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OS JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ E A RELAÇÃO QUANTIDADE/QUALIDADE NA ESCOLA PÚBLICA 1 Prof. Hélio Saldanha Júnior                                                                        Prof. Orientador Dr.Antonio Carlos Frasson  Resumo O esporte escolar como fenômeno de socialização através da atividade esportiva é produzido e produz interações na estrutura do sistema escolar. O artigo tem por objeto articular as condições de participação da escola pública nos Jogos Colegiais do Paraná - programa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná retomado pelo governo estadual - à concepção que norteia o esporte, presente nas Diretrizes Curriculares Estaduais (SEED, 2009). A metodologia envolveu pesquisa bibliográfica, análise de documentos e pesquisa qualitativa realizada através da técnica de entrevistas com professores participantes dos Jogos Colegiais do Paraná, edição 2009 da fase regional dos núcleos de Ponta Grossa e Telêmaco Borba. Qual tem sido o papel do esporte na formação do aluno cidadão? Os resultados dos Jogos Escolares do Paraná podem ser considerados como balizadores para tomadas de decisão em relação ao processo de construção do esporte escolar no âmbito da comunidade escolar e das políticas estaduais e auxiliares na superação dos limites das diferentes abordagens e visam contribuir na discussão da prática pedagógica dos professores e no processo de inclusão do aluno na sociedade através da prática desportiva.  Palavras-chave: Educação Física. Esporte Escolar. Jogos Colegiais do Paraná. Abstract The pertaining to school sport as phenomenon of socialization through the esportiva activity is produced and produces interactions in the structure of the pertaining to school system. The article has for object to articulate the conditions of participation of the public school in the Games College students of the Paraná - program of the State secretary of the Education of the Paraná retaken for the state government - to the conception that guides the sport, gift in the State Curricular Lines of direction (SEED, 2009). The methodology involved bibliographical research, document analysis and qualitative research carried through through the technique of interviews with participant professors of the Games College students of the Paraná, edition 2009 of the regional phase of the nuclei of Ponta Grossa and Telêmaco Borba. Which has been the paper of the sport in the formation of the pupil citizen? The results of the Pertaining to school Games of the Paraná can be considered as makers for taking of decision in relation to the process of construction of the pertaining to school sport in the scope of the pertaining to school community and the state politics and auxiliary in the overcoming of the limits of the different boardings and aim at to contribute in the practical quarrel of the pedagogical one of the professors and in the process of inclusion of the pupil in the practical society through the porting one. Word-key: Physical education. Pertaining to school sport. Games College students of the Paraná. 1  Professor PDE Licenciado em Educação Física, com Especialização em Ciência da Educação Motora, Treinador Nacional nível 3 CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) e Professor da rede Estadual de Educação do Estado do Paraná.

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OS JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ E A RELAÇÃO QUANTIDADE/QUALIDADE 

NA ESCOLA PÚBLICA

1Prof. Hélio Saldanha Júnior                                                                        Prof. Orientador Dr.Antonio Carlos Frasson 

 Resumo O esporte escolar como fenômeno de socialização através da atividade esportiva é produzido e produz   interações   na   estrutura   do   sistema   escolar.   O   artigo   tem   por   objeto   articular   as condições de participação da escola pública nos Jogos Colegiais  do Paraná  ­ programa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná retomado pelo governo estadual ­ à concepção que   norteia   o   esporte,   presente   nas   Diretrizes   Curriculares   Estaduais   (SEED,   2009).   A metodologia envolveu pesquisa bibliográfica,  análise de documentos e pesquisa qualitativa realizada através da técnica de entrevistas com professores participantes dos Jogos Colegiais do Paraná, edição 2009 da fase regional dos núcleos de Ponta Grossa e Telêmaco Borba. Qual tem sido o papel do esporte na formação do aluno cidadão? Os resultados dos Jogos Escolares do Paraná podem ser considerados como balizadores para tomadas de decisão em relação ao processo de construção do esporte escolar no âmbito da comunidade escolar e das políticas estaduais e auxiliares na superação dos limites das diferentes abordagens e visam contribuir na discussão da prática pedagógica dos professores e no processo de inclusão do aluno na sociedade através da prática desportiva.  

Palavras­chave: Educação Física. Esporte Escolar. Jogos Colegiais do Paraná.

