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2 JAN/FEV 2011Grande Moinho Cearense S.A. | Av. Vicente de Castro, 6043 - Cais do Porto

Cep: 60180-410 - Fone: (85) 3266.6243 - Fax: (85) 3266.6260 | E-mail: [email protected]

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Um ano novo começa e mais uma vez o ciclo se repete. Afinal, na vida

estamos sempre envoltos em ciclos. Uns bons, outros nem tanto. Um novo ano é uma chance sacramentada de recomeço. Mas não é a única.

Todo dia, qualquer dia, é dia de recomeçar.Há projetos que duram uma vida inteira, como a democratização da

África do Sul para Nelson Mandela, outros se encerram em minutos. Às

vezes, estamos envolvidos em projetos visionários como escrever um livro -, cujo sucesso ou fracasso demora a aparecer. Editar uma revista é

algo assim. Por isso, lhe presenteamos nesse início de ano com a Edição

número um da Revista FOCO, cujo conteúdo está mais próximo da nossa

proposta editorial de fazer uma revista que entretém e questiona.Na vida precisamos de coragem para correr riscos e implementar

projetos visionários discernindo o que pode ou não ser feito. Não pode-

mos ignorar o inusitado, porque sem isso não há inovação. Mas também

não podemos desprezar o trivial. Acreditamos que aprendendo a combi-

nar esses dois aspectos estaremos caminhando para transformar ação

em sucesso. O que importa é fazer acontecer. Ter uma visão inovadora,

diferenciada, clara, arrojada e por para funcionar. Toda a manhã nos é dada a chance de analisar o que fizemos de certo

ou errado ontem para fazer melhor hoje. Às vezes, uma semana pode ser melhor para analisar nossas ações. Às vezes necessitamos de quatro

semanas completas para tirar conclusões mais claras. Mas nunca devemos perder a chance de pensar no que podemos

fazer para melhorar os aspectos em que erramos por não ter dado a atenção devida aos amigos, à família, a equipe de trabalho. No final dessa

avaliação, vamos encontrar a estratégia adequada aos nossos objetivos e

mesmo à nossa personalidade.Não podemos é perder a chance de todos os dias, semanas ou meses

avaliar e melhorar. A vida é uma eterna escola, que nos ensina novas lições diariamente. E, sem dúvida, é preciso colocar em prática o que se

aprende. Não basta olhar, é preciso ver. Sempre vale a pena recomeçar,

mas só com FOCO chegaremos lá.Feliz 2011 e um bom recomeço!

Recomeço com foco

Paulo César Matias

EDITORIALEXPEDIENTEA REVISTA FOCO É UMA

PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE

Diretor - Paulo Cesar Matias

Editora - Silvia Carla Araújo

Direção de Arte e Diagramação:

Marcelo Della Guardia (85) 8885.2111

Colunistas: Josias Rocha Jr. e

Marcelo Della Guardia

Jornalista responsável:

Sílvia Carla Araújo (SRT CE01226JP)

Promoção e Publicidade:

(85) 8802.6040

Tiragem: 2 mil exemplares

Impressão:

Qualygraf Editora e Gráfica

Cartas é um espaço reservado para

o leitor. Envie sugestões e opiniões

devidamente identifi cadas com nome,

profi ssão, endereço e telefone para:

[email protected]

Esta publicação não se responsabiliza

pelos textos assinados.

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4 JAN/FEV 2011

EM FOCO...

MATÉRIA DE CAPA10O entrevistado do mês é o cantor Raimundo Fagner que fala da volta da parceria com Fausto Nilo e de como a pirataria vem mudando o mundo da música.

14TURISMOO deslumbrante cenário natural da Praia das Fon-tes, Beberibe, também oferece hotéis com confor-to e cara de resort.

20REPORTAGEMA Polícia Federal lançou em Fortaleza/CE, o seu mais novo instrumento tecnológico de ajuda no combate à criminalidade no país, o sistema de Rá-dio Comunicação Digital.

24LEI SECAConsiderada a responsável pela redução dos índi-ces de acidentes nas estradas, a Lei Seca ainda divide opiniões.

32ASSÉDIO MORALJuíza que enquadrou o Carrrefour e a construtora Queiroz Galvão diz por que o assédio moral vem se propagando nas empresas federais.

05DROGASLivro relata, com depoimentos de jovens que lu-tam contra a dependência química, o difícil cami-nho de volta.

SEMPRE EM FOCO...03 Expediente03 Editorial26 Tecnologia27 Dicas do Sapo28 Ultimas Notícias

SUMÁRIO

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LIVRO

O texto a seguir é o resu-mo de uma investigação feita com 24 adolescentes usuá-rios compulsivos de drogas psicoativas. A pesquisa, de autoria da pedagoga e agen-te de polícia federal aposen-tada, Elismar Santander, foi realizada durante especiali-zação na UECE (Universidade Estadual do Ceará) e transfor-mada no livro “Desencontro e Encontros – O Difícil Cami-nho pela Libertação da De-pendência Química”.

Com o propósito de su-gerir ações e políticas pú-blicas educativas a partir do tripé família, escola e comunidade, o estudo pro-cura entender a luta dessas pessoas para libertar-se da dependência química. São relatos de grandes sofri-mentos: crimes, violência social, prisões, internações e tratamentos clínicos. Hoje, apenas três deles consegui-ram se afastar das drogas e resgatar suas vidas em ple-nitude.

O livro busca investigar as relações vividas por esses adolescentes e que teriam eclodiram na dependência crônica. Mas que também foram motivados pela a crença de que o consumo de drogas estava sob seu con-trole e que na hora que qui-sessem poderiam parar. Fato que não se confirmou com o tempo e o uso se tornou descontrolado. O livro dis-cute a dependência química com o embasamento teórico de autores renomados.

“Marcelo (nome fictício), filho primogênito de uma relação extraconjugal de um alto funcionário público, viveu desde o nascimento na companhia da mãe, embora preferisse o pai. Até os 10 anos, a figura paterna se fez presen-te em festas, aniversários, compromissos escolares e lazer. A transferência do pai para outra cidade foi um divisor de águas. Nos primeiros meses da separação, o garoto chorava constantemente.

Após alguns anos, o pai casou-se com outra mulher e o afastamento só aumentou. Apesar de contribuir financeiramente com as despesas do filho, sua distância e ausência gerou no garoto um sentimento de abandono e rejeição. Não suportando a saudade Marcelo resolveu procurar o pai. A ten-tativa de morar com ele fracassou porque o garoto não se adaptou à nova família tendo que retornar ao convívio da mãe.

DEPENDÊNCIA QUÍMICA, O DIFÍCIL CAMINHO DE VOLTA

RELATO DE UM DOS CASOS EM QUE O DEPENDENTE TEM CONSEGUIDO SE MANTER AFASTADO DAS DROGAS

5REVISTA FOCO CRÍTICO

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6 JAN/FEV 2011

Nesse período se iniciou no uso de drogas incentivado por amigos da Escola. Começou pelo álcool. Para disfarçar os efeitos da bebida passou a cheirar cocaína. Nos intervalos, para aliviar a eufo-ria que a cocaína provocava, fuma-va cigarros de maconha.

Ao falar de seu relacionamento familiar, demonstrava uma mágoa profunda pela ausência do pai, por quem sempre teve profunda admiração, não pela alta função que ele exercia no serviço público, mas por sua inteligência, modelo e referência. Em suas atuais lem-branças acabava sempre direcio-nado para a infância, onde o senti-mento de abandono e rejeição era demonstrado na mágoa profunda que passou a nutrir pelo pai.

Mas foi a ruptura, o afastamen-to definitivo do pai e a falta de envolvimento da mãe na sua edu-cação, os elementos facilitadores para a fuga nas drogas. Sem a pre-sença e o apoio do pai e sem os limites da mãe, tornou-se presa fá-cil para os fornecedores de drogas e passou a vender para manter o vício.

No início da maioridade envol-veu-se num latrocínio, e cumpriu alguns anos de prisão. Circuns-tância que o motivou a lutar con-tra a compulsão. Outros motivos menos importante, foram a paixão pela namorada e o seu acompa-nhamento psicoterápico. A chega-da da maturidade também contou para a manutenção de sua deci-são. Já adulto, passou a compre-ender melhor sua dependência, a falta de controle e a importância do apoio e proteção familiares.

Hoje, aos 34 anos, Marcelo está concluindo o último ano da Universidade e lamenta o tempo perdido. O passado ainda o faz sofrer, mas como ele mesmo diz “vive um dia de cada vez” e assim permanece em abstinência.

No estágio de manutenção da sobriedade, a luta para conquis-tar uma nova qualidade de vida, um novo estilo de comportamen-to e uma nova estratégia de so-

brevivência é diária, o que exige muita determinação e uma eter-na vigilância”.

CONCLUSÕES DA PESQUISA

Ficou evidente que relações familiares conflituosas, incertezas no futuro, abandono das relações afetivas, transgressões e busca por novas sensações foram os motivos que levaram os entrevis-tados para o triste caminho das drogas. Quanto mais cedo se ex-perimenta drogas, maior o risco dela evoluir para o quadro obses-sivo da dependência química e da dificuldade no tratamento.

No decorrer da pesquisa, foram constatados problemas disfuncio-nais em conseqüência do uso de drogas, do seu sofrimento, isola-mento e total falta de perspectiva com relação ao futuro.

O impacto que a família sofre, com separação, brigas, desenten-dimento ou qualquer outro tipo de violência, afeta direta e indire-tamente a todos, vulnerabilizando suas próprias funções. No caso de Marcelo, ele se diz magoado com a mãe pelo fato dela não ter tenta-do os meios adequados para impe-di-lo de usar drogas ou, quando já era dependente, de não ter lutado para tirá-lo do crime.

