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JORNAL da CIÊNCIA PUBLICAÇÃO DA SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA • RIO DE JANEIRO, 27 DE SETEMBRO DE 2013 • ANO XXVII N 0 746 • ISSN 1414-655X Conferência do clima é realizada em Estocolmo (p.2) Agência de notícias sobre CT&I argentina (p.12) Velhos professores para novas tecnologias As ultrapassadas políticas públicas de formação docente não acompanham os avanços e as transformações da sociedade Para garantir a excelência dos professores são necessárias políticas públicas voltadas para a formação e aperfeiçoamento desses profissionais. Ao analisar a atual política pública de forma- ção docente no Brasil, o profes- sor Isaac Roitman, coordenador do Núcleo do Futuro da Univer- sidade de Brasília (UnB.Futuro), afirma que essas políticas estão ultrapassadas. Ele aponta que é necessário formar um novo per- fil de professores cada vez mais conectados aos avanços das tecnologias de comunicação e informação. De acordo com dados do Censo Escolar 2010, 13% dos professores do ensino médio do Brasil não têm formação ade- quada. Esse é apenas um dos gargalos relacionados ao ma- gistério no Brasil. Outro é a baixa remuneração: o professor rece- be 40% menos do que a média de outros profissionais com o mesmo nível de escolaridade, segundo o MEC. Fundado em 2006, o movi- mento Todos pela Educação re- úne diferentes setores da socie- dade civil brasileira e tem como missão contribuir para que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, o país assegure a todas as crianças e jovens o direito a educação bási- ca de qualidade. Uma das ban- deiras defendidas e monitoradas pela instituição é a formação e a carreira do professor. O sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), carro- chefe da parceria entre a Coor- denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) e as Instituições Públi- cas de Ensino Superior do país (Ipes) em prol da formação de professores no Brasil, foi o ob- jeto de estudo dos professores Maria Renata da Cruz Duran, do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e Celso José da Costa, da Universidade Fe- deral Fluminense (UFF). Eles analisaram o sistema UAB como estratégia de democrati- zação e interiorização do ensi- no. (Páginas 6 e 7) Projetos de desenvolvimento da Amaznia sªo vistos com cautela Após anos de promessas frus- tradas, a Amazônia, detentora do maior patrimônio genético do mundo, poderá finalmente ter uma política de desenvolvimen- to regional, que seria baseada em dois projetos que estão em andamento. Entretanto, antes mesmo de saírem do papel, as propostas são observadas com cautela. Especialistas avaliam que ambas são insuficientes para atender às necessidades da região. Uma delas, em elaboração no MCTI, é o plano de ciência e tecnologia, que prevê o desen- volvimento sustentável da re- gião com a utilização de seus recursos naturais. A expectati- va do órgão é lançar a medida oficialmente até o fim deste ano. A outra proposta institui a Política Nacional de Defesa e de De- senvolvimento da Amazônia e da Faixa de Fronteira. Aprovado, dia 19, no Senado, o projeto deve ser encaminhado para a Câmara dos Deputados. O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Adalberto Luis Val, defende pro- jetos de desenvolvimento regio- nal de longo prazo, até então pouco existentes, que assegu- rem a manutenção das florestas em pé. Hoje, segundo ele, faltam alternativas para exploração dos recursos naturais da região com a garantia de que as florestas serão mantidas e conservadas. Para que os projetos de de- senvolvimento e defesa para a Amazônia tenham eficácia em sua execução, eles precisam atender às peculiaridades socais e ambientais locais. A análise é do físico Ennio Candotti, diretor geral do Museu da Amazônia (Musa) e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Pro- gresso da Ciência. (Página 8) MCTI lana edital de R$ 14 milhıes para projetos de pesquisa em TI Com o objetivo de apoiar pro- jetos de pesquisa que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científi- co e tecnológico do país, o MCTI lançou, no último dia 19, edital, no valor de R$ 14 milhões, para projetos de pesquisa, desenvol- vimento e inovação (P,D&I) no âmbito do Programa Estratégico de Software e Serviços de Tec- nologia da Informação (TI Mai- or), projeto do governo federal para estímulo dessa área. Os recursos serão concedidos a projetos de pesquisa que resul- tem em serviços ou produtos a serem lançados no mercado. O programa tem como objetivo for- mar mão de obra qualificada. O edital, que ficará aberto por 45 dias, tem como resultados esperados empregar pesquisa- dores brasileiros em centros glo- bais de P,D&I, de grandes em- presas transnacionais, no Brasil e no mundo, estimular o desen- volvimento de startups, gerar registros de patentes e ocupa- ções no mercado nacional, criar e promover spinoffs e aquisi- ções corporativas. (Página 4) Surdos pedem alteraıes em meta do PNE Entidade nacional que repre- senta os surdos pede mudanças na Meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE). A preocupa- ção é que, com a atual redação, os surdos deixem de receber uma educação voltada para eles e sejam prejudicados. Apesar das mudanças propostas, no último dia 19, os surdos não se sentem contemplados. O PNE estabelece metas para os próxi- mos dez anos. A Meta 4 trata do acesso de alunos com deficiên- cia à educação básica e tem sido alvo de polêmica. (Página 5) A SBPC encaminhou carta aos senadores com considera- ções a respeito do projeto de lei que altera a lei de diretrizes e bases da educação para dar aos programas de mestrado o caráter de formação para a docência, e a seus diplomas a titulação mínima para ingresso no magistério da educação su- perior pública. O texto aponta divergências entre a proposta e o projeto que dispõe sobre a estruturação do Plano de Car- reiras e Cargos de Magistério Superior Federal. (Página 2) DivergŒncias entre o PLS 291/2012 e o plano de carreiras Brasil vence a Olimpada Ibero-Americana de MatemÆtica O Brasil conquistou o primeiro lugar na 28ª Olimpíada Ibero- Americana de Matemática (OIM). Quatro estudantes brasileiros ganharam medalhas de ouro e prata na competição, que foi en- cerrada nesta sexta-feira, dia 27 de setembro, na capital do Pana- má. Desde o dia 22, o evento contou com a participação de 78 jovens com idades que variam entre 13 e 18 anos, de 20 países de América Latina, Portugal e Espanha. (Página 12)

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Page 1: JORNAL da CIÊNCIA - ufam.edu.br da Ciência.pdf · sobre CT&I argentina (p.12) Velhos professores para novas tecnologias As ultrapassadas políticas públicas de formação docente

JORNAL da CIÊNCIAPUBLICAÇÃO DA SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA • RIO DE JANEIRO, 27 DE SETEMBRO DE 2013 • ANO XXVII N0 746 • ISSN 1414-655X

Conferênciado clima é

realizada emEstocolmo

(p.2)

Agência denotícias

sobre CT&Iargentina

(p.12)

Velhos professores paranovas tecnologias

As ultrapassadas políticas públicas de formação docente nãoacompanham os avanços e as transformações da sociedade

Para garantir a excelência dosprofessores são necessáriaspolíticas públicas voltadas para aformação e aperfeiçoamentodesses profissionais. Ao analisara atual política pública de forma-ção docente no Brasil, o profes-sor Isaac Roitman, coordenadordo Núcleo do Futuro da Univer-sidade de Brasília (UnB.Futuro),afirma que essas políticas estãoultrapassadas. Ele aponta que énecessário formar um novo per-fil de professores cada vez maisconectados aos avanços dastecnologias de comunicação einformação.

De acordo com dados doCenso Escolar 2010, 13% dosprofessores do ensino médio doBrasil não têm formação ade-quada. Esse é apenas um dosgargalos relacionados ao ma-gistério no Brasil. Outro é a baixaremuneração: o professor rece-be 40% menos do que a médiade outros profissionais com omesmo nível de escolaridade,segundo o MEC.

Fundado em 2006, o movi-mento Todos pela Educação re-

úne diferentes setores da socie-dade civil brasileira e tem comomissão contribuir para que até2022, ano do bicentenário daIndependência do Brasil, o paísassegure a todas as crianças ejovens o direito a educação bási-ca de qualidade. Uma das ban-deiras defendidas e monitoradaspela instituição é a formação e acarreira do professor.

O sistema UniversidadeAberta do Brasil (UAB), carro-chefe da parceria entre a Coor-denação de Aperfeiçoamentode Pessoal de Ensino Superior(Capes) e as Instituições Públi-cas de Ensino Superior do país(Ipes) em prol da formação deprofessores no Brasil, foi o ob-jeto de estudo dos professoresMaria Renata da Cruz Duran,do Departamento de Históriada Universidade Estadual deLondrina (UEL), e Celso Joséda Costa, da Universidade Fe-deral Fluminense (UFF). Elesanalisaram o sistema UABcomo estratégia de democrati-zação e interiorização do ensi-no. (Páginas 6 e 7)

Projetos de desenvolvimento daAmazônia são vistos com cautelaApós anos de promessas frus-

tradas, a Amazônia, detentorado maior patrimônio genético domundo, poderá finalmente teruma política de desenvolvimen-to regional, que seria baseadaem dois projetos que estão emandamento. Entretanto, antesmesmo de saírem do papel, aspropostas são observadas comcautela. Especialistas avaliamque ambas são insuficientespara atender às necessidadesda região.

Uma delas, em elaboraçãono MCTI, é o plano de ciência etecnologia, que prevê o desen-volvimento sustentável da re-gião com a utilização de seusrecursos naturais. A expectati-va do órgão é lançar a medidaoficialmente até o fim deste ano.A outra proposta institui a PolíticaNacional de Defesa e de De-senvolvimento da Amazônia eda Faixa de Fronteira. Aprovado,

dia 19, no Senado, o projeto deveser encaminhado para a Câmarados Deputados.

O diretor do Instituto Nacionalde Pesquisas da Amazônia,Adalberto Luis Val, defende pro-jetos de desenvolvimento regio-nal de longo prazo, até entãopouco existentes, que assegu-rem a manutenção das florestasem pé. Hoje, segundo ele, faltamalternativas para exploração dosrecursos naturais da região coma garantia de que as florestasserão mantidas e conservadas.

Para que os projetos de de-senvolvimento e defesa para aAmazônia tenham eficácia emsua execução, eles precisamatender às peculiaridades socaise ambientais locais. A análise édo físico Ennio Candotti, diretorgeral do Museu da Amazônia(Musa) e vice-presidente daSociedade Brasileira para o Pro-gresso da Ciência. (Página 8)

MCTI lança edital de R$ 14milhõespara projetos de pesquisa em TICom o objetivo de apoiar pro-

jetos de pesquisa que visemcontribuir significativamentepara o desenvolvimento científi-co e tecnológico do país, o MCTIlançou, no último dia 19, edital,no valor de R$ 14 milhões, paraprojetos de pesquisa, desenvol-vimento e inovação (P,D&I) noâmbito do Programa Estratégicode Software e Serviços de Tec-nologia da Informação (TI Mai-or), projeto do governo federalpara estímulo dessa área. Osrecursos serão concedidos aprojetos de pesquisa que resul-

tem em serviços ou produtos aserem lançados no mercado. Oprograma tem como objetivo for-mar mão de obra qualificada.

O edital, que ficará aberto por45 dias, tem como resultadosesperados empregar pesquisa-dores brasileiros em centros glo-bais de P,D&I, de grandes em-presas transnacionais, no Brasile no mundo, estimular o desen-volvimento de startups, gerarregistros de patentes e ocupa-ções no mercado nacional, criare promover spinoffs e aquisi-ções corporativas. (Página 4)

Surdos pedemalterações emmeta do PNE

Entidade nacional que repre-senta os surdos pede mudançasna Meta 4 do Plano Nacional deEducação (PNE). A preocupa-ção é que, com a atual redação,os surdos deixem de receberuma educação voltada para elese sejam prejudicados. Apesardas mudanças propostas, noúltimo dia 19, os surdos não sesentem contemplados. O PNEestabelece metas para os próxi-mos dez anos. A Meta 4 trata doacesso de alunos com deficiên-cia à educação básica e tem sidoalvo de polêmica. (Página 5)

A SBPC encaminhou cartaaos senadores com considera-ções a respeito do projeto delei que altera a lei de diretrizese bases da educação para daraos programas de mestrado ocaráter de formação para adocência, e a seus diplomas atitulação mínima para ingressono magistério da educação su-perior pública. O texto apontadivergências entre a proposta eo projeto que dispõe sobre aestruturação do Plano de Car-reiras e Cargos de MagistérioSuperior Federal. (Página 2)

Divergências entreo PLS 291/2012 e oplano de carreiras

Brasil vence a OlimpíadaIbero-Americana deMatemáticaO Brasil conquistou o primeiro

lugar na 28ª Olimpíada Ibero-Americana de Matemática (OIM).Quatro estudantes brasileirosganharam medalhas de ouro eprata na competição, que foi en-cerrada nesta sexta-feira, dia 27

de setembro, na capital do Pana-má. Desde o dia 22, o eventocontou com a participação de 78jovens com idades que variamentre 13 e 18 anos, de 20 paísesde América Latina, Portugal eEspanha. (Página 12)

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JORNAL da CIÊNCIAPublicação quinzenal da SBPC— Sociedade Brasileira para oProgresso da Ciência

Conselho Editorial: Alberto P.Guimarães Filho, Jaime MartinsSantana, Lisbeth KaiserlianCordani, Maria Lucia Maciel eMarilene Correa da Silva FreitasEditor: Mario NicollRedação e reportagem: EdnaFerreira, Vivian Costa, VivianeMonteiro e Paloma Barreto(estagiária).Revisão: Mirian S. CavalcantiDiagramação: Sergio SantosIlustração: Mariano

Redação: Av. Venceslau Brás,71, fundos, casa 27, Botafogo, CEP22290-140, Rio de Janeiro, RJ.Fone: (21) 2295-5284. E-mail:<[email protected]>ISSN 1414-655XAPOIO DO CNPq

27 de Setembro de 2013Página 2 JORNAL da CIÊNCIA

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A Sociedade Brasileira parao Progresso da Ciência (SBPC)encaminhou, no último dia 12,carta aos senadores com di-versas considerações a res-peito do projeto de lei (PLS291/2012) que altera a lei dediretrizes e bases da educaçãonacional para dar aos progra-mas de mestrado o caráter deformação para a docência, e aseus diplomas a titulação míni-ma para ingresso no magisté-rio da educação superior públi-ca. O documento pede que otema seja apreciado pelo ple-nário do Senado Federal.

