos pontos de ônibus em 60% a 80% em toda a extensão da Avenida Rio Branco, como forma de incentivar o uso de transporte coletivo. Algumas obras já estão sendo realiza-das, outras estão previstas para 2012.

Além das obras, a Set-tra cita campanhas para a conscientização da popula-ção para utilizar o transporte público. Outra alternativa é a Carona Solidária, que consis-te em combinar com os ami-gos ou conhecidos que pos-suem carros o revezamento de veículos. A construção de ciclovias no centro da cidade não é possível, devido à falta de espaço, porém há um es-tudo sendo realizado para a implementação das ciclovias na Zona Norte.

Mariana Campos conseguiu conciliar o seu 1º emprego em loja com o estudo

Fonte: Caged

1º emprego – Janeiro a Junho de 2011

Comércio 1.070Indústria da Transformação 547Construção Civil 189Agropecuária, Caça e Pesca 4Serviço Industrial de Utilidade Pública 1Extrativismo Mineral 0

Mil e setenta pos-tos de primeiro emprego foram

criados no comércio juiz-forano, no primeiro semes-tre deste ano. Setores como indústria da transformação e construção civil, conside-rados atualmente os maio-res contratadores de mão de obra, vêm logo em seguida, com 547 e 189 admissões de iniciantes, respectivamente. As informações são do Ca-dastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Para o presidente do Sin-dicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Emerson Beloti, os motivos que resultam em grande nú-mero de contratações são simples. “O comércio é o primeiro emprego da maio-ria das pessoas, porque não requer muita qualificação e experiência, além de ser mais versátil no horário de trabalho”. Ainda segundo o presidente, Juiz de Fora pos-sui mais de 26 mil comerci-ários, incluindo atacadistas, varejistas e prestadores de

serviços, entre outros. Be-loti explica que “nossa ci-dade é polo do varejo e de serviços da região da Zona

da Mata e, por isso, gera muitos empregos no setor”. As vagas temporárias acon-tecem apenas em momen-

tos sazonais do comércio, como é o caso do Natal, do Dia das Mães, do Dia dos Namorados e do Dia dos Pais. Em outras ocasiões, a taxa de permanência dos re-cém-contratados é alta. “O nível de contratação segue uma tendência anual de 5% a mais no número de con-tratações em relação ao ano anterior. No ano passado, foram contratados, no perí-odo do Natal, aproximada-mente 1.200 pessoas, o que gerou a possibilidade de 25% de efetivação no início de 2011”, aponta Beloti.

A estudante Mariana Campos, 21 anos, traba-lhou pela primeira vez em uma loja de sapatos e bol-sas, em um shopping da cidade. Mariana conta que esta foi a única oportuni-dade que não exigia expe-riência e ainda era possível conciliar com os estudos, já que a jornada de traba-lho era de seis horas diá-rias. Apesar da f lexibilida-de de horário, a estudante ressalta que é necessário ter comprometimento com a atividade exercida. “São

seis dias de trabalho por semana, incluindo sábados, domingos e feriados. Quem quer trabalhar em shoppin-gs, por exemplo, precisa ter consciência de que será preciso abdicar destas da-tas”, explica.

Mariana permaneceu no emprego por dois anos. O mesmo aconteceu com Christian Ronzani, 24 anos, que trabalhou durante dois anos e nove meses em uma loja de artigos esportivos. O estudante diz que sentiu-se útil trabalhando pela primeira vez. “A oportuni-dade do primeiro emprego foi extremamente impor-tante para mim. Aprendi a ser mais organizado, a lidar com o público, e por isso permaneci no cargo de ven-dedor por um bom tempo”.

O comércio não só gera vagas para iniciantes, como também emprega quem já está no mercado há mais tempo. Em Juiz de Fora, segundo dados do Sindico-mércio, o setor de alimen-tos e gêneros alimentícios é o principal responsável pelas contratações.

No trecho da Rua Santo Antônio, próximo ao cruzamento com a Avenida Independência, as retenções acontecem diariamente

Foto: Felipe Gasparete

Foto: Arquivo Pessoal

Page 5: Jornal de Estudo

Jornal de Estudo PolíticaSetembro de 2011

5

Da reitoria para o pleito municipal

Hélio RochaNatalie MauadJoão Henrique Guimarães

Ex-reitores falam sobre como suas traje-tórias acadêmicas os levaram à política

Políticos juiz-foranos utilizam internet para se aproximar de eleitoresHélio RochaNatalie MauadJoão Henrique Guimarães

Uso das redes sociais incentiva politização dos jovens e colabora para a consolidação e o fortalecimento da democracia no país

A internet vem ga-nhando importân-cia cada vez maior

na política, à medida que a sociedade brasileira passou a participar de maneira mais ativa do processo eleitoral.

Isto porque a rede ofere-ce muitos meios de interação entre o candidato e o eleitor. Com o atual sucesso das re-des sociais entre os jovens, como o Twitter e o Facebook, as estratégias de campanha nas mídias digitais devem se tornar maiores a cada eleição, e no Brasil muitos políticos já estão atentos a essa nova fer-ramenta. Eles têm usufruído de fóruns online e microblo-gings para divulgar seus tra-balhos, compartilhar opiniões e fazerem-se conhecidos.

Um dos que usam esta nova ferramenta para prestar contas sobre seu mandato é o deputado estadual Bruno Siqueira. Ele possui asses-soria de imprensa, website e um boletim informativo para e-mails cadastrados, além de perfis no Orkut, no Facebook e no Twitter. “Hoje em dia as pessoas podem participar do processo eleitoral, fiscalizan-do, cobrando e apresentan-do sugestões para que nossa cidade, estado e país pos-sam se desenvolver”, afirma.

O vereador Noraldino Júnior usa com frequência a internet para divulgar seus tra-balhos, acredita que as redes sociais contribuem para me-lhorar a visibilidade. “Existe uma imagem desgastada da política e as mídias digitais nos permitem mostrar um lado que as pessoas preci-sam compreender, que nem todos fazem parte do grupo dos maus políticos”, afirma.

Para especialistas a emer-gência da internet como uma nova mídia, ajuda na consoli-dação das democracias, poli-tizando os jovens e exigindo transparência. “A internet, se bem trabalhada, tem um potencial muito grande de mensagem e de interativida-de. Explorar esse potencial nos dá uma grande possi-bilidade de politização dos mais jovens”, afirma o pro-fessor Ricardo Bedendo, da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Fe-deral de Juiz de Fora (UFJF).

Para ele, o político que faz uso das mídias digitais deve estar atento, sobretudo, à questão geracional que está presente na utilização das re-

des, uma vez que a maior par-cela dos usuários é formada por jovens. Sendo assim, o po-lítico fica obrigado a pesquisar e descobrir as demandas desta

Há um histórico de ex-reitores da UFJF que se candidataram ao plei-

to eleitoral do município. Nas eleições de 2000, René Matos, foi o primeiro a se candidatar a um cargo público, concorrendo à prefeito pelo PSB. Oito anos mais tarde foi a vez da petista Margarida Salomão.

Em 2012, a participação de candidatos que tenham no pas-sado a experiência como gestor na Universidade pode crescer. Além de Margarida, a disputa pela Prefeitura de Juiz de Fora pode contar com a presença do atual reitor Henrique Duque, considerado uma figura de cre-dibilidade.

O ambiente acadêmico sempre foi palco de disputas políticas e lutas sociais que até hoje mobilizam profes-sores, alunos e funcionários, organizados em partidos ou movimentos que, direta ou indiretamente, têm suas pro-postas discutidas a cada dois anos em eleições. Diretórios Acadêmicos e o Diretório Cen-tral dos Estudantes, sindicatos de funcionários e professores, além dos movimentos sociais, pautam grande parte das dis-cussões nos poderes legislativo e executivo.

René Matos reconhece a importância do ambiente po-lítico universitário para a sua trajetória política. “A UFJF me influenciou, pois o ambiente me proporcionava o debate, me ensinava como entender e ajudar a sociedade”, afirma o professor da Faculdade de Far-mácia, reitor da UFJF entre os anos de 1994 e 1998. René ain-da ressalta outra questão im-portante, que é a visibilidade. “O reitor é uma pessoa pública e talvez isso influencie, ajudan-do em uma convenção de parti-do”, ressalta o professor.