LIVRO

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Elismar Santander: Presidente do Instituto Aracê é agente apo-sentada da Polícia Federal; Psicólo-ga, Pós - graduada em Abordagem Sistêmica da Família pela UNIFORl; Coordenadora pedagógica do Pro-jeto Implantação de Terapia Comu-nitária e Ações Complementares para 13 nações indígenas brasileira - SENAD/FUNAI/FCPC-UFC

O livro, “Desencontro e Encon-tros – o Difícil Caminho pela Liber-tação da Dependência Química” está a venda na livraria Saraiva do Iguatemi e na Federal Cred. Todo o arrecadado com a venda é in-vestido na ONG Instituto Aracê (Av Dom Luis nº 300 – Sala 1116 – Aldeota Fone: 3264.92.75), que atende a dependentes químicos e familiares com profissionais vo-luntários.

O mistério da cidade submersa, habitada por humanos subaquáticos e sereias, faz com que ainda se sonhe com esse paraíso e que, talvez, nunca se traga à tona sua verdadeira história.Você não precisará acordar desse sonho e nem sair do Brasil para conhecer Atlântida. Ela está bem aqui, no litoral cearense, de frente para o mar verde-esmeralda que banha a cidade de Fortaleza.O passado nebuloso da Atlântida emerge na ensolarada Praia do Futuro.

av. Zezé Diogo, 5581 - Praia do Futuro, Fortaleza, Ceará, Brasil. tel. 85 3249.4606 e.mail: [email protected]

Atlantidz, Atlantis, Atlântida...

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PORTO DE FORTALEZA COMEMORA 4,2 MILHÕES DE TONELADAS EM MOVIMENTO DE CARGAS EM 2010

Porto de Fortaleza comemora recorde de 4,2 mi em ton movimentadasA Companhia Docas do Ceará (CDC) inicia 2011 comemorando o recorde

de movimentação de mercadorias no Porto de Fortaleza. Foram 4.270.481,66 toneladas movimentadas entre importação e exportação, de jan a dez de 2010 – 23,74% mais que o volume movimentado em 2009. O bom resultado permi-tiu que a empresa encerrasse 2010 com expectativa de lucro.

As cargas que contribuíram para o recorde foram: trilho (importado pela Transnordestina), cimento (importado pela Votorantin e CSN), produtos side-rúrgicos (importado pela Aço Cearense e Metal Mecânica Maia, e exportado pela Gerdau), frutas (exportadas para a Europa), asfalto (importado pela Pe-trobras), trigo (importado pelos moinhos Dias Branco, Cearense, Fortaleza e Santa Lúcia) e malte (importado pela Schincariol).

A expectativa para os próximos anos, com a finalização da obra de dra-gagem (retirada de areia para aprofundamento de -10,5 para -14m do canal de acesso, bacia de evolução e berços de atracação de navios) é que a movi-mentação de cargas no Mucuripe aumente em até 30%. O aumento será dire-tamente proporcional ao incremento da renda dos trabalhadores e da receita dos operadores portuários, como também da própria CDC.

Os resultados positivos se deram em virtude do crescimento da economia do Ceará, aliado a uma gestão técnica e profissionalizada, que soube gerenciar a logística portuária para receber o crescimento na movimentação de cargas. Todo esse esforço gerencial aconteceu em paralelo à finalização da obra de derrocagem (retirada de pedras) do berço 103 e do início da dragagem (que deverá ser concluída em fevereiro de 2011).

Qualifi cação Profi ssionalAlém da gestão e dos investimentos em infraestrutura, a CDC destacou-

-se em 2010 pela inauguração do Centro Vocacional Tecnológico Portuário, o primeiro do país a qualificar e requalificar não somente os funcionários da CDC e trabalhadores portuários, mas também os moradores do entorno do Porto do Mucuripe; bem como a oferecer espaço para valorização da música, teatro e dança.

Investimentos em 2011Para este ano de 2011, a CDC prevê a construção de um novo cais de

atracação, preferencial para navios de turismo, com uma estação de passa-geiros e uma retroárea. Anuncia ainda a instalação de nova pavimentação, obra de derrocamento (retirada de pedras) para -13m do berço 103, troca das defensas, construção da área de lavagem de máquinas, novas subestações de energia, ampliação do parque de tomadas frigoríficas, além de nova ilumina-ção industrial.

INFORME PUBLICITÁRIO

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A movimentação de cargas em 2010 foi a maior da história do Porto, que este ano crescerá ainda mais com a finalização da dragagem (aprofundamento para -14m).

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10 JAN/FEV 201110 JAN/FEV 2011

Cantor e compositor talen-tosíssimo, o cearense autor de sucessos como “Borbu-lhas de Amor”, “Revelação” e “Canteiros” é também co-nhecido pelo temperamento forte e “língua afiada”. Aos 60 anos, Fagner é só entu-

LÍNGUA AFINADAPor Sílvia Araújo

ENTREVISTA FAGNER

siasmo por voltar a trabalhar com o parceiro de sempre, Fausto Nilo, de quem se de-clara fã incondicional. Pra não perder o jeito, desdenha do movimento Massafeira, que o lançou para os cearenses no início da carreira, critica

a preferência da mídia pelas músicas “descartáveis” e de-clara guerra contra a pirataria, que fez as gravadoras min-guarem a ponto de fazer dos shows, basicamente, a única fonte de renda para ele e ou-tros artistas.

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11REVISTA FOCO CRÍTICO

FOCO - O Fausto Nilo deu a notícia que você e ele estão novamente compondo juntos, para alegria dos fãs. O que a gente pode esperar dessa re-vitalização, digamos assim, da parceria e quando sairá o pri-meiro trabalho?

FAGNER – Acabamos de fazer uma nova canção “Balada fingi-da” e para ele é uma das melho-res que fizemos. O que é um de-safio já que temos uma parceria sólida e ao longo de minha car-reira ele é o parceiro mais cons-tante, com mais de 40 músicas gravadas.

Tenho grande admiração por Fausto e orgulho de ter sido o primeiro a musicar suas letras e ele ter se tornado um dos compositores mais grava-dos no Brasil, ao lado de tantos artistas importan-tes. Penso em gravar “Balada fingida” no meu CD do próximo ano. Es-tou bem entusiasmado.

FOCO - O movimen-to Massafeira, que além de você era formado pelo Ednardo, o Fausto, o Belchior, o Zé Ramalho e outros, fez 30 Anos e foi comemorado com shows no Rio de Janeiro e em Forta-leza. Que importância ele teve na sua carreira e para a música brasileira?

FAGNER – O movimento Massafeira foi uma reunião de artistas de várias áreas daqui do Ceará que aconteceu como um manifesto de expressão naquela época e ficou marcado na cabe-ça daquelas pessoas. Do ponto de vista de resultados ele não passou daqui do Ceará e causa controvérsia até hoje. Não teve grande importância para minha carreira, para Fausto, Belchior ou Zé Ramalho, porque estávamos pavimentando nossos caminhos solos e Massafeira não vingou como um movimento artístico de expressão nacional.

FOCO - Muitos desses artis-tas talentosos e consagrados

estão encontrando difi culdade para desenvolver novos traba-lhos junto às gravadoras. Qual a fórmula para se manter tanto tempo em evidência e não ser atropelado pelas novas gera-ções?

FAGNER – A realidade hoje é totalmente diferente da época em que vendíamos muito disco. Antes, não existia a pirataria nas ruas e pela internet. As gravado-ras minguaram e estamos diante de outros desafios para seguir em frente. Os shows são basi-

e Elis que reconheceram seu talento logo no início. Que im-portância isso teve para a sua ascensão artística?

FAGNER – Meus parceiros sempre tiveram grande importân-cia em meu trabalho e são mui-tos: Fausto, Brandão, Vinicius de Moraes, Ferreira Gullar, Zeca Ba-leiro, Ricardo Bezerra, Abel Silva, Belchior são alguns dos mais co-nhecidos da música brasileira e que valorizam o trabalho de qual-quer artista. Mas também estou sempre aberto para o trabalho de novos compositores.

Quanto a Elis e Roberto terem praticamente me lançado no iní-cio da carreira, foi fundamental para abrir as portas do mercado

e me dar credibilidade como autor. Sem contar que meu

primeiro show no Sudeste foi com Nara Leão, que cha-mou a atenção do público para o meu lado de cantor. Foi um momento mágico na minha vida e não pode-ria ter começado melhor. Sou muito grato a eles.

FOCO - Atualmente, você também faz produ-ção de CDs. Tá nascendo uma nova profi ssão que no futuro poderá substi-tuir a de músico ou ela é fruto do seu amadureci-mento e vontade de aju-dar músicos em início de

carreira? FAGNER – Sempre produzi

discos e cheguei a dirigir o selo Epic, da gravadora CBS, hoje Sony. Fiz com muita intensida-de, lançando muitos artistas que deram certo. Outros nem tanto. É um trabalho que faço com o mesmo prazer com que gravo meus discos.

É uma cachaça ficar horas dentro de um estúdio, com pro-fissionais trabalhando para tirar da música o melhor possível. Já produzi quase uma centena de discos e vou continuar fazendo. Além do prazer de descobrir no-vos talentos sem querer nada em troca nem tirar vantagem disso.

camente a nossa fonte de renda. Artistas com público cativo não sofrem tanto. Por outro lado, não se pode perder o estímulo de ca-prichar naquilo que sabemos fa-zer que é a boa música. O público sempre espera o melhor de nós, independente dos problemas que temos. É necessário manter o estímulo na criação, aceitar as regras do jogo e acertar na pro-dução dos novos trabalhos para continuar conquistando o públi-co que gosta da gente.

FOCO - Você teve várias par-cerias musicais importantes e foi interpretado por nomes fa-mosos como Roberto Carlos

“Não teve grande importância para minha carreira,

para Fausto, Belchior ou Zé Ramalho, porque estávamos

pavimentando nossos caminhos solos e Massafeira

não vingou como um movimento artístico de

expressão nacional”

11REVISTA FOCO CRÍTICO

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12 JAN/FEV 2011

FOCO - Como vê o atual ce-nário musical brasileiro?

