joão nunes maia [miramez] - filosofia espírita vol 05.pdf

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  • Filosofia Esprita Volume V

    Joo Nunes Maia Miramez

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    FILOSOFIA ESPRITA VOLUME 5 Joo Nunes Maia

    DITADO PELO ESPRITO MIRAMEZ

  • Filosofia Esprita Volume V

    Joo Nunes Maia Miramez

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    Ficha Catalogrfica Filosofia Esprita Volume V

    (Preparada pela equipe de bibliotecrias SMED/PBH)

    Maia, Joo Nunes, 1923-1991 M217F Filosofia Esprita. Psicografado por

    Joo Nunes Maia / Miramez, Belo Horizonte, Esprita Crist Fonte Viva, 1988.

    20 v. 1. Espiritismo. 2. Psicografia. I. Miramez . II. Ttulo.

    CDD 133.9

  • Filosofia Esprita Volume V

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    ndice Filosofia Esprita Volume V Prefcio de Bezerra de Menezes - Filosofia Esprita - Volume V..................................................................................6

    Apresentao - Filosofia Esprita - Volume V................................................................................................................8

    01 - AMOR UNIVERSAL ...............................................................................................................................................10

    02 - CULTO AOS ANCESTRAIS .....................................................................................................................................12

    03 - HERANAS ...........................................................................................................................................................14

    04 - INFLUNCIA .........................................................................................................................................................16

    05 - TROCA DE VALORES.............................................................................................................................................18

    06 - EFICCIA DA ORAO..........................................................................................................................................20

    07 - SEMELHANA DE CARTER .................................................................................................................................22

    08 - JUSTIA................................................................................................................................................................24

    09 - GMEOS...............................................................................................................................................................26

    10 - LUTAS...................................................................................................................................................................28

    11 - CARTER DE CADA POVO ....................................................................................................................................29

    12 - CARTER MORAL.................................................................................................................................................31

    13 - TRAOS DO PRETRITO .......................................................................................................................................33

    14 - IDIAS INATAS......................................................................................................................................................35

    15 - CONHECIMENTO ANTERIOR................................................................................................................................37

    16 - PERDA DE FACULDADES ......................................................................................................................................39

    17 - LEMBRANAS RETROSPECTIVAS .........................................................................................................................41

    18 - TROCA DE CORPOS ..............................................................................................................................................43

    19 - INTERVALO DAS REENCARNAES .....................................................................................................................45

    20 - ESPRITO LIVRE ....................................................................................................................................................47

    21 - O MUNDO ESPIRITUAL ........................................................................................................................................49

    22 - ESPRITOS ERRANTES...........................................................................................................................................51

    23 - INSTRUO DOS ESPRITOS ERRANTES...............................................................................................................53

    24 - PAIXES HUMANAS.............................................................................................................................................55

    25 - O QUE CRIAMOS..................................................................................................................................................57

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    26 - PROGRESSO NA ERRATICIDADE...........................................................................................................................59

    27 - FELICIDADE RELATIVA..........................................................................................................................................61

    28 - VIAGENS DOS ESPRITOS ERRANTES....................................................................................................................63

    29 - OS ESPRITOS PURIFICADORES E OS MUNDOS INFERIORES................................................................................65

    30 - MUNDOS TRANSITRIOS.....................................................................................................................................67

    31 - PROGRESSO CONSTANTE ....................................................................................................................................69

    32 - PROGRESSO NO MUNDO TRANSITRIO .............................................................................................................71

    33 - LEMBRANAS.......................................................................................................................................................73

    34 - CONHECIMENTO..................................................................................................................................................75

    35 - PRINCPIO DAS COISAS ........................................................................................................................................77

    36 - O TEMPO .............................................................................................................................................................78

    37 - OLHOS PARA VER.................................................................................................................................................80

    38 - CONHECIMENTO DO PASSADO ...........................................................................................................................82

    39 - CONHECER O FUTURO.........................................................................................................................................84

    40 - ALCANCE..............................................................................................................................................................86

    41 - VISO DO ESPRITO .............................................................................................................................................88

    42 - LUZ E TREVAS.......................................................................................................................................................90

    43 - DISTNCIAS..........................................................................................................................................................92

    44 - VISO DO ESPRITO .............................................................................................................................................94

    45 - ESPRITOS E SONS................................................................................................................................................96

    46 - PERCEPO: ATRIBUTOS DO ESPRITO................................................................................................................98

    47 - A MSICA E OS ESPRITOS .................................................................................................................................100

    48 - SENSIBILIDADE S BELEZAS ...............................................................................................................................102

    49 - SOFRIMENTO .....................................................................................................................................................104

    50 - NECESSIDADE DE REPOUSO...............................................................................................................................106

    51 - ANGSTIAS MORAIS..........................................................................................................................................108

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    Prefcio de Bezerra de Menezes - Filosofia Esprita - Volume V

    Filosofia IV, numa ordem de seqncia, nos mostra, no mesmo fulgor, "O Livro dos Espritos", no que tange compreenso de seus mais profundos ensinamentos. dever de todos os espritas estudar, meditar e orar, para compreender melhor o livro bsico da Doutrina dos Espritos; e com essa participao de Miramez o entendimento se tornar mais fcil, facultando aos irmos uma assimilao mais rpida dos assuntos ali expostos. a misericrdia Divina se nos apresentando plena de amor.

    Quem j leu "O Livro dos Espritos", por Allan Kardec, que passe a estudar; quem j estudou, que o consulte de novo e quem j consultou, que procure gravar mais seus ensinamentos, pois muito ainda temos que aprender para compreender as leis espirituais.

    Os benfeitores esto empenhados em escrever sobre todos os assuntos que dizem respeito verdade; o homem est avanando e se aproxima da maturidade, devendo conhecer o que o espera no mundo espiritual.

    E a porta que conduz a esses conhecimentos para a libertao da criatura a caridade, e essa caridade de que falamos todos os dias, copiando dos ensinamentos do Divino Mestre, que nos salva de todas as prises tramadas pela ignorncia. Compete a todos os Espritos encarnados e desencarnados esforarem-se para compreender, compreenderem para amar e amarem para se libertar das trevas.

    Os livros espritas ajudam o leitor a crescer, a melhorar e a obra codificada por Allan Kardec a base, o alicerce. Seguindo as linhas doutrinrias do codificador, jamais perderemos o caminho do entendimento que Jesus indicou para todos ns.

    O Filosofia Esprita V, portador de luzes espirituais, prossegue o ideal de fazer mais conhecida a Doutrina dos Espritos, sob a gide de Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor. Quantos assuntos abordados! Quantos assuntos ventilados! E nesse correr de estudos que acumulamos mais entendimento, aumentando o nosso celeiro de valores imperecveis. Estudando, compreendendo, divulgando e cultivando essas sementes, o semeador sair a colher frutos que o bem se encarregar de devolver, enriquecidos pelo amor. A caridade est nos procurando por vrias modalidades, e uma das mais sublimes a de ajudar ao prximo no que se refere ao esclarecimento, onde poderemos conhecer a verdade e mostr-la queles que desejam se libertar. Quanto mais se escreve sobre as leis de Deus, quanto mais se estuda a Doutrina dos Espritos, quanto mais se fala da verdade e da caridade, mais brilha o sol do entendimento. E a Terra passar a ser um paraso, passando, de mundo de provaes, como ensina o Evangelho, para mundo de regenerao, onde cada um vai sentir a necessidade de resgate, para que a tranqilidade de conscincia se apodere de si, como bnos de Deus e conquista de todos os esforos no campo da melhoria. Quem no procura a felicidade? Todos a procuram, seja por instinto, por razo, ou por intuio. E ela existe! Faamos, pois, todos os

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    esforos que requerem o amor e o progresso, para encontrarmos o cu verdadeiro, que se encontra dentro de ns.

    Este mais um livro para meditao e estudo dos espritas, ficando aqui a nossa gratido pelo trabalho do nosso companheiro em Jesus, e que de sua inteligncia abenoada possam verter mais obras, como gotas de luz para os coraes sequiosos de paz.

    BEZERRA

    Belo Horizonte, 12 de Maro de 1985.

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    Apresentao - Filosofia Esprita - Volume V

    Estamos apresentando mais um livro do nosso companheiro MlRAMEZ da srie "Filosofia Esprita", conjunto de mensagens inspiradas em "O Livro dos Espritos, com comentrios oportunos, capazes de despertar no leitor maior interesse pela pesquisa das obras do codificador. "O livro dos Espritos" uma fonte de revelaes que desceram do cu Terra, preparando os homens para maiores conhecimentos. , pois, o vestbulo, no mundo da matria, para se ingressar no mundo espiritual.

    A Doutrina dos Espritos prepara na Terra o ambiente que se assemelha aos mundos habitados por Espritos regenerados. Allan Kardec foi escolhido para coordenar essas instrues grandiosas, com vrias finalidades, e a primeira delas fazer reviver a Doutrina do Cristo, como nasceu h quase dois mil anos. Os espritas, como os discpulos, so os escolhidos pela maturidade, para entenderem e levarem prtica esses preceitos que libertam a alma das paixes do mundo.

    Escutamos hoje a voz do Cristo a ressoar em nossos coraes, como falou a Paulo apstolo: "Fale e no se cale". Obedecendo ao Senhor, estamos falando com as nossas possibilidades, encontrando na mediunidade o canal mais acertado para dizer aos homens, mais uma vez, que ningum morre, que a vida continua em toda parte e para todas as coisas, principalmente para os Espritos.

    Os livros espritas, alm de trazerem revelaes do mundo espiritual, que a todos agradam, consolam e instruem com alta dignidade, mostrando aos homens uma literatura digna de ser apresentada em qualquer lugar, por ser uma luz colocada vista de todos, como um instrumento de reforma de que se escreve na Terra.

    O futuro ir comprovar esta verdade, e a nossa alegria muito grande por vermos e, por vezes, participarmos do trabalho empenhado por muitos de boa vontade na face do planeta, em divulgar a feio de Jesus, nesta filosofia simples, mas soberana nos seus fundamentos, onde o Amor e a Caridade so alicerces de vida, para dar mais vida e mais esperanas s criaturas.