Entretanto, em Juiz de Fora, mais do que por reivindi-cações sociais e pela produção de conhecimento, as últimas candidaturas mostram que a Universidade tem crescido em sua influência eleitoral. Ao todo são quase 20 mil alunos e dois mil servidores.

O crescimento da impor-tância do reitor como autori-dade civil tem sido apontado como determinante. Para Mar-garida, titular da Faculdade de Letras e reitora da UFJF entre 1998 e 2006, o desenvolvi-mento da instituição se reflete no município. “A Universida-de traz recursos permanentes, o que a torna fundamental para a vida na cidade, fazendo do reitor uma autoridade civil de primeira grandeza”.

Margarida destaca a im-portância de ter um histórico na luta política. “Eu penso que tanto o Renê quanto eu éramos participantes dos movimentos políticos. Elesempre foi filia-do a partido, presidiu o Dire-tório Central dos Estudantes. A Universidade teve muitos reitores que fizeram boas ges-tões e que, nem por isso, en-traram para a política.”

A participação na vida po-lítica da cidade de Juiz de Fora é apontada, portanto, como fundamental à construção de candidaturas a cargos execu-tivos. Segundo René Matos, uma pessoa pública passa por uma série de etapas para che-gar a pleitear a PJF: “No meu

caso o que ocorreu foi um pro-cesso natural que me conduziu a uma candidatura”.

Margarida lembra que para se tornar candidado à Prefei-tura e necessário ser filiado a um partido político. Além de filiada ao Partido dos Traba-lhadores, ela foi Secretária de Administração e Governo do ex-prefeito Tarcísio Delgado. “Até hoje o Reitor Duque não é filiado a qualquer partido político. É o primeiro passo que ele vai ter que dar se qui-ser disputar a eleição. Afinal, alguém é candidato pelo par-tido e não na condição de ex-reitor”. O prazo para a filiação se encerra no dia 7 de outubro de 2011.

Margarida ressalta que a trajetória política conta muito na hora do pleito

‘Formação política é fundamental’

O uso da internet como fer-ramenta de mobilização políti-ca tornou-se uma realidade nos Estados Unidos, onde o núme-ro de pessoas conectadas chega a 70%, e onde as eleições em 2008 foram desequilibradas pelas campanhas nas redes so-ciais. Nas prévias democratas, a estratégia do então candidato Barack Obama surpreendeu os esquemas tradicionais de seu partido, que estavam ao lado da atual secretária de estado Hilary Clinton, e alavancou sua candidatura para a vitória con-tra o republicano John McCain.

A hipótese de se conside-rar a internet como simples ferramenta de projeção po-lítica, no entanto, é refutada pelo professor Marcelo Dulci, da Faculdade de Ciências So-ciais da UFJF, que aponta o conteúdo da mensagem como fundamental. “Obama, na verdade, ficou conhecido por causa de um discurso que fez no Senado. Depois apareceu como uma jovem liderança negra. A internet por si mesma é apenas um meio, mas o dis-curso ainda é o mais efetivo”.

Para Dulci, a falta de um discurso provido de conteúdo, aliada ao acesso ainda redu-

Mais do que uma simples ferramenta

parte do eleitorado. “Há mui-tos grupos com pensamentos, valores, formações culturais diferentes, por isso é preciso entender as demandas sociais”.

zido dos brasileiros, impossi-bilitou a boa utilização dessa ferramenta nas eleições do ano passado. “Aqui no Brasil, tanto por Marina, quanto por Serra e Dilma, a internet foi usada de uma forma muito ruim, pouco inteligente e difamatória. En-tão, o que podemos tirar como conclusão é que a rede só se torna favorável dependendo de como o meio é utilizado.”

O conteúdo das men-sagens pode inclusive não estar limitado a candidatos e partidos. Causas ambien-tais e movimentos sociais, não necessariamente parti-darizados, podem interferir por suas reivindicações na atuação de governantes e do poder legislativo, ou estabe-lecer a luta pela democracia.

Ao lembrar as revoltas no mundo árabe, o professor Dulci destaca a força da in-ternet frente à censura de re-gimes autoritários. “Em um lugar onde as pessoas tenham acesso restrito e controlado, uma boa utilização faz a di-ferença. Os jovens árabes conseguiram se mobilizar por uma causa entalada, a demo-cracia, usando a ferramen-ta de uma forma positiva”.

Em perfis no Facebook e no Twitter, eles divulgam ações e projetos durante o mandato

Natalie M

auad

Page 6: Jornal de Estudo

Identificada a possibilidade da realização de um evento, levante os custos de produção.

Sabendo desse valor, divida o total em quantas unidades forem necessárias para se tornar viável a compra por um fã. Chamamos essas unidades de ingresso-reembolsável.

Com o valor mínimo necessário assegurado, o evento é confirmado e inicia-se a venda de ingressos normais para o público.

Todos que compraram o ingresso-reembolsável têm direito a um reembolso proporcional a venda de ingressos regulares, podendo ir de zero até ao valor integral.

O sucesso total da empreitada, com o reembolso integral, depende da venda de ingressos normais para o show. A participação do público na divulgação é fundamental para isso acontecer.

Setembro de 2011Jornal de EstudoEspecial6

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Consumidores se conectam para escolher, produzir e divulgar projetos culturais Redes sociais estão entre as ferramentas recentemente utilizadas por produtores e público na promoção de eventos; produção coletiva viabiliza o financiamento e aquece o cenário artístico em cidades como JF

A internet vem sendo uti-lizada como uma das principais fontes de

mobilizações que convergem diversos interesses, sejam eles políticos, sociais ou culturais.

Um dos novos usos dessa ferramenta é a formação de coletivos de pessoas interessa-das em tornar viável o acesso a determinados shows, apresen-tações, eventos e até mesmo filmes que passam longe das salas de cinema de suas cida-des.

O fenômeno é explicado pelo pesquisador e jornalista Jeff Howe que, em 2009, lan-çou o livro “Crowdfunding”, traduzido no Brasil com o títu-lo “O poder da multidão”. Na obra, ele tenta desvendar essa nova era em que o chamado “esforço coletivo” remodela os negócios, aproveitando-se da massificação da internet e de softwares de colaboração.

Em prol de uma cultura participativa

O crowdfunding fun-ciona através de financiamento co-

letivo. Nesse contexto, o mercado se depara com um perfil de consumidor-em-preendedor, uma novidade ainda para muitos, mas que vem crescendo cada vez mais.

Esse novo consumi-dor passa a determinar o que quer e, com ajuda de centenas de outras pessoas que têm o mesmo interesse, consegue trazer para sua ci-dade determinado produto cultural, por iniciativa pró-pria.

O primeiro endereço ele-trônico brasileiro que apre-sentou a plataforma de cro-

wdfunding voltada exclusi-vamente para projetos cul-turais, foi o Catarse, criado no início de 2011. No país, já existem hoje cerca de 20 sites do gênero.

Para Paula Medeiros, estudante de Comunicação Social na UFJF, que já par-ticipou de diversos eventos promovidos por associações de crowdfunding, o meio virtual é de fundamental importância para que esses eventos aconteçam. “O meu post no Facebook teve mais de 100 comentários, todo mundo se mobilizando para fechar as vendas. Faltando três horas para terminar o prazo, os ingressos foram todos vendidos.”, diz ela.

Mas nem só de alegrias e conquistas são feitos esses projetos. Rafael Zetti, funda-dor da plataforma de projetos culturais, ideias.me, acredita que alguns ficam cegos para as falhas de projetos que es-tão surgindo através de mi-crofinanciamentos. Segundo ele, é importante observar se os projetistas realmente pos-suem uma rede de apoio, se o objetivo é realista, se tem um público definido, etc.

Ou seja, antes de em-barcar nesse novo barco, estude bastante o tipo de público, crie um vídeo que chame bastante atenção, en-tusiasme as pessoas e, aci-ma de tudo, acredite no seu projeto.

