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JORNADA TAREFA EXTRA REPÓRTER POR UM DIA Matérias enviadas pelas comunidades antigas

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JORNADA TAREFA EXTRAREPÓRTER POR UM DIA

Matérias enviadas pelas comunidades antigas

BARRO VERMELHO/PI Autores: Robson de Jesus e Adalton CrescencioVenho aqui contar um pouco da vida do senhor Jose Eusebio De Carvalho presidente da associação dos apicultores da Comunidade Barro Vermelho dialogamos com ele sobre os seguintes tópicos da coopera-tiva :1-Em qual ano foi fundada a cooperativa ?R:em 25/01/20052-Como era feita antigamente a colheita è o armazenamento do mel ?R: A colheita era feita individualmente no campo cada apicultor no seu apiário é em sua residencia 3-Como surgiu a cooperativa ?R: Em uma assembleia para mudar a organização da produção .4-Quais os fundadores da cooperativa ?R-João Jose ( tesoureiro )Jose Eusebio ( Presidente )5-Quais as dificuldades encontradas depois da cooperativa ?R; A falta de organização .6-Como era a venda do mel antes da cooperativa é depois da cooperativa ?R;Antes a venda era individual cada apicultor procurava o comercio local agora a venda é coletiva .7-Como é feita a venda do mel ?R: A venda do mel é feita para a central das cooperativa sonde cada apicultor tem seu código individual. 8-Depois do surgimento da cooperativa a situação melhorou ou piorou /R: Melhorou por que a cooperativa é a comunidade passou a ser vista a nível nacional .10- Como esta atualmente a cooperativa ?R: Bem .11- Por quantos membros é composta a cooperativa /R: Por 38 apicultores .12-Qual é o coordenador da cooperativa /R: Jose Eusebio De Carvalho .13- Qual o valor do mel ?R: O balde de 25 kg é 200 reais .13- A cooperativa foi fundada com qual sentido ?R: De melhorar é buscar o desempenho dos apicultores no estado .14- Come era feito o transporte do mel ? R: Antes era feito através de carroças é agora é feito num tricociclo é por uma C10 do apiário para a UEPA

BATALHA/PB Autores: Daniel Caldeira, Lucineide Caldeira, Maria Sousa e Janiely

Entrevistado : Antônio Caldeira Neto , 58 anos , Agricultor .Chuvas de 2015O senhor Antônio caldeira , Como residente da comunidade de Batalha há 58 anos , fala sobre expe-riências de inverno , abordando o inverno de 2015 , onde ressalta o desânimo dos comunitários em relação a falta de chuvas .O agricultor afirma que a falta de chuvas assustou os agricultores da região , seguindo tradições po-pulares ( Histórias contadas pelos mais velhos) , como: o “ ultímo dia de esperança “ , onde segundo o mesmo acredita-se que no dia 19 de Março , dia de são José ( considerado o santo das chuvas , pelos religiosos ) não chover , significa dizer que o ano não seria de um bom inverno , e como o ano de 2015 não chuveu , foi uma grande preocupação para os comunitários . Mas Antônio fica feliz em ver que no dia 21 de Março , tudo mudou , com muitas chuvas , fazendo com que os açudes tranbordasse , e pro-metendo uma boa colheita.Para concluir Antônio deixa uma mensagem para refeletirmos : “ cuide bem de sua água , pois ela é o bem mais precioso que temos , hoje podemos ter em abundância , mas o amanhã não nos pertence “ .Edição dia 27/03/2015 , as 08 Hs :30 min

ESPINHEIROS/CE Autores: Joaquim Cardoso da Silva, Aluana Mizael de Sousa Silva, Jerônimo Coelho da Silva,Joana Silvia de Oliveira e Francisco Antônio da Silva

O grupo de jovens da comunidade do sitio espinheiro do Ceará se reuniu e fez uma entrevista com o agricultor Francisco Antônio da Silva, a entrevista foi baseada em seus conhecimentos culturais que o mesmo adquiriu com sua bisavó em 1953, sobre experiência de chuva em dia de santa Luzia (13 de dezembro).

A experiência era feita com seis pedras de sal, pois cada pedra representava um mês.As seis pedras eram colocadas em cima de uma tábua em cima do frecha de uma porta virada para o nascente. As pedras eram colocadas em ordem referente a ada mês, do primeiro mês ao sexto mês, pois aque-las que estivessem mais úmidas seria por conta das chuvas que seriam mais prolongadas no mês correspondentes. Muitos agricultores de comunidades adjacentes, procuram o agricultor para se basearem nas experi-ências de chuva do ano posterior.

