jornal barca dos livros

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Barca dos Livros E M SETE ANOS Mais de quatro mil atividades T ODO MÊS Histórias na Barca dos Livros Sarau de Histórias Encontro com autor T ODA SEMANA A Escola vai à Barca Terças Encont(R)os Leitura Literária Quartas de Babel Quintas Literárias U M DOS M ELHORES P ROGRAMAS DE I NCENTIVO À L EITURA DO B RASIL PARA C RIANÇAS E J OVENS Dez anos de Sociedade Amantes da Leitura Sete anos de Biblioteca Comunitária Três anos de Ponto de Cultura

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A Barca dos Livros é um projeto em realização. Idealizado por um pequeno grupo, demos o primeiro passo quando criamos a Sociedade Amantes da Leitura em 2003, pequenos passos a cada ano, com o Abril com Livros e um passo largo e ousado, abrindo as portas da Biblioteca Barca dos Livros em 2 de fevereiro de 2007. Em 2010, mais um passo: a Barca tornou-se Ponto de Cultura com o projeto Porto de Leituras.

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Page 1: Jornal Barca dos Livros

BarcadosLivros

E m s E t E a n o s

Mais de quatro mil atividadest o d o m ê s

Histórias na Barca dos LivrosSarau de HistóriasEncontro com autort o d a s E m a n a

A Escola vai à BarcaTerças Encont(R)osLeitura LiteráriaQuartas de BabelQuintas Literárias

Um d o s m E l h o r E s Pr o g r a m a s d E I n c E n t I vo à l E I t U r a d o Br a s I l Pa r a cr I a n ç a s E Jov E n s

Dez anos de Sociedade Amantes da LeituraSete anos de Biblioteca ComunitáriaTrês anos de Ponto de Cultura

Page 2: Jornal Barca dos Livros

E

Barca dos Livros é um projeto em realização. Idealizado por um pequeno grupo, demos o primeiro passo quando criamos a Sociedade Amantes da Leitura em 2003, pequenos passos a cada ano, com o Abril com Livros e um passo largo e ousado,

abrindo as portas da Biblioteca Barca dos Livros em 2 de fevereiro de 2007. Em 2010, mais um passo: a Barca tornou-se Ponto de Cultura com o projeto Porto de Leituras.

Fomos fazendo, estamos fazendo: “Nem nós sabíamos que isso seria tão grande!” O espanto da querida Regi, que alterna comigo a direção geral da SoALe, resume bem os nossos sobressaltos diante do tamanho da obra que criamos, uma biblioteca comunitária.

Não qualquer biblioteca: a Barca é, sim, especial. Nosso acervo de literatura e arte é selecionado ano a ano entre os melhores livros premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, de cujo grupo de votação fazemos parte, com os mesmos objetivos – facilitar o acesso ao livro de qualidade e formar e alimentar leitores literários. Pessoas de todas as idades e de todas as classes sociais encontram abertas as portas, para as atividades culturais ou para levar, emprestado e gratuitamente, o livro escolhido.

Ambicionamos mais: a construção de uma sede própria e uma barca itinerante em nossa Lagoa da Conceição.

Há muito a agradecer aos que sonharam, sonham e realizam conosco, especialmente aos nossos voluntários. E há lugar para outros, pois o sonho continua, bonito e realizável, como demonstra este jornal. Boa leitura!

Depois De muitas milhas, o registro De borDo

m sete anos de funcionamento, a Biblioteca Barca dos Livros cadastrou 3.900 leito-res e efetuou 48.900 empréstimos de livros de seu acervo de mais de 11 mil títulos catalogados (com mais 3 mil para catalogar). Além disso, somou, dentro de sua proposta de incentivo à leitura, 1.650 ações culturais de diferentes categorias.

De 2006 a 2012 foram registrados: 104 encontros com autores e lançamentos de livros; 18 exposições de arte; 158 passeios de barco com sessões para contar histórias; 70 saraus literários; 195 encontros com leituras de obras literárias em voz alta; 496 visitas de escolas; 41 noites de prosa, poesia e canção; 48 tardes de histórias, teatro, música e cinema; 61 cursos e oficinas; 29 sessões do Cinema na Barca; 70 sessões das Quartas de Babel; 31 sessões do grupo de leitura literária; 153 reuniões do NEP – Núcleo de Estudos e Pesquisas.

e x p e D i e n t e

EdIção Celso VicenzitExtos Tânia Piacentini, Tanira Piacentini, Celso Vicenzi. dEsIgn Renato RizzarorEvIsão Tanira Piacentini.

BIBlIotEca Barca dos lIvros

E q U I P E E x E c U t I va

coordEnadora Tânia Piacentini gEstora gEral Tanira PiacentiniassEssora dE comUnIcação Aline MacielgEstor cUltUral Roberson Hoberdan Corrêa

at E n d I m E n t o

volUntárIos Luiz Renato C. da Silva, Jane de Souza Liem, Sybilla Victória Sievert, Tatiana Moreno, Maria Luiza G. Lopedote

artIgos E sUgEstõEs dE lEItUra

Núcleo de Estudos e Pesquisas da Barca dos Livros

logomarca Barca dos lIvros Huan Gomes

logomarca amantEs da lEItUra Jandira Lorenz

Fotos Aline Maciel, Elaine Borges, Francine Canto, Inaiara Wilke, Renato Rizzaro (capa e pg 2), Ronaldo de Andrade, Sigval Schaitel, equipe e voluntários. Acervo, Barca dos Livros.

volUntárIos

A Barca dos Livros conta com uma equipe incansável de voluntá-rios (sócios e amigos da Barca), que colabora para que seja possível a realização de todas as atividades programadas e o atendimento especializado. árEas dE atUação dos volUntárIos auxiliares de biblioteca, catalogação, divulgação, narração de histórias, música, formação de leitores e mediadores de leitura, análise e seleção de obras, sugestões de leitura, resenhas e artigos. A eles nosso agradecimento especial!

