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Jornada de Nutrição da Unesp de Botucatu 23 a 25 de maio de 2013 Apoio:

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Jornada de Nutrição da Unesp de Botucatu

23 a 25 de maio de 2013

Apoio:

COMISSÃO ORGANIZADORA

DOCENTES

Dra. Luiza Cristina Godim Domingues Dias

(Coordenadora do Curso de Graduação em Nutrição)

Prof. Dr. Sérgio Pereira

(Vice-Coordenador do Curso de Graduação em Nutrição)

Prof. Dra. Flávia Queiroga Aranha de Almeida

Prof. Adj. Reinaldo José da Silva

DISCENTES

Alessandra Mussato Spinello

Ana Clara Marconi Mugnai

Ana Flávia Delforno

Ana Flora Silva e Gustavo

Andréia Pereira de Souza

Ângelo Thompson Colombo Lo

Beatriz Lima dos Santos

Bianca de Freitas Damaceno

Carol Rodrigues

Danilo Nogueira Jorge

Dayane Thais Troncozo Villca

Evelyn Silva

Fernanda Caroline de Oliveira Arruda

Fernanda Panegossi Gonçalves dos Santos

Fernanda Solis de Plato

Gabriela Ribeiro Batista

Giovanna Arikawa Santi

Jessica Madeira

Juliana Pires Civitate

Karina Lie Utiaque Narimatsu

Letícia Garcia Vasconcelos

Nadine Herreria dos Santos

Raphael Monteiro Araújo

COMISSÃO CIENTÍFICA

M. Sc. Daniela Salate Biagioni Vulcano

M. Sc. Maíra Barreto Malta

Prof. Dr. Marcos Ferreira Minicucci

TRABALHOS INDICADOS PARA CONCORRER AO PRÊMIO DE

“MELHOR TRABALHO DE GRADUAÇÃO”

Beta-caroteno, flavonoides e atividade antioxidante de espinafres

orgânicos e convencionais submetidos à diferentes tipos de cocção.

LOZANO, M.G. ; COSTA, S.M.; MONACO, C.; VIEIRA, M.C.S.; LIMA,

G.P.P. (p.42).

Desenvolvimento de esteatose hepática em ratos com sobrecarga

nutricional não é dependente de quantidade protéica da enzima DGAT2.

MARTINS, A.O.; OLIVEIRA, T.A.S.; LUVIZOTTO, R.A.M.; NASCIMENTO,

A.F. (p.48).

Ratos submetidos a um curto período de exposição à dieta desequilibrada

já apresentam os níveis aumentados de AGE no plasma e piora na função

renal. NAVARRO, M.E.; FRANCISQUETI, F.V.; PIERINE, D.T.;

NASCIMENTO, A.F.; LUVIZOTTO, R.A.M.; CORRÊA, C.R. (p.56).

TRABALHOS INDICADOS PARA CONCORRER AO PRÊMIO DE

“MELHOR TRABALHO DE PÓS-GRADUAÇÃO”

Efeitos do tratamento com terapia biológica sobre a atividade clínica da

doença e a composição corporal dos pacientes com Doenças Inflamatórias

Intestinais. GONDO, F.F.; BACK, I.R.; DORNA, M.S.; PASCHOALINOTTE,

E.E.; PAIVA, S.A.R.; SASSAKI, L.Y. (p.65).

Nefrolitíase induzida por agente promotor de hiperoxalúria e o efeito da

associação da vitamina D: Modelo experimental em ratos. CUNHA, N.B.;

MAGALHÃES, E.S.; DAMASIO, P.C.G.; SILVA, I.B.L.; AMARO, C.R.P.;

KAWANO, P.R.; AMARO, J.L. (p.77).

Restrição nutricional materna na gestação e lactação provoca alterações

no desenvolvimento e metabolismo da prole ao desmame. PINKE, C.A.E.;

SANTOS, F.P.G.; PINHEIRO, D.F.; VICENTINI-PAULINO, M.L.M.;

MORCELI, L.; TERUYA, T.S.; SARTORI, D.R.S. (p.86).

XIII JONUB Jornada de Nutrição da UNESP de Botucatu

23 a 25 de Maio de 2012

Sumário HIGIENE E LEGISLAÇÃO DE ALIMENTOS ........................................................................................................... 1 Avaliação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) nas creches na cidade de Botucatu. FORMAGGI, N.; CIVITATE, J.P.; NOGUEIRA, M.R.V.; SANTOS, B.L.; ALMEIDA, F.Q.A. ....................

2

NUTRIÇÃO CLÍNICA ......................................................................................................................................................... 3 Alergia Alimentar em crianças menores de 36 meses: avaliação do estado nutricional no momento do diagnóstico. SANTIAGO, L.T.C.; FREITAS, N.A.; CLETO, N.N.; DIAS, J.T.; CARVALHO, M.A.; MACHADO, N.C. ........................................................................................................................

4 Avaliação do estado nutricional de uma série de casos de crianças com doença renal crônica (DRC) atendidas em ambulatório de Nefrologia Pediátrica. FREITAS, N.A.; SANTIAGO, L.T.C.; SILVA, V.N.; RIYUZO, M.C.; MACEDO, C.S.; CORDEIRO, R.; MACHADO, N.C. ......................................

5 Avaliação do nível de conhecimento do sódio por consumidores de supermercados localizados na cidade de Bauru/SP. NAKAYAMA, D.; SOUZA, L.H.T.; SIMEÃO, S.F.A.P.; PINTO, M.P.R............

6

Avaliação dos dados antropométricos e nutricional dos pacientes atendidos nos ambulatórios de Terapia Nutricional e Disfagia do HC-FMB. FERRARI, F.Z.; TUON, J.S.; OLIVEIRA, B.C.; BUZATTO, B.L.P.; COSTA, N.A.; BARBIN, A.V.P.; PAIVA, S.A.R. .....................................................................

7 Comparação de parâmetros nutricionais entre os pacientes com Doença Inflamatória Intestinal: Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. BACK, I.R.; VULCANO, D.S.B.; DORNA, M.S.; PASCHOALINOTTE, E.E.; CARAMORI, C.A.; SASSAKI,L.Y. ............................................................................

8 Correlação entre qualidade de vida e albumina sérica em pacientes hemodialisados. OLIVIERA, A.A.M.; CAZAÑAS, E.F.; VALENÇA, M.R.S.; QUESADA, K.R.; DETREGIACHI, C.R.P. ..........................................................................................................................................................................................

9 Retocolite Ulcerativa: aspectos clínicos, laboratoriais e nutricionais. BACK, I.R.; VULCANO, D.S.B.; DORNA, M.S.; PASCHOALINOTTE, E.E.; CARAMORI, C.A.; SASSAKI, L.Y. ..............................

10

Evolução Nutricional de Paciente com diagnóstico de AIDS e Pancreatite Aguda: Relato de Caso. BIAGIOTTI, M.B.; SACILOTTO, L.B.; GOLLINO, L.; PAPINI, S.J.; PEREIRA, P.C.M...................

11

NUTRIÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA .............................................................................................................................. 12 Consumo energético e distribuição de macronutrientes de mulheres tabagistas e ex-tabagistas. FORMAGGI, N.; FIDÉLIX, M.P.; PAIVA, S.A.R.; MINAMOTO, S.T.; BORTOLIN, M.; PAPINI, S.J. .............................................................................................................................................

13 Correlação entre índice de massa corporal (IMC) e circunferência abdominal (CA) de adolescentes do município de Botucatu e região – SP. HERRERIA-SANTOS, N.; BIASON, T.P.; NÓBREGA, V.S.; RIZZO, A.C.B.; CORRENTE, J.E.; GOLDBERG, T.B.L. ...........................................

14

XIII JONUB Jornada de Nutrição da UNESP de Botucatu

23 a 25 de Maio de 2012

Evolução antropométrica de pacientes atendidos em Unidade Básica de Saúde depois de orientação nutricional. CALAHANI, I.M.; OLIVEIRA, M.C.; PAPINI, S.J. .......................................................

15

Impacto da educação nutricional na melhora do estado nutricional em crianças pré- escolares matriculadas em um Centro de Educação Infantil da rede municipal de ensino da cidade de Botucatu-SP. TUON, J.S.; FERREIRA, G.M.; DELFORNO, A.F.; ARAUJO, R.M.; JORGE, D.N.; ARRUDA, C.M.; DIAS, L.C.G.D. ............................................................................................

16 Mudanças na qualidade do consumo alimentar de pacientes atendidos em Unidade Básica de Saúde depois de orientação nutricional. CALAHANI, I.M.; OLIVEIRA, M.C.; PAPINI, S.J. ................

17

Mudanças nos hábitos alimentares de mulheres portadoras de diabetes do tipo II. BERTO, G.R.; LOMBARDI, F.R.; MARQUES, S.F.G. ............................................................................................................

18

Perfil de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica atendidos no Centro de Referência em Cirurgia Bariátrica. MATTAR, J.B.; MORAES, M.B.; VEIGA, A.G.M.; PASSERI, C.R.; PRACUCHO, E.M.; BRANDÃO, A.E.P.; PAPINI, S.J. ..............................................................................................

19 Ranking da contribuição dos alimentos fontes de ferro na dieta de pacientes pós-bariátricos precoces. SANTOS, B.L.; MUGNAI, A.C.M.; RODRIGUES, C.; NOVAIS, P.F.S.; RASERA JUNIOR, I.; LEITE, C.V.S.; OLIVEIRA, M.R.M. ......................................................................................................

20 NUTRIÇÃO EXPERIMENTAL ...................................................................................................................................... 21 A restrição de sacarose por 30 dias é eficiente para reduzir parâmetros bioquímicos em ratos com dieta rica em sacarose. ARAUJO, R.M.; CALLEGARI, M.A.; BAFFA, F.O.; THOMAZ, F.; BRAGA, C.; MANI, F. ...........................................................................................................................................................

22 Efeito do tratamento com dieta hiper-energética na isomerização de licopeno plasmático de animais obesos. PRESTI, P.T.; MIRANDA, N.C.M.; IMAIZUMI, E.; PIERINE, D.T.; CORREA, C.R.; LUVIZOTTO, R.A.M.; FERREIRA, A.L.A. ......................................................................................................

23 Efeito do resveratrol, polifenol encontrado em uvas, sobre parâmetros séricos de ratos com Diabetes mellitus induzido por streptozotocina. SANTOS, K.C.; BRAGA, C.P.; MOMENTTI, A.C.; PEIXOTO, F.B.; FAVA, FH.; BARBANERA, P.O.; FERNANDES, A.A.H. .........................................

24 PRODUÇÃO DE REFEIÇÕES ...................................................................................................................................... 25 Avaliação da temperatura no serviço de alimentação escolar no município de Botucatu/SP. CIVITATE, J.P.; NOGUEIRA, M.R.V.; SANTOS, B.L.; FORMAGI, N.; ALMEIDA, F.Q.A. ......................

26

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS ................................................................................................................................... 27 Ação de sanitizantes na qualidade de espinafres orgânicos e convencionais armazenados. COSTA, S.M.; LIMA, G.P.P.; SILVA, M.B.da.; MONACO, K.A.; VIEIRA, M.C.S.; CAVASINI, R.; LOZANO, M.G. .............................................................................................................................................................

28

XIII JONUB Jornada de Nutrição da UNESP de Botucatu

23 a 25 de Maio de 2012

Análise sensorial de snacks de farinha de mandioca e açafrão. SPINELLO, A.M; LEONEL, M.………... 29 Avaliação da eficiência do ozônio na diminuição da carga microbiana em brócolis orgânicos. VIEIRA, M.C.S.; LIMA, G.P.P.; FLEURI, L.F.; FURTADO, N.R.; CASSANI, M.; NUNES, K.N.M.; CAVASINI, R. .........................................................................................................................................................................

30 Avaliação qualitativa de frutos de jurubeba in natura e submetidos a tratamentos térmicos. SILVA, M.B. da.; LIMA, G.P.P.; SEABRA JR, S.; COSTA, S.M.; VIEIRA, M.C.de S.; MONACO, K. de A. .......................................................................................................................................................................................

31 Caracterização de manga orgânica e convencional sob armazenamento refrigerado. MONACO, K.A.; COSTA, S.M.; LIMA, G.P.P.; LO, A.T.C.; SILVA, J.P.; LOZANO, M.G. ...............................................

32

Carboidratos, Proteínas e Lipídios de repolhos em diferentes cultivos e cocções. LOZANO, M.G.; COSTA, S.M.; MONACO, C. ; VIEIRA, M.C.S.; LIMA, G.P.P. ................................................................

33

Composição bioquímica de umbu processado termicamente. LOPES, T.V.C.; LIMA, G.P.P.; SILVA, M.B. da; NUNES, K.de N.M.; SILVA, J.P. da; LO, A.T.C. .....................................................................

34

Desenvolvimento de queijo minas frescal fortificado com amaranto. SAKAI, M.S. ................................... 35 Efeito dos parâmetros de extrusão sobre o índice de expansão e volume específico de snacks extrusados de farinha de batata (Solanum tuberosum L.). CARDOSO, R.F.V.; LEONEL, M. ..............................................................................................................................................................................

36 Qualidade de goiabas orgânicas e convencionais armazenadas a frio. COSTA, S.M.; LIMA, G.P.P.; MONACO, K.A.; SILVA , M.B. da.; CAVASINI , R.; GAERTER , C.; COLOMBO LO, A.T. ...........................................................................................................................................................................................

37 Teores de aminas bioativas em chicória orgânica. COSTA, S.M.; LIMA, G.P.P.; ROCHA, S.A.; SILVA.; M.B da.; SILVA J.P da.; NUNES, K.N.M.; FURTADO, N.R. ..................................................................

38

Teores de nitratos e características físico-quimicas de repolhos orgânicos e convencionais submetidos à cocções. VIEIRA, M.C.S.; LOZANO, M.G; FURTADO, N.R.; NUNES, K.N.M.; SILVA, J.P. CAVASINI, R.; LIMA, G.P.P. ..................................................................................................................

39

Teores de vitamina C de manga orgânica e convencional sob armazenamento refrigerado. MONACO, K.A.; COSTA, S.M.; LIMA, G.P.P.; LO, A.T.C.; NUNES, K.N.M; LOZANO, M.G. .................

40

TRABALHOS DE GRADUAÇÃO ................................................................................................................................ 41 Beta-caroteno, flavonoides e atividade antioxidante de espinafres orgânicos e convencionais submetidos à diferentes tipos de cocção. LOZANO, M.G.; COSTA, S.M.; MONACO, C.; VIEIRA, M.C.S.; LIMA, G.P.P. ........................................................................................................................................................

42 Desenvolvimento de esteatose hepática em ratos com sobrecarga nutricional não é dependente da quantidade protéica da enzima DGAT2.MARTINS, A.O.; OLIVEIRA, T.A.S.; LUVIZOTTO, R.A.M.; NASCIMENTO, A.F. .................................................................................................................

48

XIII JONUB Jornada de Nutrição da UNESP de Botucatu

23 a 25 de Maio de 2012

Ratos submetidos a um curto período de exposição à dieta desequilibrada já apresentam os níveis aumentados de AGE no plasma e piora da função renal. NAVARRO, M. E.; FRANCISQUETI, F.V.; PIERINE, D.T; NASCIMENTO, A.F.; LUVIZOTTO, R.A.M.; CORRÊA, C.R. ..........................................................................................................................................................................................

56 TRABALHOS DE PÓS-GRADUAÇÃO ....................................................................................................................... 64 Efeitos do tratamento com terapia biológica sobre a atividade clínica da doença e a composição corporal de pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais. GONDO, F.F.; BACK, I.R.; DORNA, M.S.; PASCHOALINOTTE, E.E.; PAIVA, S.A.R.; SASSAKI, L.Y. ............................

65 Nefrolitíase induzida por agente promotor de hiperoxalúria e o efeito da associação da vitamina D: Modelo experimental em ratos. CUNHA, N.B.; MAGALHÃES, E.S.; DAMASIO, P.C.G.; SILVA, I.B.L.; AMARO, C.R.P.; KAWANO, P.R.; AMARO, J.L. .........................................................

77 Restrição nutricional materna na gestação e lactação provoca alterações no desenvolvimento e metabolismo da prole ao desmame. PINKE, C.A.E.; SANTOS, F.P.G.; PINHEIRO, D.F.; VICENTINI-PAULINO, M.L.M.; MORCELI, L.; TERUYA, T.S.; SARTORI, D.R.S. ......................................

86

Higiene e

Legislação de

Alimentos

Apoio:

XIII JONUB Jornada de Nutrição da UNESP de Botucatu

23 a 25 de Maio de 2013

2

Avaliação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) nas creches na cidade de

Botucatu.

FORMAGGI

1, N.; CIVITATE

1, J.P.; NOGUEIRA

1, M.R.V.; SANTOS

1, B.L.; ALMEIDA

2, F.Q.A.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Educação, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A alimentação é importante para o crescimento e o desenvolvimento da criança, por isso, deve ser levado em consideração dois pontos importantes: o valor nutricional e a segurança alimentar, sendo necessário que os manipuladores adotem bons hábitos higiênicos e preparem os alimentos de forma correta, pois os mesmos podem ser contaminados e oferecer grandes riscos a saúde. Objetivo: Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar as Boas Práticas de Fabricação (BPF) em quatro creches na cidade de Botucatu/SP. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo exploratório nas creches estudadas, através da utilização de um check list, baseado nas Portarias do Ministério da Saúde (MS) nº 1.428 de 26/11/93 e da Secretaria do Estado de São Paulo – CVS 06/99 de 10/03/99, para empresas e manipuladores de alimentos, seguindo a classificação: ( ) GRUPO 1 - 76 a 100% de atendimento dos itens; ( ) GRUPO 2 - 51 a 75% de atendimento dos itens e ( ) GRUPO 3 - 0 a 50% de atendimento de acordo com adequação dos itens. Resultados: Os resultados obtidos evidenciaram que as creches 1, 2 e 4 tiveram a menor classificação quanto aos itens de adequação ficando na classificação no (X) GRUPO 3 - 0 a 50% de atendimento de acordo com adequação dos itens e, apenas a creche 3 apresentou classificação no (X) GRUPO 2 - 51 a 75% de atendimento dos itens de adequação. Conclusão: É importante a aplicação das BPF que são conceituadas como normas e procedimentos de higiene, os quais devem ser obedecidos pelos manipuladores de alimentos desde a escolha e compra da matéria prima até o preparo e distribuição ao consumo humano para evitar a ocorrência das DTA’s. Conclui-se que as creches precisam se adequar as normas da legislação quanto aos itens: procedimentos técnicos e operacionais para que possam adotar as condições básicas de Boas Praticas de Fabricação no processo produtivo da alimentação escolar oferecida as crianças. Apoio financeiro: PROEX (projeto de extensão universitária)

Clínica

Nutrição

Apoio:

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4

Alergia Alimentar em crianças menores de 36 meses: avaliação do estado

nutricional no momento do diagnóstico.

SANTIAGO

1, L.T.C.; FREITAS

1, N.A.; CLETO

1, N.N.; DIAS

1, J.T.; CARVALHO

1, M.A.;

MACHADO1, N.C.

1Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica. Departamento de Pediatria, FMB, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

Introdução. Com o aumento da prevalência de Alergia Alimentar (AA) coincidindo com a grande velocidade de crescimento em crianças menores de 36 meses, torna-se importante avaliar o impacto da AA sobre estado nutricional destas crianças no momento do diagnóstico. Objetivo. Avaliar o estado nutricional de crianças com AA ao diagnóstico. Métodos. 345 crianças atendidas no ambulatório de Gastroenterologia pediátrica do HCFMB no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2011 foram divididas pela mediana da idade em dois grupos (G1≤ 9 meses – 177 crianças e G2>9 meses – 168 crianças). O diagnóstico de AA baseou-se em: dados clínicos obtidos em questionário desenhado para o estudo; laboratoriais e teste de punctura na pele. Critérios de inclusão: diagnóstico de AA, peso > 2500 g, idade menor que 36 meses. Critérios de exclusão: doenças genéticas, neurológicas e crônicas que afetam o crescimento e uso crônico de corticoesteróides. Índices antropométricos avaliados: escore z do Peso/Idade (zP/I), Estatura/Idade (zE/I), Peso/Estatura (zP/E) e do Índice de Massa Corporal para Idade (zIMC/I) foram calculados segundo o software ANTHRO da Organização Mundial da Saúde. Resultados são apresentados como mediana e proporção. Análise estatística foi realizada pelo Teste t não pareado e Exato de Fisher sendo p<0,05 considerado estatisticamente significativo. Resultados. As medianas das idades foram para G1(5 meses) e G2(16 meses), e as proporções (%) de masculino:feminino para G1(55:45) e G2 (55:45), sem diferença estatística. As medianas do escore z para G1 foram: zP/I (-0,70), zE/I (-0,87), zP/E (-0,27) e zIMC/I(-0,51) e para G2: zP/I (-0,14), zE/I (-0,48), zP/E(0,06) e zIMC/I (0,03). Na comparação dos escores z entre G1 e G2 observou-se diferença estatística, com menores valores para G1 em zP/E (p=0,04) quanto zIMC/I (p=0,0002). Conclusão. O maior impacto no estado nutricional em P/E e IMC/I no grupo menor que 9 meses (G1) denota um processo de comprometimento agudo do estado nutricional ocorrendo em período da vida com grande velocidade de crescimento. Estes resultados indicam a necessidade de um bom planejamento terapêutico dietético neste período de vulnerabilidade nutricional.

XIII JONUB Jornada de Nutrição da UNESP de Botucatu

23 a 25 de Maio de 2013

5

Avaliação do estado nutricional de uma série de casos de crianças com

doença renal crônica (DRC) atendidas em ambulatório de Nefrologia Pediátrica.

FREITAS

3, N.A.; SANTIAGO

3, L.T.C; SILVA

3, V.N.; RIYUZO

1, M.C.; MACEDO

1, C.S.; CORDEIRO

1,

R.; MACHADO2, N.C.

1Disciplina Nefrologia Pediátrica, FMB - Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Disciplina Gastroenterologia Pediátrica, FMB - Unesp, Botucatu, SP.

3Nutricionistas Aprimorandas em Nutrição Clínica em Pediatria, FMB - Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: Monitorizar o estado nutricional é essencial no manejo de criança com DRC. Objetivo: Avaliar o estado nutricional de crianças com DRC. Métodos: Estudo de série de casos de crianças com DRC, 6 crianças com gravidade G2/3 e 8 G4/5, 13 meninos, com mediana de idade de 119 meses e tempo de doença de 32 meses. Os parâmetros da avaliação nutricional foram peso (P), estatura (E), Cálculo do índice de massa corporal (IMC) e suas relações com idade (I), segundo referencial CDC, 2000. Análise estatística teste exato de Fisher e teste de correlação de Spearman. Resultados: Foram avaliadas 14 crianças DRC (1 GESF, 1 indeterminada, 12 alterações urológicas), com creatinina sérica (mediana de 1,8 mg/dL, média 2,1±1,1 mg/dL) e Clearance de Creatinina de mediana 26,2 mL/min/1,73m

2. A avaliação do estado nutricional: os escores z e as proporções com

z<-2.0 foram: P/I (-0,94) sendo 4/14 ; E/I (-1,69) sendo 6/14 e IMC/I (-0,34) sendo 1/12. Na comparação entre os 3 escores z observou-se z E/I é diferente estatisticamente do z do IMC/I (p<0.01). O teste de correlação de Spearman entre tempo de doença e escore z do P/I, z da E/I e z de IMC/I não foi estatisticamente significativo. A correlação entre Clearance de Creatinina e escore z do P/I foi estatisticamente significativa (r=0,58 e p=0,02). A proporção de crianças segundo gravidade da DRC versus escore z do P/I < -2,0 não foi estatisticamente significativa. Conclusão: nesta série de casos observa-se que a estatura é o parâmetro mais comprometido.

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23 a 25 de Maio de 2013

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Avaliação do nível de conhecimento do sódio por consumidores de

supermercados localizados na cidade de Bauru/SP.

NAKAYAMA

1, D.; SOUZA

1, L.H.T.; SIMEÃO

2, S.F.A.P.; PINTO

3, M.P.R.

1Graduanda do curso de Nutrição da Universidade Sagrado Coração, Bauru, SP. [email protected]

2Docente de Estatística da Universidade Sagrado Coração, Bauru, SP.

3Docente de Nutrição da Universidade Sagrado Coração, Bauru, SP.

Introdução: A hipertensão arterial é reconhecida como sendo um dos fatores mais importantes no desenvolvimento do acidente vascular cerebral e do infarto agudo do miocárdio. Trata-se de uma doença não-transmissível multifatorial que apresenta um elevado risco de mortalidade. Vários fatores podem estar associados ao seu desenvolvimento, sendo eles: fatores congênitos, sedentarismo, tabagismo, estresse, idade, excesso de peso e fatores dietéticos. Dentre os fatores nutricionais destaca-se o consumo excessivo de sódio. De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar 2008-2009, o consumo diário de sódio entre os brasileiros com idade entre 19 e 59 anos é de aproximadamente 3600mg, ou seja, superior ao limite estabelecido pela OMS de 2000mg. Objetivo: Avaliar o nível de conhecimento sobre o sódio por consumidores de supermercados localizados na cidade de Bauru-SP. Métodos: Foi elaborado um questionário padrão composto por nove questões que abordavam o nível de conhecimento sobre o sódio e um questionário de frequência alimentar constituído por 11 alimentos com quantidade elevada de sódio e três com quantidade moderada. A aplicação do trabalho foi realizada por alunos do quarto ano do Curso de Graduação em Nutrição da USC, sendo que essas foram previamente treinadas e orientadas quanto à técnica correta de abordagem do tema. Esse questionário foi aplicado em consumidores de cinco supermercados localizados em diversas regiões da cidade de Bauru-SP, no período de fevereiro a março de 2013. A abordagem dos consumidores foi realizada aleatoriamente sendo que o questionário foi preenchido pelos mesmos. Os dados foram tabulados em planilhas do Excel, com posterior realização de análise estatística. Resultados: No estudo foram entrevistados 100 consumidores com idade variando entre 18 e 80 anos, com predomínio do sexo feminino (78%) e ausência de hipertensão (70%). Em relação ao estado nutricional, 42% apresentavam eutrofia, 38% sobrepeso e 20% obesidade. Em relação ao nível de conhecimento do tema, 70% relataram já ter recebido orientação nutricional por médicos e/ou nutricionistas, apenas 10% dos entrevistados tinham conhecimento real sobre a quantidade de sódio adequada a ser consumida por dia e, 18% sobre a diferença entre sal e sódio. Com relação aos problemas causados à saúde pelo consumo excessivo de sódio, 73% responderam conhecer os problemas citando principalmente a hipertensão e o edema, 64% dos entrevistados consideraram seu consumo de sódio adequado. Em relação à frequência alimentar, os alimentos com elevada quantidade de sódio mais consumidos foram: temperos prontos, embutidos e caldo concentrado. Conclusão: O conhecimento da população em relação ao sódio é muito limitado. Assim, verifica-se a necessidade de uma melhor orientação nutricional sobre o assunto para promover a conscientização sobre os malefícios em longo prazo do consumo excessivo de sódio na saúde dos indivíduos.

XIII JONUB Jornada de Nutrição da UNESP de Botucatu

23 a 25 de Maio de 2013

7

Avaliação dos dados antropométricos e nutricional dos pacientes atendidos

nos ambulatórios de Terapia Nutricional e Disfagia do HC-FMB.

FERRARI¹, F.Z.; TUON¹, J.S.; OLIVEIRA², B.C.; BUZATTO³, B.L.P.; COSTA³, N.A.; BARBIN

4,

A.V.P.; PAIVA5, S.A.R.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

²Aprimoranda em Nutrição em Doenças Crônicas, Unesp, Botucatu, SP. 3Mestranda em Fisiopatologia em Clínica Médica, Unesp, Botucatu, SP.

4Nutricionista do Serviço de Terapia Nutricional, Unesp, Botucatu, SP.

5Professor

Titular do Departamento de Clínica Médica, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: O Serviço de Terapia Nutricional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) presta assistência aos pacientes que recebem alta hospitalar em uso de terapia nutricional para aqueles que apresentam disfagia neurológica ou mecânica. O cuidado e a terapia nutricional é parte integrante de um bom tratamento clínico nos pacientes, uma vez que a desnutrição altera a qualidade de vida e reduz a sobrevida. O acompanhamento destes pacientes tem como finalidade manter ou recuperar o estado nutricional, visando diminuir as co-morbidades inerentes às doenças de base. Objetivo: Analisar dados antropométricos dos pacientes com disfagia mecânica ou neurológica. Metodologia: Utilizaram-se os relatórios do sistema de prontuário eletrônico do HCFMB. Procedeu-se o levantamento do número de atendimentos Ambulatório de TN e Disfagia I e II no período de Agosto de 2012 à Março de 2013, totalizando 404 atendimentos, num total de 149 pacientes. A coleta de dados consistiu em: nome e gênero do paciente, data da primeira e última consulta, peso (kg), estatura (m), circunferência do braço (CB (cm)), circunferência da panturrilha (CP (cm)), altura do joelho (AJ(cm)), Índice de Massa Corporal (IMC (kg/m²)), via de acesso (via oral (VO)) ou por sonda. A análise estatística foi realizada no programa SigmaStat 3.5. Foram realizados: estatística descritiva, teste t ou Mann Whitney e teste t pareado ou teste Wilcoxon. Resultados e Discussão: A análise descritiva dos 149 pacientes na primeira consulta, mostrou que 76 (51,3%) pacientes são do gênero masculino, com peso de 52±14,6kg, IMC 19,6 (16,4 – 23,8) kg/m². Os pacientes foram divididos em 2 grupos em relação à via de acesso de alimentação: VO ou por sonda Na primeira consulta, 95 pacientes usavam sonda e 52 pacientes usavam a VO. O IMC e peso dos pacientes em uso de alimentação VO foram significativamente maiores em relação aos pacientes em uso sonda, IMC 21,3 (18,1 – 24,6) kg/m² e peso 57±13,7 kg. Não houve diferença de peso entre ambos os grupos no momento inicial e final. Conclusão: Os pacientes atendidos com problemas de disfagia chegaram na primeira consulta com depleção nutricional e não houve mudança no estado nutricional até a data da última consulta, independente da via de acesso.

