automaÇÃo de subestaÇÕes conforme norma

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Guarulhos 2017 VINICIUS RIOS DA SILVA AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES CONFORME NORMA IEC61850: Revisando conceitos para arquiteturas de rede conforme a evolução dos protocolos de comunicação.

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Guarulhos 2017

VINICIUS RIOS DA SILVA

AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES CONFORME NORMA IEC61850:

Revisando conceitos para arquiteturas de rede conforme a evolução dos protocolos de comunicação.

Guarulhos

2017

NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA

AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES CONFORME NORMA IEC61850:

Revisando conceitos para arquiteturas de rede conforme a evolução dos protocolos de comunicação.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Guarulhos, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica.

Orientador: Marco Deritti

VINICIUS RIOS DA SILVA

AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÕES CONFORME NORMA IEC61850:

Revisando conceitos para arquiteturas de rede conforme a evolução dos protocolos de comunicação.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Guarulhos, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica.

Aprovado em: __/__/____

BANCA EXAMINADORA

Prof. Especialista André Albuquerque

Prof. Especialista Eduardo Bonamini

Prof. Especialista Eduardo dos Santos D’Elia

Dedico este trabalho a minha mãe Maria

Ceilhanes da Silva, que me mostrou a

importância de nunca perder a esperança

em nossos sonhos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me ajudaram na

elaboração deste trabalho: Em especial

meu ex-coordenador Julio Oliveira, que me

introduziu o conceito e definições da norma

IEC 61850.

Silva, Vinicius Rios. Automação De Subestações Conforme Norma IEC 61850: Revisando conceitos para arquiteturas de rede conforme a evolução dos protocolos de comunicação. 2017. 32 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Elétrica) – Faculdade Anhanguera, Guarulhos, 2017.

RESUMO

Com o avanço da digitalização de subestações através de relés de proteção inteligentes e sistemas supervisórios capazes de operar os equipamentos de alta tensão dentro da casa de comando, surgiu o problema dos protocolos exclusivos de cada fabricante, ocasionando assim a falta de comunicação entre equipamentos de fabricantes diferentes. Após anos de estudos sobre o tema, a International Eletrotechnical Comission definiu a forma de comunicação entre relés de proteção e sistemas supervisórios através da norma IEC 61850. Com a norma IEC 61850, concessionárias de energia e clientes industriais, não precisam ficar dependentes de um determinado fabricante, afinal o principal intuito da norma é a padronização dos protocolos. A grande missão dos fabricantes foi conseguir remodelar seus equipamentos para atendimento a norma IEC 61850, essa mudança impactou em hardware, software e conceitos de comunicação totalmente novos para a parte de subestações elétricas. Esse trabalho tem o objetivo de mostrar os efeitos positivos que a introdução da norma IEC 61850 trouxe para o mercado elétrico, permitindo que concessionárias de energia e clientes industriais possam ser livres para escolherem equipamentos que atendam as necessidas elétricas, independente de protocolos de comunicação. A metodologia deste trabalho foi uma revisão de literatura, que teve como base a pesquisa, com junção bibliográfica e outros materiais que se encontram disponíveis. Reunindo os fatos citados, o trabalho foi capaz de concluir que a norma IEC 61850 conseguiu atualizar a forma de comunicação entre equipamentos de proteção, controle e supervisão de subestações, permitindo uma rede que seja indepedente de fabricante.

Palavras-chave: IEC 61850; IED; Sistema Supervisório; Relés de Proteção; Subestação Elétrica, GOOSE, MicroScada, SAGE, UTR.

Silva, Vinicius Rios. Substations Automation According to IEC 61850: Reviewing concepts for network architectures according to the evolution of the communication protocols. 2017. 32. Graduation Final Work (Electrical Engineering) – Anhanguera University, Guarulhos, 2017.

ABSTRACT

With the progress of digital substations through intelligent protection relays and supervisory systems able to operate the high voltage equipment inside the control house, the problem of the exclusive protocols of each manufacturer growth, causing the lack of communication between equipment of different manufacturers. After years of studies on the subject, the International Electro technical Commission has defined the form of communication between protection relays and supervisory systems through the IEC 61850 standard. With the IEC 61850 standard, power utilities and industrial customers do not need to be dependent on a particular manufacturer, after all the main purpose of the standard is the standardization of the protocols. The great mission of the manufacturers was to be able to remodel their equipment to meet the IEC 61850 standard, this change impacted on totally new hardware, software and communication concepts for the part of electrical substations. This work has the objective of showing the positive effects that the introduction of the IEC 61850 standard has brought to the electric market, allowing power utilities and industrial customers to be free to choose equipment that meets the electrical needs, regardless of communication protocols. The methodology of this work was a review of the literature, which was based on the research, with bibliographical junction and other materials that are available. The work was able to conclude that the IEC 61850 standard was able to update the way of communication between substation protection, control and supervision equipment, allowing a network that is independent of the manufacturer.

Key-words: IEC 61850; IED; Supervision System; Protection Relays; Electrical Substation, GOOSE, MicroScada, SAGE, RTU.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IEC International Eletrotechnical Comission

IED Intelligent Electronic Device

EPRI Electric Power Research Institute

CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

LAN Local Area Network

WAN Wide Area Network

GOOSE Generic Object Oriented Substation Event

MMS Manufacturing Message Specification

SV Sampled Values

Hz Hertz

TP Transformador de Potencial

TC Transformador de Corrente

SE Subestação Elétrica

UTR Unidade Terminal Remota

SPCS Sistema de Proteção, Controle e Supervisão

MW Mega watts

TWh Terawatt-hora

GWh Giga watt-hora

kV kilo Volts

kW kilo Watts

MJ Megajoules

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ONS Operador Nacional de Sistema Elétrico

ANSI American National Standards Institute

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

1. O CONCEITO DA NORMA IEC 61850 .............................................................. 16

1.1 A URGÊNCIA DE UM NOVO PADRÃO ............................................................................................... 17

1.2 INTEROPERABILIDADE .................................................................................................................. 17