socIEdadE amantEs da lEItUra

dIrEtora gEral Tânia PiacentinidIrEtora admInIstratIva Isa Saraiva FerreirasEcrEtárIa Silvana GilitEsoUrEIro Hamilton Carvalho de AbreudIrEtora dE comUnIcação Nadir FerrariconsElho FIscal Carmem Aidê Hermes, Maria Elaine Borges, Fernando S. Milman.

dIrEtorIa antErIor

dIrEtora gEral Regilene SilvadIrEtora admInIstratIva Isa Saraiva FerreiratEsoUrEIra Sayonara GraczyksEcrEtarIa Ana Maria SabinodIrEtora dE comUnIcação Nadir Ferrari

Setembro 2013

Pa r c E I r o s cU lt U r a I s

o sonho continua

A

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era uma vez uma barca De livros

ra uma vez uma grande lagoa, em meio a dunas e monta-nhas, e com acesso ao mar. Numa cidade que já foi porto e

acolheu tantos navegantes, em 2007 anco-rou às margens da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, uma barca cheia de livros, disposta a navegar por séculos de histórias e sonhos impressos em páginas de papel e que hoje se multiplicam em formatos multimídia.

Era uma vez um projeto que juntou gen-te apaixonada por livros e crianças interes-sadas em descobrir o universo da literatura. Depois de sete anos de esforços e ótimos re-sultados, o projeto tem o desafio de renovar e ampliar a parceria com patrocinadores e apoiadores, para garantir a continuidade dos trabalhos. Apesar dos parcos recursos materiais e de apoio logístico, cada vez mais crianças, jovens e adultos têm partilhado o gosto da leitura, e autores de livros e produtores de cultura têm vivenciado a rica e apaixonante experiência de formar novos leitores, fundamentais para a formação plena da cidadania.

Segundo Tânia Piacentini, coordenadora da Barca dos Livros, o projeto tem se man-tido sobretudo pela dedicação, sempre vo-luntária, de vários integrantes da Sociedade Amantes da Leitura. “Já fomos longe demais para pôr um ponto final, mas precisamos renovar parcerias e estabelecer novas fontes de apoio para assegurar a continuidade do trabalho”, esclarece Tânia.

O convênio com a Fundação Franklin Cascaes termina em dezembro de 2013, e

precisa ser renovado a cada ano, de acordo com a legislação municipal. A parceria com o Ponto de Cultura encerra dia 30 de setembro e terá que ser disputado um novo edital para renovar por mais três anos. A Ecoaplub – As-sociação dos Profissionais Liberais Universi-tários do Brasil – assinou acordo para apoiar projetos comunitários até junho de 2014. Em agosto deste ano foi elaborado projeto para o Fundo da Infância e Adolescência da Secre-taria de Assistência Social da Prefeitura de Florianópolis, que permite receber recursos por meio de renúncia fiscal das empresas. Atualmente, também está em vigor um convênio com a Celesc para doação – a partir de R$ 1 – na conta de luz (aberto a pessoas físicas e jurídicas).

Doações também podem ser feitas di-retamente na conta corrente da Barca dos Livros no Banco do Brasil, agência 3185-2, conta 13.058-3 – CNPJ 06.022.478/0001-07.

“A falta de um respaldo financeiro de mais longo prazo tem consumido boa parte da energia dos gestores da Barca dos Livros, pois qualquer cancelamento de uma parce-ria pode comprometer o projeto”, explica Isa Saraiva Ferreira, diretora administrativa da Sociedade Amantes da Leitura. “Seria muito importante dispor de um local por comoda-to de 10, 15 anos, o que permitiria planejar melhor as atividades e evitar a rotatividade de endereços, que também dificulta o acesso dos interessados”, complementou Nadir Fer-rari, diretora de comunicação.

A Barca dos Livros teve seu primeiro porto no trapiche número 1 da ponte da

Lagoa, num imóvel alugado e inaugurado no dia 2 de fevereiro de 2007 (foto abaixo). No primeiro andar funcionava a biblioteca, que abriu com cerca de 5 mil livros novos, acervo renovado a cada ano, patrimônio cultural colocado à disposição de leitores de todas as idades. No andar térreo funcionou sempre um café, que acolhia os visitantes e compartilhava o espaço em todos os even-tos culturais, como lançamentos de livros e exposições. Desde janeiro de 2012, no entan-to, a Barca dos Livros mudou-se para um espaço alugado ao Lagoa Iate Clube, na Rua Hippólito do Valle Pereira, 620, na mesma Lagoa da Conceição (foto acima).

Atualmente, o projeto tem o patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, e Secretaria de Estado de Tu-rismo, Cultura e Esporte/Fundação Catari-nense de Cultura (Ponto de Cultura). Conta com o apoio da Prefeitura de Florianópolis/Fundação Franklin Cascaes, Ecoaplub, Plano Nacional do Livro e da Leitura, e Restauran-te Cozinha e Arte.

O maior desafio, além do espaço físi-co permanente, é a ausência de recursos estáveis para manter os profissionais para viabilizar o projeto. Para funcionar adequa-damente, a Barca dos Livros precisa de três bibliotecários, três auxiliares de biblioteca, um administrador, um coordenador de bi-blioteca, um gestor cultural, um assessor de imprensa, um captador de recursos e uma pessoa para cuidar da limpeza.

E

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O

O projeto, inicialmente, tinha por objetivo constituir uma biblioteca na Lagoa da Conceição, que pudesse ser

também itinerante, indo ao encontro dos leito-res. Foi assim que se criou, em 2003, a Sociedade Amantes da Leitura, uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos e de interesse público. Esse grupo de pessoas sempre reconhe-ceu a importância da leitura para o desenvolvi-mento individual e comunitário.A Sociedade foi reconhecida como de Utilidade Pública Municipal pela Lei 11.403 (12/7/2005), e Es-tadual pela Lei 13.590 (29/11/2005), em função dos objetivos e dos trabalhos que foram realizados em poucos anos.

