janeiro/fevereiro 2011 circulaÇÃo dirigida...

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CIRCULAÇÃO DIRIGIDA JANEIRO/FEVEREIRO 2011 1983 Palácio da Luz – Rua do Rosário, 1 EDITORIAL PALAVRA DO PRESIDENTE Indiferente ao grito das cuícas ou da explosão do axé baiano anunciando mais um contagiante reinado de momo, a Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará, retorna ao seu ritmo de atividade para 2011, com a mesma fé e disposição que tem marcado sua trajetória no mundo literário de Fortaleza. Pode não corresponder completamente ao volume de intenções, idéias e sonhos dos seus acadêmicos e presidente, mas é respeitavel o seu esforço e considerável a sua colaboração com a cultura cearense. Independente, ativa e eclética em representatividade, a ALMECE mantém a publicação bimensal do Jornal Academus; edita uma revista e uma coletânea por ano, que se constituem em verdadeiro relicário da intelectualidade cearense. Por iniciativa e coordenação da professora Francinete Azevedo, assessorada por uma comissão acadêmica, a entidade promove, há cinco anos, um concurso literário de âmbito estadual, titulado por um personagem contemporâneo, reconhecidamente atuante na cultura e reunindo alguns estabelecimentos de ensino da rede pública, em grande evento de estímulo à educação. Alunos, professores e escolas são premiados em torno de um tema atual ou histórico biográfico, de forma quase simbólica, porém de grande significado pessoal e curricular para participantes. Todos os meses no terceiro sábado (exceto de janeiro), os almeceanos reúnem- se, no Palácio da Luz, para trocar abraços e traçar planos literários; assistir ou fazer palestras ; receber autoridades ou novos poetas e escritores para o seu quadro e por fim para ouvir a musicalidade de Haydée ou o canto lírico de Alvarus e Alzeneide. E no final de cada ano em encontro festivo, a entidade homenageia generosamente as pessoas que obtiveram algum destaque na causa que defende há 28 anos. Como diz a música do Buarque, se a ALMECE fizesse tudo sempre igual, já estaria cumprindo brilhantemente a sua parte, no desenvolvimento da cultura e das artes em nosso Estado. Tendo Deus por testemunha e a solidariedade inconteste dos meus guerreiros almeceanos, consegui consolidar nosso áureo objetivo na fantástica caminhada encetada, na direção da Seara das Letras. Reconheço que precisamos melhorar substancialmente o teor qualitativo dos nossos trabalhos literários, mas em compensação, temos a certeza de constatar nosso amadurecimento no conjunto das produções culturais, graças aos ingentes esforços num contínuo aprendizado. A cada gestão à frente da ALMECE, sinto aflorar entre nossos acadêmicos e demais almeceanos um amor acendrado e uma dedicação inexcedível por tudo que fazemos em prol do erguimento desta vitoriosa Arcádia. Daí, o bater forte e com retumbante entusiasmo nossos corações nos grandes cometimentos que realizamos. Há motivos sobejos, para o presidente orgulhar-se da plêiade de literatos que participam, com denodo, dos empreendimentos culturais. São professores, médicos, contadores, advogados, psicólogos, pedagogos e autodidatas que, com o fulgor de suas inteligências, enobrecem nosso quadro acadêmico. O inevitável prevejo acontecer: termos um 2011 tão promissor quanto o ano recém findo. No ensejo, renovo minha confiança nos meus acadêmicos, na convicção de continuarmos avançando no sentido vertical em busca dos nossos aurifulgentes objetivos. E que Deus proteja a ALMECE! ANIVERSARIANTES Grupo de acadêmicos Almeceanos, presentes a festa de Congraçamento do Silogeu registrada no dia 22 de dezembro de 2010, no salão nobre do PALÁCIO DA LUZ ALMECE 2011 JAN: 16- Raimunda Silva ; 25- Paulo Tadeu ; Clara Leda 27 - Francinete Azevedo; 29 - Argentina de Andrade . FEV: 03 - Jorge Ponte Lima; 10- Bernivaldo Carneiro; 16-Franco Barreto; Matusahila Santiago; 21- Ernani Machado; 22-José Bezerra Freitas; José Pereira Albuquerque; 25-Vicente Alencar.

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CIRCULAÇÃO DIRIGIDAJANEIRO/FEVEREIRO 2011

1983

Palácio da Luz – Rua do Rosário, 1

EDITORIALPALAVRA DO PRESIDENTE

Indiferente ao grito das cuícas ou da explosão do axé baiano anunciando mais um

contagiante reinado de momo, a Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará,

retorna ao seu ritmo de atividade para 2011, com a mesma fé e disposição que tem marcado

sua trajetória no mundo literário de Fortaleza. Pode não corresponder completamente ao

volume de intenções, idéias e sonhos dos seus acadêmicos e presidente, mas é respeitavel o

seu esforço e considerável a sua colaboração com a cultura cearense. Independente, ativa e

eclética em representatividade, a ALMECE mantém a publicação bimensal do Jornal

Academus; edita uma revista e uma coletânea por ano, que se constituem em verdadeiro

relicário da intelectualidade cearense. Por iniciativa e coordenação da professora Francinete

Azevedo, assessorada por uma comissão acadêmica, a entidade promove, há cinco anos, um

concurso literário de âmbito estadual, titulado por um personagem contemporâneo,

reconhecidamente atuante na cultura e reunindo alguns estabelecimentos de ensino da rede

pública, em grande evento de estímulo à educação.

Alunos, professores e escolas são premiados em torno de um tema atual ou histórico

biográfico, de forma quase simbólica, porém de grande significado pessoal e curricular para

participantes. Todos os meses no terceiro sábado (exceto de janeiro), os almeceanos reúnem-

se, no Palácio da Luz, para trocar abraços e traçar planos literários; assistir ou fazer palestras ;

receber autoridades ou novos poetas e escritores para o seu quadro e por fim para ouvir a

musicalidade de Haydée ou o canto lírico de Alvarus e Alzeneide. E no final de cada ano em

encontro festivo, a entidade homenageia generosamente as pessoas que obtiveram algum

destaque na causa que defende há 28 anos. Como diz a música do Buarque, se a ALMECE

fizesse tudo sempre igual, já estaria cumprindo brilhantemente a sua parte, no

desenvolvimento da cultura e das artes em nosso Estado.

Tendo Deus por testemunha e a solidariedade inconteste dos meus guerreiros almeceanos, consegui consolidar nosso áureo objetivo na fantástica caminhada encetada, na direção da Seara das Letras.

Reconheço que precisamos melhorar substancialmente o teor qualitativo dos nossos trabalhos literários, mas em compensação, temos a certeza de constatar nosso amadurecimento no conjunto das produções culturais, graças aos ingentes esforços num contínuo aprendizado.

A cada gestão à frente da ALMECE, sinto aflorar entre nossos acadêmicos e demais almeceanos um amor acendrado e uma dedicação inexcedível por tudo que fazemos em prol do erguimento desta vitoriosa Arcádia. Daí, o bater forte e com retumbante entusiasmo nossos corações nos grandes cometimentos que realizamos.

Há motivos sobejos, para o presidente orgulhar-se da plêiade de literatos que participam, com denodo, dos e m p r e e n d i m e n t o s c u l t u r a i s . S ã o professores, médicos, contadores, advogados, psicólogos, pedagogos e autodidatas que, com o fulgor de suas inteligências, enobrecem nosso quadro acadêmico.

O inevitável prevejo acontecer: termos um 2011 tão promissor quanto o ano recém findo. No ensejo, renovo minha confiança nos meus acadêmicos, na convicção de continuarmos avançando no sentido vertical em busca dos nossos aurifulgentes objetivos.

E q u e D e u s p r o t e j a a ALMECE!

A N I V E R S A R I A N T E S

Grupo de acadêmicos Almeceanos, presentes a festa de Congraçamento do Silogeu registrada no dia 22 de dezembro de 2010, no salão nobre do PALÁCIO DA LUZ

ALMECE 2011

JAN: 16-Raimunda Silva; 25- Paulo Tadeu ; Clara Leda 2 7 - F r a n c i n e t e Azevedo; 29 - Argentina de Andrade .

FEV: 03 - Jorge Ponte Lima; 10-Bernivaldo Carneiro; 16-Franco Barreto; Matusahila Santiago; 21-Ernani Machado; 22-José Bezerra Freitas; José Pereira Albuquerque; 25-Vicente Alencar.

COLÍRIOS

2 ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

Sei não... Sei lá...Gilson Pontes, Sócio

Efetivo da ALMECE.

