jÉssica ohana tavares impactos e legados dos … - jessica tavares.pdf · mundial. o brasil, mais...

89
JÉSSICA OHANA TAVARES IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO TURISMO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial de avaliação para obtenção de grau de Bacharel em Turismo. Orientadora: Profª Drª Cláudia Corrêa Almeida Moraes Niterói 2015.

Upload: dangnga

Post on 21-Jan-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

JÉSSICA OHANA TAVARES

IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: ESTUDO

BIBLIOMÉTRICO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO TURISMO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial de avaliação para obtenção de grau de Bacharel em Turismo.

Orientadora: Profª Drª Cláudia Corrêa Almeida Moraes

Niterói

2015.

2

JÉSSICA OHANA TAVARES

IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: ESTUDO

BIBLIOMÉTRICO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO TURISMO

Trabalho de Conclusão do Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense, apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Niterói, 12 de Junho de 2015.

____________________________________________

Prof. Dr. Claudia Corrêa Almeida Moraes, Orientadora - UFF

__________________________________________

Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci - UFF

_________________________________________

Prof. Rodrigo Fonseca Tadini, UFF

3

AGRADECIMENTOS

Esse trabalho é, para mim, resultado de um grande esforço. Primeiramente

gostaria de agradecer À minha família, em especial meus pais e irmão, que sempre

estiveram do meu lado me apoiando em todos os meus passos. Obrigada pelo

incentivo e pela força. Sem vocês nada disso teria sido possível.

Obrigada, em especial, ao meu parceiro de vida, Jefferson, que me deu um apoio

fundamental para seguir em frente. Obrigada pelo carinho nos momentos de aflição

e angústia, pela compreensão das minhas limitações. Eu te amo.

Agradeço também à Professora Claudia Moraes, que me acolheu de imediato

quando fui procurar por ela para orientação. Sua contribuição intelectual foi

fundamental para que eu conseguisse desenvolver esse trabalho. Se você não

tivesse tido tanta paciência, esse trabalho não teria chegado ao final. Obrigado

pelos questionamentos e pelo esforço que dedicou ao meu trabalho.

Muito obrigada aos meus mestres do curso de Turismo da Universidade Federal

Fluminense. Os ensinamentos foram fundamentais desde sempre. Em especial à

Professora Erly, pela ajuda na organização estrutural do meu trabalho, pelas

orientações paralelas. Muito obrigada!

4

RESUMO

Os megaeventos já se estabeleceram há muito como parte da vida social e cultural das pessoas. Os megaeventos esportivos, principalmente a Copa do Mundo FIFA de Futebol e as Olimpíadas de Verão, fazem tradicionalmente parte do calendário mundial. O Brasil, mais especificamente o Rio de Janeiro, tem sido palco para esses espetáculos mundiais e, com isso, entrou também num momento de mudanças em sua infraestrutura que refletem positiva e negativamente na vida dos que ali vivem. O turismo no Brasil, enquanto fenômeno e ciência, assiste essas intervenções. Apoiando-nos em conhecimentos conceituais, discutimos questões relativas aos megaeventos esportivos, especificamente, e apontamos alguns legados e impactos sociais deixados na cidade a partir do momento em que ela adentra esse circuito. Como metodologia, utilizamos a bibliometria, para que pudéssemos compreender de que forma a produção científica do turismo tem-se importado com a temática dos megaeventos e, mais especificamente, sobre a temática dos legados e impactos sociais dos megaeventos no Rio de Janeiro. Observamos que a produção científica sobre a temática dos legados e impactos sociais dos megaeventos no turismo ainda é muito pequena quando comparada à outras áreas do conhecimento.

Palavras-chave: Megaeventos esportivos. Bibliometria. Impactos e legados sociais. Rio de Janeiro.

5

ABSTRACT

Mega-events have long established themselves as part of the social and culture life. Mega sporting events, especially the FIFA World Cup and the Summer Olympics, are traditional dates in the global calendar. Brazil, and particularly Rio de Janeiro, has been increasingly the stage for these global spectacles and this leaded to a time of changes in its infrastructure. Such changes reflect positively and negatively in the daily lives of its inhabitants. Tourism in Brazil, as phenomenon and science, watches such interventions. Leaning in conceptual knowledges we discuss some questions regarding the mega sporting events and, more specifically, we point out to some legacies and social impacts which occur when a city enters such circuits. As method we use bibliometrics to understand how the tourism scientific production is paying attention to this thematic and, above all, to the legacies and social impacts of mega sporting events in Rio de Janeiro. We observed that the scientific literature on the theme of legacy and social impacts of mega-events in tourism is still very small compared to other areas of knowledge.

Keywords: Sports mega-events. Bibliometrics. Social impacts and legacies. Rio de

Janeiro.

6

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: ESTÁDIO DO MARACANÃ, PALCO DA COPA FIFA 2014…………………………. 13

FIGURA 2: ENGENHÃO: MAIOR CONSTRUÇÃO DOS JOGOS PANAMERICANOS.......... 14

FIGURA 3: DIMENSÕES DE EVENTOS………………………………………………………………… 15

FIGURA 4: ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS AOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS…………………………………………………………………………..………………. 22

FIGURA 5: PARQUE OLÍMPICO DE STRATFORD……………………………………………………….. 25

FIGURA 6: VILA DO PAN………………………………………………………………………………………….. 37

FIGURA 7: NÚMERO DE TRABALHOS POR ÁREA DE CONHECIMENTO……………………… 48

FIGURA 8: PALAVRAS-CHAVE E ÁREAS DE CONHECIMENTO..…………………………….. 49

FIGURA 9: PERIÓDICOS NACIONAIS COM ARTIGOS SOBRE O TEMA.…………………….. 52

FIGURA 10: PUBLICAÇÕES EM PERIÓDICOS NACIONAIS……………………………………………. 53

FIGURA 11: PERIÓDICOS INTERNACIONAIS COM ARTIGOS SOBRE O TEMA..…………….. 53

FIGURA 12: PUBLICAÇÕES EM PERIÓDICOS INTERNACIONAIS….………………………………. 54

FIGURA 13: PUBLICAÇÃO POR PERIÓDICO MAIS REPRESENTATIVO……………….…………. 55

FIGURA 14: AUTORES MAIS PRODUTIVOS E INSTITUIÇÕES…..………………………………….. 56

FIGURA 15: NACIONALIDADE DOS AUTORES MAIS REPRESENTATIVOS……………..……… 57

FIGURA 16: INSTITUIÇÕES E AUTORES QUE PUBLICARAM EM PORTUGUÊS……………… 58

FIGURA 17: TEMPORALIDADE DAS PRODUÇÕES SOBRE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS…………………………………………………………………………………………… 61

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....………………………………………………………………………………………………………………...... 8

1 MEGAEVENTOS: DISCUSSÃO CONCEITUAL E REFLEXOS SOCIAIS………………………………………. 13

1.1 OS MEGAEVENTOS E MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: DISCUSSÃO CONCEITUAL.….......... 13

1.2 IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS……………………..………....…...... 19

2. MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO….……………………….......…….. 29

2.1 RIO DE JANEIRO: UM BREVE HISTÓRICO DA CIDADE E SUA INCLUSÃO NOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS…………………………………………………………………………………………… 29

2.2 MEGAEVENTOS E TURISMO NO RIO DE JANEIRO………………………...……………………………. 33

2.3 O CASO DOS JOGOS PANAMERICANOS DE 2017…………………………………………………........ 34

2.4 OS IMPACTOS E LEGADOS SOCIAIS DA COPA DO MUNDO DE 2014 E DAS OLIMPÍADAS DE 2016…………………………………………………………………………………………………………………………… 37

2.4.1 TRANSPORTES……………………………………………………………………………………………….……. 40

2.4.2 INSTALAÇÕES esportivas….…………………………………………………………………………………. 41

2.4.3 O Porto Maravilha……………………………………………………………………………………….…….. 45

2.4.4 O caso das remoções…………………………………..……………………………………………….……. 44

2.4.5 POLÍTICAS de segurança…………………………………………………………………………….………. 46

3. ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DA PRODUCÃO CIENTÍFICA SOBRE OS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NO TURISMO…………………...…………………………………………………….……………..….……. 47

3.1 MÉTODO DE ESTUDO: A BIBLIOMETRIA..……………………………………………...…………….…….. 47

3.2 MEGAEVENTOS: CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO EM TURISMO………………..…....... 50

3.3 TEMÁTICAS SOBRE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E SEUS IMPACTOS NO TURISMO…….. 62

CONSIFERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………………………………...………..……… 66

REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………………………………...……….…....... 69

APÊNDICE A.………………………………………………………………………………………………………………….………. 74

APÊNDICE B……………………………………………………………………………………………………………..……......... 83

8

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos temos visto repetidamente a palavra megaeventos nos

grandes canais midiáticos no Brasil. Isso se dá efetivamente pela atual conjuntura

que o país se encontra. Recebemos entre 2007 e 2020 os principais megaeventos

esportivos do mundo. Esses megaeventos acabam atraindo os turistas para essas

cidades, que se deslocam espacialmente motivados por um desejo específico em

participar como espectador. Assim sendo, observamos um esforço conjunto que

direciona esses eventos para o mercado do turismo, principalmente internacional.

A cidade do Rio de Janeiro tem forte presença no imaginário global e, de fato,

é um lugar atrativo para o turismo. Dentre muitos motivos relativos à privilegiada

posição da cidade no cenário global, ela foi escolhida para receber diversos

megaeventos nos últimos e próximos anos. Esses megaeventos inseriram o Rio de

Janeiro no circuito internacional dos megaeventos esportivos.

Em 2009, o Rio de Janeiro foi anunciado pelo Comitê Olímpico Internacional

(COI) como cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2016.

Esse evento é considerado como o mais importante dentre os megaeventos

esportivos (RUBIO, 2005) por centralizar todos os esforços num único lugar,

diferentemente do evento Copa do Mundo de Futebol que é disperso por diversas

cidades num mesmo país.

A cidade do Rio de Janeiro está vivendo um momento de profundas

intervenções urbanas advinda das realizações destes megaeventos. Se por um lado,

justificam-se a modificação de alguns equipamentos urbanos do Rio de Janeiro para

receber os eventos e deixarem legados que possam melhorar as condições de vida

de seus moradores, por outro, observamos reflexos sociais nessas mudanças que

nem sempre são positivas.

Justamente por causa desta importante intervenção urbana e a dimensão

econômica dos megaeventos, a academia tem estudado o tema em diversas áreas

do conhecimento. Foram escritos muitos trabalhos sobre os megaeventos e

principalmente sobre os megaeventos esportivos.

Acreditamos que esta pesquisa documental, de caráter exploratório, irá

preencher a lacuna existente no estágio atual das pesquisas sobre os megaeventos

esportivos realizados e a serem realizados no Rio de Janeiro sobre a ótica dos

9

impactos sociais. Utilizamos como metodologia a bibliometria para responder à

nossa pergunta.

Os estudos bibliométricos têm o objetivo de mensurar e analisar a evolução

da produção científica de uma área, com vistas a descortinar quem, o que, onde e

com qual relevância do que se está pesquisando a cerca de determinado tipo de

conhecimento. Esta categoria de análise é uma avaliação aprofundada da produção

incluindo seu conteúdo, fontes citadas, trajeto de influência de autores, instituições

de ensino superior (IES) que possuem grupos pesquisando o tema, e publicações

que serviram de base à produção acadêmica em determinado período.

Embora o método bibliométrico possa não ser suficiente para avaliar a

qualidade acadêmica dos trabalhos publicados, necessitando para isso de outros

instrumentos de análise, a realização e a divulgação de estudos bibliométricos são

fundamentais para que pesquisas futuras possam basear-se nestes dados, fazendo

a ciência caminhar em determinado tema.

Também possibilita conhecer os limites e potencialidades para avançar nos

estudos de algumas áreas. Este tipo de estudo é também instrumento usado para

cálculo do fator de impacto da produção acadêmica de professores e alunos de

programas de pós-graduação, como no indicador da Comissão de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A bibliometria possui três leis fundadoras: a lei de produtividade de Lotka

(1926), a lei de dispersão de periódicos de Bradford (1934) e a lei de frequência de

Zipf (1949). Além destes enfoques técnicos estatísticos, há na contemporaneidade

abordagens que buscam ampliar o escopo dos estudos realizados integrando os

métodos bibliométricos a distintos corpos teóricos (ARAÚJO, 2006).

No Brasil, os estudos bilbioméricos proliferaram na década de 1970, incidiram

sobre a literatura científica de vários campos, desde algumas áreas por inteiro, mas

também tendo por objeto assuntos bastante específicos dentro de uma área. Alguns

estudos incidiram sobre a produtividade de autores de alguma instituição de ensino

e pesquisa. Há, ainda, estudos realizados sobre um aspecto específico da

bibliometria, como a obsolescência. Na década de 1980, o interesse pelo tema

diminui, voltando nos anos 90 com a possibilidade de se usar computadores para

realizar estas pesquisas (ARAÚJO, 2006).

Atualmente, um grupo de pesquisadores começou a questionar a validade de

estudos exclusivamente quantitativos, além de questionar se havia realmente uma

10

disciplina científica de bibliometria ou esta seria uma técnica de suporte a ser

somada a outras na realização de estudos concretos (ARAÚJO, 2006 apud, WHITE;

WELLMAN; NAZER, 2004).

Estes questionamentos e a entrada em cena nas Ciências da Informação

alteram a bibliometria “que passa de um campo de pesquisa para uma técnica a ser

adotada em conjunto com métodos qualitativos fornecidos pelas ciências sociais”

(ARAÚJO, 2006, p.24).

Morin (1987) aponta que a bibliometria vem se consolidando como método de

estudo dentro de uma inquietação com leitura mais completa da realidade. Por isso,

para esse trabalho utilizamos a uma pesquisa de inspiração na bibliometria e não

exatamente a metodologia do estudo bilbiométrico.

Segundo Milito (at al, 2013),

Os estudos que pretendem quantificar os processos de comunicação escrita é uma forma de análise bibliométrica, uma tipologia de estudo pertinente quando o intuito é medir de forma coordenada os conhecimentos de determinado aspecto. Essa tipologia de estudo está sendo usada no campo do turismo por autores relevantes em âmbito internacional como Hall (2011) e nacional como Rejowski (2010), pois fornece uma visão do crescimento de uma determinada área de estudo, além de identificar as formas e regiões que esses conhecimentos são produzidos. Perspectiva essa convergente com um nicho em franco crescimento empírico e teórico como o turismo.

O modelo utilizado Rejowski (2010) em seu estudo sobre a produção

científica em turismo no Brasil baseou-se em descrever uma amostra de estudos

publicados, mapear estudos de pesquisadores e sistematizar os enfoques e

resultados dessas pesquisas, analisando e discutindo sua relevância. Este estudo

pode ser considerado um estudo similar ao realizado por Rejowski. Embora seja

também feita uma análise sob a luz da bibliometria nas obras coletas em periódicos

de turismo nacionais e estrangeiros onde foram tratadas questões relacionadas às

autorias, as redes de colaboração entre autores, na evolução temporal das

publicações, nos espaços de produção, nos meios de divulgação científica, bem

como, na sistematização das problemáticas desenvolvidas nas pesquisas.

É válido destacar que o objetivo central da pesquisa é analisar a produção

científica na temática dos impactos e legados sociais dos megaeventos esportivos

na cidade do Rio de Janeiro. Principalmente no que tange o Turismo, nossa área de

conhecimento.

11

O levantamento da bibliografia sobre o tema foi realizado em duas etapas.

Primeiro pesquisou-se em teses de doutorado, dissertações de mestrado e em

monografias de cursos de Graduação nas áreas de Geografia, Sociologia,

Antropologia, História, Economia, Engenharia, Direito e Administração e em Anais de

eventos de algumas dessas áreas por meio das palavras-chave megaeventos e Rio

de Janeiro. Na sequência procuramos os artigos da área de turismo tendo como

base o indexador científico disponível no Portal de Periódicos e no Qualis da CAPES

e nas bibliotecas digitais da Taylor & Francis, Wiley e Sage.

A leitura atenta de cada documento levou ao seu fichamento orientado aos

fins da pesquisa, e os dados assim coletados foram então organizados e

sistematizados. Na primeira foi realizada a mensuração da produção teses de

doutorado, dissertações de mestrado e em monografias de cursos de Graduação

nas áreas de Geografia, Sociologia, Antropologia, História, Economia, Engenharia,

Direito e Administração por área e os temas tratados. Esses dados foram separados

por área de conhecimento e analisados.

A produção da área específica de turismo nos periódicos foi levantada

utilizando os critérios: temáticas tratadas, autor/ titulação do autor/área de

conhecimento do autor/número de autores/data de publicação/tema tratado. Após,

os dados foram tratados e analisados.

O resultado desta pesquisa possibilitou ter três referências: primeiramente, a

mensuração da produção e a temática dos impactos e legados sociais dos

megaeventos esportivos no Rio de Janeiro por área do conhecimento no geral; em

segundo, a produção específica em revistas de turismo observando a formação dos

autores, que formam redes de produção, como caminhou a produção; e em terceiro,

e os temas específicos tratados dentro da temática geral dos megaeventos

esportivos.

Este trabalho possui uma introdução, três capítulos e uma conclusão. O

primeiro capítulo intitulado Megaeventos e turismo: discussão conceitual e reflexos

sociais é o espaço no trabalho onde será apresentada a conceituação de

megaeventos e megaeventos esportivos, especificamente. Em seguida,

abordaremos brevemente questões sobre impactos e legados sociais dos

megaeventos esportivos, para que, no capítulo seguinte possamos tratar sobre o

caso específico do Rio de Janeiro.

12

No capítulo dois, Megaeventos esportivos na cidade do Rio de Janeiro,

faremos uma análise histórica do Rio de Janeiro e seus megaeventos esportivos. Em

seguida, sinalizaremos alguns dos principais legados e impactos sociais que ficaram

e ficam como resquícios das intervenções urbanas sofridas pela cidade nos últimos

anos.

O terceiro capítulo é destinado a pesquisa da produção científica sobre os

megaeventos esportivos no turismo, apresentaremos uma breve análise de

contextualização geral da produção científica produzida sobre o tema. Depois o

método de coleta e os dados coletados. Em seguida, trazemos uma análise sobre

nossos dados e apresentamos uma análise sobre a produção temática dos

megaeventos e seus impactos no turismo.

A partir dessa análise, procuramos apresentar o estado da arte da temática

dos megaeventos esportivos e turismo e entender como esse campo do

conhecimento vem trabalhando com as questões relativas aos impactos e legados

sociais dos megaeventos esportivos no Rio de Janeiro.

13

1 MEGAEVENTOS: DISCUSSÃO CONCEITUAL E REFLEXOS SOCIAIS

Este capítulo apresenta as contribuições teóricas para o desenvolvimento do

trabalho. Nele serão expostas as conceituações e a importância para o turismo dos

megaeventos, principalmente os esportivos. Também, haverá uma análise sobre a

relevância da realização de um megaevento numa cidade e/ou país para o

desenvolvimento de seu turismo pela ótica da promoção do lugar, pelo fluxo de e/ou

pela imagem gerada da cidade após a realização do evento. Completamos com as

análises relativas aos investimentos em infraestrutura e seus reflexos para os

anfitriões. Este embasamento permitirá discussão entre os impactos e os legados

sociais causados pelos megaeventos.

1.1 OS MEGAEVENTOS E MEGAEVENTOS ESPORTIVOS: DISCUSSÃO

CONCEITUAL

Nos últimos anos, tem-se repetido várias vezes a palavra megaeventos nos

grandes canais de comunicação. Isto aconteceu, principalmente, pela quantidade de

megaeventos que o Brasil e, em especial, a cidade do Rio de Janeiro receberam e

receberão entre 2007 a 2020 (Figura 1).

Figura 1: Estádio do Maracanã palco da Copa FIFA Fonte: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, 2014.

Entre eles, os Jogos Pan-Americanos (2007) (Figura 2), Fifa FanFest (2010 e

2014), Rock in Rio (2011-15), Jogos Mundiais Militares (2011), a Rio+20 (2012), a

14

Jornada Mundial da Juventude (2013), a Copa das Confederações (2013), Copa do

Mundo Fifa (2014) e, em 2016, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos colocando em

evidência esta atividade socioeconômica esportiva.

