jorap-discalculia

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FACULDADE INTERAÇÃO AMERICANA ALEX SANDRO SILVA RA 105588 CAROLINE DANTAS RA 106857 EBER SILVA BARRETO RA 106696 ITALO REGAZZO S. JUNIOR RA 106697 JÉSSICA PRISCILA D. NASCIMENTO RA 106864 RIVALDO S. SILVA RA 106713 SERGIO PEREIRA RA 106712 DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM: DISCALCULIA

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Page 1: JORAP-DISCALCULIA

FACULDADE INTERAÇÃO AMERICANA

ALEX SANDRO SILVA RA 105588CAROLINE DANTAS RA 106857

EBER SILVA BARRETO RA 106696ITALO REGAZZO S. JUNIOR RA 106697

JÉSSICA PRISCILA D. NASCIMENTO RA 106864RIVALDO S. SILVA RA 106713SERGIO PEREIRA RA 106712

DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM: DISCALCULIA

SÃO BERNARDO DO CAMPO2012

Page 2: JORAP-DISCALCULIA

ALEX SANDRO SILVA RA 105588CAROLINE DANTAS RA 106857

EBER SILVA BARRETO RA 106696ITALO REGAZZO S. JUNIOR RA 106697

JÉSSICA PRISCILA D. NASCIMENTO RA 106864RIVALDO S. SILVA RA 106713SERGIO PEREIRA RA 106712

DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM: DISCALCULIA

Trabalho da JORAP, apresentado a Faculdade Interação Americana, como exigência parcial para obtenção de créditos da Licenciatura de Graduação Plena em Matemática, sob orientação da professora Vanesca Coppini dos Santos.

SÃO BERNARDO DO CAMPO2012

Page 3: JORAP-DISCALCULIA

RESUMO

A educação como um processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, propicia a interação em sociedade. Este processo resulta no adquirir conhecimento, o aprender. Porém, aprende-se com significado, pois o aprender mecânico é esquecido. A figura responsável por passar conhecimento aos alunos é o professor, que deve despertar nos mesmos o desejo de aprender. Alunos com dificuldades de aprendizagem são facilmente “trabalhados” em sala de aula, já os que apresentam distúrbios de aprendizagem são “trabalhados” de forma diferente. Distúrbios de aprendizagem são problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações. São eles: dislexia, TDAH (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade) e discalculia. Com o advento da inclusão escolar alunos com distúrbios de aprendizagem freqüentam a mesma escola que alunos que não o têm. A discalculia é um distúrbio de aprendizagem na área da matemática, ou seja, é a incapacidade de identificar e compreender conceitos matemáticos básicos. Há seis tipos de discalculia: verbal, léxica, gráfica, operacional, ideognóstica e practognóstica. Jogo dos cubos e das garrafas, jogo de dominó, botões matemáticos, tangram, a batalha, 7 cobras, quantos patos tem?, Número oculto, jogo do detetive, jogo uno, xadrez e a informática auxiliam a aprendizagem de alunos com discalculia. Esta pesquisa, realizada por meio de material bibliográfico e pela Internet, teve como objetivo geral evidenciar a importância do professor como agente transformador e como objetivo especifico analisar como o professor pode trabalhar, em sala de aula, com alunos que apresentam discalculia, um distúrbio de aprendizagem.

Palavras-chave: Educação; Aprendizagem; Inclusão; Discalculia.

Page 4: JORAP-DISCALCULIA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .....................................................................................................................05

1 . APRENDIZAGEM .........................................................................................................061 .1 Educação ....................................................................................................................061 .2 O que é ap rende r? ..................................................................................................071 .3 A impor t ânc i a do ap rend i zado .........................................................................081 .4 Ens ina r é mob i l i z a r o de se jo de ap rende r ..................................................10

2 . DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM ....................................................................122 .1 D i f i cu ldades ou d i s t ú rb io de ap rend i zagem? ............................................122 .2 T ipos de d i s t ú rb io s ...............................................................................................152 .2 .1 TDAH ......................................................................................................................152 .2 .2 D i s l ex i a ..................................................................................................................152 .2 .3 D i sca l cu l i a ............................................................................................................202 .3 Inc lu são ......................................................................................................................21

3 . DISCALCULIA ...............................................................................................................233 .1 Conce i t o de d i s ca l cu l i a .......................................................................................233 .2 T ipos de d i s ca l cu l i a ..............................................................................................243 .3 O pape l do p ro fe s so r no p roce s so ..................................................................26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................30

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................32

Page 5: JORAP-DISCALCULIA

INTRODUÇÃO

O p re sen t e t r aba lho acadêmico t em como ob j e t i vo ge r a l ana l i s a r a

impor t ânc i a do p ro fe s so r no p roce s so educa t i vo de c r i ança s que

ap re sen t am um d i s t ú rb io de ap rend i zagem em ma temá t i ca , a d i s ca l cu l i a , e

como e l e pode s e r um agen t e t r ans fo rmador ne s t e p roce s so .

No p r ime i ro cap í t u lo ev idenc i a - s e a educação como p roce s so

con t í nuo de de senvo lv imen to da s f a cu ldades f í s i c a s , i n t e l e c tua i s e mora i s

do s e r humano , s endo de f i n ido o que é ap rende r e qua l sua impor t ânc i a no

con t ex to e sco l a r .

O segundo cap í t u lo abo rda a d i f i cu ldade de ap rend i zagem,

ana l i s ando o s p r i nc ipa i s d i s t ú rb io s de ap rend i zagem e sua impor t ânc i a ,

pa r t i do pa r a a i nc lu são .

O t e r ce i ro c ap í t u lo t r a t a da d i s ca l cu l i a , p rop r i amen te d i t a , pa r t i ndo

do conce i t o , de sc r evendo o s t i pos e , o ma i s impor t an t e : ev idenc i ando a

impor t ânc i a do p ro fe s so r e como e s t e pode t r aba lha r com a lunos com

d i s ca l cu l i a .

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1. APRENDIZAGEM

1 .1 Educação

Educação é o p roce s so con t í nuo de de senvo lv imen to da s f a cu ldades

f í s i c a s , i n t e l e c tua i s e mora i s do s e r humano , a f im de me lho r s e i n t eg ra r

na soc i edade ou no s eu p róp r io g rupo 1 . No con t ex to e sco l a r f o rma l , o s

conhec imen tos e hab i l i dades s ão t r ansmi t i dos aos a l unos com ob j e t i vo de

de senvo lve r o r a c ioc ín io e c r e sc imen to i n t e l e c tua l , f o rmando , a s s im ,

c i dadãos a tuan t e s na soc i edade onde e s t ão i n se r i dos .

A educação é nece s sá r i a à sob rev ivênc i a do s e r humano . O

conhec imen to adqu i r i do pe l a human idade de ou t ro r a é ap rop r i ado pe l a de

ho j e , pa r a que não ha j a a nece s s idade de i nven t a r t udo novamen te . Des t a

fo rma , o l egado p roduz ido pe l a human idade e s t abe l ece uma r e l ação com o

que é ap rend ido ho j e . A t a r e f a do p ro fe s so r é de spe r t a r a pe r cepção do

a luno pa ra e s t a r e l a ção , dando um sen t i do ao que é ap rend ido .

Não há uma ún i ca fo rma nem ún i co mode lo de educação e nem a

e sco l a é o ún i co l uga r onde acon t ece . Todos , de uma fo rma ou de ou t r a ,

f a zemos u so de l a , s e j a em ca sa , na rua , na i g r e j a ou na p róp r i a e sco l a . Nos

envo lvemos com e l a pa r a ap rende r e ens ina r , pa r a s abe r , pa r a s e r , f a ze r ou

pa ra conv ive r . A educação e s t á con t ex tua l i z ada a nos sa v ida (BRANDÃO,

1981 ) .

1 .2 O que é aprender?

1 Informação retirada: http://www.significados.com.br/educacao/

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Page 7: JORAP-DISCALCULIA

Hoje , de f a t o , v ivemos em uma soc i edade ba seada no conhec imen to .

É nece s sá r i o s abe r e , como j á é de conhec imen to de t odos , nenhum se r

humano na sce s abendo , ex i s t e t odo um p roces so educac iona l que o

ap re sen t a t odas a s mane i r a s e cos tumes , a l ém de ou t r a s i n fo rmações que

i r ão ag rega r sua v ida e a j udá - lo no momen to de e sco lha ou dec i s ão . Ass im

como a f i rma Gado t t i ( 2003 ) , “ educar é aprox imar o s e r humano do que a

human idade p roduz iu ” .

Aprende r é adqu i r i r conhec imen to , po rém, não é , apenas , o s imp le s

a cúmulo de conhec imen to , não é qua lque r conhec imen to . E l e deve t e r

s en t i do , nece s s idade e u t i l i dade pa r a quem ap rende . Logo , o a l uno que não

vê s en t i ndo não ap rende rá , r e s i s t i r á ao ap rend i zado . Aprendemos a pa r t i r

da i n t e r ação com o mundo que nos rode i a . Quem dá s i gn i f i c ado ao que

ap rendemos é o con t ex to .

De aco rdo com o Gado t t i ( 2003 ) , o a t o de ap rende r não s e l im i t a a

apenas deco ra r , a cumula r i n fo rmações , mas s im a hab i l i dade de pensa r . A

hab i l i dade de ap rende r a pensa r sob re a v ida . A se r c r i a t i vo , a ge r a r

so luções , ap r ende r u sa r a s i n fo rmações de mane i r a coe ren t e e t r ans fo rmá-

l a s em so luções ou novas i de i a s .

