jornal contra o uso de agrotóxicos, 2011

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Campanha permanente Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida! contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida! Se o campo não planta Se o campo não planta a cidade não janta a cidade não janta ! ! Pra começo de conversa... Pra começo de conversa... Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida! Nós da Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF, Executiva Nacional dos Estudantes de Biologia – ENEBio e Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB estamos organizando junto à diversas ONG's e movimentos sociais do campo uma “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida” da qual faz parte esse jornal. Essa campanha surge da importância que os agrotóxicos tomaram na produção agrícola brasileira e dos problemas consequentes da sua adoção junto a todo um pacote tecnológico pouco preocupado com as demandas reais da sociedade mas sim com o lucro a todo custo ambiental, social e político. Esperamos que esse material te traga mais informações sobre os agrotóxicos e os problemas que a sociedade vai precisar enfrentar se estiver interessada em um campo brasileiro que produza alimentos saudáveis para os seus consumidores, que não cause doenças aos trabalhadores rurais e às comunidades próximas das áreas de grandes monoculturas e que estabeleça formas diferentes de produção de energia com respeito ao meio Ambiente. Os grandes produtores e as empresas aumentou de 2000 até 2009 em 67%, chegando a 23.359 milhões de hectares, transnacionais defendem a ampla enquanto a quantidade utilizada de utilização de agrotóxicos nas lavouras e um Glifosato nessa área aumentou em dos argumentos para isso seria a impressionantes 209%, o que significam progressiva diminuição no uso destes 226.825 milhões de toneladas do devido à utilização vinculada a organismos herbicida, derrubando por terra este geneticamente modificados. argumento. O Glifosato (herbicida desenvolvido Outros agrotóxicos também têm tido pela transnacional Monsanto) é sua importação e uso aumentados, largamente utilizado em plantações da chegando à taxa de 5,25% ao ano de espécie geneticamente modificada para aumento no consumo de herbicidas entre ser resistente a ele; A soja RR (RoundUp os anos de 1999 a 2007, 4,92% nos Ready), ou seja, pronta para a utilização do inseticidas e 2,34% nos fungicidas no Glifosato, também é desenvolvida pela mesmo período. Monsanto. Quando o herbicida é aplicado Já no que diz respeito ao crescimento em uma lavoura de soja RR todas as plantas anual do consumo de agrotóxicos por que não são resistentes ao herbicida estado brasileiro, ainda segundo dados do morrem e apenas a soja resistente SINDAG, o campeão de aumento do uso foi sobrevive. o Mato Grosso com uma média de 5,42% Os defensores do agronegócio ao ano de 1999 a 2007; O Paraná teve uma garantiam que este herbicida seria média de 5,12% ao ano enquanto o Rio utilizado em quantidades cada vez Grande do sul 5,08 sendo que a soja foi menores quando vinculado ao plantio de responsável em 2007 por 43% do consumo soja transgênica, aumentando a total de agrotóxicos no Brasil. produtividade da soja sem aumentar a área plantada, para demonstrar que os produtos transgênicos poderiam ser uma solução para a produção de alimentos apenas com o aumento da produtividade da lavoura. Segundo a Conab/SINDAG (sindicato nacional da indústria de produtos para defesa agrícola) em pesquisa publicada em 08/07/10 a área plantada de soja Pra começo de conversa... Pra começo de conversa... Pedrinho, já tomou o seu veneno hoje? Não mãe, estou sem fome! CADA BRASILEIRO CONSOME 5 KG DE AGROTÓXICOS POR ANO. O caso do Glifosato O caso do Glifosato www.agrotoxiconao.wordpress.com

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Page 1: Jornal Contra o Uso de Agrotóxicos, 2011

Campanha permanente Campanha permanente

contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Se o campo não plantaSe o campo não planta

a cidade não jantaa cidade não janta!!Pra começo de conversa... Pra começo de conversa...

Campanha permanente

contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Nós da Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF, Executiva Nacional dos Estudantes de Biologia – ENEBio e Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB estamos organizando junto à diversas ONG's e movimentos sociais do campo uma “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida” da qual faz parte esse jornal.

Essa campanha surge da importância que os agrotóxicos tomaram na produção agrícola brasileira e dos problemas consequentes da sua adoção junto a todo um pacote tecnológico pouco preocupado com as demandas reais da sociedade mas sim com o lucro a todo custo ambiental, social e político.