Figura 2: Engenhão: maior construção dos Jogos PanAmericanos Fonte: Arquitetura Radical, 2008

O significado de megaevento no domínio no senso comum é amplamente

utilizado como sinônimo de grandes competições esportivas quando se reúnem

milhares de atletas e para recebe-los são desenvolvidos infraestruturas e serviços

que impactam diferentes territórios e setores da sociedade. Tavares (2011) chama a

atenção para a ausência de conceituação dos megaeventos nos textos. Aponta que

isso não ocorre somente em textos não acadêmicos, mas também, nos textos

acadêmicos e sugere que as questões dos legados possam ser consideradas pelos

autores o foco principal das discussões e, com isso, tivessem deixado de lado a

questão da conceituação. “ou que, tal como a mídia, parte do princípio de que

haveria um entendimento tácito compartilhado que dispensa definições mais

rigorosas”. (TAVARES, 2011, p.16).

Vários autores definiram megaevento como DaCosta e Miragaya (2008, p.36).

Eles o conceituam segundo o número de participantes, assim, um megaevento seria

um evento “operando em escala de milhões de participantes”. O prefixo mega, do

sistema internacional de unidade indica que a unidade padrão foi multiplicada por

um milhão, assim, um megaevento deveria ter no mínimo um milhão de

participantes. A palavra mega, grande, tem origem no adjetivo grego mégas, megálê,

mega.

15

Contudo, megaeventos não são apenas eventos com a participação de

milhares de pessoas, tanto na sua elaboração e execução como no número de

participantes. Por isso, também é comum classificá-los quanto ao tempo de duração.

Os megaeventos precisam de um longo tempo de preparação, mas a sua execução

tem pequena duração. Como exemplo, uma Copa do Mundo é um dos eventos mais

longos tendo um mês de duração e no mínimo quatro anos de preparação. Já um

evento como o Rock In Rio, precisa de um ano para ser preparado e ocorre durante

uma semana. (DACOSTA; MIRAGAYA, 2008, HILLER, 1998).

Britto e Fontes (2002) entendem que na definição de megaeventos deve

explicitar que eles contêm apelo popular massivo e são administrados por uma

combinação de atores governamentais e não governamentais nacionais e

internacionais. Os megaeventos geram mudanças permanentes e/ou alterações nas

dinâmicas das cidades.

Britto e Fontes (2002) procuram classificar os eventos utilizando as

categorias: porte do evento, quantidade de pessoas envolvidas, abrangência

geográfica e quantidade de recursos em dólares americanos (Tabela 1).

Porte do evento Quantidade de pessoas Abrangência geográfica Quantidade de recursos em dólares americanos

Pequeno Até 200* Local ou Regional US $ 10.000**

Médio Entre 200 e 500* Estadual ou Nacional US $ 100.000**

Grande De 500 ou mais* Estadual ou Nacional US $ 500.000**

Super eventos Entre 10.000 e 100.000 Nacional ou Internacional US $ 1.000.000**

Megaevento Acima de 100.000 Internacional US $ Milhões de dólares

Figura 3: Dimensão de eventos Fonte: Adaptado de Britto e Fontes (2002)

De acordo com a Tabela 1 e com as outras características apresentadas,

podemos considerar megaevento um evento de grande porte, geralmente com

participação de acima de 100.000 pessoas, com abrangência internacional e que

utiliza recursos com valores correspondentes a milhões de dólares americanos.

Completa-se essa definição, com a necessidade de uma preparação longa, em

detrimento de acontecer num curto período de tempo, possuindo uma carga

simbólica de alto nível, além da geração de impactos e legados, negativos e/ou

positivos, nas diversas camadas da sociedade.

16

Almeida (2014) apresenta uma classificação feita por Roche (2000) que leva

em consideração as questões relacionadas à mídia como audiência/mercado alvos e

tipo de interesse de mídia. Neste estudo, o megaevento teria audiência e mercado

alvo global e os tipos de interesse de mídia seriam a global.

O senso comum, no Brasil, tem tratado os megaeventos como sinônimo de

megaeventos esportivos. Isto pode ter ocorrido pela relação feita entre os tipos de

megaeventos predominantes que o Brasil passou a receber no século XXI. No

entanto, eventos como a Jornada Mundial da Juventude, Rock In Rio e algumas

Feiras e Congressos de abrangência internacional e de grande porte, como a

Rio+20, também são considerados megaeventos por terem em sua essência as

características necessárias frente à definição apresentada.

Como não há somente megaeventos esportivos, há a necessidade de

utilização do adjetivo esportivo quando nos referimos a tal classificação. Hall (2006

apud TAVARES, 2011) afirma que podemos colocar num mesmo grupo de

megaeventos as Feiras e Exposições juntamente com os Jogos Olímpicos e Copas

do Mundo. Não haveria uma distinção fundamental, todos esses eventos de grande

porte podem ser classificados como megaeventos.

A grandiosidade em termos de público, mercado alvo, nível de envolvimento financeiro do setor público, efeitos políticos, extensão de cobertura televisiva, construção de instalações e impacto sobre o sistema econômico e social da sociedade anfitriã (TAVARES, 2011, p. 17 apud HALL, 2006, p. 59).

Ainda em Tavares (2011) ao citar o levantamento bibliográfico feito pelos

autores Horne e Manzenreiter (2006) sobre o assunto, aponta que por causa da

expansão dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, estes passaram a ser

denominados como protótipo de megaeventos em detrimento das Grandes

Exposições.

As Exposições Universais ou Feiras Mundiais, que surgiram no final do século

XIX, foram muito importantes no século XX. Elas apresentavam a modernidade,

traduzida no progresso construído sobre a ciência e a indústria; a liberdade

entendida como livre mercado; o cosmopolitismo baseado na ideia de que o

conhecimento humano e a produção seriam transnacionais, objetivos e sem limites.

Também corroborou para que fosse construída uma imagem de superioridades entre

nações centrais. A segunda etapa da Revolução Industrial levou a criação de novas

17

técnicas de produção e de criação de produtos e materiais (PESAVENTO, 1997,

HOBSBAWM, 2011).

No entanto,

A Expo tem como objetivo apresentar soluções para os problemas mundiais. Estas exposições são consideradas o terceiro maior evento internacional gerador de impactos culturais e econômicos, ficando somente atrás da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. (MORAES, 2013, p. 92).

Embora ainda tenham sua importância, os eventos esportivos ganham a cada

dia, mais espaços como afirmam Horne e Manzenreiter (2006). Para estes autores

os esportes competitivos e avançaram por causa da tecnologia de comunicação que

proporcionou o fenômeno da audiência em escala planetária aumentando os

impactos e a exploração dos eventos esportivos. Os direitos exclusivos de

transmissão, de patrocínio e o uso de merchandising entre os organizadores e as

marcas transformaram os eventos em um grande negócio. Completa com o

marketing de destinos que os eventos podem proporcionar na promoção de cidades

e países, além dos legados que obtidos ao sediar estes eventos transformando as

cidades em destinos de entretenimento urbano.

Esse conjunto de motivos faz com que os megaeventos esportivos se

destaquem globalmente quando comparados a outros megaeventos e,

consequentemente, caiamos na dedutibilidade de conceituação. É nesse sentido

que pesquisadores da área apontam que os megaeventos se constituem como um

campo fértil para as relações sociais paradoxais e complexas das sociedades

modernas (ALMEIDA, MEZZADRI, MARCHI JUNIOR, 2009), tonando-se, assim, um

objeto interessante para a pesquisa científica.

Os megaeventos esportivos podem ser definidos como acontecimentos

festivos que envolvam exibições de uma ou várias modalidades esportivas dentro de

um determinado tempo. Para Getz (1989), os megaeventos esportivos são

considerados a maior categoria dos chamados eventos especiais, que geralmente

não fazem parte do calendário festivo de uma cidade, estado ou país. É comum que

esses eventos históricos só aconteçam uma única vez num determinado lugar, e

isso transforma sua dinâmica espacial antes de sua realização, durante e depois de

ter-se efetivado.

18

Como vimos, os megaeventos constituem-se como eventos de grande porte

que atraem milhões de pessoas, seja diretamente, quando há locomoção espacial

para os lugares onde os eventos acontecerão, seja indiretamente através da mídia.

Esse deslocamento espacial realizado por pessoas que possuem interesse em

participar como espectador desse evento, pode ser caracterizado como um tipo

específico de turismo, o turismo de eventos.

Existe, portanto, um esforço conjunto que direciona esses eventos para o

mercado do turismo, principalmente internacional. Segundo Getz (1989, p.125), os

eventos são “uma forma inigualável de atração turística”, e de fato, são. Havendo

uma forma singular de apresentação dos lugares aos níveis nacional e internacional,

dependendo do megaevento.

Tamanha sua importância para o turismo que existe na literatura uma

definição de uma categoria conhecida como Turismo de Eventos, como

mencionamos anteriormente. Ainda para Getz (1989, p.133) o Turismo de Eventos

pode ser definido como “a sistematização do desenvolvimento e do marketing de

eventos como atração turística”. Justamente por ter uma apresentação difundida

desses eventos, eles acabam sendo responsáveis pela circulação de dinheiro em

grande escala e, consequentemente, se tornando atrativo para o turismo, que se

baseia, também, na promoção de um determinado local, estimulando sua visitação

para um número crescente de pessoas.

Por isso, as entidades públicas são incentivadas a entrarem em disputas para

a captação de megaeventos para suas cidades e países. Além de aumentar a

visibilidade num nível internacional, esses megaeventos podem atrair investimentos

de diversas ordens para aquela região.

Esses investimentos realizados nas cidades que abrigam os megaeventos

demandam uma união entre a iniciativa privada e pública, para que, conjuntamente,

as mudanças necessárias na cidade sejam feitas até a data do evento. Os

investimentos acontecem geralmente em diversos setores que são fundamentais

para o turismo.

Um deles são os aeroportos principais de um do país e/ou da cidade e sua

malha aeroviária. Comumente são realizadas expansões a partir da criação de

novos terminais que suportem um número maior de voos. Em alguns casos, são

realizadas obras nas pistas, para que seja suportada a força de um modelo de

aeronave que comporte mais passageiros. E, também, a mobilidade interna do

19

aeroporto. A acessibilidade para esses aeroportos também são pensadas numa

escala externa, para que seja facilitada a ida e vinda dos turistas, dos lugares

centrais para o aeroporto.

Outro esforço em regra é a mobilidade urbana. Nesse item são desenvolvidos

projetos para que os turistas possam se locomover com eficiência na cidade,

principalmente entre as instalações, quando há mais de uma. São realizadas

diversas intervenções urbanas para que se possa melhorar a mobilidade exigindo-se

também a criação, ampliação ou renovação dos meios de transportes (equipamentos

e terminais urbanos). Esses investimentos talvez sejam, no nosso ponto de vista, o

mais importante para os cidadãos, e os que geralmente são mais aproveitados por

eles.

Observamos ainda que há ainda preocupação com a quantidade de unidades

habitacionais1 oferecidas para os turistas durante a realização do megaevento.

Além disso, há um investimento importante e massivo nas instalações

necessárias para a realização desses eventos. Investimentos em estádios,

complexos esportivos, parques aquáticos para natação são necessários no caso da

Copa do Mundo, dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Pan Americanos ou no caso de

eventos comerciais e científicos ou políticos na construção de centros de

convenções. Acerca desse item, em especial, existem muitas questões sobre sua

utilidade no pós-evento.

Notamos que devido à dimensão dos megaeventos há necessidade clara de

investimentos para aquele lugar que irá recebê-lo. Uma vez escolhida uma cidade ou

uma país como sede de um determinado evento desse porte é acordado entre o

governo daquele lugar e o órgão responsável pelo evento que devem ser feitas

algumas intervenções, caso contrário implicaria na não realização do mesmo. Essas

intervenções, geralmente ocorridas nas cidades influenciam diretamente a vida dos

cidadãos residentes naquele espaço, para o bem e para o mal. Veremos essa

questão na próxima seção que discutirá de forma breve os impactos e legados dos

megaeventos para uma cidade e/ou país anfitriã.

1.2 IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS

1 Pode ser definido como o número de quartos em equipamentos hoteleiros e extra hoteleiros.

20

Como mencionamos anteriormente, a palavra megaevento se difundiu

crescentemente nos últimos anos no Brasil. Muitas vezes, através da mídia, vimos

essa palavra acompanhada de outras duas que são fundamentalmente importantes

para esse trabalho: impactos e legados.

Percebemos com a difusão midiática dessas palavras que não é possível citar

megaeventos sem considerar e debater seus legados e/ou impactos, sejam eles

sociais, econômicos, políticos ou culturais, tendo em vista sua importância para o

contexto social e econômico de um lugar e do turismo.

A palavra impacto é derivada do latim, impactus, que segundo Michaelis

(2010, S/P) é “o ato ou efeito de embater ou de impactar, colisão de dois ou mais

corpos ou efeito de uma ação”. No caso deste trabalho, o impacto está relacionado

ao efeito de uma ação que altera a situação de determinado lugar, seja ele de

caráter ambiental, sociocultural ou econômico. Os impactos ambientais estão

relacionados aos recursos ambientais e os socioculturais e econômicos as

populações humanas.

Um impacto pode gerar um dano, um efeito negativo no ambiente ou nas

populações. As fragilidades de um ambiente ou de uma população a sofrer um

impacto e o seu grau estão relacionados às condições de vulnerabilidade e o risco

do ambiente ou das populações.

Quando há um impacto as dívidas e obrigações de uma pessoa ou

organização para recuperar o que foi impactado recebe o nome de passivo

ambiental ou social.

A palavra legado também é advinda de uma palavra latina, legatu, que

significa “a título gracioso, por via da qual uma pessoa confia à outra, em

testamento, um determinado benefício, de natureza patrimonial; doação causa-

mortis”. [...] “Ou, a parte da herança deixada pelo testador a quem não seja herdeiro

por disposição testamentária nem fideicomissário”. (MICHAELLIS, 2010, S/P).

No caso dos eventos, os legados são entendidos como os benefícios ou

malefícios que deixam para o ambiente ou para a população do local onde ele

ocorre, ou ainda, onde exerce influência. Os megaeventos esportivos podem gerar

tanto impactos como legados estes serem tanto negativos como positivos.

Normalmente uma cidade ao candidatar-se a ser sede de um megaevento o

faz contando que esta atividade gerará legados, mas também impactos.

Mascarenhas (2012) chama a atenção para a forma como a candidatura é

21

formalizada. Muitas vezes, os interesses e os esforços não são precedidos de uma

discussão em nível social e a sua participação é resultado de uma decisão

governamental que acomoda interesses particulares de um determinado grupo.

O Estado possui um papel protagonista nessa decisão e necessita de um

bloco de alianças sólidas para que os megaeventos possam efetivar-se. Em muitas

ocasiões, essa questão não é diretamente discutida com a sociedade, no entanto, os

impactos gerados por esses megaeventos são sentidos diretamente por ela

(MASCARENHAS, 2012).

Muitos impactos sociais que ocorrem podem ter profunda carga simbólica

para a cidade e para a sociedade. Mascarenhas (2012) aponta que quanto maior for

à dependência e a subordinação ao capital destes megaeventos, maior serão as

desigualdades sociais nas cidades. Como exemplo, o aumento no custo de vida.

Baseando na necessidade de novos equipamentos para os megaeventos,

cidades sedes aproveitam o momento e criam projetos de intervenção urbana que

podem ou não ser benéfica depois do evento. Um exemplo de projetos são os da

circulação e da mobilidade urbana. Muitas grandes cidades possuem problemas em

sua mobilidade urbana e receber milhares de pessoas pode complicar ainda mais

esta mobilidade. Os megaeventos acabam sendo momentos oportunos para resolver

parte deste problema.

A Urban Systems (2015) apresenta um estudo sobre as Olimpíadas

verificando mensuração das atividades relacionadas diretamente aos megaeventos

esportivos (Figura 3).

22

Figura 4: Atividades diretamente relacionadas aos megaeventos esportivos Fonte: Urban System, 2015

Percebemos naquele estudo que a indústria da construção é a mais

beneficiada e na sequência a do Turismo. No entanto, os transportes, a

infraestrutura urbana também tem grande relevância. Corroborando com a ideia da

importância deste tipo de eventos para uma cidade, principalmente, quando ela tem

carências. Estes eventos podem ser justificativas para realizar atividades

necessárias para a população que em outros momentos poderia politicamente ser

mais difícil de fazê-las.

Ademais, principalmente em grandes centros urbanos, alterar a mobilidade

pode ser uma tarefa complicada na medida em que as alterações ocorrem sem que

haja a interrupção dos deslocamentos necessários da população cotidianamente.

Assim, os moradores durante longos períodos passarão por dificuldades em seus

deslocamentos e durante este período de desconforto, os megaeventos serão

considerados culpados por eles. Se o legado for positivo este período de

desconforto valerá a pena, caso não seja, será mais uma crítica e perda social.

Na transformação das cidades Cruz (2005) aponta que há territórios usados,

nesse caso, os valorizados pelo turismo e os negligenciados, aqueles que não

recebem nenhuma atenção. Vemos então, que além dos problemas que ocorrem

nos territórios usados, os legados dos Jogos não chegam para os territórios

negligenciados.

23

Os governos têm procurado dividir tanto os investimentos como as decisões

com as áreas privadas por meio da formação de parcerias público-privadas,

conhecidas como PPP. Estas parcerias surgem como principal ferramenta para gerir

as intervenções necessárias nos centros urbanos.

Infelizmente, estas parcerias acabam fazendo o papel do poder público ao

serem responsáveis em definir planos urbanos que são quase sempre movidos pela

especulação imobiliária. O estímulo à ampliação de áreas da cidade e/ou a

recuperação de áreas degradadas podem ser projetos visando principalmente o

ganho de algumas empresas do setor da construção civil em detrimento ao bem

comum.

Além disso, essas obras podem requerer um novo tracejado de vias de

circulação que articulem a cidade e o desenho de uma rota pode atropelar

residências e pequenos centros comerciais tornando inevitável a remoção de

moradores e de comércios. O progresso e os megaeventos são justificativas maiores

do que o pertencimento ao lugar ou os negócios de seus moradores. Como são

feitos por força da lei, os moradores não tem opção e, em muitos casos, são

desalojados de locais que eram perto de seus trabalhos ou estudo e removidos para

locais distantes em nome de um bem comum.

Diversos documentários foram realizados no caso do Rio de Janeiro, por

exemplo, apontando a remoção de um contingente grande de pessoas, que

geralmente são enviadas para locais afastados dos centros urbanos por causa

destes megaeventos (FERREIRA, 2013).

Outro impacto social que é bastante comum é a gentrificação2. Esse processo

é caracterizado pela mudança da dinâmica urbana do espaço, quando espaços

antes desvalorizados passam por valorização e, com isso, tornaram inacessíveis

para a população moradora. Esta inacessibilidade acaba retirando os moradores

2 A palavra gentrificação (do inglês gentrification) pode ser entendida como o processo de

mudança imobiliária, nos perfis residenciais e padrões culturais. Esse processo envolve necessariamente a troca de um grupo por outro com maior poder aquisitivo em um determinado espaço e que passa a ser visto como mais qualificado que o outro. Segundo Martins (2014), o termo é derivado de um neologismo criado pela socióloga britânica Ruth Glass em 1963, em um artigo onde ela falava sobre as mudanças urbanas em Londres (Inglaterra). Ela se referia ao “aburguesamento” do centro da cidade, usando o termo irônico “gentry”, que pode ser traduzido como “bem-nascido”, como consequência da ocupação de bairros operários pela classe média e alta londrina.

24

destes locais que servirá a uma nova camada social ou a empreendimentos

comerciais e de negócios (FERREIRA, 2013).

Os Jogos Olímpicos demandam hospedagem para os milhares de atletas e é

usual a criação de complexos habitacionais para abriga-los durante o período de

realização dos jogos. O problema ou não é o investimento neste tipo de construção

e o seu destino após o evento.

O caso dos Jogos Olímpicos de Londres é um caso de sucesso. A região do

distrito de Stratford foi planejada para receber o evento (Figura 4) Nesta região

desenvolveu o Parque Olímpico em uma área de quase 60 hectares, sobre o qual foi

edificado o estádio olímpico, a vila olímpica, diversos ginásios para a maioria das

modalidades e um enorme centro comercial com múltiplas unidades funcionais

baseados na presença de hotéis, espaços gastronômicos e uma regulada atividade

comercial nos eixos de passeios públicos e de comunicação interna ao longo dele.

As numerosas transformações urbanas desenvolvidas no leste de Londres já

marcaram um antes e depois para o urbanismo da cidade, tal como sucedeu em

Barcelona e outras cidades onde a infraestrutura olímpica foi implantada (BRITTO,

2013).

Figura 5: Parque Olímpico de Stratford Fonte: Moraes, 2014.

A Vila Olímpica londrina depois de usada pelos atletas foi transformada e

readequada para um complexo de 2.800 habitações sociais para os residentes de

Londres, que se beneficiam das estruturas criadas. Uma característica importante no

25

caso londrino são os designs individuais das torres e não os modelos uniformes de

outros exemplos anteriores.