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Comparação de parâmetros nutricionais entre os pacientes com Doença

Inflamatória Intestinal: Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa.

BACK

1, I.R.; VULCANO², D.S.B.; DORNA¹, M.S.; PASCHOALINOTTE

3, E.E.; CARAMORI

4, C.A.;

SASSAKI4, L.Y.

1Aluna da pós-graduação do programa de Fisiopatologia em Clínica Médica, UNESP, Botucatu, SP. [email protected]

2Serviço Técnico de Nutrição e Dietética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

3Grupo de Apoio e Pesquisa, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

4Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

Introdução: O termo Doença Inflamatória Intestinal (DII) é empregado para designar a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU), caracterizadas pela inflamação crônica do intestino. Ambas as patologias podem alterar o estado nutricional dos pacientes. Realizando a avaliação nutricional podemos identificar precocemente a desnutrição assim como a deficiência de vitaminas e minerais. A literatura revela que os doentes desnutridos possuem agravamento do seu prognóstico, uma vez que ocorre uma redução na capacidade imunológica e paralelamente um aumento das infecções. Objetivo: Avaliar os parâmetros nutricionais dos pacientes com DII e fazer uma análise comparativa. Métodos: Foram avaliados os indivíduos acompanhados no ambulatório de DII do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP – SP. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica e nutricional (antropometria e bioimpedância elétrica). Os dados foram comparados através de análise descritiva, teste T e Qui-quadrado. Resultados: Foram avaliados 152 pacientes de abril a agosto de 2012. Dos pacientes com DC 56 (36,84%) a idade média foi de 46,44 (±15,15) e 55,36% do sexo feminino. Em relação aos parâmetros nutricionais foram avaliados: porcentagem da circunferência de braço (%CB) 105,28 (±14,23), porcentagem da dobra cutânea de tríceps (%DCT) 135,64 (±56,84), porcentagem da circunferência muscular de braço (%CMB) 99,16 (±12,78), massa magra (MM) 49,80 (±10,46) e massa gorda (MG) 21,09 (±7,40). O Índice de Massa Corpórea desses pacientes apontou, 7% como baixo peso, 45% eutróficos e 48% sobrepeso. Já os pacientes com RCU 96 (63,16%), apresentaram idade média de 43,55 (±16,05) e 53,13% do sexo feminino. O resultado dos parâmetros nutricionais nesse grupo de pacientes foi: %CB 106,94 (±18,29), %DCT 127,89 (±58,46), %CMB=102,75(±18,04), MM 50,88 (±9,97); MG 21,60 (±8,68). O IMC desses pacientes foi distribuído em: 5% classificados como baixo peso, 31% eutróficos e 64% sobrepeso. Através da análise comparativa não foi observado diferenças entre a idade (p=0,27). Grande parte da amostra estava em remissão clínica da doença (DC:73,21%, e RCU:85,07%; (p=0,10). Comparando os parâmetros nutricionais não foi observado diferenças %CB (p=0,53), %DCT (p=0,42), %CMB (p=0,15), MM (p=0,53) e MG (p=0,71). Porém, a análise do Ângulo de fase foi de significativa (p=0,03) com DC (6,56°) e RCU (6,87°). Conclusão: Não observamos diferenças nutricionais entre os pacientes com DC e RCU. Apenas o ângulo de fase mostrou resultados significativos. Tal fato pode ser explicado pela inclusão de pacientes tanto em remissão quanto em atividade nas doenças estudadas além do grande número de pacientes em remissão.

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Correlação entre qualidade de vida e albumina sérica em pacientes

hemodialisados

OLIVIERA

1, A.A.M.; CAZAÑAS

2, E.F.; VALENÇA

3, M.R.S.; QUESADA

4, K.R.; DETREGIACHI

5,

C.R.P.

1Aluna do Curso de Graduação em Nutrição da Universidade de Marília - UNIMAR. Bolsista PIBIC/CNPq. [email protected]

2Nutricionista e Enfermeiro.

3Nutricionista. Aprimoranda de Nutrição Clínica do Hospital de Clínicas de Marília-FAMEMA pela FUNDAP.

4Docente do Curso de Graduação em Nutrição da Universidade de Marília– Unimar. Mestre em Alimentos e Nutrição: Ciências Nutricionais – Universidade Estadual Paulista - Unesp – Araraquara.

5 Docente do Curso de Graduação em Nutrição da Universidade de Marília – Unimar. Pós-doutora - Universidade Estadual Paulista - Unesp – Botucatu.

Introdução: A Doença Renal Crônica é caracterizada por lesão renal, perda progressiva e irreversível da sua função, a qual em estágio avançado não mantém a homeostase do indivíduo, necessitando de tratamento dialítico (diálise ou hemodiálise). Dentre as doenças de caráter crônico esta é uma das que causa maior impacto nos aspectos biopsicossociais, afetando a qualidade de vida do indivíduo, a qual também é influenciada pelo estado nutricional Objetivo: Avaliar o estado nutricional e a qualidade de vida dos pacientes cadastrados no programa de hemodiálise da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Marília, bem como verificar a existência de correlação entre estes dois aspectos. Metodologia: Para a avaliação do estado nutricional foi analisada a concentração de albumina sanguínea. Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o questionário genérico SF-36. Resultados: Foram avaliados 110 pacientes com média de idade de 55,9 ± 13,1 anos, sendo 70% deles homens. Em relação à qualidade de vida, foi encontrado que os aspectos mais comprometidos foram o aspecto físico (AF) com mediana 50 (amplitude interquartil 25-100) e o estado geral de saúde (ESG) com mediana 52 (amplitude interquartil 37-67). Medianas mais elevadas foram encontradas nos aspectos emocionais (AE) (100 e amplitude interquartil 100-100) e social (AS) (87,5 e amplitude interquartil 50-100). Nas dimensões capacidade funcional (CF) e saúde mental (SM) as medianas foram 70 (amplitude interquartil 40-85) e 76 (amplitude interquartil 60-96), respectivamente. Valores de mediana próximos foram encontrados nas dimensões dor física (DF) (62 e amplitude interquartil 42-100) e vitalidade (VT) (60 e amplitude interquartil 45-80). Entre os sexos, diferença significativa foi encontrada nas dimensões DF (p=0,0102), VT (p=0,0384) e AE (p=0,0011), as quais apresentaram escores maiores entre os homens. Não houve correlação significativa entre os diferentes aspectos da qualidade de vida avaliados e o nível de albumina sérica. Entretanto, a maioria dos aspectos apresenta correlação positiva com a albuminemia, indicando que quanto maior este parâmetro bioquímico e, assim, melhor o estado nutricional, maiores são os escores dos aspectos da qualidade de vida, ou seja, melhores eles se apresentam. Correlação negativa foi encontrada apenas no aspecto de SM em ambos os sexos, e entre as mulheres também no AE. Conclusão: Estes dados reforçam a associação entre condição nutricional e qualidade de vida na doença renal crônica, estimulando a atenção da equipe de saúde ao monitoramento nutricional.

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Retocolite Ulcerativa: aspectos clínicos, laboratoriais e nutricionais.

BACK

1, I.R.; VULCANO², D.S.B.; DORNA¹, M.S.; PASCHOALINOTTE³, E.E.; CARAMORI

4, C.A.;

SASSAKI4, L.Y.

1Aluna da pós-graduação do programa de Fisiopatologia em Clínica Médica, UNESP, Botucatu, SP. [email protected]

2Serviço Técnico de Nutrição e Dietética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

3Grupo de Apoio e Pesquisa, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

4Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

Introdução: A Retocolite Ulcerativa é uma doença cíclica que consiste em uma inflamação que envolve mais especificamente a mucosa do cólon e do reto, e resulta em lesões erosivas com sangramento da mucosa intestinal. Sua etiopatogenia é multifatorial, com participação de fatores genéticos, ambientais, microflora intestinal e resposta imune do paciente. O aspecto clínico engloba: diarréia crônica, muco, sangue nas fezes, dor abdominal e manifestações extra-intestinais. Essa patologia, muitas vezes, contribui para mudanças de hábitos alimentares que, consequentemente podem alterar o estado nutricional. Observa-se que o estado nutricional está diretamente relacionado com a gravidade da doença e, a piora do mesmo, pode contribuir para o prognóstico negativo e a deterioração da competência imune. Objetivos: Avaliar as características clínicas, laboratoriais e nutricionais de pacientes acompanhados no ambulatório de DII da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP. Comparar os pacientes de acordo com atividade ou remissão da doença. Métodos: Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, laboratorial e nutricional (avaliação antropométrica e avaliação da composição corporal). Os dados foram avaliados através de análise descritiva, teste T e Qui-quadrado. Resultados: Entre abril e agosto de 2012 foram avaliados 96 pacientes com idade média de 46,44 (±15,15) anos, 53,15% do sexo feminino. Quanto à localização da doença, observamos: 42,35% colite distal, 38,82% pancolite e 18,82% hemicolite esquerda. 85,07% estavam em remissão da doença. 61,96% afirma ingerir uma quantidade inferior a dois litros de água por dia. Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, 11,83% são consumidores e 8,51% da amostra são fumantes. A maior parte da amostra (74,73%) não pratica atividade física. Segundo o Índice de Massa Corporal, 5% são classificados como baixo peso, 31% como eutróficos e 64% como sobrepeso. Porém, em relação à porcentagem de dobra cutânea do tríceps (%DCT) e porcentagem de circunferência muscular do braço (%CMB) são classificados como eutróficos. A média do ângulo de fase foi de 6,87° (±0,97). Sobre os parâmetros laboratoriais não observamos alterações na Hb 13,84 (±1,69), Ht 41,56 (±4,67), Proteína C Reativa (PCR) 1,01 (±1,15) e VHS 24,54 (±16,16). Através de uma análise comparativa entre o grupo que estava em atividade e o que estava em remissão não observamos diferenças quanto à idade (p=0,50), IMC (p=0,72), %DCT (p=0,4), %CMB (p=0,23) e o ângulo de fase (p=0,10). Porém, a PCR mostrou-se diferente entre os grupos em atividade (2,38g/dl) e remissão (0,92g/dl) (p=0,01), refletindo o processo inflamatório presente nestes pacientes. Os demais exames bioquímicos não apresentaram significância estatística (Hb, p=052; Ht p=0,64; VHS p=0,14). Conclusão: Embora a literatura apresente dados que apontam para a desnutrição em pacientes com DII, no presente estudo encontramos maior prevalência de sobrepeso. Esse resultado pode ser justificado pela inclusão de pacientes tanto em remissão quanto em atividade da doença. Mais estudos são necessários para caracterização desses pacientes, sobretudo quanto ao perfil nutricional.

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Evolução Nutricional de Paciente com diagnóstico de AIDS e Pancreatite

Aguda: Relato de Caso.

BIAGIOTTI1, M.B.; SACILOTTO¹, L.B.; GOLLINO¹, L.; PAPINI ²,S.J.; PEREIRA³, P.C.M.

1Aprimoramento em Nutrição em Doenças Tropicais, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

2Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus HIV e atualmente, pode ser considerada uma doença de perfil crônico para a qual não há cura, mas há tratamento. A evolução da infecção pelo vírus pode alterar alguns aspectos metabólicos e nutricionais, tais como a perda de peso, alterações em parâmetros bioquímicos, complicações nutricionais associadas à doença, lipodistrofia, má absorção, deficiência de nutrientes e micronutrientes, entre outras. Portanto, o cuidado e a intervenção nutricional são essenciais para garantir melhor qualidade de vida. Uma das complicações metabólicas apresentadas por estes pacientes é a pancreatite que, por ser uma doença potencialmente grave requer avaliação e intervenção nutricional precoce para adequação da dieta a fim de minimizar os efeitos da doença sob o estado nutricional do paciente. Objetivo: Relatar a evolução clínica e nutricional de um paciente com diagnóstico de AIDS e Pancreatite Aguda internado na enfermaria de Moléstia Infecciosas do HCFMB-UNESP. Métodos: Paciente MCMS, 48 anos, sexo feminino, admitida no HCFMB- UNESP com quadro de dor abdominal constante, com piora após a alimentação, dois dias antes da internação. Referiu plenitude gástrica pós-prandial e disfagia. Relatou quatro episódios diarreicos, picos febris e tosse com secreção hialina, sendo diagnosticado pancreatite aguda. Em uso de: Biovir®; Kaletra® e Fluconazol®. História de perda ponderal involuntária importante, de 27 kg em três meses. A avaliação nutricional inicial revelou quadro de desnutrição grave, segundo classificação do Índice de Massa Corpórea (IMC). Após diagnóstico nutricional, optou-se pela terapia nutricional via oral, de consistência leve, hipogordurosa e suplementação calórica-proteíca industrializada. Períodos de jejum e evolução da consistência da dieta variaram conforme a melhora ou piora clínica da paciente. Devido ao quadro persistente de dor abdominal e transaminases elevadas optou-se pela introdução da Nutrição Parenteral Central (NP) no 27º dia de internação, após discussão com equipe multiprofissional de terapia nutricional, sendo o aporte energético total de 800Kcal (25Kcal/Kg/dia) e 1,5g/Kg/dia de proteína, juntamente com a dieta via oral hipogordurosa com modificações da consistência e aceitação. Resultados: Paciente ficou internada durante 78 dias e recebeu nutrição parenteral por 30 dias, além da dieta via oral hipogordurosa. Apresentou média de peso de 33,85±1,41 Kg e IMC médio de 14,08±0,59, caracterizando quadro de desnutrição. Durante o período de internação a paciente apresentou perda de 1,4Kg agravando ainda mais seu quadro de desnutrição grave, porém ao comparar a evolução do peso após a introdução da NP houve recuperação do mesmo. Com todo o cuidado nutricional na adequação da terapia nutricional, a gravidade da doença e o tempo de internação não foram suficientes para recuperação do estado nutricional. Os exames bioquímicos indicavam que no inicio da internação a paciente já apresentava um quadro de desnutrição grave, com valores de albumina, creatinina e uréia abaixo dos níveis de referência. A melhora dos marcadores bioquímicos, principalmente após início da NP, pode sugerir recuperação do quadro de desnutrição calórica-proteica, ressaltando a importância e influência do cuidado nutricional. Valores de lipase e amilase também melhoraram ao longo da internação, evidenciando melhora do quadro clínico. Ao final observou-se melhora do prognóstico da paciente, considerando a evolução dos exames laboratoriais, variação de peso e aceitação da dieta, sendo a intervenção nutricional um fator importante para esta evolução, mesmo que a paciente tenha mantido o quadro de desnutrição grave. Conclusão: A melhora do estado clínico e manutenção do peso evidenciam a eficácia da intervenção nutricional, que foi iniciada previamente e acompanhou todas as etapas de evolução da doença.

Saúde

Pública

Nutrição em

Apoio:

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Consumo energético e distribuição de macronutrientes de mulheres

tabagistas e ex-tabagistas.

FORMAGGI

1, N.; FIDÉLIX

2, M.P.; PAIVA

3, S.A.R.; MINAMOTO

3, S.T.; BORTOLIN

1, M.; PAPINI

4,

S.J.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Pós-graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

4Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: Devido à associação entre cessação do tabagismo e o aumento ponderal, muitas mulheres desistem de parar de fumar, aumento que parece estar correlacionado com a nicotina; esta eleva ao aumento da concentração no cérebro de dopamina e serotonina, neurotransmissores relacionados à inibição da ingestão alimentar, além de causar sintomas de abstinência, entre eles o aumento do apetite, da vontade de comer e uma dieta inadequada, também como forma de compensação pela falta do cigarro. Objetivo: Comparar o consumo energético e a distribuição percentual de macronutrientes de mulheres tabagistas e ex-tabagistas das que nunca fumaram. Metodologia: Estudo observacional, epidemiológico transversal que avaliou 9 mulheres fumantes, 6 ex-fumantes e que 13 nunca fumaram (controle), por meio de aplicação de recordatório de 24hs em três dias não consecutivos, sendo um relativo ao final de semana. Resultados: Na avaliação de consumo verificou-se que o grupo controle apresentou consumo energético maior (1819,6 +/- 762,0) que as fumantes (1473,6 +/- 555,2 ) e que as ex-fumantes (1523,4 +/- 617,5). Na distribuição percentual de macronutrientes verificou-se que o grupo de tabagista mantinha uma dieta mais equilibrada (52,6% de carboidrato, 15,7% de proteína e 33,0% de lipídeos), o grupo de pacientes ex-tabagistas apresentou um consumo reduzido de carboidrato (47,7%) e o controle foi o que apresentou o maior consumo de gordura (36,3%), desta 13,7% corresponde a gordura saturada e 13% de gordura monoinsaturada. Com relação ao consumo de fibras, o grupo controle e ex-tabagistas apresentaram valores semelhantes e maior que o grupo de tabagista. Discussão e Conclusão: Na literatura vários autores verificaram que pacientes tabagistas apresentam consumo energético menor e qualidade da dieta pior em relação aos que nunca fumaram, resultado confirmado neste trabalho. No presente estudo observou-se que as ex-fumantes e as controles apresentaram uma dieta mais inadequada na distribuição de macronutrientes mas com consumo maior de fibras e de gordura monoinsaturada. Os resultados mostram que o grupo de mulheres ex-tabagistas parece ter uma maior preocupação com a alimentação. Lembrando que a associação tabagismo, excesso de peso e alimentação inadequada está diretamente relacionada ao desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis e, com proibição do uso de tabaco em ambientes públicos, muitos fumantes estão deixando o cigarro com isso poderão ganhar peso que também é um problema para saúde, podemos concluir que o aconselhamento nutricional é parte fundamental no tratamento para cessação do tabagismo. Apoio financeiro: Proex (Bolsa de extensão).

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Correlação entre índice de massa corporal (IMC) e circunferência abdominal

(CA) de adolescentes do município de Botucatu e região – SP.

HERRERIA-SANTOS

1, N.;

BIASON

2, T.P.;

NÓBREGA

3, V.S.; RIZZO

4, A.C.B.; CORRENTE

5, J.E.;

GOLDBERG6, T.B.L.

1Graduanda do Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Profa. da Disciplina de Medicina do Adolescente, Mestranda do Programa de PG em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia - Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

3Mestranda do Programa de PG em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia - Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

4Profa. da Disciplina de Medicina do Adolescente, Mestre pelo Programa de PG em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia - Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

5Prof. do Departamento de Estatística - Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

6Profa. da Disciplina de Medicina do Adolescente e do Programa de PG em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia - Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Introdução: A antropometria é um método de análise bastante simples, de baixo custo, rápido e funcional para avaliação do estado nutricional da população em geral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe que se utilize o índice de massa corporal (IMC) para classificar variações do peso corporal e a circunferência abdominal (CA) para a distribuição da gordura corporal. Alguns estudos apontam que há bastante correlação entre quantidade de gordura abdominal e hipertensão e gordura intra-abdominal e risco cardiovascular já em crianças. Obter medidas de CA e IMC são meios eficazes de estimar a quantidade de gordura abdominal e intra-abdominal, podendo auxiliar no diagnóstico dessas doenças. Apesar desse risco, ainda não há parâmetros de corte para valores de CA para crianças e adolescentes, havendo necessidade de estabelecê-los. Objetivos: Elaborar uma equação preditiva da circunferência abdominal (CA) segundo o Índice da Massa Corporal (IMC) de adolescentes de ambos os sexos, do município de Botucatu, SP – Brasil e região. Metodologia: Foram mensurados o IMC e a CA de 307 adolescentes (meninas = 175; meninos = 132) e elaboradas três equações: uma para o sexo feminino; uma para o sexo masculino e uma para ambos os sexos. O IMC foi calculado dividindo-se o peso em kilogramas do indivíduo pela sua altura em metros ao quadrado. Os valores de CA foram obtidos a partir do ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, dados em centímetros. Realizada análise estatística para posterior elaboração das equações. Resultados: Para o grupo feminino foi obtida a equação da reta dada por: IMC (kg/m²):CA: y = 23,4091 + 2,2819*x; r = 0,9294; r² = 0,8638. Para o grupo masculino foi obtida a equação da reta dada por: IMC (kg/m²):CA: y = 23,1666 + 2,4163*x; r = 0,9313; r² = 0,8673. Para ambos os sexos foi obtida a equação da reta: IMC (kg/m²):CA: y = 22,9525 + 2,3551*x; r = 0,9253; r² = 0,8562. Diante dos resultados, observamos que, caso não haja possibilidade de aferição de peso e/ou estatura na prática ambulatorial, podemos utilizar as equações da reta acima, a partir da circunferência abdominal, para estimar o IMC de adolescentes de ambos os sexos e assim obtermos noção quanto a sua classificação.

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Evolução antropométrica de pacientes atendidos em Unidade Básica de Saúde

depois de orientação nutricional.

CALAHANI

1, I.M.; OLIVEIRA

2, M.C.; PAPINI

3, S.J.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2 Aprimoranda em Dietoterapia em Insuficiência Renal Crônica, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: O reconhecimento da influência da alimentação é parte essencial no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Assim, a procura por orientação alimentar e nutricional tem crescido significativamente, uma vez que a aquisição de hábitos alimentares saudáveis é parte essencial do tratamento de mudanças no estilo de vida. Durante a consulta nutricional é fundamental a criação de vínculo, conquista de confiança e bom relacionamento paciente-profissional para que os objetivos da dieta, acompanhamento de parâmetros antropométricos e associação com fatores psicossociais sejam adequadamente atingidos. Entretanto, assim como acontece em consultas de outras áreas da saúde, a adesão dos pacientes ao tratamento dietético pode ser influenciada por diversas situações, o que dificulta a abordagem profissional e seguimento terapêutico. Objetivo: Avaliar a influência da orientação nutricional na mudança dos parâmetros antropométricos de pacientes atendidos em UBS. Métodos: O estudo foi realizado no Ambulatório de Nutrição do Adulto do Centro de Saúde Escola da FMB – UNESP com 30 pacientes. As informações foram obtidas por meio de duas entrevistas presenciais: sexo, idade, patologias associadas, dentição, ingestão hídrica, hábito intestinal, uso de medicamentos, suplementação vitamínico-mineral e atividade física, além da avaliação antropométrica e de consumo alimentar. Na avaliação antropométrica obteve-se a medida de peso e estatura para o cálculo do índice de massa corporal (IMC), e a medida da circunferência abdominal (CA). A orientação nutricional foi realizada individualmente e seguia os conceitos e diretrizes da boa alimentação. Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo feminino (86,7%), 66,7% referiu ser inativo. Dos praticantes de atividade física, 60% a realizavam de uma a duas vezes por semana. O consumo de álcool foi referido por 23% dos entrevistados e não foi relatada prática de tabagismo por nenhum paciente. A maioria das doenças apresentadas é de etiologia crônica, comuns em pacientes com excesso de peso. Das principais DCNT, a Hipertensão Arterial estava presente em 40% dos pacientes, Diabetes Mellitus em 16,7%, hipercolesterolemia em 43,3% e hipertrigliceridemia em 46,7%. A grande maioria (83,3%) apresentava excesso de peso ou obesidade. A associação entre quatro destas doenças foi observada em 26,7% dos casos, o que pode indicar Síndrome Metabólica. Houve melhora dos indicadores antropométricos analisados da primeira para a segunda entrevista; a média dos valores de peso corporal diminuiu de 87,5 ± 17,1 Kg para 86,05 ± 7,39 Kg; a média do IMC passou de 34,07 Kg/m² para 33,7 Kg/m², e a média da CA diminuiu de 107,57 cm para 105,24 cm. Os melhores resultados na perda de peso e diminuição da CA foram observados no grupo de pacientes que retornaram espontaneamente na data agendada para a segunda consulta. Conclusão: Neste estudo, assim como em outros similares, a adesão ao programa proposto não foi totalmente satisfatória, fato que pode ser explicado por fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo e ao tratamento. Um dos maiores problemas enfrentados foi a falta nas consultas agendadas. É necessária busca ativa dos sujeitos faltosos e dos desistentes para obter informações mais detalhadas dos motivos que os levaram as faltas e ao abandono do programa, permitindo, assim, melhor adequação do protocolo das consultas e da equipe responsável às necessidades dessas pessoas. Apoio financeiro: Fapesp (bolsa de iniciação científica) e Proex (bolsa de extensão).

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Impacto da educação nutricional na melhora do estado nutricional em crianças

pré-escolares matriculadas em um Centro de Educação Infantil da rede

municipal de ensino da cidade de Botucatu-SP.

TUON

1, J.S.; FERREIRA

1, G.M.; DELFORNO

1, A.F.; ARAUJO

1, R.M.; JORGE

1, D.N.; ARRUDA

2,

C.M.; DIAS3, L.C.G.D.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Mestranda pelo Departamento de Doenças Tropicais,Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu,SP.

3Departamento de Educação, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A crescente prevalência da obesidade infantil é uma ameaça à saúde de grande magnitude da população, sendo considerado um fator de risco para as doenças crônico-degenerativas em idades cada vez mais precoces. Tal diagnóstico pode ser realizado através de uma avaliação antropométrica, a qual é uma importante ferramenta para o acompanhamento do estado nutricional, especialmente em crianças, auxiliando na elaboração de prioridades, métodos e projetos de intervenção nutricional. A educação nutricional também é uma importante ferramenta para a redução da obesidade, direcionada na construção de melhores hábitos de vida, reeducação alimentar e incentivo à atividade física, uma vez que o comportamento na idade adulta depende do aprendizado recebido na infância. Objetivo: Verificar o impacto da educação nutricional na melhora do estado nutricional em crianças pré-escolares matriculadas em um Centro de Educação Infantil da rede municipal de ensino da cidade de Botucatu-SP. Métodos: Foi realizado um estudo prospectivo, durante os meses de agosto a dezembro com a participação de 47 pré-escolares de ambos os sexos entre 4 a 5 anos de idade matriculados na Etapa II deste centro. Os dados antropométricos foram obtidos em dois momentos: anterior (M1) e posteriormente M2) ao trabalho de educação nutricional, através do peso (kg), estatura (m) e circunferência da cintura (cm). As crianças participantes foram pesadas descalças e com roupas leves, realizada em uma balança portátil, a estatura foi aferida com fita métrica fixada em uma parede lisa e sem rodapés e a medida da circunferência da cintura realizada na altura da cicatriz umbilical, além da realização do cálculo do IMC. A avaliação nutricional foi realizada de acordo com os percentis de IMC/Idade obtidos pelo programa ANTHRO PLUS/OMS e a avaliação da circunferência abdominal foi preconizada por MacCarthy et al, 2001. O trabalho de educação nutricional foi realizado através de aulas, brincadeiras, dinâmicas e os temas baseados na pirâmide alimentar com a duração de 3 meses. Para a análise estatística foram realizados média e desvio padrão pelo software InSat Guide. Resultados: Foram avaliados 47 pré-escolares, sendo 26 meninos (55,31%) e 17 meninas (44,69%), com média de idade de 4,9 anos. Antes de as atividades de educação nutricional serem realizadas, verificou-se que no M1, 75% deles apresentavam estado nutricional de eutrofia, correspondendo a 35,25% da amostra. Após a implantação das atividades, constatou-se que no M2 houve um aumento no grupo de eutrofia e redução do grupo que apresentava obesidade e baixo peso, 7% e 4%, respectivamente, indicando que a educação nutricional provocou impacto positivo no grupo. Conclusão: Dessa forma, este resultado mostra a necessidade de programas de educação nutricional no currículo escolar, a fim de promover a formação e manutenção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância.

Apoio financeiro: PROEX.

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Mudanças na qualidade do consumo alimentar de pacientes atendidos em

Unidade Básica de Saúde depois de orientação nutricional.