LINHA CRUZADA

Espanto, p r e c i s a m e n t e , confesso que hoje n e c e s s i t o c a m i n h a r , m a s s i m p l e s m e n t e caminhar por aí, sem n e n h u m

compromisso, sem paradeiro certo. Quero ir muito além dos meus limites.AINDA MAIS Para iniciar, digo que hoje, careço de preencher este domingo. Às vezes, sinto-me tão antigo e tão recente quanto qualquer de meus desgraçados e benditos semelhantes, mas sei que a vida é uma passagem e precisamos viver intensamente o momento.POR FIM Digo que os domingos são tristes... Aí me detenho a inventar, a procurar algo novo para preenchê-los. Preciso descobrir o mundo, viver intensamente e ir em busca do desconhecido, do encantamento, do inesperado.VALE A PENA Que animal é o homem...?! Pois se encanta, se deslumbra, se fascina, se entristece, se alegra, senão a vida não valeria a pena de ser vivida. Hoje vou caminhar por aí, viver mais a paisagem, desfrutar o novo, degustar o tempo, eu, argonauta urbano, suburbano andarilho, inquilino do cotidiano.TENHO QUE IR Digo, no entanto, que preciso andar por aí, pra ver se me encontro ou encontro alguém que jamais perdi. Confesso: sou um animal que perambula, vagueia, vendo com olhos de criança inocente. Nosso tempo é rapidamente passageiro e assim vamos ficando dia a dia mais velho. Eu quero é não ser apenas um bicho homem, mas um homem bom.CAMINHAR, CAMINHAR...

P r e c i s a m o s t e r d e v o l t a : a democracia, a gentileza, a delicadeza, a solidariedade e, em lugar do horror, a poesia. Hoje, vou caminhar, caminhar e esquecer a tristeza que invade o meu espírito.

EXPEDIENTE

O JORNAL ACADEMUS é um informativo bimestral da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará - ALMECE. Sede provisória: Rua do Rosário, Nº 1 - Fortaleza – Ceará – Fones: (85) 3294.5495 / 3224.5318 / 9104.7122 (falar com Lima Freitas ou Gilson Pontes). As matérias inseridas neste informativo são de inteira responsabilidade dos seus autores.Presidente: Francisco Lima Freitas - Diretor-Editor: Vicente Alencar - Coordenadora: Maria de Fátima Lemos Conselho Editorial: Eliane Arruda, Francinete Azevedo, Gilson Albuquerque e Fátima Lemos. - Colaboradores: Mario Nogueira, Angelo Osmiro, Nicodemos Napoleão, Oneida Pinheiro, Moacir Gadelha, Haydée Campelo, João Gonçalves de Lemos, Ione Arruda, Dionisio Torres, Ana Nascimento, Arleni Portelada, Valeska Capistrano, Bernivaldo Carneiro, Haroldo Felinto e Tinzim. C o n c e p ç ã o G r á f i c a : J a y s o n F r a n ç a ([email protected]) Impressão: LC Gráfica e Editora Ltda. Fone/Fax: (85) 3226.3854 / 4141.5402E-mail:[email protected] Tiragem: 1.000 exemplares.

CURIOSIDADES DO CANGAÇO

Sargento Elias MarquesNa madrugada do dia 09 de

fevereiro de 2011 faleceu, aos 96 anos, o sargento reformado da Polícia Militar de Alagoas, Elias Marques.

Conheci o sargento Elias, no final da década de 90 do século passado, quando visitava a bela região de Piranhas, às margens do famoso rio São Francisco. Na pequena Olho D'água do Casado, cidade vizinha a bucólica Piranhas, residia o velho ex-combatente das volantes que perseguiram os cangaceiros.

Elias Marques estava presente, no fatídico dia 28 de julho de 1938, quando morreram Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. O então soldado Elias fazia parte da volante policial comandada pelo tenente João Bezerra que, naquele dia, entrou para a história por eliminar o maior cangaceiro do Nordeste.

Ouvi muitas histórias contadas pelo sargento Elias Marques, seu jeitão rude de sertanejo calejado com as coisas do sertão, cativava seus interlocutores. Contava histórias de uma maneira simplesmente gostosa de se ouvir; não esqueço sua hilária narração de como uma vez, em perseguição ao bando de Lampião, a volante da qual fazia parte chegou em determinada fazenda, perguntando se havia cangaceiros na região. O morador de pronto avisou a presença do bando de Lampião nas imediações. Procurando uma desculpa para não empreender perseguição ao bandoleiro mor do sertão, o chefe da volante perguntou aos demais soldados se não era melhor almoçar

antes, afinal era melhor lutar de barriga cheia. Na verdade, uma desculpa esfarrapada para não perseguir o grupo de imediato e dar tempo para Lampião fugir com seu grupo e não combater com o temido cangaceiro.

Perguntado uma vez sobre a valentia de Lampião, respondeu que a fama era tão grande que, quando a volante estava na persiga do Rei do Cangaço, os comandantes evitavam dizer quem era o perseguido, a fim de não abater a moral da tropa.

No dia da morte de Lampião na grota do Angico, os soldados não sabiam com quem iriam combater, o segredo foi mantido até a última hora, sendo um fator primordial para o sucesso da operação.

Em uma de nossas visitas à grota do Angico, tivemos a oportunidade de levarmos o sargento Elias Marques conosco. Apesar de sua idade avançada, suportou muito bem a caminhada íngreme das margens do São Francisco à grota do Angico, contando com detalhes o que aconteceu naquele dia histórico do cangaço, um dia realmente inesquecível para os que t iveram oportunidade de ouvir aquelas histórias.

Mais um personagem da rica história do cangaço que passa para um outro plano, os remanescentes estão se extinguindo, a história contada por quem presenciou os fatos quase não existe mais, fui um privilegiado de ter conhecido o sargento Elias Marques e ter ouvido suas histórias vividas no cangaço.Que Deus ilumine o caminho do bravo militar.

Eliane Arruda - Sócia Efetiva da ALMECE

Os olhos gostam de pousar no verde

pintado pela mão da natureza.

Quem não aprecia o chão vestido ver

com o relvado e, acima, o arvoredo?

A natureza deve ser tratada

com mui carinho, amor e respeito

para que a sua visão das estradas

deixe que as almas encontrem o deleite.

Os seus amantes querem ver as serras

os mares e, bem mais longe, os abrolhos,

ficam tristonhos diante dos desertos.

Olhando as dunas, coqueirais na praia,

quantas belezas pingam em nossos olhos,

a poesia não... não se retrai.

Motorista da SIARÁ GRANDE Francisco Félix, no momento que recebia das mãos do presidente

Lima Freitas a honraria Profissional Modelo em solenidade realizada no Salão Nobre do Palácio da Luz

Os eminentes acadêmicos Maurício Benevides e Neuzemar Gomes de Moraes receberam felicitaçõesd o s s e u s c o l e ga s , p e l o s u a r e c u p e r a ç ã o d a s c i r u r g i a s as quais ser submeteram. A ALMECE congratula-se pelo êxito obtidopelos nossos ilustres colegas

Trafegando a agonia do cair de tarde da agitada Raul Barbosa de nossa “Fortaleza Bela”, subitamente me vi num beco sem saída. Mulheres e homens, crianças e a d o l e s c e n t e s s e m o v i m e n t a v a m aleatoriamente atabalhoados. Como que alheio àquele drama, um helicóptero sobrevoava nossas alvoroçadas cabeças espalhando mais temor. Os policiais em terra empunhavam pesadas armas. Alguns absortos, outros movidos por aparente desleixo de ofício. Viaturas e ambulâncias derramavam, sem sucesso, suas estridentes sirenes a exigirem passagem. Na busca de ignorar a perturbação auditiva, o meu olhar detetive ziguezagueou as duas fileiras à direita e por fim lançando-se sobre aquele amontoado de automóveis absolutamente parados, esbarrou no passeio do lado onde residia a origem de toda a confusão. Desnudo da inconfundível barba de

Marx (imberbe ainda o era), tinha os olhos pétreos de Che Guevara. Será que à Mercúrio ao enfiar a espada em Tibaldo, antes da investida final do jovem, o seu atroz tivera a decência de adverti-lo? “A fenda não é tão funda como um poço, nem tão ampla como uma porta de igreja, porém alcança. Perguntem por ti amanhã e verão que teso estás”. Teso e absolutamente impotente a tudo e a todos à volta.