    O nosso irmo Miramez, nas pginas que escreve, mostra aos companheiros da Terra seu amor por eles, sendo que sua maior virtude no se esquecer de Nosso Senhor Jesus Cristo em todos os seus escritos. Voltamos a dizer que essa srie de livros sobre a pedra fundamental do espiritismo, so como que eltrons iluminados circulando o ncleo, presos a ele pela fora eletrosttica divina, pelas bnos de Deus e pelo amparo do Cristo. Confiemos que eles cumpram sua misso de despertar nos companheiros, ainda envolvidos na carne, a verdadeira fraternidade.O trigo na seara dos coraes j se encontra maduro; agora, pode-se arrancar o joio, sem prejudicar a lavoura das virtudes celestiais. Esprita, v as tuas mos e coloca-as a servio da caridade, de modo que o corao em Cristo possa orient-lo, pois do corao de Deus irradia o amor em todas as direes.

    BEZERRA

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    Belo Horizonte, 22 de Agosto de 1986.

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    01 - AMOR UNIVERSAL 0205/LE

    A doutrina da reencarnao no se afigura como destruidora dos laos de famlia. Pelo contrrio, ela, como lei que vigora em todos os mundos onde os Espritos reencarnam, alicera a verdadeira fraternidade, por alimentar o amor universal entre todas as criaturas.

    Cultivar o amor somente entre os ancestrais, oferecer ateno somente queles com os quais convivemos, amar s os nossos familiares a conscincia em Cristo nos diz que refora o egosmo e o prprio orgulho, no s dos que nos acompanham como, igualmente, de toda uma raa.

    A lei da reencarnao divina por eliminar os limites de onde poderemos viver. Neg-la desconhecer Jesus, que nos pede para amar a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a ns mesmos, e acrescentamos: amar a todos e a tudo, pois, se a criao vem de Deus, somos todos irmos, na graa e misericrdia do Senhor.

    O princpio das vidas sucessivas nunca destri os lares; ele os distende ao infinito e se forma na Terra uma nica famlia para que tenhamos oportunidade de exercitar o amor; sem a reencarnao, no h condies de se estender o amor alm das fronteiras do lar. Mas, com o tempo, as almas vo crescendo e percebendo, que precisam umas das outras, mesmo que se encontrem distantes. Basta ao homem olhar o que come, o que usa e o que no foi feito por suas prprias mos nem pelos seus familiares e que, por vezes, vieram de fora, de outras naes. Faamos como o ar e as guas, que desconhecem barreiras de estados e naes, levando o conforto e a alegria onde quer que seja. Imitemos o sol: a sua luz se divide, manifestando sade e doando vida onde pode alcanar para servir.

    O conhecimento das vidas mltiplas destri a importncia exagerada que dispensamos aos nossos parentes, porque pode nos levar a nascer em vrios lugares, percebendo, por intuio na recordao silenciosa, que a vida amor, aquele amor que no se transforma em exigncias, que no se vende e nem se compra, fora criadora de harmonia e de paz, trabalhando no soerguimento de todos os cados, por prazer de servir.

    A falsa idia de sangue real que faz muitos negarem a reencarnao. O apego s heranas embarao para se crer que nascemos tantas vezes quantas forem necessrias; contudo, Deus no nos pediu opinio para fazer as leis que correspondem s nossas necessidades de despertamento espiritual. Quem ainda no deseja entender a lei da reencarnao esteja certo de que o tempo se encarregar dele e a escola das vidas sucessivas ensinar que essa lei, como dogma divino, para o seu prprio bem, porque nos ajuda a entender e vivenciar o amor universal.

    Trocamos os muitos corpos na nossa caminhada, para que possamos abolir o carma, corrigindo erros e ampliando nossos conhecimentos sobre a vida que continua em todas as direes do existir. Quem deseja ser livre haver de conhecer a verdade, assim nos diz Nosso

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    Senhor Jesus Cristo. Deus no consulta a vaidade dos homens para formular leis no universo, repetimos.

    Quem no pde ainda conceber a lei da reencarnao, como bno de Deus em nosso favor, que medite sobre ela, que ore pedindo inspirao. O cu nunca foi pobre de conhecimentos, principalmente no que tange libertao dos Espritos. Para derrubar o passado, no basta alguns segundos de arrependimento. O arrependimento na reforma interna, pelo amor e pela caridade, pelo trabalho e pela compreenso. Tudo que possamos ver e sentir, troca de formas periodicamente, porque a vida movimento, sendo que a mesma luz divina que move as formas que cada vez mais ascendem para a luz da verdade.

    Quem nasce, renasce; esta a lei.

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    02 - CULTO AOS ANCESTRAIS 0206/LE

    No estamos negando o culto queles que nos foram caros, que cooperaram no nosso retorno carne para novas experincias; de forma alguma. Quando nos lembrarmos deles, devemos acrescentar sempre gratido e orar pelos avoengos pedindo a Deus para os abenoar onde eles se encontrarem e, ainda mais, devemos cultivar o bem que eles plantaram, atravs das sementes de moralidade, de trabalho e de amor.

    Se nenhuma das ovelhas se perde, no dizer de Jesus, como cultuar somente os nossos antepassados, se todos se fundem em uma s famlia? Experimentemos, pois, amar a humanidade. A lei de amor nos diz que somos um todo em Deus, que representamos elos da famlia universal, e que corre em todos os corpos uma energia divina procedente do Todo Poderoso.

    Seitas e religies espiritualistas existem cuja filosofia se baseia no culto aos ancestrais, cuja direo ou comando so passados de pai para filho, ou descendente mais prximo, na iluso enganosa de que se pode ligar, parcimoniosamente, as coisas da Divindade. Mas quando ocorre que, na famlia ancestral, tenha havido alguns cujos comportamentos possam envergonhar os descendentes, estes procuram esquec-los ou apag-los.

    Afirma-nos Jesus que so os doentes que precisam de mdicos, e no os sos. No podemos ignorar que o sangue que corre nas veias de um nobre o mesmo que viaja no corpo de um plebeu.

    A lei da reencarnao um socorro para os Espritos que ainda precisam dela, por faz-los encontrar os inimigos do passado frente a frente, de modo a aceitarem a reconciliao como a melhor forma de paz. O culto aos ancestrais nunca ridculo; um ato de amor e gratido. Somente o que a lei do amor no aceita que esse culto fique limitado ao lar onde nasceu. Que seja estendido para os outros lares, para outras naes e para o mundo inteiro. No gosta o homem de visitar, quando pode, pases diferentes daquele em que estagia? De l no traz coisas para a sua alegria e o seu conforto? Por que no abenoar esse povo que no difere da sua prpria forma? So nossos irmos, so tambm nossos prximos, que Jesus nos pede para amar como sendo os nossos irmos. O prprio casamento com pessoas de raa diferente contribui para nos unirmos, para libertar o amor familiar, e por esse processo que passamos a nos ligar com muitas famlias, para que elas se tornem uma s.

    Jesus disse que "nos cus no se casa nem se d em casamento". O Esprito no descende do Esprito. Quando um casal desencarna, se encontra livre, e, s vezes, chamado a ingressar em outra famlia, no pas onde animou um corpo, ou em outro, ele vai encontrar ancestrais de outras famlias, onde deve exercitar o amor e universalizar os seus sentimentos.

    No se deve ficar pedindo aos parentes desencarnados para fazerem o que se quer que seja feito na Terra; banalidades, s vezes, que envergonham a prpria conscincia. Se se

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    desconhece o estado deles no plano da vida espiritual, no se deve incomod-los com as coisas da Terra. Eles, quando elevados, ficaro alegres quando seus "familiares" principiarem a abolir os erros, dissipando as trevas do seu mundo mental.

    Quando o nosso amor quebrar as amarras do lar, dos parentes, e atingir os seres humanos sem distino, pela caridade, respeitando o direito de todos, nos sentiremos felizes por sabermos que no futuro haver um s rebanho e um s Pastor, que Jesus Cristo. Devemos, sim, cultuar os ancestrais, mas, de todos os povos, como sendo a nossa famlia, a famlia de Deus.

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    03 - HERANAS 0207/LE

    A parecena fsica uma realidade. So caractersticas que por vezes se herdam dos ancestrais, e nesse fio quase interminvel, que se sucede na expanso familiar, aparecero, juntamente com o fsico, variadas enfermidades ou predisposies para tais. Se isso ocorre, no que os descendentes pagam pelos avs, pais e tios, mas, por estarem envolvidos nos mesmos processos de evoluo. Em quantas faltas familiares se encontram envolvidos inmeras pessoas? No entanto, a misericrdia divina a divina mo que abenoa e deixa os recursos ao alcance das prprias mos, para que sejam aliviadas as provas, desde quando o sofredor de hoje, que foi o que fez sofrer ontem, se arrependa e conserte a direo dos seus passos.

    No h injustia na contabilidade divina; ningum recebe o que no merece, mas, mesmo recebendo o que merece, Jesus se encontra lado a lado com o sofredor, com a sua presena incomparvel a nos dizer: - "A paz seja convosco". Ele alivia o nosso fardo e nos admoesta: "Vai e no peques mais".

    J comentamos alhures que Esprito no gera Esprito, como nos ensina "O Livro dos Espritos", obra inspirada e assistida por Jesus, entretanto, pode acontecer que surjam, em famlia, semelhanas morais por afinidade de pendores, por simpatia dos grupos de almas em processo de ascenso. Desde quando os pais, ou mesmo avs, exercitem determinadas virtudes, a magnitude dessas irradiaes pode atingir os descendentes que se encontram em princpio de maturidade, porque a lei nos garante que, em todos os esforos que fazemos para o bem, entramos em sintonia com esse bem, que imortal na sua amplitude de vida.

    bom que se saiba que herana no significa recebimento sem preparo. A analogia que abre as portas para tais acontecimentos. Em tudo a justia opera, deixando que o amor se solidifique para o engrandecimento da vida. bom que se observe, porm, que nem todos os descendentes de uma famlia tm parecena nas caractersticas morais; nesses, a Natureza se faz como que esquecida, por determinao divina, para que no acontea o que no pode ser, como freqente, em todas os conjuntos familiares, muitos no herdarem enfermidades de que seus ancestrais padeciam.