CALAHANI1, I.M.; OLIVEIRA

2, M.C.; PAPINI

3, S.J.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2 Aprimoranda em Dietoterapia em Insuficiência Renal Crônica, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A avaliação do consumo alimentar caracteriza-se como prioritária na monitoração do estado nutricional do adulto, pela possibilidade de detecção de déficits nutricionais, colaboração na elaboração de condutas eficazes em tratamentos médicos e nutricionais, além de gerar resultados para ampliação de estudos epidemiológicos. Para uma efetiva avaliação nutricional, a verificação do padrão de consumo alimentar é assegurada com o uso de inquéritos alimentares. O Questionário de Frequência Alimentar (QFA) e o Recordatório de 24 horas (R24h) são considerados os dois principais instrumentos utilizados para coleta de dados dietéticos. Objetivo: Avaliar a influência da orientação nutricional na qualidade do consumo alimentar de pacientes atendidos no Ambulatório de Nutrição do Adulto do Centro de Saúde Escola (CSE). Métodos: O estudo foi realizado no Ambulatório de Nutrição do Adulto do CSE/FMB - UNESP, com 30 pacientes. As informações foram relativas à identificação do paciente, avaliação antropométrica e avaliação do consumo alimentar, obtidas por meio de duas entrevistas presenciais. O consumo alimentar foi obtido por meio de duas aplicações do QFA e do R24h. Na primeira consulta foi aplicado QFA relativo aos últimos seis meses e um R24h. Na segunda entrevista, foi aplicado novamente o QFA, referente aos dois últimos meses, e um novo R24. Resultados: Como resultado da análise comparativa dos QFAs, foi verificado o aumento do consumo de frutas, verduras, legumes e leguminosas, assim como a diminuição do consumo de carnes vermelhas, doces, bebidas açucaradas e laticínios integrais, depois das orientações nutricionais. A média do consumo energético, na primeira consulta, foi de 1455,91 Kcal, sendo o mínimo consumido de 660,166 Kcal, e o maior consumo de 3083,65 Kcal. Na segunda consulta a média foi de 1419,27 Kcal, sendo o mínimo consumido de 680,20 Kcal e o maior consumo de 2621,20 Kcal, mostrando leve redução no total energético consumido, mas com melhora da qualidade verificada pelo QFA. Conclusão: Atualmente as mudanças no estilo de vida e as alterações no padrão de consumo alimentar da população contribuem para discrepâncias no perfil nutricional e epidemiológico da sociedade contemporânea. Neste contexto a modificação do pensamento, ação e sentimento relacionados ao comportamento alimentar aparecem como importantes estratégias para prevenção de doenças e promoção da saúde. A relação entre dieta e saúde pode ser avaliada pelo tipo de alimento ou grupo alimentar consumidos, pela qualidade e quantidade de nutrientes e por padrões alimentares adquiridos. Neste estudo, apesar da amostra pequena, assim como em outros similares, a adesão ao programa proposto não foi satisfatória, mas os pacientes que aderiram ao tratamento mostraram resultados positivos. Os programas educacionais de promoção à saúde devem chamar mais a atenção dos serviços públicos de saúde e de seus próprios usuários. Apoio financeiro: Fapesp (bolsa de iniciação científica) e Proex (bolsa de extensão).

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Mudanças nos hábitos alimentares de mulheres portadoras de diabetes do tipo

II.

BERTO

1, G.R.; LOMBARDI

2, F.R.; MARQUES

2, S.F.G.

1Curso de Enfermagem, Centro Universitário de Lins, Unilins, Lins, SP. [email protected]

2Docentes do Curso de Enfermagem, Centro Universitário de Lins, Unilins, Lins, SP.

Introdução: Cumprir a dieta adequada é parte fundamental no tratamento do Diabetes Mellitus (DM), concorrendo para o não aparecimento das complicações crônicas da doença e, conseqüentemente, para a melhoria da qualidade de vida dos diabéticos. O ato de comer é bastante complexo e não significa apenas a ingestão de nutrientes, mas envolve também uma amplitude de emoções e sentimentos, além de valores culturais específicos. Portanto, este trabalho tem como objetivo identificar as dimensões do pensar, sentir e agir de mulheres portadoras de DM tipo 2 em relação à dieta prescrita. Métodos: Estudo descritivo exploratório, com enfoque qualitativo. Foram selecionadas, mediante consulta aos prontuários, oito pacientes do sexo feminino usuárias de uma UBS localizada no município de Chavantes/SP, portadoras de DM tipo 2. Resultados: A idade das mulheres participantes do estudo variou de 24 a 86 anos, sendo a maior parte casada. Estas apresentaram baixo grau de escolaridade: até a quarta série do ensino fundamental, exceção a uma que concluiu o ensino médio e a outra analfabeta. A maior parte apresentou renda inferior a dois salários-mínimos. A idade de diagnóstico do DM variou entre 23 a 71 anos. Cerca de 37,5% das mulheres entrevistadas encontram dificuldade em encarar a realidade diante do diagnóstico, 25% aceitaram e 37,5% se sentiram indiferente, mas com o passar do tempo, algumas acabavam se acostumando com o fato. A maioria relatou que sente grande dificuldade em manter a dieta, devido ao impulso de comer. Outras mostram percepção mais realista a cerca da importância da realização da dieta. A maior dificuldade encontrada pelas entrevistadas é de não poder comer doces. A metade relatou ficar arrependida usando os termos “a tentação é maior” e “como só um pedacinho”. Conclusão: Ficou evidenciada a dificuldade em seguir a dieta prescrita, em função dos diversos significados associados, tais como a perda do prazer de comer e beber, da autonomia e da liberdade para se alimentar. O DM tipo II, por ser geralmente assintomático, dificulta o tratamento estabelecido e, assim, muitos pacientes não seguem as recomendações por se sentirem saudáveis. Um controle inadequado pode ser devido à instrução ineficaz, falta de participação da pessoa e ausência de suporte, e os profissionais da saúde precisam reconhecer a importância da educação do paciente. Espera-se que o presente trabalho possa contribuir com reflexões que levem à assistência mais eficiente, humanizada e mais próxima da realidade de mulheres portadoras de DM tipo 2. Apoio financeiro: Pró-Reitoria de Pesquisa da Unilins.

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Perfil de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica atendidos no Centro de

Referência em Cirurgia Bariátrica

MATTAR

1, J.B.; MORAES

1, M.B.; VEIGA

2, A.G.M.; PASSERI

2, C.R.; PRACUCHO

2, E.M.;

BRANDÃO2, A.E.P.; PAPINI

3, S.J.

1Graduandas do Curso de Nutrição do Instituto de Biociências de Botucatu, UNESP, São Paulo. [email protected]

2Equipe Multidisciplinar de Cirurgia Bariátrica, Hospital Amaral Carvalho, Jaú, São Paulo.

3Departamento de Enfermagem, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, São Paulo.

Introdução: O Departamento Regional de Saúde VI/Bauru abrange 68 municípios do interior de São Paulo, atende uma população estimada em 1.636.742 habitantes, com 2 centros de referência em Cirurgia Bariátrica, um deles o Hospital Amaral Carvalho (HAC), da cidade de Jaú. Desde o início das atividades, em 2010 até dezembro de 2012, 305 pacientes foram avaliados e 60 cirurgias realizadas. Objetivo: Conhecer o perfil dos pacientes encaminhados para realização da cirurgia bariátrica. Metodologia: Estudo transversal realizado por meio de entrevistas para identificação, avaliação antropométrica e clínica na primeira consulta que antecede o início da preparação para a cirurgia. As análises foram feitas por estatística descritiva, com frequência e porcentagem para as variáveis qualitativas, e média e desvio padrão para as quantitativas, o programa utilizado foi o SAS for Windows 9.2. Resultados: Os 305 pacientes avaliados pertenciam a 42 municípios diferentes. A média de idade foi de 39±10,2 anos, 80,9% eram mulheres, 59,9% casado. A maioria era vendedor do comércio em geral (56,1%); 80,9% não fumavam e 94,7% não consumiam bebidas alcoólicas. O peso médio encontrado foi de 137,1±26,4Kg, variando de 89 a 245kg, correspondendo ao Índice de Massa Corporal(IMC) 52,0±8,7Kg/m

2, em média o excesso de peso era de 71,1±23,4Kg/m

2. Para a

realização da cirurgia pacientes deveriam emagrecer cerca de 13,1±3,3K. Entre os tratamentos para emagrecer já realizados, 47,7% referiram médico e nutricionista, fizeram uso de anorexígenos e dietas restritivas. Quanto às comorbidades, 66,8% referiram hipertensão arterial, das queixas respiratórias, 25,7% tinham apnéia do sono, entre as queixas urológicas, 26,3% dos pacientes referiram incontinência urinária, 31,6% refluxo gastroesofágico; das doenças gastrointestinais, 29,8% referiam problemas circulatórios (varizes), 10,9% apresentava hiperuricemia e 15,1% hipotireoidismo. Com relação as queixas de dor, 30,3% referiam dores na coluna e joelho ou calcâneo e 32,2% coluna e joelho e calcâneo. O Diabetes estava presente em 23,0% e dislipidemia em 20,1% dos avaliados. Quanto à medicação 20,1% usavam antihipertensivo/diuréticos, 19,1% usavam de dois a três e, 15,1%,de quatro a cinco medicamentos diferentes. Vale ressaltar que apesar de tratados, 41,2% apresentaram a pressão alterada no momento da avaliação. A maioria, 50% dos pacientes apresentava problema com dentição, com falta de pelo menos 1 dente. Conclusão: Os resultados revelam que a região aqui representada se assemelha ao observado no mundo; apresenta uma grande população de obesos graves e com comorbidades associadas agravando ainda mais o risco para saúde.

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Ranking da contribuição dos alimentos fontes de ferro na dieta de pacientes

pós-bariátricos precoces.

SANTOS

1, B.L.; MUGNAI

1, A.C.M.; RODRIGUES

1, C.; NOVAIS

3,4, P.F.S.; RASERA JUNIOR

4, I.;

LEITE5, C.V.S.; OLIVEIRA

2, M.R.M.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Educação, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Programa de pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UNESP, Araraquara, SP.

4Clínica Bariátrica – Centro de Gastroenterologia e Cirurgia da Obesidade, Piracicaba, SP.

5Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A obesidade é uma doença que tem como uma de suas causas principais o elevado consumo de alimentos não saudáveis, ricos em gordura, açúcar e sódio, e pobres em micronutrientes. Como tratamento alternativo para o estágio grave desta doença, tem-se a cirurgia bariátrica, que proporciona rápida perda ponderal, ocasionada por transformações anatômicas e consequentes mudanças fisiológicas. Desta forma, a ingestão alimentar diminui e inúmeros sítios de absorção específicos para certos nutrientes ficam inativos, dentre estes, o do ferro, o que faz com que muitos pacientes desenvolvam anemia ferropriva. Sendo assim, é importante conhecer os padrões alimentares dos mesmos para devida adequação do consumo e suplementação no período pós-operatório. Objetivo: Avaliar o consumo alimentar de indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica, com o intuito de classificar quais alimentos mais contribuem para a ingestão adequada de ferro. Métodos: Foram avaliadas 85 mulheres, com idade entre 18 e 60 anos, que foram submetidas à derivação gástrica em Y-de-Roux, realizada na Clínica Bariátrica - Centro de Gastroenterologia e Cirurgia da Obesidade - Piracibaca/SP, e que assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para participar da pesquisa. A lista de alimentos foi obtida a partir de três recordatórios de 24 horas de cada paciente, após 30 dias do procedimento cirúrgico. Estes foram tabulados em planilha de Excel, a partir da qual se mensurou, com base na Tabela de composição nutricional dos alimentos consumidos no Brasil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do ano de 2011, o teor de ferro presente em cada alimento, com posterior cálculo das frequências relativa e acumulada, a partir das quais se obteve a classificação dos alimentos quanto à maior frequência de consumo e maior teor de ferro, tendo sido adotada como ponto de corte para a lista, a frequência acumulada de 70%. Resultados: Observou-se que, dentre os 89 alimentos citados nos recordatórios, 14 se enquadraram na frequência acumulada pré-determinada, dos quais seis apresentaram importante contribuição para a ingestão de ferro, que foram, em ordem decrescente, carne bovina moída (19,10%), fígado bovino (8,61%), suco de laranja (6,56%), caldo de feijão carioca (5,17%), peito de frango cozido (4,99%), bife de carne bovina frito (3,77%), polenta (3,72%) e feijão carioca cozido (3,24%); quanto aos demais alimentos (por exemplo: gelatina, suco de maracujá), estes contribuíram com 14%, porém, não pelo fato de serem ricos em ferro, mas sim por serem consumidos em grande quantidade no pós cirúrgico precoce. Como esperado, os alimentos com melhor classificação foram, em sua maioria, de origem animal e leguminosas (feijão), sendo as preparações dos mesmos de fácil realização e consumo para pacientes em recuperação pós-operatória. Conclusão: Embora os pacientes avaliados neste estudo tenham apresentado uma dieta diversificada, foram poucos alimentos que contribuíram de forma expressiva para o aporte de ferro. Ainda assim, tal aporte não é suficiente para suprir as necessidades diárias dos indivíduos; portanto o consumo de tais alimentos deve ser incentivado, além de ser associado à suplementação. Apoio financeiro: CNPq (bolsa de iniciação científica).

Experimental

Nutrição

Apoio:

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A restrição de sacarose por 30 dias é eficiente para reduzir parâmetros

bioquímicos em ratos com dieta rica em sacarose.

ARAUJO

1, R.M.; CALLEGARI

1, M.A.; BAFFA

1, F.O.; THOMAZ

1, F.; BRAGA

2, C.;

MANI

2, F.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A elevada ingestão de carboidratos está associada à obesidade, que já é considerada uma epidemia mundial independente de condições econômicas e sociais. Estudos apontam que a obesidade é determinada por fatores genéticos, ambientais e principalmente nutricionais. Atualmente alterações do padrão alimentar com a adoção de uma alimentação com dietas hiperglicídicas, principalmente composta por açúcares e alimentos refinados, e reduzida prática de atividades físicas ocasiona um balanço energético positivo que contribui para aumento ponderal e significativo da obesidade. A obesidade tem sido avaliada não apenas em função do excesso de peso e fatores associados, mas também pelo metabolismo anormal de glicose, lipídeos e distúrbios hepáticos. Estudos sugerem que simples intervenções, como por exemplo, reeducação alimentar, são aliados e tem grande importância no combate da obesidade. Deste modo, é necessário pesquisas de prevenção e reversão dos efeitos da dieta inadequada na obesidade. Objetivo: No presente estudo investigamos o efeito de parâmetros nutricionais e bioquímicos na restrição de sacarose em ratos submetidos a dieta rica em sacarose. Métodos: Foram utilizados 18 ratos Wistar pesando 200g foram inicialmente divididos em 2 grupos, o grupo C (n=6) considerado controle; o grupo S (n=12) que recebeu sacarose 30% na água de beber. A ração oferecida para ambos os grupos foi a mesma por todo experimento. Para o estudo dos efeitos da restrição de sacarose, após 30 dias de consumo da dieta rica em sacarose, os animais do grupo S foram divididos em 2 sub-grupos (n=6), recebendo diferentes tratamentos por mais 30 dias. O sub-grupo S-S continuou recebendo dieta rica em sacarose, e o grupo S-C recebeu a dieta controle. O período experimental total foi de 60 dias. Após o período experimental total, os animais foram sacrificados (protocolo nº190-CEEA), o sangue coletado e centrifugado para obtenção do soro para análise dos parâmetros bioquímicos. Resultados: Foram encontrados os seguintes valores referentes aos parâmetros nutricionais no período da suplementação de sacarose à dieta: Energia ingerida através da ração (Kcal/dia): C:101,46+5,42, S-S: 61,93+3,31; S-R 57,07+6,47; Energia ingerida sacarose 30%(Kcal/dia): C: 0,00, S-S: 42,35+6,32, S-R: 41,24+ 3,17 e no período de restrição foram: Energia ingerida ração (Kcal/dia): C:100,23+9,4, S-S: 51,00+6,83; S-R 93,78+8,54; Energia ingerida sacarose 30% (Kcal/dia): C: 0,00, S-S: 55,79+7,67, S-R: 0,00+ 0,00. O ganho de peso dos ratos ao total de 60 dias: C: 239,59+38,04; S-S: 250,90+44,17; S-R 230,99+13,49;. Os resultados dos parâmetros bioquímicos séricos obtidos foram: Glicose (mg/dL) C:110,67+7,42, S-S: 142,67+22,97; S-R 131,5+22,17; proteína total (mg/dL): C: 7,69+1,48, S-S: 9,28+1,11, S-R: 6,86+ 0,51; triglicerídeos (mg/dL): C: 153,83+25,02, S-S:196,96+23,15, S-R:160,72+19,32; colesterol total (mg/dL): C:48,90+10,37, S-S: 66,29+17,07; S-R: 52,62+18,10.. Conclusão: Concluímos através da análise estatística e comparativa que os animais suplementados com sacarose, diminuíram a ingesta de ração, porém aumentaram a ingesta de água com sacarose, o que não interferiu com a quantidade total de energia ingerida (ração+sacarose) e ganho de peso. No entanto, os animais submetidos a restrição aumentaram a ingesta de ração, o que não interferiu com a quantidade total de energia ingerida e ganho de peso. Ou seja, a energia total ingerida com a suplementação de sacarose foi compensada por uma ingesta maior de consumo de ração nos animais restritos. Em relação aos parâmetros bioquímicos, os resultados sugerem que a suplementação com sacarose elevaram os níveis séricos de proteínas, glicose, colesterol e triglicerídeos, porém a restrição da sacarose por 30 dias diminuiu a concentração sérica destes a níveis significantes ao do grupo controle. Nossos resultados sugerem que a restrição de sacarose em ratos é eficiente para reduzir parâmetros bioquímicos nestas condições.

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Efeito do tratamento com dieta hiper-energética na isomerização de licopeno

plasmático de animais obesos.

PRESTI

1,2, P.T.; MIRANDA¹, N.C.M.; IMAIZUMI¹, E.; PIERINE², D.T.; CORREA

3, C.R.;

LUVIZOTTO², R.A.M.; FERREIRA², A.L.A.

¹Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

²Departamento de Clínica Médica, FMB, Unesp, SP, Botucatu, SP 3Programa de Pós-Graduação em Patologia, FMB, Unesp, SP, Botucatu, SP

Introdução: O licopeno é um carotenóide sem atividade pró-vitamina A encontrado no tomate e nas frutas vermelhas; em decorrência de seu grande número de duplas ligações conjugadas, é considerado um dos melhores antioxidantes dentre os carotenóides. Diversos estudos têm mostrado que a ingestão de derivados do tomate está associadoa com diminuição no risco de desenvolvimento de doenças crônicas como o câncer e doenças cardiovasculares. Objetivo: Avaliar a isomerização do licopeno plasmático em ratos submetidos à dieta hiper-energética e suplementados com o carotenóide. Métodos: Ratos Wistar machos (n=28; 350g) foram randomizados em quatro grupos para receberem dieta controle (C, n=7), dieta hiper-energética (H, n=7), C suplementado com licopeno (C+Ly; n=7) e H suplementado com licopeno (H+Ly; n=7). A dieta foi administrada por 12 semanas e o licopeno suplementado nas últimas seis. Ao final do experimento, os animais foram eutanasiados para dosagem plasmática de licopeno pela aferição em HPLC. Resultados: O licopeno não foi detectado no plasma dos grupos C e H. Entretanto, após 6 semanas de suplementação com o

carotenóide a concentração plasmática (média SE, nMol/L) de licopeno foi evidente nos grupos C+Ly (22,9±7,2) e H+Ly (28,7±6,3). Os grupos suplementados com licopeno apresentaram maior valor de licopeno plasmático (isômeros total cis-licopeno, todo trans-licopeno e total licopeno) em relação a seus respectivos controles [total cis-licopeno: C+Ly > C, P = 0.008; H+Ly > H, P = 0.001; all trans-licopeno: C+Ly > C, P < 0.001; H+Ly > H, P < 0.001; total licopeno C+Ly > C, P < 0.004; H+Ly > H, P < 0.001]. Isômeros todo trans- e cis-licopeno (individualmente ou em conjunto) do grupo C+Ly foram semelhantes aos do grupo H+Ly. Conclusão: A suplementação com licopeno foi eficazmente absorvida pelo organismo do animal; o tratamento com dieta hiper-energética não exerceu influência nos níveis plasmáticos dos isômeros de licopeno. Apoio financeiro FAPESP:11/19738-4; 10/06100-9;10/19746-4, 1/19847-8 e 11/22786-0

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Efeito do resveratrol, polifenol encontrado em uvas, sobre parâmetros séricos

de ratos com Diabetes mellitus induzido por streptozotocina.

SANTOS

1, K.C.; BRAGA

1, C.P.; MOMENTTI

1, A.C.; PEIXOTO

1, F.B.; FAVA

1, F.H.; BARBANERA

2,

P.O.; FERNANDES1, A.A.H.

1Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu/SP. [email protected]

2Faculdade de Medicina, UNESP, Botucatu/SP.

Introdução: Diabetes mellitus (DM) é uma desordem metabólica importante caracterizada pela secreção e/ou ação da insulina endógena deficiente, acompanhada por uma hiperglicemia persistente. Vários fatores estão envolvidos nesta patologia, sendo os nutricionais e a autoimunidade os principais preditores da patogênese. A deficiência de insulina previne a captação de glicose por GLUT4; como consequência, as células são privadas de glicose, ocasionando hiperglicemia. Estudos demonstraram a correlação da existência entre dislipidemia e hiperglicemia em ratos diabéticos. A utilização de antioxidantes tem despertado interesse na clínica devido a propriedades terapêuticas sobre as doenças cardiovasculares, podendo, desta forma, evitar a morbimortalidade em pacientes diabéticos. Objetivo: Avaliar o efeito do resveratrol (3,5,4

’-trihydroxystilbene) através de parâmetros

bioquímicos séricos de ratos com DM tipo 1 (DM1). Métodos: Foram utilizados 32 ratos, raça wistar, com peso corporal ± 250g. Os animais foram distribuídos em grupos experimentais (n=8): G1 (normais, controle); G2 (normais, tratados com resveratrol); G3 (diabéticos não tratados); G4 (diabéticos, tratados com resveratrol). O DM experimental foi induzido através da administração intraperitoneal de estreptozotocina (STZ), em dose única, na concentração de 60 mg/kg de peso corporal. Os animais pertencentes aos grupos G2 e G4 receberam RSV, via gavagem, na concentração de 1,0mg/kg/dia durante 30 dias. Resultados: A administração de RSV em animais diabéticos demonstrou redução significativa na glicemia (p<0.05), quando comparada a G3: G1 (123,09±22,86mg/dL); G2 (132,03±40,30); G3 (471,04±73,26); G4 (161,40±27,91), aumento (p<0.05) da concentração sérica de HDL: G3 (28,53±10,20) e G4 (58,61±22,62), redução significativa de colesterol total: G3 (105,02±33,07) e G4 (70,37±11,77), e não apresentou diferenças significativas nas concentrações séricas de VLDL e creatinina. Enquanto, a administração de RSV demonstrou aumento significativo da concentração de triacilgliceróis circulantes em animais normais, quando comparados ao grupo controle: G1 (131,67±19,75); G2 (188,62±34,19); G3 (150,87±43,05); G4 (150,86±38,48). Conclusão: As anormalidades mais comuns no DM1 são a hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia. Diante dos resultados obtidos e através de estudos da ação do RSV, conclui-se o seu efeito hipoglicemiante, com aumento na oxidação de glicose como principal combustível metabólico através da liberação de insulina e/ou a translocação da GLUT4. Apoio financeiro: Capes (bolsa de mestrado).

Produção de

Refeições

Apoio:

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Avaliação da temperatura no serviço de alimentação escolar no município de

Botucatu/SP.

CIVITATE

1, J.P.; NOGUEIRA

1, M.R.V.; SANTOS

1, B.L.; FORMAGI

1, N.; ALMEIDA², F.Q.A.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Educação, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A alimentação escolar tem como principal objetivo suprir parcialmente as necessidades nutricionais dos alunos, melhorar a capacidade de aprendizagem e formar bons hábitos alimentares. Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi monitorar a temperatura da alimentação escolar servida em quatro creches na cidade de Botucatu/SP, verificando assim a qualidade das refeições oferecidas às crianças.Métodos: A coleta dos dados foi realizada durante 5 dias; Para avaliar a temperatura das preparações foi utilizado termômetro DELLT DT-900.Resultados: Os valores médios encontrados para as preparações quentes foram: C1-Creche do Comercio:52ºC; C2-Creche Vila Aparecida: 74,3ºC; C3-Creche do Bairro Alto: 52,5ºC; C4-Creche de Rubião Júnior: 51,9ºC. E para as preparações frias: C1- 17,2ºC C2- 20,8ºC C3- 16,8ºC C4- 21,1ºC. Conclusão: Conclui-se que algumas mudanças precisam ser realizadas na correção da temperatura das preparações já prontas para servir, como manter as panelas aquecidas para os alimentos quentes e os alimentos frios devem ser mantidos na geladeira. Deve haver treinamento com os funcionários que distribuem a merenda; dessa forma haveria melhora na qualidade da alimentação distribuída. Observou-se que as preparações eram deixadas em cima de bancadas e consequentemente as temperaturas mínimas recomendadas pela legislação não eram obedecidas (mínima de 65ºC para alimentos quentes e máximo de 10ºC para alimentos frios). Sendo assim, o controle ineficiente da temperatura é considerado uma das causas mais comuns de enfermidades transmitidas por alimentos. Apoio financeiro: Proex (bolsa de projeto de extensão).

Tecnologia de

Alimentos

Apoio:

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Ação de sanitizantes na qualidade de espinafres orgânicos e convencionais

armazenados.

COSTA1, S.M.; LIMA

2, G.P.P.; SILVA

2, M.B.da.; MONACO

2, K.A.; VIEIRA

2, M.C.S.; CAVASINI

2, R.;

LOZANO3, M.G.

1Pós-doutorando do departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: Antes do consumo, os vegetais geralmente são sanitizados para eliminação de impurezas e microorganismos, que possam causar danos a nossa saúde. A etapa de sanitização é critica para a qualidade de vegetais, nesta fase, é importante a seleção do sanitizante que, além de eficaz deve ser também seguro do ponto de vista toxicológico. Métodos de sanitização química à base de compostos clorados, especialmente os sais de hipoclorito sob a forma de água clorada, têm sido amplamente utilizados na sanitização de água e alimentos. A desvantagem dos compostos clorados, que pode limitar seu uso é a formação de alguns subprodutos como resíduos organoclorados, carcinogênicos, os quais podem permanecer nos vegetais e na água. Por sua característica de instabilidade e da não produção de subprodutos nocivos à saúde humana nem ao meio ambiente, o ozônio vem sendo considerado como alternativa de sanitização na indústria de alimentos em substituição ao cloro. Objetivo: Avaliar os teores de nitrato e o conteúdo de compostos fenólicos de espinafres (Tetragonia expansa), cultivados no sistema orgânico e convencional, submetidos a diferentes métodos de sanitização. Métodos: Os espinafres foram adquiridos no município de Botucatu-SP, sendo as coletas realizadas nas primeiras horas da manhã e os produtos transportados imediatamente ao laboratório de Bioquímica, onde foram separados e submetidos a quatro tratamentos de sanitização: imersão em água de abastecimento público; em água clorada com 100 mg L

-1 de hipoclorito de sódio por 10 minutos e ozonização em dois tempos de exposição (5 e 10

minutos). Após a aplicação dos sanitizantes, os espinafres foram armazenados em câmara fria a 5±1ºC e UR de 85±5 por 7 dias. As análises foram realizadas diariamente por um período de sete dias. O teor de fenóis totais foi determinado de acordo com o método espectrofotométrico com o uso do reativo de Folin-Ciocalteau e o conteúdo de nitrato foi determinado através de um “medidor compacto de íon”, modelo c-141 da Horiba (Japão) os resultados expressos em mg kg

-1. Resultados:

Os teores de nitrato obtidos em espinafres variaram entre o modo de cultivo, entre o tipo de sanitização e entre os dias de armazenamento. Observou-se redução dos teores em todos os tratamentos após sete dias de armazenamento. Os espinafres cultivados em sistema convencional apresentaram os menores teores durante todo o experimento. O nitrato pode ser considerado um problema, pois altos teores nos alimentos associados ao baixo pH estomacal, leva a formação de nitrito,que, se acumulado pode provocar metemoglobinemia em crianças com idade inferior a dois anos, sendo importante o cuidado com vegetais com grande quantidades de nitrato. No primeiro dia de análise dos fenóis totais em espinafres após a sanitização, nota-se uma tendência de maiores teores em espinafres convencionais e o uso do ozônio nesses vegetais induziu aumento dos níveis. Resultados similares são observados nos demais dias e somente o uso desse tratamento mostrou esse efeito. Vários autores descrevem uma resposta da célula vegetal ao estresse, com um aumento dos níveis de fenóis, como uma possível forma de defesa da planta. Conclusão: Em nosso estudo, nota-se que o ozônio pode ter sido detrimental pra as folhas de espinafre da Nova Zelândia cultivados de modo convencional, já que apresentaram mecanismo diferenciado de resposta ao possível estresse causado pela aplicação de água ozonizada. Os tratamentos com água e cloro, independente do sistema de cultivo, são mais indicados para a manutenção das características bioquímicas de qualidade de espinafres avaliadas. Apoio financeiro: (bolsa de iniciação científica).

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Análise sensorial de snacks de farinha de mandioca e açafrão.

SPINELLO

1, A.M.; LEONEL

2, M.