Mas, este projeto londrino também recebe as mesmas críticas que se fazem a

outros projetos de megaeventos esportivos.

A imagem do East End de Londres como um sinônimo de pobreza e precariedade tem sido explorada por empreiteiras nos últimos anos para implementar projetos agressivos de desenvolvimento urbano por empresas privadas, começando com a Canary Wharf nos anos 80. Para muitos comentaristas e ativistas locais, as Olimpíadas são a maior e mais recente oportunidade de especulação imobiliária num processo de gentrificação que está redesenhando o East End, expulsando as populações tradicionais da região (RIOOWATCH, 2016).

A Clays Lane foi construída para abrigar pessoas solteiras vulneráveis, em

diversos estilos de apartamentos, casas compartilhadas e bangalôs e era

inicialmente operada como uma cooperativa. Seus 450 moradores foram removidos

para que se construísse o Parque Olímpico (RIOOWATCH, 2016).

No Brasil, as experiências do Pan-americano e agora das Olimpíadas foram

modelos onde às empresas privadas investiram na construção das Vilas Olímpicas

no modela da especulação imobiliária, corroborando como que MAscarenhas (2005)

afirma, os espaços urbanos onde há interferências por causa dos eventos, tendem a

serem explorados pela especulação imobiliária.

Por isso, soluções como a requalificação tecno-urbanístico ou reengineering3

de áreas degradadas podem ser legados positivos criando novos espaços que

passam a integrar as áreas já existentes se estas requalificações forem feitas de

acordo com a lógica de funcionamento da população local e não apenas das

empresas da construção civil (HAMMER; CHAMPY, 1993).

Em termos de legados sociais, os megaeventos esportivos, ao modificarem a

estrutura e o cotidiano de uma cidade, precisam beneficiar a população. Operários

que trabalharam na construção e manutenção dos equipamentos esportivos e de

infraestrutura em geral, cidadãos que passam a utilizar um transporte coletivo de

melhor qualidade, equipamentos públicos de esporte e lazer. Isso faz parte do

capital simbólico acumulado no processo (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2008).

3 O reengeniring é uma estratégia de business management para repensar o processo de

negócios, conseguir melhorias nas medidas críticas de eficácia contemporânea: custo, qualidade, serviço e rapidez.

26

Os megaeventos também são responsáveis pela geração de legados sociais,

que podem ser contribuições positivas para as cidades e seus cidadãos. Essas

contribuições são medidas a partir de uma possível melhora na qualidade de vida da

população residente.

Tavares (2011) apresenta os legados como uma contraposição entre os

benefícios gerados e os custos necessários para a realização do megaevento. Vale

ressaltar que os custos considerados não se tratam apenas de valores monetários,

mas sim, e principalmente, os custos sociais e ambientais. Como aponta Preuss

(2008, apud POYNTER, 2006), em sua análise dos megaeventos esportivos do Rio

de Janeiro, existe uma diferença significativa entre as considerações realizadas pelo

Comitê Olímpico Internacional e pela FIFA sobre a questão dos legados. Isso pode

acontecer porque a FIFA desenvolveu muito pouco a questão da responsabilidade

social como uma das missões do futebol. Ao contrário disso, o Comitê Olímpico

Internacional através da Carta Olímpica, apresenta o “esporte como ferramenta para

o desenvolvimento humano” (TAVARES, 2011, p.19), sendo este um dos princípios

fundamentais do movimento Olímpico.

Por meio de políticas públicas de inclusão social realizadas conjuntamente

nos três níveis de governo – municipal, estadual e federal - o acesso ao esporte, ao

lazer e à qualificação profissional funcionam como bases para o exercício de

cidadania dos residentes na cidade anfitriã. A intenção é que esses megaeventos

sirvam como propulsores do desenvolvimento social, sendo esses esforços não

pensados somente para as cidades-sede dos eventos. Na realidade, geralmente se

pensa em proporções maiores, em que as cidades periféricas mais pobres também

sejam beneficiadas pela realização dos megaeventos. (MINISTÉRIO DO ESPORTE,

2008)

Nesse sentido, são desenvolvidos projetos sociais que buscam estabelecer

metas que caminhem para o crescimento social a médios e em longo prazo,

principalmente através de crianças, adolescentes e jovens adultos marginalizados.

As ações que são realizadas para auxiliar a inclusão social são vistas como um

legado que é deixado para essas cidades antes mesmo dos eventos acontecerem,

sendo levada em consideração a articulação de projetos que envolvam o esporte e o

lazer, a escola, capacitação geral e, também, para atender o turista – como cursos

de idiomas, hospitalidade, turismo e ética, etc.

27

Matias (2008) aponta que referente ao legado do estudo de caso dos Jogos

Olímpicos realizados em Sidney em 2000, a preocupação ambiental dos jogos fez

desse megaevento um modelo importante a ser seguido. Foram desenvolvidos

banheiros com válvulas especiais para redução do consumo de água em chuveiros e

vasos sanitários; coleta seletiva de lixo; tratamento de água, já que grande parte da

água utilizada nos Jogos foi reutilizada da chuva e/ou a partir do esgoto tratado;

reciclagem de copos e garrafas; limpeza de materiais tóxicos das baías em que

foram realizados eventos aquáticos; uma polícia ambiental foi criada para fiscalizar

obras e produtos; um programa cultural foi criado para desenvolver as atividades

culturais na cidade; redução do uso de PVC; sistema de transporte e mobilidade

urbana sem o uso de carros de passeio individuais, e aí os turistas e cidadãos eram

estimulados a usar o transporte público da cidade, que recebeu investimentos para

melhorar sua qualidade e eficiência, etc.

Na realidade, após esse evento com grande preocupação com o meio

ambiente, passou a haver um movimento crescente na inserção desse item nas

candidaturas de cidades para megaeventos. Ainda que a análise ambiental não seja

o nosso foco para esse trabalho, é importante pensarmos em quais os reflexos

dessas questões ambientais e quais as suas relações com os legados sociais que

ficam para as cidades. Essas relações podem ser facilmente realizadas (MATIAS,

2008).

No que tange à questão da mobilidade urbana, por exemplo, podemos

apontar que o estimulo ao uso dos transportes coletivos reduz a quantidade de

veículos particulares nas ruas, o que, consequentemente, reduz a emissão de gases

que são nocivos para o ecossistema e, também, para o homem (MATIAS, 2008).

Esse tópico da mobilidade urbana pode nos apontar diversos caminhos para

onde podemos seguir. Se pensarmos nas questões de investimento na criação e

extensão de metrôs, linhas de ônibus, melhoria das ruas e vias principais,

articulação entre os meios de transporte, etc., podemos pensar em como essas

transformações urbanas facilitam a vida dos moradores da cidade no pós-evento,

ainda que tenham passado por fortes conturbações durante a modificação.

Geralmente a cidade que receberá um grande evento passa por alguns anos

de grandes transformações. A cidade vira, literalmente, um canteiro de obras. Isso

pode atrapalhar durante um período de tempo a circulação e a própria mobilidade

28

urbana e qualidade de vida das pessoas que ali residem, no entanto, os frutos são

colhidos quando as obras chegam ao final.

Podemos perceber, portanto, que a realização de megaeventos está ligada

numa profunda revolução do sistema urbano de uma cidade ou de um país. Há uma

transformação da cidade em verdadeiras megaempresas, que entram em

concorrência com outras cidades-megaempresas e que disputam para saber qual

sairá na frente e terá maior visibilidade (MASCARENHAS, 2012).

Para tanto, apontaremos no próximo capítulo o caso específico do Rio de

Janeiro, fazendo um balanceamento entre os impactos e os legados sociais que têm

ficado para a cidade a partir da realização dos megaeventos que aconteceram e

acontecerão. Apresentaremos anteriormente um breve histórico dos megaeventos

que já aconteceram da cidade do Rio de Janeiro, para que, em seguida, façamos

uma discussão sobre seus legados e impactos, principalmente sociais.

Destacamos que essa introdução teórica para o estudo nos serve para

apontar a importância da ocorrência dos megaeventos numa cidade ou país e,

consequentemente, a importância dos legados e impactos sociais que são reflexos

desses eventos.

29

2 MEGAEVENTOS ESPORTIVOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

O presente capítulo traz, inicialmente, uma apresentação do histórico dos

megaeventos esportivos que já ocorreram na cidade do Rio de Janeiro. Num

segundo momento, analisamos os desdobramentos provocados pela realização dos

megaeventos na cidade. Partimos de uma perspectiva crítica para analisar as

interferências realizadas, buscando debater quais as consequências principais

destas, de um ponto de vista principalmente social. Apresentamos algumas seções

temáticas das interferências urbanas sofridas na cidade, seus benefícios e seus

impactos.

2.1 RIO DE JANEIRO: UM BREVE HISTÓRICO DA CIDADE E SUA INCLUSÃO

NOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS

No ano de 1960, a cidade do Rio de Janeiro, depois de séculos exercendo o

papel de maior centro econômico, político e cultural brasileiro, percebeu-se

destituída de um dos maiores prestígios simbólicos que uma cidade possa ter: a de

ser a capital de um país, de uma nação. A transferência da capital federal do Rio de

Janeiro para Brasília, contudo, não seria a maior responsável pela decadência

progressiva observada na cidade nas décadas subsequentes, notadamente aquela

referente às suas esferas econômicas e políticas.

Alinhada às turbulências negativas experimentadas pelo próprio Brasil, a

cidade passou a internalizar progressivamente em seus espaços as consequências

das muitas instabilidades políticas e econômicas vividas pelo país, principalmente

àquelas pertencentes às décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Em meio aos

desprestígios contínuos e à falta de estabilidade política e econômica recorrente,

que se adicionavam exaustivamente às suas problemáticas históricas crônicas, a

cidade passou a sofrer cada vez mais com a escassez de investimentos, e,

principalmente, com a ausência de gestões políticas do seu território que fossem

capazes de gerenciar, de forma positiva, suas principais necessidades sociais e

espaciais. (ABREU, 2006). De fato, este período da história do Rio de Janeiro

30

contribuiu em muito para o engendramento da realidade posterior a ser observada

na cidade.

Gradativamente, porém, a cidade se reergueu. Passadas as maiores

instabilidades do seu quadro local e nacional, séries de intervenções políticas e

econômicas foram implantadas de forma a mitigar grandes entraves que impediam o

seu soerguimento e crescimento, sendo gerenciados de forma a devolver, inclusive,

o prestígio perdido. Investimentos passaram então a ser direcionados à tentativa de

fazer a cidade crescer e recuperar sua centralidade regional e nacional.

A breve consideração às especificidades históricas recentes da cidade faz-se

importante, neste momento inicial, sobretudo quando consideramos os fatores que

acabaram por proporcionar a utilização de determinadas gestões políticas que

culminariam, anos mais tarde, nas políticas de atração de grandes eventos na

cidade. O fato é que tal modelo de planejamento e gestão urbana do Rio de Janeiro

baseado na atração de megaeventos engendrou-se a partir de gestões políticas

extremamente alinhadas a projetos de mercantilização da cidade, via,

principalmente, a utilização da mesma para captação de capitais variados, e de

onde, inclusive, a política de atração de grandes eventos viria a ser um dos

principais instrumentos utilizados para este fim.

Tais políticas utilizadas como modelo de reestruturação econômica da cidade,

e que se pautavam em uma dinâmica fortemente mercadológica, acabaram, assim,

por consolidar um perfil de gestão urbana que tem como suas principais

características, o fomento a atrativos e investimentos diversos que possam traduzir-

se em um dado retorno econômico para a cidade (PRONI, 2009).

Este perfil empreendedor tem garantido uma maior inserção na lógica dos

grandes eventos, que são utilizados como instrumentos de captação de recursos e

geração de renda. Assim, a cidade do Rio de Janeiro se tornou um grande espaço

de circulação de verbas e capitais diversos. No caso brasileiro, e talvez mundial, a

cidade é a campeã no recebimento de eventos de grande porte em um curto

intervalo de tempo.

A inserção da cidade à lógica dos megaeventos tem gerado profundas

transformações urbanas. Impactos sociais, políticos e econômicos associados

diretamente aos grandes eventos aprofundam, cada vez mais, desigualdades em

muito já perpetuadas, seguindo a lógica orientada pelos imperativos do mercado

31

(TEOBALDO, 2010), assegurando a ideia de que a cidade é um grande espaço de

lucratividade.

Ao abordamos especificamente a execução de grandes eventos esportivos,

que hoje são aqueles de maior vultuosidade no Brasil (RUBIO, 2005), é importante

destacar que os gestores públicos ligados à sua manutenção responsabilizam-se

diretamente pela administração dos recursos envolvidos, supostamente a fim de que

o gerenciamento destes possa de fato atender as demandas suscitadas pelo evento.

Em muitos desses eventos, como por exemplo, os Jogos Pan-Americanos do

Rio de Janeiro de 2007, incluíam em suas propostas, melhorias substanciais para o

destino turístico, tais como, intervenções nas estruturas físicas e na composição de

equipamentos públicos diversos. Vias de tráfego terrestre e aéreo, instalações

imobiliárias, aportes turísticos (museus, restaurantes), projetos de segurança

pública, entre outros tantos correlatos a estes tiveram de ser revistos. (FORT &

NOLASCO, 2014)

Passada a euforia inicial provocada pela vinda dos Jogos Pan-Americanos de

2007, os impactos foram maiores que os legados e, com isso, parte da população

ficou insatisfeita. (FREITAS, et al., 2014). Mas, a cidade neste mesmo período

apoiou a candidatura da cidade do Rio de Janeiro para ser sede dos Jogos

Olímpicos de 2016.

Almeida (2015) faz um retrato do que foi o recebimento da notícia da vitória

do Rio de Janeiro na concorrência para ser sede dos Jogos Olímpicos e

Paraolímpicos de 2016.

Dia 02 de outubro de 2009. Por volta das 14 horas no horário oficial brasileiro, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, abriu um envelope e mostrou ao mundo o nome da cidade eleita para sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016: Rio de Janeiro. Na praia de Copacabana, cerca de 50 mil pessoas que assistiam a transmissão da eleição ao vivo em um telão começam a celebrar. Em Copenhague (Dinamarca), local do anúncio, os representantes da delegação brasileira saltam de suas cadeiras para comemorar. Entre eles, o então presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do comitê de candidatura Rio 2016.

Podemos observar que parte da população e o governo apoiaram a

candidatura. Para corroborar esta afirmação uma pesquisa do Comitê Olímpico

Internacional (COI) mostrou que 70% dos brasileiros apoiam a candidatura do Rio de

32

Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Entre os moradores do estado do

Rio, o apoio foi de 85%. (GLOBO, 2009).

O ciclo de megaeventos continuou na cidade após os Jogos Pan-Americanos.

Quatro anos depois, em 2011, foi também à sede dos Jogos Mundiais Militares,

evento esportivo voltado para atletas das forças militares de diversas regiões do

mundo. Foi a primeira vez que este tipo de evento aconteceu em um país do

continente sul americano. Seguindo a mesma tendência, em 2013 abrigou a Copa

das Confederações, evento esportivo de futebol organizado pela FIFA e que é

considerado como evento-teste para o país a sediar o Mundial de Futebol.

Em 2014, a cidade abrigou mais um grande evento de visibilidade

internacional, sendo uma das cidades-sedes brasileiras dos jogos da Copa do

Mundo de Futebol FIFA.

Por fim, em 2016, o Rio de Janeiro abrigará o maior e mais tradicional evento

esportivo do planeta, as Olimpíadas de Verão. Será a primeira vez que os Jogos

Olímpicos ocorrerão na América Latina e no Brasil.

Como já observamos, alguns grandes eventos passaram a compor a

realidade atual da capital fluminense num curto intervalo de tempo. Considerados

como de grande visibilidade e apelo popular, esses megaeventos, caracterizam-se

principalmente pela sua grandiosidade e capacidade de alcance social, simbólico,

econômico e político. Por isso, suas ocorrências acabam por provocar

consequências substanciais para o espaço das cidades que os sediam.

Considerando todos os eventos citados, mais outros tantos de menor

importância, notamos que são muitas as mudanças e adaptações da estrutura

urbana para o recebimento de megaeventos.

Quando compreendidos de forma conjunta, estes eventos têm colocado a

cidade sob novas circunstâncias de funcionamento e estruturação. A vinda da Copa

do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 demandaram planejamento de

grandes projetos em infraestrutura urbana e aparelhagens esportivas diversas. O Rio

de Janeiro tem desenvolvido planos de intervenção urbana para adequar-se às

normas, objetivos e regulamentos pensados e mantidos pelas entidades esportivas e

os governantes envolvidos no planejamento e gestão destes eventos esportivos

internacionais.

33

2.2 MEGAEVENTOS E TURISMO NO RIO DE JANEIRO

Diante do exposto podemos perguntar qual seria a importância dos grandes

eventos esportivos no setor turístico? Sabemos que o turismo movimenta milhares

de pessoas para as sedes dos Jogos e que é baseado na promoção de um local

através do marketing. Por isso, os esforços relacionados à promoção das cidades

são enormes.

Atrelado à propaganda, os megaeventos podem atrair turistas por melhorar a

reputação dos destinos, gerando capacidade para mobilizar recursos e enaltecer as

potencialidades locais e características culturais das cidades em que ocorrerão os

jogos (HALL, 1992 apud REIS, 2008). Vale ressaltar que para que a boa imagem

divulgada seja mantida, níveis adequados de limpeza, eficiência nos transportes

públicos, atrativos turísticos conservados, preços acessíveis e diversificação das

hospedagens, são alguns dos requisitos.

Baseando-se em Gunn (1988) e Rejowski (1996), Morupi Ishyi (1998) aponta

alguns pontos positivos dos megaeventos no tocante à questão do turismo podem

ser enumerados: melhorias dos equipamentos turísticos, sistemas de transporte e

lazer; surgimento e/ou incremento de mão de obra qualificada; intercâmbio cultural;

divulgação de uma imagem positiva do local que sediou o evento (ISHYI, 1998).

Já dentre os impactos negativos tem-se: benefícios econômicos limitados

quando as empresas que atuam no setor turístico local têm suas sedes em outros

países; aumento do custo de vida local em virtude do fluxo de visitantes maior do

que o habitual e a exploração do turista; eventuais danos aos patrimônios natural

(praias, áreas verdes, etc.) e material (monumentos históricos, prédios públicos,

etc.); grande parte dos empregos criados no local durante a fase pré-evento é

temporária e tende a “desaparecer” após sua realização (ISHYI, 1998).

Tais consequências só poderão ser revertidas caso a cidade seja bem

estabelecida em um trade turístico. (REIS, 2008) Outra questão é perceber que a

mídia internacional, ao mesmo tempo em que pode ser muito positiva ao divulgar o

local onde os jogos ocorrerão, pode ser também muito negativa. Se o evento for mal

organizado, isto será divulgado mundo afora e os turistas evitarão a cidade.

34

2.3 O CASO DOS JOGOS PAN-AMERICANOS DE 2007

Os Jogos Pan-Americanos de 2007 deixaram alguns legados para a cidade

do Rio de Janeiro. Todo o projeto pensado para o evento previa um modelo de

intervenção urbana voltada à priorização de certas áreas da cidade. A Barra da

Tijuca foi o local onde concentrou a maior parcela de investimentos vinculados ao

evento. Esta região da cidade está inserida já em um contexto de atração de

capitais, e atualmente, uma das maiores zonas de expansão imobiliária, econômica

e comercial do Rio de Janeiro. “Prevaleceu à estratégia elitista de concentrar o

evento em áreas valorizadas da cidade, ou em valorizar e elitizar outras a fim de

transmitir para o mundo uma imagem civilizada” (MOREIRA, 2014, p.99 apud

SANCHEZ, 2010).

A própria Vila do Pan, destinada à estadia e acomodação dos atletas durante

a ocorrência dos Jogos, acabou por ser instalada nesta área.

No caso do Pan-2007, estava embutida desde o início a lógica da cidade elitista e segregada, a qual se manifestou na estratégia de concentrar o evento em áreas enobrecidas, visando proporcionar, ao mesmo tempo, segurança e conforto aos participantes e, sobretudo, oferecer ao mundo uma imagem urbana mais “civilizada” e “moderna”. Tal lógica estava longe, portanto, de qualquer preocupação de utilizar o evento para redistribuir no espaço da cidade às benfeitorias da infraestrutura urbanística (...) (MASCARENHAS, 2005, p. 24)

O modo como as intervenções urbanas foram realizadas fortaleceram a

segregação social e espacial na organização do espaço da cidade. Utilizaram

critérios de classe e de renda, dividindo e separando os grupos sociais em suas

áreas de moradia e, principalmente, ao acesso e consumo de determinados serviços

e mercadorias (MASCARENHAS, 2005).