    No podemos generalizar esses acontecimentos, sem analisar o passado de cada um. Os processos evolutivos, os despertamentos espirituais de cada ser, so diferentes na pauta do tempo. A criatura, para ser aditada vinha da Terra, deve e tem de buscar a harmonia do seu mundo interno, e o caminho a ser trilhado para isso Jesus Cristo. Passando por Ele, a extenso se alarga e passamos a ter olhos para ver e ouvidos para registrar a Sua voz divina e amiga, a nos conduzir para o cu de ns mesmos.

    Se queremos modificar nossa herana de erros passados, melhoremos nossa conduta, fundindo-a conduta de Jesus, para que Deus comande o nosso destino, modulando os nossos sentimentos, de modo a agilizar os nossos pendores nos conceitos da verdade.

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    bom relembrar que nem sempre so Espritos afins que formam uma famlia; as mudanas so muitas, para que a fraternidade cresa em todos os rumos da vida. H almas que nada herdam dos familiares. Elas aparecem como um meteoro nos cus de uma famlia, cumprindo uma misso e deixando ali, por misericrdia, as bnos do exemplo de luz. Outras, vindo do mais baixo, recebem dessa famlia impulsos para o bem, porque Deus amor e no se esquece dos Seus filhos no aprendizado.

    Se j conhecemos essas verdades, esforcemo-nos para sair das heranas imprprias, plantando no corao e na conscincia a luz da bondade, da disciplina e do amor, para que essas sementes cresam doando-nos frutos de libertao espiritual.

    Procuremos ser herdeiros de Jesus Cristo, o nosso grande doador na Terra.

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    04 - INFLUNCIA 0208/LE

    H alguns pais que conseguem passar para seus filhos a esperana de Cristo e a educao espiritual nas linhas do Evangelho de Jesus Cristo. Deus usa as criaturas para a ascenso dos prprios filhos. Qual a finalidade da famlia? o crescimento das almas, rompendo barreiras e alcanando a vida em estado de graa, na luz do amor.

    Os pais que no cuidam de seus descendentes se encontram cegos e surdos voz da conscincia em Deus. No se pode descuidar da disciplina, desde mesmo a gestao. Por que no conversar com o recm-chegado do mundo espiritual? O corpo est se formando, mas o Esprito j se encontra ao lado, vivendo a formao do seu fardo fsico e, por vezes, ajudando os seus futuros pais, dependendo da sua condio evolutiva. Se for um Esprito menos esclarecido lembremo-nos do que disse Jesus: So os doentes que precisam de mdico.

    Lembremo-nos de Jesus, quando disse: - Eu e meu Pai somos Um. Nesse sentido, o filho e a me so um, na unidade de vida, um sorvendo os sentimentos do outro, com equilbrio ou desequilbrio, de conformidade com os alimentos mentais das referidas trocas. Imaginemos a responsabilidade dos pais em questo!

    Aproveitemos o tempo, comeando pela orao, reformando os pensamentos no lar e em cada um que pertence ao lar, porque o recm-chegado se encontra assimilando tudo o que os familiares pensam e sentem, principalmente a me, a futura me. Cada vcio ou hbito dos genitores impreguinar os sentimentos do filho, e pode se desenvolver, se esse no tem uma formao elevada adquirida em outras vidas. Cada virtude vivenciada no seio da famlia semente de luz que se planta no corao dos filhos, por amor, e que se multiplica em favor do agricultor. Pois dando que se recebe.

    O pai deve franquear as boas maneiras todos os dias, pensando, falando e vivendo, para que a luz de Deus ilumine a cidade de seu corao, para que a misso que ombreia ante a conscincia e Deus seja bem cumprida, e que, quando voltar ao mundo de origem, as suas mos levem os frutos de todos os seus esforos, cumulando a paz em sua conscincia. Mesmo que custe bem caro, a vida no bem, em favor dos filhos, representa esperana e bem-estar para os trabalhadores.

    Se na Terra no existe felicidade, ela existe mais adiante, e as suas razes devem ser fincadas no mundo onde ora viveis. A influncia dos pais ante os filhos uma realidade. Se, mesmo com os bons exemplos, alguns deles continuarem fora do padro em que se vive, no esmoreamos; adiante eles aprendero e, como nada se perde, o bem mais duradouro, seno eterno - embora possa dormir dentro da alma - algum dia nascer, com todo o seu fulgor de vida, e quem o plantou, receber o perfume da paz daquilo que fez. Do plantio de luz, nascer a claridade de estrelas.

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    Felizes os filhos que adquirem qualidades morais semelhantes s dos pais, e muito mais felizes aqueles que os ajudam a ampliar a conduta em Cristo. Simpatizemos com o bem, na ardidura do amor, para que esse amor nos ilumine por dentro, a mostrar igualmente por fora o cu que despertou em ns, mostrando Deus e Cristo para os que nos acompanham.

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    05 - TROCA DE VALORES 0209/LE

    As leis tm variaes incontveis. O Esprito, no mundo espiritual, j arrependido dos seus feitos incmodos, e que deseja reencarnar, quando permitido, deseja nascer de pais virtuosos, como sendo misericrdia para que se livre de enveredar outra vez nos caminhos de erro. Para tanto, os pais servir-lhe-o de barbilho, no deixando seus impulsos do passado tomarem a dianteira das boas qualidades que ele deve assimilar no mundo familiar.

    Porm, nem sempre permitida essa dvida, para seu avano espiritual; acontece muitas vezes, que a alma retorna carne em um grupo formado por seus iguais, s vezes piores, para que ele manifeste sua fora de vontade e alcance o objetivo que deseja realizar para a sua libertao. A variedade de situaes no nos deixa traar um roteiro em relao igualdade de nascimentos. As normas so diversas, em toda manifestao dos Espritos que voltam Terra para limparem seu passado, com os seus prprios esforos.

    Entretanto, acontece igualmente o contrrio: pais totalmente ignorantes, viciados em contradies das leis naturais, podem receber filhos altamente iluminados, no sentido de testarem novamente suas qualidades e desempenharem uma misso importante junto humanidade. Esses tambm pedem para renascer nesse ambiente, servindo de exemplos para tantos que estudam as reaes dos homens bons junto aos perversos e confundindo, assim, os que se dizem sbios, querendo dizer que os filhos so os que os pais no deixaram de ser, generalizando esses fatos.

    Se o Esprito no gera Espritos, eles so o que so, embora a influncia seja uma realidade. Para tanto, os Espritos que j atingiram certa compreenso se acautelam a todo momento, para no carem em tentaes, e sarem ilesos dos processos de afinidades de famlias.

    Uma famlia sempre uma escola, onde todos aprendem as primeiras letras do amor. Esteja ela no nvel que estiver, h sempre vigilantes da vida maior ajudando-a, inspirando-a para o aprendizado. Advertimos sempre a todos que as oportunidades so valiosas, da favela ao palcio, do ignorante ao letrado, que devem aproveitar o tempo que corre.

    Os meios de elevao hoje so grandes, e a influncia do bem enorme; basta ter olhos para ver. A humanidade se encontra cansada das inconvenincias. O Evangelho o despertar da alma, Jesus conosco nos dois planos da vida. Se temos alguma luz, no a coloquemos debaixo da mesa; ergamo-la para que todos a vejam, sem vaidade. O exemplo que a candeia em cima do alqueire.

    preciso verificar o que j se fez pela famlia na qual se nasceu. Necessrio se faz amar seus pais, irmos e demais parentes, para que esse amor possa alcanar toda a humanidade. A situao sempre muda, e na troca de corpos somente levamos o celeiro das qualidades, para nos atormentar ou nos tornar livres.

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    Se um Esprito ainda voltado para o mal pediu, e foi concedido por Deus, nascer em nossa famlia, no desdenhemos essa oportunidade, nem amaldioemos essa alma em provao. Vejamos o que diz Paulo, na primeira Epstola aos Tessalonicenses, captulo cinco, versculo dezoito: Em tudo dai graas, porque esta a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Se a vontade de Deus, por que no aceitar? Se muito bom para quem nasce, melhor para que o recebe como filho. Lembremo-nos do amanh.

    A vida uma troca incessante de valores. Qual o mrito que teramos em receber somente Espritos de luz em nossos convvio? Vamos receb-los porque o Senhor sempre bom, porm, no recusemos os maus, porque no amanh se tornaro bons, assim como os bons j laboraram em equvocos.

    Entreguemos nossa vida a Deus, para que a vida nos recompense com a paz de conscincia, e lutemos ajudando, porque amar aos que nos amam dever, mas amar aos que nos perseguem e caluniam saber viver com Jesus no corao.

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    06 - EFICCIA DA ORAO 0210/LE

    A orao muito pode na engrenagem da vida humana e mesmo divina. Ela comanda e purifica os nossos sentimentos, nos dando foras nos momentos de fraqueza. A orao dotada do dom de sublimar na rea humana.

    No entanto, em muitos lugares no cabe orao interferir. No caso da pergunta 210, em "O Livro dos Espritos", ela no pode mudar a necessidade do Esprito e a vontade de Deus, em fazer renascer um Esprito inferior em uma famlia para o devido aprendizado. Se assim acontecer, para onde iro os Espritos que ainda no atingiram o esclarecimento necessrio para o seu despertamento espiritual?

    A orao, neste caso, pode ajudar muito, mas, no muda a vontade de Deus; o Esprito inferior nasce, porm em condies melhores, devido fora da prece dos pais. Deve-se sempre orar, cultivando a caridade, fazer o culto do Evangelho no lar, porque os que retornam carne, encontrando este ambiente, sentem a felicidade e a esperana nas suas novas lutas, e podem, com isso, se precaverem de muitos males. Plantemos a semente do amor que colheremos os frutos da fraternidade. Nada se perde, no nos esqueamos desta verdade, e o bem, esse eterno. Ele se irradia buscando, com valores acrescentados, a fonte geradora.

    As necessidades dos nossos irmos inferiores, de voltarem Terra, so maiores mesmo que as dos Espritos de alta estirpe. Como iremos ajudar pela fora e eficincia da caridade aos que no precisam da nossa ajuda? Os doentes so os que precisam de tratamentos, e com urgncia.

