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JOGOS COOPERATIVOS NO COMBATE AO BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Márcia Maria Sêdor Mehl1

Carlos Ricardo Maneck Malfatti2

Resumo: Sabemos que a escola é um espaço de convivência humana onde todos os cidadãos tem acesso ao conhecimento e chances de desenvolver suas competências. Para tanto, esta deve incentivar a postura ética do aluno, conscientizá-los de seus direitos e deveres e introduzir valores de cooperação e solidariedade, para que estes aprendam a ter noção de respeito com os colegas e possam conviver com as diversidades. Para que as diferenças sejam respeitadas todos na escola precisam colocar isso em prática, desde direção, equipe pedagógica, professores, funcionários, alunos e famílias. Visando isso, as aulas de Educação Física por meio de jogos cooperativos, buscam proporcionar a integração e solidariedade entre os alunos, e criar espaços de reflexão e inclusão para que estes se aproximem uns dos outros, eliminando qualquer forma de preconceito e bullying. Diante dos fatos atuais e da ocorrência de diversos casos de bullying surgiu a ideia de realizar um estudo que trabalhasse a conscientização dos alunos e que também os socializasse e diminuísse esse problema por meio dos jogos cooperativos. Foi realizada uma implementação deste estudo no primeiro semestre do ano 2017 nos dois sextos anos do Ensino Fundamental do período da manhã, no Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv na cidade de Prudentópolis – PR. Nesta implementação as ações estiveram voltadas para amenizar o problema do bullying nas aulas de educação física por meio dos jogos cooperativos. Nas aulas teóricas foi trabalhado a conscientização dos alunos através de aula expositiva, filme, discussões e reflexões a respeito dos problemas causados pelo bullying. E nas aulas práticas foram trabalhados os jogos cooperativos, onde os alunos puderam se socializar e integrar. Foi possível desenvolver um trabalho de conscientização, oferecendo aos alunos a oportunidade de socializar, superando preconceitos, aceitando as diversidades e entendendo que as pessoas só construirão uma sociedade mais justa com atitudes de solidariedade e respeito.

Palavras-chave: Educação Física, Bullying, Jogos Cooperativos.

1. Introdução

Depois da família, a escola é o principal segmento para formar o ser humano

para a convivência em sociedade. Para tanto, esta deve fomentar a postura ética do

aluno e introduzir valores de inclusão, cooperação e solidariedade.

Neste sentido, as aulas de Educação Física através de atividades cooperativas,

promovem a integração, e a solidariedade entre os alunos, e criam espaços de

1 Professora do município de Prudentópolis, Núcleo Regional de Educação de Irati – PR, graduada em Educação Física (UEPG) e especialista em Políticas Públicas para o Lazer e Esporte (UEPG), [email protected] 2 Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Graduado em

Biomedicina e em Educação Física (Universidade Estadual do Centro Oeste). Mestre em Ciências

Biológicas:Bioquímica (UFSM). Doutor em Ciências Biológicas:Bioquímica (UFRGS). Pós-Doutor em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos (UTFPR), [email protected]

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reflexão e inclusão para que estes se aproximem uns dos outros, eliminando qualquer

forma de preconceito e bullying.

Para contribuir com este assunto, esta pesquisa teve como proposta estudar a

utilização dos jogos cooperativos na promoção da integração entre os alunos e

combate ao bullying. Este tema foi estudado porque é um problema atual, que

estamos vendo acontecer com muita frequência nas escolas e que deve ser

combatido.

“O bullying é uma das formas de violência que mais cresce no mundo e pode

ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, famílias, vizinhança e locais de

trabalho.” (FANTE, 2008)

De acordo com Fante (2008):

O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

“A Educação Física, deve dar a sua contribuição para a superação da violência

e das discriminações, que deixam marcas, por vezes irreversíveis, nos alunos

excluídos, seja no aspecto corporal, moral ou emocional.” (CHAVES, 2013). Por isso

é importante a ação conjunta de uma equipe multidisciplinar para que se obtenha

resultados mais efetivos, frente à complexidade dos fatos envolvendo o bullying.

Vieira (2013) aponta que trabalhar com jogos cooperativos nas aulas de

educação física pode ser uma maneira para promover a integração entre os alunos e

evitar a prática de bullying, pois os jogos cooperativos são considerados os jogos mais

inclusivos e participativos para os alunos, porque não existem adversários, e sim

parceiros, onde o objetivo não é ganhar, e sim, de forma conjunta superar um desafio

e unir as pessoas.

Dotado de um grande potencial para contribuir na formação integral dos alunos,

os jogos cooperativos foram criados para promover a autoestima e incentivar uma

melhor convivência social, valorizando os trabalhos em equipe e unindo pessoas para

um objetivo comum (MENDES, et al. 2009).

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Chaves (2013) aponta que cabe, portanto, ao profissional da Educação Física

saber identificar, distinguir e diagnosticar o fenômeno bullying, para promover as

estratégias de intervenção e prevenção, adequadas à realidade da escola. Não

existem soluções prontas para o combate efetivo deste fenômeno, frente à

complexidade do mesmo. A busca de soluções depende muito do comprometimento

profissional e de um trabalho articulado entre diversas áreas de conhecimento

científico. A ação conjunta de uma equipe multidisciplinar propiciará possibilidades de

resultados mais efetivos no combate ao bullying, frente às diversas facetas e

desdobramentos que podem ocorrer durante o período de permanência deste

fenômeno.

