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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br1 MARÇO - ABRIL 2014

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 2MARÇO - ABRIL 2014

Márcio Alemany - Presidente

A cada passo cons-tatamos que se ti-véssemos unidos há mais tempo

nossas pretensões já teriam sido alcança-das. Ficamos no mes-mo esforço nessas quase três décadas, obtendo alguns resul-tados, mas muitas ve-zes desunidos nessa luta. Com o advento do Forum Nacional, che-gamos a comemorar o início de uma possí-vel fusão. As oito as-sociações existentes passaram a realizar reuniões e a estabele-cer metas e programas de interesse comum.

Muita discussão, própria de todo começo, e, me-nos de três anos depois percebemos que novo recesso acontecia. As ações ficaram espaça-das e no estatuto apro-vado a nossa APAFERJ ficou como entidade “convidada” e não inte-grante. A Anauni pediu para sair e, no que ficou demonstrado, o Sinpro-faz permaneceu na pre-sidência pela terceira vez consecutiva, sem que houvesse o reveza-mento esperado, evitan-do-se as chamadas he-gemonias de poder. Não que os eleitos tivessem deméritos, mas a alter-nância no poder sempre numa democracia foi mais salutar. Observa-mos hoje um andamento morno sem entusiasmo e avisos para que as fi-

leiras fossem engrossa-das e ocorresse maior participação, sobretudo dos mais jovens, recém-chegados às carreiras. Sente-se um certo des-compasso que se asse-melha ao desinteresse. Ao que parece, o Forum não vingou para renovar a nossa luta. A APAFERJ não parou, manteve seu trabalho e partiu para o prosseguimento de suas estratégias e por toda sua experiência de con-quistas seguirá unida para vencer suas metas com vistas a alcançar a destacadamente mais importante de todas que é a aprovação da PEC nº 443/09. Não descar-tamos a tentativa de conquista do pagamen-to da sucumbência, nem a volta dos anuênios e a soma da luta com o MO-

SAP, com o bravo Edson Haubert à frente, para a conquista da PEC nº 555, do Carlos Motta, suspendendo a famige-rada e injusta cobrança da verba previdenciária. Há muito o que se fazer e o Forum precisa mu-dar, sacudindo sua ação de forma mais efetiva, mudando seu Estatuto para incluir quem está fazendo história por mais de 33 anos sem parar. Quadro, carrei-ra, acesso, formação histórica da Advocacia Pública em nosso País foram conquistas com a efetiva contribuição e participação da nossa APAFERJ. Com muito orgulho sempre repeti-mos que fizemos a cama e pusemos a mesa para que as novas gerações chegassem e pudessem

com todo o conforto deitarem e se deleita-rem. Não nos foi nada fácil e, por isso, que-remos continuar nosso ingente trabalho. Se o Forum não funciona a contento, precisamos nos unir, não está tão difícil programarmos metas para que juntos realizemos o mesmo propósito, vamos to-mar assento à mesma mesa, discutirmos para esse formidável alcan-ce, votemos e partamos unidos para colher as vitórias que nos faltam. Poderemos manter as mesmas diretorias, os mesmos caixas, mas nossas programações, com prazos e estraté-gias, podem ser exa-tamente as mesmas. Mãos à obra, que o tempo urge...

FUSÃO SEM CONFUSÃO

O Aeroporto Interna-cional Juscelino Kubits-chek de Brasília terá que desembolsar cerca de R$ 24 mil para pagar mul-ta aplicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela falta de água potável para consumo dos pas-sageiros. A penalidade por descumprimento das exigências sanitárias foi assegurada judicialmen-te pela Advocacia-Geral da União (AGU).

A multa foi questiona-da pela Empresa Bra-sileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) que pediu a nulidade do

procedimento adminis-trativo. Mas, a Procura-doria-Regional Federal da 1ª Região (PRF1) e a Procuradoria Fede-ral junto à Agência (PF/Anvisa) comprovaram a legalidade do procedi-mento.

Os procuradores ex-plicaram que o aeroporto descumpriu a Resolução da Diretoria Colegiada nº 02/03 da Anvisa so-bre as exigências sani-tárias para áreas aero-portuárias. Segundo as unidades da AGU, a fis-calização constatou acu-mulação de sujeira e fal-ta de água potável em 10

AGU assegura multa da Anvisa por falta de água potável no aeroporto de Brasília

bebedouros localizados no pátio de embarque e desembarque.

As unidades da AGU apontaram que a mul-ta foi aplicada diante do poder de polícia da Agência estabelecido pela Lei nº 9.782/99. A norma confere à autar-quia as atribuições de estabelecer regras para regulamentação, con-trole e fiscalização dos produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública, inclusive, dos ambientes, dos proces-sos, dos insumos e das tecnologias a eles rela-cionadas, bem como o

de controlar portos, ae-roportos e de fronteiras quanto ao regime de vi-gilância sanitária.

Na defesa do ato da Anvisa, os procuradores apontaram que em ne-nhum momento a em-presa negou a prática dos atos descritos na in-fração, tampouco trouxe elementos que justificas-sem a anulação da mul-ta aplicada pela agência reguladora. As procura-dorias alertaram, ainda, que o valor da multa foi calculado levando em conta o risco sanitário durante a conduta, a re-incidência e a capacida-

de econômica do aero-porto.

A 15ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Fe-deral concordou com os argumentos apresen-tados pela AGU e reco-nheceu a legalidade da atuação da autarquia. “A Anvisa agiu dentro de seus limites de atuação ao editar a Resolução n. 02/03, porquanto seu principal papel é preve-nir, diminuir ou eliminar riscos à saúde, uma vez que compete a ela coor-denar o Sistema Nacio-nal de Vigilância Sanitá-ria”, destacou trecho da decisão.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br3 MARÇO - ABRIL 2014

Ney Machado.Procurador Federal.Professor da UFF

O homem é ex-pectador dos fatos e acon-tecimentos do

cotidiano, em razão dos dramas sociais, observa a ilicitude divulgada pelos meios de comunicação.

Tais fatos, sem som-bra de qualquer dúvida, ofendem a dignidade da sociedade, como fator do exercício dos direitos sociais individuais.

Segundo Proudhon:“A dignidade e cons-ciência do homem são partes integrantes de uma sociedade que não podem ser ignoradas através da ilegalidade, essência do abuso de direito”.Deduz-se, pois, que o

processo de desenvolvi-mento social só se efetiva através de atos pautados nos princípios da legalida-de e moralidade.

Nessa perspectiva podemos realçar que o crescimento dos direitos sociais e individuais só se efetiva em razão do respeito a dignidade da pessoa humana, pilar do

Estado Democrático de Direito.

O Mestre Sobral Pinto vê e contempla o desen-volvimento de uma socie-dade através do respeito e a dignidade de um povo, pois sem tais princípios infelizmente não se atinge o progresso, essência do interesse da sociedade.

Registre-se, pois, que o descompasso com o afir-mado encontra-se a ilicitu-de, essência do abuso do direito, violador do tecido social.

Assim, a energia social em razão de atos ofensi-vos ao desenvolvimento dos direitos sociais e in-dividuais está a merecer

séria reflexão, em razão dos objetivos a serem al-cançados.

Friedmann em sua obra analisou a forma genérica do desenvolvi-mento social como fator de mudanças em seus objetivos, e conclui que o estímulo a ser operado é elemento essencial no Estado Democrático de Direito.

Dessa forma, não se pode limitar os horizon-tes da sociedade com o desconhecimento e a de-preciação de atos de pura ilicitude.

Manuel de Oliveira Franco Sobrinho, em sua obra sobre os aspectos da

ilicitude leciona:“Muito embora não

se cometam atos de ca-racterística ilícita ou de abuso de direito, a or-dem jurídica não justifica no excesso, no desvio de conduta que caracteri-zem tais atos consideran-do que não encontram garantia no interesse so-cial geral”.

Assim, a ordem social necessita de atos e po-sicionamentos que não admitam ofensas contra os direitos sociais e in-dividuais como fatores de desenvolvimento de uma sociedade compro-metida com a ordem jurídica.

Reflexão Sobre a Ilicitude e o Abuso de Direito

A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu, na Justiça, a condenação da Paraíba Construções e Em-preendimentos, responsá-vel pela morte de trabalha-dor em obra, por negligên-cia às normas de segurança no trabalho. A firma terá que devolver à Previdência Social os valores gastos com pensão por morte à viúva do funcionário no valor de R$ 401.892,40.

O acidente ocorreu em 2011 quando o trabalhador transportava lajes para um edifício em construção. Du-rante a atividade, uma peça ficou presa no escoramento da viga e, ao tentar despren-dê-la o funcionário se dese-quilibrou e caiu da 25ª laje, falecendo imediatamente.

Atuando no caso, a Pro-curadoria Seccional Federal (PSF) de Campina Grande/PB ajuizou ação regressi-va devido a negligência da

empresa, que é responsável pela adoção e uso das me-didas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. A construtora ainda ten-tou alegar que o acidente ocorreu por culpa exclusiva da vítima que não usava os equipamentos de seguran-ça.

Mas de acordo com os procuradores federais, a empresa não adotou as precauções necessárias na obra, conforme constatou o relatório do Ministério do Trabalho. Pelo documen-to, a segurança no local era precária e confirmou a ne-gligência da empresa que foi omissa, pois poderia ter evitado o acidente.

A AGU destacou que nesses casos, conforme pre-vê a Constituição Federal, a empresa é responsável pela adoção e uso de me-didas coletivas individuais

de proteção e segurança da saúde do trabalhador. Além disso, pelo artigo 120 do texto constitucional, nos casos de negligência quanto às normas padrão de segu-rança e higiene do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Pre-vidência Social pode propor ação regressiva contra os responsáveis.

A 6ª Vara da Seção Judi-ciária da Paraíba acolheu os argumentos da AGU e con-denou a empresa ao ressar-cimento das parcelas pagas pelo INSS e daquelas que ainda irão vencer. “Há pre-cedentes jurisprudenciais reconhecendo que, diante da inobservância/não fiscali-zação das regras de prote-ção e segurança do trabalha-dor por parte do emprega-dor, este deve ser ressarcir o INSS pelos pagamentos efetuados”, diz um trecho da sentença.

AGU garante retorno de cerca de R$ 400 mil em despesas pagas pelo INSS por acidente de trabalho

Prezado Associado,Seja um colaborador do seu jornal. Envie artigos, monografias, casos pitorescos de sua vida forense, biografias de juristas fa-mosos e tudo que se relacione com assuntos jurídicos. Os trabalhos após analisados, poderão ser publicados.Obs: Os textos não deverão ultrapassar duas laudas, espaço dois.

“Eduquem as crianças e não será ne-cessário castigar os homens.” Pitágoras

“Existem verdades que a gente só pode dizer depois de ter conquistado o direi-

to de dizê-las.” Jean Cocteau

“Não são as ervas más que sufocam a boa semente e sim a negligência do

lavrador.” Confúcio

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 4MARÇO - ABRIL 2014

O Tribunal Superior do Traba-lho (TST) e entidades vinculadas ao segmento trabalhista destacam a importância das ações regressivas acidentárias ajuizadas pela Advoca-cia-Geral da União (AGU) na redu-ção dos acidentes de trabalho. Os posicionamentos também concor-dam que os processos compensam o dano causado pelo empregador negligente ao retirarem da socieda-de o ônus do pagamento de benefí-cios previdenciários às vítimas.

Magistrados e representantes de classe alertam para os números de pessoas incapacitadas e falecidas em ambiente de trabalho. O últi-mo levantamento do Ministério da Previdência Social revela que, em 2012, mais de 15 mil trabalhado-res foram aposentados por lesão permanente. Nos casos de res-ponsabilização dos empregadores, a juíza auxiliar da presidência do TST, Adriana Pimenta, ressalta que a União tem prerrogativa de pedir o ressarcimento por prejuízos que sofre, respaldada pelo artigo 145 da Constituição Federal, que define a sociedade como corresponsável pelo custeio da seguridade social.

A magistrada avalia, também, que o empregador usufrui da for-ça de trabalho do funcionário e, ao concorrer para um incidente, o devolve para a sociedade lesionado e incapacitado, tendo a União que arcar com os benefícios gerados.

“Na medida em que o empregador age de maneira a permitir que ocor-ra um acidente de trabalho, doen-ça ocupacional, ou genericamente um infortúnio do trabalho, ele deve ser responsabilizado por isto”, afir-ma, defendendo o ajuizamento das ações regressivas.

Integrante da Comissão do Tra-balho Seguro do TST, Adriana Pi-menta destaca a determinação aos juízes e desembargadores de re-meter para a AGU as sentenças nas quais reconhecem a conduta culpo-sa dos empregadores para subsidiar as ações de ressarcimento em favor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A orientação jurídica consta na Recomendação nº 2, de 2011, do presidente do Tribunal Su-perior e Corregedor da Justiça do Trabalho naquele ano.

O TST mantém convênio com entidades e órgãos públicos no Pro-grama Nacional de Prevenção de Acidente de Trabalho. A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) é uma das que participam das ações. O presi-dente, Paulo Schmidt, considera o número de fatalidades “astronômi-co” e aposta na integração educa-cional para combater os altos índi-ces de incapacidades e mortes. Nos últimos três anos, a entidade distri-buiu cartilhas e fez orientações aos operários que construíram os está-dios da Copa do Mundo FIFA 2014.

Sobre os efeitos das ações re-gressivas, o presidente da Anamatra assinala que os processos contri-buem para inibir a falta de atenção com as normas de segurança no trabalho pelo custo que traz para as empresas. Schmidt pondera, ain-da, que é fundamental reaparelhar o poder fiscalizatório do Estado. “O País paga um custo excessivo, altíssimo, exatamente porque não fiscaliza. O custo social pelo não trabalho e pelo o que acaba repre-sentado para a seguridade social, não tem comparação com o investi-mento efetivo que poderia se fazer mais na área da fiscalização”, opina.

Como prevenção contra os acidentes, o aumento do efetivo de auditores fiscais do trabalho é apontado como uma das medidas a serem adotadas. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 2.700 servidores exercendo esta função. “São esses profissionais que são encarregados de fazer o trabalho preventivo de fiscalizar e observar se tem proteção coletiva nas em-presas, se tem Equipamentos de Proteção Individual para os traba-lhadores”, explica a presidenta do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosa Maria Campos Jorge.

A associação salienta que acredi-ta “na força das ações regressivas”. “Na medida em que as empresas forem acionadas e têm que arcar

com o custo previdenciário de um acidente de trabalho e morte de um trabalhador, certamente pesando no bolso do empresário, ele rever suas posições e passa a tomar me-didas preventivas”, diz Rosa Maria.

A linha de atuação da AGU para recompor os gastos previdenciários com acidentes de trabalho tam-bém é elogiada pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas In-dústrias e do Mobiliário de Brasília, Edgard de Paula Viana. Ele lamenta, porém, que pequenas construtoras podem se salvar dos processos por “desaparecerem” quando aciona-das.

“Mas para as grandes e médias empresas as ações regressivas são muito úteis, porque elas têm que cuidar de seus trabalhadores sa-bendo que se ocorrer o falecimen-to do trabalhador terão a obrigação de ressarcir o INSS”, enaltece Via-na, lembrando a associação conta com parcerias com órgãos como Sindicato da Indústria da Constru-ção Civil do Distrito Federal, Fun-dacentro (Ministério do Trabalho e Emprego), Ministério Público do Trabalho, Tribunal Regional do Trabalho, Delegacia Regional do Trabalho e TST em campanhas de conscientização com o objetivo de evitar os acidentes. “Vamos con-tinuar essa parceria podendo se aproximar do índice zero de aci-dentes”, conclui.

TST e entidades reconhecem atuação da AGU para diminuir os índices de acidentes de trabalho

Benefício de prestação conti-nuada não pode ser acumulado com pensão previdenciário do Ins-tituto Nacional do Seguro Social, conforme a Lei Orgânica da Assis-tência Social (Lei nº 8.742/1993). A tese da Advocacia-Geral da União (AGU) embasada em legislação especifica, assegurou, na Justiça a legalidade da manutenção do siste-

ma previdenciário, além de evitar prejuízos aos cofres públicos.

A discussão iniciou quando uma segurada solicitou o restabelecimen-to de benefício assistencial destina-do à pessoa idosa, alegando que não podia exercer atividade para garan-tir o sustento. Mas, a Procuradoria Federal no estado de Rondônia (PF/RO) e a Procuradoria Federal Es-

pecializada junto ao Instituto (PFE/INSS) explicaram que o benefício foi suspenso após o INSS detectar que a mulher já recebia indevidamente por oito anos a pensão por morte do marido, no mesmo valor.

As unidades da AGU apontaram que a segurada estava violando a legislação que proíbe a acumulação dos benefícios e como eles pos-

suíam o mesmo valor não existia motivo para optar por um deles.

A 4ª Vara do Juizado Especial Federal concordou com a tese da Advocacia-Geral e afastou o resta-belecimento de benefício de forma irregular. “O pleito autoral não me-rece acolhimento por expressa ve-dação legal à cumulação pretendi-da”, afirmou um trecho da decisão.

Procuradorias confirmam manutenção de norma previdenciária que impede acumulação de benefício

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br5 MARÇO - ABRIL 2014

Allam SoaresProcurador Federal

IHá uma antiga tradição

japonesa, segundo a qual tirar a própria vida é um meio de escapar do fra-casso público ou de salvar os parentes da vergonha e das dificuldades finan-ceiras. Além disso, há fal-ta de tabus religiosos em relação ao suicídio, quer no budismo, quer no xin-toísmo, religiões que pre-dominam no Japão.

Na Idade Média, os samurais, quando não cumpriam bem seus de-veres ou eram vencidos de modo vergonhoso, praticavam, num ritual, o “haraquiri” ou, num método mais doloroso, o “seppuku”, que consistia em abrir o próprio ven-tre com a espada. Eram também reverenciados como grandes heróis na-cionais os “kamikases”, soldados suicidas.

Talvez, por isso, a mais popular arte dra-mática japonesa – o Tea-tro Kabuki – tenha, em suas peças principais, re-ferências ao suicídio dos samurais ou ao pacto de morte ajustado entre amantes.

Nos séculos XX e XXI, por razões políticas e mo-rais, ocorreram vários suicídios no Japão. Depois da rendição japonesa, o Ministro da Agricultura, Toshikatsu Matsuok, sui-

cidou-se após o Ministro da Guerra, Korechika Anami, ter-se matado um dia antes dessa rendição, que pôs fim à 2ª Grande Guerra. Igual-mente envergonhados com a derrota, vários militares das Forças Armadas japonesas também se suicidaram. No início deste século, quatro de-putados, que foram acusados de corrupção e favorecimen-to ilícito, tiraram suas vidas, assim como uma autoridade governamental japonesa.

Somos antípodas dos japoneses, não só por vi-vermos em lugar diametral-mente oposto, mas na forma como lidamos com a corrup-ção política. Nem de longe estou sugerindo o suicídio daqueles contra os quais fo-rem comprovados, em Juízo, atos de lesão aos cofres pú-blicos e/ou privados. Porém, é lamentável que os que são favoráveis a tais condenados digam que eles não sabiam o que assinavam ou que os atos ilegais reiterados foram feitos em decorrência de seus interesses partidários. Não é pois compreensível que maus políticos, condena-dos por crimes previstos na Lei Penal, queiram ser tidos como prisioneiros políticos e recorram ao gesto do pu-nho cerrado para o alto, que foi imortalizado por Nelson Mandela, este sim, um pri-sioneiro político que sempre assumiu as consequências por seus atos na luta contra o “apartheid”.

Cumpre lembrar que, nos países, usualmente conside-rados progressistas, os réus de crimes contra o Estado não têm todos os devidos di-reitos, como os previstos no art.5º, LV, da nossa Constitui-ção Federal e suas condena-ções levam, em geral, à prisão perpétua ou à pena de morte. Estes, agora punidos e, insoli-tamente, inconformados, têm a sorte de viverem num País que, ainda, é democrático.

IIUma colega muito queri-

da deu-me um artigo escrito por conceituada jornalista de O Globo, que trata da cum-plicidade do silêncio ao lon-go da História. Esta matéria foi a propósito da denúncia do ex-funcionário da NSA contra o sistema de vigilân-cia dos Estados Unidos. No artigo, ela cita um ex-agente da CIA – McGovern – que, numa palestra, exemplifi-ca o fim dessa cumplicida-de no caso do ex-cientista Haushofer, que se arrepen-deu e participou de atentado contra Hitler. Citou, ainda, o escritor Albert Camus, que atacou o silêncio, em certas situações, por suas perigosas consequências. A conclusão de McGovern – que não é nova! – é que a escuridão (desinformação) torna as pessoas silenciosas, que é a condição desejada pelo po-der.

Concordo com isso e sempre denunciei, neste Jor-

nal, que o motivo pelo qual querem “regular” a mídia é para melhor silenciá-la (em 01/2011). Também sobre isso escrevi: “A Intolerân-cia” (01/2011), “Atitudes” (04/2013) e “O Silêncio dos Intelectuais I e II” (04/2010 e 03/2013), sendo que, nes-te último artigo, citei os que abandonaram o comodismo de não se posicionarem, como Albert Camus, Jean Paul Sartre, Eduardo Galea-no, Bertrand Russel e José Saramago, além da jornalista Yoani Sanches.

Figuras desse porte re-belaram-se contra o so-frimento e/ou a morte de milhares de pessoas e não renunciaram às suas posi-ções em defesa da liber-dade, da honra e da vida. Não eram participantes do poder denunciado, nem lhe prestaram por muitos anos seus serviços. No comba-te, fincaram trincheiras em seus países, inclusive sendo ameaçados e presos, como, por exemplo, Bertrand Russel. Não posaram de bons moços nem correram para um abrigo nos braços do principal adversário de seus países. No presente caso, o pedido de proteção foi feito a adversário que tem sofrido sérias críticas das Entidades Internacio-nais de Direitos Humanos.

Se o ex-agente da NSA pretendesse alertar a to-dos os prejudicados pela quebra da privacidade de suas mídias, teria feito uma denúncia total e não, como vem fazendo, com um insó-lito conta-gotas.

Num filme em que Judi Dench e Cate Blanchett de-batem, esta última se sai, no

contexto desta estória, com a afirmação de que temos de ter cuidado com o vão, que é a distância entre a vida sonhada e a vida como ela é. Vem da frase que se vê no metrô novaiorquino, em todas as estações: “mInd the gap” (cuidado com o vão). Vale dizer: não é a vida fanta-siada que determina nossa realidade, mas, como já observava Nelson Rodri-gues, “a vida como ela é”. Entre essas vidas há uma lacuna (“gap”) e parece que o ex-agente não a ob-servou bem.

PS: Dizia Virginia Woolf que as mulheres careciam de um espaço só delas para que surgissem gran-des escritoras. Uma per-sonagem de “As Meninas”, de Lígia Fagundes Telles, sobre esse espaço pró-prio, dá seu depoimento: “Sempre fomos o que os homens disseram que nós éramos. Agora somos nós que diremos o que so-mos.” Foi, assim, que se deu a grande expressão feminina sobre amor, sexo e relacionamento.Com o advento dos estu-dos do cientista Carl Dje-rassi, radicado nos Estados Unidos, foi feita a síntese do contraceptivo oral, que fez mais pelas mulheres do que todos os movimentos sócio-políticos.Esta atrasada homena-gem ao Dia da Mulher (8/3) é feita agora, em especial, à minha mulher, pois, sem ela, minha vida seria muito pobre e qua-se sem sentido.

Allam

ATITUDES (III)Existem três tipos de verdade: a verdade factual, cujo contrário é a mentira; a ver-dade científica, cujo contrário é o erro e a verdade filosófica, cujo contrário é a il-usão.” (Hannah Arendt)

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 6MARÇO - ABRIL 2014

Por Marcos da CostaO princípio da segu-

rança jurídica está dire-tamente ligado às garan-tias que são asseguradas pelo ordenamento jurídi-co brasileiro. Quando te-mos uma alteração cons-tante das leis, um vazio legal ou a inobservância ao devido processo legal, cria-se a insegurança ju-rídica. A aprovação do Marco Civil da Internet brasileira (Lei 12.965, de 23 de abril de 2014), que estabeleceu princípios, garantias, deveres e di-reitos para o uso da inter-net no Brasil - ajudará a consolidar o sistema le-gal no País no que tange o mundo digital.

Tramitando na Câma-ra desde 2011, o Marco Civil vem ao encontro das necessidades e an-

seios da sociedade e dos profissionais que atuam na área, pois a nova lei teve uma ampla consulta pública da qual participaram usuários, prestadores de serviço e de conexão, enviando sugestões ao respectivo projeto.

Assim, estão inseridas na lei normas que con-templam ampla proteção ao usuário e à privaci-dade deles em relação a dados pessoas, sem prejudicar direitos adqui-ridos. E mais, a neutra-lidade da rede, um dos pontos mais polêmicos na sua tramitação, res-tou garantida. Ou seja, ninguém terá um serviço de internet que restrinja a utilização de certos sites devido ao preço cobra-do, mas ainda existirá a

Marco Civil da Internet trará mais segurança jurídicadiferença de velocidade entre os pacotes adqui-ridos. Dessa forma, to-dos os internautas terão acesso a qualquer con-teúdo da rede, indepen-dentemente do plano de acesso contratado junto à empresa provedora de conexão.

Avançado, o nosso Marco Civil recebeu elo-gios até do criador da rede mundial de computa-dores (www), o físico bri-tânico Tim Berners-Lee, que ressaltou aspectos importantes da lei brasi-leira e a considerou uma ferramenta para a liber-dade de expressão, da privacidade e do respeito aos direitos humanos.

Outro ponto de desta-que da nova legislação é a regra que estabele-ce ser necessária uma

ordem judicial para que um conteúdo seja retira-do do ar. Com isso, a lei diz não à censura na in-ternet. Só a Justiça pode decidir que um conteúdo é ofensivo e garante a preservação dos direitos constitucionais de todos. Apesar da liberdade de expressão estar garan-tida no texto, conteúdos criminosos poderão ser tirados do ar, sem ordem judicial. Dentre estes estão os crimes de ra-cismo e pedofilia. A re-gra é que os conteúdos devem continuar sendo acessados, desde que não firam a lei.

Sem o Marco Civil, a carência de uma legisla-ção específica vinha tra-zendo dificuldades para coibir os crimes pratica-dos na rede, como frau-

des financeiras, envio de vírus, roubo de senhas, crimes contra a honra, ca-lúnia, injúria, difamação, cyberbullying e pedofilia, e também para definir punições por essas infra-ções, com base na legis-lação penal existente.

A impunidade gera-da pela inexistência de dispositivos legais para tipificar determinadas condutas levou o Brasil a estar entre os líderes no ranking de crimes ciber-néticos; sendo também o campeão mundial em ações judiciais para a re-moção de conteúdos ilí-citos veiculados na inter-net. A segurança jurídica que o Marco Civil deve contribuir para minorar práticas nefastas que hoje afetam cidadãos, empresas e governos.

A Advocacia-Geral da União (AGU) em Maringá/PR iniciou este mês a co-brança de créditos inscritos em dívida ativa por meio do protesto extrajudicial. Os valores são devidos a vários entes públicos federais e decorrem da aplicação de multas por autarquias em razão do descumprimento de normas. O objetivo des-te trabalho consiste na pos-sibilidade de se usar novas estratégias para que os de-vedores do poder público federal restituam os cofres públicos.

Segundo esclareceu a Procuradoria Seccional Federal (PSF) de Maringá, antes a cobrança de crédi-tos se limitava à inscrição dos nomes dos devedores

no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal e no ajuizamento de ações de execução fiscal perante o Poder Judiciário. No Cadin, a principal consequência para o devedor é a proibi-ção de contrair emprésti-mos nos bancos públicos e de participar de licitações públicas no âmbito da União Federal.

Serão protestados, ini-cialmente, pela PSF/Marin-gá os créditos inscritos em dívida ativa de devedores domiciliados na Comarca de Maringá, em favor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-ma), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade

Procuradores iniciam protesto de dívida ativa de créditos de entes públicos federais em Maringá/PR

e Tecnologia (Inmetro), da Agência Nacional de Telecomunicações (Ana-tel), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A maior parte é referente à aplicação de multas do Iba-ma contra pessoas que vio-lam a legislação ambiental em diversas situações, com poluição, queimadas ilegais, caça e pesca desautorizada, uso proibido de agrotóxi-cos. Outro exemplo são as sanções aplicadas pelo In-metro pelo descumprimen-to de normas de metrologia e qualidade de produtos e serviços prestados à popu-lação brasileira.

Agora, com o protesto

dos créditos dos entes pú-blicos federais, quem está na lista dos devedores pas-sa, também, a ter o nome incluído nos cadastros do Serasa e do Serviço de Proteção ao Crédito. Com esse trabalho da AGU, Ma-ringá passa a ser a primeira cidade do interior do Para-ná a contar com o protesto de créditos inscritos em dívida ativa de órgãos e en-tes públicos.

Como é feitoO protesto é realizado

pelos Tabelionatos de Pro-testo de Títulos locais e, de acordo com a legislação em vigor (Lei nº 9.492/97), uma vez apresentada a certidão de dívida ativa pelo credor, este título deverá ser pro-testado em até três dias.

Além disso, de acor-do com a PFS/Maringá o devedor tem algumas desvantagens em ter sua dívida protestada: passa a ter seu nome inscrito nos serviços de proteção ao crédito; sofre restrições de créditos em bancos públicos e privados. Caso queira pagar a dívida após o protesto, deverá arcar, também, com as custas do cartório responsável pelo procedimento. A possibilidade de protesto de certidões de dívida ati-va da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e das autar-quias e fundações públicas passou a ser permitida após a aprovação da Lei 12.767/2012.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br7 MARÇO - ABRIL 2014

Antonio C. Calmon N. da GamaDiretor de Divulgação da APAFERJ

Fatos . Fatos . Fatos . Fatos . Fatos .

Momento Literário

POSSEA Diretoria da APAFERJ, eleita para o próximo triênio 2014/2016, to-mou posse no dia 11 de março. O Presidente José Marcio Araújo de Alemany, reeleito, em seu discurso de posse conclamou todos as-sociados e membros da Diretoria para con-tinuarem na luta pela aprovação dos Projetos de Emenda à Constitui-ção que se encontram tramitando no Con-gresso Nacional e que certamente contribui-rão para sedimentar as carreiras dos Advoga-dos Públicos.

COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA

Rosemiro Robinson Silva Junior – Vice Pre-sidente; Diretor Admi-nistrativo – Miguel Car-los Melgaço Paschoal; Diretor Administrativo Adjunto - Maria Auxi-liadora Calixto; Diretor Financeiro – Fernando Mello; Diretor Finan-ceiro Adjunto – Du-dley de Barros Barreto Filho; Diretor Jurídico – Hélio Arruda; Dire-tor Cultural – Carlos Alberto Mambrini; Di-retor de Comunicação

Social – Antonio Carlos Calmon Nogueira da Gama; Diretor de Patri-mônio – Rosa Rodrigues Mota.

ANIVERSÁRIODia 29 de março foi rea-lizada, na Capela do Co-légio Notre Dame, em Ipanema, missa de Ação de Graças pela passa-gem do aniversário de 80 anos da nossa Asso-ciada, Dra. Lylia Carme-lita de Queiroz Lobato. Na ocasião estiveram presentes ex colegas da Faculdade Nacional de Direito, colegas de tra-balho, familiares e ami-gos. A APAFERJ se fez representar pelo Dr. Fernando Mello, ex co-lega da aniversariante na Procuradoria –Geral da extinta SUNAB. A Dra Lylia nossos sinceros vo-tos de saúde e felicidade extensivos a sua família.

PLENA RECUPERAÇÃO

Quem está em plena recuperação da cirur-gia no joelho, a que foi submetido no mês de fevereiro, é o nosso co-lega José Carlos Damas, Presidente do Conselho Fiscal da APAFERJ. Está de parabéns o cirurgião Marcelo Portugal, que o operou, pois o paciente em pouco tempo já está caminhando e dirigindo seu automóvel.

TANGOS E BOLEROS

Acontecerá no dia 30 de abril as 21:30h na casa de Shows “PANORA-MA”, na rua João lira, 95-19º andar, no Leblon, mais uma apresentação do nosso colega Wagner Cavalcanti. Vale a pena assistir. Todos os shows têm sido com casa lota-da e para reserva utilize os telefones: 999657453 ou 22565905.

CONFERÊNCIAA OAB/FEDERAL E A SECCIONAL/RJ fir-maram convênio com o município do Rio de Janeiro para realizar a XXII Conferencia no RIOCENTRO, o acor-do foi assinado pelo Presidente da OAB Nacional, Marcus Vi-nicius Furtado Coelho e pelos Conselheiros Federais pelo Rio Car-los Roberto de Siqueira Castro e Sergio Fisher, juntamente com o Pre-feito da Cidade Eduar-do Paes e Procurador-Geral do município, Fernando Dionísio. O

Encontro da Advocacia acontecerá nos dias 20 a 23 de outubro.

SELO ELETRÔNICOApós dois anos de tra-balho conjunto, o Tribu-nal de Justiça do Rio e a ANPREG/RJ participa-ram do lançamento ofi-cial do selo de fiscaliza-ção eletrônico. O evento aconteceu no dia 18 de fevereiro. A solenidade foi promovida pela Cor-regedoria-Geral. Na oca-sião, o desembargador Valmir de Oliveira Silva afirmou que o selo ele-trônico, além de trazer mais eficiência na fiscali-zação, será um ganho não só para a Corregedoria e o TJ, mas também para os próprios usuários. Está de parabéns o Pre-sidente da ANOREG/RJ, Carlos Firmo e toda sua Diretoria, pelo trabalho desenvolvido.

LANÇAMENTOProjetos de Novo Códi-go de Processo Civil, de Cássio Scarpinella Bueno. Neste livro o autor apre-senta as duas versões

OS CENTO E DEZ AMIGOS

Amigos, cento e dez ou talvez mais,Vaidade que eu sen-tia,Julguei que em toda a terra não haviaMortal tão feliz en-tre os mortais.

Amigos, cento e dez, tão serviçais,Tão zelosos das leis da cortesia,Que, cansado de os ver, me escapuliaAs suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci pro-fundamente, ceguei.Dos cento e dez hou-ve um somenteQue nao desfez os la-ços quase rotos.

Que vamos, diziam eles, lá fazer?Se ele está cego, nao nos pode ver.Que cento e nove impávidos marotos! Camilo Castelo Branco

“ Com o punho fecha-do não se pode trocar um aperto de mãos.”

Indira Ghandhi

aprovadas pelo Con-gresso Nacional e alem de comparar os textos das duas casas legislati-vas, elaborou notas que certamente ajudarão o leitor a compreender os projetos. A obra foi editada pela editora Sa-raiva. Mais informações pelo site www.saraiva.com.br.

Posse da Diretoria

Flash

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 8MARÇO - ABRIL 2014

Se a seleção que mais fez gols em cada edição tivesse ficado com a taça, a Ar-gentina seria tri e a Hungria bi. Mas o Brasil continuaria na frente:

1º BRASIL – 1950, 1962, 1970 e 2002.2º ARGENTINA – 1930, 1978 e 1986.3º HUNGRIA – 1938 e 1954. FRANÇA – 1982 e 1998. ALEMANHA – 1990 e 2006.

A LISTA REAL DE TÍTULOS, SÓ PARA COMPARAR:1º BRASIL – 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.2º ITÁLIA – 1934, 1938, 1982 e 2006.3º ALEMANHA – 1954, 1974 e 1990.4º URUGUAI – 1930 e 1950.5º ARGENTINA – 1978 e 1986.6º INGLATERRA – 1966. FRANÇA – 1998.

MAIORES ARTILHEIROS:15 Gols – Ronaldo – 1998, 2002 e 2006.14 Gols – Gerd Müller (Alemanha) – 1970 e 1974.13 Gols – Just Fontaine (França) – 1958.12 Gols – Pelé – 1958, 1962, 1966 e 1970.11 Gols – Sandor Kocsis (Humgria) – 1954.11 Gols – Jürgen Klinsmann (Ale-manha) – 1990, 1994 e 1998.Fontaine só pre-cisou de 6 jogos para fazer seus 13 gols. E Kocsis marcou seus 11 em ape-nas 4.

AS MAIORES GOLEADAS:1982 – Hungria 10x1 El Salva-dor1954 – Hungria 9x0 Coreia do Sul1974 – Iugoslávia 9x0 Zaire1938 – Suécia 8x0 Cuba2002 – Alemanha 8x0 Arábia Sau-dita

AS MAIORES ZEBRAS:1966 – Coreia do Norte 1x0 ItáliaFoi a única vitória dos norte-coreanos naquela copa. O vexame desclassifi-cou a Itália.1950 – EUA 1x0 InglaterraE a Inglaterra não tinha disputado as copas anteriores porque se achava boa demais.1978 – Escócia 3x2 HolandaA vitória contra o segundo carrossel é o grande momento da história do fu-tebol escocês.1982 – Argélia 2x1 AlemanhaO sobrenome de um dos Argelinos em campo era Zidane. Não era o Zi-nedine, mas ajuda a explicar.

O JOGADOR MAIS VELHO:– O camaronês Roger Milla tinha 42 anos quando se sagrou o mais velho a marcar, em 1994.– O campeão mais velho foi o goleiro italiano Dino Zoff: 40 anos em 1982. Na linha, foi o lateral Nilton Santos: 37 em 1962.

O JOGADOR MAIS JOVEM:– 16 anos e 11 meses É a idade do jogador mais jovem a ir para uma copa o brasileiro EDU, do Santos, convoca-do para 1966.– 17 anos e 8 meses. É o que ti-nha PELÉ, o campeão mais novo, quando disputou a final da Copa de 1958.Em 18 copas, foram: 708 jogos e 2063 gols.

Curiosidades Sobre a Copa do Mundo OS CAMISAS 10 DA SELEÇÃO BRASILEIRA

Ao lado de Zizinho, Lelé e Ademir, Jair Rosa Pinto (o último da direita) foi o primeiro camisa 10 da seleção

Pinga (primeiro à direita), o segundo a vestir a 10, brinca com Julinho Bote-lho, Djalma Santos e Rubens

Em 90, Sebastião Lazaroni optou por dar a camisa 10 a Silas, do Sporting-POR

Rivelino, camisa 10 do Brasil nas copas de 1974 e 1978

Zico também foi o camisa 10 em duas oportunidades: 1982 e 1986

Ronaldinho Gaúcho, camisa 10 do Bra-sil, na copa da Alemanha em 2006.

Ao lado de Ronaldo, Rivaldo foi o 10 em 2002, e um dos destaques do títu-lo brasileiro

No tetracampeonato, em 94, Raí foi o escolhido.

Pelé comemora um de seus gols na Copa de 1970, no México. Rei eternizou a ca-misa 10 da seleção brasileira em quatro Copa do Mundo. Jogador abandonou a equipe em 1971 (Foto: agência AFP)

Kaká foi o camisa 10 da seleção bra-sileira na disputa da Copa do Mundo de 2010

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br9 MARÇO - ABRIL 2014

Posse da Nova Diretoria da APAFERJ

No dia 11 de março, em reunião que se encerrou com um coquetel, foi empossada a Diretoria para o triênio 2014-2016. O clima festivo é a garantia da amizade e o respeito que reinarão entre os membros recém-eleitos. O Presidente, Dr. Marcio Alemany, fez uma saudação, agradecendo e conclamando todos os eleitos, para a luta pelo engrandecimento da Advocacia Pública.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 10MARÇO - ABRIL 2014

ANIVERSARIANTES DO MÊS DE MARÇO10JoRNaL Da aPaFERJ - www.apaferj.org.brJaNEIRo-FEVEREIRo 2014

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br11 MARÇO - ABRIL 2014

ANIVERSARIANTES DO MÊS DE ABRIL11 JoRNaL Da aPaFERJ - www.apaferj.org.br JaNEIRo-FEVEREIRo 2014

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 12MARÇO - ABRIL 2014

Pode parecer uma ironia, mas os tímidos nunca estiveram tanto no centro das atenções. Avessos a holofotes, flashes e olhares alheios, eles viraram assunto recorrente desde que a pesquisadora e escrito-ra ame ricana Susan Cain lançou, no início do ano, nos Estados Unidos, o livro O Poder dos Quietos - Como os Tímidos e Introvertidos Podem Mudar um Mundo Que Não Para de Fa lar, recém-publicado no Brasil. O trabalho, amplamente debatido, in-clusive em mesas de bar, serviu para destacar as vantagens de pertencer à turma dos que gostam de pas sar despercebidos. “Vivemos em um mundo tão expansivo, tão despro-vido de tempo de inatividade, que perdemos de vista o nosso lado in-trovertido”, afirma Susan.

Segundo a autora, que abandonou a advocacia para dedicar-se ao estudo do tema, os mais retraídos contam com características cada vez mais valorizadas em um mundo bombar-deado por informações – entre elas a criatividade, a persistência e a capaci-dade de analisar riscos. Com o ritmo frenético do nos so dia a dia, é difícil dedicar um tempo para soltar a ima-ginação, insistir em ideias ou até re-fletir sobre os prós e contras de uma decisão, incluindo as relacionadas à saúde. “Os introvertidos já possuem essas carac terísticas e, por conhece-rem esse caminho, tendem a se so-bressair”, opina a escritora.

Se silêncio e quietude são tidos como condição para desenvolver um trabalho que exija mente aberta e li-vre, Susan Cain destaca a importân-cia desse cenário. “As pessoas que valorizam a introspecção em vez da

pressão geralmente são mais criati-vas”, diz ela. O psiquiatra Alexandre Saa deh, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, porém, apos-ta que a introversão é só uma carac-terística e, portanto, não pode ser classificada como virtude ou defei-to. “A maneira como o indivíduo se dispõe a lidar com essa faceta de sua personalida de é que fará diferença. Alguns sofrem dis criminação ou im-pedimentos ao longo da vida. Outros conseguem utilizá-la para seu desen-volvimento”, arremata Saadeh.

Mas, afinal, será que a vantagem está com os expansivos ou com os que preferem ficar na sua? Nes-se caso, é como se o jogo estivesse empatado. Um estudo do Instituto Norueguês de Saúde Pública, por exemplo, acompanhou 921 crianças com Idade entre 18 meses e 12 anos e meio e concluiu que os tímidos são mais propensos a sofrer de ansiedade e depressão no início da adolescência.

Na opinião de Susan Cain, a ex-plicação para esse resultado pode vir da neurociência, o guarda-chu-va do conhecimento que estu da os processos cerebrais. Pesquisas feitas no Laboratório para o Desenvolvi-mento Infan til, na americana Uni-versidade Harvard, ava liaram que a amígdala, área do cérebro co nhecida como centro de prazer, teria gran-de influência na determinação das característi cas de introspecção ou extroversão. “Quan to mais reativa a amígdala de uma criança, maiores tendem a ser a frequência cardíaca, a dilatação das pupilas, a tensão das cordas vocais e a liberação de corti-sol, o hormônio do estresse, na sua saliva”, afirma Susan. Em resumo: os

pequenos agitados respondem mais aos estímulos e, por essa razão, dife-rentemente do que se pensa, têm um risco considerável de se toma-rem adolescentes ou adultos caute-losos e introspectivos.

“A resposta imediata aos reflexos cria um sentimento de alerta, que faz a pessoa recuar diante de desafios e pode ser uma fonte de ansiedade”, explica Jemore Kagan, psicólogo e um dos coordenadores do tra balho de Harvard. Há cientistas que foram buscar na outra ponta do ciclo da vida, entre os bem mais maduros, uma possível relação da longevida-de com a personali dade, como fez um time da Faculdade de Medicina Albert Einstein. Os pesquisado res da instituição americana avaliaram 243 voluntários com idade média de 97,6 anos – e encontraram semelhanças de tempera mento nesse seleto gru-po. Entre elas, o fato de que os se-nhores longevos costumam ser mais otimistas, menos controladores e fa-zem parte de uma rede social ampla.

Não é o caso, porém, de os tími-dos se encolherem de novo nesse de-bate. A seu favor, eles sempre avaliam muito bem as alternativas antes de tomar decisões, o que pode ser vital em determinadas circunstân cias. Foi o que aconteceu com o milionário americano Warren Buffett quando a Bolsa de Nova York entrou em crise, em 1999. Nessa hora, diz o megain-vestidor, se tivesse entrado em pâni-co, como muitos de seus colegas, não enxergaria as boas oportuni dades de negócio no meio do caos financei ro. Assim como Buffett, os introspectivos podem até suar frio antes de encarar uma apresentação em público, mas

TIMIDEZ E INTROSPECÇÃO

PERSONALIDADES

SAIBA COMO DIFERENCIAR TRÊS

CONDIÇÕES MUITAS VEZES CONFUNDIDAS ENTRE SI

INTROSPECÇÃODetermina o comportamento daqueles que tendem a permane-cer mais sozinhos ou calados. São mais reflexivos, mas nem por isso deixam de interagir com os ou-tros.

TIMIDEZCaracteriza-se por uma dificulda-de par se expor diante de um nú-mero grande de pessoas. O indiví-duo sofre de insegurança em suas relações sociais.

FOBIA SOCIALÉ um transtorno causado pelo medo de estar em público. O in-divíduo chega ao extremo de ficar paralisado com a ideia de intera-ção com os outros. Requer trata-mento.

se dão bem ao dosar os impulsos e não se pautarem so mente pela emo-ção diante de uma situação de risco. “Essa, aliás, foi uma característica imprescindível para o processo de evolu ção humana: saber refletir e ava-liar”, racio cina Rita Khater, professora da Faculdade de Psicologia da Pontifí-cia Universidade Católica de Campi-nas, no interior paulis ta. Sem os mais tímidos, portanto, dificil mente tería-mos chegado até aqui.

Timidez não é doença, e a intros-pecção vai deixando de ser apontada como uma característica negativa da personalidade.

ALBERT EINSTEINEle uma vez declarou: “Não é que eu seja inteligente, é que fico nos problemas por muito tempo”. Não desistir facilmente levou o físico a criar a teoria da relatividade, que revolucionou a ciência no século 20.

J.K. ROWLINGNa infância, sem muitas amizades, a escritora inglesa apenas observava as outras crianças. Refugiou-se nos livros e, graças a isso, criou o uni-verso do bruxinho Harry Potter, um sucesso literário avassalador.

ISAAC NEWTONSempre isolado, o famoso cientista inglês que descobriu a gravi-dade, no século 17, tinha um comportamento que beirava a fobia social.

WARREN BUFFETTUm dos homens mais ricos do mundo, o americano é calado e pensa com cautela. Atribui a isso o fato de não ter entrado em colapso com a especulação do fim dos anos 1990.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br13 MARÇO - ABRIL 2014

Carmen Lucia Vieira Ramos LimaProcuradora Federal

Homens, coi-sas, terras, águas, clima, espaço, rique-

zas minerais, eventos, tremores: a história, de forma implacável, seguindo um fio con-dutor por séculos e sé-culos, traça o caminho de uma humanidade que já foi guiada pela natureza, instintos, ora vivendo perto da água, ora nos montes, nas cavernas quando a carência do alimen-to se fazia presente; sempre olhando para cima, em busca de respostas, desenvol-vendo-se para não sucumbir, criando gru-pos para se apoiar, fortificando aldeias para evitar inimigos, criando regras. Ah, o Direito. No crescimen-to sócio-moral, a ne-cessidade de conser-var seus indivíduos, levou os grupos à pro-cura do entendimento dos usos e costumes de grupos exógenos, visando trocar infor-mações, estabelecer critérios que,quando não respeitados, ge-ravam conflitos, guer-ras, saques e desin-teresse em continuar diálogos. Então o que

RELAÇÃO HOMEM X MUNDO

pudesse ser acordado entre as partes era bom para todos; assim, ha-via a possibilidade de, num contexto de guerra, um parlatório ser aceito. Desde tempos imemorá-veis, havia resquícios de estado de direito.

Nos primórdios, algo análogo ao sincretismo religioso podia ser obser-vado nas lides grupais: se havia medo, era ne-cessário buscar Algo Su-perior que, por sua vez, gostasse das mesmas coisas que os integran-tes da sociedade huma-na incipiente. Este ser era adorado,ainda mais por não ser visível, não ter conformação defini-da etc.A melhor comida, o melhor traje, o lugar mais elevado deveriam dar-lhe prazer, segundo os primitivos e, assim, esperavam retorno a tantas homenagens,prin-cipalmente vencer os inimigos.As sociedades cresceram criando a sua justeza, seus códigos de conduta, prestando con-tas e acreditando no so-brenatural.

Reflexão:• O grande anfiteatro: o Mundo.• Homens e Coisas• A religiosidade• Justiça e Justeza•Combates, diálogos e acordos. O canto dos ven-cedores ou a humilhação dos vencidos?• O ritmo lento e constante da História, nas areias movediças do Tempo.Humanidade: conceito abstrato? Visão abstrata da onda humana que protagoniza a cultura glo-bal?

Ah, a fragilidade. En-quanto pensamos, cre-mos e nos vemos frágeis, recorremos a estratégias pessoais, sociopolíticas, religiosas e, nesses mo-mentos, somos fortes. O Amor, por ex.: sem ele, não é possível enten-dimento. Às vezes, em nome de um amor dedi-cado a uma paisagem, nação, pessoa, arte, profissão, o indivíduo se esquece de que o Amor é a grande estratégia de ligação com o seu lugar de origem, seu grupo, conexão com o seu povo à terra, fazendo coexis-tir o local com o grupal. Assim, é possível falar e agir com mais seguran-ça, acreditando que o Direito é inerente a cada indivíduo e o torna um cidadão melhor, sempre que este exercitar e de-fender os direitos indivi-duais e coletivos, porque só assim o Direito é real e não somente abstra-ção.

Nos momentos em que vivemos, creio que se faz necessário uma sacudidela no modo co-

tidiano de ser, observan-do experiências urgen-tes e irreversíveis. Tanto o prazer quanto a dor produzem resultados de despertamento. Ambos, prazer e dor, produzem condições de tomada de consciência. Para que? Na maior parte das ve-zes, vive-se de forma quase anestésica, de modo mecânico, sem se permitir avaliar o que foi realmente somatório na própria vida e o quanto se contribui para melho-rar a sociedade.

Ah, a Humanidade... esta é uma história pes-soal que estou comparti-lhando, bastante recen-te: no dia 24.04.2014, 5ª.Feira pp., caminhando no Centro de Niterói/RJ, me deparei com uma rua cuja calçada estava intei-ramente tomada por me-nores de várias idades, incluindo principalmente, rapazes,deitados,um ao lado do outro, enrolados em “pelejas” e, ao trope-çar em alguns, parei junto a uma banca de revistas e retive a respiração: eles estavam no meu entorno.Confesso que, apesar de já ter trabalhado com Menor Infrator (Programa da Ex-FUNABEM), tive receio. Menos de 2 horas depois, foi o tiroteio na Av. Amaral Peixoto. Eu já estava próxima de casa, no bairro do Ingá,quan-do,para tristeza minha, fui abalroada por um veiculo todo arrebentado,numa rua que estava muito movimentada, com todo tipo de veículos,a Rua

Paulo Alves.As calça-das estavam cheias de gente, gritando para eu não descer do carro. Porém, havia 2 pes-soas no outro veículo e fui falar com eles. Os veículos não paravam. Não havia nenhum po-licial.O motorista não queria conversar. Bal-buciava alguma coisa incompreensível. Era um veículo cor Prata, com a frente arreben-tada.Debrucei-me na janela do motorista, no auge da indignação, e caí dentro.Bati com o cotovelo direito no vo-lante e com o esquer-do,agredi o motorista.Ele disse para eu en-costar o meu carro.As pessoas gritavam.Senti que me puxavam para fora.Corri para o meu carro.Eles fugiram, mais à frente furaram o sinal, batendo em mais 2 veículos.Conclusão: Fiquei contente? Claro que não. A minha triste-za tinha conotação de medo, de decepção, de negação, pois, ao rea-gir, igualei-me ao ban-dido e fui contra meus mais caros princípios. Tive pânico:fiquei bem junto com bandidos ar-mados, drogados e al-coolizados.Foi horrível.

Reflito: O que pode significar para a so-ciedade a liberação das drogas? E, quem sabe, de armas? O uso de arma branca é de difícil controle. Dei-xo à reflexão dos Se-nhores e Senhoras.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 14MARÇO - ABRIL 2014

Por Antônio Augusto de Queiroz*

A lógica fiscalista e fazendária adotada pelo governo da presidente Dilma em relação aos servidores públicos tem sido a principal razão para a perda de apoio no interior do funcionalismo público, que teve papel importante em sua eleição em 2010.

O primeiro aspecto a destacar é que o reajuste salarial dos anos de 2013, 2014 e 2015 (no total de 15,8%) ficou abaixo da inflação, assim como a correção da tabela do imposto de renda nesse período, resultando em perda de poder aquisitivo.

O segundo aspecto diz respeito ao não pagamento de causas ganhas judicialmente, muitas das quais já sumuladas pela própria AGU, mas que, para não afetar o superávit primário, toma medidas meramente protelatórias, aumentando a dívida do governo e deixando os servidores profundamente irritados.

O terceiro aspecto se refere à atualização dos benefícios como os auxílios alimentação, creche e planos de saúde, assim como os valores de diárias, que, além de atraso na atualização, os valores pagos aos servidores do Poder Executivo (que representa o maior contingente) são em média a metade do pago em outros poderes e órgãos.

O quarto aspecto está relacionado com indenizações criadas para fixar servidores em localidade de difícil acesso ou em faixas de fronteiras, que o governo não regulamenta. A lei da indenização de fronteira, por exemplo, foi publicada em setembro de 2013 e até o dia 7 de abril, oito meses depois, ainda não tinha sido regulamentada.

O quinto aspecto tem a ver com a omissão do governo em regulamentar a Convenção 151 da OIT, que trata da negociação coletiva no serviço público, que aguarda projeto de lei propondo sua regulamentação há anos.

O sexto aspecto diz respeito à resistência do governo à votação no Congresso de qualquer matéria que implique aumento de despesa ou perda de receita, como é o caso da PEC 555/06, que colocaria fim ao confisco aos aposentados e pensionistas do serviço público.

Com tamanho passivo, a irritação dos servidores faz todo sentido. O governo ainda tem tempo de atender minimamente a pauta dos servidores públicos, que é absolutamente justa, e contar com o apoio desses formadores de opinião por ocasião do processo eleitoral.

(*) Jornalista, analista político e diretor de Documentação do

Diap.

Depois o governo reclama da perda de apoio dos servidores

O que é: o direito à vida assegu-ra ao indivíduo o direito à personali-dade e à tutela de sua própria liber-dade. Mas em que momento a vida deixa o ser huma no? Será que passar seus dias confina do em uma cama de hospital, respiran do e alimentando-se por meio de má quinas, pode ser considerado vida? Vi ver abaixo da linha que classifica a po breza pode ser entendido vida digna? Revezar espaço em uma cela de prisão com mais pessoas do que aquela área físi-ca pode suportar é vida? Todas estas questões separam a faculdade de res-pirar do verbo viver.

Os conflitos: o Tribunal Constitucio nal alemão, interpretan-do o artigo 1º de sua Constituição, que consagra a digni dade humana, tentou resguardá-la nes tes termos: a proteção da igualdade ju rídica do homem, proibindo a escravi dão e a discriminação racial; a proteção da identidade e da integridade físicas, o que proíbe a tortura e a punição cor-poral; o respeito da identidade e da in tegridade mentais, o que proíbe a utili zação de detectores de mentira e asse melhados. A controvérsia passa a ser ju rídica e questiona se um cida-dão que tenha transgredido as leis do país perde ou não sua dignidade ou direito à vida digna.

Dignidade: a diferença entre vida e vida digna também é um tópico a ser analisado. A Constituição proíbe o aborto, a participação em suicídio e a eutanásia, mas permite que um hospi tal realize uma transfusão de

DIREITO À VIDAsangue, mesmo que o paciente, por motivos reli giosos, prefira a morte. Neste momen to, o direito à escolha fica comprometido. Uma criança in-desejada que vai nascer em uma fa-mília miserável terá al guma chance de dignidade quando vier ao mundo? E quanto à pena de morte? Qual ato realmente faz com que um ser hu-mano perca o direito à vida?

A lei: no caso do aborto, existe ain-da a hipocrisia do sistema penal, pois sabe mos que apesar da proibição, milhares de abortos são realizados no Brasil anu almente, em situação de clandestinida de e precariedade, levando muitas mu lheres à morte ou causando-lhes sequelas perpétuas. Portanto, em nome da preservação de uma expectativa de vida ainda não nascida, o direito penal colo ca em risco outras vidas já vividas. Ale ga-se que cabe à mãe, e somente a ela, o cuidado de evitar a gravidez e, uma vez que a gravidez acontece, o direi-to de vida que deve ser priorizado é o do feto.

O sistema penal falha em ga-rantir o di reito à vida digna no mo-mento em que se mostra como um mero repressor, in diferente aos conflitos humanos, gera dos, muitas vezes, pela falta de infor-mação. Discutir estas questões, porém, é o que pode levar nosso sistema e nos sa sociedade a uma posição mais próxi ma da dignida-de do indivíduo, que, por hora, é apenas idealizada.

A Advocacia Geral da União (AGU) evitou, na Justiça, a isenção de imposto de renda de professor aposentado da Universidade Fede-ral de Goiás (UFG). Os procurado-res demonstraram que o servidor público não comprovou doença grave que justifique a liberação do benefício.

O professor alegou judicial-mente que sofria de cardiopatia grave, doença especificada na Lei

7.713/88. A norma prevê os casos de enfermidades que garantem isenção do imposto de renda de pessoa física. Por esse motivo, se-gundo o autor da ação, a Universi-dade seria obrigada a suspender a arrecadação do tributo.

A Procuradoria Federal no esta-do de Goiás (PF/GO) e a Procura-doria Federal junto à Universidade (PF/UFG) rebateram os argumen-tos do autor da ação e destacaram

que a Junta Médica Oficial da UFG não reconheceu a doença apontada pelo professor. Os procuradores apontaram que houve divergências entre o laudo da Junta e do exa-me médico particular apresentado pelo aposentado.

A 4ª Vara Federal de Goiás acolheu os argumentos da AGU e manteve a decisão administra-tiva da Universidade de continuar o desconto de valores referentes

ao imposto de renda do professor. Na decisão, o juízo observou que é indispensável a produção de prova pericial que demonstre a situação do autor da ação. “No presente caso há divergência entre o laudo de exame médico particular apre-sentado e a conclusão da junta mé-dica oficial da UFG, que entendeu não ser o autor portador de car-diopatia grave”, destacou um tre-cho da decisão.

Procuradorias afastam isenção de imposto de renda a professor que não comprovou ter doença grave

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br15 MARÇO - ABRIL 2014

O desaparecimento do avião da Mala-sia, no Vôo 370 tem

ocupado as manchetes dos jornais e, até agora, só suposições são levantadas para tentar-se uma expli-cação para o caso.

O que se tem de real é que, num determinado instante, a aeronave silen-ciou e desapareceu dos radares sem deixar qual-quer vestígio.

Como consequência, na ânsia de se buscar expli-cações e justificativa, téc-nicas ou não, levantam-se suposições diversas, quase todas voltadas para a ini-ciativa dos tripulantes que, por razões desconhecidas, teriam desviado o avião da rota programada.

Fato é que, até agora, nenhuma técnica foi aven-tada e só a iniciativa pes-soal e particular de algum elemento da tripulação é imaginada para explicar o fato até agora inexplicável.

Ninguém se atreveu a lembrar o fenômeno da possibilidade de uma aeronave deixar o nosso espaço aéreo, atravessan-do para um espaço aéreo contíguo, sem qualquer si-nal prévio de anormalida-de, como se o novo espa-ço fosse uma continuidade do nosso, mas com uma realidade: atravessando o portal do novo espaço/tempo, não se tem conta-to com o anterior.

Falar em mundos-pa-

ralelos, em espaço/tempo distinto do nosso, capaz de absorver episódios de vida sem qualquer sinal premo-nitório, abrangendo o sair de uma dimensão de espa-ço/tempo para outra simi-lar ou não, tais conceitua-ções têm sido matéria de espanto, dúvida, descrédito e descaso. E o descaso é o que tem motivado a incre-dulidade sobre a realidade de eventos similares que têm, de há muito, ocorri-do e o desinteresse em ver questão formal e cientifica-mente resolvida.

O Vôo MH 370, ao que tudo indica, até o momen-to, não tem volta certa. A aeronave existe, não caiu nem se desintegrou. A tri-pulação e os passageiros existem, e nada faz supor que tenham morrido.

Tudo numa outra dimen-são paralela e contígua à nossa, fato este que a qua-se totalidade dos indivíduos não quer pensar nem pes-quisar.

Não se trata de imagi-nados ETs que estiveram a espreitar e arrebatar uma aeronave terrestre.

Einstein levantou a “Teoria dos Campos Unificados” que a marinha dos Estados Uni-dos da América tentou estu-dar e explicar na Experiência de Filadelfia com um destro-yer, em meio a fenômenos de visibilidade e invisibilidade frequentes, mas, parece que tudo vai sendo largado e es-quecido no tempo.

É válido, no momento, levantar-se a teoria sobre o Espaço/Tempo, sobre a rea-lidade de existência de um Mundo Contíguo ao nosso, ao qual, se chega, não se sabe como, e no qual e exis-

tência persiste sem solução de continuidade. Surge o portal não previsto que, inadvertidamente, absorve o que se encontrar naquele espaço, naquele momento, sem aparente alteração de vida. É o que se infere do fenômeno ocorrido por volta do ano de 1969, com o voo da National Airlenes, no aeroporto de Miami, em que um avião 727, seguido pelo radar do Centro de Controle Aéreo, desapare-ceu da tela dos radares, du-rante cerca de dez minutos, retornando a aparecer, sem que tripulantes e passagei-ros nada tivessem percebi-do de anormal, mas após a descida, os controladores de Terra disseram aos tri-pulantes: vocês deixaram de existir durante dez mi-nutos, foi quando a tripula-ção examinando os relógios pessoais e os da aeronave, observaram que todos eles estavam com dez minutos de atraso.

O espaço tridimensio-nal é, por si só, inerte, pas-sando a ter movimento e existência quando associa-do ao tempo. O espaço/tempo e tetradimensional. Em torno do Espaço/Tem-po surgem desconhecidas formas gravitacionais e magnéticas, surgem cam-pos de ressonância com áreas de atração e de re-pulsa compondo quadran-tes especiais de existência, de matéria similar que pro-piciam o entrelaçamento entre eles, sem qualquer sinal prévio de advertência.

Como atingir e pene-trar esse quadrante, tem sido um mistério a ser pesquisado.

– Pensem nisto!

O VÔO MH 370 – UMA TEORIA SOBRE TEMPO/ESPAÇO

Miguel PaschoalProcurador Federal

REGISTRO DE INFRAÇÃO PRESCRITA EM CADASTRO

DE SERVIDOR É INCONSTITUCIONAL

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), ao analisar caso concreto submetido à apreciação da Corte, declarou a inconstitucionalidade do arti-go 170 da Lei 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União), dispositivo que determina o registro de eventuais transgressões cometidas nos assentamentos do servidor, mesmo que os fa-tos tenham sido alcançados pela prescrição. A de-cisão ocorreu na sessão desta quarta-feira (23), no julgamento de Mandado de Segurança (MS 23262) impetrado por professor titular de medicina da UnB.

O autor do MS questionava decisão do presidente da República que, após a regular tramitação de pro-cesso disciplinar, aplicou pena de suspensão do autor e determinou a inscrição dos fatos nos assentamen-tos funcionais.

Consta dos autos que, após reconhecer a extin-ção da punibilidade pela prescrição, o presidente da República chegou a anular a penalidade de suspensão do servidor, mas manteve a anotação da infração nos assentamentos funcionais, com base no artigo 170 da Lei 8.112/1990. O dispositivo diz que “extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos in-dividuais do servidor”.

O relator do caso, ministro Dias Toffoli, entendeu que manter a anotação da ocorrência, mesmo após reconhecida a prescrição, viola a princípio constitu-cional da presunção da inocência. Com esse argu-mento, Toffoli se manifestou no sentido de conceder a ordem para cassar a decisão que determinou o reg-istro da infração nos assentamentos do servidor e, incidentalmente, declarar a inconstitucionalidade do artigo do Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.

Para o ministro Luiz Fux, uma anotação como essa “tem efeitos deletérios para toda a carreira do servidor”, disse o ministro ao acompanhar o relator. “Atenta contra imagem funcional desse servidor”, concordou o ministro Ricardo Lewandowski.

A inconstitucionalidade do dispositivo legal foi de-clarada por maioria de votos, vencido nesse ponto o ministro Teori Zavascki, que não declarava a in-validade do artigo. A decisão de hoje torna definitiva liminar anteriormente deferida para suspender os efeitos do ato questionado.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16MARÇO - ABRIL 2014

Por Lilian Matsuura e Alessandro Cristo

O crescimento da estrutura da advocacia pública federal e seu investimento em especialização e integração são a razão de seus mais recentes - e impressionantes - números. A opinião é de especial-istas ouvidos pela revista eletrônica Consultor Jurídico em relação a re-sultados divulgados recentemente pelo Anuário da Advocacia Pública do Brasil.

A Procuradoria-Geral da União, órgão da Advocacia-Geral da União responsável pela defesa de entes da administração direta, registrou aumento expressivo na quantidade de vitórias na Justiça. De todas as decisões proferidas em 2014 tendo um ministério como parte, 53% foram favoráveis à União, e 13% parcialmente favoráveis. Em 2013, o total de julgados a favor do governo não passou de 48% e, em 2012, de 38%. No Supremo Tri-bunal Federal, o índice de vitórias totais da AGU somou 50,6%, além dos 8,2% em vitórias parciais, seg-undo números da Secretaria Geral de Contencioso. Para advogados públicos e privados, os defensores do Estado hoje se preparam e se especializam mais, estão mais pre-sentes nos julgamentos e apren-deram a construir suas estratégias com base em dados.

É o que confirma o procurador-geral da União, Paulo Henrique Kuhn. “Desde o fim de 2012, nosso gerenciamento é feito com base nos resultados. Tudo o que acontece em cada uma das nossas unidades - estatísticas, quanto gan-hamos, quanto perdemos, quais as teses usadas e onde estão essas decisões - é compartilhado. Trabal-hamos para integrar as unidades, com o objetivo de que essas infor-mações circulem”, explica. Não é um trabalho fácil. São 68 unidades e 930 advogados da União em todo o país. Cada um deles avisa à cen-tral, em Brasília, quando um pro-cesso ajuizado tem o potencial de

se tornar uma demanda nacional.“O fator principal dessa mu-

dança é a capacidade de direcio-nar a atuação para as matérias em que temos mais dificuldades, em que estamos perdendo”, diz Kuhn. São 3,5 milhões de processos em tramitação sob a responsabilidade da PGU e uma média de mil de-cisões por dia - 70% dessa de-manda vinda de servidores ativos e inativos. Isso sem contar ações que pipocaram em todo o país contra o programa Mais Médicos, do Minis-tério da Saúde; o Exame Nacional do Ensino Médio, do Ministério da Educação; e os leilões do pré-sal e para concessão de aeroportos e rodovias. Em todos os casos, as poucas liminares concedidas foram derrubadas.

A União ganha mesmo quando perde. É prática comum a cel-ebração de acordos em casos com pouca ou nenhuma chance de vitória, com o pagamento de apenas parte do que é pedido nas ações. Em 2013, a PGU fez 8.822 conciliações e fechou 477 acor-dos em cobranças. “Conseguimos reduzir o custo que a União tem com esses processos, nos quais fatalmente terá que pagar. Redu-zimos o número de processos, os juros e o percentual do valor a ser pago, porque quando fazemos acordo, antecipamos o pagamento mediante RPV e nesses acordos são dispensados honorários advo-catícios”, afirma Kuhn. “Reduzimos a quantidade de litígios. Antes, a União era o maior litigante no Su-perior Tribunal de Jsutiça. Hoje, é o quarto maior. Isso é fruto de um refinamento da atuação.”

Os números da arrecadação acompanham o das vitórias. Só a PGU levou aos cofres federais R$ 150 milhões e evitou que a União despendesse outros R$ 7,5 bilhões. A Procuradoria-Geral Federal, re-sponsável pelas ações envolvendo órgãos da administração indireta - autarquias e fundações -, não fica atrás. Em 2013, foram 28.343 de-

Organização de advogados públicos faz Estado vencer na Justiçacisões favoráveis, contra 26.947 desfavoráveis. As vitórias ren-deram R$ 11,8 bilhões ao erário e impediram gastos da ordem de R$ 49,6 bilhões. Mesmo longe da Justiça, as cobranças foram efeti-vas. Os protestos em cartório de 24.709 títulos de devedores gerar-am R$ 63,3 milhões.

A Procuradoria-Geral da Fa-zenda Nacional, que cobra dívidas tributárias de contribuintes, reg-istrou R$ 22,16 bilhões em arrec-adação no ano passado, além de R$ 51,42 bilhões que deixaram de ser pagos devido a decisões favoráveis na Justiça. Somem-se a isso os R$ 11,28 bilhões em depósitos judici-ais exigidos de contribuintes que discutem cobranças judicialmente. Sua estrutura conta com 2.098 procuradores espalhados em 118 escritórios.

O Banco Central é outro pro-tagonista nessa contabilidade. Ap-enas em multas a instituições finan-ceiras, arrecadou R$ 14,55 bilhões e evitou o pagamento de R$ 390 milhões em ações a que respon-deu. “É verdade que a União e os entes federados têm tido êxito cada vez maior no Poder Judiciário, e isso significa benefícios para a própria cidadania. É um reflexo positivo do esforço do Estado”, diz o procurador-geral do Banco Cen-tral, Isaac Sidney Ferreira.

O professor de Direito Tribu-tário na Universidade de São Paulo Heleno Taveira Torres concorda. “O advogado público tem se dado conta de sua função estratégica para o Estado, e não apenas de defesa processual”, reconhece. “A mera resposta no processo já não satisfaz. Ele se vê como advogado do Estado, útil à estratégia, ao rumo escolhido para a sociedade.” Esse envolvimento é a raiz do que os advogados privados chamam de “engajamento” dos procuradores.

“Hoje, os advogados públicos estão estudando e se especializan-do mais. E o approach melhorou. É razoavelmente comum ver

um procurador aguardando para despachar com o julgador ou fa-zendo sustentação oral, o que não acontecia antes”, diz o procurador tributário do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Luís Gustavo Bichara, que costuma enfrentar esses colegas nos tribu-nais.

“Os profissionais são muito bons e bem treinados. Há anos observa-mos essa tendência”, constata o tributarista Luís Eduardo Schoueri, professor de Direito Tributário da USP e sócio do escritório Lacaz Martins, Pereira Neto, Gurevich e Schoueri Advogados. Ele, que fre-quentemente protagoniza embates jurídicos de alto nível nas cortes e no Conselho Administrativo de Re-cursos Fiscais da Receita Federal, aponta ainda outra razão para o salto de qualidade dos advogados públicos, principalmente os pro-curadores da Fazenda Nacional. “Eles têm se especializado e se tor-nado conhecidos pelos julgadores. Todos sabem quais são os entendi-dos em discussões como drawback ou preço de transferência, por ex-emplo.”

Chefe de Departamento de Di-reito do Estado da USP e profes-sor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o advogado Alexandre de Moraes explica com a experiên-cia de quem esteve dos dois lados. “A dificuldade tem sido cada vez maior nos concursos para a advo-cacia pública, e isso seleciona bem. Hoje temos procuradores dos es-tados e dos municípios no mesmo nível intelectual da magistratura, dos membros do Ministério Públi-co e de advogados das melhores bancas. O contraditório está mais equilibrado”, crava. Mas em sua opinião, o maior nível de organi-zação da estrutura dos órgãos tam-bém tem feito a diferença. “A ad-vocacia pública está se organizando como um verdadeiro escritório, com metas, com especializações.”

Decisões colegiadas. Não é só no contencioso que advogados

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br17 MARÇO - ABRIL 2014

concursados têm se destacado. Seu nível de envolvimento tem crescido em empresas públicas, a ponto de participarem de decisões importantes para o próprio negó-cio, como avalia Cleucio Santos Nunes, vice-presidente jurídico de uma das poucas empresas em que o responsável jurídico ocupa uma Vice-Presidência, os Correios. “Nós participamos da diretoria, tomamos decisões colegiadas. Já na oportunidade da decisão, o ju-rídico tem condições de opinar e às vezes até avalizar algumas de-cisões da empresa”, diz. A mudan-ça estatutária que valorizou o chefe jurídico nos Correios ocorreu em 2011. “Com esse preenchimento, percebemos um ganho gigantesco de atuação do jurídico. Houve au-mento expressivo no número de vitórias na Justiça e também um atendimento mais eficiente para a nossa clientela interna, que são os gestores.”

A guinada tem origem em uma mudança de mentalidade que começou na cúpula da AGU, mais especificamente na cabeça do ad-vogado-geral da União, Luís Inácio

Adams. É dele a iniciativa de tornar o advogado público cada vez mais um parceiro dos gestores. “O ad-vogado público tem o papel de as-sessorar, de opinar, de esclarecer; ele é tão mais forte quanto mais é ouvida a sua opinião”, afirma Ad-ams ao Anuário. Para ele, a advoca-cia deve ser vista como elemento da estabilidade do Estado. “Hoje, a fala jurídica é fundamental para o Estado brasileiro e a sociedade funcionarem. A AGU tem se nota-bilizado como um ponto focal de solução e não como um ponto fo-cal de problema.”

Há, porém, um outro lado da moeda. O número expressivo de vitórias da União nos processos pode se dever, na opinião de alguns desses especialistas, a motivos pouco “justos”. É o caso da partici-pação de procuradores nos gabine-tes de desembargadores e minis-tros, como assessores. “Vejo votos cuja redação causa estranheza em relação à história do julgador, que confia demais no conhecimento de seu assessor e não desconfia que esteja sendo conduzido”, opina Schoueri. A questão foi tema de

recente debate no Conselho Na-cional de Justiça que, no entanto, concluiu que tanto procuradores quanto advogados podem asses-sorar julgadores, e que estes é que são os autores dos votos. Schoueri lembra, no entanto, que um pro-curador especializado em determi-nado assunto tributário ser alçado ao cargo de assessor é visto como uma promoção. Já um advogado com a mesma especialização - e “engajamento” - não aceitaria esse trabalho por não ser financeira-mente vantajoso. “O advogado que atua como assessor é mais general-ista”, diz.

O também professor de Direi-to Tributário Ives Gandra da Silva Martins concorda. “O aumento das decisões favoráveis coincide com a introdução, pela PGFN, de procuradores licenciados como as-sessores dos ministros. Apesar dos protestos do Conselho Federal da OAB, entendeu o CNJ que é con-stitucional que advogados da Fa-zenda redijam votos para os min-istros. Não é necessário dizer mais nada”, afirma.

Luís Gustavo Bichara aponta

ainda outra carta que costuma es-tar na manga dos representantes do Estado, que não consta no ar-senal dos advogados privados. “O terrorismo fiscal e as teorias do consequencialismo estão sempre nas argumentações do Fisco, que diz que o Estado vai ‘quebrar’ se a Justiça decidir a favor do con-tribuinte”, testemunha. Segundo ele, números levados pelos pro-curadores aos julgadores trazem cifras bilionárias sem apontar de quantos casos e envolvidos se tra-ta concretamente. “O ‘interesse público’ é o barro jogado na pare-de, mas nem sempre o interesse público é o interesse do Estado. Por isso, a orientação da Presidên-cia da OAB para a Procuradoria Tributária é contribuir na luta pela cidadania tributária, especialmente visando o respeito às limitações constitucionais ao poder de tribu-tar.”

O Anuário é uma publicação da revista eletrônica Consultor Jurídico, com patrocínio da Caixa Econômica Federal, Petrobras, Norte Energia, Anpprev, Anpaf, Anajur e apoio dos Correios.

• Nesta época em que vivemos grandes crises políticas,financeira, inse-gurança e principalmente de inteligência, é sempre bom recorrer ao Jornalis-taAparícioTorely,oBarãode Itararé.• A criança diz o que faz, o velho diz o que fez e o idiota o que vai fazer.• Os homens nascem iguais..., mas no dia se-guintejásãodiferentes.• Dizes-me com quem andas e eu te di rei se vou contigo.• A forca é o mais desagradável dos ins-trumentos de corda.• Sábio é o homem

que chega a ter cons ciência da sua ignorância.• Nãoé tristemudardeideias,tristeénãoterideiaspara mudar.• Mantenha a cabeça fria, se quiser ideias frescas.• O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro.• Genro é um homem casado com uma mulher cujamãesemeteemtudo.• De onde menos se es-pera,daíéquenãosainada.• Quem empresta, adeus.• Pobre, quando mete a mãonobolso,sótiraoscin-co dedos.• Tudoseriafácilsenão

O HUMOR É UM BOM REMÉDIOfossemasdificuldades.• A televisão é amaiormaravilha da ci ência a ser-viço da imbecilidade huma-na.• Este mundo é redon-do,mas está ficandomuitochato.• O fígado faz muito mal à bebida.• O casamento é uma tragédia em dois atos: umcivil e um religioso.• Tudoérelativo:otem-po que dura um minuto de-pende de que lado da porta do banheiro você está.• Nunca desista do seu sonho. Se aca bou numa pa-daria, procure em outra!• Devo tanto que, se eu

chamar alguém de “meu bem”, o banco toma!• Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...• Tempo é dinhei-ro. Paguemos, portan to, as nossas dívidas com o tempo.• O voto deve ser ri-gorosamente secreto. Sóassim,afinal,oeleitornãoterá ver gonha de votar no seu candidato.• Em todas as famí-lias há sempre um imbe-cil. É horrível, portanto, a situaçãodofilhoúnico.• Negociata é um bom negócio para o qual nãofomos convidados.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 18MARÇO - ABRIL 2014

A P A F E R JR. Álvaro Alvim, 21/2º andar. CEP: 20031-010. Centro. Rio de Janeiro - Sede Própria e-mail: [email protected]: www.apaferj.org.brTel/Fax: (21)2532-0747 / 2240-2420 / 2524-6729

DIRETORIAPresidente - José Marcio Araujo de AlemanyVice-Presidente - Rosemiro Robinson Silva JuniorDiretor Administrativo - Miguel Carlos Melgaço PaschoalDiretor Administrativo Adjunto - Maria Auxiliadora CalixtoDiretor Financeiro - Fer-nando Ferreira de Mello Diretor Financeiro Adjunto - Dudley de Barros Barreto FilhoDiretor Jurídico - Hélio ArrudaDiretor Cultural - Carlos Alberto MambriniDiretor de Patrimônio - Rosa Maria Rodrigues MottaDiretor de Comunicação Social - Antonio Carlos Calmon N. da Gama

CONSELHO REVISORNATOS:1. Wagner Calvalcanti de Albuquerque2. Rosemiro Robinson Silva Junior

TITULARES:1. Allam Cherém Soares 2. Edson de Paula E Silva3. Emygdio Lopes Bezerra Netto4. Fernando Carneiro5. Francisco Pedalino Costa6. Luiz Carlos de Araujo7. Mariade Lourdes Cal-deira8. Newton Janote Filho9. Sylvio Mauricio Fer-nandes10. Tomaz José de SouzaSUPLENTES:1. Alzira Matos Oliveira da Silva2. Petrónio Lima Cordeiro3. Sylvio Tavares Ferreira

CONSELHO FISCALTITULARES:4. Eunice Rubim de Moura 5. José Carlos Damas6. Waldyr Tavares Ferreira

SUPLENTES:7. Carlos Cavalcanti de A. Ramos8. Maria Conceição Fer-reira de Medeiros

Jornal da APAFERJEditor Responsável: Carlos Alberto Pereira de Araújo Reg. Prof.: 16.783Corpo Editorial: Antonio Calmon da Gama, Carlos Alberto Mambrini, Fernando Ferreira de Mello, Miguel Carlos Paschoal, Rosemiro Robinson Silva Junior.Supervisão Geral: José Márcio Araújo de AlemanyEditoração e Arte: Jane Fonseca - [email protected]ão: Monitor MercantilTiragem: 2.000 exemplares

Distribuição mensal gratuita. Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade

dos autores

As matérias contidas neste jornal poderão ser publicadas, desde que citadas as fontes.

OBITUÁRIO

Faleceu no dia 31 de março do corrente ano, nesta cidade, aos 96 anos, a Sra. FIORINA CALDEIRA, genitora da nossa colega a Dra. Maria de Lourdes Caldeira. A APAFERJ, por sua Diretoria, Associados e Funcionários solidariza-se com a família enlutada.

A morte, por si só, é uma piada pronta. Mor-rer é ridículo.

Você combinou de jantar com a namo rada, está em pleno tratamen-to dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, co locar gasolina no car-ro e no meio da tarde morre. Como assim?

E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tirar-am esta ideia:

MORRER!!!A troco? Você pas-

sou mais de 10 anos da sua vida dentro de um co légio estudando fór-mulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita edu-cação física, quase per-deu o fôlego, mas não desistiu. Passou madru-gadas sem dormir para estudar pro ves tibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvi-das quanto à profissão es colhida, mas era hora

de decidir, então decid-iu, e mais uma vez foi em frente...

De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na free-way, numa artéria entu-pida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis.

Qual é? Morrer é um chiste.

Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ou-vir outra vez sua música preferida.

Você deixou em casa suas camisas pen duradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e pen-duradas também algu-mas contas.

Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.

Logo você, que sem-pre dizia: das minhas coisas cuido eu.

Que pegadinha ma-cabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima es-

quina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer.

Não faz exames mé-dicos, fuma dois ma ços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã.

Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente tam-bém já rateia, sem falar que há quase nada guar-dado nas gavetas.

Ok, hora de descan-sar em paz.

Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão, des-faz a ordem natural das coisas. Morrer é um exa-gero.

E, como se sabe, o exagero é a matéria -prima das piadas. Só que esta não tem graça.

Por isso viva tudo que há para viver.

Não se apegue as coi-sas pequenas e inú teis da Vida... Perdoe... Sem-pre!!!

Pedro Bial

A MORTE

TRIÊNIO 2014 / 2016

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br19 MARÇO - ABRIL 2014

ANIVERSARIANTES DE ABRIL ANIVERSARIANTES DE MAIO

01 - Vera Lucia Santos de S. Dias - Incra02 - Hercy Rodrigues da Sil-veira - Mpas02 - Levi Santos de Avellar - Mpas06 - Helio de Oliveira - Inss07 - Jairo Fernandes Garcia Filho - Inss07 - Julia Maria de Afonso Fer-reira - Inpi07 - Vania Lins de Albuquer-que - Agu08 - Adilson Vasconcellos - Uff08 - Adonis Barbosa Escorel - Inss09 - Branca Maria de Mello Franco - Agu10 - Herta Curtinhas - Agu10 - Maria Valquiria Teixeira Mendes - M. Saúde11 - José Rubens Rayol Lopes - Ufrj12 - Eunice Alvim Braga - M. Saúde12 - Leila Andrade Ogassa-vara - Inss13 - José Marcio Araújo de Alemany - Mpas13 - Miguel Jose de Souza Lo-bato - Funarte14 - Ilma Ribeiro Borré - Inss14 - Manoel Rodrigues Lessa - Mpas15 - Ana Maria de Carvalho - Inss15 - Eunice Azevedo - Mpas15 - Gilberto Fernandes Alves

01 - Ana Maria Cherulli - Funarte 02 - Joaquim Ribeiro de Souza - M.faz02 - Laurinda Mendes F. de Ol-iveira - M. Faz02 - Maria Lucia dos S. de Sou-za - Agu03 - Luiz Antonio da Costa No-brega - M.transp04 - Antoinette Lacerda de Ol-iveira - Agu04 - Maria Lucia Santiago - Inss04 - Zuleika Martins Ribeiro - Inss05 - Maria Candida F. de M. N. Rude - C.p.ii07 - Porfirio José R. Serra de Castro - M.transp10 - José Renato de A. Fer-nandes - Ibge10 - Marlene Campos de B. Cavalcanti - Inss10 - Mauricio Antonio de M. Fil-ho - Agu10 - Sylvio Tavares Ferreira - Mpas11 - Arnaldo Gomes de Almeida Filho - M.faz.12 - Luciene Saldanha A. Ribei-ro - Agu13 - Ivone Sá Chaves - Inss13 - Maria Luiza Müller do E. Santo - M. Faz14 - Bento Rubens do B. Pi-mentel - Inss14 - Carlos Alberto P. da Silva - M. Faz15 - Adelaide Trancoso de C. Pereira - Agu15 - Allam Cherém Soares - M. Faz15 - Petrônio Lima Cordeiro - Inss16 - Maria Soares de Faria - Inss17 - Dirce Ribeiro Almeida - Agu17 - Hester Birman Gantus - M. Transp17 - Jory França - Ibge17 - Renato Augusto Diniz Pin-heiro - Agu17 - Suzana França Wentzel -

- Agu16 - Cyro Marcos Coutinho J. Silva - Agu17 - Aloysio Tadeu de O. Ne-ves - Agu17 - Diva de Carvalho Marinho - M.faz17 - Lucio de Souza Asfora - Incra17 - Luiz Augusto G. de M. Franco - Agu19 - Luiz Fernando de Almeida Lopes - M.faz.19 - Lydia Castelo B. M. de S. Barros - Ibge20 - Gerson de Magalhães Monteiro - Inss20 - Lucilia Curvello Baptista - Inmetro21 - Decio Mendes dos Santos - Inss21 - Victor Hugo da Silva Pin-hão - Inpi22 - Antonio Roberto dos S. Macedo - Ufrrj24 - Renato José B. Magal-hães - Cefet26 - Maria Rita Bueno Nunes - Inss28 - Gracirene Pessôa Levy - M. Saúde28 - Rejane Lago de Castro - Agu29 - Fernando Hugo da Cunha - M. Tranp29 - Tiane Brasil Corrêa da Silva - Agu

Agu18 - Clotildes do Amaral L. G. Leite - Cnen18 - Lucia Carmen T. Gonçalves - Agu18 - Vanda Valloni - Inmetro20 - Carlos Alberto H. Rodrigues - Agu20 - João Henrique Correa Mello - Agu21 - Maria da Graça Martins Santos - Agu22 - Jorge Costa Pires - Incra22 - Marcelo Francisco F. de Castro - Agu22 - Vania Palmeira Tamussino - M.faz23 - Anna Maria da Fontoura Xa-vier - Embratur24 - Edgard Pinheiro Dias Filho - M. Tranp24 - Malvina Leitão Fischpan - Agu25 - Anderson Claudino da Silva - Agu25 - Edson Alves de Oliveira - Inss26 - Antonio Christiano Caval-canti - M. Tranp27 - Maria de Fátima Salles Teix-eira - Agu28 - Gilberto Gancz - Unirio/Agu28 - Romulo Luiz de Souza - Ufrj29 - Eduardo Jayme Esposel - Agu29 - Jacinto De Lucca - M.transp29 - Lúcia Regina Caminha Medawar - Agu29 - Maria Delba dos S. Monteiro - Inss29 - Marilia Bodstein Braga - Embratur29 - Maximino Valeriano da Cos-ta - M.transp29 - Vera Mª. Mol de Souza G. Pimentel - Mog30 - Enoch Barbosa - Inss30 - Mauro Barcellos Filho - Agu30 - Rodrigo Mascarenhas Mon-teiro - Ibge31 - Oswaldo Mattos - M. Transp

Na última terça-feira do mês vamos fazer uma festa para comemorar o seu aniversário

COMPAREÇA!Com a sua presença haverá

mais alegria e confraternização.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 20MARÇO - ABRIL 2014 JoRNaL Da aPaFERJ - www.apaferj.org.br 20MaRÇo/aBRIL

PEÇo a PaLaVRa

Rosemiro Robinson S. JuniorVice-Presidente

Meus caros e fiéis leitores: eu es-tava arrumando

uma das minhas estantes, no escritório que instalei em meu castelo, quando me deparei com o livro “Contos de Shakes-peare”, da autoria do notável poeta e escritor pátrio Paulo Mendes Campos (Editora Tec-noprint Ltda. 1970), que transformou em contos inesquecíveis textos da lavra de William Sha-kespeare, ali incluídos: Romeu e Julieta, Hamlet, Macbeth, Sonho de Uma Noite de Verão, Otelo, A Fúria Domada e A Tem-pestade.

Manuseando o refe-rido livro, li uma dedica-tória por mim endereça-da a minha querida filha Lucia Helena, Advogada e Cientista Social, que hoje é professora em Londres, a histórica e enevoada capital do Reino Unido, terra do famoso bardo, que nas-ceu em Stratford – on – Avon, em 1564, ou seja, há 450 anos.

Enquanto folheava o magnífico trabalho de Paulo Mendes Cam-pos, senti, inexorável e cinzenta, a presença da senectude, a qual, apesar dos males que afligem o corpo e a mente, torna-se lumi-

nosa e recompensadora, porquanto concede aos seres humanos a expe-riência de vida e sedi-menta conhecimentos, atenuando o vislumbre da inevitável chegada da Parca Ceifadora.

William Shakespeare é unanimemente considera-do o maior e mais prolífi-co dramaturgo na história da humanidade, trafe-gando com insuperável maestria pelos campos do drama, da tragédia, da far-sa e da comédia, os qua-tro grandes componentes da arte teatral, que, no ocidente, teve origem na Grécia Antiga.

Fui envolvido por uma avassaladora catadupa de emoções e reminiscên-cias (outro privilégio da senectude), recordando o meu ingresso, aos 18 anos de idade, no extinto e saudoso IPASE, em que tive a inenarrável honra de conviver com luminares da área jurídica e da lite-ratura, podendo citar, res-salvada qualquer omissão, Napoleão Fonyat, Der-lópidas Correia de Melo, Dóris Tavares da Cunha, Flávio Bulcão, Claudionor Luttgardes Cardoso de Castro, Newton Aragão, Henrique Prisco Coutinho Dantas, Willy Diniz Lewin, Ledo Ivo e Paulo Mendes Campos, o qual hoje reen-contrei por haver encon-

trado seu livro.A convivência com fi-

guras tão ilustres alicerçou os meus arroubos jurídi-cos e a minha insopitável vocação para cultivar a prosa e a poesia, herdada, com todos os méritos, dos meus amados e saudosos pais, o Desembargador Rosemiro Robinson Silva e a Professora Maria Laura Fontoura Silva, os quais irei reverenciar enquanto me restar um sopro de existência.

A emoção também decorreu das felizes coin-cidências: 450 anos do nascimento de William Shakespeare, o reencon-tro com Paulo Mendes Campos e minha filha mestra, exatamente na terra onde imperou o celebrado dramaturgo, que se tornou imortal em razão das obras que pro-duziu, as quais, inobstante o transcurso dos séculos, continuam encantando e surpreendendo as pessoas que amam a cultura, prin-cipalmente o Teatro.

Com efeito, o ciclópi-co Shakespeare abordou, com inigualável perfeição, as virtudes e os defeitos humanos, que, hodierna-mente, persistem nítidos e irrecusáveis: o Amor, a Vingança, a Fantasia, o Ciúme, a Ganância e o Perdão, traçando um quadro majestoso e ines-quecível da Humanidade, que, ainda hoje, se repete ad nauseam, agravado, em grau paroxístico, pelo consumismo e pelo exibi-

cionismo.Tão logo reveja a mi-

nha idolatrada filha, a mais bela e significativa realização da minha vida, a ela devolverei o livro que esqueceu na minha estan-te e, certamente, conver-saremos sobre os sinuosos caminhos percorridos pelos seres humanos, louvando o monumental William Shakespeare, que legou aos pósteros lições indeléveis, digno de ho-menagens que jamais se-rão excessivas.

Cumpre-me esclarecer que, apesar desta minha incursão na arte teatral, não estou esquecido dos inúmeros problemas que afligem os Advogados Públicos Federais, cujas soluções se arrastam no tempo, trazendo-nos, às vezes, momentos de de-sesperança e revolta, por

não compreendermos nem aceitarmos o injus-to tratamento que nos é dispensados, fazendo-se tabula rasa da grandio-sa contribuição que os referidos Advogados dão para o fortalecimento do Estado e da Cidadania.

Contudo, as circuns-tâncias suso descritas me compeliram a des-viar-me, um pouco, dos temas fundamentais, rogando-lhes, portanto, sua nunca recusada com-preensão, na expectativa de que, com trabalho, coragem e pertinácia, iremos atingir os nossos justos e relevantes obje-tivos e na convicção de que os nossos anseios serão concretizados, não se tornando – volto a Shakespeare – um Sonho de Uma Noite de Verão.

Si vis, potes!

REFLEXÕES SOBRE SHAKESPEARE

Librus consule ut ab illis discas qui

ante nos cogitarunt“Consulta os livros para que saibas o

que pensaram antes de nós”.