    Os maus filhos so realmente uma provao para os pais, dando oportunidade para os mesmos de ressarcirem velhos dbitos e a obrigao de quem deve pagar com alegria, seno com amor. Nunca queiramos mudar as coisas que no podem ser mudadas. A justia divina no erra na sua computao, em qualquer lugar do universo. E quem procura andar na justia est se abeirando lei do amor, e sentindo seu perfume que se alojar no corao. Tanto o pai quanto a me devem emprestar aos filhos, em gerao, bons pensamentos, boas idias e sentimentos puros, porque eles se encontram ligados aos pais por fios invisveis, mas reais, e passam a pensar do mesmo modo que seus genitores. nesse sentido que a orao bem mais valiosa, porque anima e d esperana aos que esto chegando, por vezes com grandes promessas de renovao. Ajudemo-los pelo proceder, ajudemo-los pela conduta em Cristo, que os seus caminhos iluminar-se-o de forma a alivi-los dos males que os esperam em estradas de que as vezes no se recordam.

    Os pais devem se lembrar da brida da disciplina e no se esquecerem da orao todos os dias, que ela os livrar de muitos males, porque o filho pedindo ao Pai, e Jesus j disse: "Pedi e obtereis". Os filhos, sejam eles quais forem, so flores de Deus nos caminhos humanos.

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    Faamos o que pudermos na educao destes Espritos porque, em primeiro lugar, eles so filhos de Deus.

    Vai chegar a nossa vez de sermos filhos novamente, e somente colheremos o que plantarmos agora. O futuro uma oportunidade preparada no passado, que no erra o endereo do necessitado que a fez; essa a lei da Justia e do amor.

    No queiramos, portanto, escolher apenas Espritos anglicos para renascerem em nosso meio familiar. Oremos sempre por aquele que deve vir por vontade de Deus, que a assistncia de Jesus nos far felizes.

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    07 - SEMELHANA DE CARTER 0211/LE

    Em muitos casos, os irmos gmeos so Espritos simpticos, que se unem por analogia de sentimentos, porm, nem todos so assim. Pode acontecer o contrrio: serem Espritos inimigos que a justia divina faz se reencontrarem na formao biolgica, no sentido de que se processe o perdo com mais eficincia. Os gmeos, por vezes, tm semelhana de carter, sendo que no devemos generalizar esse fato, porque em outros casos so completamente diferentes, em matria de conduta e mesmo em semelhana fsica. So Espritos, e cada um , pois, um mundo parte, com os seus pendores e atividades em busca da luz. Procuramos alertar os pais e parentes dos mesmos, para estudarem esse fenmeno, ampliando seus conhecimentos de psicologia, para entenderem os seus deveres ante esses companheiros que nascem juntos, sob o taco do mesmo signo. So, geralmente, almas que precisam de ajuda dos pais, parentes e mesmo amigos, no af de se libertarem das suas velhas dvidas, que se escondem no clima do orgulho e do egosmo. Sendo o lar uma escola, os pais so os professores, que devem compreender a situao e as necessidades desses alunos repetentes em busca de notas de luz para a paz de conscincia.

    Ningum herda carter dos pais, nem to pouco dos ancestrais, no entanto, pode condicionar as qualidades morais principalmente deles, na esteira do tempo. Eis porque devem os pais procurar aprimorar a conduta, sendo que a vivncia evanglica irradia e penetra em todos os sentidos nas almas, principalmente nas que se encontram em caminho conosco. Tal no acontece com a semelhana fsica, que um fato dentro da lei biolgica. Os pais podem fazer muito por seus filhos, no que tange a vida moral dos tais, dependendo da vida que levam no dia-a-dia. Pelo esforo dos genitores em viverem melhor, atraem as bnos de Deus na visibilidade do corao.

    Tornamos a dizer, e no nos cansamos de repetir, que o culto do Evangelho no lar uma bno de Deus em favor de todos os familiares. Ele predispe os Espritos que ali residem para a libertao dos instintos inferiores, capacitando a alma integrao dos conceitos de Jesus.

    Mesmo que nasam em nossos lares filhos que trazem no corpo o estigma da deformao, no pioremos a situao, blasfemando como sendo azar ou castigo; tudo isso experincia na sequncia da vida, testando o que j aprendemos nas lutas que temos empreendido. Tratemos todos eles como filhos do corao; amemo-los como aos outros, que no amanh poderemos passar pelas mesmas experincias deles, pois os processos de despertamento so para todos.

    No fiquemos exibindo filhos sadios ante os hemiplgicos, pois os que se encontram naqueles corpos deformados so Espritos iguais a todos ns, feitos por Deus e, portanto, perfeitos na sua intimidade, porque Deus, sendo perfeito, no iria criar algo com a marca da imperfeio.

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    Agradeamos a Luz Divina pelas oportunidades que temos, de trabalhar em favor dos que sofrem e choram. Cooperemos com eles nas suas transformaes, que a paz crescer dentro da nossa conscincia. Devemos visualizar somente o bem da humanidade, e quando chamados a servir, onde quer que seja, entreguemos a Jesus todas as nossas possibilidades, que acumulamos por amor causa de Deus, pois somente o amor na pureza que o Mestre nos mostrou.

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    08 - JUSTIA 0212/LE

    Raros so os casos em que dois Espritos tomam corpos com rgos comuns. Eles nascem ligados pela fora da justia divina, que tudo faz para a paz das criaturas e usa de todos os meios para a devida reconciliao. Um dos meios esse em referncia, dos Espritos nascerem em corpos ligados, que os obriga a respirarem juntos, a comerem juntos, a descansarem juntos e a terem, por vezes, as mesmas idias. O corpo, nesse caso, mais do que uma priso; ele inspira idias de renovao e, ainda, a assistncia dos pais ajuda esses Espritos, pelo carinho que no falta, a sentirem a bondade de Deus mesmo no arrocho das provas.

    No caso mencionado pode haver afinidades de sentimentos, tanto do passado quanto do presente, porm, nem sempre assim. Podem ser Espritos inimigos, a quem os braos da carne faz esquecer as faltas, sendo que o perdo como que a chave que abre as portas da priso biolgica. Vejamos o que diz Jesus: "Deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmo; e, ento, voltando, faz a tua oferta." (Mateus, 5:24). Os Espritos, no mundo espiritual, quando arrependidos do mal que fizeram, oferecem tudo a Deus para se livrarem das agresses resultantes desse mal a outrem. Deixar a oferta no altar do corao e ir primeiro reconciliar com o irmo em caminho do despertamento, nesse caso, trilhar o caminho da carne, da famlia, enfim da humanidade, e depois voltar e fazer a oferta com a conscincia pura, sem que ela possa acusar o Esprito.

    Em muitos casos, o mundo dos encarnados palco de encontros aparentemente indesejados, mas, que no fundo, so bnos de Deus que se libertam, dando incio felicidade.

    Isso tudo fora da justia divina, operando em favor dos que sofrem e choram as reaes das aes praticadas.

    Compete a cada criatura descobrir as suas possibilidades de moralizao, e fazer, a todos os momentos, cirurgias morais, tornando-se operrios de Jesus na casa de Deus. Se a soluo dos problemas se encontra dentro de ns mesmos, necessrio se faz que no desertemos desses processos, porque dentro das lutas que alcanamos a paz.

    Se no deseja viver com o inimigo frente a frente, em corpos ligados, reconcilie-se com ele enquanto se encontra no mesmo roteiro. Jesus recomendou que orssemos para os nossos adversrios e caluniadores. Se o mal no merece discusses, ampliemos as possibilidades do bem, deixando que o amor cresa em nossos coraes a irradiar para todas as criaturas sem distino. A justia de Deus no erra o caminho, e ela somente veste a roupagem da misericrdia quando entregamos as nossas mos caridade que sempre salva. O fora da caridade no h salvao, do apstolo Paulo em Esprito, uma verdade das verdades

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    anunciadas pelo Evangelho, pois a caridade a luz que nos guia a todos, por ser filha dileta do amor.

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    09 - GMEOS 0213/LE

    Vamos alongar um pouco a conversa sobre os gmeos. Dois Espritos, quando nascem de uma s gestao, normalmente so Espritos afins, ou inimigos do passado, e Deus lhes d oportunidade de ressarcir velhas rixas no campo de luta que a Terra oferece.

    Fala "O Livro dos Espritos" que no regra que sejam simpticos, podendo ser o contrrio. A carne um meio de reajustamento espiritual para as almas, competindo a cada um esforar-se para a melhoria interna. Ningum engana a lei divina. Deus tudo registra, assim como, igualmente, a nossa conscincia, como sendo cpia da escrita espiritual.

    Quando nascemos, ou renascemos, em famlia, caracterizam-se as nossas necessidades ante o progresso. necessrio que analisemos os fatos, o ambiente em que renascemos, procurando aproveitar as oportunidades que vm em nossas mos por misericrdia dos cus. Convm a todos, principalmente aos que j chegam ao mundo com marcas, como sendo limitaes fsicas, no deixar de meditar sobre tais sinais, aceitando-os como aviso, de modo a se repararem entendendo a lio que Deus ensina.

    Existem muitos gmeos que entenderam, procurando melhorar, corrigindo o que tinham de reparar, voltando ptria verdadeira, livres do fardo que antes pesava em seus ombros, o que no acontece com outros que complicam as oportunidades, pesando mais seus dbitos para outra existncia.

    A Doutrina Esprita vem trazer luz a todos os problemas deste e de outros tipos, para que possamos entender as leis e melhorarmos no que tange moralidade. A natureza a todos convida no silncio, mas, com firmeza atravs dos pais, sendo que eles se encontram tambm no jogo das provas, e podem muito ajudar, aliviando seus jugos na esteira do tempo. A averso dos gmeos traduz inimizade anterior; com pendores afins, nos assinala amizade do passado, embora com dvidas em outras reas. Os pais podem analisar tudo isso e trabalhar para que esses Espritos compreendam e se dediquem ao trabalho de melhorar, iluminando-se por dentro pela compreenso e pela luz que pode se acender pelo amor. Depois dos esforos dos pais e, por vezes dos parentes, e deles prprios, o resto de Deus, que sempre sabe como proceder no percurso da nossa existncia.