Diante dos fatos, surge a ideia de criar um projeto que trabalhasse a

conscientização dos alunos sobre os prejuízos causados pelo bullying e que também

os socializasse e diminuísse o problema do bullying através dos jogos cooperativos.

Sendo assim, ao longo deste estudo as ações estiveram voltadas para explicitar a

seguinte questão: de que maneira os jogos cooperativos podem contribuir para

amenizar o problema do bullying nas aulas de educação física com os alunos do 6º

ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv, na cidade

de Prudentópolis - PR?

O trabalho com os alunos foi iniciado com aulas teóricas. Foi trabalhado a

conscientização através de aula expositiva, filme, discussões e reflexões a respeito

dos problemas causados pelo bullying. Nestas aulas foi tratado o tema bullying com

os alunos, o qual provocou reflexões e discussões sobre o assunto, assim como a

conscientização de quanto o bullying é prejudicial e deve ser combatido por todos. Em

seguida iniciaram as aulas práticas. Foram ministradas 13 aulas práticas de jogos

cooperativos, através dos quais eles puderam vivenciar estes jogos e modificar suas

atitudes comportamentais em relação ao grupo, tornando-se mais solidários e

colaborativos uns com os outros.

Nas aulas práticas eles trabalharam em conjunto, puderam se socializar e

integrar mais porque os jogos cooperativos permitiram isso. Por serem de natureza

integradora eles uniram a turma, pois os alunos jogavam uns com os outros e não uns

contra os outros.

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2. Materiais e Métodos

O referido estudo foi aplicado no Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv –

Ensino Fundamental e Médio, localizado na Vila Iguaçu, Município de Prudentópolis –

PR, em duas turmas de 6º ano do Ensino Fundamental, do período da manhã, durante

o primeiro semestre do ano letivo de 2017.

A implementação do Projeto foi embasada no Caderno Pedagógico elaborado

pelo professor PDE, no qual contém diversos jogos cooperativos publicados pelos

autores pesquisados: BROTTO, DEACOVE e SOLER.

A implementação foi desenvolvida por meio de atividades diversificadas, tais

como: aula expositiva, debate, filme referente ao tema bullying, produção de cartazes

e aulas práticas sobre jogos cooperativos direcionadas à socialização, afetividade e

cooperação.

Antes da aplicação prática, foram ministradas três aulas teóricas em cada 6º

ano. Nas aulas teóricas foi discutido com os alunos sobre bullying e tentamos

conscientizá-los quanto ao respeito às diferenças e aos prejuízos causados pelo

bullying.

Na primeira aula teórica foi explicado o conceito de bullying, suas

consequências, os tipos de bullying, como evitar o bullying, quem pode ajudar o aluno

com problema de bullying e como os jogos cooperativos podem ajudar a minimizar o

problema do bullying nas aulas de educação física. Também nesta primeira aula foi

realizado um debate entre aos alunos, no qual eles puderam explanar o que

aprenderam e dar sua opinião. Na segunda aula teórica foi passado para os alunos o

filme “Um grito de socorro”. Depois da exposição do filme os alunos fizeram o resumo

do filme sobre o que mais lhes chamou atenção. Na terceira aula teórica os alunos

produziram cartazes sobre bullying e os expuseram no próprio Colégio para que várias

pessoas pudessem visualizar seus trabalhos.

As aulas práticas foram ministradas em maior quantidade para que as crianças

pudessem vivenciar os jogos cooperativos e pudessem perceber que o importante não

é ganhar, e sim, de forma conjunta superar os desafios e unir as pessoas. Nas aulas

práticas os alunos puderam experimentar os jogos cooperativos e se apropriar dos

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bons momentos de lazer juntamente com os colegas, pois nestes jogos não existem

adversários, e sim, parceiros, onde todos se ajudam e se divertem juntos.

No total foram ministradas 32 aulas, sendo 16 em cada 6º ano.

Baseado no Projeto de Intervenção, no Caderno Pedagógico e na

Implementação na Escola, foi desenvolvido o Grupo de Trabalho em Rede (GTR) que

contou com a participação dos professores de Educação Física do Estado do Paraná.

Neste Grupo de Trabalho em Rede os professores deram suas contribuições e

enriqueceram ainda mais o estudo do professor PDE, e estão relatadas mais ao final

deste artigo.

Todo esse material ficará disponível no Colégio Estadual Padre Cristóforo

Myskiv para que possa ser consultado por outros professores quando necessário.

3. Fundamentação Teórica

Na última década a violência nas escolas tem preocupado toda sociedade,

principalmente, pela forma como esta tem se configurado. Um dos tipos de violência

que preocupa muito e pode causar danos às crianças e aos adolescentes, tanto no

aspecto físico como no psicológico é o bullying.

Conforme DA SILVA, (2012), as consequências do bullying são inúmeras e

podem trazer muitos prejuízos, tais como: agressividade, isolamento, depressão,

queda do rendimento escolar, queda na autoestima, taquicardia, sudorese, dor

epigástrica, insônia, cefaléia, bloqueio dos pensamentos e do raciocínio, angústia,

estresse, evasão escolar, traumas, atitudes de autoflagelação, ansiedade, etc.

CASAGRANDE, LUZ E CARVALHO (2011, p.213) apontam que

comportamentos agressivos atingem escolas públicas e privadas indistintamente e

que pesquisas mostram que os casos de bullying têm aumentado significativamente

nas escolas brasileiras nos últimos anos.

