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JÉSSICA OHANA TAVARES
IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: ESTUDO
BIBLIOMÉTRICO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO TURISMO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial de avaliação para obtenção de grau de Bacharel em Turismo.
Orientadora: Profª Drª Cláudia Corrêa Almeida Moraes
Niterói
2015.
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JÉSSICA OHANA TAVARES
IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: ESTUDO
BIBLIOMÉTRICO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO TURISMO
Trabalho de Conclusão do Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense, apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo.
Niterói, 12 de Junho de 2015.
____________________________________________
Prof. Dr. Claudia Corrêa Almeida Moraes, Orientadora - UFF
__________________________________________
Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci - UFF
_________________________________________
Prof. Rodrigo Fonseca Tadini, UFF
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AGRADECIMENTOS
Esse trabalho é, para mim, resultado de um grande esforço. Primeiramente
gostaria de agradecer À minha família, em especial meus pais e irmão, que sempre
estiveram do meu lado me apoiando em todos os meus passos. Obrigada pelo
incentivo e pela força. Sem vocês nada disso teria sido possível.
Obrigada, em especial, ao meu parceiro de vida, Jefferson, que me deu um apoio
fundamental para seguir em frente. Obrigada pelo carinho nos momentos de aflição
e angústia, pela compreensão das minhas limitações. Eu te amo.
Agradeço também à Professora Claudia Moraes, que me acolheu de imediato
quando fui procurar por ela para orientação. Sua contribuição intelectual foi
fundamental para que eu conseguisse desenvolver esse trabalho. Se você não
tivesse tido tanta paciência, esse trabalho não teria chegado ao final. Obrigado
pelos questionamentos e pelo esforço que dedicou ao meu trabalho.
Muito obrigada aos meus mestres do curso de Turismo da Universidade Federal
Fluminense. Os ensinamentos foram fundamentais desde sempre. Em especial à
Professora Erly, pela ajuda na organização estrutural do meu trabalho, pelas
orientações paralelas. Muito obrigada!
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RESUMO
Os megaeventos já se estabeleceram há muito como parte da vida social e cultural das pessoas. Os megaeventos esportivos, principalmente a Copa do Mundo FIFA de Futebol e as Olimpíadas de Verão, fazem tradicionalmente parte do calendário mundial. O Brasil, mais especificamente o Rio de Janeiro, tem sido palco para esses espetáculos mundiais e, com isso, entrou também num momento de mudanças em sua infraestrutura que refletem positiva e negativamente na vida dos que ali vivem. O turismo no Brasil, enquanto fenômeno e ciência, assiste essas intervenções. Apoiando-nos em conhecimentos conceituais, discutimos questões relativas aos megaeventos esportivos, especificamente, e apontamos alguns legados e impactos sociais deixados na cidade a partir do momento em que ela adentra esse circuito. Como metodologia, utilizamos a bibliometria, para que pudéssemos compreender de que forma a produção científica do turismo tem-se importado com a temática dos megaeventos e, mais especificamente, sobre a temática dos legados e impactos sociais dos megaeventos no Rio de Janeiro. Observamos que a produção científica sobre a temática dos legados e impactos sociais dos megaeventos no turismo ainda é muito pequena quando comparada à outras áreas do conhecimento.
Palavras-chave: Megaeventos esportivos. Bibliometria. Impactos e legados sociais. Rio de Janeiro.
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ABSTRACT
Mega-events have long established themselves as part of the social and culture life. Mega sporting events, especially the FIFA World Cup and the Summer Olympics, are traditional dates in the global calendar. Brazil, and particularly Rio de Janeiro, has been increasingly the stage for these global spectacles and this leaded to a time of changes in its infrastructure. Such changes reflect positively and negatively in the daily lives of its inhabitants. Tourism in Brazil, as phenomenon and science, watches such interventions. Leaning in conceptual knowledges we discuss some questions regarding the mega sporting events and, more specifically, we point out to some legacies and social impacts which occur when a city enters such circuits. As method we use bibliometrics to understand how the tourism scientific production is paying attention to this thematic and, above all, to the legacies and social impacts of mega sporting events in Rio de Janeiro. We observed that the scientific literature on the theme of legacy and social impacts of mega-events in tourism is still very small compared to other areas of knowledge.
Keywords: Sports mega-events. Bibliometrics. Social impacts and legacies. Rio de
Janeiro.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: ESTÁDIO DO MARACANÃ, PALCO DA COPA FIFA 2014…………………………. 13
FIGURA 2: ENGENHÃO: MAIOR CONSTRUÇÃO DOS JOGOS PANAMERICANOS.......... 14
FIGURA 3: DIMENSÕES DE EVENTOS………………………………………………………………… 15
FIGURA 4: ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS AOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS…………………………………………………………………………..………………. 22
FIGURA 5: PARQUE OLÍMPICO DE STRATFORD……………………………………………………….. 25
FIGURA 6: VILA DO PAN………………………………………………………………………………………….. 37
FIGURA 7: NÚMERO DE TRABALHOS POR ÁREA DE CONHECIMENTO……………………… 48
FIGURA 8: PALAVRAS-CHAVE E ÁREAS DE CONHECIMENTO..…………………………….. 49
FIGURA 9: PERIÓDICOS NACIONAIS COM ARTIGOS SOBRE O TEMA.…………………….. 52
FIGURA 10: PUBLICAÇÕES EM PERIÓDICOS NACIONAIS……………………………………………. 53
FIGURA 11: PERIÓDICOS INTERNACIONAIS COM ARTIGOS SOBRE O TEMA..…………….. 53
FIGURA 12: PUBLICAÇÕES EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS….………………………………. 54
FIGURA 13: PUBLICAÇÃO POR PERIÓDICO MAIS REPRESENTATIVO……………….…………. 55
FIGURA 14: AUTORES MAIS PRODUTIVOS E INSTITUIÇÕES…..………………………………….. 56
FIGURA 15: NACIONALIDADE DOS AUTORES MAIS REPRESENTATIVOS……………..……… 57
FIGURA 16: INSTITUIÇÕES E AUTORES QUE PUBLICARAM EM PORTUGUÊS……………… 58
FIGURA 17: TEMPORALIDADE DAS PRODUÇÕES SOBRE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS…………………………………………………………………………………………… 61
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....………………………………………………………………………………………………………………...... 8
1 MEGAEVENTOS: DISCUSSÃO CONCEITUAL E REFLEXOS SOCIAIS………………………………………. 13
1.1 OS MEGAEVENTOS E MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: DISCUSSÃO CONCEITUAL.….......... 13
1.2 IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS……………………..………....…...... 19
2. MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO….……………………….......…….. 29
2.1 RIO DE JANEIRO: UM BREVE HISTÓRICO DA CIDADE E SUA INCLUSÃO NOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS…………………………………………………………………………………………… 29
2.2 MEGAEVENTOS E TURISMO NO RIO DE JANEIRO………………………...……………………………. 33
2.3 O CASO DOS JOGOS PANAMERICANOS DE 2017…………………………………………………........ 34
2.4 OS IMPACTOS E LEGADOS SOCIAIS DA COPA DO MUNDO DE 2014 E DAS OLIMPÍADAS DE 2016…………………………………………………………………………………………………………………………… 37
2.4.1 TRANSPORTES……………………………………………………………………………………………….……. 40
2.4.2 INSTALAÇÕES esportivas….…………………………………………………………………………………. 41
2.4.3 O Porto Maravilha……………………………………………………………………………………….…….. 45
2.4.4 O caso das remoções…………………………………..……………………………………………….……. 44
2.4.5 POLÍTICAS de segurança…………………………………………………………………………….………. 46
3. ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DA PRODUCÃO CIENTÍFICA SOBRE OS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NO TURISMO…………………...…………………………………………………….……………..….……. 47
3.1 MÉTODO DE ESTUDO: A BIBLIOMETRIA..……………………………………………...…………….…….. 47
3.2 MEGAEVENTOS: CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO EM TURISMO………………..…....... 50
3.3 TEMÁTICAS SOBRE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E SEUS IMPACTOS NO TURISMO…….. 62
CONSIFERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………………………………...………..……… 66
REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………………………………...……….…....... 69
APÊNDICE A.………………………………………………………………………………………………………………….………. 74
APÊNDICE B……………………………………………………………………………………………………………..……......... 83
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INTRODUÇÃO
Nos últimos anos temos visto repetidamente a palavra megaeventos nos
grandes canais midiáticos no Brasil. Isso se dá efetivamente pela atual conjuntura
que o país se encontra. Recebemos entre 2007 e 2020 os principais megaeventos
esportivos do mundo. Esses megaeventos acabam atraindo os turistas para essas
cidades, que se deslocam espacialmente motivados por um desejo específico em
participar como espectador. Assim sendo, observamos um esforço conjunto que
direciona esses eventos para o mercado do turismo, principalmente internacional.
A cidade do Rio de Janeiro tem forte presença no imaginário global e, de fato,
é um lugar atrativo para o turismo. Dentre muitos motivos relativos à privilegiada
posição da cidade no cenário global, ela foi escolhida para receber diversos
megaeventos nos últimos e próximos anos. Esses megaeventos inseriram o Rio de
Janeiro no circuito internacional dos megaeventos esportivos.
Em 2009, o Rio de Janeiro foi anunciado pelo Comitê Olímpico Internacional
(COI) como cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2016.
Esse evento é considerado como o mais importante dentre os megaeventos
esportivos (RUBIO, 2005) por centralizar todos os esforços num único lugar,
diferentemente do evento Copa do Mundo de Futebol que é disperso por diversas
cidades num mesmo país.
A cidade do Rio de Janeiro está vivendo um momento de profundas
intervenções urbanas advinda das realizações destes megaeventos. Se por um lado,
justificam-se a modificação de alguns equipamentos urbanos do Rio de Janeiro para
receber os eventos e deixarem legados que possam melhorar as condições de vida
de seus moradores, por outro, observamos reflexos sociais nessas mudanças que
nem sempre são positivas.
Justamente por causa desta importante intervenção urbana e a dimensão
econômica dos megaeventos, a academia tem estudado o tema em diversas áreas
do conhecimento. Foram escritos muitos trabalhos sobre os megaeventos e
principalmente sobre os megaeventos esportivos.
Acreditamos que esta pesquisa documental, de caráter exploratório, irá
preencher a lacuna existente no estágio atual das pesquisas sobre os megaeventos
esportivos realizados e a serem realizados no Rio de Janeiro sobre a ótica dos
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impactos sociais. Utilizamos como metodologia a bibliometria para responder à
nossa pergunta.
Os estudos bibliométricos têm o objetivo de mensurar e analisar a evolução
da produção científica de uma área, com vistas a descortinar quem, o que, onde e
com qual relevância do que se está pesquisando a cerca de determinado tipo de
conhecimento. Esta categoria de análise é uma avaliação aprofundada da produção
incluindo seu conteúdo, fontes citadas, trajeto de influência de autores, instituições
de ensino superior (IES) que possuem grupos pesquisando o tema, e publicações
que serviram de base à produção acadêmica em determinado período.
Embora o método bibliométrico possa não ser suficiente para avaliar a
qualidade acadêmica dos trabalhos publicados, necessitando para isso de outros
instrumentos de análise, a realização e a divulgação de estudos bibliométricos são
fundamentais para que pesquisas futuras possam basear-se nestes dados, fazendo
a ciência caminhar em determinado tema.
Também possibilita conhecer os limites e potencialidades para avançar nos
estudos de algumas áreas. Este tipo de estudo é também instrumento usado para
cálculo do fator de impacto da produção acadêmica de professores e alunos de
programas de pós-graduação, como no indicador da Comissão de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
A bibliometria possui três leis fundadoras: a lei de produtividade de Lotka
(1926), a lei de dispersão de periódicos de Bradford (1934) e a lei de frequência de
Zipf (1949). Além destes enfoques técnicos estatísticos, há na contemporaneidade
abordagens que buscam ampliar o escopo dos estudos realizados integrando os
métodos bibliométricos a distintos corpos teóricos (ARAÚJO, 2006).
No Brasil, os estudos bilbioméricos proliferaram na década de 1970, incidiram
sobre a literatura científica de vários campos, desde algumas áreas por inteiro, mas
também tendo por objeto assuntos bastante específicos dentro de uma área. Alguns
estudos incidiram sobre a produtividade de autores de alguma instituição de ensino
e pesquisa. Há, ainda, estudos realizados sobre um aspecto específico da
bibliometria, como a obsolescência. Na década de 1980, o interesse pelo tema
diminui, voltando nos anos 90 com a possibilidade de se usar computadores para
realizar estas pesquisas (ARAÚJO, 2006).
Atualmente, um grupo de pesquisadores começou a questionar a validade de
estudos exclusivamente quantitativos, além de questionar se havia realmente uma
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disciplina científica de bibliometria ou esta seria uma técnica de suporte a ser
somada a outras na realização de estudos concretos (ARAÚJO, 2006 apud, WHITE;
WELLMAN; NAZER, 2004).
Estes questionamentos e a entrada em cena nas Ciências da Informação
alteram a bibliometria “que passa de um campo de pesquisa para uma técnica a ser
adotada em conjunto com métodos qualitativos fornecidos pelas ciências sociais”
(ARAÚJO, 2006, p.24).
Morin (1987) aponta que a bibliometria vem se consolidando como método de
estudo dentro de uma inquietação com leitura mais completa da realidade. Por isso,
para esse trabalho utilizamos a uma pesquisa de inspiração na bibliometria e não
exatamente a metodologia do estudo bilbiométrico.
Segundo Milito (at al, 2013),
Os estudos que pretendem quantificar os processos de comunicação escrita é uma forma de análise bibliométrica, uma tipologia de estudo pertinente quando o intuito é medir de forma coordenada os conhecimentos de determinado aspecto. Essa tipologia de estudo está sendo usada no campo do turismo por autores relevantes em âmbito internacional como Hall (2011) e nacional como Rejowski (2010), pois fornece uma visão do crescimento de uma determinada área de estudo, além de identificar as formas e regiões que esses conhecimentos são produzidos. Perspectiva essa convergente com um nicho em franco crescimento empírico e teórico como o turismo.
O modelo utilizado Rejowski (2010) em seu estudo sobre a produção
científica em turismo no Brasil baseou-se em descrever uma amostra de estudos
publicados, mapear estudos de pesquisadores e sistematizar os enfoques e
resultados dessas pesquisas, analisando e discutindo sua relevância. Este estudo
pode ser considerado um estudo similar ao realizado por Rejowski. Embora seja
também feita uma análise sob a luz da bibliometria nas obras coletas em periódicos
de turismo nacionais e estrangeiros onde foram tratadas questões relacionadas às
autorias, as redes de colaboração entre autores, na evolução temporal das
publicações, nos espaços de produção, nos meios de divulgação científica, bem
como, na sistematização das problemáticas desenvolvidas nas pesquisas.
É válido destacar que o objetivo central da pesquisa é analisar a produção
científica na temática dos impactos e legados sociais dos megaeventos esportivos
na cidade do Rio de Janeiro. Principalmente no que tange o Turismo, nossa área de
conhecimento.
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O levantamento da bibliografia sobre o tema foi realizado em duas etapas.
Primeiro pesquisou-se em teses de doutorado, dissertações de mestrado e em
monografias de cursos de Graduação nas áreas de Geografia, Sociologia,
Antropologia, História, Economia, Engenharia, Direito e Administração e em Anais de
eventos de algumas dessas áreas por meio das palavras-chave megaeventos e Rio
de Janeiro. Na sequência procuramos os artigos da área de turismo tendo como
base o indexador científico disponível no Portal de Periódicos e no Qualis da CAPES
e nas bibliotecas digitais da Taylor & Francis, Wiley e Sage.
A leitura atenta de cada documento levou ao seu fichamento orientado aos
fins da pesquisa, e os dados assim coletados foram então organizados e
sistematizados. Na primeira foi realizada a mensuração da produção teses de
doutorado, dissertações de mestrado e em monografias de cursos de Graduação
nas áreas de Geografia, Sociologia, Antropologia, História, Economia, Engenharia,
Direito e Administração por área e os temas tratados. Esses dados foram separados
por área de conhecimento e analisados.
A produção da área específica de turismo nos periódicos foi levantada
utilizando os critérios: temáticas tratadas, autor/ titulação do autor/área de
conhecimento do autor/número de autores/data de publicação/tema tratado. Após,
os dados foram tratados e analisados.
O resultado desta pesquisa possibilitou ter três referências: primeiramente, a
mensuração da produção e a temática dos impactos e legados sociais dos
megaeventos esportivos no Rio de Janeiro por área do conhecimento no geral; em
segundo, a produção específica em revistas de turismo observando a formação dos
autores, que formam redes de produção, como caminhou a produção; e em terceiro,
e os temas específicos tratados dentro da temática geral dos megaeventos
esportivos.
Este trabalho possui uma introdução, três capítulos e uma conclusão. O
primeiro capítulo intitulado Megaeventos e turismo: discussão conceitual e reflexos
sociais é o espaço no trabalho onde será apresentada a conceituação de
megaeventos e megaeventos esportivos, especificamente. Em seguida,
abordaremos brevemente questões sobre impactos e legados sociais dos
megaeventos esportivos, para que, no capítulo seguinte possamos tratar sobre o
caso específico do Rio de Janeiro.