FURNAS/PE Autores: José da Silva Reis, Joseana Teodoro, Eduardo Reis e Ezequiel Felipe

ITAIZINHO/PI Autores: Railka e Rayla

SOLIDÃO/PI Autores: Leandro Moreira e Maiki Souza

Entrevistamos seu Marcelo Lucas da Costa ele tem 82 anos ele aposentado, e é produtor rurais, e ele vai me falar das dificulidade no campo e do que facilitou no decorrer de sua vida e por ser já ser bem expe-riente por ele ser bem vivido ele é meu entrevistado entao vamos lá. - Seu Marcelo quais são as atividades que exerce hoje ?- Pois é Leandro vc pode ver hoje eu aos 82 anos ainda cutivo lavoura de milho e feijaão mais o que eu faço mesmo é trabalhar na criaçao de criaçao de caprino ovinos suinos e galinha caipira. - Seu Marcelo quantos animas entre caprinos e ovinos voce tem hoje ?- Hoje eu tenho 75 animas. - E quais forão as dificulidade mais encontrada no seu dia a dia seu Marcelo ?- Forão a falta de Agua quando eu tinha que tirar os animais pra outras comunidades pra eles beberem. - E o que facilitou até hoje seu Marcelo ? - A agua aqui na comunidade lagoa redonda foi perfurado um pouco artesiano no ano passado isso mu-dou muito, com nada para os animais beber melhorou muito porque nao serve para o consumo huma-no. - E a raçao é facil seu Marcelo ?- Sim . é comprada , porque tem tres anos que a gente nao ganha milho o suficiente para fazer ração para os animais entao tem que compra .- Oque o seu marcelo espera pela frente dificuldade ou facilidade ?- Facildade eu espero que os politicos não partidario traga melhoria para os camponês porque os politi-cos partidario não querem previnir eles querem é remidiar o poblema.-E se o ministro da agricultura ver essa intrevista seu marcelo o que seu marcelo pederia ou falaria pra ele ?- Eu pederia que ele melhoras para o camponẽs - Seu marcelo muito obrigado e desculpa pelo encomodo .- não a encomodo Leandro estarei sempre as ordem.

MODELO I/RN Autores: Ana Paula, Maria de Fátima, Jonicleisson Morais, Renato Silva e Silvaney Ribeiro

ANAUÁ/CE Autores: Dora Dias, Rosa Lindjhenys e Weevilla Maria

Diante de tantas experiências ao longo da vida, Dona Doralice Ferreira, moradora da comunidade de Anauá, dividiu com muita emoção, alguns momentos de sofrimento e alegria de sua ligação com a agricultura.

Nascida na resistência sertaneja,

Dona Doralice Ferreira cresceu dependendo unicamente da agricultura para sobreviver. Era na terra que fazia suas cirandas e era da terra que tirava seu sustento, ainda na infância, ao lado de sua família. Conhecida por todos como Mãe Dora, a simpática senhora de 82 anos, reside atualmente em Anauá, pequena comunidade do interior do Ceará.

Ainda muito pequena, Mãe Dora acompanhava seus pais e 5 irmãos mais novos para roça onde plantavam os alimentos destinados a alimentação da família e, quando a safra era boa, a venda nas comunidades vizinhas. A sua morada dependia da fertilidade da terra, pois naquela época, as famílias eram como nômades, plantavam em uma terra e quando essa já não mais supria suas necessidades, iam em busca da fertilidade em outro local.

A experiente senhora nos relatou um momento de grande instabilidade na infância, quando a família teve que sair de uma terra fértil por conta de intrigas entre irmãos de seu pai. Na época, criavam alguns animais, mas tiveram que ir para outra comunidade, deixando para trás tudo que haviam construído em alguns anos. O

sofrimento foi inevitável, pois vivenciaram uma difícil adaptação com a terra, ocasionada, principalmente, pelas inúmeras formigas pretas daquele local.

Depois de muito sofrimento, mãe Dora conta que se mudaram para Anauá, onde reside atualmente. Naquele tempo, já uma bela adolescente, conheceu o futuro pai de seus 9 filhos. O que ainda não sabia era o sofrimento que a esperava. Traída e abandonada inúmeras vezes pelo marido, Mãe Dora teve que criar seus 9 filhos sozinha. Relatando-nos isso, deixou transparecer em seu semblante o quanto foi difícil trilhar esses caminhos.