FAGNER – A música brasileira sempre foi muito rica O nosso povo é musical e diversificado. Sempre vai surgir alguma coisa nova, interessante, como vemos por aí. Além do mais temos fa-cilidades de que essas pessoas possam aparecer pelas novas mídias, independente das grava-doras. Mesmo assim, se prioriza muito mais o lado comercial ou a música descartável do que a qua-lidade que é um dom natural da nossa música.

FOCO - O projeto “Cantei-ros Musicais”, da sua Funda-ção, leva educação musical, por meio de software, para esco-las e está sendo implantado em Minas e na Bahia, antes do Ceará. Você acredita que, além de toda a im-portância que a música pode ter na formação de uma pessoa, poderá estar surgindo daí uma geração de novos mú-sicos?

FAGNER – A música tem uma importância tão grande quanto o esporte na inclusão dos jovens na sociedade e o país acordou para essa realidade. A nossa Fundação tem feito o seu papel e conquistado muitos prêmios. Isso nos incentiva a continuar, como também aos nossos par-ceiros, principalmente o Café Santa Clara que tem sido nosso braço direito desde o início.

O projeto Canteiros Musicais funciona basicamente em Minas Gerais por iniciativa do Governa-dor Aécio Neves que incluiu nos CVVT’s (Centro Vocacional Tecno-lógico). A criação do CVT foi uma idéia do Deputado Ariosto Holan-da daqui do Ceará e que o Aécio acatou e desenvolveu em Minas. Para o ano que vem estamos para entrar no Rio de Janeiro e no Mato Grosso. O Governador Cid Gomes já sinalizou a possibilidade de im-plantar no Ceará. Espero que se realize por ser a minha terra.

Quanto à possibilidade de sur-gir novos músicos, até profissio-nais, não é essa a intenção. Mas sempre será bem vinda para ser-vir de referência.

FOCO - Você sempre se en-volveu com movimentos sociais como a campanha “Força Soli-dária” que levou doações para as vítimas das enchentes. Agora você leva arte, educação e saú-de a jovens em situação de ris-co, por meio da sua Fundação. Quando pensou que tinha que fazer mais?

e temos que estar atentos, prin-cipalmente, com os efeitos no-civos da corrupção e o que isso traz para a sociedade. Mesmo não estando tão atuante nesse momento meu interesse conti-nua o mesmo.

FOCO - Esse jeito original de cantar teve infl uência da sua descendência libanesa por par-te de pai? Quem mais te infl uen-ciou?

FAGNER – Principalmente meu pai que também foi cantor, e me embalava desde criança cantan-do suas canções libanesas e tudo que passei a ouvir dentro de casa com os discos do meu irmão Fa-res. Meu interesse pela música ao longo da minha vida foi constan-

te. Tive muitas influências dos cantores antigos, Luiz Gonza-

ga, os seresteiros (Nelson Gonçalves, Altemar Dutra), chegando à Jovem Guar-da de Roberto Carlos, aos tropicalistas baianos, aos Beatles, Chico Buarque, Milton Nascimento, à mi-nha geração do pessoal do Ceará até descobrir meu próprio caminho e estilo.

FOCO - Você nunca foi embora de vez para o su-deste e nunca deixou de estar em evidência. É do ceará que vem a inspira-ção para compor ou das suas raízes libanesas?

FAGNER – Saí do Ceará em 70 para cursar a universida-de em Brasília. Só fiquei um ano porque ganhei um festival im-portante no DF. Isso me motivou a ir tentar a música no Sudeste. Moro no Rio desde 1971. Nunca deixei de vir ao Ceará ao longo desses anos. Mas só nos últimos tempos tenho passado meu tem-po livre aqui, para curtir a terrinha que eu adoro. Na verdade sem-pre estive nos dois lugares e prin-cipalmente viajando pelo Brasil fazendo shows.

Acho que a inspiração vem das minhas raízes libanesas, do meu pai e de tudo que vivenciei na minha relação com a música.

ENTREVISTA FAGNER

12 JAN/FEV 2011

FAGNER – Sempre me envolvi em campanhas de solidariedade. É uma prática que nós artistas temos por ser, de certa maneira, formadores de opinião. A Funda-ção é um exemplo concreto da minha parcela com a sociedade e espero continuar com essa ini-ciativa.

FOCO - Você chegou a se engajar politicamente, apoian-do candidatos, inclusive na TV. Agora parece estar mais reti-cente. Deixou de acreditar na política?

FAGNER – A política no Brasil sempre me interessa. Vivemos num país em desenvolvimento

“Se prioriza muito mais o lado

comercial ou a música descartável do que a qualidade que é um dom natural da

nossa música”

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13REVISTA FOCO CRÍTICO

Criada há dez anos pelo cantor Raimundo Fagner, oficializando, expandindo e profissionalizando atividades de cunho social que a família do músico mantinha no município de Orós, a Fundação Rai-mundo Fagner complementa a educação escolar com esporte, arte e cultura para crianças e adolescentes de baixa renda. Atualmente, premiada pelo Programa Cultura Viva e com o Itaú-Unicef, oferece aulas para o 170 jovens em Fortaleza e outros 200 em Orós.

O orçamento anual da fundação é de R$ 600 mil e 40 colabora-dores participam das atividades, que em Fortaleza se desdobram ainda no projeto de geração de renda Estopa e Retalhos, que ofe-rece trabalho para cerca de 30 mães de alunos da Fundação, numa pareceria com a iniciativa privada. Uma das tantas que tornam viável o projeto, assegura Tereza.

Atualmente, a grande necessidade é de expansão. As instala-ções de Fortaleza e Orós já não comportam mais alunos, e a procura por vagas é grande. “Em Orós, que não tem faculdade de música, a Fundação é a referência. Em Fortaleza, a última vez que abrimos 15 vagas tivemos 160 inscritos, apenas com a divulgação boca a boca no bairro”, explica.

Com uma área de 7.000m2 na área Metropolitana de Fortaleza, o Sítio Canteirão dispõe de piscinas, campo de futebol a área de lazer, tudo adaptado para atividades artísticas e educacionais. Nes-se espaço privilegiado, crianças e jovens poderão desenvolver suas habilidades e treinar para o convívio social. O Sítio Canteirão tem ca-pacidade para abrigar 200 crianças e adolescentes, de 7 a 17 anos, com seus programas e projetos desenvolvidos em Orós e a mesma estrutura de atendimento

FUNDAÇÃO RAIMUNDO FAGNERESPORTE E CULTURA PARA QUEM

NÃO TEM ACESSOO amigo Guga em visita à Fundação

Com participação de Fagner

Coral e músicos em apresentação

13REVISTA FOCO CRÍTICO

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14 JAN/FEV 2011

Localizada a 87 km da ca-pital cearense, a praia que nasceu de uma colônia de pescadores, combina mar calmo e areias que vão do branco ao coral. Rodeada por dunas e falésias por onde afloram fontes de água doce (daí a origem do nome) tem ótimos hotéis, pousa-das e até um resort. No meio das dunas fica a Lagoa da Uberaba, de onde vem a água que abastece o muni-cípio. É este cenário imorta-lizado em filmes e novelas que atrai turistas o ano todo.

Uma dica para desvendar outros encantos do local são os passeios de buggy que po-dem se estender até a Lagoa do Uruaú pelas dunas. Um conselho importante: dê pre-ferência aos motoristas cre-denciados. As hospedagens costumam dar referências.

Os adeptos de esportes radicais encontram nas du-nas íngremes o ambiente ideal para a prática de sand-board e o skibunda. Os me-nos radicais têm a opção de ir a pé até a Gruta da Mãe D’Água, onde a atriz Caro-lina Dieckman fez cenas da novela “Tropicaliente”, em 1994, ou até as fontes de água doce. Ambos po-dem ser surpreendentes.

14 JAN/FEV 2011

TURISMO

BELEZA NATIVA E PRAIA DAS

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15REVISTA FOCO CRÍTICO

CONFORTO À MÃOFONTES

15REVISTA FOCO CRÍTICO

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16 JAN/FEV 2011

TURISMO

A Praia das Fontes é uma das bele-zas nativas de Beberibe, município de aproximadamente 45.000 habitantes conhecido por sua costa recoberta de falésias, dunas, praias e lagos, além dos estuários dos rios Choró e Pirangi. Outras praias do município são Uruau, Morro Branco e Barra da Sucatinga.

Consolidada ótima opção de roteiro turístico por quem procura belas praias de águas límpidas Beberibe ganha pon-tos extras por ter boa rede hoteleira e fácil acesso. O município ainda ofere-ce inúmeras opções de compras para quem procura artesanato original. Des-taque para as rendas de bilros e labirin-tos ou ainda os utensílios em cerâmica feitos pelas artesãs nativas. Já as famo-sas garrafinhas de areias multicoloridas das falésias são, de longe, o suvenir mais procurado pelos visitantes.

Como qualquer município tipica-mente praiano, o forte da culinária são os pratos a base de frutos do mar com lagosta, camarão servido à vontade nas pousadas e hotéis e diversos tipos de pescados em pratos grelhados, fritos, em forma de moqueca ou diferentes op-ções de peixada.

A alternativa é a culinária regional com pratos de sabor marcante feitos de paçoca, baião de dois, carne de sol, pa-nelada, buchada e sarapatel, além dos produtos com ingredientes da produção agrícola local (cachaça, mel, rapadu-ra, cajuína, doces, castanha assada do caju; tapioca e farinha – da mandioca; cocada, doce do côco; canjica, pamo-nha, bolo, cuscuz e mungunzá de milho).

