janeiro de 2005

38
2 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005 DUAS PALAVRAS Propriedade, Redacção e Administração Federação Nacional dos Professores Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 LISBOA Tels.: 213819190 - Fax: 213819198 E-mail: [email protected] Home page: http://www.fenprof.pt Director: Paulo Sucena Chefe de Redacção: Luís Lobo Conselho de Redacção: António Avelãs e Manuel Grilo (SPGL), António Baldaia (SPN), Fernando Vicente (SPRA), Nélio de Sousa (SPM), Luís Lobo (SPRC), Manuel Nobre (SPZS), Teresa Chaveca (Ensino Superior) Coordenação: José Paulo Oliveira [email protected] | [email protected] Paginação e Grafismo: Tiago Madeira Composição: Idalina Martins e Lina Reis Revisão: Inês Carvalho Impressão: SOCTIP - Sociedade Tipográfica, S.A. Estrada Nacional, nº 10, km 108.3 - Porto Alto 2135-114 Samora Correia Tiragem média: 68 000 ex. Depósito Legal: 3062/88 ICS 109940 O “JF” está aberto à colaboração dos professores, mesmo quando não solicitada. A Redacção reserva- se, todavia, o direito de sintetizar ou não publicar quaisquer artigos, em função do espaço disponível. Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. SINDICATO DOS PROFESSORES DA GRANDE LISBOA R. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 Lisboa Tel.: 213819100 - Fax: 213819199 E-mail: [email protected] Home page: www.spgl.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DO NORTE Edif. Cristal Park R. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 Porto Tel.: 226070500 - Fax: 226070595 E-mail: [email protected] Home page: www.spn.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO CENTRO R. Lourenço Almeida de Azevedo, 20 3000-250 Coimbra Tel.: 239851660 - Fax: 239851666 E-mail: [email protected] Home page: www.sprc.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA ZONA SUL Av. Condes de Vil’Alva, 257 7000-868 Évora Tel.: 266758270 - Fax: 266758274 E-mail: [email protected] SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO AÇORES R. João Francisco de Sousa, 46 9500-187 Ponta Delgada - S. Miguel Tel.: 296205960 - Fax: 296629498 Home page: www.spra.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Edifício Elias Garcia, R. Elias Garcia, Bloco V-1º A - 9054-525 Funchal Tel.: 291206360 - Fax: 291206369 E-mail: [email protected] Home page: www.smembers.netmadeira.com/spm/spm SINDICATO DOS PROFESSORES NO ESTRANGEIRO Sede Social: Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 Lisboa Tel.: 213833737 - Fax: 213865096 E-mail: [email protected] Membros da FENPROF Luís Lobo Pois é! Tiveram o descaramento de vir dizer que a coisa não era bem como se dizia e que afinal o presidente até não tinha razão, pois eles fizeram tudo o que estava ao seu alcance para que as coisas fossem mais de uma maneira do que afinal acabou por ser… e que até estavam a governar em estabilidade com uma maioria segura! Depois vêm para a campanha dizer que devíamos tê-los deixado fazer o que queriam… Então nós andamos para aqui a pensar na melhor maneira de mudar as coisas e deixávamos o país afundar-se, afundar-se! Era o que faltava!… É preciso decidir. Ou sim ou não. As duas coisas é que não pode ser. Vamos esperar mais tempo para ver tudo a correr como tem corrido?! Ainda por cima, mal?! Nem pensar. Eles não Destinatários com nome, num texto sem nomes Que tem de ser assim…!? Isso é qu’era bom! mudam e por isso mudamo-los nós. Mas há sempre aqueles que fazem lindos discursos e prometem mundos e fundos para depois acabarem a dizer sempre a mesma coisa: Que é o destino e que tem de ser assim, dizem uns. Que é melhor para todos que as coisas não mudem muito, dizem outros. Que se tudo corresse como nós queremos que se calhar era mau para a maioria, dizem ainda outros. Qual maioria, perguntamos nós!? A maioria dos que ficam contentes com as coisas como estão ou a maioria dos que até vão atrás do voto que eles pedem, mas que no dia a seguir já andam para aí arrependidos de lho terem dado? Bem… é preciso que fique tudo bem claro e que depois alguns não digam que disseram mas que ninguém os ouviu. Outros a dizer que não disseram porque não tinham a certeza de ser assim. E outros, ainda, a dizer que se soubessem que era importante tinham feito as propostas que queríamos ouvir. Pois é! Porém, “há sempre alguém que nos diz: - Tem cuidado”. E “há sempre alguém que nos faz pensar um pouco”. E que nos apresenta soluções. É tempo de olharmos com atenção e decidirmos em consciência. Vamos esperar mais tempo para ver tudo a correr como tem corrido?! Ainda por cima, mal?! Nem pensar. Eles não mudam e por isso mudamo-los nós.

Upload: jornal-da-fenprof

Post on 24-Mar-2016

263 views

Category:

Documents


38 download

DESCRIPTION

Jornal da FENPROF - Janeiro de 2005

TRANSCRIPT

Page 1: Janeiro de 2005

2 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

DUAS PALAVRAS

Propriedade, Redacção e AdministraçãoFederação Nacional dos ProfessoresRua Fialho de Almeida, 31070-128 LISBOATels.: 213819190 - Fax: 213819198E-mail: [email protected] page: http://www.fenprof.pt

Director: Paulo Sucena

Chefe de Redacção: Luís Lobo

Conselho de Redacção: António Avelãs e ManuelGrilo (SPGL), António Baldaia (SPN), FernandoVicente (SPRA), Nélio de Sousa (SPM), Luís Lobo(SPRC), Manuel Nobre (SPZS), Teresa Chaveca(Ensino Superior)

Coordenação: José Paulo [email protected] | [email protected]

Paginação e Grafismo: Tiago Madeira

Composição: Idalina Martins e Lina Reis

Revisão: Inês Carvalho

Impressão: SOCTIP - Sociedade Tipográfica, S.A.Estrada Nacional, nº 10, km 108.3 - Porto Alto2135-114 Samora CorreiaTiragem média: 68 000 ex.Depósito Legal: 3062/88ICS 109940

O “JF” está aberto à colaboração dos professores,mesmo quando não solicitada. A Redacção reserva-se, todavia, o direito de sintetizar ou não publicarquaisquer artigos, em função do espaço disponível.Os artigos assinados são da exclusivaresponsabilidade dos seus autores.