1.3 ARQUITETURA LIVRE ................................................................................................................... 18

1.4 ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO.............................................................................................. 18

1.5 A ABORDAGEM BÁSICA DA IEC 61850 .......................................................................................... 19

1.6 O MODELO DE DADO POR OBJETO-ORIENTADO .............................................................................. 19

1.7 OS SERVIÇOS DO MODELO DE DADOS ........................................................................................... 20

1.8 REQUISITOS DE PERFORMANCE ................................................................................................... 21

2. IEC 61850 NA PRÁTICA ................................................................................... 22

2.1 EXPLORANDO A IMPLEMENTAÇÃO GENUÍNA DA IEC 61850 ............................................................ 22

2.2 A TRANSFORMAÇÃO DOS IEDS .................................................................................................... 23

2.2.1 A performance de um IED Genuíno ................................................................................ 24 2.2.2 Engenharia do sistema .................................................................................................... 27

2.3 TESTANDO E UTILIZANDO IEDS CONFORME IEC 61850 ................................................................. 27

3. PRÓXIMA GERAÇÃO DE SUBESTAÇÕES ..................................................... 28

3.1 LINGUAGEM DE CONFIGURAÇÃO DA SUBESTAÇÃO (SCL) ............................................................... 28

3.2 TESTE DE CONFORMIDADE ........................................................................................................... 29

3.3 FERRAMENTAS VISUALIZAM APLICAÇÕES ...................................................................................... 29

3.4 O CAMINHO CRESCENTE .............................................................................................................. 30

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 33

13

INTRODUÇÃO

Por que os fabricantes de sistemas de automação de subestações elétricas são

obrigados a utilizar equipamentos altermativos como conversores ou gastar horas de

retrabalho para integrar a parte nova do sistema com a parte existente?

Obrigar os fabricantes do sistema de automação de subestações elétricas a

utilizar equipamentos alternativos ou de uma determinada marca para realizar uma

comunicação ou inserir na arquitetura conversores para estabelecer essa

comunicação de uma forma alternativa foi o grande problema de pesquisa deste

trabalho. Com o avanço da tecnologia dos equipamentos de proteção e controle, a

forma de comunicação desses equipamentos também evoluiu, cada fabricante

desenvolveu seu tipo de comunicação, impossibilitando assim que quando uma

subestação tivesse a integração de seus equipamentos com de fabricante diferentes,

o resposável por essa comunicação fosse obrigado a utilizar um meio alternativo para

realizar essa integração, como um conversor, por exemplo, com a introdução da

norma IEC 61850, esse problema foi eliminado, o grande trunfo da norma é definir os

parâmetros, meios de comunicação e como os itens que compõem a arquitetura do

sistema serão projetados.

O objetivo geral deste trabalho foi revisar e explorar os conceitos da norma IEC

61850, na qual determina como será o tipo de comunicação do sistema de proteção,

controle e supervisão da subestação elétrica, possibilitando assim que não se tenha

problemas durante o desenvolvimento de uma arquitetura que irá se comunicar com

um sistema existente, esse objetivo se demonstra no decorrer do trabalho através da

comparação de arquiteturas antes da norma e após a norma, possibilitando assim a

indentificação dos aspectos que beneficiaram o sistema de proteção, controle e

supervisão da subestação, tornando a arquitetura menos poluída, retirando a

obrigatoriedade de equipamentos auxiliares como conversores, por exemplo, trazendo

ganhos para a parte elétrico do sistema elétrico e para o cliente, seja uma

concessionária de energia ou uma indústria.

O trabalho possui três objetivos específicos, sendo o primeiro deles demonstrar

os conceitos da norma IEC61850, identificando os principais aspectos introduzidos ao

sistema de proteção, controle e supervisão através da norma, critérios melhorados e

novas características dos equipamentos que compõem a arquitetura de rede. O

14

segundo objetivo específico consiste em explorar os critérios de uma arquitetura de

proteção, controle e supervisão, identificando os parâmetros necessários para o

funcionamento da solução atendendo os requisitos estabelecidos pela norma,

características da programação de toda parte lógica do sistema, hardware e

comunicação. O terceiro objetivo específico consiste em apresentar os ganhos obtidos

com a introdução da norma IEC 61850, permitindo que o proprietário da subestação

elétrica tenha do fabricante uma solução que integre o sistema de proteção, controle

e supervisão existente com um novo sistema, sem a necessidade de equipamentos

auxiliares como conversores, como por exemplo, e principalmente consiga ter uma

rede que funcione de forma integrada, garantindo que todos os equipamentos estão

se comunicando, possibilitando uma percepção mais rápida de falha no sistema

elétrico.

Foi realizada uma revisão de literatura com base na norma IEC 61850, com

junção bibliográfica e outros materiais do setor elétrico, todos que se encontram

disponíveis ao final do trabalho, permitindo ao leitor a revisão dos conceitos presentes

na norma assim como a melhor perspectiva das mudanças introduzidas com os

critérios da norma IEC 61850.

O conceito de automação de uma subestação elétrica, representa visualizar e

controlar grandezas elétricas relacionadas a transmissão e distribuição de energia

elétrica. As medições realizadas na automação de uma subestação são de tensões,

correntes, potências ativas, reativas e os estados (fechado/aberto) dos equipamentos

de pátio (disjuntores e chaves seccionadoras).

As subestações elétricas vem sendo executadas desde o final do século XIX,

sendo que no Brasil existem mais de 1000 subestações elétricas.

Existem nas subestações elétricas várias gerações diferentes de tecnologia, na

qual são modificadas conforme a necessidade de uma indústria ou concessionária de

energia. Cada geração atende a uma necessidade, sendo reunidas a parte já

existente, criando assim a “Ilha de dados”.

Uma “Ilha de dados” possui características próprias, na qual é de propriedade

do fabricante daqueles equipamentos que fazem parte dela.