Sob re ap rende r é impor t an t e c i t a r que t odo ap rend i zado é adqu i r i do

de mane i r a i nd iv idua l , ou s e j a , só abso rvemos o que nos é i n t e r e s san t e , o

que a nos t e r á a l guma u t i l i dade . Ou s e j a , c ada i nd iv íduo t em seu i n t e r e s se .

Ass im , do mesmo con t eúdo podem-se t i r a r d ive r sa s i n fo rmações e i s so

va r i a de aco rdo com o i n t e r e s se do r ecep to r . Po rém é no co l e t i vo , no

con t ex to que s e ap rende . Es t e ob j e t i vo va r i a de aco rdo com o p l ano de

v ida de cada c idadão .

Con tudo , não é pos s íve l i n se r i r conhec imen to de mane i r a mecân i ca

na men t e de qua lque r s e r humano . Aprende r é uma p rá t i c a que s e t o rna

pos s íve l com e s fo rços , i n fo rmações t eó r i c a s e de p r e f e r ênc i a com

expe r i ênc i a s p r á t i c a s . Po i s , como po r exemplo , a l guém que nece s s i t e

ap rende r a d i r i g i r : não ba s t a r e cebe r t oda s a s i n s t ruções t eó r i c a s pa r a s e

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Page 8: JORAP-DISCALCULIA

d i ze r um mo to r i s t a , é nece s sá r i o v ivênc i a e p r á t i c a , como t ambém não

ba s t a i ng re s sa r na p r á t i c a s em ao menos um p ré - r e f e r enc i a l t eó r i co sob re o

a s sun to . É p r ec i so p r ime i ro que ha j a o i n t e r e s se , uma ap re sen t ação sob re o

a s sun to , a l go p r á t i co pa r a que r ea lmen t e o agen t e ap rend i z e s t e j a ap to à

função .

1 .3 A impor tânc ia do aprend izado

Segundo BOCK (1999) , p roce s so pe lo qua l o mundo de s i gn i f i c ados

t em o r igem é denominado cogn i ção , ou s e j a ,   o con jun to de i n fo rmação

a rmazenada po r i n t e rméd io da expe r i ênc i a ou da ap rend i zagem, t o rna s e

pon to de pa r t i da p r a ou t ro s ap rend i zados , dando s i gn i f i c ado pa ra e l e a

pa r t i r da r e l a ção com seu conhec imen to p r év io . Po r i s so , ao mos t r a r uma

fo to de uma r aposa a uma c r i ança , e pe rgun t a r o que é , e l a d i r á que é um

cacho r ro , po i s é a r e f e r ênc i a conhec ida po r e l a .

GADOTTI (2003 ) de f ende que t odo s e r humano é um se r i nacabado

ou i ncomple to , que na sce “c ru” e deve s e r ens inado e deve ap rende r com

a lguém. A lguém que e s t e j a p ron to a ap re sen t a r i n fo rmações que ac r e scen t e

a l go que j u lguemos p rove i t o so pa r a o nos so c r e sc imen to e pa r a nos sa

ro t i na como se r v ivo , cons t i t u in t e de uma soc i edade . Só pa ramos de

ap rende r quando mor remos . Não ap rendemos po rque é “bon i t i nho”

ap rende r , e s im po rque é nece s sá r i o pa r a a v ida . Sabemos que s e somos

capazes de f a ze r a l go que an t e s não f az í amos , é po rque ap rendemos .

Há , con tudo , s egundo BOCH (1999) , duas abo rdagens cogn i t i v i s t a s

denominadas , ap r end i zagem mecân i ca e ap rend i zagem s ign i f i c a t i va :

1 . Aprend izagem mecân ica : é aque l a que é adqu i r i da com pouca ou

nenhuma a s soc i ação com conce i t o s j á ex i s t en t e s na e s t ru tu r a cogn i t i va , ou

s e j a , quando a s novas i n fo rmações s ão ap rend ida s s em in t e r ag i r com

conce i t o s r e l evan t e s ex i s t en t e s na e s t ru tu r a cogn i t i va . Des t a fo rma , é

pos s íve l deco ra r f ó rmu la s , l e i s , po rém, é e squec ido após a ava l i a ção .

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Page 9: JORAP-DISCALCULIA

2 . Aprend izagem s ign i f i ca t i va : é aque l a i dé i a ou i n fo rmação adqu i r i da

po r me io da r e l a ção dos conce i t o s r e l evan t e s , c l a ro s e d i spon íve i s na

e s t ru tu r a cogn i t i va , s endo , a s s im , a s s im i l ado , gua rdado e po t enc i a lmen t e

s e rv ido pa ra fu tu r a s aqu i s i çõe s de conhec imen to .

Temos c i ênc i a da impor t ânc i a da ap rend i zagem, po r i s t o p r ec i s amos

ap rende r “ com” , ou s e j a , ap r endemos “com” po rque p r ec i s amos do ou t ro .

A r e l ação com o ou t ro , med i ado pe lo mundo e pe l a r e a l i dade em que

v ivemos , p rop i c i a o ap rend i zado . E Es t e ap rend i zado começa a f a ze r pa r t e

do s e r , somen te , quando e l e vê que t em s ign i f i c ado , s en t i do e a t enda a

a l guma nece s s idade , GADOTTI (2003 ) .

A f i gu ra nomeada e r e sponsáve l po r a c r e scen t a r i n fo rmações , a l ém

do bá s i co pa r a sob rev ivênc i a , é o p ro fe s so r . Con tudo , e s t e s encon t r am

d ive r sa s ba r r e i r a s pa r a e f e tua r sua mi s são . É f a to que o s e r humano

nece s s i t a ap rende r , po rem o ap rend i zado deve t e r f undamen to e ap re sen t a r

s en t i do , c a so o con t r á r i o , o de s in t e r e s se é uma conseqüênc i a a s e r

en f r en t ada . Logo , o a l uno que não encon t r a r uma r e l ação com seus

ob j e t i vos e cos tumes não i r á pe r cebe r um mo t ivo pa ra ap rende r .

Esquecemos o que ap rendemos s em sen t i do . Af ina l , pa r a que

gua rda r a l go que não t em u t i l i dade? O sen t i do do conhec imen to é ap rende r

pa r a v ive r , a s s im , o conhec imen to é adqu i r i do pa ra s e r u sado e não

gua rdado , é uma f e r r amen ta que s e deve t e r s empre à mão .

O con t ex to t em um pape l impor t an t e no ap rend i zado , po i s s e

ap rende na i n t e r ação do s e r com o con t ex to e e s t e que dá s i gn i f i c ado ao

que ap rendemos . O educado r t endo c i ênc i a de t a l i n fo rmação deve

domina r , a l ém dos t ex to s , o con t ex to ; a l ém do con t eúdo , o s i gn i f i c ado de

t a l con t eúdo que é dado pe lo con t ex to soc i a l , po l í t i co e e conômico ,

mos t r ando aos a l unos o h i s t ó r i co do con t eúdo ap re sen t ado , t o rnando o

educado r , t ambém, em um h i s t o r i ado r .

O ap rende r não é , apenas , a cumula r conhec imen to , o impor t an t e é

ap rende r a pensa r , ap r ende r a ap rende r . Aprende s e com o co l e t i vo , po rém

não é o co l e t i vo que ap rende , o conhec imen to é adqu i r i do i nd iv idua lmen t e ,

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por me io da s expe r i ênc i a s v iv ida s com d i a logo en t r e o con t ex to que

pe rme ia o co l e t i vo .

Aprende s e po r t oda v ida , po rém, somen te , o que é s i gn i f i c a t i vo

pa r a o i nd iv íduo . I s t o den t ro de uma d i s c ip l i na e ded i cação , po i s há t empo

pa ra ap rende r . Não s e pode “ in j e t a r ” dados e i n fo rmações na cabeça de

n inguém. Só ap rendemos quando co locamos emoção no que ap rendemos .

Po r i s t o , o educado r deve ens ina r com a l eg r i a , po i s , s egundo Pau lo F re i r e

(1997 ) , “ Quem ens ina aprende ao ens inar e quem aprende ens ina ao

aprender ” .

GADOTTI (2003 ) , no l i v ro Bon i t e za de um sonho , r e s sa l t a que a s

e sco l a s e s t ão p r eocupadas em ens ina r e não pa ram pa ra pensa r o que é

ens ina r , como se ap rende , ou po rque s e ap rende , t endo no “da r au l a s” s eu

ún i co i nves t imen to . É p r ec i so ana l i s a r o pape l da e sco l a como in s t i t u i ç ão

que cu ida da ap rend i zagem de t odos o s e s t udan t e s , com a p r eocupação de

que a l i o s a l unos adqu i r am o conhec imen to .

1 .4 Ens inar é mob i l i zar o dese jo de aprender

A abs t r ação é o p r i nc ipa l mecan i smo u t i l i z ado pa ra r e so lve r

p rob l emas ma temá t i cos . Segundo KAMII (1995 ) , P i age t ( 1967 /1971 )

d iv id iu a abs t r ação em do i s t i pos . A abs t r ação emp í r i c a (ou s imp le s ) e a

abs t r ação cons t ru t i va ( r e f l ex iva ) :

Abstração empír i ca : a c r i ança cen t r a - s e numa p rop r i edade do ob j e to

i gno rando a s ou t r a s . E l a pode rá s e p r eocupa r com a co r de um

de t e rminado ob j e to e de scons ide ra r s eu pe so ou o ma t e r i a l do qua l f o i

f e i t o , po r exemplo .

Abstração cons tru t iva : cons i s t e na coo rdenação da s d i f e r enças dos

ob j e to s . Ta l ab s t r ação con t r i bu i pa r a a cons t rução do conhec imen to

l óg i co -ma temá t i co .