SINDICATO DOS PROFESSORESDA GRANDE LISBOAR. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 LisboaTel.: 213819100 - Fax: 213819199E-mail: [email protected] page: www.spgl.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDO NORTEEdif. Cristal ParkR. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 PortoTel.: 226070500 - Fax: 226070595E-mail: [email protected] page: www.spn.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDA REGIÃO CENTROR. Lourenço Almeida de Azevedo, 203000-250 CoimbraTel.: 239851660 - Fax: 239851666E-mail: [email protected] page: www.sprc.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDA ZONA SULAv. Condes de Vil’Alva, 2577000-868 ÉvoraTel.: 266758270 - Fax: 266758274E-mail: [email protected]

SINDICATO DOS PROFESSORESDA REGIÃO AÇORESR. João Francisco de Sousa, 469500-187 Ponta Delgada - S. MiguelTel.: 296205960 - Fax: 296629498Home page: www.spra.pt

SINDICATO DOS PROFESSORESDA MADEIRAEdifício Elias Garcia, R. Elias Garcia,Bloco V-1º A - 9054-525 FunchalTel.: 291206360 - Fax: 291206369E-mail: [email protected] page: www.smembers.netmadeira.com/spm/spm

SINDICATO DOS PROFESSORESNO ESTRANGEIROSede Social: Rua Fialho de Almeida, 31070-128 LisboaTel.: 213833737 - Fax: 213865096E-mail: [email protected]

Membrosda FENPROF

Luís Lobo

Pois é!Tiveram o descaramento de vir dizer

que a coisa não era bem como se dizia eque afinal o presidente até não tinharazão, pois eles fizeram tudo o que estavaao seu alcance para que as coisas fossemmais de uma maneira do que afinal acaboupor ser… e que até estavam a governarem estabilidade com uma maioria segura!

Depois vêm para a campanha dizer quedevíamos tê-los deixado fazer o quequeriam… Então nós andamos para aquia pensar na melhor maneira de mudar ascoisas e deixávamos o país afundar-se,afundar-se! Era o que faltava!… É precisodecidir. Ou sim ou não. As duas coisas éque não pode ser.

Vamos esperar mais tempo para vertudo a correr como tem corrido?! Aindapor cima, mal?! Nem pensar. Eles não

Destinatários com nome,num texto sem nomes

Que tem de ser assim…!?Isso é qu’era bom!

mudam e por isso mudamo-los nós.Mas há sempre aqueles que fazem lindos

discursos e prometem mundos e fundos paradepois acabarem a dizer sempre a mesmacoisa: Que é o destino e que tem de serassim, dizem uns. Que é melhor para todosque as coisas não mudem muito, dizemoutros. Que se tudo corresse como nósqueremos que se calhar era mau para amaioria, dizem ainda outros. Qual maioria,

perguntamos nós!? A maioria dos que ficamcontentes com as coisas como estão ou amaioria dos que até vão atrás do voto queeles pedem, mas que no dia a seguir jáandam para aí arrependidos de lho teremdado?

Bem… é preciso que fique tudo bemclaro e que depois alguns não digam quedisseram mas que ninguém os ouviu. Outrosa dizer que não disseram porque não tinhama certeza de ser assim. E outros, ainda, adizer que se soubessem que era importantetinham feito as propostas que queríamosouvir.

Pois é!Porém, “há sempre alguém que nos diz:

- Tem cuidado”. E “há sempre alguém quenos faz pensar um pouco”. E que nosapresenta soluções. É tempo de olharmoscom atenção e decidirmos em consciência.

Vamos esperar mais tempopara ver tudo a corrercomo tem corrido?! Aindapor cima, mal?! Nempensar. Eles não mudam epor isso mudamo-los nós.

Page 2: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 3JANEIRO 2005

SUMÁRIO

20 de Fevereiro:oportunidade soberanapara dar um novo rumoà EducaçãoFENPROF solicitou aos partidospolíticos a clarificação das suaspropostas em termos de políticaeducativa. Conferência de imprensaem Coimbra com Paulo Sucena, AbelMacedo, Mário Nogueira e José FilipeEstevéns

EVOCAR TORGAFENPROF lança concursos para professores e para jovensdo Ensino Secundário36

13

“POBREZA EXTREMA”Um desafio da Organização das Nações Unidasà Comunidade Internacional34

JANEIRO 2005

Educação de Adultos:uma obrigaçãodo próximo Governo

10

CIMEIRA DA FRENTE COMUMTrabalhadores da Administração Públicamobilizados e atentos4CONCURSO DE DOCENTESUma história de triste memória(Anabela Delgado)6PARECER DA FENPROFDespacho Normativo relativo à avaliaçãodos alunos do Ensino Básico8ENSINO PARTICULAR E COOPERATIVO E IPSS’s2004, um ano difícilcom algumas vitórias12ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃOAvança a preparação da Conferência Nacional(11 e 12 de Março, Lisboa)29EDUCAÇÃO ESPECIAL/APOIO EDUCATIVOCombater Reformas de Exclusão(Vítor Gomes)30MUNDOAlgumas notas sobre Educação no Brasil(Mário Nogueira)33

A crueza das baixas taxasde escolarização da populaçãoportuguesa evidencia a ineficáciadas políticas educativas para jovense adultos seguidas por sucessivosGovernos ao longo dos últimos anos.O Encontro que a FENPROF realizouem 26 de Novembro de 2004demonstrou essa realidade e umatendência para se perpetuar

AGENDA CULTURALNão fique em casa! Jazz em Portalegre, concertos de músicaantiga em Lisboa, Alcobaça, Lagos e Penamacor, etc…38

Page 3: Janeiro de 2005

4 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Cimeira da Frente Comum

Administração Pública atenta

MOVIMENTO SINDICAL

A Administração Pública naperspectiva de umanecessária políticaalternativa, os princípios eas reivindicações dasorganizações representativasdos trabalhadores e o actualmomento político, comdestaque para o significadodas eleições de 20 deFevereiro, foram os temascentrais da Cimeira daFrente Comum de Sindicatosda Administração Pública,realizada em Lisboa nopassado dia 26 de Janeiro

Sabemos o que que-remos e sabemos oque não queremosque se perpetue. A 20de Fevereiro os por-tugueses vão eleger230 deputados, não

vão eleger o Primeiro-Ministro. É im-prescindível que as mulheres e homens quevenham a ser eleitos correspondam aosanseios e aspirações de quem trabalha,sublinha o Manifesto aprovado da Cimeira.

A Frente Comum, lê-se mais adiante,está ciente de que os trabalhadores daAdministração Pública não querem “mais domesmo”, não querem uma mera mudançade personagens mas sim uma alternativapolítica. Esta alternativa política terá queassentar não em qualquer pacto de regimesem conteúdo substantivo mas no respeitopela Constituição da República Portuguesae nos direitos dos trabalhadores na mesmaconsagrados.

Salientando que “a AdministraçãoPública é um instrumento estruturante fun-damental para uma política de desen-volvimento económico, social e cultural do

País” , o Manifesto aprovado observa:“A dignificação e democratização da

Administração é também indissociável deuma política que dignifique, valorize erespeite a dignidade pessoal e profissionaldos seus trabalhadores e que não osconsidere como meros “pesos orçamentais”que devem “emagrecer” em nome doequilíbrio orçamental.”

