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1 Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR www.senge-pr.org.br

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  • 1Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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  • Jornal O Engenheiro n.º 1142

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    SINDICATO DOS ENGENHEIROS

    NO ESTADO DO PARANÁ SENGE-PR

    Diretor-PresidenteDiretor-PresidenteDiretor-PresidenteDiretor-PresidenteDiretor-PresidenteUlisses KANIAKVice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteCarlos Roberto BITTENCOURTDiretor-SecretárioDiretor-SecretárioDiretor-SecretárioDiretor-SecretárioDiretor-SecretárioMarcos Valério de Freitas ANDERSENDiretor-Secretário AdjuntoDiretor-Secretário AdjuntoDiretor-Secretário AdjuntoDiretor-Secretário AdjuntoDiretor-Secretário AdjuntoCLODOMIRO Onésimo da SilvaDiretor FinanceiroDiretor FinanceiroDiretor FinanceiroDiretor FinanceiroDiretor FinanceiroValter FANINIDiretor Financeiro AdjuntoDiretor Financeiro AdjuntoDiretor Financeiro AdjuntoDiretor Financeiro AdjuntoDiretor Financeiro AdjuntoJorge Irineu DEMÉTRIO

    DiretoresADRIANO Luiz Ceni Riesemberg, ÂNGELA Doubek, AntonioCezar Quevedo GOULART, CÍCERO Martins Júnior, ELÓI RufatoJúnior, ERASMO Féliz Benvenutti Filho, FRANKLIN Kelly Miguel,Joel KRUGER, JORGE Luiz Braga Fortes Junior, JOSÉRICARDO Vargas de Faria, LEANDRO José Grassmann, LuizAntônio CALDANI, MÁRCIO da Silva, MARY Stela Bischot,TELESFORO Liz de Oliveira, THEODÓZIO Stachera Júnior,SANDRA Cristina Lins dos Santos, WAGNER Deconto

    Sede Rua Marechal Deodoro, 630, 22.º andar.Centro Comercial Itália (CCI). CEP 80010-912Tel./fax: (41) 3224 7536. senge-pr@senge-prsenge-pr@senge-prsenge-pr@senge-prsenge-pr@[email protected]

    Diretores RegionaisManoel GENILDO Pequeno (Campo Mourão)HARRY Fockink (Cascavel)José Quirilos ASSIS Neto (Foz do Iguaçu)ITAMIR Montemezzo (Francisco Beltrão)WILSON Sachetin Marçal (Londrina)SAMIR Jorge (Maringá)RUDMAR Luiz Pereira dos Santos (Pato Branco)

    Campo Mourão Av. Capitão Índio Bandeira, 1400,sala 607, Centro, 87300-000. Tel: (44) 3523 7386.campomourao@senge-prcampomourao@senge-prcampomourao@senge-prcampomourao@[email protected]

    Cascavel R. Paraná, 3056, sala 703, Centro, 85801-000. Tel:(45) 3223 5325. cascavel@senge-prcascavel@senge-prcascavel@senge-prcascavel@[email protected]

    Foz do Iguaçu R. Almirante Barroso, 1293,loja 9, Centro, 85851-010 Tel: (45) 3574 1738.fozdoiguacu@senge-prfozdoiguacu@senge-prfozdoiguacu@senge-prfozdoiguacu@[email protected]

    Francisco Beltrão R. Fernando de Noronha, 15 Bairro NossaSenhora Aparecida Cep 85.601-820Tel: (46) 3523 1531. franciscobeltrao@senge-prfranciscobeltrao@senge-prfranciscobeltrao@senge-prfranciscobeltrao@senge-prfranciscobeltrao@senge-pr.org.br.org.br.org.br.org.br.org.br

    Londrina R. Senador Souza Naves, 282, sala 1001, Centro,86010-170. Tel: (43) 3324 4736. londrina@senge-prlondrina@senge-prlondrina@senge-prlondrina@[email protected]

    Maringá Trv. Guilherme de Almeida, 36, cj.1304, Centro, 87013-150. Tel: (44) 3227 5150. maringa@senge-prmaringa@senge-prmaringa@senge-prmaringa@[email protected]

    Pato Branco Av. Tupi, 2715, Gl. Itacolomy, sala 7. Centro, 85505-000. Tel: (46) 3025 3234. patobranco@senge-prpatobranco@senge-prpatobranco@senge-prpatobranco@[email protected]

    Publicação do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná

    ISSN:ISSN:ISSN:ISSN:ISSN: 2316-9532

    Editor responsável João Pedro Amorim Jr. (Reg. Prof. 3.197 PR)

    Editor assistente, capa, ilustrações, infografia ediagramação Alexsandro Teixeira Ribeiro (Reg. Prof. 9.177 PR)

    Fale conosco [email protected]

    Artigos assinados são de responsabilidadedos autores. O Senge-PR permitea reprodução do conteúdo deste jornal, desde que a fonte seja citada.

    Fotolitos/impressão Reproset Tiragem 15 mil exemplares

    Filiado à Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros

    Esta edição do Jornal O Engenheiro traz destaques importantes de um ano de conquis-tas expressivas para os profissionais deengenharia e à sociedade como um todo.

    A reportagem de capa do nosso Jor-nal fala da luta pelo direito à mobilidade apreço justo, e pelo atendimento com ser-viços essenciais, que levou milhares de bra-sileiros às ruas nas chamadas Jornadas deJunho. Os anseios expostos pelos cidadãosnaquelas manifestações convergem para oque lhes é de direito e ao mesmo tempo oque é dever do poder público.

    Neste contexto, o Senge-PR,compromissado com sociedade a com defe-sa do interesse público, contribuiu de maneiradecisiva para a CPI do Transporte Público deCuritiba que investigou irregularidades na licita-ção vencida pelas empresas que operam aRede Integrada de Transporte. O relatório daCPI confirmou os indícios de cartel e da au-sência de concorrência, destacados em estu-do jurídico feito a pedido do Senge-PR, emparceria com outras quatro entidades sindicais.

    Da mesma forma, relatório elabora-do pelo Senge-PR e Crea-PR - repre-sentantes dos usuários na ComissãoTripartite do Pedágio - é importante con-tribuição à CPI, em curso na AssembleiaLegislativa do Paraná, que investiga oscontratos de concessão de rodovias.

    Grandes lutas do Senge-PR em defesa dosprofissionais de engenharia também são des-taques desta edição. Entre elas estão a primei-ra paralisação de engenheiros e arquitetos daCohab (Companhia de Habitação Popular deCuritiba) que foram vitoriosos na conquista daequiparação salarial a de profissionais de igualfunção na administração municipal.

    No campo estadual tivemos a grevedos engenheiros da Sanepar que paralisa-ram as atividades por uma semana na lutapela valorização da carreira e ainda espe-ram um resultado que atenda a categoria.

    No Aeroporto Afonso Pena,acompanhamos de perto o trabalho dosengenheiros nas obras de ampliação doterminal que deverão ser entregues antesda Copa de 2014.

    Você também vai ler notícias sobre oSenge Jovem, que avança com açõesimportantes como o do suporte para aconstrução de apartamentos em umaantiga área de ocupação.

    Fazemos ainda um importante alerta, so-bre os riscos que a exploração de gás dexisto pelo método fracking podem trazer àeconomia e à sociedade paranaense.

    Tenha uma boa leitura!

    Ulisses KaniakPRESIDENTE DO SENGE-PR

    MOBILIDADE:um direito de todos!

    44444Editorial

    Joka Madruga

  • 3Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    Mobilidade44444

    Ir e vir, o direito que pesa no bolsoAs passagens de ônibus e as tarifas de pedágio são custos que têm grande im-pacto na economia dos cidadãos. Para garantir que os governos cumpram o de-ver de zelar pelo interesse público, o Senge-PR contribuiu de forma decisiva,neste ano, com a elaboração de estudos que apontaram indícios de irregularida-des na licitação do transporte de Curitiba e sugeriram mudanças no modelo depedágio para que a tarifa seja justa

    Vinte centavos foram o estopim para umaexplosão que despertou milhares de brasileirosque ocuparam as ruas no mês de junho emtodo o país. É certo que as demandas sociaissão muitas, mas o motivo que desencadeou asmobilizações Brasil afora teve relação direta como aumento da passagem de ônibus. Relaçãocom o direito de ir e vir dos cidadãos.

    Cartazes ao alto traziam o slogan “Não épor R$0,20. A luta é por direitos!” Sim. Lutapelos direitos à saúde, educação e transportede qualidade. Pelo direito de que o Estadonas esferas federal, estadual e municipal cum-pra o dever de zelar pelo interesse público.

    Foi a defesa do interesse público quefez com que o Sindicato dos Engenheirosno Estado do Paraná (Senge-PR) tivessepapel preponderante neste ano de 2013num trabalho em favor da mobilidade dequalidade e a preço justo.

    Estudo jurídico encomendado peloSenge-PR e mais quatro entidades sindi-cais, que apontou suspeitas de irregulari-dades na licitação do transporte públicode Curitiba, foi a base do relatório daComissão Parlamentar de Inquérito (CPI)do Transporte, da Câmara Municipal.

    O documento revelou vícios na publica-

    ção do edital de licitação, feito sem a apro-vação plena da assessoria jurídica da URBS,conforme prevê a lei, o que influenciou novalor da tarifa. Além disso, indicou que hou-ve favorecimento às empresas que atua-vam no setor. Os documentos mostraramque as cartas fiança apresentadas pelasempresas foram expedidas pela mesma ins-tituição bancária, no mesmo dia, esequencialmente e as propostas comerci-ais foram entregues com textos idênticoscom os mesmos erros de português.

    Com base nesses e outros indícios deirregularidades, o Senge-PR levou os do-

    Documentos encaminhados ao Cade emoutubro, com indícios de formação de cartelnas licitações do transporte de Curitiba

    Senge Comunicação

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    cumentos à CPI e entrou com representa-ção junto ao Ministério Público, a PrefeituraMunicipal e o Conselho Administrativo deDefesa Econômica (CADE) pela anulaçãodo processo licitatório de concessão dos ser-viços de transporte público de Curitiba. A açãofoi feita em conjunto com o Sindicato dosTrabalhadores em Educação Pública doParaná (APP-Sindicato); a Associação dosProfessores da Universidade Federal doParaná (UFPR) - Seção Sindical do AN-DES-SN; o Sindicato dos Empregados emEstabelecimentos Bancários, Financiários eEmpresas do Ramo Financeiro de Curitiba eRegião (Bancários de Curitiba) e o Sindicatodos Trabalhadores em Urbanização do Es-tado do Paraná (Sindiurbano).

    “Todos sabem que há indícios de cartel nalicitação do transporte coletivo” afirmou overeador Bruno Pessuti, relator da CPI naCâmara Municipal de Curitiba, durante a apre-sentação do relatório, no dia 28 de novembro.O relator destacou ainda o suporte que tevedo trabalho feito pelo Senge e demais sindica-tos. “Como o relatório dos sindicatos alertou,as três propostas apresentadas contém exa-tamente o mesmo erro de português. Isso ématematicamente muito difícil de acontecer, eexatamente o mesmo erro”, disse o vereador.

