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*Claudinéia dos Santos Trinquinália: Professora de Educação Física **Cléia Renata Teixeira Souza: Professora Mestre em Educação Física

JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS

Claudinéia dos Santos Trinquinália*

Cléia Renata Teixeira de Souza**

RESUMO

Os jogos podem ser classificados de diferentes formas, de acordo com o critério adotado, este trabalho presa pelos jogos tradicionais fazendo um resgate com seu publico alvo que se destina aos alunos da 8° serie do Ensino Fundamental do Colégio José Luis Gori na cidade de Mandaguari. O objetivo geral deste trabalho é a de investigar a aplicação dos jogos e brincadeiras para estes alunos, seguindo dos objetivos específicos de compreender os conceitos de jogos e brincadeiras, relacionar as experiências praticas de jogos e brincadeiras com a teoria e identificar o que tem sido trabalhado pelos professores de Educação Física, referente ao tema. A metodologia apresentada foi a revisão de bibliografia e no presente momento será passada aos publico alvo. O jogo e as brincadeiras são muito bons para proporcionar dialogo, e fator de comunicação, mas amplo que a linguagem. O jogo é muito importante para o ensino e aprendizagem e para a vida do educando, sendo através deste que os jogos faz com que estes aprendam muito e também é por meio de brincadeiras que a estes aprendem os vários significados para a vida e para seu desenvolvimento. Tanto crianças, jovens e adultos aprendem habilidades, valores ou atitudes, por estas atividades.

INTRODUÇÃO

As aulas de Educação Física nas séries do Ensino Fundamental teêm

com uma de suas característica a proposta de jogos e brincadeiras como

instrumentos mediadores, pois trata-se de um conteúdo estruturante da

disciplina de Educação Física, estabelecidos pelas Diretrizes Curriculares para

Educação Básica do Estado do Paraná – DCE´s/2008.

A teoria histórico-cultural enfatiza segundo Brasil (1997) a importância

dessa temática para a interação social e o desenvolvimento psíquico que ao

planejar as atividades a serem propostas e desenvolvidas, o professor detem

ao seu dispor estes artifícios das atividades, que além de serem elencados

como um dos bloco. Fazendo parte do cotidiano do educando,

contextualizando múltiplas aprendizagens. (BRASIL, 1997)

_______________________________________________________________

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A aprendizagem do jogo é definido por Kishimoto (1996) como, o uso

de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos e a construção da modalidade

de aprendizagem do aluno. Jogos e brincadeiras são conceituados por

diferentes autores, o que não interfere significativamente na prática, mas faz-se

relevante para a sustentação teórica desta. A mesma autora entende que cada

jogo tem suas limitações e características, nenhum jogo é parecido uns com os

outros.

Remetendo à importância do jogo na vida das pessoas, Kishimoto

(1996), afirma que o brincar para crianças e adultos é recomendado para a

manutenção da saúde. Para o ser humano brincar é essencial para a saúde

física, emocional e intelectual, quando brincam crianças e jovens e adulto tem

experiência de se reorganizarem internamente, e é brincando que a criança vai

conhecendo o mundo que o cerca. Tanto crianças, jovens e adultos aprendem

habilidades, valores e atitudes, por meio dos jogos e brincadeiras.

Este trabalho presa pelos jogos tradicionais fazendo um levantamento

com seu publico alvo, que se destina aos alunos da 8° serie do Ensino

Fundamental do Colégio José Luis Gori na cidade de Mandaguari. O objetivo

geral deste trabalho é de investigar a aplicação dos jogos e brincadeiras para

estes alunos, seguindo dos objetivos específicos de compreender os conceitos

de jogos e brincadeiras; relacionar as experiências práticas de jogos e

brincadeiras com a teoria e identificar o que tem sido trabalhado pelos

professores de Educação Física, referente ao tema.

