jornal da pinheiro nº 9

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JORNAL DA PINHEIRO JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA FACULDADE PINHEIRO GUIMARÃES l Ano 5 l Nº 9 A destruição do crack Mãe e filho dão depoimento sobre drama familiar causado pela droga Em depoimento ao Jornal da Pinheiro, uma mãe e seu filho, ex- dependente de crack - que preferi- ram não se identificar -, demons- tram como a droga é capaz de abalar o ambiente de uma família. Aos 18 anos, E. P., encontrou no crack a forma de suportar as bri- gas e a consequente separação dos pais. Aos 34 anos, livre do crack, E. P. diz que a droga foi a pior que já havia experimentado. A mãe pas- sou por todos os dramas que a dro- ga pode levar para dentro de uma casa. Experiente, S. P. aconselha os pais a nunca deixarem de dar amor e atenção aos seus filhos, buscando saber com quem andam. Pag. 6 Cinco vezes mais potente que a cocaína, o crack está cada vez mais presente no Rio de Janeiro Ação dos policiais na rua Andrade Pertence para desativar granada militar deixada na área No último dia de agosto de 2010, os moradores do Catete, já acostumados com roubos de bol- sas e celulares e assaltos a estabe- lecimentos comerciais, tiveram de conviver com mais uma ameaça de violência. Desta vez, era uma granada militar, deixada na rua Andrade Pertence, que precisou da ação dos policiais do Esquadrão Anti-Bombas, para desativá-la. O inusitado artefato não fez os mo- radores do bairro esquecerem de reclamar que a rua, abandonada, virou uma cracolândia. Pag. 4 A VIOLÊNCIA NO CATETE EM FORMA DE GRANADA Como conciliar vida agitada e boa alimentação Alimentos bons para os olhos, péssimos para a saúde A maioria dos estudantes universi- tários normalmente combina dois ele- mentos nada saudáveis: vida agitada e má alimentação. Com o bolso normal- mente apertado, como então evitar essa situação? Pag. 5 2 | Alunos criam Diretório Acadêmico 3 | Ficha Limpa: lei fere a Constituição 4 | Alunos da FPG são destaque no mercado 8 | Showbol em alta na volta ao Brasil .:. E MAIS... Foto: Néia Ferreira Foto: Lorena Ingrid

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Projeto elaborado pelos alunos da disciplina Jornal Laboratório da Faculdade Pinheiro Guimarães, sob a coordenação do Prof. Sergio Xavier

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JORNAL DA

PINHEIROJORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA FACULDADE PINHEIRO GUIMARÃES l Ano 5 l Nº 9

A destruição do crackMãe e filho dão depoimento sobre drama familiar causado pela droga

Em depoimento ao Jornal da Pinheiro, uma mãe e seu filho, ex-dependente de crack - que preferi-ram não se identificar -, demons-tram como a droga é capaz de abalar o ambiente de uma família. Aos 18 anos, E. P., encontrou no crack a forma de suportar as bri-gas e a consequente separação dos pais. Aos 34 anos, livre do crack, E. P. diz que a droga foi a pior que já havia experimentado. A mãe pas-sou por todos os dramas que a dro-ga pode levar para dentro de uma casa. Experiente, S. P. aconselha os pais a nunca deixarem de dar amor e atenção aos seus filhos, buscando saber com quem andam.

Pag. 6 Cinco vezes mais potente que a cocaína, o crack está cada vez mais presente no Rio de Janeiro

Ação dos policiais na rua Andrade Pertence para desativar granada militar deixada na área

No último dia de agosto de 2010, os moradores do Catete, já acostumados com roubos de bol-sas e celulares e assaltos a estabe-lecimentos comerciais, tiveram de conviver com mais uma ameaça de violência. Desta vez, era uma granada militar, deixada na rua Andrade Pertence, que precisou da ação dos policiais do Esquadrão Anti-Bombas, para desativá-la. O inusitado artefato não fez os mo-radores do bairro esquecerem de reclamar que a rua, abandonada, virou uma cracolândia. Pag. 4

A VIOLÊNCIA NO CATETE EM FORMA DE GRANADA Como conciliar vida agitada e boa alimentação

Alimentos bons para os olhos, péssimos para a saúde

A maioria dos estudantes universi-tários normalmente combina dois ele-mentos nada saudáveis: vida agitada e má alimentação. Com o bolso normal-mente apertado, como então evitar essa situação? Pag. 5

2 | Alunos criam Diretório Acadêmico

3 | Ficha Limpa: lei fere a Constituição

4 | Alunos da FPG são destaque no mercado

8 | Showbol em alta na volta ao Brasil

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Jornal da Pinheiro • ano 5 • nº 92

E D I T O R I A L

Trabalho de jornalistasEm sua 9ª edição, o Jornal da Pinheiro mais uma vez traz em suas páginas o resul-

tado prático do trabalho dos alunos de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães. No final das contas, o que se revela nestas oito páginas é um esforço coletivo que começou com a pauta, a partir de uma discussão sobre os temas, de interesse jor-nalístico, que poderiam ser importantes para os leitores do jornal. Este é um processo indispensável para a redação de qualquer veículo de comunicação que, a partir do es-forço e sensibilidade de seus chefes de reportagem ou pauteiros e em suas reuniões de pauta, reflete sobre os variados assuntos de uma edição.

Definidos os temas, passou-se à elaboração das pautas, para definir os focos de cobertura, ou seja, as questões que era necessário responder, bem como estabelecer quem poderia responder. Esta é mais uma etapa vital para a colocação em prática de um jornalismo em sintonia com seus diferentes públicos, capaz de responder às questões que eles anseiam ver em seus jornais, revistas, noticiários de rádio, telejor-nais ou mesmo na internet.