O texto assinado pela presi-dente da SBPC, Helena Nader,aponta divergências entre o PLS291/2012 e o projeto que dis-põe sobre a estruturação doPlano de Carreiras e Cargos deMagistério Superior Federal, jáaprovado pelo Senado em se-tembro. De acordo com o docu-

Divergências entre o PLS 291/2012e o plano de carreiras do magistérioAssinada por Helena Nader e encaminhada aos senadores,carta da SBPC pode ser acessada na íntegra pela internet

mento, o referido plano exige otítulo de doutor para ingressarna carreira de magistério supe-rior, mediante concurso públi-co, diferentemente do que estásendo proposto pelo PLS 291/2012, que exige mestrado comotitulação mínima para concur-sos de ingresso para as carrei-ras de docentes.

Entre outras abordagens, aSBPC argumenta que a forma-ção dos futuros docentes já foitratada em outro diploma legal(Plano de Carreira) e pela Ca-pes. “Acreditamos que o avançona qualidade do ensino superiortem razões mais complexas ediversas que precisam ser maisbem analisadas para, então, sebuscar soluções mais eficien-tes” diz o texto.

O documento na íntegra podeser acessado em www.jornaldaciencia.org.br/l inks/Of101PLS291Senadores.pdf

Conferência doclima é realizadaem Estocolmo

Relatório final fez previsões doaquecimento global até 2100

O Ranking Universitário Fo-lha (RUF) 2013, produzido pelaFolha de S. Paulo e publicado nodia 9, revela que as três maioresuniversidades nacionais emquantidade de alunos estão lon-ge do topo na lista de melhoresdo país. As gigantes privadasUnip, Universidade Nove deJulho (as duas de SP) e Estáciode Sá (no Rio) têm juntas maisde 400 mil alunos - quase 7% dototal matriculado no ensino su-perior. Em relação à qualidade,a Uninove (70ª) e a Unip (76ª)estão entre as cem melhoresuniversidades do país. A Estáciode Sá (104ª) está no final da lista.

Quando a análise é focadano mercado de trabalho, os re-sultados são diferentes. A Unip,por exemplo, está entre as dezmelhores do país de acordo coma avaliação dos 1.681 profissio-nais de recursos humanos con-sultados pelo Datafolha no RUF.O cálculo é feito com base nasnotas recebidas nas duas pes-quisas feitas pelo Datafolha parao RUF, com avaliadores do MEC(Ministério da Educação) e comempregadores. Elas compõemuma parte do indicador de ensi-no e o indicador de mercado doRUF. Foram avaliadas 192 uni-versidades brasileiras, partindode 16 quesitos de qualidade.

A boa reputação faz universi-dades subirem no ranking. Clas-

A 6ª edição do Painel Intergo-vernamental sobre MudançasClimáticas (IPCC na sigla em in-glês), da ONU, foi realizada emEstocolmo, de 23 a 27 de setem-bro. O relatório final apontou queo aquecimento global até o finaldo século 21 deve ser superior a2 graus, superando o limite con-siderado seguro . O texto tambémaponta que, até 2100, o nível domar deve subir perigosamentede 45 a 82 centímetros, conside-rando o pior cenário, e o gelo doÁrtico pode diminuir até 94%durante o verão local.

O documento diz que há maisde 95% de certeza de que ohomem causou mais da metadeda elevação média da tempera-tura entre 1951 e 2010. A confe-rência reuniu 259 cientistas erepresentantes de governos de195 países. O resultado será abase para os governos imple-mentarem políticas de reduçãode impactos ambientais.

Especialistas fizeram quatroprojeções considerando situa-ções diferentes de emissões degases causadores do efeito estu-fa. Em todas, há aumento de tem-peratura. As mais brandas ficamentre 0,30C e 1,70C. Nestes ca-sos, seria necessário diminuirmuito as emissões. Já no cenáriomais pessimista, o aquecimentoficaria entre 2,60C e 4,80C.

Alguns cientistas criticam omodelo adotado pela ONU paraanalisar os efeitos do aqueci-mento global e de outros even-tos extremos. Em vez de gran-des estudos, produzidos a cadacinco ou seis anos, os cientistasreivindicam registros mais fre-quentes. Segundo os especia-listas, os grandes relatórios doIPCC são certeiros, mas, pelademora para a coleta dos dados,suas informações tornam-se ra-pidamente desatualizadas.

Este é o Quinto Relatório doIPCC, que será lançado em qua-tro partes, entre setembro de 2013e novembro de 2014. Esse pri-meiro documento é do Grupo deTrabalho I (sobre os aspectoscientíficos das mudanças climáti-cas). Entre os dias 25 e 29 demarço de 2014, será a vez doGrupo de Trabalho II (analisandoos impactos, a adaptação e avulnerabilidade), que se reuniráem Yokohama, no Japão. O Gru-po de Trabalho III (especializadona mitigação dos impactos dasmudanças climáticas) está pre-visto para os dias 7 e 11 de abrilem Berlim, na Alemanha. Por fim,será criado um relatório síntese,cujos trabalhos ocorrerão entreos dias 27 e 31 de outubro, emCopenhague, na Dinamarca.

Maiores universidades estão longedo topo em ranking de qualidade

sificadas em posições intermedi-árias na listagem geral do ranking,PUC-SP e Mackenzie saltam paraas primeiras posições se consi-derado apenas o item reputaçãodos seus cursos de graduação. APUC-SP aparece em 43º lugarna lista geral, enquanto oMackenzie ganha 20 posiçõesquando a análise é restrita à per-cepção que se tem da instituição.A universidade está em 27º lugarno geral e sobe para 7º em repu-tação. USP, UFRJ e UFMG lide-ram a lista geral e de reputação.

Cursos novatos estão entreos mais bem avaliados. Entre oscursos com menos de dez anosque figuram no top 10 em suasáreas está, por exemplo, o defarmácia da UnB (Universidadede Brasília). Fundado em 2008,ele é um dos com o ensino maisbem avaliado, ao lado de cincoescolas centenárias. Quando oassunto é engenharia, porém,os cursos com melhor desempe-nho têm mais de 50 anos. Comdestaque para USP, que recebe2 mil alunos ao ano só em enge-nharia, e pequenas instituiçõescomo o ITA (Instituto Tecnológi-co da Aeronáutico), de São Josédos Campos, e o IME (InstitutoMilitar de Engenharia), do Riode Janeiro, que recebem res-pectivamente 120 e 97 alunos.(Com informações da Folha deS.Paulo)

Lista foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo no último dia 9

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27 de Setembro de 2013 Página 3JORNAL da CIÊNCIA

Poucas & BoasPoucas & Boas

Mais médicos - �Ter médicos émelhor do que não ter, e é possível eplausível atraí-los para trabalhar emcidades do interior bem como realizartestes, compatíveis com as necessi-dades do país, para revalidar diplo-mas de estrangeiros. O Brasil nãodeve e não precisa se desviar da rotaque conduz à organização de umabrangente e sólido sistema públicode saúde para todos.�

LigiaBahia,professoradaUFRJ,no artigo �Melhor é tornar possí-vel� publicado em O Globo (16/9)

Museu -�Por favor, nãomatem anossa história! Salvemos o Museu deCiência e Tecnologia da Boca doRio.�

Nelson Pretto, professor daFaced/UFBA, no artigo �Nãomatem oMuseu de C&T da Bocado Rio� publicado no jornal ATarde, em defesa de histórica ins-tituição baiana (17/9).

Novo programa - �A matemá-tica, física e química precisam de estí-mulo específico, e o programa é paratentar construir esse estímulo desdeo ensino médio, com o objetivo dedespertar o interesse pelas ciênciaspara, no futuro, quem sabe, seremprofessores dessas disciplinas.�

Aloizio Mercadante, ministroda Educação, durante lançamen-to do programa Quero Ser Cien-tista, Quero Ser Professor. (18/9)

Mudanças climáticas - �Asprovas científicas das (...) mudançasclimáticas se reforçaram a cada ano,deixando pouca incerteza, salvo so-bre suas graves consequências.�

Rajendra Pachauri, presidentedo Painel Intergovernamental so-bre Mudanças Climáticas (IPCC),em Estocolmo. Zero Hora (23/9)

Ensino -�A experiência dos gru-pos de estudo (também chamados decélulas de aprendizagem cooperati-va) deu certo. Não pode ser só oprofessor dando aula, uma transfe-rência impositiva de um lado para ooutro. Você aprende muito maisinteragindo, cooperando, comparti-lhando conhecimentos e trocandosaberes com os outros do que apenasrecebendo informação.�

Manoel Andrade, doutor emQuímica da Universidade Fede-ral do Ceará, em entrevista a OGlobo sobre o Prece - Programade Educação em Células Coope-rativas. (23/9).

Efeito estufa � �Esse compro-misso com a proteção ambiental refle-te-se, por exemplo, no fato de sermos,de acordo com as Nações Unidas, opaís que mais tem feito pela reduçãodas emissões de gás de efeito estufa.�

DilmaRousseff, presidente daRepública, nodiscursodeabertu-ra do Foro Político de Alto Nívelsobre Desenvolvimento Susten-tável - Nova York, nos EstadosUnidos. (24/9)

Defender a universidade dos grilhõesdo controle e da burocracia

Remi Castioni*

O ano de 2013 tem sido muitoduro para as universidades einstitutos federais. O ano se ini-ciou com a distribuição de umacartilha às universidades pelaControladoria-Geral da União(CGU) e pelo Ministério da Edu-cação (MEC) contendo 122 pres-crições daquilo que os professo-res das universidades e institu-tos federais podem e o que nãodevem fazer. A leitura atenta dacartilha mostra a que ponto che-gamos na universidade brasilei-ra, onde qualquer procedimentoadministrativo necessita quaseque literalmente da autorizaçãodos órgãos de controle. Atual-mente, nas universidades e ins-titutos federais nada se faz senão pedir primeiro para um“abençoado” da CGU o que podee é permitido fazer. É recorrentenas administrações das univer-sidades expressões do tipo: “issoa CGU não deixa fazer, profes-sor”, “vou consultar a CGU praver se pode, professor”.

Paralelo à cartilha, a CGUconstituiu grupo de trabalhopara acompanhar a folha depagamento das universidadese institutos federais. E quais ospotenciais desvios que a CGUestá identificando? Exatamen-te aqueles que estão no âmagoda atividade precípua da uni-versidade e prevista no Artigo207 da Constituição Federal, aindissociabilidade entre ensi-no, pesquisa e extensão. Noagir da CGU, a universidade éum espaço de castigo e peni-tência muito próximo do que seprocessou na Idade Média.Qualquer atitude suspeita é si-nal para um comando superiorpara investigar o professor queousou desafiar os grilhões docontrole.

O controle externo na admi-nistração pública foi totalmentedeturpado. A universidade estáparalisada frente ao poder con-ferido às atividades-meio daadministração. Parte-se do pres-suposto de que todo professorou técnico-administrativo dasuniversidades e institutos fede-rais, ex-ante, ao realizar qual-quer procedimento o faz irregu-larmente. O ônus da prova foiinvertido. Recentemente, aUFRJ foi duramente exposta nosgrandes periódicos e em pro-gramas televisivos por exercera sua autonomia. Um ex-reitor,Aloisio Teixeira, falecido, foicondenado, e um professor foidemitido a partir de um Proces-so Administrativo Disciplinar –PAD, montado em Brasília e sema participação dos interessa-dos na questão ao nível local.

Não foi dado ao nosso colega,professor Geraldo Nunes, direi-to de ampla defesa e o contradi-tório não se estabeleceu. O es-tado democrático de direito foiduramente atacado. O profes-sor em questão aguarda umadecisão da justiça federal, poisnão pode nem pedir à presiden-ta da República o benefício dadúvida. A decisão da CGU nãopode ser reformada por nin-guém, somente por ela mesma.Um total abuso do poder confe-rido à CGU. Isso remete aosregimes totalitários.

Um artigo recente de gran-de repercussão, o professorLuiz Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ, publicado em O Globo edenominado: Um almoço paraEinstein e, posteriormente pu-blicado no Jornal da Ciênciaem 29 de julho de 2013(www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85943), ilustramuito bem o ní-vel a que che-garam os ór-gãos de contro-le. Aqui cabe apergunta. Todomundo controlaa universidade,e quem contro-la a CGU, AGU,TCU e os de-mais ‘us”?

Na adminis-tração públicaem geral nin-guém mais queraceitar o cargode ordenadorde despesas, porque sabe queserá condenado um dia pela CGU.Nossos colegas que passam pelaadministração defendem-se comadvogados próprios. Para fugirdisso, o BNDES, para preservarseus diretores, criou um “seguroCGU”. A CGU com sua voracida-de criou um mercado de seguros.É a contribuição que a CGU estádando para a financeirização daeconomia.

Durante a tramitação do PL4.368/2012, que resultou na Lei12.772/2012, pôde-se percebera pressão dos órgãos de contro-le para instituir no âmbito dacarreira docente, a gestão dacarreira, fator esse que não esta-va presente no Decreto 94.664/1987 (Pucrece). No acordo assi-nado com o Proifes, não faziaparte do mesmo a gestão da DEpor dentro da carreira.

