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1 Janelas para a História: defendendo e preservando a memória arquitetônica da Fundação Joaquim Nabuco Sônia Machado Recife, junho 2009

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Janelas para a História: defendendo e preservando a memória arquitetônica

da Fundação Joaquim Nabuco

Sônia Machado

Recife, junho 2009

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AGRADECIMENTOS

A Rita de Cássia de Araújo, pesquisadora e diretora da Diretoria de Documentação, pela confiança e leitura atenta e analítica dos originais. A Albertina Malta, Carlos Ramos e Marja de Serpa Brandão, pelas ilustrações fotográficas e iconográficas; a Letícia Bandeira, pela colaboração na pesquisa institucional e apoio arquivístico; a Severino Ribeiro, pelo trabalho fotográfico; a Luiz Carlos Costa, Lino Madureira, e a Artur Onyaiê pelo tratamento das imagens; a Alba Rejane Valério de Souza pela orientação bibliográfica. A Emanoel José dos Santos e Lúcia Gaspar — exemplares no atendimento bibliográfico e documental — e, em especial, a Virginia Barbosa da Silva pela revisão da referência bibliográfica. A Nara Maria Tenório, pela confecção do gráfico da evolução do patrimônio arquitetônico da Fundaj. A Paulo Gustavo, pela revisão dos textos. A Jefferson de Sousa, pelo apoio prestado no começo deste trabalho. A Affonso Cezar Baptista Ferreira Pereira e Jaílson Teodósio da Silva, pelo acesso à documentação jurídica dos imóveis. A Lúcia Regina Nóbrega Farias Paraíso e Joana Martins Vieira, pela pesquisa da documentação das resoluções do antigo Conselho Diretor. A Jorge Medeiros de Queiroz, por suas histórias de infância e juventude no bairro de Apipucos. A Antônio Geraldo da Silva, pela ajuda na retrospectiva arquitetônica. A Domingos Sávio Xavier de Brito, pela ajuda técnica no tratamento das imagens, e a João Presbítero, que colaborou com a digitalização das plantas baixas de arquitetura.

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APRESENTAÇÃO

Rita de Cássia Barbosa de Araújo

Historiadora e Diretora de Documentação

“A forma de uma cidade muda mais depressa, lamentavelmente, que o coração de um mortal”1. A frase, escrita por Baudelaire, poderia ser repetida por muitos de nós ao nos referirmos à própria cidade em que habitamos, aos espaços e às paisagens com que nos habituamos a conviver e com os quais, involuntariamente, acabamos por estabelecer laços de identidade e de afeto. Para algumas cidades, em certos períodos ao longo de sua história, as mudanças a que se refere o poeta — cujo pensamento expressa a consciência infeliz da perda — aceleram-se, intensificam-se, dando às suas palavras a força de uma verdade dura e cruel. Dura e cruel especialmente para aqueles que aprenderam a amar uma paisagem, uma praça, uma rua, uma casa, um jardim: abrigo, projeção no espaço das relações sociais e econômicas de uma sociedade, lugar para a manifestação de comportamentos e atitudes coletivas e para expressar modos de vida, sentimentos, valores, desejos. Assim aconteceu ao Recife — capital, centro econômico, político, cultural e administrativo de Pernambuco —, que inaugurou o século XX sob o ruído das picaretas e envolta em espessas nuvens de poeira. A reforma urbanística implementada no bairro portuário do Recife, iniciada em 1910 pelo Governo do Estado e inspirada na grande reforma de Haussmann em Paris, teve por motivação promover o progresso e a modernização de Pernambuco bem como higienizar e embelezar a cidade do Recife, tornando-os mais competitivos em relação a outros estados do País. Junto àquela parte da cidade de herança colonial que se queria morta, esquecida, soterrada sob os escombros, ruíram não apenas igrejas, casas, ruas, árvores, becos e travessas — caminhos tantas vezes percorridos e de tantas e tortuosas histórias — mas “[...] um cenário de milhares de criaturas no seu presente e no seu passado”, como disse o ensaísta Mário Sette. 2 Transcorrido um século desde então, podemos dizer que a cena a que se assistira em 1910 — insana aos olhos e dolorosa aos corações de muitos — prenunciava um dos traços que marcariam a história da cidade do Recife do século XX, prolongando-se pelo XXI: as “mortes arquitetônicas”, a destruição total ou parcial de paisagens urbanas inteiras ou de monumentos de grande significado simbólico ou valor arquitetônico. Fenômeno que, não sendo exclusividade do Recife, estando presente na maioria das cidades brasileiras, motivou o arquiteto Luiz Amorim a escrever o contundente Obituário arquitetônico: Pernambuco modernista3. Seu propósito: “registrar as mortes arquitetônicas e clamar por ações efetivas de salvaguarda do nosso patrimônio”; sensibilizar “gestores públicos, empreendedores imobiliários, empresários de todos os ramos, proprietários e profissionais da construção civil para a necessária preservação desse patrimônio.”4 1 Apud LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades: conversações com Jean Lebrun. São

Paulo: Fundação Editora Unesp, 1988, p. 143. 2 SETTE, Mário. Arruar: história pitoresca do Recife antigo. Recife: Governo do Estado de Pernambuco

/ Secretaria de Educação e Cultura, 1978, p. 55. 3 AMORIM, Luiz. Obituário arquitetônico: Pernambuco modernista. Recife, 2007.

4 Ibid, p. 12-13.

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O trabalho Janelas para a História: defendendo e preservando a memória arquitetônica da Fundaj, da também arquiteta Sônia Machado, da Fundação Joaquim Nabuco, inscreve-se nessa linha de preocupação: discorrer sobre o patrimônio cultural material que se encontra sob responsabilidade direta da Instituição; recuperar a memória social registrada nesses sítios e edifícios e salientar o valor histórico e cultural inerente a cada exemplar arquitetônico. A autora considera o conjunto arquitetônico-paisagístico selecionado para estudo um bem cultural público não apenas por estar oficialmente sob domínio e posse de um órgão da administração pública federal5, mas também, alargando o conceito de patrimônio público, por serem esses edifícios fruto de uma história construída coletivamente e por constituírem uma das maneiras de materializar e de expressar o viver, o pensar e o sentir de uma sociedade particular em um determinado período de sua existência. Sônia Machado firma, assim, seu objetivo: sensibilizar gestores públicos, servidores e população em geral para a importância da preservação, das intervenções de restauro e da requalificação adequada desses espaços para os novos usos a que se destinam. Durante meses, dedicou-se à paciente tarefa de revolver os arquivos da própria Fundação como também recorreu a arquivos de terceiros, a exemplo do arquivo da Empresa de Urbanização da Cidade do Recife - URB, em busca de fontes de pesquisa primárias referentes ao tema de sua predileção: a memória arquitetônica da Fundação Joaquim Nabuco. Não se limitando ao trabalho de reunir e sistematizar a documentação encontrada — o que já seria de grande contribuição para a preservação do patrimônio e para estimular o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre a temática —, Sônia Machado enveredou por outros caminhos e traçou a história da formação desse patrimônio cultural material, que abrange o período de 1949 a 2008. Do conjunto, foram selecionados nove edifícios, pela autora considerados de mais significativo valor arquitetônico e paisagístico e por mais fortemente expressarem modos de viver e de morar no Recife e na Zona da Mata açucareira em tempos passados. O reconhecimento do valor histórico-cultural desse patrimônio, objeto de investigação da arquiteta Sônia Machado, pode ser visto também no Guia do Recife: arquitetura e paisagismo, livro em que aparecem descritos, dentre os bens selecionados por sua relevância arquitetônica bem como por serem especialmente representativos da expansão e das transformações urbanas vividas pelo Recife ao longo do tempo, três edifícios pertencentes à Fundação Joaquim Nabuco6. São três edificações do século XIX, representativas da economia agroexportadora e do modo de vida da elite pernambucana, testemunho também do nascimento dos subúrbios recifenses7: o Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, de propriedade do comissário de açúcar

5 A Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, criada em 1949, quando então se denominava Instituto Joaquim

Nabuco, é vinculada ao Ministério da Educação. Sua sede fica no Recife, no bairro de Casa Forte,

possuindo mais dois câmpus nesta cidade: em Apipucos e no Derby. Por regime de comodato, a Fundaj é

responsável pelo Engenho Massangana, de propriedade do Governo do Estado de Pernambuco, situado no

município do Cabo de Santo Agostinho, ao sul da capital. 6 ROCHA, Edileusa (Org.). Guia do Recife: arquitetura e paisagismo. Recife: Ed. dos Autores, 2004, p.

205; 216. 7 Sobre o assunto: MELLO, Evaldo Cabral. Canoas do Recife: um estudo de micro-história urbana. In:

SOUTO MAIOR, Mário; SILVA, Leonardo Dantas (Orgs.). O Recife e sua paisagem. Recife: Fundaj,

Editora Massangana. Prefeitura da Cidade do Recife, Secretaria de Educação e Cultura, 1992, p. 193-225.

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homônimo; a Villa Annunciada, que pertenceu ao grande empreendedor Delmiro Gouveia; e a casa que pertenceu a Jorge de Tasso Neto, corretor da Bolsa de Valores do Recife que adquiriu o imóvel já no século XX.

Dentre os selecionados para estudo, constam ainda monumentos representativos dos padrões urbanísticos e arquitetônicos modernos, erguidos entre as décadas de 1930 e 1960, alguns concebidos originalmente como edificações públicas, como a Escola de Aprendizes Artífices, construída no início da década de 1930, que abriga atualmente a Diretoria de Cultura, no Derby; e o edifício do Museu do Açúcar, especialmente concebido para acomodar um museu nos idos dos anos 1960, onde, hoje, funciona o Museu do Homem do Nordeste. No bairro de Apipucos, como modelo da arquitetura moderna, destaca-se o edifício do Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais do Recife, inaugurado no início dos anos 1960, que presentemente abriga a Diretoria de Pesquisas Sociais. Exemplo de trabalho voltado para a recuperação, a preservação e a valorização da memória institucional — área temática de que só há pouco e muito timidamente vem se ocupando estudiosos, documentalistas, gestores e instituições de fomento à pesquisa científica, à memória e à cultura —, o estudo de Sônia Machado transpõe os muros da Fundação Joaquim Nabuco e ganha as ruas. Acompanhar a narrativa sobre a trajetória histórica dos edifícios, sítios e jardins que atualmente formam o patrimônio cultural material da Instituição permite ao leitor vislumbrar, através de uma pequena mostra, o processo de crescimento e expansão do Recife a partir de meados do século XIX; identificar estilos arquitetônicos e materiais utilizados nas construções e ornatos dos edifícios que marcam determinados períodos históricos; a perceber os sinais de riqueza material e dos valores cultivados por certos segmentos da elite urbana. No caso dos bens contemplados neste trabalho, excepcionalmente, para uma cidade que se acostumou a destruir inteiramente ou a modificar de forma inadequada seu patrimônio edificado, temos a fortuna de ainda podermos vê-los, tocá-los, percorrer-lhes os ambientes e imaginar as vidas que se passaram no seu interior, nos arredores, nos jardins. Fortuna que se converte em responsabilidade e dever: de preservar o pouco da memória arquitetônica que escapou à sanha demolidora que marcou o século XX e que segue mais silenciosa porém igualmente intensa, violenta e diária no século corrente. Preservá-los para conhecer parte da própria história, expressar e valorizar a singularidade histórica de uma sociedade e, através dos sítios e jardins, contribuir para o equilíbrio ambiental. Mas, principalmente, preservar para que, ao podermos contemplá-los ou deles fazer novos usos, restaurando-os e requalificando-os para os fins desejados, renovemos o sentimento de que nosso tempo histórico e nossas referências culturais não são absolutos ou derradeiros e que diferentes formas de viver foram, são e sempre serão possíveis e que, essas últimas, têm direito à memória e à cultura.

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SUMÁRIO 1 Introdução 2 Cronologia da formação do patrimônio arquitetônico da Fundaj 3 Os câmpus da Fundaj 4 Edifícios preservados 4.1 Francisco Ribeiro Pinto Guimarães (1956) 4.2 Arthur Orlando (1975) 4.3 Delmiro Gouveia (1975) 4.4 Renato Carneiro Campos (1975) 4.5 Gil Maranhão (1977) 4.6 Dolores Salgado (1980) 4.7 Ulysses Pernambucano (1983) 4.8 Engenho Massangana (1984) 4.9 Jorge Tasso Neto (1984) 5 Jardins 6 A denominação dos prédios e câmpus 7 Plantas arquitetônicas dos imóveis preservados 8 Bibliografia consultada

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1 INTRODUÇÃO

A Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, ao longo de sua trajetória, adquiriu um grandioso e valioso patrimônio arquitetônico e cultural, que se encontrava com registro documental de forma dispersa. A Diretoria de Documentação - Didoc, preocupada em preservar e valorizar o conjunto desses bens, assim como em disponibilizar o registro dessa memória arquitetônica para o público interno e externo, incentivou-nos a elaborar este trabalho, cujo objetivo principal é contar a evolução desse patrimônio físico-cultural.

Com essa finalidade, o projeto Memória Institucional Arquitetônica procurou mostrar resumidamente a cronologia da formação do patrimônio arquitetônico da Instituição, adquirido ao longo de sua existência de sessenta anos. Do total dos bens, foram selecionados, para descrição histórica e arquitetônica, nove edifícios, que são de domínio e posse dessa Fundação e se encontram caracterizados como exemplares isolados e/ou conjunto de arquitetura de significativa importância para a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Pernambuco – Fundarpe, a exemplo do Engenho Massangana, e/ ou se denominam pela Prefeitura da Cidade do Recife – PCR, como Imóvel Especial de Preservação - IEP8, como os edifícios Francisco Ribeiro Pinto Guimarães e o Ulysses Pernambucano. As outras sete edificações, aqui identificadas e discriminadas, embora não sejam ainda protegidas por leis dos órgãos competentes, foram selecionadas por apresentarem também características arquitetônicas de épocas passadas de efetiva importância para o cenário arquitetônico urbano e cultural de nossa cidade e principalmente para a Fundaj, que dentre outras atividades, tem um compromisso de promover e preservar os valores histórico-culturais de nossa região.

Para elaboração dos textos que compõem esta publicação, foram realizados, em primeiro lugar, levantamento e coleta de dados nos diversos arquivos das unidades da atual estrutura organizacional da Fundaj. Em seguida, foram realizadas entrevistas com servidores ativos e aposentados da Instituição, bem como pesquisas em outros órgãos públicos, como Empresa de Urbanização da Cidade do Recife – URB, no seu Departamento de Preservação dos Sítios Históricos – DPSH, e na Central de Atendimento ao Cidadão da 3ª Gerência Regional/Dircon da Prefeitura da Cidade do Recife - PCR (Casa Amarela), e ainda contatos com profissionais de diversas instâncias, que participaram e/ou contribuíram de alguma maneira, na formação histórica do patrimônio arquitetônico desta Fundação.

Em segundo lugar, após a coleta de dados, identificação e seleção de todo o patrimônio imobiliário, foi adotado o critério de relacionar a história dos edifícios preservados pelo ano de aquisição, seguido da ordem alfabética de sua denominação, com sua devida localização urbana e depois a descrição do projeto, de seu estilo

8 Imóvel Especial de Preservação – IEP, aquele isolado de arquitetura significativa para o patrimônio

histórico, artístico e/ou cultural e que interessa à cidade preservar.

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arquitetônico e o uso pelo qual o edifício passou, ao longo do tempo, na Instituição.

Em terceiro lugar, foi dado um destaque especial às áreas dos jardins que estão no entorno das edificações, por considerá-las como parte integrante dessa memória.

Adicionalmente, completando a leitura, foram apresentadas imagens de fotos, plantas arquitetônicas e mapas de localizações, situando as edificações nos câmpus que compõem a estrutura física e organizacional da Fundação no contexto local e nacional. Traz ainda uma pequena biografia de algumas personalidades que denominaram os prédios e os câmpus do patrimônio arquitetônico institucional.

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2 CRONOLOGIA DA FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA FUNDAJ

1949: Criação do Instituto Joaquim Nabuco – IJN.