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No capítulo dois, Megaeventos esportivos na cidade do Rio de Janeiro,
faremos uma análise histórica do Rio de Janeiro e seus megaeventos esportivos. Em
seguida, sinalizaremos alguns dos principais legados e impactos sociais que ficaram
e ficam como resquícios das intervenções urbanas sofridas pela cidade nos últimos
anos.
O terceiro capítulo é destinado a pesquisa da produção científica sobre os
megaeventos esportivos no turismo, apresentaremos uma breve análise de
contextualização geral da produção científica produzida sobre o tema. Depois o
método de coleta e os dados coletados. Em seguida, trazemos uma análise sobre
nossos dados e apresentamos uma análise sobre a produção temática dos
megaeventos e seus impactos no turismo.
A partir dessa análise, procuramos apresentar o estado da arte da temática
dos megaeventos esportivos e turismo e entender como esse campo do
conhecimento vem trabalhando com as questões relativas aos impactos e legados
sociais dos megaeventos esportivos no Rio de Janeiro.
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1 MEGAEVENTOS: DISCUSSÃO CONCEITUAL E REFLEXOS SOCIAIS
Este capítulo apresenta as contribuições teóricas para o desenvolvimento do
trabalho. Nele serão expostas as conceituações e a importância para o turismo dos
megaeventos, principalmente os esportivos. Também, haverá uma análise sobre a
relevância da realização de um megaevento numa cidade e/ou país para o
desenvolvimento de seu turismo pela ótica da promoção do lugar, pelo fluxo de e/ou
pela imagem gerada da cidade após a realização do evento. Completamos com as
análises relativas aos investimentos em infraestrutura e seus reflexos para os
anfitriões. Este embasamento permitirá discussão entre os impactos e os legados
sociais causados pelos megaeventos.
1.1 OS MEGAEVENTOS E MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: DISCUSSÃO
CONCEITUAL
Nos últimos anos, tem-se repetido várias vezes a palavra megaeventos nos
grandes canais de comunicação. Isto aconteceu, principalmente, pela quantidade de
megaeventos que o Brasil e, em especial, a cidade do Rio de Janeiro receberam e
receberão entre 2007 a 2020 (Figura 1).
Figura 1: Estádio do Maracanã palco da Copa FIFA Fonte: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, 2014.
Entre eles, os Jogos Pan-Americanos (2007) (Figura 2), Fifa FanFest (2010 e
2014), Rock in Rio (2011-15), Jogos Mundiais Militares (2011), a Rio+20 (2012), a
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Jornada Mundial da Juventude (2013), a Copa das Confederações (2013), Copa do
Mundo Fifa (2014) e, em 2016, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos colocando em
evidência esta atividade socioeconômica esportiva.
Figura 2: Engenhão: maior construção dos Jogos PanAmericanos Fonte: Arquitetura Radical, 2008
O significado de megaevento no domínio no senso comum é amplamente
utilizado como sinônimo de grandes competições esportivas quando se reúnem
milhares de atletas e para recebe-los são desenvolvidos infraestruturas e serviços
que impactam diferentes territórios e setores da sociedade. Tavares (2011) chama a
atenção para a ausência de conceituação dos megaeventos nos textos. Aponta que
isso não ocorre somente em textos não acadêmicos, mas também, nos textos
acadêmicos e sugere que as questões dos legados possam ser consideradas pelos
autores o foco principal das discussões e, com isso, tivessem deixado de lado a
questão da conceituação. “ou que, tal como a mídia, parte do princípio de que
haveria um entendimento tácito compartilhado que dispensa definições mais
rigorosas”. (TAVARES, 2011, p.16).
Vários autores definiram megaevento como DaCosta e Miragaya (2008, p.36).
Eles o conceituam segundo o número de participantes, assim, um megaevento seria
um evento “operando em escala de milhões de participantes”. O prefixo mega, do
sistema internacional de unidade indica que a unidade padrão foi multiplicada por
um milhão, assim, um megaevento deveria ter no mínimo um milhão de
participantes. A palavra mega, grande, tem origem no adjetivo grego mégas, megálê,
mega.
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Contudo, megaeventos não são apenas eventos com a participação de
milhares de pessoas, tanto na sua elaboração e execução como no número de
participantes. Por isso, também é comum classificá-los quanto ao tempo de duração.
Os megaeventos precisam de um longo tempo de preparação, mas a sua execução
tem pequena duração. Como exemplo, uma Copa do Mundo é um dos eventos mais
longos tendo um mês de duração e no mínimo quatro anos de preparação. Já um
evento como o Rock In Rio, precisa de um ano para ser preparado e ocorre durante
uma semana. (DACOSTA; MIRAGAYA, 2008, HILLER, 1998).
Britto e Fontes (2002) entendem que na definição de megaeventos deve
explicitar que eles contêm apelo popular massivo e são administrados por uma
combinação de atores governamentais e não governamentais nacionais e
internacionais. Os megaeventos geram mudanças permanentes e/ou alterações nas
dinâmicas das cidades.
Britto e Fontes (2002) procuram classificar os eventos utilizando as
categorias: porte do evento, quantidade de pessoas envolvidas, abrangência
geográfica e quantidade de recursos em dólares americanos (Tabela 1).
Porte do evento Quantidade de pessoas Abrangência geográfica Quantidade de recursos em dólares americanos
Pequeno Até 200* Local ou Regional US $ 10.000**
Médio Entre 200 e 500* Estadual ou Nacional US $ 100.000**
Grande De 500 ou mais* Estadual ou Nacional US $ 500.000**
Super eventos Entre 10.000 e 100.000 Nacional ou Internacional US $ 1.000.000**
Megaevento Acima de 100.000 Internacional US $ Milhões de dólares
Figura 3: Dimensão de eventos Fonte: Adaptado de Britto e Fontes (2002)
De acordo com a Tabela 1 e com as outras características apresentadas,
podemos considerar megaevento um evento de grande porte, geralmente com
participação de acima de 100.000 pessoas, com abrangência internacional e que
utiliza recursos com valores correspondentes a milhões de dólares americanos.
Completa-se essa definição, com a necessidade de uma preparação longa, em
detrimento de acontecer num curto período de tempo, possuindo uma carga
simbólica de alto nível, além da geração de impactos e legados, negativos e/ou
positivos, nas diversas camadas da sociedade.
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Almeida (2014) apresenta uma classificação feita por Roche (2000) que leva
em consideração as questões relacionadas à mídia como audiência/mercado alvos e
tipo de interesse de mídia. Neste estudo, o megaevento teria audiência e mercado
alvo global e os tipos de interesse de mídia seriam a global.
O senso comum, no Brasil, tem tratado os megaeventos como sinônimo de
megaeventos esportivos. Isto pode ter ocorrido pela relação feita entre os tipos de
megaeventos predominantes que o Brasil passou a receber no século XXI. No
entanto, eventos como a Jornada Mundial da Juventude, Rock In Rio e algumas
Feiras e Congressos de abrangência internacional e de grande porte, como a
Rio+20, também são considerados megaeventos por terem em sua essência as
características necessárias frente à definição apresentada.
Como não há somente megaeventos esportivos, há a necessidade de
utilização do adjetivo esportivo quando nos referimos a tal classificação. Hall (2006
apud TAVARES, 2011) afirma que podemos colocar num mesmo grupo de
megaeventos as Feiras e Exposições juntamente com os Jogos Olímpicos e Copas
do Mundo. Não haveria uma distinção fundamental, todos esses eventos de grande
porte podem ser classificados como megaeventos.
A grandiosidade em termos de público, mercado alvo, nível de envolvimento financeiro do setor público, efeitos políticos, extensão de cobertura televisiva, construção de instalações e impacto sobre o sistema econômico e social da sociedade anfitriã (TAVARES, 2011, p. 17 apud HALL, 2006, p. 59).
Ainda em Tavares (2011) ao citar o levantamento bibliográfico feito pelos
autores Horne e Manzenreiter (2006) sobre o assunto, aponta que por causa da
expansão dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, estes passaram a ser
denominados como protótipo de megaeventos em detrimento das Grandes
Exposições.
As Exposições Universais ou Feiras Mundiais, que surgiram no final do século
XIX, foram muito importantes no século XX. Elas apresentavam a modernidade,
traduzida no progresso construído sobre a ciência e a indústria; a liberdade
entendida como livre mercado; o cosmopolitismo baseado na ideia de que o
conhecimento humano e a produção seriam transnacionais, objetivos e sem limites.
Também corroborou para que fosse construída uma imagem de superioridades entre
nações centrais. A segunda etapa da Revolução Industrial levou a criação de novas
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técnicas de produção e de criação de produtos e materiais (PESAVENTO, 1997,
HOBSBAWM, 2011).
No entanto,
A Expo tem como objetivo apresentar soluções para os problemas mundiais. Estas exposições são consideradas o terceiro maior evento internacional gerador de impactos culturais e econômicos, ficando somente atrás da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. (MORAES, 2013, p. 92).
Embora ainda tenham sua importância, os eventos esportivos ganham a cada
dia, mais espaços como afirmam Horne e Manzenreiter (2006). Para estes autores
os esportes competitivos e avançaram por causa da tecnologia de comunicação que
proporcionou o fenômeno da audiência em escala planetária aumentando os
impactos e a exploração dos eventos esportivos. Os direitos exclusivos de
transmissão, de patrocínio e o uso de merchandising entre os organizadores e as
marcas transformaram os eventos em um grande negócio. Completa com o
marketing de destinos que os eventos podem proporcionar na promoção de cidades
e países, além dos legados que obtidos ao sediar estes eventos transformando as
cidades em destinos de entretenimento urbano.
Esse conjunto de motivos faz com que os megaeventos esportivos se
destaquem globalmente quando comparados a outros megaeventos e,
consequentemente, caiamos na dedutibilidade de conceituação. É nesse sentido
que pesquisadores da área apontam que os megaeventos se constituem como um
campo fértil para as relações sociais paradoxais e complexas das sociedades
modernas (ALMEIDA, MEZZADRI, MARCHI JUNIOR, 2009), tonando-se, assim, um
objeto interessante para a pesquisa científica.
Os megaeventos esportivos podem ser definidos como acontecimentos
festivos que envolvam exibições de uma ou várias modalidades esportivas dentro de
um determinado tempo. Para Getz (1989), os megaeventos esportivos são
considerados a maior categoria dos chamados eventos especiais, que geralmente
não fazem parte do calendário festivo de uma cidade, estado ou país. É comum que
esses eventos históricos só aconteçam uma única vez num determinado lugar, e
isso transforma sua dinâmica espacial antes de sua realização, durante e depois de
ter-se efetivado.
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Como vimos, os megaeventos constituem-se como eventos de grande porte
que atraem milhões de pessoas, seja diretamente, quando há locomoção espacial
para os lugares onde os eventos acontecerão, seja indiretamente através da mídia.
Esse deslocamento espacial realizado por pessoas que possuem interesse em
participar como espectador desse evento, pode ser caracterizado como um tipo
específico de turismo, o turismo de eventos.
Existe, portanto, um esforço conjunto que direciona esses eventos para o
mercado do turismo, principalmente internacional. Segundo Getz (1989, p.125), os
eventos são “uma forma inigualável de atração turística”, e de fato, são. Havendo
uma forma singular de apresentação dos lugares aos níveis nacional e internacional,
dependendo do megaevento.
Tamanha sua importância para o turismo que existe na literatura uma
definição de uma categoria conhecida como Turismo de Eventos, como
mencionamos anteriormente. Ainda para Getz (1989, p.133) o Turismo de Eventos
pode ser definido como “a sistematização do desenvolvimento e do marketing de
eventos como atração turística”. Justamente por ter uma apresentação difundida
desses eventos, eles acabam sendo responsáveis pela circulação de dinheiro em
grande escala e, consequentemente, se tornando atrativo para o turismo, que se
baseia, também, na promoção de um determinado local, estimulando sua visitação
para um número crescente de pessoas.
Por isso, as entidades públicas são incentivadas a entrarem em disputas para
a captação de megaeventos para suas cidades e países. Além de aumentar a
visibilidade num nível internacional, esses megaeventos podem atrair investimentos
de diversas ordens para aquela região.
Esses investimentos realizados nas cidades que abrigam os megaeventos
demandam uma união entre a iniciativa privada e pública, para que, conjuntamente,
as mudanças necessárias na cidade sejam feitas até a data do evento. Os
investimentos acontecem geralmente em diversos setores que são fundamentais
para o turismo.
Um deles são os aeroportos principais de um do país e/ou da cidade e sua
malha aeroviária. Comumente são realizadas expansões a partir da criação de
novos terminais que suportem um número maior de voos. Em alguns casos, são
realizadas obras nas pistas, para que seja suportada a força de um modelo de
aeronave que comporte mais passageiros. E, também, a mobilidade interna do
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aeroporto. A acessibilidade para esses aeroportos também são pensadas numa
escala externa, para que seja facilitada a ida e vinda dos turistas, dos lugares
centrais para o aeroporto.
Outro esforço em regra é a mobilidade urbana. Nesse item são desenvolvidos
projetos para que os turistas possam se locomover com eficiência na cidade,
principalmente entre as instalações, quando há mais de uma. São realizadas
diversas intervenções urbanas para que se possa melhorar a mobilidade exigindo-se
também a criação, ampliação ou renovação dos meios de transportes (equipamentos
e terminais urbanos). Esses investimentos talvez sejam, no nosso ponto de vista, o
mais importante para os cidadãos, e os que geralmente são mais aproveitados por
eles.
Observamos ainda que há ainda preocupação com a quantidade de unidades
habitacionais1 oferecidas para os turistas durante a realização do megaevento.
Além disso, há um investimento importante e massivo nas instalações
necessárias para a realização desses eventos. Investimentos em estádios,
complexos esportivos, parques aquáticos para natação são necessários no caso da
Copa do Mundo, dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Pan Americanos ou no caso de
eventos comerciais e científicos ou políticos na construção de centros de
convenções. Acerca desse item, em especial, existem muitas questões sobre sua
utilidade no pós-evento.
Notamos que devido à dimensão dos megaeventos há necessidade clara de
investimentos para aquele lugar que irá recebê-lo. Uma vez escolhida uma cidade ou
uma país como sede de um determinado evento desse porte é acordado entre o
governo daquele lugar e o órgão responsável pelo evento que devem ser feitas
algumas intervenções, caso contrário implicaria na não realização do mesmo. Essas
intervenções, geralmente ocorridas nas cidades influenciam diretamente a vida dos
cidadãos residentes naquele espaço, para o bem e para o mal. Veremos essa
questão na próxima seção que discutirá de forma breve os impactos e legados dos
megaeventos para uma cidade e/ou país anfitriã.
1.2 IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS
1 Pode ser definido como o número de quartos em equipamentos hoteleiros e extra hoteleiros.
20
Como mencionamos anteriormente, a palavra megaevento se difundiu
crescentemente nos últimos anos no Brasil. Muitas vezes, através da mídia, vimos
essa palavra acompanhada de outras duas que são fundamentalmente importantes
para esse trabalho: impactos e legados.
Percebemos com a difusão midiática dessas palavras que não é possível citar
megaeventos sem considerar e debater seus legados e/ou impactos, sejam eles
sociais, econômicos, políticos ou culturais, tendo em vista sua importância para o
contexto social e econômico de um lugar e do turismo.
A palavra impacto é derivada do latim, impactus, que segundo Michaelis
(2010, S/P) é “o ato ou efeito de embater ou de impactar, colisão de dois ou mais
corpos ou efeito de uma ação”. No caso deste trabalho, o impacto está relacionado
ao efeito de uma ação que altera a situação de determinado lugar, seja ele de
caráter ambiental, sociocultural ou econômico. Os impactos ambientais estão
relacionados aos recursos ambientais e os socioculturais e econômicos as
populações humanas.
Um impacto pode gerar um dano, um efeito negativo no ambiente ou nas
populações. As fragilidades de um ambiente ou de uma população a sofrer um
impacto e o seu grau estão relacionados às condições de vulnerabilidade e o risco
do ambiente ou das populações.
Quando há um impacto as dívidas e obrigações de uma pessoa ou
organização para recuperar o que foi impactado recebe o nome de passivo
ambiental ou social.
A palavra legado também é advinda de uma palavra latina, legatu, que
significa “a título gracioso, por via da qual uma pessoa confia à outra, em
testamento, um determinado benefício, de natureza patrimonial; doação causa-
mortis”. [...] “Ou, a parte da herança deixada pelo testador a quem não seja herdeiro
por disposição testamentária nem fideicomissário”. (MICHAELLIS, 2010, S/P).
No caso dos eventos, os legados são entendidos como os benefícios ou
malefícios que deixam para o ambiente ou para a população do local onde ele
ocorre, ou ainda, onde exerce influência. Os megaeventos esportivos podem gerar
tanto impactos como legados estes serem tanto negativos como positivos.
Normalmente uma cidade ao candidatar-se a ser sede de um megaevento o
faz contando que esta atividade gerará legados, mas também impactos.
Mascarenhas (2012) chama a atenção para a forma como a candidatura é
21
formalizada. Muitas vezes, os interesses e os esforços não são precedidos de uma
discussão em nível social e a sua participação é resultado de uma decisão
governamental que acomoda interesses particulares de um determinado grupo.