A etapa seguinte foi a apuração, sempre norteada pela preocupação de levar os alunos à prática da entrevista, do contato frente à frente com os entrevistados, evitan-do-se, assim, uma prática nada nobre que vem se arraigando: a cópia indiscriminada de informações (números, declarações) da internet. A facilidade do ctrl+C / ctrl+V não pode ser confundido com o verdadeiro jornalismo, sob o risco de darmos mais munição aos que defendem o fim do diploma de jornalista. Cabe a pergunta então: para que diploma se a notícia se transformou numa mera colcha de retalhos, e se o jornalista é hoje apenas um usurpador do esforço físico e intelectual de outros?

Mas o trabalho não parou por aí. Na sequência vieram a edição e a diagramação, atividades que exigiram dos futuros jornalistas ocupados com estas etapas o dis-cernimento e a sensibilidade para melhor distribuir as notícias pelas páginas, dando a elas um sentido de hierarquia e uma organização capaz de tornar a leitura agradável e fácil.

Esperamos, assim, que o jornal que chega às mãos dos nossos leitores seja útil e apreciado como o resultado de um empenho de estudantes de jornalismo devida-mente conscientes de seu papel na sociedade da informação.

Dine Estela

Faculdade ganha Diretório Acadêmico

Os estudantes de jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães já têm um Diretório Acadêmico. Em maio de 2010, aconteceram as eleições e a chapa Evolução, liderada por Thiago Fidélis, teve 55,8% dos 122 votos apu-rados.

Entre as reivindicações pelas quais o Diretório Acadêmico já está lutan-do estão a organização de atividades acadêmicas extra-curriculares como debates, discussões, palestras, sema-nas temáticas, recepção de calouros e realização de projetos de extensão.

O Diretório já arregaçou as mangas e encaminhou um conjunto de reivin-dicações dos estudantes à direção da faculdade, como a falta de professores, mudanças curriculares, matérias mal planejadas; mediação de negociações e conflitos individuais e coletivos entre estudantes e a instituição; realização de atividades culturais como feiras de livros, festivais diversos, entre outras apresentadas pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) ao presidente Fi-delis.

CPA e DA unidos A Comissão Própria de Avalia-

ção (CPA) foi instituída pela Medida Provisória 147, publicada no Diário Oficial da União em 15 de dezembro de 2003. Ela obriga as instituições pú-blicas e privadas de ensino superior a constituírem grupos de funcionários, professores e estudantes, independen-

tes uns dos outros e com autonomia, que deverão formalizar relatórios de avaliação da instituição. Junto com as notas do Exame Nacional de Desem-penho de Estudantes (Enade), a CPA é outra forma que o Ministério da Educação (MEC) tem para avaliar as instituições, sendo os alunos parte im-portante deste trabalho, pois podem apontar dados positivos e negativos acerca da sua faculdade.

O presidente do Diretório Acadê-mico, Thiago Fidélis, também faz par-te da CPA e já participoui da reunião para o fechamento do relatório que será enviado este ano para o MEC. A ATA da reunião está disponível no grupo da Rede Social da faculdade: http://redefpg.ning.com/group/cpa-comissoprpriadeavaliao.

Thiago Fidelis Felipe Carvalho Mariana Mel Leandro Machado Bruno Magalhães

Presidente:Vice-presidente:

Secretária:Tesoureiro:

Diretor de Esportes:

QUEM É QUEM NO DIRETÓRIO ACADÊMICO

QUEM É QUEM NA COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO

Alunos: Dine Estela, Luiz Murillo Tobias, Thiago Fidelis, Thiago Manga, Rosemary Bastos, Letícia, Lívia, Bernardo Cahuê;

funcionários: Celso, Murilo Santos. A Comissão está sendo complementada.

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães

Diretor-Executivo:Coordenador do curso:

Repórteres:

Diagramação:Fotografia:

Impressão:Tiragem:

Armando Santos Pinheiro GuimarãesFlávio Nehrer

Bernardo Cahuê, Bruna Tinoco, Carlos Haubrick, Daniel Simões, Dine Estela, Eduardo Alves, Ezequias Gadelha, Flávia Brandão, Helena Cunha, Lorena Ingrid, Maria de Andrade, Sheila Santos, Suene Oliveira, Taymara Lopes, Thalyson Martins e Thiago Silva. Dine Estela, Estefan Fernandes, Juliana Pereira, Marieta Cavalcante e Thiago Chakan.Ezequias Gadelha, Luiz Murillo Tobias, Marcelo Monteiro, Marcelo Santos, Néia Ferreira e Patrícia MirnaJornal do Comércio. Rua do Livramento, 189, Centro, RJ. Tel.: 2223-85005 mil exemplares

Produzido pelos alunos da disciplina Jornal Laboratório (7º período)

Rua Silveira Martins, 153 – Catete – Rio de Janeiro (RJ) – Telefone: (21) 2205-0797 - redefpg.ning.com

Posse da diretoria do Diretório Acadêmico: presidente Thiago Fidélis (à esquerda)

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Lei da Ficha limpa pegou geralMas a nova regra fere o artigo 16 da Constituição Federal, que prevê o princípio da anualidade

Dine Estela

O Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente chegou a uma solução para a Lei da Ficha limpa. O projeto que se ini-ciou por uma ação da sociedade e ob-teve a adesão de 1,6 milhão assinaturas, sendo aprovado no Senado por unani-midade, passou por mais uma prova-ção este mês ao vencer por 7 votos a 3 a decisão de cassar o mandato dos can-didatos ficha sujas nas eleições de 2010.

O STF aprovou que a Lei 135/2010 vai fichar até os candidatos que já estavam respondendo a processo antes do surgi-mento da Lei mesmo ferindo o artigo 16 da Constituição Federal no que tange à anualidade. A saída que os ministros encontraram foi se utilizar do regimen-to interno que estabelece, em caso de impasse, manter a decisão contestada.