AbstractThe pertaining to school sport as phenomenon of socialization through the esportiva activity is produced and produces interactions in the structure of the pertaining to school system. The article has for object to articulate the conditions of participation of the public school in the Games College students of the Paraná ­ program of the State secretary of the Education of the Paraná retaken for the state government ­ to the conception that guides the sport, gift in the State Curricular Lines of direction (SEED, 2009). The methodology involved bibliographical research, document analysis and qualitative research carried through through the technique of interviews with participant professors of the Games College students of the Paraná, edition 2009 of the regional phase of the nuclei of Ponta Grossa and Telêmaco Borba. Which has been the paper of the sport in the formation of the pupil citizen? The results of the Pertaining to school Games of the Paraná can be considered as makers for taking of decision in relation to the process of construction of the pertaining to school sport in the scope of the pertaining to school community and the state politics and auxiliary in the overcoming of the limits of the different boardings and aim at to contribute in the practical quarrel of the pedagogical one of the professors and in the process of inclusion of the pupil in the practical society through the porting one. 

Word­key:  Physical  education.  Pertaining   to  school  sport.  Games  College  students  of   the Paraná. 

1 Professor PDE Licenciado em Educação Física, com Especialização em Ciência da Educação Motora, Treinador Nacional nível 3 CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) e Professor da rede Estadual de Educação do Estado do Paraná.

. INTRODUÇÃO

O tema esporte se faz presente na pauta das discussões da sociedade,  quer seja de 

caráter  informal,  no dia­a­dia ou de maneira  formal  por ocasião de eventos científicos.  O 

encadeamento de discussões que permeia o tema faz com que o mesmo assuma uma posição 

crescente e de destaque, pois desperta emoções, paixões e interesses diversos.

O esporte escolar  como fenômeno de socialização através  da atividade  esportiva é 

produzido e produz interações na estrutura do sistema escolar.  No ambiente educacional as 

atividades práticas das aulas de educação física ao longo dos anos tem pautado no esporte o 

seu principal fio condutor. Denominado de esporte escolar o mesmo traz como um dos seus 

princípios básicos o desempenho esportivo. 

Neste sentido, o objetivo central do presente trabalho visa à reflexão e o debate das condições 

de participação da escola pública nos Jogos Colegiais do Paraná articuladas à concepção que 

norteia   o   esporte,   presente   no   documento  Diretrizes   Curriculares   Estaduais   de   Educação 

Física do Paraná (SEED, 2009).  

O trabalho será  desenvolvido inicialmente através do contexto histórico do esporte 

seguido do tema esporte escolar. Em relação aos Jogos Colegiais do Paraná, apresentaremos 

sua referência teórica,  sua inserção no contexto educacional paranaense e os resultados da 

pesquisa realizada com professores participantes dos Jogos Colegiais do Paraná, edição 2009 

das fases regionais dos núcleos de Ponta Grossa e Telêmaco Borba finalizando com algumas 

considerações. 

1. ESPORTE

A importância da atividade esportiva no âmbito da sociedade pode ser contextualizada 

desde   os   primórdios   da   civilização.   Inicialmente   centrada   nos   povos   egípcios,   assírios, 

hebreus e babilônios com finalidades religiosas e militares.

A   civilização   grega   traz   em   sua   história   um   envolvimento   “sui   generis”   com   a 

atividade física e com o esporte. Historiadores nos dão conta que o povo grego para aprimorar 

e desenvolver a força física e o culto ao corpo sistematiza a prática  do desporto aliado a 

cultura e a educação. Esta importância do esporte para o povo grego pode ser observada nas 

reflexões feitas pelo filosofo Sócrates:

Nenhum cidadão tem o direito de ser um amador na matéria de adestramento físico, sendo parte de seu ofício, como cidadão, manter­se em boas condições, pronto para servir ao Estado sempre que preciso. Além disso, que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ter visto a beleza e sem ter conhecido a força de que seu corpo é capaz de produzir. (www.multirio.rj.gov.br)

Além de Sócrates,  outros   filósofos  gregos  abordaram a   importância  do  esporte  na 

formação do ser humano. Aristóteles e Hipócrates reconheceram também o valor dado aos 

exercícios   físicos  e   ao  esporte.  As   reflexões  desses   conduziam para   a  máxima  de  que  a 

educação do corpo deveria preceder a do intelecto.

A importância dada ao esporte pelo povo grego pode ser observada até nos dias atuais 

por ocasião da organização dos Jogos Olímpicos, o qual é considerado como a manifestação 

máxima do desporto mundial. Os Jogos Olímpicos permaneceram vivos até a conquista de 

Grécia pelos romanos em 456 A.C. perdendo assim a sua finalidade precípua de integração.  