Segundo ABRACE (2015), entre 2010 e 2013, o número de pais que

processaram colégios privados por bullying passou de 7 casos para ao menos 220.

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Os casos que chegam à Justiça começam ou ocorrem nas redes sociais, mas são de

jovens que se relacionam na escola.

De acordo com SIMONI (2013), faz-se necessário monitorar os recreios porque

é nesse período que acontecem algumas coisas desagradáveis, tais como: brigas,

acidentes em que os alunos ficam feridos e relações de conflitos entre os sexos e

idades. É interessante proporcionar atividades e brincadeiras, que valorizem o espírito

de cooperativismo, solidariedade, respeito e atitudes que melhoram a convivência.

Mas afinal de contas, o que é bullying? Segundo Camargo:

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas

as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

Em nossa sociedade existem documentos legais que preveem o direito ao

respeito e à dignidade. Um desses documentos é a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL, (1988) que em seu artigo 227 ordena que: é dever da

família e do Estado colocar as crianças e adolescentes a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Outro documento em defesa da criança e do adolescente é o Estatuto da

Criança e do adolescente. Neste, consta em seu artigo 18 que: “É dever de todos velar

pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento

desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.

“O direito a dignidade, ao respeito, a liberdade, a saúde, a vida, se encontram

ausentes em atos de bullying, ferindo assim a Constituição Brasileira”.

(QUINTANILHA, 2016).

Depois da família, a escola é o principal segmento para formar o ser humano

para a convivência em sociedade.

Segundo Thomaz (2009), a Escola deve preparar o aluno para o convívio com

outras pessoas, ensinando-os a serem tolerantes, respeitosos e cumpridores das

regras sociais de convivência. A escola também deve formar cidadãos conscientes e

atuantes, e possibilitar o desenvolvimento da capacidade de pensar, raciocinar,

descobrir e resolver problemas.

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Para tanto, esta deve fomentar a postura ética do aluno e introduzir valores de

inclusão, cooperação e solidariedade. Nós enquanto educadores não podemos deixar

que o bullying aconteça em nossas escolas. Devemos buscar estratégias que

proporcionem uma vida segura para todos, ou seja, um ambiente escolar sadio e

seguro.

De acordo com MINISTÉRIO DA SAÚDE (2007), pode ser previsto que esse

desafio não é simples e em geral depende de uma intermediação interdisciplinar, firme

e competente, dos profissionais da escola. Os alunos que sofrem bullying estão sendo

prejudicadas devido ao comportamento de outros, principalmente em relação a auto

estima. E quando a auto estima é agravada o aluno torna-se inseguro, medroso e

pouco sociável, buscando o isolamento e se menosprezando. Alguns até sentem-se

merecedores dos maus tratos, e com isso buscam evitar a escola e o convívio social

para evitar futuros problemas.

Diante de todos esses prejuízos surge a questão: o que fazer? Como a escola

pode ajudar a diminuir os casos de bullying? Segundo Nova Escola:

A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia) sugere as seguintes atitudes para um ambiente saudável na escola: - Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões; - Estimular os estudantes a informar os casos; - Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema; - Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regimento escolar; - Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos; - Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica do bullying.

Para MINISTÉRIO DA SAÚDE (2007, p.123), o diálogo, a criação de pactos, o

apoio e o estabelecimento de elos de confiança e informação são instrumentos

eficazes, não devendo ser admitidas ações violetas.

“Ações de combate ao bullying são essenciais para que os estudantes tenham

condições de se desenvolverem plenamente e possam viver em sociedade de forma

segura.” (CASAGRANDE, LUZ E CARVALHO (2011, p. 236)

Segundo PEDAGOGIA AO PÉ DA LETRA (2013), é preciso que as escolas

estejam conscientes dos prejuízos do bullying para a personalidade e o

desenvolvimento socioeducacional dos alunos. A escola precisa capacitar seus

profissionais, para que os mesmos possam identificar, diagnosticar e saber intervir

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nas situações do bullying ou até mesmo aos encaminhamentos corretos, e traçar

estratégias que sejam capazes de eliminá-lo.

Faz-se necessário a ação conjunta de todos os professores e disciplinas

presentes na escola, para que se obtenham resultados mais efetivos no combate ao

bullying.

A educação física pode dar essa contribuição através de um trabalho preventivo

com jogos cooperativos, onde a competição é deixada de lado e os alunos brincam

em conjunto e desenvolvem a socialização e a igualdade. Durante a execução destes

jogos a chance de ocorrer bullying é mínima, pois os alunos jogam uns com os outros

e não uns contra os outros.

Segundo Vieira (2013), os jogos cooperativos visam a participação dos alunos,

onde o objetivo não é ganhar ou perder, mas sim a unir e dar prazer a todos, sempre

dentro de um ambiente agradável.

As aulas de Educação Física, através de jogos cooperativos, podem promover

a integração, e a solidariedade entre os alunos, e criar espaços de reflexão e inclusão

para que estes se aproximem uns dos outros qualquer eliminando forma de

preconceito e bullying.

De acordo com Soler (2006, p 23):

Os jogos cooperativos são jogos em que os participantes jogam uns com os outros, em vez de uns contra os outros. Joga-se para superar desafios. São jogos para compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos, e geram pouca preocupação com o fracasso ou com o sucesso como fins em si mesmos. Eles reforçam a confiança mútua e todos podem participar autenticamente. Ganhar e perder são apenas referências para o contínuo aperfeiçoamento pessoal e coletivo.