Candidatos como Jader Barbalho (PMDB), que já havia sido condenado em processos anteriores à lei, não po-

Os humoristas do Brasil estão com a corda toda. Desde que uma liminar foi concedida pelo ministro do Supremo Tri-bunal Federal (STF) e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Car-los Ayres Britto no dia 2 de setembro de 2010, liberando os programas de humor a fazerem sátiras com os candidatos, eles estão aproveitando para tirar do armário vários de seus personagens.

Mas o fim da censura trouxe à tona outra discussão: artistas podem usar seus personagens para se candidatarem a um cargo político? Durante o horário reser-vado aos políticos para falarem sobre suas propostas, os candidatos-artistas se aproveitaram da popularidade de seus personagens para atrair votos. O caso de maior destaque foi o do candidato Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca, que usou o slogan “Vote Tiririca, pior não fica” para se eleger deputado federal por São Paulo com mais de 1,3 milhão de votos.

A estudante de jornalismo Priscilla

Humoristas unidos vencem a censura

Sheila Santos e Flávia Brandão Hyer disse que ficou indignada com a for-ma como alguns candidatos se utilizaram do artifício. “Acho que política não deve se misturar com feitos em outras áreas ou religião, por exemplo. Uma pessoa não pode se apoiar na ‘muleta’ de ser ator, hu-morista, católico ou evangélico para con-seguir votos de fãs ou fiéis. Política não se faz no palco, nem nos templos; política se faz com boas propostas e honestidade”, reclamou a estudante.

Já o musico e ex-candidato a vereador Carlinhos Prata por Magé acredita que o artista pode usar o seu personagem ou o seu trabalho, pois é a forma mais fácil dos eleitores se comunicarem com o seu repre-sentante político. “O público nos conhece através dos nossos personagens, ou, no meu caso, pela música que eu represento, então é a forma mais fácil de atingir a to-dos. E o fato deles terem essa intimidade conosco, confiam mais no trabalho que vamos prestar. O fato de usar esse outro trabalho não significa que no momento que estivermos num cargo político não es-taremos preparados ou não vamos repre-sentá-los de forma correta”, defende-se.

derão assumir o mandato de senador pelo Pará. Já o deputado Valdemar Cos-ta Neto (PR-SP), se deu bem, porque já havia renunciado ao mandato quando foi chamado a depor na CPMI (Comis-são Parlamentar Mista de Inquérito), o que deixou sua ficha “lim-pa”.

A decisão foi re-cebida com muita impaciência pelo mi-nistro do STF Gilmar Mendes. Segundo ele, a nova lei fere a Cons-tituição no que se refere à anualidade. “É uma lei de caráter inequivocamente casuístico. Não podemos, em nome do moralismo, chancelar normas que po-dem flertar com o nazifascismo”, disse

Gilmar durante a sessão do STF.Outro dispositivo que tem dado

uma sobrevida aos pré-fichados é o recente artigo 26-C da Lei Comple-mentar nº 64/1990, que anuncia que o

órgão colegiado, em caráter cautelar, pode-rá suspender a inele-gibilidade sempre que não existam provas contundentes con-tra o candidato. Uma dúvida surge. Quem teve coragem de votar num candidato que

está nesta lista, mesmo que ainda não se tenha prova conclusiva? Muita gen-te que votou agora deve aguardar para saber se o eleito vai ou não assumir em janeiro.

Os humoristas tiveram o apoio de uma multidão que ocupou a orla da praia de Copacabana

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“É uma lei de cará-ter inequivocamente

casuístico.”

ministro Gilmar Mendes

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Desde que foi decidido pelo Supre-mo Tribunal Federal (STF), em 17 de junho de 2009, por 8 votos a 1, o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista vem dividindo opiniões. Na ocasião, o relator, Gilmar Mendes, enfatizou que danos a terceiros não eram inerentes à profissão e não poderiam ser evitados com um diploma. Ele acrescentou que as notícias inverídicas eram grave des-vio de conduta e problemas éticos que não encontravam solução na formação em curso superior de jornalismo. Ain-da, segundo ele, o Decreto Lei 972/69, que regulamenta a profissão, foi insti-tuído no regime militar e possuía clara finalidade de afastar do jornalismo inte-lectuais contrários ao regime.

A insegurança (de sempre) no Catete

Taymara Lopes

O fim da obrigatoriedade do diplo-ma deixou os estudantes preocupados. No entanto, alguns perseveraram e, hoje, se destacam no exercício de suas ativida-des na imprensa. O que esses alunos têm em comum: mostrar seus potenciais an-tes mesmo da tão esperada formatura.

O gosto pela língua portuguesa fez com que Juliana Ferreira, 22 anos, cogi-

tasse a faculdade de Letras. No entanto, à época, quando surgiu a oportunidade de fazer o Programa Universidade para Todos (ProUni), ela observou que ha-via vagas disponíveis para Jornalismo. Aceitou o desafio. Atualmente, Juliana trabalha como Assessora de Comuni-cação no Instituto de Pesquisas Avan-çadas em Educação, onde, há dois anos, começou como estagiária, sua primeira experiência na área. Suas atribuições consistem em coordenar os estagiários, elaborar o jornal da educação (virtual), conteúdos para rádio, TV, entre outras. Ela ressalta seu gosto pela comunicação empresarial interna, edição e editora-ção. Mas Juliana ainda alimenta a pre-tensão de cursar Letras.