Como se não bastasse à especulação imobiliária, a gentrificação e outros

processos decorrentes dos megaeventos que ocorreram anos depois, um caso

importante deve ser apresentado: a demolição do Velódromo do Rio de Janeiro

construído especificamente os Jogos Pan-Americanos. Localizado na Barra da

Tijuca, esta instalação esportiva previa, à época de sua construção, atender às

necessidades do ciclismo. Contudo, sua infraestrutura, segundo os organizadores do

atual projeto olímpico em operação na cidade, não comporta os padrões exigidos

35

pelo Comitê Olímpico Internacional para a realização dos eventos desta modalidade

esportiva nas Olimpíadas do Rio, em 2016. No local de suas antigas instalações um

novo velódromo está em construção para atender aos padrões olímpicos, exatos

sete anos da construção do primeiro, ao gasto de centenas de milhões de dinheiro

público.

Como saída para possíveis críticas, as entidades públicas envolvidas, como o

Ministério dos Esportes, o Comitê Olímpico Brasileiro e a própria prefeitura da

cidade, resolveram, de forma conjunta, doar o material que compunha o antigo

velódromo para a prefeitura de Pinhais (PR), para que este fosse então remontado

por lá. Com o novo velódromo para as Olimpíadas ao custo final projetado em torno

de 200 milhões de reais, pouco se vê em suportes reais na formação e

investimentos de atletas, problema presente também em muitos outros esportes que,

no Brasil, não oferecem mínimas condições de estrutura para suas modalidades.

Além do caso do Velódromo do Rio, pode-se citar, também, o caso do Parque

Aquático Maria Lenk, localizado na Barra da Tijuca. Com um custo final

aproximadamente em torno de R$ 85 milhões de reais, segundo o próprio Comitê

Olímpico Brasileiro, a falta de atividades esportivas no parque aquático (LASER,

2008 apud MORAIS & RESENDE, 2013) reforçou críticas que se colocavam,

sobretudo, quanto aos altos gastos destinados a estes empreendimentos, e que

posteriormente, traduzem-se em espaços de pouca funcionalidade.

Desde que a cidade ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos, porém, a

situação do parque aquático ganhou ainda outros tantos vultos. Construído em

terreno arenoso e irregular, as instalações do complexo aquático já sofreram com

inúmeros problemas decorrentes de rachaduras em suas estruturas, inutilizando-as

de possíveis utilizações das suas dependências. Além disso, já se tinha

conhecimento, antes mesmo de concluída sua obra para os Jogos Pan-Americanos,

que o parque aquático nas condições em que fora projetado, não serviria para os

Jogos Olímpicos, mesmo que o Rio de Janeiro, à época, já fosse candidata ao

evento.

O fechamento do Parque Maria Lenk para sua adaptação aos padrões

olímpicos, também evidencia, tal qual o velódromo carioca, a falta de espaços

adequados para o treinamento de atletas, visto a inexistência de dependências

esportivas que contém o mínimo de estrutura para treinos e disputas de suas

modalidades.

36

Outro caso a ser comentado foi a Vila do Pan (Figura 5) como ficou conhecida

a área com os condomínios que serviram de moradia para os que vieram competir.

O condomínio residencial foi vendido após o uso no Pan-Americano e em menos de

dez anos após a inauguração, possui muitos problemas estruturais como: chão

cedendo, crateras enormes abertas no meio da rua, grades de seguranças caindo

são apenas alguns dos problemas das pessoas que vivem no local. (GLOBO, 2015)

Figura 6: Vila do Pan Fonte: Extra, 2014

Possui cerca de cinco mil moradores que convivem diariamente com o risco

de verem seus apartamentos desabando. Há investimentos públicos em torno de R$

62 milhões para a área externa, mas ainda insuficiente para reverter todo problema.

O projeto acabou custando duas vezes seu valor para os cofres públicos. (GLOBO,

2015).

Foi parte marcante da realização dos Jogos Pan-Americanos as denúncias de

corrupção, má gestão de recursos, superfaturamento de obras, excesso de verbas

públicas utilizadas nos projetos de intervenção e reestruturação, entre tantos outros

elementos listáveis, e que, tal como naquele momento, ainda continuam a compor a

realidade da cidade, em um panorama onde se mudam os eventos e mantêm-se os

mesmo problemas. No Tribunal de Contas da União (TCU) foram encontrados vários

indícios de irregularidades entre eles: subcontratação irregular, excesso de

alterações contratuais, deficiência na fiscalização do contrato, atos de gestão

antieconômicos e, principalmente, indícios de superfaturamento. Houve aumento de

37

quase 800% nos custos. De R$ 410 milhões, em 2002, a conta fechou em R$ 3,7

bilhões em 2007. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2011).

Com um dos orçamentos finais mais caros da história dos Jogos Pan-

Americanos, os jogos do Rio de Janeiro acabaram por gerar massivas críticas no

tocante à eficiência pública para com os gastos envolvidos na realização de eventos

de grande porte na cidade (MOLINA, 2014).

Assim, a maioria da cidade sequer vivenciou alguma modificação direta

promovida pelos Jogos Pan-Americanos. A promessa de que a vinda do evento

significaria uma ampla reestruturação urbana, mostrou-se enormemente excludente,

ao passo que se voltou a áreas com alto potencial econômico.

2.4 OS IMPACTOS E LEGADOS SOCIAIS DA COPA DO MUNDO DE 2014 E DAS

OLIMPÍADAS DE 2016

Os legados sociais dos megaeventos do Rio de Janeiro são muitos e

apresentam prós e contras. A soma de investimentos presentes nos megaeventos é

necessariamente grandiosa, como debatido no capítulo anterior. Porém, tal como

vemos no Brasil, estes recursos em pouco se têm revestido em melhorias

substanciais dos quadros socioespaciais das cidades “agraciadas” por tais eventos

(COSENTINO, 2015).

O geógrafo David Harvey facilita a compreensão dos legados sociais ao dizer

que:

Esses investimentos enfocam, cada vez mais, a qualidade de vida. A valorização de regiões urbanas degradadas, a inovação cultural e a melhoria física do ambiente urbano (incluindo a mudança para estilos pós-modernistas de arquitetura e design urbano), atrações para consumo (estádios esportivos, centros de convenção, shopping centers, marinas, praças de alimentação exóticas) e entretenimento (a organização de espetáculos urbanos em base temporária ou permanente) se tornaram facetas proeminentes das estratégias para regeneração urbana. (HARVEY, 2005, p. 176).

Segundo Harvey (2005), os anseios dos gestores urbanos desses espaços

em atrair investimentos econômicos foram motivados devido à desindustrialização, o

desemprego, a austeridade fiscal, ao neoconservadorismo, ao forte apelo à

38

racionalidade do mercado e da privatização, ao declínio do Estado-Nação no

controle do fluxo monetário multinacional, entre outros fatores, que acabam por

lançar muitas cidades numa crise socioeconômica.

Os impactos sociais dos megaeventos têm início com as parcerias público-

privadas (PPPs), uma das principais características presentes nestes modelos

empreendedores de gestão da cidade. Este tipo de parceria compreende um

conjunto de ações estratégicas voltadas à captação de recursos públicos e privados

que funcionam, de forma conjunta, como financiamento a investimentos diversos.

No caso específico do Rio de Janeiro, este tipo de parceria está presente na

quase totalidade de investimentos presentes em obras de adequação da cidade para

grandes eventos, como o são a Copa do Mundo e as Olimpíadas, por exemplo.

Sendo o principal instrumento de financiamento de obras de mobilidade urbana e

construção de aparelhagens esportivas na cidade envolta aos megaeventos, este

tipo de parceria frequentemente suscita dúvidas quanto à sua real eficácia.

Geralmente envolvendo grandes somas de dinheiro público, as parcerias público-

privadas tornaram-se alvo de críticas, principalmente quando da observância aos

seus elevados custos e pouco retorno social em benefícios diretos para a população.

Alinhadas às ações e estratégias mercadológicas presentes nas cidades mundo

afora, as parcerias firmadas entre o setor público e o privado acabam por garantir a

viabilização de grandes projetos de intervenção nos espaços destas (CAVALCANTI,

2014).

Conforme visto anteriormente, os legados dos Jogos Pan-Americanos não

foram muito positivos e/ou pouco aproveitados pela cidade. Passado este

megaevento, a cidade do Rio de Janeiro passou a se preparar para a Copa do

mundo de 2014. O momento era de tensão. Mudanças no tráfego e as obras de

melhoria triplicaram os engarrafamentos da cidade. Durante a Copa das

Confederações ― evento teste para a realização da Copa do Mundo ― ocorreram

diversas manifestações contra o governo, que administrava as obras sem muita

transparência, deixando de investir em campos primordiais para o desenvolvimento

do país, tais como saúde e educação.

O desenvolvimento de ações baseadas na tentativa de promover uma

imagem positiva dos espaços urbanos coloca-se como um dos principais elementos

utilizados afim de que essas áreas se adequem e tornem-se aptas aos imperativos e

demandas do mercado. “Numa época de comunicação de massa, telecomunicações

39

e intensa produção cultural, a imagem da cidade torna-se tão importante quanto à

realidade.” (HARVEY, 2005). De fato, o importante não é o que a cidade é, mas sim

o que ela oferece para atrair os capitais internacionais. Estaríamos, segundo Vainer

(2011), vendendo imagens.

No planejamento estratégico do Rio, por exemplo, está escrito que um dos problemas da cidade é a visibilidade da população de rua. Ou seja, o ruim não é haver pessoas que não possuem moradia, mas sim elas serem visíveis. Se nós conseguirmos escondê-las, nosso imbróglio está resolvido. A miséria se torna um problema paisagístico. Nesse sentido, a cidade é pensada como uma mercadoria de luxo; não é qualquer um que pode tê-la. (VAINER, 2011)

Ainda na esteira dos legados dos megaeventos, veremos que a tensão ainda

se faz presente nas cidades. No Rio de Janeiro, as Unidades de Polícia

Pacificadora, (UPPs) planejadas para fazer uma espécie de cordão de segurança às

áreas mais valorizadas da cidade, estão deixando de cumprir seu papel. Passada a

euforia da primeira UPP, a polícia tem se mostrado despreparada, resultando em

frequentes notícias nos jornais.

A população encontra-se extremamente descontente com a falta de

transparência na política. Escândalos envolvendo a Petrobras ― maior estatal

brasileira ― e a desvalorização dos professores que mobilizou a classe a protestar

em diversas partes do país tornou os milionários investimentos em infraestrutura

para a realização do próximo megaevento, extremamente incoerentes.

Adequando-se às necessidades consideradas como de extrema importância

para a viabilização destes dois grandes torneios esportivos internacionais, o Rio de

Janeiro tem passado, então, a contar com diversos planos de intervenção em suas

estruturas físicas, sobretudo de forma a garantir a adaptação da cidade às normas,

objetivos e regulamentos pensados e mantidos entre as entidades esportivas e os

governantes envolvidos no planejamento e gestão destes.

As mudanças empreendidas na área de transportes, instalações esportivas e

gerais, moradia e segurança adquirem importância estratégica para a cidade envolta

aos megaeventos tratados aqui por estarem atreladas à ideia de funcionalidade do

espaço urbano, sendo o pilar do conjunto de estruturas ditas necessárias para o seu

bom funcionamento. É a partir desta ótica, inclusive, que se busca muitas vezes a

legitimação dessas intervenções, apoiando-as sob o discurso de serem, além da

40

melhor opção, também imprescindíveis ao desenvolvimento da cidade como um

todo.

2.4.1 TRANSPORTES

Em meio aos anúncios de que o Rio abrigaria a Copa do Mundo e as

Olimpíadas, houve a consolidação gradativa na escolha de projetos envolvendo

grandes parcerias com o setor privado. Privatizações mediante concessões

tornaram-se comuns durante o desenrolar de muitos projetos na área de transportes.

A privatização de aeroportos e a implantação do sistema de BRTs na cidade são

claros exemplos.

Considerada como a principal mudança presente na área de transportes no

Rio de Janeiro, a implantação do sistema BRT (sigla em inglês para Bus Rapid

Transit) é um dos grandes empreendimentos colocados em prática na cidade,

estando diretamente associado à lógica de sua adequação ao recebimento dos dois

eventos. Já o BRTranscarioca, inaugurado em junho de 2014, liga os bairros da

Barra da Tijuca e da Ilha do Governador. Segundo dados da própria prefeitura, a via

demandou um investimento total de R$ 1,5 bilhão, sendo, deste total, R$ 1,1 bilhão

oriundos de recursos federais.4 Esse BRT atende quatorze bairros: Barra da Tijuca,

Curicica, Taquara, Tanque, Praça Seca, Campinho, Madureira, Vaz Lobo, Vicente de

Carvalho, Vila da Penha, Penha, Olaria, Ramos e Ilha do Governador.

O BRT TransOeste, que interliga os bairros da Barra da Tijuca ao de Santa

Cruz e Campo Grande, começou a operar no mês de junho de 2012. Em seu projeto

atual, a via terá início no Jardim Oceânico, área da Barra da Tijuca –local próximo à

futura estação da Linha 4 do Metrô, e seguirá até as estações da Supervia em

Campo Grande, pela Avenida Cesário de Melo, e da de Santa Cruz, pela rua Felipe

Cardoso5.

Já o BRT TransOlímpica, esta via de nome sugestivo, ainda em fase de

construção, ligará futuramente o bairro da Barra da Tijuca ao de Deodoro, na zona

norte da cidade. Esses dois destinos serão importantes locais de competição

durantes as Olimpíadas de 2016, e por isso, é considerada uma via estratégica para

4 Conferir em: http://www.cidadeolimpica.com.br/projetos/transcarioca/ Acesso em 09 de maio

de 2015. 5 Conferir em: http://www.cidadeolimpica.com.br/projetos/transoeste/. Acesso em 09 de maio

de 2015.

41

os Jogos. Com um investimento total estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão, este

corredor expresso fará ligação com a TransCarioca, na altura do bairro da Taquara,

e também com a TransOeste, desta vez na altura do Recreio dos Bandeirantes.

Também se interligará a outros modais, como, por exemplo, aos trens da Supervia

no bairro de Deodoro. O financiamento da via será realizado mediante parceria com

a iniciativa privada através de um sistema de concessão, que dá, dentre outros, o

direito de construção, manutenção e operação da via durante 35 anos6.

Apesar do grande dispêndio de dinheiro e dos congestionamentos decorrentes

das obras que alvoroçaram a população carioca, os BRTs terão como legado

positivo um significativo aumento da qualidade de vida da população devido à

redução do tempo gasto no deslocamento. Como benefícios pode-se citar também a

possibilidade de reorganização e melhoria da atual malha rodoviária da cidade, já

bastante saturada. Os BRTs representariam uma possibilidade viável e eficaz à

problemática da mobilidade urbana, considerada de extrema importância para a

“funcionalidade” da cidade como um todo.

Até o presente momento, pode-se traçar como legado negativo as remoções

realizadas na Zona Oeste da cidade. Segundo o Dossiê elaborado pelo Comitê

Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro7, “em áreas de interesse do capital

imobiliário, a máquina destruidora de casas populares, operada pela Prefeitura

Municipal, atua de forma mais intensa. Ou seja, a maioria das remoções está

localizada em áreas de extrema valorização imobiliária, como Barra da Tijuca,

Recreio, Jacarepaguá e Vargem Grande. Os investimentos públicos realizados em

transporte (BRTs) privilegiaram essas mesmas áreas, multiplicando as

oportunidades de investimento e retorno financeiro na produção habitacional para

classe média e alta e na produção de imóveis comerciais.”.

2.4.2 INSTALAÇÕES ESPORTIVAS

Inúmeras instalações esportivas também participam deste modelo de

intervenção urbana adotado na cidade do Rio de Janeiro com planos de reforma e

também de construções de novas instalações. O exemplo mais emblemático ― o do

6 Fonte: http://www.cidadeolimpica.com.br/projetos/transolimpica/. Acesso em 09 de maio. de

2015. 7 Fonte: Dossiê do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas. Rio de Janeiro, 2011.

42

estádio do Maracanã ― será analisado mais adiante. Iniciaremos com algumas

observações sobre o Parque Olímpico.

A reforma do O Parque Olímpico, localizado na Barra da Tijuca também teve

sua construção ligada a polêmicas. O projeto conta com a construção do novo

velódromo da cidade, obra que já havia ocorrido à época do Pan-Americano de

2007. O velódromo do Pan foi totalmente destruído para dar lugar ao seu prospecto

mais novo ainda: o velódromo do Parque Olímpico.

Com obras iniciadas em julho de 2012, este Parque terá instalações

temporárias e permanentes, a construção de inúmeras instalações esportivas

ligadas às Olimpíadas, como, por exemplo, aquelas necessárias para as disputas de

basquetebol, judô, handebol, tênis, polo aquático, natação, entre outros8.

Como legado positivo, a Prefeitura afirma que após o fim das competições o

local do Parque será de grande funcionalidade e utilidade para a cidade9. As

instalações esportivas provisórias, após serem transferidas para outros locais (não

mencionados pela mesma em nenhum momento), darão lugar a espaços públicos

como escolas, creches e clínicas de saúde. O Parque se tornará, segundo informa a

mesma, uma grande área residencial e comercial, com grande capacidade em

captação de novos empreendimentos e investimentos diversos, transformando-se

em uma área que será referência em planejamento urbano e sustentabilidade para a

cidade. O projeto prevê que, até 2030, equipamentos esportivos e novos

empreendimentos formarão um novo bairro residencial – de tamanho equivalente ao

bairro do Leme - que será referência para a cidade. Será um bairro com novos

componentes de eficiência energética, sustentabilidade e acessibilidade. Atendido

por duas das novas linhas de BRT, a TransOlímpica e a TransCarioca, o Parque

Olímpico será um bairro aberto, ao contrário da maioria dos condomínios da Barra

da Tijuca. O Parque Olímpico também será o local do principal legado esportivo dos

Jogos Rio 2016: o Centro Olímpico de Treinamento, voltado para atletas de alto

rendimento.10

O Maracanã, mais famoso estádio de futebol brasileiro, teve sua obras

executdas pelo Consórcio Maracanã Rio 2014, formado pelas construtoras

Odebrecht Infraestrutura e Andrade Gutierrez. As obras no estádio e em seu entorno

8 Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/sbj/exibeconteudo?id=4456247 9 Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=5129600 10

Tal como exposto em: http://www.rio2016.com/noticias/noticias/sonho-do-primeiro-centro-olimpico-de-treinamento-do-pais-comeca-a-virar-realidade

43

motivaram inúmeras discussões acerca do tipo de parceria adotada, sobre os altos

custos de dinheiro público envolvido (DAMO & OLIVEN,2013).

O custo da reforma ultrapassou a um bilhão de reais oriundos de verbas

públicas, o que acabou por motivar inúmeros protestos, reinvindicações e indignação

por parte de diversas entidades civis. O consórcio firmado entre a Odebrecht, a IMX

Venues, Arena S.A e a Administração de Estádios do Brasil LTDA (AEG) venceram

o processo licitatório de concessão da gestão do estádio pela iniciativa privada.

Juntas, o consórcio permitiu que as empresas tornassem-se as gestoras oficiais do

Complexo do Maracanã, sendo responsáveis pela gestão, operação e manutenção

nos próximos 35 anos11.

O Complexo Maracanã foi palco de inúmeros protestos, não só pelo alto gasto

de dinheiro público com as obras, ― que já estavam atrasadas ― como também

devido aos inúmeros dispositivos judiciais que ora autorizavam e ora impediam a

demolição da Aldeia Maracanã, um plano que visava a execução do projeto de

modernização do Complexo Esportivo.

Em fevereiro de 2013, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar

(BOPE), em tentativa de desocupação da construção, ocupada à época por

membros indígenas e simpatizantes da causa, acabaram por promover um dos

grandes embates diretos entre os responsáveis pelo projeto e àqueles contrários a

tal política de intervenção12. À época, diante da pressão de lideranças indígenas,

movimentos sociais, estudantes, comitês populares, organizações de Direitos

Humanos, dentre outros, desistiu-se da demolição da construção. Atualmente, ainda

em meio a discussões sobre o futuro da Aldeia Maracanã, existe por parte do

governo municipal, a ideia de transformá-la em uma futura área de estudos da

cultura indígena.

2.4.3 O PORTO MARAVILHA

O projeto Porto Maravilha foi criado para a reestruturação da região central da

cidade do Rio de Janeiro. A zona portuária esteve durante anos abandonada, apesar

11

Fonte: http://www.maracanario2014.com.br/o-projeto/. Acesso em 9 de maio de 2015. 12

Conferir em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130322_aldeia_cq_atualiza.shtml. Acesso em 12 de maio. de 2015.