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Page 11: JORAP-DISCALCULIA

Pa ra PARRA (1996) ens ina r ma t emá t i c a com sen t i do é de senvo lve r

no a luno a c apac idade não só de r epe t i r ou r e f aze r , mas t ambém de

r e s ign i f i c a r em s i t uações novas , de adap t a r , t r an s f e r i r s eu conhec imen to

pa r a r e so lve r novos p rob l emas , u t i l i z ando a s noções ma t emá t i ca s como

f e r r amen ta s .

Segundo Moac i r Gado t t i ( 2003 ) nos sa s c r i ança s pa s sam mui to

t empo na f r en t e da t e l ev i s ão , enquan to a méd i a mund ia l é de qua t ro ho ra s

d i á r i a s em f r en t e à t e l ev i s ão e o i t o ho ra s d i á r i a s na e sco l a . No Bra s i l ao

con t r á r i o , e l a s pa s sam o i t o ho ra s d i á r i a s na f r en t e da t e l ev i s ão e qua t ro

ho ra s d i á r i a s na e sco l a ( i n GADOTTI , PG. 51 ) . Mesmo pas sando t ão pouco

t empo na e sco l a , e l a s pa s sam ma i s t empo com os p ro fe s so re s do que com

os pa i s . Da í su rge o pape l da e sco l a em t e r c i ênc i a de t a l pano rama e ,

a s s im , t r aba lhando pa ra que a e sco l a s e j a um luga r a t r a en t e pa r a a s

c r i ança s .

PARRA (1996) s a l i en t a que só ex i s t e ap rend i zagem quando o a luno

pe rcebe que ex i s t e um p rob l ema pa ra s e r so luc ionado , de s t a fo rma o

conhec imen to deve s e r o me io de r e spos t a a e s t e p rob l ema . GADOTTI

(2003 ) a f i rma : “ Ens inar é mob i l i za r o de se jo de aprender ” . O p ro fe s so r

deve de spe r t a r no a luno o de se jo de ap rende r e pa r a i s t o é nece s sá r i o que

e l e gos t e de ap rende r t ambém, po i s s e ap rende mu i to ens inado com amor e

ded i cação .

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2 .0 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

2.1 D i f i cu ldades ou d i s túrb ios de Aprend izagem?

De aco rdo Cor r i ne Smi th e L i s a S t r i ck em seu l i v ro D i f i cu ldades de

Aprend i zagem de A a Z (pg . 14 ) d i s t ú rb io s de ap rend i zagem são p rob l emas

neu ro lóg i cos que a f e t am a capac idade do cé r eb ro pa r a en t ende r , r e co rda r

ou comun ica r i n fo rmações . J á o i nd iv íduo com d i f i cu ldade de

ap rend i zagem é aque l e que ap re sen t a s i na i s , po r menore s que s e j am, de

qua lque r obs t ácu lo que d i f i cu l t e s eu p roce s so como ap rend i z , po rém não

ca r ac t e r i z ado com p rob l ema neu ro lóg i co .

De aco rdo com o l i v ro D i s tú rb io s da ap rend i zagem de W.Cor r e l e H .

Schwarze ca r ac t e r i z a - s e como d i s t ú rb io de ap rend i zagem os a lunos que

não a t i ngem o n íve l de r end imen to que s e pode r i a e spe ra r t endo em v i s t a

de sua s c apac idades , ou em um Segundo momen to o au to r de f i ne o mesmo

t ema como “a queda do r end imen to da ap rend i zagem aba ixo do n íve l

i nd i cado pe lo t a l en to e de senvo lv imen to p s i co - i n t e l e c tua i s do i nd iv íduo” .

Ex i s t em d ive r sa s c a r ac t e r í s t i c a s que f ac i l i t am a i den t i f i c ação do

d i s t ú rb io . São f a to r e s da pe r sona l i dade como , ans i edade , i nqu i e tude ,

ene rg i a em exces so , como o opos to t ambém, t im idez , qu i e tude , so l i dão .

Podem se r ap re sen t ados t ambém s in tomas de p rob l emas soc i a i s como

r ebe ld i a , f a l t a de i n t e r e s se , s em mo t ivação pa ra o e s t udo , hos t i l i dade , uma

f i gu ra t o t a lmen t e opos t a , popu l a r , sonha a l t o , p r a t i c a e spo r t e s e é a l vo de

admi ração po r sua apa rênc i a e popu l a r i dade , é no rma lmen te envo lv ido com

os e spo r t e s ou a t i v idades complemen ta r e s , mas não ac r ed i t a s e r

nece s sá r i o o s e s t udos pa r a s e r a l guém, t em uma v i s ão a cu r t o p r azo , onde

no momen to , e s t á em uma s i t uação con fo r t áve l (SMITH & STRICK, 2001 ) .

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Page 13: JORAP-DISCALCULIA

Ainda podemos c i t a r c a sos de a lunos que popu l a rmen te , d i z emos

que “v ive com a cabeça no mundo da l ua” , e s t á s empre de sa t en to e t em

d i f i cu ldade pa ra s e concen t r a r e mesmo que não t enha r ea l i z ado a t i v idades

com foco e ob j e t i vo s e s en t e exaus to e t em d i f i cu ldade pa ra do rmi r .

Ao l ongo dos anos a lunos com e s sa s d i f i cu ldades fo r am ro tu l ados

como in so l en t e s , de ba ixa i n t e l i gênc i a , p r egu i çosos e cu lpavam,

ac r ed i t ando que mo t iva r i a uma me lho r i a com f r a se s como: “Você p r ec i s a

s e ded i ca r ma i s ! ” , “Se e s fo r ce que você consegue !” , “Você não e s t á s e

ded i cando !” . E s em in t enção f r a se s como e s sa s s e t o rnam r e sponsáve i s po r

ge r a r um imenso s en t imen to de f r a ca s so , po i s o a l uno s e s en t e cu lpado e

l amen ta po r não t e r a c r ed ib i l i dade que deve r i a quando a f i rma não e s t a r

consegu indo apesa r de s eus e s fo r ços .

De um t empo pa ra c á e s se a s sun to s e t o rnou t ema de pe squ i s a s e

ob t eve um r e su l t ado acadêmico que aux i l i ou mu i to na p r á t i c a , po rém a inda

ho j e ex i s t em inúmeros r e l a t o s de con fusões ao d i agnos t i c a r c a sos de

d i f i cu ldade de ap rend i zagem e d i s t ú rb io de ap rend i zagem. Devemos

en t ende r que a d i f i cu ldade é ge r ada po r d ive r sos f a t o r e s e p rob l emas à s

veze s imp l í c i t o s , ou t r a s veze s v i s t a com c l a r eza , po rém ma l en t end ido po r

quem o vê .

Em ve rdade ex i s t em mu i to s c a sos que pa s sam despe rceb idos aos

o lhos daque l e s r e sponsáve i s po r educa r , en s ina r . São s i n tomas su t i s que

mu i t a s veze s não i n f l uenc i am d i r e t amen te na ro t i na e sco l a r , mas s im é

c l a s s i f i c ado como f a l t a de a t enção , p r egu i ça ou r ebe ld i a .

Ex i s t em p rob l emas de compor t amen tos que d i f i cu l t am a inda ma i s o

p roce s so de ap rend i zagem. No l i v ro “Di f i cu ldades de Aprend i zagem de A a

Z” , um gu i a comple to pa r a pa i s e educado re s (SMITH & STRICK, 2001 )

c l a s s i f i c a r am a lguns de s t e s comprovados :

H ipe ra t i v idade : Uma inqu i e t ação i n t ensa . A t i nge 15 a 20% das

c r i ança s e pode s e r c l a s s i f i c ada como uma dep re s são . A lguns s i na i s :

Fraco a l cance da A tenção : D i s t r a ção , f a c i l i dade , não consegue acaba r e

f i na l i z a r t a r e f a s ou t r aba lhos .

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Page 14: JORAP-DISCALCULIA

Di f i cu ldade pa ra s egu i r i n s t ruções : Cos tuma come te r enganos e

pe rgun t a r i númera s veze s .

Ima tu r i dade Soc i a l : A c r i ança s e po r t a como a lguém com menos i dade

que a sua e p r e f e r e s e r a s s im .

Di f i cu ldade com a conve r sação : Não consegue mon ta r f r a se s coe ren t e s .

In f l ex ib i l i dade : A c r i ança s e r e cusa a s egu i r i n s t ruções e p r e f e r e s egu i r

sua op in i ão mesmo que s e j a p rovado que a mesma e s t á i nco r r e t a .

Fraco P l ane j amen to e hab i l i dades Organ i zac iona i s : Não consegue s egu i r

ho rá r i o , nem sequenc i a s , não de f i ne p r i o r i dades .

Dis t r ação : Não s e l embra onde gua rdou a s co i s a s ou a s co i s a s que

combinou com a lguém, que s e comprome teu .

Fa l t a de Des t r eza : A c r i ança não pos su i coo rdenação , co s tuma de r ruba r

a s co i s a s e não t em hab i l i dades co rpo ra i s .

Fa l t a de con t ro l e de impu l sos : A c r i ança não demons t r a l im i t e s em suas

a t i t udes , não s abe r e spe i t a r t empo , l oca i s e pe s soas .

Es se s compor t amen tos , a s s im como a d i f i cu ldade de ap rend i zagem

são f a to r e s neu ro lóg i cos que devem se r v i s t o e t r a t ados de s t a mane i r a .

Es se p roce s so de i den t i f i c ação é de r e sponsab i l i dade de pa i s e p ro fe s so re s ,

e de t odos que e s t ão pa r t i c i pando do p roce s so educac iona l do a luno .