Os jogos cooperativos unem os extremos, ou seja: os alunos mais habilidosos

com os menos habilidosos. Ambos terão sucesso, porque conseguirão realizar as

atividades propostas.

Segundo Orlick (1978), citado por Soler (2006, p 74) quando estão sendo

desenvolvidos jogos cooperativos cada criança faz a sua parte, assim, o grupo

consegue chegar a um objetivo comum. Esta atitude gera um sentimento de co-

participação, a qual elimina o medo de rejeição e aumenta o desejo de se envolver.

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“Os jogos Cooperativos sempre estiveram inseridos na sociedade, porém

começaram a ser mais valorizados na década de 1950 nos Estados Unidos através

do trabalho de Ted Lentz” (VIEIRA 2013, p.1).

“Os jogos cooperativos surgiram da preocupação com a excessiva valorização

dada ao individualismo e à competição exacerbada na sociedade moderna, ou seja,

na cultura ocidental” (BROTTO 2001 p.45).

Neste sentido, acredita-se que as aulas de educação física são o momento

adequado para trabalhar com esses jogos e criar um modelo mais justo que contemple

todas as pessoas.

Segundo Soler (2006, p.74), nos jogos cooperativos os participantes jogam uns

com os outros e não uns contra os outros, e o grupo busca superar desafios para

atingir um objetivo comum. Nestes jogos todos os jogadores são importantes e não

há comparação de quem é mais ou menos habilidoso.

“A educação física conta com um espaço privilegiado para trabalhar as

relações, para ensinar a cooperar, já que tanto a cooperação quanto a competição

são ensinadas na escola” (SOLER 2006, p 45).

“A inclusão dos jogos cooperativos nas aulas de Educação Física deve buscar

a participação de todos sem excluir ninguém, independente de sua raça, classe social,

religião, habilidades pessoais, etc” (ALMEIDA, 2003, p.5).

A seguir temos um quadro feito por Brotto (2001, p.56) que mostra algumas

diferenças dos jogos competitivos e dos jogos cooperativos:

Quadro 1: Diferença entre jogos cooperativos e competitivos.

JOGOS COMPETITIVOS

JOGOS COOPERATIVOS

São divertidos para alguns São divertidos para todos

Alguns jogadores têm o

sentimento de derrota

Todos os jogadores têm um

sentimento de vitória

Aprende-se a ser desconfiado,

egoísta ou se sentirem melindrados com

os outros

Aprende-se a compartilhar e a

confiar

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Os perdedores ficam de fora dos

jogos e simplesmente se tornam

observadores

Os jogadores estão envolvidos

nos jogos por período maior, tendo mais

tempo para desenvolver suas

capacidades

Os jogadores não se solidarizam

e ficam felizes quando alguma coisa de

“ruim” acontece aos outros

Aprende-se a solidarizar com os

sentimentos dos outros, desejando

também o seu sucesso

Os jogadores são desunidos Os jogadores aprendem a ter um

senso de unidade

Os jogadores perdem a confiança

em si mesmos quando eles são

rejeitados ou quando perdem

Desenvolvem a autoconfiança

porque todos são bem aceitos

Pouca tolerância à derrota

desenvolve em alguns jogadores em

sentimento de desistência face a

dificuldade

A habilidade de perseverar face

as dificuldades é fortalecida

Poucos se tornam bem sucedidos Todos encontram um caminho

para crescer e se desenvolver.

Adaptado de BROTTO (2001, P.56)

Neste quadro fica evidente as diferenças entre os jogos competitivos e os jogos

cooperativos quanto às emoções sentidas pelas crianças e adolescentes quando

estão exercendo a prática dos mesmos.

Enquanto nos jogos competitivos eles sentem-se tensos e pressionados, nos

jogos cooperativos eles sentem prazer e tranquilidade. Isso fica constatado pelo

sentimento do aluno ser aceito pelo grupo, assim como ele é.

Nos jogos cooperativos todos se divertem e aprendem a compartilhar e confiar

uns nos outros, assim, todos crescem e se desenvolvem.

Segundo Almeida (2003, p.5):

A ideia básica da proposta pelo jogo cooperativo é de permitir uma mudança de sentimentos e de entrarmos em contato intimo com as nossas emoções para potencializar as habilidades humanas básicas como: o amor, a alegria, a criatividade, a confiança, o respeito, a responsabilidade, a liberdade, a autonomia, a paciência, humildade, etc. Os jogos cooperativos tem também como proposta tentar diminuir as manifestações de agressividade nos jogos, estimulando atitudes de sensibilização, cooperação, comunicação e solidariedade. Os jogos cooperativos busca facilitar o encontro consigo

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mesmo, com os outros e com a natureza na tentativa de promover a integração do todo, onde sempre a meta coletiva prevalecerá sobre a meta individual.

Com os jogos cooperativos, torna-se mais fácil criar um ambiente de grupo, em

que a solidariedade, amizade e o respeito estejam presentes, propiciando um

ambiente mais familiar, pois todos, na realidade formam uma grande família (SOLER

2006, p.73).

4. Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica

4.1 Relato da Implementação

A implementação foi realizada no 1º semestre de 2017 nos dois sextos anos do

período da manhã do Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv.