44

de sua localização estratégica e com grande valor histórico para a capital

fluminense. A expectativa é desenvolver o potencial construtivo de até cinco milhões

de metros quadrados e incrementar vocações já existentes no local, atendendo a

fins comercial, residencial, de turismo, educacional, cultural e habitacional.

Mesmo não estando associado de forma direta à Copa do Mundo ou às

Olimpíadas, tal projeto transparece os ideários de cidade adequada a novos padrões

de desenvolvimento e economia. Está prevista a construção de grandes prédios

empresariais, comerciais e residenciais, áreas de lazer, cultura e de consumo,

abertura de vias expressas, reurbanização de ruas e praças do entorno, dentre

outras intervenções na infraestrutura da área. Lá também será erguido futuramente o

Museu do Amanhã, na região do Píer Mauá. Com pretensões futurísticas, o projeto

deste novo espaço cultural, segundo a prefeitura, tornará a cidade referência

mundial em cultura, lazer e qualidade de vida13.

Na contramão destas ditas positivas contribuições, existem problemas que

decorreram na implantação do projeto. Entre eles, as remoções forçadas,

principalmente no Morro da Providência e na região da Rua do Livramento, a falta de

informações dos moradores sobre seu novo destino e as novas condições de vida,

as indenizações insuficientes de R$ 400 reais e a truculência muitas vezes cometida

em ações do poder público14.

2.4.4 O CASO DAS REMOÇÕES NO RIO DE JANEIRO

Dentre os inúmeros casos que corroboram para os processos de exclusão

socioespacial no Rio de Janeiro, destaca-se notoriamente a questão das remoções

de moradias para fins de reorganização e refuncionalização destes espaços.

Inúmeras comunidades vêm sendo removidas de forma a atender aos objetivos do

projeto. Mas, quais seriam os impactos gerados por tal modelo?

Sabendo-se que a desapropriação compulsória de milhares de pessoas de

suas residências encontra-se diretamente atrelada ao grande potencial de

valorização compreendido por estes espaços, bairros da zona oeste do Rio de

Janeiro, como os da Barra da Tijuca, Recreio e Taquara, por exemplo, configuram-

13

Ver em: http://portomaravilha.com.br/ 14

Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/08/remocao-de-familias-para-obras-da-copa-e-das-olimpiadas-gera-polemica.html

45

se hoje como alguns dos que mais sofrem com o processo de desapropriação de

milhares de casas localizadas em suas áreas de baixa renda. Tais estratégias

promovem o embelezamento da cidade, com vistas a um processo de renovação

urbana onde as cidades, conforme sinaliza Vainer (2002), são embelezadas diante

da necessidade de atração dos investimentos empresariais e atração do turismo.

Segundo Vainer (2011), o objetivo é fazer da cidade uma vitrine e, para isso,

é preciso esconder tudo aquilo que gera críticas, tudo o que não se coloca na vitrine,

que é pobreza, miséria. A inexistência de indenizações apropriadas por parte do

poder público no atendimento às pessoas desapropriadas de suas casas, bem como

também às questões referentes ao desrespeito promovido pelas entidades públicas

envolvidas durante o processo de remoção.

No caso específico das intervenções na região portuária, para que todo o

pacote de intervenções projetado para este projeto pudesse ser consolidado,

inúmeras ações de despejo na área foram colocadas como sendo estritamente

necessárias à sua realização. O morro da Previdência, com mais de 100 anos de

história, está sendo assim uma destes espaços periféricos a sofrerem remodelações

em sua configuração, a partir de intervenções em suas estruturas físicas.

Outras comunidades são prejudicadas, como o Morro da Previdência, com os

atuais processos de remodelação em infraestrutura da cidade. Casos como o da Vila

Autódromo, em Jacarepaguá, comunidade Arroio Pavuna, também no bairro da zona

oeste; comunidade da Estradinha, situada na ladeira dos Tabajaras, em Botafogo,

comunidade Asa Branca, em Curicica, Taboinha, em Vargem Grande, comunidade

do Metrô Mangueira, no bairro carioca de mesmo nome, Vila Harmonia, no Recreio,

entre tantas outras citáveis, são também demonstrativas da forma como tal política

tem se desenvolvido no Rio de Janeiro15.

Considerando todos os casos de remoções presentes na cidade do Rio de

Janeiro, vê-se que a maioria destes localiza-se em bairros de grande interesse

estratégico do ponto de vista dos investimentos pensados para a cidade.

Fazendo-se um comparativo com o passado, o processo de remoção já foi

vivido pela cidade à época da conhecida reforma Pereira Passos, onde, tal qual

atualmente, vários de seus cortiços e habitações populares foram igualmente

15

Ver: http://www.apublica.org/wp-content/uploads/2012/09/dossic3aa-megaeventos-e-violac3a7c3b5es-dos-direitos-humanos-no-rio-de-janeiro.pdf

46

destruídos, com sua população sendo transferida compulsoriamente para outras

áreas da cidade (BENCHIMOL, 1990).

2.4.5 POLÍTICAS DE SEGURANÇA

A manutenção de sólidas políticas de segurança é colocada como uma das

necessidades básicas às cidades com pretensões de sediar megaeventos e são,

inclusive, exigência de órgãos como a FIFA e o COI.

Configuram-se, neste cenário, como o principal modelo de segurança

implantado no Rio, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Projeto da

Secretária de Segurança Pública do Governo Estadual do Rio de Janeiro, as UPPs

foram pensadas como uma alternativa a falta de controle das forças de segurança

ao tráfico atuante nas favelas do estado.

Presente em muitas favelas cariocas, as UPPs acabaram, assim, por

representar uma nova estratégia de segurança e intervenção policial voltada ao

controle de espaços tidos como “perigosos”. Com ações relacionadas à entrada e

permanência de forças policiais no interior destes espaços, hoje, porém, seu legado

social, pode ser visto como altamente contestável. Passada a euforia que tomou

conta da cidade quando da instalação da primeira unidade pacificadora na

comunidade Santa Marta (Zona Sul) em 2008 e após a realização de grande parte

dos megaeventos designados à cidade do Rio de Janeiro, ― restando apenas as

Olimpíadas de 2016 ― as UPPs encontram-se atualmente num perigoso limiar entre

o sucesso e o fracasso. A falta de preparação dos policiais das UPPs, o abuso de

autoridade, o pagamento de propinas mediante concessão de favores e a presença

do tráfico, rendem constantemente matérias de jornais (OLIVEIRA, 2012).

47

3. ESTUDO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE OS MEGAEVENTOS

ESPORTIVOS NO TURISMO

O objetivo desse capítulo é a realização de um estudo bibliométrico da

produção científica sobre megaeventos na cidade do Rio de Janeiro. Para tanto, foi

realizado um levantamento bibliográfico nos principais periódicos de turismo, bem

como, a posterior sistematização e análise dos dados. Discutimos algumas

considerações importantes acerca do método utilizado para operacionalização da

pesquisa – a bibliometria. Também realizamos a apresentação dos dados obtidos

através da coleta do material de base da pesquisa e, por fim, algumas reflexões e

conclusões relacionadas ao número de produções, aos autores e suas respectivas

filiações institucionais, bem como, questões acerca da temporalidade e do

posicionamento desses pesquisadores com relação a temática dos megaeventos

esportivos.

3.1 MEGAEVENTOS CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL DA PRODUÇÃO

A problemática dos megaeventos e dos impactos sociais e espaciais que eles

geram não é temática discutida somente pelo turismo, mas por diversas áreas do

conhecimento. Nessa subseção traremos uma contextualização geral desta

produção.

Para tanto, coletamos trabalhos das seguintes áreas de conhecimento em

trabalhos como teses de doutorado, dissertação de mestrados, monografias de

graduação, artigos científicos e anais de eventos: Geografia, a Sociologia, a

Antropologia, a História, a Economia, Engenharia, Direito e Administração. Estes

trabalhos foram coletados utilizando o buscador Google Acadêmico.

Encontramos 48 trabalhos em busca feita com as palavras-chave

megaeventos e megaeventos esportivos. Foram criados quadros utilizando os

seguintes critérios: autor, tipo de publicação, área/assunto/referências/tipo de

impacto tratado.

Esse quadro (encontra-se completo no APENDICE B) possibilitou inferências.

A primeira delas está relacionada ao número de trabalhos por área de

conhecimento, como mostra a figura 6:

48

Figura 7: Área de Conhecimento

Fonte: Do autor, 2015

Observamos que as áreas que mais escreveram entre os trabalhos que

pesquisamos foi Geografia e Arquitetura e Urbanismo, representando ambas 21 %

do total. Na sequência veio Engenharia com 15%, Sociologia com 13%,

Administração com 8 %, Economia e Direito com 6%, Ciência Política e Educação

Física com 4% e, por fim, Antropologia com 2%.

A predominância das áreas de conhecimento Geografia e Arquitetura e

Urbanismo pode ser atribuída a tradição destas áreas nos estudos das

problemáticas urbanas pelo escopo de seus objetos de estudos. A Sociologia

também tem interesse quando a questão está relacionada com os problemas

sociais.

Entretanto, áreas como o Direito e a Administração problematizaram a

questão dos megaeventos e de seus impactos. A partir de discussões e elementos

de interesse específicos, os pesquisadores buscam também contribuir para a maior

visibilidade da temática dentro do campo científico. A partir da análise dos textos

coletados, podemos apontar as principais temáticas e posições adotadas pelos

pesquisadores de cada área (Figura 8):

49

Figura 8: Palavras-chave Fonte: do Autor, 2015

Legenda

1 Geografia 2 Arquitetura e Urbanismo 3 Engenharia

4 Sociologia 5 Administração 6 Economia

7 Direito 8 Ciência Política 9 Educação Física

10 Antropologia

As temáticas desenvolvidas pelas várias áreas do conhecimento com relação

aos megaeventos são diversificadas, encontramos 22 palavras-chaves. Isto

demonstra a diversidade investigativa da temática que pode partir de questões

extremamente técnicas, como aquelas discutidas pelas Engenharias, passando por

problemáticas de planejamento e conflitos urbanos abordados pela Geografia e pela

Palavras-Chave

Áreas do Conhecimento

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Conflitos Urbanos

Crescimento/ Desenvolvimento Econômico

Desenvolvimento Esportivo

Desenvolvimento sociocultural

Engenharia Ambiental

Engenharia Cartográfica

Gentrificação

Gerenciamento de Projetos

Globalização

Impactos Ambientais

Impactos Populacionais

Infraestrutura

Marketing Urbano

Mobilidade Urbana

Modelo Econômico

Participação da Iniciativa Privada

Políticas Públicas

Questões Imobiliárias

Segurança

Transformações Territoriais

Turismo

Urbanização

50

Arquitetura, chegando a reflexões acerca dos impactos ambientais que esses

megaeventos trazem.

Entretanto, apesar de diferirem do enfoque dado ao estudo dos megaeventos

há temas pertinentes em várias áreas de estudo e apenas um tema foi abordado

apenas por uma das áreas de estudos, o caso da gestão de projeto. O tema que foi

mais mencionado nas áreas de estudos foi a gerntrificação, seguido por

crescimento/ desenvolvimento econômico. O tema turismo foi abordado somente por

três áreas: Administração, Economia e Antropologia.

Podemos separar as temáticas em de cunho econômico administrativo com

seis temas, de cunho social urbano com dez, de cunho ambiental dois e de cunho

técnico quatro. Esta separação não é nada precisa, na medida em que as áreas não

são tão delineadas assim. Elas foram estabelecidas para se ter uma dimensão das

tendências da pesquisa.

3.2 MEGAEVENTOS CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO EM TURISMO

Na coletânea Elementos para uma História das Ciências, Michel Serres

(1996) discute que uma das principais preocupações que os cientistas deveriam ter

está relacionada com a maneira através da qual o conhecimento científico viaja.

Trazendo reflexões que buscam compreender a disseminação da ciência, o autor

reforça a crítica acerca da atenção limitada que os pesquisadores dedicam à

questão. De fato, trabalhos que buscam compreender os meios através dos quais o

conhecimento acadêmico é divulgado não são abundantes. Nesse sentido, essa

subseção é, também, uma contribuição para essa problemática.

De acordo com Gonçalves, Ramos e Castro (2006, pp. 170), a principal

função das revistas científicas é o registro e a difusão do conhecimento, bem como,

“[...] favorecendo a comunicação entre pesquisadores e as comunidades científicas

e, consequentemente, contribuindo para o desenvolvimento, atualização e avanços

científicos.”.

A divisão do conhecimento em áreas específicas reforça a importância desses

meios de publicação que possibilitam tanto olhares específicos como também canais

de comunicação entre pesquisadores de diferentes ramos do saber. Weitzel (2006)

aponta alguns aspectos positivos com relação às revistas científicas, sendo sua

estrutura o mais relevante. De fato, quando pensamos nos jornais e periódicos

51

digitais os aspectos que mais chama atenção dizem respeito: a velocidade a partir

da qual novas publicações são disponibilizadas, a facilidade na busca direcionada,

bem como, a maior democratização do saber.

Obviamente, o acesso a determinados periódicos, principalmente os de maior

impacto no campo científico, raramente é gratuito. Esse fato foi constatado ao longo

do trabalho empírico de coleta de dados nessa pesquisa. Entretanto, também

observamos inúmeros periódicos que tinham a gratuidade e maior democratização

do conhecimento como premissas básicas. Esse fato é interessante e leva a

considerações acerca das políticas do saber que vêm sendo discutidas na Filosofia

da Ciência (MIGNOLO, 2010; MORIN, 1998).

Para operacionalização da pesquisa foi realizado um levantamento

bibliográfico nos periódicos de turismo tendo como base o indexador científico

disponível no Portal de Periódicos e no Qualis da CAPES. Considerando que ambos

são os principais meios de avaliação e divulgação científica e intelectual do país, a

opção de utilizá-los justifica-se.

O Qualis CAPES é um conjunto de procedimentos para estratificação da

qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação no Brasil. Esse

sistema de classificação avalia, também, os periódicos científicos e qualifica-os de

acordo com sua relevância e impacto no cenário científico, ou seja, revistas e jornais

classificados como A1 e A2 têm grande impacto enquanto aqueles qualificados

como C e D são menos relevantes devido ao seu alcance em menor escala e

produções de caráter limitado.

O uso do Qualis CAPES é interessante devido ao fato de que a categorização

dos periódicos é realizada por áreas de interesse, o que garante a possibilidade de

direcionar a atenção apenas para periódicos de Turismo. Não foi objetivo deste

trabalho esgotar toda a produção acadêmica relacionada aos megaeventos

esportivos e o turismo. O limite de tempo não permitiria tal feito.

Para ampliar o universo da pesquisa foi realizada a busca de material

bibliográfico em outras bases de dados como na página Publicações de Turismo16

que conta com mais de 1.700 livros e 30 periódicos indexados. Utilizou-se, também,

essa ferramenta com o intuito de contemplar possíveis meios de divulgação

16 www.publicacõesdeturismo.com.br

52

científica que poderiam ter sido desconsiderados previamente nos periódicos de

turismo do Portal de Periódicos e no Qualis da CAPES.

Completou-se a busca nas bibliotecas digitais da Taylor & Francis, Wiley e

Sage. Essas fontes de buscas são interessantes e possuem um rico banco de dados

devido ao fato de que essas três editoras são responsáveis por grande parte da

divulgação científica mundial. No mesmo sentido, o Journal Citation Report, base

estatística que busca divulgar o fator de impacto das publicações, contempla os

principais periódicos mundiais. O objetivo é o de criar uma lista de periódicos que

fosse capaz de representar a produção bibliográfica acerca da temática em uma

escala global, não voltada, portanto, apenas às publicações brasileiras.

O total de periódicos com publicações sobre o tema foi de 47, sendo 24

brasileiros e 23 internacionais. A busca por textos de interesse foi feita a partir da

consulta direta nos arquivos digitais de cada revista, bem como, através do uso da

ferramenta de busca de palavras-chave.

A Figura 8 mostra quais periódicos nacionais possuem publicações em

periódicos sobre o tema. Os quadros completos dos periódicos estão no Apêndice A.

Figura 9: Periódicos Nacionais com artigos sobre o tema

Fonte: Do autor, 2015

A figura 9 mostra a quantidade de artigos encontrados sobre o tema nos

periódicos nacionais e a figura 10 nos periódicos internacionais.

Nome dos Periódicos Internacionais com Artigos sobre o Tema

Revista Observatório de Inovação e Turismo

Turismo e Sociedade

Turismo em Análise

53

Figura 9: Publicações em periódicos nacionais

Fonte: Do autor, 2015

Foi encontrada uma produção na Revista do Observatório de Inovação e

Turismo, três na Revista Turismo em Análise e seis na Revista Turismo e

Sociedade, computando dez artigos em periódicos nacionais.

As revistas internacionais que publicaram sobre o tema foram (Figura 11): Os

quadros completos dos periódicos estão no Apêndice A.

Figura 11: Periódicos Internacionais com artigos sobre o tema

Fonte: Do Autor, 2015

A figura 8 apresenta as publicações encontradas sobre o tema em periódicos

nacionais por quantidade.

Nome dos Periódicos Internacionais com Artigos sobre o Tema

Cuadernos de Turismo

Current Issues in Tourism

European Sport Management Quarterly

International Journal of Sport Policy

International Journal of Tourism Research

Journal of Hospitality and Tourism Research

Journal of Travel and Tourism Marketing

Leisure Studies

Pasos: Revista de Turismo y Patrominio Cultural

Tourism Management

Tourism Planning and Development

54

Figura 12: Publicações em periódicos internacionais

Fonte: Do autor, 2015

Foram encontradas 63 publicações em periódicos estrangeiros: uma na

Cuadernos de Turismo, seis na Currente Issues in Tourism, sete na European y

Perspectiva en Turismo, quatro no Internacinal Journal of Sport Policy, onze na

International Journal of Tourism Research, um no Journal of Hospitality and Tourism

Research e também um no Journal of Travel anda Tourism Marketing como também

na Pasos Revista de Turismo y Patrimônio Cultural, vinte um na Leisure Studies,

onze na Tourism Management e dois na Tourism Planning and Development.

No total, foram coletados 81 textos dos quais apenas 12% são em língua

portuguesa. Todo o material bibliográfico foi tratado em quadros (Apêndice A) e é a

partir dele que a análise bibliométrica foi realizada. Focamos nossa atenção nas

questões relacionadas às autorias, as redes de colaboração entre autores, na

evolução temporal das publicações, nos espaços de produção, nos meios de

divulgação científica, bem como, na sistematização das problemáticas

desenvolvidas nas pesquisas.

Na Figura 12 apresentaremos os periódicos mais representativos, entendo

neste trabalho, a representatividade é entendida como a maior quantidade de

publicações sobre o tema estudado.

55

Figura 13: Periódicos Mais Representativos

Fonte: Do autor, 2015.

O periódico mais representativo foi o Leisure Studies, que tem um fator de

impacto17 de 1.024 e é organizado pela Leisure Studies Association, um grupo de

pesquisa especializado em questões de lazer e turismo no Reino Unido. O

International Journal of Tourism Research, que representa 13% das publicações e

também conta com um fator de impacto de 1.024, bem como, o Tourism

Management com fator de impacto de 2.377 também são procedentes do Reino

Unido.

Quanto à filiação institucional dos autores mais produtivos observamos que a

maioria deles encontra-se em instituições de ensino superior e de pesquisa norte-

americanas. É isso que mostra a tabela a seguir que compreende os autores mais

produtivos, bem como, suas instituições de procedência. Somam um total de 17 e

suas publicações representam mais da metade de todos os artigos coletados – 52%.

17

O fator de impacto de um periódico está relacionado com a quantidade de citações dos artigos publicados.

56

PUBLICAÇÕES AUTOR INSTITUIÇÃO

06 Kiki Kaplanidou University of Florida

05 John Horne University of Central Lancashire

03 Harry Arne Solberg University College

03 Matthew Walker

Texas A&M University

03 ShiNa Li

Leeds Beckett University

02 Brijesh Tapa University of Florida

02 Calvin Jones Cardiff Business School

02 Choong-Ki Lee Temple University

02 Daniel C. Funk Temple University

02 Graham Brown South Australia University

02 Heather J. Gibson University of Florida

02 Rob VanWynsberghe The University of British Columbia

02 Rob VanWynsberghe The University of British Columbia

02 Sam Seongseop Kim Hong Kong Polytechnic University

02 Soo-Bum Lee Carnegie Mellon University

02 Sue Geldenhuys Tshwane University of Technology

02 Tor Georg Jakobsen Norwegian U. of Science and Tech.

02 Willie Coetzee Tshwane University of Technology

Figura 14: Autores mais produtivos e instituições

Fonte: Do autor, 2015

57

Figura 15: Nacionalidade dos autores mais representativos

Fonte: Do autor, 2015

A seleção de quais autores seriam mais produtivos teve como critério de

escolha aqueles que possuíam mais de um artigo sobre megaeventos esportivos e

turismo. É importante afirmarmos que esse dado não foi gerado a partir da

comparação entre autores de instituições educacionais brasileiras e autores de

instituições nacionais estrangeiras. Ao contrário, nossa análise da bibliografia foi

feita sem separações por países. A figura 14 representa os países das instituições

de procedência dos autores de maior produtividade.