Na verdade, acrescenta a Frente Co-mum, “o problema mais grave que Portugalenfrenta não é o problema do déficeorçamental, como os discursos oficiais e opensamento único pretendem fazer crer,mas sim o problema do crescimentoeconómico, do desenvolvimento do aparelhoprodutivo, da criação de mais riqueza, bemcomo um efectivo combate à fraude e

A Frente Comum considera que asreivindicações constantes da PropostaReivindicativa 2005 se mantêm actuaise que o próximo Governo deverá abrir umefectivo processo negocial.

Em causa estão matérias funda-mentais como a necessidade de umaefectiva valorização dos salários, pensõese demais prestações pecuniárias; dareposição dos direitos referentes àaposentação com a revogação dos diplo-

mas que puseram em causa os direitos dos trabalhadores da Administração Pública;e da revogação da legislação laboral lesiva de direitos (contrato individual de trabalho,lei quadro dos institutos públicos, administração directa do Estado, avaliação dedesempenho).

A estabilidade de emprego com a integração nos quadros, com vínculo de empregopúblico, de todos os trabalhadores que desempenhem funções permanentes,nomeadamente, os trabalhadores em situação precária e em contrato individual detrabalho, é outra reivindicação central da Frente Comum.

A Cimeira de Janeiro chamou ainda a atenção uma vez mais para a necessidadede recondução dos Hospitais SA ao sector público administrativo, de revogação daLei de Bases da Segurança Social; de defesa de uma Escola pública gratuita,democrática e de qualidade; e da revogação de todas as normas gravosas do Códigode Trabalho e da sua regulamentação.

A Frente Comum exige o fim das privatizações quer de serviços e funções quer devínculos laborais, o respeito pelo direito à negociação colectiva e a dignificação dostrabalhadores.

Reafirmar princípios e reivindicações

evasão fiscais do qual resultaria o aumentoda receita tendo em vista uma mais justarepartição do rendimento.”

Como alerta o Manifesto, “diabolizartudo o que é público, sacralizar a gestãoprivada, tem-se traduzido na AdministraçãoPública pela entrega ao poder económicodominante de tudo o que é lucrativo,fazendo recair os custos nos contribuintes,aumentando taxas, propinas, custasjudiciais pondo em causa a universalidadede acesso a serviços públicos impreteríveis,privatizando-os, encarando-os numa lógicameramente lucrativa e de mercado nãoinvestindo na melhoria das condições defuncionamento dos serviços públicos eretirando direitos aos trabalhadores e aosutentes.”

Page 4: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 5JANEIRO 2005

Secretariado Nacional da FENPROFEDITORIAL

JORNAL DA FENPROF 5JANEIRO 2005

país vai a votos. A luta dos trabalha-dores e a pressão dos homens e dasmulheres que se opuseram aogoverno justificaram a mudança deopinião do Presidente da República

e abriram portas à esperança, alimentandoo sonho de poder ver Portugal retomar ocaminho que Abril traçou.

A evidência do desastre da economia,do emprego, da segurança social, daeducação ou da saúde obrigavam a que nãose tomasse outra que não esta decisão, con-tra mesmo os que, no poder, defendiam odireito de continuarem a exercer todas asmalfeitorias que pretendessem.

Temos agora as condições para, serena-mente, fazermos uma retrospectiva dosúltimos anos, das opções políticas de cadaum dos governos, ler o trabalho das oposiçõese decidir sobre o nosso futuro imediato.

Saberemos julgar com justiçaÉ urgente, agora, materializar o

sonho.Por esse motivo, decidiu o Secretariado

Nacional suscitar a todos os Partidos comrepresentação parlamentar que respon-dessem a um leque diversificado masincontornável de questões sobre o futuroda acção dos seus eleitos enquantodeputados ou da sua acção caso venham aformar governo. Não sendo estranho, o PSDe o PP não responderam ao desafio lançado,por ser, talvez, “inconveniente” deixarregistadas as suas opiniões sobre o futurodo código de trabalho, da lei de bases dosistema educativo, da legislação sobre con-cursos, da aposentação, das carreirasdocentes ou das políticas para a admi-nistração pública.

No dia 20 de Fevereiro saberemos julgarcom justiça.

O

Page 5: Janeiro de 2005

6 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

ACTUALIDADE

Concurso de docentes:

ano lectivo 2004/2005 fica marcado nahistória da Educação em Portugal pelaenorme incompetência que os váriosresponsáveis pelo Ministério da Edu-cação manifestaram ao longo de todo oprocesso que conduziu à realização do

concurso nacional de Educadores e Professores.O resultado dessa enorme incompetênciatraduziu-se num enorme pesadelo para umnúmero significativo de docentes, muitos dosquais ainda aguardam a resolução dos problemascriados pela manifesta incompetência eirresponsabilidade das equipas que têm lideradoo Ministério da Educação.

Logo após a divulgação das primeiras listasgraduadas a FENPROF exigiu a sua retirada e asua substituição por novas listas corrigidas.Exigiu igualmente a instauração de umaauditoria externa aos concursos para 2004/05com vista ao apuramento de responsabilidadespolíticas, técnicas e financeiras de todo oprocesso. Perante o caos, a equipa de DavidJustino acabou por ser obrigada não só a “retirar”as listas que inicialmente divulgou como aaceitar uma auditoria que o governo de entãoentregou ao Ministério das Finanças.

À precipitação da equipa de David Justinona “imposição” de um novo diploma de concur-sos que não foi capaz de operacionalizarcorrectamente, seguiu-se a equipa de Maria doCarmo Seabra que tentou fazer crer à opiniãopública que num ápice seria capaz de resolvertodos os problemas criados às escolas e aosdocentes de tal forma que o ano lectivo seiniciaria com normalidade. Prometeu ainda adivulgação dos resultados da auditoria atéDezembro.

Porém, rapidamente ficou patente a dema-gogia desta nova equipa que apesar de todo oespectáculo mediático que ensaiou não foi capazde cumprir os compromissos que assumiu. O anolectivo não se iniciou na data prevista e as listasde colocação de docentes que sucessivamenteforam sendo divulgadas apresentaram sistema-ticamente erros e omissões impossíveis decompreender e muito menos de aceitar. Oprocesso de resposta aos recursos apresentadospelos docentes tem-se arrastado. Entretanto foi--se sabendo que também o prazo para divulgaros resultados da auditoria iniciada no tempo deDavid Justino não era para cumprir.

Perante a pressão da FENPROF, dos docentese da própria opinião pública, Morais Sarmentoacabou por anunciar que seriam finalmentedivulgados os resultados da auditoria... notíciarapidamente desmentida por Maria do CarmoSeabra, com o argumento de que alguns dadosdo relatório seriam confidenciais.