Este trabalho foi desenvolvido através da aplicação prática dos Jogos

Cooperativos nas aulas de Educação física. As aulas práticas foram repetidas nos

dois 6º anos, sendo 13 aulas práticas em cada 6º ano. Estas foram ministradas em

maior quantidade para que as crianças pudessem vivenciar os jogos cooperativos e

pudessem perceber que sem competição as atividades ficam mais divertidas e

ninguém corre o risco de ser constrangido ou deixado de lado.

Antes da aplicação prática, foram ministradas três aulas teóricas em cada 6º

ano. Nestas aulas trabalhamos o tema bullying com os alunos, o qual provocou

reflexões e discussões sobre o assunto. Também tentamos conscientizá-los de

quanto o bullying é prejudicial e deve ser combatido por todos.

A primeira aula teórica foi uma aula expositiva onde foi explicado o conceito de

bullying, suas consequências, os tipos de bullying, como evitar o bullying, quem pode

ajudar o aluno com problema de bullying e como os jogos cooperativos podem ajudar

a minimizar o problema do bullying nas aulas de educação física. Também nesta

primeira aula foi fornecido aos alunos um material impresso, o qual lhes serviu de

apoio para ajudá-los no debate que houve logo depois da explicação da professora.

Na segunda aula teórica foi exibido para os alunos o filme “Um grito de socorro”.

Depois da exposição do filme os alunos fizeram o resumo sobre o que entenderam do

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filme e também teceram comentários sobre o que mais lhes chamou atenção sobre o

mesmo.

Na terceira aula teórica os alunos produziram cartazes sobre bullying, os quais

foram expostos no próprio Colégio. Também fotografaram estes cartazes e postaram

no facebook e no whatsapp, onde várias pessoas visualizaram o trabalho dos alunos.

Nas aulas práticas foram desenvolvidas as atividades descritas no caderno

pedagógico. No total foram vivenciados 65 jogos cooperativos, sendo 5 em cada aula,

em cada 6º ano.

Na primeira aula prática os alunos vivenciaram os seguintes jogos: “as iniciais,

pega bambolê, bolão-balão, lápis na garrafa e o bastão da comunicação”. Durante a

execução das atividades foi possível observar que as mesmas geraram muito

entusiasmo e interesse na turma, sendo que todos participaram e se envolveram para

conseguir alcançar o objetivo da brincadeira. Nessas atividades eles puderam correr,

pegar, lançar, bater balão, dançar e se equilibrar, desenvolvendo assim seu repertório

de movimentos.

Na segunda aula prática os alunos vivenciaram os seguintes jogos: “teia,

basquetebalde, o inquilino, passando pelo túnel e manter o sonho no ar”. Nesta aula

foram trabalhadas brincadeiras em que foi necessária a ajuda mútua entre os alunos.

Estes participaram, se socializaram e o espírito de equipe prevaleceu.

Na terceira aula prática foram vivenciados os seguintes jogos: “eu estou aqui

porque..., vôlei trocado, movimento igual, cabeça pega rabo e pulando em grupo”.

Nessa aula houve um pouco de dificuldade na realização da atividade “vôlei trocado”

porque os alunos do 6º ano ainda não aprenderam a modalidade de voleibol, em

compensação a atividade “pulando em grupo” fez muito sucesso, os alunos gostaram

muito e pediram para repeti-la em outras aulas.

Na quarta aula prática foram trabalhadas as seguintes brincadeiras: “balão

maluco, basquete cooperativo, tartaruga cooperativa, tapa cone e passeio do

bambolê”. A brincadeira que mais chamou a atenção dos alunos foi “a tartaruga

cooperativa”, onde eles se divertiram muito e foram desafiados a atingir o ponto de

chegada sem deixar a chapa de papelão cair das costas. Sem dúvida os grupos

tiveram que trabalhar em equipe para atingir o objetivo.

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Na quinta aula prática os alunos vivenciaram os seguintes jogos: “futpar, salada

de frutas, estou em suas mãos, o bote salva vidas e o nó”. Na atividade “futpar” eles

estranharam de ter que correr de mãos dadas com outro colega, na atividade “estou

em suas mãos” eles vivenciaram a experiência de ter que se deslocar pela quadra de

olhos vendados e na atividade “o bote salva vidas” os alunos tiveram que no final

estudar um jeito de abrigar a todos em cima de uma única folha de jornal, o que foi

bem divertido.

Na sexta aula prática foi vivenciado os seguintes jogos: “salve-se com um

abraço, tempestade, guarda da torre, confraternização dos bichos e abraço musical”.

Esta aula proporcionou o contato corporal entre os alunos, que nas atividades “salve-

se com um abraço e abraço musical” tiveram que se abraçar. Foi possível perceber

que muitos alunos sentiram-se desconfortáveis por ter que abraçar os demais colegas.

Meninas abraçaram meninas e meninos abraçaram meninos. Não houve abraços

entre alunos de sexos diferentes.

Na sétima aula prática foram trabalhados os seguintes jogos: “um time

zoneado, acerta pé, múmias, pega corrente e passe adiante”. Nesta aula eles se

divertiram muito com a atividade “múmias”, em que eles tinham que enrolar o colega

em papel higiênico e depois ser enrolado. Alguns alunos se atrapalharam, não sabiam

enrolar o colega e rasgaram o papel higiênico, mas a maioria realizou a atividade de

maneira correta. Outra atividade que gerou polêmica foi a “passe adiante”, onde eles

tinham que passar a laranja para o colega do círculo somente estando segura pelo

queixo. Nesta atividade eles não alcançaram o objetivo, pois devido à timidez

derrubaram a laranja o tempo inteiro, principalmente quando era para passá-la a um

colega do sexo oposto.