Público escolhe o que quer assistir nas telas do cinema

Pipoca, refrigerante e guloseimas a postos. As luzes se apagam e

a aventura começa. Risos, choros, pensamentos. Assim acontece quando se vai ao cinema. A tela grande tem o poder de nos transportar para mundos distintos ou mesmo nos mostrar uma di-ferente visão da nossa rea-lidade. Porém, nem sempre aqueles filmes que estão em cartaz nos cinemas da cida-de são aqueles que o público quer ver. Antigamente, esse problema não teria solução. Mas, hoje, com o desenvol-

vimento da comunicação em rede, as pessoas têm se mobilizado via internet para escolher a programação que desejam assistir nas telonas.

Através do site Movie-Mobz é possível escolher entre diversos títulos, como “Bonequinha de luxo”, “Po-deroso chefão”, “De volta para o futuro”, disponíveis para exibição. Para que a sessão ocorra, o público deve entrar no site e votar. “Quando um monte de gente quiser ver, abrimos uma mo-bilização. Nessa hora entra a compra de ingresso. Use as redes sociais para divulgar. Quanto mais pessoas, me-lhor a programação e o pre-

ço”, afirma a empresa, em um texto de apresentação disponível em seu site.

Para a estudante Bru-na Provazi, 26, que mora em São Paulo, esse modelo funciona, pois o público já é garantido. “Eu e meus amigos decidimos o filme que queremos ver pelo site, postamos isso no Facebook, chamamos mais pessoas e vamos ao cinema ver exa-tamente aquilo que escolhe-mos.” O serviço que a Mobz disponibiliza envolve mais filmes antigos e eventos, como espetáculos de tea-tro, shows e óperas. “É uma oferta diferente, um modo de chamar pessoas aos ci-

nemas, principalmente hoje quando muita gente faz do-wnload de filmes em casa, mesmo isso sendo ilegal”, comenta Bruna.

Em Juiz de Fora, até o momento, nenhum dos ci-nemas aderiu à proposta de sites desse tipo. O que está mais próximo de passar a se-guir esse sistema é o Espaço Alameda, que recentemen-te adquiriu dois projetores digitais da Mobz e tem um acordo com a empresa para exibição de publicidade an-tes dos filmes.

A gerente Adriana de Paula comenta que das cin-co salas disponíveis, uma está reservada para a exi-

bição de óperas filmadas e obras menos comerciais. “Há cinemas da rede Espa-ço que só passam filmes de arte e conseguem se manter. Aqui em Juiz de Fora, o pú-blico que gosta desse estilo, apesar de pouco, é fiel. Re-centemente fizemos um fes-tival de cinema francês que foi um sucesso.”

Para o diretor de filmes Eduardo Resing, esse mo-delo de distribuição de fil-mes é o ideal. “É um conta-to direto entre as empresas e o público. O acordo com os cinemas ocorre em um se-gundo momento. O público escolhe o que quer ver. To-dos saem ganhando”.

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Como funciona o crowdfunding?

Fonte: queremos.com.br

Foto: Carolina Peralta

Depois que colocam o site no ar, jovens adeptor do crowdfunding passam para a fase de divulgação do projeto em busca de pessoas com interesses em comum

Danielle CaldasRodrigo Silva

Carolina Peralta

Page 7: Jornal de Estudo

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Consumidores se conectam para escolher, produzir e divulgar projetos culturais Redes sociais estão entre as ferramentas recentemente utilizadas por produtores e público na promoção de eventos; produção coletiva viabiliza o financiamento e aquece o cenário artístico em cidades como JF

O substantivo “coleti-vo” não poderia ser mais claro. Trata-se

de um conjunto de pessoas com uma determinada meta em comum. Hoje, coletivos culturais têm uma relação simbiótica com a internet, que ajuda tanto a propagar o nome, como unir as pessoas com este objetivo conjunto .

O Coletivo Sem Pare-des é um exemplo de união em prol da cultura. Depois de organizar um evento so-zinha, a socióloga da arte Virgínia Strack, idealizado-ra deste coletivo, usou suas influências de Uberlândia e do Coletivo “Fora do Eixo”. Então juntou-se a uma de-signer e a um cinéfilo jor-nalista e juntos convidaram um músico, um técnico do audiovisual, um diretor de fotografia e um outro desig-ner para tentar despertar em Juiz de Fora a potência cul-tural da cidade. Hoje, eles se focam na produção de pro-jetos audiovisuais e eventos de música com artistas de coletivos diferentes, inte-grando a cultura nacional.

O projeto cresceu, vai bem, e está perto de com-pletar um ano em outubro. Entre as principais realiza-ções está o festival SEDA,

voltado para exibição de fil-mes e oficinas de cinema, e a produção do clipe da banda Híbrida. O Coletivo Sem Pa-redes também organiza, sema-nalmente, o cineclube Bordel Sem Paredes. As sessões são no Anfiteatro João Carriço, no prédio da Funalfa, com entra-da franca.

Como vêm permitindo as novas tecnologias, esses gru-pos representam as comuni-dades virtuais, e se favorecem de trocas para que todos os co-letivos sejam mutuamente be-neficiados. “Trabalhar em um coletivo é quase sempre uma espécie de troca. Você pode pedir um favor aqui, com al-gum especialista de uma área que você não domina, e em

troca, paga com serviço da sua área. Tudo para que os even-tos e projetos que organiza-mos deem certo. Carregando e reforçando o nosso coleti-vo”, revela Virgínia. O artista plástico Guilherme Portes, da Confraria de Artistas de Juiz de Fora, procura sempre estar envolvido em todo o proces-so, além de projetos paralelos para que seu coletivo seja for-talecido.

A Confraria de Artistas de Juiz de Fora se constitui como um espaço das artes plásticas e cinema, em que seus membros organizam exposições para o público que se interesse pela área. Assim como o Coletivo Sem Paredes, para viver no mundo real desfavorecidos de

dinheiro, estes grupos rece-bem apoio de órgãos públicos, como a Funalfa, e financia-mentos de leis de incentivo, como a Murilo Mendes, para se concretizarem. No entanto, a vontade de fazer chega ao ponto de seus membros custe-arem o que for preciso para a realização de seus projetos.

E não para por aí. Estes grupos se ajudam e se for-talecem com alianças entre si. “Por exemplo, se alguma banda, de algum coletivo par-ceiro nosso estiver em turnê pela região, a gente recebe um e-mail avisando, para a possibilidade de organizar um evento com eles. Muitas vezes quando algum membro viaja, é ajudado por membros de

Produções coletivas que se realizam mesmo fora da rede

diferentes cidades, seja com a hospedagem ou mesmo alimentação. Tudo baseado na troca de favores”, disse Virgínia.

“Algumas pessoas que são bem românticas, quase vivem a utopia de só viver pelo coletivo”. Essa vivên-cia se dá de forma mais in-tensa para os que vivem na “Casa Fora do Eixo ”, uma espécie de sede do coletivo “Fora do Eixo”. Lá moram 15 pessoas de diversas fun-ções, como designers, pro-dutores, administradores que dividem não só o nome do grupo, mas também a casa, os alimentos, a vida e de lá surgem os projetos de even-tos, audiovisuais e plásticos.

Diego Almeida

Virgínia Strack (na ponta à direita) é a idealizadora do Coletivo Sem Paredes que completa um ano em outubro e já contabiliza quatro projetos realizados

Foto: Diego Almeida

A cada geração perce-bemos modos de comportamento que

caracterizam determinadas épocas. Uma das mudanças fundamentais observadas na contemporaneidade é o fato de o consumidor estar cada vez mais ativo e indepen-dente no momento de suas compras. Mesmo quando aquilo que o interessa não está diretamente ao seu al-cance, ele assume o papel de motivador para que cen-tenas de pessoas com inte-resse comum possam ajudá-los a conquistar, de forma coletiva, o objetivo final.

Para o professor da Fa-culdade de Administração da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Da-nilo de Oliveira Sampaio, especialista em comporta-mento do consumidor, isso acontece porque as pessoas têm sido levadas a agir ati-

vamente, com mais liber-dade. Ele acredita que as bases desse tipo de com-portamento pode estar no próprio comércio de varejo, por exemplo, em que você tem o auto- atendimento, com números de vendedo-res mais reduzidos.

“Isso serve tanto para reduzir os custos, como também para envolver o consumidor a descobrir no-vos formatos de compra, ele mesmo, com os conhe-cimentos que tem. Isso tudo vai despertar o lado cogniti-vo do consumidor. Ele pro-cura novos aprendizados, é auto-didata, busca mais informação e tende a fazer seus movimentos pela in-ternet.”