COMO CHEGAROs pacotes das operadoras incluem

apenas a estadia. Se for de ônibus e carro tem duas opções para chegar à re-gião. Quem sai de Fortaleza segue pela CE-040, também conhecida como Costa do Sol Nascente. A última entrada pela qual o viajante passa é por Cascavel, logo depois vem o acesso a Beberibe.

A segunda alternativa para quem vem de carro do Sul ou Sudeste do país, sem passar por Fortaleza, é seguir pela BR-116 até o entroncamento com a CE-138. Um pouco mais adiante há outra bifurcação, em que se deve optar pela CE-111.

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17REVISTA FOCO CRÍTICO 17REVISTA FOCO CRÍTICO

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18 JAN/FEV 2011

ONDE FICARBOUGANVILLE HOTEL

Apartamentos - Dispoe de 32 suí-tes, 4 conjugadas para famílias ou gru-pos, com Frigobar, TV a Cabo, Telefone, acesso à Internet e ar condicionado.

Cozinha - Cozinha regional e pratos a base de mariscos e peixes variados, além de opção de pratos para crianças a base de massa.

Lazer - Oferece piscina com hidro-massagem, sauna, playground,

Preços - De R$ 140,00 a R$180,00 a suíte para duas pessoas com café da manhã.

Avenida A - Quadra 20 Praia das Fontes Tel: (85) 3327-3037

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HOTEL DAS FALÉSIAS Apartamentos - 29 apartamentos

em estilo rústico com Frigobar, TV e Ar Condicionado e sinal de internet.

Cozinha - Cardápio variado com destaque para peixes e crustáceos.

Lazer - Oferece piscina e campo de futebol

Preços – Quartos para duas pesso-as com café da manhã por R$ 94,00 na baixa estação e por R$ 126, 00 nos pe-ríodos de férias.

Avenida Assis Moreira, 314 Praia das Fontes Tel: (85)3327-3051

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PARQUE DA FONTES HOTEL Apartamentos - Dispõe de 463 suí-

tes Frigobar e TV, sinal de internet, co-fre.

Cozinha - Cozinha regional com pra-tos da Culinária internacional. Desta-que para os peixes e crustáceos.

Lazer – Parque aquático, academia, salões de eventos com capacidade para até mil pessoas, sala de jogos, kids clube, pesque e pague, tiro ao alvo, salões de eventos com capacida-de para até mil pessoas.

Preços – Variando de R$ 179,00 a R$ 280,00 a suíte para duas pessoas com direito a café da manhã.

Av Cel. Antônio Teixeira Fº - Praia das Fontes Telefone: (85) 3327.3444

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TURISMO

18 JAN/FEV 2011

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20 JAN/FEV 2011

A Polícia Federal lançou em Fortaleza/CE, o seu mais novo ins-trumento tecnológico de ajuda no combate à criminalidade no país. O Sistema de Radiocomunicação Digital com a tecnologia Tetrapol IP que promete mais segurança nas ações da PF. A apresentação, no final de agosto, na Sede da Superintendência da Policia Fede-ral foi conduzida pelo Engenheiro Fabiano Mendes Fernandes e as-sistida por servidores, autoridades do Estado e da Polícia Federal, re-presentada pelo superintendente,

PF APRESENTA SISTEMA CRIPTOGRAFADO DERADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL

delegado Aldair da Rocha, A rede Tetrapol será um braço

da Iintegrapol de comunicação da Polícia Federal, que integra o pro-grama PRÓ-AMAZÔNIA /PROA-MOTEC e que é parte de um acor-do fechado em abril de 1997, em Brasília, pelos governos do Brasil e da França, dentro de um acordo de cooperação bi-lateral.

O sistema, já utilizado em paí-ses como a Espanha, França, Mé-xico e República Tcheca, permite a realização dos mais diversos tipos de operações e eventos com se-

gurança garantida por um código criptografado e troncalizado, Além de uma comunicação mais segu-ra, o fabricante promete agilidade nas tomadas de decisões com as facilidades de chamadas privadas e em grupos, SMS, acesso a ban-co de dados, chamadas telefôni-cas por meio do rádio, localização por meio de GPS, etc.

No primeiro lote, serão três mil aparelhos. A interação com outros estados deve facilitar esquemas montados para os Jogos Mundiais Militares (2011), Copa das Confe-

REPORTAGEM

Os novos equipamentos permitemtransmitir dados criptografadoscom a máxima segurança.

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21REVISTA FOCO CRÍTICO

derações (2013), Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016). “É tec-nologia de ponta. E estamos sen-do pioneiros no Brasil com esta versão”, disse o superintendente da PF no Ceará, Aldair da Rocha. Apresentado ao sistema, o Gover-nador Cid Gomes diz que pretende adotá-lo nas Polícias Militar, Civil, Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Com tecnologia de ponta, a Rede Integrapol, possibilita o com-partilhamento de sua estrutura com outras forças de segurança pública e órgãos de controle, pois a sua arquitetura permite a inclu-são de outras organizações, de forma independente e sem interfe-rência. Quando necessário, a rede permite a fusão das comunica-ções entre as forças, em situações de crise ou operações conjuntas.

A rede de radiocomunicação que a PF instalará no Ceará é cons-tituída por 98 Estações Radio-Base (ERBs) localizadas em todas as ca-pitais brasileiras, 120 Repetidoras Táticas em todas as Delegacias e nove Centros de Controle, localiza-dos nas cidades de Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG, Porto Alegre/RS, Maceió/AL, Natal/RN, Belém/PA e Manaus/AM, responsáveis pelo gerenciamento técnico, tático e operacional em território nacional.

Nos demais estados, existirão as Unidades Locais de Comuni-

cação Operacional (ULCO), res-ponsáveis pelo gerenciamento tático e operacional, a exemplo da Superintendência Regional do Es-tado do Ceará (SR/CE). Fortaleza receberá três estações em bairros não divulgados pela PF e distribu-ídas estrategicamente de modo a cobrir toda a área metropolitana e principais cidades cearenses com suporte total para voz e dados,

A idéia da PF era implementar o programa por completo até o início de 2011. Com a implanta-ção da Rede Integrapol em Forta-leza será possível a realização de chamadas, via rádio, para outras unidades da Federação. Os de-mais estados também serão con-templados para, assim, se formar um sistema integrado. A previsão é que já nos primeiros meses do ano a implantação da Rede INTE-GRAPOL em todo o território na-cional esteja completa. A decisão pelo modelo foi tomada em 2003 e os investimentos começaram em 2005. Desde então, foram investi-dos R$ 180 milhões.

A REDE TETRAPOL IPO sistema oferece mais segu-

rança na comunicação digital de voz e dados, com avançado me-canismo de criptografia. Permitirá principalmente a integração de todas as unidades da PF no Brasil com as demais forças estaduais de

segurança pública, aumentando sua eficiência operacional. O mo-delo tende a se tornar referência em comunicação integrada para a segurança pública nacional du-rante os grandes eventos a serem realizados no Brasil nos próximos anos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

A rede Integrapel em sua ver-são completa é composta por nove redes regionais com 27 sites de gestão tática, mais de 100 es-tações rádio base fixas e 220 re-petidores digitais independentes, além de dispor de 9 mil terminais. O sistema fabricado pela Cassi-dian (EADS DS), além da seguran-ça do mecanismo de criptografia que evita escutas, também ofere-ce acesso a bases de dados e a dados fornecidos por GPS para a localização automática de veículos e pessoas, que podem ser acessa-dos com os agentes em movimen-to, em suas viaturas, por exemplo.

Com isso, a Polícia Federal quer garantir ainda mais sigilo nas co-municações entre seus policiais durante as operações críticas. “As-sim, as informações sensíveis es-tarão mais protegidas, melhorando significativamente a segurança ge-ral de todas as nossas operações de campo” afirmou o Eng. Fabiano Mendes Fernandes. Segundo ele, o sistema Tetrapol IP de radioco-municação da PF brasileira traz al-guns diferenciais, principalmente devido à sua alta capacidade de integração, exigência da política nacional de segurança pública do Ministério da Justiça.

O QUE MUDA NAS OPERAÇÕES?

O sistema de comunicação en-tre policiais passa a ser blindado durante as operações. A partir de agora, policiais federais brasileiros poderão trocar mensagens através de sistema que envia dados crip-tografados, ou seja, codificados. Com isso, a PF tenta impedir que informações sobre operações es-peciais vazem. O esquema tem

Engenheiro da PF apresentou o sistema na Superintendência do Ceará

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22 JAN/FEV 2011

equipamentos de transmissão de dados que só podem ser decodifi-cadas por centrais com softwares específicos. “Antes, qualquer pes-soa podia ouvir as conversas. Ago-ra, vai ser impossível informações vazarem”, citou o chefe da Divisão de Telecomunicações da PF, Fabia-no Mendes Fernandes.

O NEGÓCIO DA SEGURANÇA DE

ESTADOA Cassidian é líder mundial

em sistemas de comunicação de missão crítica e de comando e controle de soluções. Fornece soluções de sistemas para For-ças Armadas e de Segurança em todo o mundo. Atua desde servi-

ços de suporte até sistemas de mísseis para aeronaves e UAVs e sistemas de segurança global. Em 2009, a empresa registrou fa-turamento de 5,4 bilhões de eu-ros.

A empresa pertence ao Gru-po EADS (European Aeronautic Defence and Space Company) que também lidera os segmen-tos aeroespacial e de defesa com faturamento total de 42,8 bilhões de Euros. O Grupo inclui a Airbus, maior fabricante de ae-ronaves comerciais do mundo, e a Airbus Military, responsável por aviões de reabastecimento aé-reo, de transporte e de missão; a Eurocopter, maior fornecedo-ra mundial de helicópteros; e a EADS Astrium, líder européia em-programas espaciais. Sua divisão

de Defesa & Segurança é forne-cedora de soluções de sistemas abrangentes, tornando a EADS a principal parceira no consórcio Eurofighter e acionista na empre-sa fornecedora de sistemas de mísseis MBDA.