Esperamos que esse material te traga mais informações sobre os agrotóxicos e os problemas que a sociedade vai precisar enfrentar se estiver interessada em um campo brasileiro que produza alimentos saudáveis para os seus consumidores, que não cause doenças aos trabalhadores rurais e às comunidades próximas das áreas de grandes monoculturas e que estabeleça formas diferentes de produção de energia com respeito ao meio Ambiente.

Os grandes produtores e as empresas aumentou de 2000 até 2009 em 67%, chegando a 23.359 milhões de hectares, transnacionais defendem a ampla enquanto a quantidade utilizada de utilização de agrotóxicos nas lavouras e um Glifosato nessa área aumentou em dos argumentos para isso seria a impressionantes 209%, o que significam

progressiva diminuição no uso destes 226.825 milhões de toneladas do devido à utilização vinculada a organismos herbicida, derrubando por terra este geneticamente modificados. argumento.

O Glifosato (herbicida desenvolvido Outros agrotóxicos também têm tido pe la t ransnac iona l Monsanto) é sua importação e uso aumentados, largamente utilizado em plantações da chegando à taxa de 5,25% ao ano de espécie geneticamente modificada para aumento no consumo de herbicidas entre ser resistente a ele; A soja RR (RoundUp os anos de 1999 a 2007, 4,92% nos Ready), ou seja, pronta para a utilização do inseticidas e 2,34% nos fungicidas no Glifosato, também é desenvolvida pela mesmo período.Monsanto. Quando o herbicida é aplicado Já no que diz respeito ao crescimento em uma lavoura de soja RR todas as plantas anual do consumo de agrotóxicos por que não são resistentes ao herbicida estado brasileiro, ainda segundo dados do morrem e apenas a soja resistente SINDAG, o campeão de aumento do uso foi sobrevive. o Mato Grosso com uma média de 5,42%

Os defensores do agronegócio ao ano de 1999 a 2007; O Paraná teve uma garantiam que este herbicida seria média de 5,12% ao ano enquanto o Rio utilizado em quantidades cada vez Grande do sul 5,08 sendo que a soja foi menores quando vinculado ao plantio de responsável em 2007 por 43% do consumo so ja t ransgênica , aumentando a total de agrotóxicos no Brasil.produtividade da soja sem aumentar a área plantada, para demonstrar que os produtos transgênicos poderiam ser uma solução para a produção de alimentos apenas com o aumento da produtividade da lavoura.

Segundo a Conab/SINDAG (sindicato nacional da indústria de produtos para defesa agrícola) em pesquisa publicada em 08/07/10 a área plantada de soja

Pra começo de conversa... Pra começo de conversa...

Pedrinho,já tomou o seuveneno hoje?

Não mãe,estou sem

fome!

CADA BRASILEIRO

CONSOME 5 KG DE

AGROTÓXICOS

POR ANO.

O caso do Glifosato O caso do Glifosato

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Page 2: Jornal Contra o Uso de Agrotóxicos, 2011

Muitos produtos utilizados na lavoura agrotóxicos, não é verdade? A resposta do podem causar os agrotóxicos na vida dos brasileira foram indicados para testes em censo agropecuário realizado em 2006 não agricultores e consequentemente na dos 2008 pela ANVISA (Agência Nacional de é nem de longe satisfatória. consumidores. O que necessitamos é a Vigilância Sanitária), dentre eles o Segundo ele a orientação técnica paralisação da utilização de agrotóxicos e a Glifosato com suspeitas de casos de continua muito limitada, sendo praticada construção de um novo modelo de intoxicação, solicitação da revisão da em apenas 22% dos estabelecimentos – desenvolvimento de tecnologia para o Ingestão Diária Aceitável (IDA) por parte da aqueles cuja área média é de 228 hectares. campo. Um modelo que não seja nocivo empresa registrante, necessidade de Mais da metade dos estabelecimentos para a saúde do trabalhador e do controle de impurezas presentes no onde houve utilização de agrotóxicos não consumidor e que traga consigo uma produto técnico e possíveis efeitos r e c e b e u o r i e n t a ç ã o t é c n i c a , política de educação e saúde satisfatória, toxicológicos adversos; o Tricloform por representando 785 mil estabelecimentos que não espere mais para contar as vítimas suspeita de neurotoxidade, potencial ou 56,3% do total de estabelecimentos. para depois tentar barrar a liberação carcinogênico e toxicidade reprodutiva; o Ainda sobre a estatística da utilização indiscriminada do uso de agrotóxicos, na Acefato por suspeita de neurotoxidade, adequada dos agrotóxicos o censo indica base do “Não te falei! Tá aqui o defunto pra suspeita de carcinogenicidade e de que cerca de 296 mil estabelecimentos não provar que o agrotóxico mata!”.toxicidade reprodutiva e a necessidade de utilizaram nenhum equipamento de revisar a Ingestão Diária Aceitável e a proteção individual, representando Cyhexatina por alta toxidade aguda, incríveis 21,23% dos estabelecimentos que suspeita de carcinogenicidade para seres utilizam agrotóxicos.humanos, toxicidade reprodutiva e Para piorar o cenário do campo neurotoxicidade. brasileiro o censo também aponta que 39%