Em 21 de julho de 1949, atendendo a proposição do Congresso Nacional e por iniciativa do então deputado federal Gilberto Freyre, o presidente da República Eurico Gaspar Dutra sancionou a Lei nº 770 criando o Instituto Joaquim Nabuco – IJN. Inicialmente, instalou-se em Ponte d´Uchoa, na Av. Rui Barbosa, nº 1654, Recife – PE, em um chalé denominado de Vila Elvira, que pertenceu ao Barão de Casa Forte. Teve como primeiro diretor o historiador José Antônio Gonsalves de Mello Neto, que foi substituído logo em seguida pelo professor Paulo Frederico do Rego Maciel, que exerceu o cargo no período de 1951 a 1955.

1953: A primeira sede própria. Nessa data, foi adquirido pelo IJN, o antigo casarão — denominado Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães — situado na Av. 17 de Agosto, 2187, em Casa Forte, na cidade do Recife. Na ocasião, o jornalista e poeta Mauro Mota presidia a Instituição, tendo permanecido no cargo até o ano de 1970.

1963: A transformação do IJN em IJNPS Nesse ano, acatando ainda justificativas do sociólogo Gilberto Freyre, foi sancionada a Lei nº 4.209, de 09 de fevereiro de 1963, que alterou a denominação do Instituto, passando a ser chamado de Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais – IJNPS.

1970: Ergue-se o Edifício José Bonifácio.

Vizinho ao edifício Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, onde se situava o prédio nº. 2143, demolido, surge a nova edificação. Destinava-se ao funcionamento de uma biblioteca.

1971: Assume a presidência da Fundaj o administrador e advogado Fernando Alfredo Guedes Pereira de Mello Freyre, que exerceu o cargo por quase 32 anos consecutivos, de maio de 1971 a fevereiro de 2003.

1975: O IJNPS ocupa prédios em Apipucos. Em decorrência da extinção do Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Nordeste, o IJNPS ocupa os prédios de números 15 e 92, situados na Rua Dois Irmãos, em Apipucos, no Recife, denominando-os respectivamente: Arthur Orlando e Delmiro Gouveia (este último tinha se chamado anteriormente de Villa Annunciada). Também nessa ocasião, em vista da enchente do ano de 1975 que provocou grandes estragos no patrimônio do Instituto, em Casa Forte, o IJNPS ampliou suas dependências, transferindo alguns setores do Instituto para o bairro de Apipucos. Surgiram assim o campus-sede em Casa Forte e Anísio Teixeira, naquele bairro. Foi incorporado também o edifício onde funcionava a escola experimental do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos – Inep, hoje edifício Renato Carneiro Campos. Esse edifício era constituído de dois blocos sendo um deles destinado à

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biblioteca da escola. Nesse bloco, foi reunido o acervo da escola com o acervo da Fundaj. Dessa fusão nasceu a atual Biblioteca Central Blanche Knopf transferida da sede devido aos danos causados pela inundação. Em decorrência da expansão das atividades institucionais, constrói-se ainda o edifício Antiógenes Chaves ao lado do casarão Delmiro Gouveia, destinado a um centro de informática.

1977: O IJNPS incorpora o patrimônio arquitetônico do Museu do Açúcar. Através da lei nº 6456, de 1977, os bens móveis e imóveis do Museu do Açúcar, do extinto Instituto do Açúcar e do Álcool, passam para o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, que denomina o edifício de Gil Maranhão, o qual permaneceu fechado para reforma por dois anos. Nesta data também, de acordo com a Portaria nº. 022, de 28 de janeiro de 1977, considera-se implantado o Escritório de Representação do IJNPS em Sergipe, funcionando em sala cedida pelo Governo daquele estado, no moderno edifício da Biblioteca Pública Epitácio Dória.

1979: É fundado o Museu do Homem do Nordeste. Originou-se da fusão de três outros: o Museu do Açúcar, o Museu de Arte Popular de Pernambuco e o Museu de Antropologia, sob orientação do sociólogo Gilberto Freyre. Ainda de acordo com a Portaria nº 079, de 30 de maio de 1979, considera-se implantado o Escritório de Representação do IJNPS no Estado do Maranhão, funcionando em imóvel alugado, à Rua do Giz nº 46, na Praia Grande, zona antiga da cidade de São Luiz. Outra Portaria de nº 155, de 07 de dezembro de 1979, institui o Escritório Regional da Amazônia, com sede em Manaus, ocupando prédio cedido pela Fundação Dr. Thomas, vinculada à Prefeitura de Manaus, e que, mais tarde, tornar-se-á uma superintendência abarcando gerência, secretaria, quatro departamentos funcionais e o Museu do Homem do Norte.

1980: Nasce a Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj. Por meio do Decreto nº 84561, de 15 de março de 1980, é instituída a Fundação Joaquim Nabuco em substituição ao Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. Adquire-se a casa que pertenceu à senhora Dolores Salgado, situada na Rua Dois Irmãos, nº. 77, Apipucos, em frente ao câmpus Anísio Teixeira, destinado inicialmente ao Departamento de Patrimônio e Materiais, mas, logo depois, ocupada pelo Departamento de Antropologia do Instituto de Pesquisas Sociais - Inpso. A Portaria nº 051, de 30 de julho de 1980, dá continuidade às estruturas dos Escritórios Regionais após a transformação do IJNPS em Fundaj, permitindo a formalização do Escritório Regional de Brasília que era apenas uma representação desde 1971, funcionando em duas salas alugadas no edifício Venâncio 2000, nº 60 – bloco B- s/239, no Distrito Federal.

1982: Construção do edifício Saturnino Gonçalves. Ergue-se o edifício no terreno onde se situaram os prédios de nºs 2223 e 2255, na Av. 17 de Agosto, Casa Forte, Recife. Também é construída, no terreno da casa Dolores Salgado, o prédio da Associação dos

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Servidores do Instituto Joaquim Nabuco – Assin. Com o advento da Resolução nº 082, de 16 de dezembro de 1982, implanta-se o Escritório Regional da Bahia.

1983: Escola Técnica Federal de Pernambuco – ETFPE, cede prédio à Fundaj. Ocorre a desocupação do imóvel residencial alugado na Estrada do Encanamento (hoje, Edifício Camille Flamarion, nº 404) Casa Forte, onde funcionavam Recursos Humanos e Promoção Cultural da Fundaj que se deslocam para o prédio da antiga Escola Técnica Federal de Pernambuco, sito na Rua Henrique Dias, nº 609, Derby, Recife, sob o regime de comodato por tempo indeterminado.

1984: O Engenho Massangana é cedido por comodato à Fundaj. Nesse ano, é construído o edifício Paulo Guerra para ser o edifício-sede, ampliando assim a área útil do câmpus Gilberto Freyre. Por meio do Governo de Pernambuco, o Parque da Abolição, situado no Engenho Massangana, no município do Cabo/PE, é cedido à Fundaj em regime de comodato por vinte anos. Ainda nesse ano, pela necessidade de espaço para desenvolver suas atividades de pesquisas sociais adquire-se um casarão antigo, situado na Rua Jorge Tasso Neto, nº 126, em Apipucos, incorporando-se ao câmpus Anísio Teixeira, servindo para instalação definitiva dos departamentos do antigo Instituto de Pesquisas Sociais, hoje Diretoria de Pesquisas Sociais – Dipes. Também nesse ano, a Fundaj celebra contrato de comodato com a Prefeitura de Manaus (AM) para usufruir o imóvel situado na Av. Sete de Setembro, nº 1385, onde se instalam a Coordenadoria Regional da Amazônia. que engloba o Museu do Homem do Norte e o Núcleo de Pesquisas Sociais da Amazônia — futura Superintendência Regional da Amazônia

1985: Incorporação do Edifício Odilon Ribeiro Coutinho. A casa de número 136, situada na avenida Dr. Seixas, em Casa Forte, é adquirida. Posteriormente, é totalmente reformada para instalação do Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauro de Documentos e Obras de Artes – Laborarte, denominando-se Edifício Odilon Ribeiro Coutinho, e passando a integrar o câmpus Gilberto Freyre.

1987: Fundaj e Suframa. É firmado contrato de cessão de uso gratuito de um lote de terreno de nº

254, da rodovia BR-319, visando à futura construção de um prédio destinado à Superintendência da Amazonas e do Museu do Homem do Norte.

1988: Inclusão do imóvel da Rua Itatiaia nº 63. Atendendo aos anseios de crescimento físico e funcional, a Fundaj

adquire o imóvel situado na Rua Itatiaia, nº 63, em Apipucos, incorporando-o ao câmpus Anísio Teixeira e designado a abrigar a extinta Unidade Central da Superintendência de Informática .

1990: Extinguem-se as Diretorias Regionais do Maranhão, da Bahia e de

Sergipe, através da Portaria nº 140, de 27 de junho de 1990. Concluída a obra de reforma do bloco da Biblioteca Central Blanche Knopf, que

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eram dois pavimentos, para dar lugar a um edifício de seis andares, passando a se chamar Edifício Dirceu Pessoa e a abrigar também o Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira - Cehibra.

1996: Fica rescindido o Termo de Cessão de Uso Gratuito firmado entre a

Suframa e a Fundaj e consequentemente extinto o projeto de construção do prédio destinado à Superintendência da Amazonas e do Museu do Homem do Norte.

2001: Em homenagem ao criador e fundador da Instituição, no centenário de

seu nascimento, o câmpus–sede passa a ser chamado de Gilberto Freyre.

2003: O ex-ministro da Justiça Fernando Soares de Lyra assume a presidência

da Fundaj. Extinguem-se o Instituto de Estudos da Amazônia – Iesam, e o Instituto de Tropicologia.

2004: No final do ano, a Fundaj assina contrato de reforma do Cineteatro José

Carlos Cavalcanti Borges no Edifício Ulysses Pernambucano, no bairro do Derby.

2005: Os edifícios Dirceu Pessoa, Gil Maranhão, onde funciona o Museu do

Homem do Nordeste, e o pavimento superior do Renato Carneiro Campos são fechados para reformas. Nesse período, os acervos do Cehibra e da Biblioteca Central Blanche Knopf foram transladados para os edifícios Arthur Orlando, Dolores Salgado e Antiógenes Chaves

. 2006: O acervo do Museu do Homem do Norte é cedido, em regime de

comodato por três anos, passíveis de renovação, à Secretaria de Cultura da Prefeitura de Manaus. É inaugurado, no segundo semestre, o conjunto audiovisual e o foyer/café no Edifício Ulysses Pernambucano.

2007: Fundaj cede prédio Arthur Orlando ao Estado de Pernambuco. Cessão aprovada pelo Conselho Deliberativo da Fundaj, em 12 de

novembro de 2007, para instalação exclusiva pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Defesa Social, de um Batalhão da Polícia Militar, considerando a Exposição de Motivos nº 10, Fundaj/Presi.

2008: Governo do Estado renova contrato de comodato com a Fundaj e

autoriza a cessão do direito de uso do imóvel rural denominado Engenho Massangana, por vinte anos, retroagindo os seus efeitos a 13 de maio de 2004. O Museu do Homem do Nordeste reabre suas portas à visitação pública. Os edifícios Dirceu Pessoa e Renato C. Campos aguardam o retorno das obras de reformas. O câmpus Gilberto Freyre conclui obras de agenciamento para ampliação do pátio de estacionamento interno. A casa da Rua Itatiaia encontra-se desocupada para reforma e instalação de um Centro Integrado de Estudos Georreferenciados em Pesquisa Social – Cieg. Em elaboração, a aprovação do projeto de acessibilidade no Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, com o novo espaço expositivo vinculado à Diretoria de Documentação. Em fase de planejamento, o projeto de estacionamento

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dos carros oficiais e dos servidores no terreno da casa Jorge Tasso, no câmpus Anísio Teixeira. Os demais edifícios se mantêm conservados e preservados, todavia com algumas transformações e perdas decorrentes das mudanças administrativas ocorridas na Instituição.

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Quantidade

Evolução do Patrimônio Arquitetônico da Fundaj1949 Vila Elvira

1952 Francisco Ribeiro P. Guimarães

1961 José Bonifácio

1975 Arthur Orlando/Delmiro Gouveia/Renato C. Campos1977 Gil Maranhão

1980 Dolores Salgado

1982 Saturnino Gonçalves

1983 Ulysses Pernambucano

1984 Eng. Massangana/Jorge T.Neto/Museu H. Norte/Paulo Guerra1985 Odilon Ribeiro Coutinho

1986 Dirceu Pessoa

1988 Casa da Rua Itatiaia

QUADRO RESUMO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA FUNDAJ

EVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA FUNDAJ

ANO EDIFÍCIO QUANTIDADE FORMA DE AQUISIÇÃO

1949 Vila Elvira 1 aluguel 1952 Francisco Ribeiro P. Guimarães 2 compra 1961 José Bonifácio 3 compra 1975 Arthur Orlando/Delmiro Gouveia/Renato C. Campos 6 doação 1977 Gil Maranhão 7 doação 1980 Dolores Salgado 8 compra 1982 Saturnino Gonçalves 9 compra 1983 Ulysses Pernambucano 10 comodato 1984 Eng. Massangana/Jorge T. Neto/Museu do Homem do Norte/Paulo Guerra 14 comodato/construção 1985 Odilon Ribeiro Coutinho 15 compra 1986 Dirceu Pessoa 16 construção 1988 Casa da Rua Itatiaia 17 compra

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3 OS CÂMPUS DA FUNDAJ

O patrimônio arquitetônico da Instituição, grandioso e bastante diversificado, encontra-se distribuído em bairros antigos da cidade do Recife e distantes um dos outros. Dois dos câmpus da Fundaj estão situados na extremidade oeste da cidade do Recife e a uma distância de aproximadamente 15 km do centro. São formados por sítios que compreendem os bairros de Apipucos e Casa Forte. Esses sítios são cobertos por arborização de médio porte e comportam uma área conjunta de abrangência total de aproximadamente 3,28 hectares, de acordo com o Plano Diretor de Planejamento Físico da Fundaj, Ano: 82-84, elaborado pela Divisão de Planejamento Físico da Superintendência de Planejamento na gestão Fernando Freyre. O de Apipucos foi denominado câmpus Anísio Teixeira. Encontra-se situado a dois quilômetros do câmpus Gilberto Freyre, em Casa Forte. Abriga a Diretoria de Documentação – Didoc, e a Diretoria de Pesquisas Sociais - Dipes, além da Coordenadoria Geral de Informática e Tecnologia vinculada à Diretoria de Planejamento e Administração – Diplad. É formado pelo conjunto dos edifícios:

Antiógenes Chaves Arthur Orlando Casa da Rua Itatiaia, número 63 Delmiro Gouveia Dirceu Pessoa Dolores Salgado Jorge Tasso Neto Renato Carneiro Campos Sala Roquette Pinto

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Em Casa Forte, quando o câmpus foi criado, denominou-se de câmpus-sede. No ano de 2001, passou a ser chamado de câmpus Gilberto Freyre. Abriga dentre outras unidades da Fundaj a Diretoria de Planejamento e Administração – Diplad; a Presidência; o Museu do Homem do Nordeste; o Laborarte e a Editora Massangana, distribuídas no conjunto formado pelos edifícios:

Francisco Ribeiro Pinto Guimarães Gil Maranhão José Bonifácio Odilon Ribeiro Coutinho Paulo Guerra Saturnino Gonçalves dos Santos

Na Rua Henrique Dias, nº 609, Derby, bairro próximo ao centro da cidade, encontra-se situado o câmpus Derby. É constituído de um único edifício, o Ulysses Pernambucano, com área total de construção em torno de 3.651,57 metros quadrados. Foi adquirido para instalação do Instituto de Recursos Humanos e Promoção Cultural, hoje Diretoria de Cultura – DIC, que também é responsável pela administração do Engenho Massangana, situado no município do Cabo (PE), distando 40 km da cidade do Recife.