No Brasil, a EADS mantém in-vestimentos há mais de 30 anos por meio da Helibras, subsidiária local da Eurocopter. Também está presente através da EADS Brasil, da EADS Secure Networks Brasil e de escritórios de representação da Airbus Military e da Spot Image. É acionista da Equatorial Sistemas e desenvolve parcerias com clien-tes como a TAM, Forças Armadas, Polícia Federal, Agência Espacial Brasileira (AEB), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e as forças policiais estaduais.

REPORTAGEM

Fortaleza terá três estações distribuídas de modo a cobrir a área metropolitanae principais cidades com suporte para voz e dados

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23REVISTA FOCO CRÍTICO

SAÚDE

Para quem teve uma lesão, as cirur-gias estão cada vez mais precisas. Mas, no caso do desgaste natural, operar pode não fazer diferença.

Os meniscos funcionam como amortecedores dos joelhos. Ficam en-tre os dois maiores ossos do nosso esqueleto, a tíbia e o fêmur, e auxiliam para que o contato deles aconteça sem atrito. Também protegem a cartilagem que recobre esses ossos e não têm ca-pacidade de regeneração. Mas essas importantes estruturas são sensíveis: se submetidos a uma carga excessiva ou, pior, a torções e movimentos brus-cos, os meniscos podem se romper. Nos mais jovens essa estrutura é rica em água, que vai diminuindo ao longo da vida. A idade também desgasta essa parte do joelho, deixando-a mais seca e quebradiça. Resultado: problemas nos

MENISCOSOPERAR NEM SEMPRE É A SOLUÇÃO

procedimento seria não mexer na re-gião, tratando o joelho com fisioterapia e analgesia sempre que necessário, já que a dor permanece com ou sem a ci-rurgia.

Se para o desgaste natural há pou-cas saídas, o mesmo não pode ser dito para os problemas ocasionados por lesões. Décadas atrás, a remoção dos meniscos era o procedimento mais aplicado, opção que aposentou atletas promissores antes da hora. Tirar os me-niscos significa expor a cartilagem e os ossos da região, levando a um doloro-so processo degenerativo – a mesma osteoartrose que pode vir com a idade avançada. A evolução da artroscopia, in-tervenção minimamente invasiva, prati-camente eliminou essa solução radical. Hoje, procura-se manter ao máximo as estruturas da região, fazendo uma res-secção parcial ou uma sutura, depen-dendo do caso.

Mesmo assim, ainda não se chegou a um resultado satisfatório para restau-rar a área perdida do menisco. O trans-plante é uma solução viável em casos muito específicos e que depende da (rara) disponibilidade de material. A so-lução pode estar na engenharia de te-cidos, pois se acredita que, em breve, novos materiais que reproduzem as fun-ções mecânicas dos meniscos poderão ser implantados para recuperar áreas le-sionadas. Várias pesquisas envolvendo culturas de células e matrizes sintéticas e biológicas, uma delas usa colágeno retirado de tendão bovino, por exemplo, estão acontecendo em diferentes cen-tros de ponta em todo o mundo, inclu-sive no Brasil. A julgar pela velocidade dos avanços nessa área, uma novidade tecnológica não deve demorar.

Fonte: Hospital Albert Ainstein:

meniscos são comuns entre esportistas – sobretudo aqueles submetidos a vira-das súbitas, como jogadores de tênis e futebol – e entre pessoas mais velhas.

Assim como a origem do problema varia, também sua solução tem abor-dagens distintas. Para quem teve uma lesão, as cirurgias – chamadas artros-copias – estão cada vez mais precisas. Mas, no caso do desgaste natural do menisco provocado pela osteoartro-se, operar ou não pode ter o mesmo resultado, já que a intervenção não al-tera o rumo da degeneração. Foi o que demonstrou um trabalho realizado com pacientes canadenses com osteoartro-se do joelho e publicado no New En-gland Journal of Medicine. A pesquisa mostrou que havia um excesso de in-dicação de artroscopias para esse tipo de paciente. Ficou claro que o melhor

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24 JAN/FEV 2011

A POLÊMICA LEI SECA

DEBATE - A LEI SECA

A LEI SECA, EM VIGOR HÁ DOIS ANOS, AINDA GERA QUESTIONAMENTOS. DE UM LADO OS QUE DEFENDEM TOLERÂNCIA ZERO PARA QUEM INGERE BEBIDA ALCOÓLICA E DIRIGE, DE OUTRO, OS QUE QUESTIONAM A SUA CONSTITUCIONALIDADE E A POUCA OU NENHUMA DISCUSSÃO ANTES DA SUA APLICAÇÃO. FAÇA SEU JULGAMENTO. O DEBATE ESTÁ ABERTO.

A Lei nº 11.705/2008 epitetada de Lei Seca, tem animado polêmicas e ali-mentado variadas discussões no cená-rio jurídico nacional. Para alguns a lei é draconiana e poluída de lacunas inter-pretativas, enquanto que para outros representa uma norma providencial e louvável. A questão que merece refle-xão é a indisfarçável, numa desapai-xonada leitura na citada norma, sobra de discricionalidade que o legislador conferiu à autoridade que irá abordar o condutor. Um excesso perigoso de subjetivismo.

A submissão ao bafômetro é ques-tionável sob várias óticas. Quem pode garantir que o equipamento possa, no momento da utilização, estar alterado em razão de um acidente com o mes-mo? O certo é que os que aplaudem hoje (a lei), poderão ter náuseas de-pois. Refiro-me, por exemplo, àque-le condutor que provou um solitário gole de vinho num jantar romântico ou aquele outro que por imposição médica submete-se a tratamento me-dicamentoso que possa vir a ser mal interpretado pelo bafômetro, ao pároco que regressa ao lar após celebrar três missas seqüenciadas, enfim, um elen-co de hipóteses.

A bem da verdade a legislação peca pela imprecisão e por entregar o ci-dadão ao chamado “bom senso” das

autoridades. Numa apertada síntese pode-se dizer que o cidadão está refém do “humor” da autoridade que o abor-dar. Vale aqui recordar do “treinamen-to“ que nossas autoridades recebem, com honrosas exceções.

Recentemente, a desembargado-ra do TJ/MG, Márcia Milanez, conce-deu ordem liminar de salvo-conduto a um cidadão para que, caso se negue a submeter-se ao bafômetro, não seja obrigado a comparecer a uma delega-cia, nem seja lavrada multa por isso. Também não deverá lhe ser imposta penalidade administrativa de suspen-são do direito de dirigir ou apreensão do seu veículo. A decisão foi lastreada na Convenção Americana de Direitos Humanos, ratificada pelo Brasil, que estabelece que “toda pessoa acusada de um delito tem o direito de não ser obrigada a depor contra si mesma nem a confessar-se culpada”.

Em arremate, pode-se profetizar que a lei trará ainda muitos debates, mas o que precisamos reconhecer é que, in-felizmente, o Brasil está padecendo de uma hemorragia legislativa, de uma inflação de leis e normas, onde se bus-ca sempre uma nova lei para enfrentar cada um de nossos inúmeros dramas social. É o Estado tentando corrigir a omissão na Educação mais uma vez. E “tome” leis! Saúde e tim-tim!

LEANDRO VASQUES ([email protected])- Advogado Criminal - Mestre em Direito pela UFPE - Pro-

fessor do Curso de Direito da UNIFOR (Graduação e Pós-Gra-duação em Direito Penal) – Presidente da Caixa de Assistência

dos Advogados do Ceará

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25REVISTA FOCO CRÍTICO

No Brasil, existem duas designações para o temo “lei seca”. Uma delas refere-se a dispositivos legais que visam coibir o consumo de bebidas alcoólicas em determinadas situações ou períodos (durante as eleições, por exemplo). A outra se refere à Lei 11.705 de 19 de Junho de 2008 que modifica o Có-digo de Trânsito Brasileiro com finalidade de atender a necessidade social de um trânsito em condições seguras. E é sobre esta segunda designação que faço uma reflexão.

A lei 11.705 não veio por acaso, ela é fruto de es-tudos estatísticos que comprovam o fato de que o consumo de álcool está diretamente relacionado ao imenso número de acidentes que cortam as rodo-vias federais deste país. Ao contrário do que muitos imaginam a lei não proíbe o consumo de álcool e sim a junção de álcool e direção. Esta conduta, sim, representa para a sociedade um risco iminente.

O cerne dessa reflexão jamais deveria ser a vi-são de uma lei meramente repressiva, mas enfocar a sua função social, pois um cidadão que bebe e posteriormente pega o volante, deve estar ciente (mesmo que inconsciente pela bebida) de que os riscos de acidente aumentam, e muito, em função da sua agilidade de raciocínio e de movimentos es-tarem reduzidas. Portanto, o poder de reação huma-no é absolutamente comprometido pelo álcool.

Apesar de todo o apelo da mídia e da rigidez da lei, no primeiro semestre de 2009, a Polícia Rodovi-ária Federal emitiu, somente nas rodovias federais do estado do Ceará, 237 Autos de Infração e efe-tuou 131 detenções relacionadas à alcoolemia. Já no mesmo período de 2010 esses números cresce-ram para 472 e 211, respectivamente, o que dá um aumento de 99,16% na emissão de autos e 61,07% nas detenções.

Como cidadão, gostaria de ver um trânsito segu-ro onde pudesse viajar tranquilamente de carro com meu filho e minha mulher sabendo que nos veículos vizinhos trafegam pessoas igualmente conscientes de seus atos. Como policial e servidor público, gos-taria de focar meus esforços em acidentes causados exclusivamente por infortúnios e imprevisibilidades.

Márcio Moura - Policial Rodoviário Federal, For-mado em Ciências Contábeis, Pós-graduando em EAD Lotado no Núcleo de Comunicação Social da 16ª Superintendencia de Polícia Rodoviária Federal no Ceará.