Dos produtos citados acima já foram dos produtores são analfabetos ou sabem testados alguns deles, e os resultados das ler e escrever, mas não freqüentaram a reavaliações não devem agradar as escola, e 43% não possuíam o ensino empresas. O Acefato foi, juntamente com o fundamental completo, totalizando mais Metamidofós, indicado ao banimento no de 80% dos produtores rurais com baixa Brasil; a Cyhexatina teve o indicativo de escolaridade. Considerando-se o recorte banimento total até julho de 2011 (apenas de gênero o analfabetismo chega a 45,7% mantida no estado de SP); o Endossulfam em mulheres enquanto essa taxa para teve o indicativo de banimento total até homens é de 38,1%. Para agravar ainda julho de 2013 com proibição imediata em mais estas estatísticas foi observado que 18 estados e o Tricloform teve o indicativo há mais de um milhão de crianças com de banimento total no Brasil. Estes menos de 14 anos de idade trabalhando na resultados põem em cheque uma verdade agropecuária e quase 12 milhões dos considerada absoluta por muito tempo no t ra b a l h a d o r e s s ã o t e m p o rá r i o s , Brasil, que os agrotóxicos não causariam dificultando ainda mais a capacitação e o danos ao meio ambiente e a saúde da acúmulo da experiência profissional, além população. da retirada de qualquer benefício

Mas os agricultores têm meios de se constitucional de um emprego com p ro te ge re m d o co ntato co m o s carteira assinada.agrotóxicos, não? Aval iando-se a O que todo este cenário da realidade possibilidade de danos à saúde humana há agrária nos diz claramente é a grande um processo de conscientização e complexidade com que lidamos no campo proteção dos agricultores que utilizam para apenas desconsiderar os danos que

Campanha permanente Campanha permanente 22 contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

E a nossa saúde, como fica? E a nossa saúde, como fica?

Pimentão 80%Uva 56,4%

Pepino 54,8%Morango 50,8%Abacaxi 44,1%Couve 44,1%Mamão 38,8%Alface 38,4%Tomate 32,6%Cenoura 24,8%

Porcentagem de alimentos com ídice de Ingestão Diária

Aceitável de agrotóxicos acima do indicado

F o n t e : A n v i s a

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Campanha permanente Campanha permanente 33 contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

O último Censo Agropecuário de 2006, publicado apenas em 2009, mostra em números uma realidade do campo brasileiro muito diferente daquela que coloca o agronegócio como um dos p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s p e l o desenvolvimento nacional.

Afinal, que tipo de desenvolvimento é esse? E para quem ele serve?

Os dados mostram que os agricultores familiares são responsáveis por 40% da produção agropecuária do Brasil e detêm apenas 24% das terras, estando estas nas piores condições de topografia e fertilidade. Sabe-se que, devido às condições estruturais e à falta de investimentos do governo, há uma impossibilidade em maiores valores na produção, fazendo com que grande parte da produção da agricultura familiar fique para o auto-sustento. No entanto, básicos para a população visualizamos que a produtividade nesse brasileira (70% do feijão, 87% da caso é maior que a do agronegócio. mandioca, 58% do leite consumido no