Danilo ressalta que ainda é cedo para afirmar que essa seja uma tendên-cia para os próximos anos: “não se tem, a princípio, muitos estudos a respeito desse novo perfil, dentro da

área de marketing. Paralelo a isso, temos que entender que existe uma política de consumo, das grandes em-presas que estudam o com-portamento do consumidor, e o leva a essa formação de atitude”.

O produtor cultural Ra-fael Salgueiro atua em Juiz de Fora há oito anos, e há dois gerencia a empresa Fan Clube. Constantemente, Rafael traz atrações para se apresentarem no Cine The-atro Central, como stand ups.

Embora não faça par-te desse novo movimento de financiamento coletivo (crowdfunding), ele acredi-ta que por enquanto, essas pessoas que tomam a frente de organizar e trazer even-tos para determinados lo-cais, não interferem no seu trabalho profissional como produtor cultural.

“Talvez a longo pra-zo, eles possam começar a

invadir um pouco o nosso espaço, se tornando con-correntes no mercado. Ou quem sabe também, firmar uma parceria do profissio-nal com os fãs empreende-dores. Facilitaria o trabalho da produção”, conta Rafael.

O produtor confessa já ter pensado em trabalhar com esses coletivos: “Já ouvi fãs comentando que gostaria de ver tal show ou atração, que antes nem tinha pensado que poderiam ser

interessantes trazer para a cidade. A mobilização des-tes fãs, com certeza pode ajudar no nosso trabalho”.

O professor Danilo res-salta que os produtores cul-turais têm e sempre vão ter o espaço deles, por serem profissionais. Porém esse novo tipo de consumidor não pode ser ignorado. Para isso, deve haver um enten-dimento entre ambos por meio de troca de informa-ções e contato de eventos.

Professor analisa mudanças no perfil dos consumidores Foto: Ana Luiza Rezende

Para o professor Danilo Sampaio, novo perfil de consumo não pode ser ignorado

Ana Luiza Rezende

Page 8: Jornal de Estudo

agosto de Jornal de EstudoEspecial6

Setembro de 2011Jornal de EstudoPesquisa8

Tecnologia que interfere no cotidianoJoão Guilherme Cunha e Vallo

Os programas de com-putador, ou “softwa-res”, estão presentes

nos celulares, nos carros e nas casas. Eles interferem no cotidiano e, nem sempre, as pessoas se dão conta disso. Com a intenção de explorar a implicação do software na vida contemporânea, um grupo de pesquisadores vem desenvolvendo um projeto internacional e interdiscipli-nar de estudo do universo digital: os Softwares Studies. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e a Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) são as duas únicas instituições brasilei-ras que contam com um pro-jeto semelhante.

Artistas, profissionais da área e pesquisadores estudam a profusão da cultura das “novas mídias” e têm como objetivo pensar processos sociais, artísticos, comunica-cionais e culturais alterados pelo universo do computa-dor. A UFJF sediou, no mês de agosto, o 3º Software Stu-dies Workshop, evento que contou com a presença de Noah Wardrip-Fruin e Brett Stalbaum, professores ameri-

Influência dos computadores no dia a dia é tema de encontro com pesquisadores americanos na UFJF

canos ligados ao estudo dos softwares. Wardrip-Fruin faz parte do corpo docente da Universidade da Califórnia, Santa Cruz (UCSC), onde codirige o Estúdio de Inte-ligência Expressiva, um dos maiores grupos de pesquisa teórico-técnica focado em games. Já Brett Stalbaum é professor no Departamento de Artes Visuais da Univer-sidade da Califórnia, em San Diego (UCSD), onde coor-dena o curso interdiscipli-nar em Computação e Artes (Icam), que tem como obje-tivo educar os alunos nas in-tersecções entre as teorias da arte e a prática artística com-putacional (incluindo tam-bém teatro, dança e música) e ciência da computação.

“Até mesmo a comida que hoje temos à mesa está ligada a uma rede de infor-mação, por sua vez, ligada a softwares de rastreio e clas-sificação; todos os produtos que hoje compramos em um supermercado contam com um registro numérico” afir-ma Stalbaum, cujo trabalho de pesquisa e experimenta-ção contempla questões ge-opolíticas ligadas ao uso de bancos de dados para “classi-ficar” a vida não-virtual. Para Stalbaum, não apenas o fluxo

que vai do “mundo real” para o computador é de interesse, mas também o inverso. Seu trabalho artístico integra os fenômenos produzidos pela informatização da experiên-cia. “Em um experimento re-cente, colocamos um softwa-re de inteligência artificial para traçar um percurso na região da Silver Islands Ran-ge, um deserto montanho-so no estado de Utah. Esse programa de computador foi feito para considerar fatores como inclinação do terreno. Para que não percorresse lu-

gares muito íngremes, o ob-jetivo era criar uma “trilha” de caminhada, que poderia ser seguida por um ser hu-mano posteriormente. E foi o que fizemos. Nós fomos os primeiros a andar por uma trilha percorrida, unicamen-te, por um robô digital” diz Stalbaum.

Novas perspectivasPara Cícero Inâcio da Silva, professor do instituto de Ar-tes e Design (IAD) da UFJF, a importância de práticas como essas é a busca por

novas perspectivas acerca do software. “Não há quase mais nada, e lugar nenhum, que não esteja afetado pela tecnologia. O que nos inte-ressou em abrir esse grupo, tanto no EUA quanto aqui, foi pensar quais seriam es-ses elementos ideológicos ligados ao software. Imagine o impacto social da escolha de um determinado tipo de software feita por um Gover-no. Essas escolhas afetam o modo como a informação é distribuída, o processo de comunicação das pessoas, e tudo isso passa por decisões tecnológicas.”

No Brasil, está sendo de-senvolvido um software de visualização de dados junto com a universidade da Ca-lifornia em San Diego, que deve ficar pronto no final do ano. Dos projetos conclu-ídos, existe o Laboratório de mídias locativas e o site “walking tools” criado em parceria pelos professores Cícero Silva e Brett Stal-baum, um sistema que já está disponível online. Na UFRJ, o programa avançado de cul-tura contemporânea, conta com um projeto de mídias locativas que lançou o livro Jangada digital, de Eliane Costa.

Noah Wardrip-Fruin, Cícero Silva, Brett Stalbaum e Alfredo Suppia; palestrantes e organizadores do 3º Software Studies Workshop, no anfiteatro da Facom.

Foto: João G. C. e Vallo

Uso do Facebook pode acentuar narcisismo nos jovensPriscila OliveiraLuciana Peronio

O uso excessivo de redes sociais podem causar distúrbios psicológicos, comportamento antissocial e tendências agressivas

Não é de hoje que redes sociais causam polê-mica. Um estudo di-

vulgado em agosto, pelo site Science Daily, mostrou que o uso de redes sociais durante um longo período pode cau-sar distúrbios psicológicos. Segundo o professor de psi-cologia da Universidade da Califórnia, Dr. Larry Rosen, o Facebook, em especial, pode desenvolver traços nar-cisistas, comportamento an-tissocial e tendências agres-sivas. Foram enviados mais de mil questionários e 300 adolescentes foram observa-dos por 15 minutos usando o computador. Ainda segundo a pesquisa, os jovens que mais utilizam a rede social também manifestaram comportamen-tos antissociais, manias, ten-dências agressivas, distúrbios do sono, dores de estômago, ansiedade e depressão. De acordo com o psica-

nalista Potiguara Mendes, o Facebook não afeta somente os jovens. “Todos somos nar-cisistas, sem isso, não levan-

taríamos da cama. Nas redes sociais, todos são felizes, tudo é festa. Mas por que não seria assim?”, enfatiza. O estudante Felipe Ferrei-

ra, curioso em mídias sociais, considera a sociedade narci-sista e exibicionista. “Se vol-tarmos no tempo, veremos que o bom e velho ‘caderno de perguntas’, que circulava pelas salas de aula antes do surgimento da internet, já poderia ser encarado como um indício. O Facebook só potencializa a exposição do que já somos no dia-a-dia.” Ele acredita que o narcisis-mo sempre existirá. “No fu-turo, outras redes sociais e

tecnologias aparecerão para suprir essa necessidade. Ago-ra é o Facebook, mas já foi o Fotolog, o Orku”, pontua. A opinião é compartilhada pela psicóloga Dalila Guedes: “O indivíduo fica imerso no de-sejo de ser aquilo que quer transmitir aos outros. Se for alguma coisa comedida, vol-tada para lazer, não tem ne-nhum problema”, comenta. Já para a psicóloga Cláu-

dia Lanna, a questão vai muito além da internet. “As pessoas são narcisistas por natureza e, muitas vezes, encontram nas redes sociais uma existência paralela.” Dependendo da intensidade e

do comprometimento psico-lógico, a pessoa pode acabar criando e vivendo num mun-do irreal.” Em contrapartida, a rede deve favorecer quem é tímido. “Quem tem medo de julgamentos e problemas para se comunicar, pode encontrar na web uma forma melhor e mais fácil de se expressar”, salienta. Apesar de tantos proble-

mas apontados, os estudos revelam que o Facebook con-segue desenvolver “empatia virtual”. Quando conversam com os amigos pela rede, os adolescentes passam em-patia, o que é bem recebido pelos jovens, pois têm grande influência no humor.