Um dos ambulantes, por exemplo, cuja indiferença passava recibo de ser a cena corriqueira em seu dia a dia, daquela área do Lagamar, batia de porta em porta a sobressaltar, ainda mais, os condutores. Até onde pude ver, ninguém se interessou por suas bugigangas: carregadores automotivos de celular e capas; carteira de cédulas e óculos escuros; calculadoras e guarda-chuva... Ou seria guarda-sol? Neste ano de 2010, enquanto São Pedro se revela sobremodo

econômico em nos abrir as comportas do céu, o Astro Rei despeja sobre nós — sem pena e dó — seus reluzentes raios.

À falta de outra opção, suspendi os vidros, travei as portas e me pus ereto da cintura para cima. Deliberava o meu atordoado entendimento ser imperioso ocupar o menor espaço lateral possível. Foi aí que recuei o quanto pude o banco, na busca de fazer de escudo a coluna que separa a porta do motorista do correspondente acesso aos passageiros de trás, que não existiam. Ali só havia Deus e eu. E a um molusco que se recusa a sair da própria concha, entreguei-me ao debulhar do rosário para, antes que um inocente fosse achado por uma bala perdida, o bulício cedesse lugar a um trânsito célere.

Nem é preciso dizer que, de mim para mim, eu era o mais inocente de todos os inocentes da história.

3ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

Bernivaldo CarneiroSócio Efetivo - Cadeira nº 79/ Representante de Jaguaretama

RISCOS URBANOS

Poema Meio TermoDionísio Lopes

Membro Efetivo da ALMECE

E bom cuidar logo em vencer Com dignidade e amorNão adianta chorar nem sofrer Pelo que passouNão fique parado no tempo Pensando nas coisas do céuMas não atropele o momentoDa sua iniciaçãoChegue no meio da festaE não se misture a quem não prestaAprenda a dizer sim, às vezes não. Sem luta não há vitória Sem vitória não há vibraçãoVitória é o fruto da lutaQuando se vence a questãoQuem pensa demais nunca fazÉ ruim à beçaÉ o pecado da pressaE tem um ditado que vemDe não sei quem de alma inteiraQue a vida depende da partidaQuem fica a pensar na saídaVai ficar na poeiraÉ bom cuidar logo em você.

SIGO MEU CAMINHO

O tempo é professor, e eu continuo atento.O fim da mocidade – um natural evento –não baniu de minh'alma a gama de vigor!Crendo na Eternidade, anelo os sonhos meus,certo da proteção do Augusto Amigo, Deus,tão sábio e generoso e eterno Criador!

Eu sigo o meu caminho, e o faço sem parar,às vezes mas depressa, às vezes devagar,crendo que a VIDA é luz – e luz inteligente!

José Moacir Gadelha de Lima Sócio Efetivo e Presidente de Honra,

Cadeira 47/ Representantede Cascavel

Vibrando na matéria ou livre em pleno Astral.Prossegue sob as Leis do Pai Celestial,até que se transforme em Anjo, finalmente.Mesmo com perfeição em toda plenitude,labora sempre e sempre, usando de virtude, na grande Criação, no aumento do progresso,na harmonia que rege a vasta Natureza!E no meu caminhar sinto a invulgar grandezado Pai Onisciente e Líder do Universo!

4 ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

Meus Ouvintes

De início, tenha-se esta ideia de Pascal, matemático e filósofo francês: Não fazemos outra coisa senão nos iludir e nos adular uns aos outros. É verdade: enganamos e nos enganamos até mesmo quando em agradecimento, porque com agradecer o que se quer, de fato, é pedir mais. Engana e engana-se quem afirma estar realizado: quando se diz acabado, está-se no começo.

Disto, porém, não me engano nem engano: quando alguém vai à tribuna, os presentes fixam o olhar nas folhas de papel na mão do orador. Estou sim com um bolo de papel; não se assustem, contudo: o espaço escrito é pouco e rápidos os comentários sobre temas vários. Um deles, acrescento-lhes, é agradecimento.

Justifique-se a papelada: é que não confio totalmente na memória, sobremodo em tempo em que os cabelos começam a branquear. Em que as rugas começam a drenar o rosto. Em que a pele se afina e se faz transparente; em que os sentidos enfraquecem, em que a capacidade de autorregulação térmica do corpo começa a variar. Sabe-se que Santo Agostinho disse ser a memória o ventre da alma. Isso não me dá confiança e não me anima: seres e coisas e idéias e palavras morrem ainda no ventre. Por isso estas folhas cheias de coisas soltas, às vezes, sem nexo, o q u e f a ç o c o n s c i e n t e m e n t e , intencionalmente. Isto é verdade: estrada longamente reta é monótona e cansa; mas estrada cheia de curvas traz novidades.

Tenha-se, pois, a mistura de coisas e de notícias.

Antes de tudo, peço-lhes paciência para um comentário rápido que me está fazendo cócegas na alma e que me não vai deixar em paz enquanto a língua não o traga a público.

Meus ouvintes: tem-se a compreensão clássica de Democracia: governo do povo, pelo povo e para o povo. Como se se engana e engana com isso que só existe no papel e

quando lido ou percebido. Pergunto-lhes: um povo que faz governo para si e por si permitiria que representantes dessem a si mesmos aumento de 61,8% quando tantos, tantos vivem com salário de fome? Um povo que participa do governo, que o faz por si e para si, permitiria tanta mordomia, tantos desvios, tanta roubalheira, com pouco trabalho ou nenhum? Um povo que participa do governo e o faz por si e pa ra s i , pe rmi t i r i a que seus representantes diminuíssem o ganho (já tão pouco!) do professor? Como andou acertado o escritor e filósofo francês Jean Jacques Rousseau ao dizer: No momento em que um povo se dá representantes, não mais é livre, não existe mais.

Meus amigos: é assim o mundo. É assim o ser humano. Enquanto houver gente no mundo, essas coisas acontecem: é que chego a pensar que são condição do ser humano. E mais: isso tudo acontece em qualquer regime político. Mas isto é admirável: num tempo e país em que triunfam os medíocres, vem a ALMECE, acertada e oportunamente, homenagear, com diploma de honra ao mérito, professor, escritor, radialista, comunicador, sargento controlador de vôo, motorista, diretor de escola. É como se a ALMECE estivesse dizendo rei, fenômeno, imperador, entre outros títulos.

Em reportagem de sete deste mês, tem-se um estádio (estádio já lembra multidão) cheio de pessoas, de muita gente, gritando e aplaudindo os melhores goleiros, os melhores atacantes, os melhores técnicos, os melhores, os melhores de todas as posições, dizendo-os, em quase delírio, fenômeno, imperador, rei, por tão menos, por tão menos merecimento, por tão menos suor, por tão menos trabalho.

No mesmo dia, a televisão estampa o drama do professor: desprezo, profissão de risco, agressões física e psicológica. Diga-se o mesmo com o motorista, com o escritor, com o diretor, com o comunicador. O mundo

não os diz rei, fenômeno, imperador. Não se aplaudem personagens assim desconhecidas, simples, anônimas, nos estádios. Não se lhes concedem medalhas: elas estão indo para pescoços errados.

Com ênfase na de professor, essas profissões, por muito mais que fazem, por mais suor que derramam, pelo trabalho a mais que têm, é que merecem muito mais homenagens, é que merecem medalhas e estatuetas, é que precisam de incentivo, e de gritos e de aplausos.

Costumo dizer – disse-o muitas vezes em sala de aula – que o aluno brasileiro é gênio e o professor, santo. Explique-se: gênio porque é o único aluno no mundo que aprende sem livro, e o professor é santo porque é o único no mundo que ensina de graça.

Assim, belíssimo o gesto da ALMECE trazendo a lume o simples motorista, a professora milagrosa, o escritor desconhecido, o modesto radialista para confirmá-los rei, fenômeno, fenômeno, imperador com títulos honoríficos e honra ao mérito. Isso encanta e emociona em meio ao triunfo da mediocridade e a tamanha distorção de valores. Quem recebe o prêmio de incentivador da leitura é o governo, sem sair do ar-condicionado de seu gabinete luxuoso. E o professor, com 50, 60 alunos, numa sala quente de taipa às vezes? Para quem foi a medalha? Quem recebe medalhas, estatuetas e carreatas é o jogador de futebol que muito ganha em divertimento. E o escritor que sofre e sua na solidão de um quarto com uma mesa apenas? E o motorista na quentura do motor de um carro o dia inteiro? E o comunicador no trabalho silencioso de selecionar e redigir notícias para dizê-las ao povo?