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4 EDIFÍCIOS PRESERVADOS

No âmbito total do patrimônio arquitetônico da Instituição, foram considerados edifícios preservados, como já foi referido anteriormente, aqueles oficialmente designados pelas leis dos órgãos competentes como a Prefeitura do Recife – PCR, e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Pernambuco - Fundarpe, bem como outros imóveis que se destacam por serem considerados de relevante importância para o cenário arquitetônico nacional, pois representam exemplares de épocas distintas da arquitetura brasileira. Os outros prédios, portanto, foram excluídos deste trabalho, por se classificarem como de arquitetura contemporânea, fugindo do foco desejado que é o de mostrar o patrimônio arquitetônico representativo de épocas passadas que a Fundaj detém e preserva no presente para proporcionar às atuais e futuras gerações, a visão do que foi a arquitetura brasileira nas décadas e nos séculos que nos antecederam.

Ed. Francisco Ribeiro Pinto Ed. Delmiro Gouveia Ed. Jorge Tasso Neto Guimarães

Ed. Gil Maranhão Ed. Arthur Orlando Ed. Ulysses Pernambucano

Ed. Renato Carneiro Campos Engenho Massangana Ed. Dolores Salgado

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4.1 SOLAR FRANCISCO RIBEIRO PINTO GUIMARÃES9 Câmpus Gilberto Freyre – Av. 17 de Agosto nº 2187 – Casa Forte, Recife, PE

Ed. Francisco R. P. Guimarães - Fachada principal, 2009

Solar oitocentista onde se encontra gravado, na frontaria do seu bloco principal, os anos de início (1874) e término (1877) da obra. Pertenceu a Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, um dos muitos aristocratas do açúcar que o Recife conheceu. Teve sua concepção composta por quatro edificações distintas e desviada dos padrões das edificações suburbanas recifenses da época, que até então eram basicamente constituídas por um casarão centrado no terreno com pequenos anexos onde funcionavam as dependências de serviços. O Solar do Caldereiro, como ficou conhecido, se instalou nos limites do lote, conformando um grande pátio em forma de “U” voltado para a Estrada do Monteiro, hoje Avenida 17 de Agosto, rodeado de plantas tropicais. Observando o estilo construtivo do conjunto arquitetônico, que utilizou elementos da arquitetura greco-romana, pode-se afirmar que a arquitetura classicista está presente, se destacando principalmente no corpo central com as colunas gêmeas, sendo toscana no pavimento térreo e compósita no andar superior. Procurando imprimir a condição social dos antigos proprietários, a fachada do conjunto e notadamente do bloco principal recebeu tratamento requintado: paredes revestidas com azulejos portugueses; mármore de carrara; cristal veneziano nas esquadrias de madeira de lei; estatuária; pináculos e vidros coloridos que foram, em sua maioria, saqueados. Embora a sua composição seja de influências neoclássicas, alguns de seus ornamentos, como o arco ogival da porta do balcão, já mostrava a nova estética que estava por vir, o ecletismo. A edificação que mais se distingue é a do bloco principal. Possui dois pavimentos e um porão alto, hoje transformado em galeria de arte. Uma grande escadaria dá acesso ao terraço descoberto do pavimento térreo do palacete, que serve de acesso a um vestíbulo central com dois salões laterais, repetindo

9 Texto baseado nos seguintes documentos: Empresa de Urbanização do Recife (URB). Diretoria de

Projetos Urbanos. Departamento de Preservação dos Sítios Históricos. Imóvel Especial de Preservação

(IEP), ficha 395. [Recife,19---]; CANTARELLI, Rodrigo. Edifício Francisco Ribeiro Pinto Guimarães.

Recife, 2007. Texto elaborado em 12 de setembro de 2007. Arquiteto da Fundaj; ROCHA, Edileusa

(Org.) Guia do Recife: arquitetura e paisagismo. Recife: Ed. dos Autores, 2004, p. 205.

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tal configuração no pavimento superior. Os dois salões laterais do térreo possuem no piso um elaborado desenho de “parquet” com madeiras encomendadas do Pará e um forro bastante delicado e ricamente ornamentado por estucadores franceses. Quanto ao pavimento superior, cujo acesso é por meio de magnífica escada de ferro com corrimão iniciado por dois castiçais modelo século XVII, os salões apresentam ornamentação mais simples, porém não menos rica. No vestíbulo desse pavimento, pode-se observar ainda uma clarabóia fechada com vidros venezianos. O terreno em frente ao conjunto arquitetônico abrigava um jardim de plantas exóticas, sendo possível, ainda hoje, encontrar um pavilhão destacado, à direita do corpo do casarão, que serviu de banheiro residencial.

Antigo banheiro – Vista principal, 2009

O edifício, que dentre outras funcionalidades já abrigou uma clínica veterinária e o Hospital Magitot, deu lugar à sede do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais – IJNPS, em 1953, quando sofreu processo de restauração pela Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, conservando sua originalidade. Em 1965, instalou-se, no seu bloco principal, o Museu Antropológico do IJNPS, cujo acervo se encontra atualmente no Museu do Homem do Nordeste. Somente em 1974, os salões do bloco principal foram ocupados pelo Museu Joaquim Nabuco, atualmente Memorial Joaquim Nabuco. O edifício, por tais características, é registrado pela Lei nº 15.199/89, de 24 de janeiro de 1996, da Prefeitura da Cidade do Recife, que o define como Imóvel Especial de Preservação (IEP) sob o nº 395, conferindo-lhe condição de preservação que não permite demolição, descaracterização e alteração da volumetria.

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4.2 EDIFÍCIO ARTHUR ORLANDO Câmpus Anísio Teixeira - Rua Dois Irmãos nº 15 – Apipucos- Recife, PE

Ed. Arthur Orlando - Fachada principal, 2009 Fachada em azulejo, 2009

Edifício construído no ano de 1966, cujo projeto arquitetônico foi de autoria do arquiteto paraibano, radicado em Pernambuco, Gildo Azevedo Montenegro, e os projetos complementares, tais como: estrutural, de autoria do engenheiro Manuel Artur de Sá Pereira da Costa, e o elétrico e hidráulico, de Antônio Geraldo de Siqueira Campelo. Todos integrantes da Comissão Executiva de Programas Especiais de Educação de Pernambuco. 10

Era destinado ao funcionamento de um Centro de Treinamento Educacional que tinha como objetivo a formação de professores e de pesquisadores sociais para a Região Nordeste do Brasil. Também considerada como um anexo da Escola Experimental do Centro de Pesquisas Educacionais de Pernambuco. É ainda um remanescente do “estilo funcional”, expressão local do movimento de Arquitetura Moderna Brasileira, que procurava, entre outros elementos construtivos, sistematizar o uso do combogó como elemento primordial de iluminação e de ventilação, garantindo assim a segurança e a funcionalidade, bem como, através do uso da tecnologia, converter a natureza em uma grande aliada nos projetos de arquitetura. Especialmente para os pernambucanos, esta é uma das edificações que significa motivo de orgulho e de admiração, pois o cobogó ou combogó como é popularmente chamado, nasceu no Recife no inicio dos anos 30, e a palavra vem da combinação da primeira sílaba dos sobrenomes de um mestre-de-obras português, um ferreiro alemão e um engenheiro brasileiro que viria a ser prefeito da cidade do Recife, São eles; Amadeu Oliveira Coimbra (co), Ernest Boeckman (bo) e Antônio de Góis (go), que juntos começaram a fabricar, com cimento e areia, os elementos vazados de formas variadas que se tornaram um dos ícones da arquitetura moderna em nosso País, notadamente no Nordeste. Hoje, já existem também peças em cerâmica e em porcelana, algumas até pintadas. É também um elemento construtivo decorativo e utilitário, pois limita os ambientes sem impedir a entrada de ar, bem como, filtra a iluminação solar

10

Dados fornecido por Gildo Azevedo Montenegro, professor arquiteto da Universidade Federal de

Pernambuco.

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proporcionando uma relevante beleza plástica e um relativo conforto térmico ambiental.11 Além do combogó, que foi corretamente utilizado na fachada poente dessa edificação e que representa sua grande característica arquitetônica, se identificam também outros detalhes construtivos da modernidade que entraram na concepção desse partido arquitetônico, como sejam: a implantação do edifício no terreno obedecendo à distribuição em blocos funcionais; a orientação solar e sua relação com esquadrias e paredes; o uso da modulação em planta e fachadas; o emprego de pilares em concreto armado; lajes planas; grandes esquadrias fixas em vidro e ferro; cobertura em beirais; azulejo decorativo empregado na fachada como painel, compondo com espelho d’água e revestimento externo nobre em pastilhas, completando assim toda essa influência da identidade da arquitetura moderna pernambucana e suas especificidades.

Em 1975, o criador do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais – IJNPS, hoje Fundação Joaquim Nabuco, no intuito de ampliar o espaço físico do Instituto que se encontrava iniciando sua ascensão funcional e institucional, consegue, com a extinção do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos – Inep, incorporar prédio daquela entidade ao patrimônio imobiliário do IJNPS. A edificação que tinha sido projetada anteriormente para uma escola, com uma área total de aproximadamente 1.260 metros quadrados, apresentava salas bastante amplas, em dois pavimentos, logo condizentes para serem utilizadas com os novos usos a que se destinava: os da instalação da gráfica do IJNPS, que, anos depois, com a transformação do Instituto em Fundação, passou a ser denominada de Editora Massangana; o Almoxarifado Central e garagem para os carros oficiais. Nesse período, instalou-se também com ações do IJNPS, no pavimento térreo, um posto de serviço dos Correios, que funcionou até o final da década de 1980 e uma agência bancária do Banco Real. Por se tratar de uma entidade bancária privada, anos depois foi substituída por uma agência da Caixa Econômica Federal - CEF, que funcionou até o final da década de 1990. Com a saída dos Correios e da agência bancária da CEF, as salas foram ocupadas pela Cooperativa Século XXI, da Fundação Joaquim Nabuco, que se extinguiu pouco tempo depois. Ao implantar os novos usos, a Fundaj executou pequenas reformas internas de adaptação, mas não alterou o partido arquitetônico do edifício. Procurou respeitar e conservar suas linhas originais, como forma de contribuição e de legado ao patrimônio cultural e arquitetônico da Região Nordeste. Em 1996, o prédio foi contemplado pela Lei de Uso e Ocupação do Solo – LOUS nº 16.176/96, como Zona Especial de Preservação - ZEP12, na parte que compreende o trecho ZePH2 ( Zona Especial de Preservação Histórica 2), e também no Setor de Preservação Ambiental – SPA, do Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife, que restringe o uso e a ocupação do imóvel naquela localidade.

11

Cobogó. Disponível em < http://salu.cesar.org.br/arqbr/servlet/newstom.noticia.apresentação.

SevletDENoticia?c>..

Acesso em 16 de setembro de 2008. Disponível em <

http://www2.uol.com.br/JC/_1998/1904/cd1904.htm. Acesso em 17 de setembro de 2008. 12

Uma ZEP compreende áreas formadas por conjuntos antigos, sítios, ruínas e edifícios isolados cujas

expressões arquitetônicas ou históricas requerem regulamentação especial de parâmetros construtivos,

cuja manutenção seja necessária à preservação do patrimônio histórico-cultural do município.

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Em 2003, quando a Instituição passa por uma mudança de gestão, a equipe do presidente Fernando Lyra, visando o redirecionamento das ações institucionais e os ajustes na sua estrutura física e funcional, resolve, em curto prazo, transferir a Editora Massangana e o Almoxarifado Central daquele prédio para novas instalações no câmpus Gilberto Freyre. Nessa ocasião, o prédio passa a abrigar provisoriamente setores da Diretoria de Documentação. Em 2007, uma resolução do Conselho Deliberativo da Fundaj, aprova a cessão do edifício, sob o regime de comodato por vinte anos, ao Governo do Estado de Pernambuco, através da Secretaria de Defesa Social, para instalação de um Batalhão da Polícia Militar.

4.3 EDIFÍCIO DELMIRO GOUVEIA13 Câmpus Anísio Teixeira - Rua Dois Irmãos nº 92 – Apipucos – Recife, PE

Fachada principal do Ed. Delmiro Gouveia, 2008

Construído no último decênio do século XIX, pertenceu a Delmiro

Gouveia, figura histórica e de personalidade marcante na região nordestina. Comerciante do ramo de couros e peles, tornou-se rico empresário devido às amplas relações comerciais internacionais. Adquiriu, no largo de Apipucos, uma chácara, com um belíssimo casarão, circundado por vegetação diversificada, denominando-o de Villa Annunciada em homenagem à esposa, cujo nome encontra-se ainda hoje, gravado em singelas letras de bronze sobre o arco de ferro, logo acima do portão de entrada do imóvel. A arquitetura marcante dessa residência se encontra no térreo, com o terraço anteposto às fachadas, proporcionando uma agradável área sombreada, que passa a ser também o traço classicista dessa edificação. A cobertura desse terraço, do tipo telhado em meia-água, apoiada em finos tubos de ferros, denota ainda a influência dos ingleses na arquitetura doméstica recifense e torna a edificação mais adequada ao nosso clima.

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Texto baseado em: ROCHA, Edileuza (Org.). Guia do Recife: arquitetura e paisagismo. Recife. Ed. dos

Autores, 2004, p. 216.

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O telhado da casa em duas águas com cumeeira paralela à fachada principal, sendo a água que cai em direção a esta muito menor do que a outra, torna suas empenas fortemente assimétricas e proporciona uma volumetria especial.

Ed. Delmiro Gouveia - Fachada lateral, 2009

Destacam-se, na fachada: o friso ornamentado sob a cornija superior da elevação frontal; as janelas do primeiro andar com folhas de venezianas abrindo para fora e as elaboradas vergas dos vãos do térreo decoradas com relevos. Há registros de que, no século XVIII, existia um hotel em Apipucos, localizado exatamente no casarão que veio a pertencer posteriormente a Delmiro Gouveia – a Villa Annunciada. Ao passar dos anos, a Vila Annunciada, como era conhecida, pertenceu a outros proprietários entre eles, à família de um Cônsul da Suíça, o Sr.Edmond Chenker; a de um ex-governador de Alagoas, Euclides Malta; a Souza Salgado e ao Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Nordeste. Em 1975, o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais – IJNPS, hoje, Fundação Joaquim Nabuco, recebeu a Vila Annunciada do Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Nordeste. O bem arquitetônico era enorme. Limitava-se pela direita com a casa Jorge Tasso Neto, à esquerda com o imóvel nº 60, que foi posteriormente adquirido pela Fundação para dar lugar ao edifício Antiógenes Chaves e na parte posterior, onde se encontravam a escola e a biblioteca do Inep, atual edifício Renato Carneiro Campos e edifício Dirceu Pessoa, com o Colégio Marista. Tratou-se então de se restaurar suas linhas originais conservando o sítio com toda a exuberante vegetação que o cercava. Nessa ocasião, o sobrado, que havia pertencido anos atrás ao ilustre empreendedor nordestino Delmiro Gouveia, recebeu o seu nome, para ser destinado ao então Instituto de Documentação da Fundaj. Em 1996, o edifício Delmiro Gouveia, por se encontrar localizado em um sítio arborizado e próximo ao Açude de Apipucos, também foi contemplado pela Lei de Uso e Ocupação do Solo - Lous nº 16.176/96 na Zona Especial de Preservação, na parte que compreende o trecho ZePh2 e SPA do Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife, que restringe o uso e a ocupação do imóvel naquela localidade. A casa abriga, atualmente, a Diretoria de Documentação – Didoc, da Fundaj, responsável pelo acervo museológico e documental da Instituição.

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4.4 EDIFÍCIO RENATO CARNEIRO CAMPOS14 Câmpus Anísio Teixeira - Rua Dois Irmãos nº 92 – Apipucos - Recife, PE

Ed. Renato C. Campos – Fachada pav. superior, 2008

Construído no início da década de sessenta do século XX, é resultado de um projeto cujos autores, naturais da cidade do Rio de Janeiro, são o arquiteto Luiz de Lima Acioli e o engenheiro Antônio Alves de Noronha, este último considerado na época, um dos melhores calculistas do Brasil. Foi construído a princípio para o Centro Regional de Pesquisas Educacionais, destinado ao funcionamento de uma monumental Escola de Demonstração, considerada naquele período, como a mais moderna no gênero do País.