A LEI E SUA FUNÇÃO SOCIAL

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26 JAN/FEV 2011

TECNOLOGIA

ESPECIALISTAS DÃO INICIO A “NOVA ETAPA DA INTERNET”

Especialistas internacionais reunidos na cidade colombiana de Cartagena traçam des-de esta segunda-feira o inicio de uma “nova era” para a internet tendo em vista uma ex-pansão histórica de sua plataforma, no mo-mento em que a quantidade de endereços a nivel mundial está próxima de esgotar-se.

“Mais de mil pessoas de todo o mundo se reuniram em Cartagena para adotar deci-sões fundamentais em torno do desenvolvi-mento e crescimento da indústria de internet no contexto mundial”, disse à agencia AFP Peter Dengate, presidente da corporacão Icann (internet corporation for assigned na-mes and numbers), responsável a nivel mun-dial de coordenar os nomes de domínio de internet.

“Adotaremos decisões em torno da in-trodução de novas extensões de domínio, o que sem dúvida marcará o início de uma nova era e mudará por completo o mapa da (rede) internet, uma vez os governos adotem o novo esquema de domínios”, completou.

Segundo Dengate, a reunião de Cartage-na, até 10 de dezembro, marcará a transição do uso do protocolo original de internet (IPv4 - internet Protocol Version 4) - adotado na dé-cada de 1980 e com capacidade para 4 bi-lhões de endereços - e uma nova geração de protocolos (IPv6) que dará bilhões de bilhões de novas direções”.

“Atualmente, menos de 150 milhões de endereços IPv4 ainda não foram atribuídos e é provável que, para meados de 2011, já es-tejam alocados na sua totalidade, assim que a necesidade de adotar a nova geração de protocolos é mais que urgente”, enfatizou.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, enviou uma mensagem na qual qua-lificou o evento de “trascendental” para o fu-turo da internet. “Nosso governo tem como uma de suas prioridades o uso da internet com dois propósitos: erradicar a pobreza e a criação de empregos”, disse.

Diego Molano, ministro colombiano de Tecnologias da Informação, disse que seu país busca passar de 2,2 milhões de cone-

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27REVISTA FOCO CRÍTICO

É um documento eletrônico codificado, com prazo de valida-de, com informações referente a entidade, seja ela pessoa, empre-sa ou maquina, comprovando sua identificação na internet e possibi-litando efetuar transações online e troca eletrônica de documentos de modo seguro e autêntico, com pre-sunção de validade jurídica. Varias empresas já se utilizam da certifi-cação em suas atividades.

Como ter um?Pode ser adquirido em uma Auto-

ridade Certificadora (AC) oficial devi-damente credenciada na Infraestru-tura de Chaves Públicas Brasileira, a ICP-Brasil, responsável por autorizar as autoridades certificadoras a emitir certificados digitais, o interessando tem que ir pessoalmente, e pagar um taxa referente ao tipo de certifi-cado que deseja adquirir.

DICA DO SAPO

Ao utilizar o certificado digital é solicitado uma senha, definida no momento da gravação do arquivo. Caso, por algum motivo, esqueça a senha, não terá como substituí-la ou

recuperá-la, deixando seu certifica-do inutilizável e tendo que solicitar um novo certificado a autoridade certificadora.

xões de banda larga em 2010 a 8,8 milhões em 2011 e por isso apoia a reforma.

“Colômbia avança de maneira acelerada na formação de um qua-dro regulatório e uma política de adoção do protocolo IPv6”, dijo.

Durante sua intervenção no evento, Molano prometeu em nome do governo de Santos eliminar um imposto local a serviço da internet (de 16%) para facilitar o acesso da população mais vulnerável.

“A reunião de Cartagena é his-tórica porque marca a expansão da internet. Há mais de três décadas

se criou uma plataforma que acre-ditávamos suficiente para abaste-cer o mercado e hoje vemos que se esgota, então chegou a hora de adotar esta nova possibilidade que nos brinda a tecnologia”, opinou Juan Diego Calle, gerente de “Co internet”, companhía que gere o dominio “.co”, da Colômbia.

Recentemente, o registro para América Latina e Caribe, “Lacnic”, alertou sobre a quantidade de en-dereços de internet a nível mun-diais que se esgota em janeiro , por isso a pressa de operadores e go-vernos em adotarem uma nova ver-

são do protocolo de internet (IPv6).Os endereços de internet se

agrupam em conjuntos, que são distribuídos pela corporação Icann para as cinco organizações que se ocupam de cada região do mundo.

As redes que hoje funcionam com IPv6 representam apenas 1% do tráfico global, razão pela qual já em junho de 2008 a Icann começou a discutir em uma reunião em Paris sobre a necessidade de usar uma nova versão de protocolos.

fonte: http://tecnologia.terra.com.br

O QUE E QUE UTILIDADE TEM O CERTIFICADO DIGITAL

TIPOS DE CERTIFICAÇÃO DIGITAL

CHAVE CRIPTOGRÁFICATIPO DE

CERTIFICADO

A1 e S2

A2 e S2

A3 e S3

A4 e S4

TAMANHO(BITS)

1024

1024

1024

2048

VALIDADE MÁXIMA(ANOS)

1

2

3

3

PROCESSO DEGRAVAÇÃO

SOFTWARE

SOFTWARE

HARDWARE

HARDWARE

MÍDIA ARMAZENADORA

Arquivo

*Smart Card Ou Token, Sem Capa-cidade De Gera-ção De Chave

Smart Card Ou Token, Com Capa-cidade De Gera-ção De Chave

Smart Card Ou Token, Com Capa-cidade De Gera-ção De Chave

*Smart card e token são portáteis e funcionam como mídias armazenadoras do certifi-cado digital, o smart card é similar ao cartão magnético, já o token é similar a um pendrive.

Fontes:http://www.iti.gov.br/twiki/pub/Certificacao/CartilhasCd/brochura01.pdfhttp://www.dje.tj.sp.gov.br/WebHelp/id_certificados_digitais.htmhttp://informatica.hsw.uol.com.br/certificado-digital4.htmhttp://wnews.uol.com.br/site/noticias/materia_especial.php?id_secao=17&id_conteudo=264

CUIDADOS AO UTILIZAR O CERTIFICADO

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28 JAN/FEV 2011

ÚLTI

MAS

NOT

ÍCIA

SO plenário do Senado Federal

aprovou na terça-feira, 07/12, o projeto de lei que reforma o Có-digo de Processo Penal (CPP), de 1941. Os parlamentares votaram 214 emendas que foram aprova-das no último dia 30 de novem-bro pela comissão especial que analisava o novo CPP. Segundo os parlamentares que participaram diretamente da elaboração do pro-jeto, ele será fundamental no com-bate à criminalidade e na busca de maior agilidade no julgamento e na punição dos criminosos.

A rapidez na resolução dos conflitos está em medidas como a limitação no uso de recursos du-rante o processo, na concessão de maior liberdade para o juiz to-mar medidas que acelerem o an-damento do caso e na limitação do prazo das prisões provisórias (quando o acusado ainda não foi condenado). “Não é mais possível que pessoas fiquem anos presas aguardando um julgamento nos dias de hoje, com tanta tecnologia e integração de dados”, afirmou o relator do projeto, Renato Casa-grande (PSB-ES).

A proteção dos direitos dos acusados foi contemplada na ins-tituição do juiz de garantias, que participará apenas da fase de in-vestigação, enquanto outro juiz fica encarregado de dar a senten-ça (hoje um único magistrado tem as duas funções). O novo códi-go também permitirá que outras medidas, além da prisão, sejam tomadas quando o acusado for preso em flagrante. Os direitos das vítimas estão em um capítulo especial, que não existe no código atual.

O novo código também en-durece o tratamento dos réus ao possibilitar o sequestro de bens - o que não era permitido na área criminal -, assim como a alienação de bens, que só era permitida nos

SENADO APROVA NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

processos envolvendo tráfico de drogas. A aproxima-ção entre polícia e Ministério Público também deve colaborar para uma acusação mais integrada e robus-ta. O fim das prisões especiais e o aumento da capa-cidade punitiva das fianças são outras medidas mais rígidas adotadas no novo CPP.

O procurador da República Eugênio Pacelli, que relatou o anteprojeto na comissão de juristas instala-da no Senado para criar a estrutura do código, acre-dita que a aprovação no Senado é mais importante que possíveis prejuízos resultantes das emendas. “A gente espera que as coisas não sejam mudadas, mas eu estou muito satisfeito com a aprovação, pois não podemos ficar com o que temos. Logicamente prefi-ro a redação original, mas as mudanças não atrapa-lham a estrutura do código”, afirmou.

Pacelli acredita que o projeto não sofrerá alte-rações estruturais na Câmara dos Deputados, para onde vai agora. “Esperamos que a Câmara discuta as questões com serenidade, sem desviar para discus-sões mais corporativas. Queremos acreditar que as coisas até melhorem por lá”. O procurador acredita que os pontos que devem despertar mais polêmica entre os deputados é o papel da polícia e a ampliação das possibilidades de encaminhamento para crimino-sos pegos em flagrante. A expectativa é que o novo CPP volte para aprovação final no Senado em 2012.

Fonte: Agência Brasil

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29REVISTA FOCO CRÍTICO

POLICIA FEDERAL É FINALISTA NO PRÊMIO GESTÃO PÚBLICA DO CEARÁ

A Superintendência Regional de Polícia Federal Ceará, recebeu na sexta-feira, 05/11, troféu na ca-tegoria bronze da segunda edição do Prêmio Ceará Gestão Pública (PCGP) conferido pela Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado (SEGPLAG). O superintendente Re-gional, delegado PF Aldair da Ro-cha, recebeu o troféu do vice-gover-nador do Ceará, Francisco Pinheiro, em solenidade realizada na Fábrica de Negócios do Hotel Praia Centro.