Antes mesmo da instalação da Biblioteca, a Sociedade Amantes da Leitura organizava, uma vez por ano, o “Abril com Livros”, para comemo-rar Hans Christian Andersen e Monteiro Lobato, homenageados em importantes acontecimentos literários: o Dia Internacional (2 de abril) e o Dia Nacional (18 de abril) do Livro Infantil e Juvenil. Festejava-se também o Dia do Autor e do Direito Autoral (23 de abril), e isso reunia sempre pessoas interessadas na leitura e divulgação da literatura, ao mesmo tempo em que se divulgava o projeto.

Em função da topografia, das características físico-sociais da Lagoa da Conceição e da localiza-ção dos diversos núcleos de moradores, separa-dos por morros e pela lagoa, ligados por estradas, algumas estreitas e outras congestionadas no

verão, surgiu a ideia de criar a Barca dos Livros, uma biblioteca no porto, com um braço itineran-te. Assim, resgatar-se-ia também uma tradição do transporte marítimo, largamente utilizado no início da formação da vila e depois da cidade.

Hoje, a biblioteca é uma realidade e os pas-seios de barco, a cada segundo sábado de mês, constituem as viagens em que os passageiros desfrutam de um mundo de fantasia e imagi-nação, criados por livros e mestres na arte de contar histórias.

que ler? Como ler? Por que ler? Essas são algumas dessas ques-tões que parecem não ter uma

resposta clara e direta. Mas há um grupo de pessoas que, desde 2012, reúne-se para conver-sar sobre essas e outras questões relacionadas à leitura de literatura. Em comum, o desejo de mergulhar em questões por vezes polêmicas, outras opacas, que dizem respeito ao processo de leitura e da formação do leitor.

“O foco das conversas é sempre a literatura e o papel que ela exerce ou pode exercer na vida de

uma barca cheia De gente apaixonaDa por leitura

F U N C I O N A M E N T OA Barca dos Livros abre de terça a sábado,

das 14 às 20 horas. Às terças, das 19 às 21 horas tem o EnCont(R)o dos Contadores de Histórias. Às quartas, durante uma hora, A Escola vai à Barca, às 10, 14 e 15h30 e das 19 às 21 horas é realizada a Leitura Literária. Na quinta à tarde ocorrem as reuniões do Núcleo de Estudos e Pesquisas (NEP) e à noite é a vez das Quintas Literárias, das 19 às 21 horas. No segundo sábado do mês, são realizados dois passeios pela Lagoa da Conceição, às 15 e às 16 horas, com Histórias na Barca dos Livros.

No último sábado de cada mês, às 20h30, é re-alizado o Sarau de Histórias. Toda a programação semanal e mensal pode ser acompanhada no site www.barcadoslivros.org

cada um e na sociedade. A proposta de trabalho é partir sempre de um texto teórico e daí desen-volver uma reflexão em grupo”, afirma Silvana Gili. Textos de autores como Silvia Castrillón, Daniel Goldin, Cecilia Bajour e Daniel Pennac já foram lidos e continuam sendo discutidos. A presença da literatura também é marcada pela oportunidade de explorar os livros que fazem parte do acervo da biblioteca. “Além das conver-sas, também buscamos realizar um exercício pe-riódico de leitura em voz alta para que possamos, além de falar, exercitar a escuta”, conclui Silvana.

um mergulho na leitura literária

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U

O acervo da Biblioteca da Barca dos Livros foi orga-nizado, principalmente, em decorrência do trabalho da

diretora geral da entidade, Tânia Piacentini, junto à Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), sediada no Rio de Janeiro, e seção brasileira do International Board on Books for Young People (IBBY). Como votante convidada para os prêmios concedidos anualmente pela FNLIJ aos melhores livros para crianças e jovens editados no país, uma média de 1.000 exemplares é recebida das editoras e selecionada criteriosamente ao longo de todo o

acervo para mexer com a imaginação

A eles foram acrescentados os livros doados por sócios e amigos leitores, traçando o perfil de uma biblioteca de cultura geral, lazer e entre-tenimento. “Sabemos que é preciso delimitar, na oferta praticamente infinita de livros, aque-les que melhor atendem aos nossos critérios de qualidade literária, editorial e cultural, sem esquecer os objetivos que queremos alcançar, disponibilizando esse acervo para os leitores que se cadastram em nossa biblioteca, para leitura no local ou para levar o livro emprestado, para ler em casa”, informa Tânia Piacentini.

ma biblioteca é o lugar mais adequado para que o direito à convivência com os livros e outros materiais impressos seja

incentivado e exercido por todo cidadão leitor, de qualquer classe social e de qualquer idade. Segundo Tânia, “nessa época em que tanto se fala em crise da leitura, entendemos que a formação e o desenvolvimento do interesse de um leitor exige, paralela e subsequentemente ao domínio das habilidades de ler e escrever, um permanente e renovado contato com textos escritos que es-tejam disponíveis sob a forma de livros, revistas, jornais, em lugares e contextos motivadores da leitura”.

A literatura é fundamental, desde cedo, no desenvolvimento e enriquecimento afetivo, es-tético e ético de todas as pessoas. A importância de bibliotecas, públicas ou privadas abertas ao público, cumprindo uma função difusora e faci-litadora do acesso ao conhecimento da cultura escrita, precisa ser resgatada como um dos elos mais democráticos da tão reivindicada igualdade social. “Um dos maiores fatores de inclusão social é, necessariamente, o acesso aos bens culturais impressos, a inclusão cultural”, afirma Tânia Pia-centini, para quem “é a biblioteca o espaço para que a leitura seja incorporada como uma ativida-de e uma prática prazerosa, livre, sem cobranças ou obrigatoriedade”.

A Biblioteca Barca dos Livros proporciona esse espaço amplo, acolhedor e confortável. Além de receber os leitores, promove encontros com escritores, lançamentos de livros, sessões

ano, num trabalho voluntário da equipe que forma o Núcleo de Estudos e Pesquisas, profissionais de várias áreas do conhecimento.