1Aluna do Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu - SP. [email protected]

²Pesquisadora do Centro de Raízes e Amidos Tropicais, FCA/Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: Nos últimos anos houve um grande crescimento na elaboração de produtos expandidos por meio do processo de extrusão, o qual é definido como um processo contínuo, no qual ocorrem diversas operações como a mistura, o cisalhamento, o cozimento e o modelamento. Em geral, a extrusão resulta em gelatinização do amido, desnaturação de proteína, formação de complexos entre amido e lipídio e entre proteína e lipídios. Estas mudanças influenciam na aparência, aroma, sabor e textura (crocância) dos produtos extrusados. O objetivo deste trabalho foi verificar as características sensoriais dos snakcs feitos a base de farinha de mandioca e açafrão. Foram analisados dois tipos de snacks: sem tempero e com tempero (óleo de canola e sal). Métodos: Foi extrusado apenas um tipo de tratamento para a produção dos snacks com e sem tempero. A mistura apresentava 4% de farinha de açafrão e 96% de farinha de mandioca com umidade de 14%. A extrusão foi realizada em uma linha completa da Inbramaq S/A, apresentando as seguintes condições: temperatura na 3ª zona de 90ºC e rotação de 250rpm. Após a extrusão, os snacks foram divididos em duas partes. Uma parte foi temperada com óleo de canola, aginomoto e sal e misturado em drageadeira, a outra parte ficou sem qualquer tipo de tempero. Após esses processos, os dois tipos de snacks foram submetidos ao teste de aceitação em dias separados usando-se a Escala Hedônica de 9 pontos (1: desgostei muitíssimo; 9: gostei muitíssimo), totalizando 102 análises sensoriais (51 para cada grupo de snack). Resultados: Os resultados obtidos para o grupo de snacks sem tempero foram: 1 provador (8: gostei muito); 1 provador (7: gostei regularmente); 3 provadores (6: gostei ligeiramente); 4 provadores (5: indiferente); 8 provadores (4: desgostei ligeiramente); 10 provadores (3: desgostei regularmente); 11 provadores (2: desgostei muito) e 13 provadores (1: desgostei muitíssimo). Algumas observações foram feitas, tais como, falta de sal, muito amargo, sabor forte, boa crocância e cor atrativa. Já os resultados obtidos na avaliação dos snacks com tempero foram: 1 provador (9: gostei muitíssimo); 6 provadores (8: gostei muito); 13 provadores (7: gostei regularmente); 14 provadores (6: gostei ligeiramente); 7 provadores (5: indiferente); 3 provadores (4: desgostei ligeiramente); 3 provadores (3: desgostei regularmente); 4 provadores (2: desgostei muito). Houve também algumas observações tais como: boa crocância, cor atrativa e sabor mais agradável. Conclusão: Conclui-se então que os snakcs sem tempero não foram bem aceitos na análise sensorial, devido ao destaque de seu sabor amargo, porém os snacks com tempero foram melhores aceitos, valendo ressaltar que apenas a adição de sal e óleo deixou os snacks com sabor mais agradável e mais atrativo, obtendo melhores resultados. Porém os snakcs ainda requerem alguns ajustes para minimizar o sabor do açafrão. Apoio financeiro: CNPq (bolsa de iniciação científica).

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Avaliação da eficiência do ozônio na diminuição da carga microbiana em

brócolis orgânicos.

VIEIRA

1, M.C.S.; LIMA², G.P.P.; FLEURI², L.F.; FURTADO³, N.R.; CASSANI³, M.; NUNES

4, K.N.M.;

CAVASINI4, R.

1Departamento de Química e Bioquímica do Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu, [email protected]

² Departamento de Química e Bioquímica do Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu. ³Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu. 4Pós-graduanda do programa de pós-graduação em Horticultura, UNESP, Botucatu, SP.

Introdução: A água ozonizada tem sido usada como uma alternativa para diminuir a carga microbiana em alimentos, principalmente os oriundos de cultivo orgânico, cuja técnica não permite o uso de cloro devido à possível formação de cloraminas (substâncias potencialmente danosas para o organismo). Objetivo: Verificar se o ozônio induz a diminuição no número de microrganismos de brócolis cultivado de modo orgânico. Métodos: Os brócolis orgânicos foram lavados em água para retirada de impurezas maiores e submetidos aos tratamentos com água ozonizada por 5 e 10 minutos. Para a análise microbiológica, os vegetais foram imediatamente, após os tratamentos, inoculados em meios de culturas específicos cromogênicos, para a verificação da presença de bactérias (Staphylococcus aureus,Salmonellasp. e Escherichia coli) e fungos. As placas contendo meio de cultura e o inóculo foram incubadas a 37 °C durante 24 h para verificar a presença de bactérias e a 30 °C durante 96 h para verificar a presença de fungos. A presença (+) ou ausência (-) de colônias de E. coli, Samonella e fungos e os números totais (UFC g

-1) de S. aureus foram

estimadas por diretamente em placas. Resultados: Foi verificada a eficiência da água ozonizada na eliminação de fungos, assim como na inibição de UFC de S. aureus e E. coli em comparação com a análise de brócolis orgânicos não tratados com água ozonizada. Não foram observadas presenças de Samonella em nenhum dos casos. Conclusão: O ozônio pode ser útil para sanitização de vegetais para o consumo humano.

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Avaliação qualitativa de frutos de jurubeba in natura e submetidos a

tratamentos térmicos.

SILVA

1, M.B.da.; LIMA

1, G.P.P.; SEABRA JR

2, S.; COSTA

3, S.M.; VIEIRA

1, M.C.deS.; MONACO

1,

K.de.A.

1Instituto de Biociências, Departamento de Química e Bioquímica. Laboratório de Bioquímica, UNESP, Botucatu-SP. [email protected]

2Departamento de Agronomia - Laboratório de Horticultura, UNEMAT, Cáceres – MT.

3Pós-doutorando do departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: Solanum paniculatum L. (Solanaceae), conhecida popularmente como jurubeba é uma planta amplamente utilizada na medicina popular brasileira. Essa planta se destaca pelos seus diferentes usos medicinais, ampla distribuição e, principalmente, por ser o único representante de Solanum reconhecido como fitoterápico pela Farmacopéia Brasileira. As formas de consumo desta hortaliça vão desde a infusão de folhas frutos e flores, suco com as raízes e frutos ate o consumo dos frutos em forma de conservas. A avaliação do potencial terapêutico de algumas plantas medicinais e seus constituintes, tais como flavonóides, alcalóides, triterpenos, sesquiterpenos, taninos e ligninas tem sido objetivo de incessantes estudos. Entretanto ainda são escassos os estudos que caracterizam a qualidade desta hortaliça, tanto do fruto in natura quanto das suas diferentes formas de preparado. Objetivo: Avaliar a qualidade dos frutos de jurubeba in natura, cozidos e preparados em conserva com óleo e com vinagre. Métodos: Os frutos foram colhidos em Cáceres - MT, higienizados e transportados para o departamento de Química e Bioquímica da UNESP, campus de Botucatu-SP. Os tratamentos foram constituídos do fruto in natura, fruto cozido em água (por 5 minutos), conserva com vinagre e conserva com óleo. Para o preparo das conservas os frutos foram cozidos por 5 minutos em água fervente, secos e acondicionados em recipiente contendo 4 g de sal de cozinha (NaCl) e 75 ml de óleo de soja ou vinagre de álcool (conforme o tratamento). Para as análise bioquímicas, os frutos foram triturados com o auxílio de um mixer, e posteriormente, determinou-se o teor de sólidos solúveis, utilizando um refratômetro digital (marca Atago, modelo PAL-1), o pH, com um phmetro digital (marca Quimis modelo Q-400A), acidez titulável determinada em g de ácido cítrico 100g

-1, vitamina C, por titulometria, baseando-se na redução do corante 2,6

diclorofenol-indofenol pelo ácido ascórbico. O conteúdo de nitrato foi determinado por um ‘ion compact meter’ HORIBA (Japan) (C-141, Japão) e os resultados foram expressos em mg/L

-1. Após

tabulados os dados foram submetidos a análise de variância pelo teste Fischer-Snedecor e as medias comparadas pelo teste Tukey (p < 0,05), com o auxílio do software Sisvar 5.3. Resultados: O maior teor de sólidos solúveis foi observado nos tratamentos do fruto in natura e na conserva com óleo, sendo obtido 13,73 e 14,06 °brix, respectivamente. O pH foi maior no fruto cozido (5,48) e na conserva com óleo (5,39). Em relação aos teores de nitrato, os tratamentos com conserva (de vinagre e óleo) apresentaram maiores valores que os demais, com 3800 e 3050 mg/L

-1, respectivamente.

Para a acidez titulável o maior valor foi observado no tratamento de conserva com vinagre com 2,33 g de acido cítrico /100g

-1. Conclusão: Apesar do tratamento dos frutos de jurubeba preparado em

forma de conserva com óleo ter se destacado em relação aos teores se sólidos solúveis, pH, e nitrato, também foi possível observar que as diferentes formas de preparo dos frutos de jurubeba modificaram suas características quando comparado ao in natura.

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Caracterização de manga orgânica e convencional sob armazenamento

refrigerado.

MONACO

1, K.A.; COSTA

2, S.M.; LIMA

3, G.P.P.; LO

4, A.T.C.; SILVA

5, J.P.; LOZANO

4, M.G.

1Pós-graduanda do programa de pós-graduação em Horticultura, UNESP, Botucatu, SP. [email protected]

2Pós-doutorando do departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

4Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

5Pós-graduanda do programa de pós-graduação em Produção Vegetal, UNESP, Jabotucabal, SP.

Introdução: As frutas tropicais são de grande interesse para a indústria de alimentos, principalmente devido ao sabor e aroma característicos. Dentre as frutas tropicais, a manga se destaca por apresentar uma grande quantidade de polpa, de tamanho e formato variável, aroma e cor muito agradáveis. A manga é uma das frutas tropicais que compõem a dieta alimentar dos brasileiros com um consumo médio de 2,68 kg/pessoa/ano, de tal modo que a caracterização da manga “in natura” é necessária para fornecer informações sobre a sua composição química, física, físico-química e nutricional. Objetivo: Avaliar as características físicas e químicas de manga ‘Palmer’ cultivada sob sistema orgânico e convencional. Métodos: Os frutos foram adquiridos diretamente de produtores, oriundos de cultivo convencional e orgânico da Região de Taquaritinga/SP. A colheita foi realizada nas primeiras horas da manhã e os frutos foram transportados imediatamente para o laboratório e selecionados. Posteriormente, foram armazenados sob temperatura de 14+/- 2°C e 90+/- 2% de UR. As avaliações foram realizadas em três retiradas intercaladas. A primeira, na chegada dos frutos ao laboratório e as seguintes, em retiradas da câmara de refrigeração, aos 7 e 15 dias após a colheita. Os tratamentos utilizados foram os diferentes sistemas de cultivo (orgânico e convencional) e o delineamento experimental foi o fatorial 2x3 com 4 repetições, constituídas por 2 frutos cada. Os frutos foram caracterizados quanto ao pH, teor de sólidos solúveis e acidez titulável. Os dados foram submetidos a analise de variância e ao teste Tukey pelo nível de 5% de probabilidade. Resultados: A determinação do pH e da acidez fornece dados valiosos na apreciação do estado de conservação de um produto alimentício. Entretanto, tanto para o pH quanto para a acidez titulável, observou-se diferença estatística somente para os dias de avaliação, com os maiores valores, 4,26 e 0,87 mg ácido cítrico por 100g de amostra, expressos no 15° dia de avaliação para pH e acidez, respectivamente. O teor de sólidos solúveis na manga pode variar entre 6,65 a 20,6 º Brix e serve como um indicador de doçura dos frutos. Para os teores de sólidos solúveis da manga ‘Palmer’, também não foram observadas diferença estatística entre os tratamentos, porém foi observada diferença estatística para o período de armazenamento, com o maior valor médio, 14,90 ° Brix, expresso no 15° dia de armazenamento refrigerado. Conclusão: As mangas cultivadas sob os cultivos orgânico ou convencional podem ser armazenadas por 15 dias em ambiente refrigerado sem que haja alterações na sua qualidade.

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Carboidratos, Proteínas e Lipídios de repolhos em diferentes cultivos

e cocções.

LOZANO

1, M.G.; COSTA

3, S.M.; MONACO

2, C.; VIEIRA

3, M.C.S.; LIMA

3, G.P.P.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP; [email protected]

²Pós-Graduação no Departamento de Horticultura, FCA, Unesp, Botucatu-SP; ³Departamento de Química e Bioquímica do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu-SP. Introdução: As hortaliças são conhecidas por serem ricas em vitaminas, antioxidantes e determinados compostos bioativos. O repolho (Brassica oleracea var. capitata) já é considerado um alimento funcional, além de apresentar bom valor nutritivo, sendo fonte de cálcio, proteínas, carboidratos e fibras. Devido o aumento da valorização da qualidade dos alimentos por parte dos consumidores, a produção orgânica merece atenção, associada à escassez de dados em relação às questões de qualidade e segurança destes produtos. O cozimento como forma de preparação dos alimentos, pode alterar a quantidade e a disponibilidade dos nutrientes contidos nos vegetais de modo benéfico ou não. Objetivo: Este experimento visou observar se o modo de cultivo e os tipos de cocção influenciam nas quantidades dos macronutrientes em repolhos. Métodos: As hortaliças foram adquiridas de produtores locais, na cidade de Botucatu-SP. Foram utilizados doze repolhos de cultivo orgânico e doze repolhos convencionais, sendo três unidades utilizadas em cada tipo de cocção, cru, cozidos em panela, cozidos no micro-ondas e na panela de pressão, com o tempo padrão de 10 minuto. Quantificou-se carboidratos solúveis, proteínas totais e lipídios. A análise estatística foi feita por análise de variância, em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com esquema fatorial 2 x 4 (sistema de cultivo x cozimento), utilizando o Teste de Tukey (p < 0,05). Resultados: A diferença estatística entre os cultivos foi observada nas análises de lipídios e carboidratos, sendo o repolho orgânico com os maiores valores. Os tipos de cocção influenciaram na diminuição dos carboidratos, em relação ao vegetal cru. Os resultados nos mostraram uma variação significativa sobre os teores de lipídios dos repolhos, sendo os vegetais cozidos no micro-ondas, com maiores teores. Conclusão: Há maior quantidade de carboidratos e lipídios nos vegetais cultivados organicamente. As cocções alteraram a disponibilidade destes nutrientes, o que pode favorecer a escolha do modo de consumo desta hortaliça. Apoio financeiro: FAPESP (Bolsa de Iniciação Científica).

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Composição bioquímica de umbu processado termicamente.

LOPES

1, T.V.C.; LIMA

1, G.P.P.; SILVA

1, M.B.da.; NUNES

1, K.de.N.M.; SILVA

1, J.P.da.;

LO1, A.T.C.

1Instituto de Biociências, Departamento de Química e Bioquímica. Laboratório de Bioquímica, UNESP, Botucatu-SP

Introdução: O umbu (Spondias tuberosa), fruto tropical encontrado em grande parte do Nordeste do Brasil é consumido in natura, devido ao seu excelente sabor e aroma, boa aparência e qualidade nutritiva. Como a safra é curta, muitas pessoas utilizam esse fruto para confecção de geleias, o que necessita de um tratamento térmico. Geralmente, muitas substancias podem ter o seu teor diminuído, enquanto outras podem mostrar aumento após o cozimento. Objetivo: Dessa forma, o objetivo deste estudo foi analisar o nível de proteínas, lipídios, carboidratos e vitamina C em frutos de umbuzeiro crus e cozidos. Métodos: Amostras de frutos oriundos de Petrolina/RE foram lavadas, sendo que uma parte foi processada crua e outra, cozida em agua por 25 minutos, em panela tampada e protegido da luz. Após o cozimento, as amostrar foram analisadas quanto ao teor de vitamina C, proteínas totais, carboidratos e lipídios. Resultados: Os resultados mostram que o cozimento em agua promoveu diminuição dos teores de carboidratos totais (32%) e do teor de vitamina C (44,6%), por outro lado, não há diferença significativa em relação ao teor de lipídios totais. Conclusão: Assim, o consumo de umbu na forma de geleias, ou de conservas, pode não fornecer todos os nutrientes esperados, entretanto, é uma forma de consumir o fruto fora da época

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Desenvolvimento de queijo minas frescal fortificado com amaranto.

SAKAI

1, M.S.

1Curso de Nutrição da Universidade Sagrado Coração, USC, Bauru, SP. [email protected]

Introdução: O amaranto tornou-se conhecido pelo seu conteúdo relativamente alto de proteínas, gorduras e minerais. A utilização do amaranto nas preparações aumenta o conteúdo proteico final, tornando as elaborações úteis para auxiliar tratamentos dietéticos de desnutrição energético-protéica, um problema que atinge principalmente os pacientes hospitalizados, na qual é uma realidade altamente prevalente no Brasil. Objetivos: Elaborar um queijo minas frescal fortificado com amaranto, analisar as características sensoriais do queijo produzido a partir de diferentes concentrações de amaranto; verificar qual a dosagem não interfere nas características organolépticas do produto e se o amaranto será melhor aceito na forma de grãos ou flocos; aumentar o valor proteico do queijo minas frescal e determinar a composição nutricional das receitas elaboradas. Métodos: Foram elaborados quatro queijos minas frescal fortificados com amaranto nas proporções de 30g flocos, 60g flocos, 30g grãos e 60g grão devidamente identificados como Q1, Q2, Q3 e Q4 respectivamente. Após a elaboração foi realizada a avaliação sensorial realizada por 25 provadores voluntários, e determinada a composição nutricional dos produtos. Resultados: Foi observado que os queijos Q1, Q3 e Q4 não diferiram significativamente em relação à cor, aroma, textura e tempero, sendo os queijos Q3 e Q4 considerados os mais saborosos pelos provadores. Segundo os resultados do teste de aceitação os queijos obtiveram ótimas pontuações e bom resultado para a intenção de compra, exceto o queijo elaborado com maior concentração de amaranto em flocos (Q2) por apresentar baixas pontuações para os atributos cor, sabor e textura. Em relação à análise nutricional de macro e micronutrientes foi verificado que o queijo com amaranto é uma boa fonte de proteína e minerais, destacando o Q4 no qual apresenta os maiores valores de fósforo sendo considerado um alimento de excelente fonte, pois contem mais de 20% do valor das DRIs para uma porção usual. Conclusão: O acréscimo de amaranto nos queijos elaborados neste estudo produziu produtos nutricionalmente fortificados e com boa aceitabilidade em todos os aspectos analisados, sendo o Q4 fortificado com 60g de amaranto em grãos o mais indicado como preparação para a produção e comercialização industrial, devido a alta aceitação, bem como, uma alternativa válida para uma utilização fácil pela população e em ambiente hospitalar oferecendo benefícios para pacientes com maior necessidade de proteínas e minerais.

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Efeito dos parâmetros de extrusão sobre o índice de expansão e volume

específico de snacksextrusados de farinha de batata (Solanumtuberosum L.).

CARDOSO¹, R.F.V.; LEONEL

2, M.

1Aluna de Graduação em Nutrição, IBB/UNESP, Botucatu, SP. [email protected]

2Pesquisadora do Centro de Raízes e Amidos Tropicais, FCA/UNESP, Botucatu, SP.

Introdução: A batata (Solanumtuberosum L.) é um tubérculo originário da região andina do continente sul-americano, de grande qualidade nutritiva, facilmente adaptável aos vários tipos de solo, em pouco tempo seu consumo generalizou-se em todo o mundo. A batata compõe a base alimentar de vários países, nos quais não se conhecem deficiências nutricionais. Nos países europeus, cerca de 6% da energia calórica, 5% das proteínas, 8% do ferro, 9% da riboflavina e 34% do ácido ascórbico são provenientes da batata, além de ser pobre em gordura, rica em carboidratos e uma das culturas que apresenta maior produção de energia por hectare por dia. Uma possibilidade de incremento na produção de batata nas diversas regiões brasileiras seria o uso de cultivares mais rústicas como matéria prima para produção de farinha. Uma tecnologia que tem sido muito utilizada pelas indústrias no desenvolvimento de produtos alimentícios é a extrusão. O princípio fundamental do processo de extrusão consiste na aplicação de calor, trabalho mecânico e através de uma matriz converter um material sólido em um fluido que se torna termoplastificado. No processo de extrusão a matéria-prima é cozida e texturizada por ação combinada da umidade, da pressão, da temperatura e do cisalhamento mecânico, que levam à formação de uma nova estrutura molecular, gerando uma série de produtos prontos para o consumo, comoos snacks. Dois parâmetros são importantes na produção desse tipo de alimento: o índice de expansão (IE), relacionado com a textura e o volume específico (VE), relacionado com a densidade. Objetivo: Avaliar o efeito de parâmetros operacionais de extrusão sobre a expansão e volume específico dos produtos. Métodos: O processo de extrusão foi realizado em extrusoraInbramaq S/A. Foram considerados como parâmetros fixos a taxa de alimentação (150g/min), taxa de compressão da rosca (4,5 mm profundidade e 14 mm de largura), abertura da matriz (3 mm) e as temperaturas da 1

a zona e 2ª zona (25ºC e 60ºC, respectivamente).

Os parâmetros variáveis foram: umidade das farinhas (12, 14, 16, 18 e 20%), temperatura na terceira zona de aquecimento do extrusor (80, 90, 100, 110 e 120ºC), rotação da rosca (190, 205, 235, 220 e 250rpm). O processo de extrusão seguiu o delineamento ‘central composto rotacional para três fatores, totalizando 20 tratamentos. O índice de expansão dos extrusados foi calculado pela relação entre o diâmetro da amostra e o diâmetro da matriz. O valor considerado foi obtido pela média aritmética das medidas de 20 diferentes produtos extrusados dentro de cada tratamento. O volume específico dos produtos expandidos foi determinado pelo método do deslocamento da massa ocupada (semente de painço) e determinado o seu volume em uma proveta graduada. Resultados: O índice de expansão dos extrusados variou de 4,63 a 3,22 e o volume específico de 11,2 mL.g

-1 a

2,1 mL.g-1

. Dentre os parâmetros avaliados, a umidade, temperatura e principalmente a rotação de rosca tiveramefeito sobre o índice de expansão dos extrusados, observando maior IE (4,63) em umidade a 14%, a temperatura de 110°C e rotação de rosca de 235rpm; e menor IE (3,22) em umidade 16%, a temperatura de 100°C e rotação de rosca de 190rpm. O parâmetro umidade teve maior efeito no volume específico, onde o maior VE (11,2mL.g

-1) foi obtido em umidade de 12%; e

menor VE (1,08 mL.g-1

) em umidade a 20%. Os demais parâmetros foram iguais para ambas as amostras, onde a temperatura foi de 100ºC e a rotação de rosca de 220rpm. Conclusão: Maior expansão e volume específico são obtidos em condições de baixa umidade, com rotação e temperatura intermediárias.

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37

Qualidade de goiabas orgânicas e convencionais armazenadas a frio. COSTA

1, S.M.; LIMA

2, G.P.P.; MONACO

2 , K.A.; SILVA

2 , M.B.da.; CAVASINI

2 , R.; GAERTER

2 , C.;

COLOMBO LO3, A.T.

1Pós-doutorando do departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A goiaba é um dos frutos de maior importância nas regiões tropicais e subtropicais no Brasil, apresenta duas safras por ano, sendo o período de produção entre janeiro e março, com pico em fevereiro. Possui várias floradas, portanto, apresenta frutos de tamanho e grau de maturação diferentes em uma mesma planta. É geralmente considerado que os diferentes parâmetros, tais como a estação do ano e condições climáticas, a variedade e as fases de amadurecimento, influenciam na composição química das frutas. O mercado de alimentos orgânicos cresce em maior atenção do consumidor para as questões de bem estar ambiental e animal, devido a ampla cobertura na mídia e crescente consciência das conseqüências da poluição ambiental, do aquecimento global e do uso dos recursos naturais. Agricultura orgânica usa menos pesticidas e fertilizantes químicos, causando, aparentemente, menos danos ao meio ambiente. Objetivo: Avaliar a qualidade de goiabas orgânicas e convencionais armazenadas por 15 dias em câmara fria através dos teores de poliaminas. Métodos: As goiabas do cultivar ‘Paluma’ foram coletadas no município de Itápolis-SP. As coletas foram realizadas nas primeiras horas da manhã, e os produtos transportados imediatamente ao laboratório de Bioquímica, onde foram submetidos a imersão em água de abastecimento público e armazenadas em câmara fria a 12±1ºC e UR de 85±5, por 15 dias. Amostras de todos os tratamentos, referentes ao primeiro e ao último dia de armazenamento foram analisadas de acordo com o método de determinação de poliaminas proposto por Flores e Galston (1982) e Lima et al., (1999), com modificações. Resultados: O conteúdo de poliaminas encontrado neste trabalho mostrou variação entre os métodos de cultivo (orgânico ou convencional). O acúmulo de putrescina e espermidina observado nos frutos cultivados em sistema orgânico, após 15 dias de armazenamento, sugere amadurecimento avançado e entrada na senescência. A espermia foi maior em todas as goiabas cultivadas em sistema convencional, diferenciando esta poliamina das demais analisadas neste experimento, umas vez que as outras duas estavam em concentrações baixas no final do armazenamento das frutas convencionais, que apresentavam-se mais propícias para o consumo do que as orgânicas. Conclusão: Através dos resultados encontrados podemos concluir que sistema convencional produz frutos de goiabeira ‘Paluma’ mais resistentes a refrigeração de 12ºC por 15 dias.

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Teores de aminas bioativas em chicória orgânica.

COSTA

1, S.M.; LIMA

2, G.P.P.; ROCHA

2, S.A.; SILVA

2, M.B.da.; SILVA

2, J.P.da.; NUNES

2, K.N.M.;

FURTADO3, N.R.

1Pós-doutorando do departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: Os alimentos orgânicos tendem a ser mais saudáveis, por não apresentarem pesticidas e conterem teores de polifenóis maiores que os vegetais cultivados de modo convencional, assim como apresentarem maior longevidade quando armazenados em baixa temperatura. Em feiras livres e alguns supermercados, folhosas como a chicória são mantidas em prateleiras e em temperatura ambiente, podendo induzir degradação ou formação de substâncias. Objetivo: Verificar se ocorrem alterações nos níveis de poliaminas (substâncias relacionadas com divisão/envelhecimento celular) e dos níveis de nitrato (substâncias que unidas as poliaminas formam nitrosaminas) em chicória cultivada de modo orgânico e convencional. Métodos: Amostras de chicória orgânicas e convencionais foram analisadas durante o armazenamento em temperatura ambiente e refrigerada por 18 dias. Após a higienização das amostras, os vegetais foram submetidos a tratamentos de diferentes temperaturas (10 ± 2°C ou 25 ± 2°C) e as análises foram realizadas a cada três dias, durante 18 dias. Resultados: A temperatura de 10 ± 2°C induziu maior longevidade, entretanto não influenciou os níveis de poliaminas. Menor teor de putrescina em relação aos teores de espermina e espermidina ocorreu em chicória. demonstrando que sua ingestão pode colaborar na manutenção da divisão celular e possivelmente, atrasar a senescência de células. Em realação ao teor de nitrato encontrado, a chicória apresentou valor médio de 735 mg g

-1. Conclusão: A ingestão de chicória,

em termos de teores de poliaminas, pode colaborar na manutenção da divisão celular e esse vegetal contém níveis aceitaveis de nitrato.

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Teores de nitratos e características físico-quimicas de repolhos orgânicos e

convencionais submetidos à cocções.

VIEIRA¹, M.C.S.; LOZANO², M.G; FURTADO², N.R.; NUNES³, K.N.M.; SILVA

3, J.P.; CAVASINI

3, R.;

LIMA4, G.P.P.

¹Departamento de Química e Bioquímica Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu, SP.

[email protected] ²Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu, SP. 3Pós-graduanda em Horticultura, UNESP, Botucatu, SP.

4Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu, SP.

Introdução:O repolho (Brassicaoleracea) é considerado um alimento funcional, devido à presença de diferentes compostos bioativos. Embora o consumo de produtos orgânicos seja crescente, as informações disponíveis são escassas. Estudos mostram que o óxido nítrico (NO) pode ser gerado de nitrato, encontrado abundantemente nos vegetais. Esse composto pode reduzir a pressão sanguínea pela sua redução para nitrito e NO bioativo e alguns estudos indicam que vegetais produzidos em sistemas convencionais apresentam conteúdo de nitrato superior em relação aos orgânicos. Outros fatores, além do tipo de cultivo podem influenciar o nível de substâncias químicas em alimentos, como o cozimento. Os valores de pH, sólidos solúveis e acidez titulável são utilizados como marcadores de alterações físico-químicas, causadas por diferentes tipos de processos aplicados nos alimentos, entre eles o tratamento térmico. Objetivo:Este trabalho teve como objetivo avaliar se diferentes tipos de cocções interferem nos valores de nitratos, pH, sólidos solúveis e acidez titulável de repolho cultivados em sistema orgânico e convencional. Métodos:As hortaliças foram adquiridas na cidade de Botucatu-SP e higienizadas com água de abastecimento público. Utilizaram-se quatro cabeças de repolho orgânicos ou convencionais, que foram processadas e misturadas, obtendo-se a amostra. Deste volume total, foram separadas quatro porções iguais e cada uma destinada a um tipo de tratamento térmico, cru, cocção em panela convencional, cocção em microondas e cocção em panela de pressão. A análise estatística foi em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com esquema fatorial 2x4 (sistema de cultivo x tipos de cocção). Para comparação entre as médias, foi utilizado o Teste de Tukey (p < 0,05). Resultados:Verificou-se que houve diferença entre os tipos de cultivo e as cocções para os valores de Nitrato, pH, sólidos solúveis e acidez titulável. Observa-se no repolho cru os maiores teores de nitrato e pH, enquanto que amostras submetidas a cocção em microondas apresentaram maior teor de acidez titulável e de sólidos solúveis.Conclusão: As cocções influenciam na qualidade nutricional dos alimentos.