Meus ouvintes: dos dez curados

da Bíblia, um apenas volta para o

agradecimento. É, realmente, mais fácil

pedir. Pede-se até mesmo o em que não se

acredita. E Deus só diz sim ao em que

acreditamos. Somos nove agraciados e

premiados. Os nove estamos aqui, nesta

sala, nesta noite, presentes, para agradecer

à ALMECE tão bonito gesto de nos

conceder títulos de Honra ao Mérito e de

S ó c i o H o n o r á r i o e d i z e r - l h e ,

sinceramente: Deus lhe pague!

Discurso Proferido no Palácio da Luz pelo Professor escritor Francisco Ivonildo Dias da Silva

Saudação a José Luís Lira

5ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

Alvarus Moreno (Cantor, Prof. de Canto lírico e popular e de Califasia) - Pesquisador da Voz,

há cinco dé[email protected]

Divagando

Meu pensamento me levaAo Éden de Adão e EvaPara auferir as delíciasA Eva estava semE o seu maridão tambémFacilitando as carícias...

Mas voltando o pensamentoAqui pro nosso momentoNada vejo diferenteA geração atualUsa o pecado mortalDo jeito de antigamente

No tempo de Adão e EvaEles viviam em trevaPor isso ninguém se viaEra tudo no escuroMas hoje, eu desconjuroÉ tudo à luz do dia...

Não pensem que é preconceitoEm mostrar este conceitoEstou apenas pensandoSeja no claro ou no escuroNem condeno nem censuroEu estava só divagando!!!

Rosa Virgínia Carneiro de CastroCadeira .nº 69 – ALMECE.

“Somos o que fazemos, sobretudo o que fazemos para mudar o que somos”. Eduardo Galeano.

Nobre escritor, José Luís Lira, o seu livro de Volta a Campo Grande é documento de perfeita pesquisa histórico-social do Município de Guaraciaba do Norte. Da comunhão do divino com o humano – a vocação – que Deus lhe presenteou ao nascer – ser escritor com olhos de poeta!

Creio que o livro deveria ser contemplado para o exercício da grade curricular na disciplina do Curso de História das Universidades do Estado do Ceará. É de grande valia para todos nós e para as gerações futuras, pois somente na Educação resta a esperança de construir pessoas melhores, conscientes e solidárias, capazes de conhecer, valorizar e sentir as Artes de todas as épocas.

Vemos, no seu livro, o cultivo do amor, da inclusão pelo aprender, retratando a alma do lugar, ato de acolhimento e compromisso responsável que traz consigo, enquanto logos (razão e palavras), enquanto nomos (valores e significações). Seu espírito é iluminado e iluminador, corajoso – uma excelência da alma em Aristóteles – humilde tal os grandes sábios que semearam seus ensinamentos de amor e virtude pela humanidade.

Assim, é sua palavra: forte, verdadeira e bela. O bom gosto para encantar e desencantar o passado, debruçá-lo vivamente no papel. Tecendo os versos de outrora, nas linhas do sempre mapa do agora. É a excelência da História e da Antropologia do homem em sua terra sertaneja. Academicamente, nos brinda com a Filosofia Ocidental e com a nossa saga religiosa, lembrando-nos que somos herdeiros do judaico-católico- protestante, herança histórico-social.

Reporta-me a Baruch Espinosa, filósofo holandês, ao questionar/explanar o tempo (pág.89). O tempo é infinito. Marcamos no calendário apenas para nos lembrar o que realizamos e deixamos de realizar. Espinosa nos diz: A Eternidade é a identidade da essência e da existência. A eternidade não está fora da vida presente, mas nela mesma. Nada tem a ver com o Tempo, mas é ausência de tempo. O tempo é a maneira de a imaginação tentar medir a Duração. Deus é imenso, porque o infinito é, por natureza, qualidade e não quantidade. Deus é a causa eficiente do mundo – causa da existência do que existe. Deus é Natureza (Eterno) Naturante (Deus) da Natureza (matéria) Naturada (durável). Deus é causa de si mesmo e das coisas como causa imanente e não transcendente.

Caro José Luís, seu livro está no tempo eterno. Nada será em vão: os lugares, as pessoas, os eventos, os lampejos... Em vão nada será: as dores, os sonhos, as lutas, os sofreres, os amores... Glórias rendem ao senhor, ilustre mestre da Literatura e doutor das Leis do Direito Constitucional.Oh! Quão divino é o seu pensar !Que a mão lapida o próprio olharOnde criador e criaturaJustifica-se no modo de sua terra amar.... Em vão nada em Guaraciaba do Norte será!

Pois, o caro escritor – a sua terra eternizou!Meu muitíssimo obrigada, por inserir meu texto/relatório de apreciação da Monografia do Município de Guaraciaba do Norte para a ALMECE, nesta obra de talentoso trabalho histórico-social, acadêmico, narrativo, dissertativo e poético. Valeu à pena esperar 10 anos ouvindo a canção da esperança que na alma vem pousar. Para mim, mais que uma realização. O reconhecimento de que meu trabalho contribuiu de forma positiva para nossas vidas.

Querido escritor, Zé, eis um modo car inhoso e aconchegante de d ize r silenciosamente, neste momento minha alma não grita, sussurra.- Obrigada, Zé!

Há vidas que vem,Há vidas que vão...Há vidas que nos chegamSem nenhuma previsão...Há vidas que nos deixamE nos partem o coração.

Há vidas afloradas Que nem foram desejadas...Há vidas que se apagam Quando mais são festejadas.

Há vidas reluzentes,Há vidas desbotadas...Há vidas descobertas,Mas nem foram desfrutadas...Há vidas que se perdemPelas curvas dessa estrada.

Há vidas cujas vidas Nunca foram desvendadas...Há vidas que só vivemNuma noite bem sonhada.

Há vidas passageiras, Há vidas prolongadas.Há vidas disfarçadas,Mal vividas, lamentadas...Há vidas esquecidas,Sem memórias registradas.

Há vidas que abdicam Do calor da nossa mão.Há vidas naufragadasSem nenhuma explicação.

- Menção Honrosa/5º Lugar no IV Concurso Literário Professora Edith Braga, promovido pela Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, Edição 2009

VIDAS

O RisoFernanda Mourão

Eu gosto de rir, e você?

Aprendi que o riso é a menor distância entre duas pessoas.

Já dizia o escritor inglês Thackeray, uma boa risada é um raio de sol numa casa. Por isso, quando desejo c h a m a r m a i s a t e n ç ã o n o s relacionamentos com os outros, uso o riso. Agindo assim, transmito alegria e fico de bem com a vida.

Se as notícias diárias discorrem sobre violência de toda ordem, já tão pesadas e corriqueiras, uso o riso, que gera descontração. Rir ainda é o melhor remédio.

Conselho de amigo: sorria sempre, não importa o lugar onde esteja.

Sorria! Você está sendo filmado.

6 ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

não podemos corrigir ninguém. Não sei por que as pessoas nos castigam se afastando, desprezando-nos, deixando de lado o verdadeiro amor que temos para dar. O tempo é fundamental para sarar feridas, mágoas e discórdias. Que infelizmente não podemos evitar que ocorram em nossas vida. Somente na fé, reencontraremos a paz e o prazer de viver plenamente com amor e harmonia com todos de nossas famílias e amigos. A convivência é um caminho estreito, cheio de curvas, abismos perigosos, que somente um alpinista chega ao topo com sabedoria. Devemos centralizar Deus em nossas vidas colocando-O à frente. Somente ass im, adquir i remos a serenidade necessária para vivermos felizes. Que Deus ilumine os nossos caminhos e nos dê sabedoria para discernir o que certo.

DISCÓRDIAS DA VIDA

Oneida Pinheiro - acadêmica da Almece.

LOAS À QUERIDA GRANJEIRO

Francisco Clementino Ferreira (Tizim) Sócio Efetivo, Cadeira .... /Representante de Granjeiro

Granjeiro, cidade que nasceuÀs margens do riacho BoqueirãoOnde sobeja o verde junco,Sua primeira nominação,Espreitada pelos montes,Denominados Três Irmãos!Francisco David Pereira Granjeiro,Seu legítimo fundador,Na fuga da paixão escrava,No verde vale se abrigouPara homiziar a mulher amada,A bela escrava, o seu grande amor!

O rancho de sapê construído,Rusticamente mobiliado;David Granjeiro e a dupla de empregados,

À Barbalha retornam,Para o rapto da Escrava,Ansiosos cavalgaram!

Foi grande a decepção,Do mancebo apaixonado,Pois a escrava que amava,Com outro havia casado!Pela família de DavidO casório fora arrumado!Ao rapaz, melancólico e tristonho,Apresentaram-lhe uma prima!Para o resgate de seus sonhos,E melhorar a sua sina...!O moço fitando a jovemExclamou: que bela menina!