Os p ro fe s so re s de c r i ança s com d i s t ú rb io ou d i f i cu ldade de

ap rend i zagem r ea lmen t e p r ec i s am ap rende r como t r aba lha r de modo e f e t i vo

com os pa i s e o s admin i s t r ado re s e sco l a r e s pa r a o de senvo lv imen to de um

p rog rama educac iona l ap rop r i ado , um p rospec to que mu i to s cons ide ram

a s sus t ado r . Con tudo , t o rna r - s e um a t i v i s t a na e sco l a é o me lho r modo de

ga r an t i r que a s nece s s idades educac iona i s de s eu a lunos s e j am p l enamen te

s a t i s f e i t a s .

P ro fe s so re s de e s tudan t e s bem suced idos com d i s t ú rb io s de

ap rend i zagem a f i rmam que o a t en to mon i to r amen to e a de f e sa de d i r e i t o s é

o ún i co modo de ga r an t i r que e s sa s c r i ança s s e j am cons i s t en t emen te

ens inadas de um modo que t o rne a ap rend i zagem pos s íve l pa r a e l a s . Os

pa i s t êm um pape l impor t an t e no p roce s so e comumen te s e de scob rem na

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Page 15: JORAP-DISCALCULIA

pos i ção de “educa r o s educado re s” sob re d i s t ú rb io s de ap rend i zagem e

sob re mu i to s modos como a s c r i ança s podem se r a f e t ada s (SMITH &

STRICK, 2001 ) .

2 .2 T ipos de D i s túrb ios .

Apesa r de t odos t e rmos pon tos fo r t e s e f r a cos na ap rend i zagem, a s

c r i ança s com d i s t ú rb io s de ap rend i zagem encon t r am-se em uma cons t an t e

ba t a lha onde há qua t ro r i va i s p r i nc ipa i s : A f a l t a de a t enção , pe r cepção

v i sua l , p roce s samen to da l i nguagem e a f a l t a de coo rdenação .

SMITH (2001 ) apon t a pon tos impor t an t e s , ao t r aba lha r com c r i ança s

com d i f i cu ldades no ap rend i zado , s ão e s t e s :

As c r i ança s com d i f i cu ldades de ap rend i zagem f r equen t emen te t êm

p rob l emas em ma i s de uma á r ea .

As d i f i cu ldades de ap rend i zagem não de sapa recem quando uma c r i ança

vo l t a p r a c a sa após a e sco l a .

As d i f i cu ldades podem p roduz i r consequênc i a s emoc iona i s .

2 .2 .1 TDAH

De aco rdo com a fonoaud ió loga A l ine Be rghe t t i S imon i Be l l ebon i

TDAH ou t r ans to rno de dé f i c i t de a t enção /h ipe ra t i v idade é um dos

t r ans to rnos de ap rend i zagem ma i s f r eqüen t e s na s c r i ança s em idade

e sco l a r . Es t ima - se que 10% das c r i ança s na i dade p r é - e sco l a r e 4 -5% na

i dade e sco l a r ap re sen t am Hipe ra t i v idade . O TDAH encon t r a - s e

no rma lmen te a s soc i ado à s d i f i cu ldades de ap rend i zagem, s endo e s t a , a

p r i nc ipa l p r eocupação do fonoaud ió logo .

BELLEBONI (2001 ) , t ambém, chama nos sa a t enção pa ra a l guns

f a to r e s que f ac i l i t am a i den t i f i c ação do p rob l ema , como po r exemplo , a

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Page 16: JORAP-DISCALCULIA

c r i ança mu i to i nqu i e t a na s a l a de au l a , não pa ra de f a l a r com os co l egas ,

i n t e r rompe a t oda ho ra a p ro fe s so ra , i n i c i a t i va s de scon t ro l adas , t umu l tua a

au l a com um compor t amen to de sequ i l i b r ado , Apre sen t a de sempenho aba ixo

do e spe rado , ape sa r de pos su i r i n t e l i gênc i a no rma l ou ac ima do no rma l .

2 .2 .2 D i s l ex ia

Aprende r como ap rendemos e o po rquê de mu i t a s pe s soas

i n t e l i gen t e s e , a t é , gen i a i s expe r imen t a r em d i f i cu ldades pa r a l e l a s em seu

caminho d i f e r enc i a l do ap rend i zado , é de sa f i o que a C i ênc i a vem

desvendando pau l a t i namen te , em 130 anos de pe squ i s a s . E com o avanço

t e cno lóg i co de nos sos d i a s , com des t aque ao apo io da t é cn i ca de

r e s sonânc i a magné t i c a func iona l , a s conqu i s t a s dos ú l t imos dez anos t êm

t r az ido r e spos t a s s i gn i f i c a t i va s sob re o que é D i s l ex i a .

A complex idade do en t end imen to do que é D i s l ex i a , e s t á

d i r e t amen te v incu l ada ao en t end imen to do s e r humano : de quem somos ; do

que é Memór i a e Pensamen to - Pensamen to e L inguagem; de como

ap rendemos e do po r quê podemos encon t r a r f a c i l i dades a t é gen i a i s ,

mesc l adas de d i f i cu ldades a t é bá s i ca s em nos so p roce s so i nd iv idua l de

ap rend i zado . O ma io r p rob l ema pa ra a s s im i l a rmos e s t a r e a l i dade e s t á no

conce i t o a r ca i co de que : "quem é bom, é bom em tudo" ; i s t o é , a pe s soa ,

po rque i n t e l i gen t e , t em que s abe r t udo e s e r hab i l i dosa em tudo o que f az .

Pos i ção equ ivocada que Howard Ga rdne r ( 1943 ) ap ro fundou com

excepc iona l maes t r i a , em suas pe squ i s a s e e s t udos r eg i s t r ados ,

e spec i a lmen t e , em sua ob ra In t e l i gênc i a s Múl t i p l a s . I n s igh t que e l e

t r ans fo rmou em pesqu i sa c i en t i f i c amen te comprovada , que o a l çou à

pos i ção de um dos ma io re s educado re s de t odos o s t empos .

A d i f i cu ldade de conhec imen to e de de f i n i ção do que é D i s l ex i a , f a z

com que s e t enha c r i ado um mundo t ão d ive r s i f i c ado de i n fo rmações , que

con funde e de s in fo rma . A lém do que a m íd i a , no Bra s i l , a s poucas veze s

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Page 17: JORAP-DISCALCULIA

em que abo rda e s se g r ave p rob l ema , somen te o f a z de mane i r a pa r c i a l ,

quando não de fo rma i nadequada e , mesmo , fo r a do con t ex to g loba l da s

de scobe r t a s a t ua i s da C i ênc i a .

D i s l ex i a é c ausa a inda i gno rada de evasão e sco l a r em nos so pa í s , e

uma da s c ausa s do chamado "ana l f abe t i smo func iona l " que , po r pe rmanece r

envo l t a no de sconhec imen to , na de s in fo rmação ou na i n fo rmação

imprec i s a , não é cons ide rada como desencadean t e de i n suce s sos no

ap rend i zado .

Ho je , o s ma i s ab rangen t e s e s é r i o s e s t udos a r e spe i t o de s se a s sun to ,

r eg i s t r am 20% da popu l ação amer i cana como d i s l éx i ca , com a obse rvação

ad i c iona l : " ex i s t em mu i to s d i s l éx i cos não d i agnos t i c ados em nos so pa í s " .

Pa r a sub l i nha r , de c ada 10 a lunos em sa l a de au l a , do i s s ão d i s l éx i cos ,

com a lgum g rau s i gn i f i c a t i vo de d i f i cu ldades . Graus l eve s , embora

impor t an t e s , não cos tumam seque r s e r cons ide rados .

Também pa ra r e a l ça r a g r ande impor t ânc i a da pos i ção do d i s l éx i co

em sa l a de au l a c abe , a l ém de cons ide ra r o s e r í s s imo p rob l ema da

v io l ênc i a i n f an to - j uven i l , c i t a r o l amen táve l f enômeno do su i c íd io de

c r i ança s que , nos USA, t r a z o g r av í s s imo r eg i s t ro de que 40 (qua ren t a )

c r i ança s s e su i c idam todos o s d i a s , naque l e pa í s . E que d i f i cu ldades na

e sco l a e decepção que e l e s não gos t a r i am de da r a s eus pa i s e s t ão c i t ada s

en t r e a s c ausa s de t e rminan t e s de s sa t r agéd i a .

A inda é de ex t r ema r e l evânc i a cons ide ra r e s t udos amer i canos , que

p rovam se r de 70% a 80% o número de j ovens de l i nquen t e s nos USA, que

ap re sen t am a lgum t i po de d i f i cu ldades de ap rend i zado . E que t ambém é

comum que c r imes v io l en to s s e j am p ra t i c ados po r pe s soas que t êm

d i f i cu ldades pa r a l e r . E quando , na p r i s ão , e l e s ap rendem a l e r , s eu n íve l

de ag re s s iv idade d iminu i cons ide rave lmen t e .