Cuidados profissionaisÉ importante lembrar que

algumas empresas utilizam as redes sociais para saber um pouco mais sobre os can-didatos à vaga de emprego. Segundo a psicóloga e fun-cionária do setor de Recursos Humanos do Hemocentro Re-gional de Juiz de Fora, Dalila Guedes, essas páginas ainda não interferem na contrata-

ção pela Fundação Hemomi-nas. “Não existe diferencia-ção entre funcionários e esta-giários, o que fazemos aqui é uma análise de currículo, e é isso o que importa para nós”, revela. Ela acredita que fa-zer avaliação de perfis pode apresentar significados rela-tivos. “Não sei até que ponto essa iniciativa é válida para as instituições, pois é tudo muito pessoal e não quer di-zer necessariamente alguma coisa. As comunidades ou gostos apresentados na web não apresentam somente o que o usuário pensa ou a for-ma como ele age”, enfatiza. Já para a consultora de con-tratação da Votorantim Me-tais, Roseane Cancela, a pes-quisa em mídias sociais ainda não é freqüente na empresa. “Às vezes, conseguimos al-guns contatos, mas pesqui-samos mais pelo LinkedIn, pois o Facebook ainda é pre-ferencialmente voltado para relacionamentos”, esclarece. “Tudo depende da vaga que estamos oferecendo e do tipo de profissional que estamos precisando”, finaliza.

Ansiedade, depressão e distúrbios do sono também podem ser desenvolvidos

Foto: Priscila Oliveira

Page 9: Jornal de Estudo

Jornal de Estudo SaúdeSetembro de 2011

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A rotina dos médicos na saúde pública

Raíza HalfeldTatiane Oliveira

De um lado, salários baixos e falta de plano de carreira; de outro, usuários insatisfeitos

O dia a dia dos médi-cos que trabalham na rede pública

de saúde de Juiz de Fora é marcado por uma série de dificuldades. O “Jornal de Estudo” foi até a Policlínica de Benfica e acompanhou o que se passa no Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade.

Numa terça-feira, às 7h, uma fila de espera se formava do lado de fora da unidade. Segundo a médica Evelyne Amaral Chaves, a situação é comum na uni-dade. “A rotina é muito pe-sada. Atendemos cerca de 50 pacientes por dia. Faço 24 horas de plantão na ter-ça-feira. Não tenho tempo nem de comer e nem de ir ao banheiro. Aqui faltam medicamentos, infraestru-tura e pessoal.”

Além disso, a médica chamou a atenção para a questão salarial. “Temos que estar sempre dispostos a atender as pessoas, e com a cabeça boa. Hoje recebe-mos líquido, por plantão de 24 horas, uma quantia de R$ 3.300. Não vou dizer que é um salário ruim, mas, pelo que enfrentamos, de-veria ser melhor.”

O problema se estende aos usuários que necessi-tam de atendimento. O vi-gilante Renato Silva conta que já chegou a ficar nove horas esperando. “A gente tem horário para trabalhar, para fazer nossas coisas, e não somos atendidos. Ago-ra mesmo, estou esperando uma médica que vai me en-caminhar para outro médi-co, mas ela está tomando um café”, indignou-se.

O mesmo fato é rela-tado pela camareira Sônia Fernandes.“Estou aqui ho-ras e horas esperando. Eles acham que estão fazendo um favor, mas não é favor. Têm médicos que demoram muito, outros são mal edu-cados. Isso é um absurdo.”

A situação é recorrente em outros pontos da cidade, como no Hospital de Pron-to Socorro (HPS), Unidade Regional Leste e nas Unida-des de Pronto Atendimento (UPAs) de São Pedro e de Santa Luzia. Recentemen-te, uma greve, que teve du-ração de 40 dias, contribuiu para agravar ainda mais a situação já crítica.

Situação de crise desanima estudantes

Ações para amenizar os problemas

Diariamente, milhares de pacientes dão en-trada em hospitais, ví-

timas de acidentes domésticos. A aposentada Yvone Martins, 65 anos, já foi uma dessas pes-soas. “Fiquei tonta e não tive onde me apoiar. Acabei caindo e quebrando os dois pés. Meu marido instalou, pela casa, barras em que posso me segu-rar. Sinto-me mais segura as-sim.” De acordo com a médica Lucileia Dias, uma das princi-pais ocorrências com idosos é a queda. “Muitas vezes, atendi idosos que caíram e fratura-ram algum osso ou sofreram outro tipo de ferimento. Eles geralmente tentam, sozinhos, realizar suas atividades e se tornam mais propícios a aci-dentes domésticos.”

Um estudo feito pelo Siste-ma de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), do Minis-tério da Saúde, constatou que 90% dos atendimentos em ur-gências e emergências são de-vidos a acidentes e 37,7% des-ses acontecem dentro de casa. Segundo o Ministério da Saú-de, são considerados acidentes domésticos quedas, queimadu-ras, intoxicações, afogamentos e outras lesões. Além dos ido-sos, as crianças também estão no topo das estatísticas.

“Crianças têm certa curio-sidade e autoconfiança e aca-bam vítimas de acidentes. Os mais frequentes são as quedas e queimaduras. Os pais devem estar sempre atentos com o que seus filhos estão fazendo, por-que, minutos de distração, po-dem resultar em acidente”, afir-ma o pediatra Carlos Henrique de Souza. Foi o caso do estudan-te Felipe Firmo, 18. “Quando eu era mais novo, esbarrei em uma leiteira com água fervendo e me queimei. Até hoje tenho cicatri-zes por conta disso.”

Crianças e idosos correm riscosdentro de casa

sEvite colocar potes pequenos ou de vidro com acesso fácil sobre bancadas;

sNo fogão, use as bocas de trás e sempre vire os cabos das panelas para dentro;

sTranque os produtos de limpeza no alto e nunca use garrafas de refrigerante para armazená-los;

sÉ recomendado o uso de protetor de tomadas e cantos da mesa e evite tapetes;

sInstale grade de proteção nas janelas.

sRemover todos os tapetes;

sRetirar móveis que estejamatrapalhando a passagem;

sColocar barras de apoio no box e no vaso sanitário, para facilitar o banho e a utilização do banheiro;

sInstalar corrimões e materiais antiderrapantes;

sDurante a noite, deixar sempre uma luz acesa, para facilitar o deslocamento do quarto até os outros cômodos.

Cuidados com idosos

Cuidados com crianças

Bárbara Moreira

Usuários aguardam por consultas na Policlínica de Benfica, um dos gargalos do SUS. Falta de médicos é o principal problema.

Foto: Tatiane Oliveira

A fim de amenizar a si-tuação, a Prefeitura abriu inscrições para contratação temporária de médico de fa-mília, com carga horária de 40 horas semanais e remu-neração de R$ 7.500. Além disso, foi aberto edital para contratação de clínico geral. Porém, o presidente do Sin-dicato dos Médicos, Gilson Salomão, critica o salário anunciado pela Administra-ção Municipal: “Estão ofere-cendo um valor que depende

da aprovação na Câmara para entrar em vigor. O salário de um médico iniciante é de R$ 1.476, sujeito a descontos.”