Na Idade Média a prática das atividades físicas e do desporto vive um novo processo 

de estagnação em virtude dos ditames estabelecidos pela igreja. A máxima estabelecida neste 

período   para   a   humanidade   era   centrada   na   purificação   da   alma   e   não   ao   culto   e 

desenvolvimento do corpo.  

No período da Renascença (século XVI e XVII) a prática de atividades físicas e do 

desporto volta à tona, ainda de forma incipiente. A redescoberta da importância da atividade 

física e do desporto configura­se a partir do século XVIII quando advém a sistematização da 

Educação Física na Europa com o advento da ginástica alemã, a qual traz em seu contexto 

uma valorização do processo nacionalista;  da ginástica sueca com objetivos terapêuticos e 

preventivos; do método calistênico e posteriormente do método natural de Joinvile Le Pont. 

As   duas   guerras   mundiais   ocasionam   o   cancelamento   de   três   edições   dos   Jogos 

Olímpicos, nos anos de 1912, 1940 e 1944. A partir da guerra fria a máxima “o importante é 

competir” é substituída pelas ideologias políticas. O esporte de rendimento, os processos de 

profissionalização de atletas, o marketing esportivo, passam a fazer parte da vida esportiva 

transformando os paradigmas até  então praticados, ampliando desta maneira o conceito de 

esporte.

Neste aspecto o Brasil teve o seu momento relevante quando o selecionado brasileiro 

de futebol sagrou­se tri Campeão na copa do mundo realizada no ano de 1970 no México e, 

no bojo do processo foi desenvolvida a política do “esporte para todos". O País ganha "uma 

nova ordem social" na perspectiva da descoberta de talentos, pois se pretendia fazer parte da 

vanguarda esportiva mundial e entrar para o seleto grupo dos países desenvolvidos.

 Esta busca pelo esporte competitivo pode ser observada, particularmente, em clubes, 

nas categorias de base, com a especialização precoce, não sendo casos generalizados e, nas 

escolas, com as turmas de aula treinamento. 

A questão mercantilista percebe o avanço do esporte rendimento e passa a usá­lo na 

divulgação de produtos para venda. No Brasil um dos primeiros fatos ocorreu em 1938, com o 

lançamento do chocolate diamante negro numa homenagem ao atleta Leônidas da Silva – 

artilheiro da Copa do Mundo de Futebol.

A presença do esporte rendimento como um dos meios de divulgação e promoção de 

produtos   transforma   os   conceitos   de   esporte   que   passa   a   ser   considerado   como   esporte 

espetáculo. Equipes passam a ser patrocinadas, eventos esportivos recebem apoio dos mais 

diversos setores da economia mundial com o intuito de divulgar seus produtos, atletas passam 

a   ser   garotos­propaganda,   as   redes   de   TV   criam   programas   esportivos   enfim,   é   o 

envolvimento do esporte de rendimento no processo de globalização.

O esporte ao pertencer  à   indústria  do entretenimento,  setor responsável pela maior 

movimentação   de   dinheiro   e   pelo   maior   número   de   empregos   no   mundo   registra   um 

movimento   financeiro   algo   em   torno  de   US$   1   trilhão.  Trata­se   hoje   de  uma   das   mais 

lucrativas indústrias do mundo.

  A evolução do processo esportivo tem acompanhado os mais diversos ditames dos 

avanços   tecnológicos   e   mercadológicos,   no   que   tange   a   material   esportivo,   formas   de 

treinamento, patrocínios, marketing tornando­o mais atraente para o consumo.

È importante discutir sobre a atividade esportiva no âmbito da sociedade, dentro de um 

contexto   permeado   pelo   avanço   de   novos   recursos   tecnológicos,   novas   concepções   de 

treinamentos, a busca da maximização do valor do desempenho do atleta. Paes  justifica este 

interesse crescente pelo esporte:

(...)   observa­se   hoje   que   a   adesão   ao   esporte   cresce   de   forma   nunca   antes verificada.   Sendo   assim,   buscando   proporcionar   ao   praticante   uma   melhor convivência com o fenômeno,  faz­se necessário dar ao esporte um tratamento pedagógico (2006, p.35). 

Ao analisar  a colocação feita  por Paes visualiza­se que o esporte  está  presente no 

cotidiano, inserido em associações, clubes esportivos, entidades especializadas em esportes e 

principalmente na escola. Pode ser contextualizado em três vertentes. A primeira delas refere­

se ao esporte­desempenho,  objetivando  o rendimento  dentro  de uma obediência  às   regras 

existentes para cada modalidade esportiva;  a segunda ao esporte­participação,  na qual sua 

finalidade é o bem estar e participação do praticante; e a terceira vertente ao esporte educação, 

que possui uma meta de caráter formativo.