Vinculados às atividades que perpassam pelo tempo e são transmitidos

de geração em geração, a cultura de jogos infantis tradicionais que são

conhecidos, entre outras denominações, como jogos recreativos (ou lúdicos)

tradicionais, jogos de rua e brincadeiras populares, Friedmann (2003), afirma

que as tecnologias atuais (primeira década do século XXI) e a diferenciação no

espaço dos jogos, influenciam as brincadeiras, nos jogos e nos tipos de

brinquedos infantis. O educando está mais voltado para o brinquedo como

objeto de consumo. O papel do educador é o de despertar nos educandos a

criatividade (criação) e a comunicação por meio das brincadeiras e dos jogos

tradicionais.

É importante salientar que o professor de Educação Física não deve

ser apenas um recreador, mas também um facilitador no processo de

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aprendizagem, assumindo seu papel de educador, uma vez que, os alunos

estão familiarizados com atividades lúdicas, vivenciando-as regularmente em

seu cotidiano, portanto, nada melhor que utilizar-se das atividades lúdicas,

como instrumento auxiliar na construção do conhecimento.

Assim a pesquisa se justifica por contribuir com os professores na

constante busca de novas possibilidades que possam aprimorar o

desenvolvimento cognitivo do aluno de forma prazerosa e motivante, ou seja, a

possibilidade de aprender brincando.

Discute-se muito no meio educacional sobre atividades lúdicas, mas

pouco se pesquisa sobre conceitos científicos e concepções dos professores,

que por formação ou por vivência, afirmam que seu planejamento estrutura - se

em atividades lúdicas. Sabe-se, ou intui-se, generalizando que a ludicidade é

usada mais como termo de senso comum de que compreendida como

características expressas no professor e nas estratégias de ensino, por ele

selecionadas.

Conforme Marconi e Lakatos (1991, p.15) “A pesquisa é um

procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um

tratamento cientifico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou

para descobrir verdades parciais”.

Trata-se de uma pesquisa de natureza quantitativa, segundo a

definição de Selltiz, (1967)

“Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados as pesquisas envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevista com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão” (Selltiz et al., 1967, p.63).

Toda e qualquer investigação cientifica consiste no processo da

procura metodológica de um problema, visando a sua resolução e o

conseqüente alargamento dos horizontes do conhecimento (SOBRAL, 1993).

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Portanto, Lakatos (1999) a pesquisa de campo é aquela utilizada com

objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema

para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira

comprovar, ou descobrir novos fenômenos e as relações entre eles.

Conforme Samara et al (2002) pesquisa quantitativa não probabilística se define como:

“Os elementos de amostra são selecionados de acordo com a conveniência do pesquisador. São as pessoas que estão ao alcance do pesquisador e dispostas a responder a um questionário. Por exemplo, podem-se abordar alunos de uma determinada faculdade para obter as informações para uma pesquisa. Esta técnica é não-conclusiva e a amostragem é menos confiável, apesar de mais barata e simples”.(Samara et al,2002, p.94)

Esse estudo vem contribuir para a tomada de consciência dos

professores de Educação Física na rede pública a respeito da necessidade de

atualização de estratégias para as aulas, bem como contribuir nas pesquisas

na área.

Atualmente, muitas crianças tem a escola como o único espaço para

brincar, o que torna a Educação Física Escolar um pouco diferente do que se

vias em épocas anteriores. Hoje em dia o brincar está muito mais presente

dentro das aulas, mas um brincar com objetivo e não puramente largar a

criança no meio da quadra com um amontoado de brinquedos. A retomada de

alguns jogos e brincadeiras tradicionais tais como bets, peteca e 5 marias,

deveriam estar mais presentes nas aulas de Educação Física.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Dar um novo sentido às aulas de Educação Física é um exercício que

requer amplas possibilidades de intervenção, para superar a realidade que se

passa e propor uma dimensão histórica, cultural e social, cuja idéia ultrapassa

a visão de que o corpo se restringe ao biológico.

Assim, “O papel da Educação Física é transcender o senso comum e

desmistificar formas arraigadas e equivocadas em relação às diversas práticas

e manifestações corporais”. (PARANÁ, 2006, p.21).