    De acordo com o diretor do Senge-PR, engenheiro Valter Fanini, o trabalho feitopelos sindicatos demonstrou que a gestão datarifa do transporte de Curitiba está nas mãosde empresários. “Nos debruçamos nos pro-cessos licitatórios e analisamos a fundo e onosso relatório conclusivo deu informações

    cabais, de indícios que nos convencem com-pletamente de que houve direcionamento doprocesso para que as algumas empresas ga-nhassem”, afirmou Fanini.

    Para ele, a Urbs S/A, empresa respon-sável pelo gerenciamento da Rede Inte-grada de Transporte (RIT) de Curitiba não

    tem controle dos elementos necessáriospara os cálculos da tarifa, como os custosenvolvidos e o número de passageiros. “Ela(a Urbs) não sabe exatamente quais oscustos praticados, e nem tem o númerototal de passageiros. Ou seja, apesar deser uma das melhores do país, ela tem sé-rias falhas gerenciais, sendo a principal afalta de administração da tarifa, que aca-ba sendo um totem sagrado, a verdadeiracaixa preta da URBS”, criticou Fanini.

    Preço alto não justificaRelatório produzido pelo Tribunal de Con-

    tas do Estado (TCE) também entregue aosintegrantes da CPI do Transporte dá contade que a tarifa de ônibus de Curitiba deveriaficar em R$ 2,25. São 45 centavos a mais do

    que os R$ 2,70 cobrados hoje pela passa-gem. O auditor do TCE, Cláudio Henriquede Castro disse, em debate sobre o tema re-alizado no Sindicato dos Empregados doComércio (Sindicom) que há um excesso decustos não justificáveis na tarifa.

    Segundo Castro, a própria estrutura daURBS, que é uma empresa de economiamista, acusa um conflito de interesses, quetem impacto na tarifa. “Normalmente, de-veríamos ter um órgão regulador e umfiscalizador. A URBS não é nem uma nemoutra, ela não fiscaliza e nem regula. Alémdisso, para fazer essa regulação e fiscaliza-ção, deveria ser uma empresa pública, enão de economia mista, que visa lucros”.

    O auditor do Tribunal de Contas lem-brou que a remuneração da URBS é umataxa de gerenciamento. “Quanto mais altaa tarifa, maior são os ganhos da URBS,dos 4% que incidem sobre o montante datarifa. Isso é um equívoco, não deve ha-ver proporção nessa atividade. Isso geraconflito de interesse na atividade, pois éum bem público, de interesse público, enão deve haver nisso lucratividade”, com-pletou Cláudio Henrique de Castro.

    Além da taxa da URBS, o relatóriodo TCE revelou uma série de irregulari-dades que aumentam o valor da tarifa,como o preço do combustível - que asempresas indicam como preço médio, masque deveria ser como preço mínimo, umavez que elas compram em grande esca-la; e o fundo assistencial e os kits de in-verno – jaquetas e cobertores para os co-

    Relatório do TCE mostraque a tarifa de ônibus

    de Curitiba deveria ficarem R$ 2,25. São 45

    centavos a mais do queos R$ 2,70 cobradoshoje pela passagem

    Pessuti: os indícios de irregularidades na licitaçãoapontados pelos sindicatos se confirmaram nas

    investigações feitas pela comissão

    Senge Comunicação

  • 5Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    bradores – que para o TCE deveriam serde responsabilidade da empresa.

    “Sem subsídios, a tarifa deveria ser, pe-los nossos cálculos, de R$ 2,55. Agora, man-tendo os subsídios atuais, ficaria em R$ 2,25,desconsiderando ainda mais 8 itens queacarretariam a diminuição maior no valorda passagem, como por exemplo, a retira-da dos impostos exclusivos, da taxa degerenciamento e a inclusão das receitas compublicidade”, observou o auditor do TCE.

    Da mesma forma que o parecer jurídicodo Senge-PR e dos demais sindicatos, o rela-tório do TCE também apontou indícios de cartelna licitação. “Um grupo econômico de mes-mo sobrenome mantém participação nos trêslotes da licitação, com 87,6% no primeiro lote,58,21% no segundo e 40,96% no terceiro lote,respectivamente. A participação total é de61%. Ou seja, de um contrato de aproxima-damente 9 bilhões, um único grupo tem maisde R$ 5 bilhões. Entendemos que é um indíciomuito forte de cartel”, afirmou Castro.

    Como resultado das investigações, aComissão Parlamentar de Inquérito pro-pôs o indiciamento de 17 pessoas, que te-riam praticados atos “contrários aos prin-cípios que regem a administração públi-ca, que pelo conteúdo lesivo causado aoerário merecem censura e sanções ad-ministrativas, cíveis e penais”.

    Num segundo grupo de indiciados,compostos por 60 pessoas e 35 empresas,figuram sócios e ex-sócios de integrantesdos consórcios vencedores da licitação queirão responder pela suspeita de formação

    de cartel, sonegação de Imposto Sobre Ser-viços (ISS), Imposto de Renda de PessoaJurídica (IRPJ) e Contribuição Social so-bre Lucro Líquido (CSLL).

    Pedágio das estradasparanaenses sobe R$5,72%

    No domingo, 1º de dezembro, o governo doParaná permitiu o aumento de 5,72% no valordas tarifas de pedágio nas rodovias federais eestaduais do chamado Anel de Integração. Opreço do pedágio mais caro, no trecho da BR277 entre Curitiba e o Litoral, aumentou R$0,80, passando de R$ 14,60 para R$ 15,40.

    Com o reajuste, para passar as fériasno Litoral Paranaense, um morador deMaringá que siga de carro gastará R$65,40 na viagem de ida para a praia, pas-sando pelas sete praças de pedágio exis-tentes no trajeto. A mesma rota, se feitapor um caminhão com seis eixos trans-portando uma carga desde Maringá atéo Porto de Paranaguá, custará ao cami-nhoneiro R$ 328,80 em pedágios.

    A representante das empresas, Asso-ciação Brasileira das Concessionárias de

    Rodovias (ABCR/PR), alega que o últi-mo aumento no preço das tarifas do pe-dágio apenas repõe as perdas provocadaspela inflação dos últimos 12 meses e émenor do que a inflação acumulada noperíodo, de 5,84%, segundo o Índice Na-cional de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA).

    Mas a concessão rodoviária é afinalremédio ou veneno? Em artigo publicadono jornal Gazeta do Povo no mês de se-tembro, o diretor do Sindicato dos Enge-nheiros no Estado do Paraná (Senge-PR),Valter Fanini, considerou que no Paraná,a prescrição e administração incorreta do“remédio” das concessões rodoviáriastransformou o remédio em veneno eco-nômico.

    “No caso do Paraná, o que assistimosnas concessões rodoviárias foram contra-tos com origem em processos licitatóriosque não primaram pela concorrência en-tre os participantes e, portanto, não esta-beleceram de saída o valor de uma tarifajusta. Perdendo-se assim, de início, um dospilares dos modelos de concessões públi-cas, que é a modicidade tarifária. A tarifacomo fator nocivo dos contratos de con-cessão rodoviária no Paraná foi ampla-mente agravada pelos sucessivos ganhosobtidos pelas empresas através da elimi-nação ou postergação de investimentosprevistos nos contratos iniciais”, disse odiretor do Senge-PR.

    Para rever e alterar o modelo de ges-tão de concessão das rodovias paranaenses,

    Em 1º de dezembro, opreço do pedágio maiscaro, no trecho da BR277 entre Curitiba e oLitoral, aumentou R$0,80, passando de R$14,60 para R$ 15,40

    Para Cláudio de Castro (à direita), doTribunal de Contas, há um excesso de

    custos não justificáveis na tarifa

    Senge Comunicação

  • Jornal O Engenheiro n.º 1146

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    o Senge-PR e o Crea-PR, na condição derepresentantes dos Usuários na ComissãoTripartite de Fiscalização do Pedágio, en-tregaram, em 30 de novembro de 2012,relatório ao Departamento de Estradas deRodagem do Estado do Paraná (DER)com análises, considerações e recomen-dações sobre o atual estágio de execuçãodos contratos de concessão de rodovias.O mesmo relatório foi amplamente divul-gado à imprensa em 5 de março deste ano.

    Os dados que constam no documentoforam formatados a partir de trabalho inloco feito por técnicos do Sindicato e doConselho nas estradas paranaenses. Aanálise de documentos feita pelos enge-nheiros mostrou que processo de conces-são rodoviária no estado do Paraná nãoatingiu a maioria de seus objetivos.

    O relatório mostrou que a eliminação deinúmeros investimentos, inicialmente constan-tes nos contratos, ou a sua postergação parao final do período contratual manteve as ro-dovias pertencentes ao Anel de Integraçãoem condições muito próximas das encontra-das antes do processo de concessão. Apon-tou também que a maior parte dos dos traba-lhos de verificação de conformidade da exe-cução de obrigações contratuais é feita portécnicos de empresas terceirizadas.

    Considerações e sugestões para a mudança do modelode pedágio no Paraná estão os seguintes pontos:

    Que o Governo do Estado defina e implante, de forma definitiva, um modelo degestão para os contratos de concessão, dando clareza na divisão de competências entreo DER/PR, AGEPAR, TECPAR e Empresas Consultoras e a Comissão Tripartite.

    Que o governo incorpore às estruturas do DER/PR os recursos, humanos,tecnológicos e organizacionais, necessários ao desempenho de suas funções, noscontratos de concessão, procurando assim reduzir a necessidade de terceirizações.

    Que o Governo do Estado do Paraná estabeleça uma política de recursoshumanos que trate os técnicos da área de concessões do estado de forma maisequânime com o mercado de trabalho, principalmente no que se refere ao saláriodos engenheiros.

    Que o processo de decisão para a formulação de novos aditivos sobre ocontrato, inclua um debate prévio com a Comissão Tripartite e outras instituiçõesde controle e fiscalização dos contratos públicos, além de entidades da sociedadecivil que possam contribuir com o aprimoramento e a legitimação de eventuaismudanças contratuais.

    Que os contratos de concessão rodoviária do Estado do Paraná não sejamprorrogados ou renovados para além do prazo contratual.

    Valter Fanini destaca que os serviços eas infraestruturas públicas que são concedi-das para exploração pela esfera privada con-tinuam sendo de responsabilidade do poderpúblico. “A sociedade só terá seus direitoscontratuais garantidos se o Estado for efici-ente na elaboração e gestão dos contratos

    de concessões. A qualidade da elaboração egestão dos contratos é que vão definir se oprocesso de maior participação da iniciativaprivada na implantação e manutenção dasinfraestruturas rodoviárias resultará num ne-gócio justo entre as empresas e a sociedade,que é a pagadora do contrato”.