O Estado possui um papel protagonista nessa decisão e necessita de um
bloco de alianças sólidas para que os megaeventos possam efetivar-se. Em muitas
ocasiões, essa questão não é diretamente discutida com a sociedade, no entanto, os
impactos gerados por esses megaeventos são sentidos diretamente por ela
(MASCARENHAS, 2012).
Muitos impactos sociais que ocorrem podem ter profunda carga simbólica
para a cidade e para a sociedade. Mascarenhas (2012) aponta que quanto maior for
à dependência e a subordinação ao capital destes megaeventos, maior serão as
desigualdades sociais nas cidades. Como exemplo, o aumento no custo de vida.
Baseando na necessidade de novos equipamentos para os megaeventos,
cidades sedes aproveitam o momento e criam projetos de intervenção urbana que
podem ou não ser benéfica depois do evento. Um exemplo de projetos são os da
circulação e da mobilidade urbana. Muitas grandes cidades possuem problemas em
sua mobilidade urbana e receber milhares de pessoas pode complicar ainda mais
esta mobilidade. Os megaeventos acabam sendo momentos oportunos para resolver
parte deste problema.
A Urban Systems (2015) apresenta um estudo sobre as Olimpíadas
verificando mensuração das atividades relacionadas diretamente aos megaeventos
esportivos (Figura 3).
22
Figura 4: Atividades diretamente relacionadas aos megaeventos esportivos Fonte: Urban System, 2015
Percebemos naquele estudo que a indústria da construção é a mais
beneficiada e na sequência a do Turismo. No entanto, os transportes, a
infraestrutura urbana também tem grande relevância. Corroborando com a ideia da
importância deste tipo de eventos para uma cidade, principalmente, quando ela tem
carências. Estes eventos podem ser justificativas para realizar atividades
necessárias para a população que em outros momentos poderia politicamente ser
mais difícil de fazê-las.
Ademais, principalmente em grandes centros urbanos, alterar a mobilidade
pode ser uma tarefa complicada na medida em que as alterações ocorrem sem que
haja a interrupção dos deslocamentos necessários da população cotidianamente.
Assim, os moradores durante longos períodos passarão por dificuldades em seus
deslocamentos e durante este período de desconforto, os megaeventos serão
considerados culpados por eles. Se o legado for positivo este período de
desconforto valerá a pena, caso não seja, será mais uma crítica e perda social.
Na transformação das cidades Cruz (2005) aponta que há territórios usados,
nesse caso, os valorizados pelo turismo e os negligenciados, aqueles que não
recebem nenhuma atenção. Vemos então, que além dos problemas que ocorrem
nos territórios usados, os legados dos Jogos não chegam para os territórios
negligenciados.
23
Os governos têm procurado dividir tanto os investimentos como as decisões
com as áreas privadas por meio da formação de parcerias público-privadas,
conhecidas como PPP. Estas parcerias surgem como principal ferramenta para gerir
as intervenções necessárias nos centros urbanos.
Infelizmente, estas parcerias acabam fazendo o papel do poder público ao
serem responsáveis em definir planos urbanos que são quase sempre movidos pela
especulação imobiliária. O estímulo à ampliação de áreas da cidade e/ou a
recuperação de áreas degradadas podem ser projetos visando principalmente o
ganho de algumas empresas do setor da construção civil em detrimento ao bem
comum.
Além disso, essas obras podem requerer um novo tracejado de vias de
circulação que articulem a cidade e o desenho de uma rota pode atropelar
residências e pequenos centros comerciais tornando inevitável a remoção de
moradores e de comércios. O progresso e os megaeventos são justificativas maiores
do que o pertencimento ao lugar ou os negócios de seus moradores. Como são
feitos por força da lei, os moradores não tem opção e, em muitos casos, são
desalojados de locais que eram perto de seus trabalhos ou estudo e removidos para
locais distantes em nome de um bem comum.
Diversos documentários foram realizados no caso do Rio de Janeiro, por
exemplo, apontando a remoção de um contingente grande de pessoas, que
geralmente são enviadas para locais afastados dos centros urbanos por causa
destes megaeventos (FERREIRA, 2013).
Outro impacto social que é bastante comum é a gentrificação2. Esse processo
é caracterizado pela mudança da dinâmica urbana do espaço, quando espaços
antes desvalorizados passam por valorização e, com isso, tornaram inacessíveis
para a população moradora. Esta inacessibilidade acaba retirando os moradores
2 A palavra gentrificação (do inglês gentrification) pode ser entendida como o processo de
mudança imobiliária, nos perfis residenciais e padrões culturais. Esse processo envolve necessariamente a troca de um grupo por outro com maior poder aquisitivo em um determinado espaço e que passa a ser visto como mais qualificado que o outro. Segundo Martins (2014), o termo é derivado de um neologismo criado pela socióloga britânica Ruth Glass em 1963, em um artigo onde ela falava sobre as mudanças urbanas em Londres (Inglaterra). Ela se referia ao “aburguesamento” do centro da cidade, usando o termo irônico “gentry”, que pode ser traduzido como “bem-nascido”, como consequência da ocupação de bairros operários pela classe média e alta londrina.
24
destes locais que servirá a uma nova camada social ou a empreendimentos
comerciais e de negócios (FERREIRA, 2013).
Os Jogos Olímpicos demandam hospedagem para os milhares de atletas e é
usual a criação de complexos habitacionais para abriga-los durante o período de
realização dos jogos. O problema ou não é o investimento neste tipo de construção
e o seu destino após o evento.
O caso dos Jogos Olímpicos de Londres é um caso de sucesso. A região do
distrito de Stratford foi planejada para receber o evento (Figura 4) Nesta região
desenvolveu o Parque Olímpico em uma área de quase 60 hectares, sobre o qual foi
edificado o estádio olímpico, a vila olímpica, diversos ginásios para a maioria das
modalidades e um enorme centro comercial com múltiplas unidades funcionais
baseados na presença de hotéis, espaços gastronômicos e uma regulada atividade
comercial nos eixos de passeios públicos e de comunicação interna ao longo dele.
As numerosas transformações urbanas desenvolvidas no leste de Londres já
marcaram um antes e depois para o urbanismo da cidade, tal como sucedeu em
Barcelona e outras cidades onde a infraestrutura olímpica foi implantada (BRITTO,
2013).
Figura 5: Parque Olímpico de Stratford Fonte: Moraes, 2014.
A Vila Olímpica londrina depois de usada pelos atletas foi transformada e
readequada para um complexo de 2.800 habitações sociais para os residentes de
Londres, que se beneficiam das estruturas criadas. Uma característica importante no
25
caso londrino são os designs individuais das torres e não os modelos uniformes de
outros exemplos anteriores.
Mas, este projeto londrino também recebe as mesmas críticas que se fazem a
outros projetos de megaeventos esportivos.
A imagem do East End de Londres como um sinônimo de pobreza e precariedade tem sido explorada por empreiteiras nos últimos anos para implementar projetos agressivos de desenvolvimento urbano por empresas privadas, começando com a Canary Wharf nos anos 80. Para muitos comentaristas e ativistas locais, as Olimpíadas são a maior e mais recente oportunidade de especulação imobiliária num processo de gentrificação que está redesenhando o East End, expulsando as populações tradicionais da região (RIOOWATCH, 2016).
A Clays Lane foi construída para abrigar pessoas solteiras vulneráveis, em
diversos estilos de apartamentos, casas compartilhadas e bangalôs e era
inicialmente operada como uma cooperativa. Seus 450 moradores foram removidos
para que se construísse o Parque Olímpico (RIOOWATCH, 2016).
No Brasil, as experiências do Pan-americano e agora das Olimpíadas foram
modelos onde às empresas privadas investiram na construção das Vilas Olímpicas
no modela da especulação imobiliária, corroborando como que MAscarenhas (2005)
afirma, os espaços urbanos onde há interferências por causa dos eventos, tendem a
serem explorados pela especulação imobiliária.
Por isso, soluções como a requalificação tecno-urbanístico ou reengineering3
de áreas degradadas podem ser legados positivos criando novos espaços que
passam a integrar as áreas já existentes se estas requalificações forem feitas de
acordo com a lógica de funcionamento da população local e não apenas das
empresas da construção civil (HAMMER; CHAMPY, 1993).
Em termos de legados sociais, os megaeventos esportivos, ao modificarem a
estrutura e o cotidiano de uma cidade, precisam beneficiar a população. Operários
que trabalharam na construção e manutenção dos equipamentos esportivos e de
infraestrutura em geral, cidadãos que passam a utilizar um transporte coletivo de
melhor qualidade, equipamentos públicos de esporte e lazer. Isso faz parte do
capital simbólico acumulado no processo (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2008).
3 O reengeniring é uma estratégia de business management para repensar o processo de
negócios, conseguir melhorias nas medidas críticas de eficácia contemporânea: custo, qualidade, serviço e rapidez.
26
Os megaeventos também são responsáveis pela geração de legados sociais,
que podem ser contribuições positivas para as cidades e seus cidadãos. Essas
contribuições são medidas a partir de uma possível melhora na qualidade de vida da
população residente.
Tavares (2011) apresenta os legados como uma contraposição entre os
benefícios gerados e os custos necessários para a realização do megaevento. Vale
ressaltar que os custos considerados não se tratam apenas de valores monetários,
mas sim, e principalmente, os custos sociais e ambientais. Como aponta Preuss
(2008, apud POYNTER, 2006), em sua análise dos megaeventos esportivos do Rio
de Janeiro, existe uma diferença significativa entre as considerações realizadas pelo
Comitê Olímpico Internacional e pela FIFA sobre a questão dos legados. Isso pode
acontecer porque a FIFA desenvolveu muito pouco a questão da responsabilidade
social como uma das missões do futebol. Ao contrário disso, o Comitê Olímpico
Internacional através da Carta Olímpica, apresenta o “esporte como ferramenta para
o desenvolvimento humano” (TAVARES, 2011, p.19), sendo este um dos princípios
fundamentais do movimento Olímpico.
Por meio de políticas públicas de inclusão social realizadas conjuntamente
nos três níveis de governo – municipal, estadual e federal - o acesso ao esporte, ao
lazer e à qualificação profissional funcionam como bases para o exercício de
cidadania dos residentes na cidade anfitriã. A intenção é que esses megaeventos
sirvam como propulsores do desenvolvimento social, sendo esses esforços não
pensados somente para as cidades-sede dos eventos. Na realidade, geralmente se
pensa em proporções maiores, em que as cidades periféricas mais pobres também
sejam beneficiadas pela realização dos megaeventos. (MINISTÉRIO DO ESPORTE,
2008)
Nesse sentido, são desenvolvidos projetos sociais que buscam estabelecer
metas que caminhem para o crescimento social a médios e em longo prazo,
principalmente através de crianças, adolescentes e jovens adultos marginalizados.
As ações que são realizadas para auxiliar a inclusão social são vistas como um
legado que é deixado para essas cidades antes mesmo dos eventos acontecerem,
sendo levada em consideração a articulação de projetos que envolvam o esporte e o
lazer, a escola, capacitação geral e, também, para atender o turista – como cursos
de idiomas, hospitalidade, turismo e ética, etc.
27
Matias (2008) aponta que referente ao legado do estudo de caso dos Jogos
Olímpicos realizados em Sidney em 2000, a preocupação ambiental dos jogos fez
desse megaevento um modelo importante a ser seguido. Foram desenvolvidos
banheiros com válvulas especiais para redução do consumo de água em chuveiros e
vasos sanitários; coleta seletiva de lixo; tratamento de água, já que grande parte da
água utilizada nos Jogos foi reutilizada da chuva e/ou a partir do esgoto tratado;
reciclagem de copos e garrafas; limpeza de materiais tóxicos das baías em que
foram realizados eventos aquáticos; uma polícia ambiental foi criada para fiscalizar
obras e produtos; um programa cultural foi criado para desenvolver as atividades
culturais na cidade; redução do uso de PVC; sistema de transporte e mobilidade
urbana sem o uso de carros de passeio individuais, e aí os turistas e cidadãos eram
estimulados a usar o transporte público da cidade, que recebeu investimentos para
melhorar sua qualidade e eficiência, etc.
Na realidade, após esse evento com grande preocupação com o meio
ambiente, passou a haver um movimento crescente na inserção desse item nas
candidaturas de cidades para megaeventos. Ainda que a análise ambiental não seja
o nosso foco para esse trabalho, é importante pensarmos em quais os reflexos
dessas questões ambientais e quais as suas relações com os legados sociais que
ficam para as cidades. Essas relações podem ser facilmente realizadas (MATIAS,
2008).
No que tange à questão da mobilidade urbana, por exemplo, podemos
apontar que o estimulo ao uso dos transportes coletivos reduz a quantidade de
veículos particulares nas ruas, o que, consequentemente, reduz a emissão de gases
que são nocivos para o ecossistema e, também, para o homem (MATIAS, 2008).
Esse tópico da mobilidade urbana pode nos apontar diversos caminhos para
onde podemos seguir. Se pensarmos nas questões de investimento na criação e
extensão de metrôs, linhas de ônibus, melhoria das ruas e vias principais,
articulação entre os meios de transporte, etc., podemos pensar em como essas
transformações urbanas facilitam a vida dos moradores da cidade no pós-evento,
ainda que tenham passado por fortes conturbações durante a modificação.
Geralmente a cidade que receberá um grande evento passa por alguns anos
de grandes transformações. A cidade vira, literalmente, um canteiro de obras. Isso
pode atrapalhar durante um período de tempo a circulação e a própria mobilidade
28
urbana e qualidade de vida das pessoas que ali residem, no entanto, os frutos são
colhidos quando as obras chegam ao final.
Podemos perceber, portanto, que a realização de megaeventos está ligada
numa profunda revolução do sistema urbano de uma cidade ou de um país. Há uma
transformação da cidade em verdadeiras megaempresas, que entram em
concorrência com outras cidades-megaempresas e que disputam para saber qual
sairá na frente e terá maior visibilidade (MASCARENHAS, 2012).
Para tanto, apontaremos no próximo capítulo o caso específico do Rio de
Janeiro, fazendo um balanceamento entre os impactos e os legados sociais que têm
ficado para a cidade a partir da realização dos megaeventos que aconteceram e
acontecerão. Apresentaremos anteriormente um breve histórico dos megaeventos
que já aconteceram da cidade do Rio de Janeiro, para que, em seguida, façamos
uma discussão sobre seus legados e impactos, principalmente sociais.
Destacamos que essa introdução teórica para o estudo nos serve para
apontar a importância da ocorrência dos megaeventos numa cidade ou país e,
consequentemente, a importância dos legados e impactos sociais que são reflexos
desses eventos.
29
2 MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
O presente capítulo traz, inicialmente, uma apresentação do histórico dos
megaeventos esportivos que já ocorreram na cidade do Rio de Janeiro. Num
segundo momento, analisamos os desdobramentos provocados pela realização dos
megaeventos na cidade. Partimos de uma perspectiva crítica para analisar as
interferências realizadas, buscando debater quais as consequências principais
destas, de um ponto de vista principalmente social. Apresentamos algumas seções
temáticas das interferências urbanas sofridas na cidade, seus benefícios e seus
impactos.
2.1 RIO DE JANEIRO: UM BREVE HISTÓRICO DA CIDADE E SUA INCLUSÃO
NOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS
No ano de 1960, a cidade do Rio de Janeiro, depois de séculos exercendo o
papel de maior centro econômico, político e cultural brasileiro, percebeu-se
destituída de um dos maiores prestígios simbólicos que uma cidade possa ter: a de
ser a capital de um país, de uma nação. A transferência da capital federal do Rio de
Janeiro para Brasília, contudo, não seria a maior responsável pela decadência
progressiva observada na cidade nas décadas subsequentes, notadamente aquela
referente às suas esferas econômicas e políticas.
Alinhada às turbulências negativas experimentadas pelo próprio Brasil, a
cidade passou a internalizar progressivamente em seus espaços as consequências
das muitas instabilidades políticas e econômicas vividas pelo país, principalmente
àquelas pertencentes às décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Em meio aos
desprestígios contínuos e à falta de estabilidade política e econômica recorrente,
que se adicionavam exaustivamente às suas problemáticas históricas crônicas, a
cidade passou a sofrer cada vez mais com a escassez de investimentos, e,
principalmente, com a ausência de gestões políticas do seu território que fossem
capazes de gerenciar, de forma positiva, suas principais necessidades sociais e
espaciais. (ABREU, 2006). De fato, este período da história do Rio de Janeiro
30
contribuiu em muito para o engendramento da realidade posterior a ser observada
na cidade.
Gradativamente, porém, a cidade se reergueu. Passadas as maiores
instabilidades do seu quadro local e nacional, séries de intervenções políticas e
econômicas foram implantadas de forma a mitigar grandes entraves que impediam o
seu soerguimento e crescimento, sendo gerenciados de forma a devolver, inclusive,
o prestígio perdido. Investimentos passaram então a ser direcionados à tentativa de
fazer a cidade crescer e recuperar sua centralidade regional e nacional.