Novo amor ali nasceu,Era a flecha do cupido,Matando o amor antigo;Era o amor de MorfeuQue estava adormecido! A tristeza foi embora,

David Granjeiro retoma a glória:De um novo amor conquistar!A prima ali em passeio,Alimentava o devaneio,De, com o primo casar!

A tristeza foi embora,David Granjeiro retoma a glória:De um novo amor conquistar!A prima ali em passeio,Alimentava o devaneio,De, com o primo casar!Granjeiro, terra rica de ocra solta e vermelhaDe gente boa, hospitaleira, laboriosa e ordeira!Nascida no êxodo do varão pelo amor da mulher amada,Oh, terra graciosa, assim foste desbravada!No platô estreito do vale, sob o topônimo: Junco,O teu casario contíguo, edificado.

O povoado foi crescendoEm vila, logo transformado!Com o advento do açude,Em cidade, o distrito foi elevado;

Pereira Granjeiro,Heroico barbalhense, garboso, viril, valente guerreiro!

A cidade, continuamente, se expande,Cada dia cresce e avançaRumo às colinas verdejantes dos chamados Três Irmãos;Margeando as águas mornas do açude BoqueirãoSob as graças de São Francisco,As bênçãos da Padroeira, Nossa Senhora da Conceição!

Assim, minha boa gente,É a nossa querida Granjeiro,A quem quero saudar,A Jesus dando graças e a Deus Pai Glorificar,Por este povo amigo e hospitaleiro, gente de nossa gente,Descendente do Patriarca, Francisco David Pereira Granjeiro!

Através desta modesta e sincera saudação,Aos Céus imploro graças e bênçãos em profusão!À Trindade Santa, com os Anjos e Arcanjos,Caminhemos unidos no fiel amor irmão,Com a Virgem Maria e sua Santa intercessão,São Francisco de Assis e a querida Padroeira, N. S. da Conceição!

Os nossos olhos lacrimejam quando somos desprezados e humilhados. Onde erramos? Será que não temos o direito de falar, e dizer que as pessoas devem respeitar o limite do outro. Os nossos corações sangram quando não temos o direito de conviver com os nossos amigos. Os nossos próprios amigos nos negam esse direito. Ficamos tristes porque a vida é tão curta e talvez o tempo seja pouco para acabarmos com essas discórdias. O sábio diz: “devemos aceitar os outros como eles são”, é difícil, porque nós os aceitamos, mas eles não nos aceitam. Como é difícil manter a paz, como é difícil ser feliz ao lado dos outros! Será que o erro está em nós? Ajude-nos, Senhor, a decifrar este mistério que está nos consumindo e nos slevando ao sofrimento, calando os nossos sentimentos de amor, carinho que

transbordam em nossos corações sem ter onde depositar tanto desejo de curtir e amar as pessoas que convivem com a gente. Há pessoas que passam por nossas vidas deixando marcas profundas como saudade e, outras, alivio, e um conforto de mantê-las longe de nossas vidas. Existem pessoas que só ficam felizes quando infernizam as nossas vidas e nos fazem chorar , isso alimenta o seu ego. Devemos ser unidos, devemos respeitar o limite do outro, devemos amar o próximo, devemos viver cada dia com muita intensidade e prazer, devemos tentar ser humildes, porque na humildade, crescemos bastante perante a Deus e perante aos homens. Devemos respei tar para sermos respeitados e devemos amar mesmo sem sermos amados. Vamos dar tempo ao tempo, corrigirmos os nossos erros e deixando que os outros se corrijam, pois

7ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

Concerto para uma flauta só

Por todo o recital, meus olhos e emoção, indiscretos e s em con t ro l e r ac iona l , teimavam num único foco.

Bem, que me desculpem a f lau ta e a v ida minha conspiração divina e passional, mas emoção é para isso também! Desculpe-me o pensamento lógico minha abstração, onde a flauta, o som e o músico são quatro e l e m e n t o s e n ã o t r ê s . Desculpe-me o concerto, enfim, minha resistência em ouvir um instrumento só, mas é que no coração daquela flauta, eu sentia o pulsar de um outro coração pulsando no meu também!

E a flauta pulsava!Eu ouvia o som da flauta,

doces acordes...E a imaginação da terra,

fértil e farta, juntamente com a m i n h a i m a g i n a ç ã o , vagueavam em pensamentos ternos, amorosos e alegres, e em dores que, certamente, a flauta harmônica, forte e cortante representa para a vida, para o sonho e para as pessoas.

E a flauta cantava!Eu ouvia o som da flauta...Sua voz me contava

estórias de reis, castelos e fadas. Histórias de gente, corpos suados, latentes, de promessas e sonhos. Histórias de ardor, corações mornos, molhados.

Eu ouvi o som da flauta!Que grita, geme, chora, ri e

me diz que esta é a sua história: de amores, de lutas, batalhas vencidas, mortes temidas na terra de gente – gente que pensa e que brinca de bem e de mal...

E, nesse dual de deuses e demônios, a flauta me disse que viveu uma estória de amor, de glória, de choro. Mas que viu, sofreu e gozou da vida o mais belo: a certeza de que amou, amou e amou.

Agora, já nem sei se esta história é da flauta ou do artista, se é tua ou se é minha...

Tocant Sermisy

("Jouissance vous donneray").

Pintura anônima de voltans de 1530.

Renaixement francès

O CAMINHO

No limite se vive, se

reconhece

No limite se cresce, se

renasce

É no limite que se esvai o

concreto o feito, o fechado...

No limite se perde o limite do

concluído do juízo final...

Eu sou o limite

Tu és o limite

Nós somos o limite do limiar

da mudança

Do traço circular...

Do ponto que não finaliza...

Da reticência para o livre

pensar...

Da interrogação para a

descoberta de respostas

novas,

Da interjeição, não para o

espanto

Mas para a motivação da

emoção, do ânimo!

É no limite que sonho com o

outro lado

E meu sonho ousa sonhar

com o que não conheço.

No limite meu coração bate

forte, o olho brilha estrela.

Nesse brilho encontra o seu

brilho, encanto e emoção.

E o passo acontece.

Antônia Regina Pinho da Costa

8 ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

PENSANDO O FUTUROCLEODY VIRGÍNIA

Dizem que "um raio não cai no mesmo lugar o u t r a v e z " . D i f e r e n t edos humanos e seus pensamentos. Observo que i n ú m e r a s p e s s o a s , n omundo inteiro, tenham constatado que as d i f i c u l d a d e s p e s s o a i s s ã oquase sempre iguais. Tenho percebido que, em g e r a l , q u e r p o r c o i n c i -dência ou não, enfrentamos intempéries ou a z á f a m a s q u e n a v i d a s u r -gem. Tendo apenas como diferença o país que n a s c e m o s c o m s u a l i n -guagem, cultura e sistema político. Por exemplo: na França, na I tá l ia ,nos Estados Unidos, Inglaterra e outros países, a s t a x a s d e m o r t a l i d a d epor doenças terminais se alastram, na família p r e d o m i n a o d i v ó r c i o , h ácrises financeiras, onda de sequestros em í n d i c e s a l a r m a n t e s , s e f o r m o senumerar, seria uma l is ta sem fim. Dizem também que "só fechamos a porta de c a s a q u a n d o s o m o sroubados", Nas campanhas e nos documentários t e l e v i s u a i s , n o s c i n e m a sos filmes encenando provável fim da terra, p a l e s t r a s , p a n f l e t o s d i s t r i b u í d o s para conscientizar do perigo iminente. Grupos o r g a n i z a d o s c o n t r a a p o l u i -ção e o aquecimento alertam a humanidade que e s t a m o s c a m i n h a n -d o p a r a u m a c a t á s t r o f e m u n d i a l . Portanto, revertermos essa situação, p o s s i v e l m e n t e , d e p e n d e r á d a p a r -ticipação global, embora esteja além da vontade humana.

O Trovão que caiu no Rio Trussu!

Haroldo Felinto - acadêmico da ALMECE

Cruz, credo! Que diacho tá acontecendo aqui na Vila? A cramunha do povo não deixou ninguém dormir, uns amedrontados, outros rezando direto na igreja, as casas amanheceram todas fechadas. Só se ouve o ronco das águas do Rio Trussu!- Menino, vá lá chamar seu Antonio Lourenço logo, quero saber do que tá acontecendo por aqui. Só sei que o tempo mudou, nem sinal do sol! Só se ouve um estrondo medonho, as feições do povo a gente nota aquela preocupação, uns correndo para o encosto das serras, outros selando seus animais para fugirem daqui. Parece que o negócio é feio e assustador. É uma coisa descomunal. Também, o povo daqui só quer saber de fuzarca e de bebedeira. Os filhos não obedecem mais os pais. Deve ser mesmo um castigo lá de cima.Seu Antonio Lourenço, velho corajoso e experiente, trouxe as notícias para Dona Mundoca, foi logo dizendo o que estava acontecendo:- Cumadre Mundoca, pelo jeito é maldição, devido àqueles filhos do Zequinha da Cajazeira e do Chico Militão terem tirado a Santa da igreja e dado cachaça a mesma.