Mãe Dora, depois de abandonada pelo marido, passou a fazer seus plantios ao lado de seus filhos. Todos os dias ia para o roçado plantar mamonas, feijão e manivas (tendo resultado final a mandioca). Pelo menos 3 vezes na semana, enveredava a mata em busca de umbu, murta, maracujá do mato e coco catolé que serviam de merenda da tarde dos trabalhadores, além de serem um produto comercializado na cidade vizinha, Monte Horebe.

A seca, grande inimiga dos agricultores, castigou duramente esta senhora. Mãe Dora diz “que se pegava com Deus pedindo chuva”. Todas as noites ela e seus filhos iam para os novenários em forma de agradecimento e para pedir dias melhores. Quando a situação era ainda mais critica, seguiam a tradição de roubar a imagem de São José de alguma casa, na

busca de ver brotar, através da água da chuva, o seu sustento.

Quando não mais existiam esperanças, essas ressurgiam das cinzas, assim como a fênix, fazendo brotar no peito de Mãe Dora a fé por dias melhores. Conseguiu criar todos os 9 filhos e depois de muitos anos, aceitou seu marido de volta, cuidando dele até a morte do mesmo.

Mãe Dora reconhece o quanto à agricultura foi importante para sua vida. Sabe que, assim como a seca castiga a terra, a vida também a castigou, mas também como a chuva fortalece a terra, Deus a fortaleceu para hoje dividir conosco sua história de fé e perseverança.

Por: Dora Dias/ Rosa Lindjhenys/ Weevilla Maria

Mãe Dora com sua filha e sua nora

OLHO D`ÁGUA/CE Autores: Valéria Rélvia, Vanessa Oliveira e Daniele Ferreira

A comunidade do Olho D’água comprido, localizado no município de Missão Velha, Ceará possui um tesouro paleontológico de grandioso valor, principalmente no que se refere aos estudos da paleobotânica e da geologia, trata-se do Geossítio Floresta Petrificada do Cariri, um local que possui troncos fósseis com cerca de 145 milhões de anos e paredões de arenito avermelhado. Mas para quem esse patrimônio tem valor? Será que a comunidade conhece esse espaço e a importância que ele tem? O que deveria ser feito para que a população reconheça o valor desse patrimônio? Para responder parte dessas perguntas entrevistamos o proprietário desse espaço José Miguel de Lima, tendo em vista que juridicamente esse patrimônio ainda é uma propriedade privada, ele nos respondeu que: “Eu descobri a importância da mi-nha propriedade mais ou menos em 1998, veio um rapaz da URCA ( Universidade Regional do Cariri) chamado seu Manoel, foi lá na minha residência e a partir desse momento ele e alguns outros profes-sores ficaram visitando lá. Inicialmente não me disseram o porque do interesse. Eu acho que as pessoas não reconhecem o valor do geossítio, a importância do lugar para mim é que hoje ela está alugada, mas também fico feliz e satisfeito com as visitas. Os responsáveis pelo lugar me pagam para roçar o mato que cresce na trilha, fizeram umas obras lá só isso, era preciso que tivesse uma recepção, uma cantina, um banheiro para o povo usar, e se eles quiserem eu mesmo faço isso desde que aumentem meu aluguel”. Percebe-se nessa entrevista que a população não reconhece o valor do patrimônio que eles tem em sua comunidade por não ter conhecimento científico ou não saber das possibilidades de desenvolvimento econômico que esse patrimônio pode proporcionar através do turismo ecológico. Precisa-se que sejam desenvolvidas atividades que deem ao Geossítio o significado que realmente ele deveria ter para a comu-nidade, ou seja, identidade, desenvolvimento econômico e social.

