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1 FACULDADE MERIDIONAL IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO JOÃO FELIPE FERRARO MELLO NOVA ESCOLA DE BELAS ARTES EM ERECHIM Passo Fundo 2018

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FACULDADE MERIDIONAL – IMED

ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO

JOÃO FELIPE FERRARO MELLO

NOVA ESCOLA DE BELAS ARTES EM ERECHIM

Passo Fundo

2018

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JOÃO FELIPE FERRARO MELLO

NOVA ESCOLA DE BELAS ARTES EM ERECHIM

Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação do Professor(a) Arq. Me. Rafaela Citron.

Passo Fundo

2018

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JOÃO FELIPE FERRARO MELLO

NOVA ESCOLA DE BELAS ARTES EM ERECHIM

Banca Examinadora

Prof. Arq. Me. Rafaela Citron

Orientador(a)

Arq. Esp. Camila Ricci

Membro avaliador

Arq. Me. Giulie Baldissera

Membro avaliador

Passo Fundo

2018

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora Prof. Me. Rafaela Citron pelos conhecimentos

compartilhados, incentivo e orientações que levaram ao melhor desenvolvimento do

tema proposto. Aos meus colegas que trilharam comigo a mesma jornada. Aos meus

familiares e amigos pelo apoio e paciência durante esse período e a toda equipe da

IMED que sempre dispostos me ajudaram na resolução de quaisquer dúvidas.

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RESUMO

A música, as artes plásticas, a dança e o teatro, são elementos que compõem

a cultura de um povo ou local. No trabalho proposto, são realizados estudos para a

implantação de uma nova escola de belas artes no município de Erechim. A atual

escola está estabelecida em uma edificação antiga que já não atende da melhor forma

os parâmetros de acústica, acessibilidade e convivência de seus alunos. Um novo

programa de necessidades foi montado junto a atual diretora da escola e apartir do

mesmo se desenvolveu um novo projeto em um terreno localizado na rua Gaurama,

ao lado do atual centro cultural 25 de julho, que compartilha da mesma tipologia.

Dentro do tema foram trabalhadas estratégias de isolamento e condicionamento

acústico para usos específicos e pesquisadas soluções para atender tais parâmetros.

No desenvolvimento do tema foram projetadas: salas de ensino para instrumentos,

salas de desenho, sala de pintura, sala para orquestra e coral, sala para dança e sala

de teatro. Durante o exercício projetual, levou-se em conta a NBR 9050, o código de

obras e o plano diretor de Erechim. O intuito do projeto é criar um espaço moderno

que atenda as demandas das atividades propostas e atraia futuros protagonistas

culturais, ajudando a desenvolver a cultura do município e da região.

Palavras-chave: acústica, belas artes, escola, cultura, música.

ABSTRACT

Music, plastic arts, dance and theater are elements that make up the culture

of a people or place. In the proposed work, studies are carried out for the

implementation of a new school of fine arts in the municipality of Erechim. The current

school is established in an old building that no longer meets the acoustic, accessibility

and coexistence parameters of its students. A new scope was set up with the current

director of the school and from there a new project was developed on a terrain located

on Gaurama Street, next to the current July 25 cultural center, which shares the same

typology. Within the theme, strategies of isolation and acoustic conditioning for specific

uses were investigated and solutions were found to meet these parameters. In the

development of the theme were designed: teaching rooms for instruments, drawing

rooms, painting room, room for orchestra and choir, dance room and theater room.

During the design exercise, it was taken into account the NBR 9050, the code of works

and the master plan of Erechim. The aim of the project is to create a modern space

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that meets the demands of the proposed activities and attracts future cultural

protagonists, helping to develop the culture of the municipality and the region.

Keywords: acoustics, fine arts, school, culture, music.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Facha frontal Escola Municipal de Belas Artes Osvaldo Angel ....................15

Figura 2: Imagem terreno proposto ............................................................................15

Figura 3: Imagem terreno proposto ............................................................................16

Figura 4: Comportamento das ondas sonoras em superfícies ....................................21

Figura 5: Fonte de ruídos em edificações ...................................................................21

Figura 6: Aplicações de estratégias acústicas para salas pequenas ..........................23

Figura 7:Aplicação de estratégias acústicas para salas grandes ...............................24

Figura 8: Implantação com plantas baixas – estudo de caso ......................................26

Figura 9: Estratégias termo acústicas - estudo de caso 1 ...........................................27

Figura 10: Volumetria - estudo de caso 1 ....................................................................28

Figura 11: Implantação – estudo de caso 2 ................................................................29

Figura 12: Zoneamento térreo - estudo de caso 2 ......................................................30

Figura 13: Imagens internas - estudo de caso 2 .........................................................31

Figura 14: Fachadas - estudo de caso 2 .....................................................................32

Figura 15: Implantação - estudo de caso 3 .................................................................33

Figura 16: Axonométrica térreo - estudo de caso 3 .....................................................34

Figura 17: Axonométrica 1º pavimento - estudo de caso 3 .........................................35

Figura 18: Zoneamento Térreo - estudo de caso 3 .....................................................35

Figura 19: Zoneamento 1º pavimento - estudo de caso 3 ...........................................36

Figura 20: volumetria - estudo de caso 3 ....................................................................37

Figura 21: Implantação terreno proposto ....................................................................38

Figura: 22 Mapa Nolli .................................................................................................39

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Figura: 23 Mapa uso do solo ......................................................................................40

Figura: 24 Alturas edificações ....................................................................................42

Figura: 25 Rede viária ................................................................................................44

Figura: 26 Rota transporte público .............................................................................45

Figura: 27 Rede coletora ............................................................................................46

Figura: 28 Rede de abastecimento de água ...............................................................47

Figura: 29 Rede elétrica .............................................................................................48

Figura: 30 Vegetação urbana .....................................................................................49

Figura: 31 Característica do terreno proposto ............................................................50

Figura: 32 Perfil natural do terreno proposto ..............................................................50

Figura: 33 Projeção solar e sombras ..........................................................................51

Figura: 34 Visuais do terreno proposto .......................................................................51

Figura: 35 Visuais do terreno proposto .......................................................................52

Figura: 36 Skyline ......................................................................................................52

Figura: 37 Centro cultural 25 de julho .........................................................................55

Figura: 38 Fluxograma/organograma térreo...............................................................58

Figura: 39 Fluxograma/organograma 1º pavimento ...................................................58

Figura: 40 Fluxograma/organograma 2º pavimento ...................................................59

Figura: 41 Fluxograma/organograma 3º pavimento ...................................................59

Figura: 42 Zoneamento – proposta 1 ..........................................................................60

Figura: 43 Zoneamento – proposta 2 ..........................................................................61

Figura: 44 Zoneamento – proposta 3 ..........................................................................62

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: DIMENSÕES PARA SALAS DE MÚSICA ...............................................23

TABELA 2: PROGRAMA DE NECESSIDADES – ESTUDO DE CASO 1 ...................27

TABELA 3: PROGRAMA DE NECESSIDADES – ESTUDO DE CASO 2 ...................30

TABELA 4: PROGRAMA DE NECESSIDADES – ESTUDO DE CASO 3 ...................33

TABELA 5: ÁREAS MAPA NOLLI ..............................................................................39

TABELA 6: PORCENTAGEM DE USO DO SOLO .....................................................41

TABELA 7: PORCENTAGEM ALTURA DAS EDIFICAÇÕES ....................................42

TABELA 8: ÁREAS VIAS ...........................................................................................44

TABELA 9: PROGRAMA DE NECESSIDADES .........................................................57

TABELA 10: PROJEÇÃO DE ÁREAS ........................................................................58

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SUMÁRIO CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 13

1.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ............................................................................13

1.2 TEMA DO PROJETO ...........................................................................................13

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO ................................................14

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................17

2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ............................................................................17

2.2 PANOMARA HISTÓRICO DA CULTURA NO BRASIL ........................................17

2.3 ACÚSTICA ...........................................................................................................19

2.3.1 UM BREVE HISTÓRICO ...................................................................................19

2.3.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS ................................................................................20