A Prefeitura garante que outras ações estão sendo realizadas para melhorar a saúde na cidade. De acordo com a assessoria da Secreta-ria de Saúde, três Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPs) estão sendo cons-truídas na Vila Ideal, Santa Cândida e Nossa Senhora Aparecida.

Além dessas, a obra do Hospital Regional está em andamento. Serão 240 leitos, sendo 40 de unida-des de tratamento intensivo (UTIs), exames por imagens e gráficos, centro cirúrgico, internação intensiva e semi-intensiva e internação geral. Os investimentos são da or-dem de R$ 75 milhões. Serão 23,7 mil metros quadrados de área construída. A previ-são de conclusão da obra é para junho de 2012.

Diante de tantos pro-blemas vividos hoje na rede pública de saúde, os profis-sionais da área e os estudan-tes de medicina não veem suas carreiras vinculadas ao SUS.

Aluna do décimo perío-do de Medicina da Universi-dade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rafaela Nascimen-to faz residência no Hospital

de Pronto Socorro (HPS) e fala das situações vivencia-das: “faltam especialistas, clínico geral, plantonistas e medicação básica. Se você entrar na emergência do hospital, vai se deparar com condições abaixo da permi-tida pela Vigilância Sani-tária. O grau de infecção é altíssimo.”

Para a estudante, um dos

principais motivos de desin-teresse dos médicos em tra-balhar na saúde pública é o salário. “Temos uma média salarial muito baixa para plantões de 24 horas e 48 horas. Sob essas condições, o que vemos são profissio-nais mal preparados, que trabalham de mau humor, o que acaba afetando a popu-lação.”

Page 10: Jornal de Estudo

Foto: Confederação Brasileira de Vôlei

Setembro de 2011

Jornal de EstudoEsporte10

Vôlei da UFJF ganhadestaque nacionalFelipe GaspareteTalitha Evely

Além de disputar campeonatos pelo país, time possui iniciativas sociais

Há três anos, o pro-jeto “Voleibol UFJF – da inicia-

ção ao treinamento”, vem representando a cidade de Juiz de Fora em disputas nacionais. Criado pelo professor da Faculdade de Educação Física e Des-portos (Faefid) da Uni-versidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Maurí-cio Bara, é um modelo para os alunos, pois serve como pesquisa, extensão e ensino.

De acordo com Bara, a presença constante em tor-neios é um dos trunfos do projeto: “Desde 2008 par-ticipamos de campeonatos e, somente em 2011, já es-tivemos em mais de cin-co disputas, como os Jo-

gos do Interior de Minas (JIMI), Copa Rio, Trian-gular Internacional, Liga Nacional, Campeonato Mi-neiro e Copa TV Rio Sul.

“O time tem treinado bastante e estamos tendo resultados significativos. Dentre as principais con-quistas, vencemos equipes que disputam a Superli-ga”, ressalta o professor.

A rotina do time é pu-xada. Eles treinam uma vez por dia na quadra da

Faefid e fazem muscula-ção. “Como jogamos de forma profissional, segui-mos a risca uma série de horários e durante a fase de treino mais intensa, os atletas recebem uma ali-mentação suplementar”, diz Bara.

O atleta, Juarez Jú-nior, 23 anos, joga vôlei há 11 anos e está contra-tado para atuar no time “Castelo da Maia”, de Portugal. “Sempre gostei de vôlei. Ver minha mãe e irmã praticarem foi um incentivo. Jogo profis-sionalmente desde 2007. O ritmo é pesado, entre treinos e academia, e isso fez com que tivesse mais disciplina e capacidade para aproveitar as opor-tunidades que aparece-ram.”

Talentos tipo exportaçãoVictor Marcelino

Em jogo contra Escola do Corpo pela Liga Nacional 2011, equipe juiz-forana demonstra garra em comemoração antes de mais um set

Time tem rotina puxada, com treino diário, aulas de musculação e dieta

com alimentação suplementar no período

de jogos

rem pelo esporte: “Eles de-sistem muito fácil e, como possuem acesso a tudo atra-vés da internet, não há tan-to esforço e o esporte fica como última opção.”

O treinador dá dicas para quem deseja seguir carreira no esporte. “Se fosse possível, escolha seus pais. A genética é muito im-portante”, brinca Bara. Po-rém, ressalta que o mais im-portante são os treinos. “Na fase dos 12 até os 17 anos, tem que ter boa formação,

O projeto conta com patrocínios de empresas da cidade e com a ajuda da Lei de Incentivo ao Es-porte. Possui também uma parceria com o Clube Bom Pastor, com o objetivo de treinar meninos de 12 a 15 anos e também atende mais de 30 crianças carentes no bairro Jardim Esperança. Três desses alunos estão na equipe de base do Bom Pastor. Bara acredita que nos dias de hoje é mais di-fícil os jovens se interessa-

o aluno tem que estar nas mãos de bons profissionais, ser bastante disciplinado e abdicar de algumas coisa-para poder treinar. E treinar todos os dias, durante todos os anos”, conclui o profes-sor.

Apesar da rotina pesa-da, Bara está satisfeito com o trabalho à frente da equi-pe. “É muito difícil ser trei-nador, já que temos tomar uma série de decisões. Mas eu não abriria mão dessa responsabilidade”.

‘O mais importante é o treino’

Juiz de Fora sempre se destacou na formação de atletas. Geovane Gávio,

no vôlei, Andrade (do Flamen-go) no futebol, Viviane An-derson, no atletismo, e muitos outros, foram revelados aqui e ganharam reconhecimento nacional e internacional em suas modalidades. Apesar dis-so, o desempenho juiz-forano na etapa Estadual dos Jogos Escolares de Minas Gerais (Jemg), sediado na cidade, no mês de agosto, foi pou-co expressivo. Foram apenas 15 medalhas. Número baixo, comparado com Uberlândia, município com do porte de JF, que conseguiu 29 medalhas.

Na visão do professor da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da UFJF, Marcelo Matta, o desempenho no Jemg pode ser explicado, talvez, pelo ensino escolar. “As escolas de ensino con-vencional podem, sim, treinar os alunos nas modalidades de esportes, mas não têm essa obrigação”, explica. Segundo ele, na maioria das vezes, os jovens começam a se destacar no esporte quando entram em escolas especializadas. “Se eles se destacam, é dever des-tas escolas saber a maneira certa de direcioná-los”.

O desafio enfrentado pelo esporte juiz-forano, no entan-to, é conseguir manter seus ta-lentos na própria cidade. Ape-sar de ter uma boa estrutura para a prática de alguns espor-tes coletivos, como o futebol e o vôlei, o município ainda tem problemas para segurar atletas de alto nível. “Geralmente, aqueles que se destacam dei-

xam a cidade e vão para o Rio de Janeiro, ou São Paulo, em busca de melhores condições para crescer no esporte”, afir-ma Marcelo.

Esse é o caso do Bruno Dias de Sousa, de 12 anos. O garoto treina em uma escoli-nha de futebol da cidade e foi convidado a fazer testes em um time-empresa especializa-do na formação de jogadores, em São Paulo. Esse convite veio depois que representan-tes do clube assistiram vídeos, com lances dele, postados na internet. Por ser muito novo, ele ainda não pode ficar no clube, mas, para não perder o contato, são realizados moni-toramentos periódicos com o atleta. Ele já foi ao centro de treinamento, em São Paulo, duas vezes, e tem visitas agen-dadas em intervalos trimes-trais. O pai de Bruno, Edson Augusto de Sousa, ressalta a boa estrutura do clube. “Eles são muito bem preparados. Possuem bons profissionais, academia super equipadas, alojamentos, além de escola e curso de idiomas para os ga-rotos”.

Mesmo a infraestrutura estando muito longe da ideal em muitos lugares, existem clubes, instituições e escolas de esporte que oferecem bons treinamentos, e muitos talen-tos vêm se revelando, nos mais variados esportes, podendo se tornar promessas não só regio-nais. Marcelo confirma isso: “Juiz de Fora ainda é celeiro de atletas. Nós temos vários talentos sendo revelados nos clubes e sendo exportados para todos os lugares.”