Soube-se entretanto que tais contradiçõesfaziam parte do espectáculo que a Ministra sepropunha colocar no ar: o anúncio em confe-rência de imprensa das conclusões do ditorelatório! A Ministra da Educação foi mesmomais longe: não se dispôs a comparecer naAssembleia da República para prestar esclare-cimentos aos deputados, afirmando mesmo quetal acto não se lhe afiguraria “interessante”!Ignorância? Falta de respeito? Ou simplesmenteprepotência?!

O prazo assumido pelo Ministério daEducação para responder a todos os recursosesgotou-se. Contudo, ainda são vários osdocentes que aguardam resposta ao seuprocesso. Outros há que, ao contrário docompromisso assumido pelo ME de resolverpositivamente todos os casos em que os errosfossem imputáveis exclusivamente aos serviçosdo ministério, se confrontaram com um despachode indeferimento.

Aproxima-se entretanto a data dos concur-sos para o próximo ano escolar. Será ainda estaequipa a responsável pelo processo. Os concur-sos decorrerão num quadro legal alteradopontualmente pela equipa de Maria do CarmoSeabra que desencadeou mais um processo derevisão da legislação (a 2ª revisão de um diplomade 2003). Estas alterações foram aprovadas emConselho de Ministros, antes da data que oMinistério da Educação calendarizou como limitedo processo negocial, não tendo sido introduzidaqualquer das propostas apresentadas pelaFENPROF em sede de processo negocial queefectivamente não ocorreu. O decreto-lei com

as alterações introduzidas está já publicado emDiário da República.

Maria do Carmo Seabra assumiu que nopróximo concurso não seriam abertas novasvagas nos quadros. Há mesmo indícios de queos critérios utilizados para o levantamento donúmero de lugares dos quadros de escola para opróximo ano, foram “pensados” para justificar adecisão de encerrar “administrativamente” maisalguns milhares de lugares de quadro de escola!Esta será provavelmente “a grande decisãopolítica” da Ministra da Educação que osdocentes, os estudantes e a escola portuguesanão merecem!

A FENPROF exige rigor e transparência emtodo o processo de colocação dos docentes. Oprocesso de concurso para recrutamento dedocentes é um acto de gestão de carácteressencialmente técnico. Como tal, os respon-sáveis pela sua execução têm o dever de oconduzir com competência e eficácia, evitandoque se transforme em notícia pelos pioresmotivos!

Em nome da defesa da Escola Pública, osdocentes e os portugueses em geral exigem queo próximo ano escolar se inicie e decorra comtoda a normalidade. Como contribuintes, osdocentes e os portugueses em geral exigem oesclarecimento cabal sobre responsabilidades eincidências no erário público do processo dopresente ano. A FENPROF está efectivamenteempenhada neste processo. Para o efeito fez jáchegar à Comissão de Inquérito, a seu pedido,todos os elementos de que dispõe para ajudarao apuramento da verdade como se impõe.

Anabela Delgado (Secretariado Nacional da FENPROF)

OUma história de triste memória

A questão dos concursos tem merecido da FENPROFe dos seus sindicatos uma atenção permanente,intervindo em defesa da legalidade e dos legítimosdireitos dos educadores e professores

Page 6: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 7JANEIRO 2005

a reunião convocada pelo Director-Geral dos Recursos Humanos da Educação oMinistério fez o balanço final da apreciação aos recursos hierárquicos apresen-tados pelos docentes relativamente ao concurso para 2004/2005.

Dos cerca de 9.500 processos apresentados, o ME informou que apenas cerca de 5dezenas aguardam ainda análise. Contudo, a FENPROF verifica que o número de

docentes que aguardam ainda resposta aos recursos apresentados é bastante superior ao númeroapresentado pelo Director-Geral, como sublinha uma nota entretanto divulgada pelo SecretariadoNacional da Federação.

Para além da falta de notificação aos docentes, a FENPROF constata que algumasrespostas favoráveis dadas aos recursos estão incompletas, na medida em que não é dadainformação sobre a situação concreta do docente (número de graduação em função daapreciação favorável feita e/ou colocação obtida).

O Ministério da Educação, constatando o atraso na notificação aos docentes, informouque até ao dia 17 de Janeiro todas as notificações seriam enviadas, o que acaba porrepresentar mais algum atraso na conclusão do processo.

Em nome da total transparência do processo global, a FENPROF exigiu ainda aexplicitação do tipo de resposta (provimento ou negação do mesmo) dada aos 9.500 recursosapresentados e a divulgação da lista definitiva de graduação resultante das correcçõesque se impõem após a análise de todos os recursos.

Balanço final da apreciação dos cercade 9.500 recursos hierárquicos

no alvo

“A FENPROF foi surpreendida pela decisãoinsólita do Conselho de Ministros de aprovarum decreto-lei visando a criação da Univer-sidade de Vale de Sousa, a partir da transfor-mação dos actuais Instituto Superior deCiências da Saúde Norte e Instituto Politécnicode Ciências da Saúde Norte, cuja entidadetitular é a CESPU. Não porque desconheçatoda uma teia de interesses e influências quehá longos anos se move nesse sentido, maspor esta resolução ser tomada por um Governode gestão e à revelia de todos os princípiosque vinham a ser afirmados pelo ministérioda tutela”, sublinha uma nota de imprensadivulgada recentemente pelo Departamentodo Ensino Superior da FENPROF.

Depois de lembrar que “o Governo é degestão” e que “o Ensino Superior não está(nunca poderá estar) em época de saldos”, aFENPROF realça mais adiante:

“A aprovação deste diploma, preparado como envolvimento directo do Primeiro-Ministro eda Ministra da Ciência, Inovação e Ensino Su-perior, só pode ser entendida como uma medidade claro favorecimento de uma instituiçãoprivada, visando fins eleitoralistas.”

Acrescenta a nota do Departamento do Su-perior, assinada por Mário Carvalho:

“Depois de um convite à reflexão promo-vido pelo MCIES sobre o futuro do Ensino Supe-rior e uma estratégia para a excelência, estanotícia da criação da Universidade de Vale deSousa surpreende pelo insólito. Uma instituiçãocom formação numa única área do conhe-cimento e onde não é conhecida actividade deinvestigação é “graduada” em universidade porum Governo de gestão que afirma que há umaurgente necessidade de regulação do sistema eque é imprescindível um grande rigor naatribuição de um estatuto institucional(universitário ou politécnico) na matriz geral.”

Perante este quadro, a FENPROF esperanaturalmente que o Presidente da Repúblicanão venha a promulgar o injustificável decreto--lei que visa criar a referida Universidade.

Insólita resolução do Conselhode Ministros de um Governode gestão...

Universidadede Vale de Sousa?

Faleceu João Avelino da Rocha Cunha Serra, presidente doConselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e antigobastonário da Ordem dos Engenheiros. Contava 86 anos.