2.4 ARQUITETURA ESCOLAS E BELAS ARTES .....................................................25

2.5 ESTUDOS DE CASO ...........................................................................................26

2.5.1 ESCOLA DE MÚSICA DE CANDELARIA .........................................................26

2.5.1.2 IMPLANTAÇÃO .............................................................................................26

2.5.1.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES ...............................................................27

2.5.1.4 FUNCIONALIDADE .......................................................................................27

2.5.1.5 FORMA ..........................................................................................................28

2.5.2 ESCOLA DE ARTES JOHN CURTIN ................................................................28

2.5.2.2 IMPLANTAÇÃO .............................................................................................28

2.5.2.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES ...............................................................30

2.5.2.4 FUNCIONALIDADE .......................................................................................30

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2.5.2.5 FORMA ..........................................................................................................31

2.5.3 ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE LISBOA

....................................................................................................................................32

2.5.3.2 IMPLANTAÇÃO .............................................................................................32

2.5.3.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES ...............................................................33

2.5.3.4 FUNCIONALIDADE .......................................................................................33

2.5.3.5 FORMA ..........................................................................................................36

CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ................................38

3.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ............................................................................38

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL ....................................................................38

3.3 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES ..........................39

3.3.1 MAPA NOLLI .....................................................................................................39

3.3.2 USO DO SOLO .................................................................................................40

3.3.3 ALTURA DAS EDIFICAÇÕES ...........................................................................42

3.4 INFRAESTRUTURA URBANA ............................................................................44

3.4.1 REDE VIÁRIA ...................................................................................................44

3.4.2 TRANSPORTE PÚBLICO .................................................................................45

3.4.3 REDE COLETORA ...........................................................................................46

3.4.4 REDE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ................................................................47

3.4.5 REDE ELÉTRICA ..............................................................................................48

3.4.6 VEGETAÇÃO URBANA ....................................................................................49

3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO ..........................................50

3.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES NORMATIVAS .....................................................52

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3.6.1 CÓDIGO DE OBRAS DE ERECHIM .................................................................52

3.6.2 PLANO DIRETOR DE ERECHIM ......................................................................53

3.6.3 NBR 9050 ..........................................................................................................53

3.6.4 NBR 9077 ..........................................................................................................53

CAPÍTULO 4: CONCEITOS E DIRETRIZES PROJETUAIS .....................................54

4.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ............................................................................54

4.2 CONCEITO DO PROJETO ..................................................................................54

4.3 DIRETRIZES DE ARQUITETURA .......................................................................55

4.4 DIRETRIZES URBANÍSTICAS ............................................................................56

CAPÍTULO 5: PATIDO GERAL .................................................................................57

5.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO ............................................................................57

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES .....................................................................57

5.3 ORGANOGRAMA/FLUXOGRAMA ......................................................................58

5.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO .......................................................................60

5.4.1 PROPOSA 1 .....................................................................................................60

5.4.2 PROPOSA 2 .....................................................................................................61

5.4.3 PROPOSTA 3 ...................................................................................................62

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................65

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO

O tema da monografia é centrado nas informações necessárias para o

desenvolvimento do projeto de uma escola de belas artes no município de Erechim-

RS. Seu objetivo geral é projetar espaços de estudo para música, dança e pintura,

que sejam adequados para o desenvolvimento das atividades propostas e atendam a

normas e convenções que muitas vezes não são respeitadas pelos envolvidos. Tem

como seus objetivos específicos o projeto de salas de música, para estudos e ensaios,

atendendo a NBR 10152 que norteia o conforto acústico em edificações, projetar

espaços de dança com piso adequado, vestiário e dimensionamento correto para a

atividade e também salas de pintura com área molhada para lavagem de materiais e

posição solar adequada.

1.2 TEMA DO PROJETO:

O projeto pretende desenvolver a tipologia educacional-cultural, investigando

teorias arquitetônicas e estudos de psicologia ambiental que versam sobre o tema.

Traduzindo tudo isso em forma de uma nova escola de Belas artes para o município.

A escola é uma proposta de espaços para estudos de atividades de cunho artístico,

desenvolvidas a partir de 4 grandes áreas: artes visuais, música, dança e pintura. As

artes visuais compreendem os cursos de: história das artes visuais, oficina de artes

plásticas, desenho artístico e expressão visual, pintura, ateliê livre, escultura e

modelagem, visando o desenvolvimento de habilidades expressivas se utilizando de

técnicas e materiais. A música engloba o ensino de instrumentos como: teclado, piano,

violão, violino, acordeão, canto, canto coral, teoria e percepção musical, harmonia e

contraponto, história da música e musicalização, desenvolvendo harmonia, ritmo e

sensibilidade no estudante. A dança, que ensina: Ballet Clássico, Jazz e Sapateado,

desenvolvendo a capacidade artísticas através de conhecimentos técnicos de dança.

E por fim, o teatro, onde são realizadas oficinas, jogos e atividades cênicas,

capacitando o aluno para atuação. As atividades propostas pelo projeto foram

concebidas a partir dos cursos já desenvolvidos pela atual escola de belas artes do

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município de acordo com o site da prefeitura de Erechim

(www.pmerechim.rs.gov.br/pagina/267/escola-de-belas-artes-osvaldo-engel, 2018).

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO

Os artistas são as antenas da sociedade, eles captam os problemas, desafios

e belezas de seu entorno e os traduzem em forma de músicas, pinturas e poemas,

criando cultura para a região. Uma nova escola de belas artes seria um investimento

na cultura da cidade, possibilitando a todos que querem aprender, um espaço

moderno e bem projetado, facilitando seu desenvolvimento.

Na cidade de Erechim, atualmente, já existe uma escola desse perfil. Segundo

a prefeitura, ela foi criada em 1960, através de Lei Municipal nº 537 de 14/04/1960 e

denominada Escola Municipal de Belas Artes. Em 1972 seu nome foi trocado para

Escola Municipal de Belas Artes Osvaldo Engel, em homenagem ao músico

erechinense. Atualmente a Escola atende aproximadamento 800 alunos, apartir dos 5

anos de idade. Conta com 28 professores e 5 funcionários. Possui um programa de

bolsas de 50% a 100% para famílias de baixa renda da cidade e tem como lema “Fazer

da Arte um meio de expressão e liberdade, contribuindo para o desenvolvimento

integral do estudante e de sua sensibilidade artística.”

(www.pmerechim.rs.gov.br/pagina/267/escola-de-belas-artes-osvaldo-engel, 2018).

Nos seus 56 anos de história e luta, conquistou espaço entre a comunidade,

participando de eventos públicos e despertando o olhar para a cultura da cidade.

Naturalmente, existe a necessidade de melhorias e ampliações, em entrevista com a

atual diretora, Darlene de Almeida Quadros (2018), ela comenta que o atual espaço

possuí problemas de fluxos e espaço reduzido para a alimentação das crianças. A

escola também necessita de um auditório para 150 pessoas e melhorias na

acessibilidade, intervenções que não seriam viáveis, pois a antiga casa que a escola

ocupa não permite ampliações.

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Figura 1: Facha frontal Escola Municipal de Belas Artes Osvaldo Angel

Fonte: GOOGLE MAPS (2018)

O terreno escolhido para realizar a implantação da nova sede está localizado

ao lado do teatro municipal 25 de julho, no bairro central de Erechim, quadra 56, lote

192 e possui testada de 19m para a rua Gaurama com área de 990m². Pelo caráter

semelhante das duas edificações, certamente uma complementaria as atividades da

outra.

Figura 2: Imagem terreno proposto

Fonte: GOOGLE MAPS (2018)

Figura 3: Imagem terreno proposto

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Fonte: GOOGLE MAPS (2018)

Em virtude dos fatos mencionado, é notável que a escola mereça uma nova

sede, para que professores e funcionárioso possam dar continuidade ao trabalho de

formação de novos artistas erechinenses, assim dando continuidade e agregando

cada vez mais na cultura municipal.

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CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO

Nesta parte será apresentada a revisão de literatura que apresenta os

principais assuntos pertinentes a compreensão do tema escolhido para o projeto.