    H muitos casos que somente o tempo, que a mesma vontade de Deus, resolve, e resolve bem, porque o Senhor nunca erra nas Suas diretrizes. Os guias espirituais so cooperadores, trazendo aos que sofrem intuies que aliviam o fardo e suavizam o jugo de todos eles. Os gmeos que aqui destacamos no so somente Espritos que nascem de um s parto; podem ser mais, sem que precisemos enumerar todas as experincias das almas em questo. Para todos eles que, so inumerveis no mundo, ns pedimos as bnos de Deus e de Jesus e o que estiver ao nosso alcance, faremos em favor de todos eles. O mundo palco de trocas,

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    que devemos fazer sem exigncias, como dever, e com amor, aquele amor que irradia vida e pureza no corao.

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    10 - LUTAS 0214/LE

    As lutas de crianas no seio materno, bem como outras do mesmo gnero, so histrias que nasceram entre povos supersticiosos. Toda criana em formao no tero materno movimenta-se. Quando duas crianas gmeas esto sendo geradas, tem-se a impresso de que esto lutando, o que no passa de aparncia.

    As lutas, no caso, so somente nas conscincias culpadas, como sendo o inferno interior a provocar distrbios pelo magnetismo inferior acumulado na rea de vida das criaturas que no souberam usar as oportunidades valiosas da reencarnao.

    O homem, em geral, belicoso, em todas as naes; os pases estruturaram "Ministrios da Guerra", ao invs de "Ministrios da Paz", o que seria bem melhor. Jesus nos ensina que a luta que devemos travar com as nossas inferioridades, para expuls-las do nosso convvio, e isso somente se processa se conhecermos a verdade, a verdade que nos tornar livres.

    Enquanto nos dispusermos a vencer os outros, seremos escravos das iluses, que se tornaram, em todos os aspectos, passageiras, para nos mostrar que a eternidade acolhe as leis, onde se afiguram com esplendor a caridade e o amor.

    O mundo um campo de reformas onde as almas podem aportar porque, na Terra, se encontram muitos instrutores que j acenderam a luz do entendimento e sabem cumprir seus deveres no ensinar aprendendo. Os homens de bom senso so pregadores de linhas de vida que libertam. Eles se encontram espalhados por todo o mundo, pertencentes a vrias seitas, mas, dirigidos e orientados pelo amor.

    Os Espritos que esperam a formao do corpo e que so inferiores permanecem inconscientes neste transe; falta-lhes a capacidade de raciocinar e mais ainda, de lutar com possveis inimigos no ventre em que so gerados. A me, nesse caso, pode ajud-los na formao dos seus caracteres, com bons pensamentos, com idias enobrecidas, e com a vida onde o amor seja o alimento dos sentimentos. O instrumento de gerao de uma me aparelho de carne, mas, divino, que as mos de Deus abenoaram e as de Jesus permanecem ajudando. O corpo humano a maravilha das maravilhas por fornecer, ao Esprito, chances grandiosas para o despertamento espiritual.

    Quem se encontra movendo um corpo fsico, que aproveite, cuide dele e lute dentro dele para que a luz se faa no corao e a conscincia se tranqilize pelo esforo de melhorar.

    Esqueamos, pois, as imagens poticas de lutas com dio antes de nascer, ou renascer, no mundo, e vejamos que o tempo passa, nos pedindo que o aproveitemos na educao de ns mesmos. No h conflito no seio materno; h, sim, compromisso de uns para com os outros, de sempre melhorar em busca da felicidade.

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    11 - CARTER DE CADA POVO 0215/LE

    Cada povo se encontra reunido pela analogia de sentimentos. Os semelhantes se atraem por lei universal da prpria justia, entretanto, o amor tem o poder de no generalizar essa lei, porque Deus amor e bondade. Sempre no seio de cada nao reencarnam Espritos elevados, condutores de massas humanas, trazendo a divina misso de paz e de entendimento, como sendo misericrdia para os que sofrem e choram. Quase todos os que ali se agrupam se encontram jungidos uns aos outros pelos mesmos sentimentos, juntos nos mesmos ideais; mais fcil de se educarem.

    Quem observa o carter distintivo de cada pas entender porque ele aceita certas leis de bom grado; voltadas aos mesmos sentimentos dos filhos que ali aportaram, pela afinidade dos ideais. Se, na formao de um pas, os que serviram de base para a nao forem belicosos, sero atrados, para serem seus filhos, Espritos que sentem prazer em guerras. Entrementes serem, a bondade de Deus e de Jesus to grande que eles enviam ao seio desses povos Espritos de alta envergadura, em vrios pontos de entendimento, para semear a paz e fazer compreender aos guerreiros, que somente o amor salva as criaturas das agresses internas, propiciando-lhes clima saudvel para a tranqilidade de conscincia.

    Essa resposta de "O Livro dos Espritos", pergunta duzentos e quinze, , pois, uma verdade que se pode observar pelos processos racionais. Cada povo atrai, para a sua comunidade, Espritos da mesma ndole. Essa a lei de justia, mas, igualmente a lei de amor que rege todo o universo. o que chamamos de harmonia. Quando se adentra um supermercado, correndo os olhos nas expostas prateleiras, poder-se- observar que cada coisa se encontra em seu lugar. Pois bem, isso satisfaz a nossa viso, e a alegria parece brotar em nosso rosto, por estar tudo obedecendo a esta ordem, de cada qual com o seu igual. Se no houvesse essa organizao, provavelmente os fregueses fugiriam de tal casa comercial.

    Assim como cada famlia atrai, para serem seus filhos, almas das mesmas idias, o mesmo ocorre com as naes, com pequena percentagem que se refere s grandes almas, que vm ao mundo, onde quer que seja, para servirem de instrumento do amor e da verdade. Analisando e observando o comportamento dos Espritos que, em sua maioria, reencarnam em pases que se destacam pelas suas aes de guerra, na indstria, nas artes, na religio, facilmente conclumos que so almas afins, de carter distinto, com ideais idnticos.

    Compete aos dirigentes das naes cujos povos apresentem vocaes belicosas, de fanatismo religioso, poltico-extremados, ou tendncias de se impor sobre os outros povos, diligenciar no aprimoramento de seus filhos. A educao e o saber dependem do alimento espiritual do amor.

    A Doutrina dos Espritos, que nasceu na Frana, foi transferida para o Brasil a fim de no morrer, para o Brasil, expulsa que foi daquele pas, pela mesma lei a que nos referimos. Os

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    grandes missionrios ali aportados subiram para planos elevados e a doutrina de Jesus perdeu sua analogia com os que ficaram. Entretanto, na nao brasileira, ela encontrou seu verdadeiro bero, onde cresceu e prosperou como sendo o maior celeiro de educao para todos os povos.

    Vamos pensar na promessa evanglica de um s rebanho e um s pastor. O futuro nos espera. Que Jesus possa transformar a humanidade pelos mtodos ensinados pelo Evangelho, fazendo desaparecer de todas as naes os dois monstros que devoram os povos e insuflam neles as guerras, o dio, a vingana, e as separaes, que so o orgulho e o egosmo. No amanh, vamos ter notcias da felicidade na Terra, no entanto, as suas razes se encontram em cada criatura.

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    12 - CARTER MORAL 0216/LE

    Certamente que o carter moral acompanha a alma depois do tmulo; no obstante a vida obedecer fora do progresso; e esse carter se modifica, diante das modalidades diferentes do que encontra no caminho.

    Se em uma existncia o Esprito adquiriu, pelos seus esforos no bem, a pacincia, a dedicao ao trabalho honesto, e compreenso, a f, a caridade e o amor, certamente que isso no foi produto somente daquela existncia. Essas virtudes so filhas de todas as vidas que a alma viveu, na carne e no mundo espiritual; fruto da maturidade. Quando vem em outra existncia corporal, o Esprito no pode se esquecer dessas qualidades conquistadas, mesmo que surgir na Terra em difcil condio social, nascendo em favelas, ou mesmo no campo; ele no deixar de ser uma criatura virtuosa. Se a vida o colocar no seio de famlia abastada, ele no mudar sua estrutura espiritual; continuar a ser o mesmo, pelo reflexo da conscincia no dia a dia que vive.

    Da mesma forma, se a ignorncia que predomina, o Esprito conserva o atavismo, de sorte que essa ignorncia o guiar em outras vidas, mesmo que renasa em famlia virtuosa, far com freqncia coisas que a virtude desaprova. Entretanto, nunca devemos generalizar idias, pois o Esprito pode, de uma hora para outra, comear a modificar a sua vida, alcanando qualidades enobrecidas. A maturidade pode surgir de momento a momento, mas, nunca que seja filha da ddiva, e sim, conquista de passo a passo. A alma somente esquece o mal que por ignorncia faz; nunca o bem, por ser ele filho das leis naturais de Deus. Quando algum passa a esquecer o bem que vinha fazendo, porque aquele no tinha se solidificado ainda em seu corao. Com o passar do tempo, o prprio tempo dar-lhe- a noo verdadeira da vida que h de levar, de trabalho, de honestidade e de amor.

    O mundo se encontra em um turbilho de desespero, a humanidade sofre de todas as maneiras, por se alimentar do orgulho e do egosmo, foras negativas devoradoras das qualidades enobrecidas. A receita para a harmonia de todas as raas da Terra se encontra no Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo, cujos preceitos de luz nos induzem a viver vida feliz, mostrando que tudo do Criador, e que ns, encarnados e desencarnados, somos apenas usufruturios das ddivas celestiais.

    Se queremos herdar bons precedentes de ns mesmos em outras existncias, procuremos nos transformar moralmente hoje, agora. Mudemos de vida. Observemos os grandes homens da histria, que so exemplos de vida reta, sem nos esquecermos do maior de todos eles: Jesus Cristo, padro moral por excelncia. Sendo Ele o Caminho, deveremos segui-Lo para encontrar a paz de conscincia, aprendendo com Ele como viver e entender e, por Seu intermdio, conhecer a Verdade. A vida nos mostra as modificaes constantes que devemos realizar,

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    polindo nossos ideais e iluminando nossas qualidades, recebendo no corao a luz de Deus e abrindo os nossos braos no sentido de que o Cristo possa nascer em nossas almas.

    Toda modificao moral com Jesus requer sofrimento, sacrifcios, problemas inmeros e dores incontveis. Toda subida exige esforo. As mudanas que ocorrem com os Espritos no so somente interiores, as reencarnaes levar-nos-o a posies diferentes, para que aprendamos com elas a humildade, o amor e o direito de cada criatura onde ela se encontra. Mais uma vez te afirmamos: para herdarmos qualidades morais elevadas, plantemos as boas sementes, que j conhecemos, de que o Evangelho um celeiro inesgotvel.