Cunha Serra presidia há mais de três décadas à direcçãonacional do CPPC e ocupou os cargos de bastonário da Ordemdos Engenheiros, entre 1974 e 1976, de inspector-geral dosCorreios e Telecomunicações, de presidente do conselho degerência dos CTT e de vereador da Câmara Municipal de Lisboa

pela Aliança Povo Unido (APU), entre 1978 e 1989. Foi ainda dirigente do MDP/CDE eda Intervenção Democrática. “A sua vida pautou-se por uma luta constante na defesados valores da democracia, da solidariedade e da paz. O seu desaparecimento constituiuma enorme perda em Portugal e no estrangeiro”, salienta o CPPC, em comunicado.

À família e particularmente ao dirigente do SPGL e da FENPROF, João Cunha Serra,docente do Instituto Superior Técnico, o JF apresenta, em nome da Federação, sentidascondolências.

JORNAL DA FENPROF 7

Faleceu o Engº João Cunha Serra, Presidente do CPPC

N

Page 7: Janeiro de 2005

uma apreciação geral ao DespachoNormativo nº 1/2005 (avaliaçãodos alunos do básico), a FENPROF,em documento divulgado pelo seuSecretariado Nacional em 14 de

Janeiro, chama a atenção para os seguintesaspectos:

O despacho normativo é, no essencial,a adaptação do anterior diploma, produzidopelo último governo do PS, o DespachoNormativo n.º 30/2001, de 19 de Julho, aonovo mecanismo da avaliação sumativaexterna para os alunos do 9.º ano - arealização de exames nacionais a LínguaPortuguesa e Matemática.

A versão final, apesar de introduzir oconceito de avaliação diagnóstica, que tinhasido expurgado na primeira versão, agrava, noentanto, muito mais significativamente oprimeiro texto, ao introduzir a retroactividadeda avaliação aos três anos do ciclo, a ser incluídanos exames de Português e Matemática.

Para além disso, é manifestamente ilegalseleccionar os alunos que se podemcandidatar a este exame obrigatório,excluindo aqueles que, mesmo dentro daidade de frequência do Ensino Básico,tenham excedido o número de faltaspermitido e aqueles que não tenhamconseguido uma avaliação sumativa internapositiva (salvo se já tiverem alcançado aidade limite de frequência do Ensino Básico).

Ou seja, prova-se que os exames servirãopara reter os alunos ou para aferir as notasda avaliação sumativa interna que foirealizada pelas escolas. Servirão, também,para a elaboração de rankings das escolasdo Ensino Básico, à semelhança do que jáacontece com as do Ensino Secundário. Eserão certamente utilizados para introduzirlógicas externas de avaliação do desem-penho dos professores.

Os objectivos pretendidos pelo actualgoverno demissionário - aumentar aselectividade e a exclusão da frequência dos

Ensinos Básicos e Secundário de umcrescente número de alunos - nada têm aver com a credibilização do sistema, antespretende destruir a base ao actual sistemade avaliação dos alunos do ensino básico,de carácter formativo e contínuo.

Esta alteração agora introduzida é,também, completamente desajustada àrealidade do nosso sistema educativo, pormotivos de natureza sociológica, pedagó-gica e até decorrentes do modo caóticocomo foi iniciado o presente ano lectivo.

Com efeito, tendo em consideração asmais recentes estatísticas da Educação, astaxas de insucesso escolar, no Ensino Básico,são já anormalmente elevadas no 3.º ciclo,em relação aos outros dois ciclos anteriores,as taxas de abandono escolar, no mesmosegmento, continuavam ainda na casa dos25%, no ano de 2001.

O previsível efeito da introdução dosexames seria o aumento das taxas deinsucesso e de abandono escolar e atransformação do último ciclo do EnsinoBásico numa rampa de selecção para arestrição do acesso ao Ensino Secundário,num país em que cerca de 45% dos jovens,entre os 18 e os 24 anos, não concluíram oEnsino Secundário e já não se encontrammatriculados no sistema educativo.

No plano pedagógico, é uma mons-truosidade técnica e científica, afirmar-seque “a avaliação formativa é a principalmodalidade de avaliação do ensino básicoe assume carácter contínuo e sistemático”se, depois disso, se atribui o peso de 30%(que este ano seria excepcionalmente de25%) a uma única prova de avaliaçãosumativa para classificar o trabalhodesenvolvido ao longo de três anos lectivos(excepcionalmente, este ano incidirá apenassobre os programas do 9.º ano).

Acresce ainda, que se prevê que estaprova de avaliação sumativa externa,revestindo a forma de exames nacionais a

Despacho Normativo nº 1/2005relativo à avaliação dos alunosdo Ensino Básico

Parecer da FENPROF

N

AVALIAÇÃO

Língua Portuguesa e a Matemática, sejarealizada já no corrente ano lectivo,marcado por um caótico processo decolocação de docentes, que teve comoconsequência um número de unidadeslectivas efectivamente não dadas em muitasescolas do país, em muitas disciplinas.

Por consequência, tal ter-se-á verifi-cado, também, a Língua Portuguesa eMatemática, por razões meramente impu-táveis ao M.E., que se coloca no lugar de virexigir agora, que todos os alunos seapresentem a exame como se estivessemem igualdade de circunstâncias para vir arealizar essas provas nacionais.

Face aos projectos educativos jáaprovados pelas escolas, a introdução - ameio do ano lectivo - da obrigatoriedadeda realização de exames nacionais é umfactor de perturbação, podendo vir a tercomo possível resultado o reforço dapreparação selectiva dos alunos nasdisciplinas de Língua Portuguesa e Mate-mática, com prejuízo do trabalho realizadonas outras disciplinas e no próprio projectoglobal de escola.

Por todas estas razões, a FENPROF estácontra a introdução destas provas de

8 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Page 8: Janeiro de 2005

avaliação sumativa externa, defendendo talcomo se prevê no restante articulado doprojecto de diploma, em relação às outrasdisciplinas, a realização de provas globais atodas as disciplinas, dentro do âmbito daavaliação sumativa interna, no final do 9.ºano de escolaridade, concordando igual-mente com a atribuição do peso de 25%que lhes é atribuído no âmbito da classi-ficação final de cada disciplina.

Para a avaliação externa do sistema aFENPROF entende que esta deve ser feita,não só por uma inspecção pedagógica,dotada de meios para o efeito, como aindapela realização de provas de aferição, poramostragem, no ano terminal de cada umdos três ciclos do Ensino Básico.

Entretanto, numa apreciação já naespecialidade, a FENPROF observa:

Modalidades de Avaliação - De facto,como já foi referido na primeira parte destedocumento, a introdução da modalidade daavaliação sumativa externa foi a principalnovidade deste projecto de diploma, queretoma a revisão da revisão curricular feitapelo último governo do PS, sem que se consigavislumbrar, por detrás das medidas oraintroduzidas, como é o caso dos exames,qualquer fundamentação ou consideraçõesteóricas justificativas da introdução dessamedida avulsa e contraditória com o esquemaglobal da avaliação dos alunos já estatuído.