Assim, são apresentados os seguintes assuntos: Panorama histórico da cultura no

Brasil, Acústica e Arquitetura escolas

2.2 PANORAMA HISTÓRICO DA CULTURA NO BRASIL

A partir da década de 20 o movimento moderno vem reivindicando melhorias

na preservação das cidades históricas brasileiras, principalmente as cidades que

compõem o ciclo do ouro mineiro. Durante o governo Vargas (1930-1945) foram

implementadas as primeiras políticas públicas visando uma maior institucionalização

da cultura, assim em 1937 foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional - SPHAN (CALABRE, 2007).

Durante o governo de Castelo Branco (1964-1967) se discutiu a necessidade

de uma efetiva política de cultura nacional, assim no ano de 1966, é criado o Conselho

Federal de Cultura – CFC, que tinha como atribuição avaliar os recursos que eram

solicitados ao MEC. No governo Geisel (1974-1978) a área da cultura passa por um

período de fortalecimento com a criação de órgãos provedores da cultura em outras

áreas como a Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) e o Conselho nacional de

Cinema. No final dos anos 70 é criada a Secretaria de Assuntos Culturais, em 1981

Aloísio Magalhães assume a direção da secretaria que passa a se chamar Secretaria

da Cultura, sendo formada por dois núcleos um ligado a FUNARTE e outro ao IPHAN

(CALABRE, 2007).

De acordo com Barbosa (1983), o ensino obrigatório de artes nas escolas

brasileiras, aconteceu não por conquista de educadores nacionais, mas sob um

acordo oficial, MEC-USAID, com educadores norte-americanos. Em 1971, é

promulgada a lei federal nº 5692 denominada “Diretrizes e Bases da Educação”. Ainda

segundo a autora, na época as artes eram a única forma de conteúdo escolar a instigar

o pensamento criativo e a sensibilidade humana, pois história e filosofia haviam sido

removidas do currículo escolar por conta da ditadura militar (1964-1983).

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No período supracitado, não haviam cursos de arte-educação nas

universidades. Havia, porém, um movimento chamado “Movimento Escolinha de

Artes”, criado em 1948, que tentava desenvolver a criatividade e a auto expressão em

crianças e adolescentes, e também, cursos de arte-educação para professores e

artistas. Em 1971, ano de promulgação da lei citada, o movimento havia se difundido,

havendo 32 escolinhas pelo país. Com a obrigatoriedade do ensino de artes nas

escolas, criou-se uma demanda por arte-educadores, entretanto, não foi possível a

absorção por parte das escolas, dos educadores formados pelas escolas do

movimento, pois para se lecionar a partir da 5º série exigia-se grau universitário e

poucos deles o possuíam. Visto isso, em 1973, o governo federal cria novos cursos

universitários de licenciatura em educação artística a ser aplicado em todo país.

(BARBOSA 1983).

De março a julho de 1983, a educadora supracitada, pioneira em arte-educação

no Brasil, fez uma pesquisa com 2.500 arte educadores nas escolas de São Paulo.

Conta a pesquisadora, que todos os professores mencionaram o desenvolvimento da

criatividade como objetivo principal de seu ensino. Conceito que mudava de acordo

com a área de atuação dentro das artes. Para alguns, criatividade era originalidade e

espontaneidade e para outros era auto liberação e organização. Em outra pesquisa

realizada por Heloísa Ferraz e Idméa Siqueira em 1983 foram questionados 150

professores de artes sobre suas metodologias de ensino. Segundo a pesquisa, 82,8%

dos entrevistados usam como principal fonte para a educação artística os livros

didáticos. De acordo com Barbosa(1983), as duas pesquisas demonstram uma

contradição pois, os livros didáticos de ensino artístico são modernizações de livros

para o ensino de desenho geométrico nos anos 40 e 50. Assim, os materiais que a

grande maioria dos arte educadores usam para o ensino das artes, não condizem com

o objetivo do ensino, que haviam citado (criatividade e auto liberação). A análise das

duas pesquisas mostra que existe uma falta de correspondência entre o objetivo do

ensino artístico e a prática real da sala de aula.

“Na contemporaneidade, a cultura comparece como um campo social

singular e, de modo simultâneo, perpassa transversalmente todas as outras esferas

societárias, como figura quase onipresente” (MARTINEZ apud, RUBIM 2007). Ao

materializarmos visões de mundo, em pinturas, romances ou teatro, criamos a “grande

arte”. Para essa atingir estado de “grande” deve-se conseguir transmitir valores

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específicos e após contrapô-los a outros. Essa arte faz parte da dimensão cultural ao

vincular ou separar pessoas, criando identidades. Dito isso, podemos concluir que o

desenvolvimento cultural é intrínseco a sociedades modernas. (ORTIZ, 2008)

2.3 ACUSTICA

2.3.1 Breve histórico

Durante muito tempo, as estratégias acústicas foram baseadas no empirismo,

haviam apenas conceitos pouco trabalhados e suposições sobre o assunto.

Precedendo seus contemporâneos, Aristóteles publica um estudo sobre a natureza

física do som chamado, De anima De Audibilibus, o texto tenta ordenar o

entendimento sobre os fenômenos acústicos da época, porém o primeiro registro

formal sobre acústica arquitetônica se deu na Roma antiga por Marcus Vitruvius Pollio,

arquiteto romano que escreveu sobre a acústica dos teatros (FIGUEIREDO, 2005).

Em 1863, o Físico e matemático alemão Herman Ludwig Ferdinand Von

Hellholtz (1821-1894), publica o livro “On the sensation of tone”. O Texto estuda as

sensações que são passadas pelos sons e diferentes tons musicais e as percepções

dos músicos (ROCHA, 2010). No final do século XIX e início do século XX, o Físico

Wallace C. Sabine (1868-1919) é solicitado para a corrigir a dificuldade de

compreensão da fala no do Fogg Art Museum Auditorium na Universidade de Harvard.

Após realizar experimentos em três outros auditórios, Sabine lança as teorias sobre

absorção sonora dos materiais e a relação matemática para o cálculo do tempo de

reverberação (MARROS, 2011). A equação para o tempo de reverberação de Sabine

era um dos poucos índices, e talvez o mais confiável, para quantificar a qualidade

acústica de um ambiente e nortearia o condicionamento acústico por vários anos.

Pesquisadores acústico começaram a se incomodar com o fato de que salas

com tempos de reverberação parecidos soavam tão diferentes. Um exemplo citado

por Mayer, pesquisador acústico, comenta que algumas salas de concerto tinham

tempo de reverberação parecido com o do banheiro de sua casa. Cada vez ficava

mais claro que o tempo de reverberação não era o único indicativo de qualidade

acústica (FIGUEIREDO, 2005).

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O engenheiro elétrico e músico Leo Beranek publica o livro “Music, Acoustic

and Archtecture”, o estudo propunha uma nova gama de índices de condicionamento

acústico que, além do tempo de reverberação, caracterizavam a qualidade de som de

um ambiente. Os conceitos propostos por Beranek foram: Intimismo, Vivacidade,

Calor, Nível de som direto, Nível de som reverberante, Clareza ou Definição, Brilho,

Difusão, Equilíbrio, Conjunto (FIGUEIREDO, 2005). Existe uma contradição sobre o

ano do lançamento do livro supracitado, No estudo de Letícia de Sá Rocha “Acústica

e Educação em Música: Estudo Qualitativo para Sala de Ensino e Prática de

Instrumento e Canto” a autora cita 1954 como ano de publicação, já Fabio Leão

Figueiredo no trabalho “Parâmetros Acústico Subjetivos: Critérios para Avaliação da

Qualidade Acústica de Salas de Música” cita o ano de 1962.

2.3.2 Aplicações práticas

Segundo Fernanda Marros (2011) a acústica arquitetônica possui 3 principais

condicionantes: acústica urbanística, condicionamento acústico e isolamento

acústico. Em projeto, deve-se levar em conta todas as condicionantes juntas, porém,

devem ser analisadas separadamente. A acústica urbanística, leva em consideração

intervenções para o conforto acústico em ambientes externos, enquanto o isolamento

acústico, busca conter ruídos e vibrações prejudiciais ao uso. Já o condicionamento

acústico objetiva a qualidade de som que o uso do espaço demanda. O

condicionamento acústico, norteia a análise de ambientes internos acusticamente

projetados para determinada função.