Pereira da Costa e Murilo Paraíso foram os responsáveis pela execução da obra original, a qual, durante os trabalhos de construção, teve também a participação especial do escritor e sociólogo Gilberto Freyre, à época diretor da Escola, cujas sugestões para o melhor aproveitamento dos espaços físicos funcionais foram incorporadas pelo autor do projeto. Para elaboração do partido arquitetônico, que atenderia ao programa de uma escola pública, constando de: salas de aulas, biblioteca e auditório, os projetistas se inspiram na diferença de nível do terreno onde foi encravado o auditório, com teto jardim, atual Sala Roquette Pinto, e na tecnologia do concreto armado, cujo desenvolvimento foi muito difundido e empregado na construção civil do Brasil no século XX.

Ed. Renato Campos em construção, Ca. 1960.

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Texto baseado em documentação interna administrativa constante do arquivo da Fundaj.

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A planta baixa em dois blocos, um retangular destinado às salas de aulas e outro em formato de um quadrado para a biblioteca, ambos modulados em dois pavimentos, abrigaram o funcionalismo e a modernidade em uma arquitetura arrojada para a época.

A laje de piso do primeiro pavimento, sacada em grande balanço com 2,35 metros de comprimento ao longo das fachadas leste/oeste, e 4,50 metros de comprimento na fachada sul, forçou o calculista a adotar um partido estrutural ousado, se considerarmos que, naquele período, o aço disponível para composição do concreto armado era o CA-24, com resistência (Fck=2400 Kg /cm2), diferentemente do que ocorre atualmente, quando se dispõe de aço com resistência de até 6000Kgf/cm2, além das novas técnicas do concreto protendido.

Ed. Renato C. Campos – Fachada principal – térreo, 2009.

Em decorrência do balanço do pavimento superior, resultou, no térreo, uma agradável área sombreada que servia anteriormente de circulação e de acesso às salas de aula, e hoje, às salas de pesquisa. Dispõe também, no térreo, de um refeitório para funcionários, onde se vê um painel do artista plástico Marcos Cordeiro. Articula-se com o prédio anexo, que anteriormente só possuía dois pavimentos e abrigava a Biblioteca Central Blanche Knopf, através de uma área pergolada. Hoje, este bloco foi reestruturado para um prédio de seis pavimentos destinado a abrigar as dependências do Cehibra e da Biblioteca Central, sendo denominado de Edifício Dirceu Pessoa.

Sua arquitetura é marcada pelos brises verticais pré-moldados em concreto, para proteção solar, e pelas grandes esquadrias corrediças em ferro e vidro, que, se alternando repetidamente numa composição harmoniosa, ofereceram mais movimento e verticalidade à volumetria do prédio. Assim, pode-se considerar esse edifício como um dos que marcaram a difusão e a importância da arquitetura moderna recifense. Em 1975, com a extinção do Inep, a edificação passou a incorporar o patrimônio imobiliário da Fundaj, quando a Instituição começou a executar reformas e adaptações para ampliação das salas de trabalho. Transformou-se, então, a circulação do andar térreo da fachada oeste em mais salas de atividades, eliminando-se assim, as varandas da fachada leste do primeiro pavimento. Instalaram-se também janelas de alumínio anodizado em substituição das originais que eram de ferro, nas salas do primeiro pavimento voltadas para fachada Leste. Contudo, manteve-se preservada grande parte de suas características originais. Em 1977, em decorrência do falecimento do diretor do extinto Departamento de Sociologia do antigo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais - IJNPS, o edifício passa a ser denominado de Renato Carneiro Campos.

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Sala Roquette Pinto – Fachada principal, 2009

Na década de 1990, foi executada uma reforma para revitalização da

Sala Roquette Pinto. Naquela ocasião a sua fachada perdeu a originalidade. O revestimento externo, que era em cerâmica monocromática na cor creme, foi substituído por cerâmicas Brennand formando um painel colorido.

Em 2004, esse edifício foi inserido no plano de melhorias das edificações, do câmpus Anísio Teixeira, com a execução de obras de reforma interna no pavimento térreo. Contudo, procurou-se respeitar a originalidade e integridade da arquitetura, até então preservada, existente no local.

Atualmente, as instalações do edifício comportam as Coordenadorias Gerais da Diretoria de Pesquisas Sociais – Dipes, da Fundação Joaquim Nabuco, responsáveis pelas atividades-fins dessa diretoria.

4.5 EDIFÍCIO GIL MARANHÃO15 Câmpus Gilberto Freyre- Av. 17 de Agosto nº 2223– Casa Forte, Recife, PE.

Ed. Gil Maranhão - Fachada principal, 2009

15

Texto baseado nos seguintes documentos:

http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1

6&pageCode=309&textCode=2992 JUCÁ, Joselice. Joaquim Nabuco: uma instituição de pesquisa e cultura na perspectiva do futuro. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1991. Documentação interna administrativa constante do arquivo da Fundaj.

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Edifício-sede do Museu do Homem do Nordeste – Muhne, resulta inicialmente de um projeto do arquiteto Carlos Antônio Falcão Corrêa Lima, na década de 1960, destinado à instalação do Museu do Açúcar, pertencente ao extinto Instituto do Açúcar e do Álcool, considerado naquela época, como o único no gênero no Brasil. Olhando para o edifício, pode-se dizer que o projeto arquitetônico se baseou na mudança do conceito de museu ocorrida no século XX, que já tendia para construções modernas, em um local distante do centro da cidade onde se pudesse proteger o acervo museológico das condições atmosféricas adversas e do ruído urbano. Assim, sua localização no bairro de Casa Forte foi determinante para atingir esse objetivo, pois oferecia, então, condições apropriadas para o desenvolvimento de um projeto cultural dessa natureza. A planta-baixa foi concebida em blocos retangulares lineares, em dois pavimentos, com espaços destinados a abrigar no pavimento térreo as exposições permanentes e temporárias, um auditório, e uma livraria, e no pavimento superior se instalariam à biblioteca, à iconografia e à parte administrativa do Museu. A disposição dos blocos no terreno obedecia à orientação do circuito dos salões de exposições que, juntamente com os demais espaços funcionais, representaram a forma plástica de um quadrado irregular, circundado por aproximadamente 2.700 metros quadrados de jardins, cuja função principal seria, além de proteção do acervo, oferecer uma área de lazer aos visitantes. A firma Josué & Cavalcanti Ltda. foi a responsável pela execução do projeto, que seguiu a linguagem racionalista modernista da época, utilizando-se de elementos construtivos e estruturais característicos desse estilo, traduzindo-se pela estrutura da edificação que se baseou na planta livre, com lajes planas de piso e teto e vigas independentes dos elementos de vedação e das paredes. A cobertura do edifício também seguiu a mesma tendência, com beirais e platibanda escondendo o telhado convencional. Nas fachadas e pisos, materiais de revestimento nobres e essencialmente modernistas como: pastilhas, cerâmica colorida, pedras de mármore, e um painel do famoso artista plástico Francisco Brennand completavam a difusão dessa identidade arquitetônica.

Jardim interno do Museu do Homem do Nordeste, 2009

A execução dos jardins teve a orientação do agrônomo Dárdano de

Andrade Lima, que, tirando partido da destinação do edifício, plantou na sua área interna, algumas variedades de cana-de-açúcar e complementou a ambientação, colocando um monumento idealizado por Aloísio Magalhães, composto por uma pedra-mó vertical, proveniente do Engenho Vila da Rainha, no Rio de Janeiro, que remonta ao século XV, e uma outra horizontal, originária

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do Engenho Camaragibe em Pernambuco. Para adornar os jardins da fachada principal, foi colocada uma locomotiva, oriunda da usina Santa Terezinha, no município de Água Preta (PE), doada por José Adolfo Pessoa de Queiroz, a conhecida “Maria Fumaça”, que antigamente puxava vagões carregados de cana-de-açúcar. Podem ser vistos ainda: um bonde antigo de madeira policromada, modelo aberto com 36 lugares; um locomóvel, espécie de transporte híbrido entre o automóvel, e a locomotiva, muito utilizado nos engenhos da região, e uma jangada também em madeira policromada, que foi doada pelo Museu Histórico Nacional ao Museu do Homem do Nordeste, em fevereiro de 1984. Na ocasião, havia na popa da embarcação a inscrição: José Lima Verde – Fortaleza – Ceará. Em 26 de outubro de 1977, através da Lei nº 6.456, os bens móveis e imóveis do Museu do Açúcar, do extinto Instituto do Açúcar e do Álcool, passaram para o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais quando ficou fechado para reformas físicas e funcionais, recebendo também a denominação de Edifício Gil Maranhão, em homenagem ao idealizador e fundador do Museu do Açúcar. Pouco tempo depois, o Museu passou por uma completa reformulação, com a incorporação dos acervos do Museu de Antropologia e do Museu de Arte Popular ao do Museu do Açúcar que, juntos, sob a orientação do antropólogo e sociólogo Gilberto Freyre, vieram a formar o Museu do Homem do Nordeste, vinculado à Diretoria de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco.

A REFORMA DO MUHNE 2003-2008

O Museu do Homem do Nordeste – Muhne, passou por diversas reformas desde a sua criação, em 1979, até os dias de hoje. Dentre elas, merece destaque a ocorrida entre 2003 e 2008. O Museu do Homem do Nordeste, um dos mais importantes e representativos museus brasileiros, necessitava de reformas profundas em suas estruturas. O período de tempo relativamente longo que atravessou sem execução de serviços de engenharia de grande porte provocou sérios danos na edificação, principalmente na sua cobertura que necessitava urgentemente de uma reformulação total em sua estrutura. Além desse, outros serviços essenciais foram executados como a troca do piso do circuito expositivo; a reforma do auditório Benício Dias; a criação da loja e do café e a revitalização da exposição de longa duração. A partir de 2003, iniciaram-se as reformas estruturais do Museu, visando à requalificação dos espaços de atendimento ao público e a renovação conceitual e museográfica de sua exposição de longa duração. Em outubro desse mesmo ano, um terço do circuito expositivo — mais precisamente o 1º andar do edifício Gil Maranhão — precisou ser desmontado para dar andamento às obras de reforma física; e, em janeiro de 2004, foi desmontada a parte da exposição de longa duração, que funcionava no térreo. Algumas etapas isoladas das obras foram logo concluídas, como a reestruturação da coberta e a reforma do Auditório Benício Dias, mas a revitalização total do espaço físico para receber a nova exposição de longa duração precisou de um tempo maior.

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Para atingir o objetivo desejado, além de investir recursos próprios, a Fundaj captou recursos junto à Finep, utilizados para a melhoria da infraestrutura dos espaços de guarda e exposição de acervos, a exemplo da troca dos sistemas de refrigeração, elétrico e luminotécnico do circuito expositivo; como também contou com o patrocínio da Petrobras, através do incentivo da Lei Rouanet. Vale destacar a parceria firmada com o escritório da arquiteta Janete Costa, responsável pelo projeto museográfico. Em 2008, o Museu reabriu suas portas à visitação pública, totalmente refeito e modernizado. A exposição Nordeste: territórios plurais, culturais e direitos coletivos apresenta novo conceito museológico, mobiliário igualmente novo, instalação de sistemas luminotécnico, de sonorização e utilização de recursos audiovisuais.

Aspectos da exposição Nordeste: territórios plurais, culturais e direitos coletivos, 2009

Aspectos da exposição Nordeste: territórios plurais, culturais e direitos coletivos, 2009

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4.6 EDIFÍCIO DOLORES SALGADO Câmpus Anísio Teixeira - Rua Dois Irmãos, 77 - Apipucos – Recife, PE.

Ed. Dolores Salgado – Fachada principal, 2009.

Edifício originalmente residencial, localizado próximo ao Largo de

Apipucos, em frente ao câmpus Anísio Teixeira. Pertenceu, durante muitos anos, à família Salgado de Souza, considerada como uma das mais tradicionais famílias daquele bairro, conhecida por promover eventos sociais e culturais os mais diversos. Sua arquitetura atual não é a primitiva. Segundo Jorge Medeiros, servidor da Fundaj, sobrinho-neto e afilhado de Dolores Salgado, antiga proprietária do imóvel, a casa existente no local resulta de uma reforma executada na década de 1940. Corroborando com a informação de Jorge, encontramos uma planta de reforma aprovada pela Diretoria de Obras Públicas do Município do Recife, datada de 27.08.1947. Alde de Castro Salgado, engenheiro civil e também sobrinho de D. Dolores, foi o responsável técnico pelo projeto e pela construção. Trata-se, então, da reforma de uma edificação em dois pavimentos, situada na parte frontal e central de um terreno em declividade, com área de quase um hectare de extensão. Sua arquitetura resultante é bem simples. Seguiu o padrão das ricas e modernas residências suburbanas existentes no Recife, naquela década. Observando as alterações encontradas na planta aprovada no ano de 1947, verificamos que se referem às pequenas demolições internas, principalmente em relação às aberturas de vãos no terraço do pavimento superior. Sua forma plástica, representada por um retângulo irregular com uma pequena rotunda no pavimento térreo da fachada lateral oeste, confere certo movimento à volumetria da casa. Internamente, apresenta as divisões tradicionais de uma residência-padrão da época, com exceção da presença do puxado para dependências de serviço e garagem que, posteriormente, a Fundaj reformou, transformando-a em duas excelentes salas em sua parte superior. Destaca-se de sua simplicidade: o reboco das paredes das fachadas que foram enriquecidas pelo tratamento discreto de rusticidade; os beirais com acabamento em massa formando cornijas e cimalhas; aberturas em arcos; esquadrias de madeira em veneziana abrindo para fora.

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A ausência de tantos outros ornamentos que caracterizavam os estilos arquitetônicos classicista e a volumetria baseada em sólidos geométricos puros com paredes com elementos vazados, utilizados em sua composição, deram à casa o ar de modernidade que se vislumbrava na arquitetura residencial do século passado

Fachada Ed. Dolores Salgado. Ca 1980

Em 1980, o imóvel foi adquirido pela Fundação Joaquim Nabuco que

procurou preservar a casa juntamente com a área de jardins, que já não se apresentavam no seu formato original. Em homenagem à sua antiga proprietária, a Fundaj denominou a casa de Edifício Dolores Salgado. Naquela ocasião, estava destinada ao funcionamento do Departamento de Antropologia do Instituto de Pesquisas Sociais – Inpso. Em seguida, foi ocupada pela Divisão Médica e de Assistência Social da Diretoria de Planejamento e Administração - Diplad. Para implantação e funcionamento desses usos diversificados, foram executadas pequenas reformas internas que não descaracterizaram suas linhas originais.

Sede da Associação dos Servidores da Fundaj, 2009

Em 1982, o terreno da casa foi desmembrado, para dar origem ao terreno onde foi edificado o prédio da Associação dos Servidores da Fundaj – Assin, que ali permanece até os dias de hoje.

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Em 1996, a edificação foi contemplada pela Lei de Uso e Ocupação do Solo – Lous nº 16.176/96, como Zona Especial de Preservação, na parte que compreende o trecho Zeph2 e SPA, do Plano Diretor da Cidade do Recife, que protege os imóveis antigos.

No final de 2003, em razão da nova estrutura organizacional da gestão Fernando Lyra, é transferida a Divisão Médica e de Assistência Social desse prédio para novas instalações no câmpus Gilberto Freyre. O espaço físico, então, foi aproveitado para acomodação de alguns setores da Biblioteca Central Blanche Knopf, cujo prédio, o Dirceu Pessoa, encontrava-se desocupado para reforma.

4.7 EDIFÍCIO ULYSSES PERNAMBUCANO Câmpus Derby – Rua Henrique Dias nº 609 – Derby – Recife, PE

Fachada Ed. Ulysses Pernambucano, 2009

Edificação construída na década de 1930 é remanescente da arquitetura protorracionalista, antecessora do movimento moderno. Essa tendência estilística caracteriza-se principalmente pela redução ou até mesmo ausência de ornamentos, pela difusão do concreto armado; a racionalização da construção; a limpeza das formas e elementos construtivos, que já não fazem parte do vocabulário contemporâneo como: o ladrilho cerâmico; vitrais para iluminação de escadas e corredores; o revestimento (reboco) executado com pó de pedra e mica e a utilização do azulejo como proteção das paredes até a altura de 1,50m; o rodapé em ladrilho hidráulico, apresentando detalhe em alto-relevo; e o friso em argamassa, utilizado como arremate entre a transição de diferentes materiais.