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Teores de vitamina C de manga orgânica e convencional sob armazenamento

refrigerado.

MONACO

1, K.A.; COSTA

2, S.M.; LIMA

3, G.P.P.; LO

4, A.T.C.; NUNES

1, K.N.M.; LOZANO

4, M.G.

1Pós-graduanda do programa de pós-graduação em Horticultura, UNESP, Botucatu, SP. [email protected]

2Pós-doutorando do departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Química e Bioquímica, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

4Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução: A manga (Mangifera indica L.) é uma fruta tropical de grande aceitação pelos consumidores, devido as suas características exóticas e composição nutricional. Dentre os compostos encontrados na manga, a vitamina C é considerada como uma substância de grande importância para a nutrição humana, pois atua como um excelente antioxidante. Entretanto, o teor de vitamina C em manga pode aumentar ou diminuir durante o armazenamento. Objetivo: Verificar as alterações dos teores de vitamina C em manga ‘Palmer’ sob armazenamento refrigerado. Métodos: Os frutos foram adquiridos diretamente de produtores, oriundos de cultivo convencional e orgânico da Região de Taquaritinga/SP. A colheita foi realizada nas primeiras horas da manhã e os frutos foram transportados imediatamente ao laboratório e selecionados. Posteriormente, foram armazenados sob temperatura de 14+/- 2 °C e 90+/- 2% de UR. As avaliações foram realizadas em três retiradas intercaladas. A primeira, na chegada dos frutos ao laboratório e as seguintes, em retiradas da câmara de refrigeração, aos 7 e 15 dias após a colheita. Os tratamentos utilizados foram os diferentes sistemas de cultivo (orgânico e convencional) e o delineamento experimental foi o fatorial 2x3 com 4 repetições, constituídas por 2 frutos cada. Determinou-se o teor de vitamina C pelo método de Tillmans, por titulometria e os resultados foram expressos em miligrama de ácido ascórbico por 100g amostra. Os dados foram submetidos a analise de variância e ao teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Resultados: Não foi observada diferença estatística significativa para os teores de vitamina C nos diferentes sistemas de cultivo e nem para os dias de avaliações. Entretanto, para a interação entre sistema de cultivo e dias de avaliações foi observada diferença estatística pelo teste Tukey ao nível de 5%. Observou-se um aumento do teor de vitamina C de 49,40 para 68,85 mg de ácido ascórbico por 100g amostra ao longo do período de armazenamento nos frutos cultivados sob sistema convencional. Enquanto no sistema orgânico houve uma pequena redução de 53,810 para 51,86 mg de ácido ascórbico por 100g amostra. Conclusão: Os frutos provenientes do cultivo convencional apresentaram maior resistência ao armazenamento refrigerado, pois mantiveram seus teores de vitmamina C superiores aos dos frutos procedentes de cultivo orgânico.

Trabalhos de

Graduação

Apoio:

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Beta-caroteno, flavonoides e atividade antioxidante de espinafres orgânicos e

convencionais submetidos à diferentes tipos de cocção

LOZANO¹, M.G.; COSTA³, S.M.; MONACO², C. ; VIEIRA³, M.C.S.; LIMA³, G.P.P..

1Curso de Nutrição, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

²Pós-Graduação no Departamento de Horticultura, FCA, Unesp, Botucatu-SP; ³Departamento de Química e Bioquímica do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu-SP.

Introdução e Justificativa

Os alimentos que interferem nas funções do organismo de forma benéfica, tem sido melhorados por meio de diferentes práticas de enriquecimento nutricional através da aplicação de processamentos e manejos. Dentre estes, destaca-se o cultivo orgânicos, o qual apresenta aceitação superior ao convencional aliado à questões como, resíduos de pesticidas e qualidade nutricional (Marchiori, 2006).

Apesar da grande demanda por produtos orgânicos, são escassas as informações disponíveis aos órgãos governamentais, comerciantes e consumidores, o que limita as conclusões definitivas à respeito da qualidade nutricional destes em relação aos convencionais e merece atenção devido ao mercado em expansão (Marchiori, 2006;Borguini &Torres, 2006; Lozowicka et al., 2012).

A preparação doméstica tem grande influência na qualidade dos alimentos consumidos, podendo mudar aspectos sensoriais e valor nutritivo de maneira positiva ou negativa (Bernhardt & Schlich, 2006). O cozimento ou a aplicação de um processo térmico são apontados como fatores que pode reduzir ou aumentar o conteúdo de compostos bioativos e a capacidade antioxidante dos vegetais, dependendo do tipo de alimento e do preparo (Zhi-Xianget al., 2011; Miglio et al., 2008;Peterson & Dwyer, 1998).

A eficácia da ação antioxidante dos componentes bioativos depende de sua estrutura química e da concentração destes fitoquímicos no alimento, cujo teor é amplamente influenciado por fatores genéticos, condições ambientais, grau de maturação, variedade da planta, entre outros. Além disso, o processamento dos alimentos pode afetar o teor, a atividade e a disponibilidade destes compostos (Nicoli et al., 1999; Robards et al., 1999).

A atividade antioxidante dos flavonoides é consequência das suas propriedades de óxido-redução, as quais podem desempenhar papel na absorção e neutralização de radicais livres (Degaspari & Waszczynskyj, 2004), auxiliando na redução dos riscos de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares e até mesmo o câncer (Hoffmann-Ribani, 2008).

Os carotenoides são uma classe de pigmentos distribuídos em várias frutas, hortaliças, temperos e ervas (Rodrigo & Zacarias, 2007). Dos mais de 600 carotenoides identificados que ocorrem naturalmente, apenas 50 têm atividade biológica significativa. Uma importante função de alguns carotenoides é o seu papel como precursores de vitamina A (Thane & Reddy,1997), que auxilia no aumento da resposta imune e redução do risco de doenças degenerativas como câncer, degeneração macular, catarata e doenças cardiovasculares (Sentanin & Rodriguez-Amaya, 2007). Sendo os carotenoides sensíveis à luz, ao calor e ao oxigênio, torna-se importante o seu estudo em vegetais preparados crus e submetidos à cocção, pois as condições para degradação dos carotenoides estão presentes durante as etapas de preparação (Campos et al, 2003).

Portanto, trabalhos relatam que alimentos orgânicos têm maior teor antioxidantes, mas não são suficientes para assegurar de forma definitiva a superioridade quanto à qualidade nutritiva e aos benefícios do seu consumo para a saúde do consumidor.

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A produção radicais livres durante os processos metabólicos leva ao desenvolvimento de

muitos mecanismos de defesa do organismo para limitar os níveis intracelulares e impedir a indução de danos. Há compostos que auxiliam nestes mecanismos, por isso a importância do conhecimento da presença de antioxidante nos alimentos para auxiliar nessa proteção, proporcionando ainda, subsídios para orientação da população na escolha da sua alimentação.

Objetivo O experimento visou observar se os modos de cultivos (orgânico e convencional) e os tipos de cocção habituais entre os consumidores, influenciam nos teores de flavonoides, carotenoides e na atividade de antioxidantes de espinafre.

Material e Métodos Os vegetais analisados foram espinafre (Tetragonia expansa) cultivados orgânico e

convencionalmente, foram adquiridas na feira de produtores locais e no Mercado Municipal, respectivamente, na cidade de Botucatu-SP. Foram utilizados um total de vinte e quatro maços de espinafres, doze orgânicos e doze convencionais, sendo três maços utilizados como três repetições, em cada tipo de cocção, cru, cozidos em panela, cozidos no micro-ondas e na panela de pressão, gerando vinte e quatro amostras. Os vegetais foram retirados de suas embalagem, depositados em um recipiente, onde foi feita a homogenização dos ramos. As cocções em panela e panela de pressão foram feitas com um litro de água, o tempo de 10 minutos e peso de 300g padronizados. Em seguida processados em mixer doméstico, macerados em nitrogênio líquido e congelados em freezer. A quantificação de Flavonoides Totais foi realizada, em triplicata, de acordo com o método espectrofotométrico adaptado de Santos e Blatt (1998) e Awad et al (2000), e os valores foram calculado e expressos em equivalente de Quercetina. Os Carotenoides totais foram analisados, em triplicata, segundo o método validado por Narata e Yamashita (1992) e calculados com base nas fórmulas propostas pelos autores. A Atividade Antioxidante foi verificada, em triplicata, de acordo com a metodologia proposta por Brand-Williams et al (1995), que expressa a atividade em porcentagem de redução do radical livre DPPH (2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl). Os resultados foram tabulados em planilha do programa EXCEL e analisado no programa estatístico SISVAR - Versão 5.1 Build 72, por análise de variância (ANAVA), em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com esquema fatorial 2 x 4 (sistema de cultivo x cocção), utilizando o Teste de Tukey (p < 0,05).

Resultados e discussão Foram analisadas vinte e quatro amostras, em cada metodologia utilizada, que geraram os resultados abaixo.

Flavonoides Os valores de Flavonoides expressos em Quercetina (Tabela 01), não apresentaram diferenças estatísticas significativas entre os cultivos e após serem submetidos aos procedimentos de cocção.

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Tabela 01. Flavonoides (mg/100g de Quercetina) em espinafres orgânicos e convencionais sob diferentes

tipos de cocção.

Cru Cozido em panela Micro-ondas Panela de pressão

Orgânico 929,691 933,130 914,966 947,595

Convencional

CV (%) = 9.29

948,494 889,748 908,235 934,699

* Não foi aplicado o teste de comparação de médias por que o F de interação não foi significativo.

Trabalhos que descrevem teores de compostos fenólicos, como os flavonoides, em vegetais de diferentes cultivos, apontam a superioridade dos orgânicos (Lima & Vianello, 2009). Não foi observada perdas significativas para flavonoides após cocção em micro-ondas, diferente do descrito por Campos (2008), onde o autor notou perda de 70% de flavonoides. Entre os flavonoides predominantes em espinafres e demais vegetais, encontra-se a quercetina (Huber, 2009). Os processos térmicos podem liberar ácidos fenólicos à partir da quebra dos constituintes celulares, estes à 88 ºC pode desativar determinadas enzimas, evitando a perda destes compostos (Dewanto, 1996). As cocções aplicadas neste estudo, alcançaram temperatura maior que o descrito, isto é, 88 ºC, o que provavelmente deve ter influenciado, evitando perdas dos flavonoides durante as cocções.

Atividade Antioxidante Os resultados da análise da Atividade Antioxidante dos espinafres expostos na Tabela 02, mostram que as cocções interferiram na capacidade sequestrante do radical livre utilizado no ensaio.

Tabela 02. Atividade Antioxidante (% de redução em mg/ml) em espinafres orgânicos e convencionais

sob diferentes tipos de cocção.

Cru Cozido em panela Micro-ondas Panela de pressão

Orgânico 19,758 Ca 47,409 Ba 62,275 Aa 12,12 Db

Convencional

CV (%) = 10.75

15,952 Da 33,522 Bb 54,400 Ab 28,485 Ca

*As médias seguidas pela mesma letra minuscula entre as linhas e maiúscula entre as colunas, diferem

estatisticamente entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

As variações entre os cultivos ocorreram em todas as amostra após a cocção. Os vegetais cozidos, exceto na pressão, apresentaram elevada atividade antioxidante em relação ao cru, assim como no estudo de Melo et al (2009). Turkmen, Sari e Velioglu (2005) obtiveram resultado semelhante utilizar a análise de sequestro de radical DPPH, ao analisar espinafre após cocção. O estudo de Roy et al (2007), obteve redução entre 40 e 45% da capacidade de sequestro do radical, próximo aos resultados do espinafre cozido em panela deste estudo. Possivelmente, os processos de cocção, tiveram uma ação importante sobre os compostos bioativos, justificando as diferenças encontradas. Turkmen, Sari e Velioglu (2005), colocam que a temperatura das cocções podem inativar enzimas com atividade pro-oxidante e também auxiliar a formação de compostos como as redutona, com atividade antioxidante, durante a reação de Maillard.

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Carotenoides Os espinafres após os processos térmicos, apresentaram alterações nos teores de Beta-caroteno. Assim como a atividade antioxidante, a cocção em micro-ondas teve os maiores valores (Tabela 03). Tabela 03. Carotenoides (mg/100g) em espinafres orgânicos e convencionais sob diferentes tipos de

cocção.

Cru Cozido em panela Micro-ondas Panela de pressão

Orgânico 1,000 Ca 2,000 Ba 4,000 Aa 2,000 Ba

Convencional

CV (%) = 12.81

1,333 Ba 2,000 Ba 4,333 Aa 2,000 Ba

*As médias seguidas pela mesma letra minuscula entre as linhas e maiúscula entre as colunas, diferem estatisticamente entre si, pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Courraud et al (2012), testando a estabilidade de carotenoides cozidos, obteve a diminuição do conteúdo dos compostos, mas compensado por uma maior estabilidade digestiva em relação ao vegetal cru. Já Sultana, Anwar e Iqbal (2008), obtiveram resultado semelhante aos deste experimento. Documentaram que a cocção água em ebulição, com algumas exceções, tiveram um aumento da ação antioxidante de hortaliças quando comparada as submetidas à cocção em micro-ondas, explicam também que a cocção pode influenciar na formação de novos compostos e favorecem a extração destes.

Conclusão Apenas uma análise apresentou diferença significativa entre os valores dos vegetais orgânicos e convencionais, apontando a necessidade do desenvolvimento de estudos aprofundados sobre a interferência do modo de cultivo na qualidade dos alimentos. Os valores de carotenoides e da atividade antioxidante merecem atenção, pois se mostraram influenciadas de modo importante pelos tipos de cocção, pois favoreceram um aumento substâncias antioxidantes dos espinafres.

Referências

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Apoio Financeiro: FAPESP nº 2012/07218-9

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Desenvolvimento de esteatose hepática em ratos com sobrecarga nutricional

não é dependente da quantidade protéica da enzima DGAT2.

MARTINS1, A.O.; OLIVEIRA

1, T.A.S.; LUVIZOTTO

2, R.A.M.; NASCIMENTO

2, A.F.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu, Unesp, Botucatu, SP.

1 Introdução e justificativa A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é considerada a doença hepática

crônica mais prevalente em todo o mundo, sendo evidenciada como um componente epifenômico da atual epidemia de obesidade, desde que ambas demonstraram um crescimento em paralelo nas últimas décadas. Estima-se que até 80% dos pacientes obesos são portadores de DHGNA; o achado é quase 100% quando a condição de obesidade é acompanhada da presença de diabetes mellitus

1,2,3. Esse panorama metabólico-nutricional é um importante problema de saúde pública, uma

vez que é emergente a relação entre DHGNA e síndrome metabólica4,5

, o que direciona força para o surgimento e progressão de doenças cardiovasculares em portadores de DHGNA

3,6.

DHGNA é uma condição de desequilíbrio metabólico caracterizada por acúmulo de lipídeos (esteatose) e/ou presença de inflamação, um evento denominado esteatohepatite (NASH)

7. Acúmulo

excessivo de lipídeos no fígado é reconhecido como um marcador da DHGNA. Elucidar os mecanismos envolvidos nesse processo, sob uma condição de sobrecarga nutricional, tornou-se uma necessidade emergente. Manipulações gênicas apontam que a enzima diacilglicerol transferase 2 (DGAT2), envolvida na síntese de triacilglicerol, é um potencial candidato para o desenvolvimento e progressão da DHGNA

8,9. A expressão gênica dessa enzima, sob uma condição de sobrecarga

nutricional crônica, não tem sido caracterizada.

2 Objetivo Avaliar a expressão gênica da enzima DGAT2 e o desenvolvimento de esteatose hepática em

uma condição crônica de sobrecarga nutricional (SN).

3 Material e métodos Ratos Wistar machos foram casualmente divididos para receberem ração padrão (C, 5% de

gordura, sendo 17% saturada e 82% insaturada) ou sobrecarga nutricional com ração rica em gordura (H, 29% de gordura, sendo 50% saturada e 50% insaturada) com adição de açúcar na água de beber (300g/litro) durante 6, 12 e 24 semanas. O modelo dietético é uma adaptação de um estudo anterior publicado por nosso grupo

10. A composição das rações experimentais está apresentada na Tabela 1.

As ofertas de ração e água foram ad libitum. O consumo das dietas e a ingestão calórica foram controlados diariamente. Para acompanhar o desenvolvimento do animal, o peso corporal foi aferido semanalmente, sendo os ratos mantidos em gaiolas individuais, em ambiente com

temperatura (242ºC) e umidade controladas (555%) e ciclo claro-escuro (12-12hs). O desenvolvimento de obesidade foi avaliado pelo índice de adiposidade (soma dos depósitos adiposos normalizada pelo peso corporal). Em adição, as quantidades plasmáticas de glicose, trialcilglicerol, ácidos graxos livres e insulina foram analisadas para acompanhar o surgimento de co-morbidades . O protocolo de estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista - UNESP, São Paulo, Brasil, e seguiu recomendações do Guide for the Care and Use of Experimental Animals.

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Tabela 1 – Composição nutricional das rações experimentais

Dieta

Componentes Padrão Hiperlipídica

Proteína (%) 25 21

Carboidrato (%) 58 45

Lipídeos (%) 5 29

% calorias da proteína 26.5 16.0

% calorias do carboidrato 61.5 34.3

% calorias dos lipídeos 12.0 49,7

% calorias da gordura saturada 2.1 24.7

% calorias da gordura insaturada 9.9 25.0

Calorias (Kcal/g) 3.77 5.25

Composição de ácidos graxos (%)

Palmítico (C16:0) 14.0 40.6

Esteárico (C18:0) 2.7 6.2

Oléio (C18:1n9c) 23.4 36.5

Linoléico (C18:2n6) 53.1 11.3

Outros 6.8 5.4

3.1 Caracterização da NAFLD/NASH

A presença de DHGNA/NASH foi determinada pela análise dos seguintes fatores no fígado: esteatose, sinais de degeneração do hepatócito e presença de células inflamatórias; a análise foi realizada histologicamente pelas colorações de Hematoxilina&Eosina

11. Após o sacrifício, o fígado foi

rapidamente removido. Três diferentes porções foram dissecadas, fixadas em formalina e armazenadas em parafina para avaliação histológica. As leituras histológicas foram realizadas em microscópio óptico LEICA DMLS (Wetzlar, Germany) e examinadas em analisador de imagem informatizado (Image Pro-plus, Media Cybernetics, Silver Spring, Maryland, USA). O acúmulo de lipídeo hepático também foi verificado pela quantificação do conteúdo de triacilglicerol no fígado, utilizando um ensaio enzimático-colorimétrico. Amostras de 100mg do tecido hepático foram homogeneizadas em 1mL de tampão fosfato de sódio (0,1M, pH 7,4), centrifugadas (4ºC; 14.000rpm; 10 minutos) e o sobrenadante (contendo a fração citoplasmática) utilizado para a determinação de triacilglicerol, usando um kit comercial (Bioclin

® K117-3, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil para

triacilglicerol). A leitura colorimétrica do ensaio foi determinada em aparelho automatizado (Chemistry Analyser BS 200, Mindray Medical International Limited, China).

3.2 Expressão gênica da enzima DGAT2

3.2.1 RNA mensageiro por meio da técnica de PCR em Tempo Real Em resumo, fragmentos congelados do tecido hepático foram homogeneizados em TRIzol;

este processo permitiu a extração do ácido ribonucléico (RNA). Posteriormente, o RNA foi submetido à transcrição reversa, conversão de RNA em ácido desoxirribonucléico complementar (cDNA), pela

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ação da enzima transcriptase reversa, utilizando-se o kit SuperScript II First-Strand Synthesis System for RT-PCR

® (Invitrogen, São Paulo, Brasil). O cDNA obtido foi usado na reação em cadeia da

polimerase (PCR), utilizando ensaios prontos (Applied Biosystems, CA, USA) contendo sonda TaqMan MGB (FAM) e primers específicos. O gene consituitivo utilizado foi a ciclofilina. A identificação dos ensaios utilizados para DGAT2 e ciclofilina, respectivamente, foram: Rn01506787_m1 e Rn00690933_m1.

3.2.2 Conteúdo protéico pela técnica de Western Blot Em resumo, fragmentos do tecido hepático foram homogeneizados em tampão de lise e

submetidos à centrifugação. O sobrenadante foi coletado e a concentração protéica analisada pelo método Commassie Plus, segundo recomendações do fabricante (Pierce, Rockford, IL, USA). Após a quantificação, os extratos de proteínas hepáticas foram diluídos em solução tampão, contendo Tris-HCl 50 mM (pH 6.8), 2-Mercaptoetanol 200 mM, SDS 2%, azul de bromofenol 0.1% e glicerol 10%. As

diluições (50g) foram aquecidas e submetidas ao processo de eletroforese para separação das proteínas, utilizando o sistema Mini-Protean 3 Electrophoresis Cell (Bio-Rad, Hercules, CA, USA). Em seguida, as proteínas foram transferidas para uma membrana de nitrocelulose em sistema Mini-Trans Blot (Bio-Rad, Hercules, CA, USA) utilizando-se tampão de transferência. Os sítios inespecíficos de ligação do anticorpo primário à membrana foram bloqueados mediante incubação com solução a 5% de leite em pó desnatado, dissolvido em tampão TBS-T pH 7,4. Em seguida, a membrana foi lavada três vezes em solução basal e incubada com o anticorpo primário específico para DGAT2 (número de

catálogo ab59493, Abcam, Cambridge, MA, USA) e, posteriormente, com anticorpo secundário anti-goat. Por fim, a imuno-detecção foi realizada por meio do método de quimioluminescência, de acordo com as instruções do fabricante (ECL SuperSignal® West Pico Chemiluminescent Substrate - Thermo Scientific, Rockford, IL, USA, #34080), e analisada por meio de um fotodocumentador digital (Gel Logic 6000 Pro, Carestream Health, Rochester, NY, USA). O software utilizado para quantificar as bandas proteícas foi o Carestream Molecular Imaging 5.0 (Carestream Health, Rochester, NY, USA).

3.3 Análise estatística

Os resultados foram apresentados em medidas descritivas de posição e variabilidade e a comparação entre os grupos realizada pela técnica da Análise de Variância (complementada pelo Teste de Tukey). O nível de significância considerado para todas as análises foi de 5%.

4 Resultados A sobrecarga nutricional aumentou o índice de adiposidade no grupo H quando comparados

ao C nos três períodos experimentais, o qual foi associado com o aumento plasmático de glicose, insulina e triacilglicerol (Figura 1). Os níveis de ácidos graxos foram elevados apenas com 24 semanas de tratamento dietético no grupo H (Figura 1).

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Figura 1. Índice de adiposidade e glicose, triacilglicerol, ácidos graxos livres e insulina plasmáticos dos animais alimentados com dieta controle (C) ou sobrecarga nutricional (H) durante 6, 12 ou 24

semanas. Dados apresentados em média desvio-padrão. Letra maiúscula indica comparação entre os momentos fixado o grupo, 6 vs 12 vs 24 semanas; letra minúscula indica comparação entre os grupos fixado o momento, C vs H. Letras diferentes indicam diferença significativa (p<0,05, ANOVA de duas vias para grupos independentes, complementada com o teste de Tukey).

A SN aumentou progressivamente a esteatose hepática (Figura 2), a qual foi associada com elevados níveis de triacilglicerol hepático no grupo H em todos os momentos de tratamento (Figura 3). Os graus de esteatose no grupo H não foram acompanhados da presença de células inflamatórias e sinais de lesão hepática em todos os momentos experimentais.

%

Índice de adiposidade

C6 H6 C12 H12 C24 H24

Bb

Aa

ABb

Aa

Ab

Aa

C6

H6

C12

H12

C24

H24

mg/d

L

Glicose

mg/d

L

Triacilglicerol

C6

H6

C12

H12

C24

H24

mm

ol/

L

Ácidos graxos livres

C6

H6

C12

H12

C24

H24

ng/d

L

Insulina

C6

H6

C12

H12

C24

H24

Bb

Ba ABb

ABa Ab Aa

Ab

Aa

Ab

Aa

Ab

Aa

Bb

Aa Aa Aa Aa Aa

Bb

Aa

ABb

Aa

Ab

Aa

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Figura 2. Análise histológica do tecido hepático por meio da coloração H&E dos animais alimentados com dieta controle (C) ou sobrecarga nutricional (H) durante 6, 12 ou 24 semanas.

6C

12C

24C

6H

12H

24H

20X

20X

20X 20X

20X

20X

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Figura 3. Concentração hepática de trialcilglicerol dos animais alimentados com dieta controle (C) ou

sobrecarga nutricional (H) durante 6, 12 ou 24 semanas. Dados apresentados em média desvio-padrão. Letra maiúscula indica comparação entre os momentos fixado o grupo, 6 vs 12 vs 24 semanas; letra minúscula indica comparação entre os grupos fixado o momento, C vs H. Letras diferentes indicam diferença significativa (p<0,05, ANOVA de duas vias para grupos independentes, complementada com o teste de Tukey).

Não houve alteração no conteúdo de RNA mensageiro da enzima DGAT2 entre os grupos H

e C. Em contraste, a quantidade de proteína foi reduzida no grupo H quando comparado ao C em todas as etapas experimentais (Figura 4).

5 Discussão

Conforme esperado, nosso modelo dietético rico em gordura e açúcar, semelhante ao padrão ocidental de alimentação, foi um fator causal para o desenvolvimento de obesidade, a qual evoluiu com o tempo de regime alimentar. O estado obeso demonstrado nesse estudo foi associado com alterações metabólicas, como hiperglicemia e dislipidemia. Sob essa condição metabólica, demonstramos que houve um desenvolvimento crescente da esteatose hepática, a qual foi associada com maior acúmulo hepático de TG, mas não com inflamação e sinais de lesão do hepatócito. Resultados apontam que a oferta de lipídeos, em associação ao processo de lipogênese hepática, representam os dois principais fatores responsáveis pelo acúmulo de gordura no figado

12. Desde que

o grupo H demonstrou maiores índices de TG circulante (Figura 1), a elevada oferta de gordura poderia explicar o desenvolvimento de esteatose em nosso estudo. Esse fato pode ter sido agravado em 24 semanas pela adicional presença de elevados níveis de ácidos graxos livres demonstrada nesse grupo (Figura 1). A síntese de ácidos graxos pelo hepatócito - lipogênese hepática - pode também ser considerada um fator relevante para explicar nossos achados de esteatose. Análises de expressão gênica desenvolvidas por nosso grupo mostram que o grupo H, em alguns momentos, apresentou maiores níveis hepáticos de SREBP-1c e FAS (dados não apresentados), dois importantes fatores relacionados com a formação de novo de ácidos graxos. Esse fato também explica, em partes, a elevada concentração hepática de ácidos graxos livres apresentada pelo grupo H (dados não apresentados).

mg/

g d

e te

cid

o

Triacilglicerol

C6 H6 C12 H12 C24 H24

Bb

Ba

ABa

ABa

Ab

Aa

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Figura 4. Expressão gênica hepática da enzima DGAT2 dos animais alimentados com dieta controle (C) ou sobrecarga nutricional (H) durante 6, 12 ou 24 semanas. A) quantidade relativa de mRNA pela técnica de PCR em Tempo Real, B) quantidade relativa de proteína pela técnica de Western Blot e C)

figura representativa da técnica de Western Blot. Dados apresentados em média desvio-padrão. Letra maiúscula indica comparação entre os momentos fixado o grupo, 6 vs 12 vs 24 semanas; letra minúscula indica comparação entre os grupos fixado o momento, C vs H. Letras diferentes indicam diferença significativa (p<0,05, ANOVA de duas vias para grupos independentes, complementada com o teste de Tukey). # Os resultados da análise da expressão gênica por meio da técnica de PCR em Tempo Real foram comparados apenas entre C e H (teste t-Student) dentro de cada semana experimental.

Outro achado interessante desse estudo foi que a quantidade hepática da enzima DGAT2, diminuída no grupo obeso em todos os momentos de experimento, não refletiu uma perda na síntese de triacilglicerol, como demonstrado pelos maiores índices hepáticos de TG (Figura 3). Esse fato abre novas questões sobre a função e formação da enzima DGAT2. Nesse sentido, duas perguntas são intrigantes: 1) como o acúmulo de TG e esteatose se desenvolveram na presença de menor quantidade proteíca de DGAT2 e 2) se a quantidade de RNA mensageiro da enzima DGAT2 não foi alterada, quais fatores poderiam estar bloqueando a síntese dessa proteína em nosso modelo? Em relação a primeira questão, acreditamos que a atividade da enzima deva ser o fator mais relevante para a sintese de triacilglicerol. Análise adicional será necessária. Quanto ao processo de tradução de proteína, diversos fatores poderiam influenciá-lo negativamente, por exemplo, presença celular de microRNA de interferência. Resultados demonstram que microRNA-370 afetam o metabolismo hepático, em parte, por controlar a expressão de DGAT2

13. Avaliar a presença ou não de microRNA

nesse estudo é importante para explicar a relação desequilibrada entre nossos achados de expressão de RNA mensageiro e proteína da enzima DGAT2.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

C6 C12 C24H6 H12 H24

DGAT2

Exp

ress

ão d

e m

RN

A R

elat

iva

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

Exp

ress

ão P

roté

íca

Rel

ativ

a

DGAT2

C6 C12 C24H6 H12 H24

A) B)

DGAT2

B-actina

6C 6H 12C 12H 24C 24H

C)

Aa Aa

Aa

Ab

Ab Ab

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6 Conclusão

A sobrecarga nutricional induz e promove progressão da esteatose hepática. Entretanto, esse cenário de acúmulo de lipídeos não foi dependente de elevação na expressão gênica da enzima DGAT2.