A partir da onda sonora produzida, três fenômenos acontecem, parte da energia

é refletida, parte é absorvida e parte contorna o elemento e se encaminha para outra

superfície (ROCHA, 2010). A reflexão de ondas sonoras se dá a partir de faces lisas

e rígidas (figura1), em grande parte, a energia sonora irá se refletir de volta ao

ambiente. Superfícies convexas tendem a difundir as ondas pelo espaço, ao passo

que faces côncavas tendem a concentrar as mesmas. Outro fenômeno importante ao

se projetar espaços musicalmente ativos é a absorção. Por ela, a energia sonora irá

se dissipar em forma de calor e grande parte não retornará ao ambiente (MARROS,

2011)

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Figura 4: Comportamento das ondas sonoras em superfícies

Fonte: MARROS (2010)

Figura 5: Fonte de ruídos em edificações

Fonte: BUILDING BOULLETING 93 (2003) adaptado pelo autor ROCHA (2011).

A figura 4 representa a fonte dos ruídos em ambientes de educação musical. O

isolamento acústico ineficiente tanto promove o som para a área externa quanto

contamina a sala de aula com os ruídos urbanos. Paredes compartilhadas propagam

os sons para outros ambientes, os ruídos podem entrar no espaço pelo: piso, teto,

pela estrutura da edificação, janelas, portas e pelos sistemas mecânicos, tais como

de aquecimento, ventilação e condicionamento de ar (ROCHA, 2010). Segundo o

Building Boulleting 93 (2003, p.65) “A reflexão de ondas em planos horizontais pode

causar “ecos de vibração” entre paredes”.

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Para ambientes pequenos como salas de práticas individuais ou de ensaio em

grupo, a geometria altera a distribuição de ondas estacionários no espectro sonoro.

Quando a distância entre duas paredes paralelas coincide ou é múltipla do

comprimento de onda tocado, se cria ondas estacionárias e o balanço do som será

afetado, ou seja, certas notas serão amplificadas levando a um desbalanço tonal. Um

exemplo disso seriam banheiros com revestimento cerâmico, a refletividade do

material irá amplificar algumas notas da voz do cantor, porém o ambiente não

produzirá um som equilibrado. Esse efeito pode ser exagerado se as medidas da sala

são as mesmas em mais de uma direção, por isso, salas com plantas baixas

quadradas, hexagonal ou octogonal devem ser evitadas. Tanto “ecos de vibração”

quanto ondas estacionárias podem ser resolvidos com a execução de paredes com

faces não paralelas, porém essa solução é dificultada por motivos arquitetônicos

(BUILDING BOULLETING 93, 2003).

Salas para uso individual tem seu volume em torno de 30 a 40m³. As salas de

prática para percussionistas devem ser abundantemente absorvedoras. Recomenda-

se a salas de ensaio para orquestra e corais o volume de 50m³ por músico. Para

orquestras menores pode-se fazer o uso de cortinas a 20 ou 30cm das paredes, essa

estratégia diminui o tempo de reverberação devido a superfície absorvente de cortinas

grossas, simulando o tempo de reverberação da sala totalmente ocupada por

pessoas, no teto a superfície absorvedora não deve ultrapassar 30%. Caso as

estratégias supracitadas não forem seguidas, os músicos tendem a tocar

demasiadamente alto. Algumas salas de prática instrumental e vocal podem se

beneficiar com paredes laterais não paralelas, construídas ou revestidas com

materiais absorventes (ROCHA, 2010).

Salas de 8m² quadrado são tipicamente usadas para acomodar aulas de

instrumentos, ensaios em grupos pequenos ou estudo individual. A figura 4 demonstra

algumas estratégias de projeto citadas como: Uma parede está angulada em 7º para

evitar ondas estacionárias e “ecos de vibração”, comuns em salas pequenas. Uma

cortina inteira pode ser colocada na parede da janela (superfície reflexiva) para

aumentar o grau de absorção e deixar o som mais “calmo”. O piso é revestido com

carpete e o forro é de gesso acartonado. Para sala de ensaio maiores(25m²) mantem-

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se as mesmas estratégias, porém com pé direito mais alto em decorrência do maior

volume(m³) demandado pela sala. (BUILDING BOULLETING 93, 2003)

Figura 6: Aplicações de estratégias acústicas para salas pequenas

Fonte: BUILDING BOULLETING (2003) adaptado pelo autor

As salas dimensionadas para o ensino musical devem possuir

volume(m³) maior do que salas destinadas ao ensino regular, isso muitas vezes

demanda um aumento de pé direito, caso o volume dimensionado for insuficiente o

som será muito intenso (ROCHA, 2010). Segue abaixo, tabela com referências para

esse dimensionamento.

Tabela 1: Dimensões para salas de música

SALA DE PRÁTICA E ENSAIO DE INSTRUMENTO E CANTO ÁREA (m²)

ALTURA (m)

VOLUME (m³)

Sala de teoria musical 50-70 2,4-3,0 120-210

Sala de prática de conjunto 16-50 2,4-3,0 38-150

Sala para recital 50-100 3,0-4,0 150-400

Sala para ensaio individual 6-10 2,4-3,0 14-30

Fonte: ROCHA (2010).

Para salas de ensaio grandes(65m²) usadas para uso misto (vários

instrumentos) utiliza-se, para minimizar as ondas estacionárias e “ecos de vibração”

entre paredes paralelas, texturas ou painéis difusores de som. A parede lateral foi

utilizada para acomodação de materiais e a parte inferior foram usados painéis

difusores em função do paralelismo entre os fechamentos verticais, também foram

adicionadas cortinas longas e pesadas, podendo serem abertas e fechadas para

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varias a acústica do ambiente. A janela deve conter um alto nível de isolamento

acústico para evitar interações com outros ambientes, a porta deve ser maciça com

um pequeno painel visual. Por fim o revestimento do piso deve ser de carpete fino

promovendo uma superfície absorvente, enquanto o forro deve ser altamente reflexivo

(BUILDING BOULLETING 93, 2003).

Para se ter um melhor controle das baixas frequências, não se deve trabalhar

com proporções simples de planta baixa. Por exemplo, uma sala com as dimensões:

3m de pé direito, 6m de comprimento e 9m de largura possui uma relação de 1:2:3 o

que não é acusticamente interessante, a relação mais indicia é de 1.25:1:1.6

conhecida como “relação de ouro”, porém outras proporções também funcionam

adequadamente (BUILDING BOULLETING 93, 2003).

Figura 7:Aplicação de estratégias acústicas para salas grandes

Fonte: BUILDING BOULLETING (2003)

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2.4 ARQUITETURA ESCOLAR E BELAS ARTES

Pesquisas no âmbito da arquitetura escolar vem há tempos sendo realizadas

para definir a melhor formatação para a disposição das salas de aula e o layout das

mesmas. No Brasil, novas disposições vêm sendo debatidas, porém dentro do

mesmo esquema tradicional. Alguns pontos adotados são a inclusão das novas

mídias e a facilitação da realização de trabalhos em grupo. As salas em formato de

“L” vêm sendo adotadas pela facilidade de se trabalhar com diversos layouts para

diferentes atividades(figura). Um número crescente de estudos demostra a

associação direta entre o ambiente e o desempenho escolar, logo percebe-se a

influência do espaço físico em promover mudanças de comportamento,

potencializando todos os tipos de aprendizagem, seja social, cognitivo ou afetivo.

Cada currículo e metodologia necessitam de uma disposição e ambientes específicos,

juntamente com diferentes tipos de mobiliário e materiais. Assim o perfil da arquitetura,

o escopo funcional e estético, parte do funcionamento e da concepção de ensino da

escola (KOWALTOWSKI 2011). A seguir a autora destaca alguns parâmetros

desejáveis a concepção de espaços na arquitetura escolar, nesse caso aplicáveis no

tema belas artes.