Grande parte desses livros teve a qualidade necessária para formar o núcleo inicial da Biblio-teca da Barca dos Livros. São obras de poesia e prosa de ficção – lendas, fábulas, contos, novelas, romances –, literatura brasileira e estrangeira, para o público infantil, juvenil e adulto. Há tam-bém livros de arte e livros informativos, de cultu-ra geral: música, dança, cinema, teatro, biografias, filosofia, história, ciências, meio ambiente, educa-ção artística, educação sexual e outras áreas.

de leituras em voz alta e serões com contadores de histórias. Realiza cursos, palestras oficinas, debates, além de atividades de análise e avaliação de livros, pesquisas de interesses e hábitos de lei-tura, e edição de boletins informativos – tarefas exercidas por profissionais especializados.

Tânia Piacentini resume as ideias que em-basam o trabalho da Barca: “Pensamos sempre numa biblioteca também articuladora de política de leitura, além de espaço de cultura, lazer e en-tretenimento. A oferta de material de leitura, de bons livros, é essencial, mas não é suficiente para criar leitores e o hábito da leitura. É necessário também investir na valorização social da cultura letrada e na formação de mediadores de leitura, jovens e adultos, pais, bibliotecários, professores,

amantes da leitura. O exemplo é o maior aliciador de leitores, uma das melhores técnicas de sedu-ção para a prática da leitura.

É por isso que essa navegação pelo conhe-cimento e pelo mundo mágico da literatura não pode parar. O desafio é manter e ampliar o contato com o público ao qual se destina. Não vamos esmorecer, mas não podemos fazer tudo sozinhos. Por isso, precisamos do apoio da co-munidade da Lagoa da Conceição, mas também do município onde ela se encontra inserida e onde desenvolve uma ação fundamental para a formação de novos cidadãos éticos, que valori-zem a cultura e o conhecimento produzidos ao longo da história e ajude a difundi-los entre as novas gerações.”

livro é fator De inclusão social

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G Nuilherme Lima, 21 anos, o primeiro leitor cadastrado na Biblioteca Barca dos Livros e Alena Zea, de nove anos, duas gerações de leito-

res e uma mesma paixão pelos livros. Na peque-na entrevista, a seguir, eles falam da prazerosa experiência da leitura e do contato com os livros e com a biblioteca, e tudo o que isso pode fazer de diferença na vida das pessoas.

Há quanto tempo frequenta a Barca dos Livros?

gUIlhErmE – Desde o início, fui o primeiro leitor cadastrado.

alEna – Eu não me lembro muito bem, mas acho que foi na metade do ano passado. Foi uma experiência incrível conhecer essa biblioteca.

Quantas vezes por mês, em média, fre-quenta a Biblioteca?

gUIlhErmE – Vou em média 2 vezes por mês à biblioteca, embora gostaria de frequentar mais vezes, mas a Faculdade de História e o estágio me impossibilitam, infelizmente.

alEna – Nas férias costumava frequentar qua-se todos os dias, com dois ou três dias para ler os livros emprestados. Mas, agora, nas aulas, vou uma vez por semana, aproximadamente.

Quantos livros costuma levar cada vez que vai à Biblioteca?

gUIlhErmE – Geralmente levo sempre um livro, já que geralmente pego livros densos e acima de 400 páginas.

alEna – Na verdade o máximo é três livros, mas eu costumo pegar cinco ou seis até.

Quantos livros já emprestou para ler? gUIlhErmE – Não sei dizer quantos livros em-

prestei para ler, mas foram dezenas. alEna – Acho que uns oitenta, noventa.O que mais gosta de ler? Quais os autores

preferidos? gUIlhErmE – Meus autores preferidos são José

Saramago, Tolkien, Fernando Pessoa, George Orwell e Gabriel Garcia Marquez.

alEna – Meus autores preferidos são Philip Pullman, Lemony Snicket, Angie Sage e Rick Rior-dan. Gosto de ler aventuras, mistérios, suspenses e romances. Não gosto de pegar livros educativos ou que falam sobre pessoas que mudaram o mun-do, pra isso já tem a escola (que, aliás, já é ruim o bastante).

Qual o livro que mais gostou? gUIlhErmE – Não diria que foi o livro que mais

gostei de ler, mas o que mais me marcou. Foi a versão integral de Os Três Mosqueteiros, por ter sido o primeiro livro que peguei emprestado com a Tânia, sem a Barca dos Livros ainda estar de pé.

alEna – Percy Jackson me fez querer igno-rar todos os meus problemas, fez eu querer dar um empurrão nas coisas erradas e dizer ‘Deixa passar’ para tudo... Acho que foi uma leitura maravilhosa. Depois, Harry Potter não me deixou dormir, quase me fez voltar a roer as unhas. Eu fiquei com raiva quando algo ruim acontecia, eu fiquei preocupada quando alguém dava sumiço e eu sorri quando os personagens ficaram felizes. E, como se não bastasse, eu peguei outro livro maravilhoso, que pertencia a uma coleção per-feita: Mundo de Tinta. Ele não me deixava ficar entediada, os problemas dos personagens ocupa-ram o lugar dos meus, e cada ataque dos prínci-pes bem elaborados era um salto do meu coração. E Sally Lockhart... oh, este livro, esta coleção realmente é incrível. Eu chorei quando Sally cho-rou, eu morri de medo quando ela foi apanhada, e fiquei furiosa quando o ursinho de pelúcia foi roubado. Eu li inúmeras vezes o discurso de Sally, e fiquei assustada com a inteligência de Philip Pullman quando descobri quem era o vilão. Esses livros marcaram a minha vida.