BARREIROS/PB Autores: José Pereira Sobrinho Zezito, Damiana Tavares, Naldy Pereira e Nalri Pereira

PEREIROS/PB Autores: Maria Lizandra Gomes da Silva e equipe

A comunidade de Pereiros localizada no município de Bonito de Santa Fé no estado da Paraíba já pas-sou por grandes dificuldades em relação a escassez de água sendo que a mesma não dispunha de açudes ou rios perenes capazes de suportar a grande seca enfrentada por boa parte do nordeste . Hoje a co-munidade é uma das privilegiadas na região pois dispõe de grande quantidades de água própria para o consumo humano sendo essa encontrada no açude pertencente a mesma .O açude local é utilizado por todos os moradores da comunidade em diversas atividades do dia a dia como irrigações de plantações , na utilização domestica e para o próprio consumo por conta de falta de conscientizações nas margens do açude podem ser encontrados diversos tipos de lixo que estão sendo deixados por visitantes , pescadores e banhistas ,não sendo o lixo encontrado em grandes quantidades mais preocupante aos moradores já que o período de chuvas começou e tudo pode ser levado pra dentro do açude. Já que o local onde o lixo está sendo encontrado está sem sua mata ciliar sendo que a mata foi derrubada para implementações de plantações.

PEDRA BRANCA/PE Autores: Luzenira Gomes Bezerra, Rogerio, Jeronimo, Eduardo e Nicolau

Agricultora sr. Resfa Barborsa da Costa, nasceu no dia 11 do 10 de 1920 natural de Surubim Pe. Viúva com idade de 94 anos .Chegou pra mora em Pedra Branca com a idade de 13 anos de ida-de acompanhada de seus pais na década de 30, tornou-se professora e catequista, cazou-se e teve 9 filhos ficando viúva, não quis mais casar e com 9 filhos pra criar onde seu filho mais velho ficou com 10 anos, pois resolveu criar seus filhos sozinha, trabalhando na agricultura e quando chegava o périu-do da estiagem era muito sacrifício, pois fazia um percuso de 12km. A pé em buscar de água para o consumo, como o periudo da estiagem era longo, ela teve uma ideia de aprender costurar pra aumen-tar renda familiar, pois ela não sabia costura e não tinha quem o ensinasse, ela confessar que chorava, e tinha medo de corta o pano e colocar o pano a perder mais com muita força de vontade e fé em Deus ela conseguiu e costurava a fita metro que dona Resfa usava era um tira de pano para tira as medidas, com sacrificio ela conseguiu ganhava um dinheiro extra para ajuda na renda, mais conversa que nunca deixou de botar o seu roçado e colocar seus filhos pra trabalhar e disse que era muito carasco com seus filhos pra que eles trabalhassem ,mais hoje se sente feliz por seus filhos nunca ter lhe abadonado e to-dos eram obedientes a ela. O tempo de hoje mil maravilhar e que ela não sente saudade daquele tempo era um tempo de sofrimento, hoje tem muita ajuda com projeto de açudes, barreiros cisternas, energia muita facilidade pra viver e que é feliz por viver na comunidade Pedra Branca.Frase de D. Resfa: SIN-TO UMA FORÇA ,UMA FÉ, UMA ALEGRIA TÃO GRANDE DE VIVER, QUE ACHO QUE NUN-CA VOU MORRER.

REDONDO/PB Autores: Alênicon Souza e Lucineia Santos

Por Alênicon Souza & Lucineia Santos

Por Alênicon Souza & Lucineia Santos

á mais de um ano os moradores de Redondo, no município de Cachoeira dos Índios, Paraíba, foram surpreendidos com a

informação que a comunidade foi incluída no trecho de obras do Eixo Norte do projeto de transposição do Rio São Francisco. Segundo informações repassadas pelos responsáveis pelo projeto, no local provavelmente será construída uma represa. A configuração da comunidade como conhecemos atualmente, que é resultado de um século de ocupação e convivência, será alterada para sempre, de uma hora para outra. As terras serão desapropriadas e as casas demolidas. No comunicado enviado pelo Ministério das Cidades os proprietários foram orientados a não construírem ou reformarem seus imóveis e a não plantarem mais árvores em seus terrenos. Em seguida, um detalhado cadastro foi realizado por uma equipe de técnicos a serviço do Governo. O estudo foi baseado em entrevistas, fotos, entre outros meios de coleta de dados, que contou ainda com a elaboração de um mapa de toda a área das propriedades atingidas. Com base nesse levantamento, a União pretende calcular o valor da indenização que cada família terá direito a receber.

H

“Compramos o sítio para viver aqui e criar nossos filhos”. Corrinha Pedrosa

A previsão é que aproximadamente 80 imóveis serão demolidas em Redondo e Lages, a comunidade vizinha. Algumas dessas residências guardam quase um século de história. Locais públicos de convivência da comunidade de Redondo como a Igreja do Menino Jesus e a Escola Municipal também serão atingidos.