Na oitava aula prática foram vivenciados os seguintes jogos: “voleibol cego,

nunca só, troca troca, túnel escuro e invasão”. Na atividade “voleibol cego” os alunos

foram pegos de surpresa, pois não sabiam onde a bola era lançada, visto que a rede

de vôlei estava coberta por uma lona. Mas valeu a pena, pois eles tiveram que ficar

bem atentos e se deslocar rapidamente para pegar a bola. No entanto a atividade

“invasão” não obteve sucesso uma vez que os alunos tiveram que utilizar o uso da

força para invadir o círculo de alunos.

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Na nona aula prática foram trabalhadas as seguintes atividades: “volençol,

golfinhos e sardinhas, gargalobol, alguém para se apoiar e anjo da guarda”. Nesta

aula duas atividades chamaram a atenção dos alunos: “volençol e alguém para se

apoiar”. A primeira foi bem diferente do que eles estão acostumados a fazer. Eles

jogaram vôlei com toalhas de banho, ou seja, lançavam a bola para o outro lado com

as toalhas e também a recebiam com as toalhas. Nesta atividade eles tiveram que se

ajudar bastante para conseguir alcançar seu objetivo. Este jogo foi bem agradável e

interessante para os alunos. E a segunda atividade que chamou a atenção foi “alguém

para se apoiar”, em que eles seguravam o colega que estava de olhos vendados e

soltava o peso do corpo para qualquer direção. Nesta atividade, todos queriam ir no

meio da roda experimentar a sensação de soltar o peso do corpo. Todos seguraram

o colega do meio da roda com responsabilidade e firmeza.

Na décima aula prática foi vivenciada uma atividade que é uma variação do

jogo de queimada chamada “abelha rainha” onde os alunos tinham que proteger a sua

abelha rainha. Esta atividade exigiu muita cooperação do grupo, além de velocidade,

resistência física, coordenação motora ampla, mudança de direção rápida e reação

ao ataque adversário. Além dessa atividade foram trabalhadas mais quatro. São elas:

“baile dos dedos, bom dia, cada macaco no meu galho e cadeira amiga”. Essas

atividades foram muito proveitosas, todos participaram e reconheceram a importância

da união do grupo.

Na décima primeira aula prática os alunos vivenciaram os seguintes jogos:

“jogo dos 10 passes, cooperação com letras, cor, corta arame e dança do bastão”. A

atividade que mais chamou a atenção dos alunos foi “cooperação com letras”, pois

eles tiveram que formar letras com o corpo. A princípio eles se atrapalharam um

pouco, mas depois pegaram o jeito e ao final montaram a palavra cooperação com

seus corpos. O jogo dos 10 passes também foi bem interessante e dinâmico, visto que

eles tinham que passar a bola entre o grupo 10 vezes.

Na décima segunda aula prática foram trabalhados os seguintes jogos: “bola

ao capitão, dance comigo, futebol cego, duas pessoas uma bexiga e o que existe de

diferente?” Nesta aula a brincadeira futebol cego foi muito bem aceita pelos alunos

pelo fato dos mesmos jogarem em duplas de mãos dadas e um aluno da dupla estar

de olhos vendados. Foi uma experiência nova e desafiadora para os alunos que

estavam de olhos vendados e sem dúvida com certo grau de dificuldade para se

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locomover pela quadra só pela orientação do colega. Esta atividade gerou muito riso

entre os participantes, pois foi engraçado ver como sem o sentido da visão as pessoas

ficam desorientadas.

Na décima terceira aula prática foram trabalhados os seguintes jogos: “ caiu na

rede é amigo, espelhos, guardião do rei, vôlei infinito e João confiança”. Nesta aula,

como também nas demais, os alunos participaram e cooperaram com os demais para

conseguir alcançar o objetivo da brincadeira. Esta aula foi bem proveitosa e não houve

nenhum problema, tudo transcorreu bem.

Depois que a intervenção pedagógica acabou foi solicitado aos alunos que

relatassem por escrito o que acharam das aulas práticas sobre jogos cooperativos.

Foi possível perceber que eles gostaram de vivenciar os jogos e que aprenderam a

jogar em grupo, cooperando uns com os outros. Abaixo citamos algumas

considerações dos alunos quanto às aulas práticas:

Nas aulas de Jogos cooperativos aprendi novas brincadeiras, as quais me ajudaram a trabalhar em grupo (ALUNO A).

Com as aulas de Jogos cooperativos aprendi que o importante não é vencer mas sim participar (ALUNO B).

As brincadeiras que a professora Márcia nos ensinou ajudaram a unir o grupo e fazer novos amigos (ALUNO C).

Nas brincadeiras que a professora dava nós tínhamos que nos ajudar para completar as provas, assim aprendi a trabalhar em equipe e minha competitividade diminuiu (ALUNO D).

Com as aulas de Jogos cooperativos aprendi que todos somos iguais e que devemos nos respeitar (ALUNO E).

Nas aulas da professora Márcia eu me socializei com meus colegas, aprendi a conviver com eles e a cooperar mais (ALUNO F).

Durante a aplicação do projeto da professora eu aprendi que nos jogos cooperativos não existem adversários, mas sim parceiros (ALUNO G).