O Dr . Norman Geschwind , M.D . , p ro f e s so r de Neu ro log i a da

Ha rva rd Med ica l Schoo l ; p ro f e s so r de Ps i co log i a do MIT - Massachus se t s

I n s t i t u t e o f Tecno logy ; d i r e to r da Un idade de Neuro log i a do Be th I s r ae l

Hosp i t a l , em Bos ton , MA, pe squ i s ado r l úc ido e pe r seve ran t e que a s sumiu a

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Page 18: JORAP-DISCALCULIA

d i r eção da pe squ i s a neu ro lóg i ca em Di s l ex i a , após a mor t e do pe squ i s ado r

p ione i ro , o Dr . Samue l Or ton , a f i rma que a f a l t a de consenso no

en t end imen to do que é D i s l ex i a , começou a pa r t i r da decod i f i c ação do

t e rmo c r i ado pa ra nomea r e s sa s e spec í f i c a s d i f i cu ldades de ap rend i zado ;

que fo i e l e i t o o s i gn i f i c ado l a t i no dys , como d i f i cu ldade ; e l ex i a , como

pa l av ra . Mas que é na decod i f i c ação do s en t i do da de r i vação g r ega de

D i s l ex i a , que e s t á a s i gn i f i c ação i n t r í n seca do t e rmo : dys , s i gn i f i c ando

impe r f e i t o como d i s função , i s t o é , uma função ano rma l ou p r e jud i cada ; e

l ex i a que , do g r ego , dá s i gn i f i c ação ma i s amp la ao t e rmo pa l av ra , i s t o é ,

como L inguagem em seu s en t i do ab rangen t e .

Po r t oda complex idade do que , r e a lmen t e , é D i s l ex i a ; po r mu i t a

con t r ad i ção de r i vada de d i f e r en t e s focos e ângu los pe s soa i s e p ro f i s s i ona i s

de v i s ão ; po rque o s c aminhos de de scobe r t a s c i en t í f i c a s que t r a zem

r e spos t a s sob re e s sa s e spec í f i c a s d i f i cu ldades de ap rend i zado t êm s ido

l ongos e ex t r emamen te l abo r io sos , nece s s i t ando , s empre , de consenso , é

impre sc ind íve l um o lha r humano , l óg i co e l úc ido pa ra o en t end imen to

ma io r do que é D i s l ex i a .

D i s l ex i a é uma e spec í f i c a d i f i cu ldade de ap rend i zado da

L inguagem: em Le i t u r a , So l e t r a ção , Esc r i t a , em L inguagem Expre s s iva ou

Recep t i va , em Razão e Cá l cu lo Ma temá t i cos , como na L inguagem Corpo ra l

e Soc i a l . Não t em como causa f a l t a de i n t e r e s se , de mo t ivação , de e s fo r ço

ou de von t ade , como nada t em a ve r com acu idade v i sua l ou aud i t i va como

causa p r imá r i a . D i f i cu ldades no ap rend i zado da l e i t u r a , em d i f e r en t e s

g r aus , é c a r ac t e r í s t i c a ev idenc i ada em ce rca de 80% dos d i s l éx i cos .

D i s l ex i a , an t e s de qua lque r de f i n i ção , é um j e i t o de s e r e de

ap rende r ; r e f l e t e a exp re s são i nd iv idua l de uma men te , mu i t a s veze s a rgu t a

e a t é gen i a l , mas que ap rende de mane i r a d i f e r en t e .

A evo lução p rog re s s iva de en t end imen to do que é D i s l ex i a ,

r e su l t an t e do t r aba lho coope ra t i vo de men t e s b r i l han t e s que s e t êm doado

em pe r s i s t en t e s e s t udos , t em marcado re s c l a ro s do p rog re s so que vem

sendo conqu i s t ado . Duran t e e s se l ongo pe r í odo de pe squ i s a s que

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Page 19: JORAP-DISCALCULIA

t r an scende ge rações , o de sencon t ro de op in iõe s sob re o que é D i s l ex i a

r edundou em ma i s de cem nomes pa ra de s igna r e s sa s e spec í f i c a s

d i f i cu ldades de ap rend i zado , e em ce rca de 40 de f i n i ções , s em que

nenhuma de l a s t enha s i do un ive r sa lmen t e a ce i t a . Recen t emen te , po rém, no

en t r e l a çamen to de de scobe r t a s r e a l i z adas po r d i f e r en t e s á r ea s r e l a c ionadas

aos c ampos da Educação e da Saúde , su rg i r am r e spos t a s impor t an t e s e

conc lu s iva s , como:

Que Di s l ex i a t em base neu ro lóg i ca , e que ex i s t e uma i nc idênc i a

exp re s s iva de f a to r gené t i co em suas c ausa s , t r ansmi t i do po r um gene

de uma pequena r ami f i c ação do c romossomo que , po r s e r dominan t e ,

t o rna D i s l ex i a a l t amen te he r ed i t á r i a , o que j u s t i f i c a que s e r ep i t a na s

mesmas f amí l i a s ;

Que o d i s l éx i co t em ma i s de senvo lv ida á r ea e spec í f i c a de s eu

hemi s f é r i o c e r eb ra l l a t e r a l -d i r e i t o do que l e i t o r e s no rma i s . Cond i ção

que , s egundo e s tud io sos , j u s t i f i c a r i a s eus "dons" como exp re s são

s i gn i f i c a t i va de s se po t enc i a l , que e s t á r e l a c ionado à s ens ib i l i dade ,

a r t e s , a t l e t i smo , mecân i ca , v i sua l i z ação em 3 demi s sões , c r i a t i v idade na

so lução de p rob l emas e hab i l i dades i n tu i t i va s ;

Que , embora ex i s t i ndo d i s l éx i co ganhado r de meda lha s o l ímp ica s em

e spo r t e s , a ma io r i a de l e s ap re sen t a ima tu r i dade p s i comoto ra ou con f l i t o

em sua dominânc i a e co l abo ração hemi s f é r i c a c e r eb ra l d i r e i t a - e sque rda .

Den t r e e s t e s , há um g rande exemplo b r a s i l e i ro que , embora somen te

com sua au to r i z ação pe s soa l pode r í amos dec l i na r o s eu nome , e l e que é

uma de nos sa s men t e s ma i s b r i l han t e s e c r i a t i va s no campo da míd i a ,

dec l a rou : "Não s e i po r que , mas quem me conhece t ambém sabe que não

t enho domín io mo to r que me dê à c apac idade de , po r exemplo , ape r t a r

um s imp le s pa r a fu so" ;

Que , com a conqu i s t a c i en t í f i c a de uma ava l i a ção ma i s c l a r a da

d inâmica de comando ce r eb ra l em Di s l ex i a , pe squ i s ado re s da equ ipe da

Dra . Sa l l y Shaywi t z , da Ya l e Un ive r s i t y , anunc i a r am, r e cen t emen te ,

uma s i gn i f i c a t i va de scobe r t a neu ro f i s i o lóg i ca , que j u s t i f i c a s e r a f a l t a

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Page 20: JORAP-DISCALCULIA

de consc i ênc i a fono lóg i ca do d i s l éx i co , a de t e rminan t e ma i s f o r t e da

p robab i l i dade de sua f a l ênc i a no ap rend i zado da l e i t u r a ;

Que o Dr . B re i tmeye r de scob r iu que há do i s mecan i smos i n t e r -

r e l a c ionados no a to de l e r : o mecan i smo de f i xação v i sua l e o

mecan i smo de t r ans i ção ocu l a r que , ma i s t a rde , f o r am e s tudados pe lo

Dr . Wi l l i am Loveg rove e s eus co l abo rado re s , e demons t r a r am que

c r i ança s d i s l éx i ca s e não -d i s l éx i ca s não ap re sen t a r am d i f e r ença na

f i xação v i sua l ao l e r ; mas que o s d i s l éx i cos , po rém, encon t r a r am

d i f i cu ldades s i gn i f i c a t i va s em seu mecan i smo de t r ans i ção no co r r e r dos

o lhos , em seu a to de mudança de foco de uma s í l aba à s egu in t e , f a zendo

com que a pa l av ra pa s sa s se a s e r pe r ceb ida , v i sua lmen t e , como se

e s t i ve s se bo r r ada , com t r açado ca r r egado e sob repos to . Sensação que

d i f i cu l t ava a d i s c r im inação v i sua l da s l e t r a s que fo rmavam a pa l av ra

e sc r i t a . Como bem f i gu ra uma educado ra e e spec i a l i s t a a l emã , " . . . É

como se a s pa l av ra s danças sem e pu l a s sem d i an t e dos o lhos do

d i s l éx i co" .

2 .2 .3 D i sca l cu l i a

Não ex i s t e uma causa ún i ca e s imp le s com que pos sam se r

j u s t i f i c adas a s ba se s dos d i s t ú rb io s com a l i nguagem ma temá t i ca . Podem

oco r r e r po r f a l t a de hab i l i dade pa r a de t e rminação de r azão ma temá t i ca ou

pe l a d i f i cu ldade em e l abo ração de cá l cu lo ma t emá t i co . Es se s d i s t ú rb io s

e s t ão a t r e l ada s a f a t o r e s d ive r sos , podendo e s t a r v incu l adas a p rob l emas

com o domín io da l e i t u r a e / ou da e sc r i t a , na compreensão g loba l do que

p roponha um t ex to , bem como no p róp r io p roce s samen to da l i nguagem.

Es t e t ema se r á abo rdado no cap í t u lo s egu in t e .