A breve consideração às especificidades históricas recentes da cidade faz-se
importante, neste momento inicial, sobretudo quando consideramos os fatores que
acabaram por proporcionar a utilização de determinadas gestões políticas que
culminariam, anos mais tarde, nas políticas de atração de grandes eventos na
cidade. O fato é que tal modelo de planejamento e gestão urbana do Rio de Janeiro
baseado na atração de megaeventos engendrou-se a partir de gestões políticas
extremamente alinhadas a projetos de mercantilização da cidade, via,
principalmente, a utilização da mesma para captação de capitais variados, e de
onde, inclusive, a política de atração de grandes eventos viria a ser um dos
principais instrumentos utilizados para este fim.
Tais políticas utilizadas como modelo de reestruturação econômica da cidade,
e que se pautavam em uma dinâmica fortemente mercadológica, acabaram, assim,
por consolidar um perfil de gestão urbana que tem como suas principais
características, o fomento a atrativos e investimentos diversos que possam traduzir-
se em um dado retorno econômico para a cidade (PRONI, 2009).
Este perfil empreendedor tem garantido uma maior inserção na lógica dos
grandes eventos, que são utilizados como instrumentos de captação de recursos e
geração de renda. Assim, a cidade do Rio de Janeiro se tornou um grande espaço
de circulação de verbas e capitais diversos. No caso brasileiro, e talvez mundial, a
cidade é a campeã no recebimento de eventos de grande porte em um curto
intervalo de tempo.
A inserção da cidade à lógica dos megaeventos tem gerado profundas
transformações urbanas. Impactos sociais, políticos e econômicos associados
diretamente aos grandes eventos aprofundam, cada vez mais, desigualdades em
muito já perpetuadas, seguindo a lógica orientada pelos imperativos do mercado
31
(TEOBALDO, 2010), assegurando a ideia de que a cidade é um grande espaço de
lucratividade.
Ao abordamos especificamente a execução de grandes eventos esportivos,
que hoje são aqueles de maior vultuosidade no Brasil (RUBIO, 2005), é importante
destacar que os gestores públicos ligados à sua manutenção responsabilizam-se
diretamente pela administração dos recursos envolvidos, supostamente a fim de que
o gerenciamento destes possa de fato atender as demandas suscitadas pelo evento.
Em muitos desses eventos, como por exemplo, os Jogos Pan-Americanos do
Rio de Janeiro de 2007, incluíam em suas propostas, melhorias substanciais para o
destino turístico, tais como, intervenções nas estruturas físicas e na composição de
equipamentos públicos diversos. Vias de tráfego terrestre e aéreo, instalações
imobiliárias, aportes turísticos (museus, restaurantes), projetos de segurança
pública, entre outros tantos correlatos a estes tiveram de ser revistos. (FORT &
NOLASCO, 2014)
Passada a euforia inicial provocada pela vinda dos Jogos Pan-Americanos de
2007, os impactos foram maiores que os legados e, com isso, parte da população
ficou insatisfeita. (FREITAS, et al., 2014). Mas, a cidade neste mesmo período
apoiou a candidatura da cidade do Rio de Janeiro para ser sede dos Jogos
Olímpicos de 2016.
Almeida (2015) faz um retrato do que foi o recebimento da notícia da vitória
do Rio de Janeiro na concorrência para ser sede dos Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos de 2016.
Dia 02 de outubro de 2009. Por volta das 14 horas no horário oficial brasileiro, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, abriu um envelope e mostrou ao mundo o nome da cidade eleita para sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016: Rio de Janeiro. Na praia de Copacabana, cerca de 50 mil pessoas que assistiam a transmissão da eleição ao vivo em um telão começam a celebrar. Em Copenhague (Dinamarca), local do anúncio, os representantes da delegação brasileira saltam de suas cadeiras para comemorar. Entre eles, o então presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do comitê de candidatura Rio 2016.
Podemos observar que parte da população e o governo apoiaram a
candidatura. Para corroborar esta afirmação uma pesquisa do Comitê Olímpico
Internacional (COI) mostrou que 70% dos brasileiros apoiam a candidatura do Rio de
32
Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Entre os moradores do estado do
Rio, o apoio foi de 85%. (GLOBO, 2009).
O ciclo de megaeventos continuou na cidade após os Jogos Pan-Americanos.
Quatro anos depois, em 2011, foi também à sede dos Jogos Mundiais Militares,
evento esportivo voltado para atletas das forças militares de diversas regiões do
mundo. Foi a primeira vez que este tipo de evento aconteceu em um país do
continente sul americano. Seguindo a mesma tendência, em 2013 abrigou a Copa
das Confederações, evento esportivo de futebol organizado pela FIFA e que é
considerado como evento-teste para o país a sediar o Mundial de Futebol.
Em 2014, a cidade abrigou mais um grande evento de visibilidade
internacional, sendo uma das cidades-sedes brasileiras dos jogos da Copa do
Mundo de Futebol FIFA.
Por fim, em 2016, o Rio de Janeiro abrigará o maior e mais tradicional evento
esportivo do planeta, as Olimpíadas de Verão. Será a primeira vez que os Jogos
Olímpicos ocorrerão na América Latina e no Brasil.
Como já observamos, alguns grandes eventos passaram a compor a
realidade atual da capital fluminense num curto intervalo de tempo. Considerados
como de grande visibilidade e apelo popular, esses megaeventos, caracterizam-se
principalmente pela sua grandiosidade e capacidade de alcance social, simbólico,
econômico e político. Por isso, suas ocorrências acabam por provocar
consequências substanciais para o espaço das cidades que os sediam.
Considerando todos os eventos citados, mais outros tantos de menor
importância, notamos que são muitas as mudanças e adaptações da estrutura
urbana para o recebimento de megaeventos.
Quando compreendidos de forma conjunta, estes eventos têm colocado a
cidade sob novas circunstâncias de funcionamento e estruturação. A vinda da Copa
do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 demandaram planejamento de
grandes projetos em infraestrutura urbana e aparelhagens esportivas diversas. O Rio
de Janeiro tem desenvolvido planos de intervenção urbana para adequar-se às
normas, objetivos e regulamentos pensados e mantidos pelas entidades esportivas e
os governantes envolvidos no planejamento e gestão destes eventos esportivos
internacionais.
33
2.2 MEGAEVENTOS E TURISMO NO RIO DE JANEIRO
Diante do exposto podemos perguntar qual seria a importância dos grandes
eventos esportivos no setor turístico? Sabemos que o turismo movimenta milhares
de pessoas para as sedes dos Jogos e que é baseado na promoção de um local
através do marketing. Por isso, os esforços relacionados à promoção das cidades
são enormes.
Atrelado à propaganda, os megaeventos podem atrair turistas por melhorar a
reputação dos destinos, gerando capacidade para mobilizar recursos e enaltecer as
potencialidades locais e características culturais das cidades em que ocorrerão os
jogos (HALL, 1992 apud REIS, 2008). Vale ressaltar que para que a boa imagem
divulgada seja mantida, níveis adequados de limpeza, eficiência nos transportes
públicos, atrativos turísticos conservados, preços acessíveis e diversificação das
hospedagens, são alguns dos requisitos.
Baseando-se em Gunn (1988) e Rejowski (1996), Morupi Ishyi (1998) aponta
alguns pontos positivos dos megaeventos no tocante à questão do turismo podem
ser enumerados: melhorias dos equipamentos turísticos, sistemas de transporte e
lazer; surgimento e/ou incremento de mão de obra qualificada; intercâmbio cultural;
divulgação de uma imagem positiva do local que sediou o evento (ISHYI, 1998).
Já dentre os impactos negativos tem-se: benefícios econômicos limitados
quando as empresas que atuam no setor turístico local têm suas sedes em outros
países; aumento do custo de vida local em virtude do fluxo de visitantes maior do
que o habitual e a exploração do turista; eventuais danos aos patrimônios natural
(praias, áreas verdes, etc.) e material (monumentos históricos, prédios públicos,
etc.); grande parte dos empregos criados no local durante a fase pré-evento é
temporária e tende a “desaparecer” após sua realização (ISHYI, 1998).
Tais consequências só poderão ser revertidas caso a cidade seja bem
estabelecida em um trade turístico. (REIS, 2008) Outra questão é perceber que a
mídia internacional, ao mesmo tempo em que pode ser muito positiva ao divulgar o
local onde os jogos ocorrerão, pode ser também muito negativa. Se o evento for mal
organizado, isto será divulgado mundo afora e os turistas evitarão a cidade.
34
2.3 O CASO DOS JOGOS PAN-AMERICANOS DE 2007
Os Jogos Pan-Americanos de 2007 deixaram alguns legados para a cidade
do Rio de Janeiro. Todo o projeto pensado para o evento previa um modelo de
intervenção urbana voltada à priorização de certas áreas da cidade. A Barra da
Tijuca foi o local onde concentrou a maior parcela de investimentos vinculados ao
evento. Esta região da cidade está inserida já em um contexto de atração de
capitais, e atualmente, uma das maiores zonas de expansão imobiliária, econômica
e comercial do Rio de Janeiro. “Prevaleceu à estratégia elitista de concentrar o
evento em áreas valorizadas da cidade, ou em valorizar e elitizar outras a fim de
transmitir para o mundo uma imagem civilizada” (MOREIRA, 2014, p.99 apud
SANCHEZ, 2010).
A própria Vila do Pan, destinada à estadia e acomodação dos atletas durante
a ocorrência dos Jogos, acabou por ser instalada nesta área.
No caso do Pan-2007, estava embutida desde o início a lógica da cidade elitista e segregada, a qual se manifestou na estratégia de concentrar o evento em áreas enobrecidas, visando proporcionar, ao mesmo tempo, segurança e conforto aos participantes e, sobretudo, oferecer ao mundo uma imagem urbana mais “civilizada” e “moderna”. Tal lógica estava longe, portanto, de qualquer preocupação de utilizar o evento para redistribuir no espaço da cidade às benfeitorias da infraestrutura urbanística (...) (MASCARENHAS, 2005, p. 24)
O modo como as intervenções urbanas foram realizadas fortaleceram a
segregação social e espacial na organização do espaço da cidade. Utilizaram
critérios de classe e de renda, dividindo e separando os grupos sociais em suas
áreas de moradia e, principalmente, ao acesso e consumo de determinados serviços
e mercadorias (MASCARENHAS, 2005).
Como se não bastasse à especulação imobiliária, a gentrificação e outros
processos decorrentes dos megaeventos que ocorreram anos depois, um caso
importante deve ser apresentado: a demolição do Velódromo do Rio de Janeiro
construído especificamente os Jogos Pan-Americanos. Localizado na Barra da
Tijuca, esta instalação esportiva previa, à época de sua construção, atender às
necessidades do ciclismo. Contudo, sua infraestrutura, segundo os organizadores do
atual projeto olímpico em operação na cidade, não comporta os padrões exigidos
35
pelo Comitê Olímpico Internacional para a realização dos eventos desta modalidade
esportiva nas Olimpíadas do Rio, em 2016. No local de suas antigas instalações um
novo velódromo está em construção para atender aos padrões olímpicos, exatos
sete anos da construção do primeiro, ao gasto de centenas de milhões de dinheiro
público.
Como saída para possíveis críticas, as entidades públicas envolvidas, como o
Ministério dos Esportes, o Comitê Olímpico Brasileiro e a própria prefeitura da
cidade, resolveram, de forma conjunta, doar o material que compunha o antigo
velódromo para a prefeitura de Pinhais (PR), para que este fosse então remontado
por lá. Com o novo velódromo para as Olimpíadas ao custo final projetado em torno
de 200 milhões de reais, pouco se vê em suportes reais na formação e
investimentos de atletas, problema presente também em muitos outros esportes que,
no Brasil, não oferecem mínimas condições de estrutura para suas modalidades.
Além do caso do Velódromo do Rio, pode-se citar, também, o caso do Parque
Aquático Maria Lenk, localizado na Barra da Tijuca. Com um custo final
aproximadamente em torno de R$ 85 milhões de reais, segundo o próprio Comitê
Olímpico Brasileiro, a falta de atividades esportivas no parque aquático (LASER,
2008 apud MORAIS & RESENDE, 2013) reforçou críticas que se colocavam,
sobretudo, quanto aos altos gastos destinados a estes empreendimentos, e que
posteriormente, traduzem-se em espaços de pouca funcionalidade.
Desde que a cidade ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos, porém, a
situação do parque aquático ganhou ainda outros tantos vultos. Construído em
terreno arenoso e irregular, as instalações do complexo aquático já sofreram com
inúmeros problemas decorrentes de rachaduras em suas estruturas, inutilizando-as
de possíveis utilizações das suas dependências. Além disso, já se tinha
conhecimento, antes mesmo de concluída sua obra para os Jogos Pan-Americanos,
que o parque aquático nas condições em que fora projetado, não serviria para os
Jogos Olímpicos, mesmo que o Rio de Janeiro, à época, já fosse candidata ao
evento.
O fechamento do Parque Maria Lenk para sua adaptação aos padrões
olímpicos, também evidencia, tal qual o velódromo carioca, a falta de espaços
adequados para o treinamento de atletas, visto a inexistência de dependências
esportivas que contém o mínimo de estrutura para treinos e disputas de suas
modalidades.
36
Outro caso a ser comentado foi a Vila do Pan (Figura 5) como ficou conhecida
a área com os condomínios que serviram de moradia para os que vieram competir.
O condomínio residencial foi vendido após o uso no Pan-Americano e em menos de
dez anos após a inauguração, possui muitos problemas estruturais como: chão
cedendo, crateras enormes abertas no meio da rua, grades de seguranças caindo
são apenas alguns dos problemas das pessoas que vivem no local. (GLOBO, 2015)
Figura 6: Vila do Pan Fonte: Extra, 2014
Possui cerca de cinco mil moradores que convivem diariamente com o risco
de verem seus apartamentos desabando. Há investimentos públicos em torno de R$
62 milhões para a área externa, mas ainda insuficiente para reverter todo problema.
O projeto acabou custando duas vezes seu valor para os cofres públicos. (GLOBO,
2015).
Foi parte marcante da realização dos Jogos Pan-Americanos as denúncias de
corrupção, má gestão de recursos, superfaturamento de obras, excesso de verbas
públicas utilizadas nos projetos de intervenção e reestruturação, entre tantos outros
elementos listáveis, e que, tal como naquele momento, ainda continuam a compor a
realidade da cidade, em um panorama onde se mudam os eventos e mantêm-se os
mesmo problemas. No Tribunal de Contas da União (TCU) foram encontrados vários
indícios de irregularidades entre eles: subcontratação irregular, excesso de
alterações contratuais, deficiência na fiscalização do contrato, atos de gestão
antieconômicos e, principalmente, indícios de superfaturamento. Houve aumento de
37
quase 800% nos custos. De R$ 410 milhões, em 2002, a conta fechou em R$ 3,7
bilhões em 2007. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2011).
Com um dos orçamentos finais mais caros da história dos Jogos Pan-
Americanos, os jogos do Rio de Janeiro acabaram por gerar massivas críticas no
tocante à eficiência pública para com os gastos envolvidos na realização de eventos
de grande porte na cidade (MOLINA, 2014).
Assim, a maioria da cidade sequer vivenciou alguma modificação direta
promovida pelos Jogos Pan-Americanos. A promessa de que a vinda do evento
significaria uma ampla reestruturação urbana, mostrou-se enormemente excludente,
ao passo que se voltou a áreas com alto potencial econômico.
2.4 OS IMPACTOS E LEGADOS SOCIAIS DA COPA DO MUNDO DE 2014 E DAS
OLIMPÍADAS DE 2016
Os legados sociais dos megaeventos do Rio de Janeiro são muitos e
apresentam prós e contras. A soma de investimentos presentes nos megaeventos é
necessariamente grandiosa, como debatido no capítulo anterior. Porém, tal como
vemos no Brasil, estes recursos em pouco se têm revestido em melhorias
substanciais dos quadros socioespaciais das cidades “agraciadas” por tais eventos
(COSENTINO, 2015).
O geógrafo David Harvey facilita a compreensão dos legados sociais ao dizer
que:
Esses investimentos enfocam, cada vez mais, a qualidade de vida. A valorização de regiões urbanas degradadas, a inovação cultural e a melhoria física do ambiente urbano (incluindo a mudança para estilos pós-modernistas de arquitetura e design urbano), atrações para consumo (estádios esportivos, centros de convenção, shopping centers, marinas, praças de alimentação exóticas) e entretenimento (a organização de espetáculos urbanos em base temporária ou permanente) se tornaram facetas proeminentes das estratégias para regeneração urbana. (HARVEY, 2005, p. 176).
Segundo Harvey (2005), os anseios dos gestores urbanos desses espaços
em atrair investimentos econômicos foram motivados devido à desindustrialização, o
desemprego, a austeridade fiscal, ao neoconservadorismo, ao forte apelo à
38
racionalidade do mercado e da privatização, ao declínio do Estado-Nação no
controle do fluxo monetário multinacional, entre outros fatores, que acabam por
lançar muitas cidades numa crise socioeconômica.
Os impactos sociais dos megaeventos têm início com as parcerias público-
privadas (PPPs), uma das principais características presentes nestes modelos
empreendedores de gestão da cidade. Este tipo de parceria compreende um
conjunto de ações estratégicas voltadas à captação de recursos públicos e privados
que funcionam, de forma conjunta, como financiamento a investimentos diversos.
No caso específico do Rio de Janeiro, este tipo de parceria está presente na
quase totalidade de investimentos presentes em obras de adequação da cidade para
grandes eventos, como o são a Copa do Mundo e as Olimpíadas, por exemplo.