Além disso, a parte de proteção, ficava separada das demais, devido a sua

própria filosofia de garantir o pleno funcionamento da instalação. Já a parte de

15

supervisão, controle e monitoramente, possuíam vários protocolos de comunicação,

sendo os mais utilizados MODBUS, DNP3 e IEC 60870-5-101, todos esses abertos.

Esses diferentes tipos de protocolos dificultavam e encareciam os projetos de

novas subestações elétricas, principalmente os projetos de expansão, na qual os

equipamentos dos fabricantes não se comunicavam, até mesmo duas gerações

diferentes de equipamentos de um mesmo fabricante, apresentavam dificuldade de

integração.

16

1. O CONCEITO DA NORMA IEC 61850

A automação de subestações é em general utilizada para controle, proteção e

monitoramente da subestação. Com o passar dos anos e avanços da eletrônica,

informação e tecnologia de comunicação, trouxeram diferentes formas para o conceito

de se operar a subestação. A chegada de software baseado em automação de

subestações conectado por links em série em vez de cabos de cobre ligados em

paralelo, acabou se tornando mais um tipo de ligação comum, do que uma exceção.

Apesar de bem sucedido e amplamente aceito, esses sistemas eram baseados

em cada softare proprietário dos fabricantes, geralmente de domínios como DNP3 ou

IEC 60870-5-104.

Estas soluções causavam grande interrupção entre equipamentos de

diferentes fabricantes, e em alguns casos até mesmo entre diferentes versões de

equipamentos do mesmo fabricante, causando assim um verdadeiro pesadelo da

engenharia que poderia ser solucionado com um conversor de protocolo que tinha

preço de mercado extremamente alto, ou horas de retrabalho da engenharia para

desenvolvimento de um sistema diferente do habitual.

A conexão de automação de subestações com chaves seccionadoras e

transformadores de instrumentos foi sendo substituída para padrões analógicos como

1 A e 3 A para transfomadores de corrente, e 110 V e 220 V para transformadores de

potencial, assim como contatos de circuitos para operação de chaves seccionadoras.

Os fabricantes mundiais e concessionárias de energia nos últimos 20

anos aumentaram as discussões envolvendo a padronização da comunicação de subestações, sempre visando melhorar o problema da interrupção do sistema de proteção e controle, porém esse não era o único problema (BRAND, K.P., LOHMANN, V., WIMMER, W., 2003, P.7).

Conscientes do ritmo da mudança de tecnologia, os autores da norma IEC

61850, decidiram mais que elaborar uma norma padrão, pensaram na forma de criar

um futuro que fosse imune a qualquer desenvolvimento tecnológico.

Conforme o padrão IEC 61850 evoluiu foram adicionados outros recursos,

como a definição de dois serviços críticos para o tempo, transmissão rápida de sinais

e valores de tensão analógicos. Esses serviços críticos para o tempo permitem a

17

extensão das ligações em série utilizadas entre qualquer dispositivo eletrônico

interligente (IED) e as interfaces eletrônicas próximas aos equipamentos da

subestação. Exigências do mercado como a redução do tempo de transferência até 3

ms e a sincronização do tempo na ordem de 1 µs também foram levadas em

consideração na elaboração da norma.

O pilar do padrão é a linguaguem de marcação extensível inovadora ou a

linguaguem de descrição de configuração da subestação baseada em XML (SCL). O

SCL descreve formalmente a configuração do IED em termos de funcionalidades (por

exemplo, controle de disjuntor, medidas e valores de status), endereços de

comunicação e serviços (por exemplo relatórios). Ele também descreve o layout dos

equipamentos de pátio e sua relação com as funções implementadas em IEDs.

1.1 A urgência de um novo padrão

Quando os autores do padrão IEC 61850 se reuniram, identificaram uma lista

de requisitos de mercado que influenciaram a forma que o novo padrão levaria. Os

mais importantes foram Interoperabilidade, arquitetura gratuita e estabilidade a longo

prazo.

1.2 Interoperabilidade

Para começar, o padrão deve ser capaz de suportar todas as funções em uma

subestação de domínio de aplicativo. Portanto, além de funções de proteção,

automação, controle e supervisão, muitas funções de serviço, como sincronização de

tempo, auto-supervisão e gerenciamento de versão também devem ser suportadas.

Essas funções são executadas por software implementado nos IEDs. A

interoperabilidade no sistema de automação da subestação significa que IEDs de

diferentes fabricantes ou de versões diferentes devem trocar informações em tempo

real sem conversores de protocolo e sem necessidade de interpretação humana.

É importante distinguir a interoperabilidade da permutabilidade. Se os IEDs

também fossem intercambiáveis, as funções e dispositivos deveriam ser

padronizados, bloqueando assim qualquer evolução técnica e competição funcional.

18

No entanto, deve ser possível trocar IEDs com defeito durante toda a vida do sistema

de automação da subestação. O uso de IEDs que sejam compatíveis com o mesmo

padrão em termos de interoperabilidade facilitará a troca do mesmo.

1.3 Arquitetura livre

Para que um padrão seja denominado “global”, ele deve seguir a filosofia de

operação de concessionárias de energia do mundo inteiro. Ele deve suportar uma

alocação arbitrária de funções para dispositivos e, portanto, deve ser capaz de

suportar arquiteturas centralizadas e descentralizadas.

1.4 Estabilidade de longa duração

Levando em consideração que o tempo de vida útil de uma subestação

(equipamentos prímários) é entre 40 e 60 anos, prevê-se que os componentes do

sistema de automação da subestação sejam trocados, em média, cerca de duas a três

vezes durante esse período, alguns componentes podem precisar de uma base mais

regular. Naturalmente, ao longo do tempo, a subestação terá de lidar com a integração

de novos componentes dos mesmos ou novos fornecedores, ou talvez seja necessário

estendê-los.

O ponto é que, independentemente das mudanças, a interoperabilidade deve ser mantida indefinidamente, ou para ser mais específico, o padrão deve ser resistir ao futuro. Este requisito não se aplica somente aos dispositivos da subestação, mas também às várias tecnologias empregadas em uma subestação típica. Por exemplo, a tecnologia de comunicação convencional de mudança rápida sempre precisará servir a requisitos mais lentos de proteção e automação de subestações (IEC 61850 Ed. 1, 2005, p.13).