2 .3 Inc lusão

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Page 21: JORAP-DISCALCULIA

A Dec l a r ação Un ive r sa l dos D i r e i t o s Humanos (1948 ) , r e conhece a

educação como um d i r e i t o bá s i co humano . A cons t i t u i ç ão Fede ra l

B ra s i l e i r a de 1988 em seu a r t i go 205 a s segu ra a educação como d i r e i t o de

t odos , s endo deve r do Es t ado e da f amí l i a como pa r t e s r e sponsáve i s po r

sua v i ab i l i z ação , med i an t e a i gua ldade de cond i ções pa r a o a ce s so e

pe rmanênc i a na e sco l a . Des t a fo rma , o de f i c i en t e f í s i co e i n t e l e c tua l ,

t ambém, f az pa r t e de s t e “ t odo” . Embora mu i to s t enham seus d i r e i t o s

v io l ados

A inc lu são educac iona l pa r t e do p r e s supos to da ace i t a ção da s

d i f e r enças i nd iv idua i s , po r me io da conv ivênc i a , ou s e j a , a s e s co l a s devem

compor t a r a t odos , s em d i s t i nção , r e spe i t ando a d i f e r enças c l a s se soc i a l ,

de f i c i ênc i a / i nab i l i dade , e s t ado de s aúde ( i . e . HIV , TB , hemof i l i a ,

H id roce fa l i a ou qua lque r ou t r a cond i ção ) , e t c . Os p ro fe s so re s devem se r

c apazes de ens ina r qua lque r t i po de a lunos , de sde o s comuns (o t e rmo

“no rma l” é t o t a lmen t e de sneces sá r i o ) a t é o s com de f i c i ênc i a f í s i c a ou

i n t e l e c tua l . É impor t an t e r e s sa l t a que i nc lu são não é educação e spec i a l .

De f in i ção de educação i nc lu s iva , s egundo Seminá r io de Angra , em

1998 , dec l a r a que a educação i nc lu s iva :

É m a i s v a s t a q u e o e n s i n o f o r m a l : i s t o i n c l u i o l a r , a c o m u n i d a d e e s i s t e m a s n ã o f o r m a i s e i n f o r m a i s ;R e c o n h e c e q u e t o d a s a s c r i a n ç a s p o d e m a p r e n d e r ;P e r m i t e m e s t r u t u r a s d e e d u c a ç ã o , s i s t e m a s e m e t o d o l o g i a s p a r a i r d e e n c o n t r o c o m a s n e c e s s i d a d e s d e t o d a s a s c r i a n ç a s ;R e c o n h e c e e r e s p e i t a a s d i f e r e n ç a s n a s c r i a n ç a s ; i d a d e , g ê n e r o , e t n i a , l í n g u a , d e f i c i ê n c i a , s t a t u s V I H / T B , e t c . ;É u m p r o c e s s o d i n â m i c o q u e e s t á e m c o n s t a n t e e v o l u ç ã o d e a c o r d o c o m a c u l t u r a e c o n t e x t o ;F a z p a r t e d e u m a e s t r a t é g i a m a i s a l a r g a d a p a r a p r o m o v e r u m a s o c i e d a d e i n c l u s i v a .

Def in i ção de educação i nc lu s iva , s egundo a Unesco (1994 ) :

A i n c l u s ã o é v i s t a c o m o u m p r o c e s s o q u e c o n s i s t e e m a t e n d e r e d a r r e s p o s t a à d i v e r s i d a d e d e n e c e s s i d a d e s d e t o d o s o s a l u n o s a t r a v é s d e u m a p a r t i c i p a ç ã o c a d a v e z m a i o r n a a p r e n d i z a g e m , c u l t u r a s e c o m u n i d a d e s , e r e d u z i r a e x c l u s ã o d a e d u c a ç ã o e n o

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Page 22: JORAP-DISCALCULIA

â m b i t o d a e d u c a ç ã o . I s s o e n v o l v e m o d i f i c a ç ã o d e c o n t e ú d o s , a b o r d a g e n s , e s t r u t u r a s e e s t r a t é g i a s , c o m u m a v i s ã o c o m u m q u e a b r a n j a t o d a s a s c r i a n ç a s d e u m n í v e l e t á r i o a p r o p r i a d o e a c o n v i c ç ã o d e q u e e d u c a r t o d a s a s c r i a n ç a s é r e s p o n s a b i l i d a d e d o s i s t e m a r e g u l a r d e e n s i n o .

De aco rdo com o Seminá r io de Angra e a Unesco o s i s t ema r egu l a r

de ens ino é c apaz de educa r t odas a s c r i ança s , não impor t ando qua l

de f i c i ênc i a e l a t enha . Es t e p roce s so que e s t á s endo d i fund ido no âmb i to

e sco l a r cons i s t e em um g rande de sa f i o pa r a a s e sco l a s , po i s a

r e sponsab i l i dade e s t á na s mãos dos p ro fe s so re s e não , nece s sa r i amen te ,

na s mãos da s e sco l a s .

Se rá que o p ro fe s so r e s t á p r epa rado pa ra i nc lu são? E l e s e spe ram

se r p r epa rados pa r a ens ina r o s a l unos com de f i c i ênc i a e / ou d i f i cu ldades de

ap rend i zagem e de i nd i s c ip l i na , ou s e j a , uma fó rmu la me todo lóg i ca de

t r aba lho pedagóg i co que o s a j ude na s s a l a s de au l a , ga r an t i ndo - lhe s a

so lução dos p rob l emas que p r e sumem encon t r a r na s e sco l a s d i t a s

i nc lu s iva s , a s s im , t e rminando s eu t r aba lho .

Segundo MANTOAN (2003) p r epa ra r o p ro fe s so r pa r a a educação

i nc lu s iva s i gn i f i c a r e - s i gn i f i c a r o pape l do p ro fe s so r , da e sco l a , da

educação e de p r á t i c a s pedagóg i ca s que s ão u sua i s , no con t ex to exc luden t e

do ens ino , em todos o s s eus n íve i s . Des t a fo rma o caminho que o p ro fe s so r

i r a t r i l ha r pa r a v i ab i l i z a r a p ropos t a i nc lu s iva não s e r á f á c i l e i r á

t r ans fo rmar a s e sco l a s que ab raça rem e s t a c ausa .

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Page 23: JORAP-DISCALCULIA

3.0 DISCALCULIA

3 .1 Conce i to de D i sca l cu l i a

A pa l av ra d i s ca l cu l i a vem do g r ego d i s – ma l e do l a t i n c a l cu l a r e –

con t a r . Que fo rma “con t ando ma l” . A d i s ca l cu l i a é um d i s t ú rb io que

d i f i cu l t a a ap rend i zagem, causado po r uma má fo rmação neu ro lóg i ca que

s e man i f e s t a como um d i s t ú rb io no ap rend i zado dos números . Es se

d i s t ú rb io não é c ausada po r de f i c i ênc i a men t a l , má e sco l a r i z ação , e nem

t em nenhuma l i gação com n íve i s de QI 2 (Quoe f i c i en t e da In t e l i gênc i a ) ,

po i s t êm pes soas que t êm a d i s ca l cu l i a e , no en t an to , t em um n íve l de QI

no rma l ou ac ima do no rma l .

Assoc i ação Amer i cana de Ps iqu i a t r i a de f i ne a d i s ca l cu l i a como uma

i ncapac idade de mode rada a s eve ra , ou mesmo to t a l , pa r a execu t a r

ope rações ma t emá t i ca s . É um t r ans to rno de ap rend i zagem na á r ea da

ma t emá t i ca que c r i ança s , j ovens e adu l t a s podem t e r .

As c r i ança s po r t ado ra s da d i s ca l cu l i a ap re sen t am uma de so rdem

e s t ru tu r a l da ma tu ração da s c apac idades ma t emá t i ca s , ap r e sen t ando , a s s im ,

uma sé r i e de d i f i cu ldades em l i da r com números . E l a s podem ap re sen t a r

i ncapac idade em iden t i f i c a r s i na i s ma t emá t i cos , c l a s s i f i c a r números ,

mon ta r ope rações , compreende r conce i t o s ma t emá t i cos , en t r e ou t r a s .

2 QI significa Quociente de Inteligência, um fator que mede a inteligência das pessoas com base nos resultados de

testes específicos. O QI mede o desempenho cognitivo de um indivíduo comparando a pessoas do mesmo grupo

etário.

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Page 24: JORAP-DISCALCULIA

Cr i anças d i s l éx i ca s (que t êm t r ans to rno de ap rend i zagem com

l e i t u r a ) t ambém podem t e r a d i s ca l cu l i a ( comorb idade ) , po i s o s mesmos

t êm d i f i cu ldade na l e i t u r a , l ogo t e r ão d i f i cu ldades na i n t e rp r e t ação de

p rob l emas e conce i t o s ma t emá t i cos . Mas i s so não s e rve pa r a t odos o s

d i s l éx i cos .

Pa ra o s p ro fe s so re s f a ze r em a d i f e r ença no ens ino , f a z - s e

nece s sá r i o um conhec imen to no a s sun to , pa r a s abe r l i da r e de t ec t a r a

d i s ca l cu l i a em seu a luno . Pa ra i s so é impre sc ind íve l que e l e e s t e j a a t en to

ao de senvo lv imen to do mesmo , p r i nc ipa lmen t e quando e l e ap re sen t a r uma

d i f i cu ldade mu i to g r ande em ope rações e s i na i s ma t emá t i cos bá s i cos ,

t endo a i ncapac idade de ope ra r quan t i dades numér i ca s , ap r e sen t ando

d i f i cu ldade na l e i t u r a de números e não consegu indo , p r i nc ipa lmen t e ,

i den t i f i c a r mu l t i p l i c ação e d iv i s ão .

Caso o t r ans to rno não s e j a i den t i f i c ado a t empo , comprome te r á o

de senvo lv imen to e sco l a r da c r i ança , que com medo de en f r en t a r novas

expe r i ênc i a s de ap rend i zagem ado t a compor t amen tos i nadequados como:

ag re s s iv idade , apa t i a ou de s in t e r e s se nos e s t udos em ge ra l .

3 .2 T ipos de D i sca l cu l i a

Em 1974 o i nves t i gado r que i den t i f i cou a d i s ca l cu l i a f o i o Dr .