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Em Coletivo de Autores (1993), menciona-se que quando a criança

joga, ela opera com o significado das suas ações, o que faz desenvolver sua

vontade e ao mesmo tempo torna-se consciente das suas escolhas e decisões.

Por isso, o jogo apresenta-se como elemento básico para a mudança das

necessidades e da consciência.

O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto,

estimulando a representação e a expressão de imagens. É o material usado

para fazer fluir o imaginário. Kishimoto (1996, p.18) afirma: “uma boneca

permite a criança várias formas de brincadeiras, desde a manipulação até a

realização das brincadeiras como mamãe e filhinha”.

Kishimoto (1996, p. 25), conceitua brincadeira como “a ação que a

criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação

lúdica. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a

criança se não se confunde com jogo”.

Os jogos e brincadeiras, fazem parte dos elementos da cultura de um

povo, e não podem perder suas características com o passar dos tempos, a

cada geração são carregadas estas características aos mais novos, estes

jogos e brincadeiras possuem um repertório riquíssimo, podendo ser inseridos

nas aulas de Educação Física, facilitando as aulas de um modo geral.

Para Kishimoto (1996), o jogo é uma atividade em que prevalece a

assimilação, um meio de a criança incorporar a realidade e modificá-la de

acordo com as exigências sociais, pessoais ou motoras.

Brinquedo é outro termo indispensável para compreender esse campo. Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação intima com a criança e uma indeterminação, quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. (KISHIMOTO, 1996, p.18)

Segundo Betti (1998) apud Costa (2006), os adolescentes brasileiros

despedem em média quatro horas por dia vendo televisão. Os jogos e

brincadeiras folclóricas foram perdendo espaço com o passar dos tempos, ora

pela falta de espaço, ora pela falta de segurança possivelmente como

consequência dos processos de urbanização e de industrialização, como

afirma Faria Junior (1996).

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Por isso que o espaço escolar é um dos momentos em que muitos

educandos podem brincar sem estar o tempo todo voltados para um

equipamento eletrônico. Sentar no chão, rolar, correr, gritar, extravasar, são

algumas das sensações que os alunos sentem durante uma aula.

Borba (2006), descreve algumas brincadeiras do passado que são

utilizadas atualmente e qual seu reflexo perante os educandos:

Pipa, esconde-esconde, pique, passaraio, bolinha de gude, bate mãos, amarelinha, queimada, cinco-marias, corda, pique-bandeira, polícia e ladrão, elástico, casinha, castelos de areia, mãe e filha, princesas, super-heróis...Brincadeiras que nos remetem à nossa própria infância e também nos levam a refletir sobre as crianças contemporânea: de que as crianças brincam hoje? Como e com quem brincam? (BORBA, 2006, p.33).

Segundo Cascudo (1984) e Kishimoto (1999; 2003), os jogos

tradicionais infantis fazem parte da cultura popular, expressam a produção

espiritual de um povo em uma determinada época histórica, são transmitidos

pela oralidade e sempre estão em transformação, incorporando as criações

anônimas de geração em geração. Ligados ao folclore, possuem as

características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação e

mudança. As brincadeiras tradicionais possuem, enquanto manifestações da

cultura popular, a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver a

convivência social.

Os jogos e brincadeiras tradicionais como podemos observar em

Kishimoto (1992) apud Calegari e Prodocimo (2006), que antigamente eram

passados de geração para geração, hoje se perdem por diversos motivos, um

dos quais podemos citar, é a pouca convivência familiar, devido aos muitos

compromissos assumidos pelas famílias no dia-a-dia. Os pais trabalham fora o

dia todo, as crianças por sua vez, ao invés de brincar, estão indo cada vez

mais cedo para cursinhos e escolinhas, perdendo o pouco tempo disponível

para brincar.