Desde aquele dia pra cá que as coisas vêm mudando. A chuva que deu ontem à noite arrassou muitas propriedades, inclusive das famílias desses cabras safados que fizeram isso com a Santa. Mas, cumadre, não vá se assombrar, o que está acontecendo é devido o trovão que caiu e ficou enganchado nas moitas de mufumbo. Ninguém pode chegar perto, pois o estrondo é grande. - Cumadre, Zé Doido pegou a espingarda de seu pai e atirou no trovão partindo o mesmo, foi tanto ouro espalhado na correnteza do rio. Imediatamente, notou-se um arco-íris engolindo todo aquele ouro e, em dado momento, desapareceu de uma vez.- Cumpadre, isso é verdade mesmo, posso confiar em vosmicê?- Ou cumadre Mundoca, eu vi com meus olhos ou então estou ficando doido! No outro dia, tiveram a notícia de que seu Antonio Lourenço, devido ao que viu, realmente tinha ficado doido, porém tudo que ele contou para dona Mundoca, naquele dia, foi verdade mesmo, podem acreditar.

INSATISFAÇÃOLúcia Marques

Triste de quem vive em casa,Contente com o seu lar,Sem que um sonho, no erguerDe asa,Faça até mais rubra brasaDa lareira abandonar!

Fernando Pessoa – Quinto Império, trecho.

A insatisfação é considerada uma condição humana, que impulsiona o homem em promover mudanças ao seu redor. O satisfeito estanca. O insatisfeito galopa... Guimarães Rosa já dizia que o animal satisfeito dorme, e por isso é morto pelo predador. A maioria das pessoas prefere conviver com os estereótipos. Facilitam nossas vidas, mas no fundo não passam de moletas, justificativas... pretextos. Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas, diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente. Acredito que só assim, criaremos o hábito de refletirmos as tristezas dos nossos desencantos. É esse

discernimento que nos auxiliará no autoconhecimento. Não é unanimidade, mas acredita-se que a insatisfação é um sentimento negativo que leva o homem às manifestações violentas, e ela surge quando não estamos em CDD (Conexão Direta com Deus).

Se existe uma coisa boa na maturidade é

o desejo de valorizar o que é essencial.

Pelo menos deveria ser assim. Então

sejamos mais generosos conosco. Chega de

submissão, lance voos, advogue em causa

própria, apegue-se aos sonhos como

passaporte para o seu habeas corpus.

Fiquemos, pois, com a provocação de

Fernando Pessoa; lancem-se às novas

lareiras. E lembrem-se: nem Alice foi feliz

o tempo todo ainda que vivendo no “País

das Maravilhas”. E convenhamos... que de

maravilhoso não tinha nada!

Já não nos preocupamos tanto com a globalização tão decantada. Há de se convir que a maior preocupação das autoridades constituídas, no momento, é para a percepção do idoso como um novo fato social.

Até 1994, não havia uma política nacional do idoso, porém o Ministério da Previdência e Assistência Social promoveu articulações entre os demais órgãos do governo e com a sociedade civil para a implementação desta política.

Desde então, o idoso passou a ser “persona grata” no seio familiar e na sociedade, onde quase sempre, era excluído. Isso porque agora, tem o Estatuto do Idoso, que nem sempre é cumprido em sua íntegra, mas já inibe aquelas pessoas que depreciavam os idosos.

Sentimos que eles, idosos, são mais respeitados, porém ainda faltam muitas campanhas educativas neste sentido.

Existe ainda muita discriminação, mas há de se entender que logo, logo, o país estará abarrotado de idosos. Isso já é fato consumado. Fala-se em choque de gerações.

Particularmente, acredito que o ser humano é sábio. Certamente irá adaptar-se às novas exigências da legislação em favor do idoso e haverá de caminhar lado a lado com este, esperando que o Brasil se torne uma Pasárgada para todos os brasileiros sem distinção de idade, raça ou cor.

A INCLUSÃO DO IDOSO NO LAR E NA SOCIEDADE

Eudismar Mendes

CASAMENTO DA FILOMENA

9ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

João Gonçalves de Lemos, Acadêmico, Cadeira 01-Cedro

Ao chegar do Rio de Janeiro, onde morei com a família, por quase quatro décadas, para estabelecer residência em Fortaleza, escrevi o artigo a seguir, publicado em “O Catolé”, nº59/set/83. Numa folga do mano Manoel, em seu consultório médico, em V á r z e a A l e g r e , c o n t o u - m e e s s a extravagância... Com minha viagem à Europa e Emirados Árabes, não me sobrou tempo para escritura inédita. E eis a história:

Caia a noite, acendiam-se os lampiões da Fazenda. Filomena acabara de chegar à Casa Grande acompanhada de outra mulher, logo conduzidas à dependência das domésticas. A viagem fora estafante, quase 120 quilômetros a pé. Precisavam descansar.

Na cozinha, cearam com as domésticas. Meu pai e meus irmãos mais velhos, após a ceia, costumavam permanecer à mesa, analisando os resultados de mais um período de moagem da cana de açúcar, discutindo preços dos produtos e planejando a apanha do algodão. A conversa, porém, não atraia as mulheres que logo se retiravam. As crianças se divertiam no terreiro. Todos dormiam cedo.

Minha mãe fora à cozinha para as recomendações próprias da dona de casa zelosa. Também queria certificar-se de que as recém-chegadas estavam sendo bem tratadas, além da natural curiosidade de conhecê-las melhor.

E Filomena afinal quem era? Uma mulata alta, forte e rude, mas sua graça feminina não despertava casadoiro algum. Já estivera antes na Fazenda. Assim, não causara surpresa sua chegada. Minha mãe, depois, reconhecera nela uma das apanhadeiras de algodão em anos anteriores. – Certamente viera trazendo uma amiga para esse mister, – concluiu.

Engano. Filomena sorriu e pensou: era preciso dizer a que viera e o momento era este. Sem rodeio, trazida que fora pela aventura de um casamento, falou para minha mãe:

- E s t o u c a s a d a c o m “ s e u ” Raimundo”. E apontando para a outra mulher: -Esta ai vai trabalhar em minha casa”.

A revelação caiu como uma bomba, ou melhor, foi o estopim da bomba que estouraria na sala de jantar logo mais.

- Você está doida, mulher! Não vê que “seu” Raimundo não pode ter casado com você? – exclamaram as domésticas. Meu irmão Raimundo, desde a morte da esposa, fora morar em nossa casa, com dois filhos, Manoel Sobrinho (Senhor) e Raimundo Alexandre. Jovem, possuidor de pequena fortuna, não cogitava ainda de novo casamento. E muito menos desse jeito de Filomena.Na cozinha, a confusão era grande. Minha mãe não pôde conter os ânimos: todos falando a um só tempo, enquanto a outra mulher chorava e enxugava as lágrimas que desciam em seu rosto magro, murmurando:

- Ela me enganou! Ela me enganou!A vozea r i a en s u r decedo ra ,

chegando à sala de jantar, interrompe a conversa dos homens, mas, antes que meu pai interviesse, minha mãe restabeleceu a calma anterior, ouvindo-se apenas os soluços da pobre mulher – coitada – temendo outras consequências.

- De que se trata? – perguntou meu pai, presumindo algo de grave. Filomena esperava melhor acolhida de meu pai a sua absurda história de casamento. E repetiu o que dissera: - Estou casada com seu filho Raimundo. E acrescentou: é vontade de meu padim padre Ciço.

Intimamente meu pai considerou: “estou diante de uma louca ou de uma vigarista”. E sem acreditar no que ouvira, imaginou que aquela mulher acordaria logo para a realidade. Mas Filomena insistiu:

- Estou casada de verdade.Meus irmãos ensaiaram um riso,

logo censurado pelo olhar de meu pai. A expressão de surpresa de Raimundo completava o quadro deveras desusado, sem precedente. Quase perdeu a voz, encarando aquela mulata sem dotes de corpo e de espírito e deixou com meu pai a decisão sobre o que fazer para tirá-lo de desconfortável situação.