Aberto à participação de todas as instituições públicas cearen-ses, o PCGP é um desdobramen-to regional do Prêmio Nacional da

Gestão Pública (PQGF) e tem por finalidade reconhecer e premiar as organizações públicas atuando no estado que tenham alto desempe-nho institucional e destaque por práticas de excelência em gestão.

A avaliação é feita por uma ban-ca examinadora em que são uti-lizados os mesmos critérios que servem de parâmetro para o Prê-mio Nacional de Qualidade Brasil e prêmios internacionais, como o Prêmio Europeu de Qualidade, o Prêmio Ibero-Americano de Quali-dade e o Prêmio Malcoln Baldrige National Quality Award dos Esta-dos Unidos.

Ao participar do Prêmio, as orga-nizações candidatas se beneficiam ao receber uma avaliação de sua gestão feita por uma banca de espe-cialistas e passam a dispor de meca-nismos capazes de manter e estimu-lar a participação dos servidores no processo de melhoria contínua da organização. Quando reconhecida, a instituição passa a ter práticas da gestão divulgadas como referencia para a transformação de outras ins-tituições.

Em sua primeira participação no Prêmio Ceará Gespublica, a SR/DPF/CE, obteve o reconhecimento ao apresentar alto desempenho institu-cional na gestão de excelência, com a inovação das praticas de gestão que objetivam a redução de custos, à qualidade dos serviços e à satisfa-ção do cidadão.

A premiação obtida no Prêmio Ceará Gestão Pública eleva a auto-estima dos servidores da SR/DPF/CE e valoriza a dedicação dos ges-tores para melhorar continuamente a qualidade dos serviços ofertados a população além de abraçar o de-safio de, nos próximos anos, buscar atingir a premiação máxima cumprin-do com excelência suas atribuições constitucionais.

Fonte: SPF/CE

O superintendente Regional,delegado PF Aldair da Rocha (ao centro) recebeu o troféu acompanhado de servidores do DPF.

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30 JAN/FEV 2011

Uma solenidade de entrega de comenda no Senado terminou em constrangimento para os parla-mentares que estavam em plená-rio. Em protesto contra o reajuste de 61,8% concedido a deputados e senadores na semana passa-da, o bispo de Limoeiro do Norte (CE), dom Manuel Edmilson Cruz, recusou-se a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara.

Em discurso, ele destacou a realidade da população mais ca-rente, obrigada a enfrentar as fi-las dos hospitais da rede pública. “Não são raros os casos de pacien-tes que morreram de tanto esperar o tratamento de doença grave, por exemplo, de câncer, marcado para um e até para dois anos após a consulta”.

Ao recusar a comenda, o bispo foi taxativo: “A comenda hoje ou-torgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Hél-der Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e

agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la”. Nesse momento, quando a ses-são era presidida por Inácio Arruda (PCdoB-CE), autor da homenagem, o público aplaudiu a decisão.

Após a recusa formal, o bispo cearense acrescentou que “ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão contribuinte para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho”. Ele acrescentou que o reajuste dos parlamentares deve guardar sempre “a mesma propor-ção que o aumento do salário míni-mo e o da aposentadoria”.

Dom Edmilson Cruz afirmou que assumia a postura “com hu-mildade, sem a pretensão de dar li-ções a pessoas tão competentes e tão boas”. Diante da situação cria-

BISPO DE LIMOEIRO RECUSA COMENDA NO SENADO EM PROTESTO CONTRA REAJUSTE DE

PARLAMENTARES

NA DESPEDIDA DE LULA, MORALES O INDICA PARA SECRETÁRIO-GERAL DA ONU

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Durante a emocionada despedi-da de seus colegas sul-americanos na Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR), na sexta--feira, 17/12, o presidente presiden-te boliviano, Evo Morales, lançou o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de secretário--geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Lula agradeceu a ini-ciativa, mas disse que não precisa mais de cargos.

Morales disse que Lula “deve ser e será o futuro secretário-geral da ONU”, por causa da capacidade do presidente brasileiro, a seu ver,

da, o senador José Nery (Psol-PA) cumprimentou o bispo pela atitude considerada “coerente” com o que pensa.

“Entendemos o gesto, o grito e a exigência de dom Edmilson Cruz que, em sua fala, diz que veio aqui, mas recusará a comenda. Também exige que o Congresso Nacional reavalie a decisão que tomou em relação ao salário de seus parla-mentares”, acrescentou o senador paraense.

O protesto contra o reajuste dos parlamentares não se resumiu, no entanto, à manifestação do bispo. Cerca de 130 estudantes secun-daristas e universitários de Brasília foram barrados na entrada principal do Congresso quando preparavam--se para protestar contra a decisão tomada na semana passada pelos parlamentares.

Fonte: Agência Brasil

de “integrar os povos”. Nesse mo-mento, Lula sorriu e negou com a cabeça o interesse pelo cargo. O presidente chileno Sebastian Piñera não foi tão longe quanto Morales, mas considerou o colega brasileiro um “nome imprescindível não ape-nas na América Latina, mas no con-texto mundial”.

Na conferência de imprensa, ao final da cúpula, Lula negou que te-nha interesse pelo cargo atualmen-te ocupado pelo coreano Ban Ki--Moon, cujo mandato vai até 2011. Ele garantiu que não vai “pendurar as chuteiras” aos 65 anos, depois

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31REVISTA FOCO CRÍTICO

de deixar o Palácio do Planalto, mas anunciou a intenção de viajar pelos países da América Latina e da África para apresentar experiências brasi-leiras de inclusão social desenvolvi-das em seus dois mandatos.

- Só posso compreender a indi-cação como um gesto de cortesia de meu companheiro Evo. Essas coisas a gente não reivindica, não pede, não articula. A ONU precisa ser dirigida por algum técnico com-petente, não pode ter um político forte. Fico preocupado porque, se virar moda presidente de país diri-gir a ONU, os Estados Unidos vão disputar também o controle das Nações Unidas. Deus já foi muito generoso comigo - afirmou Lula, du-rante a entrevista coletiva.

Na despedida dos colegas, o presidente brasileiro ressaltou o bom momento experimentado pela América do Sul. O Paraguai, infor-mou, terminará o ano com cresci-mento de 9,7%, o maior de toda a região segundo a Comissão Econô-mica para a América Latina e o Ca-ribe (Cepal). O Uruguai, prosseguiu, crescerá 9%, enquanto a economia brasileira terá uma expansão de 7,7% em 2010.

Lula disse ainda que não poderia deixar de reconhecer o esforço da presidência pro tempore argentina, no primeiro semestre deste ano, quando o bloco alcançou um acor-do para o fim da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum. Essa cobran-ça impedia a consolidação de uma união aduaneira entre os países do Mercosul. Em resposta, a presi-dente argentina, Cristina Kirchner, afirmou estar emocionada com as palavras de Lula e considerou os nú-meros citados pelo colega brasileiro como resultado da ênfase no aten-dimento dos mercados internos dos países do bloco.

- Hoje nenhum de nós se quei-xa de estar no Mercosul - celebrou Lula, acrescentando que o momen-to é adequado para atrair novos países para o bloco, como Chile, Equador, Bolívia e Colômbia, além da própria Venezuela, cujo ingres-so ainda depende da aprovação do Congresso do Paraguai.

O presidente da OAB/Ceará, Valdetário Monteiro, comemorou com o presidente do Conselho Fe-deral, Ophir Cavalcante, a vitória da Ordem lembrando da responsabili-dade da advocacia com os direitos dos cidadãos postulados em juízo. “O Exame de Ordem é uma con-quista histórica da OAB e como tal deve ser mantido para o bem da sociedade”, lembrou Monteiro.

Na segunda-feira, 03/01, o presi-dente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, suspendeu a liminar que obrigava a Ordem dos Advogados do Brasil a inscrever dois bacharéis em Direito em seus quadros sem que tenham sido aprovados no Exame de Ordem. A liminar foi concedida pelo desem-bargador Vladimir Souza Carvalho, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. No processo, a OAB afirma que a liminar causa grave lesão à ordem pública, jurídica e adminis-trativa, afetando não somente a en-tidade, mas toda a sociedade.

O ministro suspendeu a execu-ção da liminar, que permitia a ins-crição dos bacharéis, até a decisão final no processo da OAB. Os dois bacharéis em Direito ingressaram com Mandado de Segurança na Justiça Federal do Ceará para po-derem se inscrever na OAB sem a prévia aprovação no Exame de Or-dem. Para isso, alegaram que a exi-gência é inconstitucional, usurpa a competência do presidente da Re-

SUSPENSA LIMINAR QUE AUTORIZAVA INSCRIÇÃO NA OAB CEARÁ

pública e afronta a isonomia com as demais profissões de nível su-perior e a autonomia universitária.

Em primeiro grau, o juiz federal negou o pedido de liminar, por en-tender que a liberdade profissional prevista na Constituição está condi-cionada às qualificações profissio-nais que a lei estabelecer no caso, a Lei 8.906/94, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Os bacharéis recorreram e, in-dividualmente, o desembargador Vladimir Souza Carvalho concedeu a liminar. Ele salientou que a advo-cacia é a única profissão no país em que, apesar de possuir o diplo-ma do curso superior, o bacharel precisa submeter-se a um exame.

Carvalho também destacou que a regulamentação da lei é tarefa do presidente da República e não pode ser delegada ao Conselho Federal da OAB. Além disso, a área das institui-ções de ensino superior estaria sen-do “invadida”, com usurpação de po-der por parte da entidade de classe.

O processo subiu para o Supe-rior Tribunal de Justiça, mas o pre-sidente da corte, ministro Ari Par-gendler, enviou o processo ao STF por entender que a discussão é de caráter constitucional. Acrescentou que a Suprema Corte já deu status de Repercussão Geral à matéria, no Recurso Extraordinário 603.583.