Para facilitar o uso do padrão para os usuários, a nova identificação de todos

os dados transmitidos não deve basear-se em um esquema limitado de números

derivados de linhas de terminais de contato, mas sim no agrupamento de dados

orientado a objetos e uma estrutura de nomeação que usa siglas padronizadas

19

compreensíveis para qualquer engenheiro de subestação. Além disso, as ferramentas

de configuração e engenharia devem ser usadas para criar sistemas com o mínimo

esforço e com um risco mínimo de falha.

1.5 A abordagem básica da IEC 61850

Para alcançar a interoperabilidade a longo prazo, ou seja, para lidar com as

diferentes escalas de tempo da evolução da função na subestação do domínio e com

a mudança da tecnologia de comunicação, a abordagem adotada no padrão IEC

61850 separa o modelo relacionado ao domínio para os serviços de dados e

comunicação de protocolos, ou seja, a pilha ISO / OSI de sete camadas usadas para

codificar e decodificar informações em sequências de bits para comunicação através

de um link série. Esta abordagem não só acomoda a tecnologia de comunicação de

ponta, mas também protege investimentos em aplicações e engenharia (com base no

modelo de serviço de objeto e comunicação). Portanto, o padrão é à prova do futuro.

O mapeamento do modelo de dados para a pilha de comunicação também está

padronizado na IEC 61850 para garantir a comunicação interoperável.

1.6 O modelo de dado por objeto-orientado

A estrutura do modelo de dados básicos definida no padrão IEC 61850 é

independente de aplicativos. No entanto, dependendo do escopo do padrão, as

classes do modelo do objeto estão relacionadas para energia eólica, energia

hidráulica e recursos energéticos distribuídos foram adicionados em um dado

posterior. Todas as funções de aplicação, incluindo as interfaces de dados para o

equipamento primário, são dividas nas mais pequenas peças viáveis, que podem se

comunicar entre si e, mais importante, podem ser implementadas separadamente em

IEDs dedicados. Na IEC 61850, esse objetos básicos são chamados de Logical Nodes

(LNs). O nome da classe do LN refere-se à função dos objetos pertencentes ao dado.

Os objetos de dados contidos em um LN podem ser obrigatórios, opcionais ou

condicionais. Os próprios objetos de dados contém atributos, que podem ser vistos

como valores ou propriedades detalhadas do objeto de dados.

20

Uma vez que os nomes de classe dos LNs e os nomes completos de objetos e

atributos de dados são padronizados, eles fornecem formalmente a semântica de

todos os valores trocados no âmbito da IEC 61850. Os LNs podem ser agrupados em

dispositivos lógicos (LDs) com nomes não padronizados, e essas LDs são

implementadas em servidores que residem em IEDs. As propriedades comuns do

próprio dispositivo físico são tratadas por uma classe LN chamada LPHD.

Somente se uma classe LN para alguma função estiver faltando, ela pode ser

substituída por classes LN genéricas que tenham significado semântico restrito. Mais

exigente, no entanto, é a extensão de LNs e dados de acordo com as regras de

extensão rigorosas e restritivas do padrão, incluindo espaços de nome como

referências inequívocas ao significado semântico. Essas regras preservam a

interoperabilidade, mesmo nos casos em que são necessárias extensões.

1.7 Os serviços do modelo de dados

A interoperabilidade requer a padronização não apenas os objetos de dados,

mas também o acesso a eles. Portanto, os serviços abstratos também pertencem IEC

61850. Os mais comuns são:

Read: leitura de dados, como o valor de um atributo;

Write: por exemplo, escrevendo o valor de um atributo de configuração;

Control: controle de dispositivos de comutação e outros objetos

controláveis usando métodos padronizados, como "selecionar antes de

operar "ou" direto ";

Reporting: por exemplo, evento conduzido relatório após alterações de

valor;

Logging: o armazenamento local de tempo eventos marcados ou outros

dados históricos;

Get directory: em outras palavras, para ler o modelo de dados (parte

importante de auto descrição);

File transfer: para configuração, registro de perturbações ou histórico

dados;

21

GOOSE: é o acrônimo de evento genérico do sistema orientado a

objetos e é um serviço usado para a rápido transmissão de informações

de tempo crítico como mudanças de status, bloqueios entre IEDs;

Sampled value (SV): o serviço SV transmite rapidamente uma

sincronização do fluxo de corrente e tensão.

1.8 Requisitos de performance

O tempo de transferência de mensagens entre o aplicativo de envio (por

exemplo, a função de proteção que envia o desligamento) e o aplicativo de recepção

(função do disjuntor que executa a operação do disjuntor) são determinados pelos

requisitos das funções que dependem dessa transferência de mensagens. Como um

desligamento de proteção é tempo crítico, com o pior caso em torno de 20 ms, é

alocado para a classe de exigência de transferência mais exigente, o que significa 3

ms.

A transferência de amostras usando o serviço SV também é atribuída a esta

classe de requisitos para evitar, por exemplo, atrasos na detecção de falhas por

proteção. Os requisitos devem ser cumpridos não apenas pelos IEDs, mas também

pelo design do sistema de automação da subestação.

22

2. IEC 61850 NA PRÁTICA

Com a introdução do padrão IEC 61850, a automação de subestações teve o

maior salto de tecnologia desde a introdução de dispositivos de proteção e controle

baseados em microprocessadores no ínicio dos anos 80. Assim que o padrão foi

publicado, dispositivos eletrônicos inteligentes (IEDs) que suportam a IEC 61850

começaram a aparecer no mercado. A velocidade em que isso aconteceu foi

alcançada atualizando plataformas IED existentes com um gateway interno ou externo

servindo como proxy para o protocolo IEC 61850 Ethernet.