O que a Barca dos Livros representa para você?

gUIlhErmE – A Barca significa uma grande transformação na minha vida, pois me expandiu os horizontes e o modo de como enxergo o mundo, além de ter me dado a oportunidade de abrir minha cabeça para a leitura e escrita, pois hoje arranho alguns textos em meu blog.

alEna – A Barca dos Livros é um dos lugares mais perfeitos que eu já conheci. Este lugar, esta biblioteca, fez uma marca nos meus nove anos de vida. Ela me mostrou tantos mundos incrí-veis, tantos lugares para conhecer... A Barca dos Livros me deixou navegar nas páginas deliciosas de seus livros, me deixou saborear um pouco de cada livro, e eu me sinto no ar sempre que estou lá. Na barca eu posso ser pessoas diferentes, e ter amigos tão incríveis que eu me esqueço que eles são apenas livros.

gerações Diferentes e uma mesma paixão

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No tempo em que não havia os recursos de mídia atualmente exis-tentes, o contador de histórias era imprescindível para a formação dos

adultos. Numa mistura de arauto de informações, mestre do entretenimento e inventor de “cau-sos”, contadores de histórias sempre povoaram o imaginário de inúmeras gerações ao longo de séculos. Crianças, jovens e adultos, em volta de uma fogueira, em tempos mais longínquos, ou mais recentemente, em ambientes fechados ou ao ar livre, quem tinha o dom e o conhecimento de narrar acontecimentos, reais ou imaginários, sempre reuniu, à sua volta, pessoas interessadas em ouvir explicações para os mistérios da natu-reza e avançar na compreensão daquilo que era desconhecido.A Barca dos Livros ajudou a formar vários con-tadores de histórias e constituir um espaço onde essas narrativas – algumas atuais e outras que remontam a décadas, séculos ou milênios – pos-sam ativar novamente o imaginário do público de todas as idades. Veja, a seguir, o depoimento de algumas contadoras de histórias que fazem apre-sentações na Barca e levam essa arte também para outros espaços.sayo n a r a sa l U m - P s I c ó l o g a

Era julho de 2007 quando apreciei, pela primeira vez, o Sarau da Barca dos Livros.Naquela noite, além de ser aquecida pelos contos, fui “encan-tada” pela arte do Contador, essa capacidade de “fazer ver”, dando vida às histórias.

os contaDores narram suas histórias na barca

Então, fisgada como peixe, embarquei num tom-badilho ondulante! Dentro dessa Barca, naveguei por águas pri-mordiais, e me nutrindo por um “Mar de Fios de Histórias”, me transformei, também, num peixe “Milbocas”.Hoje, junto com outros peixes, formando um cardume, vamos navegando por diversas correntes de águas, dando vida às narrativas e alimentando o imaginário, levando o amor pela leitura a todas as partes.alInE macIEl – contadora dE hIstórIas

Em 2009 embarquei pela primeira vez na Barca dos Livros através de um amigo que me convi-dou para fazer um curso de contação de histó-rias. Eu, que já havia navegado pela literatura, pela música e pelo teatro, me vi completamente naufragada em histórias. Em 2010 finalizei o mestrado com a dissertação em uma mão e um livro de contos populares que peguei empresta-do na outra. A partir daí, contar histórias virou prática, paixão e profissão.gI l k a gI r a r d E l l o - P r o F E s s o r a da UFscQuando eu for velhinha e olhar pra trás, uma das coisas de que vou lembrar com mais alegria na vida é das vezes que contei e ouvi histórias na nossa Barca. E contar dentro do barco, então! - a gente em pé mal se equilibrando no balanço das ondas, tentando encaixar esse “surfe” com as cenas da história , num encontro íntimo com as crianças, seus pais, mães, tias, todo mundo com livro no colo, a sanfona do Polo a mil, depois o silêncio absoluto quando o motor desliga no meio da lagoa, as gaivotas dando show na janela... A

animação da leitura que a Barca vem fazendo esses anos todos mudou a vida de uma geração de crianças e trouxe arte e poesia pro cotidiano de uma comunidade inteira. Deve haver projetos culturais tão bonitos como esse no mundo, mas mais bonitos, é difícil imaginar.l I l a n E mo U r a - P r o F E s s o r a da UFscFilha da floresta e do rio, escolhi viver perto do mar e assim encontrei uma Barca que não tinha a pretensão de levar as pessoas de um porto ao outro. Seu despropósito e propósito é levar crianças de todas as idades a viajar pelo mundo da leitura e ancorar em portos dos mais diver-sos cantos por meio da prática da leitura e da narração de histórias. E é também nesse espaço que me encanto e desenvolvo meu gosto estético e poético. Espaço de militância da leitura com compromisso social de formação de leitores de todas as idades, cores e formação. As parcerias de troca nessa formação leitora (universidades e escolas) podem ter sempre a Barca como possibi-lidade de navegar e navegar... É inegável a imensa contribuição desse espaço de mediação de leitura na ilha da magia.FE l í c I a Fl E c k

BIBl IotEcárIa E contadora dE hIstórIas

A Barca dos Livros é uma biblioteca encantada. Espaço de encontros, de partilhas, de apreciar a arte, de contar histórias, de alimentar a alma e o intelecto e, sobretudo, de amar a leitura! Como contadora de histórias, bibliotecária e leitora, sou muito mais feliz com a Barca em minha vida!

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F ormar novos leitores antes mes-mo de sua alfabetização é um dos objetivos da Barca dos Livros. Todas as quartas-feiras, em três

horários – 10, 14 e 15:30 horas – escolares das creches, ensino fundamental e médio são recebidos na Biblioteca Comunitária Barca dos Livros para um primeiro contato com as obras e uma atividade monitorada por contadores de histórias. A ação “A Escola Vai à Barca” tem por objetivo incentivar a criança ao hábito da leitu-ra em qualquer momento de sua formação. As visitas agendadas duram cerca de 50 minutos, dependendo da faixa etária das crianças. Para crianças de dois a cinco anos, cerca de 30 mi-nutos, respeitando seu tempo de concentração.“A visita é dividida em dois momentos: ex-ploração do acervo e leitura individual ou em pequenos grupos, e logo após, o momento da narração de histórias”, explica Nadir Ferrari,

a escola vai à barca reúne leitores De várias iDaDes

também contadora de histórias.O primeiro momento serve para que as crian-ças explorem o acervo da biblioteca auto-nomamente, folheando os livros e lendo as ilustrações e palavras. Esse período é variável de acordo com a idade e interação de cada grupo, e sua importância reside na proximida-de da criança com o livro, para despertar sua curiosidade através das imagens e palavras. Nessa etapa participam todos os mediadores de leitura presentes, ou seja, professores e demais acompanhantes das crianças - pais, estagiá-rios, os bibliotecários e contadores de história da Barca dos Livros. O segundo momento é o