Marcelo Santos, 47 anos, trabalhan-do há 32 anos como sonoplasta (10 anos na Rádio Globo), função técnica que

não exige formação acadêmica para o seu exercício, disse que fez a faculdade por se interessar por rádio e querer sa-ber mais sobre o veículo. Foi a partir da observação do trabalho dos colegas re-pórteres que ele se animou a fazer o cur-so. No decorrer dos quatro anos, Mar-celo decidiu não parar mais. “No início, foi apenas pela vontade de aprender. Não tenho planos de me tornar jorna-lista. Vou tentar o mestrado, pois o meu objetivo é continuar sendo acadêmico. Quero dar aula e me aprofundar na pes-quisa sobre os meios de comunicação, principalmente o rádio”, concluiu.

Numa coisa, os alunos concordam: o diploma é fundamental para o exer-cício de todas as profissões e, no que depender deles, em breve o canudo voltará a ser exigido para o exercício do jornalismo.

Alunos da FPG que se destacam no jornalismoEzequias Gadêlha

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Antes de detonar a granada, os policiais da Core tiveram que isolar a rua Andrade Pertence

Polícia precisa isolar rua Andrade Pertence para explodir granada militar deixada no local

Caminhar pelas ruas do Catete tem exigido das pessoas atenção redobrada com bolsas e celulares. É que o roubo de pertences tem sido um dos principais crimes no bairro no primeiro semestre de 2010, aumentando a sensação de in-segurança de quem mora ou circula pela região. Pelos dados do Instituto de Se-gurança Pública (ISP), órgão da Secre-taria de Segurança Pública, somente nos meses de maio, junho e julho de 2010 os roubos de celulares tiveram um cres-cimento de 44,4%, quando comparados com o mesmo período do ano passado.

De acordo com estatísticas da 9ª DP, cerca de 388 assaltos ocorreram nas várias ruas do Catete entre janeiro e ju-nho deste ano, incluindo furto a tran-seuntes e roubos de estabelecimentos. Carlos R., que preferiu não revelar o sobrenome, policial há mais de 30 anos, declarou que a maioria dos assaltos a transeuntes ocorre enquanto a pessoa está distraída. Mas muitos dos comuni-cados de assalto, segundo o policial, são falsos. “São feitos por pessoas que, por exemplo, possuem aparelhos Nextel e dizem terem sido roubadas para obter um aparelho novo”, revela Carlos.

Não bastassem os assaltos, a segu-

rança no Catete foi ainda mais abalada com uma ameaça de explosão de bomba no último dia de agosto de 2010. Por vol-ta das 18 horas, a rua Andrade Pertence teve que ser isolada pela PM porque uma granada militar, sem pino, foi encontra-da em frente ao número 42. Presente ao local, o policial militar Faria Lima não soube explicar as razões para que o arte-fato tenha sido deixado na rua.

Por volta das 19h30, policiais do esquadrão antibombas da Coordena-doria de Operações Especiais (Core) chegaram ao local. Aproximadamente às 20h20, a granada foi explodida por um detonador de bombas monitorado por um policial. Edízio, porteiro de um dos prédios que fica próximo ao local onde a granada foi deixada, achou es-tranho que o fato tenha acontecido tão perto das eleições e ainda em um perío- do logo depois que o Rio de Janeiro foi eleito para sediar a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016).

A rua Andrade Pertence, a poucos metros da 9ª DP, é motivo de reclama-ção dos moradores. Rute, moradora há muitos anos da rua, diz que a área virou uma “cracolândia” e que, com os mais de cinco bares da região, tem que conviver com muito barulho e pessoas alcoolizadas. Dona Rute reclama que

sua neta já foi assaltada quatro vezes no bairro e que, à noite, é possível ver pes-soas praticando sexo nas ruas.

Outra reclamação dos moradores é o grande número de menores de rua e a iluminação precária próximo à praia do Flamengo. O estudante suíço Ro-nald Fluck, que está de passagem pelo Rio para aprender português, apesar do pouco tempo, já aprendeu a viver

na cidade. Depois das recomendações da professora do Centro Cultural Ban-co do Brasil, onde tem aulas, ele sabe que não deve carregar nada de valor e ter somente a quantidade necessária de dinheiro para alimentação e transporte. A professora lhe ensinou também que, no Centro e bairros próximos, os tu-ristas são “isca para peixe”, ou seja, são atrativos para os assaltantes.

Marcelo Santos (esq.): interesse pelo rádio

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Correria e boa alimentação: é possível?

Lorena Ingrid

Como jovens que trabalham e estudam buscam alimentos saudáveis mesmo passando o dia fora de casa

Já se foi o tempo em que os uni-versitários podiam se dar ao luxo de só estudar, voltar para a casa dos pais e co-mer uma comidinha caseira. Hoje, com uma rotina bastante intensa, buscando conciliar estudo e trabalho – a fim de ajudar nos custos de casa ou mesmo para se sustentar –, na maioria das vezes saem de casa pela manhã e só voltam à noite. Uma das conseqüências diretas desta rotina é a má alimentação, que acaba prejudicando, e muito, a saúde desses estudantes, muitos deles na faixa etária entre os 18 e 25 anos.

Muitos deles, por conta da correria e da renda apertada, optam por comer alimentos que, apesar de agradar ao pa-ladar, não são os mais saudáveis. Salga-dos fritos e refrigerantes se tornam, por muitas vezes, suas principais refeições. Na maioria das vezes, têm sua saúde prejudicada sem que se dêem conta. O aumento do colesterol, a obesidade, a pressão alta e o diabetes, por exemplo, são as conseqüências mais imediatas para quem combina uma vida agitada com uma alimentação rica em gordura e açúcar.