Com efeito, lê-se e relê-se o preâmbulodo texto e não há um único fundamento,ou justificação técnica, para a introduçãodos exames, o que não deixa de sersignificativo quanto à posição do legislador,que está apenas preocupado em introduziruma medida de carácter claramentepolítico, ao arrepio de qualquer fundamen-tação ou considerações que a pudessemenquadrar ou justificar.

Apoios Educativos - Aquilo que poderiaser considerado mais inovador no projecto

do diploma (uma vez que o anterior não ocontemplava) embora estivesse ferido porconsiderações teóricas à Monsieur de LaPalice - como por exemplo quando seescrevia no anterior ponto 73 do projectoinicial deste documento: “A prática peda-gógica tem demonstrado que a superaçãodas dificuldades de aprendizagem de grandeparte dos alunos se tem revelado muito maiseficaz mediante o recurso a metodologiase estratégias diversificadas introduzidas noquotidiano da sala de aula do que a apoiosadicionais” - foi retirado na versão final dodespacho normativo, o que não deixa de sersignificativo, em termos negativos, estamanifestação de desinteresse pela resoluçãodos problemas dos alunos com necessidadeseducativas especiais, por parte do governo.

Diploma e Certificado de Estudos - Amesma hipocrisia parece estar patente naatribuição, segundo prevê este projecto dediploma, de duas modalidades de certi-ficação aos alunos que frequentam o EnsinoBásico: o “diploma”, no caso de obteremaprovação na avaliação sumativa final do3.º ciclo, ou um “certificado” do cumpri-mento da escolaridade obrigatória, quandoo aluno atinge a idade limite da escolaridadeobrigatória sem aprovação ou avaliaçãosumativa final do 9.º ano.

A FENPROF entende que existe nestasmedidas propostas (aliás na sequência do ante-rior diploma) um claro desrespeito, quer pelaConstituição da República Portuguesa, quer pelaLei de Bases do Sistema Educativo, a Lei 46/86,onde pontifica que a escola deve proporcionarigualdade de oportunidades aos alunos quer noacesso, quer no sucesso escolares.

Estamos perante uma formulação queinstitucionaliza uma clara discriminação dosalunos quanto à possibilidade de obteremsucesso escolar, ou que claramente incen-tiva à desistência de virem a ter sucesso naescola e que este projecto de diploma parece

querer reforçar, dando a ideia de que se querver livre deles no sistema educativo logoque atinjam o limite de idade para afrequência escolar obrigatória.

A retenção - Também este diploma vemcercear a autonomia das escolas e dos seusórgãos quando institui medidas centraliza-doras quanto ao processo de retenção dosalunos, que fica agora obrigatoriamentedependente da aprovação em LínguaPortuguesa e Matemática. A própriapossibilidade dos encarregados de educaçãocontestarem a classificação atribuída aosseus educandos só é possível no últimoperíodo lectivo, o que se nos afigura umalimitação pouco razoável.

Conclusão

Em jeito de conclusão, a FENPROFsublinha um conjunto de aspectos funda-mentais, começando por lembrar quecontestou o modo como foi lançada, no anolectivo de 2001/2002, esta revisão curricu-lar do Ensino Básico, devido ao facto de nãoterem sido criadas previamente condiçõesnas escolas para que ela viesse a ter sucesso,numa clara opção de privilegiar a decisãopolítica de a lançar e deixando o ónus àsescolas de criar, ou não, as condições para apôr em prática com um mínimo de sucesso.

O que estes dois últimos governosfizeram, antes mesmo de se completar umciclo completo de estudos, dado que apenasse entrou no seu terceiro ano lectivo, e an-tes mesmo de se proceder a qualqueravaliação da mesma e das condições em queela foi lançada, é claramente uma revisãode alguns dos seus aspectos estruturantes,ao diminuir de dois para um os docentesque acompanham as áreas curriculares nãodisciplinares de Projecto e Estudo Acom-panhado e, agora, com a introdução dadecisão política neo-conservadora dos

JORNAL DA FENPROF 9JANEIRO 2005

Os objectivos pretendidos pelo actualgoverno demissionário - aumentar aselectividade e a exclusão da frequência dosEnsinos Básicos e Secundário de umcrescente número de alunos - nada têm aver com a credibilização do sistema, antespretende destruir a base ao actual sistemade avaliação dos alunos do ensino básico,de carácter formativo e contínuo

Page 9: Janeiro de 2005

10 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

EDUCAÇÃO DE ADULTOS

exames a Língua Portuguesa e Matemática,no 9.º ano, retomando uma prática extintahá mais de 20 anos, sem que se tivessepromovido qualquer debate prévio sobre asvantagens desta medida.

Para além disto o novo despachonormativo vem criar uma situação insusten-tável, tanto jurídica como pedagogica-mente, ao prever reuniões de avaliação jáno próximo mês de Fevereiro para asdisciplinas semestrais do 7.º e 8.º anos.

O próprio facto da actual titular do M.E.ter anunciado, na Assembleia da República,nos inícios de Outubro, a decisão políticade proceder a uma nova revisão curricular,

em-se apostado em modelos avulsos,experiências inconsequentes, impor-tação de sistemas que não se ade-quam à realidade portuguesa, ou,pior, já falharam nos países onde serealizaram.

Generalizam-se modelos, por vezesúnicos, que conduzem ao insucesso damaioria da população adulta que os fre-quenta. O exemplo mais claro desta situaçãofoi a generalização do Sistema de Ensino por

Uma obrigação do próximo GovernoUma nova política de Educação de Adultos

António Anes (Secretariado Nacional da FENPROF)

A crueza das baixas taxasde escolarizaçãoda população portuguesaevidencia a ineficáciadas políticas educativaspara jovens e adultosseguidas por sucessivosGovernos ao longo dosúltimos anos.O Encontro de QuadrosEducação de Adultos quea FENPROF realizou em 26de Novembro de 2004demonstrou essa realidadee uma tendência para seperpetuar. O afastamentoem relação à União Europeiaquer a 15, quer a 25é dramático.

T

com o reforço da Língua Portuguesa e daMatemática (e quiçá, das Ciências daNatureza, que entretanto parece ter deixadocair), só pode significar que o entendimentodeste governo, a respeito das medidas depolítica educativa e das reformas curricu-lares, tem apenas uma posição meramenteeconomicista e instrumental, privilegiandoa intervenção avulsa, em detrimento doestudo, da análise, da avaliação e daponderação que estas políticas deveriammerecer. E não deixa de ser sintomático queesta visão neo-conservadora tenda aaproximar o entendimento dos 9 anos doEnsino Básico, do “ler, escrever e contar”

dos 4 anos da escola básica salazarista,funcionando ao arrepio de qualquer escolademocrática, quando pretende logo à partidatransformar o Ensino Básico, que devia sergeneralizado universalmente e tenden-cialmente gratuito, num ciclo com um graude selectividade semelhante à existente doEnsino Secundário, o que contraria todos osprincípios e objectivos estabelecidos na Leide Bases do Sistema Educativo, relativamentea este ciclo de ensino.