Até o momento não foram definidos prazos para desocupação das casas nem para o início das obras. O clima na comunidade é de apreensão e silêncio. Tem sido essa, a maneira que os moradores têm encontrado para lidar com as perdas materiais e, sobretudo afetivas. Também ainda não foi constituída nenhuma espécie de comissão que vise a orientar os moradores no sentido de como proceder ao negociar com o Governo Federal. Essa falta de articulação pode vir a prejudicar seriamente os moradores, uma vez que desinformados eles podem aceitar qualquer importância imposta inicialmente, muito abaixo do real valor de suas propriedades, o que já vem acontecendo em outros lugares.

De acordo com o agricultor Damião Bezerra, morador da comunidade há quatro anos, há falta de informação. “Recebemos o comunicado, há mais de um ano, e não falaram mais nada, apenas que não mexesse na casa que iam entrar em contato. Até agora nada. Tenho medo que a gente precise sair de repente”.

“Não fomos informados sobre a base de cálculo para avaliar nossas propriedades, nem quando vai acontecer”. Joabson Lins

A demora nas avaliações contribui para aumentar a ansiedade dos moradores. Para o agricultor Joabson Lins, até o momento os responsáveis pelo cadastro não mencionaram os prováveis valores das indenizações. “Não fomos ainda informados sobre a base de cálculo utilizado para avaliar as nossas propriedades, nem quando isso realmente vai acontecer”.

Além da incerteza em curto prazo, as decisões futuras também angustiam os moradores. Para onde ir? Mudar definitivamente para a cidade mais próxima? Comprar uma casa em outro sítio? Ou morar nas vilas que serão construídas para os agricultores desabrigados? Corrinha Pedrosa, esposa de Damião relembra a alegria que sentiu quando o casal adquiriu a propriedade, depois de muita dificuldade e, no entanto, agora se veem obrigados a deixar tudo para trás. “Compramos o sítio para viver aqui e criar nossos filhos. Não vamos aceitar que nos paguem o mesmo valor, já que houve valorização de todas as propriedades daqui”, ressaltou.

Para quem sempre morou na comunidade a vida inteira, gosta daqui e não fazia planos de se mudar, a situação parece ser mais difícil de aceitar. É o caso de muitas pessoas da comunidade como a agricultora aposentada Conceição Pereira. “Fiquei muito surpresa com essa notícia, nunca pensei que a essa altura da vida teria que sair da casa onde nasci e morei com a minha família a vida toda. Eu acredito que vai ser muito difícil de acostumar, mas o que é que a gente pode fazer, né?”, desabafou.

“Nunca pensei que teria que sair da casa onde nasci e morei com a minha família a vida toda”

Conceição Pereira

De fato. De Canudos a Belo Monte a história tem provado que

camponeses, índios e quilombolas, populações que só têm de seus a coragem para trabalhar e um pedaço de chão, onde cultivam a memória dos antepassados e fazem cair seu suor, nada podem fazer contra as decisões arbitrárias do estado brasileiro. O qual é movido pelo sistema capitalista, alimentado pelo ideal (ultrapassado) de progresso e age sempre em favor das grandes empreiteiras. Esse Brasil que tem enorme dificuldade em realizar uma reforma agrária nos grandes latifúndios, geralmente pertencentes a congressistas da bancada ruralista, mas é rápido e insensível quando se trata das populações esquecidas dos rincões mais distantes desse país. Esse estado que chega a conta gotas, a cada quatro ou dois anos, mas que agora cai de paraquedas, inflexível, para tomar o que as pessoas, de várias gerações, construíram com as próprias mãos: sua história, sua cultura sua identidade.

De modo calmo e lento a comunidade, ou ao menos a parte que ficará em baixo das águas da represa, vive seus últimos dias. Redondo, que ao longo do tempo acolheu tantas pessoas. As viu nascer, partir, voltar, ir embora para sempre. Com as últimas chuvas que caíram na região, a vegetação se renovou e as casas ainda permanecem em seus lugares, sólidas, como a desafiar de pé o destino que se aproxima. Seus moradores ainda parecem felizes, animados talvez pela esperança, de quem sabe, haver um último milagre, um fator surpresa, que salve o seu lugar da extinção. Ou quem sabe, apenas vislumbrem a possibilidade do recomeço feliz. Aqui, ou em outro lugar.

A igreja e a escola da comunidade também serão demolidas