Este quadro não é diferente com os alunos da Faculdade Pinheiro Guima-rães, mesmo que nas proximidades, no Catete, seja possível lanchar razoavel-mente bem mesmo com pouco dinhei-ro e pouco tempo. Algumas lanchone-tes, como a Sukeria do Catete e a Big Néctar, ambas situadas na rua do Ca-tete, mostram que existem opções bem variadas para quem quer comer melhor. Alem dos sucos naturais, vitaminas, sanduíches naturais ou light, também oferecem pratos com arroz, feijão, carne e saladas, que, segundo os nutricionis-tas, são a combinação perfeita.

Mesmo com a grande diversida-de de alimentos saudáveis, segundo a gerente da lanchonete Big Néctar, Leo-nete de Araújo Gonçalves, os salgados ainda são os campeões de venda, com preços médios entre R$ 2,00 e R$ 2,50. Os sanduíches naturais, oferecidos com preços um pouco maiores, entre R$ 3,00 e R$ 4,50, acabam não atraindo muito os estudantes, mesmo que sejam mais saudáveis. Mas pelo menos um dado anima: os sucos vendem mais do que os refrigerantes.

Dentro da FPG, a lanchonete Ofici-na do Lanche só trabalha com salgados. O dono, Pedro Nuno, disse que já tentou oferecer sanduíches naturais, mas tem pouca saída e, por isso, não vale a pena trabalhar com tais produtos. O que a cantina tenta fazer para melhorar a qua-lidade, segundo ele, é oferecer salgados assados – que são menos prejudiciais –, misto quente na baguete e mini pizza.

Segundo a nutricionista Tatiane Trevilato de Brito, que dá dicas sobre alimentação saudável no site anutri-cionista.com, a falta de tempo pode resultar em obesidade, doenças cardio-vasculares, gastrite e depressão. “Nosso organismo necessita de um fraciona-mento diário de refeições (cinco a seis vezes por dia) para que funcione bem, e estas refeições devem conter todos os grupos de alimentos para que forneça os nutrientes necessários”, alerta a pro-fissional.

Café da manhã: momento de abastacer bem o corpo.Almoço: refeição variada, composta de de sa-lada de folhas, legumes, carboidrato (cereais: arroz, pães, massas; e raízes e tubérculos: mandioca e batata) e proteína (leite e deriva-dos, ovos, carnes; grãos: feijão, ervilha, len-tilha, grão-de-bico e soja). Evitar pratos muito calóricos, como os que levam creme de leite, maionese, queijos amarelos ou qualquer outro molho à base de gorduras. Dar preferência a car-nes grelhadas.Jantar: refeição basicamente como a do almo-ço, mas sem abusar nas quantidades, pois no repouso gastamos menos calorias. O ideal é fa-zer uma refeição leve neste momento” Outras dicas: • Beber muita água durante todo o dia (aproxi-madamente 8 copos ou 2 litros, no mínimo).• Para tornar os lanches mais naturais, misturar carboidratos (pão integral ou pão sírio), uma fon-te protéica (atum, frango, peito de peru, queijo), saladas e legumes (alface, rúcula, cenoura rala-da, beterraba ralada, ou tomate).

Quando você tem que comer na rua, normalmente opta por uma refeição

saudável ou você come qualquer coisa?

“Qualquer coisa salgados, coisas com muita gordura, besteiras.”

• Thaiana de Oliveira, 20 anos, aluna do 6° período.

“Na parte da manhã, eu levo comida de casa. Só que depois do almoço, apenas lancho, e, na maioria das vezes, não é nada saudável.”

• Ezequias Gadelha Costa, 32 anos, aluno do 7° período.

“Quando eu comia na rua, optava por sanduíche natural ou massa, mas o refri-gerante estava sempre no cardápio.”

• Daniele França, 23 anos, aluna do 5° pe-ríodo.

DICAS E DEPOIMENTOS

Reeducação alimentar para uma vida saudável

A correria do dia-a-dia está afastan-do, cada vez mais, a população de hábitos simples, porém primordiais para a quali-dade de vida, como a alimentação. A tera-peuta, pesquisadora de medicina alimen-tar e instrutora da Escola de Reeducação Alimentar (ERA) há 25 anos, Eunice de Almeida, fala sobre a importância de se ter uma alimentação saudável e, se possí-vel, sem qualquer tipo de carne.

Eunice, de 52 anos, parou de comer carne aos 17, quando começou a busca pelo autoconhecimento. Passou por vá-rias experiências alimentares, como ve-getarianismo, macrobiótico, higienismo e até o processo de viver de luz (não co-mer). Segundo a terapeuta, a população se intoxica ingerindo alimentos ácidos como café, leite, pão e carnes de todo tipo, do café da manhã ao jantar. O ex-cesso destes alimentos pode causar uma disfunção no metabolismo conhecida na medicina como disbiose.

Eunice diz que o corpo humano não está adaptado para o consumo de tantas carnes. Em suas pesquisas pôde consta-tar que a proteína da carne não é bem absorvida pelo organismo humano, que não consegui diluí-la. “Não temos ácidos

Maria de Andrade

para quebrar tanta proteína carnívora que ingerimos. Além disso, a carne deveria ser muito bem mastigada para tirar apenas o sumo. Nosso corpo separa os tijolinhos do aminoácido e monta a proteína apro-priada para cada pessoa e muitas vezes os aminoácidos podem vir de outros ali-mentos como feijão.”

A nutricionista Antonieta Albuquer-que, que há 48 anos mudou seus hábitos alimentares, incluindo abstinência de car-ne após fazer a dieta das proteínas e ficar anêmica, concorda com a pesquisadora. “Minha juventude foi de muito sofrimen-

to e luta contra obesidade, hipertensão e muito cansaço físico. Graças à reedu-cação alimentar hoje sou uma senhora de 88 anos com a saúde perfeita”, relata a nutricionista, que tem 1,57 de altura e pesava cerca de 130 quilos.