Pode­se   considerar  que  esporte  praticado  na   escola   ainda  é   a   base  para   iniciação 

esportiva   e   uma   atividade   de   formação,   de   saúde,   de   prevenção   de   distorções   sociais 

(violência,  uso  de  drogas),  uma vez  que,  trata   essencialmente,  do  ser  humano e  de  suas 

relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo em que vive.

Devido à importância do esporte ele é embasado legalmente pela Constituição Federal 

de 1988 que em seu artigo 217, estipula: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas 

formais e não formais, como direito de cada um”.

A   presença   do   esporte   na   escola   tem   como   objetivo   a   formação   do   cidadão. 

Democratizar o acesso à prática e a cultura do esporte como instrumento educacional, visando 

o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes como meio de formação da cidadania, 

melhoria  da qualidade de vida e  correção de distorções  sociais,   torna­se  indispensável  na 

escola.

2. ESPORTE ESCOLAR

Quando se aborda e  se  discute  o  modo como o esporte  vem sendo  trabalhado no 

contexto escolar, as divergências surgem. A ênfase dada ao desempenho técnico­mecânico e a 

competitividade dentro e fora das aulas são os principais quesitos que têm ocasionado esta 

problematização.

A   procura   por   campeões   tem   levado   à   especialização   precoce   inibindo   o 

desenvolvimento do potencial psicomotor das crianças dentro das escolas. 

Oliveira   ao   se   referir   ao   esporte   na   escola   destaca   que   este   sofre   influências   da 

tendência tecnicista: “(...) As influências tecnicistas fazem com que a atividade do jogo esteja 

sistematicamente voltada para o desempenho e para os resultados de alto rendimento” (1986, 

p. 77).

Mesmo   assim,   muitos   professores   e   pesquisadores   da   área   têm   travado   diversas 

batalhas em favor do esporte como parte importante e integrativa do conteúdo das aulas de 

Educação Física, na tentativa de resgatar o seu valor educativo. 

Teodorescu   (1984)   afirma   que   o   conhecimento   e   a   prática   do   desporto   são   atos 

culturais importantes na Educação Física e esta se apresenta como um componente essencial 

para o desenvolvimento integral do ser humano através da educação: 

O   conhecimento   e   a   prática   do   desporto   constituem   atos   de cultura: a cultura desportiva – tal como a cultura física – representam domínios da cultura material e espiritual universal. Ao mesmo tempo, o desporto constitui um excelente meio da Educação Física, componente importante e inseparável da educação geral e multilateral característica do mundo contemporâneo (1984, p. 15).   

Atentos   ao   processo   esportivo   no   contexto   da   escola   Shigunov   e   Pereira   (1993) 

destacam o papel do esporte no processo ensino aprendizagem ao assim se manifestarem: 

A partir da entrada na escola, os desportos coletivos poderão desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento corporal e social da criança, desde que se relacionem com os fatores  gerais da educação,  numa exploração organizada e lúdica,   direcionada   para   os   objetivos   multidisciplinares,   características   do processo   ensino­aprendizagem   atualmente   proposto   e   visando   ao desenvolvimento   das   potencialidades,   bem   como   à   integração   na   vida   em sociedade. (1993, p. 89)

Com  respeito  às   atitudes   e   procedimentos  dos  profissionais   da  área   de  Educação 

Física, relacionados à aplicação das técnicas das modalidades esportivas, Gonçalves (1994) 

destaca: 

O   professor   ao   procurar   que   o   aluno   desenvolva   habilidades   técnicas   e desportivas,   deve   ter   sempre   presente   à   unidade   da   expressão   corporal:   a intrínseca   ligação  da   execução  do  gesto  e  do  desempenho  no  esporte  com a realidade existencial do aluno ­ temores, bloqueios, aspirações, fantasias, formas de se relacionar com outros. (1994, p. 163).

Cagigal (1981) entende que para desenvolver o valor educacional do esporte, e para 

que  este   contribua  com a  aquisição  de  atitudes  para   as  pessoas  viverem melhor  consigo 

mesmas e com os outros, devem ser observadas algumas regras: jogar; dar asas à necessidade 

humana de movimento; por em ação o corpo e espírito (podendo somar também o psíquico); 

estimular   o   esforço   orgânico;   habituar­se   à   superação   pessoal;   restabelecer   o   equilíbrio 

psicossomático   (geralmente   perdido   pelo   hábito   sedentário);   aprender   experimentalmente 

(sem  experimentos  nem   testes)   a   rica   alternativa  da   tensão/   distensão;   expressar   estados 

internos; praticar o ócio; atuar em equipe; vincular os interesses particulares aos do grupo; 

aprender que o jogo da vida sempre tem adversário; aceitar a derrota; comunicar­se com a 

linguagem simples de movimentos e habilidades universais inteligíveis; liberar­se (p.189).