Freire (2003) apud Santos (2009) diz sobre esse distanciamentos das

crianças com as brincadeiras tradicionais e seus benefícios nas aulas de

Educação Física:

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é lamentável o fato de que estas brincadeiras tradicionais não se tenham sido incorporadas ao conteúdo pedagógico das aulas de Educação Física. Pois, aprender a trabalhar com essas brincadeiras poderia garantir um bom desenvolvimento das habilidades motoras sem precisar impor as crianças uma linguagem corporal que lhes é estranha. (FREIRE, 2003, apud SANTOS, 2009, p. 211).

A responsabilidade da escolha da atividade apropriada é do Professor

de Educação Física escolar, que deve propor situações onde a criança possa

correr, pular, rolar, girar, explorar as suas habilidades e desenvolver mais

algumas. E cada jogo apresenta suas próprias regras, onde o educando

consegue desenvolver habilidades para entender as regras do dia-a-dia, pois

brincando compreende as regras de um jogo ou brincadeira, tornando-se um

adulto entendedor das regras da vida. (SENNA, 2007)

Os jogos e brincadeiras classificados como tradicionais elevam o

conhecimento intelectual dos educandos, fazendo conhecer a história de um

jogo, saber de onde veio, e os lugares onde se joga. Não podendo esquecer

que os jogos e brincadeiras modificam de região para região, conforme

afirmam Darido e Rangel (2005) as brincadeiras costumam variar conforme a

região, mas mantêm sua essência, sua forma e sua poesia. O aspecto que

mais se altera é a letra das canções e o próprio nome dos jogos. Aliás, no

Brasil, há uma riqueza muito grande de jogos e brincadeiras, uma vez que os

herdamos dos portugueses, índios e negros numa quantidade incrível.

Estes mesmos autores dizem que “a Educação Física, ao considerar o

jogo conteúdo, colabora para que o mesmo continue a ser transmitido de

geração, alicerçando esse patrimônio cultural tão importante para a

humanidade” (p.158)

Somente o ser humano é capaz de brincar, porque só ele consegue

reunir todos os elementos exigidos para criar a brincadeira. (SANTIN, 2001, p.

24)

Diante disto, utilizando-se do conteúdo estruturante jogos e

brincadeiras, o professor pode elaborar inúmeras possibilidades para

desenvolver nos alunos(as) uma reflexão sobre o movimento corporal e uma

leitura critica da realidade no qual estão inseridos. Segundo as Diretrizes

Curriculares (2008, p.15)

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Nesse sentido, partindo de seu objeto de estudo e de ensino, Cultura Corporal, a Educação Física se insere neste projeto ao garantir o acesso ao conhecimento e à reflexão crítica das inúmeras manifestações ou práticas corporais historicamente produzidas pela humanidade, na busca de contribuir com um ideal mais amplo de formação de um ser humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito, que é produto, mas também agente histórico, político, social e cultural.

Relato de Experiência

A experiência como docente da disciplina de Educação Física da rede

pública do Paraná permite observar que grande número de professores

apresenta dificuldades em trabalhar os jogos e brincadeiras como conteúdo

estruturante da Educação Física em suas aulas.

O Colégio Estadual José Luis Gori o qual realizou-se o projeto que

propõe trabalhar com os jogos e brincadeiras tradicionais nas aulas de

Educação Física, localiza-se na cidade de Mandaguari, Norte do Paraná, o

colégio em questão atende a população rural e urbana, cuja a economia tem

como base a agricultura, onde são assistidos 1200 alunos, a turma escolhida

corresponde a oitava série do Ensino Fundamental com 40 alunos.

Fundamentando-se nas ideias dos autores citados e tendo como

referência as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, optou-se como

material didático pedagógico uma Unidade Didática com o tema: Jogos e

Brincadeiras Tradicionais.

Esta Unidade Didática situa-se no contexto da perspectiva da

metodologia crítico-superadora e, por meio do conteúdo estruturante Jogos e

Brincadeiras, tem como conteúdo específico Jogos e Brincadeiras Tradicionais

na disciplina de Educação Física, assim, este estudo teve como princípio o

resgate por meio da cultura popular e propõe-se a discutir e vivenciar tais

brincadeiras no âmbito escolar, possibilitando uma ampla percepção e

interpretação da realidade. Respeitando o próximo e as diferenças,

intensificando a curiosidade, o interesse e a intervenção dos alunos nas

diferentes brincadeiras.