A FENPROF irá exigir aos partidospolíticos, agora em pré-campanha eleitoral,uma tomada de posição sobre esta questãodos exames do 9.º ano.

Unidades Capitalizáveis (SEUC) ao 3º ciclo doensino básico e ao secundário na década de90 do Século XX. O mais recente é a genera-lização do sistema de módulos no ensinosecundário sem os programas homologados,com uma burocratização excessiva namodalidade não presencial, com uma cargahorária inadaptada...

Insiste-se num único modelo de U.C. no3º Ciclo com níveis de insucesso e abandonovárias vezes divulgados.

Page 10: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 11JANEIRO 2005

Correlaciona-se o insucesso dos jovens eadultos com desperdícios económicos e comoconsequência encerram-se os cursos deensino recorrente em dezenas de escolaspúblicas afastando mais uns milhares dapossibilidade de continuar/concluir estudos.

Confunde-se o abuso oportunista dealguns alunos/escolas da utilização do ensinorecorrente, para cuja solução bastaria aeficácia da IGE, com a totalidade dapopulação adulta que estuda, castigando-acom processos intimidatórios e penalizaçõesdesnecessárias.

Aplica-se absurdamente o regime de faltasdo ensino regular a jovens e adultos quetrabalham e têm, por norma, vida familiar.

Este esboço caracterizador da situaçãoda Educação de Adultos em Portugal colocaos Partidos Políticos (estamos em campanhaeleitoral) e toda a comunidade educativaperante a responsabilidade de proporsoluções capazes de inverter as baixas taxasde escolaridade e os baixos níveis dequalificação dos portugueses. Soluções quenão poderão ser avulsas, destituídas dequalquer ligação entre elas, sem coerênciapolítica, mas sim sustentadas em metasrealistas e consequentes.

Neste sentido foi relevante a realizaçãodo “Encontro de Quadros de Educação deAdultos em Portugal” pela FENPROF em 26de Novembro de 2004, atrás referido, cujasintervenções serão objecto de um cadernoda FENPROF a publicar brevemente e quepoderão constituir um excelente contributopara a definição de uma política educativade adultos a seguir pelo próximo Governo.

Gostaria, no entanto, de antecipar algunstópicos que, na minha modesta opinião,poderão contribuir para uma nova políticade educação de adultos.

1. Um conceito de educação de adultosque não se restrinja à formação parasustentáculo do mercado de trabalho.

As propostas neoliberais têm falhado aojulgar que a educação tem como fim único aqualificação da mão de obra para sustentaro desenvolvimento económico e social emPortugal. A educação de adultos tem que servista, para além disso, como um “instrumentopara a democracia” visando o combate àiliteracia e a qualificação nas suas váriasvertentes: profissional, social, cultural epessoal e assuma o reforço de identidadenacional.

2. Instituição de metas significativas deníveis de escolaridade e qualificação capazesde nos aproximar dos níveis europeus.

Os dados apresentados nos quadros sãoexemplarmente demonstrativos da neces-sidade de melhorar o nosso desempenhoneste domínio:

- A baixa alteração dos níveis deescolaridade da população entre 1991 e 2002(ver quadro 1)

- O afastamento brutal entre os níveisde escolaridade de Portugal na UniãoEuropeia, e particularmente significativo o

PAÍSESPortugalGréciaEspanhaItáliaIrlandaFrançaSuéciaOCDE

Inf.12.º86%49%78%72%53%49%31%45%

1991População

12.º8%37%12%22%27%36%44%37%

2002População

superior7%14%10%6%20%15%25%18%

Inf.12.º80%29%58%54%40%35%18%33%

12.º11%45%17%36%35%41%49%44%

superior9%26%24%10%25%24%33%23%

2002-1991

Inf. 12.º-6%-20%-20%-18%-13%-14%-13%-12%

UE15PORTUGALRep. ChecaEstóniaLetóniaLituâniaHungriaPolóniaEslovéniaEslováquia

35,4%79,4%12,2%12,5%17,4%15,2%28,6%19,2%23,2%14,2%

BásicoPAÍSES

Nível de Educação - 2002% da população com ensino

Abandono escolar - 2002

Secundário Superior Pop. 18/24

42,9%11,3%76,0%57,9%63,1%40,7%57,3%68,6%62,1%75,0%

21,8%9,4%11,6%29,6%19,6%44,6%14,1%12,2%14,8%10,8%

18,8%45,5%5,5%12,6%19,5%14,3%12,3%7,6%4,8%5,6%

Fonte EUROSTAT

População empregada commenos de 34 anos

% da população total empregadacom menos de 34 anosGRUPOS/NÍVEIS

PortugalEnsino Básico1º ciclo2º ciclo3º cicloEnsino secundárioEnsino médioEnsino superior

1.950.191952.243222.012416.466313.765607.311

2.380379.409

100,0%48,8%11,4%21,4%16,1%31,1%0,1%

19,5%

Alteração do nível de escolaridade da população entre 1991 e 2002

Sintese da situação (grave) de Portugal na UE25 relativa a níveis de escolaridade

Baixa escolaridade tende a perpetuar-se em Portugal - Censo de 2001

Quadro 1

Quadro 2

Quadro 3

Quadros retirados da comunicação de Eugénio Rosa, no Encontro sobre Educação de Adultos daFENPROF, realizado em 26 de Novembro de 2004, em Lisboa

afastamento dos novos países da UE (verquadro 2)

- A perpetuação da baixa escolaridadeda população portuguesa (ver quadro 3)

3. Uma visão integral e global daEducação de Adultos

Page 11: Janeiro de 2005

12 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Ensino Particular e Cooperativo eas Instituições Particulares deSolidariedade Social é um sectoronde as dificuldades são muitase as conquistas relativamente

pequenas. Um sector que se caracterizapela existência de um conjunto significa-tivo de entidades patronais que teimamem não respeitar os mais elementaresdeveres para com os seus trabalhadorese que têm gozado da complacência deum governo sempre disposto a fechar osolhos às arbitrariedades dos patrões.

Felizmente nem todos podem sermedidos por esta bitola. Mas o facto dealguns mancharem a reputação de todoum conjunto deveria igualmente merecera reflexão daqueles patrões que não serevêem nesta caracterização.

É, pois, no quadro destas dificuldadesque se deve fazer o balanço do que foi oano 2004 no sector do Ensino Particular.