O desenvolvimento  de atitudes  representa um imperativo  humano para as   relações 

sociais. O esporte escolar, dentro de sua especificidade pode desenvolvê­las em seu contexto 

o que representa o valor educacional do esporte. 

Freire (1991) afirma que os professores deveriam estar realmente preocupados com o 

desenvolvimento   das   características   humanas.   Ao   invés   de   tentar   eliminar   o   caráter 

competitivo   dos   jogos   deveriam   procurar   compreendê­lo   e   utilizá­lo   para   valorizar   as 

relações, ao assim discorrer “Creio ser mais educativo reconhecer a importância do vencido e 

do vencedor do que nunca competir” (p.153).

Ao   analisar   as   colocações   feitas   pelos   autores   observa­se   a   importância   dada   ao 

esporte dentro da escola, com ênfase à  maneira de condução deste conteúdo nas aulas de 

Educação   Física.   O   lúdico   aparece   como   fator   determinante,   para   que   o   esporte   possa 

realmente fazer parte no desenvolvimento da criança e também a participação de todos os 

alunos nas atividades desenvolvidas, possibilitando a criatividade e a espontaneidade.

3. JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ

A história do desporto no Paraná tem demonstrado que as atividades esportivas sofrem 

variações de um período ao outro, estabelecendo configurações complexas e suscetíveis de 

diferentes interpretações. 

Entre estas configurações esportivas, um fato que merece ser analisado, expondo a sua 

evolução histórica, as circunstâncias, as suas formas de ligação e associações de como se fez 

presente na história do esporte paranaense é os Jogos Colegiais do Paraná (JOCOP’S).

Os JOCOP’S, evento máximo do desporto estudantil, tiveram a sua origem no ano de 

1953, por ocasião das festividades alusivas a emancipação política do estado do Paraná. Nesta 

sua primeira edição, realizada na cidade de Curitiba,  contou com a participação de alunos 

oriundos de estabelecimentos de ensino de seis municípios paranaenses: Curitiba, Londrina, 

Foz do Iguaçu, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa. 

Os   JOCOP’S  ao   longo  dos  anos   foram ampliando  gradativamente   a   sua  estrutura 

organizacional,  quer seja,  pelo considerável  aumento no número de participantes ou ainda 

pela inclusão de novas modalidades. Nos anos noventa chegou a ser considerado como um 

dos principais jogos escolares do Brasil.

Um dos fatores relevantes para este sucesso foi à   implantação de treinamentos em 

contra turno na escola pública, desta forma os professores montavam seus grupos específicos, 

visando os Jogos Colegiais. 

Finck (1995) enfatiza o importante papel da escola ao oferecer este tipo de atividade, 

tanto nas aulas de Educação Física como nos treinamentos esportivos, e destaca a dificuldade 

encontrada pela grande maioria das crianças, principalmente no que diz respeito ao acesso aos 

clubes   sócio­esportivos.  Desta   forma,   ela   pode   escolher   a  modalidade  desportiva  de   sua 

preferência e praticá­la adequadamente. Complementa: 

O esporte como o meio mais rico e simples instrumento           pedagógico na Educação Física Escolar, que pode incutir no educando a vontade de crescer enquanto indivíduo, dando­lhe a sensação de que sua situação social não é final e pode num determinado momento, ser revertida (1995, p. 53).

Apesar de sua crescente importância, os jogos não aconteceram no período de 1999 a 

2002, em virtude de seu cancelamento por parte do então governo estadual, trazendo prejuízos 

para o sistema esportivo do estado na formação de atletas e principalmente como meio de 

inclusão social. 

A determinação de interromper a realização os jogos trouxe uma série de reflexões 

sobre a sua importância no contexto educacional, esportivo e social do estado, que vão desde 

o afastar a criança da marginalização, das drogas e da prostituição até a sua manutenção na 

escola, além de oportunizar uma formação mais democrática à criança. Configurou­se como 

um   período   negro   na   história   do   desporto   estudantil,   em   que   o   estado   retrocedeu   na 

oportunidade de formação de novos atletas e, por conseguinte, na participação em eventos 

esportivos nacionais voltados para o desporto estudantil.  