Já a professora Rose Marina, que, aos 43 anos é obesa, tem problemas car-díacos e anemia, não consegue ficar um dia sem se alimentar de carne. “Tentei seguir os passos de meu irmão que é ve-getariano, mas me sinto fraca, com do-res no estomago e muita fome.” Segundo Eunice isto acontece porque os resíduos da carne ficam no organismo por até cinco anos causando a sensação de falta do alimento.

“Para obter um bom resultado, a pessoa que quiser parar de comer carne ou mudar a alimentação deve, primeira-mente, desintoxicar o organismo, com acompanhamento de um profissional”, sugere a pesquisadora. Eunice indica uma dieta rica em alimentos vivos, que são aqueles que brotam (legumes, ver-duras) e germinam (sementes), pois são repletos de energia vital, primordial para o organismo humano. “A pessoa que tem a energia vital como base alimentar, aumenta a sua imunidade e não retém as toxinas em seu corpo”, explica.

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Eunice indica legumes, verduras e sementes

Jornal da Pinheiro • ano 5 • nº 96

Os dramas do crackEx-dependente e sua mãe falam sobre como a droga pode levar à desestruturação do ambiente familiar

Carlos Haubrick e Bruna Tinoco

Cinco vezes mais potente e bem mais barato que a cocaína, o crack está cada vez mais presente na cidade do Rio de Janeiro. Terror, medo e sofri-mento são os resultados que a droga deixa para os usuários e pessoas pró-ximas a eles. A dependência se dá de forma muito rápida no organismo, age diretamente no sistema nervoso central, gerando a aceleração dos bati-mentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, tremo-res, excitação. Há ainda as alterações psicológicas que ela gera, como a sen-sação de euforia, de poder e aumento da auto-estima.

Apesar de algumas autoridades ainda não terem acordado para o dra-ma social que a droga vem causando, o consumo vem aumentando de for-ma assustadora. Dependendo da clas-se social, o crack pode ter um efeito arrasador, vindo a criar um grupo de dependentes com comportamentos criminais. No Rio de Janeiro, a Prefei-tura estima que cerca de 800 pessoas em situação de risco (moradores de rua, principalmente) são viciadas em crack. A droga chegou gradualmente ao Rio de Janeiro a partir de 2000.

O usuário compulsivo primeiro destrói a si próprio, depois a família e em seguida a sociedade. E. P., 34 anos, ex-viciado em crack, e sua mãe, S. P., ouvidos pelo Jornal da Pinheiro, são um exemplo das conseqüências nefas-tas que a droga causa numa família.

A maioria dos dependentes em crack não procura tratamento. Eles não reconhecem o vício e, por isso, precisam da ajuda de parentes ou amigos. O alerta é da psiquiatra Rosa-ne Frota, do Instituto Philippe Pinel, instituição em Botafogo com tradição no tratamento da saúde mental. Ela destaca que a família, nesses casos, é muito importante, devendo driblar todo o sofrimento e procurar dar for-ça ao dependente, mostrando que ele precisa de ajuda, pois está destruindo todos ao seu redor e a si próprio.

Os pacientes que chegam até ela, com casos clínicos envolvendo o uso de entorpecentes, em um primeiro

Jornal da Pinheiro: Com quantos anos você começou a usar o cra-ck?

E.P.: Aos 18 anos.

JP: Qual motivos te levaram a ex-perimentar a droga?

E.P.: A separação dos meus pais. Não agüentava vê-los brigando na minha frente. As drogas, junto com as más companhias, foram o ingrediente para a receita do bolo.

JP: Quais os efeitos do crack?E.P.: Foi a pior droga que experi-mentei. A alucinação é muito rá-pida, perdemos a noção do certo e errado.

JP: É difícil sair desta dependên-cia?

E.P.: Muito. Se não tiver força de vontade, é melhor nem tentar.

A dura realidade dos dependentes do crack: sem apoio familiar, as ruas são seu refúgio

JP: Como você percebeu que seu filho usava droga?

S.P.: O comportamento dele ficou mais agressivo. Ele sempre me res-peitou, mas depois perdi o contro-le sobre ele. Tive que parar na de-legacia porque ele tinha sido preso com pedras de crack.

JP: Ele já pegou alguma coisa den-tro de casa para vender e comprar drogas?

S.P.: Já. Primeiro, sumiu dinheiro da minha carteira; depois um apa-relho de dvd, depois o meu lap-top.

JP: Para uma mãe, qual a melhor maneira de evitar o envolvimento do filho com as drogas?

S.P.: Primeiro, saber com quem anda seu filho; segundo, em hipó-tese alguma deixar transparecer problemas pessoais e profissionais dentro de casa. E por último, dar amor e atenção. Jamais deixe um filho carente de sua família.

JP: Você conseguiu alguma insti-tuição para tratar seu filho?

S.P.: Sim, o Instituto Philippe Pi-nel.

Uma luta familiar contra a droga

contato se recusam ao tratamento, não entendem ou aceitam o que está ocorrendo. O trabalho começa fazen-do com que o paciente “se enxergue” e reconheça que precisa mudar.

Rosane revela que em vários ca-sos que acompanhou, a família não conseguiu lidar com o dependente. “A família é mal orientada, chega sem sa-ber o que fazer, desesperada. É preciso um trabalho acompanhado para eles também; não apenas para o depen-dente da droga”, afirma.