Em boa hora parece que asuniversidades e parte dos queacreditam no papel que ela podedesempenhar e contribuir parao país acordaram. Na semanapassada, a Sesu/MEC deu iní-cio a uma série de reuniões, àqual serão convidados os seg-

mentos que atuam na universi-dade e que se dispõem a parti-cipar para a construção de umprojeto de universidade. A pró-pria Andifes, que congrega osreitores, está em fase final deuma Lei de Autonomia das uni-versidades, que cria como entejurídico próprio a universidadepública federal.

Além disso, tramitam no Con-gresso Nacional dois importan-tes projetos que podem removeras barreiras que hoje tolhem auniversidade brasileira e podemsignificar importante contribui-ção ao país. O PL 2177/2011,que cria o Código Nacional deCiência, Tecnologia e Inovaçãoe a PEC da Inovação, que visainstituir o Sistema Nacional deCiência, Tecnologia e Inovação.

Para os desafios a que se pre-tende o Brasil, na construção deum novo projeto nacional de de-senvolvimento, a universidade e

os institutos fede-rais não podemconviver com osórgãos de con-trole que nosveem como re-partição pública.Os órgãos decontrole sãohegemonizadospor uma visãode insulamentoburocrático. Nãoconseguem en-xergar o papelda universidadeem um sistemaconstante de

aprendizado e de inovação.Dessa forma precisamos

imediatamente de um amploprocesso de mobilização, en-volvendo amplos setores dasociedade brasileira e de pes-quisadores de grande contri-buição para a ciência, a fim derealizar ampla discussão visan-do defender a universidadepública dos grilhões dos órgãosde controle. Participar ativa-mente da tramitação dos PLs noCongresso Nacional, que temrelação com a universidade, éde fundamental importânciapara defender a universidadecomo espaço importante para aprodução de conhecimento vol-tado para os amplos setores dasociedade brasileira e na pers-pectiva de sua contribuição paraum novo projeto nacional dedesenvolvimento.

*Remi Castioni é professor-pes-quisador na Faculdade de Edu-cação da Universidade de Brasí-lia e membro permanente do Pro-grama de Pós-Graduação emEducação, da linha de políticaspúblicas e gestão da educação.

"precisamosimediatamente deum amplo processode mobilização, afim de realizar umaampla discussão

visando defender auniversidade pública

dos grilhões dosórgãos de controle"

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JORNAL da CIÊNCIA 27 de Setembro de 2013Página 4

MCTI lança edital de R$ 14milhõespara projetos de pesquisa em TI

Os projetos devem resultar em produtos e serviços inovadores

Vivian Costa

Com o objetivo de apoiar pro-jetos de pesquisa que visemcontribuir significativamentepara o desenvolvimento científi-co e tecnológico do país, o Minis-tério de Ciência, Tecnologia eInovação (MCTI) lançou, no últi-mo dia 19, edital, no valor de R$14 milhões, para projetos depesquisa, desenvolvimento einovação (P,D&I) no âmbito doPrograma Estratégico deSoftware e Serviços de Tecnolo-gia da Informação (TI Maior),projeto do governo federal paraestímulo dessa área. Os recur-sos serão concedidos a projetosde pesquisa que resultem emserviços ou produtos a seremlançados no mercado. O progra-ma tem como objetivo formarmão de obra qualificada para osetor de tecnologia de informa-ção, afirmou o ministro do MCTI,Marco Antônio Raupp.

O edital, que ficará aberto por45 dias, tem como resultadosesperados empregar pesquisa-dores brasileiros em centros glo-bais de P,D&I, de grandes em-presas transnacionais, no Brasile no mundo, estimular o desen-volvimento de startups, gerarregistros de patentes e ocupa-ções no mercado nacional, criare promover spinoffs e aquisi-ções corporativas. Espera-seesforço de investimento conjun-to com o setor privado na ordemde R$ 28 milhões.

Segundo o secretário de Polí-tica de Informática do MCTI,Virgílio Almeida, o programa ser-virá para colocar pesquisadoresbrasileiros dentro de centros glo-bais de pesquisa. “O objetivo éapoiar a pesquisa científica, tec-nológica e de inovação e atrairinvestimentos para atividadesintensivas em conhecimento tec-nológico”, ressaltou. Ele disseainda que os projetos devempossuir caráter aplicado e resul-tar no desenvolvimento e na co-mercialização de produtos, pro-cessos e serviços inovadores.

O alvo são projetos de pós-graduação, mestrado e doutora-do, em parceria com universida-des e empresas. “Hoje, o Brasilinveste 1,21% do PIB em pes-quisa e desenvolvimento e nos-so objetivo é elevar isso”, disseAlmeida.

“A parceria com o setor priva-do, por meio de estímulos, é umdos caminhos. Queremos quepesquisadores brasileiros atu-em no ambiente global. É impor-tante que projetos se liguem aoutros centros de P&D.”

O governo também irá ofere-cer consultoria institucional de

apoio à estruturação de propos-tas de empresas brasileiras einternacionais, contando com aavaliação de rede local de pes-quisadores, nas diversas subá-reas de conhecimento de TI. Oministro Raupp falou do aumen-to da importância do setor priva-do nas políticas públicas do mi-nistério. “Serão R$ 21 bilhõesem recursos em andamento aosetor privado entre 2013 e 2014,em plena execução”, informou.A meta é elevar essa cifra paraR$ 34 bilhões.

Centros globais - Durante oevento, foi anunciada a instala-ção, no Brasil, do quarto CentroGlobal de P, D&I no âmbito doPrograma Estratégico deSoftware e Serviços de TI (TIMaior), em parceria do MCTI coma empresa alemã de softwareSAP, para duplicação de suasinstalações do SAP Labs da áreaem São Leopoldo, no Rio Gran-de do Sul. Até dezembro, serãoaplicados R$ 60 milhões, demodo a elevar de 500 para 600o número de funcionários docentro no próximo ano.

Durante o anúncio, Fernan-do Lewis, vice-presidente deoperações da SAP para Améri-ca Latina, destacou o investi-mento de mais R$ 100 milhõesque a empresa desembolsoupara a criação do seu laborató-rio de inovação. Apenas para aexpansão das instalações doSAP Labs, obra prevista para serfinalizada no começo de dezem-bro, estão sendo investidos maisde R$ 60 milhões.

De acordo com o ministroRaupp, este é o quarto e últimocentro de pesquisa planejadopelo governo, que pretende in-vestir cerca de 15 milhões dereais em iniciativas para atrairpesquisa e desenvolvimentoentre 2012 e 2015. “Alcançamosa meta um ano antes do planeja-do”, comemorou. “Mas não va-mos parar por aqui, vamos con-tinuar trabalhando.”

Segundo o ministro, a inova-ção e a tecnologia são fatoresfundamentais para o desenvolvi-mento socioeconômico do Brasil.“O incentivo ao setor de softwaree serviços de TI do governo pre-tende posicionar o país como pro-tagonista mundial do setor”, dis-se. “Esta parceria potencializaráainda mais o Brasil a ser maiscompetitivo no segmento.”

Raupp lembrou que a insta-lação dos centros de P&D noBrasil significará um investimen-to de mais de R$ 700 milhões,valor superior ao aporte total dogoverno no programa TI Maior,que é de R$ 500 milhões.

Aprovado programade compensação

ambientalA política prevista no projetoestá no Novo Código Florestal

A Comissão de Agriculturada Câmara aprovou, no últimodia 18, proposta que cria o Pro-grama Nacional de Compensa-ção por Serviços Ambientais eum fundo federal específico paraesse fim. O objetivo do PL 1274/11 é permitir que o produtor ruralque preservar áreas ou desen-volver iniciativas de preservaçãoou recuperação ambiental emsua propriedade seja recompen-sado financeiramente por isso.

O relator, deputado MoreiraMendes (PSD-RO), defendeu aaprovação do projeto de autoriado deputado Onofre SantoAgostini (DEM-SC). Na avalia-ção de Mendes, o programa co-loca em prática a política ambien-tal prevista no Novo Código Flo-restal (Lei 12.651/12). “O paga-mento por serviços ambientais éum dos pilares que sustentam anova legislação ambiental brasi-leira. De nada adianta aprovar ocódigo, como aprovamos, se nãoavançarmos a discussão paraformas de recompensa. É valori-zar o produtor rural que cuida domeio ambiente”, sustentou.

Pela proposta, o agricultor oupecuarista poderá ter três tiposdiferentes de atuação: unidadesde conservação; formações ve-getais; e água. A primeira delasbusca a conservação da biodi-versidade ou recuperação deáreas protegidas pela legislação.Será voltado aos residentes des-sas áreas, proprietários de reser-vas particulares ou moradoresrurais de corredores ecológicosou zonas de amortecimento.

Nas áreas classificadas como“formações vegetais”, o objetivoé recompor áreas degradadascom espécies nativas; preservaras paisagens naturais; conser-var a biodiversidade necessáriapara fauna e flora; e proibir aconversão das florestas em zo-nas agropastoris. Esse subpro-grama tem como prioridade oatendimento a agricultores fami-liares, comunidades tradicio-nais, povos indígenas e assen-tados de reforma agrária. Já osubprograma “água” buscaminimizar a erosão do solo, pro-teger bacias ou sub-bacias queabasteçam as cidades.

O texto prevê ainda que oprojeto de serviço ambiental sejaaprovado por órgãos ambien-tais e que, além de pagamento,o produtor possa ter ajuda técni-ca para sua realização.

O texto recebeu cinco emen-das. A mais importante delasprevê que uma mesma áreapossa ser usada com diferentesprogramas de preservação.

Novas normaspara pesquisascom animais

MCTI publica regras de uso ecuidado para fins científicos

O Ministério da Ciência, Tec-nologia e Inovação (MCTI) divul-gou, no dia 25, no Diário Oficialda União, a Diretriz Brasileirapara o Cuidado e a Utilização deAnimais para Fins Científicos eDidáticos (DBCA). É a primeiranorma sobre cuidados que de-vem ser seguidos por pesquisa-dores e instituições para quesejam assegurados a ética ebem-estar com animais em pes-quisas e ensino.

Entre as responsabilidadesestá a necessidade de garantirque a utilização de animais sejajustificada, levando em conside-ração os benefícios científicos eos potenciais efeitos sobre obem-estar dos animais.

Segundo a normatização, asatividades científicas ou didáti-cas devem considerar a substi-tuição do uso dos animais, aredução do número de cobaiasutilizadas, além do refinamentodas técnicas que permitam re-duzir o impacto negativo sobre obem-estar deles.

As atividades científicas oudidáticas com uso de animaisdevem ser feitas apenas quan-do forem essenciais para obterinformações relevantes para acompreensão da biologia hu-mana e de outros animais ou,por exemplo, para atingir objeti-vos educacionais que não po-dem ser alcançados utilizandonenhuma outra prática que nãoinclua o uso de animais.

De acordo com a diretriz, pro-jetos ou protocolos envolvendoo uso de animais somente pode-rão ser feitos após a avaliaçãoda proposta e de seu valor cien-tífico ou educacional em relaçãoaos potenciais efeitos negativossobre o bem-estar dos animais.

A norma aponta ainda que ador e o estresse excessivo cau-sados pelas pesquisas não sãoavaliados facilmente em animaise, portanto, pesquisadores de-vem considerar que cobaiassentem dor de forma similar aseres humanos.

Os profissionais devem esco-lher métodos humanitários paraa conduta do projeto, verificar eavaliar os animais regularmentepara observar evidências de dorou de estresse durante o cursodo projeto e utilizar agentes tran-quilizantes, analgésicos e anes-tésicos adequados para a espé-cie animal e para os objetivoscientíficos ou didáticos. Além dis-so, a pesquisadores devem utili-zar métodos apropriados para aeutanásia animal.(Agência Brasil, adaptado)

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JORNAL da CIÊNCIA27 de Setembro de 2013 Página 5

Surdos pedem alterações emmeta do PNE que trata do acesso

A Meta 4 preocupa porque pode prejudicar deficientes auditivos

Entidade nacional que repre-senta os surdos pede mudançasna Meta 4 do Plano Nacional deEducação (PNE). A preocupa-ção é que, com a atual redação,os surdos deixem de receberuma educação voltada para elese sejam prejudicados. Apesardas mudanças propostas, noúltimo dia 19, pelo senador Vitaldo Rêgo (PMDB-PB), os surdosnão se sentem contemplados. OPNE estabelece metas para osetor para os próximos dez anos.A Meta 4 trata do acesso dealunos com deficiência à educa-ção básica e tem sido alvo depolêmica desde o mês passado.

A Federação Nacional deEducação e Integração dos Sur-dos (Feneis) pede que sejam fei-tas alterações no item 4.6 da meta.Eles pedem que a redação apro-vada na Câmara dos Deputadosseja retomada. O texto dizia quea oferta de educação bilíngue emLíngua Brasileira de Sinais (Li-bras) deveria ser garantida aosalunos surdos e com deficiênciaauditiva com até 17 anos, emescolas e classes bilíngues e emescolas inclusivas.

No Senado, as escolas inclu-sivas foram retiradas do texto. “Oque os surdos querem é garantira diversidade de opções e queos familiares consigam e tenhamo direito de escolher onde osfilhos estudam”, diz a doutoraem linguística e assessora dadiretoria de Políticas Educacio-nais da Fenesis, Sandra Patríciade Faria do Nascimento.