    AEN

    R$ 328,80 é o custo do pedágio paraum caminhão de seis eixos, quepercorre a rota Maringá / Paranaguá

    Evolução das tarifas de pedágio Jun/98 Dez/2013 Variação (%) Aumento real (%)

    Ecovia 3,80 15,40 305,26 58,14

    Econorte 3,70 14,20 283,78 49,76

    Viapar 3,20 9,70 203,13 18,28

    Rod. Cataratas 3,00 9,70 223,33 26,174

    Rodonorte 2,80 9,00 221,43 25,43

    Caminhos do PR 2,80 8,10 189,29 12,88

    Preço Médio 3,22 11,02 242,49 33,64Fonte: Concessionárias de rodovias. Elaboração: Dieese

    AEN

  • 7Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    Jovens, com idades entre 20 e 30 anos,moradores da periferia das grandes me-trópoles, imersos num universo políticobaseado na ação participativa, e caren-tes dos mais variados serviços básicos,como saúde, educação e transporte dequalidade. Inseridos em um mercado detrabalho que oferece baixos salários, àsduras penas buscam a qualificação pro-fissional e educacional em instituições pri-vadas. No entanto, as promessas de sa-lários melhores não são cumpridas.

    São os representantes do precariado,vítimas de um sistema político econômicoque não atinge as expectativas lançadas, ede um mercado de trabalho cada vez maisinjusto e estafante. Sua insatisfação setransformou em indignação, que tomou asruas, numa mobilização com cerca de 6milhões de pessoas em todo o pais, conhe-

    cida como as Jornadas de Junho.Não foram apenas vinte centavos,

    concluiu o sociólogo Ruy Gomes BragaNeto, em palestra promovida pelo SengeJovem, em novembro, no CentroPolitécnico da Universidade Federal doParaná (UFPR).

    Para o professor do departamento desociologia da Universidade de São Paulo,as manifestações foram fruto de uma sériede elementos políticos, econômicos e soci-ais que se somaram e foram responsáveispelo salto de uma insatisfação para uma in-dignação pública, em busca de qualidadede transporte público, saúde e educação.

    Por um lado, o fenômeno das mani-festações foi motivado pelo que o soció-logo julga como inegável aumento de dis-tribuição e contenção da concentração derenda, que possibilitou um progresso ma-

    terial. Isso fez com que “a nova classemédia, pelo conceito do governo, elevas-se exponencialmente as suas expectati-vas em relação ao futuro, gerando o efei-to de ir para as ruas e exigir mais do mes-mo, ou seja, que os rumos se aproximemdas expectativas”.

    Por outro lado, saindo de uma análiseeconômica, as manifestações também sãoprovenientes de um choque de culturaspolíticas dicotômicas, entre a concepçãotradicional e ‘antiparticipacionista’ e a cul-tura política horizontal, popular, proveni-ente da democratização da internet, dafácil circulação da informação e dauniversalização do ensino médio.

    No entanto, para Braga, tanto aredistribuição e desconcentração de renda,quanto a tensão entre as culturas políticas di-vergentes não são suficientes para explicar a

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    A voz e a vez do precariado6 milhões de pessoas foram às ruas e pararam o país nas chamadas Jornadas deJunho. Em sua maioria, jovens que trabalham o dia todo para pagar a faculdade ànoite, ajudar em casa e sonhar em fazer valer os seus direitos e ter oportunidadesde um futuro melhor. Em palestra organizada pelo Senge Jovem, o sociólogo RuyBraga analisa o fenômeno que, segundo ele, representou a maior mobilização dahistória do Brasil, superando até mesmo os eventos pelas Diretas Já

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    www.senge-pr.org.br

    um transporte público de qualidade, demons-trando que não são apenas vinte centavos.“As pessoas estão inquietas, insatisfeitas,não porque teve o melhoramento do con-sumo, que se dá da porta pra dentro decasa, com bens, mas com que há da por-ta para fora de casa, que tem piorado,com o acesso, a cidade privatizada, o mun-do do trabalho estruturado em termos deprecarização, subemprego. Com tudo isso,as pessoas ficam inquietas, e extravasamnas ruas, apresentando as respostas paraseus pleitos. Saúde, transporte e educa-ção”, conclui.

    A palestra do sociólogo foi realizadadurante o lançamento do livro “CidadesRebeldes: Passe Livre e as manifestaçõesque tomaram as ruas do Brasil”, emCuritiba. A obra reúne textos de váriosintelectuais sobre os impactos dos pro-testos conhecidos como Jornadas deJunho, analisando suas consequênciaspara a democracia brasileira. Além de RuyBraga, destaca-se a participação no livrode artigos dos pensadores Slavoj •i•ek,David Harvey, Mike Davis, Raquel Rolnik,Ermínia Maricato e Jorge Souto Maior,dentre outros.

    O debate e lançamento do livro foipromovido pela editora Boi Tempo,Senge-PR e Senge Jovem, que é um nú-cleo de relacionamento estudantil do Sin-dicato, que vislumbra dar apoio às lide-ranças engajadas na realização de proje-tos e lutas em favor dos interesses dosestudantes e profissionais de engenhariae em ações por um um país com maisavanços sociais e desenvolvimento inte-grado e sustentável.

    magnitude do processo, que, “do pontode vista histórico, foi a maior manifesta-ção popular da história brasileira, maiorque as Diretas Já”.

    Mobilidade, força policial eprecariedade do trabalho

    A Revolta da Catraca, umamobilização popular realizada em 2004em Florianópolis (SC) contra o aumentoda tarifa dos transporte publico, é umadas origens do Movimento Passe Livre(MPL), um dos principais capitalizadoresdas manifestações de junho deste ano.

    Anualmente, contra os reajustes tarifáriose por outras bandeiras, o MPL realiza diver-sas manifestações em vários estados, noentanto, segundo Braga, sem significativaadesão. Em 2012 a mobilização em São Pau-lo conseguiu reunir um número maior demanifestantes, que acabaram sofrendo umareação violenta da polícia paulista.

    “Ao meu ver, aquilo foi o gatilho paraa grande adesão às manifestações”, afir-ma Braga, em relação, sobretudo, àmidiatização da ação desproporcional dapolicia à manifestação do MPL. “Aquelacena de policiais atirando, barbarizandono centro da cidade, fez uma ligação comaqueles jovens que moram na periferia etrabalham no centro, como se a violênciaque eles sofrem tivesse tomado o centroda cidade. Aquilo foi o estopim, até por-que queles manifestantes, que estavamsofrendo a repressão policial, lutavam pelotransporte público, de uso intensivo dosjovens da periferia”, conclui Braga.

    De acordo com pesquisa do Ibopeacerca das das Jornadas, aproximada-mente 65% dos manifestantes eram jo-vens com idade entre 14 e 29 anos, en-quanto 18% tinham entre 29 e 30 anos.Cerca de 93% tinham o ensino funda-mental completo e nível superior incom-pleto ou já completo. Em torno de 76%trabalham, sendo que a maioria ganha en-tre 2 e 5 salários mínimos. Em São Paulo,numa pesquisa realizada pelo DataFolha,83% dos manifestantes declararam usardiariamente o transporte coletivo.

    Segundo análise de Braga, é esse jo-vem, que mora na periferia, usa diariamenteo transporte público e recebe salários de 2

    a 5 salários mínimos que engrossam, apósa repressão policial, as manifestações paísafora. “Pra mim, a manifestação é forma-da por jovens, trabalhadores em condiçõesprecária, sub-remunerado e que foi absor-vido no mercado em ocupações subalter-nas. Ou seja, uma massa de jovens ple-beus, que moram nas periferias e traba-lham no centro da cidade, e se deslocampor intermédio de transporte coletivo”.

    A formalização do emprego vêm au-mentando no país. De acordo com o Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE), houve redução do desempegode 11,5% em 2002 para 5,4% em 2012,que registrou 47,46 milhões empregos for-mais, segundo dados da Relação Anualde Informações Sociais (Rais).

    Apesar do avanço na formalização ena diminuição do desemprego, Bragaatenta para os baixos salários oferecidospelo mercado. “Temos emprego para qua-se todo mundo, só que esse emprego pagaR$ 1 mil por mês, e é não qualificado ousemi-qualificado, isso significa que não éum funcionário fundamental para a indús-tria ou mercado, o que gera umarotatividade muito grande. Além disso, au-menta também o número de acidentes dotrabalho e morbidade, apontando deterio-ração do consumo da chamada merca-doria da força de trabalho no Brasil, o quegera uma demanda pelo maior pelo siste-ma público de saúde”.

    Tentando fugir dessa realidade, segun-do o sociólogo, esse jovem busca ma quali-ficação educacional no crescente mercadode faculdade particular, e quando retornaao mercado, descobre que o mercado con-tinua pagando salários abaixo da expectati-va. “Esse jovem, que está entrando no mer-cado de trabalho, que está fazendo faculda-de particular noturna, ela pega o salário, aju-da em casa e paga a faculdade. Quando, aduras penas, termina os estudos e retornaao mercado, desilude-se com as promes-sas que eram dadas, pois encontra maisempregos que pagam até 1,5 salários míni-mos. É esse emprego que a estrutura socialbrasileira está promovendo”.

    Dessa forma, fecha-se o ciclo das co-branças das Jornadas de Junho, segundoBraga, que se concentram em demanda pormelhores sistemas de saúde e educação, e

    Senge Comunicação

    “Esse jovem, que estáentrando no mercado de

    trabalho, que está fazendofaculdade particular notur-na, ela pega o salário, aju-da em casa e paga a facul-

    dade. Quando, a duraspenas, termina os estudos eretorna ao mercado, desilu-

    de-se com as promessasque eram dadas, pois en-contra mais empregos que

    pagam até 1,5 saláriosmínimos. É esse emprego

    que a estrutura social brasi-leira está promovendo”.

    Rui BragaSociólogo

  • 9Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    David de Castro_ABr

    O grito do precariado: por serviços básicos de qualidade

  • Jornal O Engenheiro n.º 11410

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    construção de moradias antiga área de ocupação

  • 11Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    381 famílias de trabalhadores deixarão case-bres de madeira p ara viver em condomíniode apartamentos financiados pelo Minha CasaMinha Vida na Cidade Industrial de Curitiba

    Foto: Gregório Bruning

    Senge-PR dá suporte àconstrução de moradias emantiga área de ocupação

  • Jornal O Engenheiro n.º 11412

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    O Senge Jovem tem participação diretaem um projeto de moradia social inédito queserá referência em política habitacional emCuritiba. Com o suporte de engenharia doSenge-PR, na elaboração de projetoshabitacionais, 381 famílias que, há mais deum ano residem na ocupação Nova Prima-vera, no bairro Cidade Industrial, vão deixaros casebres de madeira para viver em con-juntos de apartamentos do futuro Condo-mínio Nova Primavera. Para viver nas no-vas moradias, cada família pagará a presta-ção mensal de R$ 80,00 pelo Programa Mi-nha Casa Minha Vida, do governo federal.

    Juntamente com o Senge-PR, estãono Grupo Técnico responsável pelaedificação do condomínio a Cohab

    Curitiba, o Movimento Popular por Mo-radia (MPM) e a Damiani Engenharia,antiga proprietária do terreno ocupado eque será responsável pelas construções.