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    13 - TRAOS DO PRETRITO 0217/LE

    Existem certas leis que podem ou no ser aplicadas, isso de conformidade com o lugar ou com a pessoa que vai servir de instrumento. O corpo em formao nada tem a ver com o corpo que o Esprito teve em outra vida, no entanto, ele pode apresentar traos profundos, pela impresso da mente do reencarnante, se esse tem essa fora j desenvolvida na sua estrutura espiritual.

    H casos em que o corpo da presente reencarnao de um Esprito parece cpia do outro que ele deixou em passadas existncias. Aquela que mais agradou-lhe fica mais fortemente impressa na conscincia, esse o fato. No que o corpo herde traos de outros corpos por leis que regem a matria em formao.

    A herana mais acentuada, biologicamente falando, so as caractersticas fsicas dos pais, pois as pessoas imprimem, nos seus prprios gens, a vida que levam, em relao a enfermidade e at ao prprio carter. Os filhos, ento, nascem predispostos a tais enfermidades. Como os Espritos que se renem em famlia esto espiritualmente endividados, mais ou menos no mesmo nvel, eles, sem generalizar, podem vir a sofrer as mesmas doenas dos seus ancestrais.

    Como, entretanto, a misericrdia de Deus pelas mos de Jesus muito grande, pode-se livrar de muitas enfermidades que vm pelos fios das heranas, desde quando se compreenda o que deve ser feito para a devida limpeza crmica. O dever do devedor pagar.

    Acontece muitas vezes, e por certo o que mais acontece, que Espritos de baixa vibrao aparecem em outros corpos com pouqussimas mudanas, tanto moral quanto fsica. Somente o tempo modificar-lhes-, devagarinho, em inmeras reencarnaes, os traos.

    Quando j compreendemos essas leis, podemos e devemos nos esforar na nossa prpria melhoria espiritual. Analisemos o que somos e passaremos a ser melhores; observemos nossos pensamentos, analisemos nossa fala, nossa vida, e vejamos se ela est em sintonia com Jesus.

    Procuremos com Jesus os meios mais rpidos de saldar nossas contas, que ficaremos livres, com mais rapidez, do grilho da dor, cuja semente ns mesmos plantamos. No devemos pensar que somente em corpos bem moldados se encontram Espritos de elevao. Pode ser, e quase sempre , o contrrio. Os grandes missionrios pedem corpos sem atrao fsica, para que eles possam desempenhar melhor sua misso. Reconheceremos essas almas pela vida que levam, pela presena benfeitora, pelo amor que desprendem na sublimao do prprio amor.

    Jesus o sol espiritual que nos guia a todos. Se queremos melhorar, no nos esqueamos do Mestre, que Ele no nos esquece. Se queremos viver de boas heranas, devemos procurar

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    herdar as qualidades enobrecidas de Jesus. Basta que queiramos. Comecemos, que Ele ajudar-nos- na conquista. Convidamos os pais a observarem os seus filhos, notando o que tm para consertar moralmente e trabalharem com amor, pois Deus opera com todos, no silncio da vida. Cada esforo de aprimoramento semente de luz para todos os coraes do grupo familiar. O dever da famlia humana trabalhar no sentido de todos por um e um por todos. Faamos qual o sol e a chuva, a gua e o ar, que operam constantemente sem exigncias, que a luz nascer em ns.

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    14 - IDIAS INATAS 0218/LE

    Certamente que o Esprito quando encarnado tem vaga lembrana daquilo que ele foi em reencarnao passada. A conscincia registra tudo o que pensamos e fazemos, como sendo um livro divino. Quando na Terra, movendo-se em um corpo de carne, aparecem, de vez em quando, na mente, as idias chamadas inatas; so pensamentos guardados na sensibilidade espiritual, de modo a irradiar-se, quando preciso, para a mente ativa, e essa, sendo educada nos conceitos de luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, d-lhes guarida ou expulsa-os de seu mundo mental, quando indesejado. Eis a a limpeza que devemos fazer dentro de ns mesmos para estabelecer-se a harmonia consciencial.

    Alimentamos, por vezes, muitos erros, inspirando-nos em velhas idias que emergem do passado para o nosso presente. Em casos diversos sendo o encarnado um esprita, ele aponta logo como culpados, os irmozinhos das sombras, atribuindo a responsabilidade aos obsessores. Na verdade, as idias so filhas do prprio "obsediado". Algumas religies pem culpa no satans e procuram expuls-lo com gritarias e oraes. Cada religioso procura uma desculpa, se esquecendo de que somente atramos para ns segundo o que somos.

    As nossas idias tm vida, muitos sabem desta verdade. Quem as cria, torna-se seu pai, e mesmo se elas saem de ns, ficam sempre vinculadas casa paterna. Procuremos, pois, mudar a nossa vida, baseando compar-la com a vida de Cristo. Todo esforo neste sentido vlido, e sempre temos companhias que nos ajudam nas transformaes das trevas para a luz. Quando o Esprito reencarna, traz consigo seu mundo mental, e quando parte deste para o alm, tambm leva o que construiu pelos pensamentos, palavras e obras. Os nossos testemunhos so nossos agentes, que nos libertam ou nos escravizam. A Doutrina dos Espritos, pode-se dizer, a misericrdia dos cus para a Terra, porque ela nos avisa, antecipadamente, a verdade, de modo a comearmos, mesmo na Terra, a sentir e a viver a luz da espiritualidade superior.

    Impossvel descrever todos os acontecimentos como sendo iguais na pauta das reencarnaes dos Espritos. H muitos deles que em uma existncia no tem conexo alguma com a anterior, dada incrustao da sua ignorncia; outros, s vezes, por piedade dos guias espirituais, no conseguem fixar essas idias inatas, para no complicar mais a vida presente.

    Quando necessrio, os benfeitores estimulam as idias do passado a flutuar na mente presente, como meio de educao e limpeza do magnetismo inferior que por vezes, se esconde nas dobras da conscincia, por sculos. No podemos dizer aqui que os Espritos das sombras no inspiram as criaturas na Terra; isso se processa freqentemente, mas, sempre sob vigilncia da Luz. Ningum carrega fardo que no suporte. Na verdade, a Luz se encontra na Terra com muito mais fulgor do que se pensa. Onde quer que estejamos, a nossa viso v e nossos ouvidos escutam a mensagem de entendimento espiritual. Basta observarmos, desde o nascimento at a entrada nas fronteiras do que chamamos "desconhecido".

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    O Espiritismo veio completar o que Jesus no podia dizer naquela poca, nos dando a segurana, de modo a compreendermos o valor da Sua ressurreio e da comunicao dos Espritos, os mesmos homens que viveram na Terra.

    Procuremos vigiar, analisando todas as idias que surgirem em nossa mente. Quer sejam idias inatas, ou provindas de irmos das sombras, no importa; importa que devemos destru-las, quando inconvenientes.

    Procuremos pensar no bem e viv-lo; pensemos no amor, amando, que neste esforo permanente, as mos invisveis ajudar-nos-o a concretizar o nosso ideal de iluminao interior.

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    15 - CONHECIMENTO ANTERIOR 0219/LE

    O Esprito muda de corpo, como se muda de roupa, no entanto, o agente de luz o mesmo, e a lei permite a variedade de instrumentos de carne, ou de corpos, para melhor desempenho da alma e enriquecimento das suas experincias, a caminho da Luz.

    de se notar grandes conhecimentos em criaturas sem nenhuma escolaridade naquela existncia. Onde adquiriram tais verdades? Somente a reencarnao pode dizer que esses conhecimentos vieram do passado, em vidas sucessivas, de modo que eles afloram no presente para mostrarem, no silncio da vida, que existe a reencarnao ou, pelo menos, para por os clicos a pensarem.

    Esse fenmeno se v em escritores chamados autodidatas, em oradores fluentes, em polticos fecundos, e mesmo em filsofos, enfim, em todos os ramos da cincia, da filosofia e da religio se encontram esses personagens que nos fazem meditar. A bagagem vem do passado, onde eles aprenderam todas essas coisas. Mesmo em uma existncia, sem freqentar escolas, o Esprito relembra o aprendizado, em muitos casos com a ajuda dos espritos-guias. Um exemplo valioso o caso de Jesus. Ele no estudou nas escolas humanas e tinha todos os conhecimentos que os humanos todos juntos pudessem reunir e ainda muito mais, porque do que falou, e que alguma coisa ficou registrada nos Evangelhos, h dois mil anos, ainda se encontra atualizada, porque a base da filosofia universal. Somente a ignorncia nega esse poder do Mestre. Ele veio nos ajudar a viver melhor e foi expulso pelos pseudo-sbios. Se tornasse a voltar aos nossos dias, quando escrevemos essa pgina, bem possvel que os novos fariseus tornassem a crucific-LO. A Sua grandeza era tamanha que, naquela poca, j dizia o Mestre: Eles no sabem o que fazem. No so maus, mas ignorantes.

    Vamos escutar esses sbios inatos, pois eles trazem muitas coisas importantes para o nosso bem. Vrios deles deram a prpria vida na sustentao da verdade, como no caso de Scrates, na Grcia. O passado est sempre ligado ao presente e, quando necessrio, derrama neste o seu manancial de luzes em favor dos que vivem no mundo. Entretanto, bom que observemos se o que nos vem mente realmente educativo. No o sendo, de bom alvitre que o recusemos, para no cairmos em novas tentaes.

    A Doutrina codificada por Allan Kardec escola para todas as almas, de modo a instru-las, preparando-as para a volta ao lar espiritual. Quanto tempo ganharemos com essa instruo? Sabemos que muito tempo.

    Se algum dia surgirem em nossa mente pensamentos negativos, no precisamos nos preocupar com esse fenmeno. Isso natural no ser humano. Procuremos corrigi-los sem culpar os outros pela infestao desse mal criado por ns mesmos. Comecemos a corrigir, que todo trabalho de iluminao tem o apoio de Deus, e as mos invisveis nos ajudam de todas as formas. Demos campo frtil s boas lembranas do passado, sufocando as ms logo que

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    surjam. Todos os grandes msticos passaram por esses processos de limpeza. Vejamos as palavras de Paulo: - "O que quero, no fao; e o que no quero, isso eu fao". (Paulo aos Romanos, 7:15) Eram pensamentos do passado que brotavam em sua mente vigorosa, induzindo-o ao mal, s contradies. Mas ele lutou e venceu a si mesmo, acendendo a luz no corao e instalando a harmonia na conscincia.