Fonte: STF

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32 JAN/FEV 2011

ASSÉDIO MORALNO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

A estrutura verticalizada do serviço público, fundada na hierarquia e disciplina, assim como noções errôneas dos poderes disciplinar e hierárquico podem facilmente

desenvolver o ambiente favorável aos processos de assédio moral.

Por Cláudia Regina Reina Pinheiro*

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33REVISTA FOCO CRÍTICO

Projetos de LeiExistem diversos projetos de lei sobre assédio moral tramitando

no Senado e na Cãmara. Dois deles estão mais relacionados ao servi-ço público:

O PL 5.972/2001 altera o artigo 177 da Lei nº 8.112, de 11 de de-zembro de 1990.

O PL nº 80/2009 - Altera dispositivos da Lei n° 8666, de 21 de ju-nho de 1993, que “regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e institui o Cadastro Nacional de Proteção contra a coação moral no emprego”.

No âmbito penal existem projetos de lei em relação ao assédio moral (Projeto Lei CP 4960/01 e Projeto de Lei Federal nº 5.971/2001)

No entanto, a atual ausência de legislação específica para servi-dores públicos federais não impede o julgamento de ações ajuizadas que tenham sido julgadas com base na aplicação dos direitos funda-mentais, que prevêm a indenização por danos morais, além de outros dispositivos legais. Existe ainda o Estatuto do Servidor (Lei 8.112/90).

O jurista Hely Lopes Meirelles leciona que “o poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades ad-ministrativas no âmbito interno da administração pública”. Já o poder disciplinar visa punir e responsabi-lizar os servidores que cometeram infrações funcionais previstas em lei, após processo administrativo com direito à ampla defesa. A falsa noção de ambos leva ao abuso e embora, muitas vezes, andem juntos não de-vem ser confundidos.

Conforme determina a Constitui-ção Federal, os atos da Administra-ção Pública em qualquer esfera estão limitados ao princípio da legalidade, motivo pelo qual todo ato cometido por abuso de poder é tornado nulo. Portanto, a punição que não atende aos requisitos legais enseja Manda-do de Segurança contra ato discipli-nar de qualquer autoridade (artigos 5º, III, da Lei 1.5333/51 e 5º, XXXIV da CF/88) além de representação contra abuso de autoridade (artigo 5º XXXIV “a” CFRB/88) e possibilidade de pu-nição criminal por excesso de poder nos limites da Lei 4.898/65.

Em síntese, o assédio moral no ambiente do serviço público pode ocorrer por diferentes tipos de con-dutas abusivas continuas. Pode se manifestar por palavras, gestos, es-critos, uso de diversas técnicas de desestabilização empregadas de formas distintas, como menções e sugestões maldosas diretas ou indi-retas a respeito do desempenho do profissional.

Uma das maiores crueldades ocorre quando o funcionário é discri-minado por adoecer pelas próprias condições degradantes do ambiente de trabalho. É quando aquele que so-freu acidente de trabalho ou adqui-riu doença profissional passando a usufruir da licença médica ou tendo que retornar adaptado a uma nova função, por incapacidade física ou psíquica de desempenhar a função anterior, ainda sofre o descrédito e o preconceito do chefe e dos próprios colegas.

Embora, por lei, não seja permiti-do deixar o funcionário à disposição do Departamento Pessoal ou impe-

di-lo de usufruir seus direitos legais, o que fere a moralidade administra-tiva, essa prática não desapareceu totalmente. Neste caso, além de assédio moral, ocorre crime contra o erário público, podendo o chefe ser responsabilizado diretamente ou por ação regressiva (artigo 37º da CFRB).

Essa violência muitas vezes se dá sorrateira e silenciosamente ou por meio de palavras aparentemen-te inofensivas, mas que podem de-sequilibrar um ser humano, levá-lo a um estado de desconforto psíquico que poderá evoluir para a irritação, estresse, diversos tipos de doen-ças e patologias ou até destruí-lo totalmente em casos mais graves, como na hipótese de suicídio. O as-sédio moral é capaz de devastar um homem sem que haja uma gota de sangue sequer e sem gestos brutais, empregando somente o que se de-nominou de violência invisível, cujo potencial de crueldade é capaz de destruir física e moralmente suas ví-timas.

As diversas formas exacerbadas de cobrar produtividade por meio de manipulação e pressões psicológi-cas podem levar, no serviço público, aos remanejamentos, rebaixamen-tos, isolamento, desvios de funções, transferências e punições abusivas, marginalização e perseguições.

Outras características do serviço público federal propiciam a propaga-ção do assédio moral. Exemplo típi-co é o sistema de avaliação periódica que tem sua origem na Reforma do Estado tendo por base o modelo ne-oliberal que leva a fragmentação do Serviço Público.

O sistema é nefando, pois seus critérios de pontuações não levam em consideração a parte humana, como se o servidor fosse mera mer-cadoria, o que pode fragilizar a soli-dariedade e levar a transformação de funcionários em instrumentos de barganhas, muitas vezes nas mãos de chefes despreparados para ava-liação.

Outro aspecto relevante é o fato de que, no setor público dirigente podem ser indicados em razão de relações políticas, de amizade e até por nepotismo ficando o mérito na execução da função de chefia rele-gado a segundo plano, o que pode ensejar o arbítrio e a sensação de um chefe intocável.

O assédio moral pode ser clas-sificado como vertical ascendente, quando praticado por superior hie-rárquico; vertical descendente, quan-do protagonizado por um subordina-do ou mais contra o chefe; e ainda horizontal, quando ocorre entre em-pregados de mesma hierarquia.

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34 JAN/FEV 2011

Com base no artigo 23º da De-claração Universal dos Direitos Hu-manos que determina a livre escolha do trabalho a toda pessoa, direito que deve ser exercido em condições eqüitativas e satisfatórias e à prote-ção contra o desemprego, não há como considerar condições satis-fatórias de trabalho aquelas desen-volvidas por meio dos mais variados tipos de pressão psicológica.

Embora ainda sem legislação de-finida, nada impede que aquele que comete o assedio responda pelos cri-mes tipificados no Código Penal con-tra a honra; difamação, injúria, calúnia (arts. 138 a 140), contra a liberdade individual (arts. 146 a 149), perigo de vida e da saúde (arts. 130 a 136), Indu-zimento ao suicídio (art. 122), Lesão corporal e homicídio (arts. 129 e 122), crime contra a proteção à inviolabili-dade da correspondência e de outros meios de comunicação (art.151).

O que diz a Carta MagnaO texto da Constituição Federal de 1988 condena o assédio moral

ao consagrar “a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como princípios fundamentais da República Federativa do Brasil (artigo 1º, III e IV). Em vários de seus artigos a repro-vação ao assédio moral, embora indireta, é clara.

Os princípios constitucionais de “sociedade livre, justa, solidária e promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação contidos no ar-tigo 3º (incisos I e IV), visam a prevalência dos direitos fundamentais à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança (artigos 4º e 5º) e são armas jurídicas poderosas.

O artigo 5º também assegura que “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei nem será submetido à tortura ou terá tratamento desumano ou degradante (II e III)”. Da mesma forma, é garantido o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem (V), uma vez que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas ficando assegurado o direito a indenização decorrente de sua violação.

Por fim, os artigos 220 e 225 da Constituição Federal instituem que o meio ambiente de trabalho é uma garantia fundamental de interesse coletivo, devendo o Poder Público e a coletividade preservá-los.

A violação do direito fundamental à dignidade, honra, saúde, vida privada, intimidade, imagem, igualdade, além da discriminação por pre-conceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, comporta indenização por danos materiais e morais, na forma artigo 5 (Inciso X). A recorrência de tais condutas é considera-da prática de assédio moral.

Na sede de responsabilizar o ser-vidor público, ocorrem abusos de autoridade definidos na Lei 4.898/65, que sujeitam o agente público fede-ral à tríplice responsabilidade civil, penal e criminal. Nesse caso é de-ver do servidor atingido representar contra o abuso de poder (art. 116 XII da Lei 8112/90), adicionando a este dispositivo o inciso IV que permite descumprir ordens quando manifes-tadamente ilegais.

A prática de assédio moral viola o dever de manter conduta compatível com a moralidade administrativa (art. 116 IX da Lei 8112/90); de tratar as pessoas com respeito (art. 116 XI). O assediador vale-se do cargo para ti-rar proveito e perseguir seus desafe-tos. As penas previstas (art.127) são a advertência, a suspensão, a demis-são, a cassação de aposentadoria ou a disponibilidade, a destituição de cargos em comissão.

O assédio moral pode agravar doenças pré-existentes ou desen-cadear novas doenças que podem, inclusive, culminar no suicídio. A titulo exemplificativo podemos des-tacar as doenças, sintomas e distúr-bios decorrentes do assédio moral: perturbações digestivas, úlceras do estomago, infarto do miocárdio, aci-dente vascular cerebral, impotência sexual, doenças cardiovasculares, doenças de pele manifestações psíquicas, síndrome do pânico, de-pressão, fadiga crônica, desordens alimentares (bulimia e anorexia) do-res de cabeça, distúrbio do sono, descontrole emocional e alcoolismo

Conclui-se que a prática de assé-dio moral atinge todos que estão en-volvidos direta ou indiretamente na relação estatutária, pois o servidor público poderá ser acometido por graves problemas de saúde que po-dem ensejar até mesmo o suicídio. A administração pública terá o custo da substituição, além de responder judicialmente pelos danos causados à saúde do empregado. Caberá a União prestar serviços de assistên-cia social, reabilitação profissional e pagamento do beneficio ao servidor público em razão do afastamento, desde o auxílio acidente, como pro-ventos por aposentadoria por inva-lidez ou pensão por morte para os dependentes.

(*)Cláudia Regina Reina Pinheiro é Juíza do Trabalho do TRT/RJ e Pesquisadora Colaboradora do DHIS-ENSP –FIOCRUZ

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