O Instituto Philippe Pinel fica na rua Venceslau Brás, 65, Bl. C1 - Bota-fogo, CEP: 22290140 - tel.: (21) 2542-3049

Apoio da família é fundamental

ano 5 • nº 9 • Jornal da Pinheiro 7

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Teatro de rua censuradoAtores e diretores de grupos cariocas protestam na Cinelândia contra a Prefeitura

Cerca de 40 integrantes de compa-nhias de teatro de rua se reuniram em protesto na Cinelândia na tarde do dia 23 de agosto de 2010. Atores e diretores reclamaram da repressão em série pro-movida pela Guarda Municipal do Rio contra as manifestações artísticas nos locais públicos da cidade, e denuncia-ram a suposta intenção de “privatização dos espaços públicos abertos” pela Pre-feitura.

Durante a atividade, intitulada “Para que todos saibam”, encenações representaram as dificuldades da cultu-ra de rua. Segundo a Rede Estadual de Teatro de Rua – entidade com mais de 50 companhias do estado –, a Guarda Municipal estaria cobrando dos artistas uma autorização para atuarem em locais públicos há cerca de um ano. Lideran-ças como Richard Riguetti, articulador da rede, anunciaram o encaminhamen-to de uma Carta Aberta com as reivin-dicações dos atores ao ex-secretário de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, atu-almente candidato a deputado federal.

“Há um controle e uma proibição de que essas atividades sejam feitas confor-me a constituição determina. Estamos fazendo uma manifestação em todas as capitais do Brasil, colocando os artistas para esclarecer à população que a rea-lização dessa atividade é saudável para a cidade: traz muitos benefícios, como a ocupação dos espaços públicos, a di-minuição da violência, o exercício da cidadania”, afirmou Riguetti. Ele ainda relatou recentes proibições no Largo do Machado e no bairro de Campo Gran-de. No segundo caso, teve seu material de trabalho apreendido e foi à delegacia registrar ocorrência.

Bernardo Cahuê Amir Haddad, teatrólogo e diretor do Instituto Ta Na Rua, ressaltou a falta de políticas públicas para atender as de-mandas culturais em todo país: “As polí-ticas de ordem pública são para controle do cidadão, e não para estímulo da ex-pressão. As cidades não são estimuladas a se expressar, pelo contrário. Tem dia que a gente sai na rua sem autorização e não tem problema nenhum, e tem dia que a gente sai com autorização e eles proíbem. Chegaram a proibir evento no Viradão Carioca, que era um evento da Prefeitura e a polícia impediu”.

Essa não foi a primeira investida dos artistas de rua contra a repressão da Guarda Municipal. Em novembro pas-sado, Haddad foi mestre de cerimônia de uma ação semelhante na porta da Câmara dos Vereadores. Na ocasião, alguns atores se vestiram de terno e gra-vata e prenderam simbolicamente 200 atores de rua com plástico. No mesmo mês, a Guarda negou a repressão aos ar-tistas, e salientou que o único caso desse tipo registrado até então, em todo ano de 2009, teria ocorrido “com o saxofo-nista do metrô da Carioca” em agosto.

A secretária municipal de cultura Ana Luisa Lima afirmou que a Prefeitura apóia a atividade artística de rua. “A ati-vidade de rua foi introduzida pela Jan-dira (ex-secretária municipal) porque não existia um setor nessa área. O pre-feito achou tão importante que puxou um projeto estratégico da Prefeitura. Há fomento, estamos realizando atividades de circo, dança, samba, viradões cultu-rais, nas ruas. Inclusive acreditamos que as ruas têm de ser ocupadas mesmo, é uma vocação dos cariocas”, diz. Ana também lembrou que recentemente foi aprovado o Fundo de Apoio ao Teatro (FAT) na Secretaria de Cultura.

Eduardo Alves e Helena Cunha

Theatro Municipal: opção de cultura e lazer para os universitários

Após uma ampla reforma, que con-sumiu dois anos e meio e cerca de R$ 75 milhões de reais para trazer de vol-ta sua arquitetura original do início do século XX, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro voltou a funcionar, desde 27 de maio de 2010, de forma intensa, agi-tando a cultura da cidade. E quem está aproveitando os inúmeros espetáculos, desde balé clássico à orquestra sinfôni-ca, são os universitários.

Apesar de algumas peças terem preços altos, há as opções populares, que geralmente acontecem aos domin-gos. São apresentações de orquestra e balé clássico por apenas R$ 1,00, inclu-ídas no projeto “Domingo no Theatro Municipal”.

Existem outras peças com valo-res maiores, entre R$ 20,00 e R$ 50,00, mas é possível conseguir desconto de até 50% com a carteira de estudante. O estudante de jornalismo da Pinheiro Guimarães Rogério Campos, 39 anos, morador da Gloria, foi assistir a uma peça logo após a inauguração do teatro. Ele diz que gostou da beleza do lugar e em breve levará sua família para assistir a apresentação da Orquestra Sinfônica da Petrobras (OSP). Os preços popula-res, em sua opinião, são uma iniciativa excelente porque é dada oportunidade a todas as classes sociais de terem acesso à arte.

Aparecida Alves, 24 anos, também estudante da FPG e moradora do Fla-mengo, é freqüentadora assídua e não perde as apresentações da OSP e de balé

clássico. Ela aproveita as promoções de R$ 1,00 e também utiliza a carteira de estudante para ter desconto nas demais peças. Aparecida incentiva os outros es-tudantes a irem ao Theatro, pois, segun-do ela, além de ser um ótima opção de lazer, é uma forma de adquirir cultura.

Já Rayan da Silva, universitário de 19 anos e morador da Baixada Flumi-nense, nunca esteve no Theatro Munici-pal. Quando soube das promoções, es-pecialmente as de R$ 1,00, disse que em breve assistirá a alguma peça em cartaz. O estudante critica a falta de divulgação por parte da Prefeitura do Rio. Para ele, todos devem ter a oportunidade de fre-quentar o teatro, “pois cultura faz bem à alma”. Apesar da distância, Rayan não vê problemas, pois pode utilizar o trem e em seguida o metrô.