Enquanto isso, o agronegócio país).recebe 86% do investimento do Estado, é S e g u n d o o M i n i s t é r i o d o responsável por 60% da produção Desenvolv imento Agrár io - MDA agropecuária e detém 76% das terras. A (“Agricultura Familiar no Brasil” e o Censo desigualdade é clara na distribuição das Agropecuário 2006), o agronegócio terras e de investimentos. E ainda, os contribui com 30% do PIB brasileiro. No produtos gerados pelo agronegócio são entanto, esse lucro fica nas mãos de principalmente as commodities (cana-de- poucos, já que,mesmo com a posse da

açúcar, soja, eucalipto), enquanto alimentos

Você sabe de onde vem o que você come? Você sabe de onde vem o que você come? Agricultura familiar alimenta o Brasil

agricultura familiar se coloca como a principal fornecedora de alimentos maior extensão em terra; o agronegócio, dos empregos gerados no campo, emprega apenas 26%, enquanto a agricultura familiar, emprega 74%.

Fica claro, assim, o projeto que é colocado para nossa agricultura. Os g r a n d e s i n v e s t i m e n t o s s ã o direcionados para uma agricultura voltada pra fora, que supre uma demanda que não é nossa e cujo lucro não fica para nosso povo.

Acreditamos e lutamos por outro projeto para a agricultura brasileira. Um projeto que coloca o desenvolvimento como gerador de melhores condições para o povo. Visualizamos, assim, a agricultura familiar contribuindo dessa maneira no campo. Trata-se de uma produção que parte de demandas populares, gerando alimentos e empregos para o povo brasileiro e contribuindo, assim, com mais justiça social e com nossa soberania alimentar.

Fonte: Agricultura Familiar no Brasil e o Censo Agropecuário 2006; MDA

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Campanha permanente Campanha permanente 44 contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Apenas pela necessidade de se revisar a possibilidade de efeitos tão danosos de um desses produtos como a causa de câncer em seres humanos já se observa a negligência e pressão política de alguns setores para a aprovação precipitada desses produtos, demonstrando que um dos princípios básicos para a liberação de uso de novos produtos, o princípio da precaução, que leva em conta uma série de testes antes da liberação destes produtos é basicamente ignorado, e porque não dizer, atropelado.

Estudos como o de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de impacto no Meio-Ambiente (RIMA) t a m b é m t ê m s e u s r e s u l t a d o s

Iremos tratar aqui de um caso que foi Endossulfan (Classe I ) , que teve recomendação de banimento pela ANVISA objeto de estudos de um grupo de em processo de reavaliação toxicológica. pesquisadores da Universidade Federal do

Nas amostras colhidas em diferentes Ceará – UFC que amparados na função pontos ao longo do canal, e também nas social da Universidade Pública e na ética da caixas d`água foram identificados de 3 a 12 pesquisa (pública), buscaram denunciar pr inc íp ios at ivos . Os inset ic idas alguns impactos dos agrotóxicos. Segundo encontrados, em sua maioria são usados a pesquisa `A temática que envolve o uso para combater pragas da banana e do dos agrotóxicos adquiriu relevância abacaxi, principais culturas da região, e crescente no âmbito da saúde coletiva. As alguns deles pertencem às Classe estimativas da Organização Mundial da Toxicológica I e I I , considerados Saúde – OMS e da Organização extremamente tóxicos e altamente tóxicos Internacional do Trabalho – OIT, em 2005 à saúde humana e ambiental. são de ocorrência de 7 milhões de

intoxicações severas anuais no mundo, das quais resultam cerca de 70.000 mortes, a maioria delas referentes a exposições ocupacionais. Estes agravos concentram-se nos países em desenvolvimento e

del iberadamente ignorados pelos somam-se a efeitos crônicos como argumentos de que o atravancamento da sequelas neurocomportamentais (25 mil liberação destes produtos e de organismos casos), câncer (37 mil casos), dermatoses geneticamente modificados era feito por (700 mil casos), na estimativa realizada em motivos ideológicos que se colocavam 1990.contra o desenvolvimento do país. O caso aprofundado na pesquisa

acontece na chapada do Apodi, que se situa no estado do Ceará, quase divisa com o Rio Grande do Norte. As comunidades da chapada denunciaram uma série de irregularidades que dentro do quadro descrito acima contribuíram no estudo e diagnóstico do uso dos agrotóxicos na realidade brasileira.