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Piso em ladrilho cerâmico, 2009.

O edifício foi projetado inicialmente, para ser uma Escola de Aprendizes Artífices, no estado de Pernambuco, a cargo do Governo da União. Essas escolas foram criadas no ano de 1909, em obediência a um decreto federal do Presidente da República Nilo Peçanha, que obrigava cada uma das capitais dos estados do Brasil a construir uma escola dessa natureza, destinada a ministrar o ensino profissional e gratuito. A Escola de Pernambuco funcionou em três locais: entre 1910 e 1923 teve como sede o antigo Mercado Delmiro Gouveia, hoje quartel da Polícia Militar de Pernambuco, no Derby; a segunda sede foi a parte posterior do antigo Ginásio Pernambucano, na Rua da Aurora; no bairro da Boa Vista. A partir do início do ano de 1933, passa a funcionar na Rua Henrique Dias, 609 – Derby, sendo a sede oficialmente inaugurada em 18 de maio de 1934. O projeto era composto por um conjunto arquitetônico imponente, formado pelo Edifício Central e, atrás, os pavilhões destinados às oficinas, integrados por um pátio interno ajardinado. Todavia, esse tipo de escola-oficina não atingiu o objetivo desejado, passando por diversas reformulações de ordem administrativa e de ensino educacional até se tornar a Escola Técnica Federal de Pernambuco – ETFPE.

Pátio interno – Edf. Ulysses Pernambucano, 2009

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O arquiteto Edison Rodrigues Lima, um dos ex-diretores da ETFPE,

conta que o prédio foi projetado inicialmente em um só pavimento. Depois, com a necessidade de reformulação do objetivo técnico-educacional, sofreu modificações com o acréscimo de um pavimento destinado à ampliação das salas de aulas. Em seguida, no bloco central, foi construído o segundo pavimento destinado à casa do chefe da portaria, que era uma característica do programa funcional daquele tipo de instituição. O porteiro deveria residir no mesmo prédio da escola. Percebe-se, na edificação, que existe, no segundo pavimento, um tratamento estético e construtivo diferente dos outros dois pavimentos, notadamente no que se refere aos elementos decorativos das paredes e pisos internos dos ambientes. Outro detalhe marcante da arquitetura do prédio pode ser visto nos vitrais e tudo indica que foram executados pelo vitralista alemão Heinrich Moser, um grande artista que viveu na primeira metade do século XX e deixou obras marcantes na cidade do Recife. Em função da destinação do uso primitivo deste edifício, os vitrais das janelas do corredor e escada do primeiro pavimento do edifício evocam o mundo das artes e dos ofícios.

Vitrais de Heinrich Moser, 2009

No final do ano de 1982 e começo de 1983, a ETFPE cedeu em comodato

parte de suas instalações à Fundação Joaquim Nabuco por tempo indeterminado. Inicialmente, foi destinado à instalação do Instituto de Recursos Humanos e Promoção Cultural - Inrec da Fundaj. Nos anos seguintes, o Inrec se transformou no Instituto de Assuntos Culturais – Inac; depois, no Instiuto de Desenvolvimento Científico e Cultural – Indec, e mais adiante na Escola de Governo e Políticas Públicas e no Instituto de Cultura, que permaneceram até quase o final da gestão administrativa de Fernando Freyre. Com tantas transformações institucionais, o edifício necessitou também passar por diversas reformas internas de adaptação aos usos, ocasionando, entre outras, algumas perdas arquitetônicas significativas, notadamente no pavimento térreo, onde não mais se veem: os rodapés hidráulicos em determinados trechos de paredes; o revestimento em azulejo nas paredes dos

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corredores centrais, bem como o friso do acabamento e a descaracterização dos pisos em ladrilho hidráulico das salas de trabalho. Em 1996, o exemplar, por suas características arquitetônicas, foi tombado pela Lei 16.284/97, da Prefeitura da Cidade do Recife, que o definiu como Imóvel Especial de Preservação (IEP), sob o nº 111, e estabeleceu condições de preservação que não permitem demolição, descaracterização e alteração da volumetria. Em 2003, com a mudança de gestão administrativa, passa o edifício a ser ocupado pela Diretoria de Formação – Difor e pela Diretoria de Cultura – DIC.

Em 2005, atendendo à recomendação da equipe técnica de arquitetura e engenharia da Coordenação Geral de Recursos Logísticos – CGRL, da Diretoria de Planejamento e Administração, foi mantido o revestimento em azulejo branco das paredes do primeiro pavimento e da escada, conservando-se assim as características do revestimento original. Esse caso constitui exemplo de que o antigo não desvaloriza a edificação, ao contrário, enobrece o patrimônio tombado; conceito que conseguimos repassar aos demais colegas direta ou indiretamente envolvidos na recuperação do prédio.

A execução dos trabalhos de restauração foi coordenada pela equipe contratada pelo Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte – Laborarte, vinculado à Diretoria de Documentação. Durante o processo de restauração, foi descoberta uma faixa decorativa pintada, logo acima dos azulejos, que foi totalmente recuperada e revitalizada, resgatando assim a composição estética original das paredes da escada e do primeiro pavimento. Diante da repercussão positiva do resultado, imediatamente a pintura da faixa decorativa foi estendida às paredes do pavimento térreo da edificação.

Corredor do primeiro pavimento Detalhe da faixa decorativa, 2009

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Ed. Ulysses Pernambucano – Fachada principal, 2009

Em 2008, em atendimento ao Decreto-Lei nº 5296 de 02 de dezembro de 2004, que entre outras coisas determinam através da NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que toda edificação de uso público garanta a acessibilidade às pessoas portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, o prédio, já considerado um IEP, sofre mais uma vez uma nova descaracterização em sua fachada principal, através da ocultação dos degraus em mármore do acesso principal ao interior do edifício, por uma rampa superposta em madeira com revestimento antiderrapante emborrachado. Apesar das perdas de certas características arquitetônicas de época ocorridas no edifício, devido a sucessivas reformas e adaptações, ainda quando o prédio não era tombado, bem como a ocorrida recentemente, a edificação mantém boa integridade de sua composição arquitetônica original. Atualmente é ocupado pela Diretoria de Cultura, responsável por discutir e promover a produção cultural contemporânea e artística, com destaque para o conhecido “Cinema da Fundação”; além da Biblioteca Setorial Nilo Pereira, vinculada à Diretoria de Documentação; parte da Diretoria de Pesquisa Sociais para o desenvolvimento de cursos e atividades educacionais, assim como atividades de Educação a Distância, sob responsabilidade da Diretoria de Planejamento e Administração - Diplad.

4.8 ENGENHO MASSANGANA Km 10 - PE- 60- Cabo de Santo Agostinho

Engenho Massangana, 1990

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Localizado no Cabo de Santo Agostinho, município da Zona da Mata Sul do estado de Pernambuco, distando 60 km da cidade do Recife, é um bem cultural que remonta ao ciclo do açúcar do século XIX. É também denominado de Parque Nacional da Abolição por estar associado à figura do grande abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco, que ali viveu até os oito anos de idade. É um engenho banguê sem o aparato colonial das ricas propriedades da época. A parte do antigo engenho denominada de Parque Nacional da Abolição, com 10 hectares de terra, era composta pelo conjunto edificado casa-grande, capela, senzala, casa do mestre-escola de Nabuco e a moita. Com o passar dos tempos, o Engenho Massangana passou por várias transformações funcionais, restando atualmente: a casa-grande, a capela de São Matheus, as ruínas da moita e o arruado, situado a uns cem metros em frente à casa-grande, hoje, totalmente reformado e adaptado às funções de um alojamento. A casa-grande não mantém sua originalidade, foi reconstruída em 1870. Uma placa de mármore, acima da porta de entrada, confirma essa informação. Ergue-se sobre uma plataforma elevada, cujo acesso principal é por uma escadaria de mármore. Sua arquitetura é simples. Típica dos engenhos de açúcar daquele século. Apresenta uma varanda descoberta (a qual através de fotografias, observa-se ter sido antes coberta), que dá acesso a um vestíbulo com piso especial em mármore cinza e paredes revestidas com azulejo de época, onde se pode ver uma placa de bronze encravada, datada de 13 de setembro de 1938, com a seguinte inscrição: “Aqui nasceu a inspiração abolicionista de Joaquim Nabuco. Homenagem do Governo do Estado e do Instituto Histórico de Pernambuco”.

Detalhe da parede do vestíbulo, 2009 Detalhe do piso da sala, 2009

À esquerda, tem-se uma grande sala principal com piso em mosaico,

talvez adquirido no período da reforma. Por essa sala, tem-se acesso aos dois quartos da casa. À direita, têm-se duas salas paralelas, uma das quais dá acesso ao sótão e a outra, ao pátio central, arborizado, ladeado de colunas e piso em pedra. Ao lado desse pátio encontram-se a cozinha com forno de lenha e demais dependências, onde anteriormente deviam ficar os escravos e que foram posteriormente transformados em despensa e banheiros. Uma escada, também não original, serve de acesso ao sótão. Com exceção do vestíbulo e da sala principal, o piso da casa, segundo referências, era de “tijolo liso”. As janelas das fachadas apresentam detalhe em arco abatido com cercadura. Na cota mais alta do terreno próxima à casa-grande, está edificada em dois pavimentos sobre um platô de pedra, a Capelinha São Matheus, onde

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Joaquim Nabuco foi batizado, em 08 de dezembro de 1849. Diz-se ser a única construção autêntica do conjunto. O acesso a esse plano se faz através de uma escadaria também em pedra, localizada na parte central do terreno. Internamente, possui uma pequena nave, capela-mor, sacristia, corredor lateral térreo, corredor lateral superior e coro. O acesso à capela-mor um degrau acima da nave, se dá pelo arco-cruzeiro. Separando os dois ambientes, existe uma pequena grade de ferro. O altar-mor localizado dois degraus acima é de uma composição simples e popular, com a mesa projetando-se para frente dos três nichos para imagens.

Capela de São Matheus, 2009

Uma passagem na lateral esquerda do altar-mor leva à sacristia, onde se encontram encravados na parede lateral direita os jazigos de Joaquim Custódio Duarte de Azevedo e de D. Anna Rosa Falcão de Carvalho, proprietária do engenho e madrinha de Nabuco. Na fachada da capela, percebe-se a singeleza dessa casa de oração do engenho, cujo marco principal é o volume da nave, com seu frontão triangular e o clássico triângulo formado pelas aberturas da porta principal e das janelas do coro, todas em arco abatido. Do seu lado direito, ainda no mesmo plano, existe o volume do corredor lateral, tendo no térreo uma porta central com arco ogival e no pavimento superior duas janelas sineiras. Com exceção do piso do coro, em madeira, os demais pisos existentes em todos os ambientes do térreo é o cimentado. Na nave, encontram-se ainda duas pias de mármore, nas laterais da porta principal, e um nicho. Há indícios de que, após a paralisação de suas atividades açucareira, o Engenho Massangana foi desapropriado pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária – Incra, que o restaurou e criou o Museu Massangana. Em seguida, foi integrado à área do Complexo Industrial Portuário de Suape, sendo, alguns anos após, doado ao Estado de Pernambuco. Em 22 de dezembro de 1983, o Engenho Massangana foi tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), sendo consagrado Monumento Histórico do Estado de Pernambuco, através da Lei de Proteção dos Bens Culturais nº 7.970, de 18 de setembro de 1979. Também é protegido pela legislação municipal do Cabo de Santo Agostinho, através da Lei de Uso e Ocupação do Solo atualmente em vigor, de nº 2179/2004, de 12 de abril de 2004, que inseriu a área do Massangana na Zona de Interesse Histórico XIV.

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Alojamento do engenho – Fachada principal, 2009

Em 1984, o Governo de Pernambuco assina um acordo de cessão do Engenho, em regime de comodato, por vinte anos, à Fundaj, que elaborou, juntamente com a Fundarpe, projeto executivo de reforma e restauração no conjunto arquitetônico, para a utilização desse bem com um uso sociocultural ou, mais precisamente, para implantação de um Centro de Produção Cientifica e Cultural do Nordeste, ou ainda, como a ele se referia Fernando Freyre, uma “hospedaria cultural”. A Fundaj, como comodatária, vem ao longo do tempo desenvolvendo esforços de diversas naturezas para manutenção e conservação desse patrimônio histórico e cultural. As intervenções físicas necessárias realizadas até o momento, no conjunto arquitetônico, sempre objetivaram o reconhecimento dos seus valores artísticos e históricos, com o intuito de preservar ao máximo sua existência. Os trabalhos de reforma, manutenção e conservação sempre foram realizados por profissionais da Casa ou por firmas especializadas em restauração de monumentos arquitetônicos, a fim de garantir a integridade dos seus bens. Em 2008, a Lei nº 13.496, de 02 de julho de 2008, determina o Estado de Pernambuco a renovar o contrato de comodato com a Fundaj e autoriza a cessão do direito do imóvel rural denominado Engenho Massangana por mais 20 anos, retroagindo os seus efeitos a 13 de maio de 2004. Nesse mesmo ano, tem início o projeto de reconceituação do uso do espaço do Engenho Massangana, bem como começam as obras de reforma da capela de São Matheus e da casa-grande.

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4.9 EDIFÍCIO JORGE TASSO NETO Campus Anísio Teixeira - Rua Dois Irmãos nº 126 – Apipucos – Recife, PE

Fachada da Casa Jorge Tasso Neto, 2009

Situado em um pomar de aproximadamente 9 mil metros quadrados, esse chalé primoroso é mais um interessante exemplo do classicismo imperial recifense. Foi concebido e edificado com um dos lados colados na divisa do terreno e exibe a entrada principal e a parte social voltadas para o jardim que o rodeia e não para a rua. Térreo, exibe três das suas fachadas sombreadas por um terraço coberto, que esconde suas janelas. As empenas definidas por seu telhado de duas águas destacam-se na composição externa. A fachada voltada para rua apresenta um frontão triangular, decorado no ápice, com um ornato e, no tímpano, com um disco imitando um óculo. Na fachada principal, sobressai a decoração acima do telhado do terraço, especialmente o segmento de parede que coroa o centro da platibanda, formando uma espécie de frontão. Além dessas características construtivas do passado, destacam-se as grades europeias e o piso em assoalho. Há quem diga que o ano de 1885, gravado na fachada principal, é o marco provavelmente uma reforma efetuada, quando o chalé adquiriu suas características classicistas. Com o passar dos anos, o chalé da família Tasso pertenceu ainda à família do comerciante português Amadeu Barbosa, permanecendo abandonada por cerca de dez anos, para em seguida passar ao domínio e posse da Fundaj. Em 1984, o imóvel foi adquirido pela Fundaj. Encontrava-se em ruínas. Os arquitetos da casa Arnaldo Gendanken e Miriam Melo Machado, juntamente com o engenheiro Civil Antônio Geraldo da Silva, executaram os projetos de reforma e restauração, devolvendo-lhe as linhas originais. Nesse momento, aproveitando a exagerada altura da cumeeira e objetivando aumentar o número de salas de trabalho, foi projetado um mezanino. A reforma contemplou também a restauração e conservação do sítio existente. Destinava-se, naquele momento, à instalação do núcleo central e de mais dois departamentos do então Instituto de Pesquisas Sociais. O imóvel, por sua característica peculiar, encontra-se atualmente inserido na Zona Especial de Preservação – Zeph 2 e SPA, de acordo com o

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Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife, através da Lei de Uso e Ocupação do Solo – Lous nº 16.176/96. Ocupa o prédio atualmente, a unidade central da Diretoria de Pesquisas Sociais – Dipes, que se volta, entre outras atividades, para a realização de pesquisas sociais nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil.