Em 2003  o  governo  do  estado   retoma  a   realização  dos   JOCOP’S,   sendo  os   seus 

principais objetivos:

I.   Promover   o   desporto,   através   de   jogos   que   envolvam   várias   modalidades esportivas,   dando   oportunidade   de   participação   a   um   número   de   alunos, despertando o gosto pela prática dos esportes, com fins educativos e formativos;II.  Congregar  os  alunos das  várias   regiões  do estado,  propiciando o estímulo recíproco, intercâmbio social, a vivência e reflexo sobre os aspectos positivos do esporte,   contribuindo  para   situar   a   escola   como centro   cultural,   desportivo   e formativo da comunidade;

III.  Propiciar  a  oportunidade para  o   surgimento de novos  talentos  esportivos, enfatizando os valores educacionais dos jogos colegiais do Paraná;IV.   Favorecer   o   desenvolvimento   global   dos   alunos   e   sua   integração   na sociedade;

V. Proporcionar atividades que contribuam para o aprimoramento psicomotor dos alunos;VI. Estimular a participação dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) de várias idades;VII.  Favorecer aos alunos a aquisição de experiências que venham enriquecer seus conhecimentos e facilitar sua relação com o meio, contribuindo desta forma para o exercício da cidadania (SEED, 2008. p.8). 

Este   retorno  busca  a   integração  da comunidade  paranaense  colocando  lado a   lado 

jovens   de   escolas   públicas   e   privadas,  moradores   de   assentamentos   rurais   e   de   reservas 

indígenas,   portadores   de   necessidades   especiais,   jovens   de   diferentes   credos   e   etnias   do 

Paraná.   

As   Diretrizes   Curriculares   Estaduais   para   a   Educação   Física   (SEED,   2008) 

estabelecem a valorização da prática do esporte como um fator determinante na formação do 

aluno:  

Garantir aos alunos o direito de acesso e de reflexão sobre as práticas esportivas, além  de   adaptá­las  à   realidade   escolar,   devem  ser   ações   cotidianas   na  Rede pública de ensino. Nesse sentido, a prática pedagógica de Educação Física não deve limitar­se ao fazer corporal, isto é, ao aprendizado única e exclusivamente das habilidades físicas, destrezas motoras, táticas de jogo e regras. Ao trabalhar o conteúdo estruturante esporte, os professores devem considerar os determinantes histórico­sociais   responsáveis  pela constituição do esporte  ao  longo dos anos, considerando a possibilidade de recriação dessa prática corporal (2008, p.33). 

Nuzman   (2000),  presidente   do   Comitê   Olímpico   Brasileiro   (COB),  ao   abordar   a 

importância do esporte na escola, destaca que o “Comitê Olímpico Brasileiro considera que a 

prática esportiva é um dos melhores caminhos para a orientação sadia dos jovens na nossa 

sociedade e a escola é o melhor celeiro para a descoberta de valores” (p.14).

No entanto,  autores como Bracht & Almeida (2003) consideram que esse discurso 

seria a retomada da idéia da pirâmide esportiva, “(...) subordinando, mais uma vez, o desporto 

escolar àquilo que é de interesse do esporte de alto rendimento. (...) Em outras palavras, a 

subordinação da Educação Física à política esportiva” (p. 94). 

Ao analisar a colocação de Nuzman e de Bracht & Almeida poderíamos contextualizar 

os JOCOP’S como um projeto de Educação Física Escolar que integraria a política esportiva. 

Esta idéia é desenvolvida por Montagner (1993) para quem a escola através de um projeto, ao 

apresentar   esta   perspectiva,   possibilitaria   às   crianças   e   adolescentes   impossibilitados   de 

freqüentar   clubes   o   desenvolvimento   em   uma   modalidade   esportiva.   Isto   diminuiria   a 

tendência elitizante do esporte atual.

Os   JOCOP’S   têm  despertado  os   estudantes   paranaenses   para   a   prática   desportiva 

promovendo o seu desenvolvimento físico, construindo valores e levando à prática de hábitos 

saudáveis. Atento a esta manifestação por parte da comunidade estudantil onde os espaços 

escolares  podem se   transformar  em espaços  de   formação  e   treinamento,  o   atual  governo 

(SEED, Jornal Educação, 2008) investiu cerca de R$ 2,5 milhões para sua realização no ano 

de dois mil e oito,  nas diversas regiões do Estado,  cerca de quatrocentos e cinqüenta mil 

estudantes participam desta competição (p. 31).