Bruno é uma promessa juiz-forana. Clubes de São Paulo já sondam o jovem craque

Foto: Victor Marcelino

Atletas revelados em JF buscam a profissionalização em outras cidades

Page 11: Jornal de Estudo

Jornal de Estudo ComportamentoSetembro de 2011

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Avanço da tecnologia muda perfil das locadorasBárbara RibeiroEmílio SilvaJucielle Antunes

Mesmo com os sites de download se tornando cada vez mais populares, ainda há quem prefira alugar filmes em DVD

Assistir a filmes e seriados ainda é a preferência de muita

gente na hora de se divertir. A operadora de telemarketing Mariana de Oliveira considera que ver filme é sempre uma boa opção. “É bom, barato, seguro. Dependendo do filme, é divertido, convida a reflexões, conta uma história de amor.” Mas na hora de assistir é melhor alugar na locadora ou fazer o download na internet?

O estudante de turismo, Bruno Fonseca, 24 anos, considera muito longa a espera pelo lançamento do filme ou série em DVD, enquanto na internet o conteúdo é disponibilizado bem mais rápido. “Para alugar você tem que esperar lançar o filme ou a temporada e depois ver tudo em pouco tempo, pagando caro.” O período entre o lançamento dos filmes em DVD não incomoda só quem aluga, mas também os proprietários, como

é o caso de Maxwell Gomes de Souza. Ele atua há 20 anos na Excalibur e acredita que esse tempo de espera é a chance para que a pirataria tome conta do mercado.

Apesar da facilidade e rapidez das tecnologias há quem não abandone o ritual de ir até a locadora, escolher seu filme diante das muitas opções, levar para casa e devolver alguns dias depois. O estudante Vinícius de Morais tem o costume de alugar filmes todo fim de semana. “Eu gosto de percorrer as prateleiras com os olhos em busca de títulos interessantes, assim não assisto só ao que está na mídia”, justifica.

O proprietário da locadora Stock, Sérgio Flávio Moreira, está no mercado há oito anos e, no decorrer deste tempo, notou queda de 25% no movimento. Mas para ele, os downloads na internet não representam o fim das locadoras. “Quem tiver um diferencial continuará no mercado”, afirma. Estes diferenciais podem estar no

acervo, com filmes raros, gêneros específicos e pouco comuns, como musicais. Além disso, a variedade, segundo Sérgio, é um grande atrativo.

O jornalista Gabriel Miranda baixa filmes e séries na internet. A comodidade e gratuidade são as vantagens. “Deixo o computador ligado em casa fazendo download enquanto vou trabalhar e estudar. Quando chego em casa, já tenho alguns filmes e temporadas prontos para serem vistos.”

Em Juiz de Fora, algumas locadoras já começam a se estruturar para oferecerem locações pela internet. São os casos da Stock e da Excalibur. Como avalia Maxwell Gomes, as locadoras não vão acabar: “os estúdios ainda investem muito em material físico. Se o futuro do conteúdo fosse a internet os próprios estúdios disponibilizariam seus filmes em sites oficiais, oferecendo segurança e qualidade no download, o que nem sempre ocorre nos demais sites”.

Proprietário da locadora Stock aposta na divrsidade do acervo para fidelizar seus clientes

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Palmira e Mawell, da Excalibur, acreditam que o longo prazo entre lançamentos no cinema e em DVD seja um dos motivos da pirataria.

Apelidar pessoas é uma prática mui-to comum entre os

brasileiros. A maioria das pessoas tem ou já teve al-gum apelido.

A entrada na faculdade é um momento fértil para a criação de apelidos. Ramon Freitas Mendes tem 21 anos e, desde quando ingressou no curso de Engenharia de

Qualquer semelhança pode ser mera coincidênciaMais Consultoria, empresa júnior do curso de Engenha-ria de Produção, ele ressalta que atualmente as empresas cada vez mais buscam in-formações de seus possíveis estagiários ou funcionários através de seus perfis e com-portamento na internet.

“A primeira impressão que passamos pode influen-ciar no modo como as pes-soas vão te interpretar. Deve haver, portanto, certo cuida-do na forma de como nossa imagem é vista. Uma distin-ção do nosso perfil pessoal do profissional. Na Mais, os membros se dirigem aos ou-tros apenas pelo nome. São critérios já predeterminados, mas isso não significa que apelidos seja uma caracte-rística negativa”, conta.

O estudante de adminis-tração, Arthur Lobato Valla-dão, 20 anos, ganhou um apelido na adolescência. Ele conta que em uma conversa com os amigos, falavam so-bre a semelhança de pesso-

Ana Luíza RezendeProdução na UFJF, em 2009, recebeu um apelido que per-manece até os dias de hoje. Durante um encontro de ca-louros e veteranos, em um bar, um comediante que se apresentava no local batizou o jovem universitário ao compará-lo com o persona-gem Smeagol, do filme “O Senhor dos Anéis”. A partir de então, Ramon passou a atender por Smeagol.

Analista de produção da

as e determinados animais. “Começamos a ver também com qual animal cada um de nós parecia, e um desses meus amigos disse que eu era igual a um coala”, expli-ca Arthur.

Mas Arthur faz uma ressalva ao se referir de seus perfis em redes so-ciais “Já cheguei a colo-car na descrição do perfil meus apelidos, mas como

Jovens que possuem apelidos buscam uma apresentação mais profissional em seus perfis de redes sociais

Ramon (acima) passou a ser chamado de Smeagol quando era calouro na faculdade, já Arthur atende por Coala desde a adolescência, mas eles só usam o apelido entre amigos

Formato Blu-Ray é a opção do futuroO blu-ray é um disco rígido, semelhante ao DVD,

mas com maior capacidade de memória. Além de filmes, também armazena, por exemplo, jogos. Outra característica do produto que atrai o consumidor é a melhor qualidade na definição das imagens.

No Brasil ainda são poucos os títulos produzidos no novo formato, mas alguns já podem ser encontrados nas locadoras. Muita gente acredita que a nova tecnologia substituirá o DVD. O proprietário da Stock aposta que o blu-ray vai se popularizar por causa das televisões de alta definição que estão ganhando os lares brasileiros.

nome do perfil é sempre o verdadeiro. Eu diferencio uma pessoa de como ela é na vida real e na internet.” Para o estudante ainda há muitas pessoas e empresas que não fazem essa distin-ção do virtual para o real e associam características que podem ser prejudiciais à pessoas que apresentam certas denominações em seus perfis.

Embora muitos gostem e achem divertido ter um apelido, talvez no momen-to de partir em busca de um estágio ou emprego, essa di-versão deva ser deixada de lado.

O diretor da Clips Con-sultoria de Comunicação, Thiago Novais, revela que apelidos usados em e-mails tiram a credibilidade da pessoa no momento de um processo seletivo para está-gio ou emprego. “Não é um fator tão grave que leva a

desclassificação, mas passa uma imagem de infantilida-de e não preparo para a vida profissional”, diz.

No ambiente de traba-lho, é muito comum surgir apelidos, principalmente en-tre estagiários. Porém Thia-go adverte tal fato e orienta a não utilizar apelidos no meio profissional. “É uma garantia para um melhor relacionamento interno da empresa e poupa o cliente de ouvir tais intimidades na qual ele não é obrigado”.

Cuidado com a imagem profissional

Foto: Arquivo / Divulgação

Page 12: Jornal de Estudo

agosto de Jornal de EstudoEsporte10 Jornal de EstudoCultura 12 Jornal de EstudoCultura 12

Junho de 2011

Estudar, trabalhar e fazer arteJovens artistas falam sobre as dificuldade de enfrentar duplas jornadas para fazer o que gosta e sobreviver

Conciliar arte com tra-balho ou com os estu-dos é uma realidade

para a maior parte dos jovens artistas. Num cotidiano de competição e pragmatismo, no qual o mercado do entrete-nimento muitas vezes demora a oferecer retorno financeiro ao profissional da arte, pintar, cantar, escrever ou encenar torna-se um ato de dedicação e amor ao ofício.

É o caso da estudante de comunicação social Vanes-sa Queiroz, que trabalha com pintura desde os 11 anos. Para ela, trabalhar com formas e co-res ajuda nos estudos, graças à criatividade adquirida das artes visuais. “Sempre que é neces-sário criar uma logo, fazer es-tampas, cartazes ou desenhos para trabalhos, o dom da pin-tura me ajuda”, afirma.