As comunidades da Chapada são abastecidas com a mesma água utilizada para irrigação, que percorre cerca de 14 km no canal principal a céu aberto, à margem das plantações. No canal que abastece a localidade foram detectados oito princípios ativos diferentes, dentre eles o

A comunidade considera que o aumento desses produtos se deu devido a introdução da pulverização aérea, que passou também a acontecer devido à expansão dos cultivos de banana pelas empresas que se instalaram na região.

Foi diagnosticado que a água do aquífero já está contaminada pelos agrotóxicos e que há um expressivo aumento da demanda por água no período das secas, advinda da reserva subterrânea,

Somos contra o desenvolvimento que se para irrigação das plantações de grandes dê qualquer custo e para poucos, mas

empresas de fruticultura que estão somos a favor do desenvolvimento que instaladas na região.não desconsidere intencionalmente a

possibilidade real de serem cometidos erros, que não atropele as leis já estabelecidas, que sirvam às necessidades do povo que o financia e que respeite o meio ambiente que nos sustenta. Esse modelo de desenvolvimento que queremos é possível e já está em desenvolvimento, a agricultura familiar que produz agroecologicamente traz consigo essa responsabilidade com a produção de alimentos saudáveis para o povo brasi le iro, que respeita os produtores, o meio ambiente e a saúde das pessoas que consomem seus produtos

Contaminação da água e do solo

Que desenvolvimentoqueremos?

Que desenvolvimentoqueremos?

Estudo de caso: A Chapada do ApodiEstudo de caso: A Chapada do Apodi

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Por que tanto Agrotoxico?Por que tanto Agrotoxico? fragilizando as políticas públicas para isso.

O cultivo da banana na Chapada do Apodi, assim como em outras regiões, enfrenta o problema da Sigatoka-amarela,

A preocupação e o incômodo da doença endêmica causada pelo fungo população residente na Chapada do Apodi Mycosphaerella musicola Leach que levaram a uma série de reivindicações e provoca perdas de até 50% na produção. A lutas, inclusive a mobilização pela própria implantação de extensas áreas de proibição da pulverização aérea, liderada monocultura é um dos principais fatores por José Maria Filho, morador da para o surgimento de pragas somado ao

Trabalhadores também se queixam sobre problemas de saúde comunidade do Tomé.desmatamento, que juntos interferem no . A comunidade acredita que a reação das equilíbrio ecológico, devido a falta de

empresas frente a mobilização levou Zé biodiversidade. Outro fator está ligado às O MAPA, Ministério da Agricultura, Maria, também militante do Movimento altas taxas de produtividade por hectare,

Pecuária e Abastecimento, define as dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, ser que só são possíveis a base de condições de aplicação dos agrotóxicos: assassinado em 21 de abril de 2010. Um intervenções químicas (adubos químicos e distâncias mínimas de duzentos a dos fatores que os leva a crer nisso é o fato agrotóxicos), que com o tempo podem quinhentos metros de mananciais de água, de que a liminar de proibição de aplicação esgotar o solo e fragilizar as plantas, p o vo a çõ e s ; a l é m d a s co n d i çõ e s de agrotóxicos via aérea foi revogada logo aumentando sua vulnerabilidade às ambientais de temperatura, velocidade após a morte do militante, deixando claro o pragas.dos ventos e umidade relativa do ar, entre motivo da morte dessa importante Como estes fatores estão intimamente outros. Porém, estas normas não são referência de luta da região.ligados à lógica do agronegócio, a aplicação cumpridas Durante os debates ocorridos em de fungicidas tem sido prática freqüente

A EMBRAPA - Empresa Brasileira de Audiência Pública promovida pelo das empresas do agronegócio e dos Pesquisa Agropecuária- apresentou em Legislativo, em 12 de maio de 2010, o pequenos produtores que trabalham em 2006 estudos comprovando que existe representante das empresas mostrou que parceria com elas, na tentativa de controle uma "deriva técnica", em que os atuais os prejuízos para elas, caso a pulverização da doença. Alimentando ainda mais o equipamentos de pulverização, mesmo aérea fosse suspensa, poderiam chegar a modelo dependente destes químicos.com calibração, temperatura e ventos R$ 22.125.000,00 por ano. É necessário, ideais, deixam cerca de 32% dos entretanto, estimar adequadamente os agrotóxicos pulverizados retidos nas prejuízos para o meio ambiente e a saúde O acompanhamento das comunidades plantas, 49% vão para o solo e 19% vão humana, e os custos que a contaminação da Chapada, permitiu o diagnóstico de pelo ar para outras áreas circunvizinhas da de pessoas, animais, alimentos e casos de intoxicações agudas como aplicação; mostrando que ainda que compartimentos ambientais impõem às irritações na pele e mucosas, e problemas cumpridas, as normativas do ministério instituições públicas, que possivelmente respiratórios. Estão em estudo também os não garantiriam suficientemente a ultrapassam os ganhos privados das efeitos de longo prazo, como o aborto, proteção do ambiente e da saúde humana. empresas. Isto sem mencionar a dimensão cânceres, malformações congênitas, O quadro se agrava com a ineficiência de humana e ética do problema. Há vidas em d o e n ç a s e n d ó c r i n a s , d o e n ç a s fiscalização do Estado, que acabam risco.imunológicas, etc.