    Com a participação do Senge- PR, oGrupo Técnico busca melhorias no pro-

    jeto original da construtora, como porexemplo, a ampliação da área útil dos apar-tamentos, de 46,81 m² para 52 m².

    Na nova concepção, o condomínio terá80 apartamentos, com 52 m² de área a unida-de, divididos em cinco blocos de quatro pavi-mentos, além de área de vivência das famíliase espaço para reuniões e atividades culturais ede lazer. O processo construtivo prevê a par-ticipação direta dos futuros moradores, desdea elaboração do projeto à edificação, além dosuporte ao custeio de serviços de assessoriascontábil, técnica e jurídica.

    O financiamento das unidadeshabitacionais na área de ocupação seráfeita pelo programa Minha Casa MinhaVida, modalidade Entidades, pelo qual a

    organização do empreendimento é feitapor organizações cadastradas no Minis-tério das Cidades. Neste caso, o Movi-mento Por Moradia (MPM) será a enti-dade organizadora do loteamento e con-tará com o suporte da Prefeitura de

    Curitiba, da Cohab, da Caixa EconômicaFederal, do Ministério das Cidades, da Cons-trutora Damiani (proprietária do terrenoonde está a ocupação) e do Sindicato dosEngenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), por intermédio do Senge Jovem, den-tro do programa Engenharia Solidária, tra-balho de suporte social feito pelo sindicatoem convênio com as Universidades.

    A previsão é que as obras tenham iní-cio em maio de 2014 e que a construçãodas moradias seja feita em 18 meses.

    A ocupação Nova Primavera, orga-nizada pelo Movimento Popular por Mo-radia (MPM), nasceu no dia 28 de se-tembro de 2012. Localizada em frente àfábrica da Toshiba na Cidade Industrialde Curitiba, os integrantes da ocupaçãoNova Primavera são trabalhadores infor-mais, sem registro, autônomos, temporá-rios, terceirizados, aposentados, desem-pregados e trabalhadores formais comempregos precários, sejam de origem ur-bana ou rural. Todos moravam de aluguel,em casa de parentes e/ou em condições

    precárias, em casas em deterioração e quetem uma renda insuficiente para adquirirum imóvel. Enquanto isso, a área ocupadahá muito tempo se encontrava completa-mente abandonada sendo somente utiliza-da crimes e contravenções.

    Projetoproposto

    pelaconstrutora

  • 13Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    é a questão racial: dos 69 mil engenheirosparanaenses, quase 60 mil declarou-se branco(86% do total), 5 mil, preto ou pardo (7%) e 4mil, amarelo (6%), a título de comparação apopulação do estado em geral era formadapor 70% de brancos, 28,5% de pretos e par-dos e 1,4% de amarelos, o que mostra os gran-des obstáculos sociais que a população preta eparda enfrenta para ter acesso ao ensino su-perior, inclusive na área de engenharia.

    Segundo o CD-2010, 62,5 mil engenheirosestavam economicamente ativos, nesse univer-so 98,5% encontravam-se ocupados e apenas2,5% estavam desempregados, taxa quecorrespondia a menos da metade da taxa geraldo Paraná. Dos 61 mil engenheiros ocupados,40,3 mil trabalhavam como empregados assala-riados (66% do total), dos quais 33,7 mil na inici-ativa privada, 3 mil no serviço público e 3,5 milcomo empregado informal; outros 13,7 mil tra-balhavam por conta própria (22%) e 6,6 mil como

    Artigo44444

    Onde estão os engenheiros?Censo do IBGE aponta que apenas 1/3 dos profissionaisformados em engenharia trabalha como tal

    Quando nosdeparamos com odesafio de analisaro mercado de for-ça de trabalho deengenharia, asduas fontes de da-dos imediatamen-te disponíveis apre-

    sentam números contrastantes e incompletos: aRelação Anual de Informações Sociais (RAIS)oferece um perfil completo do profissional deengenharia, mas apenas daqueles que trabalhamcomo trabalhadores assalariados registradoscomo tal, logo uma parcela reduzida deles; já oscadastros de profissionais dos Conselhos Regi-onais de Engenharia e Agronomia (CREA) abar-cam quase a totalidade desses profissionais, massem captar suas características ocupacionais esocioeconômicas. Uma alternativa de fonte dedados é o Censo Demográfico (CD), no qual épossível filtrar a parcela da população com cur-so superior completo na área de engenharia eagronomia e a partir disso traçar o seu perfilsocial e ocupacional.

    O último Censo é de 2010, que contabilizou69 mil engenheiros no estado do Paraná, dosquais aproximadamente 53 mil homens e 16mil mulheres, uma proporção de quase 3 ho-mens para 1 mulher, números bastante próxi-mos do cadastro de registros regulares doCREA-PR no mesmo ano. Uma informaçãoa mais do perfil social acessível a partir do CD

    empregadores (11%). O melhor rendimentomensal médio declarado era o dos empregado-res (R$ 7.147), seguido dos empregados da ini-ciativa privada (R$ 4.044) e dos trabalhadorespor conta própria (R$ 3.815).

    Outra informação adicional disponível noCD-2010 é a ocupação declarada pelos profis-sionais de engenharia: apenas 19 mil deles de-clararam trabalhar como engenheiros (31% dototal), outros 9 mil declararam ocupações de di-reção e gerência (15% - a maior parte delesempregadores) e 8,5 mil ocupações típicas deoutros profissionais de nível superior (14%).Chama a atenção o contingente considerávelde 19,2 mil engenheiros (32%) que declararamtrabalhar em ocupações de nível de complexi-dade de trabalhadores com ensino médio ou fun-damental. Há ainda 4,7 mil engenheiros em ocu-pações mal definidas. Ou seja, quase 1/3 dosprofissionais de engenharia do Paraná estãosubaproveitados em ocupações de nível de com-plexidade aquém de sua formação.

    Entre os engenheiros assalariados do setorprivado, campo de ação prioritário do Senge-PR ao lado do funcionalismo público, a questãodo desvio de função do engenheiro se repete,com quase igual proporção de engenheirossubaproveitados (vide tabela).

    Com exceção dos engenheiros que ocupamcargos de direção e gerência (apenas 13% dototal), todos os demais engenheiros que decla-ram trabalhar em outras ocupações que não aengenharia recebem salários menores que osque declaram trabalhar como tal. Ao contráriodo senso comum, o engenheiro que não traba-lha como tal geralmente não o faz por opção oupor ser mais vantajoso em termos de remunera-ção, mas sim por necessidade, por não encon-trar emprego adequado à sua qualificação e ge-ralmente com remuneração menor.

    Nelson Nei Granato NetoEconomista da subseção do Departa-

    mento Intersindical de Estatística e EstudosSocioeconômicos (Dieese) no Senge-PR

    Eng. empregados celetistas por classe de ocupação - PR 2010

    Direção e gerência

    Profissionais - engenhariaProfissionais - outros

    Técnicos de nível médio

    Ocupações de complexidade inferior

    Ocupações mal definidas

    Total

    Engenheiros

    4.401

    10.8094.528

    5.126

    7.420

    1.673

    33.686

    R$ 6.581

    R$ 4.550R$ 3.953

    R$ 2.889

    R$ 2.421

    R$ 3.603

    R$ 4.044

    % do total

    13%

    32%13%

    15%

    22%

    5 %

    Rendimento mensal

    Fonte: CD-2010. Elaboração: SS Dieese/Senge-PR

    Entre os engenheiros assalari-ados do setor privado, cam-

    po de ação prioritário doSenge-PR ao lado do funcio-nalismo público, a questão

    do desvio de função do enge-nheiro se repete, com quaseigual proporção de engenhei-

    ros subaproveitados

  • Jornal O Engenheiro n.º 11414

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    valor que equivale a menos da metade do pisonacional da categoria que é de 9 salários míni-mos para oito horas de trabalho (R$ 6.102,00,considerando o mínimo atual de R$ 678,00).

    “Na administração pública direta o qua-dro é envelhecido. Os engenheiros que estãona ativa têm média salarial alta pelo tempo deserviço, mas estão prestes a se aposentar. Obaixo salário de entrada inibe que novos enge-nheiros optem pela carreira no Estado”, alertao diretor do Sindicato dos Engenheiros no Es-tado do Paraná, Valter Fanini.

    Na opinião de Fanini, o fracasso do Estadono atendimento da população cominfraestrutura, nas mais diversas áreas, é o re-flexo direto da falta de profissionais de enge-

    Dados da Rais44444

    Setor público do Paraná temdéficit no quadro de engenheirosEm um ano, a administração pública do Estado gerou apenas 20 postos de tra-balho no setor de engenharia. Na administração direta estadual, o quadro técnicoestá em fase de aposentadoria e o salário de entrada é menos da metade dopiso nacional de engenharia

    Dados da Relação Anual de InformaçõesSociais (RAIS 2012), divulgados pelo Minis-tério do Trabalho e Emprego neste mês deoutubro, apontam que no Paraná o empregode engenharia no setor público teve o acrésci-mo de apenas 20 postos de trabalho, desem-penho pífio causado principalmente pelo saldonegativo de 70 engenheiros no quadro do fun-cionalismo público estadual no ano passadocomparativamente ao ano anterior.

    Outro grande destaque negativo relaciona-do à administração pública estadual foi a dimi-nuição de 188 empregos de engenharia nosserviços industriais de utilidade pública (energiaelétrica, água e esgoto e gás encanado), atendi-dos por empresas como a Copel, Sanepar e

    Compagas. O setor atendido por estas empre-sas estatais foi o que também teve a maior di-minuição do salário real médio em 2012 (quedade 7,4%), apesar de manter a maior remunera-ção média dos engenheiros (R$ 11.022) entreos setores da atividade econômica.

    No que diz respeito aos quadros de enge-nharia da administração pública direta, o ce-nário ainda é pior para a categoria. A maiorparte dos engenheiros do estado tem 23,8 anosde tempo médio de emprego (chegando a 27anos nas autarquias estaduais) e está em fasede aposentadoria. Além disso, a renovaçãodesses quadros esbarra na barreira salarial,uma vez que a remuneração de entrada paraos profissionais de engenharia é de R$ 3.005,69

    AEN

    Obras do PAC da Copa, como o Corredor Aeroporto/Rodoferroviária, seguem a passos lentos entre Curitiba e São José dos Pinhais

  • 15Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    Leandro Taques

    nharia que são os responsáveis pela elaboraçãode projetos e fiscalização de obras públicas.

    Os dados da RAIS 2012 mostram que oParaná mantém a quarta posição nacional nomercado de trabalho de engenharia do país, àfrente do Rio Grande do Sul e a Bahia e atrás deSão Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Emdezembro de 2012, eram 14.597 engenheiros nomercado de trabalho formal do estado, 609 amais que em dezembro do ano anterior, um cres-cimento de 4,4% no período, abaixo do cresci-mento nacional que foi de 5,5%. O salário nomi-nal médio dos engenheiros paranaenses no anopassado foi de R$ 7.771, o que representa umaumento real de apenas 0,1% ao registrado noano anterior e 12% abaixo da média nacional.