As filiações institucionais dos autores demonstra que 41% deles são

provenientes dos Estados Unidos, seguidos por instituições do Reino Unido com um

total de 24%. Consideramos as instituições de trabalho dos autores e não suas

nacionalidades propriamente ditas uma vez que os espaços de produção nos quais

estão inseridos são muito mais relevantes.

Como lembra Doreen Massey (2008), a espaço é importante para

compreender as dinâmicas sociais e, na medida em que a ciência é feita por sujeitos

que estão espacialmente posicionados, a reflexão acerca dos espaços de produção,

bem como das políticas do conhecimento, são interessantes.

Foram identificados quinze autores oriundos das instituições brasileiras18,

cada um com uma publicação e em uma publicação um coautor da Universidad de

18 Para as referencia das instituições dos autores foram consideradas as que os autores

identificaram no artigo.

58

Girona (ES). Os autores que publicaram em português representam publicações

12% do total das publicações consideradas neste trabalho. Na figura 15

sistematizamos os autores e suas instituições de procedência.

INSTITUIÇÃO AUTOR

Centro Politécnico Curitiba Alexandre Gomes Ferreira

Centro Politécnico Curitiba Patricia Baliski

PUCPR Tassiana Pace

PUCPR Lecitia Hardt

UFPR Maria Henrique Minasse

UFPR Olga Lúcia C. F. Firkowski

UFPR Bruno Alberini

PUCSP Marlene Matias

Universidade Anhembi Morumbi Iata Oliver Fernandes Silva

USP Morupi Ishiy

Unirio Terma Santos

Unirio Maria Jaqueline Elicher

UFRRJ Willian Silva

UFRN Sergio Marques Junior

Universidade Potiguar Marcelo Chiarellu Milito

Universidad de Girona Lluís Mundet i Cerdan

Figura 16: Instituições e autores que publicaram em português

Fonte: Do autor, 2015

A primeira característica que chama atenção está relacionada à grande

quantidade de autores provenientes do estado do Paraná, 47% do total. Seguidos

por 20% em São Paulo e a mesma quantidade no Rio de Janeiro e 13% oriundos do

Rio Grande do Norte. As possibilidades de alguma relação entre a publicação destes

artigos por instituições situadas nestes estados pode ser a existência de Cursos de

Mestrado na área de Turismo e/ou Lazer e Hospitalidade (São Paulo, Paraná e Rio

Grande do Norte), ser sede da Copa do Mundo de 2014, ou ainda no caso do Rio de

Janeiro, ser também palco das Olimpíadas. Ademais apenas a partir dos dados

estatísticos no qual nos baseamos nessa pesquisa não é possível traçarmos

59

grandes considerações sobre os possíveis motivos dessa grande representatividade

de autores provenientes da Universidade Federal do Paraná, da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná e do Centro Politécnico, todas com sede em

Curitiba.

O que é preocupante com este resultado é a importância econômica e social

que os megaeventos esportivos tiveram no Brasil e o número de estudos científicos

nos periódicos estudados tenha sido tão pouco. Economicamente muito dinheiro foi

utilizado para promover os eventos esportivos no Brasil. Também as questões

sociais afloram por causa do impacto e pelo menos no estudo bibliométrico. Não foi

mensurada uma quantidade de estudos que pudessem ser compatíveis com a

importância destes megaeventos para o Brasil e para o Rio de Janeiro em especial.

Esse é um dado fundamental da nossa análise. A nossa área de conhecimento não

tem produzido trabalhos científicos que busquem compreender a complexidade dos

impactos e legados sociais dos megaeventos na cidade do Rio de Janeiro.

Quanto à titulação dos autores dos artigos em periódicos nacionais a figura 12

aponta que a 50% possui a titulação de mestre, seguido de 38% de doutores e

apenas 12% possui apenas a graduação. É importante elucidar que as titulações

são provenientes, também, de especializações em outras áreas, como

Administração, Arquitetura e Urbanismo e Geografia. Nenhum dos autores que

publicou em periódicos brasileiros possui mais de uma publicação na área.

Podemos apreender que provavelmente as publicações sejam de mestres e

doutores, pois é importante para pesquisadores neste nível de titulação produzir, já

que a produção é um dos critérios de avaliação dos pesquisadores.

As coautorias em estudos bilbiométricos auxiliam a identificar as redes de

colaboração científica entre pesquisadores de um mesmo programa, de um estado,

de uma nação e assim por diante. Segundo Silva (2002) o processo de produção

científica requer associações, negociações e estratégias para interligar o maior

número de elementos possíveis. O compartilhamento de informações, como a

associação das competências e a procura de conquistara as metas em comum

impulsiona a produção do conhecimento. Quando se trabalha no sistema de

compartilhamento pode-se obter economia de tempo e de recursos financeiros e

materiais, por isso, as agências financiadoras tem interesse em estimular estas

redes de cooperação. Com o avanço das tecnologias de comunicação e a facilidade

60

de deslocamento os pesquisadores tem conseguido compartilhar seus estudos entre

instituições e países (MAIA, CAREGNATO, 2008).

Analisando as coautorias dos artigos levantados, em relação a produção

nacional possui metade dos artigos em coautoria. Quando olhamos atenciosamente

para essas produções percebemos que é impossível identificar a constituição de

uma possível rede de colaboração. As coautorias são pontuais no sentido de que

não ligam diferentes autores entre si, apenas os envolvidos diretamente na produção

intelectual daquela pesquisa.

Essa dinâmica muda quando analisamos as coautorias entre os autores

internacionais. Podemos afirmar que a autora Kiki Kaplanidou, por exemplo, a mais

produtiva, está inserida em uma rede de colaboração entre autores. Ela possuiu

trabalhos em coautoria com outros autores, como Willie Coetzee e Matthew Walker;

seguindo a mesma lógica, observamos que Willie Coetzee também possui trabalhos

coautoria com Heather J. Gibson e Sue Geldenhuys. Essa dinâmica, que não limita a

cooperação científica apenas a dois autores, cria uma rede de colaboração.

Se levarmos em consideração que os estudos do turismo no Brasil é ainda

recente no que tange aos cursos de pós-graduação, podemos entender que ainda

não há muitas redes criadas como existem lá fora.

Essas redes são resultado da maior maturidade e expressividade da temática.

No mesmo sentido, a falta de colaboração entre os autores brasileiros e os de língua

inglesa também pode trazer considerações acerca da colonialidade do saber, onde

haja uma posição central da língua inglesa no circuito científico internacional.

Por fim, é importante demonstrar a temporalidade das publicações que foram

coletadas. Nos capítulos anteriores discutimos que a questão dos megaeventos é

recente e, mais recente ainda, quando consideramos o cenário brasileiro ou até

mesmo, o carioca. Nosso levantamento bibliográfico comprova isso de forma

indiscutível.

Como nossa metodologia de coleta foi amparada pelos periódicos, optamos

por não delimitar, a priori, um recorte temporal. Esse recorte foi estabelecido pela

própria temporalidade dos periódicos contemplados. Sendo assim, nosso recorte

temporal contempla os anos de 1973, ano da primeira edição do Annals of Tourism

Research até 2015. Na figura 12 o gráfico representa a evolução temporal das

publicações em intervalos de dois anos.

61

Como se observa na figura 12 é somente na década de 2000 que a produção

sobre megaeventos esportivos e turismo começa a ter maior representatividade. A

partir do ano de 2002, as publicações começam a se tornar cada vez mais

numerosas. Nos últimos cinco anos – 2000 a 2014 – foram publicados 63 trabalhos,

aproximadamente 78% da produção bibliográfica sobre a temática foi produzida

nesse recorte temporal.

No caso brasileiro justifica-se pela inclusão do país no circuito daqueles que

estão e estarão recebendo os eventos e, por isso, o interesse poderia ser

despertado. Embora em análise anterior pudéssemos mostrar que nas revistas

científicas de turismo não foi de grande expressividade.

Figura 17: Temporalidade das produções sobre megaeventos esportivos

Fonte: Do autor, 2015

O artigo mais antigo, de autoria de Philip C. Chang e Kiren K. Singh intitula-se

“Risk Management for mega-events: the 1988 Olympic Winter Games” e foi

publicado em 1990 no periódico Tourism Management. Se levarmos em

consideração a bibliografia presente neste periódico, observamos que foi apenas no

ano de 2005 que outro artigo relacionado aos megaeventos esportivos foi publicado.

62

Mais uma vez a pequena expressividade da temática se confirma. Passamos agora

para a última seção desse capítulo. Nela, serão discutidas as principais temáticas

dos textos sobre megaeventos esportivos e seus impactos.

Podemos considerar que as análises das ciências sociais sobre megaeventos

baseadas no conceito de sociedade do espetáculo de Debord (1992), podem ajudar

a entender este interesse maior a partir do século XXI. Segundo esta perspectiva os

megaeventos esportivos seriam compreendidos como uma expressão máxima da

sociedade do espetáculo devido à saturação dos produtos materiais do mercado

mundial. Pela necessidade da lógica da produção capitalista, os espetáculos dariam

continuidade neste consumo, gerando produtos e lucros que movimentariam esta

engrenagem de produção e consumo.

Cury (2013) mostra que embora com críticas as ideias de Debord (1972)

aponta para a utilidade econômica de um espetáculo como um megaevento

esportivo. Para ela estes eventos vão além da utilidade econômica, sendo um lugar

de troca de informações, de afirmação de status e identidade, também possuem

utilidade simbólica e apropriando-se de Appadurai, os pensa como “torneio de valor”

Torneios de valor são complexos eventos periódicos que, de alguma forma culturalmente definida, se afastam das rotinas da vida econômica. A participação nestes eventos tende a ser simultaneamente um privilégio daqueles que estão no poder e um instrumento de disputa de status entre eles. A moeda corrente destes torneios também tende a ser distinguida por meio de diacríticos culturais muito bem compreendidos. Finalmente, o que está em pauta nestes torneios não é apenas o status, a posição, a fama ou a reputação dos atores, mas a disposição dos principais emblemas de valor da sociedade em questão. Enfim, embora tais torneios de valor ocorram em épocas e lugares especiais, suas formas e resultados sempre trazem consequências para as mais mundanas realidades de poder e valor na vida comum. (APPADURAI, 2008, p. 36-37).

Poderíamos assim entender que a sociedade atual está mais propensa a

participar e a promover estes torneios de valor e, por isso, os estudos sobre este

tema tem obtido mais adeptos.

3.3 TEMÁTICAS SOBRE MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E SEUS IMPACTOS NO

TURISMO

A partir da leitura dos textos, buscamos sistematizar quais as principais

problemáticas que foram desenvolvidas por esses pesquisadores e é sobre elas que

63

nos debruçamos. Observamos que existem duas grandes tendências nos textos que

discutem a questão dos impactos dos megaeventos no turismo: (1) problemáticas

que discutem puramente a questão econômica; e (2) problemáticas com aporte

cultural que buscam analisar subjetividades e simbolismos.

Essas abordagens acabam por tecer um diálogo considerável entre si. Isso

significa que, por exemplo, textos que buscam compreender os impactos

econômicos que uma cidade sofre quando decide sediar um megaevento não

deixam também de atentar para possíveis relações com questões culturais e

simbólicas. Sendo assim, é imprescindível atentar para o fato de que nossa divisão

das problemáticas e temáticas não é arbitrária em um nível conceitual, mas sim, no

foco de interesse central do autor. Ou seja, o leitor deve sempre ter em mente que

essas duas tendências dialogam e mantêm pontes de correlação, pois não são

separadas nem excludentes e, sim, muitas vezes, balizadas, recortadas para que o

estudo seja feito diante da sua complexidade.

A bibliografia que discute os impactos econômicos que os megaeventos

trazem é a mais numerosa. Através da leitura dos textos, chegamos a alguns tópicos

particulares que são discutidos e que guiam as reflexões que os autores propõem.

Elas estão sintetizadas a seguir.

Desenvolvimento econômico: os trabalhos dedicam-se a análise de

indicadores econômicos para compreender os impactos no desenvolvimento

econômicos dos locais que sediam megaeventos; as metodologias têm

caráter quantitativo e o uso de ferramentas estatísticas é comum.

Competitividade imobiliária e Gentrificação: pesquisas que se dedicam a

explorar os impactos que o megaevento gera nos setores imobiliários da

cidade sede; o interesse está em compreender as relações políticas e

econômicas que geram possíveis conflitos entre investidores, patrocinadores

e habitantes; o conceito de gentrificação aparece em posição central.

Sustentabilidade: pesquisadores desenvolvem um diálogo com as questões

ambientais, buscando compreender em que medida o desenvolvimento

econômico causado pelos megaeventos esportivos acaba por impactar,

propiciar ou impedir políticas de sustentabilidade ambiental.

64

Impactos pré e pós megaevento: o foco aqui é nas questões temporais; as

metodologias tendem a ser comparativas e os elementos de análise variam

desde maiores investimentos no turismo – maior atração turística –, na

criação de uma imagem turística do local fortemente direcionada por

elementos específicos e em estratégias para maior promoção urbana.

Apresentamos outra tendência observada nos estudos sobre megaeventos

esportivos e turismo: as questões culturais e simbólicas.

Imagem cognitiva do local: as pesquisas que buscam compreender a

imagem cognitiva que o local que sedia o megaevento constrói investigam,

principalmente, as experiências vividas nesses locais; da mesma forma, se

dedicam a compreensão da relação entre a imagem que é construída do

local pelos habitantes durante os períodos de megaeventos esportivos; as

metodologias têm caráter qualitativo.

Mudança da concepção do turista: os trabalhos buscam investigar os

elementos que causam uma mudança – positiva ou negativa – na maneira

através da qual o turista cria sua concepção acerca do local que sedia o

megaevento; o foco encontra-se na ideia da percepção espacial e nos

elementos culturais e simbólicos que permeiam essa percepção; as

metodologias são qualitativas.

Hospitalidade: pesquisam focam na criação de políticas de hospitalidade nos

períodos de megaeventos esportivos; atenção para às discussões acerca

das questões de etnicidade, identidade cultural, gênero e raça; conflitos

sociais entre turistas e moradores locais; metodologias têm caráter qualitativo

e observacional.

Lazer: temas que se relacionam a criação de políticas de lazer dirigidas aos

esportes a partir da experiência vivida durante o megaevento; fazem uso de

métodos estatísticos.

65

Inúmeras temáticas desenvolvidas especialmente por pesquisadores da área

de Turismo apresentam similaridades consideráveis com aquelas discutidas por

profissionais de outras áreas. A questão dos impactos socioambientais é uma delas.

Ponto de partida para reflexões na área de Direto e também nas Engenharias,

principalmente na Engenharia Ambiental. As problemáticas relacionadas à

gentrificação, impactos sociais devido a revitalizações espaciais, bem como, a

discussão acerca da mobilidade e das apropriações imobiliárias também são

compartilhadas entre diversas áreas do conhecimento com o Turismo.

Esse fato é interessante, pois traz consigo duas ideias principais que merecem o

nosso destaque nessa etapa final. A primeira delas se relaciona com o fato de que

nenhuma vertente do saber pode-se afirmar proprietária absoluta de uma discussão.

Ao contrário, temáticas são compartilhadas e ganham um caráter específico a partir

da posição através da qual o autor a discute. Isso é extremamente importante para o

desenvolvimento e evolução da pesquisa científica em todas as áreas, além de

permitir que essas trocas sejam realizadas, para que seus resultados continuem

passando por manutenções e atualizações. A segunda delas, intrinsecamente

correlacionada com a primeira, diz respeito, exatamente, a possibilidade e a

potencialidade de um diálogo entre inúmeras ciências. E isso nos faz refletir sobre a

profunda relação da nossa área de conhecimento, o Turismo, com outras áreas já

estabelecidas nas Ciências Sociais, como a Antropologia, Sociologia, Geografia

Humana, Urbanismo, etc. O Turismo é um fenômeno essencialmente estudado por

diversos campos do conhecimento, sendo, portanto, multidisciplinar. Por isso, é de

fundamental importância a troca com outras áreas do saber. Essas duas conclusões

ficaram explicitas anteriormente, que apresentou como um tema caro ao Turismo

vem sendo estudado por outras disciplinas.

66

CONSIDERAÇÔES FINAIS

Os megaeventos esportivos fazem parte, a muito, da realidade mundial.

Entraram no calendário de eventos e funcionam como verdadeiros circuitos

mundiais, que modificam estruturalmente as cidades onde são realizados. O Brasil e,

mais especificamente, o Rio de Janeiro, entraram definitivamente para esse

calendário desde 2009, quando foi anunciado como cidade-sede dos Jogos

Olímpicos e Paralímpicos de Verão em 2016.

Como vimos anteriormente, para que esses megaeventos aconteçam, é

necessário que haja um amplo investimento nos espaços, geralmente urbanos,

dessas cidades. Com o Rio de Janeiro não seria diferente. A cidade está imersa num

grande canteiro de obras. No entanto, essas mudanças, como apontado, refletem

impactos e legados. O que sempre esperamos é que os reflexos positivos sejam

consideravelmente maiores que os negativos.

As contradições que emanam da perpetuação das políticas de atração de

megaeventos expressam-se no espaço urbano evidentemente. Entender a

complexidade de tais intervenções é compreender a totalidade das contradições

socioespaciais que perpetuam e podem ser claramente observadas no Brasil e, mais

especificamente no Rio de Janeiro, onde esses contrastes são tão evidentes, tal

como as mudanças urbanas que emergiram a partir da necessidade dos

megaeventos.

Ainda é cedo para falar num resultado final, positivo ou negativo por completo

da cidade, pois ainda estejamos passando por profundas transformações urbanas.

Acreditamos que, justamente por serem tão recentes esses reflexos, é que a

produção científica do Turismo em relação à temática seja tão escassa. No entanto,

foi observado que outras áreas do conhecimento, como a Arquitetura e Urbanismo,

Geografia, Sociologia, etc. têm produzido trabalho científicos significativamente

maiores, em quantidade, que o Turismo. Talvez isso possa servir como um impulso

para que a nossa área produza mais trabalhos dentro dessa temática.

Nesse sentido, podemos apontar algumas conclusões gerais obtidas através

das discussões teóricas e do levantamento empírico realizados nos periódicos.

Essas considerações estão diretamente correlacionadas e podem ser apontadas a

partir dos seguintes tópicos. Primeiramente, é importante afirmar que as discussões

sobre megaeventos estão consolidadas no Turismo. A quantidade considerável de

67

trabalhos que buscam defini-los, melhor compreendê-los e abordá-los de inúmeras

formas são consideráveis. Entretanto, é interessante apontar que a bibliografia que

se dedica exclusivamente aos megaeventos esportivos não é tão expressiva. Isso

nos leva a nossa segunda conclusão.

A realização de um megaevento esportivo em um determinado espaço urbano

causa inúmeros impactos. Como discutimos no capítulo dois, esses impactos podem

ocasionar mudanças consideráveis em inúmeras esferas da vida social. Por mais

que tal fato pareça impossível de ser ignorado, o levantamento bibliográfico mostrou

que os pesquisadores realizaram esforços muito pontuais e a problemática não só

pode como deve ser melhor aprofundada. Quando levamos em consideração a

cidade do Rio de Janeiro, a produção é quase inexistente, fato que reforça nossa

crítica a pouca atenção que pesquisadores dedicaram a essa reflexão.

Nossa intenção prévia era a de investigar a produção bibliográfica relacionada

especificamente aos impactos que os megaeventos esportivos causaram na cidade

do Rio de Janeiro. Tal tarefa mostrou-se, infelizmente, impossível de ser realizada,

devido, justamente, a quantidade ínfima de publicações. Obviamente, a ausência de

dado é um dado em si e, portanto, é passível de análise. Da mesma forma, o

processo de pesquisa nunca é linear e adaptações, modificações, reestruturações e

novos caminhos são traçados a todo o momento. Nesse trabalho, o percurso deu-se

dessa forma.

O terceiro tópico conclusivo a ser considerado que merece ser apontado diz

respeito às informações que foram obtidas a partir do estudo bibliométrico. A

primeira delas diz respeito ao fato de que a maioria do material coletado ter sido

publicado em língua inglesa. Por mais que o Brasil tenha se tornado palco de

megaeventos esportivos nos últimos anos, fato que o coloca como espaço de

interesse para pesquisas, os estudos sobre a temática ainda são,

esmagadoramente, desenvolvidos por pesquisadores internacionais. Não nos cabe

aqui explicar o motivo. Nosso dever não se limita, da mesma forma, a dar

visualidade a essa inexistência, vai além. Sendo assim, deixamos a crítica e a

sugestão de que tal problemática deve ser mais bem investigada.