Sendo o principal instrumento de financiamento de obras de mobilidade urbana e
construção de aparelhagens esportivas na cidade envolta aos megaeventos, este
tipo de parceria frequentemente suscita dúvidas quanto à sua real eficácia.
Geralmente envolvendo grandes somas de dinheiro público, as parcerias público-
privadas tornaram-se alvo de críticas, principalmente quando da observância aos
seus elevados custos e pouco retorno social em benefícios diretos para a população.
Alinhadas às ações e estratégias mercadológicas presentes nas cidades mundo
afora, as parcerias firmadas entre o setor público e o privado acabam por garantir a
viabilização de grandes projetos de intervenção nos espaços destas (CAVALCANTI,
2014).
Conforme visto anteriormente, os legados dos Jogos Pan-Americanos não
foram muito positivos e/ou pouco aproveitados pela cidade. Passado este
megaevento, a cidade do Rio de Janeiro passou a se preparar para a Copa do
mundo de 2014. O momento era de tensão. Mudanças no tráfego e as obras de
melhoria triplicaram os engarrafamentos da cidade. Durante a Copa das
Confederações ― evento teste para a realização da Copa do Mundo ― ocorreram
diversas manifestações contra o governo, que administrava as obras sem muita
transparência, deixando de investir em campos primordiais para o desenvolvimento
do país, tais como saúde e educação.
O desenvolvimento de ações baseadas na tentativa de promover uma
imagem positiva dos espaços urbanos coloca-se como um dos principais elementos
utilizados afim de que essas áreas se adequem e tornem-se aptas aos imperativos e
demandas do mercado. “Numa época de comunicação de massa, telecomunicações
39
e intensa produção cultural, a imagem da cidade torna-se tão importante quanto à
realidade.” (HARVEY, 2005). De fato, o importante não é o que a cidade é, mas sim
o que ela oferece para atrair os capitais internacionais. Estaríamos, segundo Vainer
(2011), vendendo imagens.
No planejamento estratégico do Rio, por exemplo, está escrito que um dos problemas da cidade é a visibilidade da população de rua. Ou seja, o ruim não é haver pessoas que não possuem moradia, mas sim elas serem visíveis. Se nós conseguirmos escondê-las, nosso imbróglio está resolvido. A miséria se torna um problema paisagístico. Nesse sentido, a cidade é pensada como uma mercadoria de luxo; não é qualquer um que pode tê-la. (VAINER, 2011)
Ainda na esteira dos legados dos megaeventos, veremos que a tensão ainda
se faz presente nas cidades. No Rio de Janeiro, as Unidades de Polícia
Pacificadora, (UPPs) planejadas para fazer uma espécie de cordão de segurança às
áreas mais valorizadas da cidade, estão deixando de cumprir seu papel. Passada a
euforia da primeira UPP, a polícia tem se mostrado despreparada, resultando em
frequentes notícias nos jornais.
A população encontra-se extremamente descontente com a falta de
transparência na política. Escândalos envolvendo a Petrobras ― maior estatal
brasileira ― e a desvalorização dos professores que mobilizou a classe a protestar
em diversas partes do país tornou os milionários investimentos em infraestrutura
para a realização do próximo megaevento, extremamente incoerentes.
Adequando-se às necessidades consideradas como de extrema importância
para a viabilização destes dois grandes torneios esportivos internacionais, o Rio de
Janeiro tem passado, então, a contar com diversos planos de intervenção em suas
estruturas físicas, sobretudo de forma a garantir a adaptação da cidade às normas,
objetivos e regulamentos pensados e mantidos entre as entidades esportivas e os
governantes envolvidos no planejamento e gestão destes.
As mudanças empreendidas na área de transportes, instalações esportivas e
gerais, moradia e segurança adquirem importância estratégica para a cidade envolta
aos megaeventos tratados aqui por estarem atreladas à ideia de funcionalidade do
espaço urbano, sendo o pilar do conjunto de estruturas ditas necessárias para o seu
bom funcionamento. É a partir desta ótica, inclusive, que se busca muitas vezes a
legitimação dessas intervenções, apoiando-as sob o discurso de serem, além da
40
melhor opção, também imprescindíveis ao desenvolvimento da cidade como um
todo.
2.4.1 TRANSPORTES
Em meio aos anúncios de que o Rio abrigaria a Copa do Mundo e as
Olimpíadas, houve a consolidação gradativa na escolha de projetos envolvendo
grandes parcerias com o setor privado. Privatizações mediante concessões
tornaram-se comuns durante o desenrolar de muitos projetos na área de transportes.
A privatização de aeroportos e a implantação do sistema de BRTs na cidade são
claros exemplos.
Considerada como a principal mudança presente na área de transportes no
Rio de Janeiro, a implantação do sistema BRT (sigla em inglês para Bus Rapid
Transit) é um dos grandes empreendimentos colocados em prática na cidade,
estando diretamente associado à lógica de sua adequação ao recebimento dos dois
eventos. Já o BRTranscarioca, inaugurado em junho de 2014, liga os bairros da
Barra da Tijuca e da Ilha do Governador. Segundo dados da própria prefeitura, a via
demandou um investimento total de R$ 1,5 bilhão, sendo, deste total, R$ 1,1 bilhão
oriundos de recursos federais.4 Esse BRT atende quatorze bairros: Barra da Tijuca,
Curicica, Taquara, Tanque, Praça Seca, Campinho, Madureira, Vaz Lobo, Vicente de
Carvalho, Vila da Penha, Penha, Olaria, Ramos e Ilha do Governador.
O BRT TransOeste, que interliga os bairros da Barra da Tijuca ao de Santa
Cruz e Campo Grande, começou a operar no mês de junho de 2012. Em seu projeto
atual, a via terá início no Jardim Oceânico, área da Barra da Tijuca –local próximo à
futura estação da Linha 4 do Metrô, e seguirá até as estações da Supervia em
Campo Grande, pela Avenida Cesário de Melo, e da de Santa Cruz, pela rua Felipe
Cardoso5.
Já o BRT TransOlímpica, esta via de nome sugestivo, ainda em fase de
construção, ligará futuramente o bairro da Barra da Tijuca ao de Deodoro, na zona
norte da cidade. Esses dois destinos serão importantes locais de competição
durantes as Olimpíadas de 2016, e por isso, é considerada uma via estratégica para
4 Conferir em: http://www.cidadeolimpica.com.br/projetos/transcarioca/ Acesso em 09 de maio
de 2015. 5 Conferir em: http://www.cidadeolimpica.com.br/projetos/transoeste/. Acesso em 09 de maio
de 2015.
41
os Jogos. Com um investimento total estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão, este
corredor expresso fará ligação com a TransCarioca, na altura do bairro da Taquara,
e também com a TransOeste, desta vez na altura do Recreio dos Bandeirantes.
Também se interligará a outros modais, como, por exemplo, aos trens da Supervia
no bairro de Deodoro. O financiamento da via será realizado mediante parceria com
a iniciativa privada através de um sistema de concessão, que dá, dentre outros, o
direito de construção, manutenção e operação da via durante 35 anos6.
Apesar do grande dispêndio de dinheiro e dos congestionamentos decorrentes
das obras que alvoroçaram a população carioca, os BRTs terão como legado
positivo um significativo aumento da qualidade de vida da população devido à
redução do tempo gasto no deslocamento. Como benefícios pode-se citar também a
possibilidade de reorganização e melhoria da atual malha rodoviária da cidade, já
bastante saturada. Os BRTs representariam uma possibilidade viável e eficaz à
problemática da mobilidade urbana, considerada de extrema importância para a
“funcionalidade” da cidade como um todo.
Até o presente momento, pode-se traçar como legado negativo as remoções
realizadas na Zona Oeste da cidade. Segundo o Dossiê elaborado pelo Comitê
Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro7, “em áreas de interesse do capital
imobiliário, a máquina destruidora de casas populares, operada pela Prefeitura
Municipal, atua de forma mais intensa. Ou seja, a maioria das remoções está
localizada em áreas de extrema valorização imobiliária, como Barra da Tijuca,
Recreio, Jacarepaguá e Vargem Grande. Os investimentos públicos realizados em
transporte (BRTs) privilegiaram essas mesmas áreas, multiplicando as
oportunidades de investimento e retorno financeiro na produção habitacional para
classe média e alta e na produção de imóveis comerciais.”.
2.4.2 INSTALAÇÕES ESPORTIVAS
Inúmeras instalações esportivas também participam deste modelo de
intervenção urbana adotado na cidade do Rio de Janeiro com planos de reforma e
também de construções de novas instalações. O exemplo mais emblemático ― o do
6 Fonte: http://www.cidadeolimpica.com.br/projetos/transolimpica/. Acesso em 09 de maio. de
2015. 7 Fonte: Dossiê do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas. Rio de Janeiro, 2011.
42
estádio do Maracanã ― será analisado mais adiante. Iniciaremos com algumas
observações sobre o Parque Olímpico.
A reforma do O Parque Olímpico, localizado na Barra da Tijuca também teve
sua construção ligada a polêmicas. O projeto conta com a construção do novo
velódromo da cidade, obra que já havia ocorrido à época do Pan-Americano de
2007. O velódromo do Pan foi totalmente destruído para dar lugar ao seu prospecto
mais novo ainda: o velódromo do Parque Olímpico.
Com obras iniciadas em julho de 2012, este Parque terá instalações
temporárias e permanentes, a construção de inúmeras instalações esportivas
ligadas às Olimpíadas, como, por exemplo, aquelas necessárias para as disputas de
basquetebol, judô, handebol, tênis, polo aquático, natação, entre outros8.
Como legado positivo, a Prefeitura afirma que após o fim das competições o
local do Parque será de grande funcionalidade e utilidade para a cidade9. As
instalações esportivas provisórias, após serem transferidas para outros locais (não
mencionados pela mesma em nenhum momento), darão lugar a espaços públicos
como escolas, creches e clínicas de saúde. O Parque se tornará, segundo informa a
mesma, uma grande área residencial e comercial, com grande capacidade em
captação de novos empreendimentos e investimentos diversos, transformando-se
em uma área que será referência em planejamento urbano e sustentabilidade para a
cidade. O projeto prevê que, até 2030, equipamentos esportivos e novos
empreendimentos formarão um novo bairro residencial – de tamanho equivalente ao
bairro do Leme - que será referência para a cidade. Será um bairro com novos
componentes de eficiência energética, sustentabilidade e acessibilidade. Atendido
por duas das novas linhas de BRT, a TransOlímpica e a TransCarioca, o Parque
Olímpico será um bairro aberto, ao contrário da maioria dos condomínios da Barra
da Tijuca. O Parque Olímpico também será o local do principal legado esportivo dos
Jogos Rio 2016: o Centro Olímpico de Treinamento, voltado para atletas de alto
rendimento.10
O Maracanã, mais famoso estádio de futebol brasileiro, teve sua obras
executdas pelo Consórcio Maracanã Rio 2014, formado pelas construtoras
Odebrecht Infraestrutura e Andrade Gutierrez. As obras no estádio e em seu entorno
8 Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/sbj/exibeconteudo?id=4456247 9 Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=5129600 10
Tal como exposto em: http://www.rio2016.com/noticias/noticias/sonho-do-primeiro-centro-olimpico-de-treinamento-do-pais-comeca-a-virar-realidade
43
motivaram inúmeras discussões acerca do tipo de parceria adotada, sobre os altos
custos de dinheiro público envolvido (DAMO & OLIVEN,2013).
O custo da reforma ultrapassou a um bilhão de reais oriundos de verbas
públicas, o que acabou por motivar inúmeros protestos, reinvindicações e indignação
por parte de diversas entidades civis. O consórcio firmado entre a Odebrecht, a IMX
Venues, Arena S.A e a Administração de Estádios do Brasil LTDA (AEG) venceram
o processo licitatório de concessão da gestão do estádio pela iniciativa privada.
Juntas, o consórcio permitiu que as empresas tornassem-se as gestoras oficiais do
Complexo do Maracanã, sendo responsáveis pela gestão, operação e manutenção
nos próximos 35 anos11.
O Complexo Maracanã foi palco de inúmeros protestos, não só pelo alto gasto
de dinheiro público com as obras, ― que já estavam atrasadas ― como também
devido aos inúmeros dispositivos judiciais que ora autorizavam e ora impediam a
demolição da Aldeia Maracanã, um plano que visava a execução do projeto de
modernização do Complexo Esportivo.
Em fevereiro de 2013, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar
(BOPE), em tentativa de desocupação da construção, ocupada à época por
membros indígenas e simpatizantes da causa, acabaram por promover um dos
grandes embates diretos entre os responsáveis pelo projeto e àqueles contrários a
tal política de intervenção12. À época, diante da pressão de lideranças indígenas,
movimentos sociais, estudantes, comitês populares, organizações de Direitos
Humanos, dentre outros, desistiu-se da demolição da construção. Atualmente, ainda
em meio a discussões sobre o futuro da Aldeia Maracanã, existe por parte do
governo municipal, a ideia de transformá-la em uma futura área de estudos da
cultura indígena.
2.4.3 O PORTO MARAVILHA
O projeto Porto Maravilha foi criado para a reestruturação da região central da
cidade do Rio de Janeiro. A zona portuária esteve durante anos abandonada, apesar
11
Fonte: http://www.maracanario2014.com.br/o-projeto/. Acesso em 9 de maio de 2015. 12
Conferir em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130322_aldeia_cq_atualiza.shtml. Acesso em 12 de maio. de 2015.
44
de sua localização estratégica e com grande valor histórico para a capital
fluminense. A expectativa é desenvolver o potencial construtivo de até cinco milhões
de metros quadrados e incrementar vocações já existentes no local, atendendo a
fins comercial, residencial, de turismo, educacional, cultural e habitacional.
Mesmo não estando associado de forma direta à Copa do Mundo ou às
Olimpíadas, tal projeto transparece os ideários de cidade adequada a novos padrões
de desenvolvimento e economia. Está prevista a construção de grandes prédios
empresariais, comerciais e residenciais, áreas de lazer, cultura e de consumo,
abertura de vias expressas, reurbanização de ruas e praças do entorno, dentre
outras intervenções na infraestrutura da área. Lá também será erguido futuramente o
Museu do Amanhã, na região do Píer Mauá. Com pretensões futurísticas, o projeto
deste novo espaço cultural, segundo a prefeitura, tornará a cidade referência
mundial em cultura, lazer e qualidade de vida13.
Na contramão destas ditas positivas contribuições, existem problemas que
decorreram na implantação do projeto. Entre eles, as remoções forçadas,
principalmente no Morro da Providência e na região da Rua do Livramento, a falta de
informações dos moradores sobre seu novo destino e as novas condições de vida,
as indenizações insuficientes de R$ 400 reais e a truculência muitas vezes cometida
em ações do poder público14.
2.4.4 O CASO DAS REMOÇÕES NO RIO DE JANEIRO
Dentre os inúmeros casos que corroboram para os processos de exclusão
socioespacial no Rio de Janeiro, destaca-se notoriamente a questão das remoções
de moradias para fins de reorganização e refuncionalização destes espaços.
Inúmeras comunidades vêm sendo removidas de forma a atender aos objetivos do
projeto. Mas, quais seriam os impactos gerados por tal modelo?
Sabendo-se que a desapropriação compulsória de milhares de pessoas de
suas residências encontra-se diretamente atrelada ao grande potencial de
valorização compreendido por estes espaços, bairros da zona oeste do Rio de
Janeiro, como os da Barra da Tijuca, Recreio e Taquara, por exemplo, configuram-
13
Ver em: http://portomaravilha.com.br/ 14
Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/08/remocao-de-familias-para-obras-da-copa-e-das-olimpiadas-gera-polemica.html
45
se hoje como alguns dos que mais sofrem com o processo de desapropriação de
milhares de casas localizadas em suas áreas de baixa renda. Tais estratégias
promovem o embelezamento da cidade, com vistas a um processo de renovação
urbana onde as cidades, conforme sinaliza Vainer (2002), são embelezadas diante
da necessidade de atração dos investimentos empresariais e atração do turismo.
Segundo Vainer (2011), o objetivo é fazer da cidade uma vitrine e, para isso,
é preciso esconder tudo aquilo que gera críticas, tudo o que não se coloca na vitrine,
que é pobreza, miséria. A inexistência de indenizações apropriadas por parte do
poder público no atendimento às pessoas desapropriadas de suas casas, bem como
também às questões referentes ao desrespeito promovido pelas entidades públicas
envolvidas durante o processo de remoção.
No caso específico das intervenções na região portuária, para que todo o
pacote de intervenções projetado para este projeto pudesse ser consolidado,
inúmeras ações de despejo na área foram colocadas como sendo estritamente
necessárias à sua realização. O morro da Previdência, com mais de 100 anos de
história, está sendo assim uma destes espaços periféricos a sofrerem remodelações
em sua configuração, a partir de intervenções em suas estruturas físicas.
Outras comunidades são prejudicadas, como o Morro da Previdência, com os
atuais processos de remodelação em infraestrutura da cidade. Casos como o da Vila
Autódromo, em Jacarepaguá, comunidade Arroio Pavuna, também no bairro da zona
oeste; comunidade da Estradinha, situada na ladeira dos Tabajaras, em Botafogo,
comunidade Asa Branca, em Curicica, Taboinha, em Vargem Grande, comunidade
do Metrô Mangueira, no bairro carioca de mesmo nome, Vila Harmonia, no Recreio,
entre tantas outras citáveis, são também demonstrativas da forma como tal política
tem se desenvolvido no Rio de Janeiro15.