    Lideram a geração de empregos for-mais no setor a engenharia civil e a agrono-mia, concentrando 32% e 20%, respectiva-mente. Por ser o Paraná um dos líderes na-cionais na produção agrícola, a proporçãode engenheiros agrônomos é o dobro danacional, o que em números absolutos o fazo segundo maior mercado de trabalho deagronomia do país.

    Logo a seguir vem a engenharia indus-trial, que tanto local quando nacionalmentetem sido a modalidade de engenharia commaior crescimento anual, empregando 17%dos engenheiros paranaenses. As modali-dade tradicionais de engenharia elétrica eengenharia mecânica, completam a listasendo responsáveis por 13% e 11% doemprego formal no estado, respectivamen-te. Estas cinco modalidades juntas somam93% do emprego de engenharia no Paraná.

    Indústria e serviçosO emprego setorial de engenharia no

    Paraná mostra que, em 2012, a indústria detransformação continua sendo a maior em-pregadora (31% do total), seguida do setorde serviços (21%) e da administração pú-blica (15%). Construção Civil, comércio eserviços industriais de utilidade pública em-pregam em torno de 10% dos engenheirosdo estado cada um. Na geração de empre-gos em 2012, o setor de serviços foi o quemais criou postos de trabalho, 393, princi-palmente na área de serviços de engenha-ria e consultorias, a indústria de transfor-mação e a construção civil criaram 180 e133 empregos, respectivamente.

    Cresce o número de empregos de

    mulheres na engenharia, mas elas ainda

    ganham 20% a menos que os homens

    O Brasil fechou o ano de 2012 com 240 mil engenheiros no mercado de trabalhoformal, o que representou um crescimento de 5,5% do setor comparativamente aoano anterior. No mesmo período, o crescimento do emprego de mulheres na engenha-ria foi maior que o dos homens (9,1% contra 4,8%), mas a participação feminina nestemercado ainda representa apenas 17% do total de engenheiros assalariados e a re-muneração delas é, em média, 20% menor que a dos homens. Os dados constam naRelação Anual de Informações Sociais (RAIS 2012), divulgados pelo Ministério doTrabalho e Emprego neste mês de outubro.

    Com 6,1% dos empregos formais no setor, o Paraná é o quarto maior mercadonacional de engenharia, atrás de São Paulo (35%), Rio de Janeiro (15%) e MinasGerais (10%) e é seguido de perto pelo Rio Grande do Sul (5%) e Bahia (4,1%). Osestados que mais geraram empregos nas áreas de engenharia no ano passado foramSão Paulo (4,5 mil), Rio de Janeiro (2,5 mil) e Rio Grande do Sul (1,1) mil. O Paranácriou 609 empregos no setor em 2012.

    Observando o mercado de trabalho setorial, percebe-se que em 2012 o setorde serviços tornou-se o maior empregador de engenheiros (28,2% do total), ultra-passando a indústria de transformação (28%). Outros setores importantes são aconstrução civil (15,8%) e a administração pública (10%). Dos quase 12,6 milempregos de engenharia criados em 2012, o setor de serviços foi o responsávelpor mais de 5,8 mil deles (principalmente na subárea de serviços técnico-profissi-onais especializados, como serviços de engenharia e consultorias); a indústria detransformação criou 2,3 mil empregos em seus mais diversos ramos, e a extraçãomineral criou outros 2,2 mil empregos (em grande parte nas áreas de extração deminerais metálicos e de petróleo). O destaque negativo ficou com a construçãocivil que em 2012 teve saldo negativo de 1,1 mil na criação de empregos, princi-palmente pela retração quase do mesmo montante do emprego de engenheirosem obras de infraestrutura.

    O salário nominal médio dos engenheiros brasileiros em dezembro de 2012 era deR$8.836, o correspondente a 14,2 salários mínimos da época, e 1,9% maior que oregistrado em dezembro do ano anterior, já descontada a inflação do período.

    A modalidade de engenharia mais numerosa continuou sendo a “civil”, 33,8% do total.A “industrial”, que vinha crescendo mais que as outras desde 2003, tornou-se a segundacolocada, 15,8% total, ultrapassando a “elétrica” (15,5%). Juntas essas três modalidadesrepresentam 2/3 dos engenheiros no mercado de trabalho formal. Somadas as modalida-des “mecânica” (13,7%) e “agronomia” (10%) chega-se a 90% do total.

    Perfil - Comparado ao mercado de trabalho formal, o dos engenheiros é relativa-mente jovem, com estabilidade no emprego e boa remuneração. Quase 60% sãotrabalhadores têm até 40 anos de idade; 49% deles têm pelo menos 3 anos de carreiranuma mesma empresa; 44% recebem mais de 10 salários mínimos e 30% mais dequinze salários.

    A RAIS é constituída pelas informações que as empresas devem encaminhar aofinal de cada ano ao MTE relativas à sua atividade econômica e característicasocupacionais e individuais de seus empregados, como sexo, idade, remuneração, pro-fissão exercida entre outras. Com esta base de dados é possível analisar o mercadode trabalho formal no Brasil sob os mais diversos recortes.

  • Jornal O Engenheiro n.º 11416

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    Segundo Couce de Menezes:

    1) muito comum é o assédio em circuns-tâncias em que o empregado ou a empre-gada goza de estabilidade ou de algumagarantia no emprego. Nesses casos, éperpetrado através da discriminação; ri-gor excessivo, provocações; inação for-çada; serviços superiores às forças do tra-balhador, vexatórios ou distintos daque-les relacionados com as suas funções;2) no caso de ação movida pelo obreirocontra o patrão, quanto este não é suma-riamente despedido, não raro passa oempregador ou seu preposto a infernizara vida do demandante, através de umainfinidade de expedientes, sendo aindamuito frequente a preterição em promo-ções, rebaixamento de fato de funções,retorno às funções originais etc.;3) despedidas, antecipadas de atos hu-milhantes (sala trancada, pertences pes-soais na porta, gavetas esvaziadas, re-preensão pública, circular interna);4) pôr o empregado, incômodo ou emrelação a quem se nutre uma antipatia, atrabalhar em espaço exíguo, mal ilumi-nado e mal instalado;5) tarefas e objetivos irrealizáveis;6) ameaças constantes de dispensa, co-letiva ou individual;7) superior hierárquico que põe sempre emdúvida o trabalho e a capacidade do obreiro;8) determinado chefe que trata seus fun-cionários rudemente, com agressõesverbais e sistemáticas;9) empregado que é vítima de comentáriosmaldosos de ordem sexual, racial ou social;10) retorno de empregado após períodode licença médica ou de outra natureza,especialmente quando de longa duração.O empresário e seus gerentes e chefes,não raro, buscam se descartar desse ‘pro-blemático’ trabalhador, através da inaçãoforçada, transferência de funções e delocal de trabalho e congelamento funcio-nal, entre outros procedimentos.3

    Ressalte-se que o rol de comportamen-tos listados é meramente exemplificativo,sendo ponto essencial a continuidade do com-portamento. Atos isolados não configuramassédio moral. Como já mencionado, a repe-tição intencional e constante são imprescin-díveis à verificação do instituto.

    Os atos habitualmente verificados nos qua-dros de assédio moral podem ser praticadostanto pelo superior hierárquico (forma mais co-

    Artigo44444

    Assédio moral nasrelações de trabalhoO Direito do Trabalho volta os olhos à defesa dos profissionais expostos a situa-ções que extrapolam o ambiente de trabalho e implicam em perda pessoais, paraas suas famílias, para as empresas, para os governos e para toda a sociedade

    Nada obs-tante os inequívo-cos avanços damodernidade noscampos tecno-lógico e de produ-ção de riquezas,com sensívelmelhoria de con-

    dições de vida para partes consideráveis dahumanidade, necessário, no atual estágio dasrelações de trabalho, despenda-se merecidodestaque ao protagonista de tais conquistas:o trabalhador.

    Nesse cenário, relevante se destacaa questão relativa ao assédio moral aque estão expostos os trabalhadores emsuas atividades produtivas, problemaeste que, sem dúvidas, é dos mais gra-ves que assolam atualmente as relaçõesde trabalho.

    O assédio moral é produto de umasoma de diversos elementos, dentre osquais figura a globalização econômica pre-datória, atenta apenas ao lucro, e a mo-derna organização de trabalho, assentadana competição agressiva e na opressãodos trabalhadores por intermédio da ma-nipulação do medo.

    A regular submissão do trabalhador aum clima de terror psicológico causa navítima assediada moralmente sofrimentoabsolutamente habilitado a atingir direta-mente a sua saúde física e psicológica,gerando uma propensão ao desenvolvi-mento de doenças crônicas, que poderãoperdurar por toda a sua vida.

    Dessa forma, o assédio moral, alémde lacerar a trajetória profissional das ví-

    timas, também implica perda para as fa-mílias dos assediados, para as empresas,para os governos e, portanto, para toda asociedade, de modo que a prevenção im-porta benefícios a todos os cidadãos.

    Diante das cicatrizes impressas peloassédio moral na vida de tantas pessoas,impende um debruçar sobre esse relevan-te tema, considerando-se especialmentea atual fase de desenvolvimento do Di-reito do Trabalho, quando se busca o di-reito não apenas ao trabalho, mas, sobre-tudo, ao labor digno, libertador e seguro,dentro dos limites impostos pelo sistemacapitalista.

    Bem apreciado na seguinte defini-ção, o assédio moral pode ser compre-endido como “...toda e qualquer con-duta abusiva manifestando-se, sobretu-do, por comportamento, palavras, ges-tos, escritos, que possam trazer dano àpersonalidade, à dignidade ou à integri-dade física ou psíquica de uma pessoa,pôr em perigo seu emprego ou degra-dar o ambiente de trabalho.”1.

    A Organização Mundial de Saúde(OMS), na publicação Acoso Psico-lógico em el Trabajo2, de 2004,conceitua o assédio moral no local detrabalho como sendo “...um compor-tamento irracional repetido, sobre umempregado ou sobre um grupo de em-pregados, criando risco de dano paraa saúde e a segurança” (tradução li-vre), depreendendo-se comportamen-to irracional como aquele desempe-nhado pelo homem médio que, con-trolando todas as circunstâncias, dis-crimina, coage, humilha, ameaça, pro-

    movendo sérios riscos à saúde do tra-balhador.

    Percebemos, por intermédio das defi-nições acima, a existência de mençõesrecorrentes, as quais nos permitem con-ferir algumas das particularidades maisrelevantes dos comportamentos que po-dem ser considerados assédio moral.

    Primeiramente, a repetição e a siste-matização são termos que ressaltam a ca-racterística inicial do fenômeno: o fato doassédio moral não se perfazer por ato iso-lado, mas sim pela insistência, pela repe-tição, pela reiteração dos atos por certotempo. Observe-se, no entanto, que asdefinições não dão conta de determinarum limite máximo ou mínimo de tempo,não havendo, ainda, consenso a respeitode tal medida.