Ainda com relação ao levantamento bibliográfico e sua análise é interessante

apontar a possibilidade que o Turismo tem de desenvolver um rico diálogo com

outras áreas do conhecimento que se interessam pelos megaeventos esportivos.

Temáticas e focos de interesse já são compartilhadas e o desenvolvimento de uma

68

ponte de comunicação mais direta entre esses ramos resultaria em uma

problematização mais densa e complexa do fenômeno. Como afirmou Morin (2005),

a ciência não seria ciência se não fosse, em sua essência, interdisciplinar.

Esse trabalho foi um desafio. Nossa ideia a priori sofreu inúmeras

modificações e obtivemos conclusões inesperadas. Entretanto, mesmo com todos os

resultados alcançados, inúmeros outros questionamentos e possibilidades

investigativas surgiram. A curiosidade está na base da ciência e guia os

pesquisadores na busca por novas e originais direções. Nesse sentido, essa

pesquisa é mais que uma contribuição acerca de uma temática em particular, ela

também é um novo caminho a ser considerado.

69

REFERÊNCIAS

ABREU (2006): ABREU, M. A. . Evolução Urbana do Rio de Janeiro (4ª

edição). 4. ed. Rio de Janeiro: Instituto Pereira Passos, 2006.

ALMEIDA, B. S.; MEZZADRI, F. M.; MARCHI JUNIOR, W. Considerações

sociais e simbólicas sobre sedes de megaeventos esportivos. Motrivivência,

Florianópolis, v. 21, n. 32-33, p. 178-192, jun./dez. 2009.

ARAÚJO, C. A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Questão,

Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32, jan./jun. 2006.

BENCHIMOL, J. L. . Pereira Passos: um Haussmann tropical. A renovação

urbana do Rio de Janeiro no início do século XX. . Rio de Janeiro: Secretaria

Municipal de Cultura, Turismo e Esportes. Divisão de Editoração Biblioteca

Carioca. Vol. 11, 1990.

BRITTO, F. Vestígios urbanos dos Jogos Olímpicos: Londres 2012.

ArchDaily Brasil. Maio, 2013.

BRITTO, J. e FONTES, N. Estratégias para eventos: uma ótica do marketing

e do turismo. São Paulo, SP: Aleph, 2002.

CAVALCANTI, M. A. H. O impacto do megaevento esportivo de futebol na

estruturação urbana da metrópole do Recife. Dissertação de Mestrado,

Programa de PósGraduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade

Federal de Pernambuco (UFPE) Recife, 2014.

COSENTINO, R. . Uma cidade à venda: a invisibilização da pobreza e dos

pobres na preparação do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. In:

Paulo Capela; Elaine Tavares. (Org.). Os megaeventos esportivos: suas

consequências, impactos e legados para a América Latina. 1ed.Florianópolis:

Editora Insular, 2015.

CRUZ, Rita politicas Públicas no Turismo no Brasil: território usado, território

negligenciado. Geosul, Florianópolis, v. 20, n.40, jul/dez 2005.

70

DACOSTA, L.; CORRÊA, D.; RIZUTTI, E.; VILLANO, B.; MIRAGAYA, A. Eds.

Legados de megaeventos esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, p. 309-

315, 2008.

DAMO, Arlei Sander; OLIVEN, Ruben George. O Brasil no horizonte dos

megaeventos esportivos de 2014 e 2016: sua cara, seus sócios e seus

negócios. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 19, n. 40, p. 19-63,

jul./dez. 2013.

FERREIRA, L. O olhar orientado: representação e estética das favelas nos

guias visuais do turismo. 79 p. Monografia (Graduação em Turismo) –

Faculdade de Turismo e Hotelaria, Universidade Federal Fluminense, Niterói,

2013.

FORT, C. M. ; NOLOASCO, R.. O medo, o mal e a mídia. Trabalho

apresentado no DT 7: Comunicação, Espaço e Cidadania do XIX Congresso de

Ciências da Comunicação na Região Sudeste, Espírito Santo, maio de 2014.

FREITAS, R., LINS, F., DOS SANTOS, M.. Megaeventos a alquimia

incontrolável da cidade. Logos, Outubro de 2014.

GETZ, D. Special events: defining the procuct. Tourism Management, v. 10, n.

2, p.125-137, 1989.

GONÇALVES, Andréa; COSTA, Lucia Maria S.V.; CASTRO, Regina C.

Figueiredo. Revistas Científicas: características, funções e critérios de

qualidade. In: WEITZEL, Simone da Rocha. Fluxo da Informação Científica. In:

Comunicação & Produção Científica: Contexto, indicadores e avaliação. São

Paulo: Angellara, 2006.

GUNN, C. A.. Tourism planning. New York: Taylor & Francis, 1988.

ISHYI, M. Turismo e megaeventos esportivos. In: Revista Turismo em

análise, São Paulo, v. 9, n. 2, 1998.

HALL, C. M. Urban entrepreneurship, corporate interests and sports mega-

events:the thin policies of competitiveness within the hard outcomes of

71

neoliberalism. In:HORNE, J; MANZENREITER, W. (Ed.). Sports Mega-

Events: social scientific analyses of a global phenomenon. v. 54, n2, p.

59-70, December 2006.

HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume,

2005.

HAMMER, M.; CHAMPY, J. Reengineering the corporation: A Manifesto for

Business Revolution. Harper Business, 1993.

HILLER, H. Assessing the Impact of Mega-Events: A Linkage Model. Current

Issues in Tourism, v. 1, n.1, p. 47-57, 1998.

HORNE, J; MANZENREITER, W. Sports Mega-Events: social cientific

analyses of a global phenomenon. The Sociological Review Monograph

Series v. 54, n. 2, p. 59-70, December, 2006.

LOTKA, Alfred J. The frequency distribution of scientific productivity. Journal of

the Washington Academy of Sciences, v. 16, n. 12, p. 317-323, jun. 1926.

MAIA, M.F.; CAREGNATO, S. Co-autoria como indicador de redes de

colaboração científica. Perspectiva em Ciência da Informação, v. 13, n2, p.

18-31, maio/ago 2008.

MASCARENHAS, F. Megaeventos esportivos e Educação Física: alerta de

tsunami. Revista Movimentos, v. 18, n. 01, p. 39-67, jan/mar. 2012.

MASCARENHAS, G. “Para muito além do esporte o urbanismo olímpico e seu

legado social”. In Pan-americano de 2007: grande negócio para quem? Rio

de Janeiro: Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul. (Série

globalização e Solidariedade, 4), 2005. p. 20-35, 2005.

MASSEY, Doreen. Pelo Espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

MATIAS, M. Os efeitos dos megaeventos esportivos nas cidades. Turismo e

Sociedade, Curitiba, v. 1, n. 2, p. 175-198, outubro, 2008.

72

MIGNOLO, Walter D. Local histories, global designs: Subaltern Knowledges

and Border Thinking. Princeton University Press: Princeton, 2012.

MILITO, M. C. Percepção do Residente em Relação a Turismo e Megaevento:

análise bibliométrica de periódicos internacionais e latino-americanos. Turismo

em Análise, v. 24, n. 3, p. 482-502, dezembro, 2013.

MINISTÉRIO DO ESPORTE. Legado de megaeventos esportivos. Brasília:

2008.

MOLINA, F.. A produção da “Cidade Olímpica” e o contexto do

empreendedorismo urbano no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Estudos

Urbanos e Regionais. Agosto de 2014.

MORAIS, L.; RESENDE, S. O retorno tangível esperado dos Jogos Olímpicos

de 2016 a partir do aprendizado dos Jogos Panamericano de 2007. In: XVII

CONGRESSO LATINO IBERO-AMERICANA DE GESTÃO E TECNOLOGIA,

Porto, 2013.

MORIN, Edgar. O método III: o conhecimento do conhecimento. Lisboa:

Europa-America, 1987.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

2005.

OLIVEIRA, P. NUNES de. A “Guerra e a “Paz” no discurso midiático sobre

segurança pública na cidade do Rio de janeiro. Cidades, Comunidades e

Territorios, v. 25, Dezembro de 2012.

PEREIRA, Isidro. Dicionário Grego-Português e Português-Grego, Porto,

Livraria Apostolado da Imprensa, 6.ª edição, 1984

POYNTER, D. Organização de eventos esportivos. São Paulo: Phorte, 2006.

PRONI, M. Observações sobre os impactos econômicos esperados dos Jogos

Olímpicos de 2016. Montrivivência: revista de Educação Física, esporte e

lazer. Número 32-33, 2009.

73

REIS, A. Turismo e megaeventos. In: DaCOSTA, L. P. et al. (Ed.). Legados de

megaeventos esportivos. Brasília: Ministério do Esporte, 2008.

REJOWSKI, M. Caracterização da produção científica sobre Turismo no Brasil:

Estudo documental das teses de doutorado (1990 a 2005). VII SEMINÁRIO DA

ANPTUR, São Paulo, 2010.

_____. (org.). Turismo sob a ótica dos monitores municipais. Brasília:

Embratur, 1996.

SERRES, Michel. Elementos para uma história das Ciências. Lisboa:

Terramar, 2009. Turismo em Análise, v. 18, n. 02, 2007.

RUBIO, K. Os Jogos Olímpicos e as transformações das cidades: os custos

sociais de um megaevento. Scripta Nova, Barcelona, v. 9 (194), 2005.

TAVARES, O. Megaeventos Esportivos. Revista Movimento, vol. 17, n. 3,

2011.

TEOBALDO, I. N. C. A cidade espetáculo: efeito da globalização. Sociologia:

Revista do Departamento de Sociologia da FLUP (Faculdade de Letras da

Univeridade do Porto), v. XX, 2010.

VAINER, Carlos. Cidade de exceção: reflexões a partir do Rio de Janeiro. XIV

ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR. Maio de 2011.

WEITZEL, Simone da Rocha. Fluxo da Informação Científica. In:

Comunicação & produção científica: contexto, indicadores e avaliação. São

Paulo: Angellara, 2006.

74

APÊNDICE A – LISTA BIBLIOGRÁFICA

TURISMO E SOCIEDADE

01 ALBERINI, Bruno. Megaeventos: uma estratégia de atração turística? In:

Turismo e Sociedade, v. 07, n. 01, 2014.

02 FIRKOWSKI, Olga Lúcia Castreghini de Freitas; BALISKI, Patricia; FERREIRA,

Alexandre Gomes Ferreira. Copa do Mundo no Brasil: entre expectativas

elevadas e benefícios imprecisos. . In: Turismo e Sociedade, v. 07, n. 01,

2014.

03 GIMENES-MINASSE, Maria Henriqueta Garcia. A Gastronomia brasileira na

Copa do Mundo de Futebol da FIFA 2014: uma breve análise. In: Turismo e

Sociedade, v. 07, n. 01, 2014.

04 MATIAS, Marlene. Os efeitos dos megaeventos esportivos nas cidades. In:

Turismo e Sociedade, v. 01, n. 01, 2008.

05 PACE, Tassiana; HARDT, Leticia. Megaeventos esportivos: reflexões sobre

sustentabilidade e suas relações com o turismo. In: Turismo e Sociedade, v.

07, n. 01, 2014.

06 SILVA, William; CERDAN, Lluís. Rio 2016: Os preparativos e desafios da

cidade olímpica. Turismo e Sociedade, v. 07, n. 01, 2014.

TURISMO EM ANÁLISE

01 ISHIY, Morupi. Turismo e megaeventos esportivos. In: Turismo em Análise, v.

09, n. 02, 1998.

02 MILITO, Marcelo Chiarelli; MARQUES, Sérgio; ALEXANDRE, Mauro Lemuel.

Percepção do residente em relação a turismo e megaeventos: análise

bibliométrica de periódicos internacionais e latino-americanos. In: Turismo em

Análise, v. 24, n. 03, 2013.

03 SANTOS, Telma; ELICHER, Maria Jaqueline. Turismo e produção do espaço

na cidade do Rio de Janeiro. In: Turismo em Análise, v. 24, n.03, 2013.

75

REVISTA ACADÊMICA OBSERVATÓRIO DE INOVAÇÃO DO TURISMO

01 SILVA, Iata Oliver Fernandes. Megaeventos esportivos e relações

internacionais como estratégia de atração turística. In: Revista Acadêmica

Observatório de Inovação do Turismo, v. 07, n. 01, 2012.

ANNALS OF TOURISM RESEARCH

01 DANIELS, Margaret J. Central Place Theory and Sport Tourism Impacts. In:

Annals of Tourism Research, v. 34, n. 02, 2007.

02 FAYOS-SOLÁ. The impact of mega events. In: Annals of Tourism Research, v.

25, n. 01, 1998.

03 ROCHE, Maurice. Mega-events and urban policy. In: Annals of Tourism

Research, v. 21, n. 01, 1994.

CUADERNOS DE TURISMO

01 ALLES, María Teresa Fernándes. El impacto turístico de los eventos

deportivos: un estudio de caso. In: Cuadernos de Turismo, n. 33, 2014.

INTERNATIONAL JOURNAL OF TOURISM RESEARCH

01 BROWN, Graham. Sponsor hospitality at the Olympic Games: an analysis of

the implications for tourism. In: International Journal of Tourism Research,

v. 09, n. 05, 2007.

02 BROWN, Graham; HUANG, Songsahn. Interpreting Tourism at Olympic Sites:

A Cross-Cultural analysis of the Beijing Olympic Green. In: International

Journal of Tourism Research, v. 16, n. 01, 2014.

03 CUSTÒDIO, Maria João Ferreira; GOUVEIA, Pedro M.D.C.B. Evaluation of the

cognitive image of a country/destination by the media during the coverage of

mega-events: the case of UEFA EURO 2004 in Portugal. In: International

Journal of Tourism Research, v. 09, n. 04, 2007.

04 FUNK, Daniel C.; ALEXANDRIS, Konstantinos; PING, Yang. To go or stay

76

home and watch: exploring the balance between motives and perceived

constraints for major events: a case study of the 2008 Beijing Olympic Games.

In: International Journal of Tourism Research, v. 11, n. 01, 2009.

05 JONES, Calvin. Mega-events and host region impacts: determining the true

worth of the 1999 Rugby World Cup. In: International Journal of Tourism

Research, v. 03, n. 03, 2001.

06 KASIMATI, Evangelia. Economic aspects and the Summer Olympics: a review

of related research. In: International Journal of Tourism Research, v. 05, n.

06, 2003.

07 LEE, Soo-Bum et al. Residents' perception of the 2008 Beijing Olympics:

comparision of pre-and-post impacts. In: International Journal of Tourism

Research, v.15, n. 03, 2013.

08 LEUNG, Xi Yu et al. A Social network analysis of overseas tourist movement

patterns in Beijing: the impact of the Olympic Games. In: International Journal

of Tourism Research, v. 15, n. 05, 2012.

09 LI, ShiNA; BLAKE, Adam; Estimating Olympic-related investment and

expenditure. . In: International Journal of Tourism Research, v. 11, n. 04, 2009.

10 LI, ShiNA; MCCABE, Scott. Measuring the Socio-Economic Legacies of Mega-

events: concepts, propositions and indicators. In: International Journal of

Tourism Research, v. 15, n. 01, 2013.

11 SINGH, Neha; ZHOU, Huiqiong. Transformation of Tourism in Beijing after the

2008 Summer Olympics: an analysis of the impacts in 2014. In: International

Journal of Tourism Research, v.17, n. 03, 2015.

PASOS – REVISTA DE TURISMO Y PATRIMONIO CULTURAL

01 TORRE, Jaime Álvares de la; MUÑIZ, Diego Rodriguez-Roubes. Riesgo y

percepción en el desarrollo de la imagen turística de Brasil ante los mega-

eventos deportivos. In: Pasos - Revista de Turismo Y Patrimonio Cultural,

v. 11, n. 03, 2014.

77

CURRENT ISSUES IN TOURISM

01 FERREIRA, Sanette Lacea; BOSHOFF, Adriaan. Post-2010 FIFA Soccer

World Cup: oversupply and location of luxury hotel room in Cape Town. In:

Current Issues in Tourism, v. 17, n. 02, 2014.

02 GIAMPICCOLI, Andrea; LEE, Seungwon; NAURIGHT, John. Destination South

Africa: comparing global sports mega-events and recurring localised sports

events in South Africa for tourism and economic development. In: Current

Issues in Tourism, v. 18, n. 03, 2015.

03 KRUGER, Elisabeth Ann; HEATH, Ernest Thomas. Along came a mega-event:

prospects of competitiveness for a 2010 FIFA World Cup host city. In: Current

Issues in Tourism, v. 16, n. 06, 2013.

05 LI, ShiNA; JAGO, Leo. Evaluating economic impacts of major sports events - a

meta analysis of the key trends. In: Current Issues in Tourism, v.16, n. 06,

2013.

06 MADDEN, John R. The Economic Consequences of the Sydney Olympic: the

CREA/Arthur Andersen Study. In: Current Issues in Tourism, v. 05, n. 02,

2002.

07 SATO, Mikihiro; JORDAN, Jeremy S.;KAPLANIDOU, Kiki; FUNK, Daniel C.

Determinants of tourists' expenditure at a mass participant sport events: a five-

year analysis. In: Current Issues in Tourism, v.17, n. 09, 2014.

EUROPEAN SPORT MANAGEMENT QUARTERLY

01 KAPLANIDOU, Kiki. The importance of legacy outcomes for Olympic Games

four summer host cities residents' quality of live: 1996 – 2008. In: European

Sport Management Quarterly, v. 12, n. 04, 2012.

02 KARADAKIS, Kostas; KAPLANIDOU, Kiki. Legacy perceptions among host

and non-host Olympic Game residents: a longitudinal study of the 2010

Vancouver Olympic Game. . In: European Sport Management Quarterly, v.

12, n. 03, 2012.

03 LIU, Dongfeng; BROOM, David; WILSON, Robert. Legacy of the Beijing

78

Olympic Games: a non-host city perspective. . In: European Sport

Management Quarterly, v.14, n. 05, 2014.

04 MA, Shang Chun et al. Host residents' perception changes on major sports

events. In: European Sport Management Quarterly, v. 13, n. 04, 2013.

05 MALLEN, Cheryl et al. The Assessment of the environmental performance of

an international Multi-Sport Event. In: European Sport Management

Quarterly, v. 10, n. 01, 2010.

06 PREUSS, Holger; ALFS, Christian. Signaling trough the 2008 Beijing Olympics

- Using Mega Sport Events to Change the perception and image of the host. In:

European Sport Management Quarterly, v. 11, n. 01, 2011.

07 PREUSS, Holger; SOLBERG, Harry Arne. Attracting Major Sporting events: the

role of local residents. In: European Sport Management Quarterly, v.06, n.

04, 2007.

INTERNATIONAL JOURNAL OF SPORT POLICY AND POLITICS

01 JAKOBSEN, Jo et al. Fool's gold: major sports events and foreign direct

investment. . In: International Journal of Sport Policy and Politics, v. 05, n.

03, 2013

02 PENTIFALLO, Caitlin; VANWYNSBERGHE, Robert. Blame it on Rio:

isomorphism, environmental protection and sustainability in the Olympic

Movement. . In: International Journal of Sport Policy and Politics, v. 04, n.

03, 2013.

03 SOTIRIADOU, Popi; BROUWERS, Jesse. A critical analysis of the impact of

the Beijing Olympic Games on Australia's sports policy direction. . In:

International Journal of Sport Policy and Politics, v. 04, n. 03, 2013.

04 VANWYNSBERGHE, Robert. The Olympic Games Impact (OGI) study for the

2010 Olympic Games: strategies for evaluating sport mega-events' contribution

to sustainability. In: International Journal of Sport Policy and Politics, v. 07,

n. 01, 2015.

.

79

JOURNAL OF HOSPITALITY AND TOURISM RESEARCH

01 LI, Xiang; KAPLANIDOU, Kiki. The impact of the 2008 Beijing Olympic Games

on China's destination brand: a U.S.-based examination. In: Journal of

Hospitality and Tourism Research, v. 04, n. 03, 2013.

JOURNAL OF TRAVEL AND TOURISM MARKETING

01 GEORGE, Richard; SWART, KAmila. Tourists' perceptions of London, United

Kingdom (UK), as a safe host city during the 2012 Olympic Games. In: Journal

of Travel and Tourism Marketing, 2014.

LEISURE STUDES

01 ALM, Jens et al. Hosting major sports events: the challenge of taming white

elephants. . In: Leisure Studies, v. 31, n. 01, 2012.