Sandra explica que, nas esco-las inclusivas, um intérprete tra-duz a aula dada em portuguêspara os alunos surdos. Já na es-cola bilíngue, a aula é dada emLibras. Segundo a especialista, amaior parte dos surdos prefere aescola bilíngue, por ter Libras comoa primeira língua. Com a ausênciade “escolas inclusivas” no PNE, aentidade teme que as escolasbilíngues e inclusivas sejam con-sideradas iguais e que as inclusi-vas predominem, prejudicando oaprendizado dos alunos.

No Brasil, são quase 10 mi-lhões de surdos e pessoas comdeficiência auditiva. Do total,cerca de 800 mil têm até 17 anos,segundo o Censo de 2010 doInstituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE).

No Distrito Federal, a EscolaBilíngue, Libras e PortuguêsEscrito de Taguatinga foi umaconquista da comunidade surdada cidade. Segundo a diretorada escola, Marciley FerreiraCôrtes, foram 20 anos de luta atéque o centro de ensino fossecriado em julho deste ano. Aescola funcionava como escolainclusiva. Agora, como bilíngue,

continua oferecendo classesregulares, além das classes vol-tadas para os surdos.

“Vimos que em uma escolainclusiva acabávamos perden-do muito. O vocabulário do sur-do é limitado em relação ao doouvinte”, diz Marciley. A escolaatende a 120 estudantes surdose filhos de surdos em classesbilíngues e 350 alunos em clas-ses regulares.

O funcionário público OrlandoIlorca é pai de Fernanda, de 14anos. Ela tem distúrbio do pro-cessamento auditivo, “um primodo surdo”, explica. Apesar de afilha não estudar em classebilíngue, pela distância do localonde mora, o pai defende o tipode escola. “Vejo que em um en-sino inclusivo não há inclusão.Pode ir em uma escola onde hajasurdos e ouvintes. Um fica de umlado e o outro do outro”, diz ele.

“Quando o professor enten-de os gestos dos alunos e não hámediador, a motivação de estu-dar é diferente”, explica, defen-dendo o ensino bilíngue. Sobrea possibilidade de o texto doPNE atrapalhar o surgimentodas escolas em detrimento dasinclusivas, Ilorca lamenta: “Ago-ra que as escolas bilíngues es-tão surgindo. Abriram um cami-nho para os surdos, que muitasoutras pessoas com deficiêncianão conseguiram”.

O novo texto deve ser votadona Comissão de Constituição,Justiça e Cidadania (CCJ) doSenado Federal na próxima se-mana. Em audiência no SenadoFederal, o ministro da Educa-ção, Aloizio Mercadante, ressal-tou a importância de que as cri-anças estudem em escolas pú-blicas comuns como forma deestimular o respeito e a convi-vência com pessoas diferentes.“Por exemplo, uma criança sur-da precisa estar em um momen-to do desenvolvimento dela naescola especial para aprenderLibras [Língua Brasileira de Si-nais], aprender a conversar nalinguagem dos surdos. Mas elaprecisa ir para a escola públicapara aprender a conviver com osoutros e para os outros aprende-rem a conviver com a diferença.”

Governo e universidadesdiscordam sobre municipalização

Escolas mantidas por federais seriam transferidas aos municípios

A proposta do Ministério daEducação (MEC) de transferirpara os municípios a responsa-bilidade pelas unidades de edu-cação infantil pertencentes àsuniversidades federais causoudivergência, na terça-feira, dia24, em audiência da Comissãode Educação. O governo acredi-ta que a medida deve contribuirpara as ações de expansão doensino infantil (até cinco anos).Para os representantes do setor,contudo, os alunos de gradua-ção e pós-graduação que fazemestágio nessas escolas podemter perdas com a medida.

Hoje, existem no Brasil 17escolas de educação básica vin-culadas a 16 instituições federaisde ensino superior – unidadesde educação infantil e os chama-dos colégios de aplicação. O maisantigo deles, ligado à Universi-dade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), foi criado em 1948.

Em julho deste ano, os secre-tários de Educação Superior ede Educação Básica do MEC,Paulo Speller e Romeu Caputo,enviaram ofício aos reitores deuniversidades federais, sugerin-do a mudança de vinculaçãodas instituições de educaçãoinfantil, que atendem às crian-ças de até cinco anos de idade.O argumento é que essa etapade ensino é prioritariamente res-ponsabilidade das prefeituras.

Prejuízo - Para a presidente doConselho Nacional dos Dirigen-tes das Escolas de Educação

Básica das Instituições Federaisde Ensino Superior (Condicap),Maria José Almeida, a medidadeve prejudicar os alunos queestagiam nas escolas. “Essasinstituições são decisivas para aformação dos professores daeducação básica, tendo em vis-ta que aliam o ensino, a pesqui-sa e a extensão, conforme osprincípios universitários”, disse.

A reitora da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte(UFRN), Ângela Paiva, tambémacredita que a municipalizaçãopode prejudicar a formação dosalunos de graduação e pós-gra-duação. “Tenho certeza de quetodos os reitores que têm essasunidades em suas instituiçõesconcordam comigo”, afirmou.

O secretário de EducaçãoSuperior do MEC, no entanto,ponderou: “Na verdade, essa éuma oportunidade de ganho dequalidade, já que os alunos dasuniversidades terão contato di-reto com as redes municipais deensino e, assim, poderão co-nhecer efetivamente a realida-de com a qual irão trabalhar nofuturo”, disse Paulo Speller.

Segundo Maria José Almeida,as escolas de educação básicadas universidades federais aten-dem a mais de 12 mil alunos eajudam na formação de milharesde alunos de graduação e pós-graduação. Em 2012, foram trêsmil estagiários, orientados por965 professores, sendo que 656desses são mestres ou doutores.(Agência Câmara)

Relator pede aprovação demarco civil da internet

Proposta está pronta para ser analisada no Plenário da Câmara

O relator da proposta do mar-co civil da internet (PL 2126/11,do Executivo), deputado Ales-sandro Molon (PT-RJ), pediu aaprovação da proposta que tra-mita em regime de urgênciaconstitucional e está pronta paraanálise do Plenário da Câmara.

“O projeto que a presidenteDilma Rousseff enviou a estaCasa é considerado, em muitospaíses, uma referência mundialpositiva de legislação sobre ainternet. Não é aceitável, portan-to, que o país continue adiandoa votação”, afirmou Molon, emaudiência pública que discutiuas denúncias de espionagempraticadas pela Agência Nacio-nal de Segurança dos EstadosUnidos (NSA, na sigla em in-glês) contra o Brasil.

A votação da proposta tam-bém foi defendida na audiênciapelo ministro da Justiça, José

Eduardo Cardozo, que foi à Câ-mara explicar as providênciastomadas pelo Brasil após as de-núncias virem a público. “Preci-samos de um marco que garantaa neutralidade e a privacidade eassegure que a internet seja uminstrumento de paz e não de guer-ra. Somente um ato que fixe limi-tes e defina pactuações entrenações pode dar uma novagovernança à internet”, afirmou oministro, acrescentando que aexperiência pode ser levada adebate no plano internacional.

Na audiência, Eduardo Car-dozo negou que o governo estejasupervalorizando o fato. “A espio-nagem talvez sempre tenha exis-tido, mas não é dado a um gover-no aceitar isso pacificamente”, dis-se. "Os direitos dos brasileiros àprivacidade devem ser respeita-dos", acrescentou o ministro daJustiça.

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Velhos professores para novas tecnologiasAs ultrapassadas políticas públicas de formação docente não acompanham os avanços e as transformações da sociedade

Edna Ferreira

A qualidade do ensino, sejafundamental, médio ou superior,está relacionada com a qualida-de do professor. Para garantir aexcelência dos professores sãonecessárias políticas públicasvoltadas para a formação e aper-feiçoamento desses profissionais.Especialista afirma que as políti-cas públicas de formação docen-te no Brasil estão ultrapassadas.Ele aponta que é necessário for-mar um novo perfil de professo-res cada vez mais conectadosaos avanços das tecnologias decomunicação e informação.

De acordo com dados doCenso Escolar 2010, 13% dosprofessores do Ensino Médio doBrasil não têm formação ade-quada. Esse é apenas um dosgargalos relacionados ao ma-gistério no Brasil. Outro é a baixaremuneração: o professor rece-be 40% menos do que a médiade outros profissionais com omesmo nível de escolaridade,segundo o MEC.

Ao analisar a atual políticapública de formação docente noBrasil, o professor Isaac Roitman,coordenador do Núcleo do Futu-ro da Universidade de Brasília(UnB.Futuro), afirma que essaspolíticas estão ultrapassadas.Segundo ele, a formação dosnovos professores não podeestar baseada nos princípiosatuais. “É absolutamente funda-mental uma revisão nos cursosque formam professores para osestudantes do século passado.Um novo professor deve ser pre-parado no atual contexto em queas fontes de conhecimento sãodiversificadas pelos avanços dastecnologias de comunicação einformação”, revela.

Nesse novo contexto, o pro-fessor não terá o papel de ofere-cer conhecimento, mas sim exer-citar as transformações atravésdo conhecimento. “O professortem como tarefa principal a trans-ferência de conhecimento, onovo professor deve ser ummotivador da aprendizagem eter competência na identifica-ção e solução de conflitos. Eledeve estar preparado para exer-citar o seu estudante na utiliza-ção do conhecimento, constru-indo um cenário propício paraestimular a capacidade criativa,a argumentação legítima, o pen-sar e o cultivo de valores derelações sociais”, argumentaRoitman.

O educador acredita que sãoatraídos para a carreira docenteo segmento de baixa qualidadedos egressos do ensino médio.A razão disso, segundo ele, é obaixo salário e uma carreira semperspectivas. “Os cursos de for-mação de professores para omagistério da educação básicanão são considerados prioritá-rios nas universidades tanto pú-

blicas como privadas”, aponta.Mas o professor emérito da

UnB afirma que existem algumasiniciativas recentes que são inte-ressantes. “Dentro da PolíticaNacional de Formação de Pro-fessores da Educação Básica,instituída em 2009, a Capes temincentivado a formação inicial deprofessores e a formação conti-nuada através de cursos deatualização e especialização.Uma outra iniciativa louvável foi acriação do Programa Institucio-nal de Bolsas de Iniciação àDocência (Pibid), que concedebolsas a estudantes de licencia-tura. A implantação do Prodo-cência (Programa de Consolida-ção das Licenciaturas) tambémmerece destaque”, exemplifica.

O UnB.Futuro tem promovidouma série de debates onde, re-petidamente, tem sido discutidaa missão e o papel do EnsinoSuperior na melhoria da quali-dade do ensino básico. Para oprofessor Roitman, além dapriorização de formação contem-porânea do novo professor, mui-to mais deve ser feito. “A comu-nidade universitária deveria es-tar mais presente nas atividadesdas escolas de ensino funda-mental e médio, através de de-bates, conferências, demonstra-ções práticas etc., onde estu-dantes (de graduação e pós-graduação) e professores esta-riam envolvidos”, sugere. Aindasegundo ele, os estudantes doensino básico deveriam frequen-tar mais as universidades, ematividades estimulantes, porexemplo, nos fins de semana eno período das férias escolares.

Novo cenário – Para melhorar aformação do professor e conse-quentemente a qualidade doensino, o professor Roitman afir-ma que em primeiro lugar está avalorização social desse profis-sional. “Isso significa um saláriodigno, sendo que a médio prazoo professor de ensino básicodeveria estar no topo da carreirado servidor público. A sua mis-são social é tão ou mais impor-tante que a missão dos juízes edelegados”, disse.

Ainda de acordo com ele, oscursos de formação de profes-sor devem ser permanentemen-te revistos e adequados, levan-do em conta principalmente ocontexto e os progressos da tec-nologia de comunicação e infor-mação. Da mesma forma, a atu-alização de conteúdos e os ins-trumentos pedagógicos deveri-am ser permanentemente atua-lizados. A receita para um ensi-no de qualidade não é complica-da. “O grande desafio é a suaimplantação, que depende dedecisão política e continuidade.A educação de qualidade preci-sa ultrapassar as promessasretóricas e se transformar emrealidade”, aponta Roitman.

Estratégia parademocratizaçãoeinteriorização do ensino superior

Edna Ferreira

O sistema Universidade Aber-ta do Brasil (UAB), carro-chefe daparceria entre a Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal deEnsino Superior (Capes) e asInstituições Públicas de EnsinoSuperior do país (Ipes) em prol daformação de professores no Bra-sil, foi o objeto de estudo dosprofessores Maria Renata da CruzDuran, do Departamento de His-tória da Universidade Estadualde Londrina (Uel) e Celso Joséda Costa, da Universidade Fede-ral Fluminense (UFF). Eles anali-saram o sistema UAB como es-tratégia de democratização e in-teriorização do ensino.

Para os pesquisadores, a aná-lise mostrou que a UAB é um bomexemplo de política pública paraformação docente. De acordo comeles, nessa área, na América La-tina, é comum entender-se o go-verno federal como um grandelíder de programas e procedimen-tos em escala nacional. “No casodo sistema UAB, uma das vanta-gens é que se agregam diferen-tes esforços em prol da formaçãodocente, investindo em propos-tas emergentes no seio do ensi-no superior público brasileiro”,explicou Maria Renata. Ainda se-gundo ela, o sistema investe numadescentralização gerencial quepermite aos órgãos competentesno campo do ensino, instituiçõesde ensino superior, o atendimen-to mais adequado de suas de-mandas. Com isso, as chancesdesse sistema ser mais eficaz emtermos de política pública au-mentam, e muito.

Com o título “Políticas Públi-cas de Formação Docente noBrasil: desenvolvimento do Sis-tema Universidade Aberta doBrasil e capacitação de coorde-nadores de polos das regiões

Norte, Nordeste e Sul”, o trabalho,realizado em 2011, foi um dosfinalistas do Prêmio Péter Murányi2013, na modalidade Educação.