Lad i s l av Kosc , e s se au to r de sc r eveu a d i s ca l cu l i a em se i s t i pos que podem

a t r apa lha r o ap rend i zado em a lgumas pa r t e s e spec í f i c a s da ma t emá t i ca

que s ão :

1)Di sca l cu l i a Verba l : é uma d i f i cu ldade de nomea r quan t i dades

ma t emá t i ca s , s ímbo los números , t e rmos e r e l a ções ma t emá t i ca s . É f ác i l de

obse rva r em s i t uações onde o a luno não consegue i den t i f i c a r o s números e

s ímbo los ma t emá t i cos , de s t a fo rma não consegu indo chega r ao r e su l t ado , a

r e so lve r o p rob l ema p ropos to .

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Page 25: JORAP-DISCALCULIA

2)Di sca l cu l i a Léx i ca : é uma d i f i cu ldade na l e i t u r a de s ímbo los

ma t emá t i cos , como numera i s e ope rações . Ass im como a ve rba l o a l uno

não consegue i den t i f i c a r o s números e s ímbo los ma t emá t i cos pa r a en t ende r

o p rob l ema e r e so lvê - l o .

3)Di sca l cu l i a Gráf i ca : é a d i f i cu ldades na e sc r i t a de s ímbo los

ma t emá t i cos como números , s i na i s e ope rações . Es t a d i f i cu ldade

imposs ib i l i t a , mu i t a s veze s , a t é a cóp i a dos exe rc í c io s ma t emá t i cos .

4)Di sca l cu l i a Operac iona l : é a d i f i cu ldades na r e a l i z ação de ope rações e

c á l cu lo s ma t emá t i cos . Ca rac t e r i z ada na d i f i cu ldade em o a luno

de senvo lve r o exe rc í c io ma t emá t i co , ou s e j a , e l e não “ope ra” .

5)Di sca l cu l i a Ideognós t i ca : é a d i f i cu ldades em f aze r c á l cu lo s men t a i s e

i den t i f i c a r s e um número é ma io r ou menor que ou t ro . O a luno não é

c apaz de somar 2+3 men ta lmen t e e nem sabe r qua l de l e s é o ma io r .

6) D i sca l cu l i a Prac tognós t i ca : é a d i f i cu ldades em tomar conce i t o s

t eó r i cos ma t emá t i cos p r á t i cos e t r aba lha r com e l e s como , po r exemplo , a s

equações . Na ma temá t i ca há uma i n f i n idade de ma t é r i a s que s ão r e so lv idos

de fo rmas d i f e r en t e s . O a luno com e s t a d i f i cu ldade não consegue d i s ce rn i r

uma da ou t r a .

É impor t an t e s a l i en t a r que d ive r sa s hab i l i dades podem se r

p r e jud i cadas po r e s t e t r ans to rno e s ão e l a s :

Habi l idades L ingü í s t i cas ( compreensão e nomeação de t e rmos ,

ope rações ou conce i t o s ma t emá t i cos ) ;

Habi l idades Perceptua i s ( r e conhec imen to de s ímbo los numér i cos ou

a r i tmé t i cos , ou ag rupamen to de ob j e to s em con jun to s ) ;

Habi l idade de Atenção ( cop i a r números ou c i f r a s , obse rva r o s s i na i s

da s ope rações ) ;

Habi l idades Matemát i cas ( s abe r con t a r , ap r ende r a t abuada , da r

s eqüênc i a e r e spe i t a r e t apa s ) .

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Page 26: JORAP-DISCALCULIA

3 .3 O Pape l do pro fe s sor no proces so

Deve - se i den t i f i c a r o t r ans to rno o quan to an t e s , pa r a que s e j a

t r aba lhado e s t e a l uno de fo rma d i f e r enc i ada , pa r a que o mesmo cons iga

evo lu i r no ap rend i zado em igua ldade aos dema i s a l unos , consegu indo ,

a s s im , a t i ng i r a s expec t a t i va s e spe radas pa r a sua méd i a de i dade

c rono lóg i ca , c apac idade i n t e l e c tua l e n íve l de e sco l a r i dade do i nd iv íduo .

O d i agnós t i co e o t r aba lho com pes soas que t em a d i s ca l cu l i a f a zem

se nece s sá r i o . O d i agnós t i co deve s e r f e i t o po r uma equ ipe

mu l t i d i s c ip l i na r ( neu ro log i s t a , p s i copedagogo , f onoaud ió logo e

p s i có logo ) , po r me io de exames ap rop r i ados , t ambém sendo impor t an t e na

de t ecção da s á r ea s do cé r eb ro a f e t adas e encaminha r pa r a o t r a t amen to .

Segundo BASTOS (2008 ) , a a ção i n t e rven t i va f a z s e nece s sá r i a e

deve con t a r com e t apas e ob j e t i vos c l a ro s . E t apas , e s t a s , que devem se r

h i e r a rqu i zadas de aco rdo com a s d i f i cu ldades emergenc i a i s do a luno , que

da r ão ba se à supe ração de ou t r a s . Devem se r pau t adas no d i agnós t i co ,

de senvo lvendo o l úd i co , o s i gn i f i c a t i vo e o e spec i f i co .

O p ro fe s so r deve busca r d i f e r en t e s e s t r a t ég i a s de ens ino com e s se

a l uno , pensando apenas no de senvo lv imen to e na v ida do mesmo . E i s so

pode s e r f e i t o de fo rma bem s imp le s , como pe rmi t i r a u t i l i z ação da

t abuada , da c a l cu l ado ra , c ade rnos quad r i cu l ados e e l abo ra r exe rc í c io s e

p rovas com enunc i ados ma i s c l a ro s e d i r e to s . Pode t ambém e s t imu la r e s se

a l uno pa s sando exe rc í c io s e t r aba lhos pa r a c a sa r epe t i t i vos e cumula t i vos .

Pa ra t r aba lha r a mo t ivação do a luno , o educado r deve P l ane j a r

a t i v idades que f ac i l i t em o s eu suce s so , não o fo r çando a f a ze r a s l i çõe s

quando e s t i ve r ne rvoso , e a c ima de t udo , enco ra j á - l o a u t i l i z a r o s números

d i a r i amen te , po r exemplo , con t a r po r o rdem dec re scen t e , como con t a r o s

p rodu tos em um supe rmercado .

Po r me io do l úd i co é pos s íve l adqu i r i r conhec imen to , soc i a l i z ação ,

f o rmação mora l , compreensão de r eg ra s , de senvo lv imen to f í s i co ,

concen t r ação e a f e t i v idade . Des t a fo rma a c r i ança pode rá ope ra r

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Page 27: JORAP-DISCALCULIA

menta lmen t e sob re sua p róp r i a r e a l i dade , adqu i r i ndo o compor t amen to

e spe rado no con t ex to e sco l a r , p rop i c i ando o envo lv imen to , p r aze r , a ção

men t a l , r e f l ex iva , imag inação , f an t a s i a , r ep re sen t ação , mag i a e

c r i a t i v idade (BASTOS, 2008 ) .

O educado r deve t r aba lha r com e s t r a t ég i a s e spec i f i c a s a pa r t i r do

d i agnós t i co , t endo uma nova pos tu r a e o lha r , um acompanhamen to ,

p roced imen tos e ava l i a ções d i f e r en t e s dos que t em s ido f e i t o a t é en t ão .

V i s to que t oda c r i ança ado ra b r i nca r , o educado r t em a

pos s ib i l i dade de t r a ze r j ogos pa r a a s a l a de au l a , a s s im , t o rnando a s au l a s

d ive r t i da s , p rop i c i ando d ive r t imen to exp lo ração , a i nda que de so rdenada e

a t uando como a l i ados fundamen ta i s na cons t rução do s abe r . Ve j amos

a lguns exemplos de j ogos que podem se r d ive r t i dos e ens ina r ao mesmo

t empo :

Jogo dos cubos e das garra fas : e s t a a t i v idade cons i s t e em ens ina r pa r a

a c r i ança o s conce i t o s de g r ande e pequeno e a c apac idade e spac i a l e a

a t enção da c r i ança . Dê a e l a pape l , c ane t a e l áp i s co lo r i dos pa r a

r e a l i z ação de de senhos , em segu ida en t r egue a lgumas ga r r a f a s de

p l á s t i co s de t amanhos d i f e r en t e s e a l guns cubos de made i r a co lo r i dos e

mos t r e e conce i t ue a s i n fo rmações .

Jogo de dominó: é c apaz de de senvo lve r na c r i ança a c apac idade de

pe r cebe r s i s t ema de numeração e e s t imu la r a a s soc i ab i l i dade , a noção

de s eqüênc i a e a con t agem. Des t a fo rma , de ixando a d i spos i ção da

c r i ança um dominó , pega s e uma da s peça s e , em segu ida pede s e a

c r i ança pa r a pega r a sua co r r e sponden t e , a s s im , de spe r t ado o i n t e r e s se

na s c r i ança s .

Botões matemát i cos : t r aba lhando no s en t i do de f aze r a c r i ança

en t ende r s i s t emas de numeração , a coo rdenação mo to ra e a o r i en t ação

e spac i a l . Sepa ra s e bo tõe s (vá r i a s co re s e t amanhos , s e l e c ionados po r

co re s e t amanhos ) , f o lha de pape l e um ba rban t e . Em segu ida pede s e a

c r i ança que s epa ra r bo tõe s po r t amanhos , na quan t i dade so l i c i t ada ,

u t i l i z ando ba rban t e e f o lha de pape l .