O espaço se desenvolve pela prática de conceitos aprendidos;

Salas com layout ativo ou flexível;

Área de exposição para trabalhos, evidenciando os conhecimentos

adquiridos;

Para áreas destinadas a trabalhos com tinta e água deve-se manter

conexão com área externa;

Jornal da escola, editado pelos alunos;

Estoque e acomodação de materiais;

Lugares para apresentações espontâneas como: pequenos palcos e

degraus para plateia que também possam ser usadas como salas de

aula;

Auditório conectado com sala multiuso e área externa;

Programa de rádio dos alunos;

Área para a debates sobre os temas trabalhados;

Salas que possam acomodar apresentações teatrais;

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2.5 ESTUDOS DE CASO

2.5.1 Escola de música de Candelaria

Autor: Espacio Colectivo Arquitectos

Localização: Candelaria, Valle del Cauca, Colômbia

Área: 750m²

Ano do projeto: 2016

A escola foi concebida pelo governo da Colômbia a partir de uma necessidade

de valorização da cultura popular e também como estratégia para remover jovens e

crianças das ruas e conflitos armados.

2.5.1.2 Implantação

Figura 8: Implantação com plantas baixas – estudo de caso 1

Fonte: ARCHDAILY (2018) adaptado pelo autor.

A obra foi pensada a partir dos lotes municipais disponíveis para sua

implantação. A escola ocupa grande parte do lote e possui duas elipses que funcionam

como dois grandes zoneamentos, a elipse da esquerda acomoda administração e

salas de aula, enquanto a da direita dá espaço ao auditório. A partir das elipses a

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compartimentação acontece de modo radial até um elemento conector das zonas. O

pátio aberto acontece no centro do zoneamento administrativo, por sua forma

arredondada, o corredor que contorna o pátio funciona como elemento de circulação

que leva até os ambientes.

2.5.1.3 Programa de necessidades

Tabela 2: Programa de necessidades – estudo de caso 1

Área Dimensões (em m²) Mobiliário essencial

Pátio aberto 162m² Bancos e mesas

Cantina 25m² Balcão, refrigeradores

Administração 20m² Mesas e cadeiras

Estação de rádio 15m² Mesas, cadeiras e isoladores acústicos.

Sala teoria musical 18m² Mesas, cadeiras e quadro branco

2 Estúdios de produção 18m² Mesa, cadeira, materiais para gravação e mixagem

2 Salas de ensaio 15m² Prateleiras difusoras de som

2 Depósitos cantina 3m² Armários

Sanitários 43m² Bacia sanitária, lavatório, mictório (masculino)

Auditório 185m² Palco, assentos com alta absorção de som

Fonte: do autor (2018).

2.5.1.4 Funcionalidade

Figura 9: Estratégias termo acústicas - estudo de caso 1

Fonte: ARCHDAILY (2018)

Para um melhor conforto acústico e térmico entre as salas de diversos usos, os

arquitetos separaram os blocos dos ambientes, conseguindo que todas as salas

possuíssem janelas para 3 orientações. Com isso, ganhasse alta amplitude de

ventilação e iluminação natural. Essa estratégia produz grande economia de energia

reduzindo o uso de ventilação mecânica e iluminação elétrica. Acusticamente, a

geometria dos blocos foram alteradas angulado as paredes para evitar o paralelismo.

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Assim, conseguindo evitar ondas estacionárias que amplificariam certos

comprimentos de onda levando a um desbalanço tonal.

2.5.1.5 Forma

Volumetricamente a escola se solidifica por duas elipses, uma aberta e outra

fechada, essa relação de cheio e vazio marca os dois maiores setores da obra, o

auditório e o pátio aberto. A disposição dos pilares que sustentam o pátio cria

movimento na estrutura pela locação em elipse dos elementos e pela dimensão

também criam uma certa sensação de monumentalidade. Os blocos das salas que se

encaixam radialmente na elipse são feitos, ou possuem acabamento em tijolo a vista

e por isso possuem apelo estético promovendo o aconchego característico desse tipo

de material, o prédio também possui brises horizontais e verticais do mesmo material.

Figura 10: Volumetria - estudo de caso 1

Fonte: ARCHDAILY (2018)

2.5.2.1 Escola de artes John Curtin

Autor: JCY Arquitetos e Urbanistas

Localização: 90 Ellen Street, Fremantle WA 6160, Austrália

Ano do projeto: 2015

2.5.2.2 Implantação

O projeto é uma ampliação possibilitada pelo programa governamental

denominado “Ano 7” do Departamento de Educação australiano. O bloco novo (4) foi

adicionado a histórica escola de artes fundada em 1856 inicialmente com o nome de

Fremantle Free Grammar School. Sendo uma das maiores escolas da Austrália e a

primeira instituição a ter cursos especializados em teatro e dança, no ano 2000 tornou-

se Escola de artes John Curtin. Seu entorno é rodeado por vegetação de pequeno

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porte, trazendo aspectos humanizadores a edificação e criando espaços de lazer e

vivência para os alunos. A escola está implantada dentro do perímetro urbano de

Fremantle, permitindo vistas ao porto histórico, centro da cidade, ao mar e a ilha

Rottnest. A intervenção acontece em um corte do terreno, criando um platô que

diferencia a pré-existência da intervenção proposta

Figura 11: Implantação – estudo de caso 2

Fonte: ARCHDAILY (2018)

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2.5.2.3 Programa de necessidades

Tabela 3: Programa de necessidades – estudo de caso 2

Área Dimensões (em m²) Mobiliário essencial

Sanitários+PNE 24m² Bacias sanitárias, lavatórios, equipamentos de acessibilidade

Copa 20m² Microonda, fogão, geladeira

Estar funcionários 58m² Mesas, cadeiras e armários com tranca

Depósito 20m² Armários

Sala de dança 100m² Piso adequado

Vestiário 18m² Armários com tranca e bancos

Laboratório de ciências

90m² Mesas e cadeiras

Fonte: do autor (2018).

2.5.2.4 Funcionalidade

O novo bloco da escola, apesar de possuir outros usos, é dedicado a espaços

de sala de aula, tendo algumas como uso específico para dança. O prédio no platô,

permite criar uma escadaria no terreno em aclive que se segue, essa escadaria serve

com os assentos de um anfiteatro, aonde o pátio abaixo seria o palco. Esse ambiente

permite tanto a interação dos alunos como aulas e atividades ao ar livre, visto que

após ao subir a escada que serve de “assento” foi criado um grande terraço.

Figura 12: Zoneamento térreo - estudo de caso 2

Fonte: ARCHDAILY (2018) adaptado pelo autor

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O pátio possui orientação para norte e possui a estrutura do prédio protegendo

o espaço contra a brisa marinha, essa solução gerou um local de encontro ativo, entre

os estudantes. Os estúdios de dança se localizam no nível superior ao pátio com vista

para o oceano. Um brise em forma de mosaico foi adicionado a fachada, além da

proteção solar funcionada como elemento de adorno a fachada e produz efeito de

sombra no interior do edifício.

Figura 13: Imagens internas - estudo de caso 2

Fonte: ARCHDAILY (2018)

2.5.2.5 Forma

Formalmente o novo prédio possui estrutura sólida e linear, formando um

elegante bloco de concreto. O segundo pavimento possui lajes em balanço que

quebram a monotonia e trazem profundidade a obras. Os arquitetos tiveram o cuidado

de agregar personalidade arquitetônica na intervenção visto que a pré-existência

passou por várias épocas e cada uma delas agregou algo de seu tempo a obra.

A estrutura e a fachada se contrastam de maneira que a o prédio possui uma

paleta de cores pastel no passo que o revestimento da fachada, que foi desenvolvido

com artistas locais traz cores, traz materiais e movimento criando uma textura

dinâmica a estrutura. Os componentes da fachada são feitos com alumínio dobrado e

foram usadas cerca de 300 peças para se revestir totalmente as duas laterais.