02 BARRE, Jorge de la. Future shock:mega-events in Rio de Janeiro. In: Leisure

Studies, v. 35, n. 02, 2015.

03 CASTRO, Suélen Barboza Eiras de et al. Mega sporting events and public

funding of sports in Brazil (2004 - 2011). . In: Leisure Studies, v. 35, n. 01,

2015.

04 CHO, Ji-Hyun; BAIRNER, Alan. The sociocultural legacy of the 1988 Seoul

Olympic Games. In: Leisure Studies, v. 31, n. 03, 2012.

05 DANSERO, Edigio; PUTTILLI, Matteo. Mega-events tourism legacies: the case

of the Torino 2009 Winter Olympic Games - a territorialisation approach. In:

Leisure Studies, v. 29, n. 03, 2010.

06 HORNE, John. The Four 'Knowns' of Sport Mega-Events. In: Leisure Studies,

v. 26, n. 01, 2007.

07 HORNE, John. Sport, revolution and the Beijing Olympics. In: Leisure Studies,

v. 28, n. 03, 2009.

08 HORNE, John. Leisure, Culture and the Olympic Games. In: Leisure Studies,

v. 31, n. 03, 2012.

80

09 HORNE, John. The Australian Olympic caravan from 2000 to 2012. A unique

Olympic event industry. In: Leisure Studies, v. 32, n. 02, 2013.

10 HORNE, John. On the wrong side of the track? East London and the post

Olympics and London 2012. How it was for us? In: Leisure Studies, v. 34, n.

04, 2014.

11 JONES, Ian; BROWN, Lorraine; RICHARDS, Steven. Watching the FIFA World

Cup 2010 in England: the sojourner perspective. In: Leisure Studies, v. 33, n.

01, 2014.

12 LENSKYJ, Helen Jefferson. Sport mega-events and leisure studies. In: Leisure

Studies, v. 34, n. 04, 2015.

13 LINDER, Katharina. Understanding the Olympics. . In: Leisure Studies, v. 31,

n. 03, 2012.

14 MACKINTOSH, Chris; DARKO, Natalia; MAY-WILKINS, Hetty. Unintended

outcomes of the London 2012 Olympic Games: local voices of resistance and

the challenge for sport participation leverage in England. In: Leisure Studies,

v. 35, n. 01, 2015.

15 MCGILLIVRAY, David. Digital cultures, acceleration and mega sporting events

narratives. In: Leisure Studies, v. 33, n. 01, 2014.

16 NICHOLS, Geoff; RALSTON, Rita. The legacy costs of delivering the 2012

Olympic and Paralympic Games through regulatory capitalism. . In: Leisure

Studies, v. 35, n. 02, 2015.

17 POTWARKA, Luke R.; LEATHERDALE, Scott T. The Vancouver 2010

Olympics and leisure-time: physical activity rates among young in Canada. Any

evidence of a trickle-down effect? In: Leisure Studies, v. 34, n. 03, 2014.

18 PREUSS, Holger. A framework for identifying the legacies of a mega sport

event. In: Leisure Studies, v. 34, n. 01, 2015.

19 ROCHA, Claudio M. Support of politicians for the 2016 Olympic Games in Rio

de Janeiro. In: Leisure Studies, v. 35, n. 02, 2015.

20 TICHAAWA, Tembi M.; BOB, Urmilla. Leveraging mega-events beyond the

host nation: a case study of the 2010 FIFA World Cup African legacy

81

Programme in Cameroon and Nigeria. . In: Leisure Studies, v. 35, n. 01, 2015.

21 WILKS, Linda. The lived experience of London 2012 Olympic and Paralympic

Games volunteers: a serious leisure perspective. . In: Leisure Studies, v. 33,

n. 02, 2014.

TOURISM PLANNING AND DEVELOPMENT

01 CORNELISSEN, Scarlett. Sport mega-events in Africa: processes, impacts and

prospects. In: Tourism Planning and Development, v. 01, n. 01, 2004.

02 STEVENSON, Nancy. The Complexities of Tourism and Regeneration: the

case of the 2012 Olympic Games. In: Tourism Planning and Development, v.

10, n. 01, 2013.

TOURISM MANAGEMENT

01 CHANG, Philip C.; SINGH, Kiren K. Risk Management for mega-events: the

1988 Olympic Winter Games. In: Tourism Management, v. 11, n. 01, 1990.

02 GIBSON, Heather J. et al. Psychic income and social capital among host

nation residents: a pre-post analysis of the 2010 FIFA World Cup in South

Africa. In: Tourism Management, v. 44, 2014.

03 COLLINS, Andrea; JONES, Calvin; MUNDAY, Max. Assessing the

environmental impacts of mega sporting events: two options. In: Tourism

Management, v. 30, n. 06, 2009.

04 FOURIE, Johan; SANTANA-GALLEGO, María. The impact of mega-sports

events on touris arrival. In: Tourism Management, v. 32, n. 06, 2009.

05 KIM, Hyun Jeong; GURSOY, Dogan; LEE, Soo-Bum. The impact of the 2002

World Cup on South Korea: comparisions of the pre-and-post games. . In:

Tourism Management, v. 27, n. 01, 2006.

06 KIM, Samuel Seongseop; MORRISON, Alastais M. Change of images of South

Korea among foreign tourists after 2002 FIFA World Cup. . In: Tourism

Management, v. 26, n. 02, 2005.

82

07 KIM, Samuel Seongseop; PETRICKJ, James F. Residents' perception on

impacts of the FIFA 2002 World Cup: the Seoul as a host city. In: Tourism

Management, v. 26, n. 01, 2005.

08 KIM, Wonyoung et al. Evaluating the perceived social impacts of hosting large-

scale sport tourism events: scale development and validation. In: Tourism

Management, v. 48, 2015.

09 LEE, Choong-Ki; TAYLOR, Tracy. Critical reflections on the economic impact

assessment of a mega-event: the case of the 2002 FIFA World Cup. In:

Tourism Management, v. 26, n. 04, 2005.

10 MINNAERT, Lynn. An Olympic legacy for all? The non-infrastructural outcomes

of the Olympic Games for socially excluded groups (Atlanta 1996 - Beijing

2008). . In: Tourism Management, v. 33, n. 02, 2012.

11 PRAYAG, Girish et al. London residents' support for the 2012 Olympic Games:

the mediating effect of overall attitude. In: Tourism Management, v. 36, n. 01,

2013.

12 WALKER, Matthew et al. "Win in Africa, With Africa": social responsability,

event image and destination benefits. The case of the 2010 FIFA World Cup in

South Africa. In: Tourism Management, v. 33, n. 01, 2013.

13 WERNER, Kim; DICKSON, Geoff; HYDE, Kenneth F. Learning and knowledge

transfer processess in a mega-events context: the case of the 2011 Rugby

World Cup. In: Tourism Management, v. 48, 2015.

83

APÊNDICE B – LISTA BIBLIOGRÁFICA – CONTEXTUALIZAÇÃO

GERAL

Autor Tipo de

publicação Área/ assunto Referências

Lucas Porciuncula Porto

Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM

Direito Integrantes do Comitê popular da Copa

Alexandre Magalhães Artigo da

emetropolis.net Sociologia

(Bienenstein, 2011; Novais et al., 2007; Sánchez, 2001; Vainer, 2011)

Fábio Fonseca Figueiredo

Artigo (EGAL – Peru)

Economia/ Políticas públicas

Siegfried e Zimbalist (2000); Rubio (2008); Mendes (2011); Cohre (2007); Proni e Silva (2005)

Rafaela Dias Romero E Paulo Cezar Martins Ribeiro

Artigo em Anais de Eventos (VI Rio Transportes)

Engenharia de Transportes

Em Silva(2005); Getz (1997); Higham (1999); Tavares (2008);

Carlos Alexandre Pires; Felipe de Barros Monsão; José Pedro Sarmento

Artigo em Periódico (Revista Digital EFDeportes)

Educação Física / Gestão desportiva

Brighenti et al. (2005); Seixas (2010) Hall (1992)

Giuliana Costa

Artigo – Revista O Social em Questão – PUC Rio

Sociologia

(Hiller 2000, Gratton e Henry, 2001; Essex e Chalkley, 1998)(Hall, 1992), Furrer 2002; Cohre 2007, Guala 2009)

RolnIk, 2009; omenA, 2011:http://www.gamesmonitor.org.uk

Gilmar Mascarenhas

Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales

Geografia

TRUÑÓ, Enric (1996)

Millet, Lluis (1996)

Wilson Madeira Filho

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades/ Mestrado

Direito/ Sociologia

Zachariasen: 2006, p.22)

Neil Smith (2006, p. 62)

DaCosta, Lamartine; Correa, Dirce; Rizzuti, Elaine; Villano, Bernardo; Miragaya

Fernando Telles Ribeiro

I COM-GRESO IBERO-AMERICANO DE

Engenharia Pointer, Gavin; Macrury, Ian (2007)

84

INSTALA-

CIONES DEPORTI-VAS Y RECREATIVAS

Carla Rossi Artigo para obtenção de título de Mestre na FGV

Gestão e Políticas Públicas

(Silvestre, 2009) (Chain e Swart, 2010) (Muller, 2012) (Law, 2002)

Marília Passos Apoliano Gomes Tese de Pós-

Graduação Sociologia

(Kowarick, 2000)

Maricato, 1997; Rolnik, 1997

Bruno Rodrigues da Silveira

Artigo apresentado no seminário Metropolização e Megaeventos, os impactos da copa de 2014 em Fortaleza

Engenharia Mascarenhas (2008)

Carlos Vainer Artigo – Encontro Nacional da Anpur

Arquitetura Agamben, Giorgio - 2004, Ascher, François – 2001, Bienenstein. Glauco - 2003, Borja, Jordi (ed.) – 1995

Rosa Moura Artigo – VI Semana de Geografia da UNICAMP

Geografia Arantes, O. (2003); Ascher, F.(2009); Borja, J(1997)

Alberto Oliveira Artigo – Revista Paraense e Desenvolvimento

Economia Altenhofen L. R.(2011); Andranovich (2001); Aveiro(2009); Cano, W.(1998)

Valnei Pereira Tese de doutorado

Turismo Rezende, Fernando e Lima (1999); Ribeiro, Ana Clara (2007)

Gerônimo Leitão, Jonas Delecave Artigo –

Arquitetura e Urbanismo - USP

Arquitetura e Urbanismo

Cavallieri, F(1986); Abramo, P (Org.)(2003); Coelho, F. D(1992); Davidovich, F(1997); Frossard, E(1994); Leitão, G(2009)

Sávio Raeder Artigo – Revista Biliográfica de Geografía Y Ciencias Sociales – Universiade de Barcelona

Geografia

Andranovich, Greg; Burbank, Matthew; Heying, Charles.(2001); Arretche, Marta T. S.(1996); Cashman, Richard(1998);

Glauco Bienenstein

Artigo – ANPUR Arquitetura e Urbanismo

Arantes, O (1998); Boltanski, L.; Chiapello,(2009); Debord, G(1995); Fiori, J. L(1995)

Mariana Toledo

Tese de mestrado

Gestão Social

Abreu, Maurício de Almeida (2006); Albuquerque, Marli Brito Moreira de(1985); Allenbrandt, Sérgio Luís(2002); Andreatta, Verena. Barcelona e o PortVell(2010)

85

Jonathas Magalhães, Luis Carlos Toledo, Vera Regina Tângari, Eduardo Nobre, Claudio Manetti, Laura Bueno, Maria Amélia, Miguel Reis

Artigo – ANPUR Arquitetura e Urbanismo

Valladares, Lícia do Prado (1978); Santos, Milton(1987); Campos, Andrelino(2005);

Heliana Comin Vargas, Virgínia Santos Lisboa

Artigo – Revista Cadernos Metrópoles

Arquitetura e urbanismo

Baudrillard (2007); Cross, N. ElliotT, D. e Roy, R. (1980); Debord, G.(1992); FSP – Folha de S.Paulo (2008); Galbraith, J. (1967); Garrefa. F. (2007); Getz, D. (2007); Giacaglia, M. C. (2003); Giddens, A. (1991); Harvey, D. (1989); Lefebvre, H. (1969)

Antonio Carlos Estender, Almir Volpi, Marco Aurelio Fittipaldi Artigo – SIMPOI

– FGV SP Administração

Aaker, David (2001); Allen, Johnny et al. (2003); British Broadcasting Corporation (BBC) (2006); Davidson, Larry (1999); Faulkner, B (1993); Golovnina, Maria Trevor (1998); WOILER, Sansão (1996); Yin, R. K (1994)

Carlos Vainer Artigo – Encontro Nacional da Anpur

Arquitetura Agamben, Giorgio - 2004, Ascher, François – 2001, Bienenstein. Glauco - 2003, Borja, Jordi (ed.) - 1995

Alberto de Oliveira Artigo – Congresso LASA

Economia ALTENHOFEN L. R.(2011); ANDRANOVICH, G(2001); AVEIRO(2009); CANO, W.(1998)

Valnei Pereira Tese de Doutorado

Turismo Rezende, Fernando e Lima (1999); RIBEIRO, Ana Clara (2007)

86

Gerônimo Leitão, Jonas Delecave

Artigo – Revista O Social em Questão

Arquitetura e Urbanismo

CAVALLIERI, F(1986); ABRAMO, P (Org.)(2003); COELHO, F. D(1992); DAVIDOVICH, F(1997); FROSSARD, E(1994); LEITÃO, G(2009)

Sávio Raeder Artigo – Observatório de Favelas

Geografia ANDRANOVICH, Greg; BURBANK, Matthew; HEYING, Charles.(2001); ARRETCHE, Marta T. S.(1996); CASHMAN, Richard(1998);

Glauco Bienenstein

Artigo – Revista O Social em Questão

Arquitetura e urbanismo

ARANTES, O (1998); BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO,(2009); DEBORD, G(1995); FIORI, J. L(1995)

Jonathas Magalhães, Luis Carlos Toledo, Vera Regina Tângari, Eduardo Nobre, Claudio Manetti, Laura Bueno, Maria Amélia, Miguel Reis

Artigo – ANPUR Arquitetura e urbanismo

VALLADARES, Lícia do Prado (1978); SANTOS, Milton(1987); CAMPOS, Andrelino (2005);

ANTONIO CARLOS ESTENDER, ALMIR VOLPI, MARCO AURELIO FITTIPALDI

Artigo – SIMPOI – FGV SP

Administração AAKER, David (2001); ALLEN, Johnny et al. (2003); British Broadcasting Corporation (BBC) (2006); Davidson, Larry (1999); Faulkner, B (1993); Golovnina, Maria (2010); MULES, Trevor (1998); WOILER, Sansão (1996); YIN, R. K (1994)

Edson Paulo Domingues, Admir Antonio Betarelli, Aline Souza Magalhães

Artigo – Forum – Banco do Nordeste

Economia ALMEIDA, E. S. D.; GUILHOTO, J. J. M (2007); ALMEIDA, E. S (2003); BID (2009); BARCLAy, J.(2009); BASTOS, M; COBOS, P(2010); BRENKE, K.; WAGNER, G. G (2006); CAMPOS NETO, C.A.; SOUZA, F.H(2011); COATES, D; HUMPHREyS, B.(1999); DIXON, P. B(1982); DOMINGUES, E. P(2002); DOMINGUES, E. P.; HADDAD, E. A.(2003); DOMINGUES, E. P; MAGALHÃES, A. S.; FARIA, W. R.(2009)

87

Marcelo Marcos, Kamal R, Sarah Slight, Christopher Barton, Thomas Blakeman, Joanne Protheroe

Caderno de Saúde Pública

Medicina "Weed M.(2010); Mahtani KR, Protheroe J, Slight SP, Demarzo MMP,

CristopherGaffney Artigo Journal of Latin AmericGeografic

Arquitetura e Urbanismo

Arantes, Otilla, Carlos Vainerand Ermínia Maricato. 2000; Broudehoux, Anne-Marie. 2007; Burbank, Matthew, Gregory Andranovich, and Charles Heying. 2001; Davis, Mike and Daniel Bertrand Monk. 2007

Rômulo Meira, Silvio de Cassio, Lamartine Pereira

Artigo Revista Pensar a Prática

Administração MATTOS, R (2010); HALL, C. M (1992); GNECCO. J. R(2007); GIL, A. C.(1999); DACOSTA, L. P(2011)

Fabio Giambiagi, Sergio Guimaraes Ferreira, Sergio Besserman, Luiz AntonioSouto

Artigo Forum Nacional

Geografia Muller, Martin (2009); Matos, Pedro (2006); Morais, Márcio de e Euzébio, Gilson Luiz (2009); Levitt, Steven (2003); Maenning, Wolfgang e Du Plessis, Stan (2007)

Fernando Mascarenhas, Pedro Fernando Avalone, MariangelaRibeiro, Natália Nascimento

Artigo Revista ALESDE

Educação Física / Gestão desportiva

ALMEIDA, P. R. (2004); BARDIN, L. (2010); BOITO JUNIOR, A. (2005); BOUDENS, E. (2007); BRACHT, V. (1997); BRASIL (2010)

Mariana Toledo Artigo Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geinformação

Engenharia Cartográfica

ANDERSON, J. R., HARDY, E. E., ROACH, J T. & WITMER, R. E (1979); MAGALHÃES, C. R., MEDEIROS, Y. M., SILVA. A. E. e RIBEIRO, G. P(2008); NOVO, E. M(2008); MOREIRA, M. A(2005); RIBEIRO, G. P(2012); RIBEIRO, G. P(2005)

Silvestre Cirilo dos Santos, Cezar Guedes, Marcos Aguiar de Souza

Artigo - 6º Congresso de Instituto Franco-Brasileiro de Administração de Empresas

Administração RIBEIRO, G. P (2009); GOLD, J. R(2011); HILLER, H. H.(2000); IBAM (2005); KRONEMBERGER, D. N. P. et al (2005)

88

Felipe Abramovitch Projeto de Graduação

Engenharia Ambiental

MATTOS, L. B (2001); LOPES, S. B.; CARDOSO, G. J., JÚNIOR, L. F., 2001; ITDP, 2013; IEA, 2000; IPCC, 2007

Cléber Soares da Silva, João Alberto Ferreira, Elmo Rodrigues da Silva,

Artigo - I Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental

Engenharia Química

CARLSON, Deborah; LINGL, Paul. Meeting the Challenge: A (2007); [LERI] (2007); [LOC](2009); Lenskyj, H(1998)

Chris Yutzy Artigo – Revista de Estudos Universitários

Antropologia MCCANN, B. Review (2006); HOLLOWAY, T. H(1989); GAY, R(1990); CALDEIRA, Teresa P. R(1999); BURSIK, Robert J. Jr(1993); BARRIONUEVO, A(2010)

Graziela Paulo Darla, Paulo Sergio Scozele

Artigo – Simpósio Internacional de Gestão de Projetos

Geografia AMENDOLA, G.(2000); ARANTES, O.; VAINER, C e MARICATO(2000); DaCOSTA, L. et. All(2008); HARVEY, D(2008); OLIVEIRA, F.; CAPEL, H.; BARBOSA, J. L.; ZAAR, M(2010)

Felipe Guimarães Pinheiro

Dissertação de Pós-graduação

Geografia ALLMERS, S.;MAENNIG, W. South Africa 2010; BAAD, R. A; BAUMANN, R; MATHESON, V(2005); BARCLAY, J.(2009); BRENKE, K.; WAGNER, G. G(2006); COATES, D; HUMPHREYS, B(1999)

Luciana Santos Pires, Luana Fernanda da Silva Baptista, Licínio da Silva Portugal

Artigo Ciências Sociais

Bovy, P. H. 2002; Cashman, R. 2002; Chappelet, J. L. 2001; Egler, T. T. C. 2010; Filho, A. R. R. 2008

Gilmar Mascarenhas

Revista Bibliográfica de Geografía y CienciasSociales

Geografia TRUÑÓ, Enric (1996) MILLET, Lluis (1996)

89

Giuliana Costa Artigo Ciências Sociais

HiLLER 2000, GRATTON e HENRY, 2001; ESSEx e CHALkLEy, 1998)(HALL, 1992), FuRRER 2002; COHRE 2007, GuALA2009) COHRE, 2007 e RolnIk, 2009; omenA, 2011:http://www.gamesmonitor.org.uk

Rafaela Dias Romero; Paulo Cezar Martins Ribeiro

Artigo Engenharia de Transportes

Em Silva (2005) Getz (1997) Higham (1999) Tavares (2008)

Alexandre Magalhães

Tese de Doutorado

Ciencias Sociais

Bienenstein, 2011; Novais et al., 2007; Sánchez, 2001; Vainer, 2011)

Lucas Porciuncula Porto

Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM

Direito Integrantes do Comitê popular da copa