A reação de meu pai foi forte, mas agiu com bom senso, em sua costumeira tranquilidade. Afinal estava diante – quem sabe? – de uma desequilibrada e, comedido como sempre fora, mas rápido nas decisões, ordenou:

- Tirem estas mulheres daqui. Elas devem sair da Fazenda.

E assim foi feito. Sem violência, mas com energia, as duas foram levadas para uma casa próxima do Engenho. No dia seguinte, antes do sol nascer, deixaram a Fazenda. A viagem de regresso fora menos penosa. Meu pai custeou as respectivas despesas de trem. E ninguém mais teve noticias de Filomena, nem da ex-futura empregada dela.

Quem não conheceu Lages ou quem conheceu e quer reencontrar a Fazenda nessas histórias, semelhantes a tantas de outros engenhos do Nordeste brasileiro, viaje comigo nas páginas de “O Catolé”. A esta que acabo de contar da década de 20 deste século (XX), outras se juntarão distantes e recentes, para uma verdadeira viagem para o encontro com um passado que, em muitas coisas, ainda é bastante presente.

Nota. Lages, lugar alegre, alegria de uma família enorme, irmandade de 29 membros dos três casamentos de meu pai, misturava-se com a dos trabalhadores e visitantes, amigos/as e familiares. As atividades sazonais da cana de açúcar e do algodão ensejavam a presença de trabalhadores vindos da própria região, Cariri, e de estados vizinhos.

O Radialista Aurélio Brasil recebe das mãosdo presidente da ALMECE o diploma de Sócio

Honorário. No centro a pianista Haydée Campelo

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CAGECE, TELEMAR, COELCE,INCÊNDIO E OUTRAS

TARTARUGAS PARA ASFALTO

E RUAS

PLACAS DE RUA

ESCULTURAS:

BUSTOS, EFÍGIES, IMAGENS DESANTOS E ESCULTURAS EM GERAL.

LETRAS (VOCÊ ESCOLHE O MODELO):

AÇO INOX, LATÃO, CHAPA GALVANIZADA(PINTADA), BRONZE E ALUMÍNIO.

PLACAS DE INAUGURAÇÃO:

AÇO INOX, LATÃO, VIDRO, ACRÍLICO,BRONZE E ALUMÍNIO.

PLAQUETAS:

PATRIMÔNIO, SINALIZAÇÃO,INDICATIVAS E HOMENAGENS.

A Dra. Margarida Alencar entrega ao presidente Lima Freitas o TROFÉU IRACEMA

O presidente da ALMECE Lima Freitas - entrevistadopela TV Cultura

10 ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

Incumbiu-me o Presidente da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará - ALMECE, Francisco Lima Freitas, de saudar os homenageados desta noite. A ALMECE vive este momento como um presente valioso, posto que único e especial. Todos os presentes sintam-se convidados a vivê-lo de forma plena, considerando que os homenageados e as pessoas que acorreram a esta Casa de Cultura procedem de diversos pontos do Estado e, desse modo, expressam muito bem a natureza de nossa Entidade como federação de municípios.

Turgueniev, escritor russo do século XIX, disse: “O tempo que frequentemente voa como um pássaro, arrasta-se outras vezes que nem tartaruga; mas, nunca parece tão agradável como quando não sabemos se anda rápido ou devagar. E o que é agradável no tempo que passa é viver o agora como um presente; não extirpar da memória o passado e não atropelar o tempo vindouro.” A ALMECE vive o agora, como um presente divino, quando traz a público suas realizações. Repetindo anos anteriores publicou seis edições de mil exemplares do Jornal ACADEMUS, a IV Coletânea lançada por ocasião da festa comemorativa dos 27 anos de existência, e a VI Revista que ora trazemos ao público. Com essas ações que expressam o pensamento de acadêmicos, busca-se ampliar o debate e colaborar com o meio intelectual cearense e nacional, favorecendo a troca de conhecimentos e o intercâmbio de ideias que enriquecem escribas e leitores. É oportuno frisar doze Reuniões Ordinárias do ano, quando sempre vêm à tona os mais legítimos temas da literatura, ciências, política e artes.

Faço minha as palavras do confrade Bernivaldo Carneiro, município patrono Jaquaretama, ao afirmar que todos os feitos e conquistas deste Soligeu acontecem, “graças a quem entende "como e porquês" do bem gerenciar Grêmio Literário sem patrocínio e sem os necessários recursos para fazer face aos custos. O incansável Lima Freitas dá-se de corpo e alma à cultura cearense”. Endosso as palavras do confrade, acrescentando o Paradoxo de Stockdale, para ilustrar a capacidade de liderar do nosso Presidente.

O Paradoxo de Stockdale, batizado em função do oficial americano Jim Stockdale, que passou anos num campo de

Campelo, Francisco Lima Freitas, Francisco Bernivaldo Carneiro e Rosemary Santana Matos.

Permitam-me trazer pequena história sobre pequenina comunidade perdida na região do Cariri, dentro do Vale do Salgado onde nasceu uma plêiade de escritores e artistas importantes no cenário nacional e internacional. Em São José, distrito de Lavras da Mangabeira, aflorou, muito cedo, a vocação para a educação. No final do século XIX e inicio do século XX, a população começou a receber os primeiros mestres-escola: Joaquim Beato (um preto velho, muito religioso, por isso o titulo de beato); Amâncio Ferreira Lima; Maria Nêguinha; Agá Cals de Oliveira; Mestre Paulo Moreira Mello (trazido por meu avô paterno, Thomaz Gonçalves de Lemos); Vicência Augusto Mota de Lemos e Maria Oliveira Dias, extraordinários mestres. Depois vieram outros e mais outros, inclusive os quatro homenageados a seguir, indicados pelo acadêmico João Gonçalves de Lemos: Francisco Francimar Mangueira Lemos, Maria Batista de Lima (Glorinha Rolim), Maria Ione de Lemos Rocha, todos com o título de Mérito Cultural, e o Escritor Francisco Dias da Silva, Sócio Honorário. A vocação da Vila São José para a educação estendeu-se a outros lugares, principalmente Fortaleza, onde, em certo momento, existiam trinta e duas escolas de níveis fundamental e médio, sendo destaques, nesta noite, o Colégio Salomé Bastos, dirigido pelo Professor Francisco Francimar Mangueira Lemos, um dos agraciados de hoje; e o Colégio Maria Ester, dirigido pela Professora Fátima Lemos, membro deste Sodalício e seu irmão, o Professor Luiz Pereira Lemos. Os currículos dos homenageados, certamente muito aquém do que realmente realizaram, ficaram para o cerimonialista Vicente Alencar, reconhecendo que o tempo é exíguo para que sejamos justos num registro mais alentado da vida e obra de cada um.

Concluo esta minha modesta participação, agradecendo aos presentes a paciência em me ouvir, mas certa de que a ALMECE, por seu presidente Lima Freitas e demais membros sentem-se honrados com t a n t a s p r e s e n ç a s i l u s t r e s a e s t e congraçamento. Que juntos com a presença do Onipresente continuemos a cultivar desejos, princípios e práticas de humanidade em tempos de crescida desumanização, exclusão social, e violência. Com esta mensagem despeço-me, desejando um FELIZ NATAL e Próspero 2011 para todos.

SAUDAÇÃO AOS HOMENAGEADOS PELA ALMECE Maria Linda Lemos Bezerra, Sócia Efetiva/ Cadeira63, representando Várzea Alegre.

[email protected]\www.diferrencepc.com.br

Saúdo a distinta mesa, na pessoa do Presidente da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará, Francisco Lima Freitas

Distintos acadêmicos,

Valoroso auditório;

Senhores e senhoras familiares dos agraciados desta noite;

Meus conterrâneos varzealegrenses e mangabeirenses;

prisioneiros na Guerra do Vietnã, ensina que, de um lado, é preciso encarar os fatos, as dificuldades, sem rodeios. Por outro, é preciso ter fé absoluta, férrea, de que os obstáculos serão superados. É o tipo de fé que Winston Churchill tinha em 1940, quando o mundo estava desabando ao redor, e a Inglaterra estava só. Para quem perguntasse se a Inglaterra tinha chance de sobreviver, Churchill dizia que a pergunta estava errada, porque a Inglaterra não estava tentando sobreviver. Estava tentando prevalecer. A autoconfiança é a combinação de reconhecer a dureza da realidade e conjugá-la com a fé de Churchill. E assim, com esta autoconfiança e inquestionável competência do jornalista escritor Francisco Lima Freitas, a ALMECE prevalece há 17 anos.