Essa abordagem deixou a arquitetura do IED, interna, externa e suas

ferramentas inalteradas, a conversão do protocolo era necessária para permitir a

comunicação entre IEDs existentes e uma subestação moderna baseada em IEC

61850. Na época, o padrão IEC 61850 era apenas um dos vários protocolos para

expor a informação interna do IED, que foi mapeada para os modelos de dados IEC

61850 e Logical Nodes (LNs). A arquitetura interna não diferiu de outros protocolos de

comunicação baseados em pontos ou registrados (por exemplo, DNP V3.00 e

MODBUS).

Embora essas primeiras implementações tenham resultado em um rápido

tempo de mercado, o desempenho e a flexibilidade foram sacrificadas como resultado,

conforme o padrão se tornou mais conhecido, no entanto, os engenheiros perceberam

os benefícios de conseguir repensar a plataforma do IED e a elaboração da

arquitetura do sistema, introduzindo assim novas ideias concetuais para automação

de subestações.

2.1 Explorando a implementação genuína da IEC 61850

Em um sistema com design genuíno IEC 61850, a funcionalidade do IED deve

considerar todo o processo, incluindo especificação e avaliação, engenharia de

sistemas e dispositivos, comissionamento do sistema e manutenção. Um IED genuíno

IEC 61850 deve fornecer:

- Um conjunto completo de dados de proteção e controle para sistemas de

automação de subestações e para outros IEDs e ferramentas de terceiros em

23

conformidade com os modelos de dados definidos e LNs para alcançar um alto nível

de interoperabilidade;

- Aderência a informação de modelagem de dados e linguagem de configuração

de subestação (SCL) disponível para engenharia de sistema, configuração de

dispositivo, diagnóstico e ferramentas de comissionamento.

2.2 A transformação dos IEDs

Um dos principais fatores que tornaram as transformações dos IEDs em bem-

sucedidas foi basear a funcionalidade do IED no modelo de dados e LNs, conforme

definido no padrão da norma IEC 61850. Os algorítmos de proteção e controle, que

são responsáveis pela funcionalidade básica do IED, são modelados de acordo com

as regras do novo padrão. Na nova arquitetura, os modelos de dados são suportados

diretamente nas funções de proteção e controle, tornando os dados LN diretamente

acessíveis dos serviços de comunicação.

Com esta abordagem, o processo de mapeamento e conversão de dados não é necessário, algo que é um fator chave no desempenho do IED. Os dados do IED são, portanto, diretamente disponíveis sem tempo de processamento adicional. Quando uma nova função de proteção, como a proteção de sobrecorrente, é implementada, a definição de classe LN padrão de sobrecorrente de tempo de fase (PTOC) é a base para modelar o algoritmo de proteção (IEC 61850 Ed2, 2010, p.9).

Dependendo dos requisitos do produto e da aplicação, todos os atributos

opcionais obrigatórios e selecionados da classe LN são usados no design da função.

O padrão IEC 61850 requer que os objetos de dados obrigatórios devem existir no

modelo de dados do dispositivo. As peças opcionais são usadas somente quando

aplicável, dependendo do produto e do aplicativo pretendido. Os objetos de dados

padrão suportados são documentados no documento de declaração de conformidade

de implementação do modelo obrigatório (MICS).

Na próxima etapa, o LN padrão e sua funcionalidade selecionada são

modelados usando o SCL, que descreve as estruturas de função, objetos de dados e

tipos de dados de um LN. Com as estruturas de função definidas de acordo com o

24

SCL, é possível automaticamente gere o esqueleto das funções de acesso a dados

do aplicativo (leitura, gravação) para o software do sistema IED. Essas funções são

herdadas e diretamente vinculadas aos dados do algoritmo de proteção (por exemplo,

PTOC) no subsistema de proteção e controle de núcleo da arquitetura IED. Este

mapeamento direto fornece uma interface de alto desempenho para a pilha de

comunicação IEC 61850 do IED, que por sua vez torna os dados acessíveis.

Nenhuma conversão adicional de dados de proteção e controle é necessária para suportar a arquitetura e o protocolo da comunicação. Estruturas baseadas em LNs também podem ter uma função para configurações, que são diretamente visíveis para o sistema de automação da subestação através da pilha de comunicação (BAASS, W., BRAND, K.P., GERSPACH, S., HERZIG, M., KREUZER, A., MAEDA, T, 2010, P.15).

Em geral, o padrão IEC 61850 fornece uma base sólida para o design de IEDs

de proteção e controle genuíno IEC 61850 devido ao fato de os modelos de dados

serem definidos por um grupo de trabalho internacional composto por especialistas no

campo. Com a modelagem de dados baseada em padrões, pode-se obter um

desenvolvimento mais rápido das funções de aplicação do IED e das interfaces de

comunicação. As melhorias são devidas às estruturas LN, que são inerentes ao

aplicativo de proteção. Isso faz com que o acesso de dados do sistema de automação

da subestação baseado em IEC 61850 aos algoritmos de proteção e controle internos

do IED seja muito eficiente em termos de computação e elimine a necessidade de

processamento de conversão de protocolo que consome tempo.

2.2.1 A performance de um IED Genuíno

As arquiteturas IED projetadas para suportar a IEC 61850 desde o início

precisam garantir que o atraso na comunicação de sinais de controle, valores

analógicos e outros dados críticos de tempo entre o processo e os IEDs seja o menor

possível.

Em IEDs tradicionais, os sinais binários e analógicos foram processados pelo

subsistema I / O de hardware IED. Nas arquiteturas baseadas em IEC 61850, a fiação

convencional foi eliminada e esses sinais são transmitidos e recebidos através da

25

interface de comunicação. Assim, a interface de comunicação nos novos IEDs

baseados em IEC 61850 deve ser muito eficiente no processamento dos dados de

comunicação.

O desempenho rápido da GOOSE de um IED é crítico em uma implementação

genuína da IEC 61850 para permitir o processamento de sinal de controle como se

fosse um IED tradicional. Durante a execução do algoritmo IED ou o ciclo da tarefa,

os valores de dados de uma função de proteção (por exemplo, o início da proteção

em PTOC) podem mudar se uma sobrecorrente for detectada em um alimentador, e

isso, por sua vez, atualiza o banco de dados que suporta a estrutura LN particular.