Ao   analisar   a   Coletânea   dos   Jogos   Estaduais   do   Paraná   (SEED,   2005­2007)   a 

participação das escolas e municípios jurisdicionados ao Núcleo Regional de Educação de 

Ponta Grossa (região dos Campos Gerais) referentes aos anos de 2005 a 2007, constatamos:

ANO DE 2005

Modalidades Disputadas Naipe Faixa EtáriaAtletismo

BasquetebolFutebolFutsal

HandebolTênis de mesa

VoleibolXadrez

Masculino

e

Feminino

14 anos – Grupo B

17 anos ­ Grupo A

Participantes CampeõesEscolas Públicas 20 05

Escolas Particulares 14 11

ANO DE 2006

Modalidades Disputadas Naipe Faixa EtáriaAtletismo

BasquetebolFutebolFutsal

HandebolTênis de mesa

VoleibolXadrez 

Masculino

e

Feminino

14 anos – Grupo B

17 anos ­ Grupo A

Participantes CampeõesEscolas Públicas 21 10

Escolas Particulares 11 21

ANO DE 2007

Modalidades Disputadas Naipe Faixa EtáriaAtletismo

BasquetebolFutebolFutsal

HandebolTênis de mesa

VoleibolXadrez 

Masculino

e

Feminino

14 anos – Grupo B

17 anos ­ Grupo A

Participantes CampeõesEscolas Públicas 27 09

Escolas Particulares 10 09

Partindo do ano de dois mil e cinco houve um aumento significativo na participação de 

escolas públicas, enquanto a participação de escolas particulares decresceu. 

Apesar  do aumento na participação das escolas  públicas nos JOCOP’S no período 

analisado,  observamos  que  as  escolas  particulares  obtiveram resultados  mais  expressivos, 

chegando ao topo do pódio 41 vezes e as escolas públicas obtiveram 24 primeiros lugares, um 

pouco mais da metade.

Nos anos oitenta, nas escolas da rede pública estadual eram ofertadas as denominadas 

aulas   treinamento,   funcionando fora do horário  normal  das  atividades  curriculares.    Estas 

atividades   eram   desenvolvidas   por   professores   de   Educação   Física,   responsáveis   pela 

formação   das   respectivas   turmas   de   treinamento,   que   visavam   o   aprendizado   e/ou 

aperfeiçoamento  da  modalidade  preferida,  sendo que  o objetivo  principal  era  centrado na 

participação dos Jogos Escolares Municipais,  Regionais e, na fase final do Estado, caso a 

escola obtivesse classificação.

Devido à   importância dos JOCOP’S para os alunos das escolas públicas  como foi 

exposto   e   pela   análise   participação/resultados,   as   aulas   treinamento   não   deveriam   ser 

retomadas?

A partir  da  análise  dos   Jogos  Colegiais  do  Paraná,   evidencia­se   a  necessidade  de 

repensarmos   nossa   atuação   como   professores   de   Educação   Física   da   rede   pública, 

especialmente na forma de trabalhar o Esporte na Escola. 

3.1 RESULTADOS DA PESQUISA SOBRE AS CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO DAS 

ESCOLAS PÚBLICAS NO JOCOP’S  

Apresentamos nesta parte final do trabalho os resultados da pesquisa realizada durante 

a realização da fase regional dos Jogos Colegiais utilizando­se a técnica de questionário com 

perguntas abertas e fechadas com oitenta professores participantes. Destes, cinqüenta e cinco 

pertencem às escolas públicas e vinte e cinco às escolas particulares.

A seguir apresentamos as principais categorias que se constituíram como objeto do 

questionário e os resultados da pesquisa para posterior análise:

Professores

Entrevistados

Escolas Públicas       68%

Escolas Particulares       22%

Auxílio Exterior

Prefeitura Municipal 65% 85% Escolas Públicas

15% Escolas Particulares

Clubes Esportivos 8%

Associações (APM)

10%  Escolas Públicas

90% Escolas Particulares

Sem Auxilio Algum 27%25% Escolas Públicas75% Escolas Particulares

Recursos Físicos

Ginásios de Esportes 4%25% Escolas Públicas75% Escolas Particulares

Quadras Cobertas 60%20% Escolas Públicas80% Escolas Particulares

Quadra Externa  Aberta 

26%

90% Escolas Públicas10% Escolas Particulares

Não Possui Quadra 10%

90% Escolas Públicas10% Escolas Particulares

Treinamentos no contra­

turno semanal

Por equipe na escola

Freqüência de 2h – 16%

96% Escolas Públicas4% Escolas Particulares

Freqüência de 4h – 26%

93% Escolas Públicas

7% Escolas Particulares

Freqüência de 6h – 43%90% Escolas Públicas

10% Escolas Particulares

Não Treinam e contra­turno 

25%

99% Escolas Públicas1% Escolas Particulares

Treinamentos em contra­

turno fora da escola 

(complementação)