Além da descentralização, ospesquisadores afirmam que osistema universidade aberta doBrasil contribui para a promoçãode um amplo processo de inclu-são digital no país, colocandoem pauta temas como a ética nasociedade do conhecimento e adiversificação na produção e li-cenciamento de recursos edu-cacionais. O professor CelsoJosé da Costa aponta que essainclusão digital potencializa acapacidade de difusão interna-cional do conhecimento no Bra-sil. “Em rede, aquilo que se pro-duz sobre o país e por brasileirosatinge território internacional, con-tribuindo para a disseminaçãode nossa cultura e para nossaintegração em âmbito mundial.

De acordo com os pesquisa-dores a expectativa de trocas ede fusão da sociedade à univer-sidade é grande, mas tambémmuito difícil de ser implementada.“É importante, porém, escapardas armadilhas de programasprontos, universais ou homoge-neizantes, na dependência deestruturas alheias ao campo daformação inicial, porque ressaltaa necessidade de integrar forma-ção inicial e continuada, de man-ter nossas políticas públicas alongo prazo e de maneira susten-tável e de conferir novos signifi-cados e meios de atuação à for-mação superior no país e suasprincipais instituições” alertam.

A professora Maria Renataressalta que a pesquisa prosse-guirá “A riqueza dos resultados,certamente, irá se converter parauma melhoria da formação do-cente em nível nacional, objetivoque a pesquisa científica tem odever de buscar atingir”, afirma.

Polo Carnaúbas (RN) faz parte da Universidade Aberta do Brasil

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Sociedade brasileira corre atrás deantigas metas para o ensino básicoEm busca de qualidade, o movimento Todos pela Educação querformação adequada e sólida para o professor do século XXI

Edna Ferreira

Fundado em 2006, o movi-mento Todos pela Educação re-úne diferentes setores da socie-dade civil brasileira e tem comomissão contribuir para que até2022, ano do bicentenário daIndependência do Brasil, o paísassegure a todas as crianças ejovens o direito a Educação Bá-sica de qualidade.

Uma das bandeiras defendi-da e monitorada pela instituiçãoé a formação e a carreira doprofessor. Para Alejandra MerazVelasco, gerente da área técni-ca do Todos pela Educação, ameta é uma formação adequadae sólida ao professor, que equi-libre prática e teoria e que vise agarantia da aprendizagem doaluno, assim como uma carreiraatraente, com salário equipara-do às demais profissões e complano de carreira estimulante.

De acordo com a gerente, aqualidade da formação para omagistério merece atenção. Osdados de 2012 mostram que78% dos docentes da EducaçãoBásica têm Educação Superior,mas, ainda entre aqueles quetêm nível superior, há uma par-cela que não tem licenciatura.“Aqueles que têm licenciaturaou pedagogia estudaram sobprogramas que não enfatizam aprática pedagógica e carecemde ferramentas para o professorutilizar na sala de aula, forman-do professores que podem nãoestar preparados para o desafiode promover a aprendizagemde todos e de cada um dos seusalunos”, afirma.

Melhorar a formação do pro-fessor e, consequentemente, aqualidade do ensino é um traba-lho a longo prazo, pois, de acor-do com Alejandra, em Educa-ção, não há uma única políticaque dê conta de melhorar deforma imediata a qualidade doensino. “O professor é o princi-pal elemento para que o país dêum salto de qualidade na Edu-

cação, e é preciso fazer com quea carreira do magistério seja maisvalorizada e atrativa, melhoran-do os salários, a formação, oplano de carreira e as condiçõesde trabalho”, analisa. Ainda se-gundo ela, no campo da forma-ção, especificamente, é neces-sária uma revisão curricular doscursos de pedagogia e licencia-tura para que reflitam os desafi-os colocados pela EducaçãoBásica na sala de aula e os doséculo XXI, no cotidiano da rela-ção aluno-professor. “Sem queesteja claro o que cada alunodeve aprender, a universidadetambém não poderá formar pro-fessores preparados para en-frentar esse desafio”, conclui.

Cinco metas - Os objetivos doTodos pela Educação são propi-ciar as condições de acesso, dealfabetização e de sucesso es-colar, a ampliação de recursosinvestidos na Educação Básicae a melhora da gestão dessesrecursos. Esses objetivos foramtraduzidos em cinco metas. Sãoelas: toda criança e jovem de 4a 17 anos na escola; toda crian-ça plenamente alfabetizada atéos 8 anos; todo aluno com apren-dizado adequado ao seu ano;todo jovem de 19 anos com oEnsino Médio concluído e in-vestimento em Educação am-pliado e bem gerido.

A evolução e o alcance das5 Metas são monitorados deforma permanente, por meioda coleta de dados e da análisedos indicadores oficiais daEducação.

“Pelo movimento buscamospromover a articulação entre to-dos os atores da sociedade paraque sejam garantidos o acesso,a alfabetização na idade certa, aaprendizagem adequada a cadasérie e a conclusão na idadecerta, por meio da existência depolíticas públicas e do engaja-mento de todos e de cada umpara que o Brasil avance naEducação”, resumiu Alejandra.

Comissão do Senado aprovaPlano Nacional de Educação

O texto exige a destinação, até o final do período de 10 anos, depelo menos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor

O projeto de lei que institui oPlano Nacional de Educação(PNE) avançou mais uma etapaem sua tramitação no Senado. Amatéria foi aprovada pela Co-missão de Constituição, Justiçae Cidadania (CCJ) no último dia25. O texto, que exige a destina-ção, até o final do período de 10anos, de pelo menos 10% doProduto Interno Bruto (PIB) paraa educação, será examinadoagora na Comissão de Educa-ção, Cultura e Esporte (CE), últi-ma etapa antes da votação emPlenário.

Apresentado pelo governo,o projeto – que tramita no Sena-do como PLC 103/2012 – pos-sui 14 artigos e 20 metas. Oplano tem duração prevista de10 anos e tem entre suas diretri-zes a erradicação do analfabe-tismo e a universalização (ga-rantia de acesso) do atendimen-to escolar.

Um dos principais destaquesda proposta é a Meta 20, naqual se determina que, ao finaldos dez anos de vigência doplano, os investimentos públi-cos em educação terão de re-presentar no mínimo 10% doPIB. Inicialmente, o objetivo dogoverno era chegar a 7%, masesse percentual foi elevadopara 10% durante a tramitaçãoda matéria na Câmara dosDeputados.

Alunos especiais - Um dos obs-táculos à votação da matéria naCCJ era o impasse em torno daMeta 4, que visa garantir o aces-so à educação básica para osestudantes com deficiência (osalunos especiais), de 4 a 17anos. O impasse surgiu após atramitação do projeto na Comis-são de Assuntos Econômicos(CAE), onde o texto foi aprovadocom modificações.

Após negociações com o Mi-nistério da Educação e entida-des que se dedicam a essascrianças e adolescentes, comoa Associação de Pais e Amigosdos Excepcionais (Apae), orelator do projeto na CCJ, sena-dor Vital do Rêgo (PMDB-PB),chegou ao texto aprovado nestaquarta-feira. Vital é presidenteda CCJ.

Na redação dada à Meta 4,pela CAE, os repasses do Fun-do de Manutenção e Desen-volvimento da Educação Bási-ca (Fundeb) às instituições queoferecem ensino especial (en-quanto substitutas da escolaregular) seriam encerrados em2016, o que gerou diversos pro-testos. Vital retirou essa previ-são, conforme havia sido ante-cipado por uma representantedo Ministério da Educação du-

rante audiência pública no iní-cio da semana passada.

Preferencial - Outra mudançaque havia sido feita pela CAEreferia-se à exclusão do termo“preferencialmente” no textoque abre a Meta 4. Essa palavraaparecia na redação aprovadana Câmara dos Deputados, masfoi retirada. Para entidadescomo a Apae, a supressão des-se termo abria uma brecha paraque as escolas deixassem deoferecer um acompanhamentodiferenciado para os alunos comdeficiência. Vital do Rêgoreinseriu a palavra, medida quetambém foi antecipada pela re-presentante do Ministério daEducação.

A redação proposta por Vitalé a seguinte: “Meta 4: universa-lizar, para a população de 4(quatro) a 17 (dezessete) anos,com deficiência, transtornosglobais do desenvolvimento ealtas habilidades ou superdo-tação, o acesso à educaçãobásica, assegurando-lhes oatendimento educacional espe-cializado, preferencialmente narede regular de ensino (...)”.

Entre as opções de acompa-nhamento diferenciado, estãoas classes especiais (ofereci-das pelas próprias escolas, pa-ralelamente às classes regula-res), os centros de ensino espe-cial (que se dedicam exclusiva-mente a esses alunos) e asApaes.

Rede privada - Logo após avotação na CCJ, o senadorRandolfe Rodrigues (PSOL-AP)alertou para a possibilidade deque a previsão de investimentode 10% do PIB previstos no Pla-no Nacional de Educação in-clua também o ensino da redeprivada. "A conta do financia-mento da educação, os 10% doPIB previstos pelo Plano Nacio-nal de Educação, não pode in-cluir o financiamento da educa-ção privada, mas querem nosimpor isso. Os 10% têm de serdirecionados única e exclusi-vamente à educação pública"ressaltou. Randolfe frisou quelevará essa discussão para aComissão de Educação, Cultu-ra e Esporte (CE), onde o projetoserá examinado.

Para o relator, senador Vitaldo Rêgo, a aprovação do PlanoNacional de Educação com agarantia de recursos para a edu-cação representará, pelos pró-ximos 10 anos, uma verdadeirarevolução na educação do país,desde a creche até o ensinosuperior.(Com informações da AgênciaSenado)

Ensino de qualidade para todos é a principal missão

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JORNAL da CIÊNCIA 27 de Setembro de 2013Página 8

Novos projetos para a Amazônia são vistos com cautelaEspecialistas consideram propostas insuficientes para atender às reais necessidades da região e da comunidade ribeirinha

Viviane Monteiro

Após anos de promessas frus-tradas, a Amazônia, detentorado maior patrimônio genético domundo, poderá finalmente teruma política de desenvolvimen-to regional, que seria baseadaem dois projetos que estão emandamento. Entretanto, antesmesmo de saírem do papel, aspropostas são observadas comcautela. Especialistas avaliamque ambas são insuficientespara atender às necessidadesda região.

Uma delas, em elaboraçãono Ministério de Ciência, Tec-nologia e Inovação (MCTI), é oplano de ciência e tecnologia,que prevê o desenvolvimentosustentável da região com autilização de seus recursos na-turais, conforme antecipou oministro Marco Antônio Raupp,em julho. A expectativa do ór-gão é lançar a medida oficial-mente até o fim deste ano. Pro-curado pelo Jornal da Ciência,o ministério não quis dar outrosdetalhes. Mais adiantada, a ou-tra proposta (PLS 380/2012), ins-titui a Política Nacional de Defesae de Desenvolvimento da Ama-zônia e da Faixa de Fronteira.Aprovado, dia 19, no Senado, oprojeto deve ser encaminhadopara a Câmara dos Deputados(ver matéria na página 9).

Na Amazônia vivem cerca de25 milhões de pessoas que háanos esperam por melhorias nossistemas de transportes, comu-nicação e saneamento básico,por exemplo. A Amazônia é con-siderada de interesse estratégi-co pelas suas riquezas naturaisainda pouco exploradas.

Entre outros pontos, o PLS380/2012 prevê o desenvolvi-mento da região e a ampliaçãoda produção sustentável. Otexto também prevê a reduçãodas desigualdades com a exe-cução de políticas públicas, aimplementação de infraestru-tura de transportes, energia esaneamento e o combate a or-ganizações criminosas.

O projeto define ainda dire-trizes como a integração dasForças Armadas com órgãosde inteligência e de seguran-ça pública, a regularizaçãofundiária como instrumento deredução de conflitos agráriose a integração com países daAmérica do Sul. Já a propostado MCTI para a região é dire-cionada ao fomento em pes-quisadores mais adequadospara o trabalho na região, eminfraestrutura de laboratóriose ambientes de inovação.

Apesar de considerar as duaspropostas positivas para o de-senvolvimento amazônico, o di-

retor do Instituto Nacional de Pes-quisas da Amazônia (Inpa),Adalberto Luis Val, defende pro-jetos de desenvolvimento regio-nal de longo prazo, até entãopouco existentes, que assegu-rem a manutenção das florestasem pé. Hoje, segundo ele, faltamalternativas para exploração dosrecursos naturais da região, coma garantia de que as florestasserão mantidas e conservadas.

O diretor do Inpa defende ofortalecimento das instituiçõescientíficas e a revisão dos mar-cos regulatórios de C&T, em dis-cussão no Congresso Nacional,para destravar tanto a contrata-ção de pessoal especializado –cientistas e pesquisadores – paraajudar na execução das tarefasa serem implementadas, quantopara desburocratizar a comprade material para pesquisa cien-tífica. “Precisamos contratar efixar as pessoas para que elaspossam se sentir seguras e to-car seus trabalhos, já que aAmazônia é uma região distan-te dos grandes centros e aspessoas precisam de seguran-ça para se fixarem na região”,defende Luis Val.

Na visão do diretor do Inpa, oprojeto do MCTI, que teve a co-laboração de pesquisadores ede institutos de pesquisa, preci-sa avançar mais para atender àsnecessidades locais. “É preciso

ampliar a capacidade de pes-quisa na região, fixar recursoshumanos de alto nível e transfor-mar o conhecimento já existentesobre a região em produtos eprocessos para inclusão sociale geração de renda”, declara.“Vale lembrar que temos cercade 25 milhões de pessoas naAmazônia que precisam estarenvolvidas nos processos dedesenvolvimento sustentável daregião”, acrescenta.