Referências bibliográficas

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2) Stefan N, Kantartzis K, Häring HU. Causes and metabolic consequences of fatty liver. Endocr Rev. 2008; 29: 939-60.

3) Targher G. Non-alcoholic Fatty liver disease and cardiovascular disease risk. Curr Cardio Risk Rep. 2010; 4:32-39.

4) Marchesini G, Bugianesi E, Forlani G et al. Nonalcoholic fatty liver, steatohepatitis, and the metabolic syndrome. Hepatology. 2003; 37:917-23.

5) Kotronen A, Seppala-Lindroos A, Bergholm R et al. Tissue specificity of insulin resistance in humans: fat in the liver rather than muscle is associated with features of the metabolic syndrome. Diabetologia. 2008; 51:130-38.

6) Targher G, Marra F, Marchesini G. Increased risk of cardiovascular disease in non-alcoholic fatty liver disease: causal effect or epiphenomenon? Diabetologia. 2008; 51:1947-53.

7) Angulo P. Nonalcoholic fatty liver disease. N Engl J Med. 2002; 346:1221-31.

8) Yamaguchi K, Yang L, McCall S et al. Inhibiting triglyceride synthesis improves hepatic steatosis but exacerbates liver damage and fibrosis in obese mice with nonalcoholic steatohepatitis. Hepatology. 2007; 45:1366-74.

9) Monetti M, Levin MC, Watt MJ et al. Dissociation of hepatic steatosis and insulin resistance in mice overexpressing DGAT in the liver. Cell Metab. 2007; 6:69-78.

10) Nascimento AF, Luvizotto RA, Leopoldo AS et al. Long-term high-fat diet-induced obesity decreases the cardiac leptin receptor without apparent lipotoxicity. Life Sci. 2011; 88:1031-8.

11) Wang Y, Seitz HK, Wang XD. Moderate alcohol consumption aggravates high-fat diet induced steatohepatitis in rats. Alcohol Clin Exp Res. 2010; 34:567-73.

12) Trauner M, Arrese M, Wagner M. Fatty liver and lipotoxicity. Biochim Biophys Acta. 2010; 1801:299-310.

13) Iliopoulos D, Drosatos K, Hiyama Y, Goldberg IJ, Zannis VI. MicroRNA-370 controls the

expression of MicroRNA-122 and Cpt1 and affects lipid metabolism. J Lipid Res. 2010; 51:1513-23.

Apoio Financeiro: FAPESP (2011/18644-6, bolsa de iniciação científica e 2011/09945-2, projeto regular de auxilio à pesquisa.)

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Ratos submetidos a um curto período de exposição à dieta desequilibrada já

apresentam os níveis aumentados de AGE no plasma e piora da função renal.

NAVARRO

1, M. E.; FRANCISQUETI

2, F.V.; PIERINE

2, D.T; NASCIMENTO

3, A.F.; LUVIZOTTO

3,

R.A.M.; CORRÊA2, C.R.

1Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução e Justificativa

A obesidade é definida como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode prejudicar a saúde; afeta indivíduos de todas as idades, sexo e classe social. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2011, 1,5 bilhões de adultos apresentavam sobrepeso; destes, aproximadamente 500 milhões eram obesos. A causa fundamental da obesidade é o desequilíbrio entre consumo calórico e gasto energético, os quais podem ser influenciados por fatores genéticos, estilo de vida e mudanças de comportamento alimentar. A obesidade é reconhecida como um problema de saúde pública, desde que é um fator de risco para doenças crônicas e incapacitantes, entre elas, alguns tipos de cânceres, resistência à insulina, diabetes mellitus II e doenças cardiovascular e renal (1).

Diversos fatores podem desencadear a doença renal em pessoas obesas, entre eles, inflamação, dislipidemia, hipertensão e estresse oxidativo (2, 3). Em condições normais, existe um equilíbrio entre as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e os antioxidantes; em contraste, quando a produção dessas espécies reativas excede a capacidade antioxidante local, prevalece uma situação de estresse oxidativo (4, 5). Frente a essa situação, ocorre a oxidação de lipídeos (lipoxidação) e glicose (glicação) gerando compostos como malondialdeído, glioxal, acroleína, 4-hidroxi-nonenal (HNE)- produtos da liporepoxidação - e o glioxal e metil glioxal - produtos da glicação. Esses compostos são altamente reativos e se ligam à parte amino dos aminoácidos, resultando em produtos finais de glicação (AGEs) (5). Em abundância na circulação esses produtos que são altamente reativos podem atingir diversos órgãos, entre eles, o rim, o principal órgão de excreção desses produtos. Essa exposição, dependendo da intensidade e duração, pode ser um importante fator de dano para o tecido renal (6). Sabendo que a sobrecarga energética favorece a produção de AGEs, é plausível especular se esse modelo de dieta rica em gordura saturada e açúcar, em curto período já será um fator de susceptibilidade para formação de AGEs e dano renal.

Objetivo O objetivo desse estudo foi observar se um curto período de dieta rica em açúcar e gordura é capaz de aumentar os níveis de AGEs e ocasionar disfunção renal em ratos Wistar.

Material e Métodos No presente estudo foram utilizados ratos Wistar machos (n=16), com 30 dias de idade,

provenientes do Biotério central da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual

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Paulista - UNESP, São Paulo, Brasil. Os animais foram casualmente divididos para receberem dieta controle (C) ou sobrecarga energética (SE), durante 6, semanas. Os ratos C receberam ração padrão para roedores (RC Focus 1765, Agroceres®, Rio Claro, São Paulo, Brasil) e o grupo SE uma ração hipercalórica, sendo composta por: pó de ração (RC Focus 1765, Agroceres®, Rio Claro, São Paulo, Brasil), alimentos industrializados, óleo de palma, suplemento protéico, mistura vitamínica e mineral (Tabela 1); em adição, os animais do grupo SE receberam também 300g/L de sacarose na água de beber.

Tabela 1. Composição nutricional das dietas controle e sobrecarga energética.

Dieta

Componentes C SE

% Energia proteína 26,5 16

% Energia carboidrato 61,5 34,3*

% Energia gordura 12 49,7

% Energia gordura saturada 2,1 24,7

% Energia gordura insaturada 9,9 25

Energia (kcal/g) 3,77 5,25

Energia (kJ/g) 15,77 21,97

Composição ácidos graxos (%)

Palmítico (16:0) 14 40,6

Esteárico (18:0) 2,7 6,2

Oléico (18: 1n-9c) 23,4 36,5

Linoléico (18: 2n-6) 53,1 11,3

Outros 6,8 5,4

Vitamina/mistura mineral - Add

As ofertas de ração e água foram ad libitum. O consumo das dietas e da ingestão calórica foi controlado diariamente; a ingestão calórica foi determinada pelo produto do consumo e teor energético das dietas. Para acompanhar o desenvolvimento do animal, o peso corporal foi aferido semanalmente, sendo os ratos mantidos em gaiolas individuais, em ambiente com temperatura (24±2ºC) e umidade controladas (55±5%) e ciclo claro-escuro (12-12hs). O protocolo de estudo foi

*Energia proveniente da água de beber com adição de sacarose (300g/l) não foi incluída.

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aprovado pela Comissão de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista - UNESP, São Paulo, Brasil.

Índice de adiposidade

O índice de adiposidade foi utilizado como indicador de obesidade, desde que permite avaliar precisamente a quantidade de gordura corporal dos animais. Após o sacrifício foram dissecados os depósitos de gordura epididimal, visceral e retroperitonial dos animais. O índice de adiposidade foi calculado pela soma dos depósitos normalizada pelo peso corporal [(epididimal+retroperitonial+visceral) /peso corporal x 100].

Avaliação dos Produtos finais de glicação (AGEs)

Os produtos finais de glicação foram determinados no plasma pelo método de ELISA, por meio de kits comerciais Cell Biolabs, Inc. San Diego, CA, USA. As leituras foram obtidas em espectrofotômetro de microplaca Spectra Max 190 (Molecular Devices®, Sunnyvale, CA, USA).

Taxa de filtração glomerular

A taxa de filtração glomerular foi calculada pela fórmula: [creatinina urinária em urina de 24h / creatinina do plasma/ 14409 mim]. A urina foi coletada em período de 24 horas. Tanto a análise da creatinina plasmática quanto à urinária foram realizadas por Kit comercial Laborlab ®, Guarulhos, São Paulo, Brasil.

Análise Estatística Os resultados foram apresentados em média±desvio-padrão e a comparação entre os grupos

foram feitos pelo teste t-Student. O nível de significância considerado para todas as análises foi de 5%.

Resultados

Peso inicial, final e consumo calórico

O peso e o consumo calórico dos animais durante o período de estudo não apresentaram diferença entre os grupos. (Tabela 2).

Tabela 2. Peso inicial, final e consumo calórico dos animais submetidos às dietas controle (C) ou sobrecarga energética (SE) durante 6 semanas.

C SE valor de p

Peso inicial 348,3±38,1 347,6±30,3 p= 1,00

Peso final 457,1±37,8 463,0±47,0 p= 0,99

Consumo calórico (kcal/g) 746,0 ± 58,0 651,0 ±72,0 p= 0,27

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Índice de Adiposidade

Os animais submetidos à sobrecarga energética tiveram maior índice de adiposidade quando comparados ao grupo controle (Figura 1).

Figura 1. Índice de adiposidade dos ratos submetidos a dietas controle e sobrecarga

energética no período experimental de 6 semanas.

Taxa de filtração glomerular A taxa de filtração glomerular dos animais submetidos a sobrecarga energética, apresentou valores menores em relação ao grupo controle (Figura 2).

*

C: controle; SE: animais submetidos à sobrecarga energética. Dados expressos em média e desvio padrão. * indica diferença significativa entre os grupos (p=0,016). Comparação entre os grupos por teste T-student

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Figura 2. Taxa de filtração glomerular dos ratos submetidos a dietas controle e

sobrecarga energética no período experimental de 6 semanas.

Níveis plasmáticos de AGE Os níveis plasmáticos de AGE foram maiores no grupo SE quando comparados ao controle (Figura 3).

C: controle; SE: animais submetidos à sobrecarga energética. Dados expressos em média e desvio padrão. * indica diferença significativa entre os grupos (p=0,038). Comparação entre os grupos por teste T-student

*

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Figura 3. Níveis plasmáticos de AGE dos ratos submetidos a dietas controle e

sobrecarga energética no período experimental de 6 semanas.

Discussão Sabe-se que a doença renal é uma das complicações da obesidade independente da

presença de diabetes e hipertensão (7). Dentre os mecanismos apontados a esse comprometimento renal, está o estresse oxidativo que é um evento que responde rapidamente ao desequilíbrio alimentar. Os açúcares e gorduras consumidos em excesso podem sofrer oxidação com conseqüente aumento de AGEs, que é um composto altamente reativo. Este composto é excretado pelo rim podendo ocasionar lesão nesse órgão (8). O presente trabalho teve como objetivo observar se um curto período de dieta rica em açúcar e gordura é capaz de aumentar os níveis de AGEs e ocasionar disfunção renal em ratos Wistar.

Podemos observar no presente trabalho, que em curto período de 6 semanas, a sobrecarga energética provocou aumento no índice de adiposidade, porém, não houve diferença de peso entre os grupos. Esses dados estão de acordo com a literatura que relata que uma dieta rica em gordura resulta em aumento do índice de adiposidade e, conseqüentemente, a obesidade (9, 10).

A taxa de filtração glomerular é um indicador da função renal calculado com a creatinina sérica e a creatinina urinária de 24 horas divididas pelo tempo em minutos de coleta de urina. Sabe-se que indivíduos obesos com doença renal crônica apresentam grande diminuição desta taxa evoluindo às vezes para um estágio final de doença renal (11). O mecanismo pelo qual a obesidade predispõe a pessoas desenvolverem a doença renal ainda é desconhecido (12). Evidências mostram que a formação abundante de AGEs ocasionada pelo aumento desequilibrado do consumo de alimentos ricos em açúcares e gordura é um fator favorável a doença renal (13). Uma vez que esse metabólito altamente reativo é eliminado principalmente pelo rim (14). Nosso trabalho mostrou que a sobrecarga energética promoveu peroxidação de lipídeos e glicose, confirmado pela concentração sérica de

*

C: controle; SE: animais submetidos à sobrecarga energética. Dados expressos em média e desvio padrão. * indica diferença significativa entre os grupos (p=0,041). Comparação entre os grupos por teste T-student

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AGEs aumentada, estando de acordo com a literatura que também mostrou aumento deste composto no plasma de animais que ingeriram dietas hipercalóricas (15, 16). Outros autores também encontraram elevação plasmática de AGEs em animais que receberam dieta com alto teor de gordura, porém em um período maior de estudo (12, 17). Isso pode ser devido às dietas que tiveram composições diferentes, mostrando também que a qualidade nutricional ingerida tem influência na formação de AGEs.

Conclusão Baseado nesses dados podemos concluir que em um curto período de tempo a dieta ocasionou

um estado de obesidade que foi associado a um aumento dos níveis plasmáticos de AGE juntamente com a piora da função renal.

Referências 1. Haslam DW, James WP. Obesity. Lancet. 2005;366(9492):1197-209. Epub 2005/10/04. 2. Guarnieri G, Zanetti M, Vinci P, Cattin MR, Pirulli A, Barazzoni R. Metabolic syndrome and

chronic kidney disease. Journal of renal nutrition : the official journal of the Council on Renal Nutrition of the National Kidney Foundation. 2010;20(5 Suppl):S19-23. Epub 2010/09/10.

3. Vaziri ND. Lipotoxicity and impaired high density lipoprotein-mediated reverse cholesterol

transport in chronic kidney disease. Journal of renal nutrition : the official journal of the Council on Renal Nutrition of the National Kidney Foundation. 2010;20(5 Suppl):S35-43. Epub 2010/09/10.

4. Ferreira AL, Salvadori DM, Nascimento MC, Rocha NS, Correa CR, Pereira EJ, et al. Tomato-

oleoresin supplement prevents doxorubicin-induced cardiac myocyte oxidative DNA damage in rats. Mutation research. 2007;631(1):26-35. Epub 2007/05/15.

5. Forbes JM, Coughlan MT, Cooper ME. Oxidative stress as a major culprit in kidney disease in

diabetes. Diabetes. 2008;57(6):1446-54. Epub 2008/05/31. 6. Miyata T, Ueda Y, Yoshida A, Sugiyama S, Iida Y, Jadoul M, et al. Clearance of pentosidine, an

advanced glycation end product, by different modalities of renal replacement therapy. Kidney international. 1997;51(3):880-7. Epub 1997/03/01.

7. Hsu CY, McCulloch CE, Iribarren C, Darbinian J, Go AS. Body mass index and risk for end-stage

renal disease. Annals of internal medicine. 2006;144(1):21-8. Epub 2006/01/04. 8. Bierhaus A, Chevion S, Chevion M, Hofmann M, Quehenberger P, Illmer T, et al. Advanced

glycation end product-induced activation of NF-kappaB is suppressed by alpha-lipoic acid in cultured endothelial cells. Diabetes. 1997;46(9):1481-90. Epub 1997/09/01.

9. Ko HJ, Zhang Z, Jung DY, Jun JY, Ma Z, Jones KE, et al. Nutrient stress activates inflammation

and reduces glucose metabolism by suppressing AMP-activated protein kinase in the heart. Diabetes. 2009;58(11):2536-46. Epub 2009/08/20.

10. Choi KD, Vodyanik M, Slukvin, II. Hematopoietic differentiation and production of mature myeloid

cells from human pluripotent stem cells. Nature protocols. 2011;6(3):296-313. Epub 2011/03/05. 11. Iseki K, Ikemiya Y, Kinjo K, Inoue T, Iseki C, Takishita S. Body mass index and the risk of

development of end-stage renal disease in a screened cohort. Kidney international. 2004;65(5):1870-6. Epub 2004/04/17.

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12. Tomino Y, Hagiwara S, Gohda T. AGE-RAGE interaction and oxidative stress in obesity-related renal dysfunction. Kidney international. 2011;80(2):133-5. Epub 2011/07/02.

13. Harcourt BE, Sourris KC, Coughlan MT, Walker KZ, Dougherty SL, Andrikopoulos S, et al.

Targeted reduction of advanced glycation improves renal function in obesity. Kidney international. 2011;80(2):190-8. Epub 2011/03/18.

14. Bierhaus A, Illmer T, Kasper M, Luther T, Quehenberger P, Tritschler H, et al. Advanced glycation

end product (AGE)-mediated induction of tissue factor in cultured endothelial cells is dependent on RAGE. Circulation. 1997;96(7):2262-71. Epub 1997/10/23.

15. Brownlee M. Advanced protein glycosylation in diabetes and aging. Annual review of medicine.

1995;46:223-34. Epub 1995/01/01. 16. Aldini G, Dalle-Donne I, Facino RM, Milzani A, Carini M. Intervention strategies to inhibit protein

carbonylation by lipoxidation-derived reactive carbonyls. Medicinal research reviews. 2007;27(6):817-68. Epub 2006/10/18.

17. D'Agati V, Schmidt AM. RAGE and the pathogenesis of chronic kidney disease. Nature reviews

Nephrology. 2010;6(6):352-60. Epub 2010/04/28.

Trabalhos de

Pós-graduação

Apoio:

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Efeitos do tratamento com terapia biológica sobre a atividade clínica da

doença e a composição corporal de pacientes com Doenças Inflamatórias

Intestinais

GONDO

1, F.F.; BACK

1, I.R.; DORNA

1, M.S.; PASCHOALINOTTE

2, E.E.; PAIVA

3, S.A.R.;

SASSAKI3, L.Y.

1Programa de Pós-graduação em Fisiopatologia em Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP. [email protected]

²Grupo de Apoio à Pesquisa, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

³Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, Botucatu, SP.

Introdução e Justificativa As doenças inflamatórias intestinais (DII) que compreendem a Doença de Crohn (DC) e a

Retocolite Ulcerativa (RCU) são doenças intestinais crônicas, caracterizadas por um processo inflamatório não controlado da mucosa intestinal (Hartman, 2009). Embora não completamente definida, a etiopatogênese parece envolver uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais, da microbiota intestinal e de imunorregulação da mucosa (Ulitsky et al., 2011).

A DC pode manifestar-se em qualquer parte do trato digestivo, desde a boca até o ânus, sendo as regiões ileal e ileocecal seus principais alvos. A doença envolve toda a parede intestinal, caracterizando uma inflamação transmural que geralmente resulta em estenoses, úlceras e/ou fístulas. A RCU está limitada ao acometimento da mucosa do reto e do cólon. O quadro clínico da RCU depende da evolução clínica do paciente, extensão e gravidade da atividade inflamatória da doença (Brasilian Group Study of Inflammatory Bowel Disease, 2010).

As DII representam um importante problema de saúde pública uma vez que tendem a afetar principalmente indivíduos mais jovens e apresentar um curso variável com períodos de remissão e intensa atividade, que implicam em importantes repercussões nos âmbitos social, psicológico e profissional; bem como na qualidade de vida de seus portadores (Pearson, 2004; Pontes et al., 2004; Walsh et al., 2011). A sintomatologia das DII torna-se evidente dependendo de fatores como extensão e localização da doença, complicações locais e, principalmente por meio da resposta inflamatória sistêmica associada com a atividade da doença (Latella & Papi, 2012).

As modificações no estado nutricional estão relacionadas a diversos mecanismos relacionados com a atividade da doença como aumento no gasto energético de repouso e ingestão alimentar inadequada na fase de atividade clínica e diarréia intensa, aumento das perdas intestinais e má-absorção na fase ativa da doença (Filippi et al., 2006; Vadan et al., 2012). Principalmente na fase aguda, os sintomas gastrointestinais (anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal) podem acarretar significativa perda de peso e deficiência de inúmeros nutrientes configurando o quadro de desnutrição (Silva et al., 2010).

A terapia biológica (TB) representa um tipo de tratamento amplamente utilizado nos dias de hoje, particularmente quando os pacientes são pouco responsivos ao tratamento convencional e nos casos de doença moderada à grave (Brasilian Group Study of Inflammatory Bowel Disease, 2010). Os principais agentes terapêuticos utilizados, Infliximabe e Adalimumabe, atuam bloqueando os efeitos de citocinas, sobretudo a ação do Fator de Necrose Tumoral α (TNF-α), agente fundamental na cascata que controla o processo inflamatório. Dessa forma, são reconhecidos pela eficiente atuação na indução e manutenção da remissão da doença, promovendo o controle da inflamação, a melhora dos sintomas e a recuperação da mucosa intestinal (Akobeng, 2008; Schreiber et. al., 2008; Fratila, 2010).

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Em geral, os pacientes apresentam resposta favorável ao tratamento com TB, com melhora dos índices de atividade da doença e diminuição das taxas de recidivas e de hospitalizações quando comparados àqueles que não receberam a medicação (Hanauer et al., 2002; Wise et al., 2008). Além de apresentar um impacto positivo no manejo das doenças, parece contribuir para melhora do estado nutricional bem como dos parâmetros de composição corporal (Nakahigashi & Yamamoto, 2011; Vadan et al., 2011; Wise et al., 2008). Dessa forma, considerando a reconhecida atuação da TB no tratamento de portadores de DII, o estudo justifica-se pela repercussão favorável na resposta clínica com possível influência sobre a composição corporal desses pacientes.

Objetivo Verificar os efeitos do tratamento com terapia biológica sobre a atividade clínica da doença e

a composição corporal dos pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais.

Material e Métodos 1. Desenho do estudo Realizou-se um estudo prospectivo observacional com tempo de seguimento de 286 semanas para pacientes com Doença de Crohn e 78 semanas para pacientes com RCUI. Os pacientes foram avaliados nas semanas 0, 14, 30 e a cada 8 semanas durante o tratamento com terapia biológica. Em todas as semanas foram aplicados os instrumentos para avaliação da atividade clínica da doença e a avaliação da composição corporal por meio da bioimpedância elétrica. 2. Pacientes Foram avaliados pacientes com Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa atendidos no Centro de Infusão de Medicamentos Especiais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, constituindo uma amostra de 50 pacientes. Os pacientes haviam confirmado o diagnóstico de sua doença por meio de parâmetros clínicos, endoscópicos e histológicos e as indicações da terapia biológica (Infliximabe ou Adalimumabe) foram a refratariedade ao tratamento medicamentoso padrão com imunossupressores ou a presença de doença grave ou complicações como estenoses ou fístulas.

Critérios de Inclusão:

Pacientes com Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa submetidos ao tratamento com terapia biológica.

Critérios de Exclusão:

Gestantes; Pacientes portadores de doenças crônicas como: diabetes mellitus, tuberculose, câncer,

insuficiência cardíaca, hepática e/ou renal ou outras doenças que poderiam interferir nos resultados das análises.

3. Métodos Realizou-se avaliação dos dados clínicos, de atividade ou remissão da doença, marcadores laboratoriais da inflamação e análise da composição corporal.

3.1 Dados Clínicos

Foram avaliadas variáveis como idade, gênero, tempo de doença, resposta ao tratamento com terapia biológica, remissão clínica, remissão endoscópica, remissão profunda, necessidade de internação, cirurgia e óbito.

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3.2 Classificação e Índice de Atividade para RCUI A gravidade do surto agudo foi avaliada através do Escore de Mayo (Schroeder et al., 1987), podendo ser dividida em doença em remissão, atividade discreta, moderada ou grave. O Escore de Mayo avalia os seguintes parâmetros: número de evacuações, presença de sangramento retal, achados endoscópicos e avaliação global do paciente.

3.3 Classificação e Índices de Atividade para Doença de Crohn Há vários índices de atividade para a DC, sendo o CDAI (“Crohn’s Disease Activity Index”) o mais utilizado em estudos clínicos (Best et al., 1976). Em uma escala de pontuação de 0 a 600, é possível classificar os pacientes entre resposta à terapêutica instituída (queda de 70 a 100 pontos), remissão clínica (CDAI < 150), atividade discreta (CDAI 150 - 250 pontos), atividade moderada (CDAI 250 - 350 pontos) e atividade grave (CDAI > 350). O CDAI compreende 8 questões que considera o número de evacuações, presença de dor abdominal, estado geral do paciente, apresentação de manifestações extra-intestinais, presença de massa abdominal, utilização de anti-diarréicos, presença de anemia e perda de peso. Outro índice utilizado foi o Harvey-Bradshaw Index (HBI), que é baseado em variáveis como bem estar geral, presença de dor abdominal, número de evacuações líquidas, massa abdominal e complicações decorrentes da doença. As pontuações obtidas permitem a classificação em atividades discreta, moderada e grave da doença e remissão clínica. 3.4 Parâmetros Laboratoriais Foram analisados as seguintes variáveis laboratoriais: Proteína C-Reativa (PCR) (mg/dL), velocidade de hemossedimentação (VHS) (mm/h), albumina (g/dL), hemoglobina (Hb) (g/dL) e hematócrito (Ht) (%).

3.5 Avaliação da Composição Corporal Para avaliação da composição corporal foi realizado o exame de bioimpedância elétrica tetrapolar unifrequencial (Biodynamics® BIA 450), com a identificação dos parâmetros de massa magra (%), massa gorda (%) e ângulo de fase (º). O peso (kg) foi mensurado por meio de balança eletrônica (Filizola® modelo PL-200) e monitorado ao longo das semanas de tratamento.

3.6 Análise Estatística

Foi realizada análise estatística descritiva dos dados e apresentação em média e desvio padrão para as variáveis com distribuição normal. Foram utilizados os Teste do Qui–Quadrado e Teste Exato de Fisher, quando adequado, para o estudo das associações entre as variáveis categóricas. Para avaliação da melhora dos pacientes submetidos ao tratamento com terapia biológica ao longo do tempo, foi utilizada a análise de medidas repetidas com modelo misto proc.mixed, SAS para Windows versão 9.2.

Adotou-se nível de significância de 5% (p< 0,05).

Resultados Foram avaliados 41 pacientes com DC com seguimento de 286 semanas e 9 pacientes com

RCU com seguimento de 78 semanas. A idade média dos pacientes com DC foi de 35,9 anos (± 13,9) e dos pacientes com RCU foi de 36,2 anos (± 16,1) (p= 0,96). Em geral, os pacientes com DC (73,2%) foram mais responsivos ao tratamento com TB quando comparados àqueles com RCU (33,3%) (p= 0,02). Grande parte dos pacientes com DC (80,5%) obteve a remissão clínica da doença, diferentemente dos pacientes com RCU (33,3%) (p= 0,004). Dessa forma, para controle da doença, os procedimentos cirúrgicos como proctocolectomia total foram realizados com maior frequência em pacientes com RCU (55,5%) do que em pacientes com DC (9,7%) (p= 0,005). A caracterização dos pacientes avaliados no estudo e a resposta clínica ao tratamento com terapia biológica estão apresentadas na Tabela 1.

Houve melhora dos índices de atividade da DC ao longo do tratamento, porém sem significância estatística (CDAI semana 0 = 164,4 (±86,8) x CDAI semana 286 = 36,5 (±44,5) p=0,88).

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Observou-se melhora da PCR: semana 0 = 4,5 (±10,6) x semana 286 = 0,85 (± 0,49), sem significado estatístico (p=0,99). Nos pacientes com RCU observou-se melhora da PCR (semana 0 = 2,15 (± 1,20) x semana 78 = 0,30, p= 0,85), albumina (semana 0 = 3,80 (± 0,71) x semana 78 = 4,30, p= 0,97 ), Ht (semana 0 = 36,60 (± 3,11) x semana 78 = 38,6, p= 0,99) e Hb (semana 0 = 11,35 (± 1,48) x semana 78 = 13,30, p= 0,96). Os dados referentes à evolução dos índices de atividade da doença e dos parâmetros laboratoriais durante o período de tratamento com terapia biológica em pacientes com Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa são apresentados nas Tabelas 2 e 3.

Com relação à composição corporal, observou-se melhora do angulo de fase (semana 0 = 6,08 (± 1,07) x semana 286 = 7,20 (± 0,57) p=0,96), massa gorda (semana 0 = 22,21 (± 9,16) x semana 286 = 24,75 (± 1,80), p= 1,00) e do peso médio dos pacientes com DC (semana 0 = 56,52 (± 13,09) x semana 286 = 78,50 (± 13,44) p = 0,75), sem significado estatístico.