Considerando todos os casos de remoções presentes na cidade do Rio de
Janeiro, vê-se que a maioria destes localiza-se em bairros de grande interesse
estratégico do ponto de vista dos investimentos pensados para a cidade.
Fazendo-se um comparativo com o passado, o processo de remoção já foi
vivido pela cidade à época da conhecida reforma Pereira Passos, onde, tal qual
atualmente, vários de seus cortiços e habitações populares foram igualmente
15
Ver: http://www.apublica.org/wp-content/uploads/2012/09/dossic3aa-megaeventos-e-violac3a7c3b5es-dos-direitos-humanos-no-rio-de-janeiro.pdf
46
destruídos, com sua população sendo transferida compulsoriamente para outras
áreas da cidade (BENCHIMOL, 1990).
2.4.5 POLÍTICAS DE SEGURANÇA
A manutenção de sólidas políticas de segurança é colocada como uma das
necessidades básicas às cidades com pretensões de sediar megaeventos e são,
inclusive, exigência de órgãos como a FIFA e o COI.
Configuram-se, neste cenário, como o principal modelo de segurança
implantado no Rio, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Projeto da
Secretária de Segurança Pública do Governo Estadual do Rio de Janeiro, as UPPs
foram pensadas como uma alternativa a falta de controle das forças de segurança
ao tráfico atuante nas favelas do estado.
Presente em muitas favelas cariocas, as UPPs acabaram, assim, por
representar uma nova estratégia de segurança e intervenção policial voltada ao
controle de espaços tidos como “perigosos”. Com ações relacionadas à entrada e
permanência de forças policiais no interior destes espaços, hoje, porém, seu legado
social, pode ser visto como altamente contestável. Passada a euforia que tomou
conta da cidade quando da instalação da primeira unidade pacificadora na
comunidade Santa Marta (Zona Sul) em 2008 e após a realização de grande parte
dos megaeventos designados à cidade do Rio de Janeiro, ― restando apenas as
Olimpíadas de 2016 ― as UPPs encontram-se atualmente num perigoso limiar entre
o sucesso e o fracasso. A falta de preparação dos policiais das UPPs, o abuso de
autoridade, o pagamento de propinas mediante concessão de favores e a presença
do tráfico, rendem constantemente matérias de jornais (OLIVEIRA, 2012).
47
3. ESTUDO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE OS MEGAEVENTOS
ESPORTIVOS NO TURISMO
O objetivo desse capítulo é a realização de um estudo bibliométrico da
produção científica sobre megaeventos na cidade do Rio de Janeiro. Para tanto, foi
realizado um levantamento bibliográfico nos principais periódicos de turismo, bem
como, a posterior sistematização e análise dos dados. Discutimos algumas
considerações importantes acerca do método utilizado para operacionalização da
pesquisa – a bibliometria. Também realizamos a apresentação dos dados obtidos
através da coleta do material de base da pesquisa e, por fim, algumas reflexões e
conclusões relacionadas ao número de produções, aos autores e suas respectivas
filiações institucionais, bem como, questões acerca da temporalidade e do
posicionamento desses pesquisadores com relação a temática dos megaeventos
esportivos.
3.1 MEGAEVENTOS CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DA PRODUÇÃO
A problemática dos megaeventos e dos impactos sociais e espaciais que eles
geram não é temática discutida somente pelo turismo, mas por diversas áreas do
conhecimento. Nessa subseção traremos uma contextualização geral desta
produção.
Para tanto, coletamos trabalhos das seguintes áreas de conhecimento em
trabalhos como teses de doutorado, dissertação de mestrados, monografias de
graduação, artigos científicos e anais de eventos: Geografia, a Sociologia, a
Antropologia, a História, a Economia, Engenharia, Direito e Administração. Estes
trabalhos foram coletados utilizando o buscador Google Acadêmico.
Encontramos 48 trabalhos em busca feita com as palavras-chave
megaeventos e megaeventos esportivos. Foram criados quadros utilizando os
seguintes critérios: autor, tipo de publicação, área/assunto/referências/tipo de
impacto tratado.
Esse quadro (encontra-se completo no APENDICE B) possibilitou inferências.
A primeira delas está relacionada ao número de trabalhos por área de
conhecimento, como mostra a figura 6:
48
Figura 7: Área de Conhecimento
Fonte: Do autor, 2015
Observamos que as áreas que mais escreveram entre os trabalhos que
pesquisamos foi Geografia e Arquitetura e Urbanismo, representando ambas 21 %
do total. Na sequência veio Engenharia com 15%, Sociologia com 13%,
Administração com 8 %, Economia e Direito com 6%, Ciência Política e Educação
Física com 4% e, por fim, Antropologia com 2%.
A predominância das áreas de conhecimento Geografia e Arquitetura e
Urbanismo pode ser atribuída a tradição destas áreas nos estudos das
problemáticas urbanas pelo escopo de seus objetos de estudos. A Sociologia
também tem interesse quando a questão está relacionada com os problemas
sociais.
Entretanto, áreas como o Direito e a Administração problematizaram a
questão dos megaeventos e de seus impactos. A partir de discussões e elementos
de interesse específicos, os pesquisadores buscam também contribuir para a maior
visibilidade da temática dentro do campo científico. A partir da análise dos textos
coletados, podemos apontar as principais temáticas e posições adotadas pelos
pesquisadores de cada área (Figura 8):
49
Figura 8: Palavras-chave Fonte: do Autor, 2015
Legenda
1 Geografia 2 Arquitetura e Urbanismo 3 Engenharia
4 Sociologia 5 Administração 6 Economia
7 Direito 8 Ciência Política 9 Educação Física
10 Antropologia
As temáticas desenvolvidas pelas várias áreas do conhecimento com relação
aos megaeventos são diversificadas, encontramos 22 palavras-chaves. Isto
demonstra a diversidade investigativa da temática que pode partir de questões
extremamente técnicas, como aquelas discutidas pelas Engenharias, passando por
problemáticas de planejamento e conflitos urbanos abordados pela Geografia e pela
Palavras-Chave
Áreas do Conhecimento
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Conflitos Urbanos
Crescimento/ Desenvolvimento Econômico
Desenvolvimento Esportivo
Desenvolvimento sociocultural
Engenharia Ambiental
Engenharia Cartográfica
Gentrificação
Gerenciamento de Projetos
Globalização
Impactos Ambientais
Impactos Populacionais
Infraestrutura
Marketing Urbano
Mobilidade Urbana
Modelo Econômico
Participação da Iniciativa Privada
Políticas Públicas
Questões Imobiliárias
Segurança
Transformações Territoriais
Turismo
Urbanização
50
Arquitetura, chegando a reflexões acerca dos impactos ambientais que esses
megaeventos trazem.
Entretanto, apesar de diferirem do enfoque dado ao estudo dos megaeventos
há temas pertinentes em várias áreas de estudo e apenas um tema foi abordado
apenas por uma das áreas de estudos, o caso da gestão de projeto. O tema que foi
mais mencionado nas áreas de estudos foi a gerntrificação, seguido por
crescimento/ desenvolvimento econômico. O tema turismo foi abordado somente por
três áreas: Administração, Economia e Antropologia.
Podemos separar as temáticas em de cunho econômico administrativo com
seis temas, de cunho social urbano com dez, de cunho ambiental dois e de cunho
técnico quatro. Esta separação não é nada precisa, na medida em que as áreas não
são tão delineadas assim. Elas foram estabelecidas para se ter uma dimensão das
tendências da pesquisa.
3.2 MEGAEVENTOS CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO EM TURISMO
Na coletânea Elementos para uma História das Ciências, Michel Serres
(1996) discute que uma das principais preocupações que os cientistas deveriam ter
está relacionada com a maneira através da qual o conhecimento científico viaja.
Trazendo reflexões que buscam compreender a disseminação da ciência, o autor
reforça a crítica acerca da atenção limitada que os pesquisadores dedicam à
questão. De fato, trabalhos que buscam compreender os meios através dos quais o
conhecimento acadêmico é divulgado não são abundantes. Nesse sentido, essa
subseção é, também, uma contribuição para essa problemática.
De acordo com Gonçalves, Ramos e Castro (2006, pp. 170), a principal
função das revistas científicas é o registro e a difusão do conhecimento, bem como,
“[...] favorecendo a comunicação entre pesquisadores e as comunidades científicas
e, consequentemente, contribuindo para o desenvolvimento, atualização e avanços
científicos.”.
A divisão do conhecimento em áreas específicas reforça a importância desses
meios de publicação que possibilitam tanto olhares específicos como também canais
de comunicação entre pesquisadores de diferentes ramos do saber. Weitzel (2006)
aponta alguns aspectos positivos com relação às revistas científicas, sendo sua
estrutura o mais relevante. De fato, quando pensamos nos jornais e periódicos
51
digitais os aspectos que mais chama atenção dizem respeito: a velocidade a partir
da qual novas publicações são disponibilizadas, a facilidade na busca direcionada,
bem como, a maior democratização do saber.
Obviamente, o acesso a determinados periódicos, principalmente os de maior
impacto no campo científico, raramente é gratuito. Esse fato foi constatado ao longo
do trabalho empírico de coleta de dados nessa pesquisa. Entretanto, também
observamos inúmeros periódicos que tinham a gratuidade e maior democratização
do conhecimento como premissas básicas. Esse fato é interessante e leva a
considerações acerca das políticas do saber que vêm sendo discutidas na Filosofia
da Ciência (MIGNOLO, 2010; MORIN, 1998).
Para operacionalização da pesquisa foi realizado um levantamento
bibliográfico nos periódicos de turismo tendo como base o indexador científico
disponível no Portal de Periódicos e no Qualis da CAPES. Considerando que ambos
são os principais meios de avaliação e divulgação científica e intelectual do país, a
opção de utilizá-los justifica-se.
O Qualis CAPES é um conjunto de procedimentos para estratificação da
qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação no Brasil. Esse
sistema de classificação avalia, também, os periódicos científicos e qualifica-os de
acordo com sua relevância e impacto no cenário científico, ou seja, revistas e jornais
classificados como A1 e A2 têm grande impacto enquanto aqueles qualificados
como C e D são menos relevantes devido ao seu alcance em menor escala e
produções de caráter limitado.
O uso do Qualis CAPES é interessante devido ao fato de que a categorização
dos periódicos é realizada por áreas de interesse, o que garante a possibilidade de
direcionar a atenção apenas para periódicos de Turismo. Não foi objetivo deste
trabalho esgotar toda a produção acadêmica relacionada aos megaeventos
esportivos e o turismo. O limite de tempo não permitiria tal feito.
Para ampliar o universo da pesquisa foi realizada a busca de material
bibliográfico em outras bases de dados como na página Publicações de Turismo16
que conta com mais de 1.700 livros e 30 periódicos indexados. Utilizou-se, também,
essa ferramenta com o intuito de contemplar possíveis meios de divulgação
16 www.publicacõesdeturismo.com.br
52
científica que poderiam ter sido desconsiderados previamente nos periódicos de
turismo do Portal de Periódicos e no Qualis da CAPES.
Completou-se a busca nas bibliotecas digitais da Taylor & Francis, Wiley e
Sage. Essas fontes de buscas são interessantes e possuem um rico banco de dados
devido ao fato de que essas três editoras são responsáveis por grande parte da
divulgação científica mundial. No mesmo sentido, o Journal Citation Report, base
estatística que busca divulgar o fator de impacto das publicações, contempla os
principais periódicos mundiais. O objetivo é o de criar uma lista de periódicos que
fosse capaz de representar a produção bibliográfica acerca da temática em uma
escala global, não voltada, portanto, apenas às publicações brasileiras.
O total de periódicos com publicações sobre o tema foi de 47, sendo 24
brasileiros e 23 internacionais. A busca por textos de interesse foi feita a partir da
consulta direta nos arquivos digitais de cada revista, bem como, através do uso da
ferramenta de busca de palavras-chave.
A Figura 8 mostra quais periódicos nacionais possuem publicações em
periódicos sobre o tema. Os quadros completos dos periódicos estão no Apêndice A.
Figura 9: Periódicos Nacionais com artigos sobre o tema
Fonte: Do autor, 2015
A figura 9 mostra a quantidade de artigos encontrados sobre o tema nos
periódicos nacionais e a figura 10 nos periódicos internacionais.
Nome dos Periódicos Internacionais com Artigos sobre o Tema
Revista Observatório de Inovação e Turismo
Turismo e Sociedade
Turismo em Análise
53
Figura 9: Publicações em periódicos nacionais
Fonte: Do autor, 2015
Foi encontrada uma produção na Revista do Observatório de Inovação e
Turismo, três na Revista Turismo em Análise e seis na Revista Turismo e
Sociedade, computando dez artigos em periódicos nacionais.
As revistas internacionais que publicaram sobre o tema foram (Figura 11): Os
quadros completos dos periódicos estão no Apêndice A.
Figura 11: Periódicos Internacionais com artigos sobre o tema
Fonte: Do Autor, 2015
A figura 8 apresenta as publicações encontradas sobre o tema em periódicos
nacionais por quantidade.
Nome dos Periódicos Internacionais com Artigos sobre o Tema
Cuadernos de Turismo
Current Issues in Tourism
European Sport Management Quarterly
International Journal of Sport Policy
International Journal of Tourism Research
Journal of Hospitality and Tourism Research
Journal of Travel and Tourism Marketing
Leisure Studies
Pasos: Revista de Turismo y Patrominio Cultural
Tourism Management
Tourism Planning and Development
54
Figura 12: Publicações em periódicos internacionais
Fonte: Do autor, 2015
Foram encontradas 63 publicações em periódicos estrangeiros: uma na
Cuadernos de Turismo, seis na Currente Issues in Tourism, sete na European y
Perspectiva en Turismo, quatro no Internacinal Journal of Sport Policy, onze na
International Journal of Tourism Research, um no Journal of Hospitality and Tourism
Research e também um no Journal of Travel anda Tourism Marketing como também
na Pasos Revista de Turismo y Patrimônio Cultural, vinte um na Leisure Studies,
onze na Tourism Management e dois na Tourism Planning and Development.
No total, foram coletados 81 textos dos quais apenas 12% são em língua
portuguesa. Todo o material bibliográfico foi tratado em quadros (Apêndice A) e é a
partir dele que a análise bibliométrica foi realizada. Focamos nossa atenção nas
questões relacionadas às autorias, as redes de colaboração entre autores, na
evolução temporal das publicações, nos espaços de produção, nos meios de
divulgação científica, bem como, na sistematização das problemáticas
desenvolvidas nas pesquisas.
Na Figura 12 apresentaremos os periódicos mais representativos, entendo
neste trabalho, a representatividade é entendida como a maior quantidade de
publicações sobre o tema estudado.
55
Figura 13: Periódicos Mais Representativos
Fonte: Do autor, 2015.
O periódico mais representativo foi o Leisure Studies, que tem um fator de
impacto17 de 1.024 e é organizado pela Leisure Studies Association, um grupo de
pesquisa especializado em questões de lazer e turismo no Reino Unido. O
International Journal of Tourism Research, que representa 13% das publicações e
também conta com um fator de impacto de 1.024, bem como, o Tourism
Management com fator de impacto de 2.377 também são procedentes do Reino
Unido.
Quanto à filiação institucional dos autores mais produtivos observamos que a
maioria deles encontra-se em instituições de ensino superior e de pesquisa norte-
americanas. É isso que mostra a tabela a seguir que compreende os autores mais
produtivos, bem como, suas instituições de procedência. Somam um total de 17 e
suas publicações representam mais da metade de todos os artigos coletados – 52%.
17
O fator de impacto de um periódico está relacionado com a quantidade de citações dos artigos publicados.
56
PUBLICAÇÕES AUTOR INSTITUIÇÃO
06 Kiki Kaplanidou University of Florida
05 John Horne University of Central Lancashire
03 Harry Arne Solberg University College
03 Matthew Walker
Texas A&M University
03 ShiNa Li
Leeds Beckett University
02 Brijesh Tapa University of Florida
02 Calvin Jones Cardiff Business School
02 Choong-Ki Lee Temple University
02 Daniel C. Funk Temple University
02 Graham Brown South Australia University
02 Heather J. Gibson University of Florida
02 Rob VanWynsberghe The University of British Columbia
02 Rob VanWynsberghe The University of British Columbia
02 Sam Seongseop Kim Hong Kong Polytechnic University
02 Soo-Bum Lee Carnegie Mellon University
02 Sue Geldenhuys Tshwane University of Technology
02 Tor Georg Jakobsen Norwegian U. of Science and Tech.
02 Willie Coetzee Tshwane University of Technology
Figura 14: Autores mais produtivos e instituições
Fonte: Do autor, 2015
57
Figura 15: Nacionalidade dos autores mais representativos
Fonte: Do autor, 2015
A seleção de quais autores seriam mais produtivos teve como critério de
escolha aqueles que possuíam mais de um artigo sobre megaeventos esportivos e
turismo. É importante afirmarmos que esse dado não foi gerado a partir da
comparação entre autores de instituições educacionais brasileiras e autores de
instituições nacionais estrangeiras. Ao contrário, nossa análise da bibliografia foi
feita sem separações por países. A figura 14 representa os países das instituições
de procedência dos autores de maior produtividade.