No modelo de dados da IEC 61850, a maioria das atividades orientadas para

mudanças de dados são baseadas nos conjuntos de dados, por exemplo, relatórios

de eventos e publicação de dados GOOSE. O detector de alteração IED identifica

mudanças nos conjuntos de dados e se um novo valor é detectado, o conjunto de

dados e sua funcionalidade conectada são acionados. Em um IED usando GOOSE, o

subsistema interno de alta prioridade que executa a função GOOSE é ativado.

Posteriormente, os dados modificados são enviados o mais rápido possível através

da interface de comunicação IED para o barramento da estação do sistema de

automação da subestação usando uma mensagem GOOSE multicast. As mensagens

GOOSE multicast são transmissões não solicitadas que não exigem nenhum

mecanismo de pesquisa de dados cíclicos. As estruturas de dados usadas no GOOSE

incluem acesso direto ao banco de dados interno do IED e, como o modelo de dados

internos corresponde exatamente ao padrão IEC 61850, sendo que nenhuma

conversão de dados é necessária.

Da mesma forma, o design nativo IEC 61850 do IED produz conjuntos de dados

GOOSE de alto desempenho de outros IEDs na sub-rede local. À medida que as

mensagens GOOSE são processadas na camada de ligação de dados na pilha

Ethernet, isso não requer processamento adicional através das camadas TCP e IP.

Este tipo de comunicação Ethernet é muito rápido, uma vez que os dados são

recuperados diretamente da interface de hardware de comunicações IED. Os recursos

de processamento GOOSE do IED podem decodificar a mensagem em menos de 1

ms e entregar somente os dados GOOSE subscritos modificados no banco de dados

interno do IED, o que o torna imediatamente acessível para a próxima execução dos

26

algoritmos de proteção e controle. Uma operação "colocar" é uma cópia de valor de

dados única de um quadro GOOSE para o banco de dados interno da estrutura LN.

Nenhuma conversão é necessária porque os dados no banco de dados IED e

na mensagem GOOSE recebem conformidade com os tipos de dados IEC 61850. A

próxima execução da aplicação verifica novos valores de entrada e os processa em

conformidade.

Se o GOOSE se baseasse em uma implementação não-nativa IEC 61850, seria

necessária uma conversão de um modelo de dados interno para um modelo de dados

IEC 61850. Por conseguinte, seria difícil atingir as classes de desempenho para

comunicação de proteção, conforme indicado no padrão IEC 61850. Em algumas

arquiteturas, o processamento da comunicação horizontal utiliza um processador

diferente em um cartão de comunicação IED separado ou um gateway externo, o que

tornaria o desempenho e a configuração ainda mais desafiantes.

Informar eventos para sistemas SCADA usando serviços de relatório padrão ou sem buffer é baseado no mesmo mecanismo que é implementado para detectar mudanças de dados GOOSE. Quando uma mudança de dados é ativada por um aplicativo, por exemplo, um sinal de início de proteção em PTOC, o novo valor de dados e os atributos de timestamp e qualidade associados são armazenados em uma fila de eventos internos pelo detector de alteração do IED. Ao mesmo tempo, a interface de comunicação do IED é desencadeada e começa a enviar eventos enfileirados para clientes, por exemplo, o Gateway ou HMI da estação (HAKALA-RANTA, A., RINTAMAKI, O., STARCK, J, 2009, P.7).

Na nova arquitetura IED, os protocolos de comunicação tradicionais, como

Modbus, IEC 60870-5-103 e DNP 3.0, são mapeados pelo modelo de dados baseado

em IEC 61850 e conjuntos de dados de eventos. A conveniência do mapeamento de

protocolo decorre do fato de que o IEC 61850 inclui a maioria dos diferentes tipos de

dados e serviços necessários para protocolos legados. Uma comparação de

protocolos legados e IEC 61850 geralmente mostra que os protocolos legados

possuem um subconjunto de serviços e tipos de dados disponíveis. Muitos clientes

preferem usar protocolos legados e a arquitetura interna de um IED deve estar pronta

para suportar múltiplos protocolos. A IEC 61850, no entanto, é o superconjunto

preferido em termos de funcionalidade e serviços.

27

2.2.2 Engenharia do sistema

Nas pequenas e simples subestações baseadas em IEC 61850, a engenharia

do sistema de automação da subestação pode ser feita usando um processo de baixo

para cima. O fluxo de trabalho começa a partir da ferramenta IED, que cria o conjunto

de relés e exporta o arquivo SCD inicial para a ferramenta de configuração do sistema.

Usando pacotes de conectividade, a ferramenta IED exporta o arquivo SCD,

incluindo um diagrama de linha única padrão e conjuntos de dados para relatórios de

eventos. Em muitos casos, esses valores atendem às especificações do cliente. Na

ferramenta de configuração do sistema, o engenheiro do sistema pode adicionar links

GOOSE e, se necessário, personalizar os detalhes do diagrama de linha única e dos

conjuntos de dados do evento. O engenheiro do sistema exporta o arquivo SCD

completo de volta para a ferramenta de configuração do relé onde a configuração do

aplicativo do IED é finalizada.

Nos processos de engenharia de sistemas de cima para baixo e de baixo para

cima, o resultado final é um arquivo SCD que é necessário para a configuração dos

sistemas SCADA e gateways da subestação. A seção de subestação do arquivo SCD

pode ser usada como fonte de informação para criar o diagrama de linha única da

subestação, que por sua vez minimiza qualquer trabalho adicional necessário para o

projeto do diagrama gráfico da subestação. Desta forma, o sistema de automação da

subetação beneficia grandemente do recurso auto-descritivo do SCL definido pela IEC

61850.