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5 OS JARDINS DA FUNDAJ

Jardim do Câmpus Anísio Teixeira, 2009

O patrimônio paisagístico e histórico da Fundaj é composto pelos: câmpus Gilberto Freyre, no bairro de Casa Forte, o Anísio Teixeira, em Apipucos e o Engenho Massangana, no município do Cabo. Os dois primeiros se destacam por terem suas origens ligadas às grandes chácaras suburbanas, situadas em bairros de clima ameno, principalmente o de Apipucos, que, no século XIX, era considerado como balneário recifense. Apresenta ainda uma relevante vegetação de clima tropical característica da Região Nordeste, que deve ser conservada por ser representativa de uma determinada época e costume local. Já o Engenho Massangana, é importante preservá-lo por ser um sítio histórico que retrata o modo de viver das grandes casas de engenho dos séculos que nos antecederam. Todo esse patrimônio verde é detentor de uma reconhecida importância museológica e, principalmente, ecológica, reconhecida por órgãos competentes como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – Ibama, e a Secretaria de Planejamento Participativo, Obras e Desenvolvimento Urbano e Ambiental da Prefeitura do Recife, pois representa áreas de terreno com espécies vegetais de grande relevância para o cenário paisagístico-urbano de nossa cidade e da Região Nordeste. Na verdade, esses jardins traduzem não só uma beleza paisagística e museológica, mas fazem parte da trajetória da Fundaj, merecendo um destaque especial no resgate de sua memória institucional. Vale registrar que no resgate dessa memória, não existiu a pretensão de se elaborar um trabalho técnico e sistemático das diversas espécies botânicas existentes nas áreas verdes que foram consideradas como patrimônio paisagístico da Fundaj, e sim resgatar seu valor histórico e funcional.

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RECORDANDO O JARDIM DO CÂMPUS GILBERTO FREYRE

Jardim do Câmpus Gilberto Freyre, 2009

Na década de 1950, quando a Fundaj adquiriu o antigo casarão do século XIX, destinado à sua sede própria, tornou-se proprietária de um amplo terreno constando de casa e dependências circundadas por um jardim, que, à época em que foi construído, se enquadrava entre os mais belos jardins-monumentos residenciais suburbanos da cidade do Recife. O velho Guimarães, homem fidalgo de descendência portuguesa, construiu o casarão nos tempos áureos do açúcar e assim pôde enriquecê-lo com peças de origem européia e de outras regiões do Brasil. Segundo narrativas, a velha casa do Caldeireiro esteve sempre envolta em lendas, dentre elas a de que o excêntrico dono do Solar dos Guimarães, após entrar em decadência econômica, começou a perder a sanidade e enclausurou-se no pavimento superior da casa, recusando-se a receber visitas e passando a ser alimentado por um empregado, através de um cesto com bananas, recebendo daí a alcunha de “Chico Macaco”, ficando lá até a sua morte. Quando o conjunto arquitetônico e paisagístico do lendário “Chico Macaco” passou para o domínio do então Instituto Joaquim Nabuco - IJN, necessitava de obras de restauração. Uma equipe de técnicos do antigo Departamento de Bem-Estar Público da Prefeitura do Recife (DBEP), dirigido pelo Professor Gonçalves Fernandes, juntamente com o agrônomo Chaves Batista e o sociólogo Gilberto Freyre estudaram exaustivamente as características arquitetônicas e botânicas do lugar, buscando recuperar ao máximo possível o aspecto original daquela paisagem arquitetônica, construída entre os anos de 1874 e 1877, conforme atesta a inscrição na fachada do bloco principal, hoje, Memorial Joaquim Nabuco. Esse jardim original de difícil reconstituição devido ao estado de abandono em que se encontrava — que o tornou alvo fácil para a depredação e os saques —, foi substituído então por um novo jardim, que Gilberto Freyre chamou de Jardim Ecológico, por ser construído obedecendo às características dos jardins das casas de sitio do Recife antigo.

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Reconstituição do jardim do Ed. Francisco Ribeiro, Ca. 1954

Os trabalhos de reconstituição desse sítio-jardim tiveram muita repercussão na sociedade recifense. Os jornais de circulação local publicaram diversas matérias sobre a reconstituição do jardim dos Guimarães pelo IJN. Sua inauguração oficial, em setembro de 1954, foi um grande acontecimento social que contou naquela ocasião até com a presença do Dr. Djair Brindeiro, prefeito da cidade do Recife. Daí por que a tão comentada reforma ficou conhecida como o “jardim ecológico” de Gilberto Freyre; nome que o caracteriza até os dias de hoje. Surgiu do aproveitamento do traçado original remanescente do jardim abandonado. Nele se preservou no gradil do muro frontal um dos dois caramanchões, pois o outro existente foi adaptado como guarita. E também a forma dos canteiros que continuaram em formato irregular sem simetria, se estendendo pelos muros da frente, partes central, laterais e fundos do terreno, exibindo uma variada e abundante vegetação contendo árvores, ervas tropicais, arbustos, plantas exóticas e outras de valor apenas simbólico e sentimental para as tradicionais famílias suburbanas do Recife antigo. Dentre eles, foram plantados: dendezeiros, palmeiras imperiais, palmeiras-leques, paus-brasil, flamboyant, acácias, fícus Benjamin, paus-d’arco, além de árvores frutíferas como: jaqueiras, mangueiras, sapotizeiros, jambeiros, cajueiros e abacateiros entre outras. Os melhoramentos executados no jardim não tiveram apenas a preocupação com as mudas e o transplante das espécies, mas também com a colocação dos adornos. Tentando criar uma ligação entre o cenário do jardim anterior, do século XIX, e esse novo jardim que estava para acontecer no século XX, Gilberto Freyre, de forma gradual e juntamente com sua equipe de museólogos, liderados por Aécio de Oliveira, se encarregaram de pesquisar e adquirir junto a antiquários e outros segmentos afins, os elementos para a nova composição paisagística desse cenário arquitetônico. E, assim sendo, foram instalados no jardim da sede do IJNPS, hoje Câmpus Gilberto Freyre, os postes de iluminação em ferro com pequenos lampiões distribuídos entre os diversos canteiros existentes no local e, aos pés das árvores, oito bancos de jardim em alvenaria com revestimento em azulejo português e assento de mármore, obtidos da demolição do Solar dos Seixas na Av. 17 de Agosto, em frente ao então Instituto. Complementando a restauração desse espaço verde, foram também re-incorporadas ao palacete do Caldeireiro, as esculturas em louça, os bustos de

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Camões e do Marquês de Pombal, bem como os lampiões coloniais externos da casa, que haviam sido saqueados no período da Revolução de 1930, e foram então resgatados, nessa ocasião, para o terraço do expressivo Solar do Memorial Joaquim Nabuco, conforme relato de Aécio de Oliveira, contido no livro Joaquim Nabuco: uma instituição de pesquisa e cultura na perspectiva do tempo, de Joselice Jucá.

Câmpus Gilberto Freyre, 2009 Lampião do Ed. Francisco R. P. Guimarães,

2009

Conta-se ainda que, depois da inauguração, Freyre continuou

acompanhando pessoal e diariamente a manutenção e conservação desse jardim. Os pés de mangustão, árvore originária da Ásia, que ainda hoje se encontram no jardim, foram plantados com mudas que Gilberto Freyre trouxe de uma de suas viagens ao exterior. Continuando o passeio pelo tempo, descobrimos também que durante a gestão Mauro Mota, que compreende o período de 1956 a 1970, o “jardim ecológico” exercia uma função social. Era ponto de encontro entre os nabuquianos. Conta Joselice em seu livro acima citado: “... o próprio Mauro Mota, Renato Carneiro Campos, Sílvio Rabelo e até mesmo Gilberto Freyre, ali se reuniam discutindo desde a pesquisa em andamento, até as últimas fofocas, passando pela divisão dos problemas pessoais que comumente resultava na solidariedade do grupo”.

Jardim do Ed. José Bonifácio, 2009

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Com base no comentário feito pela autora, podemos afirmar que a composição paisagística desse jardim que compreende a vegetação com todos os elementos decorativos colocados no local, tornava e ainda torna o jardim não só acolhedor, mas utilitário, dando-lhe um movimento que se harmoniza com a imponência do conjunto arquitetônico. A área do jardim expandiu-se proporcionalmente ao crescimento da Instituição, ou seja, à medida que a Fundaj ampliava suas atividades no bairro de Casa Forte, crescia também seu patrimônio arquitetônico e consequentemente sua área verde. Desta forma, foi agregado aos jardins do Edifício Francisco Ribeiro Pinto Guimarães o terreno do imóvel de nº 2143, da Avenida 17 de Agosto, onde se encontra edificado o Edifício José Bonifácio e os jardins dos imóveis de nºs 2223 e 2225 da mesma avenida, que abriga o Museu do Homem do Nordeste - Muhne, além do terreno da casa nº 136 da Avenida Dr. Seixas, no mesmo bairro. Em 1977, quando a Instituição incorpora o jardim do extinto Museu do Açúcar do Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA, derruba-se o muro que separava as duas edificações, e a área verde daquele câmpus se estende, se dividindo em dois jardins: o do Munhe e o do entorno do Memorial Joaquim Nabuco.

Jardins do Museu do Homem do Nordeste, 2009

A área de jardim do Muhne veio complementar e enriquecer a paisagem do jardim do câmpus-sede. Idealizado por Aloísio Magalhães, quando pertencia ao extinto Museu do Açúcar, do IAA, foi concebido e inspirado com plantações e ornamentos que remontam ao ciclo e ao cenário da zona canavieira do Nordeste brasileiro. Nele, podem ser admiradas não só as plantas típicas do clima tropical, como também peças museológicas, já descritas anteriormente. Existia também um lago sinuoso com algumas espécies de peixes ornamentais, que foi desativado. A manutenção da área verde do jardim do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais – IJNPS, foi exercida inicialmente pelos servidores Ubiraci Gonçalves dos Santos, o Bira, e Amarino Martins de Oliveira, da extinta Divisão de Serviços Gerais – Serge, que se dedicavam aos cuidados necessários à conservação da beleza dos jardins, possibilitando assim uma completa integração entre a Instituição e seu espaço paisagístico. Chegou-se até a ser providenciado a abertura de dois poços artesianos destinados à manutenção dos jardins. Chegando aos anos 1980, percebe-se que a imensa área verde da Fundação começa a se modificar. Algumas árvores existentes nos pátios dos terrenos do Edifício Gil Maranhão (Muhne) e do Francisco Ribeiro Pinto

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Guimarães tiveram que ser derrubadas ou ainda sacrificadas, para dar lugar aos edifícios Saturnino Gonçalves dos Santos e Paulo Guerra. Nesse período, os jardins passam aos cuidados dos servidores José Santana de Oliveira, mais conhecido como Duda, que se incumbe de cuidar da área em frente ao Munhe; e José Mário Lima de Sousa, escalado par cuidar do jardim do entorno do Edifício Francisco Ribeiro Pinto Guimarães. Ouvindo Duda falar com certo orgulho e admiração de seu trabalho como jardineiro na Instituição, ficamos convencidos de que tudo era zelado com muito carinho e atenção. Ele conta que existia no jardim frontal do Munhe, um canteiro de paquevira, ou pacavira, e panamá, espécies de plantas ornamentais oriundas das matas sombrias e úmidas, que chamavam a atenção dos que ali passavam pela beleza e colorido de suas flores. Ousamos afirmar, baseados na conversa com esse servidor, que o período nobre dessa imensa área verde foi até o final da década de 1980, quando já havia ocorrido a transformação do IJNPS em Fundação Joaquim Nabuco.

Com o passar dos anos, percebe-se que o jardim foi perdendo gradativamente sua exuberante beleza paisagística, devido, entre outros fatores, à falta de mão de obra especializada à sua conservação e manutenção. Permanecendo com poucas planta exóticas daquele planejamento ecológico e museológico idealizado por Gilberto Freyre.

Jardim e jaqueira do Câmpus Gilberto Freyre, 2009

Muitos dos que trabalham e visitam a Fundaj, passando diariamente por

esse jardim de sessenta anos de existência, têm a nítida impressão de que guarda muitas histórias que vão além da simples visão e contemplação. Na verdade, essa paisagem presenciou e foi palco de muitos acontecimentos na vida da instituição. Uns alegres e outros tristes.

Nesse jardim em baixo de uma jaqueira, onde se reuniam os motoristas da Fundação, nasceu, em 1984, por ideia do presidente da Fundaj, Fernando Freyre, e do servidor Manoel Cavalcanti, a Troça Carnavalesca Turma da Jaqueira Segurando o Talo, formado por servidores da Casa que cultuam a festa do carnaval. Todo ano, um sábado antes do sábado de Zé Pereira, como é conhecido o dia que se iniciam os festejos do carnaval em nosso Estado, é feita uma concentração no jardim da sede da Fundaj para a saída da Troça, que arrasta multidão pelas ruas dos bairros de Casa Forte e Apipucos, brincando e dançando ao som de orquestra de frevo e do maracatu.

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Atualmente, a troça já faz parte do calendário carnavalesco e turístico da cidade do Recife. Mas a memória nos prega peças e, nessas lembranças, aparece também o testemunho de tristeza. Sentados nos bancos do jardim ou andando por entre suas calçadas, muitos se despediram em cerimônia solene de velório, no salão nobre do Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, que abriga o Memorial Joaquim Nabuco, de personalidades e celebridades que marcaram a história da Fundaj. Entre outros, destacamos: Gilberto Freyre, Mauro Mota, Dirceu Pessoa, Joselice Jucá, Mário Souto Maior, Eduardo Cabral de Melo.

Jardim do Memorial Joaquim Nabuco, 2009

Contudo, num jardim tudo passa... Tudo se move, se renova, e a vida

continua. A Fundaj também prosseguiu sua trajetória, cuidando e zelando desse expressivo patrimônio paisagístico.

Jardim do Câmpus Gilberto Freyre, 2009

O agenciamento paisagístico, que se vê hoje, não é mais o original. Anteriormente a pavimentação era em piso cimentado. As calçadas do passeio público em pedra portuguesa e o piso do pátio, para estacionamento de veículos, em paralelepípedos formando desenhos geométricos sinuosos, resultaram de uma reforma realizada na década de 1990, pelos técnicos em engenharia e arquitetura da Casa, que notadamente não corresponde às características primitivas do piso anterior. Lembramo-nos de que juntamente com o engenheiro Antônio Geraldo escolhemos os referidos materiais para restauração desse piso, numa tentativa de se reportar aos materiais nobres e

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ao tipo de calçamento que se usavam no Recife antigo, compatíveis com a nobreza do casarão. Em 2001, por iniciativa de Fernando Freyre, à época, presidente da Fundaj, o câmpus-sede passa oficialmente a ser chamado de Câmpus Gilberto Freyre. Na ocasião, foi colocado nesse jardim, um busto em pedra, doado pelo escultor Abelardo da Hora, que retrata o sociólogo Gilberto Freyre, onde se lê: Homenagem de todos os que fazem a Fundação Joaquim Nabuco ao seu criador e idealizador no centenário de seu nascimento. Recife, 25.1.2001. Em 2008, em decorrência de uma reforma no Edifício Gil Maranhão, o tradicional jardim do Muhne foi quase que totalmente reformado principalmente em sua parte posterior devido à ampliação do pátio de estacionamento de veículos. Na execução dos serviços, foram utilizados materiais de construção bem modernos, contrastando com a área de jardins remanescentes. Foi construído também um quiosque destinado às atividades de conveniência do Muhne na parte próxima ao hall de recepção do edifício, reduzindo e descaracterizando sensivelmente o antigo jardim de Aloísio Magalhães.

Loja e café do Museu do Homem do Nordeste, 2009

Hoje, a conservação e manutenção vêm sendo realizadas por uma firma

terceirizada sob a supervisão da Coordenação de Serviços Gerais. Todavia, percebe-se que o jardim não é mais o mesmo.