Nos pacientes com RCU foram observadas modificações no peso (semana 0 = 62,35 (± 10,82) x semana 78 = 65,00 (± 11,31), p= 1,00), na massa gorda (semana 0 = 16,00 (± 6,69) x semana 78 = 25,07 (± 0,77), p= 0,89) e no ângulo de fase (semana 0 = 6,85 (± 1,20) x semana 78 = 7,80 (± 0,99), p= 0,96) porém sem significância estatística.

Os dados referentes à evolução do peso e das variáveis de composição corporal estimadas por bioimpedância elétrica durante o período de tratamento com terapia biológica em pacientes com Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa constam nas Tabelas 4 e 5.

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Tabela 1. Caracterização dos pacientes e resposta clínica ao tratamento com terapia biológica.

Doença de Crohn (n = 41)

Retocolite Ulcerativa (n = 9)

p*

Idade (anos) 35,98 (± 13,94) 36,22 (± 16,15) 0,96 Tempo da doença (anos) 6,95 (± 4,73) 6,67 (± 4,85) 0,86 Sexo Feminino Masculino

22 (53,66%) 19 (46,34%)

3 (33,33%) 6 (66,67%)

0,46

Terapia Biológica Adalimumabe Infliximabe

14 (34,15%) 27 (65,85%)

1 (11,11%) 8 (88,89%)

0,24

Resposta ao tratamento Total Sem resposta

30 (73,17%) 11 (26,83%)

3 (33,33%) 6 (66,67%)

0,02

Remissão clínica Sim Não

33 (80,49%) 8 (19,51%)

3 (33,33%) 6 (66,67%)

0,004

Remissão endoscópica Sim Não

26 (65%) 14 (35%)

3 (33,33%) 6 (66,67%)

0,08

Remissão profunda Sim Não

26 (65%) 14 (35%)

3 (33,33%) 6 (66,67%)

0,08

Internação Sim Não

6 (14,63%) 35 (85,37%)

3 (33,33%) 6 (66,67%)

0,18

Cirurgia Sim Não

4 (9,76%) 37 (90,24%)

5 (55,56%) 4 (44,44%)

0,005

Óbito Sim Não

1 (2,44%) 40 (97,56%)

0

9 (100%)

1,0

*Teste qui-quadrado

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Tabela 2. Evolução dos índices de atividade da doença e dos parâmetros laboratoriais durante o período de tratamento com terapia biológica em pacientes com Doença de Crohn.

CDAI: Crohn´s Disease Activity Index; HBI: Harvey-Bradshaw Index; PCR: Proteína C Reativa; VHS: velocidade de hemossedimentação; Hb: hemoglobina; Ht: hematócrito.

Dados apresentados em média e desvio-padrão.

Análise de medidas repetidas com modelo misto proc.mixed.

Significância estatística: p< 0,05.

CROHN semana 0

n=24 semana 30

n=20 semana 54

n=15 semana 78

n=13 semana 102

n=10 semana 134

n=8 semana 158

n=7 semana 182

n=3 semana 206

n=2 semana 262

n=2 semana 286

n=1

CDAI 164,42

(±86,85) 114,75 (± 118,57)

111,87 (± 102,52)

94,00 (± 89,41)

95,00 (± 115,98)

100,57 (± 104,68)

37,67 (± 65,24)

88,67 (± 133,33)

16,33 (± 28,29)

36,50 (± 44,55)

p 0,91 0,93 0,73 0,82 0,96 0,68 0,99 0,42 0,88

HBI 5,39 (± 4,40) 3,00 (± 4,27) 4,87 (± 5,36) 3,30 (± 4,47) 2,80 (± 5,27) 3,63 (± 4,57) 0,67 (± 1,15) 3,00 (± 6,00) 0,33 (± 0,58) 1,00

p 0,86 1,00 0,98 0,93 0,99 0,85 0,99 0,78 0,97

PCR (mg/dL)

4,49 (± 10,64) 0,85 (± 1,41) 0,46 (± 0,36) 1,16 (± 1,43) 1,00 (± 1,14) 0,59 (± 0,25) 0,38 (± 0,38) 0,53 (± 0,06) 0,60 (± 0,14) 0,85 (± 0,49)

p 0,60 0,51 0,81 0,92 0,84 0,90 0,98 0,99 0,99

VHS

(mm/h)

26,95 (± 15,58)

21,19 (± 15,23)

21,83 (± 11,59)

25,08 (± 13,82)

21,71 (± 17,88)

10,65 (± 14,73)

27,00 (± 23,38)

8,50 (± 2,12) 5,00 40,00

p 0,99 0,99 1,00 0,99 0,65 1,00 0,94 0,98 0,99

albumina (g/dL)

4,02 (± 0,50) 4,05 (± 0,38) 4,32 (± 0,61) 4,27 (± 0,44) 4,01 (± 0,35) 4,17 (± 0,57) 3,86 (± 0,72) 4,27 (± 0,47) 4,30 4,15 (± 1,20)

p 1,00 0,88 0,98 1,00 1,00 0,99 0,99 1,00 1,00

Ht (%) 40,19 (± 4,39) 40,64 (± 4,53) 41,86 (± 4,13) 40,37 (± 4,30) 41,73 (± 4,21) 42,33 (± 6,46) 38,41 (± 5,23) 42,27 (± 3,26) 45,85 (± 4,60) 44,60 (± 11,88)

p 1,00 0,99 1,00 0,99 0,99 0,99 1,00 0,95 0,99

Hb (g/dL) 13,16 (± 1,46) 13,84 (± 1,77) 14,29 (± 1,51) 13,62 (± 1,44) 14,20 (± 1,71) 14,50 (± 1,84) 12,80 (± 1,99) 14,00 (± 1,21) 15,30 (± 2,12) 14,40 (± 4,24)

p 0,99 0,84 1,00 0,96 0,88 1,00 0,99 0,92 0,99

P < 0,05; CDAI: Crohn’s Disease Activity Index; HBI: Harvey-Bradshaw Index; PCR: Proteína C Reativa; VHS: velocidade de hemossedimentação; Hb: hemoglobina; Ht: hematócrito. Análise de medidas repetidas com modelo misto proc.mixed

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Tabela 3. Evolução dos parâmetros laboratoriais durante o período de tratamento com terapia biológica em pacientes com Retocolite Ulcerativa.

Retocolite Ulcerativa (n= 9)

semana 0

n = 2

semana 14 n=2

semana 30 n=1

semana 54 n=2

semana 78

n = 2

PCR (mg/dL) 2,15 (± 1,20) 0,40 0,30 0,30

p 0,87 0,85 0,85

VHS (mm/h) 18,00 8,00 15,00 11,00 15,00

Albumina (g/dL) 3,80 (± 0,71) 4,30 4,30 (± 0,14) 4,40 4,30

p 0,97 0,94 0,94 0,97

Ht (%) 36,60 (± 3,11) 37,20 37,30 (± 4,67) 39,70 38,60

p 1,00 1,00 0,99 0,99

Hb (g/dL) 11,35 (± 1,48) 11,90 11,75 (± 1,91) 13,10 13,30

p 1,00 1,00 0,97 0,96

PCR: Proteína C Reativa; VHS: velocidade de hemossedimentação; Hb: hemoglobina; Ht: hematócrito.

Dados apresentados em média e desvio-padrão.

Análise de medidas repetidas com modelo misto proc.mixed.

Significância estatística: p< 0,05.

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Tabela 4. Evolução do peso e das variáveis de composição corporal estimadas por bioimpedância elétrica durante o período de tratamento com terapia biológica em pacientes com Doença de Crohn.

IMC: Índice de Massa Corporal; AF: ângulo de fase; MCC: massa celular corporal; MM: massa magra;

MG: massa gorda Dados apresentados em média e desvio-padrão. Análise de medidas repetidas com modelo misto proc.mixed. Significância estatística: p< 0,05.

CROHN semana 0

n=18 semana 30

n=20 semana 54

n=12 semana 78

n=6 semana 102

n=2 semana 134

n=3 semana 158

n=3 semana 182

n=4 semana 206

n=5 semana 262

n=3 semana 286

n=2

Peso

(kg)

56,52 (± 13,09)

62,31 (± 15,17)

67,29 (± 16,04)

73,07 (± 17,13)

90,50 (± 4,95) 75,67 (± 18,15)

54,33 (± 8,50)

66,18 (± 14, 91)

65,40 (± 19,13)

76,33 (± 8,50)

78,50 (± 13,44)

p 0,99 0,78 0,39 0,12 0,70 1,00 0,99 0,99 0,65 0,75

IMC (kg/m2)

21,19 (± 4,09) 22,62 (± 4,74) 24,71 (± 5,43) 26,80 (± 7,21) 31,30 (± 0,71) 25,83 (± 5,30) 21,70 (±

3,48) 25,60 (±

5,40) 25,02 (±

6,43) 26,37 (±

4,76) 27,15 (±

7,28)

p 0,99 0,87 0,59 0,37 0,97 1,00 0,96 0,97 0,94 0,96

AF (º) 6,08 (± 1,07)

6,68 (± 1,13)

6,99 (± 1,01)

7,30 (± 1,01)

6,85 (± 0,07)

6,50 (± 0,17)

7,27 (± 1,08)

6,98 (± 0,88)

6,94 (± 0,89)

7,03 (± 0,74)

7,20 (± 0,57)

p 0,85 0,46 0,36 0,99 1,00 0,82 0,93 0,91 0,95 0,96

MCC 36,11 (±

4,90) 36,70 (±

6,16) 36,37 (±

7,31) 34,50 (±

4,24) 32,20 (±

3,25) 33,67 (±

4,29) 34,33 (±

1,23) 35,78 (±

6,14) 35,92 (±

5,54) 36,90 (±

0,82) 36,95 (±

0,35)

p 0,99 0,98 0,99 0,84 0,99 1,00 1,00 1,00 0,79 0,86

MM (%) 77,79 (±

9,16) 76,67 (±

9,28) 73,58 (±

8,82) 70,40 (±

8,82) 67,16 (±

7,03) 71,10 (±

9,80) 38,47 (±

3,93) 73,59 (±

8,50) 73,55 (±

8,10) 76,26 (±

3,63) 75,25 (±

1,80)

p 0,99 0,98 0,99 0,57 0,95 0,99 0,99 0,99 0,57 0,75

MG (%)

22,21 (± 9,16)

23,33 (± 9,28)

26,42 (± 8,82)

39,60 (± 8,82)

32,84 (± 7,03)

28,90 (± 9,80)

31,53 (± 3,93)

26,41 (± 8,50)

26,45 (± 8,10)

23,74 (± 3,63)

24,75 (± 1,80)

p 0,99 0,77 0,27 0,14 0,72 0,99 0,99 0,98 0,99 0,99

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Tabela 5. Evolução do peso e das variáveis de composição corporal estimadas por bioimpedância elétrica durante o período de tratamento com terapia biológica em pacientes com Retocolite Ulcerativa.

Retocolite Ulcerativa (n= 9)

semana 0

n = 2

semana 14 n=2

semana 30 n=1

semana 54 n=2

semana 78

n = 2

Peso (kg) 62,35 (10,82) 55,50 67,93 (11,24) 67,75 (14,50) 65,00 (11,31)

p 0,99 0,99 0,99 1,00

IMC (kg/m2) 20,60 (0,42) 20,10 22,47 (3,44) 24,00 (3,39) 22,70 (2,83)

p 1,00 0,99 0,93 0,99

AF (º) 6,85 (1,20) 6,50 7,63 (0,85) 7,30 (0,71) 7,80 (0,99)

p 1,00 0,98 0,99 0,96

MCC (%) 42,10 (8,34) 37,70 41,93 (4,48) 36,30 (1,84) 38,35 (1,34)

p 0,99 1,00 0,92 0,99

MM (%) 84,79 (9,97) 77,66 81,46 (8,28) 72,37 (2,99) 74,93 (0,77)

p 0,99 1,00 1,00 0,99

MG (%) 16,00 (6,69) 22,34 18,54 (8,28) 27,63 (2,99) 25,07 (0,77)

0,99 0,99 0,74 0,89

IMC: Índice de Massa Corporal; AF: ângulo de fase; MCC: massa celular corporal; MM: massa magra; MG: massa gorda Dados apresentados em média e desvio-padrão. Análise de medidas repetidas com modelo misto proc.mixed. Significância estatística: p< 0,05.

Discussão A terapia biológica configura um tipo de tratamento amplamente utilizado no manejo dos

pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais. Grandes estudos como ACCENT I e II e ACT I e II foram conduzidos em pacientes com DC e RCU, respectivamente na tentativa de comprovar a eficácia do Infliximabe e evidenciaram resultados promissores tanto na indução da remissão quanto na manutenção da remissão clínica das doenças. Outros estudos controlados como Classic I e II e Charm demonstraram eficácia e segurança do Adalimumabe, em pacientes com Doença de Crohn com atividade moderada a grave.

Sabe-se que essas medicações atuam bloqueando o efeito de diversas citocinas responsáveis por desencadear o processo inflamatório, principalmente o TNF- α. Este é reconhecido pela atuação como fator determinante do processo inflamatório, sobretudo na Doença de Crohn e em grande parte responsável por ocasionar o quadro de caquexia em indivíduos portadores de doenças crônicas (Nakahigashi & Yamamoto, 2011). Dessa forma, particularmente na DC, a TB parece contribuir favoravelmente alterando o curso natural da doença, impedindo a evolução para complicações mais graves.

Verificou-se no presente estudo que os pacientes com DC obtiveram melhor resposta ao tratamento clínico com TB, apresentando, em sua maioria, remissão clínica da doença, quando comparados aos pacientes com RCU. Assim, a maior freqüência de procedimentos cirúrgicos na RCU, como alternativa ao tratamento clínico, pode ser explicada pela não resposta clínica observada nesses pacientes.

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Embora os parâmetros de atividade da doença, laboratoriais e de composição corporal não tenham demonstrado significância estatística ao longo das semanas de tratamento, os achados deste estudo apresentam dados clinicamente relevantes sobre os efeitos da terapia biológica em pacientes com DII. O decréscimo na pontuação do CDAI e do HBI assim como a melhora dos parâmetros laboratoriais de PCR, albumina, Hb e Ht indicam os efeitos positivos da TB sobre a atividade da doença, modificando o estado inflamatório sistêmico característico da fase ativa.

A perda de peso está associada a condições que variam da perda de gordura intencional à perda de peso involuntária e inexorável que podem progredir à fraqueza extrema e morte (Appel et al., 2011). Estima-se que a desnutrição acometa entre 20%-75% dos pacientes com DII, sendo a perda de peso um sintoma clássico da doença (Hébuterne et al., 2009). A redução no consumo alimentar, considerada um importante determinante da redução do peso corporal dos doentes, pode ocorrer tanto por implicações próprias da doença em curso e/ou como consequência de hospitalizações e dietas restritivas prolongadas (Souza-Guerreiro et al., 2007). Estudo prospectivo observacional realizado por Vadan et al. (2011) mostrou que o tratamento de indução e manutenção da remissão clínica com Infliximabe promoveu o ganho de peso e a melhora de desnutrição nos pacientes com DC. A remissão clínica foi o principal fator associado ao ganho de peso enquanto a remissão endoscópica não exerceu nenhuma influência sobre o estado nutricional. Constatou-se aumento do peso corporal em comparação ao momento inicial principalmente nos pacientes com DC, o que pode resultar da resposta ao tratamento observado nesses pacientes.

De maneira geral, os parâmetros avaliados de composição corporal apresentaram resposta favorável com o tratamento com TB. A massa de gordura corporal aumentou nos dois grupos, sendo mais pronunciada em pacientes com RCU. A elevação deste parâmetro pode ser explicada pela redução nos índices de atividade da doença, com melhora dos sintomas clínicos que favorecem o consumo alimentar. A inclusão de alimentos até então restritos da dieta podem ter colaborado para o aumento do aporte energético com conseqüente aumento no tecido adiposo. No entanto, o decréscimo na massa magra pode ser justificado tanto pela qualidade da dieta atual quanto pela ausência ou insuficiência de atividade física como estímulo à hipertrofia muscular. Os valores de ângulo de fase aumentaram consideravelmente após o tratamento com TB nos pacientes do estudo, sugerindo melhora prognóstica da doença. Wise et al. (2008) evidenciaram que os pacientes com DC exibiram melhora significativa tanto na atividade da doença quanto nos parâmetros nutricionais, tais como Índice de Massa Corporal, massa de gordura e massa magra corporal, após 6 meses de tratamento com Infliximabe.

A TB mostrou-se efetiva na melhora dos parâmetros avaliados neste estudo, o que possibilita não só melhora clínica da doença como, sobretudo, melhora na sua qualidade de vida e capacidade laboral desses pacientes. Apesar da melhora dos índices de atividade inflamatória das doenças, parâmetros bioquímicos e nutricionais ao longo do tratamento com terapia biológica, os testes estatísticos não demonstraram diferença estatística. Como limitações desse estudo apontamos o tamanho diminuído da amostra de pacientes com RCU, uma vez que a TB possui indicação como terapia medicamentosa para pacientes com DC. Ela pode ser utilizada como última alternativa para os pacientes com RCU antes de se optar por abordagem cirúrgica. Outro ponto é em relação ao acompanhamento desses pacientes uma vez que muitos ainda estão no início da terapia e outros muitos apresentam melhora clínica e não precisaram de extensão da TB. Necessita-se de um período maior de acompanhamento destes pacientes para comprovar estatisticamente a resposta ao longo do tratamento.

Conclusão

Houve controle da atividade clínica da doença e melhora da composição corporal dos pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais tratados com terapia biológica.

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Nefrolitíase induzida por agente promotor de hiperoxalúria e o efeito da

associação da vitamina D: Modelo experimental em ratos

CUNHA

1, N.B.; MAGALHÃES

2, E.S.; DAMASIO

1, P.C.G.; SILVA

1, I.B.L.; AMARO

3, C.R.P.;

KAWANO3, P.R.; AMARO

3, J.L.

1Pós graduanda do programa Bases Gerais da Cirurgia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Unesp, Botucatu, SP. [email protected]

2Graduanda de Nutrição, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Urologia, Faculdade de Medicina de Botucatu, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução e Justificativa A litíase renal constitui a terceira causa mais comum de afecção do trato urinário, sendo superada apenas pelas infecções urinárias e doenças da próstata (Tostes & Cardoso, 2001). Embora a mortalidade devido às complicações do tratamento intervencionista da litíase do trato urinário (LTU) seja relativamente baixa, sua elevada taxa de recorrência está associada a um alto índice de morbidade, absenteísmo e problemas sociais (Heilberg et al., 2002), traduzindo-se em um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Na maioria dos casos, a formação de cristais ocorre devido à anormalidades na composição da urina, seja pela maior excreção dos agentes promotores como o cálcio, oxalato e ácido úrico; seja pela menor excreção de fatores protetores (citrato, magnésio, glicosaminoglicanos, nefrocalcina, proteína de Tamm-Horsfall) ou, não raramente, pela associação de ambos (Coe et al, 1991; Heilberg & Schor, 1994; Heilberg & Weisinger, 2006). Da mesma forma, os fatores dietéticos também exercem grande influência na gênese da litíase urinária visto que, conforme demonstrado por vários autores, alterações na dieta podem interferir em suas taxas de recorrência (Taylor & Curhan, 2006). Neste sentido, diferentes nutrientes têm sido investigados devido aos seus possíveis efeitos como promotores ou inibidores da formação da LTU. Dentre eles, o cálcio, a proteína e o sódio já são conhecidos por seus efeitos potencialmente desfavoráveis na gênese do cálculo renal (Hess, 2002).

O principal componente metabólico envolvido na LTU é o oxalato de cálcio (OxCa) (Coe et al., 2005). Na nossa população, dois terços dos cálculos apresentam oxalato (Ox) em sua composição e quase metade é constituída exclusivamente por este composto. A hiperoxalúria, seja decorrente de fatores genéticos (hiperoxalúria primária) ou ambientais (hiperoxalúria secundária) favorece a formação e a deposição renal do complexo OxCa, podendo resultar em patologias como urolitíase, nefrocalcinose, acidose metabólica e insuficiência renal (Amaro et al., 2005). Na tentativa de compreender melhor os mecanismos envolvidos na nefrolitíase por OxCa e avaliar os resultados das terapias propostas, vários modelos animais têm sido utilizados para estudar as possíveis interações entre os fatores envolvidos na etiologia da LTU. De acordo com estudos recentes, um modelo bastante eficaz de hiperoxalúria crônica em ratos pode ser provocado pela administração de agentes indutores como o etilenoglicol (EG) que, quando associado à cristalúria por OxCa, pode resultar na deposição de cristais no parênquima renal (Khan et al., 2006). Em uma sociedade que cultua o corpo e cria constantemente estereótipos de saúde e bem estar para estimular a aquisição de produtos de beleza e suplementos alimentares, é cada vez mais comum o estímulo ao consumo de vitaminas de forma frenética sob alegação de seus potenciais efeitos benéficos para o organismo. Entretanto, apesar de serem essenciais ao nosso metabolismo, essas substâncias, quando em excesso, podem prejudicar a saúde causando desde sintomas transitórios a danos irreparáveis e permanentes. Dentre elas, os efeitos da vitamina D são bastante conhecidos, seja controlando a proliferação e diferenciação celular, resultando em um enorme impacto sobre a prevenção e tratamento do câncer; seja sobre a imunomodulação, que poderia ser importante na proteção contra doenças infecciosas e na manutenção da fluidez da membrana celular, prevenindo assim o envelhecimento (Hendler, 1997). Entretanto, o que nem sempre é lembrado é que a vitamina D3 (Colecalciferol) exerce importante papel no metabolismo do cálcio, agindo no

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intestino delgado e facilitando a penetração do cálcio e sua eventual deposição no rim (Grüdtner et al., 1997). Sendo assim, analisando-se a fisiologia do cálcio em função da ação do colecalciferol no metabolismo, pode-se supor que o excesso desta vitamina poderia provocar um aumento na absorção desse íon e, consequentemente, uma calcificação de tecidos moles, dentre os quais, os rins. Na dependência do tempo de exposição e da intensidade deste processo, o resultado final poderia variar desde a simples formação de cálculos urinários até a completa calcificação e conseqüente destruição do parênquima renal, traduzindo-se na mais temida complicação da litíase renal: a insuficiência renal crônica terminal.

Objetivo O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da suplementação da dieta com vitamina D na litíase do trato urinário em um modelo de nefrolitíase induzida em ratos a partir da hiperoxalúria provocada por agentes indutores em diferentes concentrações.

Material e Métodos Foram utilizados 30 ratos machos da raça Sprague-Dawley fornecidos pelo Centro Multi-Institucional de Bioterismo da Unicamp (CEMIB). Com uma semana de antecedência ao início do experimento, os animais foram acondicionados no Biotério do Departamento de Urologia da Faculdade de Medicina de Botucatu em gaiolas metabólicas para adaptação ao novo ambiente. A temperatura foi mantida em torno de 20ºC com exposição à luz/escuridão em ciclos de 12 horas. Os animais tiveram livre acesso à água e ração específica para ratos com monitorização regular da ingesta. De acordo com as normas de ética em pesquisa animal, este trabalho foi previamente submetido à análise e aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA) desta Instituição (Protocolo CEEA 880-2011). Os animais foram distribuídos de maneira randomizada em três grupos: Grupo I (controle clínico, n=10); Grupo II (Etileno Glicol a 0,5% diluído em água + 0,5 μM de Vitamina D3 dissolvida em 1 ml de óleo administrada via gavagem uma vez ao dia, n=10); Grupo III (Etileno Glicol a 1,25% diluído em água , n=10). Cinco animais de cada grupo foram sacrificados após sete dias de seguimento (Momento M1), e os demais, ao término de 28 dias (Momento M2). Durante todo o período de estudo, os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas individuais para coleta da urina de 24 horas. Periodicamente, as amostras de urina obtidas foram rigorosamente aferidas, sendo seu volume expresso em mililitros. Da mesma forma, o pH urinário foi determinado por meio de tiras reagentes utilizando-se o método colorimétrico comparativo. Em seguida, as amostras foram congeladas e mantidas armazenadas a -18°C para posterior análise dos seguintes parâmetros bioquímicos: oxalato, citrato, cálcio e ácido úrico. Antes de cada eutanásia (momentos M1 e M2) os animais foram anestesiados com pentobarbital sódico 3% na dose de 0,1 ml/100g de peso do animal, administrado por via intraperitoneal. Foi realizada coleta de aproximadamente 0,5ml de urina por punção asséptica da bexiga para realização de exame microbiológico no Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp no campus de Botucatu. Cerca de 5 ml de sangue foi obtido via punção cardíaca do ventrículo esquerdo para posterior determinação da creatinina sérica. A eutanásia, em ambos os momentos (M1 e M2) foi realizada utilizando-se dose letal de pentobarbital sódico 3% (cerca de 2,5 vezes o peso do animal), administrada por via intraperitoneal. Após remoção cirúrgica de ambos os rins de acordo com técnica padronizada, o rim esquerdo foi identificado e congelado separadamente para determinação da concentração do cálcio no LAMFI (Laboratório de Análise de Materiais por Feixes Iônicos), no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), pela técnica nuclear espectroscópica PIXE (Proton Induced X-Ray Emission). O rim direito foi incluído em bloco de parafina para análise histopatológica e histomorfométrica. Os blocos de parafina foram corados pela técnica de Hematoxilina e Eosina (HE) e as lâminas fotografadas em um aumento final de 40 vezes utilizando-se uma câmera fotográfica digital acoplada ao microscópio óptico (LEICA® DMLB) instalado em um microcomputador convencional.

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Para avaliação da nefrocalcinose (contagem dos cristais no parênquima e túbulos renais) utilizou-se o programa Image J® versão 1.44 (NIH, Bethesda, USA), onde para cada lâmina foram escolhidas cinco regiões aleatórias, as quais foram criteriosamente examinadas. O número de cálculos foi expresso em porcentagem. Para análise histopatológica por microscopia óptica foram utilizados os seguintes critérios para classificação do dano renal: atrofia (ausente, leve ou intensa), extravazamento estromal (ausente, focal, intermediário ou difuso) e infiltrado inflamatório (ausente, leve, moderado ou intenso). Para contrastes entre populações binominais foi utilizado o Teste de Goddman (GODDMAN, 1964). No estudo das variáveis quantitativas e momentos foi utilizado o modelo da análise de variância não-paramétrica para o modelo de dois fatores complementada com o teste de Dunn (ZAR, 2009). Para indicação de significância das comparações nas tabelas foram utilizadas letras minúsculas nos contrastes entre os grupos. Proporções de uma mesma letra minúscula numa categoria de resposta referenciada não diferem na comparação dos grupos (p>0,05). Todas as conclusões foram realizadas no nível de 5% de significância.

Resultados Não foi observada diferença estatisticamente significativa com relação ao peso inicial dos animais, seja na comparação entre os diferentes grupos, seja em relação aos diferentes momentos, demonstrando a homogeneidade entre os mesmos. Apenas no momento M2 (após 28 dias), observou-se um peso significativamente menor no G2 em relação aos demais grupos. O exame microbiológico não revelou crescimento bacteriano na urina em nenhum dos

animais nos diferentes grupos e momentos. O volume urinário (VU) no período de 24 horas foi

significativamente menor no grupo G1 em relação ao G2 nos diferentes momentos (M1 e M2), não sendo observada diferença estatisticamente significativa entre os demais grupos nos diferentes momentos.

Na análise do pH da urina não revelou diferença significativa entre os grupos nos momentos de avaliação. Comportamento semelhante foi observado na determinação do citrato na urina de 24h, onde no momento M1, os valores do ácido úrico na urina de 24h foram significativamente menores no grupo G2 em relação ao G1, não sendo observada diferença entre os demais grupos. Tal comportamento não se repetiu no momento M2, quando os valores de acido úrico obtidos foram semelhantes entre os grupos.

No momento M1, a dosagem do oxalato na urina de 24 horas foi significativamente menor no G1 em relação ao G2 e G3, não sendo observada diferença estatisticamente significativa entre os demais grupos. Já no momento M2, o oxalato urinário foi significativamente menor no grupo G1 apenas em relação ao G3. Os níveis de cálcio na urina de 24h apresentaram diferença estatisticamente significativa entre os grupos tanto em M1 quanto em M2. Os parâmetros urinários estão listados na tabela 1.

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Tabela 1: Média da dosagem dos parâmetros da urina de 24h de acordo com o grupo e momento de avaliação*.

Parâmetro urinário M1 M2

G1 G2 G3 G1 G2 G3

Volume 24h (ml) 3.4a 14.4

b 12.0

ab 4.5

a 10.1

b 4.4

ab

pH 8.5a 9.0

a 9.0

a 9.0

a 9.0

a 9.0

a

Citrato (mg/L) 25.3a 7.2

a 9.8

a 1.8

a 2.2

a 3.7

a

Ácido úrico (mg/dL) 16.1b 1.7

a 4.0

ab 1.3

a 1.0

a 1.0

a

Oxalato (mg/L) 1.5a 11.4

b 17.5

b 3.6

a 5.4

ab 11.2

b

Cálcio (mg/dL) 5.9

a 1.6

a 1.9

a 2.4

a 1.2

a 1.6

a

* Proporções de uma mesma letra minúscula numa categoria de respostas referenciadas (linhas horizontais) não diferem na comparação de grupos (p>0,05). A determinação da creatinina sérica no momento M1 foi significativamente maior no grupo G2 em relação ao G1, não sendo observada diferença estatisticamente significativa entre os demais grupos tanto em M1 quanto em M2.