Para que os projetos de de-senvolvimento e defesa paraAmazônia tenham eficácia emsua execução, eles precisamatender às peculiaridades socaise ambientais locais. A análise é

do físico Ennio Candotti, diretorgeral do Museu da Amazônia(Musa) e vice-presidente daSociedade Brasileira para o Pro-gresso da Ciência.

Sem entrar no mérito dosprojetos, o físico alerta que asmedidas precisam atender àsnecessidades da região. Elepropõe algumas medidas nasáreas de infraestrutura, comu-nicação e abastecimento deágua, por exemplo. “Não é pos-sível defender o território e de-senvolver ciência e tecnologiasem promover o desenvolvi-mento econômico e social e re-tirar da miséria o povo que aquivive”, destaca o cientista.

Físico faz propostas de desenvolvimentoA primeira recomendação do

físico Ennio Candotti para aAmazônia é tentar resolver aquestão técnica de produzir ener-gia a baixo custo, sem transportede combustível. Ele sugere in-vestir na produção de energiaextraída da biomassa sem resí-duos tóxicos, considerando quea energia solar tem eficiênciairregular pela periódica cobertu-ra da região por nuvens.

Outra sugestão é assegurar oabastecimento de água potávelem volumes compatíveis com asnecessidades das populações demunicípios, vilas e povoados. “Omapeamento do aquífero que seencontra no subsolo da bacia éfundamental para esse fim”, afir-ma, acrescentando que a AgênciaNacional de Águas tem tímidosprojetos nesta área estratégica.

Valorizando e qualificando ascomunidades ribeirinhas -Candotti defende que os ribeiri-nhos e habitantes de vilas epovoados devem ser integradosnos planos de defesa, conside-rando que eles são parte da so-lução da defesa e do desenvol-vimento científico e tecnológico.“Não como objeto de assistên-

cia caridosa, mas como agentesprofissionais do monitoramentoda floresta, do trânsito nos rios,no apoio aos transportes e ma-nutenção de repetidoras de tele-comunicações”, enumera.

“Não é possível monitorar oterritório – rios e lagos – entrar esair da floresta, coletar plantas eresinas sem treinar, equipar econtar com a colaboração hu-mana e técnica das própriascomunidades que lá vivem per-manentemente”, opina. O físicoaponta também a necessidadede instrumentos inovadores parafacilitar a circulação de informa-ções, já que a transmissão deinformações por rádio em dife-rentes frequências dentro da flo-resta é de curtíssimo alcance(dezenas de metros).

“Métodos inovadores de co-municação devem ser desen-volvidos para permitir a trans-missão em distâncias longas,permitindo a rápida circulaçãode informações, como exigemplanos de defesa”, recomenda.Candotti defende ainda a me-lhoria no sistema de informa-ções sobre os contornos dasáreas inundadas, secas, vár-zeas etc. De acordo com ele, as

imagens por sensoriamento re-moto, hoje monitoradas de SãoJosé dos Campos, interior deSão Paulo, são pouco precisas ecarecem de verificação in situ nosolo (com instrumentos e agen-tes locais).

A logística local também écontemplada pelas sugestõesde Candotti. “Não há hidroaviõespara o transporte de civis e mili-tares. Milhares de quilômetrosde pistas nos rios e lagos pode-riam ser utilizados para trans-porte de cargas leves, ribeiri-nhos, agentes de saúde, educa-ção, treinamento e manutençãode equipamentos de geração deenergia, comunicação, refrige-ração”, propõe.

Defesa territorial - Outro pro-blema da região, segundoCandotti, recai sobre a rede decomunicação civil via rádio, pre-cária e de manutenção irregular,por não usar hidroaviões. Se-gundo ele, essa precariedadecompromete o apoio civil àsações de defesa do extenso ter-ritório amazônico, particular-mente nas fronteiras.

No que se refere ao patrimô-nio genético, o cientista destaca

Riquezas naturais pouco exploradas despertam interesse estratégico

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JORNAL da CIÊNCIA27 de Setembro de 2013 Página 9

Projeto institui política de defesa da AmazôniaA proposta foi aprovada no Senado em regime de urgência e será agora encaminhada à Câmara

Foi aprovado, no último dia19, o Projeto de Lei do Senado(PLS) 380/2012, que institui aPolítica Nacional de Defesa e deDesenvolvimento da Amazôniae da Faixa de Fronteira – faixa deaté 150 quilômetros de largura,ao largo das fronteiras terres-tres, considerada fundamentalpara a defesa do território nacio-nal. A proposta, que tramitavaem regime de urgência no Sena-do, será encaminhada à Câma-ra dos Deputados.

O projeto é fruto do trabalhodesenvolvido pela subcomissãotemporária da Comissão deRelações Exteriores e DefesaNacional (CRE), mais tardetransformada na SubcomissãoPermanente da Amazônia e daFaixa de Fronteira (Crepaff), pre-sidida pelo senador Mozarildo

que a defesa e a proteção dessariqueza natural só pode se con-cretizar pela pesquisa científi-ca. Ele lembra que o principalpatrimônio genético amazonen-se encontra-se no nível micros-cópico, nos micro-organismos,fungos, enzimas e toxinas. Comisso, dificilmente podem ser ob-jeto de ações de defesa física ouarmada.

“A única forma de proteger opatrimônio genético do micro-cosmo amazônico é a pesquisacientífica em institutos qualifica-dos que possam revelar suascaracterísticas e valores antesque agentes de outros países einteresses o façam. Na ZonaFranca de Manaus, por exem-plo, não existe nenhuma indús-tria nacional que explore estesmicro-organismos”, diz.

De acordo com Candotti, oCentro de Biotecnologia daAmazônia (CBA), que deveriadedicar-se ao estudo e mapea-mento do patrimônio genético,não realiza o trabalho neces-sário. “É sabotado há mais deuma década pela burocraciatecno-científica de Brasília elocal por razões insondáveis”,afirma.

Baixo retorno dos estímulosfiscais - Outro problema da re-gião, na visão de Candotti, é odesequilíbrio entre a política in-dustrial e o desenvolvimentosocioeconômico, uma das prin-cipais vulnerabilidades da Ama-zônia e de toda a região Norte.Para ele, as sociedades amazo-nense, paraense, dentre outras,têm pouco retorno socioeconô-mico dos incentivos fiscais con-cedidos às empresas alocadaslá pelo governo, sejam do poloindustrial de Manaus ou de mi-neração no Pará ou Amapá.

“No polo industrial de Ma-naus, nenhuma das indústriasinstaladas tem qualquer relaçãocom os ambientes amazônicos,nem sequer utilizam insumos ouprodutos naturais fornecidospela região. Se os incentivosfiscais fossem retirados, haveriauma migração da maioria dasindústrias para outros estados,deixando crateras de desempre-go e miséria”, presume.

Candotti insiste em mencio-nar que os grandes empreendi-mentos, como mineração e hi-droeletricidade, pouco contribu-íram para a melhoria do Índicede Desenvolvimento Humano(IDH) dos estados da região.Também cita o polo industrial deManaus ou os empreendimen-tos minerais do Pará. “Não con-tribuíram para criar e qualificaruniversidades de pesquisa quea rica biodiversidade da regiãoreclama”, avalia. “Não existedefesa possível em uma regiãopovoada por comunidades po-bres onde o Estado e os serviçospúblicos estão ausentes”, resu-me. (V.M)

Cavalcanti (PTB-RR). Por maisde dois anos, o colegiado ava-liou a realidade da Amazôniaem mais de 30 audiências públi-cas com autoridades do gover-no, instituições universitárias ede pesquisa, Forças Armadas ediversos ministérios.

De acordo com o projeto, aPolítica Nacional de Defesa e deDesenvolvimento da AmazôniaLegal e da Faixa de Fronteiraserá implementada de modo ar-ticulado e integrado com outraspolíticas públicas, em especialas relacionadas a educação, arte,cultura, lazer e extensão univer-sitária, saúde, segurança, tecno-logia de assistência social, ener-gia, recursos hídricos e recursosminerais, entre outras.

O PLS 380/2012 prevê aindaque as instituições financeiras

e os bancos públicos de inves-timentos criarão linhas de cré-dito especiais para as ativida-des de promoção do desenvol-vimento sustentável na Amazô-nia Legal e na área de fronteira.

A Amazônia Legal é umaárea que corresponde a 59%do território brasileiro e englo-ba a totalidade de oito estados(Acre, Amapá, Amazonas, MatoGrosso, Pará, Rondônia, Ro-raima e Tocantins) e parte doMaranhão, totalizando cincomilhões de quilômetros qua-drados, em que residem 56%da população indígena brasi-leira. O conceito de AmazôniaLegal foi instituído em 1953 eseus limites territoriais decor-rem da necessidade de plane-jar o desenvolvimento econô-mico da região.

A nova edição do DestaqueAmazônia, informativo bimestraldo Museu Paraense EmílioGoeldi (MPEG/MCTI), traz maté-rias sobre o reaparecimento dopau-cravo na Amazônia.

Em 2002, durante a elabora-ção do primeiro Estudo de Impac-to Ambiental (EIA/Rima) para aconstrução da Usina Hidrelétrica(UHE) de Belo Monte, no rioXingu, no Pará, uma equipe debotânicos da instituição encon-trou um exemplar de pau-cravo(Dicypellium caryophyllaceum),árvore nativa da floresta amazô-nica, da qual da casca e dainflorescência retiram-se a ca-nela e o cravo, respectivamente.

Considerada uma droga dosertão, o pau-cravo foi explora-do quase à exaustão quando oBrasil era uma colônia de Portu-gal. Nos últimos cinco anos, fo-ram encontradas 250 árvores nacomunidade de São Franciscode Aruã, em Juruti.

A publicação apresenta ain-da duas pesquisas de iniciaçãocientífica, orientadas pela pes-quisadora do MPEG CristinaSenna e desenvolvidas no mu-nicípio de Quatipuru (PA). O es-tudo “O turismo como promotorda conservação ambiental nosecossistemas da planície cos-teira do município de Quatipuru”,no Pará, desenvolvido pela bol-sista Stephanie Holanda, tra-balha a desmistificação do tu-rismo como uma atividade co-nhecida como prejudicial aopatrimônio natural, histórico,arquitetônico e até mesmoimaterial da cidade.

O estudante de geografia

Adalberto Silva, bolsista doPibic, analisou os ecossistemasde duas comunidades (Borges eTaperinha), onde os moradoresimprimem suas presenças nosecossistemas por meio princi-palmente do trabalho – a exem-plo da criação de gado bubalino.

Neste ano, as reflexões dotrabalho “Populações tradicio-nais haliêuticas – impactosantrópicos, uso e gestão da bio-diversidade em comunidadesribeirinhas e costeiras da Ama-zônia”, desenvolvido pelo proje-to “recursos naturais e antropo-logia das sociedades marinhas,ribeirinhas e estuarinas da Ama-zônia”, originaram o livro organi-zado por Lourdes Furtado, IsoldaMaciel da Silveira e GraçaSantana.

Intitulada Extrativista MarinhaMãe Grande-Curuçá, Pará, Bra-sil: estudo etnoecológico e so-ciocultural, a obra permite definir oque é uma reserva extrativistamarinha em área do litoral pa-raense, o que garante a conserva-ção e preservação de áreas ex-postas a impactos humanos.(Agência Museu Goeldi)

Publicação retrata particularidadesde ecossistemas amazônicos

Turismo sustentável e populações tradicionais integram a edição

Desmatamentocresce na região

Índice cresceu 35% em um ano

Uma análise amostral reali-zada pelo sistema Deter, do Ins-tituto Nacional de Pesquisas Es-paciais (Inpe), a partir de alertasde corte raso e de degradação,demonstrou que o acumuladoda perda da floresta na Amazô-nia entre agosto de 2012 e julhodeste ano ficou em 34,84%. Odado mostra que pela primeiravez em cinco anos a taxa subiuem relação ao mesmo períododo ano anterior. De acordo comespecialistas, este é o sinal deque a principal política ambien-tal do Brasil não está sendoeficiente.

O estudo opõe-se ao mate-rial divulgado pela ministra doMeio Ambiente, Izabella Teixei-ra, em agosto, que demonstrounão haver aumento do desmata-mento na Amazônia. O texto doministério aponta, sim, um cres-cimento da prática da fragmen-tação, que ocorre quando secortam árvores seletivamente,sugerindo uma mudança na di-nâmica do crime ambiental.

Os resultados mostrados peloInpe preocupam ambientalistasbrasileiros e internacionais. Issoporque as perdas de floresta daregião amazônica é o fator quemais contribuiu historicamentepara as emissões de gases deefeito estufa do Brasil.

A queda nos índices dedesmatamento na região ama-zônica permitem que o país che-gue bem perto das metas volun-tárias que estabeleceu para re-duzir suas emissões até 2020.De agosto de 2011 a julho de2012 a taxa de desmate caiu29% em relação ao período an-terior, chegando a 4.571km².

Pau-cravo é tema do informativo

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JORNAL da CIÊNCIA 27 de Setembro de 2013Página 10

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia doInpa terá trilha ecológica e pedalada científica

Com uma programação variada de 17 a 24 de outubro, a instituição espera mobilizar a população

Oficinas, exposições, pales-tras, demonstração de pesqui-sas, trilha ecológica e até peda-lada científica dentro do campusdo Instituto Nacional de Pesqui-sas da Amazônia (Inpa/ MCTI).Essas são algumas das ativida-des que o instituto desenvolve-rá, de 17 a 24 de outubro, comoparte da programação da Sema-na Nacional de Ciência e Tecno-logia (SNCT/ 2013).