Na verdade, Vanessa diz

que é a faculdade que toma todo o seu tempo, permitindo que ela produza suas telas apenas durante as férias. Apesar das dificuldades, ela garante que não abandonará o seu hobby, mesmo quando entrar no mercado de trabalho. “Quero trabalhar com comunicação visual e mesclar as duas coisas, mas não me importo de levar a pintura apenas como fonte de relaxamento e diversão”.

Outro desafio para os ar-tistas é conciliar a rotina de espetáculos às obrigações acadêmicas, que muitas vezes provocam conflitos de horá-rios ou obrigam os jovens a li-dar com o desgaste do trabalho artístico sem perder o rendi-mento durante as aulas. A atriz Anna Flora Coimbra, do grupo de teatro ART-VIDA, e o can-tor Edson de Paula, o Ruan da dupla sertaneja Felipe&Ruan, na maior parte das vezes ter-minam de se apresentar tarde da noite.

“Às vezes, apresento-me

nos dias de semana e chego em casa quase no horário da aula do outro dia”, afirma Ruan, que é estudante do curso de Filoso-fia da Universidade Federal de Juiz de Fora. “No momento, é a música que tem atrapalhado os estudos”. Ele ressalta, po-rém, que sua vontade para os próximo anos é conciliar os estudos e a música.

Anna Flora convive com o mesmo problema. Admite já ter faltado a muitas aulas do curso de fisioterapia da UFJF, em virtude dos ensaios e das apresentações, mas diz ex-trair da própria arte a força e a criatividade para não preju-dicar sua trajetória acadêmica. “Atuar é aprender a lidar com o inesperado, é saber improvi-sar bem em tudo, tanto no pal-co como na vida”. Para Anna a arte é importante por mudar a forma como ela vê mundo, o que é de grande ajuda para os estudos. “O artista tem um gosto apurado, consegue inter-pretar tudo que lhe é dado”.

Festa Alemã perpetua cultura germânicaHélio RochaCarolina PeraltaVanessa Verdeiro

Realizada desde o ano de 1969, a Festa Alemã do Bairro Borboleta já

se tornou tradição em Juiz de Fora. Teve início como um fes-tival de chopp perto da igreja de São Vicente de Paulo. No fim dos anos 80, teve o formato ampliado para angariar fundos para a construção do telhado da igreja, e transformou-se num dos principais eventos do calendário cultural da cidade. Desde então, a Festa é realiza-da anualmente.

A rua principal do bairro ganha barracas para o comér-cio de produtos típicos ale-mães e se transforma em um palco para apresentações de grupos de danças e músicas folclóricas. Um desses grupos, o Schmetterling, transmite aos jovens a cultura dos imi-grantes e apresenta-se também em outros eventos da cidade. A estudante Carolina Munck Schaeffer, 16 anos, participa do grupo desde pequena. Ela revela o apreço pelo lugar onde mora “Algumas características da cultura germânica, os hábi-tos familiares e a igreja lutera-na me chamam atenção”.

A identificação com o Bairro Borboleta, seus traços culturais e sua arquitetura mar-cante está presente em muitas crianças que se apresentam pelo Schmetterling. O jovem Henrique Haider, 21, entrou

para o grupo em 2005 e ex-pressa sua admiração pelo ca-sario que, mesmo tanto tempo após a imigração, ainda mostra traços característicos do estilo germânico. “Percebemos que aqui a cultura é valorizada: há um grupo folclórico de resgate cultural e também a festa com dancas e comidas típicas”.

O laço que une o Bairro Borboleta à imigração alemã já tem mais de um século. O pesquisador Luís Antônio Cai-xeiro Stephan, descendente dos imigrandes alemães, é um exemplo desta tradição, tendo trabalhado na organização das festas de 1990 a 2001. “Tam-bém participei das primeiras festas, nos anos 70, quando a minha família forneceu os produtos suínos”, lembra Luís Antônio, que hoje escreve so-bre o legado germânico para a cultura de Juiz de Fora e cola-bora orientando aos atuais or-ganizadores.

A Festa Alemã conta atu-almente com 17 edições inin-terruptas, sempre terminando ou começando no feriado de 7 de setembro. A celebração cresceu e rompeu os limites do bairro, passando a fazer par-te do calendário turístico da cidade, sendo o maior evento do mês de setembro, conforme mostra o site da Prefeitura de Juiz de Fora (www.pjf.mg.gov.br). Diversas ações estão sen-do preparadas com o intuito de ampliar ainda mais o conceito de preservação da cultura ale-mã em Juiz de Fora.

Hélio RochaCarolina PeraltaVanessa Verdeiro

O Schmetterling é primeiro Grupo de Danças Folclóricas Alemãs do Estado de Minas e se apresenta em todo o país

Foto Divulgação

Foto: Divulgação

Uma história real em que a tradição venceu as dificuldadesNo entanto, se hoje a imi-

gração alemã é celebrada pelos moradores do bairro e admi-rada pela cidade, no passado a comunidade germânica pas-sou por muitas dificuldades. A instabilidade política vivida pela Alemanha durante todo o século XX, com a derrota na Primeira Grande Guerra, a as-censão do nazismo, um novo conflito mundial nos anos 40 e, por fim, a divisão do país durante a Guerra Fria, muitas vezes resultou na segregação dos que emigraram para o con-tinente americano.

Luís Antônio Stephan, ao falar sobre as inúmeras priva-ções vencidas por seus ante-passados, lembra-se da crise de

identidade vivida durante o go-verno Vargas, quando descen-dentes de italianos, alemães e japoneses passaram a ser hos-tilizados porque seus países de origem integravam o eixo na-zi-fascista. “A ditadura Vargas era autoritária e extremamente nacionalista, e os alemães ti-nham se tornado os inimigos do regime”, recorda.

O resultado do longo perí-odo de inimizade entre Brasil e Alemanha, que chegou a du-rar uma década, foi o ostracis-mo ao qual lançou-se boa parte da cultura germânica em Juiz de Fora. “O fato é que a cultura alemã praticada por imigrantes em Juiz de Fora esteve ‘enga-vetada’ por muitos anos”, afir-

ma Stephan. Ele ainda diz que muitas obras arquitetônicas e casas de comércio da cidade são resultado da imigração, embora boa parte da população juiz-forana não saiba. “A Fábrica de Doces Brasil, a Igreja da Gló-ria, as igrejas luteranas, além de diversos outros prédios, são marcas da tradição na cultura juizforana. Existia muito mais, mas o tempo e a segregação li-quidaram com muita coisa.”

Ante todas as dificuldades, no entanto, venceu a vontade de preservar as tradições e realizar a festa que, após a reunificação da Alemanha nos anos 90, pas-sou a integrar o vasto calendá-rio de eventos de cultura teuto-brasileira por todo o Brasil.

Trabalho que se torna fonte de inspiraçãoEsta rotina de dificul-

dades não é uma novidade e, no passado, inspirou o trabalho de grandes artis-tas. Um exemplo é o por-tuguês Luís de Camões (1524-1580), que foi sol-dado durante a juventude. Ele perdeu o olho direito numa batalha, mas conti-nuou a servir ao exército e viajou às Índias Orientais, tendo passado pelas regi-ões conquistadas pelo herói navegador Vasco da Gama. A esta viagem é atribuída a inspiração para sua obra-prima, “Os Lusíadas”, de 1572.

Já o músico barroco An-tônio Vivaldi (1678-1741) foi mais ousado. Ordenou-se padre em 1703, mas foi dispensado de suas obriga-ções clericais devido a uma muito suspeita alegação de problemas respiratórios, o que não o impediu de ig-norar o celibato e ministrar aula de violino para muitas jovens, algumas das quais se tornaram suas amantes. No entanto, o sacerdócio inspirou a maior parte de suas obras que misturavam a sacralidade cristã a ele-mentos pagãos como a ve-neração à natureza.

Atores da cia Art-Vida se dividem entre ensaios, apresentações e as salas de aula

Evento no Bairro Borboleta comemora 42 anos e é destaque no calendário cultural de Juiz de Fora