Escrito em linguagem direcionada para alunos da oitava série do

Ensino Fundamental, ano letivo 2011, a Unidade Didática, foi elaborada com o

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intuito de elencar os jogos e as brincadeiras tradicionais conhecidas pelos

alunos e por seus pais, as modificações que sofreram de uma geração para a

outra, a identificação de sua origem cultural, a construção de brinquedos, a

vivência e a recriação de algumas brincadeiras.

Após a apresentação do projeto para a referida turma, o material

didático-pedagógico foi distribuído para os alunos. Nele, há a disponibilidade

teórica de toda a história, as regras, algumas curiosidades, como construir

certos brinquedos e os direcionamentos de algumas brincadeiras. Contém

também desenhos atraentes das referidas brincadeiras.

A aula teve início com uma situação-problema, com o intuito de

despertar o interesse, motivando-os assim para a pesquisa e estudo para a

resposta da pergunta: Mas afinal, de onde vêm os jogos e brincadeiras?

Quando elas surgiram?

No momento da aplicação, houve várias respostas e, dentre elas, que o

surgimento se deu nas ruas, nas aulas de Educação Física, porém, notou-se

certa inquietação e desconfiança por parte dos alunos de que aquelas

respostas talvez não fossem suficientes ou completas. Nesse sentido, orientou-

se o grupo que a resposta poderia ser encontrada no decorrer do projeto.

Na aula seguinte foi perguntado aos alunos quais os jogos e as

brincadeiras que conheciam ou que costumam brincar. As brincadeiras que

apareceram com maior destaque foram as de pega-pega, pular corda,

queimada, bets, pular elástico, alerta e futebol. Quando indagados: Com quem

vocês aprenderam tais brincadeiras? Várias foram às respostas, dentre as elas

algumas a considerar: foi com os amigos, aprendi no recreio, nas aulas de

Educação Física.

Após este momento de discussão e reflexão os alunos entrevistaram

seus pais para saber e conhecer quais as brincadeiras de sua época de

infância. O resultado da pesquisa com os pais foi exposto no quadro para que

todos tivessem uma visão generalizada das brincadeiras dos pais de todos os

alunos. Em seguida, cada aluno construiu em seu caderno um quadro

comparativo contendo as suas brincadeiras e as brincadeiras de seus pais com

o propósito de relacionar e verificar se eles e seus pais conheciam as mesmas

brincadeiras. Algumas observações e conclusões surgiram dentro deste quadro

com destaques para aquelas que mantinham a mesma estrutura, porém,

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recebiam outro nome, outras eram exatamente iguais e em algumas havia

mudanças de certas regras da maneira do brincar.

Segundo a pesquisa feita pelos alunos os pais responderam

principalmente as seguintes brincadeiras “peão, bets, amarelinha, tiro ao alvo,

policia e ladrão, bolinha de gule, 5 marias, queima”, já as mães relataram

“amarelinha, pular corda, pular elástico, 5 marias, peteca, passa anel, batata

quente, balança caixão ”.

Retomando o quadro comparativo das brincadeiras conhecidas por

eles, e já com os grupos definidos, foi sugerido que cada grupo selecionasse

duas brincadeiras para vivenciar na quadra, porém, antes de iniciar as

brincadeiras, teriam que combinar as regras que iriam ser aplicadas. Esta

atividade exigiu do grupo respeito ao combinado e consenso na escolha de

regras para que a brincadeira pudesse se efetivar.

As brincadeiras propostas pela professora foram: o jogo de cinco-

marias, peteca. Antes de iniciar o jogo de cinco-marias, os alunos junto com

professora, confeccionaram os saquinhos de areia. Foi estudada a história e

algumas curiosidades sobre o jogo de cinco-marias. A escolha deste brinquedo

se deve ao fato de ter uma técnica bastante simples para a construção e por

requerer material de fácil aquisição. Indagados se conheciam este jogo, apenas

40% dos alunos o conheciam. Foi pedido então para que o demonstrassem aos

colegas.