Em sintonia com os grandeseventos esportivos a serem rea-lizados no Brasil (Copa do Mun-do de 2014 e os Jogos Olímpicose Paralímpicos de 2016), a Se-mana buscará mobilizar a popu-lação, especialmente crianças ejovens, em torno do tema “Ciên-cia, Saúde e Esporte”.

O Inpa realizará palestras emescolas públicas da capital (17 e18 de outubro), o programa Cir-cuito da Ciência (dia 19), a TrilhaEcológica na Reserva FlorestalAdolpho Ducke (dia 20) e ativi-dades nas dependências doBosque da Ciência, entre os dias21 e 23, como palestras, ofici-nas, minicursos, além de estandena SNCT, em Brasília (DF).

Também serão levadas açõespara oito municípios do Amazo-nas: Iranduba, Manacapuru,Manaquiri, Presidente Figueire-do, Rio Preto da Eva, Itacoatiara,Autazes, e São Gabriel da Ca-choeira. Nesses locais, o Inpadesenvolve alguma atividade oujá fez trabalhos anteriores.

Ainda para engajar a comuni-dade em ações que englobem osaspectos científicos e de saúdeenvolvidos nas atividades espor-tivas, serão realizadas várias ati-vidades extras. Entre elas estão aPedalada Científica na área pa-vimentada do campus do Inpa,uma parceria com o movimentoPedala Manaus. O evento seráno feriado do dia 24 de outubro,aniversário de Manaus.

Dias antes, acontecem outroseventos, como o Cine Ciência (de21 a 23 de outubro), com filmes detemáticas ambientais no horáriodo almoço (13h-14h); e o PasseioNoturno (dia 22), no qual os aca-dêmicos de Biologia poderão fa-zer a identificação de invertebra-dos, no Bosque da Ciência.

Um diferencial deste ano é acapacitação de profissionais darede estadual de saúde, atra-vés de uma parceria com a Se-cretaria de Estado de Saúde(Susam), segundo a coordena-dora Denise Gutierrez. Dia 23de outubro, será realizado oCiclo de Palestras Ciência eSaúde na Amazônia, das 8h às17h, no Auditório da Ciência,campus I do Inpa.

Na programação do ciclo,constam as palestras sobre es-tratégia de educação e saúde nocontrole de malária e dengue naAmazônia. O Inpa também pro-moverá nos dias 21, 22 e 23 aatividade Laboratório de PortasAbertas, na qual a população

poderá conhecer de perto osequipamentos, materiais e aspesquisas realizadas na institui-ção nas áreas de piscicultura,herbário e carpoteca – local ondese guardam frutos –, químicaanalítica e ambiental, produtosnaturais, química da madeira ebioprospecção – como as plan-tas são tratadas, quais seus prin-cípios ativos são úteis para con-trole de doença.

A programação prevê a visitade 48 escolas públicas das zo-nas urbana e rural de Manaus(AM), que corresponde a cercade 3 mil estudantes, para partici-parem da SNCT. Todas as ativi-dades são abertas para a socie-dade e gratuitas.

A coordenação priorizou ini-cialmente as escolas que aindanão conhecem o Inpa e aquelasque em algum momento já foramenvolvidas em ações da institui-ção, como o Circuito da Ciência,programa que visa aproximar aciência e a educação ambientalde estudantes de escolas públi-cas. Para essas escolas, o Inpase responsabilizará pelos cus-tos de transporte.

As escolas públicas e particu-lares que não foram contatadaspelo Inpa mas que têm interesseem participar da SNCT podemagendar as visitas até o dia 11 deoutubro pelo telefone (92) 3643-3135 ou ainda entrar em contatocom a coordenação, através do e-mail [email protected].

Químicos, farmacêuticos edemais profissionais da área dasaúde têm um motivo a maispara visitar a cidade do Rio deJaneiro. Estão abertas as inscri-ções para a XX Escola de Verãoem Química Farmacêutica Me-dicinal. O evento acontecerá de27 a 31 de janeiro de 2014, naUniversidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ).

Organizada há 20 anos peloLaboratório de Avaliação e Sín-tese de Substâncias Bioativas(LASSBio/UFRJ), referência in-ternacional da Química Medici-nal brasileira, a Escola de Ve-rão promove uma intensa jorna-da científica onde são ofereci-dos cursos e conferências, comrenomados especialistas.

Para comemorar os seus 20anos, a Escola de Verão prepa-rou uma programação especial.Em 2014, o evento irá aconte-cer em conjunto com a II EscuelaInternacional de Química Medi-cinal y Farmacología para pro-mover o intercâmbio científicocom os “hermanos” da AméricaLatina e propiciar novas cola-borações. O evento oferecebolsas para estudantes que vêmde fora do Rio. Os interessadosdevem fazer o pedido da bolsajunto com a sua inscrição.

Para maiores informações:www.evqfm.com.br/xx_evqfm

Estudantes de graduação deinstituições da América Latina edo Caribe podem se inscreverno 23º Programa Bolsas de Ve-rão do Centro Nacional de Pes-quisa em Energia e Materiais(CNPEM) até o dia 20 de outubrode 2013, pelo endereçowww.cnpem.br/bolsasdeverao.Os interessados em participardesta edição do programa de-vem indicar um tema de prefe-rência, nas seguintes áreas: Apli-cações de luz síncrotron; Biolo-gia molecular, celular e estrutu-ral; Ciência e tecnologia dobioetanol; Ciência dos materiais(com ênfase em nanociência enanotecnologia); Física e enge-nharia de aceleradores e Instru-mentação científica.

Realizado desde 1992, oprograma tem como objetivo es-timular estudantes para a car-reira científica. Os seleciona-dos passarão os meses de ja-neiro e fevereiro de 2014 nocampus do CNPEM, em Cam-

pinas, desenvolvendo de modoindividualizado projetos soborientação de pesquisadoresdos Laboratórios Nacionais doCNPEM. A bolsa do programacobre despesas de viagem,hospedagem, alimentação, se-guro-saúde.

Os candidato às bolsas doprograma devem apresentar ex-celente rendimento acadêmico,comprovado pelo histórico es-colar das disciplinas já cursa-das, além de demonstrar inte-resse por pesquisa científica oudesenvolvimento tecnológico.Ao enviar o formulário de inscri-ção, o candidato deve estar cur-sando, no mínimo, o quarto se-mestre do curso (ou o equivalen-te nos sistemas anual, quadri-mestral ou trimestral).

O CNPEM, em Campinas, euma Organização Social qualifi-cada pelo Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação (MCTI)estão indicados para gerir qua-tro Laboratórios Nacionais.

ProgramaBolsasdeVerãodoCNPEMSelecionados passam meses de janeiro e fevereiro em Campinas

Escola de QuímicaFarmacêuticaMedicinal

Evento será realizado de 27 a31 de janeiro de 2014 na UFRJ

UFSCar seleciona tutoresAs inscrições pela internet vão até o próximo dia 25 de setembro

Até o dia 25 de setembro, aSecretaria Geral de Educação aDistância (SEaD) da Universi-dade Federal de São Carlos(UFSCar) está com inscriçõesabertas para seleção de bolsis-tas da Universidade Aberta doBrasil/Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de NívelSuperior (UAB/CAPES) interes-sados em atuar como tutorespresenciais nos cursos de Li-cenciatura em Educação Musi-cal, Licenciatura em Pedagogia,Bacharelado em EngenhariaAmbiental, Bacharelado em Sis-temas de Informação e Tecnolo-gia em Produção Sucroalcoolei-ra, oferecidos pela UFSCar namodalidade a distância.

Há vagas para tutores pre-senciais titulares e suplentes(cadastro reserva) distribuídasnos polos de apoio presencialdas cidades de Araras, Barretos,Cubatão, Franca, Guarulhos,Igarapava, Itapetininga, Itapevi,Jales, Jaú, São José dos Cam-

pos e Tarumã. As inscrições sãofeitas exclusivamente pela in-ternet até 25 de setembro, aomeio-dia. As provas serão apli-cadas no dia 29 de setembronos polos que estão oferecen-do vagas. No dia da avaliação,os candidatos deverão apre-sentar cópia simples e o origi-nal dos documentos exigidosnos editais.

Os aprovados serão convo-cados para a etapa da análisecurricular. A convocação para oenvio dos documentos a seremanalisados na segunda faseestá prevista para o dia 17 deoutubro e será feita exclusiva-mente via internet.

Os editais completos com osdetalhes da seleção, o formulá-rio de inscrição e os endereçosdos polos de apoio presencialestão disponíveis no sitewww.sead.ufscar.br/outros/editais. Dúvidas podem seresclarecidas pelo [email protected].

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JORNAL da CIÊNCIA27 de Setembro de 2013 Página 11

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Tome CiênciaExibido em diversas emissoras com variadas alternativas de horários,o programa promove debates sobre temas da atualidade com cientistasde diferentes especialidades. Horários e emissoras podem ser confe-ridos na página www.tomeciencia.com.br. O próximo tema será "A vidano computador" - De 28 de setembro a 4 de outubro. A cada dia ocomputador ganha mais espaços, não só no dia a dia dos brasileiros,mas também na ciência. A bioinformática, por exemplo, desenvolveu-se para enfrentar os resultados das iniciativas de sequenciamento degenes. Especialistas debatem o assunto.

Encontros científicosXXII Congresso de Pós-Graduação (MG) - De 14 a 18 de outubro,na Universidade Federal de Lavras. As inscrições podem ser realiza-das durante o evento. Mais informações em www.apg.ufla.br/congresso.

IV Encontro de Pesquisa em Parasitologia, na UFMG - Serárealizado nos dias 27 e 28 de novembro, em Belo Horizonte, no campusPampulha. Para submissão de trabalhos, os interessados têm até 15de outubro. Saiba mais em www.parasitologia.icb.ufmg.br.

2º Simpósio de Cirurgia e Oncologia da UFSCar (SP) - "Atualiza-ções em câncer de mama" é o tema do evento que acontece nos dias26 e 27 de outubro, na cidade de São Carlos. Inscrições e outrasinformações em www.ufscar.br/oncocirurgia.

Pós-GraduaçãoDoutorado em saúde da criança e do adolescente na UFPE -Inscrições devem ser realizadas até 3 de outubro. Mais informações:www.posca.ufpe.br / [email protected] / (81) 2126.8514.

Mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Maranhão - OPrograma apresenta duas linhas de pesquisas: processos clínicos esaúde e processos psicossociais. Inscrições abertas até 7 de outubro.Para saber mais, acesse portais.ufma.br.

Pós-graduação em urbanismo na UFRJ - Os cursos estão subme-tidos à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e possuem duasáreas de concentração: história e teoria do urbanismo e projeto urbano.O período de inscrição vai até 25 de outubro. Confira os editais emwww.fau.ufrj.br.

Pós-Graduação em Geografia na Universidade Federal do RioGrande do Sul - As linhas de pesquisas são análise ambiental, análiseterritorial e ensino de geografia. As inscrições estão abertas até 21 deoutubro. Acesse os editais em www.ufrgs.br/ppggea/pos.

Pós-Graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal deJuiz de Fora - 40 vagas para pesquisa na área de "Cultura, Poder eInstituições". Inscrições de 1º a 18 de outubro. Mais informações emwww.ufjf.br.

Concursos e vagasConcurso público para professor da Universidade Federal de Rorai-ma (UFRR) - As vagas são para profissionais licenciados em Filosofia,História, Pedagogia e Matemática, para atuar no Colégio de Aplicação, eprofissional graduado em Engenharia Agrícola, para a Escola Agrotécnica.Inscrições até 4 de outubro. Acesse o edital em http://ufrr.br/.

102 vagas de professor para o IFRJ - O Instituto Federal de Educação,Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro estará com inscrições abertasaté 16 de outubro para os cargos de professor do ensino básico, técnicoe tecnológico. O edital está disponível em www.ifrj.edu.br.

Vaga de docente para Universidade Federal do ABC (São Paulo) -Para a área de Teoria Econômica. Para concorrer, o candidato deve terdoutorado relacionado à área e realizar a inscrição até 17 de outubro.Para saber mais, acesse www.ufabc.edu.br.

Concurso público de professor doutor da USP - A vaga é para oDepartamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenhariade São Carlos. As inscrições devem ser realizadas até 18 de novembro.Acesse o edital no site www.eesc.usp.br.

Outras oportunidadesPrêmio Pesquisador Gaúcho 2013 - Promovido pela Fapergs, oevento vai contemplar sete categorias de premiação, entre elas a "alunode graduação e ensino técnico" e "pesquisadores de destaque". Asinscrições terminam 7 de outubro. Leia o regulamento completo emwww.premiopesquisadorgaucho.rs.gov.br.

A CIA e o Terrorismo de Estado– Cuba, Vietnã, Angola, Chile,Nicarágua. A Agência Centralde Inteligência (CIA), criada em1947, cometeu uma série de cri-mes ao longo destas seis déca-das. Neste livro, o jornalistaHernando Calvo Ospina, do LeMonde Diplomatique, mostracomo a agência americana atuouna sabotagem ao avanço dospaíses socialistas; conspiroucontra os governos nacional-populares, os movimentos de li-bertação dos povos e o sindica-lismo de resistência; realizouespionagem industrial para asmultinacionais estadunidenses;e violou mensagens eletrônicase telefônicas de cidadãos doBrasil e da América Latina. Edi-tora Insular.

Agronegócio Caju: práticas einovações. Nesta obra, o pes-quisador João Pratagil aborda acajucultura por completo, desdecomo e onde plantar pomaresde cajueiro até o melhoramentogenético da espécie, passandopelo valor nutricional da amên-doa da castanha e técnicas demanejo como substituição decopa. A publicação é voltada aatender ao interesse e às de-mandas de todos os componen-tes da cadeia produtiva do caju,em especial os produtores, pro-cessadores e técnicos (pesqui-sadores, extensionistas, profes-sores e estudantes). EditoraEmbrapa Agroindústria Tropical.