A quantificação dos cristais no parênquima renal pela histomorfometria computadorizada utilizando-se o Image J demonstrou uma maior deposição de cristais de OxCa no grupo G2 em relação aos demais grupos (Figura 1), apenas no momento M2 (Gráfico 1). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os demais grupos.

Gráfico 1. Valores da mediana do número de cristais no parênquima renal segundo grupo, no momento M2. *p<0,05

*

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Figura 1. (A) Corte histológico do rim direito de um animal pertencente ao G1 (Controle) no momento M2, aumento de 40 vezes, coloração H.E., demonstrando arquitetura renal preservada. (B) Visualização dos cristais (setas) no parênquima renal de um animal do G2 (Etileno Glicol 0,5% + Vitamina D3), no aumento de 40 vezes, coloração H.E. A análise histológica realizada pelo patologista revelou a presença de atrofia tubular leve em 60% dos animais do G2 no momento M1. No momento M2, a atrofia foi classificada como intensa em 100% dos rins avaliados neste grupo. Não foi observada atrofia tubular nos demais grupos nos diferentes momentos. Da mesma forma, em 20% dos animais no grupo G2 observou-se extravasamento estromal focal no momento M1, elevando-se esta taxa para 80% no momento M2, dos quais 75% foram classificados como intermediário e 25% difuso. Não houve extravasamento nos demais grupos nos diferentes momentos. No momento M1, 80% dos animais do grupo G2 apresentaram infiltrado inflamatório agudo de intensidade leve. Após 28 dias, um processo inflamatório agudo estava presente em 80% dos rins avaliados, sendo 75% de intensidade leve e 25% moderada. Não foi observado processo inflamatório nos demais grupos nos diferentes momentos (Figura 19). As alterações histopatológicas observadas estão demonstradas na figura 2.

A

B

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A quantificação de cálcio no parênquima renal foi significativamente maior no grupo G2 em relação aos demais grupos nos diferentes momentos M1 e M2. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os demais grupos nos diferentes momentos (Tabela 2). Tabela 2. Mediana e valores mínimos e máximos de cálcio no parênquima renal, segundo grupo e momento de avaliação.

Grupos

Momentos

M1 (7 dias) (mg/kg)

M2 (28 dias) (mg/kg)

I 510 (495 ; 524) a 464 (415 ; 512) a II 5146 (4477 ; 5815) b 54935 (48855 ; 61014) b III 609 (538 ; 680) a 487 (482 ; 492) a

Discussão A ausência de diferença estatisticamente significativa na ingestão de líquidos entre os animais nos diferentes grupos, sugere que este fator não influenciou nos resultados obtidos, ao contrario do que é sugerido por alguns autores que defendem a interferência da ingestão de líquidos na gênese da litíase renal (Lotan et al., 2012; Hall, 2009). O exame microbiológico negativo assegurou que a infecção urinária não interferiu nos resultados finais. O volume urinário (VU) é sabidamente um fator que exerce papel importante na etiopatogenia da litíase renal, pois uma baixa diurese pode ocasionar maior concentração de solutos litogênicos e contribuir para a formação dos cálculos renais (Hong et al., 2012). Paradoxalmente, observou-se um maior VU no grupo G2 em relação ao grupo controle nos momentos M1 e M2; entretanto, este fato não foi capaz de inibir o processo de deposição dos cristais no parênquima renal neste modelo de hiperoxalúria. Desta forma, o VU parece não ter influenciado nos resultados obtidos. A hiperuricosúria pode ser considerada o principal fator de risco nos cálculos urinários de ácido úrico, podendo ainda estar participar indiretamente na litíase por OxCa (Siener, 2006). Apesar da excreção de acido úrico ter se mostrado significativamente maior no grupo Controle (G1) em relação ao grupo EG 0,5% + Vitamina D3 (G2) no momento M1, não foi observada uma maior precipitação parenquimatosa ou tubular nestes grupos de animais.

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No momento M1, observou-se um aumento significativo do oxalato urinário nos grupos 2 e 3 em relação ao grupo controle, demonstrando assim que os animais induzidos com EG produzem um modelo adequado de hiperoxalúria. Entretanto, após 28 dias, apenas o grupo EG a 1,25% (G3) manteve uma hiperoxalúria significativa em relação aos demais grupos. Apesar deste fato, a deposição de cristais foi ocorreu apenas no grupo G2 (EG 0,5% + Vitamina D3), tornando-se mais intensa ao final de 28 dias. A diminuição nos níveis de oxalato urinário observada após 28 dias entre os animais do grupo G2 poderia ser explicada pela maior formação de cristais de OxCa, que ao precipitar no parênquima renal, reduziria a sua concentração e excreção na urina (Khandrika et al., 2012). Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os grupos com relação à determinação dos níveis do cálcio urinário. Houve uma diminuição em números absolutos do cálcio urinário no grupo de nefrocalcinose (G2) nos diferentes momentos (M1 e M2). Este fato, pode ser explicado pela combinação do Ca com o oxalato formando o OxCa no parênquima renal, o que resultou em diminuição da concentração deste íon na urina, à semelhança do que foi proposto para o oxalato (Khandrika et al., 2012). Apesar da creatinina sérica não ser um marcador ideal para avaliação da taxa de filtração glomerular (TFG), na ausência de marcadores mais sensíveis, pode nos dar uma ideia da função renal global (Dalton, 2011). Alguns autores relataram uma correlação entre a diminuição da função renal e urolitíase, devido à obstrução do fluxo de urina pelos cálculos no sistema urinário e ao dano no parênquima renal (Alexander et al., 2012; Jagannath et al., 2012). Neste estudo, observou-se uma creatinina sérica significativamente maior no grupo G2 em relação ao grupo controle após sete dias. Entretanto, quando os animais eram acompanhados por um período maior de seguimento (28 dias), não se observou uma diferença significativa na creatinina sérica nos diferentes grupos. Levando-se em consideração que quanto maior o período de exposição aos agentes indutores, maior seria o dano tecidual com conseqüente piora da função renal (Jagannath et al., 2012), a manutenção dos níveis de creatinina estáveis após 28 dias sugere que esta diferença inicial deva ser considerada apenas uma variação biológica. Water e colaboradores (1999), analisando o estresse oxidativo no parênquima renal de ratos em um modelo de nefrocalcinose utilizando EG a 0,75%, observaram alteração da função renal destes animais, sugerindo assim a ocorrência de dano permanente ao tecido renal. Em nosso estudo, a fim de evitar este efeito indesejável, diminuímos a concentração do EG para 0,5% e suplementamos a vitamina D3 na dieta destes animais, com o propósito de potencializar a deposição dos cristais de cálcio (Liu et al, 2007) e demonstrar o claro efeito danoso do excesso de vitamina D neste processo. Obteve-se, assim, um modelo adequado de nefrocalcinose capaz de induzir a precipitação de cristais sem nefrotoxicidade aparente. As alterações histopatólogicas ocorreram exclusivamente no grupo com nefrocalcinose (G2), havendo predominância de processo inflamatório agudo, atrofia epitelial e extravasamento estromal. Tais alterações foram diretamente proporcionais à intensidade da precipitação dos cristais de OxCa demonstrando que a cristalização está diretamente envolvida nesse processo. Considerando-se a análise do cálcio no parênquima renal, observou-se uma concentração cerca de 10 e 100 vezes maior deste íon no nos animais do grupo G2 em relação aos demais grupos nos momento M1 e M2, respectivamente. Considerando-se que a presença de nefrocalcinose associada à ocorrência de inúmeras alterações histológicas sugestivas de dano ao parênquima renal foi observada apenas entre os animais que receberam suplementação com vitamina D, pode-se concluir que esta ultima teve papel decisivo neste processo atuando como um catalisador da formação da LTU em ratos com hiperoxalúria induzida por este agente em suas diferentes concentrações.

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Conclusão O melhor modelo para induzir nefrolitíase em ratos foi o Etileno Glicol a 0,5% associado à vitamina D3 (G2), demonstrando os efeitos danosos da suplementação excessiva deste nutriente na dieta e seu claro papel como agente potencializador da calcificação e dano ao parênquima renal neste modelo de hiperoxalúria induzida pelo EG.

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Apoio Financeiro: Fapesp nº 2011/11699-0

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Restrição nutricional materna na gestação e lactação provoca alterações no

desenvolvimento e metabolismo da prole ao desmame.

PINKE

1, C.A.E.; SANTOS

2, F.P.G.; PINHEIRO

3, D.F.; VICENTINI-PAULINO

3, M.L.M.; MORCELI

3,

L.; TERUYA4, T.S.; SARTORI

3, D.R.S.

1Pós-graduanda em Programa de Pós-graduação em Zootecnia, FMVZ, Unesp, Botucatu, SP.

[email protected] 2Curso de Nutrição do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

3Departamento de Fisiologia, Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

4Curso de Biomedicina do Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP.

Introdução e Justificativa A gestação é um período muito importante para a saúde do indivíduo gerado. Diversos

estudos vêm demonstrando que condições de estresse e mudanças nutricionais durante este período provocam uma resposta adaptativa para sobrevivência em um ambiente hostil, redistribuindo os nutrientes ingeridos para órgãos mais vitais como cérebro, fígado e pâncreas melhorando a capacidade de sobrevivência (Petry et al., 1997; Martin-Gronert & Ozanne, 2005; Fernandez-Twinn & Ozanne, 2006). No entanto, se após o nascimento, o ambiente torna-se mais favorável e o aporte nutricional melhora, essas adaptações tornam-se prejudiciais, podendo ser a origem de diversas doenças cardiovasculares, renais e metabólicas no início da vida adulta (McMillen & Robinson, 2005; Barker, 2007).

Alterações na alimentação materna no período gestacional e neonatal, como a restrição nutricional, seja ela global, protéica ou de micronutrientes (Rao et al, 2012), agem na fisiologia do feto, modificando todo o seu metabolismo, deixando-o mais suscetível ao desenvolvimento de obesidade, resistência à insulina e diabetes quando tornar-se um animal adulto (Seki et al, 2012).Segundo Rinaudo e Wang (2012), condições adversas em qualquer fase da gestação levam a intolerância à glicose e se ocorrerem no final da gestação, provocará alterações no metabolismo intermediário, pois é nesta fase que ocorre a deposição de gordura.

Howie et al (2012), em seus estudos, mostram que o nível nutricional nos períodos de gestação e lactação são importantes para a determinação do fenótipo metabólico da prole. Quando há uma restrição na gestação com oferta de alimentos na lactação, em comparação a filhotes restritos, traz maiores prejuízos a longo prazo na progênie, como a obesidade e a síndrome metabólica, mas quando a restrição nutricional acontece desde a concepção até o desmame, há mais consequências adversas associadas ao rápido crescimento, principalmente em fêmeas.

Em suma, os estudos com desnutrição materna apontam para diversas alterações metabólicas e cardiovasculares que contribuem para o surgimento de diversas patologias como a obesidade, a hipertensão, resistência à insulina e diabetes tipo II na vida adulta. Entretanto, ainda são poucos os relatos existentes sobre este assunto, corroborando a necessidade de mais estudos correlacionando a restrição de nutrientes no período fetal como fatores desencadeantes destas modificações metabólicas. Portanto, o presente estudo deve ampliar o conhecimento nesta área e buscar melhor entendimento sobre o aparecimento de desordens metabólicas nos animais que sofrem restrição nutricional na fase inicial da vida.

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Objetivo

O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da restrição nutricional materna na gestação e lactação sobre o desenvolvimento do animal, o metabolismo de gordura e de glicose em ratos ao desmame (três semanas de idade).

Material e Métodos Foram utilizadas 48 fêmeas de ratos (Rattus norvegicus) da linhagem Wistar, provenientes do

Biotério Central da UNESP – Botucatu, para acasalamento aleatório poligâmico de duas fêmeas para um macho em cada caixa. Os animais foram mantidos em biotério com controle do fotoperíodo de 12h de luz e a temperatura foi mantida em 21°C ± 2°C. Antes do acasalamanto, machos e fêmeas foram vermifugados com antiparasitário comercial (20mg/Kg de peso corpóreo) após detecção de parasitas internos através de exame parasitológico com a metodologia de Willis (1921) e Graham (1941). Somente os animais que apresentaram exame parasitológico negativo após vermifugação foram utilizados para acasalamento. Na manhã seguinte ao acasalamento, foi realizado o diagnóstico de prenhez através de esfregaço vaginal, sendo que a presença de espermatozóides marcou o primeiro dia de gestação. As fêmeas prenhes foram transferidas para caixas individuais para formação dos grupos experimentais.

Durante o período de gestação as fêmeas foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos experimentais que diferiram quanto à dieta, sendo um grupo controle (n=16), formado por ratas-mãe alimentadas ad libitum com dieta padrão de biotério e um grupo restrito (n=32) com fêmeas alimentadas com dieta padrão de biotério com restrição de 30% da quantidade oferecida ao grupo controle, provocando, desta forma, uma restrição calórico-protéica. Após o nascimento, os filhotes foram pesados individualmente e o tamanho da ninhada foi registrado e ajustado para oito filhotes por fêmea (quatro machos e quatro fêmeas). Foram selecionados dois machos e duas fêmeas de maior peso e dois machos e duas fêmeas de menor peso corporal, que foram mantidos com a mãe até o final do período da lactação. Embora no presente estudo apenas ratos machos foram utilizados, este procedimento foi adotado com o objetivo de manter a igualdade das proles. Os filhotes excedentes foram sacrificados por câmara de CO2.

Ao nascimento dos filhotes, as mães do grupo que sofreram restrição durante a gestação foram divididas aleatoriamente em dois tratamentos que diferiram quanto ao manejo alimentar: grupo controle (alimentação ad libitum) e grupo restrito (restrição alimentar de 30% do consumo do grupo controle). Desta maneira, durante a lactação, as fêmeas foram distribuídas em três grupos:

CC (controle/controle, n=16) = mães alimentadas ad libitum durante a gestação e lactação; RC (restrito/controle, n=16) = mães submetidas à restrição alimentar de 30% durante a

gestação e alimentadas ad libitum durante a lactação; RR (restrito/restrito, n=16) = mães submetidas à restrição alimentar de 30% durante a

gestação e lactação. Um macho de menor peso de cada prole foi sacrificado ao desmame (três semanas de

idade). As fêmeas foram descartadas e sacrificadas em câmara de CO2. A dieta utilizada durante o período experimental (gestação e lactação) foi formulada pelo

programa Super Crac 5.7 Windows – versão Máster, de acordo com as recomendações do NRC (1995) e AIN-93 e foram preparadas com ingredientes selecionados e livres de contaminantes. A composição e a análise bromatológica da ração está descrita na Tabela 1.

Durante a gestação e lactação o consumo de ração da rata mãe foi controlado diariamente e após o desmame esse controle foi feito três vezes por semana. Os filhotes foram pesados ao nascimento e semanalmente até o momento do sacrifício.

Após sacrifício por decapitação, o fígado foi rapidamente removido, pesado e congelado para posterior análise do teor de gordura, através do método de Folch et al. (1957).

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Os depósitos de gordura da região visceral, retroperitoneal e periepididimal foram retirados e pesados. A carcaça dos animais foi pesada e colocada em solução de KOH 6N. Após digestão, a gordura da carcaça foi determinada pelo método de Jansen et al (1966). Foi determinado o índice de adiposidade através da seguinte fórmula:

Para a determinação dos teores de glicose e lipídeos séricos foi coletado sangue em tubos de

centrifuga, que foi centrifugado por 10 minutos a 3.500 rpm para separação do soro. Alíquotas do soro foram retiradas e armazenadas em freezer a – 5°C para posterior determinação. Os níveis séricos de glicose, colesterol total, triglicerídeos e HDL–colesterol foram determinados através de kits comerciais (Bioclin), seguindo as instruções do fabricante, utilizando o analisador bioquímico BS-200 da marca Mindray. O teor de VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa) foi calculado utilizando-se a Equação de Friedewald, dividindo-se o teor de triglicerídeos séricos por cinco. O LDL (lipoproteína de baixa densidade) foi calculado retirando-se o valor de HDL e VLDL do valor de colesterol total (FRIEDEWALD et al, 1972).

A análise estatística dos dados foi feita com o auxílio do software Minitab 16. Os dados obtidos foram analisados pela análise de variância sendo complementado pelo teste de Dunnett, com nível de significância de 5%, avaliando a diferença dos grupos restrito somente na gestação e restrito na gestação e lactação com o grupo controle.

Os procedimentos experimentais foram feitos de acordo com os Princípios Éticos na Experimentação Animal adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e aprovados pela Comissão de Ética na Experimentação Animal (CEEA) do Instituto de Biociências de Botucatu (processo nº 338/2011-CEEA).

Tabela 1. Composição e análise bromatológica da ração formulada.

Ração Ingrediente Quantidade (%)

Análise Bromatológica

Milho (grão) 46,80 Matéria Seca* (%) 95,42 Farelo de Soja 45% 30,50 Proteína Bruta* (%) 22,95 Soja integral tostada 10,00 Extrato Etéreo* (%) 10,67 Farelo de Trigo 2,00 Cinzas* (%) 3,88 Gordura de suínos 5,50 Fibra Bruta* (%) 3,15 Óleo de Soja 1,00 Energia Bruta** (Kcal/Kg) 4559 Açúcar 2,00 Supl. Vitamínico-mineral

1 1,00

DL-metionina 0,03 L-lisina HCl 0,01 Calcário 0,82 Sal comum 0,30 BHT 0,10

1Suplemento vitamínico-mineral. Nível de inclusão por Kg de suplemento: ácido nicotínico 0,300%; pantotenato

de cálcio 0,160%; piridoxina HCl 0,070%; Tiamina HCl 0,060%; Riboflavina 0,060%; ácido fólico 0,020%; biotina 0,002%; vitamina B12 0,250%; vitamina E 0,750%; vitamina A 0,040%; vitamina D3 0,000%; vitamina K3 0,030%; cloreto de colina 6,000%; inositol 1,100%; lisina 14,000%; metionina 14,000%; sulfato de potássio 4,078%; óxido de magnésio 1,932%; citrato de ferro 2,354%; carbonato de zinco 0,202%; carbonato de manganês 0,055%; carbonato cúprico 0,126%; iodato de potássio 0,116%; selenato de sódio 0,043%; para-molibidato de amônio 0,280%; meta silicato de sódio 0,508%; sulfato de cromo-potássio 0,963%; cloreto de lítio 0,609%; ácido bórico 2,853%; fluoreto de sódio 2,223%; carbonato de níquel 1,113%; vanadato de amônio 0,231%. *Resultados expressos em 100% de Matéria Seca. Laboratório de Bromatologia-Departamento de Nutrição e Melhoramento Animal-Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia-UNESP, campus de Botucatu/SP; **Valores de Energia Bruta expressos na 2ª Matéria Seca, Laboratório de Nutrição Animal-Departamento de Zootecnia-Faculdade de Ciências Agrárias-UNESP, campus de Jaboticabal/SP.

Índice de adiposidade=[(gord. periepididimal+retroperitonial+visceral)/peso corporal]x100

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Resultados

A restrição nutricional materna de 30% na gestação não alterou o peso dos filhotes ao nascer.No entanto, ao desmame, o grupo RR apresentou menor peso corpóreo, peso de carcaça e ganho de peso quando comparado ao grupo CC (p<0,05) (Tabela 3). Tabela 3: Efeito da restrição alimentar materna de 30% na gestação e/ou lactação sobre o peso corpóreo, ganho de peso e peso de carcaça em animais de três semanas de idade.

CC RC RR

P0 (g) 6,22±0,71 5,77±0,65 5,88±0,54

P3 (g) 47,34±4,87 47,18±6,15 32,55±2,10*

PCar (g) 37,94±3,86 37,90±4,99 26,59±2,09*

GP (g) 41,12±4,80 41,41±5,80 26,68±1,86*

C = alimentação ad libitum e R = restrição alimentar de 30%. A primeira letra representa o tratamento durante o período gestacional e a segunda, o período da lactação. Médias ± desvio padrão. * indica diferença com o grupo CC pelo teste Dunnett, ao nível de 5% de significância. P0: Peso ao Nascer; P3: Peso em três semanas de idade; PCar: Peso de Carcaça; GP: Ganho de Peso de 0 a 3 semanas de idade.

A deposição de gordura foi influenciada pela restrição nutricional na gestação e na lactação.

Comparado com o grupo CC, o grupo RR apresentou menor peso de gordura retroperitonial e periepididimal (p<0,05). Da mesma forma, a gordura corporal total foi menor (p<0,05), mesmo a gordura visceral não sendo estatisticamente diferente da observada no grupo CC, assim como o índice de adiposidade (Tabela 4). O grupo RC apresentou maior depósito de gordura visceral quando comparado ao grupo CC (p<0,05) e maior índice de adiposidade (p<0,05), como pode ser observado na Tabela 4. Já o teor de gordura hepática foi menor para o grupo RR (p<0,05) e o teor de gordura de carcaça dos grupos RC e RR não diferiram quando comparados ao grupo CC (Tabela 4). Tabela 4: Efeito da restrição alimentar materna de 30% na gestação e/ou lactação sobre o peso relativo (%) dos depósitos de gordura, índice de adiposidade e teor de gordura hepática e de carcaça em animais de três semanas de idade.

CC RC RR

Gordura Retroperitonial

0,29±0,11 0,36±0,10 0,13±0,06*

Gordura Periepididimal

0,22±0,08 0,22±0,06 0,13±0,04*

Gordura Visceral

0,53±0,07 0,63±0,08* 0,56±0,11

Gordura Corporal Total 0,50±0,12 0,58±0,15* 0,27±0,06*

Índice Adiposidade

1,05±0,19 1,21±0,21* 0,82±0,16*

% Gordura Hepática 5,02±1,47 5,70±0,68 6,53±1,63*

% Gordura de Carcaça 11,77±2,49 10,49±2,31 6,07±1,99

C = alimentação ad libitum e R = restrição alimentar de 30%. A primeira letra representa o tratamento durante o período gestacional e a segunda, o período da lactação. Médias ± desvio padrão. * indica diferença com o grupo CC pelo teste de Dunnett, ao nível de 5% de significância.

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O teor de glicose sanguinea observado no grupo RR foi significativamente menor e houve um aumento nos valores de triglicerídeos e VLDL para grupo RR em relação a CC (p<0,05), como mostra a Tabela 5. Os níveis de colesterol total, o HDL-colesterol e o LDL sanguineos nos grupos RC e RR não foram diferentes daqueles encontrados para o grupo CC. Tabela 5: Efeito da restrição alimentar materna de 30% na gestação e/ou lactação sobre o perfil lipídico e glicose séricos em animais com três semanas de idade.

CC RC RR

Triglicerídeos (mg/dl)

178,71±59,23 186,32±61,89 249,43±58,08*

Glicose (mg/dl) 168,96±15,75 166,40±13,92 153,59±10,66*

Colesterol total (mg/dl) 149,45±26,63 138,73±21,67 155,56±34,49

HDL-colesterol (mg/dl) 45,53±4,06 44,35±5,80 44,28±7,02

VLDL (mg/dl) 35,74±11,85 37,26±12,38 49,89±11,62*

LDL (mg/dl) 60,97±16,15 57,12±14,00 67,40±27,70

C = alimentação ad libitum e R = restrição alimentar de 30%. A primeira letra representa o tratamento durante o período gestacional e a segunda, o período da lactação. Médias ± desvio padrão. * indica diferença com o grupo CC pelo teste de Dunnett, ao nível de 5% de significância.

O peso relativo de estômago, fígado, jejuno e intestino grosso foi menor para o grupo RR

quando comparados ao grupo CC. No grupo RC, o peso relativo dos órgãos avaliados neste estudo não diferiu daquele observado no grupo CC. (Tabela 6). Tabela 6: Peso relativo (%) dos órgãos do trato gastrointestinal de animais submetidos à restrição alimentar durante o desenvolvimento intrauterino até o final da lactação.

CC RC RR

Estômago 0,73±0,06 0,73±0,06 0,83±0,06*

Pâncreas 0,43±0,07 0,45±0,06 0,44±0,09

Fígado 3,96±0,21 4,03±0,30 3,77±0,23*

Duodeno 1,67±0,29 1,70±0,28 1,68±0,25

Jejuno 3,10±0,92 3,78±0,92 4,41±1,13*

Íleo 0,97±0,28 1,08±0,20 1,04±0,18

Intestino Grosso

1,09±0,12 1,13±0,11 1,20±0,14*

C = alimentação ad libitum e R = restrição alimentar de 30%. A primeira letra representa o tratamento durante o período gestacional e a segunda, o período da lactação. Médias ± desvio padrão. * indica diferença com o grupo CC pelo teste Dunnett, ao nível de 5% de significância.

Discussão Atualmente, muitos estudos acerca do desenvolvimento da obesidade e de alterações

metabólicas procuram respostas na hipótese da programação fetal que consiste em modificações no organismo de animais que sofreram restrição alimentar durante seu desenvolvimento fetal. Outras linhas de pesquisa buscam respostas durante o período perinatal já que é nesse período que ocorre a maior parte do desenvolvimento do sistema regulador do balanço energético. Segundo Remmers e Delemarre-Van de Wall (2011), se houver condições desfavoráveis nessa fase, uma homeostase

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energética poderá ser programada, que pode perdurar até a vida adulta.De fato, a nutrição desbalanceada das mães durante a gestação afeta, a longo prazo, sua prole, estando essa situação associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, metabólicas, renais e obesidade (McMillen & Robinson, 2005; Barker, 2007).

Estudos anteriores de modelos animais com programação fetal comprovaram que filhotes de uma mesma ninhada respondem de forma diferente a restrição nutricional durante a vida intrauterina. Assim, para garantir o efeito da restrição nutricional intrauterina no filhote, foi adotado, no presente estudo, o critério de seleção de animais de menor peso ao nascer. Os filhotes mais leves refletem menor fornecimento de nutrientes pela placenta, o que está relacionado com a distribuição do feto no útero (Nissen et al, 2011) e podem apresentar fenótipos diferentes quando adultos (Desai et al, 2007).

No presente estudo, a restrição alimentar na gestação e lactação induziu significativa redução no peso corpóreo da prole ao desmame (grupo RR) assim como no ganho de peso desses animais o que pode ser explicada, em parte, pela quantidade e qualidade do leite materno. Estudos anteriores mostram que a nutrição inadequada das mães nessa fase compromete a composição de seu leite, podendo levar a um menor desenvolvimento da ninhada (Timofeeva et al, 1999; Bautista et al, 2008; Coupé et al, 2009).

A ingestão de leite com qualidade comprometida deve estar associada a alterações no desenvolvimento de órgãos e tecidos da prole. No presente estudo, foi observado maior peso relativo de estrutura do trato gastrointestinal, como o estômago, jejuno e intestino grosso. Pode estar relacionado com a função de armazenamento exercida pelo estômago que pode ser preservada para permitir um rápido retorno da ingestão em quantidades maiores, após períodos de restrição. De fato, foi observado em camundongos restritos em 30% do alimento e em aves alimentadas com dietas de baixa caloria um aumento no peso desse órgão (Deborah & Hammond, 2001; Starck & Rahmaan, 2003). Contrariamente, outros estudos mostraram pesos menores de órgãos do trato digestório em consequência da restrição materna (Young et al., 1987, Weaver et al.,1998, Wang et al., 2005).

O grupo dos animais RC (restrição apenas na gestação) apresentou crescimento compensatório, do nascimento ao desmame. O aumento no tecido adiposo visceral, com conseqüente aumento na gordura corporal total e índice de adiposidade devem ter contribuído com o ganho de peso compensatório, como observado por Howie et al (2012) que mostraram aumento na gordura corporal total em animais desmamados provenientes de mães que sofreram restrição nutricional de 30% somente na gestação. Esses pesquisadores também observaram aumento da massa óssea nesse estudo. Assim, podemos inferir que essa compensação no peso corpóreo dos animais RC está relacionada com maior deposição de gordura nas vísceras e, provavelmente, aumento de massa óssea, embora não avaliado pelo presente estudo.

O aumento de gordura hepática observado no presente estudo é indicativo de efeitos da restrição materna na fase de desenvolvimento fetal sobre este tecido. De fato, pode ser observado neste estudo menor peso relativo de fígado e acúmulo de gordura neste órgão ao desmame em animais que sofreram restrição materna na gestação e lactação (grupo RR). Distúrbios no metabolismo hepático de glicose, assim como mudanças no metabolismo do colesterol, foram observados em ratos cujas mães receberam dietas com baixa proteína ou energia durante a gestação (Godfrey & Barker, 2001), que estão associados com alterações na circulação fetal, favorecendo o sistema nervoso central, e com isso, modificando o crescimento do fígado, afetando o metabolismo de lipídico e de glicose. Estudos observaram que ocorrem alterações permanentes em duas enzimas hepáticas, a fosfoenolpiruvato carboxilase e a glicoquinase, ambas envolvidas na síntese e quebra da glicose (Barker, 1998).

Conclusão A restrição nutricional materna exerce um efeito negativo sobre o crescimento corpóreo,

desenvolvimento de vários tecidos como fígado e trato gastrointestinal, e acarreta alterações no metabolismo lipídico e de glicose, podendo gerar indivíduos adultos com maior propensão ao desenvolvimento de doenças, como resistência à insulina.

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