Quanto às aulas teóricas, estas serviram para que os alunos compreendessem

questões referentes ao bullying. Abaixo citamos algumas considerações dos mesmos:

As aulas da professora Márcia me ajudaram a entender que o bullying é

errado e que não podemos fazê-lo com ninguém (ALUNO H).

Com as aulas aprendi que não se deve fazer bullying com uma pessoa,

porque pode deixar ela triste (ALUNO I).

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O bullying é um comportamento agressivo contra outras pessoas, o qual traz

inúmeros prejuízos para quem é agredido (ALUNO J).

Precisamos respeitar as pessoas que são diferentes de nós (ALUNO K).

As pessoas devem se conscientizar de que não se pode fazer bullying porque

faz muito mal a quem é agredido (ALUNO L).

A escola deve ficar atenta para os possíveis casos de bullying que venha a

ocorrer (ALUNO M).

Precisamos ajudar os colegas que sofrem bullying para que eles contem para

uma pessoa mais velha e esta tome as devidas providências (ALUNO N).

A escola deve orientar os alunos sobre o assunto bullying (ALUNO O).

Devemos denunciar sempre que percebermos alguma caso de bullying acontecer (ALUNO P).

As pessoas que sofrem bullying acabam tendo muitos problemas como: dor

de cabeça, tristeza, problemas no estômago, etc (ALUNO Q).

4.2 CONTRIBUIÇÕES DOS PROFESSORES PARTICIPANTES DO GRUPO DE

TRABALHO EM REDE (GTR):

No primeiro semestre de 2017 foi realizado mais um Grupo de Trabalho em

Rede (GTR), oferecido pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Neste

curso participaram professores de Educação Física de todo o Paraná, os quais

puderam verificar, acompanhar e analisar o Projeto de Intervenção Pedagógica, o

Caderno Pedagógico e a Implementação do Projeto do professor PDE. No decorrer

do curso foram sendo coletadas opiniões dos professores em relação a esses

trabalhos, bem como sua aplicabilidade na escola. Algumas considerações seguem

transcritas a seguir:

Como podemos ver o Bullying é um problema mundial, mas nós temos a responsabilidade de não deixar acontecer pelo menos em nossa escolas. Sabemos que as brincadeiras de mau gosto sempre começam em nossas aulas onde eles ficam soltos entre "aspas", pois vivenciam e criam movimentos e os movimentos também trazidos por eles como cultura própria. Sempre que observamos esse tipo de comportamento devemos sempre conversar com quem faz e com quem sofre o bullying, entrar em contato com a equipe pedagógica também para que se tome providência. Não podemos esquecer que temos uma grande responsabilidade sobre o tema (PROFESSOR A).

Trata-se de um problema mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhuma instituição. Para que as estratégias de intervenção do bullying sejam eficazes, devem ser incluídos, além dos alunos, o corpo docente, os funcionários da escola, os familiares e a comunidade do entorno (PROFESSOR B).

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O Bullying é um mal que atinge todas as escolas. O que precisamos é de estratégias e meios de combatê-lo. Achei pertinente colocar os Jogos Cooperativos neste contexto. É uma maneira sutil e agradável de se trabalhar na Educação Física, vários aspectos positivos. Os alunos precisam uns dos outros e isso faz com que enxerguem suas qualidades e não os defeitos, que poderiam virar Bulliyng. Atualmente precisamos primeiramente educar e depois ensinar, senão não conseguimos domínio de turma e respeito. Antigamente a educação vinha de casa e agora o que vemos é muita violência em casa. A escola é o canal mais contundente para a formação do indivíduo e faz parte de nosso trabalho priorizarmos as boas relações sociais (PROFESSOR C).

As aulas de educação física são um espaço rico para que situações muitas vezes extremas aconteçam entre os seus participantes. E o fato dos habilidosos serem expoentes em determinadas atividades acabam constrangendo os menos favorecidos tecnicamente. E aí que ocorrem os atos de bullying. Sendo assim, os jogos cooperativos como foram salientados pela professora Márcia funcionam como um inibidor do processo de bullying e ainda mais uma tentativa de tornar nossos alunos mais humanos e conscientes do respeito as diferenças e do próximo (PROFESSOR D).

A influência no processo pedagógico é mostrar através da vivencia dos jogos cooperativos que dá sim, para sermos mais tolerantes, respeitar e ajudar o nosso colega com dificuldade, mostrar para nosso aluno que para que tenhamos uma convivência social dentro e fora da escola precisamos na maioria das vezes trabalhar em equipe e principalmente buscar em cada um uma qualidade para um completar o outro. E através dos jogos cooperativo conseguimos fazer que eles entendam a importância do trabalho em equipe (PROFESSOR E).

Percebe-se que nas aulas de Educação Física o bullying fica mais evidente, isto ocorre pela necessidade que os alunos tem de ganhar o tempo todo. Quando um colega menos habilidoso faz algo errado ou que "prejudique" o time que está, ele acaba ouvindo ofensas constrangedoras, pelo fatos de que os outros precisam sempre serem os melhores. Quando mudamos o foco, (dos jogos competitivos para os cooperativos) há uma alteração na dinâmica das aulas, ocorrendo ações de inclusão e estímulo. Infelizmente muitos alunos tem a ideia de que todas as atividades estão ligadas a uma competição, neste sentido cabe ao professor aplicar na aula diferentes atividades que não sejam ligadas a competição mas sim ao desenvolvimento pessoal e coletivo (PROFESSOR F).