Clubes Esportivos 30%10% Escolas Públicas

90% Escolas Particulares

Prefeituras Municipais 70%30% Escolas Públicas70% Escolas Particulares

Treinamentos nas aulas de 

Educação Física Regulares10%

99% Escolas Públicas

1% Escolas Particulares

Pela análise dos dados colhidos, além da questão apresentada de que a participação das 

escolas públicas representa o dobro da participação das escolas particulares, os seus resultados 

não   acompanham   esta   proporção.   Pela   análise   dos   dados   seguintes   tentaremos   levantar 

algumas das possíveis razões. 

Embora os Jogos Colegiais  no âmbito escolar recebam em sua totalidade apoio de 

equipes  pedagógicas  e  direção para a  participação  e do poder  público  representado pelos 

executivos locais que assumem a demanda dos alunos, pais e do coletivo escolar, a estrutura 

física   (quadra   coberta   ou  ginásio   de   esportes)   das   escolas   públicas   em   relação   ao   local 

apropriado para o desenvolvimento das práticas desportivas ainda não é satisfatório segundo 

dados da pesquisa, pois nem 10% das escolas participantes­pesquisadas possuem, enquanto 

que em 90% das escolas particulares pesquisadas estas condições são atendidas. 

Em   relação   aos   treinamentos,   ou   seja,   à   preparação   para   os   Jogos   Colegiais,   as 

disparidades destacam­se: enquanto em 90% das escolas públicas realizam­se somente nas 

aulas de Educação Física, os treinamentos em contra turno são utilizados por 98% das escolas 

particulares.

A carga horária dos treinamentos em 40% das escolas públicas são inferiores a seis 

horas   semanais,   enquanto   88%   das   escolas   particulares   dispõem   de   mais   de   seis   horas 

semanais de treinamento.

Portanto,   em   relação   ao   programa   dos   Jogos   Colegiais   retomado   pelo   estado,   os 

resultados das escolas públicas revelam que a relação quantidade (participação) e qualidade 

(condições) destas não estão em equilíbrio e que nas escolas particulares esta proporção revela 

uma  qualidade   superior   nos   treinamentos   e   resultados.  Os   treinamentos   em  contra   turno 

sugerem uma “participação de qualidade”.

A forma atual  como os  Jogos  vem sendo disputados  são defendidos  por  50% das 

escolas   particulares   e   por   apenas  30% das   escolas   públicas  que   sugerem que   as   escolas 

públicas disputem entre si, separadas das escolas particulares. Qual a razão desta defesa na 

divisão de escolas públicas e de escolas particulares? Não estaria no reconhecimento pelos 

professores das escolas públicas de que estas se encontram em condições de desigualdade em 

relação   às   escolas   particulares   materializada   de   forma   mais   imediata   nos   resultados 

alcançados nos últimos anos pelas escolas públicas?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as Diretrizes  Curriculares  Estaduais  (SEED, 2008) que orientam o 

esporte   escolar   no   Paraná,   ele   deve   servir   de   instrumento   para   a   participação   social   e 

contribuir na formação integral dos alunos.

Os Jogos Colegiais do Paraná trazem também esta concepção. A sua retomada pelo 

governo estadual trouxe um grande avanço no esporte educacional paranaense. 

O que pretendemos problematizar no presente trabalho auxiliando o debate entre os 

profissionais   de   Educação   Física   das   escolas   e   governo   estadual   em   relação   aos   Jogos 

Colegiais   é   a   sua   articulação   com   as   práticas   escolares   que   vem   sendo   desenvolvidas, 

principalmente a falta do contra turno escolar para treinamentos e as respectivas condições 

escolares, sínteses da pesquisa. 

Os   resultados   dos   Jogos   Colegiais   do   Paraná   podem   ser   considerados   como 

balizadores para tomadas de decisão em relação ao processo de construção do esporte escolar 

no âmbito da comunidade escolar e das políticas estaduais auxiliando na superação dos limites 

encontrados   nas   diferentes   abordagens   teóricas   e   no   processo   de   inclusão   do   aluno   na 

sociedade através da prática desportiva.  

REFERÊNCIAS

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