Educação, Arte e Vida emBakhtin. O pensador russoMikhail Bakhtin (1895-1975) éconsiderado um dos grandespesquisadores da linguagemhumana e do diálogo, e seusestudos influenciaram diversasáreas do conhecimento. Estacoletânea de textos sobre o filó-sofo, organizada por Maria Te-resa de Assunção Freitas, foiinspirada em seu círculo teórico,especialmente nas ideias sobreeducação, arte e sociedade.Autêntica Editora.

Vocabulário Ambiental Infanto-Juvenil. A temática ambientalvem se tornando cada vez maispresente no nosso dia a dia. Comela, novas palavras passam afazer parte das conversas, leitu-ras e notícias veiculadas. Nestelivro, Otávio Borges Maia pre-tende contribuir para que crian-ças de todas as idades desper-tem seu interesse pela educa-ção ambiental e pelos debatesem torno do maior desafio desseséculo: harmonizar a conserva-ção ambiental, a justiça social, ocrescimento econômico e a paz.A versão eletrônica está dispo-nível no Portal Livro Aberto(livroaberto.ibict.br). Editora doIbict.

Aids – Uma equipe de pesquisadoresdo King’s College London conseguiu,pela primeira vez, identificar um novogene que pode prevenir que o HIV seespalhe depois de entrar no organis-mo. Publicado na revista Nature, oestudo é o primeiro a identificar opapel do gene MX2 em humanos nainibição do vírus causador da Aids.Pesquisadores dizem que o gene pode-ria ser um novo alvo para tratamentosmenos tóxicos e mais efetivos, em queo próprio sistema de defesa do corposeria mobilizado contra o vírus.

Alzheimer - Uma proteína responsá-vel por ativar as regiões do cérebro queirão processar as informações forneci-das pelos olhos durante a infância e aadolescência é o novo alvo dos cien-tistas na luta contra o mal de Alzheimer.Pesquisadores das universidades deStanford e Harvard relacionaram aação da proteína ao aparecimento deplacas da substância beta-amiloide,cujo acúmulo é característico da doen-ça na velhice. A descoberta abre cami-nho para a criação de remédios outratamentos que atrasem ou mesmoimpeçam o surgimento do Alzheimer.

Vida em Marte - A Nasa divulgou queum de seus veículos-robôs em Marte,o Curiosity, diminuiu as esperanças deque exista vida no planeta vermelho.A conclusão, publicada na revistaScience, vem do fato de o robô não terencontrado metano, um gás conside-rado sinal da atividade de micro-orga-nismos. Embora a ausência de metanonão descarte por completo a possibili-dade de vida em Marte hoje, ela colo-ca, por enquanto, a teoria como puraespeculação, sem a perspectiva dedados para apoiá-la.

Bioengenharia – Por meio dabioengenharia, cientistas da Universi-dade de Stanford criaram um peptídeoque permita o imageamento demeduloblastomas – um dos mais agres-sivos tumores cerebrais infantis – emratos de laboratório. A substância ade-re aos tumores e os distingue do tecidosaudável, permitindo a detecção e re-moção do tecido doente. Comomeduloblastomas são comumente tra-tados cirurgicamente e têm limitesdifíceis de identificar, a detecção pre-cisa da abrangência do tumor é crucialpara o prognóstico do paciente.

Morte cerebral – Pesquisadores daUniversidade de Montreal descobri-ram um estado ainda mais profundo decoma e tem levado médicos a reconsi-derar o que, por muito tempo, foiadmitido como morte cerebral. A pes-quisa demonstrou que mesmo quandoo registro de eletroencefalograma dei-xa de mostrar atividade cerebral, épossível estimular o retorno da ativi-dade cerebral por meio da indução docoma, de acordo com artigo publicadona revista científica PLoS One.

Vacina - Pesquisa publicada na revistaNature Medicine mostra que produçãode células T pode proteger o organis-mo contra todos os tipos de vírus.Dessa forma, cientistas dizem estarmais perto de desenvolver uma vacinauniversal contra a gripe. De acordocom os pesquisadores, a grande difi-culdade de se ter uma fórmula única éque as vacinas em geral atacam asuperfície das células, que se modificaconstantemente. O novo experimentoatacou o núcleo do vírus, que é omesmo para vários tipos de gripe.

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JORNAL da CIÊNCIAPUBLICAÇÃO DA SBPC • 27 DE SETEMBRO DE 2013 • ANO XXVII Nº 746

Brasil vence a OlimpíadaIbero-Americana deMatemática

Primeiro lugar veio com uma medalha de ouro e três de prata

O Brasil conquistou o primeirolugar na 28ª Olimpíada Ibero-Americana de Matemática (OIM).Quatro estudantes brasileirosganharam medalhas de ouro eprata na competição, que se en-cerrou nesta sexta-feira (27), nacapital do Panamá. O evento con-tou com a participação de 78jovens com idades que variamentre 13 e 18 anos de 20 paísesde América Latina, Portugal eEspanha.

Rodrigo Sanches Ângelo(SP) foi o grande destaque daequipe brasileira, conquistandoa medalha de ouro com a pontu-ação máxima da prova, 42 pon-tos. Os estudantes FrancoMatheus de Alencar Severo (RJ),Victor Oliveira Reis (PE) e RafaelKazuhiro Miyazaki (SP) obtive-ram a prata com 41, 40 e 35pontos respectivamente.

Com este resultado, a equipebrasileira garantiu, por segundoano consecutivo, a primeira po-sição na classificação geral porpaíses, com 158 pontos, segui-do pela equipe de Portugal, queobteve 154 pontos, e México,com 153 pontos. O time brasilei-ro foi liderado pelos professoresEduardo Wagner, do Rio de Ja-neiro (RJ), e Pablo RodrigoGanassim, de São Paulo (SP).

As provas foram realizadasde forma individual nos dias 24e 25 de setembro, contendo pro-blemas que abrangem as disci-plinas de álgebra, teoria dosnúmeros, geometria e combina-tória. Foram três problemas acada dia, com valor de sete pon-tos cada, aplicados em quatrohoras e meia.

As questões da prova foramselecionadas pelo Júri Interna-cional, formado pelos chefes dasdelegações. Os professores ti-veram como base o banco deproblemas proposto pelos paí-ses participantes. A resoluçãodas questões apresentadas exi-ge dos competidores criativida-de, engenho e habilidade emmatemática.

Com o propósito de promovera integração e o intercâmbio deexperiências entre os participan-tes, a olimpíada incluiu também arealização de uma prova por equi-pes, atividade de caráter lúdico,onde se misturam os competido-res, formando novas equipes quecompetem entre si num ambientede descontração e amizade. Alémdessa atividade, os estudantestiveram a oportunidade de conhe-cer aspectos históricos e culturaisdo país organizador.

A Olimpíada Ibero-Americana

de Matemática é a competiçãomais importante da área para ospaíses da região. Trata-se de umaatividade de popularização daciência, onde os estudantes par-ticipantes têm a oportunidade dedemonstrar suas aptidões e po-tencial na disciplina. Além do Bra-sil, participaram do evento esteano as delegações da Argentina,Bolívia, Chile, Colômbia, CostaRica, Equador, El Salvador, Espa-nha, Guatemala, Honduras, Mé-xico, Nicarágua, Panamá, Para-guai, Peru, Portugal, Porto Rico,Uruguai e Venezuela. Cuba e Re-pública Dominicana não envia-ram competidores.

O Brasil é o país com maiornúmero de medalhas conquis-tadas na competição até hoje.Desde 1985, ano em que o paísiniciou a participação no evento,seus representantes conquista-ram um total de 101 medalhas,sendo 51 de ouro, 39 de prata e11 de bronze.

Próxima edição - A 29ª ediçãoda OIM terá como sedeHonduras. Como pré-requisitopara participar do evento os com-petidores precisam ter no máxi-mo 18 anos de idade e não po-dem ter participado da competi-ção em duas edições anteriores.

Os estudantes interessadosem formar parte da equipe verdee amarela devem primeiro parti-cipar da Olimpíada Brasileira deMatemática (OBM), competiçãoque ocorre anualmente nas es-colas públicas e privadas emtodo o país. Após ter sido premi-ado no certame, os estudantespassam por um intenso proces-so de seleção, que considera acolocação conquistada na dis-puta nacional, além dos resulta-dos obtidos em cinco provasseletivas e de listas de exercí-cios que são resolvidas ao longode seis meses. Os quatro estu-dantes mais bem colocados, eque satisfazem as exigências doregulamento da olimpíada, con-quistam as vagas.

A Olimpíada Brasileira deMatemática, que neste ano reu-niu mais de 200 mil participantes,visa estimular o estudo da mate-mática, contribuir para a melho-ria do ensino no país, identificar eapoiar estudantes com talentopara a pesquisa científica e sele-cionar e preparar as equipes bra-sileiras que participam das diver-sas competições internacionaisde matemática.(Secretaria da Olimpíada Brasi-leira de Matemática, com adap-tações)

Atendimento amães e bebês

vítimas do crackA Uerj terá um núcleo paraatender esse grupo específico

A Universidade do Estado doRio de Janeiro (Uerj) deve lan-çar em 2014 um projeto de refe-rência em crack voltado exclusi-vamente a mães usuárias e cri-anças. O projeto é resultado doaumento significativo do núme-ro de crianças filhas de depen-dentes de crack.

A chefe da Assistência So-cial do Hospital Universitário daUerj, Dayse Carvalho, uma dasidealizadoras do projeto, junta-mente com integrantes do Nú-cleo de Estudos e Pesquisas emAtenção ao Uso de Drogas(Nepad), explicou que o traba-lho pretende formar e capacitarpessoas, qualificar a assistên-cia a esse público específico ecriar indicadores.

“Estamos construindo esseprojeto a partir de várias expe-riências, para que se torne umpolo de formação, entre outrascoisas. Não porque tenha rece-bido financiamento ou esteja namoda, mas porque toda nossatrajetória de trabalho está nosapontando que esse tema preci-sa de respostas”, ressaltou ela.

Dayse explicou que um dostrabalhos que deve ser desen-volvido é o acompanhamento dascrianças filhas de dependentesde crack. Ela explicou que algu-mas crianças nascem com crisesde abstinência, muito agitadas enão conseguem mamar. Com otratamento acabam se restabele-cendo. Entretanto, pouco se sabedos efeitos do crack nessas crian-ças na fase escolar.

“A grande interrogação équando elas começam a idadeescolar”, disse a assistente so-cial. “Temos muitas crianças queacabam aqui na pediatria e o paivem com a queixa de que o filhonão aprende. Quando avalia-mos há um histórico familiar cominterfaces com a droga”, desta-cou a técnica da Uerj.

Há 20 anos trabalhando naárea, Dayse Carvalho explicouque, em geral, as grávidas de-pendentes de droga têm vínculosquase inexistentes com a família.Entretanto, ela ponderou que éfundamental tentar resgatar essevínculo para o bem do bebê e damãe e que os trabalhos voltadospara essas crianças devem focarnessa retomada de vínculo fami-liar. “Quando a família vê que ainstituição é uma aliada, ela seaproxima e se envolve no cuida-do do bebê e da mãe. Mas levatempo, meses, um ano até. Sãofamílias que foram muito agredi-das e estão ressabiadas.”

Para a especialista, o ciclo daviolência e da droga só será rom-pido quando as instituições quetrabalham com esse grupo adap-tarem-se às reais necessidadesdessas mães.

Argentina ganhaagência de notícias

sobre CT&IA TSS foi criada e é mantidapela Universidade de San Martin

A Universidade Nacional deSan Martin (UNSAM), da Argen-tina, lançou na semana passa-da uma agência de notícias so-bre ciência, tecnologia e inova-ção - a TSS (Tecnologia Sul-Sul). A proposta é interpretar ediscutir notícias de impactossociais e econômicos associa-dos à geração e utilização derecursos de tecnologia, enge-nharia e ciência na Argentina eno mundo.

O novo veículo quer ser umcanal aberto para a interaçãodo mundo do conhecimento como desenvolvimento social e aprodução de riqueza. A TSS fun-ciona em tempo real, promo-vendo o debate sobre políticasde tecnologia em diversos seto-res como indústria, agricultura,saúde, energia, recursos natu-rais e defesa.

A TSS pode ser acessada eminglês ou espanhol pelo endere-ço www.agenciatss.com.ar.

Lei de arquivosrecebe sugestões

Pesquisadores serão ouvidosem consulta pública na internet

O Conselho Nacional de Ar-quivos (Conarq) abriu consultapública a respeito do projeto delei que altera, revoga e acrescenovos dispositivos à Lei Nº8.159, de 8 de janeiro de 1991,que dispõe sobre a política na-cional de arquivos públicos eprivados. A proposta foi apre-sentada e debatida nas 71ª e72ª Reuniões Plenárias queocorreram nos últimos dias 13 e14 de agosto.

O Conarq quer receber su-gestões dos pesquisadores paraaprimorar o texto das novas re-gras. O debate tem o objetivo depermitir que diversos segmentosarquivísticos e a sociedade par-ticipem diretamente da formula-ção e do aperfeiçoamento daspolíticas públicas no setor. Asconsiderações, opiniões e con-tribuições serão organizadas,compiladas, sistematizadas eapresentadas ao Plenário doConarq para apreciação, análisee deliberação. O assunto é deinteresse de historiadores, cien-tistas sociais e outros pesquisa-dores que utilizam os arquivosem suas pesquisas.

O texto, o formulário da con-sulta, o projeto de lei que alteraa lei de arquivos e a versão con-solidada da lei podem seracessados pelo seguinte ende-reço: www.conarq.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm