jornal contrapontos

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ESTRADA DE S. MAMEDE, 7 — 2705-637 S. JOÃO DAS LAMPAS • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA BIMENSAL • ANO II • MARÇO/ABRIL DE 2007 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 09 A Feira do 31, actividade organizada pela Associação 3pontos — Ambiente, Arte e Cultura tem como âmbito para além da promoção e valorização dos produtores locais, tornar o local da realização da mesma num espaço dinâmico com animação e actividades diversas. Todos os eventos exigem empenho e dedicação, desta forma, a todos os empenhados que queiram colocar ideias e colaborar com o grupo da Feira do 31, contactem-nos ou dirijam-se à sede da Associação 3pontos. Estrada de S. Mamede, 7 — Fontanelas — 2705-637 S. João das Lampas [email protected] • Telef.: 96 805 79 85 Célula fotográfica/Foto José Manuel Silva 3pontos na Bósnia (centrais) Célula fotográfica/Foto Verónica Sousa E depois do referendo? Neste número pode ler: Reportagem da visita de estudo à Bósnia, realizada pelos nossos colaboradores; Conclusões do debate do referendo organizado pela 3pontos; Conheça a hidroenergia; Música dos anos 60 com Bob Dylan em destaque.

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Jornal de expressão livre e criativa, tem como temas dominantes a Arte, o Ambiente e a Cultura. Visa dar voz à sociedade civil sintrense e não só, através de textos, fotografias, desenhos, etc. Este projecto corresponde a um núcleo de trabalho da Associação 3pontos

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Page 1: Jornal Contrapontos

ESTRADA DE S. MAMEDE, 7 — 2705-637 S. JOÃO DAS LAMPAS • PUBLICAÇÃO PERIÓDICA BIMENSAL • ANO II • MARÇO/ABRIL DE 2007 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

09

A Feira do 31, actividade organizada pela Associação 3pontos — Ambiente, Arte e Cultura tem como âmbito para além dapromoção e valorização dos produtores locais, tornar o local da realização da mesma num espaço dinâmico com animaçãoe actividades diversas. Todos os eventos exigem empenho e dedicação, desta forma, a todos os empenhados que queiramcolocar ideias e colaborar com o grupo da Feira do 31, contactem-nos ou dirijam-se à sede da Associação 3pontos.

Estrada de S. Mamede, 7 — Fontanelas — 2705-637 S. João das Lampas

[email protected] • Telef.: 96 805 79 85

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3pontos na Bósnia (centrais)

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E depois do referendo?

Neste número pode ler:• Reportagem da visita de

estudo à Bósnia, realizadapelos nossos colaboradores;

• Conclusões do debate doreferendo organizado pela3pontos;

• Conheça a hidroenergia;• Música dos anos 60 com Bob

Dylan em destaque.

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Estrada de S. Mamede, 7 — 2705-637 S. João das LampasTelef.: 96 805 79 85 • e-mail: [email protected][email protected]

Publicação periódica bimensal • Ano II • Março de 2007 • N.o 9 • Distribuição gratuitaColaboram neste número: Ângela Antunes, António Pinheiro, Bárbara Falcão, Carlos Zoio,Cláudia Fróis, Fernando Cerqueira, João Vasco Castro, Jorge Alexandre Pereira, Marco Cosme,Rafael Alexandre, Rita Bicho, Vasco de Castro, Verónica SousaGrafismo: Luís BordaloComposição e paginação: Alfanumérico, Lda.Impressão e acabamento: Gráfica Manuel Barbosa & Filhos, Lda.Tiragem: 1000 exemplaresDepósito legal n.o 233 880/05

Contrapontos destina-se a dar eco das opiniões dos sócios e não sócios, da Associação 3pontos— ambiente, arte, cultura, sendo uma tribuna de livre opinião e um espaço aberto a todos.Os artigos publicados responsabilizam unicamente o seu autor.

AgendaEXPOSIÇÕES

Galeria Municipal de Sintra — Edifício doTurismoPraça da República, n.o 23 — SintraTel. 21 923 87 28Horário: de terça a sexta-feira, das 9:00 h às12:00 h e das 14:00 h às 18:00Sábados, domingos e feriados, das 14:30 h às19:00 hDe 24 Março a 24 de Abril Exposição de pintura«Sinergias» de Luz Henriques

Palácio ValençasRua Visconde de Monserrate — SintraAté Maio «Sintra em Memória Oitocentista»«Camilo Castelo Branco — elementos de umacolecção»Duas exposições que podem ser visitadas todos osdias úteis das 9:00 h às 12:30 h e das 14:00 h às17:30 h

LM Galeria de ArteRua Álvaro dos Reis, 47 — Chão de MeninosTel. 21 924 30 96Horário: de quarta a sexta-feira, das 14:00 h às19:00 h Sábados, domingos e feriados, das 11:00 hàs 19:00 hAté 4 de Março Exposição de pintura «Figura-ções», de Nuno San-Payo e José Luís Tinoco

TEATRO

Os bosques da Regaleira são palco da «Ronda dasFadas», onde a magia, duendes e gnomos dão vidaa uma peça de teatro para todas as idades.Na Quinta da Regaleira até 29 de Abril, sábados às16:00 h e domingos às 11:30 h. Nos dias úteis dis-poníveis para escolas e grupos organizados.Reservas: Tel. 21 91 066 50Bilhetes à venda: Quinta da Regaleira, Fnac, LojasViagens Abreu e www.ticketline.pt; www.plateia.pt

PARQUES

Parque de MonserrateEstrada de Monserrate — Sintra Tel. 21 923 73 00Horário: das 9:00 h às 19:00 h.Preço por bilhete: C 4

Palácio e Quinta da RegaleiraRua Barbosa du Bocage — Sintra Tel. 21 910 66 50Aberto todos os diasHorário: das 10:00 h às 17:30 hPreço da visita guiada: C 10Preço da visita auto-guiada: C 5

MUSEUS

Museu Ferreira de CastroRua Consiglieri Pedroso, n.o 34 — SintraTel. 21 923 88 28Horário: de terça a sexta-feira, das 10:00 h às12:30 h e das 14:00 h às 18:00 hSábados, domingos e feriados, das 14:00 h às18:00 h

Centro de Ciência VivaAntiga Garagem dos Carros EléctricosEstrada Nacional n.o 247 — Ribeira de SintraTel. 21 924 77 30Horário: de terça a sexta-feira das 10:00 h às18:00 hSábados, domingos e feriados das 11h00 às 19h00Encerra à segunda-feiraAdultos: C 3,5 Crianças até aos 18 anos: C 2,5Crianças com idade inferior a 4 anos não pagamentrada apenas quando acompanhadas pelospais.

Museu Arqueológico de São Miguel de Odri-nhasAv. Prof. Dr. Fernando de AlmeidaS. Miguel de OdrinhasTel. 21 961 35 74Horário: de quarta-feira a domingo, das 10:00 h às13:00 h e das 14:00 h às 18:00 hPreço por Bilhete: C 2,5

Sintra Museu de Arte Moderna ColecçãoBerardoAv. Heliodoro Salgado — SintraTel. 21 924 81 70Horário: de terça-feira a domingo, das 10:00 h às18:00 hEntrada gratuita aos domingos, das 10:00 h às14:00 hPreço normal: C 3

Casa Museu Leal da CâmaraCalçada da Rinchoa, n.o 67Rio de MouroTel. 21 916 43 03Horário: de terça a sexta-feira das, 10:00 h às12:30 h e das 14:00 h às 18:00 hSábados, domingos e feriados, das 14:00 h às18:00 hPreço; C 1 (desconto de 50% para munícipes)

Núcleo dos SaloiosHorário: de terça a sexta-feira das, 10:00 h às12:30 h e das 14:00 h às 18:00 h

Se tiveres interessado em divulgar osteus eventos na «Agenda» do Contra-pontos, envia-nos um e-mail para:[email protected], nomáximo até uma semana antes domês de publicação do jornal. Nessee-mail deves incluir: o tipo e o nomedo evento, a entidade organizadora,os respectivos contactos, o local, ahora e a data. E não te esqueças queo Contrapontos é um jornal comcobertura bimensal.

Sábados, domingos e feriados, das 14:00 h às 18:00 hMuseu do BrinquedoRua Visconde de Monserrate, 28 — SintraTel. 21 924 21 71Horário: de terça-feira a domingo, das 10:00 h às18:00 hAdultos: C 4Crianças e 3.a idade: C 2Escolas públicas: C 1,5

Museu Anjos TeixeiraAzinhaga da Sardinha — Volta do DucheTel. 21 923 88 27Horário: de terça a sexta-feira, das 10:00 h às12:30 h e das 14:00 h às 18:00 hColecções dos mestres Artur e Pedro AnjosTeixeira

FEIRAS

Feira do 31 (organização 3pontos)Periodicidade: todos os primeiros sábados de cadamês com 31 dias, a partir das 9 horas, no Largo doCoreto, em Fontanelas.

Feira ao LargoPeriodicidade: último sábado de cada mês, entre as9 e as 18 horas, no Largo da Igreja Matriz deColares.

Mercado Brocante de SintraPeriodicidade: 1.o e 3.o sábado do mês, entre as 10e as 19 horas, na Alameda dos Combatentes daGrande Guerra.Alfarrabistas, antiguidades, artesanato e velharias

Feira de S. Pedro de PenaferrimPeriodicidade: 2.o e 4.o domingos do mês, entre as9 e as 18 horas, Largo D. Fernando II, S. Pedro dePenaferrim.Nesta feira poderá agora encontrar a «Zona Bio».Um espaço destinado à agricultura e produtos bio-lógicos, onde está garantida a frescura dos produ-tos e a qualidade dos alimentos, a preços convida-tivos.

Feira de AlmoçagemePeriodicidade: 3.o domingo do mês, das 8 às 13horas, no Largo Comendador Gomes da Silva.

Feira de S. João das LampasPeriodicidade: 1.o domingo do mês, entre as 8 e as19 horas, no Largo da Feira de S. João dasLampas.

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Concertos na PáscoaÀ semelhança do que aconteceu no

ano passado, a 3pontos em colaboraçãocom a União Recreativa e Desportiva deFontanelas e Gouveia, organiza umanoite de concertos para o próximo dia 7de Abril.

Inseridos nos tradicionais festejos emhonra de Nossa Senhora da Esperançaem Fontanelas, que decorrerão nos dias,7, 8 e 9 de Abril, podemos contar com ohabitual quiosque 3pontos. Aqui, paraalém de informação sobre a associação,teremos ainda cozinha vegetariana e,bebidas a condizer.

Às 17:30 h haverá um concerto por«Os Ponkies», a música para crianças eeternas crianças, banda aliás, que pude-mos apreciar no último concerto organi-zado pela 3pontos, em Novembro, junta-mente com os «Kumpania Algazarra».

Depois do jantar teremos percussãopelos «Áganju — ritmos da terra», às21:00 h. Os senhores que se seguem sãoos «Deolinda», uma banda lisboeta cominfluências em música étnica, tradicio-nal, clássica e jazz, à mistura com o fadode maldizer. A partir da meia noite, amúsica continua com o selecta«Zulubaton» onde poderemos ouvirreaggae music.

Os concertos decorrerão no largo docoreto em Fontanelas.

Apareçam, a festa será em grande!

Festa da Páscoa 2007Caros leitores do Contrapontos

No passado dia 1 de Fevereiro, che-gou à nossa sede uma carta, que acha-mos por bem trancrever porque o seuconteúdo pareceu-nos importante e acha-mos que só com a vossa ajuda consegui-remos o sucesso desta missão... passa-mos a citar.

No passado mês de Fevereiro, umgrupo de representantes da 3pontosestiveram presentes numa formação,em Banja Luka — Bósnia e Herze-govina. O tema deste encontro foi«Youth work — Youth BuildingCitizenship».

Para além da troca de experiênciasentre associações, originárias de paísesde âmbito geográfico, histórico e cultu-ral diverso, o ponto fundamental dadiscussão baseou-se nas seguintesquestões:

O que ganha a sociedade com o tra-balho juvenil, ou melhor, com o asso-ciativismo? O que beneficiam osjovens? E o governo? E quanto às pró-prias associações?

Se por um lado associativismo sepode designar pela prática social dacriação e gestão das associações, poroutro lado, a defesa dessa prática,enquanto processo não lucrativo delivre organização de pessoas, é canali-zada para a obtenção de finalidadescomuns.

As associações são pólos de desen-volvimento das comunidades residen-tes em cada uma das localidades queconstituem um concelho. O conceito deassociativismo liga-se à ideia de cola-boração colectiva, de novas experiên-cias e de enriquecimento de conheci-mentos.

Tendo em conta este conceito eatendendo a que a sociedade é cada vezmais competitiva e individualista, as

associações juvenis apresentam-secomo um espaço de enriquecimentocívico, intelectual e cultural e permi-tem aos jovens a possibilidade deexpressarem de uma forma organizadae metódica os seus desejos e necessida-des, preparando-os para serem mem-bros activos de uma sociedade civildinâmica. Assim, o conceito de asso-ciativismo é fundamental na promoçãoda educação não formal dos jovens

Assim sendo, e partindo da forma-ção pessoal da cada um, não vos pareceque todos beneficiam?

A propósito de youth work elevando à prática os objectivos propos-tos pela 3pontos, no próximo mês deAbril será inaugurada a 2.a Mostra deFotografia da Célula Fotográfica.Subordinada ao tema «Consumo Crí-tico» estará patente durante o mês, emdiversos bares de Sintra.

No dia 7 de Abril, podem contarcom uma grande noite de concertosorganizada pela 3pontos em colabora-ção com a União Recreativa e Despor-tiva de Fontanelas e Gouveia, inseri-dos nos festejos da Páscoa emFontanelas.

A terminar a 3pontos deseja aindaos mais sinceros parabéns à AssociaçãoCultural Alagamares, pelo seu segundoaniversário no passado dia 9 de Março.

Saudações associativasBlogue: www.3pontos-ambiente-arte-cultura.blogspot.com

Editorial30 de Abril, Dia Mundial do Associativismo

Caros amigos da Associação 3pon-tos, peço desde já desculpa por vos terde contactar, mas a verdade é que pre-ciso da vossa ajuda porque possuo umenorme segredo mas não posso porenquanto passar muitas informções.

Digo-vos apenas que no próximomês de Abril vão ocorrer comemoraçõesna vossa localidade que é precisamente oacontimento onde me deveria encontrarcom o próximo guardião do segredo.

Acontece que tenho conhecimento queele corre perigo de vida e receio que vouprecisar da vossa audácia para que tudocorra bem,senão... o mundo estará irre-mediavelmente perdido para todo o sem-pre...

Aguardem notícias minhas e lem-brem-se... só os mais astutos me poderãoajudar...

PROFESSOR YUGOVIC

Page 4: Jornal Contrapontos

Como é do conhecimento geral, ahidroenergia gera-se a partir da energiapotencial acumulada nas massas de água,em zonas de maior altitude, que ao se des-locarem para zonas de menor altitude,devido à força da gravidade, dá-se a trans-formação dessa energia potencial em ener-gia cinética. Esta última, por sua vez,quando é utilizada para promover a rotaçãode turbinas combinadas com gerador, per-mite a produção deenergia eléctrica.

Norma lmen te ,este mecanismo degeração de electrici-dade é acompa-nhado por um sis-tema de barragemcom albufeira.Assim, consegue-semanter o armazena-mento de umaimensa quantidadede energia potencial,na massa de água daalbufeira, para utili-zar sobre a forma deenergia cinética,para dar uma res-posta constante aoconsumo de electri-cidade.

Estamos então perante mais uma fontede energia renovável, pois, como todossabemos, enquanto o clima não se alterardrasticamente, o ciclo da água perpetua-seno tempo, e haverá sempre a renovação docaudal das diferentes bacias hidrográficasdo país.

No que respeita a hidroenergia, Portu-gal até se encontra relativamente bem ser-vido. Cerca de 24% da energia eléctrica

produzida no território nacional provém doaproveitamento desta fonte. Ainda assim,do ponto de vista ecológico, é necessáriofazer aqui uma importante distinção.Grande parte desta energia eléctrica produ-zida tem origem nas grandes barragens, ouseja, em unidades de produção com capa-cidades superior a 10 MW. Se para unsesta grande escala parece ser uma vanta-gem do ponto de vista técnico-económico,

já do ponto de vistaecológico é consi-derado, por muitos,como um inconve-niente a evitar.

As grandes bar-ragens alteramdrasticamente ociclo hidrológicodos rios, causandograves impactosnegativos nos ecos-sistemas fluviais.Se por um lado,estamos peranteuma solução ener-gética amiga doambiente, por per-mitir o combate àsemissões de gasescom efeito deestufa, por outro,

HIDROENERGIAAMBIENTE

ACTIVIDADES DA CÉLULA FOTOGRÁFICA

2.a mostra fotográficae 2.o concurso de fotografia em Abril

Este núcleo importante da Associação3pontos — Ambiente, Arte e Cultura temrevelado, desde o seu início, um alto espí-rito empreendedor. A par das actividadesregulares que têm organizado, de reuniãopara reunião, as ideias não param de fervi-lhar nos elementos da Célula Fotográfica.Presente está sempre a vontade de fazermais e melhor pela fotografia.

A preenchida agenda do mês de Abrildemonstra bem essa atitude.

Entre 30 de Março e 29 de Abril, estápatente ao público a 2.a Mostra de Fotogra-

«Entre o Sagrado e o Profano». Pelosegundo ano consecutivo, a iniciativa pre-tende incentivar na população local, e nãosó, o gosto pela fotografia documental.

Para mais informações, contactar CélulaFotográfica, Associação 3pontos —Ambiente, Arte e CulturaTel.: 96 805 79 85e-mail: [email protected]ítio: www.3pontos.comBlogue: www.celulafotografica.motime.com

fia, com um total de 37 fotos, subordinadasao tema «Consumo Crítico». Imagens quemostram a perspectiva de onze autores emrelação a este assunto, para apreciar noJaneca Bar (Fontanelas), no Café dasPatrícias (Azenhas do Mar), no bar O Lou-reiro (Praia das Maçãs), no Café-Bar 2 aoQuadrado (Sintra) e, também, no RustikBar (São Pedro de Sintra).

Por outro lado, a festa tradicional daPáscoa, que anualmente anima Fontanelase Gouveia, é mais uma vez o ponto departida para a realização do concurso

Page 5: Jornal Contrapontos

resulta em prejuízos ecológi-cos permanentes que muitosecologistas preferem não arris-car.

Contudo, a hidroenergianão encontra solução apenasnas grandes infraestruturas. Asbarragens com capacidadesinferiores a 10 MW, tambémconhecidas por mini-hídricas,permitem igualmente produzirenergia eléctrica a partir daenergia potencial da água e, aomesmo tempo, são tidascomo menos danosas do pontode vista ecológico para os sis-temas fluviais.

Em Portugal existe umtotal de potência instalada de4500 MW de hidroenergia,onde apenas 6% se deveàs mini-hídricas (cerca de250 MW). A grande partedesta capacidade resulta daexploração de cerca de 30 barragens degrandes dimensões, as quais se encontramdistribuídas no nosso território por setegrandes rios (Lima, Cávado, Dão, Douro,Mondego, Tejo e Guadiana), na sua maio-ria localizados no Norte e Centro do país.No Sul, apenas o rio Guadiana se encon-tra infraestruturado com a tão conhecidabarragem do Alqueva.

Actualmente, a exploração de mini--hidrícas encontra-sedispensa porc e r c ad e

9 8centrais.

C o n t u d o ,apesar do seu

fraco aproveita-mento, o potencial

d e exploração é bem

mais abrangente, estando distribuído portodo o país, nomeadamente na regiãoNorte e Centro, onde existe maior pluvio-sidade anual.

É também importante sublinhar que aprodução hidroeléctrica depende forte-mente da variação da precipitação anual,ou seja, em anos muito secos a sua produ-ção diminui drasticamente, sendo necessá-rio recorrer a outras fontes de energia.

Contudo, as condicionantes climatéri-cas estão longe de ser as principais res-

ponsáveis pelos entraves ao desen-volvimento do sector das

mini-hídricas. Pelo contrário,são exactamente os obstá-

culos de ordem administra-tiva e burocrática e as difi-culdades que ocorrem naligação à rede eléctricanacional, por insuficiênciada mesma, os principaisimpedimentos que fazem

com que o investimento pri-vado fique bloqueado, e não

seja devidamente aproveitadona promoção desta fonte de

energia. Apesar de tudo, o sectorprivado continua a demonstrar dispo-

nibilidade para promover o seu uso, e osincentivos financeiros e fiscais para a pro-dução e utilização de energias renováveissão cada vez mais interessantes.

A partir de 1988, a lei permite que umapessoa singular ou colectiva, pública ouprivada, construa infraestruturas de mini--hídricas para produzir energia e vender àrede eléctrica nacional. Contudo, surgem

sempre demasiadas dificuldades duranteum processo de legalização. Estes proces-sos têm de passar por demasiadas autorida-des públicas, quase sempre sem qualquercoordenação entre si, e onde os critériostécnicos de avaliação não transparecemprincípios e objectivos claros. Para dificul-tar ainda mais, muitos dos locais comgrande potencial de exploração, como seencontravam localizados em zonas poucointeressantes para as outras actividadeseconómicas, foram, no passado, classifica-dos como áreas de salvaguarda de valoresecológicos, impedido actualmente qual-quer apropriação do território para o fimenergético.

Torna-se necessário repensar esta clas-sificação e perceber que ambiente e ecolo-gia são disciplinas distintas, apesar de seencontrarem interligadas. E, como se com-prova aqui, é fácil surgirem incompatibili-dades quando se procura salvaguardar, emsimultâneo, os objectivos específicos decada disciplina. A ecologia depende forte-mente do ambiente, e, caso este se altereprofundamente, não existe qualquer inter-venção técnico-ecológica que permita con-servar os valores do actual contexto geo--bio-cenótico.

Para o futuro, se estes obstáculosadministrativos e burocráticos foremsuperados, Portugal espera conseguir atin-gir cerca de 1000 MW de potência insta-lada em mini--hídricas, dos quais entre500 MW a 600 MW poderão ser já con-cretizados até 2010.

MARCO COSME

Page 6: Jornal Contrapontos

AS JÓIAServas frescas e puseram-nas ao pé dacabeça dele.

O cavalinho comeu tudo e a feridacomeçou a sarar até ficar completamenteboa. As meninas vendo isto ficaram sur-preendidas.

— Obrigado! Diz uma voz forte efirme.

— Quem é que falou? Perguntaram asduas meninas ao mesmo tempo.

— Sou eu, sou eu o cavalo.—Ah! A criatura falou. Disse-ram as meninas.

O cavalo gostou imensodas meninas e disse que astinha de levar a um sítioonde nunca levara nin-guém. Voaram e voaramdurante muito tempo.

Durante dois dias, até

chega-rem a uma floresta muitoverde e com um ar muitofresco.

— O que é que estamos aqui a fazer?Pergunta a Joana.

— Vamos ver uma das rainhas demaior autoridade.

— O quê?! Como? Já agora como éque ela é? Perguntam as meninas cheias decuriosidade.

— É uma fada com umas grandes asas,de pequena estatura mas grande poder.Disse o cavalo. A partir daí fez-se umgrande silêncio pois via-se a fada à distân-cia, então o cavalo pediu às meninas paraesperarem, foi ter com a fada e disse:

— Minha Alteza, estas meninas salva-ram-me, podiam ter-me ignorado mas nãoo fizeram, trataram de mim com carinho,pedia-lhe que as pudesse recompensar pormim.

— E como as queres recompensar, jápensaste em alguma coisa? Perguntou aFada Rainha.

— Sim Alteza, pensei em deixá-lasviver na floresta, afinal não existe lugar tãomágico e maravilhoso quanto este.

E foi enquanto a Fada Rainha conver-sava com o cavalo, que as meninas seaperceberam que ele era o GuardiãoMágico da floresta. Assim que ele se apro-ximou delas para lhes dar a boa nova, asmeninas quase que susteram a respiraçãode tão ansiosas que estavam:

— Podem ficar cá o tempo que deseja-rem, são nossas convidadas. Esta foi amelhor forma que encontrei para vosrecompensar pela ajuda que me deram.

As meninas não se continham em si detanta alegria que sentiam naquelemomento. Abraçaram aquela criaturamaravilhosa e assim se mantiveram poruns segundos num misto de carinho e agra-decimento.

A Matilde e aJoana aproveita-ram o tempo quetinham até exaus-

tão. Mal se levan-tavam corriam à

procura de alguém aquem pudessem aju-

dar. Elas queriamaprender todos os hábi-

tos de vida daquele lugartão novo, e que melhor forma de o fazerteriam elas do que participar em todas assuas actividades diárias...

As meninas experimentaram quasetudo, regaram as arvores, colheram frutos,pintaram belos quadros, até aprenderam afazer o mais doce bolo do mundo, masaquilo que mais lhes agradava era semdúvida tomar conta daquelas pequenascriaturas endiabradas. Entre duendes, fadase cavalos mágicos era ver qual o bebé maisirrequieto, mas era no meio de todo aquelereboliço que as meninas se sentiam bem.

Contudo, as crianças começaram apensar nos seus pais e no seu tio Cláudio...as saudades tornaram-se insuportáveis eisto entristecia-as. Tiveram mesmo quefalar com o Guardião Mágico e com aFada Rainha, para encontrar uma forma devoltar a casa.

— Já esperava por isto, vocês sãoboas crianças. É natural e humano quequeiram voltar para junto da

Uma vez, duas meninas estavam emcasa a brincar, quando de repente desapa-recem sem se saber como. Elas estavamem casa com o tio Cláudio.

Foram parar não sei bem aonde, talveza uma ilha deserta!... As meninas chama-vam-se Joana e Matilde e tinham as duasdez anos. Eram irmãs e eram muito amigasuma da outra. O tio não sabia o que é quehavia de fazer, pois estava em aflição,tinha medo, estava assustado e atordoado.

As raparigas apareceram deita-das no chão, na areia e quandose levantaram sentiam-sediferentes, parecia que res-piravam um ar mais puro elimpo. Elas falavam e per-guntavam como é quetinham ido lá parar, até quedecidiram sair dali e ir explorar olocal.

Andaram durante vinte minutos ejá tinham caminhado bastante mastinham a impressão que estavam aser observadas por alguém. Masnão eram seres humanos... pare-ciam criaturas!

— Estou arrepiada! E com medo.Disse Matilde.

— Eu também, mas não há-de sernada. Disse a Joana para tentar não drama-tizar.

— Ouviste alguma coisa? Perguntou aJoana algum tempo depois.

— Sim, parecia um animal em sofri-mento. Respondeu a Matilde.

Deslocaram-se até ao sitio de ondeparecia vir o som e:

— Ah... é tão bonito e brilhante!É maravilhoso.

— Mas está ferido. Coitado, vamos terque o ajudar! Isto foi o que as duas meni-nas decidiram.

Aquela era a criatura mais bela à faceda terra. Tinha um corpo parecido com ode um cavalo, era branco, grande, tinhaasas enormes, tinha uns grandes olhosazuis, tinha pelo e penas brilhante e umfocinho largo e comprido. Essa criaturaestava com uma ferida enorme numa daspernas, as raparigas tinham medo que essaferida infectasse.

A criatura parecia estar com fome e asmeninas logo de seguida foram apanhar

COLABORAÇÕES LITERÁRIAS

å å å

Page 7: Jornal Contrapontos

Quem é, afinal, o personagem que leva100 117 visitantes a uma exposição naFundação Calouste Gulbenkian?

Pela primeira vez assisti a um movi-mento anormal na Gulbenkian, quando fuivisitar a exposição de Amadeu Souza-Car-doso no museu da fundação. Esse fenó-meno, suscitou-me alguma curiosidade elevou-me a pesquisar a vida e obra doautor.

Inaugurada a 14 de Novembro de2006, aniversário do seu nascimento, aexposição reuniu 260 obras do pintor por-tuguês e de 36 artistas internacionais —suas referências —, entre os quais Modi-gliani e Picasso. Na sala do piso deentrada, estavam as obras que potenciamuma melhor compreensão dessas referên-cias no piso inferior, estavam presentesexemplares em torno do desenho ou doexpressionismo. Nesta exposição, é evi-dente a paixão do autor por paisagensagrestes, gentes do campo, caças e toura-das. Situado na primeira geração de artemoderna portuguesa, Amadeu cria deforma singular os primeiros quadrosabstraccionistas nascidos do cubismo.

Segundo Helena de Freitas, assessora doCentro de Arte Moderna e comissária damostra do pintor «fez tudo ao mesmotempo, tinha uma enorme intuição plástica eexperimentou simultaneamente diversastécnicas e formas de expressão. Foi umhomem com uma cultura visual muito vastae conseguiu potenciar as suas capacidades.»

Considerado um dos grandes percur-sores da Arte Moderna em Portugal, oartista nasceu em Amarante, em 1887.Frequentou a Escola de Belas Artes eviveu oito anos em Paris onde acom-panha activamente o surgimento dosmovimentos expressionista e cubista,tendo convivido com alguns dos artistasrepresentados na mostra. Em 1907 aban-dona o curso de arquitectura e dedica--se à pintura, caricatura e desenho. Antesde mais, note-se que o artista era um pri-vilegiado, nunca teve de expor e venderas suas obras para comer pois recebiamesada certa do pai, o que permitia assuas frequentes viagens e mudanças deateliers.

Em 1912 publica XX Dessins parAmadeo de Sousa-Cardozo, prefácio deJérome Doucet e desenha e ilustra omanuscrito Légende de Saint Julienl’Hospitalier. Nesse mesmo ano é convi-dado a expor na sala cubista da primeiraexposição do modernismo realizada nosEstados Unidos (1913), no célebre ArmoryShow.

Depois de diversas exposições colecti-vas em Chicago, Boston e Berlim,regressa a Portugal em 1915 onde se casa,no Porto, com Lucie Pecetto, continuandoa pintar em Manhufe e Espinho. Em 1916expõe na exposição Salão de Festas doJardim Passos Manuel, onde foi alvo deinúmeras críticas por parte de jovens van-guardistas que consideraram, a primeiramanifestação de Arte Moderna da época,insólita e escandalosa. Um mês maistarde, a mesma exposição reabre na LigaNaval em Lisboa, onde obteve um êxitoinesperado.

Morre em 1918, em Espinho, vítima dapeneumónica.

RITA BENTO

vossa família. Nós gostamos muito de aster tido cá, e por isso mesmo, faço ques-tão que aceitem estas jóias em nome detodos nós. Com elas podem cá voltarsempre que vos apeteça, são a chave paratodos os mundos. Elas vos levarão atécasa... — disse a Fada.

— Vou sentir a vossa falta. Salvaram--me, devolveram-me a vida... serei tambémo vosso guardião, para sempre. — disse oGuardião.

— Obrigada por tudo. Voltaremosantes de sentirem a nossa falta. Até já! —exclamaram as meninas.

A Matilde e a Joana pegaram nas jóiase num abrir e fechar de olhos aparece-ram em casa do tio Cláudio. Este, de tãoemocionado que estava, nem sabia seas abraçava por se sentir aliviado ou seas questionava por se terem ausen-tado...

Mas isso não interessa nada, o impor-tante é que tudo acabou em bem. Ganha-ram-se novos amigos e descobriram-semundos que até então se julgavam inexis-tentes...

BÁRBARA PEREIRA DA SILVA FALCÃO

«AMADEU DE SOUZA-CARDOSODIÁLOGO DE VANGUARDAS»

JOSÉ ALBERTO SANTOS CARVALHO

Projectos de:• Estabilidade• Águas e esgotos• Térmica• Acústica• Electricidade• Gás

Responsabilidade técnica de obrasPlanos de segurança e saúdeCoordenação e fiscalização de obras

Telef.: 91 969 59 19e-mail: [email protected]

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ARTE

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Page 8: Jornal Contrapontos

«YOUTH WORK —YOUTH BUILDING CITIZENSHIP»

23:00 H — 19 FEV

CHEGADA A ZAGREB — CROÁCIA

Alojados num bunker junto à estaçãocentral, os três enviados 3pontos à Bósnia,vão perdendo as referências com o país deorigem e começam a absorver a culturaBalcã.

Como bons turistas, a caminhada iniciaa visita. Nenhum lugar como um mercadode rua para se conhecer verdadeiramenteuma cultura, e o de Dolac foi um bomponto de partida. O câmbio de euros parakunas, e de kunas para lipas, a linguagemgestual a contrastar com a estranha língua,os corvos a sobrevoar acidade, proporcionaramuma simpática manhã.

Restaurantes típicoslevam-nos a pizzerias etrattorias onde nos são ser-vidas boas refeições, quenada têm de típicas a nãoser o facto de se encontrarem qualquer país. Influên-cias da capital?

Zagreb à noite é umacidade tranquila e pelaamplitude das suas ruas edos imensos jardins, conse-gue-se verdadeiramente vero céu.

As rápidas impressõesdo local deixam-nos umaideia de uma cidade bonita,limpa e completamente oci-dental.

13:00H — 21 FEV.: CHEGADA

À REPÚBLICA SRPSKA — BÓSNIA HERZEGOVINA

Sentimos pela primeira vez o verda-deiro significado de atravessar a fronteiraquando, ao abandonar a Croácia, entrámosna Bósnia. A realidade de um país no pósguerra é agora visível nos edifícios bom-bardeados, edifícios em reconstrução ecampos minados.

A cidade que nos acolheu, Banja Luka,a segunda cidade do país, é bem diferente.A contrastar com a Croácia, a simples ope-ração de pedir uma banana pode tornar-seum problema. A população não fala inglês,e o conhecimento que têm de Portugal é

através do futebol «oh portuguese?! LuísFigo...» e, do país exótico que temos, comsol, palmeiras e grandes praias.

9:00 H — 22 FEV

INÍCIO DA FORMAÇÃO

Nesta formação estiveram presentesquatro países da União Europeia (EU) etrês países vizinhos. No seu conjunto, Por-tugal, Itália, Bélgica, Bulgária, Bósnia,Sérvia e Macedónia.

Esta formação tinha como principalobjectivo a troca de experiências entreassociações, a discussão sobre o associati-

vismo e cidadania e, a partir daí, a elabo-ração de projectos futuros. Através de umametodologia de trabalho não formal e numprocesso de aprendizagem «learning bydoing», foram feitas diversas dinâmicasque nos permitiram trabalhar com pessoasque operam em realidades histórico-cultu-rais tão diversas, que acabam por dificultarum pouco o trabalho em grupo. O facto aexperiência trazida pelos portugueses ser aorganização de exposições, concertos,workshops, etc., e o trabalho na Macedóniaincidir em campanhas de sensibilização notráfego de crianças vindas da Roménia ouBulgária mostram por um lado, comopoderá ser complicada a adaptação de con-

teúdos metodológicos em projectos con-juntos, e por outro, o próprio preconceitoem relação a estruturas funcionais, que nãofuncionam nesses países, nomeadamenteos meios de comunicação social.

ENTRETANTO...Para podermos explicar a situação/con-

fusão política actual nos Balcãs, começa-mos exactamente como apoio concedido aassociações. Na Bósnia, o dinheiro chega aestas entidades em grandes quantidades ecom grande facilidade. Na Sérvia a situa-ção muda, para conseguirem dinheiro, as

associações têm de «pedir» fundos aosamericanos e é notório o sentido de culpapelos sérvios quando esse apoio lhes érecusado, é aceite sem resignação.

Afinal de contas, quem são os culpadospela guerra na Bósnia? No passado dia26 de Fevereiro, o Tribunal Internacional«decidiu» que a guerra na Bósnia aconteceudevido à mobilização popular, ou seja, umaguerra civil, em oposição à culpabilizaçãoda Sérvia. Na prática sente-se o inverso.

A Bósnia insere-se no seio de umaconfederação no qual se incluem a Repú-blica Srpska (norte do país, onde a maioriados habitantes são sérvios) e a Sérvia, oque leva a que existam três presidentes na

FORMAÇÃO

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região. A Macedónia é reclamada pelosGregos, ainda como que região autónoma,mas como província deste país. Na Sérviaexistem cerca de 2000 partidos políticos,no qual apenas 12 estão no activo. Con-fuso?! Anterior à formação da Jugoslávia,temos a invasão dos turcos e do impérioAustro-Húngaro, o que consequentemente,permite dividir a região em católicos, orto-doxos e muçulmanos.

Actualmente, pode fazer-se uma novadistinção entre bósnios, sérvios e muçulma-nos, o que por sua vez, parece não fazer sen-tido quando comparamos religião com pátria.

08:00 H — 27 FEV

FINAL DA FORMAÇÃO

Depois de uma semana de trabalhos emgrupo, confrontando diferentes realidadesculturais e experimentando metodologias detrabalho diversas, obtivemos finalmente umdos produtos mais objectivos neste encon-tro. Além da possibilidade de criação deparcerias com as associações presentes naformação, chegámos mesmo a fazer projec-tos de interesse comum para as associações,a levar a cabo num futuro próximo.

Projectos estes que variam desdeintercâmbios, em diversos temas —ambiente, imigração, xenofobia e racismo;

workshops artísticos relacionando osassuntos de discussão; projectos de forma-ções e de seminários, abordando o associa-tivismo. Todos eles, já se sabe, a desenvol-ver com base numa metodologia deeducação não formal.

No que respeita à 3pontos, numa parce-ria inicial com Itália, fizemos um projectoque gostaríamos de ver realizado em Sin-tra, uma formação para associações nacio-

nais e internacionais, no Programa Juven-tude da União Europeia.

Daqui, resta arregaçar as mangas e pôrem prática os mesmo projectos, para quenão passem disso mesmo!

Da Bósnia para a 3pontos

RAFAEL ALEXANDRE

RITA BENTO VERÓNICA SOUSA

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Vasco

Page 10: Jornal Contrapontos

Na década de 1960 em oposição aorock inocente da década anterior, surgemnos Estados Unidos artistas preocupadosem passar mensagens importantes atravésda música. Tocando, em bares, com baseno folk, surgiam artistas como Bob Dylane Joan Baez que muito em breve viriam amudar o rosto do rock.

Em 1963 Bob Dylan já era conhecidopelas suas letras de revolta que chamavama atenção do público e da crítica. EmAbril faz o seu primeiro grande show emNova Iorque, e é convidado para o pro-grama de TV de Ed Sullivan, canceladodevido ao conteúdo «revolucionário» dassuas letras. Em Maio, na Califórnia, dá-seo Festival de Monterey onde se reúnemBob Dylan e Joan Baez, além de PeterSeeger e do trio Peter, Paul & Mary.A música folk e principalmente BobDylan passam a ser rotulados de comunis-tas e degenerados, o que atraiu a atençãodo público mais jovem.

A esperança do amanhã era o presente.Era preciso deixar de ser um figurante paraser um protagonista da História. Valores e

instituições, ideias e tabús tudo era postoem causa.

Do rock ao estilo antigo, dos meninosbem comportados, restavam os BeachBoys, banda dirigida à comunidade de sur-fistas que obteve grande êxito com Surfin’USA (plágio a Sweet Little Sixteen deChuck Berry, por quem foram proces-sados).

Nesse mesmo ano, em Inglaterra, apósterem sido contratados por George Martinda EMI, depois de a Decca os ter recusado,os Beatles já eram um sucesso sem prece-dentes juntando o apelo fácil de músicas ca-tivantes com grande presença e bom humorque chamava a atenção da imprensa. Comum cover de Come On (música de ChuckBerry) estreava também na Inglaterra, aindasem grande repercussão, a banda RollingStones. Hoje esta banda é mundialmenteconhecida e apreciada.

As novas ideias musicais espalhavam--se e Bob Dylan e outros artistas folk dosEstados Unidos apareciam no mercadoinglês enquanto os Beatles tomavam contados EUA. Em Abril de 1964 Bob Dylanera número um na Inglaterra com a músicaThe Times They Are a-Changin’ e osBeatles ocupavam as cinco primeiras posi-ções nos EUA (com Can’t Buy Me Loveem primeiro lugar).

Em 1965, no Newport Folk Festival,perante 80 000 pessoas, Bob Dylan, compo-sitor e escritor de canções de protesto socialcomo Blowin’ in the Wind, introduz a novi-dade da guitarra eléctrica. O folk rockcomeça a ocupar o seu espaço. The Mamasand Papas; Peter, Paul and Mary; Donovan;The Lovin’ Spoonful; The Byrds são ban-das que ajudam a imortalizá-lo.

Os Rolling Stones iniciam por estaaltura a sua mudança musical. Satisfactionaparece no início do Verão de 65 e torna--se desde logo notado pelo uso da fuzz-box.

Em 1966, em Inglaterra, enquanto osThe Who, com o single Substitute, conse-guiam, que pela primeira vez, o hard rockatingisse o topo das paradas, Eric Claptonformava o trio The Cream com os virtuo-sos, Ginger Baker e Jack Bruce. O rockcomeçava a ganhar uma agressividade iné-dita. Assiste-se à corrida à canção maislonga, ao solo mais comprido, etc. Guitar-ras mais ditorcidas e mais amplificaçãotornam as normas musicais quantitativas(decibéis, watts, acordes por minuto).

Nos Estados Unidos as novidades erammenos agressivas. Era a fusão definitivaentre o folk e o rock da banda The Byrds,do duo Simon & Garfunkel e as harmoniasvocais da banda The Mammas and thePappas.

Em São Francisco, a 6 de Outubro de1966, 30 000 hippies inauguram o pri-meiro love in (manifestação de amor e paz,prelúdio dos futuros festivais), a 14 deJaneiro do ano seguinte realizam o humanbe in (espécie de congresso) que esteve naorigem do flower power. Presentes entretrinte e cinquenta mil participantes comflores no cabelo e guizos na mão juntaram--se e ouviram Gratefull Dead, JeffersonAirplane e Quicksilver Messenger Service.

MÚSICA DA MINHA IDADE

MÚSICA

Page 11: Jornal Contrapontos

A música inicia um ciclo em que é for-temente influenciada por drogas comoLSD ou porque é composta sobre o seuefeito ou porque o é de maneira a estimulá--lo e ampliá-lo. A esta nova música cha-mava-se psicadélica.

As drogas não eram mais consumidaspara apenas eliminar o cansaço, mas tam-bém para buscar prazer e estados alteradosde percepção.

A meio da década, a música começa aespelhar as tensões da guerra do Vietnamee a desempenhar um importante papel nacultura americana — um catalizador detensões e de esperanças.

O conteúdo verbal das canções de rockconduziam rebeliões, protestos sociais,sexo e drogas. The Doors (com seu pri-meiro single, Light My Fire) e artistas deri-vados da música folk como Janis Joplinimprimiam novos ritmos ao rock.

A violência musical dos Doors é acom-panhada pela virulência verbal e física deJim Morrisson. Os Doors ilustraram omelhor rock: considerado não como umfim, mas como um meio sugestivo parauma criação mais vasta.

Agredindo o stablishment o denomina-dor comum era o NÃO. O NÃO era umafigura de cabelos compridos, roupas colo-ridas, sujas, música estridente, pés descal-

ços e blue jeans. Herdeiro directo do pen-samento beat, surgia nos Estados Unidos omovimento hippie. Concentrados princi-palmente em São Francisco, estes jovensapresentavam uma diferença em relaçãoaos outros. Detestavam a violência tantoquanto a sociedade, de que pretendiamafastar-se cada vez mais.

Os hippies não queriam saber das gran-des vedetas nacionais ou internacionaiscomo Silvie Vartan, Sheilla ou JohnyHalliday. Os hippies manifestavam-senuma busca por um outro tipo de vida,underground, à margem do sistema oficial.

Em 1967, os Beatles gravavam o que,possivelmente, é o LP mais revolucionárioda história do rock, Sgt. Pepper’s LonelyHearts Club Band. Além de incluir can-ções que falam de drogas (Lucy in the Skywith Diamonds dos Beatles — as iniciaisformam a sigla LSD), apresenta um corpo

de músicas interligadas, que constitui umtodo orgânico — um álbum.

Com seu segundo single, Purple Haze(o primeiro havia sido Hey Joe, um anoantes), em 1967, Jimi Hendrix capta aatenção do público jovem ao criar umanova sonoridade e dar relevo ao papel eaos recursos da guitarra eléctrica no rock.

O Monterey Pop Festival desse anoreúne na Califórnia Jimi Hendrix o entre-

tanto criado Jimi Hendrix Experience foiagendado para apresentar-se no MontereyPop Festival onde ficou célebre a imagem

de Hendrix a pegar fogo e e a quebrar asua guitarra. Janis Joplin, The Animals,Simon and Garfunkel, Bufallo Springfield,foram outros nomes presentes.

Em 1968 Jimmy Page forma os LedZeppelin. A sonoridade deste grupo temorigem nos blues. Sendo, no entanto, maisagressiva, destacam-se amplificações dis-torcidas, solos longos e improvisações lon-gas.

Panorâmica de Woodstock

Hoje chama-se logótipo — Woodstock

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Page 12: Jornal Contrapontos

Robert Allen Zimmerman, mais conhe-cido por Bob Dylan, nasceu em Duluth a24 de Maio de 1941. Natural do estado deMinnesota, neto de imigrantes judeus-rus-sos, aos dez anos de idade Dylan escreveuos seus primeiros poemas e, ainda adoles-cente, aprendeu piano e guitarra sozinho.

Começou por cantar em grupos derock, mas quando foi para a Universidadede Mineápolis em 1959, voltou-se para afolk music, impressionado com a obramusical do lendário cantor folk WoodyGuthrie.

Dylan lançou mais de 45 álbuns desde1962, sendo o seu primeiro disco, BobDylan, dedicado ao folk tradicional,seguindo-se o álbum, The Freewhellin’Bob Dylan (1963), contendo apenas can-ções da sua autoria. Deste, surge o hit

Blowin’ in the Wind, que consagrou o can-tor tornando-se um hino do movimentodos direitos civis. Além desta, cançõescomo «A hards-rain a gonna-fall»,

«Masters of War», entre outras, tornaram--se clássicas como músicas de protesto,embora Bob Dylan, mais tarde, recusasse orótulo de «cantor de protesto». Estas músi-cas, entre outras por ele compostas, abor-davam temas sociais e políticos, tornandoo cantor um fenómeno entre os jovensartistas folk da época.

Após a sua participação no NewportFolk Festival de 1963, onde foi promovidopela «rainha» folk da época, a cantora JoanBaez, o sucesso do album The Times TheyAre A-Changing (1964) apenas consolidouesta posição.

Afastando-se do movimento folk deprotesto, Bob Dylan muda de rumo artís-tico, e volta-se para canções mais pessoais,instrospectivas, ligadas a uma visão muitoparticular do mundo. As questões sociopo-

líticas de seutempo: racismo,guerra fria, guerrado Vietname,injustiça social,cedem espaço àtemática das desi-lusões amorosas,amores perdidos,liberdade pessoal,viagens surrealis-tas, embaladaspela influência dapoesia beat. Estatransição dá-seentre 1964 e 1966,quando BobDylan adapta o

som electrónico à sua música, passando atocar com uma banda de blues-rock comoapoio, chocando a plateia folk com suaaproximação ao rock. Na época, muitos

ignoravam o facto de Bob Dylan já tertocado rock na adolescência e apreciarartistas country como Johnny Cash, que játrabalhavam com instrumentos eléctricosdesde os anos 50. Apesar de ser chamado«traidor» pelos fãs do «Dylan cantor folk»,ele foi aclamado pela crítica e ampliou oseu público, tornando-se cada vez maisinfluente entre os artistas contemporâneos,da época, como John Lennon, e lançandoos mais apreciados discos da sua carreira,com uma série de canções clássicas da suaautoria: «Maggie’s Farm», «SubterraneanHomesick Blues», «Gates of Eden», «It’sAlright Ma (I’m Only Bleeding)»,«Mr. Tambourine Man», «Ballad of a ThinMan», «Like a Roling Stone», «Just Like aWoman», entre outras, lançadas nos seusdiscos mais inspirados: Bringing It AllBack Hom e de 1965 e o duplo Blonde onBlonde, de 1966.

Em Maio de 1966, após uma agitadatournée pela Inglaterra, Bob Dylan sofreum grave acidente de mota que o afastados palcos e gravações até 1968.

Após o seu regresso, surpreende opúblico com o LP John Wesling

MÚSICA

BOB DYLAN

No mesmo ano, os Sttepenwolf, onome foi inspirado no romance de HermanHesse (O lobo da Estepe), uma banda dehard rock, com a música Born To Be Wildfaz, pela primeira vez, aparecer o heavymetal. Da letra desta música que se extraiuo termo heavy metal, que desde então élargamente utilizado, como sinónimo derock pesado.

Estreou off-Broadway, em 17 de Outu-bro de 1967 e, depois de 45 apresentações,foi para o Teatro Biltmore, na Broadway,

em 29 de Abril de 1968, onde foi à cenapor mais 1873 vezes.

Ainda em 1968, em Abril, no teatroBiltmore, em Nova Iorque, estreia Hair, oprimeiro grande musical de rock, dandovoz à era dos hippies, nos palcos daBroadway, num tributo à paz e ao amorlivre, foi à cena por 1873 vezes.

A década de 1960 finaliza com umgrande concerto de rock, o WoodstockMusic & Art Fair, entre 15 e 17 de Agosto,de 1969, em Woodstock com apresentações

de Jimi Hendrix, que encerrou o festival,Janis Joplin, Santana, The Who e TenYears After entre outros. Cerca de 500 milpessoas enfrentaram engarrafamentos, faltade comida e de água e chuvas para vivertrês dias de prazer, de amor, música, sexo edrogas (Hendrix só começou a tocar às9 horas do dia seguinte — o atraso era dedez horas). Para uma grande maioria estefoi o concerto mais emblemático de sempre.

FERNANDO CERQUEIRA

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Page 13: Jornal Contrapontos

Hardin, fortemente influenciado pelocountry, tendência que se acentua no traba-lho seguinte, Nashville Skyline, que trouxeo clássico «Lay Lady Lay».

Embora casado desde 1965 com SaraLownes, surge o boato de um romancecom a modelo Eddie Sedgwick, a musade Andy Warhol, que comete o suicídioaos 28 anos com barbitúricos em 1971.O autor de Like a Rolling Stone e Just Likea Woman (que teriam, diz-se, sido com-postas para Eddie) é apontado como res-ponsável, por a ter abando-nado, facto este, nuncaconfirmado pelo cantor.

Contentando-se comapresentações isoladas, dasquais a mais importante foia participação no festivalda ilha de Wight emAgosto de 1969, além daparticipação no concertopara Bangladesh, organi-zado por George Harrisonem 1971, Bob Dylan sóvoltaria a realizar tournéesem 1974.

O que produziu no iní-cio dos anos 70 não foibem recebido pela crítica,considerado muito inferiordos seus melhores momen-tos. Apenas algumas can-ções se destacam: If NotFor You (1970), Knockin’ on Heaven’sDoor (1973) e Forever Young (1974).Acompanhado pelo grupo The Band, voltaas tournées e regressa ao sucesso, princi-palmente pelo elogiado duplo ao vivoBefore the Flood (1974). Na reconquistada carreira, Bob Dylan produz Blood onTracks (1975) e Desire (1976), os seusmelhores discos nos anos 70, aclamadospela crítica. Deste último, a cançãoHurricane, baseado na história de RubinCarter, um boxeur negro preso injusta-mente, foi um sucesso espetacular, aomesmo tempo que a tournée RolingThunder Revue (75/76) era aclamada pelacrítica e público.

Em 1977, Bob Dylan divorcia-se,resultando numa grande crise pessoal, quese reflectiu no seu trabalho artístico.Depois de uma tournée mundial em 1978,ele volta-se para a música gospel e con-verte-se filiando-se a uma igreja. Foi operíodo mais controverso e polémico dasua carreira, principalmente por Bob Dylanse afastar do seu reportório clássico einvestir em canções religiosas. Nesta novafase, Slow Train (1979) ainda traz momen-tos inspirados: a canção «Gotta Serve

Somebody» ganhou um Grammy, mas osdiscos seguintes são irregulares.

Com Infidels, de 1983, Dylan afasta-seda fé cristã, volta-se inesperadamente paraas suas raízes judaicas e parece reencontrarum certo equilíbrio artístico. Bem recebidopela crítica, é considerado o seu melhor LPdesde Desire. As apresentações ao vivo,em que volta a interpretar as suas cançõesclássicas, marcam uma reconcialiação como público. Em 1988, Down in the Grovy,passou despercebido, contém várias

covers, mas equivale a uma declaração deprincípios, com canções de folk-rock,gospel, rock, que demarcam os gostosartísticos preferenciais do artista. Depoisde uma tournée com a lendária bandacaliforniana Grateful Dead, ele lança «OhMercy«» (1989), elogiado pela qualidadeinesperada das canções e volta à ribaltacom o super-grupo Trave-ling Wilburys, formadocom os amigos GeorgeHarrison, Tom Petty, alémde Jeff Lynne e RoyOrbison.

No início dos anos 90,Bob Dylan parece fazeruma pausa na carreira. Paracomemorar e fazer umbalanço de seus 30 anos detrajectória, ele volta a gra-var folk tradicional, acústi-co, sem se importar com opouco apelo comercial destegénero. Em 1992 é reali-zado um show-tributo emgrande estilo, com a partici-pação de vários nomes dorock, country e do soul

interpretando as suas músicas: EricClapton, Stevie Wonder, Neil Young,Willie Nelson, Lou Reed, Eddie Vedderentre outros.

Depois do acústico produzido para aMTV em 1994, Dylan só volta com umCD de inéditos em 1997. Time Out ofMind ganha vários prémios Grammy e foiconsiderado por muitos uma nova ressur-reição artística, confirmada pela qualidadede Love and Theft (2001). Nesse mesmoano a revista Rolling Stone publica uma

lista com as 500 melhoresmúsicas da história e em pri-meiro lugar ficou «Like aRolling Stone», de BobDylan. Actualmente regista-se um novo interesse pelavida e obra de Bob Dylan,com o lançamento dodocumentário No DirectionHome, de Martin Scorsese,que flagra os anos iniciais dasua carreira (1961-1966) e,mais recentemente, comModern Times, seu novoálbum lançado em 2006, como qual, pela quarta vez nacarreira, Dylan conquistou aliderança do ranking dosmais vendidos dos EstadosUnidos, vendendo 192 000cópias na primeira semana.A última vez que Dylan tinha

alcançado a liderança nos Estados Unidos,foi com Desire, de 1976, que ficou 5 sema-nas no topo das tabelas. Antes disso, alcan-çou o primeiro lugar com o clássico discoBlood On The Tracks, em 1975, e comPlanet Waves, no ano anterior.

VERÓNICA SOUSA

Bob Dylan e Joan Baez

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Page 14: Jornal Contrapontos

entre o «sim» e o «não» na discussão doaborto foi bastante clara. Ou se tem «acapacidade de viver numa sociedade queacolhe os diferentes conjuntos de valoresdas pessoas que a compõem» ou não.

Já a responsável pelo «Blogue doNão», Assunção Cristas, abordou a ques-tão da lei do aborto e explicou o que pode-ria mudar depois do referendo. Defendeuque solucionar «o problema do abordocom o aborto é uma má resposta», já queacredita na educação. «A melhor maneirade combater o aborto é informar, educar eapoiar», afirmou.

Em relação a este assunto, Ana MatosPires mostrou a sua perspectiva de mulher,mãe e médica. Primeiro porque pretende«deixar de ser uma mulher sortuda, porfazer parte de uma minoria que, caso desejeinterromper a gravidez, o pode fazer numasituação de completo respeito pela digni-dade humana». Depois porque não pretendeque a filha adolescente «herde a actual lei epossa ser coagida, por homens ou mulheres,a assumir uma gravidez». Por fim

O debate sobre a interrupção voluntáriada gravidez (IVG), realizado no passadodia 27 de Janeiro, levou à Biblioteca Muni-cipal de Sintra cerca de setenta pessoascom o interesse comum de ver discutidauma questão actual, mas que, acima detudo, diz respeito a todos. O evento foiuma iniciativa da 3pontos, no âmbito cívi-co da associação jovem, com o objectivode informar o público antes do referendode 11 de Fevereiro.

No único debate que se realizou nasede do concelho estiveram presentescinco elementos na mesa, com posiçõesantagónicas quanto a esta matéria. A psicó-loga clínica Celeste Carvalho, a gestoraTeresa Venda e a professora universitáriaAssunção Cristas defenderam o não aoaborto, enquanto o economista José Gui-lherme Gusmão e a médica Ana MatosPires intervieram a favor. Na falta decomparência de Fernando Alvim, pormotivos de saúde, a moderação do debateficou a cargo do colaborador da 3pontos,Fernando Cerqueira.

DISCUSSÃO CÍVICA

Após a intervenção inicial de cada umadas partes, a plateia pode participar, dandoorigem ao debate propriamente dito. Durantecerca de duas horas, foram ouvidos comentá-rios, testemunhos, sugestões e críticas acercada forma como o problema do aborto é vistoem Portugal, mas também, as opiniões dosoradores.

Celeste Carvalho foi a primeira a falar.Interveio no debate na qualidade de cidadã,mas utilizou exemplos baseados na suaexperiência como psicóloga clínica. Para si,não existem dúvidas quanto às consequên-cias da interrupção voluntária da gravidez.«Após o aborto, uma significativa percenta-gem de mulheres pode sofrer de considerá-veis perturbações psicológicas», afirmou.

De seguida, José Guilherme Gusmãoexplicou quais foram os compromissosassumidos pelo movimento «Jovens peloSim», do qual fez parte. Uma postura que,na sua opinião, se caracterizou pelo escla-recimento do que estava «em causa na per-gunta do referendo». Para si, a diferença

Debate sobre o aborto, em Sintra«SIM» OU «NÃO»? E AGORA?

O!QUESTRADAFado, ska, popTiveram origem na Piajio, uma asso-

ciação cultural sediada em Almada quetem o seu espaço no Incrível Club onde amúsica, o novo-circo e o formato cabaret,se distingue, servindo em geral comoamparo e promoção às artes.

A banda é constituída por Lima na gui-tarra portuguesa, Donatelo no acordeão,Marta Miranda na voz, Pablo nacontrabacia e Zeto na guitarra rítmica evoz. O seu estilo é variado, uma fusão defado em versão ska à mistura com pop,andam pela estrada à 5 anos e já percorre-ram ruas, jardins, bares e lojas, nacionais einternacionais, procurando sempre, acimade tudo, o maior contacto possível com opublico, que para eles são uma parte fun-damental para o espectáculo ao vivo.

Existem há 5 anos, eeste ano gravaram o seu pri-meiro LP que teve lança-mento no Zé dos Bois(ZDB) e no B’leza em Lis-boa, dois locais, considera-dos pela banda grandescasas culturais, que osapoiaram em conjunto com o Maxime.

Os O!queStrada juntam o teatro, a dra-maturgia e a dança no seu espectáculo,artes que comunicam entre si, numa lin-guagem universal e assim sendo, encon-tram diferentes respostas no mearcado.Cada elemento na banda tem protago-nismo, entre vozes que cantam em diferen-tes idiomas passando pelos ritmos cheiosde alegria, eles marcam diferença.

Neste primeiro trabalho juntam ostemas «se esta rua fosse minha», retiradodas conhecidas cantigas de roda, Vá lá,Fado skázito e Oxalá te veja.

Para visitar, e conhecer melhor a bandabasta ir a www.oquestrada.com, e comonão podia deixar de ser, também tempágina no myspace.

CLÁUDIA FRÓIS

MÚSICA

SOCIEDADE

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Page 15: Jornal Contrapontos

afirmou, enquanto profissionalde saúde e activista do movimento «Médi-cos pela Escolha», «voto sim porque oaborto clandestino e inseguro existe e por-que o aborto realizado em precárias condi-ções de saúde mata».

A representante da plataforma «NãoObrigada» e deputada da Assembleia daRepública (AR), Teresa Venda, afirmouque, na sua opinião, não é pelo facto de tersido aprovada em AR uma lei que prevê aalteração do art.o 142 do Código Penal, pelaintrodução de uma nova alínea, que a prá-tica do aborto passará a ser licita. No final,acrescentou, «o que está emcausa é decidir entre dois inte-resses: os da mãe e os da outravida».

Na ausência da oradoraJoana Amaral Dias, psicóloga,que não pode estar presente nodebate como inicialmente pre-visto, José Guilherme Gusmãovoltou a intervir, para salientaras alterações que podem advirda vitória do «sim» em refe-rendo. Na sua opinião, «dei-xará de haver pena de prisãopara mulheres que efectuemuma IVG; a realização do aborto nessascondições poderá ser feita em estabeleci-mentos de saúde; a IVG implicará aconse-lhamento obrigatório ao nível da educaçãosexual, planeamento familiar e informaçãosobre contracepção».

E DEPOIS DO REFERENDO?Na noite de dia 11 de Fevereiro, o

«sim» obteve 59% dos votos dos 44,6% deportugueses que se dirigiram às urnas.Nem o facto de não terem votado mais demetade dos eleitores no referendo impediuo consenso por parte das forças políticas, àexcepção do CDS-PP, relativamente à alte-ração da lei. Aliás, na altura, o primeiro-ministro José Sócrates foi explícito:«O povo falou e falou de forma clara. Veio

reforçar a legitimidade do espaço político elegislativo que estava em causa».

No panorama partidário, O PCP, oBloco de Esquerda e Os Verdes saudaramo resultado e pediram a rápida aprovaçãodo diploma, já aprovado na generalidadeno Parlamento. Mesmo o presidente doPSD, Marques Mendes, que fez campanhapelo «não» — apesar do partido que lideranão ter assumido uma posição no refe-rendo —, admitiu que a mudança da leiapós a vitória do «sim» seria legítima.

Já no seio do CDS-PP o resultado doreferendo foi encarado com desânimo.

O presidente do único partido que oficial-mente defendeu o «não» manifestou publi-camente a sua «mágoa». Ribeiro e Castroclassifica a alteração à lei como «uma daspáginas mais tristes da história portu-guesa» e afirmou que as «leis de liberaliza-ção» do aborto vão contar com a oposiçãodos democratas-cristãos.

Na sequência do referendo, a lei quedespenaliza o aborto até às dez semanas,em estabelecimentos de saúde legalmenteautorizados, ficou submetida a votaçãofinal global, marcada com carácter deurgência. Simbolicamente, a data escolhidafoi o Dia da Mulher, a 8 de Março passado.A lei contou com os votos favoráveis doPS, PCP, BE, Verdes e 21 deputados doPSD e, nas galerias da AR, a sua aprova-

ção foi saudada com palmas e com rosasnas galerias da AR. A partir desta data, ogoverno terá 60 dias para regulamentar porportaria a nova lei do aborto.

O diploma prevê uma consulta médicaobrigatória, acompanhamento facultativoao nível psicológico e de assistência social,período de reflexão mínimo de três dias eposterior encaminhamento para o planea-mento familiar. Não esquecendo umanorma legal que prevê os procedimentosadequados em caso de objecção de cons-ciência, por parte dos médicos. No entanto,não contempla a ideia do aconselhamento

obrigatório às mulheres quepensam fazer um aborto,como chegou a ser referido.

Na opinião de José Sócra-tes, agora, Portugal tem condi-ções para defender melhor avida e acabar com a «indigni-dade» do aborto clandestino.Para qualquer um de nos, umaconclusão não é difícil: A par-tir de agora, as mulheres dei-xarão de ser julgadas sob penade prisão pela prática doaborto.

No entanto, outras ques-tões se levantam: como será realizado oaborto nos estabelecimentos se saúdelegalmente autorizado? Mesmo depois dedespenalizado, será que as mulheres quefazem um aborto continuarão a sercriminalizadas pela própria sociedade?E mais importante: Sim, agora, o CódigoPenal foi alterado. Esperemos todos que,de futuro, o número de abortos, agoralegais, não aumente, mas antes, diminua.

RITA BENTO

ÂNGELA ANTUNES

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Page 16: Jornal Contrapontos

Paz VerdeA sua luta é feita em prol de

todos aqueles que são todos os diasatacados mas infelizmente não seconsegem defender…

Arriscam-se por tudo e portodos, sem terem em mente qual-quer tipo de louvores ou homena-gens, e pode-se dizer que simples-mente não querem nada mas aomesmo tempo querem tudo…

Para atingirem os seus fins, uti-lizam apenas «armas» primáriascomo correntes, marcadores, sprayse pouco mais. Na verdade, talvez asua grande força resida na ousadiae coragem com que se manifestame elevam valores perdidos apenascom cartazes e números arriscados.Ao contrário dos seus adversários,palavras como violência,maldadeou ganância não constam no seudicionário...

Não se ouvem conversas decafé acerca deles mas não preci-sam, porque quando actuam a suavoz faz eco nos quatro cantos domundo e mesmo que passe desper-cebido a esta sociedade injusta,existe um outro mundo inteiro quelhes agradece em silêncio... omundo dos «irracionais».

Chamo sociedade injusta por-que se houvesse justiça, pessoascomo estas estariam no mais altodegrau de qualquer pódio porque,parecendo que não esta sua luta éde todos e para todos, nós é queestamos um pouco adormecidos...mas alguém vai ter que pagar estanossa sonolência que está a causarestas catástrofes ambientais, o desa-parecimento de espécies e todo estedesequilíbrio geral que vivemos.Parece-me a mim que a «conta»está a chegar e se assim for, obri-gado Greenpeace por suavizaremas prestações...

SaudaçõesCARLOS ZOIO

São poucos os que conseguem viverfazendo o que sempre desejaram, ter o ofí-cio que os realiza. Falemos de artes! Porvezes as barreiras começam na própriafamília, quando os pais acham que não sevive de artes, que não é trabalho que eno-breça alguém, ou quando a pouca ousadiana vida os leva a duvidar que os filhospossam um dia viver da arte. É frequentevermos nos novos formatos de programa

de televisão, pessoas já com alguma idademostrando as suas habilidades e querendoatingir com essa participação, o objectivodas suas vidas; ser conhecido pela sua arte.

É difícil ao autor dar a conhecer a suaarte, muitos obstáculos se erguem na nossafrente e temos que estar atentos a iniciati-vas como a «Feira do 31», para podermosdivulgar os nossos trabalhos. É difícilvivermos do produto do nosso trabalho eportanto temos que ter uma profissão quemuitas vezes nada tem a ver com a nossaarte, para podermos viver e comprar amatéria-prima para a arte adesenvolver, depois... ostrabalhos ficam encosta-dos a um canto da casa, ounuma gaveta, pois oescoamento também édifícil. Os amigos dizemque é bonito, mas a crisenão lhes permite a comprae o artista vai acumulandoo produto do seu empe-nho.

Na literatura, vendemos nomes sonantes, aindaque o interior do livro nãotenha sumo, ou qualidadeliterária. Escrevemos tra-balhos que as editoras nos

dizem ser de qualidade, mas infelizmente,não estão de acordo com a política edito-rial da casa. Compramos um livro dessamesma (ou de outra) editora, escrito porum actor, modelo, treinador de futebol, ouaté concubina de presidente de clube e nãopassamos das primeiras páginas, pois nãoestamos dispostos a desperdiçar vida compalermices, mas acabámos por dar pérolasa porcos com a compra do livro.

Na pintura processa-sede forma similar, o nome, aassinatura, conta muito parao sucesso do artista. Fui umavez a uma galeria com asminhas telas, tentando asorte de as colocar à vendacom o intuito de ganharalgum dinheiro para podercontinuar a comprar materiale continuar a pintar, mas amontra destina-se a pintoresde sucesso, com nome napraça. Estava o dono dagaleria a emoldurar trêspequenas telas de um nomeconhecido, que mais pare-ciam o meu pano de limpar

os pincéis, custavam um balúrdio. O nomeconta! Pensei comprar telas pequenas paralimpar os pincéis, pode ser que um diavalham algo! Fiz 3 exposições na minhaterra e o comentário de quem me conheceé — Ah, é o Pinheiro, agora também pin-ta! — santos da casa não fazem milagres!

Valham-nos concursos de arte que nospossam empurrar para um lugar ao sol,valha-nos uma associação como a 3pontosque dá valor a quem produz arte.

Como podemos esperar que nos com-prem uma tela, se nas próprias casas de

material de pintura se ven-dem quadros enormes comestampas de paisagens a umpreço irrisório? São bonitassim, mas não são da praiada Aguda, ou do Magoito,são de paisagens estrangei-ras que nada nos dizem aocoração. Mas são baratas e opaís está em crise... mais doque a imprensa e o governoanunciam!

É difícil, muito difícil,mas em Fontanelas háquem dê valor à arte, bemhajam 3pontos.

ANTÓNIO PINHEIRO

Associação juvenil marca 3pontos na cultura!

Da Aguda ao Magoito

Patrão Lagoa