2.3 Testando e utilizando IEDs conforme IEC 61850

A capacidade da implementação genuína do IEC 61850 e o design do IED

foram cuidadosamente testados como parte da validação do desenvolvimento, todos

os IEDs foram testados e certificados de acordo com os procedimentos definidos na

parte 10 do padrão IEC 61850. Para usuários finais e fabricantes, o certificado afirma

que não foram encontradas não-conformidades ao padrão no comportamento dos

IEDs. Os IEDs são, portanto, capazes de interoperar com outros sistemas que

oferecem serviços de protocolo IED e que possuem arquivos SCL exportados da

ferramenta IED.

28

3. PRÓXIMA GERAÇÃO DE SUBESTAÇÕES

O padrão IEC 61850 é construído principalmente em tecnologias conhecidas,

como linguagem de marcação extensível (XML), Ethernet, especificação de

mensagens de fabricação (MMS) e protocolo de controle de transmissão / protocolo

de Internet (TCP / IP), cada um dos quais possui vários softwares bem estabelecidos

ferramentas para lidar com eles. Por que, então, era inicialmente um desafio lidar com

sistemas baseados em IEC 61850?

A grande questão reside na abordagem adotada. A IEC 61850 combina

perfeitamente a tecnologia subjacente de componentes e aspectos de aplicação de

um ponto de vista do sistema integral. As ferramentas existentes, no entanto, foram

projetadas para se concentrar em tarefas únicas especializadas, por exemplo, análise

de comunicação e deixar de lado qualquer aspecto de aplicação de automação de

subestação e, portanto, são obsoletos. Para superar esse problema, era evidente que

era necessária uma nova geração de ferramentas de software para gerenciar e apoiar

de forma eficiente o processo de integração do sistema IEC 61850.

3.1 Linguagem de configuração da subestação (SCL)

Uma das maiores realizações do padrão IEC 61850 e uma das coisas que a

diferenciam de outros padrões de comunicação foi a introdução da linguagem de

configuração da subestação (SCL). O SCL possibilita a criação de arquivos que são

utilizados para troca de dados de configuração (por exemplo, modelos de objetos

padronizados e configurações de fluxo de dados de dispositivos em um sistema) entre

ferramentas de engenharia. Vários tipos de arquivos foram definidos na IEC 61850 e

o conteúdo de cada tipo depende do papel de uma ferramenta específica (por

exemplo, ferramenta de configuração do sistema ou ferramenta de configuração do

dispositivo) para a qual ela é criada e as diferentes fases de evolução do processo de

integração do sistema.

Do ponto de vista do sistema, as interfaces para cada dispositivo (cliente ou

servidor) conectado ao sistema estão descritas neste arquivo. Isso torna o arquivo

SCD completo a parte central da documentação do sistema IEC 61850, o que torna

29

interessante ser usado para todas as atividades futuras realizadas no sistema de

automação da subestação, como testes, manutenção e extensões.

O engenheiro não precisa mais se preocupar com a configuração manual

propensa a erros do ambiente da ferramenta de análise e análise; Tudo o que ele tem

a fazer é simplesmente importar o arquivo SCD específico do projeto para a

ferramenta de teste. Isso, por sua vez, concentra o esforço para onde é mais

necessário, no diagnóstico funcional e na análise das aplicações em execução.

3.2 Teste de conformidade

Um aspecto muito importante da integração do sistema IEC 61850 é a seleção

de dispositivos eletrônicos inteligentes (IEDs). Em conformidade com o sentido de que

todos os IEDs selecionados foram testados para garantir que eles estejam de acordo

com o padrão IEC 61850 e são oficialmente certificados por um centro de testes que

é credenciado pelo grupo internacional de usuários da UCA. Esta certificação abrange

a verificação do modelo de dados, a documentação padronizada e um teste de caixa

preta de todos os serviços de comunicação que o IED suporta.

O teste de conformidade garante uma garantia mínima de que os IED

selecionados interoperarão com outros dispositivos certificados se estiverem

configurados e carregados corretamente dentro do sistema. Este pré-requisito alivia

ainda mais as ferramentas de teste de análise de bits e bytes relacionados à pesquisa

e desenvolvimento.

3.3 Ferramentas visualizam aplicações

A ferramenta de simulação IEC 61850 pode ser conectada ao barramento do

sistema ou diretamente a um IED. O arquivo SCD que foi criado e usado durante o

processo de engenharia do sistema de automação da subestação, e que agora é parte

da documentação do sistema comum que qualquer engenheiro deve ter disponível

quando ele vai no site, é então carregado na ferramenta. Em ambos os casos, a

ferramenta poderia simular um ou mais clientes / servidores selecionados pelo usuário

com base na descrição da interface extraída do arquivo SCD. Se o arquivo SCD

30

estiver ausente ou incompleto, o trabalho de engenharia e configuração deve ser

concluído primeiro.

Os projetos de automação de subestação demonstraram que a apliacação mais

comum para troca de mensagens através de GOOSE é através de intertravamento. O

serviço GOOSE horizontal usa a comunicação do editor-assinante, que corresponde

à comunicação vertical servidor-cliente. Em uma situação em que um IED específico

"publica" dados para encravamento, por exemplo, as posições de comutação falharam

(e, portanto, o IED deve ser retirado do serviço ou desconectado do barramento de

comunicação), os assinantes dos dados agora ausentes no ônibus devem ser operado

em um modo de bloqueio de bloqueio. Isso ocorre porque os aplicativos que executam

os IED geralmente recusam operações com dados obsoletos que não foram

atualizados no tempo pelo editor.

Os conceitos de manutenção para tais situações devem ser considerados para

garantir que as partes saudáveis ou não afetadas restantes do sistema continuem a

funcionar sem ser perturbadas. Esse tipo de situação geralmente pode ocorrer durante

a fase de teste e comissionamento, onde a adição sequencial de vãos (incluindo seus

IEDs de controle e proteção) para um sistema energizado não deve levar a

reengenharia e recarga de configuração principal.