    Em segundo lugar pode-se obser-var a conduta do assediador como sen-do dolosamente abusiva, o que se cons-tata por intermédio do uso de termosque denotam tanto a intenção doassediador de destruir a integridadefísica ou psíquica da vítima, como oabuso, marcado pela inexistência de le-gítimo e honesto motivo para que pro-ceda da forma como o faz.

    Por fim, as definições convergem aoassociar o assédio a comportamentos nãovislumbrados socialmente como normais,sendo, portanto, contrários ao conjunto devalores arraigados na sociedade.

    Cláudio Armando Couce de Menezes,em obra relacionada ao assédio moral eseus efeitos jurídicos, relaciona várias hi-póteses que podem culminar na caracte-rização do assédio.

  • 17Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    Segundo Couce de Menezes:

    1) muito comum é o assédio em circuns-tâncias em que o empregado ou a empre-gada goza de estabilidade ou de algumagarantia no emprego. Nesses casos, éperpetrado através da discriminação; ri-gor excessivo, provocações; inação for-çada; serviços superiores às forças do tra-

    tintos daque-les relacionados com as suas funções;2) no caso de ação movida pelo obreirocontra o patrão, quanto este não é suma-riamente despedido, não raro passa oempregador ou seu preposto a infernizara vida do demandante, através de umainfinidade de expedientes, sendo aindamuito frequente a preterição em promo-ções, rebaixamento de fato de funções,retorno às funções originais etc.;3) despedidas, antecipadas de atos hu-milhantes (sala trancada, pertences pes-soais na porta, gavetas esvaziadas, re-preensão pública, circular interna);4) pôr o empregado, incômodo ou emrelação a quem se nutre uma antipatia, atrabalhar em espaço exíguo, mal ilumi-

    5) tarefas e objetivos irrealizáveis;6) ameaças constantes de dispensa, co-

    7) superior hierárquico que põe sempre emdúvida o trabalho e a capacidade do obreiro;8) determinado chefe que trata seus fun-cionários rudemente, com agressões

    9) empregado que é vítima de comentáriosmaldosos de ordem sexual, racial ou social;10) retorno de empregado após períodode licença médica ou de outra natureza,especialmente quando de longa duração.O empresário e seus gerentes e chefes,não raro, buscam se descartar desse ‘pro-

    , através da inaçãoforçada, transferência de funções e delocal de trabalho e congelamento funcio-nal, entre outros procedimentos.3

    Ressalte-se que o rol de comportamen-tos listados é meramente exemplificativo,sendo ponto essencial a continuidade do com-

    Atos isolados não configuramassédio moral. Como já mencionado, a repe-tição intencional e constante são imprescin-díveis à verificação do instituto.

    Os atos habitualmente verificados nos qua-dros de assédio moral podem ser praticadostanto pelo superior hierárquico (forma mais co-

    mum), como também por colegas que seencontram na mesma posição dentro da em-presa (normalmente motivado por diferen-ças pessoais ou pela competição pela as-censão) e, ainda, por inferiores hierárquicoscontra o superior (costumeiramente recém-contratado ou antigo igual hierárquico, queassume posição de chefia, sendo continua-mente desafiado pelos antigos colegas a pro-var sua competência).

    Dentre as inúmeras consequênciasadvindas da prática do assédio moral figu-ram os distúrbios psíquicos (depressão e stresscrônico) e as patologias físicas, tais como asgastrites, as úlceras, as variações de peso eas doenças cardiovasculares.

    As doenças passam a interferir na produti-vidade do trabalhador e, suas relações pessoais,na empresa e na família, tendem a deteriorar-se. A cada afastamento da empresa para trata-mento corresponde uma piora do assédio.

    O extermínio moral pode alcançar dimen-sões tão nefastas, que o assediado chega a cul-par-se, a não se sentir mais merecedor de estarentre seus pares, colocando-se como respon-sável por toda a situação em que envolvido, nãosendo raros, nesta fase, o consumo abusivo deálcool e a utilização de drogas ilícitas.

    Julga-se o assediado como indivíduo pre-judicial à empresa ou ao ambiente de trabalhoe eventualmente demite-se (findando por darpor cumprido o objetivo pretendido peloassediador), não se dando conta de que, antesmesmo do emprego, já havia perdido a suadignidade, a sua saúde e, muitas vezes, a famí-lia e o respeito próprio e dos seus iguais.

    Portanto, diante da disseminação do assé-dio no meio laboral, bem como da gravidadedos danos que podem ser causados em virtudede tal prática, diversas entidades têm se preo-cupado em esclarecer os trabalhadores quantoao instituto e, em caso de sua ocorrência, quan-to à necessidade de buscar-se a reparação noJudiciário, embora esta “compensação”, sabe-se, jamais dará conta de aplacar toda a dor e aangústia suportadas pela vítima.

    A reparação trabalhista decorrente do as-sédio moral abrange os danos morais resul-tantes de lesão aos Direitos de Personalidadeda vítima (aos direitos essenciais da pessoa,que compõem sua personalidade e sua digni-dade, à sua integridade física e psíquica) e osdanos materiais, que derivam da lesão à inte-gridade física e psicológica do assediado (o

    assédio moral como doença ocupacional).A grande dificuldade que se encontra na

    esfera judicial refere-se à prova dos atoscaracterizadores do assédio moral, especial-mente em seara trabalhista, em que a provaessencial do empregado é, via de regra, a tes-temunhal. Os colegas do assediado sentem-se constrangidos e ameaçados, razão pela qualé importante ter-se ciência de que o momentoideal de produção de prova se dá ao longo dodesenvolvimento da campanha de assédio, poisapós o desligamento da empresa torna-se, emgeral, difícil sua consecução.

    Por óbvio, e daí a importância de incenti-var o debate acerca do tema, entende-se aprecaução como o melhor remédio, providen-ciando-se meios que garantam um ambientede trabalho saudável, digno.

    Sobretudo considerando-se que o trabalhohodiernamente pensado representa um direitoem si e, por tal razão, não dissociado das condi-ções de sanidade e de dignidade, não se admi-tindo a suposição equivocada de que o obreiro,ao transpor os portões da empresa, despoje-sedas prerrogativas de ser humano pleno, de su-jeito de direitos que é.

    Nesse diapasão, urge cada vez mais ahumanização do Direito do Trabalho. Impõe-sea necessidade de se garantir um ambiente dotrabalho saudável, humanizando as relaçõeslaborais que, na prática, ainda se atam a umaconcepção predominantemente patrimonialista.

    Assim, que novas pesquisas no ramodo Direito se debrucem sobre o tema eque legisladores norteiem-se pela apro-vação de normas que efetivamente am-parem o trabalhador respeitando-lhe a in-tegral e indivisível estrutura humana: cor-po e mente, rumo à completude de umamplo universo em que permeie ahumanização dos direitos de cada obrei-ro, construindo-se, desta forma, a socie-dade livre, justa e solidária, tão propugnadapelo Estado Democrático de Direito.

    Melina Aguiar RosaAssessora jurídica do Senge-PR

    para questões trabalhistas

    Notas -1 - HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio Moral, a Violência Perversado Cotidiano. Bertrand do Brasil: Rio de Janeiro, 2002. p. 43.

    2 - ONU - Organização das Nações Unidas. Organização Mundial daSaúde: Acoso Psicológico em El Trabajo, 2004. 38f.

    3 - MENEZES, Cláudio Armando Couce de. Assédio Moral e seusEfeitos Jurídicos. Revista do Direito do Trabalho. Vol. 107, Ano 28. RT:São Paulo, outubro-dezembro/2002. p. 198.

  • Jornal O Engenheiro n.º 11418

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    Sindicato dos Engenheiros no Estado do P

    Dia do Engenheiro44444

    Em Curitiba, confraternizaçãodo Senge reúne 300 pessoasA 8.ª edição do jantar de confraternização em comemoração ao Dia do Engenheiro,realizada anualmente pelo Senge-PR, foi marcada por momentos de muita alegria edescontração. Durante o evento, o presidente do Sindicato, Ulisses Kaniak, rememorouas lutas da entidade pela categoria em 2013. A comemoração também contou com aentrega de certificados aos associados remidos.

    Jornal O Engenheiro n.º 11418

  • 19Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    19Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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  • Jornal O Engenheiro n.º 11420

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    Almoços e jantares marcamcomemoração do Dia do Engenheironas regionais do Senge-PR

    A tradicional confraternização do Senge-PR emcomemoração do Dia do Engenheiro reuniu pro-fissionais de engenharia e famíliares nas regio-nais do Sindicato. Confira as fotos

    Jornal O Engenheiro n.º 11420

    Dia do Engenheiro44444

  • 21Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    21Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

  • Jornal O Engenheiro n.º 11422

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    Luta sindical 2013 44444

    Com suporte do Senge,funcionários da Cohab

    Curitiba conseguiramabono de 34% sobre os

    salários, atendendo aopleito pela equiparação a

    profissionais de igualfunção na Prefeitura. No

    Estado, governo mudaregras na Cohapar e nãoatende as reivindicações

    dos saneparianos

    Senge garante valorizaçãode engenheiros da Cohab.

    Estado, por sua vez,ignora a categoria

    Senge Comunicação

  • 23Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    Na noite de 17 de junho, umasegunda-feira, ápice das ma-nifestações que mobilizaramo país, até então motivadas pelo aumentonas tarifas do transporte, o prefeito deCuritiba, Gustavo Fruet, esteve no Senge-PR na sua primeira visita após ter sido elei-to. Antes disso, o pedetista participara dasabatina dos prefeituráveis, organizada peloSindicato em parceria com o Crea-PR,tendo sido, em setembro de 2012, o últimocandidato entrevistado entre os concorren-tes à prefeitura da capital.

    Naquela noite, reunido com a diretoriado Senge-PR, ao som das manifestaçõesque reuniram milhares de pessoas na Pra-ça Santos Andrade, a poucos metros dasede do Sindicato, Fruet assumiu o com-promisso de valorizar o funcionalismo mu-nicipal, entre eles os quadros de engenhei-ros e arquitetos de empresas como a Cohab,e de abrir a administração para a partici-pação de entidades de classe de engenha-ria e arquitetura no processo de planeja-mento e gestão urbana da capital.

    À espera de uma decisão da administra-ção municipal pela equiparação salarial a deprofissionais de igual função na Prefeitura,engenheiros e arquitetos da Companhia deHabitação Popular de Curitiba cruzaram osbraços nos dias 20, 26 e 27 de junho.

    O compromisso assumido por Fruet noSenge foi uma bandeira defendida pelos pro-fissionais de engenharia da Cohab que, me-ses mais tarde, tiveram o seu pleito atendido.A partir do mês de dezembro, os 24 enge-nheiros e 18 arquitetos da Companhia de Ha-bitação Popular de Curitiba (Cohab) passa-ram a receber gratificação especial (GE) de34% sobre os salários, o que equiparou a re-muneração dos profissionais das categoriasa dos quadros de outras empresas da admi-nistração municipal, como a Urbs.