Processo de Lutas na Chapado do Apodi.

Uso seguro?

Problemas a saúde humana!

Campanha permanente Campanha permanente 55 contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Estudo de caso: A Chapada do Apodi (cont.)Estudo de caso: A Chapada do Apodi (cont.)

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Campanha permanente Campanha permanente 66 contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Você conhece o código florestal? O desrespeito ao código, ou seja, os grandes Isso nos mostra que a produção agrícola código florestal é o conjunto de leis que produtores de soja, cana-de-açúcar, do agronegócio não consegue conviver rege sobre as propriedades agrícolas nas p e c u á r i a ( p r i n c i p a i s c r i m i n o s o s harmonicamente com a preservação questões ambientais, delimitando as ambientais segundo o código atual) não ambiental, pois é essa baseada em Áreas de preservação permanente (APP) precisariam pagar as multas, que já intervenções químicas pesadas, na nas margens dos rios, topos de morros, e correspondem a mais de 10 bilhões de monocultura, e visando o aumento de reserva legal (RL). Ele é pouco divulgado e reais. Veja alguns exemplos de propostas produção a qualquer custo, mesmo que o pouco estudado nas profissões de dos ruralistas: na Amazônia legal custo seja a vida do solo, da biodiversidade agrárias, isso contribui para uma série de diminuiria de 80% para 50% a área e da saúde do povo.

Mesmo não havendo incentivo estatal mitos em relação às suas determinações. destinada à preservação; no que diz Atualmente o código é bem rigoroso no para a aplicação do código, vemos que a respeito à recuperação das áreas

sentido da proteção ambiental e propõe a agricultura camponesa, quilombola, degradadas, a proposta de novo código conciliação da produção agrícola com o indígena conseguem conviver com a propõe que se possa utilizar até 50% de meio ambiente, para as pequenas preservação ambiental. Pois é nas áreas espécies exóticas, afetando diretamente a propriedades, por exemplo, permite desses povos em que ainda existe floresta questão da biodiversidade e permitiria, inclusive o reflorestamento com a técnica preservada. E o código florestal não por exemplo, a implantação de eucaliptos, de sistema agroflorestal. representa um empecilho na vida das que como sabemos é uma espécie que

Aproveitando-se do desconhecimento famílias nem para a produção de alimento requer muita água e desgasta a fertilidade da população em relação ao código e delas.do solo.interessados no aumento da produção e É por isso, que os movimentos sociais, do lucro, desde junho de 2009 foi formada as organizações ambientalistas, os uma comissão especial para formular uma pequenos agricultores, estudantes, lutam proposta de alteração do código florestal. pela manutenção do código florestal. Não Essa movimentação para a alteração foi podemos continuar fechando os olhos liderada pelos ruralistas e representantes para as causas da destruição ambiental e do agronegócio que compõem a CNA permitir que se acirre a exploração. O (Confederação Nacional da Agricultura e código florestal deve ser mantido, mas não Pecuária), cuja presidente é a Senadora basta estar na lei como letra morta.

Devemos exigir do Estado um conjunto Kátia Abreu (DEM-TO). O relator da de políticas públicas coerentes que Comissão é o Deputado Aldo Rebelo incentivem áreas de preservação nas (PCdoB).

A proposta dos ruralistas e do propriedades agrícolas. E também, agronegócio de alteração do código vem construir bases para um novo modelo no sentido de flexibilizar as leis, diminuir as agrícola, uma política de financiamento áreas de APP e RL, além da anistia aos para a agricultura camponesa, que é quem produtores por crimes ambientais de pode produzir agroecologicamente.