Após vivenciarem o jogo na quadra era o momento dos relatos sobre a

experiência obtida nesta atividade. Foram questionados sobre: se gostaram da

brincadeira, se houve dificuldades em aprender o jogo para aqueles que não

conheciam e se os colegas ajudaram para ajudar a superar tal dificuldade.

A1: “deveria acontecer aulas assim sempre, porque consegui saber o que meus pais brincavam”; A8: “como é gostoso fabricar o próprio brinquedo”; A12: “a competição fez eu interagir com meus amigos”; A21: “adorei a experiência, todo professor de Educação Física tinha que passar mais esse tipo de informação”

Na atividade seguinte, os grupos deveriam escolher um jogo ou uma

brincadeira modificando suas regras e desenhando-os para posterior vivência

na quadra com a orientação da professora, quando solicitada. Reflexões e

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discussão ao término da atividade foram realizadas, a situação mais apontada

foi sobre as dificuldades de pôr em prática algumas regras dos novos jogos e

brincadeiras e foram necessários alguns ajustes para que a brincadeira

pudesse acontecer. Além de construir o jogo de cinco-marias e a peteca foi

confeccionado o vai-e-vem com materiais alternativos.

Ao término destas atividades foi perguntado aos alunos se já haviam

confeccionado algum brinquedo e o que achavam em brincar com o brinquedo

confeccionado por eles. O Aluno 15 respondeu que “a brincadeira fica mais

prazerosa e divertida”.

A exposição foi realizada para a comunidade escolar com o objetivo de

reconhecer e recordar os jogos e as brincadeiras tradicionais, oportunizando-

os, nem que seja por alguns instantes, a vivenciarem tais brincadeiras. Foi um

momento bastante positivo superando as expectativas, pois os alunos

visitantes não resistiram aos encantos dos brinquedos e passaram a brincar e a

vivenciar naquele ambiente.

Esta atitude dos alunos visitantes reafirma que o brincar é inerente ao

ser humano e que faz parte de sua existência.

Conclusão

Na presente pesquisa, procuramos explicitar a importância do jogo e da

brincadeira como instrumentos de apropriação da cultura e como recursos

pedagógicos no processo de desenvolvimento das capacidades humanas dos

educandos. Através do aprofundamento, da compreensão do referencial teórico

e da verificação de suas implicações na prática pedagógica, a pesquisadora

desenvolveu, acompanhou, inferiu dados e conhecimentos relacionados ao

emprego do jogo e da brincadeira, O professor se torna responsável no

processo de prepará-las para responder às exigências do contexto histórico

atual.

Utilizar o jogo e a brincadeira como recurso pedagógico não é uma

tarefa fácil. É preciso ter fundamentos teóricos que possam orientar a prática e

mudar visão sobre o brincar, longe das tendências que se instalam nas

instituições. À disposição do professor existe uma variedade de jogos que

podem ser utilizados como meio de favorecer a aprendizagem. Brincar é muito

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mais que recreação, e quando o educador reconhece o jogo como atividade ou

conteúdo que promove o desenvolvimento, permite a sensibilidade de perceber

sua própria prática e avaliar suas próprias condutas, oferecendo melhor

qualidade de brincadeira. Na atividade apresentada, fica evidenciada a

importância do papel do Professor.

Finalizando estas considerações, ressaltamos que é fundamental,

nesta perspectiva de análise, que o professor de Educação Física trabalhe o

conteúdo jogos e brincadeiras de maneira que possa contribuir com o

desenvolvimento e emancipação dos(as) alunos(as) como sujeitos deste

processo, de um modo que eles tornem-se capazes de reconhecer o próprio

corpo. Pois somente assim, será possível o desenvolvimento de uma

expressividade corporal consciente e a reflexão crítica sobre as práticas

corporais, consolidando a participação do aluno em seu ambiente social.

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