As filiações institucionais dos autores demonstra que 41% deles são
provenientes dos Estados Unidos, seguidos por instituições do Reino Unido com um
total de 24%. Consideramos as instituições de trabalho dos autores e não suas
nacionalidades propriamente ditas uma vez que os espaços de produção nos quais
estão inseridos são muito mais relevantes.
Como lembra Doreen Massey (2008), a espaço é importante para
compreender as dinâmicas sociais e, na medida em que a ciência é feita por sujeitos
que estão espacialmente posicionados, a reflexão acerca dos espaços de produção,
bem como das políticas do conhecimento, são interessantes.
Foram identificados quinze autores oriundos das instituições brasileiras18,
cada um com uma publicação e em uma publicação um coautor da Universidad de
18 Para as referencia das instituições dos autores foram consideradas as que os autores
identificaram no artigo.
58
Girona (ES). Os autores que publicaram em português representam publicações
12% do total das publicações consideradas neste trabalho. Na figura 15
sistematizamos os autores e suas instituições de procedência.
INSTITUIÇÃO AUTOR
Centro Politécnico Curitiba Alexandre Gomes Ferreira
Centro Politécnico Curitiba Patricia Baliski
PUCPR Tassiana Pace
PUCPR Lecitia Hardt
UFPR Maria Henrique Minasse
UFPR Olga Lúcia C. F. Firkowski
UFPR Bruno Alberini
PUCSP Marlene Matias
Universidade Anhembi Morumbi Iata Oliver Fernandes Silva
USP Morupi Ishiy
Unirio Terma Santos
Unirio Maria Jaqueline Elicher
UFRRJ Willian Silva
UFRN Sergio Marques Junior
Universidade Potiguar Marcelo Chiarellu Milito
Universidad de Girona Lluís Mundet i Cerdan
Figura 16: Instituições e autores que publicaram em português
Fonte: Do autor, 2015
A primeira característica que chama atenção está relacionada à grande
quantidade de autores provenientes do estado do Paraná, 47% do total. Seguidos
por 20% em São Paulo e a mesma quantidade no Rio de Janeiro e 13% oriundos do
Rio Grande do Norte. As possibilidades de alguma relação entre a publicação destes
artigos por instituições situadas nestes estados pode ser a existência de Cursos de
Mestrado na área de Turismo e/ou Lazer e Hospitalidade (São Paulo, Paraná e Rio
Grande do Norte), ser sede da Copa do Mundo de 2014, ou ainda no caso do Rio de
Janeiro, ser também palco das Olimpíadas. Ademais apenas a partir dos dados
estatísticos no qual nos baseamos nessa pesquisa não é possível traçarmos
59
grandes considerações sobre os possíveis motivos dessa grande representatividade
de autores provenientes da Universidade Federal do Paraná, da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná e do Centro Politécnico, todas com sede em
Curitiba.
O que é preocupante com este resultado é a importância econômica e social
que os megaeventos esportivos tiveram no Brasil e o número de estudos científicos
nos periódicos estudados tenha sido tão pouco. Economicamente muito dinheiro foi
utilizado para promover os eventos esportivos no Brasil. Também as questões
sociais afloram por causa do impacto e pelo menos no estudo bibliométrico. Não foi
mensurada uma quantidade de estudos que pudessem ser compatíveis com a
importância destes megaeventos para o Brasil e para o Rio de Janeiro em especial.
Esse é um dado fundamental da nossa análise. A nossa área de conhecimento não
tem produzido trabalhos científicos que busquem compreender a complexidade dos
impactos e legados sociais dos megaeventos na cidade do Rio de Janeiro.
Quanto à titulação dos autores dos artigos em periódicos nacionais a figura 12
aponta que a 50% possui a titulação de mestre, seguido de 38% de doutores e
apenas 12% possui apenas a graduação. É importante elucidar que as titulações
são provenientes, também, de especializações em outras áreas, como
Administração, Arquitetura e Urbanismo e Geografia. Nenhum dos autores que
publicou em periódicos brasileiros possui mais de uma publicação na área.
Podemos apreender que provavelmente as publicações sejam de mestres e
doutores, pois é importante para pesquisadores neste nível de titulação produzir, já
que a produção é um dos critérios de avaliação dos pesquisadores.
As coautorias em estudos bilbiométricos auxiliam a identificar as redes de
colaboração científica entre pesquisadores de um mesmo programa, de um estado,
de uma nação e assim por diante. Segundo Silva (2002) o processo de produção
científica requer associações, negociações e estratégias para interligar o maior
número de elementos possíveis. O compartilhamento de informações, como a
associação das competências e a procura de conquistara as metas em comum
impulsiona a produção do conhecimento. Quando se trabalha no sistema de
compartilhamento pode-se obter economia de tempo e de recursos financeiros e
materiais, por isso, as agências financiadoras tem interesse em estimular estas
redes de cooperação. Com o avanço das tecnologias de comunicação e a facilidade
60
de deslocamento os pesquisadores tem conseguido compartilhar seus estudos entre
instituições e países (MAIA, CAREGNATO, 2008).
Analisando as coautorias dos artigos levantados, em relação a produção
nacional possui metade dos artigos em coautoria. Quando olhamos atenciosamente
para essas produções percebemos que é impossível identificar a constituição de
uma possível rede de colaboração. As coautorias são pontuais no sentido de que
não ligam diferentes autores entre si, apenas os envolvidos diretamente na produção
intelectual daquela pesquisa.
Essa dinâmica muda quando analisamos as coautorias entre os autores
internacionais. Podemos afirmar que a autora Kiki Kaplanidou, por exemplo, a mais
produtiva, está inserida em uma rede de colaboração entre autores. Ela possuiu
trabalhos em coautoria com outros autores, como Willie Coetzee e Matthew Walker;
seguindo a mesma lógica, observamos que Willie Coetzee também possui trabalhos
coautoria com Heather J. Gibson e Sue Geldenhuys. Essa dinâmica, que não limita a
cooperação científica apenas a dois autores, cria uma rede de colaboração.
Se levarmos em consideração que os estudos do turismo no Brasil é ainda
recente no que tange aos cursos de pós-graduação, podemos entender que ainda
não há muitas redes criadas como existem lá fora.
Essas redes são resultado da maior maturidade e expressividade da temática.
No mesmo sentido, a falta de colaboração entre os autores brasileiros e os de língua
inglesa também pode trazer considerações acerca da colonialidade do saber, onde
haja uma posição central da língua inglesa no circuito científico internacional.
Por fim, é importante demonstrar a temporalidade das publicações que foram
coletadas. Nos capítulos anteriores discutimos que a questão dos megaeventos é
recente e, mais recente ainda, quando consideramos o cenário brasileiro ou até
mesmo, o carioca. Nosso levantamento bibliográfico comprova isso de forma
indiscutível.
Como nossa metodologia de coleta foi amparada pelos periódicos, optamos
por não delimitar, a priori, um recorte temporal. Esse recorte foi estabelecido pela
própria temporalidade dos periódicos contemplados. Sendo assim, nosso recorte
temporal contempla os anos de 1973, ano da primeira edição do Annals of Tourism
Research até 2015. Na figura 12 o gráfico representa a evolução temporal das
publicações em intervalos de dois anos.
61
Como se observa na figura 12 é somente na década de 2000 que a produção
sobre megaeventos esportivos e turismo começa a ter maior representatividade. A
partir do ano de 2002, as publicações começam a se tornar cada vez mais
numerosas. Nos últimos cinco anos – 2000 a 2014 – foram publicados 63 trabalhos,
aproximadamente 78% da produção bibliográfica sobre a temática foi produzida
nesse recorte temporal.
No caso brasileiro justifica-se pela inclusão do país no circuito daqueles que
estão e estarão recebendo os eventos e, por isso, o interesse poderia ser
despertado. Embora em análise anterior pudéssemos mostrar que nas revistas
científicas de turismo não foi de grande expressividade.
Figura 17: Temporalidade das produções sobre megaeventos esportivos
Fonte: Do autor, 2015
O artigo mais antigo, de autoria de Philip C. Chang e Kiren K. Singh intitula-se
“Risk Management for mega-events: the 1988 Olympic Winter Games” e foi
publicado em 1990 no periódico Tourism Management. Se levarmos em
consideração a bibliografia presente neste periódico, observamos que foi apenas no
ano de 2005 que outro artigo relacionado aos megaeventos esportivos foi publicado.
62
Mais uma vez a pequena expressividade da temática se confirma. Passamos agora
para a última seção desse capítulo. Nela, serão discutidas as principais temáticas
dos textos sobre megaeventos esportivos e seus impactos.
Podemos considerar que as análises das ciências sociais sobre megaeventos
baseadas no conceito de sociedade do espetáculo de Debord (1992), podem ajudar
a entender este interesse maior a partir do século XXI. Segundo esta perspectiva os
megaeventos esportivos seriam compreendidos como uma expressão máxima da
sociedade do espetáculo devido à saturação dos produtos materiais do mercado
mundial. Pela necessidade da lógica da produção capitalista, os espetáculos dariam
continuidade neste consumo, gerando produtos e lucros que movimentariam esta
engrenagem de produção e consumo.
Cury (2013) mostra que embora com críticas as ideias de Debord (1972)
aponta para a utilidade econômica de um espetáculo como um megaevento
esportivo. Para ela estes eventos vão além da utilidade econômica, sendo um lugar
de troca de informações, de afirmação de status e identidade, também possuem
utilidade simbólica e apropriando-se de Appadurai, os pensa como “torneio de valor”
Torneios de valor são complexos eventos periódicos que, de alguma forma culturalmente definida, se afastam das rotinas da vida econômica. A participação nestes eventos tende a ser simultaneamente um privilégio daqueles que estão no poder e um instrumento de disputa de status entre eles. A moeda corrente destes torneios também tende a ser distinguida por meio de diacríticos culturais muito bem compreendidos. Finalmente, o que está em pauta nestes torneios não é apenas o status, a posição, a fama ou a reputação dos atores, mas a disposição dos principais emblemas de valor da sociedade em questão. Enfim, embora tais torneios de valor ocorram em épocas e lugares especiais, suas formas e resultados sempre trazem consequências para as mais mundanas realidades de poder e valor na vida comum. (APPADURAI, 2008, p. 36-37).
Poderíamos assim entender que a sociedade atual está mais propensa a
participar e a promover estes torneios de valor e, por isso, os estudos sobre este
tema tem obtido mais adeptos.
3.3 TEMÁTICAS SOBRE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E SEUS IMPACTOS NO
TURISMO
A partir da leitura dos textos, buscamos sistematizar quais as principais
problemáticas que foram desenvolvidas por esses pesquisadores e é sobre elas que
63
nos debruçamos. Observamos que existem duas grandes tendências nos textos que
discutem a questão dos impactos dos megaeventos no turismo: (1) problemáticas
que discutem puramente a questão econômica; e (2) problemáticas com aporte
cultural que buscam analisar subjetividades e simbolismos.
Essas abordagens acabam por tecer um diálogo considerável entre si. Isso
significa que, por exemplo, textos que buscam compreender os impactos
econômicos que uma cidade sofre quando decide sediar um megaevento não
deixam também de atentar para possíveis relações com questões culturais e
simbólicas. Sendo assim, é imprescindível atentar para o fato de que nossa divisão
das problemáticas e temáticas não é arbitrária em um nível conceitual, mas sim, no
foco de interesse central do autor. Ou seja, o leitor deve sempre ter em mente que
essas duas tendências dialogam e mantêm pontes de correlação, pois não são
separadas nem excludentes e, sim, muitas vezes, balizadas, recortadas para que o
estudo seja feito diante da sua complexidade.
A bibliografia que discute os impactos econômicos que os megaeventos
trazem é a mais numerosa. Através da leitura dos textos, chegamos a alguns tópicos
particulares que são discutidos e que guiam as reflexões que os autores propõem.
Elas estão sintetizadas a seguir.
Desenvolvimento econômico: os trabalhos dedicam-se a análise de
indicadores econômicos para compreender os impactos no desenvolvimento
econômicos dos locais que sediam megaeventos; as metodologias têm
caráter quantitativo e o uso de ferramentas estatísticas é comum.
Competitividade imobiliária e Gentrificação: pesquisas que se dedicam a
explorar os impactos que o megaevento gera nos setores imobiliários da
cidade sede; o interesse está em compreender as relações políticas e
econômicas que geram possíveis conflitos entre investidores, patrocinadores
e habitantes; o conceito de gentrificação aparece em posição central.
Sustentabilidade: pesquisadores desenvolvem um diálogo com as questões
ambientais, buscando compreender em que medida o desenvolvimento
econômico causado pelos megaeventos esportivos acaba por impactar,
propiciar ou impedir políticas de sustentabilidade ambiental.
64
Impactos pré e pós megaevento: o foco aqui é nas questões temporais; as
metodologias tendem a ser comparativas e os elementos de análise variam
desde maiores investimentos no turismo – maior atração turística –, na
criação de uma imagem turística do local fortemente direcionada por
elementos específicos e em estratégias para maior promoção urbana.
Apresentamos outra tendência observada nos estudos sobre megaeventos
esportivos e turismo: as questões culturais e simbólicas.
Imagem cognitiva do local: as pesquisas que buscam compreender a
imagem cognitiva que o local que sedia o megaevento constrói investigam,
principalmente, as experiências vividas nesses locais; da mesma forma, se
dedicam a compreensão da relação entre a imagem que é construída do
local pelos habitantes durante os períodos de megaeventos esportivos; as
metodologias têm caráter qualitativo.
Mudança da concepção do turista: os trabalhos buscam investigar os
elementos que causam uma mudança – positiva ou negativa – na maneira
através da qual o turista cria sua concepção acerca do local que sedia o
megaevento; o foco encontra-se na ideia da percepção espacial e nos
elementos culturais e simbólicos que permeiam essa percepção; as
metodologias são qualitativas.
Hospitalidade: pesquisam focam na criação de políticas de hospitalidade nos
períodos de megaeventos esportivos; atenção para às discussões acerca
das questões de etnicidade, identidade cultural, gênero e raça; conflitos
sociais entre turistas e moradores locais; metodologias têm caráter qualitativo
e observacional.
Lazer: temas que se relacionam a criação de políticas de lazer dirigidas aos
esportes a partir da experiência vivida durante o megaevento; fazem uso de
métodos estatísticos.
65
Inúmeras temáticas desenvolvidas especialmente por pesquisadores da área
de Turismo apresentam similaridades consideráveis com aquelas discutidas por
profissionais de outras áreas. A questão dos impactos socioambientais é uma delas.
Ponto de partida para reflexões na área de Direto e também nas Engenharias,
principalmente na Engenharia Ambiental. As problemáticas relacionadas à
gentrificação, impactos sociais devido a revitalizações espaciais, bem como, a
discussão acerca da mobilidade e das apropriações imobiliárias também são
compartilhadas entre diversas áreas do conhecimento com o Turismo.
Esse fato é interessante, pois traz consigo duas ideias principais que merecem o
nosso destaque nessa etapa final. A primeira delas se relaciona com o fato de que
nenhuma vertente do saber pode-se afirmar proprietária absoluta de uma discussão.
Ao contrário, temáticas são compartilhadas e ganham um caráter específico a partir
da posição através da qual o autor a discute. Isso é extremamente importante para o
desenvolvimento e evolução da pesquisa científica em todas as áreas, além de
permitir que essas trocas sejam realizadas, para que seus resultados continuem
passando por manutenções e atualizações. A segunda delas, intrinsecamente
correlacionada com a primeira, diz respeito, exatamente, a possibilidade e a
potencialidade de um diálogo entre inúmeras ciências. E isso nos faz refletir sobre a
profunda relação da nossa área de conhecimento, o Turismo, com outras áreas já
estabelecidas nas Ciências Sociais, como a Antropologia, Sociologia, Geografia
Humana, Urbanismo, etc. O Turismo é um fenômeno essencialmente estudado por
diversos campos do conhecimento, sendo, portanto, multidisciplinar. Por isso, é de
fundamental importância a troca com outras áreas do saber. Essas duas conclusões
ficaram explicitas anteriormente, que apresentou como um tema caro ao Turismo
vem sendo estudado por outras disciplinas.
66
CONSIDERAÇÔES FINAIS
Os megaeventos esportivos fazem parte, a muito, da realidade mundial.
Entraram no calendário de eventos e funcionam como verdadeiros circuitos
mundiais, que modificam estruturalmente as cidades onde são realizados. O Brasil e,
mais especificamente, o Rio de Janeiro, entraram definitivamente para esse
calendário desde 2009, quando foi anunciado como cidade-sede dos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos de Verão em 2016.
Como vimos anteriormente, para que esses megaeventos aconteçam, é
necessário que haja um amplo investimento nos espaços, geralmente urbanos,
dessas cidades. Com o Rio de Janeiro não seria diferente. A cidade está imersa num
grande canteiro de obras. No entanto, essas mudanças, como apontado, refletem
impactos e legados. O que sempre esperamos é que os reflexos positivos sejam
consideravelmente maiores que os negativos.