Não tivemos só alegrias neste ano. Houve perda irreparável na Arcádia. O falecimento da confreira Conceição Alves, município patrono Icó, deixou-nos de luto. “Quisera eu parar o tempo que passa e dar velocidade ao tempo que parece não passar. O que parece não passar é um tempo de significado dessemelhante ao que se mostra tão fugaz. E o que é fugaz no tempo que passa é o desejo de vê-lo se eternizar. Assim, tempo e eternidade parecem estados opostos, embora nem sempre o sejam”. Saudades da imortal Conceição Alves! Saudades de Maria Hilma Correia Montenegro, minha patrona na ALMECE, primeira varzealegrense a ocupar cadeira em academia de letras. Mesmo com tristeza e pesar pelas ausências sentidas, a Arcádia se alegra nesta festa que homenageia personalidades ilustres, pois é um tempo recoberto de alegria, beleza e sentido.

Senhor Presidente, senhoras e senhores, em breves palavras, esta é a ALMECE que, exercitando a política de reconhecer qualidades e enaltecer virtudes e méritos pessoais, consequentemente, conquistar mais amigos e frequentadores, agracia nesta noite, com diferentes c o m e n d a s , n o v e p e r s o n a l i d a d e s , comprometidas com a cultura, política e o social do país: Radialista Aurélio Silva Brasil, Motorista Francisco Félix da Silva, Juari Oliveira Pascoal, Promotor de Justiça José Alci Maciel de Paiva, in memoriam, Educadora Maria Cleide da Silva Ribeiro Leite, indicados respectivamente pelos acadêmicos Haydée

11ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

A POESIA DE VICENTE ALENCARVicente Alencar - Jornalista, radialista, é Sócio Titular da Academia Fortalezense de Letras, Academia Cearense de Retórica, Academia de Letras dos Municípios, Academia de Letras e Artes do Nordeste e da Sociedade Cearense de Geografia e História. É Sócio Honorário da SOBRAMES, Instituto do Ceará, AJEB e Academia Cearense de Farmácia. É cearense nascido em Fortaleza.

A saudade clamaa saudade choraa saudade é a verdadeneste amor maior.Nada mais puroque a saudadede quem ama.

SAUDADE

Fecho os olhose te vejo.Respiro suavementee sinto teu perfume.Ao calar-meewscuto tua voz.É o amor que se renovaa cada instante.

RENOVAÇÃO

Amada,saiba que os meus minutossão teus,pois meus pensamentoste pertenceme minhas horassão preenchidaspelos teus encantos.

HORAS

Falar com vocêé sentir que vivoa cada minuto,a cada dia,um grande amor.Falar com vocêé sentir que renovoa cada instanteo imenso amorque me domina.

FALAR

TUDO

Tudo é amortudo lembra vocêos pequenos detalhesas cores,as flores,as rosas.Há uma saudade completa.Do perfume,do sorriso, do andar,do falar.E como dói.

NOITE

A noite não passa. Os minutos teimam em ficar parados.Há um amor crescente,dedicado,que conversa com a lua,chora,não sabe o que fazer.Amar muito maisnão é possível.Não passa a saudade,que doi maisa cada momento,a cada instante.

NADA

Quando não estou com você,nada tem sabornem côr.Não sinto nenhumavontade de sorrir.Todas aas portasse fechampois meu amor não está comigo.

12 ACADEMUS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2011

PERSONALIDADES CEARENSES HOMENAGEADAS PELA ALMECE, DENTRE ESSAS, DOIS ARACOIABENSES

A Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará- ALMECE, conta com o trabalho profícuo de seu exímio Presidente, o Escritor Acadêmico Francisco Lima Freitas, que muito nos honra, pois Lima Freitas tem suas raízes cearenses no Maciço de Baturité, precisamente na cidade de Capistrano e durante muitos anos residiu em Aracoiaba com a família, tendo também muito contribuído para o progresso de nossa terra.

Outro fato histórico que fortalece os laços entre o Presidente Lima Freitas e nosso município é de ordem religiosa.

A Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Aracoiaba, foi criada em 1914 e teve como terceiro vigário, o Pe. Francisco Lima Freitas, que assumia sua primeira missão religiosa em nossa cidade.

O atual presidente da ALMECE tem o mesmo nome Francisco Lima Freitas e é sobrinho daquele virtuoso vigário, que durante sete anos, conduziu a Igreja Católica de Aracoiaba, tendo iniciado sua missão de evangelização em 02 de fevereiro de 1925 ali permanecendo até 08 de janeiro de 1932.

A ALMECE, na noite de 22 de dezembro próximo passado, esteve em festa, quando várias personalidades cearenses foram homenageadas, dentre as quais, os aracoiabenses: Dra. Cleide da Silva Ribeiro Leite- Secretária de Educação de Aracoiaba e o grande Escritor e Advogado Dr. José Alci Paiva (in memoriam), através de sua filha, a Sra. Ângela Maria de Paiva Gondim.

A solenidade contou com a participação do Coro Lírico Alvarus Moreno e Auzeneide Cândido, da Pianista Haydée Campelo, prima da Prefeita de Aracoiaba Dra. Marilene Campelo Nogueira, acompanhada do tecladista Enoque Martins, além do Coral da OAB.

Na oportunidade, a Acadêmica Eliane Arruda fez a apresentação da Revista

Ilustrada da ALMECE-VI Edição.

Uma caravana de aracoiabenses prestigiou o evento, com a participação dos historiadores Jorge Luiz e Artur Ricardo, o Prof. e Escritor Elcimar, a pedagoga Ana Marques e o Diretor da Escola Municipal Otília Alves do Nascimento-Roberto Lopes, acompanhado por um grupo de alunos da escola.

Marcaram presença também as Acadêmicas aracoiabenses: Ana Maria do Nascimento e Rose Mary Santana Matos.

A PRISÃO DE TODOS NÓS

Por Fátima LemosDiretora Pedagógica do Colégio Maria Ester

Membro Efetivo da ALMECE

Um portão fechado por um cadeado, pessoas presas do lado de fora. A prisão das pessoas, naquele momento, ia além daquele cadeado. Tínhamos ali presos políticos, isso mesmo, emprego sob a adesão aos sistemas de poder, um espaço onde o fazer pedagógico é composto de amarras que impedem uma educação nos mais diversos campos do saber. Tínhamos, naquele público, os presos às formalidades e rituais responsabilizados. Os presos por não poderem falar, por não saberem falar, por terem que falar muito, porque são presos aos seus próprios estilos e, ainda, os presos aos postos que ocupam e que deles são reféns.

Corações com cadeados se liam com o poder do pensamento naquela ocasião. Olhares que se entrelaçavam, principalmente entre os sexos opostos. Baús de recordações com velhos cadeados; uns enferrujados pelo tempo, trancados a sete chaves; outros com cadeados resistentes que nenhuma lâmina tem o poder de abri-los. Corações com falsos cadeados, esses são perigosos, arriscam uma falsa liberdade, buscam vasculhar as melodias do amor, trazem à tona um pouco de felicidade e prazer, enganando, quem sabe, o coração ou a razão, ou ainda, enganando os próprios sentimentos.

Quantas amarras viam-se ou sentiam-se ali. Um culto sacerdote preso ao céu pelo seu coração presenciava tudo com olhar sereno, enquanto atendia a todos os cumprimentos com muita presteza e santidade. O Pároco da pequena vila olhava o relógio, estava preso ao tempo, tempo restrito pelas ocupações sacerdotais. Era janeiro, festa do Padroeiro, do santo que recebera as primeiras flechadas de sua morte preso ao tronco de uma árvore. Sentia-se também, a prisão de outros que ali não puderam comparecer.

Um aclamado poeta arrisca-se a colaborar com o rompimento do cadeado, sinal da vontade que é nata dos poeta: de escrever e viver a liberdade, liberdade no mais amplo sentido da palavra. No entanto, eles próprios, os poetas, são reféns de si mesmos, são presos por circunstâncias e muitas vezes escrevem o que não vivem e vivem o que não podem jamais escrever. A prisão do poeta vai além das sete chaves e de sete cadeados. A diferença da prisão de um poeta é que o cadeado, que às vezes prende o seu coração, pode abrir a imaginação dos que conseguem mergulhar na profunda essência de seus poemas.

Talvez, naquele episódio em que vivemos frente ao portão e cadeado fechados, tenha ficado a lição de que devemos abrir os cadeados, lutar contra as amarras e tentar ser feliz.

Rose Mary Santana Matos - representante de Aracoiaba

Mesa diretora da ALMECE, que participou da memorável festa de congraçamento em 2010 tendo como palco PALACIO DA LUZ