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Figura 14: Fachadas - estudo de caso 2

Fonte: ARCHDAILY (2018)

2.5.3. Escola superior de música do instituto politécnico de Lisboa

Autor: Carrilho de Graça Arquitetos

Localização: Lisboa, Portugal

Área: 16.900m²

Ano do projeto: 2008

2.5.3.2 Implantação

A ambição de implantar projetos em áreas centrais e acessíveis muitas vezes

causam efeitos como os altos ruídos causados pela agitada vida nas cidades, como é

o caso do presente projeto. Para enfrentar tal desafio, o arquiteto criou um grande

pátio interno de modo que a alta edificação ao seu redor possa conter o barulho,

criando uma barreira sonora para as salas de aula e um pátio interno agradável como

área social, ressalta-se o uso de vegetação como pavimentação do pátio.

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Figura 15: Implantação - estudo de caso 3

Fonte: ARCHDAILY (2018)

2.5.3.3 Programa de necessidades

Tabela 4: Programa de necessidades – estudo de caso 3

Área Dimensões (em m²) Mobiliário essencial

Sala multiuso 98m² --------------------------

Sala de aula 43m² Mesas e cadeiras

Auditório pequeno 95m² Assentos da plateia

Auditório 760m² Palco e assentos absorvedores

Biblioteca 215m² Estantes, mesas, cadeiras, catraca, armários

Sala dos professores 60m² Mesas, cadeiras, armário.

Sala de coral 82m² --------------------------

Hall 150m² Assentos

Administração 140m² Mesas, cadeiras, assesntos.

Fonte: do autor (2018).

2.5.3.4 Funcionalidade

O projeto partiu da premissa de excelência acústica, buscando o adequado

equilíbrio entre isolamento acústico entre ambientes e a vivência entre os alunos. A

relação exterior/interior também se baseou no equilíbrio entre aberturas e

condicionamento acústico e climático adequado para os devidos usos de cada

ambiente. A proposta foi resolvida com grandes aberturas nas extremidades das

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fachadas permitindo que o entorno entre no prédio, porém barrando de maneira

eficiente a entrada de ruídos.

Nos primeiros pavimentos se encontram os espaços sociais e salas de maior

dimensão. O maior espaço se dá por um auditório de 448 lugares, um espaço voltado

ao ensino e a prática musical do mais alto nível que possui uma concha acústica em

madeira. Salas de multiuso de tamanhos variados e um auditório pequeno

complementam o setor de ensino. O prédio foi construído em concreto o que

possibilitou grandes níveis de isolamento acústico e o piso das salas é de madeira, o

que adiciona absorção de ondas ao edifício

Figura 16: Axonométrica térreo - estudo de caso 3

Fonte: ARCHDAILY (2018)

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Figura 17: Axonométrica 1º pavimento - estudo de caso 3

Fonte: ARCHDAILY (2018)

Figura 18: Zoneamento Térreo - estudo de caso 3

Fonte: ARCHDAILY (2018)

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Figura 19: Zoneamento 1º pavimento - estudo de caso 3

Fonte: ARCHDAILY (2018)

2.5.3.5 Forma

Formalmente o prédio se caracteriza por blocos lineares de concreto com

poucas aberturas. Algumas fachadas são quase “cegas”, o que não se torna

esteticamente agradável, porém resolve a diretriz principal de projeto, o isolamento e

condicionamento acústico de alta performance.

O acesso ao edificio é sombreado pela projeção do segundo pavimento, a laje

projetada é sustentada por pilares metálicos quadrados angulados e paredes

coloridas junto com outras texturas recebem os alunos. A parte do hall possui

tubulações aparentes conferindo um ar industrial, porém as salas de aula possuem

acabamento fino e sóbrio como paredes brancas, piso em madeira e fechamentos em

vidro. A escola possui uma série de janelas pequenas alinhas, o que confere um ar

modernista ao prédio.

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Figura 20: volumetria - estudo de caso 3

Fonte: ARCHDAILY (2018)

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CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO

Nesta parte será apresentado o diagnóstico da área de implantação.

3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL

O município de Erechim localiza-se no norte gaúcho, na região do Alto Uruguai.

Assim como inúmeras outras cidades, surgiu nas margens da estrada de ferro que

ligava o Rio Grande do Sul a São Paulo. Com imigrantes poloneses, italianos e

alemães, em 1908 formava-se o primeiro povoado que logo se tornaria distrito de

Passo Fundo. Com a economia e população crescente, em 30 de abril de 1918, o

munícipio de Erechim é criado através do Decreto nº 2343 assinado pelo então

governador gaúcho, Borges de Medeiros. Atualmente a cidade abriga 104.000

habitantes (censo 2017), com área territorial de 409,06km² e perímetro urbano de

69,46km².

O Terreno dedicado a implantação da nova sede está localizado no bairro

central de Erechim, quadra 111, lote 10 e possui testada de 19m para a rua Gaurama

com área de 990m². A escolha do terreno se deu pela proximidade do já existente

centro cultural 25 de julho, com a proposta de iniciar um micro zoneamento cultural no

entorno da pré-existência.

Figura 21: Implantação terreno proposto

Fonte: Prefeitura de Erechim

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3.3 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES

3.3.1 MAPA NOLL

Figura: 22 Mapa Nolli

Fonte: Autor 2018

Tabela 5: Áreas mapa Nolli

Área global 785.398m² 100%

Área das vias 284.808 36,26%

Área das quadras 500.590m² 63,74

Área edificada 210.900m² 42,44% (das quadras)

Área sem edificações 289.690m² 57,86% (das quadras)

Fonte: Autor 2018.

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Apesar da localização central, o entorno do terreno possui equilíbrio entre

cheios e vazios, de acordo com a tabela acima, 42,44% da área das quadras são

ocupadas por edificações e 57,86% são áreas sem construções. A área não edificada

das quadras permite o crescimento de vegetações de grande porte, humanizando o

entorno sem deixar grandes vazios urbanos. A área total abrangida pelo estudo é de

785.398m² com um raio de 500m apartir do centro da quadra do terreno e escala de

1:5000.

3.3.2 USO DO SOLO

Figura: 23 Mapa uso do solo

Fonte: Autor 2018

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Tabela 6: Porcentagem de uso do solo

Área comercio e/ ou serviços 3,70%

Área moradias 42,97%

Área institucional 6,60%

Área misto comercio/serviço e moradia 43,32%

Área misto institucional e moradia 0,25%

Área misto institucional e comercio/serviço 1,12%

Área parques e praças 2,04%

Fonte: Autor 2018

Segundo o estudo acima, o entorno da implantação possui predominância de

lotes de uso mistos com comercio, serviço e moradia e também grande concentração

de terreno voltados apenas para a tipologia habitacional. Esse resultado indica um

grande fluxo de pessoas e automóveis nas proximidades da obras, principalmente nos

picos dos horários comerciais. As tipologias predominantes no entorno beneficiarão o

projeto trazendo visibilidade, divulgação na comunidade e segurança aos usuários em

horários noturnos por serem áreas com grande densidade populacional.

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3.3.3 ALTURA DAS EDIFICAÇÕES

Figura: 24 Alturas edificações

Fonte: Adaptado pelo autor

Tabela 7: Porcentagem altura das edificações

Área comercio e/ ou serviços

Até 3 pavimentos ou 12,50 metros de altura 19,81%

Até 4 pavimentos ou 15,50 metros de altura 10,08%

Áté 5 pavimentos ou 18,50 metros de altura 9,40%

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Até 8 pavimentos ou 27 metros de altura 42, 48%

Até 9 pavimentos ou 30m de altura 3,64%

Até 15 pavimentos ou 48m de altura 1,45%

Fonte: Autor 2018

Na localidade predominam prédio altos e por isso pode-se trabalhar tanto com

a harmoniza para com o entorno existente, trazendo um complexo vertical, tanto

com o contraste, buscando uma tipologia voltada para o horizontal, porém deve-se

ter cuidado com sombras e os efeitos causados pelas altas edificações.

Com os estudos, pode-se concluir que exista um intenso fluxo de pessoas no

entorno do terreno devido a sua localização central, e a alta concentração de

moradias, comércio e serviço na região em que o mesmo está inserido. Nota-se

também um equilíbrio entre cheios e vazios, de modo que a implantação do projeto

não saturaria a região.