Nós professores devemos ficar atentos para que possamos fazer intervenções sempre que necessário, para não chegar a ponto de não ter mais solução. O bullyng é coisa séria e não devemos deixar que aconteça onde trabalhamos e tomar providências rapidamente, precisamos de um local harmonioso de convivência de amizade, respeito e cooperação entre os alunos. Por isso devemos ficar atentos aos acontecimentos para que não tenha bullyng em nossa escola (PROFESSOR G).

Sozinho o fardo é mais pesado sempre, e nem sempre possível de carregar. Fazer esse trabalho se tornar coletivo, com envolvimento de TODOS os setores da escola é primordial. Quando falo TODOS os setores, me refiro não só aos professores, gestores e pedagogos, falo também dos agentes 1 e 2 das nossas escola, que muitas vezes não se envolvem nesse processo. (PROFESSOR H).

O bullying é um problema sério e de nossa responsabilidade pois pode levar ao suicídio. Temos que ter um olhar mais atento e não deixar que isso ocorra em nossas aulas, infelizmente é o lugar onde mais ocorre este tipo de coisas. Sabemos que este trabalho de combater o bullying deve ser constante desde

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o egresso das crianças na escola. O ideal é que todo educador tenha em mente a importância de propiciar ao seu aluno um ambiente que priorize e estimule o respeito à diversidade, ajudando a formar cidadão mais educados e respeitosos que se preocupam com os outros, possuindo o espirito de coletividade (PROFESSOR I).

Diante do exposto, observa-se que em nossas escolas, faz-se necessário

abordar o tema bullying com nossos alunos. É preciso conscientizá-los para que eles

passem a respeitar os colegas menos habilidosos nas aulas de educação física,

tratando-os com igualdade e educação.

Trabalhar com jogos cooperativos nas aulas de educação física pode ser uma

maneira para promover a integração entre os alunos e evitar a prática de bullying, pois

os jogos cooperativos são considerados os jogos mais inclusivos e participativos para

os alunos, porque não existem adversários, e sim parceiros, onde o objetivo não é

ganhar, e sim, de forma conjunta superar um desafio e unir as pessoas.

O bullying não pode ocorrer dentro das escolas, pois é muito prejudicial à vida

das crianças, e causa traumas irreverssíveis. Para tanto, a escola precisa achar

soluções para ajudar a combatê-lo e se engajar nessa causa para que todos sejam

tratados de forma igualitária. A busca de soluções depende muito do

comprometimento dos profissionais da escola e de um trabalho articulado entre

diversas áreas de conhecimento científico. A ação conjunta de uma equipe

multidisciplinar propiciará possibilidades de resultados mais efetivos no combate ao

bullying, frente às diversas facetas e desdobramentos que podem ocorrer durante o

período de permanência deste fenômeno.

5. Considerações Finais

O tema bullying nunca tinha sido abordado de forma sistematizada na disciplina

de educação física no Colégio Estadual Padre Cristóforo Myskiv, então os alunos

gostaram, aprenderam muito e acharam importante trabalhar este tema devido ao fato

do bullying ocorrer muito em seu dia a dia.

Foi trabalhado a conscientização dos alunos por meio de aula expositiva, filme,

discussões e reflexões a respeito dos problemas causados pelo bullying. Acreditamos

que contribuímos para enriquecer o conhecimento dos alunos sobre o tema e que

também os sensibilizamos para que os mesmos se tornem pessoas disseminadoras

da bandeira contra o bullying.

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Foram ministradas 13 aulas práticas de jogos cooperativos, através dos quais

eles puderam vivenciar estes jogos e modificar suas atitudes comportamentais em

relação ao grupo, tornando-se mais solidários e colaborativos uns com os outros.

Nas aulas práticas eles trabalharam em conjunto, puderam se socializar e

integrar mais porque os jogos cooperativos permitiram isso. Por serem de natureza

integradora eles uniram a turma, pois os alunos jogavam uns com os outros e não uns

contra os outros.

Os alunos em geral mostraram entusiasmo e alegria durante a realização das

atividades e disseram ter gostado das aulas de jogos cooperativos. Só alguns alunos

do 6º A incomodaram um pouco por serem indisciplinados. Alguns eram agressivos e

inquietos e tinham que ser chamados à atenção inúmeras vezes, mas em

compensação outros alunos fizeram valer a pena desenvolver o Projeto.

Na turma do 6º B não houve nenhum problema, tudo transcorreu bem. Os

alunos participaram, se envolveram e executaram as atividades da melhor forma.

Apesar da indisciplina do 6º A houve mais pontos positivos durante o período

de implementação do que pontos negativos.

Outros professores ficaram sabendo do Projeto em questão e se interessaram

pelo assunto dizendo que também irão trabalhar com o tema bullying em suas aulas

e a outra professora de educação física solicitou uma cópia do caderno pedagógico

para aplicar as atividades em suas aulas.

O Projeto vai continuar a ser aplicado ao longo do ano e nos anos que seguem,

pois o mesmo trouxe muitos benefícios e não pode ser esquecido, pois foi fundamental

para conscientizar os alunos de quanto o bullying faz mal.

Espera-se que este e outros artigos sobre bullying contribuam para apontar

possíveis caminhos a percorrer na incansável luta contra qualquer tipo de violência

ocasionada dentro da escola.

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