Jardim do Câmpus Gilberto Freyre, 2009

A quantidade de árvores de grande porte foi bastante reduzida. Em

alguns trechos dos jardins, os canteiros apresentam-se com solo arenoso, sem ou com pouca planta selecionada. Não existe mais o canteiro especial com

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plantas medicinais. No âmbito das reformas por que passa o Muhne, está prevista a elaboração de novo projeto paisagístico para a área. No entanto, o jardim do Câmpus Gilberto Freyre continua apresentando suas características funcionais peculiares, distinguindo a Fundaj dos demais órgãos públicos do Recife. Os eventos socioculturais, intelectuais e educacionais, promovidos pela Fundação, fazem uso desse tradicional jardim para as mais diversas atividades, que vão desde a simples contemplação e do contato com a natureza, antes durante e depois das solenidades, até a realização de eventos científicos e culturais, como a comemoração da Semana do Meio Ambiente e o Festival das Culturas Populares. Na verdade, a participação e interação dos públicos interno e externo com esse espaço físico institucional é uma prática cotidiana que vem sendo preservada desde a sua criação. Nele continua existindo a conversa formal e informal entre servidores e amigos, culminando no mês de dezembro com as comemorações das festas de final de ano. RELAÇÃO DAS ESPÉCIES VEGETAIS DO JARDIM DO CÂMPUS GILBERTO FREYRE 1. Arvores frutíferas de grande, médio e pequeno portes, segundo

denominação local:

1.1 Abacateiro 1.2 Acerola 1.3 Azeitona 1.4 Cacaueiro 1.5 Cajueiro 1.6 Cerejeira 1.7 Coqueiro 1.8 Dendezeiro 1.9 Fruta-pão 1.10 Graviola 1.11 Jambeiro 1.12 Jaqueira 1.13 Jenipapeiro 1.14 Laranjeira 1.15 Mangueira 1.16 Mangustão 1.17 Oitizeiro 1.18 Pitangueira 1.19 Pitombeira

2. Árvores ornamentais de grande, médio e pequeno portes:

2.1 Acácia Imperial 2.2 Aroeira 2.3 Bananeira-de-jardim 2.4 Canela 2.5 Carolina

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2.6 Cuia-de-pobre 2.7 Espatodea 2.8 Flamboyant 2.9 Imbiriba 2.10 Jucá 2.11 Palmeira Imperial 2.12 Palmeira indiana 2.13 Palmeira-leque 2.14 Palmeira-molambo

3. Outros tipos de vegetação característica da Mata Atlântica, do Agreste e do Sertão nordestino:

3.1 Abacaxi-de-enfeite 3.2 Alamanda 3.3 Avenca 3.4 Cacto

3.5 Cafezinho 3.6 Cana-de-açúcar 3.7 Colônia 3.8 Comigo-ninguém-pode 3.9 Coqueirinho 3.10 Costela-de-adão 3.11 Crótons diversos 3.12 Espada-de-São Jorge 3.13 Fícus 3.14 Filodendros 3.15 Gravatá 3.16 Gravatá-de-sala 3.17 Helicônia 3.18 Iquisoria 3.19 Jasmim alfinete 3.20 Jiboia 3.21 Orquídea terrestre 3.22 Papoulas 3.23 Paquevira

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INVENTÁRIO DO ACERVO MUSEOLÓGICO LIGADO AO JARDIM

Casa de banho com cacimba - Conjunto de arquitetura eclética que funcionava como dependência sanitária da solar pertencente ao rico comissário do açúcar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães. Século XIX.

Busto de Gilberto Freyre - moldagem em concreto, sobre pedestal de granito. Doado a Fundação Joaquim Nabuco em 2001 pelo artista plástico Abelardo da Hora na comemoração do centenário do nascimento de Gilberto Freyre.

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Comércio Inverno

Sem nome Minerva

Quatro estatuetas em louça branca, representando o Inverno, Comércio, Minerva e uma sem denominação. Nelas está escrito: Porto. José P. Valente; Fª Santo Antonio e Devezas. Enfeitam a balaustrada frontal do terraço do edifício Francisco R. P. Guimarães.

Pinhas em cerâmica esmaltadas policromadas onde se lê: Fª Devezas. José P. Valente. Porto. Enfeitam uma das laterais da balaustrada do edifício Francisco R. P. Guimarães. Século XIX

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Busto de Luís de Camões em cerâmica branca esmaltada escrita Eª d. Sto Antônio Porto. Século XIX. Enfeita a balaustrada do edifício Francisco R. P. Guimarães. Século XIX.

Braço de Lampião de estrutura em ferro, pintado e decorado com motivos em folhas. Partes do abajur em vidro. Século XIX.

Locomotiva “Maria Fumaça” - máquina toda em ferro pintada, doada ao Museu do Açúcar, posteriormente incorporada ao acervo do Museu do Homem do Nordeste. Foi utilizada por muitos anos para transportar cana-de-açúcar na Usina Santa Teresinha, no início do século XX.

Locomóvel - pequeno veículo em ferro que funcionava sobre trilhos e servia como meio de transporte movido a vapor para carregar pequenas cargas nos engenhos de cana-de-açúcar. Século XX.

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Bondinho - peça toda em madeira pintada em amarelo e verde. Foi utilizada como meio de transporte coletivo no Recife até a década de 1950. Seu último itinerário foi a linha do bairro do Prado.

Jangada - embarcação de madeira, do tipo balsa, enfrentou uma grande jornada na década de 1960, servindo de transporte para o pescador José de Lima Verde, que navegou do Ceará ao Rio de Janeiro pela costa brasileira. Depois da viagem, o pescador doou a peça para o Museu Histórico Nacional, que posteriormente a cedeu para o Museu do Homem do Nordeste.

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OS JARDINS DO CÂMPUS ANÍSIO TEIXEIRA

Jardim do Câmpus Anísio Teixeira

Os jardins do Câmpus Anísio Teixeira encontram-se situados na Avenida Dois Irmãos nºs 92 e 77; Rua Jorge Tasso Neto nº 126 e Rua Itatiaia nº 63, no bairro de Apipucos, distando 2 km do jardim do Câmpus Gilberto Freyre, em Casa Forte. Incorporaram-se ao patrimônio paisagístico da Fundaj em fases distintas que acompanharam o crescimento físico institucional. Trata-se de uma imensa área verde, na sua maioria, proveniente dos recuos das localizações das antigas construções residenciais, hoje prédios públicos da Fundaj, com sítios arborizados, que caracterizavam, no século XIX, o aprazível arrabalde, agora bairro de Apipucos, na cidade do Recife. Pode-se considerar essa área de jardins como o maior patrimônio cultural paisagístico urbano que a Fundaj detem e vem preservando, a fim de conservar sua memória para os cidadãos do presente e do futuro.

Os jardins dos nºs 15 e 92, da Rua Dois Irmãos, surgiram em 1975, quando ocorreu a ocupação pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais – IJNPS, dos prédios do extinto Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Nordeste. Como os imóveis situavam-se em lados opostos, o jardim do câmpus ficou dividido em dois: de um lado o jardim da Casa Villa Annunciada e, do outro lado, o jardim do Centro de Treinamento Educacional, hoje conhecido como Edifício Arthur Orlando. O jardim da Villa Annunciada apresenta-se como um grande tapete verde cortado por caminhos para pedestre e veículos, com pavimentação com trecho em solo natural e grande parte em pedra granilítica rústica, formando diversos canteiros que se espalham pelo gradil dos muros frontais e laterais.

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Jardim da Vila Annunciada

Estende-se também pela parte elevada do terreno, a que se tem acesso por uma rampa lateral, atingindo-se assim outro patamar arborizado, que compreende os fundos do terreno.

Exibe uma vegetação abundante e diversificada, com plantas decorativas e árvores frutíferas. Foi inicialmente, na década de 1975, o grande destaque do patrimônio paisagístico da Fundaj, em Apipucos, que simultaneamente com o jardim ecológico de Gilberto Freyre, em Casa Forte, constituiu a fase áurea dos jardins da Fundação. A nobreza desse jardim está ligada à história do bairro de Apipucos, que no século passado era considerado como reduto dos ingleses e berço da aristocracia recifense. Suas casas residenciais eram sempre edificadas em terrenos com grandes sítios arborizados, apresentando jardins românticos e grandiosos, compondo, com a arquitetura típica da época, e quem sabe, assinalando a presença de moradores amantes da natureza. Sentimento, hoje, no século XXI, quase que inexistente nas edificações populares e principalmente nos prédios públicos de nossa cidade. É a especulação imobiliária, dentre outras causas, deixando um rastro de devastação na paisagem urbana das grandes cidades, como o Recife. É de se imaginar que, ao longo do tempo, a forma original desse jardim da Villa Anunciada foi se redefinindo e se redesenhando, devido às ações de seus antigos proprietários. A documentação escassa não permite maiores esclarecimentos. Todavia, existe ainda no terreno dessa casa, hoje denominada de Edifício Delmiro Gouveia, um cenário arquitetônico de época, bastante acolhedor para quem visita a Diretoria de Documentação e notadamente para os servidores que trabalham no Câmpus Anísio Teixeira, que podem usufruir o que restou dessa memória percorrendo o jardim diariamente. Já o traçado do jardim do lado oposto da Rua Dois Irmãos, o de nº 15, é bem simples, mas, não menos importante. Sua origem é decorrente dos recuos da localização de um prédio público, construído na década de 1960. Nele se encontram plantadas também as mesmas variedades de vegetação nativa, de árvores frutíferas e ornamentais.

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Jardim do Ed. Arthur Orlando

Em 1980, foi incorporado ao patrimônio da Fundação o imóvel que havia

pertencido a Dolores Salgado. Era conhecida como a “casa encantada”, escondida num bosque. A sociedade recifense se referia a ele como “jardins do Éden”. Havia sido projetado pelo arquiteto Burle Marx, nome que se transformou no século XX, em referência do paisagismo brasileiro por toda parte do mundo. Nele se misturavam as folhagens belíssimas do tipo licônias, crótons, samambaias, choronas, dracenas, entre outras espécies, se estendendo do portão de entrada da casa até as margens do Rio Capibaribe. Quem conheceu esse belo jardim de Burle Marx, constituído de plantas exóticas e nativas tropicais, diz que ele foi depredado logo após a morte de D. Dolores, a dama antiga de Apipucos.

Jardim da Casa Dolores Salgado

Quando a Fundaj adquiriu a casa, procurou preservá-la com o que restou dos “jardins do Éden”. Na sua festa de inauguração oficial, em julho de 1981, mereceu uma matéria de destaque no Caderno C, do Jornal do Commercio, que dizia: “os jardins do éden escapam afinal à fúria dos loteamentos desordenados no grande Recife”.

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Jardim da Casa Dolores Salgado Jardim da Assin

Em 1982, essa área verde foi dividida em duas, sendo uma delas

destinada Associação dos Servidores da Fundação Joaquim Nabuco – Assin.

Campo de Futebol da Assin

A área verde do terreno da Associação dos Servidores foi transformada em área de lazer, com campo de futebol, quadra polivalente, vestiário e um pequeno agenciamento central quase sem vegetação. Da flora tropical restam as árvores de grande porte e poucas espécies nativas.

Jardim da Casa Jorge Tasso Neto, 2009

Em 1984, a Fundaj adquire a casa Jorge Tasso Neto, vizinha ao edifício Delmiro Gouveia, expandindo-se assim a área verde do Campus Anísio Teixeira. Esta casa tipo chalé classicista situava-se num pomar de aproximadamente 9.mil metros quadrados, repletos de árvores frutíferas tais como: jaqueiras, mangueiras, coqueiros, jambeiros, cajueiros, sapotizeiros,

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bananeiras, etc., como também de plantas decorativas entre as quais destacamos os imbés e as palmeirinhas.

A casa foi destinada ao Instituto de Pesquisas Sociais - Inpso, hoje Diretoria de Pesquisas Sociais – Dipes, que na época sofreu certo desconforto por parte de alguns servidores que se queixavam, dentre outros problemas, de constantes reações alérgicas provocadas por mofo e mordidas de inseto, provenientes da localização do imóvel em um sítio de grandes proporções. Todavia essa fase foi passageira. A questão foi solucionada em curto prazo de tempo, através de novas técnicas construtivas e materiais isolantes apropriados, que se supõem desconhecidos ou não utilizados no momento da construção primitiva dessa casa. No transcorrer do tempo, essa área verde vem sendo utilizada pelos servidores da casa como área de recreação, amenização e de circulação entre os imóveis desse câmpus, comprovando assim a necessidade do ser humano em manter-se ligado á natureza. A Fundaj construiu uma pequena praça, hoje totalmente descaracterizada, denominada de “Gleide Guimarães”, em homenagem a uma colega pesquisadora falecida na década de 1990.

Praça Gleide Guimarães

No final de 2008, foi elaborado projeto para instalação, no sítio da casa

Jorge Tasso Neto, de uma garagem para guarda e manutenção dos veículos oficiais e de um estacionamento para autopasseio dos servidores. São funções novas que deverão conviver com a de permanecer um jardim histórico: local de memória e reflexão. Usos de naturezas diferentes e certamente incompatíveis de conviverem num mesmo ambiente.

Jardim da Casa Jorge Tasso Neto, 2009

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Encontram-se ainda, no universo desses jardins, alguns bancos de alvenaria com revestimento em azulejo português e duas cabeças de leão, em estrutura de cimento e ferro apoiados nos pilares que ladeiam a escada que dá acesso ao interior da casa Jorge Tasso Neto. Essas peças foram doadas à Fundaj, na década de 1980, pela pesquisadora Miriam Brindeiro. Complementa ainda a área verde do Câmpus Anísio Teixeira o jardim da casa da Rua Itatiaia. Sua dimensão é bastante reduzida. Abrange apenas os recuos normais de uma residência construída no século XX. Atualmente encontra-se desativado, com pouca vegetação e desconhecido do público frequentador do ambiente. Muita sombra, flores, frutos, passarinhos e até sagüis, convivem neste sítio e jardins circunvizinhos, cuja manutenção atualmente, vem sendo executada por firmas terceirizadas. RELAÇÃO DAS ESPÉCIES VEGETAIS DO JARDIM DO CÂMPUS ANÍSIO TEIXEIRA 1. Árvores frutíferas de grande, médio e pequeno portes, segundo

denominação popular local: 1.1 Abacateiro 1.2 Abieiro 1.3 Acerola 1.4 Aroeira 1.5 Baobá em crescimento 1.6 Cacaueiro 1.7 Cacaueiro 1.8 Cajazeira 1.9 Cajueiro 1.10 Fruta-pão 1.11 Goiabeira 1.12 Jambeiro 1.13 Jaqueira 1.14 Laranjeira 1.15 Mangueira 1.16 Oliveira 1.17 Pinheira 1.18 Pitangueira 1.19 Pitombeira 1.20 Ubaia 2. Árvores ornamentais de grande, médio e pequeno portes. 2.1 Acácia Imperial 2.2 Aroeira 2.3 Balãozinho 2.4 Barriguda 2.5 Café-de-salão 2.6 Canela

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2.7 Flamboyant 2.8 Gameleira 2.9 Jasmim vapor 2.10 MAGNÓLIA 2.11 Mussaenda 2.12 Pau-brasil 2.13 Umbaúba (árvore da preguiça) 3. Palmeiras 3.1 Palmeira-coquinho 3.2 Palmeira-da-Índia 3.3 Palmeira imperial 3.4 Palmeira-leque 3.5 Palmeira vermelha 4. Outros tipos de vegetação característica da Mata Atlântica, do Agreste e do Sertão Nordestinos. 4.1 Avenca (diversas) 4.2 Bananeira-de-jardim 4.3 Crótons diversos 4.4 Dracena 4.5 Espada-de-São-Jorge 4.6 Gravatá 4.7 Helicônia 4.8 Jasmim alfinete 4.9 Jibóia 4.10 Panamá 4.11 Papoulas 4.12 Pau-d’água 4.13 Pingo-de-ouro 4.14 Sombreiro de rosa amarela 4.15 Sombreiro de rosa vermelha Conhecendo todo esse patrimônio verde, apreciando essa belíssima e diversificada vegetação existente nesse câmpus e tendo a consciência da necessidade de preservar a natureza e o meio ambiente, somos instados a nos perguntarmos: como será o aspecto paisagístico, histórico e cultural desse câmpus futuramente, se não garantirmos a sua preservação no presente? Todos sabem que essa área de jardim, apesar dos portões que lhe garantem certa privacidade, é um patrimônio público e, como tal, é de todos. Mas cabe a nós, como servidores públicos, o dever de preservar, cuidar, estudar e divulgar a memória desse espaço.