    O pagamento da gratificação foi umaconquista dos profissionais de engenha-ria e arquitetura da empresa que, com oapoio do Sindicato dos Engenheiros noEstado do Paraná (Senge-PR), fizeramuma grande mobilização, no mês de ju-nho, pela valorização profissional. “Gos-taria de parabenizar o grupo de engenhei-ros e arquitetos por esta conquista querepresenta a valorização das categorias.

    As reivindicações foram levadas ao pre-feito, aprovadas, e a gratificação estarána folha de pagamento a partir de dezem-bro”, disse o presidente da Cohab, UbiraciRodrigues ao anunciar a medida.

    Com a gratificação, o Engenheiro/Ar-quiteto Júnior incorpora R$ 1.463,23 aosalário, passando de R$ 4.299,82 para R$5.763,05 (equivalente a 8,5 salários míni-mos, o mesmo pago pela URBS a profis-sionais de igual categoria); o Engenheiro/

    Arquiteto Pleno passa de R$ 5.932,55 paraR$ 7.949,62 (GE = R$ 2.017,07) e o En-genheiro/Arquiteto Sênior de R$ 7.978,65para R$ 10.691,39 (GE =R$ 2.712,74).

    Ainda no encontro com os diretores doSindicato, o prefeito curitibano convocou o

    Senge-PR e demais entidades representa-tivas da engenharia e arquitetura a dar su-porte à gestão da Prefeitura. Hoje o Senge-PR é representante da sociedade civil noConselho Municipal de Urbanismo e temparticipação ativa na Comissão de Estudoda Tarifa do Transporte Coletivo, sendoimportante parceiro da prefeitura no pro-cesso de transformação democrática e pro-gressista da sociedade curitibana.

    “Quanto mais participação melhor. Porque isso? Eu peço para as entidades por-que há uma cultura da acomodação. Émuito comum a gente ouvir que semprefoi assim, que não dá para fazer... Nós te-mos um fenômeno novo na gestão públicaque aumenta o mecanismo de controle, oque é bom. Temos que abrir o debate eoxigenar a relação. É uma forma de a nossaequipe ouvir outras posições. O confrontode ideias pode gerar um choque, no início,mas isso é bom. Temos que ter objetivida-de. As pessoas que participam de um con-selho, como o de Urbanismo, têm direito avoto. Para algumas questões pontuaisestamos buscando esta participação, comona questão da tarifa, por exemplo. Cria-mos a comissão para termos parâmetrosde uma auditoria. Um fórum permanenteé importante para a transparência e é tam-bém um fator de cobrança de equipe”, dis-se o prefeito.

    Alexsandro Teixeira Ribeiro

    “Nós temos um fenômenonovo na gestão pública queaumenta o mecanismo de

    controle, o que é bom. Temosque abrir o debate e oxigenara relação. É uma forma de a

    nossa equipe ouvir outrasposições. O confronto de

    ideias pode gerar um choque,no início, mas isso é bom.

    Temos que ter objetividade”

    Senge Comunicação

    Em reunião no Senge-PR, Gustavo Fruetassumiu o compromisso de valorizar enge-

    nheiros e arquitetos do quadro municipal

  • Jornal O Engenheiro n.º 11424

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    Enquanto a Prefeitura de Curitiba semostrou sensível à necessidade de valo-rizar os seus quadros de engenharia e fezvaler o compromisso assumido com o sin-dicato, o governo do Paraná pouco fazpelos engenheiros. O resultado disso estáno déficit de profissionais de engenhariacausado pelo crescente número de apo-sentadorias no quadro técnico e a faltade atratividade por conta dos baixos salá-rios oferecidos para a função.

    SaneparTambém em junho deste ano, os enge-

    nheiros da Sanepar em todo o Estado cru-zaram os braços por sete dias, em defesade um Plano de Cargos e Salários efetivo epela valorização da carreira. Foi a segundaparalisação dos engenheiros da Sanepar nos50 anos de história da empresa.

    Com total suporte do Senge-PR foi ins-talada uma comissão de negociação, comparticipação de engenheiros, para formu-lar um plano de progressão salarial quecontemple a curva salarial dos engenhei-ros. Após a paralisação a Sanepar decidiudescontar os dias dos grevistas. Para quenenhum dos seus representados sofressemos descontos, o Senge-PR cobriu o custopelos dias parados. O embate pelo valori-zação da carreira dos engenheiros conti-nua agora na Justiça do Trabalho.

    Em 7 de novembro, o Senge-PR ajui-zou, na Vara do Trabalho, ação contra aSanepar pedindo o cumprimento da cláu-sula 12.º do Acordo Coletivo de Trabalho2012/13, que prevê o cumprimento de

    melhorias no Plano de Cargos, Carreirase Remuneração (PCCR), com foco nacarreira dos engenheiros.

    Há dois anos, os engenheirossaneparianos buscam, por meio de negocia-ção coletiva, a melhoria Plano de CargosCarreira e Remuneração (PCCR). É umaluta permanente, já marcada por duas para-lisações da categoria e por promessas nãocumpridas pela empresa.

    Uma agenda de negociações foi definida,os profissionais de engenharia apresentaramcontribuições ao Plano de Carreira, mas nãohouve contrapartida da direção da Sanepar noatendimento aos pleitos desses profissionais. Osdois estudos realizados pela comissão de enge-nheiros que foram designados para produzir es-tudo de viabilidade do PCCR foram anexadosà ação ingressada pelo Senge-PR.

    CohaparNa Companhia de Habitação do Paraná

    (Cohapar), a opressão da empresa nas nego-ciações acarretaram a não realização de umacordo coletivo dos trabalhadores. Em junhode 2013, o Senge-PR e demais sindicatos querepresentam os funcionários da Cohapar en-caminharam uma pauta de reivindicações parao início das negociações do Acordo Coletivode Trabalho 2013/14. A Cohapar, no entanto,elegeu um grupo de funcionários para debatero acordo com a Associação dos Funcionáriosda Cohapar (AFC).

    Ocorre que a AFC não é uma entidadesindical, sendo ilegal sua participação comorepresentante dos funcionários na formulaçãode um dispositivo que garante direitos dosempregados da empresa, como o AcordoColetivo. Além disso, a suposta “negociação”

    Estado nãovaloriza corpotécnico deengenharia

    Senge Comunicação

    Senge Comunicação

    O presidente do Senge-PR, Ulisses Kaniak,esteve junto dos saneparianos na greve pela

    valorização da carreira dos engenheiros

  • 25Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    entre a Cohapar e AFC não contou com aparticipação dos funcionários da empresa naformação de pauta e acompanhamento de-mocrático nas negociações, o que reforça acontestação do seu caráter representativo.

    A AFC, pressionada pela empresa, chegoua convocar os funcionários para apreciar e vo-tar a proposta da empresa para o Acordo Cole-tivo. O convite foi estendido aos sindicatos, quese recusaram e alertaram os seus representa-dos da ilegalidade da suposta “negociação”.

    O Senge-PR e demais sindicatos cobra-ram da empresa um real processo de nego-ciação que objetive a apreciação e debate dapauta de reivindicações dos funcionários,aprovado legalmente em assembleias da ca-tegoria, e encaminhado à Cohapar em ju-nho. Até agora, a empresa só tem reiteradoa posição de desrespeito ao direito do traba-lhador, negando uma negociação justa.

    Por falta do Acordo Coletivo e da não apli-cação do reajuste da convenção da base doSintracon (Sindicato dos Trabalhadores naConstrução Civil), os funcionários da Cohaparacumularam perdas de mais 80% de um salá-rio, de junho de 2012 a dezembro de 2013.

    Além disso, em novembro de 2013, man-tendo a postura de desrespeitar os direitos dotrabalhadores, a empresa decidiu, de formaunilateral, mudar o data de pagamento dossalários do dia 25 para o dia 30. A alteraçãoda data é ilegal, uma vez que o dia do paga-mento está previsto no Acordo Coletivo deTrabalho dos trabalhadores celebrado no anoanterior e ainda vigente. Portanto, a Cohaparnão poderia, sem aprovação dos funcionári-os, mudar o dia de pagamento.

    O Senge-PR ingressou com ação judi-cial contra a Cohapar pelo descumprimentodo Acordo Coletivo. Na ação é solicitadada Justiça a antecipação de tutela, para res-guardar a garantia do pagamento dos salá-rios nos dias 25 dos próximos meses, alémde multa pelo descumprimento do acordo.

    Confira ao lado algumasdas lutas do Senge-PRem 2013 em defesados engenheiros eda engenharia

    Abril de 2013 | Lançamento do Senge Jovem, projeto de suporte à qualificaçãoprofissional e inclusão dos estudantes de todas as áreas da engenharia com a orga-nização de cursos, debates e ações pela inovação, pela valorização profissional e pelaparticipação sindical na transformação democrática e progressista da sociedade.

    Maio de 2013 | O Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu o Amicus Curiae (Ami-gos da Corte) do Senge-PR e da Fisenge sobre a constitucionalidade da lei 4.950-A, que estabelece o Piso Normativo dos pro- fissionais de engenharia, química, dearquitetura, de agronomia e de veterinária. O Amicus Curiae é um instrumento dedemocratização das decisões judiciais, pois permite que outra visão e fundamentossobre o assunto sejam levados aos julgadores.

    Junho de 2013 | Engenheiros, geólogos e geógrafos da Sanepar retomam movi-mento paredista, ocorrido em 2012, pelo reenquadramento salarial da categoria.Com total apoio do Senge-PR, a paralisação durou 7 dias em todo o Paraná, egarantiu a instalação de uma comissão, com participação de engenheiros, paraformular um plano de progressão salarial contemplando a curva salarial dos enge-nheiros. A Sanepar decidiu descontar os dias dos grevistas. Para que nenhum dosseus representados sofressem os descontos, o Senge-PR cobriu o custo pelos diasparados. O embate pelo valorização da carreira dos engenheiros continua agora naJustiça do Trabalho.

    Junho de 2013 | Pela primeira vez na história da Cohab, engenheiros e arquitetosiniciam greve por equiparação salarial aos quadros de engenharia e arquitetura daPrefeitura e de autarquias municipais. Graças a mobilização dos profissionais, como apoio do Senge-PR, a partir de dezembro de 2013, os engenheiros da Cohabpassaram a receber gratificação especial (GE) de 34% sobre os salários, o queequiparou a remuneração dos profissionais das categorias a dos quadros de outrasempresas da administração municipal, como a Urbs.

    Julho de 2013 | Justiça acatou ação do Senge-PR e proibiu o governo de divulgarnomes de engenheiros servidores na lista das remunerações. O Sindicato defendea lei de transparência e a abertura dos gastos e investimentos do Estado, desde quenão ofereça riscos à segurança dos seus representados, sobretudo vinculandoseus nomes a valores de rendimento.

    Julho de 2013 | A regional do Senge-PR em Maringá, Crea-PR e mais três órgãosde engenheiros e técnicos encaminharam à Prefeitura e Câmara de Vereadorestrês relatórios que propõem melhorias na mobilidade urbana, arborização elicenciamento ambiental de Maringá. Entre os pontos sugeridos para melhorar otrânsito está a descentralização dos terminais de transporte coletivo e a diminuiçãono tempo de espera nos pontos de ônibus.