da narração de histórias, a cargo da equipe da Barca dos Livros. “As histórias são preparadas de acordo com a faixa etária de cada grupo”, explica Isa Saraiva, contadora de histórias.A Escola Vai à Barca contabilizou, em 2012, a participação de 31 escolas públicas e particu-lares. No total, 1.971 crianças, na faixa etária de dois a 12 anos, participaram da ação, que completou 96 visitas.“Conhecer uma biblioteca com espaços prepa-rados para diferentes faixas etárias e grupos de leitores e para diferentes atividades; visitá--la com seus colegas e professores; ter acesso a livros novos, diferentes e de qualidade; ouvir histórias divertidas e emocionantes, eis um conjunto de oportunidades oferecidas gratuita-mente e que podem ser repetidas num ambien-te acolhedor”, destaca Tanira Piacentini.Para Tânia Piacentini, “a literatura faz parte do patrimônio cultural da sociedade e é responsa-bilidade de todos garantir o acesso a ela como direito social básico do cidadão”. Para ela, “fazer a aproximação entre as crianças e os livros e despertar o prazer de ler é um desafio numa sociedade de forte tradição oral e pouco hábito de leitura”. Tânia menciona o “caráter inovador da ação A Escola Vai à Barca, por ser a única biblioteca comunitária a oferecer esses servi-ços às escolas da região – talvez do Estado”.

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NsábaDo é Dia De sarau literário

o último sábado do mês é realizado um Sarau Literário para o público jovem e adulto, das 20h30 até as 22 horas. Os Saraus são temáticos, com

leitura e narração de histórias e poemas. Vejam alguns dos temas: Contos e cores de outono; Contos das águas; Contos quentes para uma noite fria; Contos de viajantes e aventureiros; Contos de Máscaras e Fantasia; Contos do Oriente; Causos de fogueira; Contos de amor e alegria; Contos de loucura, amor e ódio; Contos indianos; Histórias que fazem rir; Contos latino-americanos; Contos do Japão; Contos africanos; Noite dos deuses: mitos universais; Histórias de ler e contar; Contos de celebração; Contos de galpão; Contos do Nor-deste do Brasil;Contos de amor; Histórias de espe-rança; Contos de todo canto – e muitos outros.

E em 2004, teve início a ativi-dade das Quintas Literárias, com a leitura compartilha-da, em voz alta, de A Divina Comédia. “O que motivou a escolha do título foi o fato

de alguns membros da Sociedade Amantes da Leitura não terem conseguido a disciplina e o conhecimento necessário para ler sozi-nhos, então, como uma das sócias é doutora em literatura italiana e especialista em Dante Alighieri, começou a aventura pelo céu, infer-no e purgatório desse clássico da literatura”, explicou Claudete Segalin de Andrade, sócia-fundadora, membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas e leitora das Quintas desde as primeiras águas.

O grupo inicial era formado por sócios-fundadores que se reuniam no Literatura Café, na Lagoa. “Mas aquele grupo de 11 a 13 leitores em voz alta ocupando duas ou três mesas do café – que tinha cinco ou seis... – e pedindo aos demais frequentadores para falarem mais baixo começou a incomodar. E além do mais, gastava-se pouco, pois comer e ler em voz alta

clássicos liDos em voz alta nas Quintas literárias

são atividades meio incompatíveis. E fomos educadamente convidados a mudar de espaço”, acrescenta Ronaldo Dias de Andrade, também sócio-fundador e leitor das Quintas, e o maior responsável pela memória iconográfica da Biblioteca Barca dos Livros.

Após alguns encontros nas casas dos leitores, o Rosen Café abriu suas portas para a Biblioteca. “A proprietária era uma das sócias e leitora e o Rosen ficou sendo um pouco nos-so até mudar-se conosco para a sede-porto da Biblioteca Barca dos Livros”, explica Tânia Piacentini.

Funciona assim: o grupo escolhe a obra que quer ler, e se reúne todas as quintas-fei-ras das 19 às 21 horas. A sessão começa com alguns comentários sobre a obra ou questões decorrentes (artigo, filme, notícia, enfim, as-sunto ao redor ou próximo do tema, ou não!), e passa-se à leitura. Cada um lê um trecho, de acordo com a sua vontade ou delimitado pelo grupo, que pode interromper a leitura para algum comentário, pergunta ou reflexão.

Todos podem opinar, não é uma conversa entre ou para especialistas. O grupo atual-

mente é formado por três pessoas da área de literatura, um filósofo, um geógrafo-econo-mista, um economista-arquiteto, uma profes-sora de história, uma empresária-ex-bancária, uma leitora contumaz, apaixonada e bem-hu-morada – característica, aliás, de todo o grupo de leitore(a)s. Ao final da obra, o grupo assiste a um filme do mesmo título, se houver, ou ou-tro de livro do mesmo autor, ou faz um jantar com comida típica da região ou época, enfim, celebra-se de alguma forma o fim da leitura.

Lista de alguns livros lidos na íntegra nas Quintas Literárias: A Divina Comédia (Dante Alighieri), Dom Quixote de La Mancha (Miguel de Cervantes), O Leopardo (Lampedusa), Dom Casmurro, O Alienista e muitos contos de Machado de Assis, Grande Sertão Veredas e muitos contos de Guimarães Rosa. Da obra de Shakespeare: Ricardo III, Antonio e Cleópatra, A Tempestade, Romeu e Julieta, Rei Lear, Ma-cbeth, e muitos outros. Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Márquez), Incidente em Anta-res (Érico Veríssimo), Pedro Páramo e Chão em Chamas (Juan Rulfo), O Labirinto da Solidão (Octavio Paz).