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O SÍTIO HISTÓRICO DO ENGENHO MASSANGANA

Casa-Grande do Engenho Massangana, 2009

O conjunto arquitetônico do Engenho Massangana está implantado em

um sítio caracterizado por elevações de alturas diferentes, marcando um horizonte sinuoso e profundo. Sua história é semelhante à de vários outros engenhos da Zona da Mata Sul pernambucana. Inicialmente, era a floresta tropical habitada pelos indígenas, rica em árvores frutíferas e madeiras nobres, que serviram, na época, para alimentar as caldeiras dos muitos engenhos de açúcar que os portugueses montaram naquela região, e em seguida a conquista portuguesa, o desmatamento e a implantação do engenho de cana-de-açúcar.

Terras do Engenho Massangana, 2009

O Engenho Massangana, com 10 hectares de terra desmembrada da

Mata Atlântica, representa o mais importante acervo histórico-ambiental desta Fundação. Destaca-se pelo valor arquitetônico de suas edificações do século XIX, por estar vinculado à figura do abolicionista Joaquim Nabuco e pela beleza de sua paisagem que é de certa forma excepcional e até inesquecível, dependendo do valor sentimental e da capacidade de olhar além do que é material e assim poder conseguir entender e sentir como era a vida daqueles que ali viveram, ver como eles viam e sentir como eles sentiram. Joaquim Nabuco retratou muito bem essas impressões em um dos seus principais livros, Minha formação, em que relata: “a terra era uma das mais vastas e pitorescas da zona do Cabo”... “Nunca se me retira da vista esse pano de fundo que representa os últimos longes de minha vida.”

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Esse engenho, de propriedade de Dona Anna Rosa Falcão de Carvalho, madrinha de Nabuco, tinha na cana-de-açúcar sua principal matéria-prima, produzindo o conhecido “ouro branco”. Depois, com a paralisação das atividades industriais, transformou-se em engenho de “fogo morto”, fornecedor da cana para a usina Santo Inácio, localizada no município do Cabo de Santo Agostinho. Em seguida, sua desapropriação, doação e tombamento pelos órgãos competentes do Governo do Estado já citados anteriormente, até a sua incorporação ao patrimônio arquitetônico da Fundaj. Nessa paisagem local, predominava a monocultura da cana-de-açúcar e uma vegetação arbustiva de grande porte, nas partes altas de algumas colinas, ao sul da sede do Engenho. Podemos ver ainda atravessando esses campos o Rio Massangana, que deu origem ao nome do engenho. Esse rio é formado pela confluência do Rio Tabatinga com o Riacho dos Algodoais, que desemboca ao sul do Cabo de Santo Agostinho, onde se localizava o antigo porto que transportava açúcar do Engenho Massangana para o Recife e que foi aterrado pelo progresso.

Do passado verde dos extensos canaviais desse engenho, que antigamente fabricava açúcar mascavo e exportava-o para a Europa, quase que não se percebe mais a sua existência no cenário arquitetônico atual. Algumas moitas de cana-de-açúcar para consumo doméstico se podem ver ao longe como uma herança nostálgica da rica história pernambucana e brasileira a impressionar a mente dos que convive e ou visitam o Engenho Massangana.

Estrada de acesso, 2009

Uma estrada de barro batido, do tipo carroçável, como se chamava

antigamente, serve, no presente, como acesso principal ao interior do engenho. No meio da planície de vegetação rasteira do tipo gramínea, existe um agenciamento com pavimentação em pedra granilítica rústica, cujo projeto resultou de uma parceria entre a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – Fundarpe, e a Fundaj, nos anos de 1990. Tinha como intuito proporcionar à comunidade local e ao público visitante aos servidores da Instituição, uma melhor circulação e integração entre os monumentos arquitetônicos ali existentes.

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Panorama do Engenho Massangana

Ao redor dessas edificações históricas, encontra-se ainda uma vegetação típica da Zona da Mata Sul do Estado de Pernambuco, composta de árvores ornamentais e frutíferas de grande porte, tais como mangueira, oliveira, coqueiro, araçás, etc.

Capela de São Matheus, 2009

Das três palmeiras quase em linha reta, que desciam a pequena ladeira na frente da igreja, bem como um coqueiro, uma palmeira de ouricuri ou catolé e uma carnaubeira, somente esta última mais perto da capela subsiste.

Existem também, ao longo do caminho da via principal, árvores seculares do tipo Baobá, árvore africana trazida para o Brasil provavelmente pelos escravos, e que se destaca das demais pela capacidade de armazenamento de água dentro do seu tronco chegando a alcançar até 120 mil litros.

Fonte ;http://pt.wikipedia.org/wiki/Adansonia

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O jardim do pátio interno da casa-grande dá uma ambiência física aconchegante à circulação interna da casa. É atualmente a única área verde de composição ajardinada existente no cenário arquitetônico-paisagístico.

Jardim interno da casa-grande do Engenho Massangana

Um plantio desorganizado de bananeiras do tipo banana-anã se avista por trás dos alojamentos e na divisa das terras do engenho com o Complexo Industrial Portuário de Suape.

Terras do Engenho Massangana, 2009

Mais adiante, as áreas de difícil acesso, correspondente aos terrenos alagáveis cortados pelo percurso do rio que nos reporta novamente a Nabuco: ”Era por essa água quase dormente sobre os seus largos bancos de areia que se embarcava o açúcar para o Recife; ela alimentava perto da casa um grande viveiro, rondado pelos jacarés...” A reconstituição do Engenho Massangana pela Fundaj em 1984 fez com que ele sobrevivesse até os dias de hoje. Sua utilização pública procura entre outras atividades, manter e preservar a história da memória de Joaquim Nabuco, uma das figuras mais eminentes da história brasileira; assim como o despertar na sociedade a importância da consciência ambiental para o nosso País e o mundo.

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6 A DENOMINAÇÃO DOS PRÉDIOS E CÂMPUS

Comenta-se, segundo pesquisa oral, realizada entre os servidores mais antigos da Fundação, que era característica de Gilberto Freyre, denominar os espaços físicos do IJNPS, com o nome de pessoas amigas e colaboradores, como forma de prestigiá-los pelo que foram ou fizeram pelo Instituto e/ou pelo que representavam nos cenários socioculturais regional e nacional. Essa particularidade do criador da Instituição foi também assimilada pelo seu filho, Fernando de Mello Freyre, que, enquanto foi presidente da Fundaj, manteve esse procedimento. Dessa forma, surgiram as tantas denominações pessoais que se encontram espalhadas por todos os ambientes do patrimônio físico institucional. Todas elas, determinadas em resolução pelo antigo Conselho Diretor, atual Conselho Deliberativo. Pode-se considerar que cada uma dessas personalidades contribuiu com sua história e/ ou característica particular com a história e/ou missão da Fundação. Dentre tantas personalidades significativas e credoras de inegáveis dimensões históricas, educacionais e culturais, denominando o patrimônio arquitetônico da Fundaj, destacamos aqueles que denominaram os câmpus e os edifícios aqui apresentados, para contarmos um pouco de sua vida e o que fizeram pela memória e identidade cultural brasileira.

Anísio SpínolaTeixeira

Nascido em Catité, no sertão da Bahia, no dia 12 de julho de 1900, filho

de Deocleciano Pires Teixeira e de Anna Spínola Teixeira. Bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Especializou-se em Educação estudando na França, Bélgica, Colômbia e Estados Unidos. No Brasil, destacou-se principalmente no campo educacional. Exerceu como gestor diversos cargos públicos no Governo Federal, destacando-se como secretário-geral da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep). Escreveu: Educação progressiva: uma introdução à filosofia da educação; Educação para a democracia: introdução a administração escolar; A educação e a crise brasileira; Educação não é privilégio; Educação é um direito; Educação no Brasil e o mundo moderno. Morreu no Rio de Janeiro, em 11 de março de 1971.

Arthur Orlando da Silva

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Nascido no dia 29 de julho de 1858, no Recife (PE), filho do tenente José Caetano da Silva e Belarmina Augusta de Moraes de Mesquita Pimentel da Silva. Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife, aos 23 anos de idade. Dedicou-se à advocacia e ao jornalismo. Foi discípulo e amigo de Tobias Barreto. Destacou-se em várias atividades, principalmente, no campo educacional, jornalístico, político e jurídico. Participou ativamente da vida cultural de Pernambuco e do País. Foi sócio-fundador da Academia Pernambucana de Letras, membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1907, ocupando a Cadeira 25. Escreveu: Filocrítica; O meu álbum; Ensaios de critica; Propedêutica político-jurídica; Novos ensaios; Pan-americanismo; Porto e cidade do Recife e Brasil, a terra do homem. Morreu no Recife, no dia 27 de março de 1916.

Delmiro Augusto da Cruz Gouveia

Nascido no dia 5 de junho de 1863, na fazenda Boa Vista, município de Ipu (CE). Filho natural de Delmiro Porfírio de Farias e Leonilda Flora da Cruz Gouveia. De origem humilde, teve que começar a trabalhar cedo para se manter e ajudar a mãe. Destacou-se no comércio e na exportação de couro e peles, se tornando um rico empresário e ficando conhecido como o Rei das Peles na Região Nordeste. No Recife, adquiriu, em Apipucos, um palacete que

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o denominou de Vila Annunciada, em homenagem à sua primeira esposa. Foi responsável pela urbanização do bairro do Derby, onde construiu o mercado Coelho Cintra, atualmente quartel general da Policia Militar do Recife. Em Alagoas, construiu fábrica têxtil; uma pequena usina geradora de eletricidade e introduziu o automóvel no Sertão brasileiro. Morreu no dia 10 de outubro de 1971, aos 54 anos de idade.

Dolores Salgado de Sousa

Nascida no Recife, em 25 de dezembro de 1889. Filha de Francisco Salgado Braz e de Carmem Lopes Salgado. Uma mulher culta, inteligente, descendente de família espanhola e bem à frente das mulheres de sua geração. Era conhecida como a “matriarca de Apipucos” e a dona do “imóvel-paraíso”. Casada com Mário Carlos de Souza, empresário do ramo de olarias. Destacou-se por patrocinar obras sociais e promover grandes eventos em sua casa da Apipucos. Dentre tantas personalidades aristocratas, militares, políticas e culturais que freqüentavam suas recepções, destacam-se: o General-de-exército do Comando da Zona norte sediado no Recife, Osvaldo Cordeiro de Farias, o sociólogo Gilberto Freyre e a presidente de uma das mais conceituadas editoras americanas, Blanche Knopf. Morreu no Recife em 1978.

Francisco Ribeiro Pinto Guimarães

Era um dos muitos aristocratas do açúcar que a cidade do Recife conheceu. Homem culto e descendente de família portuguesa vivia dividindo boa parte de sua existência entre temporadas nessa cidade e em Paris. Após sua última ida à capital francesa, em 1874, resolveu construir no Caldereiro, subúrbio recifense, um luxuoso palacete para viver definitivamente. O Solar do Caldereiro como ficou conhecido se instalou no limite do lote, voltado para a Estrada do Monteiro, hoje Avenida 17 de Agosto. Ao passar dos anos, com a decadência econômica, o excêntrico senhor de engenho teve que começar a vender seus pertences, culminando em 23 de abril de 1908, num grande leilão realizado no Solar dos Guimarães em que foram vendidos móveis, cristais, porcelanas e obras de arte. Pouco tempo depois, o velho aristocrata começou

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a perder a sanidade e enclausurou-se no pavimento superior da casa, recusando visitas e sendo alimentado por seus empregados através de um cesto com bananas, recebendo daí a alcunha de Chico Macaco, ficando lá até a sua morte.

Gil de Methódio Maranhão

Formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife (PE). Participava dos movimentos estudantis, tendo colaborado para fundação da revista Agitação. Como jornalista, foi um dos colaboradores da revista Cultura, no período de 1948 a 1954. Trabalhou no Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA, onde ofereceu sua valiosa colaboração, idealizando e criando o Museu do Açúcar. Como pesquisador e historiador, era um apaixonado pela história brasileira em geral e pela nordestina em particular. Quando ocorreu a transferência do Museu do Açúcar para o patrimônio do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, o então Diretor do IJNPS, Dr. Fernando de Mello Freyre, através da portaria nº 038 de 22 de fevereiro de 1978, resolveu homenageá-lo no nome do prédio onde funcionava o Museu do Açúcar, hoje prédio do Museu do Homem do Nordeste, por reconhecê-lo não apenas como um dos que fundaram o Museu do Açúcar, mas um permanente e abnegado incentivador das suas atividades expressivamente culturais. Morreu em 1974.

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Gilberto Freyre

Nascido no Recife, no dia 15 de março de 1900, filho do professor e juiz de direito Alfredo Freyre e de Francisca de Mello Freyre. Bacharelou-se em Artes Liberais, com especialização em Ciências Políticas e Sociais, na Universidade de Baylor e mestrado em Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais, na Universidade de Columbia. É considerado um pioneiro da Sociologia no Brasil. Quando deputado Federal Constituinte, foi autor do projeto que criou o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco. Além de escritor, foi também pintor e jornalista. Foi membro do Conselho Federal de Cultura desde a sua criação. Recebeu vários prêmios literários e o título de Doutor Honoris Causa de diversas universidades brasileiras e estrangeiras. Da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra recebeu o titulo de Cavaleiro do Império Britânico. Escreveu entre outros; Casa-grande & senzala; Sobrados e mocambos; Nordeste; O mundo que o português criou; Ingleses no Brasil; Aventura e rotina; Ordem e progresso; Vida, forma e cor; homem, cultura e trópico; etc. Morreu no Recife, no dia 18 de julho de 1987

Jorge Jácome Tasso Neto

Nascido em Pernambuco em 25 de maio de 1896. Era o patriarca de uma das famílias consideradas aristocratas e tradicionais do bairro de Apipucos que a sociedade recifense conheceu. Sua profissão era o de corretor da Bolsa de Valores da cidade do Recife. Adquiriu em Apipucos na década de 1920, a casa de nº. 126 da antiga Ladeira dos Maristas, hoje, em sua homenagem, denominada de Rua Jorge Tasso Neto. Morreu no Recife, em 22 de agosto de 1971.

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Renato Carneiro Campos

Nascido em Jaboatão (PE) em 8 de março de 1930, bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife. Estudou Sociologia em Paris, com o professor Joffre Dumazedier. Trabalhou, durante muitos anos, no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco, na qual dirigiu o Departamento de Sociologia. Foi colaborador de jornais recifenses, entre eles, o Diario de Pernambuco. Ensinou literatura, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Escreveu: Folhetos populares na zona dos engenhos de Pernambuco; Ideologia dos poetas populares do Nordeste; Arte, sociedade e região; Igreja, política e região; Carlos Pena Filho, o poeta da cor. Morreu no Recife, em 31 de janeiro de 1977.

Ulysses Pernambucano de Mello Sobrinho

Nascido no Recife em 6 de fevereiro de 1892, filho do advogado José Antônio Gonçalves de Mello e de D. Maria da Conceição de Mello. Era médico psiquiatra; professor catedrático de Lógica; Psicologia; História da Filosofia e Neuropsiquiatria. Foi pai do historiador José Antonio Gonsalves de Melo Neto, primeiro diretor do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas. Foi muitas vezes

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mal interpretado em sua visão de cientista social, chegando a ser considerado persona non grata, durante o Estado Novo. Apesar das amarguras vivenciadas, sempre encontrou forças para lutar por seus ideais. Escreveu: Bases fisiológicas da ambidestria; As médias de estatura dos escolares em Pernambuco; As doenças mentais entre os negros de Pernambuco. Morreu no Rio de Janeiro, no dia 5 de dezembro de 1943, com apenas 51 anos de idade.

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7 PLANTAS ARQUITETÔNICAS DOS IMÓVEIS PRESERVADOS Ed. Francisco Ribeiro Pinto Guimarães - Bloco Principal

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Ed. Delmiro Gouveia

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Ed. Renato Carneiro Campos

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Ed. Gil Maranhão - Museu do Homem do Nordeste

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Ed. Dolores Salgado

Pavimento Térreo

Pavimento Superior

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Ed. Ulysses Pernambucano

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Casa-grande e Capela do Engenho Massangana

Pavimento térreo

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Ed. Jorge Tasso Neto

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Ed. Arthur Orlando

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Mapa das Zonas de Preservação Ambiental e Histórica do bairro de Apipucos do Plano Diretor da Cidade do Recife

Trecho onde se encontra situado o Câmpus Anísio Teixeira.

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