    Agosto de 2013 | Durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Paranápara debater a responsabilidade técnica do armazenamento dos agrotóxicos, oSenge-PR defendeu os engenheiros agrônomos como os profissionais habilitadosa garantir a segurança ambiental e alimentar a partir do armazenamento e a pres-crição de agrotóxicos.

    Novembro de 2013 | Senge-PR ingressa com ação coletiva contra a Caixa Econô-mica Federal para recálculo da taxa de correção do Fundo de Garantia por Tempode Serviço (FGTS) dos seus representados. Atualmente, a Caixa faz as correçõesdos saldos de FGTS pela Taxa Referencial (TR) ao invés de seguir a correçãopelos índices inflacionários, o que, dependendo dos valores depositados no fundo,pode acarretar uma perda de até 80%. A ação foi ingressada em Novembro. Quemtiver interesse em participar da ação, envie um e-mail para [email protected]

  • Jornal O Engenheiro n.º 11426

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    Gás de Xisto44444

    “Investimento estratégico”da Copel pode por em risco

    o futuro do ParanáDos quatro blocos arrematados no Leilão da ANP pelo consórcio com

    a participação da estatal paranaense dois são para a exploração degás de xisto pelo método “fracking”, um dos processos mais nocivos

    ao meio ambiente, que pode comprometer o desenvolvimento de umadas regiões mais fortes do estado na produção agrícola e de avicultura

    e suinocultura e próxima ao Aquífero Guarani

    Nossa participação foi muitobem planejada”, disse o pre-sidente da Copel, LindolfoZimmer, sobre a estreia da companhia naexploração de gás natural convencionale não convencional. A Copel, disseZimmer, não poderia ficar de fora de uminvestimento tão estratégico para o Esta-do do Paraná.

    Os primeiros passos da Copel no se-tor de gás foram dados no leilão, promo-vido no dia 28 de novembro, no Rio deJaneiro, pela Agência Nacional do Petró-leo, Gás Natural e Biocombustíveis

    (ANP), em que a estatal paranaense ar-rematou quatro blocos da Bacia doParaná, por meio de um consórcio for-mado pela Petra (30%), Bayar (30%) ea construtora Tucumann (10%).

    O valor total do bônus de assinaturados quatro blocos será de R$ 12,5 milhõese o programa exploratório mínimo prevêinvestimento de R$ 78,1 milhões duranteos próximos seis anos. Os blocos estão lo-calizados na região centro-sul do Estadodo Paraná (Bacia do Paraná) numa áreacorrespondente a 11.297 km², equivalentea 7% da área total ofertada no leilão.

    Dos blocos arrematados pela Copel,duas áreas serão destinadas à exploraçãode gás natural convencional e outras duaspara a exploração do gás de xisto pelométodo “fracking”, considerado um dosprocessos de produção de energia maisagressivos ambientalmente e está proibi-

  • 27Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná - Senge-PR

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    do em vários países do mundo.A exploração do gás neste caso se dá

    por fraturamento hidráulico (injeção, sobpressão, de uma mistura de água, areia edetergentes para fraturar a rocha e deixarsair o gás), pela chamada técnica da perfu-ração horizontal (que permite confinar ospoços à camada geológica desejada). Po-rém, esses recursos só são obtidos ao pre-ço de uma poluição maciça do ambiente.

    Zimmer disse em entrevista publicadapelo Jornal Valor Econômico que o consór-cio vai investir R$ 100 milhões nos próxi-mos quatro anos nos blocos de exploraçãode gás. Como a Copel detém 30% de par-ticipação, a empresa investirá entre R$ 35milhões e R$ 30 milhões na empreitada. Opresidente da companhia afirmou que o valora ser aplicado poderá ser assimilado semmaiores problemas pela Copel, já que, se-gundo ele, a estatal acumula nos nove me-ses deste ano um lucro de R$ 923 milhões.

    A Copel e seus parceiros no consór-cio devem iniciar em breve as perfura-ções, alcançando uma profundidade deaté 2 mil metros aproximadamente, paraa exploração de gás convencional. A ex-pectativa do consórcio, conforme disse opresidente da Copel em entrevista aoValor, é que, até o ano que vem, já sejapossível ter uma ideia sobre a viabilidadeeconômica desses campos.

    Fraturas expostasJá nos dois outros blocos que apre-

    sentam indícios de gás não convencional(gás de xisto), cuja extração é feita pormeio do fraturamento das rochas“fracking”, as explorações deverão seriniciadas daqui a quatro anos, segundo aprevisão do presidente da Copel.

    Especialistas apontam o frackingcomo um método devastador para osolo, ar, águas superficiais e subterrâ-neas e consideram que a sua aplicaçãono Paraná afetará a segurança dos gru-pos indígenas e das unidades de con-servação, ameaçando igualmente e deforma devastadora toda a economiabaseada nas atividades agroindustriaisna região de exploração.

    O ex-diretor do Senge-PR, engenhei-ro eletricista Ivo Pugnaloni, que tambémrespondeu pela diretoria de Planejamen-

    to e de Distribuição da Copel e hoje pre-side o Grupo Enercons Consultoria emEnergias Renováveis, é categórico aoafirmar que a exploração do gás de xistonão atende ao interesse público, além deser altamente nociva ao meio ambiente.“Este processo, em absoluto, não atendeao interesse público”, diz. Na opinião doengenheiro, se o processo atendesse aointeresse maior estaria sendo feito às cla-ras e não na calada da noite, e mais queisso, sem normas para licenciamentoambiental e sob o silêncio das autoridadesresponsáveis. “Está provado por análises deágua feitas por órgãos ambientais de váriosestados americanos que 609 venenos pres-sionados a 5 mil atmosferas espalham-sepelos aquíferos não por causa de ‘falhassanáveis de engenharia’ mas pela próprianatureza do processo. É preciso que se digaem alto e bom som que os venenos nãosaem só pelo poço vertical, como alegamalguns, onde ‘seria possível melhorar o re-vestimento e a vedação’. Isso é conversapara distrair os incautos”, alerta Pugnaloni.

    O engenheiro, um dos líderes do movi-mento “Fracking não Brasil”, diz que pro-vas dos danos irreversíveis causados pelaexploração do gás de xisto podem serverificadas em vídeos publicados no sitewww.frackingnaobrasil.blogspot.com.br .“A grande contaminação se dá pelas fen-das provocadas pelo faturamento das ca-madas de folhelhos. Não há solução de en-genharia que resolva isso, já que este foi oobjetivo das explosões e da injeção de ve-nenos a altíssima pressão de 5 mil atmosfe-ras”, observa o especialista.

    Alto investimentopara pouco retorno

    Outra questão polêmica em relaçãoao investimento para a exploração do gása partir do método de fraturamento hi-dráulico é o fato de que é curta a vida útildos poços, que em menos de um ano che-gam a perder 80% de sua capacidade.

    A exploração do gás de xisto pelo sis-Arquivo pessoal

    Pugnaloni: “o fracking, emabsoluto, não atende ao

    interesse público”.

  • Jornal O Engenheiro n.º 11428

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    tema de fraturamento hidráulico deixa emseu rastro um grande passivo ambientale social. São paisagens desoladas, comsolo e água envenenados, pessoas doen-tes, terremotos em série e a terra valen-do 5% a 10% do valor que tinha antes dachegada dos ‘exploradores’.

    “O fracking não é mais barato coisanenhuma!”, diz Ivo Pugnaloni ao citarcomo exemplo os passivos da explora-ção de ‘shale gas’ feita nos Estados Uni-

    dos nos mesmos moldes do que se pre-tende fazer por aqui. “Há muitos errosnesses cálculos que não levam em con-ta, por exemplo, o custo dos 40 milhõesde litros de água usados em cada poço.Também não são considerados os valo-res corretos das terras, cujos preços sãoartificialmente rebaixados após o enve-nenamento dos lençóis freáticos, nem opreço das indenizações por morte deanimais e pessoas, por perda de colhei-

    tas. Além de todas as perdas, poços queduram apenas um ano e meio não po-dem ser viáveis”, completa.

    De acordo com o engenheiro, nadadisso foi considerado nos Estados Uni-dos devido a algo que não existe no Bra-sil: a “lei de exceções”, que permite àsempresas exploradoras ignorar e desres-peitar a legislação ambiental daquele país.“Felizmente não temos aqui a tal lei deexceções”, ressalta Pugnaloni.

    Reportagem intitulada “A Grande Farsa doGás de Xisto”, assinada por NafeezMosaddeq Ahmed, e publicada no Le Monde

    Diplomatique Brasil, em abril de 2013, traz in-

    formações sobre o prejuízo econômico da ex-

    ploração com os seguintes destaques:

    “Em junho de 2011, uma pesquisa do NewYork Times já revelava algumas fissuras noarcabouço midiático-industrial do boom dos gasesde xisto, atiçando assim as dúvidas alimentadas pordiversos observadores – geólogos, advogados,analistas de mercado – quanto aos efeitos da publi-cidade das companhias petrolíferas, suspeitas de‘superestimar deliberadamente, e mesmo ilegalmen-te, o rendimento de suas explorações e o volumede suas jazidas’. “A extração do gás do xisto exis-tente no subsolo”, escreveu o jornal, “poderia serevelar menos fácil e mais cara do que afirmam asempresas, como se vê pelas centenas de e-mails edocumentos trocados pelos industriais a esse res-peito, além das análises dos dados recolhidos emmilhares de poços.”

    “A economia do fraturamento é destrutiva”, ad-verte o jornalista Wolf Richter na Business Insider.

    “A extração devora o capital a uma velocidade im-pressionante, deixando os exploradores sobre umamontanha de dívidas quando a produção cai. Paraevitar que essa diminuição engula seus lucros, ascompanhias devem prosseguir bombeando, com-pensando poços esgotados com outros que se es-gotarão amanhã. Cedo ou tarde esse esquema sechoca com um muro, o muro da realidade.”

    “Arthur Berman, um geólogo que trabalhou paraa Amoco e a British Petroleum, confessa-se surpre-so com o ritmo “incrivelmente acelerado” do esgo-tamento das jazidas. E, dando como exemplo o sítiode Eagle Ford, no Texas – “É a mãe de todos oscampos de óleo de xisto” –, revela que “a quedaanual da produção ultrapassa os 42%”. Para ga-rantir resultados estáveis, os exploradores terãode perfurar “quase mil poços suplementares, todosos anos, no mesmo sítio. Ou seja, uma despesa deUS$ 10 bilhões a 12 bilhões por ano... Se somar-mos tudo, isso equivale ao montante investido parasalvar a indústria bancária em 2008. Onde arranja-rão tanto dinheiro?”.

    “A bolha do gás já produziu seus primeirosefeitos sobre algumas das maiores empresas pe-trolíferas do planeta. Em junho último, o diretor-pre-

    sidente da Exxon, Rex Tillerson, queixou-se deque a queda dos preços do g