    O maior guerreiro aquele que vence a si mesmo.

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    16 - PERDA DE FACULDADES 0220/LE

    O Esprito, ao reencarnar-se, pode perder, temporariamente, algumas das suas faculdades j conquistadas para que outras aflorem de seu mundo interno. As faculdades j conquistadas, despertas na conscincia, adormecem por determinado tempo, em favor de outras que precisam ser desenvolvidas no campo da existncia atual.

    O Esprito uma luz imortal, chama essa que cresce no crescer da vida. De nada carece internamente pois perfeito desde quando saiu de mos perfeitas, no entanto, todas as faculdades no primitivismo se encontram em estado de sono, para serem despertadas pelo esforo prprio, com a fora do tempo, dirigidas pela mente divina.

    Na verdade, somente perdemos o que se encontra fora da lei, e isso uma proteo espiritual, que nos compete agradecer ao Pai Celestial. Todo o cu, como Deus, todos os poderes; como luz, se encontram dentro de ns em estado latente, espera de mos espirituais que trabalhem usando a nossa boa vontade, pelos canais do corao, para que no amanh sejamos luz da qual nos prprios somos oriundos. Essa revelao de "O Livro dos Espritos" vem nos trazer esperana, por nos afirmar que nada se perde das belezas espirituais que so geradas do amor, e que esse amor, na vivncia de Cristo, vida. A Doutrina dos Espritos, expressa na codificao de Allan Kardec, como luz benfeitora a nos mostrar os caminhos mais certos da libertao; o conhecereis a verdade que Jesus anunciou para todos os Seus seguidores.

    Grandes msicos do passado, se voltarem a reencarnar, em certos casos podem nascer sem nenhum interesse pela msica, com fortes tendncias para outra, ou outras artes. No que perderam o que conquistaram; as experincias, j dissemos, ficam no arquivo da conscincia profunda para serem utilizadas quando conveniente, sob o impulso dos sentimentos elevados. Somente quando chegamos a determinada perfeio, que podemos, e da lei, usar todas as qualidades conquistadas, ou despertadas, quando a convenincia em Cristo pedir ao corao.

    Essa lei universal de que nada se perde, principalmente com as nuances da lei eterna, nos traz muita alegria. Quando a alma difunde a sabedoria como entende, sem consultar a prpria natureza divina, como semente deteriorada, que morre com o tempo, mas que sempre deixa um saldo de contradies no nosso mundo interno, e gastamos muito tempo para a devida limpeza em todas as intimidades dos corpos que nos servem de vestimentas espirituais.

    O Espiritismo se encontra encarregado de instruir os homens acerca da Verdade, para que essa verdade os liberte. Quando todos ns nos conscientizarmos do que podem nos trazer os maus pensamentos, quando a vivncia dos bons nos mostrar os resultados agradveis do amor, passaremos a nos esforar de maneira a copiar Jesus em todos os Seus ngulos de ensinamentos e de vida.

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    Um motivo muito forte para esquecermos o que j conquistamos de bom o mau uso que por vezes fazemos de certas faculdades durante o estgio que tivemos na Terra. Isso para o nosso prprio bem, e a oportunidade nos pede renovao de vida, de entendimento de idias e de vida. E para onde apelar, buscar novas foras? A resposta simples: Jesus.

    O Evangelho a fonte de vida e as mais puras diretrizes para o nosso embelezamento espiritual. Devemos procurar a perfeio em tudo o que nos propusermos fazer, ou que estejamos fazendo, que esse esforo no ficar em vo. As mos de Jesus se encontram invisveis, nos ajudando a pensar melhor e a fazer com mais acerto o que nos cumpre realizar.

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    17 - LEMBRANAS RETROSPECTIVAS 0221/LE

    Sim, o homem primitivo tem lembranas retrospectivas das leis naturais e da verdadeira vida, que cintila em todo o universo. O Esprito, antes de tomar um corpo humano, entra em aprendizado intensivo ou, como queiramos dizer, na teoria de todas as leis universais, de modo que o conhecimento fica gravado, por leis ainda desconhecidas pelos encarnados, na conscincia profunda, de sorte a dormir dentro de si para, quando preciso, despertar com todo fulgor na mente ativa. Isso se faz na gradao que se imprime necessidade de progredir.

    A conscincia um engenhoso mecanismo espiritual, de forma que a vida mostra uma lucidez nos trabalhos que realiza. As lembranas so frutos das experincias tericas, levando, a cada dia que passa, o candidato realizao do aprendizado. A vivncia vem depois, com a maturidade da alma. neste sentido que todas as raas mais ou menos primitivas se dispuseram a ritos inmeros, mas todos com fundamentos na vida futura.

    Para .que possamos interpretar a verdade como ela , preciso mais vivncia de corpo a corpo, ajuntando experincias dos mais velhos, na forja do tempo e do espao. Deus deus de bondade e de amor, que sempre envia, ao meio de raas primitivas, Espritos de alta iluminao, vestindo corpos rudes, mas com a alma vibrando em planos de alta compreenso. Em tempos passados, foram os profetas guias de muitos povos, anunciando a verdade para que ela pudesse libert-los de preconceitos carcomidos e inteis elevao das almas, no nvel espiritual em que se encontravam.

    Mesmo o homem de mais evoluo tem, de vez em quando, recordaes do passado, e essas o levam a procurar preceitos compatveis com as suas necessidades. Por esta razo, a Doutrina dos Espritos no precisa violentar conscincias, visto que cada qual se encontra no lugar certo, e a maturidade o guia pelos caminhos que a necessidade requer. Sempre estimulamos a todos para orar e aprender a orar porque, na meditao com Jesus, vamos escolhendo, por recordao, no silncio do mundo interno, as trilhas da verdade, e descobrindo as leis naturais que nos sustentam a vida, que guiam os sbios e so obedecidas pelos santos. Por sua vez, o ignorante igualmente responde pela sua ignorncia, mesmo que suas faltas tenham atenuantes, as leis se encontram escritas no livro divino da conscincia de cada um, livro esse que se encontra sempre aberto, a desprender avisos para o corao, na fulgncia dos sentimentos.

    Deus est sempre presente em todas as criaturas, desde o mais rude Esprito nas selvas, at os grandes sbios da chamada civilizao humana. Est presente desde o tomo ao anjo, distribuindo o Seu amor em todas as direes.

    A Doutrina dos Espritos, que nos afirma que a vida continua e que ningum morre, to antiga quanto o universo, por ser baseada nas leis formuladas por Deus. Jesus Cristo mostrou a todos, principalmente aos seus seguidores, que a morte vida. Anunciou que retornaria depois

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    do Calvrio e cumpriu a promessa, selando, assim, a esperana com a verdade, e dando alegria a toda a humanidade.

    Se porventura surgirem em nossa mente lembranas do passado, procuremos interpretar o aviso e melhorar a nossa conduta, porque o objetivo de quem acompanha Jesus Cristo a pureza dos sentimentos, e o aprendizado do amor a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a ns mesmos, com todo o esplendor.

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    18 - TROCA DE CORPOS 0222/LE

    Falando de reencarnao, estamos buscando lembrar aos espiritualistas dessa lei que vigora em todos os mundos habitados: a troca de vestes para renovao dos sentimentos.

    A reencarnao aceita h tempos imemoriais. A antiga Lemria j alimentava essa crena nas vidas sucessivas, como, igualmente, a Atlntida; depois, a herana passou para a Assria, Egito, ndia e Indochina. Como a verdade permanece de p sob quaisquer circunstncias, ela atravessou sculos e milnios com variadas roupagens, mas nascendo e renascendo em muitos pases, como luz que deveria, algum dia, clarear como o sol da verdade.

    A reencarnao encontrou seu ambiente favorvel na Doutrina Esprita, at mesmo como princpio, como lei irremovvel, para explicar muitos aspectos das desigualdades entre os seres que estagiam na Terra. Somente as vidas sucessivas nos mostram a bondade de Deus e a Sua justia. Pitgoras j pressentia a necessidade de crer na reencarnao, embora distorcendo seu fundamento, dizendo que o homem poderia voltar a tomar, em outra poca, corpos de animais, dando a esse sistema o nome de Metempsicose, mas, o Espiritismo vem corrigir esse erro, mostrando que no h regresso na marcha progressiva das almas.

    Buda falava largamente da necessidade dos Espritos tomarem novos corpos, como necessrio se faz que o ser humano troque de roupas quantas vezes for conveniente.

    Santo Agostinho lembra, em suas Confisses, de forma que o leitor inteligente reconhea, a sua crena na reencarnao.

    Tudo na vida renasce, no somente os Espritos; basta que meditemos um pouco na vida e na ascenso espiritual.

    Allan Kardec encontrou nas vidas mltiplas o alicerce da Doutrina dos Espritos, e todos eles, por intermdio de variados mdiuns e em lugares diferentes, confirmaram a doutrina das vidas sucessivas.

    Isso um bracejar de alegria nos coraes de todas as criaturas, porque, alm de revelar a verdade, nos mostra oportunidades de granjear condies elevadas em vrios caminhos do aprendizado.

    Compete a todos os companheiros, principalmente da rea esprita, meditarem na reencarnao na sua funo divina e humana, passando a melhorar moralmente. A reforma moral semente de luz a iluminar os caminhos do futuro.

    Allan Kardec tece comentrios inteligentes em "O Livro dos Espritos sobre a reencarnao, a fim de facilitar aos homens essa crena de luz cheia de esperana para todos os coraes que sofrem. Se no nos lembramos das nossas vidas passadas, isso constitui uma bno de

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    Deus, por no suportarmos viver duas vidas em uma existncia, mas, no fundo da conscincia, h sempre uma voz que no deixa apagar essa crena na troca de corpos, sem o limite das nossas intervenes impostas e impulsionadas pelo orgulho e pela vaidade.