As contradições que emanam da perpetuação das políticas de atração de
megaeventos expressam-se no espaço urbano evidentemente. Entender a
complexidade de tais intervenções é compreender a totalidade das contradições
socioespaciais que perpetuam e podem ser claramente observadas no Brasil e, mais
especificamente no Rio de Janeiro, onde esses contrastes são tão evidentes, tal
como as mudanças urbanas que emergiram a partir da necessidade dos
megaeventos.
Ainda é cedo para falar num resultado final, positivo ou negativo por completo
da cidade, pois ainda estejamos passando por profundas transformações urbanas.
Acreditamos que, justamente por serem tão recentes esses reflexos, é que a
produção científica do Turismo em relação à temática seja tão escassa. No entanto,
foi observado que outras áreas do conhecimento, como a Arquitetura e Urbanismo,
Geografia, Sociologia, etc. têm produzido trabalho científicos significativamente
maiores, em quantidade, que o Turismo. Talvez isso possa servir como um impulso
para que a nossa área produza mais trabalhos dentro dessa temática.
Nesse sentido, podemos apontar algumas conclusões gerais obtidas através
das discussões teóricas e do levantamento empírico realizados nos periódicos.
Essas considerações estão diretamente correlacionadas e podem ser apontadas a
partir dos seguintes tópicos. Primeiramente, é importante afirmar que as discussões
sobre megaeventos estão consolidadas no Turismo. A quantidade considerável de
67
trabalhos que buscam defini-los, melhor compreendê-los e abordá-los de inúmeras
formas são consideráveis. Entretanto, é interessante apontar que a bibliografia que
se dedica exclusivamente aos megaeventos esportivos não é tão expressiva. Isso
nos leva a nossa segunda conclusão.
A realização de um megaevento esportivo em um determinado espaço urbano
causa inúmeros impactos. Como discutimos no capítulo dois, esses impactos podem
ocasionar mudanças consideráveis em inúmeras esferas da vida social. Por mais
que tal fato pareça impossível de ser ignorado, o levantamento bibliográfico mostrou
que os pesquisadores realizaram esforços muito pontuais e a problemática não só
pode como deve ser melhor aprofundada. Quando levamos em consideração a
cidade do Rio de Janeiro, a produção é quase inexistente, fato que reforça nossa
crítica a pouca atenção que pesquisadores dedicaram a essa reflexão.
Nossa intenção prévia era a de investigar a produção bibliográfica relacionada
especificamente aos impactos que os megaeventos esportivos causaram na cidade
do Rio de Janeiro. Tal tarefa mostrou-se, infelizmente, impossível de ser realizada,
devido, justamente, a quantidade ínfima de publicações. Obviamente, a ausência de
dado é um dado em si e, portanto, é passível de análise. Da mesma forma, o
processo de pesquisa nunca é linear e adaptações, modificações, reestruturações e
novos caminhos são traçados a todo o momento. Nesse trabalho, o percurso deu-se
dessa forma.
O terceiro tópico conclusivo a ser considerado que merece ser apontado diz
respeito às informações que foram obtidas a partir do estudo bibliométrico. A
primeira delas diz respeito ao fato de que a maioria do material coletado ter sido
publicado em língua inglesa. Por mais que o Brasil tenha se tornado palco de
megaeventos esportivos nos últimos anos, fato que o coloca como espaço de
interesse para pesquisas, os estudos sobre a temática ainda são,
esmagadoramente, desenvolvidos por pesquisadores internacionais. Não nos cabe
aqui explicar o motivo. Nosso dever não se limita, da mesma forma, a dar
visualidade a essa inexistência, vai além. Sendo assim, deixamos a crítica e a
sugestão de que tal problemática deve ser mais bem investigada.
Ainda com relação ao levantamento bibliográfico e sua análise é interessante
apontar a possibilidade que o Turismo tem de desenvolver um rico diálogo com
outras áreas do conhecimento que se interessam pelos megaeventos esportivos.
Temáticas e focos de interesse já são compartilhadas e o desenvolvimento de uma
68
ponte de comunicação mais direta entre esses ramos resultaria em uma
problematização mais densa e complexa do fenômeno. Como afirmou Morin (2005),
a ciência não seria ciência se não fosse, em sua essência, interdisciplinar.
Esse trabalho foi um desafio. Nossa ideia a priori sofreu inúmeras
modificações e obtivemos conclusões inesperadas. Entretanto, mesmo com todos os
resultados alcançados, inúmeros outros questionamentos e possibilidades
investigativas surgiram. A curiosidade está na base da ciência e guia os
pesquisadores na busca por novas e originais direções. Nesse sentido, essa
pesquisa é mais que uma contribuição acerca de uma temática em particular, ela
também é um novo caminho a ser considerado.
69
REFERÊNCIAS
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Florianópolis, v. 21, n. 32-33, p. 178-192, jun./dez. 2009.
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Carioca. Vol. 11, 1990.
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TRUÑÓ, Enric (1996)
Millet, Lluis (1996)
Wilson Madeira Filho
II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades/ Mestrado
Direito/ Sociologia
Zachariasen: 2006, p.22)
Neil Smith (2006, p. 62)
DaCosta, Lamartine; Correa, Dirce; Rizzuti, Elaine; Villano, Bernardo; Miragaya
Fernando Telles Ribeiro
I COM-GRESO IBERO-AMERICANO DE
Engenharia Pointer, Gavin; Macrury, Ian (2007)
84
INSTALA-
CIONES DEPORTI-VAS Y RECREATIVAS
Carla Rossi Artigo para obtenção de título de Mestre na FGV
Gestão e Políticas Públicas
(Silvestre, 2009) (Chain e Swart, 2010) (Muller, 2012) (Law, 2002)
Marília Passos Apoliano Gomes Tese de Pós-
Graduação Sociologia
(Kowarick, 2000)
Maricato, 1997; Rolnik, 1997
Bruno Rodrigues da Silveira
Artigo apresentado no seminário Metropolização e Megaeventos, os impactos da copa de 2014 em Fortaleza
Engenharia Mascarenhas (2008)
Carlos Vainer Artigo – Encontro Nacional da Anpur
Arquitetura Agamben, Giorgio - 2004, Ascher, François – 2001, Bienenstein. Glauco - 2003, Borja, Jordi (ed.) – 1995
Rosa Moura Artigo – VI Semana de Geografia da UNICAMP
Geografia Arantes, O. (2003); Ascher, F.(2009); Borja, J(1997)
Alberto Oliveira Artigo – Revista Paraense e Desenvolvimento
Economia Altenhofen L. R.(2011); Andranovich (2001); Aveiro(2009); Cano, W.(1998)
Valnei Pereira Tese de doutorado
Turismo Rezende, Fernando e Lima (1999); Ribeiro, Ana Clara (2007)
Gerônimo Leitão, Jonas Delecave Artigo –
Arquitetura e Urbanismo - USP
Arquitetura e Urbanismo
Cavallieri, F(1986); Abramo, P (Org.)(2003); Coelho, F. D(1992); Davidovich, F(1997); Frossard, E(1994); Leitão, G(2009)
Sávio Raeder Artigo – Revista Biliográfica de Geografía Y Ciencias Sociales – Universiade de Barcelona
Geografia
Andranovich, Greg; Burbank, Matthew; Heying, Charles.(2001); Arretche, Marta T. S.(1996); Cashman, Richard(1998);
Glauco Bienenstein
Artigo – ANPUR Arquitetura e Urbanismo
Arantes, O (1998); Boltanski, L.; Chiapello,(2009); Debord, G(1995); Fiori, J. L(1995)
Mariana Toledo
Tese de mestrado
Gestão Social
Abreu, Maurício de Almeida (2006); Albuquerque, Marli Brito Moreira de(1985); Allenbrandt, Sérgio Luís(2002); Andreatta, Verena. Barcelona e o PortVell(2010)
85
Jonathas Magalhães, Luis Carlos Toledo, Vera Regina Tângari, Eduardo Nobre, Claudio Manetti, Laura Bueno, Maria Amélia, Miguel Reis
Artigo – ANPUR Arquitetura e Urbanismo
Valladares, Lícia do Prado (1978); Santos, Milton(1987); Campos, Andrelino(2005);
Heliana Comin Vargas, Virgínia Santos Lisboa
Artigo – Revista Cadernos Metrópoles
Arquitetura e urbanismo
Baudrillard (2007); Cross, N. ElliotT, D. e Roy, R. (1980); Debord, G.(1992); FSP – Folha de S.Paulo (2008); Galbraith, J. (1967); Garrefa. F. (2007); Getz, D. (2007); Giacaglia, M. C. (2003); Giddens, A. (1991); Harvey, D. (1989); Lefebvre, H. (1969)
Antonio Carlos Estender, Almir Volpi, Marco Aurelio Fittipaldi Artigo – SIMPOI
– FGV SP Administração
Aaker, David (2001); Allen, Johnny et al. (2003); British Broadcasting Corporation (BBC) (2006); Davidson, Larry (1999); Faulkner, B (1993); Golovnina, Maria Trevor (1998); WOILER, Sansão (1996); Yin, R. K (1994)
Carlos Vainer Artigo – Encontro Nacional da Anpur
Arquitetura Agamben, Giorgio - 2004, Ascher, François – 2001, Bienenstein. Glauco - 2003, Borja, Jordi (ed.) - 1995
Alberto de Oliveira Artigo – Congresso LASA
Economia ALTENHOFEN L. R.(2011); ANDRANOVICH, G(2001); AVEIRO(2009); CANO, W.(1998)
Valnei Pereira Tese de Doutorado
Turismo Rezende, Fernando e Lima (1999); RIBEIRO, Ana Clara (2007)
86
Gerônimo Leitão, Jonas Delecave
Artigo – Revista O Social em Questão
Arquitetura e Urbanismo
CAVALLIERI, F(1986); ABRAMO, P (Org.)(2003); COELHO, F. D(1992); DAVIDOVICH, F(1997); FROSSARD, E(1994); LEITÃO, G(2009)
Sávio Raeder Artigo – Observatório de Favelas
Geografia ANDRANOVICH, Greg; BURBANK, Matthew; HEYING, Charles.(2001); ARRETCHE, Marta T. S.(1996); CASHMAN, Richard(1998);
Glauco Bienenstein
Artigo – Revista O Social em Questão
Arquitetura e urbanismo
ARANTES, O (1998); BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO,(2009); DEBORD, G(1995); FIORI, J. L(1995)
Jonathas Magalhães, Luis Carlos Toledo, Vera Regina Tângari, Eduardo Nobre, Claudio Manetti, Laura Bueno, Maria Amélia, Miguel Reis
Artigo – ANPUR Arquitetura e urbanismo
VALLADARES, Lícia do Prado (1978); SANTOS, Milton(1987); CAMPOS, Andrelino (2005);
ANTONIO CARLOS ESTENDER, ALMIR VOLPI, MARCO AURELIO FITTIPALDI
Artigo – SIMPOI – FGV SP
Administração AAKER, David (2001); ALLEN, Johnny et al. (2003); British Broadcasting Corporation (BBC) (2006); Davidson, Larry (1999); Faulkner, B (1993); Golovnina, Maria (2010); MULES, Trevor (1998); WOILER, Sansão (1996); YIN, R. K (1994)
Edson Paulo Domingues, Admir Antonio Betarelli, Aline Souza Magalhães
Artigo – Forum – Banco do Nordeste
Economia ALMEIDA, E. S. D.; GUILHOTO, J. J. M (2007); ALMEIDA, E. S (2003); BID (2009); BARCLAy, J.(2009); BASTOS, M; COBOS, P(2010); BRENKE, K.; WAGNER, G. G (2006); CAMPOS NETO, C.A.; SOUZA, F.H(2011); COATES, D; HUMPHREyS, B.(1999); DIXON, P. B(1982); DOMINGUES, E. P(2002); DOMINGUES, E. P.; HADDAD, E. A.(2003); DOMINGUES, E. P; MAGALHÃES, A. S.; FARIA, W. R.(2009)
87
Marcelo Marcos, Kamal R, Sarah Slight, Christopher Barton, Thomas Blakeman, Joanne Protheroe
Caderno de Saúde Pública
Medicina "Weed M.(2010); Mahtani KR, Protheroe J, Slight SP, Demarzo MMP,
CristopherGaffney Artigo Journal of Latin AmericGeografic
Arquitetura e Urbanismo
Arantes, Otilla, Carlos Vainerand Ermínia Maricato. 2000; Broudehoux, Anne-Marie. 2007; Burbank, Matthew, Gregory Andranovich, and Charles Heying. 2001; Davis, Mike and Daniel Bertrand Monk. 2007
Rômulo Meira, Silvio de Cassio, Lamartine Pereira
Artigo Revista Pensar a Prática
Administração MATTOS, R (2010); HALL, C. M (1992); GNECCO. J. R(2007); GIL, A. C.(1999); DACOSTA, L. P(2011)
Fabio Giambiagi, Sergio Guimaraes Ferreira, Sergio Besserman, Luiz AntonioSouto
Artigo Forum Nacional
Geografia Muller, Martin (2009); Matos, Pedro (2006); Morais, Márcio de e Euzébio, Gilson Luiz (2009); Levitt, Steven (2003); Maenning, Wolfgang e Du Plessis, Stan (2007)
Fernando Mascarenhas, Pedro Fernando Avalone, MariangelaRibeiro, Natália Nascimento
Artigo Revista ALESDE
Educação Física / Gestão desportiva
ALMEIDA, P. R. (2004); BARDIN, L. (2010); BOITO JUNIOR, A. (2005); BOUDENS, E. (2007); BRACHT, V. (1997); BRASIL (2010)
Mariana Toledo Artigo Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geinformação
Engenharia Cartográfica
ANDERSON, J. R., HARDY, E. E., ROACH, J T. & WITMER, R. E (1979); MAGALHÃES, C. R., MEDEIROS, Y. M., SILVA. A. E. e RIBEIRO, G. P(2008); NOVO, E. M(2008); MOREIRA, M. A(2005); RIBEIRO, G. P(2012); RIBEIRO, G. P(2005)
Silvestre Cirilo dos Santos, Cezar Guedes, Marcos Aguiar de Souza
Artigo - 6º Congresso de Instituto Franco-Brasileiro de Administração de Empresas
Administração RIBEIRO, G. P (2009); GOLD, J. R(2011); HILLER, H. H.(2000); IBAM (2005); KRONEMBERGER, D. N. P. et al (2005)
88
Felipe Abramovitch Projeto de Graduação
Engenharia Ambiental
MATTOS, L. B (2001); LOPES, S. B.; CARDOSO, G. J., JÚNIOR, L. F., 2001; ITDP, 2013; IEA, 2000; IPCC, 2007
Cléber Soares da Silva, João Alberto Ferreira, Elmo Rodrigues da Silva,
Artigo - I Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental
Engenharia Química
CARLSON, Deborah; LINGL, Paul. Meeting the Challenge: A (2007); [LERI] (2007); [LOC](2009); Lenskyj, H(1998)
Chris Yutzy Artigo – Revista de Estudos Universitários
Antropologia MCCANN, B. Review (2006); HOLLOWAY, T. H(1989); GAY, R(1990); CALDEIRA, Teresa P. R(1999); BURSIK, Robert J. Jr(1993); BARRIONUEVO, A(2010)
Graziela Paulo Darla, Paulo Sergio Scozele
Artigo – Simpósio Internacional de Gestão de Projetos
Geografia AMENDOLA, G.(2000); ARANTES, O.; VAINER, C e MARICATO(2000); DaCOSTA, L. et. All(2008); HARVEY, D(2008); OLIVEIRA, F.; CAPEL, H.; BARBOSA, J. L.; ZAAR, M(2010)
Felipe Guimarães Pinheiro
Dissertação de Pós-graduação
Geografia ALLMERS, S.;MAENNIG, W. South Africa 2010; BAAD, R. A; BAUMANN, R; MATHESON, V(2005); BARCLAY, J.(2009); BRENKE, K.; WAGNER, G. G(2006); COATES, D; HUMPHREYS, B(1999)
Luciana Santos Pires, Luana Fernanda da Silva Baptista, Licínio da Silva Portugal
Artigo Ciências Sociais
Bovy, P. H. 2002; Cashman, R. 2002; Chappelet, J. L. 2001; Egler, T. T. C. 2010; Filho, A. R. R. 2008
Gilmar Mascarenhas
Revista Bibliográfica de Geografía y CienciasSociales
Geografia TRUÑÓ, Enric (1996) MILLET, Lluis (1996)
89
Giuliana Costa Artigo Ciências Sociais
HiLLER 2000, GRATTON e HENRY, 2001; ESSEx e CHALkLEy, 1998)(HALL, 1992), FuRRER 2002; COHRE 2007, GuALA2009) COHRE, 2007 e RolnIk, 2009; omenA, 2011:http://www.gamesmonitor.org.uk
Rafaela Dias Romero; Paulo Cezar Martins Ribeiro
Artigo Engenharia de Transportes
Em Silva (2005) Getz (1997) Higham (1999) Tavares (2008)
Alexandre Magalhães
Tese de Doutorado
Ciencias Sociais
Bienenstein, 2011; Novais et al., 2007; Sánchez, 2001; Vainer, 2011)
Lucas Porciuncula Porto
Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM
Direito Integrantes do Comitê popular da copa