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3.4 INFRAESTRUTURA URBANA

3.4.1 REDE VIÁRIA

Figura: 25 Rede viária

Fonte: Adaptado pelo autor

Tabela 8: Áreas vias

Área das vias 284.808m² 100%

Área fluxo intenso 105.025 36,87%

Área fluxo moderado 126.348 44,36%

Área fluxo ocasional 53.435 18,77%

Fonte: Autor 2018

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O entorno analisado possui majoritariamente vias de alto (36,87%) e médio fluxo

(44,36%). A rua Gaurama, via de acesso ao terreno possui fluxo médio de carros, porém suas

perpendiculares, Avenida Uruguai e Rua Itália apresentam trânsito rápido e pesado, em

ambas as vias é possível fazer a conversão para a rua Gaurama.

3.4.2 TRANSPORTE PÚBLICO

Figura: 26 Rota transporte público

Fonte: Autor 2018

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O entorno do terreno é atendido pela linha de transporte público L52, cuja rota está

exibida no mapa acima.

3.4.3 REDE COLETORA

Figura: 27 Rede coletora

Fonte: Adaptado pelo autor

O mapa mostra a infraestrutura coletora existente no entorno do terreno.

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3.4.4 REDE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Figura: 28 Rede de abastecimento de água

Fonte: Autor 2018

O abastecimento de água potável da CORSAN passa pelo terreno em

tubulações de 30cm.

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3.4.5 REDE ELÉTRICA

Figura: 29 Rede elétrica

Fonte: Autor 2018

Todo entorno analisado é abastecido pela rede elétrica trifásica existente, o

mapa aponta o sentido da via em que a rede se encaminha.

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3.4.6 VEGETAÇÃO URBANA

Figura: 30 Vegetação urbana

Fonte: Adaptado pelo autor

Como visto no item 3.3.1, referente ao mapa Nolli, existe uma uma harmonia

entre cheio e vazios na região estudada. Esses espaços sem edificações permitem

que a vegetação se estabeleça no perímetro urbano, humanizando a cidade. O terreno

em questão é altamente arborizado, possibilitando visuais de projeto e contato com a

natureza.

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3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO

Figura: 31 Característica do terreno proposto

Fonte: Autor 2018

O terreno possui 19 metros de testada e 50 de comprimento, totalizando 950m².

Contém 6 curvas de níveis e está em aclive. Em seu entorno imediato se encontram

o centro cultural 25 de julho, duas residências e uma igreja. Os ventos dominantes da

região vêm da orientação leste.

Figura: 32 Perfil natural do terreno proposto

Fonte: Autor 2018

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Figura: 33 Projeção solar e sombras

Fonte: Autor 2018

Nos estudos acima é exibida a trajetória do sol, representada pela linha

amarela, nas estações inverno e verão. A projeção das sombras se dá apartir de uma

representação no centro do globo.

Figura: 34 Visuais do terreno proposto

Fonte: Autor 2018

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Figura: 35 Visuais do terreno proposto

Fonte: Autor 2018

Figura: 36 Skyline

Fonte: Autor 2018

3.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS

3.6.1 CÓDIGO DE OBRAS DE ERECHIM ITENS:

4.2.7 - Referente as escadas

4.3 - Referente a rampas

4.4.1 – Referente aos corredores

5.1.2; 5.1.3 – Referente a ventilação e iluminação

6.3 – Referente a serviços de educação

6.10 – Referente a auditórios

7.1.1 – Referente a reservatórios de água

Tabela 1 – Referente ao estacionamento

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3.6.2 PLANO DIRETOR DE ERECHIM

Taxa de ocupação do terreno – código 4 - 80%

o Área do terreno 950m² - T.O. máximo = 760m²

Índice de aproveitamento – código 4 – 5

o Área do lote: 950m² - C.A. máximo = 4.750m²

Altura da edificação – código 4 – até 5 pavimentos

Recuos – código 4 – lateral 3,5m das divisas; fundos 1/10 da profundidade do

terreno e nunca inferior a 5m; recuo frontal 4m

3.6.3 NBR 9050

6.2 – Referente aos acessos

6.6 – Referente as rampas

6.9 – Referente aos corrimãos e guarda corpos

7 – Referente a sanitários, banheiros e vestiários

9.3 – Referente a mesas e superfícies de trabalho

10.3.2 – Referente aos assentos P.M.R e P.O.

10.4 – Referente a plateia, palco e bastidores

10.7 – Referente a locais de exposições

3.6.4 NBR 9077

Tabela 1 - Referente a classificação das edificações quanto à sua ocupação

Tabela 2 - Referente a classificação das edificações quanto à altura

Tabela 3 – Referente a classificação das edificações quanto às suas dimensões

em planta

Tabela 4 – Referente a classificação das edificações quanto às suas

características construtivas

Tabela 5 – Referente aos dados para o dimensionamento das saídas

Tabela 6 – Referente as distâncias máximas a serem percorridas

Tabela 7 – Referente ao número de saídas e tipos de escadas

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CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS

4.1 INTRODUÇÃO

Nesta parte será apresentado o conceito de projeto e suas principais diretrizes.

4.2 CONCEITO DO PROJETO

Poderia, para o início do desenvolvimento do projeto, partir de duas macro

diretrizes de conceito, contraste ou harmonia. O contraste se solidificaria na forma de

uma construção contemporânea, com uso de formas e materiais inusitados para seu

entorno, cujo é composto por alvenarias convencionais e casas de madeira. Já para

harmonizarmos a obra a sua volta, seria necessário usar de alguma referência

existente para dar-se continuidade aquela estética, o que felizmente existe e além de

possuir certo valor formal compartilha da mesma tipologia da nova implantação. Para

o desenvolvimento do projeto presente, foi usada a harmonia como diretriz conceitual

principal e o centro cultural 25 de julho (figura 37), cuja implantação acontece no

terreno ao lado do terreno proposto nesse trabalho, para harmonizar com a nova

edificação.

Visto o perfil em aclive do terreno, o conceito principal do projeto consiste em

criar um grande caminho com exposições de alunos até a escola. O caminho iniciará

com um nicho de exposição de obras alunos iniciantes, dos primeiros anos dos cursos

de qualquer área. Com o desenvolvimento do caminho e consequentemente da subida

pelo terreno, se apresenta o desenvolvimento, com obras de alunos mais avançados

com trabalhos mais conceituais, originais e tecnicamente elaboradas, ao final do

caminho se alcança a escola simbolizando a continua necessidade de aprendizagem

mesmo ao final do trajeto.

A escola terá torres que possam ser vistas do início do caminho, que fica na

cota mais baixa, de modo que o aluno busque a torre pelo caminho até a escola como

um objetivo a ser atingido e um local de desenvolvimento pessoal. Formalmente, o

centro ao lado possui pequenas torres, que se alinhariam com a harmonia proposta.

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Figura 37: Centro cultural 25 de Julho

Fonte: Google 2018

4.3 DIRETRIZES DE ARQUITETURA

Com o perfil natural do terreno em aclive, pode-se trabalhar os andares como

forma de zoneamento. Iniciando com a recepção e o administrativo no térreo,

passando pelas áreas de ensino nos andares acima e finalizando em um espaço de

convivência com refeitório no terraço. A construção escalonada seria a proposta mais

harmônica para o terreno, de modo a aterrar apenas os patamares das construções e

áreas pontuais de convivência, bem como pontos de exposições, mantendo seu

acesso íngreme como citado no item 4.2.

A construção será proposta em estrutura metálica com placas cimentícias para

vedação externa, painéis OSB para controle termo acústico e placas de gesso a

cartonado como acabamento interno. Com o sistema de estrutura metálica é possível

obtermos grandes panos de vidro bem como as torres esguias citadas no conceito.

Por serem materiais industrializados possibilitam um alto controle de qualidade assim

como velocidade e limpeza no canteiro de obras.