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Uma mini Babel acontecia todas as quartas-feiras, desde setembro de 2010 até maio de 2013, quando

grupos de jovens e adultos praticavam conversa-ção em inglês, francês, espanhol, italiano, alemão e português, durante uma hora. “Os grupos se reuniam ao redor das mesas da Biblioteca, sobre as quais estavam as placas de sinalização com

projeto começou em 2010, a partir de uma oficina para contado-res de histórias. Com a rotina

já institucionalizada na Barca com o Sarau de Histórias desde 2007, com os passeios de barco com narração de histórias desde 2005,

m 2007 e 2008 a Barca dos Livros criou uma turma de leitura orientada, que lia os livros indicados para o vestibular da

Ufsc e da Udesc. Nas semanas que antecediam o vestibular eram realizadas sessões de sínteses, aproximações e cruzamentos entre as obras. Essas reuniões foram intituladas de “Encontros: As obras conversam entre si”.

Em 2011, uma vez por mês, havia uma sessão de análise de uma obra, com leitura de trechos

Quartas De babel, a literatura em várias línguas

terças encont(r)os, um espaço para formação

vestibular, QuanDo as obras conversam entre si

o nome da língua. Em cada grupo havia um professor-animador da conversação. Todas as línguas faladas ao mesmo tempo no mesmo es-paço, davam mesmo a sensação de estar em uma Babel”, comenta Valentina Drago, animadora da conversação em italiano.

Os grupos mais concorridos eram os de inglês e de português para estrangeiros, formado prin-

muitos contadores passaram a fazer da Biblio-teca local de encontro para troca de experi-ências. “Ali sempre foi um espaço de formação permanente, com acesso fácil para a criação de repertório, que inclui um número sem fim de histórias”, afirma Sérgio Bello, coordenador

e discussão, aberta a vestibulandos e ao público em geral. Dentre os livros lidos com a turma ou trabalhados, destacamos: O Ateneu (Raul Pom-peia), Relatos Escolhidos Silveira de Souza), Dom Casmurro (Machado de Assis), Comédias para Ler na Escola (Luis Fernando Verissimo), Dona Narcisa de Vilar (Ana Luisa de Azevedo Castro), Nova Antologia Poética (Vinícius de Moraes), Dois Irmãos e A Cidade Ilhada (Milton Hatoum), O Pa-gador de Promessas (Dias Gomes) - com exibição

cipalmente por estudantes em intercâmbio entre escolas e universidades. O projeto funcionou em parceria com a The Language Club, CCA, A Frasca Veneta, LLE/UFSC, ItalianOnline, Floripa Wave, e Italian Per Te, além de amigos da Barca que atuaram nessa Babel.

A boa notícia é que as Quartas de Babel vão recomeçar ainda este ano.

dos Saraus. É um grupo aberto, não fixo. A cada mês, novos contadores se juntam ao gru-po, alguns aprendizes, outros já tarimbados. “Uns ficam, outros vão, levando histórias para todos os lados”, acrescenta Guido Löff, conta-dor de histórias.

do filme), Amrik (Ana Miranda), Relatos de Sonhos e de Lutas (Amilcar Neves), Encontro de Abismos (Júlio de Queirós) - estes dois com a presença dos autores, Bagagem (Adélia Prado), O Santo e a Porca (Ariano Suassuna), A Legião Estrangeira (Clarice Lispector), Morte e Vida Severina (João Cabral de Melo Neto – com leitura dramática).

Como a demanda não alcançou o número mínimo desejado, a experiência encontra-se, no momento, desativada.

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ma série de oficinas gratuitas foram promovidas pela Barca dos Livros como parte do projeto Ponto de Cultura - Porto de Leituras. O

objetivo é criar e desenvolver uma rede de ativida-des que envolvem práticas diferenciadas de leitura, promover a ampliação das oportunidades de en-contro entre o texto literário e o leitor, e incentivar a leitura.Os Pontos de Cultura são projetos financiados e apoiados pelo Ministério da Cultura (MinC) e pela Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esporte, através da Fundação Catarinense de Cultura, que buscam a realização de ações de impacto sociocul-tural nas comunidades. É um programa de ampla diversidade cultural e gestão compartilhada entre o poder público e a comunidade.

“Com o Ponto de Cultura Porto de Leituras bus-camos a inclusão social e cultural dos moradores da região – crianças, jovens e adultos”, explica Tanira Piacentini. O acesso ao livro, nas oficinas, se faz pelos mais diferentes contextos: o livro, textos ele-trônicos, material multimídia (CDs, DVDs), histórias contadas e lidas em voz alta e leitura dramática.

“Nós criamos uma sala multimídia para forma-ção, capacitação em novas tecnologias e produção de materiais digitais”, informa Tânia Piacentini, co-ordenadora da Barca dos Livros. Foram capacitados professores, crianças e jovens através do acesso gratuito a cursos, oficinas e atividades de incentivo à leitura, utilizando o contexto multimídia e visan-do à formação de líderes literários comunitários.

“Procuramos resgatar também as práticas culturais de larga e importante história, como a leitura em voz alta e a declamação de poemas, res-saltando seu uso como uma das artes de sedução do leitor”, afirma Roberson Corrêa, gestor cultural e monitor da sala de Multimídia.

Além das oficinas realizadas através do Ponto de Cultura, muitas outras têm sido oferecidas desde 2004, como a realização da Oficina de Intro-dução à Tipografia, na Editora Noa Noa, ministrada por Kleber Teixeira (foto), sócio fundador da Aman-tes da Leitura. Com elas tem-se ampliado o acesso de crianças, jovens e adultos ao livro e à leitura.

De tempos em tempos, a Barca oferece capaci-tação a crianças, jovens e adultos da comunidade para uso de novas tecnologias, promovendo a inclusão digital, cultural e social. As oficinas am-pliam a circulação das obras e textos de literatura e permitem que professores, estudantes de escolas

públicas e pessoas da comuni-dade tenham acesso gratuito a livros e a cursos de formação.