Rayan pretende, em breve, ir ao Theatro

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Manifestação contra a repressão em série promovida pela Guarda Municipal do Rio de Janeiro

Jornal da Pinheiro • ano 5 • nº 98

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A volta por cima do showbol no Brasil

Daniel Simões e Suene Oliveira

Quase 40 anos depois da realização da primeira partida de showbol no Bra-sil (no Maracanãzinho, em 1972), o es-porte voltou ao país em 2007. Um ano depois, era realizado o Campeonato Brasileiro. Em 2010, depois do campeo- nato nacional, vencido pelo Flamengo no primeiro semestre, as emoções fi-caram por conta do I Campeonato Ca-rioca de Showbol, vencido no dia 26 de setembro de 2010 também pelos rubro-negros sobre o América por 12 a 7. Par-ticiparam da disputa seis equipes, divi-didas em dois grupos. No A, ficaram Flamengo, Botafogo e Volta Redonda; e no B, América, Fluminense e Vasco.

O evento, previsto para estrear no dia 21 de agosto, no Complexo Esporti-vo da Rocinha, foi adiado por causa do tiroteio entre policiais e traficantes, que acabaram invadindo o Hotel Intercon-tinental, em São Conrado. Com isso, os organizadores acabaram transferindo

os jogos para o Maracanãzinho. O lugar foi ponto de encontro de craques como Romário, Bebeto, Djalminha, Gonçal-ves, Jorginho e Odvan. Por e-mail, Die-go Talim, coordenador de marketing do campeonato, falou sobre o evento.

Porque o evento não será mais realizado no Complexo Esportivo da Rocinha?Diego Talim: Por conta do incidente que ocorreu, a organização do showbol re-solveu cancelar o evento na comunidade por falta de segurança de nossa equipe e dos atletas. E foi com muito pesar que tomamos essa direção, pois as famílias já estavam aguardando a abertura da arena para assistir os jogos, e os atletas para exi-bir o verdadeiro showbol com jogadas de efeito e muitos gols. Mas ficou decidido que, pelo respeito e carinho que temos à comunidade, durante o Campeonato Ca-rioca de Showbol 2010, faremos uma par-tida de exibição no Complexo Esportivo da Rocinha. Os atletas preferem o Maracanãzinho?

DT: Os atletas preferem aonde o calor da torcida fica mais próximo, e esse local se-ria na Rocinha. A produção do Showbol, em conjunto com seus sócios (Ricardo Rocha, Djalminha e Francisco Montei-ro), tinha reservado brindes para serem distribuídos, animação nos intervalos e uma zona mista para autógrafos e fotos.

Contamos com o apoio da comunidade da Rocinha no Maracanãzinho, pois esse evento seria exclusivo para os morado-res. Durante a segunda fase do campeo-nato, estamos estudando a possibilidade de enviarmos um (ou mais) ônibus para buscar as famílias, possibilitando a elas assistirem às finais.

Bi-campeão brasileiro de showbol, o Flamengo também levou o título de campeão carioca de 2010

A ASCENSÃO DOS CLUBES CARIOCAS EM 2010 NO BRASILEIRO

Thalyson Martins e Thiago Silva

O Campeonato Brasileiro de 2010 co-meçou bem atípico para os clubes cariocas, e pelo lado positivo. Afinal, nunca na histó-ria dos pontos corridos, forma de disputa implementada desde 2003, os principais times do Rio de Janeiro começaram tão bem – pelo menos Fluminense, Botafogo e Vasco.

Neste ano os clubes mantiveram alguns bons jogadores do ano anterior no elenco e, com forte investimento, trouxeram grandes nomes que estão despontando como fortes candidatos ao título. O Fluminense, por exemplo, resolveu investir alto para trazer de volta jogadores até mesmo da Europa, como foram os casos de Belletti e Deco, ambos vindos do Chelsea, da Inglaterra.

O Botafogo apostou seus recursos na permanência do uruguaio Loco Abreu e na compra de Maicossuel do Hoffenheim, da Alemanha. Já o Vasco, após o retorno à pri-meira divisão do futebol brasileiro, investe em um ídolo do passado, o meia Felipe. Do Schalke 04, da Alemanha, trouxe Zé Rober-to, campeão brasileiro pelo rival Flamengo em 2009. O Flamengo, campeão brasileiro de 2009, mantém a base para tentar vencer novamente e trouxe do Olympiacos, da

Grécia, o meia Diogo. Do Fenerbahçe, da Turquia, veio o atacante Deivid.

A esperança dos torcedores é que, com início de campeonato tão promissor, outro time carioca volte ao topo da primeira divi-são do Campeonato Brasileiro, como acon-teceu com o Flamengo no ano passado. Já na fase dos pontos corridos, a segunda melhor posição dos times do Rio aconteceu em 2007, quando o Flamengo terminou em 3°, o Fluminense em 4°, Botafogo em 9° e o Vasco em 10°. Depois, em 2008, o Vasco foi rebaixado, o Fluminense escapou nas últi-mas rodadas, o Flamengo brigou pela vaga na Taça Libertadores e não se classificou e o Botafogo ficou no meio da tabela.

O jornalista Rodrigo Ciantar, do jor-nal Lance, considera que o ano de 2010 é o melhor, até o momento, para os clubes cariocas. “Muito melhor do que nos últi-mos anos. Os clubes deixaram de ser coad-juvantes. O Fluminense montou um time para ser campeão. O Botafogo tem jogado-res de qualidade, como Maicossuel, Jobson e Loco Abreu, e também pode chegar. O Vasco se acertou com PC Gusmão e pode até beliscar uma vaga no G4. A lamentar pelo Flamengo, que não conseguiu manter a mesma força do ano passado, quando foi campeão brasileiro”, disse.