    Deixemos refilhar em nossos coraes a intuio da vida futura e da lei que nos garante muitas vidas no plano fsico, para que a alma cresa e desperte todos os seus dons de ouro, como sendo sis e estrelas/onde a conscincia em Cristo viva na plenitude da felicidade.

    Quem nega a reencarnao no pensou que Deus no pede opinio aos homens para fazer leis que garantem e iluminam esses mesmos homens, filhos do Seu corao.

    Estudemos, pois, as grandes vidas, e analisemos as menores, para que a nossa razo nos mostre a realidade em Cristo.

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    19 - INTERVALO DAS REENCARNAES 0223/LE

    H muitas dvidas sobre o tempo que a alma espera entre duas reencarnaes, para a volta em novo corpo Terra, ou em outros mundos, mas "O Livro dos Espritos" no se esqueceu de tocar neste assunto, para esclarecer aos que iriam naturalmente interrogar.

    O tempo que se gasta para a alma voltar novamente ao corpo varivel; alguns voltam imediatamente, dependendo das necessidades do Esprito. Os mentores espirituais, achando conveniente, mostram ao reencarnante que seria o melhor para ele a volta sem demora; no entanto, h outros para quem a demora caminho mais inteligente, para recolher experincias necessrias segurana da volta.

    A variao, nesse assunto delicado das vestes na carne, de zero ao infinito. uma oportunidade valiosa para todos os Espritos que desejam ascender, despertar seus valores na profundidade da conscincia.

    Devido s vibraes pesadas da Terra, o Esprito, quanto mais iluminado, mais tempo, normalmente, espera para voltar mesma.

    Alguns podem gastar mil anos para a descida carne, com misso divina de instruir e dar exemplo de amor para a humanidade, como no caso de Francisco de Assis, o "Poverello da mbria". Nos mundos superiores, entretanto, o tempo se encurta, mesmo em se tratando de Espritos iluminados, por encontrarem, na atmosfera do mundo, ambiente favorvel, visto que todos os pais nessas regies so conscientes da lei da reencarnao, favorecendo, assim, a chegada do missionrio da verdade.

    Vrios livros medinicos se referem aos processos da reencarnao, de modo a conscientizar o leitor da verdade para que ele, quando oportuno, venha a ajudar nessa delicada operao, junto aos benfeitores da espiritualidade superior. Se queremos uma reencarnao melhor no futuro, no desprezemos as mudanas, os consertos morais, e para tanto procuremos Jesus; Seus preceitos so eternos e vibram na eternidade da vida, sendo caminhos que nos mostram a felicidade e como conquist-la. Estudemos as vidas dos Seus discpulos e dos grandes personagens que estiveram na Terra com a misso sagrada de elevar o homem, que encontraremos nos Seus exemplos, a fora indispensvel para a renovao dos nossos velhos costumes.

    O fora da caridade no h salvao a meta de luz, traada pelo Esprito que a escreveu na vivncia de cada dia. Necessrio se faz que entendamos o que caridade. Isso possvel se j conhecemos o Cristo, e se aprendemos a orar, porque a orao o canal divino por onde receberemos a intuio do Senhor.

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    Na variao do tempo, a fora da verdade faz gerar a compreenso das leis naturais que nos garantem a vida e nos levam a sublimar os sentimentos. Precisamos conhecer no somente a vida na matria, como a vida em Esprito, e essa necessidade bem maior entre os encarnados. Falamos aos de boa vontade, para que eles aproveitem as oportunidades oferecidas pela Doutrina Esprita de modo prtico, e conheam a si mesmos, para que o conhecimento da verdade seja mais fcil. Deixemos acender em nosso corao a luz do entendimento, que essa luz servir-nos- para a jornada que Jesus deseja que empreendamos.

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    20 - ESPRITO LIVRE 0224/LE

    Chamamos o Esprito, quando fora do corpo, de Esprito livre, no entanto, bom que se saiba o que liberdade, no sentido que falamos. A liberdade cresce com o crescimento da alma em todos os planos da existncia. Todos os aspectos da liberdade, para as criaturas de Deus, tm limites; somente para o Criador, desaparecem as fronteiras.

    J dissemos antes que os intervalos da reencarnao so sem limites. No podemos precisar uma quantidade de anos para que o Esprito volte a um novo corpo de carne, pois nesse processo atuam muitas leis, como a sua prpria vontade, e Deus to bom que tolera e mesmo aceita, at certo ponto, as escolhas das almas.

    Diz-nos "O Livro dos Espritos" que o intervalo pode durar desde algumas horas at milhares de sculos. Que no cheguemos a tanto, porque a maioria dos Espritos obedece a inspirao dos benfeitores espirituais, que os aconselham num certo preparo, para depois tomarem novos aparelhos fisiolgicos, com etapas diferentes das que tiveram. Em muitos casos, encontram-se com pessoas diferentes, formando, assim, novos laos de amor e de fraternidade.

    A formao das colnias espirituais justamente para orient-los neste sentido, de maneira a aproveitar o tempo na obedincia s leis naturais. Quando lanamos uma semente ao solo, a razo nos pede para esperar um pouco para que ela desabroche e cresa, dando frutos. Assim tambm, nesse ritmo de idias, a alma. Ela semente de Deus que deve ser lanada na carne, quantas vezes forem necessrias, objetivando o aprimoramento da conscincia e a grandeza do corao.

    A afluncia dos dons espirituais nos aparecem com mais nitidez pelas trocas das vestes carnais. As experincias nesse sentido vicejam com mais intensidade. a luz que se pe em cima da mesa, como sendo a nossa conscincia. O Esprito, quando toma a carne, como se carregasse uma cruz, que deve suportar por toda a existncia, onde milhares de problemas o afligem e outro tanto de dores vm esmagar o vaso da sua mente, para que desabroche do centro da vida o perfume do amor.

    O Esprito somente se libertar pelo conhecimento da verdade, no s em estudos de inumerveis teorias, mas quando passar a viv-las no plantio de cada dia. A demora em reencarnar-se pode ser uma punio, pelo mau uso que se fez das qualidades espirituais recebidas do Criador. O sentido primordial da vida, em todos os campos da Criao, despertar as qualidades nobres da conscincia, para que o corao seja o canal da intuio, por onde possa falar o Cristo interno de cada criatura.

    Existe em ns uma profuso de luzes que falam por si, falam da existncia do Criador, bem como anunciam uma grande esperana para todas as almas da Terra, ao revelar que temos um guia que no nos deixa rfos. O Esprito, quando na carne, fica tolhido nas suas faculdades mais ntimas, de modo que em todas as novas reencarnaes comea o exerccio

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    do aprimoramento espiritual, e em cada uma delas certo que as possibilidades de evoluir so melhores, desde quando se esforce progressivamente.

    A Doutrina dos Espritos , pois, uma bno de Deus, a escola que deixamos de freqentar depois da desencarnao, por sairmos da carne j sabendo as primeiras lies das leis vigentes no mundo espiritual. Eis porque descem constantemente lies e mais lies pelos processos medinicos, facilitando, assim, a todos os de boa vontade para a realidade de que o Esprito continua vivendo mais depois do tmulo.

    Apeguemo-nos a Jesus, que nunca erraremos o caminho para Deus.

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    21 - O MUNDO ESPIRITUAL 0225/LE

    A erraticidade, no dizer de "O Livro dos Espritos", no constitui um estado de inferioridade. como no plano da Terra: existem almas de todas as qualidades, desde o homem primitivo at o missionrio de Jesus, todos juntos no mesmo plano, mas cada qual vivendo o seu mundo peculiar sua situao espiritual.

    No plano espiritual ligado crosta, h uma profuso de qualificaes espirituais, mas como o cu, no dizer de Jesus, se encontra igualmente dentro da conscincia de cada um, despertado ou a despertar. Por vezes estamos juntos mas com vivncias separadas. Isso podemos notar entre os animais, entre as plantas e mesmo dentro de um lar; as diferenas nos graus de evoluo so enormes.

    A encarnao um estado transitrio, limitado pelo desgaste natural que sofre o corpo, para nos dar outra oportunidade. Com a desencarnao e a reencarnao, passamos por transes que nos despertam valores guardados nos centros da vida. So emoes que nos levam necessidade de melhorar, ao passo que, se demorarmos em demasia em aproveitarmos a sublimidade oportuna da carne, nos acomodaremos e os dons ficaro adormecidos no nosso corao em nossa vida.

    As mudanas em tudo nos levam ao aperfeioamento espiritual. Se bem verificarmos, mudamos de minuto a minuto. O que fomos ontem diferente de hoje! As diferenas so leves, mas, um bom observador notar as transformaes operadas por leis universais do Criador.

    Entretanto, existem em ns recursos com os quais, aliados boa vontade e ao conhecimento, poderemos acelerar o nosso crescimento espiritual, e o Espiritismo nos d condies favorveis para tal mister. O excelso benfeitor da humanidade, Nosso Senhor Jesus Cristo, nos trouxe todos os meios para que possamos usar com segurana, no devido crescimento espiritual, o Evangelho de vida.

    Estamos sendo chamados e escolhidos para todas as mudanas de vida, no sentido de retirarmos do dicionrio da nossa conscincia o orgulho e o egosmo, pai e me de todos os erros, de todas as distores das leis naturais. Se aliarmos Jesus s modificaes, sairemos da Terra com as vestes nupciais, de maneira que a nossa entrada no mundo da verdade seja livre de muitos defeitos que trazamos conosco, na liberdade que nos d o Amor.

    A Doutrina dos Espritos nos tira o medo da morte, pelo prazer de viver com a conscincia tranqila. A verdade, aquela anunciada por Jesus, tem o condo de nos libertar de toda a ignorncia, predispondo a alma felicidade, comeando aqui mesmo na Terra, mesmo que ela no tenha existncia total na rea do planeta.

    A erraticidade, tornamos a falar, para melhor ficar gravado em todos os coraes, no caracteriza o estado dos Espritos inferiores. Nela se encontram diversas colnias espirituais, postos avanados de socorro, para receber e instruir todos os Espritos recm-vindos da

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    matria; aqueles mais endurecidos acomodar-se-o em lugares compatveis com os seus sentimentos sem, entretanto, ficarem rfos da bondade do Criador, pois sempre recebero, por misericrdia, a visita dos benfeitores da verdade e do bem comum.

    Que Deus nos abenoe e que "O Livro