A escola irá atender alunos portadores de necessidades, assim serão usadas

cores para demarcação dos zoneamentos da escola, por exemplo, a ala de música

terá elementos construtivos, sejam parede, pisos ou forros em azul, facilitando a

identificação dos locais para alunos com deficiência cognitiva. O auditório acomodara

assentos em locais adequados para pessoas com mobilidade reduzida, como

cadeirantes e idosos bem como assentos para pessoas obesas. Assim, buscando

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uma acessibilidade mais próxima possível do ideal, agregamos todos os públicos no

desenvolvimento cultural do município.

4.4 DIRETRIZES URBANÍSTICAS

Em termos urbanísticos, o projeto pretende a longo prazo, criar um micro

zoneamento cultural. Como já citado, existe o centro cultural ao lado do terreno em

questão, ou seja, já existe uma tipologia cultural na mesma área. Espera-se que esse

tipo de ambiente propicie o estabelecimento de locais voltados a cultura e educação

no entorno.

Para se atingir esse objetivo são necessárias algumas intervenções urbanas,

tais como: o alargamento das calçadas para comportar o fluxo de pessoas,

principalmente em horários de espetáculos, exposições e show. A criação de

estacionamentos subterrâneos para suprir o aumento da demanda por vagas no

entorno e a implantação de sistema de monitoramento urbano conectado a polícia

militar, em vista das atividades noturnas que a tipologia exige.

Deve-se também possui um alinhamento de interesses públicos e privados de

modo que o poder municipal incentive o crescimento da tipologia na região. Com

incentivos a cultura, empresas e comércios podem se desenvolver agregando valor a

área e tornando conveniente a prefeitura investir na região tornando possível as

intervenções supracitadas.

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CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL

5.1 INTRODUÇÃO

Nesta parte será apresentado o partido geral do projeto.

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Tabela 9: Programa de Necessidades Área Dimensões (em m²) Mobiliário essencial

Hall exposições 100m²

3 salas de piano 10m² Banco, armário, mural, escrivaninha e cadeira

Sala de acordeão 10m² Escrivaninha, cadeira para professor e estudante, armário e

suporte para partitura

4 salas para violão 10m² Armário, cadeiras para professor e estudantes, suporte para violão e

escrivaninha

2 salas de canto 10m² Espelho, armário, suporte para partitura, piano, escrivaninha e

cadeiras

2 salas de violino 10m² Armário, suporte para partitura para professor e estudante, escrivaninha, cadeiras para

professor e estudante

3 salas de teclado 10m² Armário, suporte para partitura para professor e estudante, escrivaninha, cadeira para

professor e estudante

salas de teatro 70m² Mesa, cadeiras, mural, som, televisor, colchonetes, parede com

espelho e sala de figurino

salas de dança 70m² Mesa, cadeira, mural, som, televisor, colchonetes, barra de

ferro, parede de espelho.

Vestiário masculino e feminino 15m² Armário

Sala de pintura em tela 45m² Escrivaninha, mesa, cadeiras, bancos, cavaletes, mural,

armários, pia

2 salas de desenho 40m² Escrivaninha, mesa, cadeiras, bancos, mesa de desenho, mural,

armário e pia

Sala de teoria musical 45m² Escrivaninha, cadeiras com braço para 30 estudantes, quadro,

televisor, DVD, som, armário para instrumentos musicais, mural e

piano.

Sala de ensaio (coral e orquestra) 70m² Armário para instrumentos musicais, escrivaninha, 30

cadeiras e piano

Sala direção 10m² escrivaninha, cadeiras, mural e armário

Sala vice-direção 10m² Escrivaninha, cadeiras, mural e armário

Sala coordenação 10m² Escrivaninha, cadeiras, mural e armário

Secretaria 22m² 2 escrivaninhas, 4 cadeiras, 2 murais, arquivo de aço, 2

armários, armário para livros

Biblioteca 110m² Armário, mesa e cadeira

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Cozinha 20m² Fogão, mesa para 6, cadeiras, armário, geladeira e freezer

Almoxarifado 15m² Armários

DML 8m² Armários, máquina de lavar e tanque

Vestiário funcionários 7m²

Banheiro professores 7m² Chuveiro

Banheiro para estudantes 10m² -

Sala dos professores 30m² Mesa e cadeiras, escrivaninha, armários, geladeira, pia e sofá

Fonte: Autor 2018.

Tabela 10: Projeção de áreas

Setor Área ambientes(m²)

Área circulação(m²)

Total(m²)

Educação 750 225 (30%) 975

Administrativo 96 30(30%) 126

Serviço 60 20(30%) 90

Hall exposição 100 --- ---

1291

Fonte: Autor 2018

5.3 ORGANOGRAMA/FLUXOGRAMA

Figura 38: Fluxograma/organograma térreo

Fonte: Autor (2018)

Figura 39: Fluxograma/organograma 1º pavimento

Fonte: Autor (2018)

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Figura 40: Fluxograma/organograma 2º pavimento

Fonte: Autor (2018)

Figura 41: Fluxograma/organograma 3º pavimento

Fonte: Autor (2018)

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5.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO

5.4.1 PROPOSTA 1

Figura 42: Zoneamento – proposta 1

Fonte: Autor (2018)

Na primeira proposta os setores foram trabalhados com o perfil do terreno,

sendo o primeiro bloco dedicado ao administrativo (amarelo), o bloco central para o

educacional (azul) e o último bloco para o setor de serviço (verde). Para conseguir

cumprir com as áreas do programa proposto foram criados mais 3 pavimentos

educacionais, um em cima do bloco central e dois nos pavimentos superiores ao bloco

do serviço. A topografia foi trabalhada visando o menor impacto no perfil natural do

terreno, visto isso, o administrativo foi elevado sob pilotis para se criar um hall de

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exposições dos alunos que será aberto ao público e a terra retirada do local foi usada

para o aterro dos outros níveis.

5.4.2 PROPOSTA 2

Figura 43: Zoneamento – proposta 2

Fonte: Autor (2018)

A segunda proposta se assemelha na resolução topográfica da primeira, porém

seu bloco educacional (azul) é recuado alguns metros para se criar um pátio aberto

com acesso as salas de aula. Da mesma forma da proposta anterior, pavimentos

educacionais foram adicionas para se cumprir com o programa de necessidades.

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5.4.3 PROPOSTA 3

Figura 44: Zoneamento – proposta 3

Fonte: Autor (2018)

A terceira proposta consiste em nenhuma intervenção na topografia do terreno.

O primeiro pavimento foi colocado entre os limites dos recuos e apoiado sob pilotis,

criando um ambiente em baixo da primeira laje. O restante da obra se desenvolve em

pavimentos lineares, sendo primeiro de dedicado aos 3 setores e os demais a

educação.

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Visto isso, por apresentar o melhor resultado para as áreas propostas pelo

programa de necessidades e uma viável solução topográfica mediante o perfil natural

do terreno, a proposta 1 foi escolhida para dar sequência ao projeto.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho procurou realizar um levantamento, através de referências

literárias e estudos de caso, das melhores maneiras de se obter um espaço adequado

para o ensino das artes levando em consideração as especificidades de cada área.

As obras analisadas possuem grande valor arquitetônico, seja na solução estética

adotada ou nas estratégias técnicas para a resolução de assuntos complexos como

isolamento e condicionamento acústico. O material existente ainda é escasso,

principalmente em português, o que credencia ainda mais trabalhos voltados para o

tema. Porém, é possível montar um referencial sólido que ajuda a conceber ambientes

que atendam as mais variadas demandas. Assim, buscando atingir o objetivo proposto

do projeto, ou seja, a criação de espaços que atraiam pessoas a se envolverem com

a arte, o que futuramente, se traduziria no enriquecimento da cultura para o município

de Erechim.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RUBIM, A. A. C. Cultura, conexão, contemporaneidade. Comunicação, mídia e

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Dissertação (Mestrado) – Programa de pós-graduação em engenharia civil,

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ROCHA, L. S. de. Acústica e educação em música: estudo qualitativo para sala de

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PREFEITURA MUNICIPAL DE ERECIM. Escola de belas artes Osvaldo Engel, c2018.

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