3.4 O caminho crescente

O padrão IEC 61850 é complexo e não pode ser aplicado sem um significativo

suporte de software. Os graus de liberdade e as novas possibilidades que oferece,

combinados com diferentes níveis de integração da IEC 61850, tanto nas ferramentas

de configuração como nos IED de diferentes fornecedores, enfatizam o desafio.

Evidentemente, a forte tendência para o uso de tecnologia de comunicação

mais moderna para distribuir dados críticos de missão exige processos de integração

e verificação muito avançados. Para gerenciar esses desafios, foram desenvolvidas

ferramentas de engenharia, teste e comissionamento que incorporam todas as

possibilidades oferecidas pelo padrão IEC 61850.

Um dos passos no desenvolvimento da subestação vem com a introdução do

padrão IEC 61850-9-2 para a interface do bus de processo. Para o equipamento

31

primário, isto significa que os transformadores de instrumentos convencionais (CIT)

que utilizam cobre, ferro e material de isolamento que fornecem valores analógicos (1

A, 110 V) podem ser trocados por sensores de fibra óptica que enviam um sinal digital

de barramento de processo através de cabos de fibra óptica para medição, proteção

e controle do equipamento.

À medida que o uso de sensores aumenta gradualmente ao longo do tempo, o

requisito de um sistema secundário para suportar CIT e transformadores de

instrumentos não convencionais (NCIT) durante este período de transição se tornará

aparente. Este requisito é óbvio ao estender subestações, uma vez que os novos vãos

conterão NCITs e as vãos existentes conterão CITs.

A evolução digital forneceu soluções técnicas para subestações. A tecnologia

digital foi implementada pela primeira vez em subestações na década de 1970,

fornecendo canais de comunicação das subestações para centros de controle. No

início da década de 1990, com o aumento da capacidade e velocidade das tecnologias

de computação e comunicação, proteção digital e dispositivos de controle, os IEDs

foram instalados em subestações. O padrão amplamente aceito IEC 61850 define a

arquitetura de comunicação completa para o barramento de estação e processo para

assegurar um alto nível de interoperabilidade do dispositivo.

Os modelos de dados e os serviços de comunicação padrão são a chave para

interoperabilidade entre proteção de subestação de vários fornecedores, dispositivos

de controle (IEDs) e computadores de estação (gateways) via Ethernet. O sistema

secundário de uma subestação com estações e dispositivos de nível de vão que se

comunicam com o sistema de automação da subestação foi amplamente adotado por

concessionáriasde energia e fornecedores.

As subestações modernas, tanto as novas instalações quanto o crescente

número de instalações secundárias de retrofit ou extensões com a IEC 61850 em

conjunto com tecnologias de transformadores de sensores e convencionais lado a

lado. O mesmo se aplica para o manuseio de comandos de sinalização e indicações

de posição para e para a central elétrica primária.

Os cenários de migração serão aqueles em que o equipamento baseado em

IEC 61850 seja introduzido em etapas para sistemas já instalados. Existem dois

principais fatores de condução para isso: retrofit e extensão das subestações ou da

funcionalidade do sistema. Com a longa vida do equipamento primário em

32

comparação com o equipamento secundário, haverá uma necessidade contínua de

substituição do equipamento secundário, mantendo o equipamento primário existente.

Ao introduzir o sistema de automação da subestação, será possível fazer uma adaptação muito eficiente dos sistemas de proteção e controle com uma interrupção mínima. Ao manter a subestação em serviço usando o equipamento antigo, o novo equipamento baseado em IEC 61850-9-2 pode ser instalado e testado usando novos cabos de fibra óptica colocados em paralelo aos cabos de cobre existentes (HAKALA-RANTA, A., RINTAMAKI, O., STARCK, J, 2009, P. 9).

Uma pequena interrupção é necessária para conectar os novos equipamentos

de proteção e controle ao equipamento primário existente. Quando a subestação é

posta em serviço de novo, o antigo equipamento de proteção e controle, juntamente

com todos os cabos de cobre pode ser removido.

33

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O avanço tecnológico das subestações de energia, está associado a alguns

aspectos, sendo um dos principais a comunicação entre equipamentos de alta tensão

com os equipamentos de automação de subestações, sendo essa comunicação

primordial para o bom funcionamento da parte elétrica do sistema de potência e

seletividade dos equipamentos. Levando em consideração esse avanço tecnológico e

a comunicação entre equipamentos, a importância de um protocolo padronizado

tornou-se uma peça-chave para a criação da norma IEC 61850. O trabalho procurou

apresentar os ganhos da norma IEC 61850, possibilitando assim uma comunicação

entre equipamentos padronizada e benéfica para a indústria e concessionárias de

energia.

Com a aplicação da engenharia baseada em IEC 61850, os projetos de

ampliações de subestações já executadas conforme o novo padrão, não necessitam

mais de conversores ou outros equipamentos alternativos para se estabelecer uma

comunicação entre pátio e casa de comando, permitindo assim que o operador

consiga trabalhar com equipamentos em uma interface padronizada, independente de

fabricante, e que a indústria ou concessionária de energia consiga efeturar trocas de

equipamentos, sem a preocupação de se fixar em um determinado modelo de

equipamento.

Considerando a quantidade de subestações de energia que ainda operam sem

sistemas supervisórios, e que inevitavelmente deverão ser digitalizadas com a vida

útil limitada dos equipamentos, o padrão IEC 61850 se demonstra pronto para ser

aplicado dentro do sistema de automação da subestação, permitindo assim que a

evolução de cada subestação elétrica esteja de acordo com a confiabilidade que a

norma IEC 61850 possibilita, assim como os ganhos com a redução de retrabalhos

por horas de desenvolvimento para se estabelecer uma comunicação com

equipamentos de modelos distintos.

Reunindo os fatos citados, o trabalho conseguiu concluir que a norma IEC

61850 é uma realidade no sistema elétrico mundial, alcançando o seu objetivo

prinicipal que é de estabelecer uma comunicação padronizada para equipamentos de

automação de subestações, independente de fabricante/modelo, possibilitando assim

ganhos para clientes industriais e concessionárias de energia.

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REFERÊNCIAS

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