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Page 28: JORAP-DISCALCULIA

Tangram: compos to de s e t e peça s ( c i nco t r i ângu los , um quad rado e um

pa ra l e log ramo) , de c a r t e l a s com d i f e r en t e s f i gu ra s , o ob j e t i vo é fo rmar

um quad rado com a s s e t e peça s . O a luno deve mon ta r o j ogo numa

supe r f í c i e p l ana , pe rmi t e o exe rc í c io da i n t e l i gênc i a e imag inação , po i s

s ão pos s íve i s m i lha r e s de combinações .

A bata lha : ca r t a s de ba r a lho (do As a t é o 10 ) s ão d i s t r i bu ída s o s

j ogado re s , aque l e que v i r a r a c a r t a ma i s a l t a f i c a com todas c a r t a s

daque l a rodada , vence no f i na l quem f i c a r com ma i s c a r t a . Es t e j ogo

pe rmi t e a l e i t u r a de numero , compa ração e noções de ma io r e menor .

7 cobras : u t i l i z ando do i s dados l áp i s e pape l , o s pa r t i c i pan t e s

e sc r evem, no pape l , uma seqüênc i a (2 a 12 ) , o j ogado r j oga o dado ,

ma rcando o numero co r r e sponden t e na fo lha , s e a soma de r 7 ma rca uma

cob ra , quem marca r 7 cob ra pe rde . Es t e j ogo p rop i c i a a l e i t u r a g r á f i c a

de número e a hab i l i dade de soma .

Quantos pa tos t em?: com fo lha de pape l , dado e l áp i s . Combinado o

número de pa r t i da , o j ogado r l ança o dado e ma rca no pape l o r e su l t ado

que deu , ganha o ma io r r e su l t ado da soma . Es t a a t i v idade pe rmi t e soma

de dados , s eqüênc i a numér i ca , compa ração de quan t i dade e

r ep re sen t ação numér i ca .

Número ocu l to : u t i l i z ando l áp i s e pape l , pensa s e num número e

e sc r eve no pape l ( e s t i pu l a s e um va lo r , de 0 a 50 , po r exemplo ) , o ou t ro

deve ad iv inha r e s t e número , quem pensou ne l e deve i n fo rmar s e é ma io r

ou menor de que o f a l ado , quem ace r t a r ganha ra a vez de pensa r em

ou t ro número a s e r ad iv inhado . Es t e j ogo pe rmi t e ap rende r compa ração

de quan t i dades , s eqüênc i a numér i ca , r a c ioc ín io l óg i co ma t emá t i co .

Jogo do de te t i ve : d i spondo de um jogo de b locos , d iv ide s e a s a l a em

duas equ ipe s , uma de l a s e sco lhe um dos b locos e a ou t r a t e r á que

ad iv inha r qua l b loco é po r me io de pe rgun t a s f e i t a a equ ipe que

e sco lheu , ganha quem ad iv inha r f a zendo o menor número de pe rgun t a ,

s e e r r a r pe rde . Es t a a t i v idade pe rmi t e a compa ração de quan t i dades ,

s eqüênc i a numér i ca , r a c ioc ín io l óg i co ma t emá t i co .

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Page 29: JORAP-DISCALCULIA

Jogo Uno: j ogo de ca r t a s , c ada j ogado r r e cebe s e t e c a r t a s . O r e s t an t e

do ba ra lho é de ixado na mesa com a f ace v i r ada pa r a ba ixo e en t ão v i r a -

s e uma ca r t a do mon te . Es t a c a r t a que f i c a em c ima da mesa s e rve como

base pa r a que o j ogo comece . Os j ogado re s devem joga r , na sua vez ,

uma ca r t a de mesmo número , co r , ou s ímbo lo da ca r t a que e s t á na mesa .

A rodada t e rmina quando um dos j ogado re s z e r a r a s sua s c a r t a s na mão .

Es t e j ogo pe rmi t e a i den t i f i c ação dos números , co re s e s ímbo los . Sendo

um ba ra lho pe r sona l i z ado , pode s e ens ina r o s s ímbo los ma t emá t i cos .

Xadrez : é um jogo de t abu l e i ro que s e a s seme lha à gue r r a , onde um

exé rc i t o l u t a con t r a ou t ro d i spondo do mesmo número de e l emen tos no

i n í c io da pa r t i da . O t abu l e i ro r ep re sen t a o c ampo de ba t a lha e a s peça s

s ão de apa rênc i a e mov imen tos d i f e r en t e s , s endo e l a s   r e i ,   dama   (ou

r a inha ) ,   t o r r e ,   b i spo ,   c ava lo   e   peão , c ada peça r ep re sen t ando em seus

mov imen tos uma f i gu ra de an t i gamen te . O ob j e t i vo é a mor t e do r e i

adve r sá r i o . Es t e j ogo pe rmi t e o de senvo lv imen to da memór i a ,

concen t r ação , p l ane j amen to e t omadas de dec i sõe s . Na Ma temá t i ca

exp lo ra - s e i n i c i a lmen t e o t abu l e i ro e a mov imen tação da s peça s

a s soc i adas com a Geome t r i a e sua s d imensões .

A lém de t odos o s j ogos o educado r , t ambém, pode s e va l e r do u so

da i n fo rmá t i c a pa r a mo t iva r a ap rend i zagem em c r i ança s com d i s ca l cu l i a ,

po i s o u so de l a de sempenha o máx imo de a t enção e concen t r ação ,

de senvo lvendo s eu po t enc i a l cogn i t i vo e emoc iona l (BASTOS, 2008 ) .

Es t imu la : pe r cepção (d i s c r im inação , memór i a aud i t i va , v i sua l e

s eqüenc i a l , coo rdenação v i somoto ra , coo rdenação mo to ra e e t c . ) ; cogn i ção

( capac idade de r ep re sen t ação do v i r t ua l pa r a o r e a l , s imbó l i c a , r e so lução

de p rob l emas , imag inação e c r i a t i v idade , l e i t u r a e e sc r i t a , f o rmação de

conce i t o s , e t c . ) ; emoção ( a t i t udes , háb i t o s , hab i l i dades , mo t ivação ,

consc i en t i z ação da p róp r i a cogn i ção , a t enção , memór i a , e t c . ) .

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é um t e sou ro nece s sá r i o à sob rev ivênc i a do s e r humano ,

que po r me io dos mes t r e s (p ro fe s so re s ) , t r an smi t em o conhec imen to da

human idade . Es t e conhec imen to deve s e r adqu i r i do pe lo s ap rend i ze s de

fo rma s i gn i f i c a t i va , c a so con t r á r i o é e squec ido , po i s n inguém gua rda nada

s em u t i l i dade . A t a r e f a de p ro fe s so r é de spe r t a r a cu r i o s idade do a luno

pa ra o ap rende r s i gn i f i c a t i vo .

D i s tú rb io de ap rend i zagem é d i f e r en t e de d i f i cu ldade de

ap rend i zagem, a p r ime i r a é c a r ac t e r i z ada como um p rob l ema neu ro lóg i co e

a s egunda po r um p rob l ema pedagóg i co . Des t a fo rma , é pos s íve l e

impor t an t e que o p ro fe s so r , em sa l a de au l a , s a iba i den t i f i c á - l a s e

t r aba lha r em cada ca so .

A inc lu são soc i a l é um dos ma io re s de sa f i o s nos d i a s de ho j e . Mu i to

s e t em f a l ado sob re o t ema , po rém a r e a l i dade em que e l a s e con t ex tua l i z a

depõe con t r a . Não é somen te uma i dé i a u tóp i ca . Pe rmi t i r que a lunos

“exc lu ídos” , apenas f r equen t em e sco l a s r egu l a r e s , s em ap rende r , não s e

c a r ac t e r i z a como inc lu são soc i a l . É nece s sá r i o que t odos envo lv idos no

p roce s so (pa i s , p ro f e s so re s , e s co l a e gove rno ) “ comprem” a i de i a e f a çam

da e sco l a um luga r onde t odos pos sam ap rende r como se não houves se

d i f e r enças .

A d i s ca l cu l i a , d i agnos t i c ada po r uma equ ipe mu l t i d i s c ip l i na r

( neu ro log i s t a , p s i copedagogo , f onoaud ió logo e p s i có logo ) , é um d i s t ú rb io

neu ro lóg i co na á r ea da ma t emá t i ca que imposs ib i l i t a o po r t ado r de r e a l i z a r

c á l cu lo s ma t emá t i cos s imp le s . Não deve s e r con fund ido com a d i f i cu ldade

em r e so lve r c á l cu lo s ma i s e l abo rados , ou com qua lque r d i f i cu ldade

r e so lv ida em sa l a de au l a com a i n t e rvenção pedagóg i ca .

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A inc lu são e sco l a r ev idenc iou a p r e sença de a lunos com d i s ca l cu l i a ,

a s s im como a lunos com ou t ro s d i s t ú rb io s de ap rend i zagem,em sa l a de au l a .

É nece s sá r i o que o p ro fe s so r de ma t emá t i ca p r epa re - s e pa r a t a l s i t uação ,

po i s é pos s íve l en s iná - l o s ado t ando uma me todo log i a d i f e r enc i ada que

pos s ib i l i t e a compreensão dos conce i t o s ma t emá t i cos . É f ác i l de t r aba lha r

na s a l a de au l a com jogos , t o rnando a s au l a s d ive r t i da s e d idá t i c a s ,

cons ide rando a i n fo rmá t i c a , t ambém, como uma f e r r amen ta de mu i t a

u t i l i dade ne s t e p roce s so . É de suma impor t ânc i a que ha j a von t ade do

p ro fe s so r em t r aba lha r com e s t e s a l unos . Af ina l s ão quem ma i s p r ec i s am

de l e .

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