“As oficinas, assim como as de-mais atividades culturais, têm permi-tido o desenvolvimento e enriquecimen-to ético, estético e afetivo do público-alvo do projeto, contribuindo para a consolidação da sua cidadania”, assegurou Sayonara Salum, também participante de oficinas na Barca.

oficinas multiplicam as experiências

o cinema embarca na aventura literária

Cinema também tem espaço na Barca dos Livros. Em diversas oportunidades, foram exibidos filmes para

adultos e crianças, neste caso muitas vezes em parceria com a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, de quem a Barca é parceira. As projeções para adultos são sempre seguidas de conversas sobre a obra exibida, não raro, com a presença de diretores do filme ou especialistas em cinema.

Em parceria com Império Produções e Adricopetti Filmes e Apoio Cultural de Tempo Glauber, foi exibido Barravento, de Glauber Rocha, comentado por José Geraldo Couto. Olhar de um cineasta, de Cesar Cavalcanti, teve a presença do diretor. Outras exibições foram: Simpatia de Limão, curta de Miguel Oliveira; Dom Hélder, o Santo Rebelde, de Érica Bauer;

Danças do Coração, de Carlos Guilherme Vogel do Amaral; Sem palavras, de Kátia Klock; e Brizola, de Tabajara Ruas.

Houve, ainda, um bate-papo com as profes-soras de cinema e vídeo da Unisul Tatiana Lee e Adriane Canan sobre o cinema cubano, destacan-do o cineasta Santiago Alvares e seu documen-tário NOW. O escritor Tabajara Ruas falou sobre a obra literária no cinema (criação e roteiro). E também sobre Literatura e Cinema, falou o cineasta Nélson Pereira dos Santos – este filmava em Florianópolis “ A luz do Tom”, e gravou uma entrevista com a irmã de Tom Jobim no Café Sombreado – à época o Café da Barca dos Livros.

mostra De cinema e eDição De livros Todos os anos, a Barca do Livro faz um traba-

lho em parceria com a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. No início, improvisou-se uma Sala de Leitura, aberta aos sábados e domingos no Centro Integrado de Cultura (CIC), lugar da Mostra. Atualmente, esse espaço passou a funcio-nar durante toda a Mostra.

O livro O Patinho Feio, editado pela Sociedade Amantes da Leitura em parceria com o Sesc/SC (tradução de Tabajara Ruas diretamente do dina-marquês e com ilustrações de Fernando Lindote, teve 8 mil exemplares distribuídos às crianças das escolas públicas durante a 5ª Mostra de Cine-ma Infantil e nas próprias escolas.

Outro livro editado pela Sociedade em parce-ria com a Peirópolis foi “O Perseverante Soldadi-nho de Chumbo”, também traduzido por Tabajara Ruas, ilustrado por Jandira Lorenz.

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O trabalho em defesa da cultura desenvolvido pela Barca dos Livros já recebe reconheci-mento nacional, tendo sido

considerado pelo Ministério de Cultura como um importante Ponto de Cultura. Contudo em nosso Estado o apoio a esta iniciativa ainda é insufi-ciente. A melhor forma de homenagear Tânia Piacentini e sua equipe é imitá-las em sua luta, para em pouco tempo termos uma pujante frota de amigos do livro e da leitura contribuindo para a formação de leitores críticos e criativos. egl ê mal heiro s , escr itor a

Barca dos Livros é um trabalho muito bonito, que se deve à dedicação de Tânia Piacentini e sua equipe. Hoje, além da biblioteca, é um ativo centro cultural, incentivando a leitura, a reflexão, num ambiente acolhedor, cheio de calor humano. Mas é bom ressaltar: por mais idealista que seja o projeto, ele só perdurará se obtiver apoio concre-to e permanente na forma de parceiros e ajuda financeira. sal im migu el , escr itor

palavras De Quem escreve

A professora Tânia Piacentini construiu um chamariz para a leitura capaz de seduzir crian-ças em processo cognitivo e adultos que pouco liam, num país onde o preço dos livros é um grande espantalho. Ao criar na placidez da Lagoa da Conceição um projeto integrando escritores, leitores e uma biblioteca altamente interativa com a comunidade, uniu a formosura do lugar ao belo do seu programa. A Barca dos Livros, com imensa dificuldade material, é o mais retumbante programa que conheço de “catequese” pela leitu-ra. Para mim, a professora Tânia Piacentini e seu incansável projeto mereceriam o Prêmio Macha-do de Assis, da ABL, ou o Monteiro Lobato, este, o grande ícone brasileiro que moldou a frase: “Uma Nação se faz com homens e livros”. Tânia comple-taria: “Um país desenvolvido se faz com crianças, livros e um lugar tão mágico quanto a Lagoa”.sérgio Da co sta ramo s , escr itor

Um ponto comunitário de cultura como a Barca dos Livros, por seus objetivos e pelo que tem mostrado do que é capaz, seria certamente consi-derado indispensável em qualquer país adianta-do, quanto mais num tão carente como o nosso,

com tanta coisa a ser feita pela difusão da leitura e pela troca de ideias e experiências. Sob bom comando, a Barca tem mantido o rumo e o pru-mo, enfrentando e vencendo, como sabemos, não poucas dificuldades. Valentia é com ela. E mais gente vai vendo o quanto ela é para nós neces-sária. Como não ser um entusiasta da civilizada garra da Barca dos Livros? fl ávio Jo sé carDozo , escr itor

A Barca dos Livros faz parte das nossas vidas há alguns anos. O Gabriel ainda não sabia ler quan-do começamos a freqüentar o espaço. A cada semana, emprestávamos vários livros. Infantis para o meu filho. Romances, biografias, livros de história para mim e para o Paulo, meu marido. O momento da escolha sempre foi uma delícia. Cur-tíamos dar uma relaxada nos sofás e almofadas enquanto selecionávamos os “tesouros” que iría-mos levar... E essa curtição permanece até hoje! Atualmente é o Gabi quem escolhe os próprios livros. E são tantas boas opções! Graças à Barca, o maravilhoso mundo dos livros se transformou em uma parte muito importante da nossa rotina!Deluana buss , Jornal ista