Floresta não é mercadoria! É bem do povo! Floresta não é mercadoria! É bem do povo!

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Page 7: Jornal Contra o Uso de Agrotóxicos, 2011

Nós, enquanto Movimento Estudantil,

junto com os Movimentos Sociais do

Campo, acreditamos em uma agricultura

economicamente viável e competitiva, ao

mesmo tempo, socialmente justa e em

equilíbrio com o meio ambiente e, para

isso, nos colocamos em luta por uma

outra proposta de desenvolvimento

rural, a qual só será possível com uma

profunda transformação técnica,

cultural, econômica e política.

A nossa luta, dessa maneira, é pela

Agroecologia, que se coloca como nossa

proposta política para o campo em

contraposição ao Agronegócio. Nossa

proposta vê o povo como protagonista

dessa transformação e, visualizando que

temos uma população rural marginalizada

e desacreditada de si, faz-se necessário

a ênfase na pesquisa participativa em

consonância com as metodologias da anteriormente colocados quando exportação. Acreditamos que essas

Educação Popular. investe em um melhor uso dos recursos demandas sejam justamente a produção

Além disso, a agricultura, nesses internos, minimizando o uso de insumos de alimentos e energia de maneira

m o l d e s , s u p e r a o s d e s a f i o s externos; recicla e gera recursos e amb ienta lmente sustentáve l e

i n s u m o s n o i n t e r i o r d o s socialmente inclusiva, garantindo nossa

agroecossistemas; além de usar com segurança e soberania alimentar.

mais eficiência as estratégias de Dessa maneira, acreditamos e por

diversificação de cada agroecossistema. isso lutamos pela Agroecologia. Lutamos

Ressaltamos que quando partimos das pela Agroecologia enquanto proposta

demandas locais, nos colocamos em luta para o campo e parte do projeto que

por um tipo de agricultura que acreditamos para os países latinos, um

corresponda às demandas do povo como projeto que só se concretizará se

um todo, as quais estão muito longe de p r o t a g o n i z ado pelo nosso povo,

ser a produção de commodities para tornando-o soberano de sua própria

história.

Campanha permanente Campanha permanente 77 contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Agroecologia, a nossa proposta !Agroecologia, a nossa proposta !

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Campanha permanente Campanha permanente 88 contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

Campanha permanente contra o uso de Agrotóxicos e pela Vida!

O que é o movimento estudantil afinal?

u n i ve rs i tá r i a e s e re m o s f u t u ro s Nós, enquanto Movimento Estudantil, profissionais. O movimento estudantil debatemos e lutamos, para além dos toma para si a responsabilidade de pensar temas relacionados com nossa formação

Mesmo antes de entrarmos na e atuar sobre a realidade do estudante e em s i e da educação, assuntos universidade ouvimos falar sobre questionar nossa formação profissional, relacionados à juventude, relações de movimento estudantil e o quanto a para que possamos atender as reais gênero, produção de ciência e tecnologia e juventude foi ativa politicamente em necessidades da sociedade, já que a outros temas que nos ajudam a ter uma épocas como da ditadura militar e no “fora Universidade sozinha não o faz. Os visão mais ampliada da sociedade em que Collor”, mas o que é esse movimento? estudantes se organizam no movimento vivemos para que possamos chegar às C o m o o s u n i v e r s i t á r i o s a t u a m estudantil para construir o que queremos e nossas próprias conclusões e dar respostas politicamente hoje em dia e como se pensamos sobre os rumos da educação no mais coerentes sobre o que queremos para organizam? país e sobre o profissional que seremos, o Brasil.

S a b e m o s s o b r e a n o s s a mostrar nossa opinião e reivindicar as responsabilidade com a sociedade e com o mudanças necessárias, seja na nossa JUVENTUDE QUE OUSA LUTAR!

desenvolvimento do país, já que somos universidade ou fora dela. CONSTRÓI PODER POPULAR!jovens e estamos entrando na vida

Construir o novo com firmeza e com amor !Construir o novo com firmeza e com amor !

“Quiçá, com os pés e as

mãos postos em terra firme,

sejamos capazes de romper

com este ideal iluminista de

que outro mundo é possível

sem luta, sem sujeitos, sem

disputa, sem projetos, sem

consciência de classe.”

Roberta Transpadini

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