Em primeiro lugar refira-se que aFENPROF conseguiu, após negociações noâmbito do Ministério do Trabalho e nasequência de um seu pedido para nego-ciações arbitradas, corrigir alguns dosaspectos mais gravosos do Contrato Co-lectivo de Trabalho de 2003/2004, assinadopor outras organizações sindicais. Apósestas negociações, iniciámos e concluímosas negociações do CCT para 2004/2005.Apesar de ainda estarmos longe, paraalgumas categorias de professores, donosso objectivo estratégico de equiparaçãodos vencimentos entre os professores doEPC e do Público, a verdade é que algunspassos decisivos têm sido dados nestesentido.

No âmbito das IPSS’s, foi negociado eacordado com a Confederação Nacionaldas Instituições de Solidariedade (CNIS –anterior UIPPSS’s) um Contrato Colectivode Trabalho que contém aspectos extra-ordinariamente positivos para o sector. Noentanto, apesar da palavra dada e de atéter divulgado pelos seus associados, aCNIS voltou com a palavra atrás e nãoquis assinar o acordado em sede negocial.Este é um exemplo claro da prepotênciaque reina neste sector.

ENSINO PARTICULAR E COOPERATIVO E IPSS’S

2004, um ano difícilcom algumas vitórias

Com a União das Misericórdiasassinámos um protocolo que contemplamuitas das nossas reivindicações e quese encontra em fase de aplicação.

Contudo, a maior parte do nossoesforço tem sido dirigido para o trabalhoparticularmente com as educadoras dosjardins de infância das IPSS’s no sentidodo cumprimento dos termos do Protocolode Cooperação assinado entre o governose as IPSS’s e que determina o pagamentoàs educadoras com base na tabela doEnsino Particular e Cooperativo. E nestecapítulo, muito se tem conseguido, masmuito falta ainda fazer.

Finalmente uma palavra para a totalomissão do Governo e do ME no querespeita às velhas reivindicações do sec-tor sobre o complemento de formação, aprofissionalização em serviço, a contagemdo tempo de serviço, entre outrosproblemas levantados pela FENPROF. Parase ter a verdadeira dimensão destaomissão basta referir que o ME nuncarespondeu a nenhuma das diversassolicitações que lhe fizemos para arealização de uma reunião...

O

Todos os modelos, todas as propostasactuais terão que ser repensadas de umaforma coerente e com objectivos claros. Apulverização actual de diferentes modelos,diferentes currículos, diferentes exigências...é insustentável.

4. Sustentar a educação de adultos nasescolas públicas

Independentemente dos protocolos arealizar com entidades privadas e com outrasintituições públicas, a educação de adultosdeverá centrar-se nas escolas públicas,aproveitando os recursos físicos e humanosnela existentes e potenciando a rede escolarpública para atrair os jovens/adultos a voltara estudar.

O conceito de escola como espaço únicopara jovens está ultrapassado. As escolasterão que se constituir como pólos deeducação e formação contínua que sirva todaa comunidade da área geográfica onde seencontra inserida.

5. O Governo deverá constituir incentivosàs empresas e aos trabalhadores de forma aprovocar a frequência do ensino recorrente,dos cursos de educação e formação, deformação contínua, do ensino superior.

6. Alargar a possibilidade às escolaspúblicas de se constituirem em Centros deReconhecimento de validação e certificaçãode competências (CRZCC) como garante querda sustentabilidade financeira deste modelo,mesmo quando terminarem os fundoseuropeus, quer de combater o desperdício derecursos humanos que se verifica em váriasescolas e potenciar a entrada de jovensprofessores para o mercado de trabalho,actualmente muito dificultada.

7. A Instituição de modelos de educaçãode adultos que tenham em conta a especi-ficidade dos vários públicos-alvo queassentem em matrizes curriculares e cargashorárias adaptadas a esses públicos mas quepermitam o mesmo grau de exigência entreelas e possibilitem a integração noutrosmodelos e o prosseguimento de estudos.

8. Assunção por parte das escolas darelevância do Ensino Recorrente valori-zando-o como uma componente essencial daoferta educativa na sua região.

O “desprezo” a que tem sido votado namaioria das escolas é, na realidade, um dosfactores do insucesso que se tem verificadoneste subsistema de ensino.

Como nota final gostaria de lembrar queo novo sistema de módulos instituído noEnsino Secundário, neste ano lectivo, tempotencialidades, independentemente do seumau lançamento. Ajudar a FENPROF a avaliá-lo será, com certeza, um contributo que todosos professores que leccionam nesta moda-lidade podem dar no sentido de questionar onovo Governo sobre alterações a fazer.

Page 12: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 13JANEIRO 2005

Federação Nacional dos Professores

Depois de preencher,

recortar pelo picotado

e enviar para a morada

do respectivo sindicato

Page 13: Janeiro de 2005

14 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Page 14: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 15JANEIRO 2005

Federação Nacional dos Professores

Depois de preencher,

recortar pelo picotado

e enviar para a morada

do respectivo sindicato

Page 15: Janeiro de 2005

16 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Page 16: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 17JANEIRO 2005

FENPROF solicitou aos partidos políticosa clarificação das suas propostasem termos de política educativa

20 de Fevereiro: uma oportunidade soberanapara dar um novo rumo à Educação em Portugal

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

JORNAL DA FENPROF 17JANEIRO 2005

Secretariado Nacional da FENPROFdecidiu disponibilizar aos partidoscom representação parlamentar oespaço do Jornal da FENPROF pararesponderem a um naipe de ques-

tões importantes para os professores eeducadores. Fê-lo com a consciência de queos docentes portugueses não podem votarno escuro. Devem conhecer as soluções dasdiversas candidaturas. Necessitam de sabercom o que contam.

Porém, nem todas as forças políticasquiseram aproveitar o “tempo de antena”que lhes foi sugerido. Por esta ordem,apenas o PCP, o PS e o BE aceitaram edisponibilizaram tempo e pessoas das suas

chegou a hora de dizer não a mais adia-mentos do sonho. As respostas estarão aí?Competirá a cada um de nós analisar edecidir.

A FENPROF divulga ainda uma análiseda situação do sistema educativo e odiagnóstico sobre algumas das suasprincipais deficiências e anomalias. Pre-tende, assim, de forma consciente, forçaro debate sobre uma matéria que temestado tão arredada dos discursos políticosdesta fase de pré-campanha, da maiorparte dos partidos, particularmente dos dogoverno.

O Conselho de Redacção

candidaturas para satisfazerem a naturalcuriosidade política de 150.000 portu-gueses.

Esta edição do JF sai, por isso, em tempoútil. Para que todos possam avaliar asdiversas propostas dos que também enten-deram ser importante dar uma palavra aosprofessores e educadores portugueses e, porvia deles, também às suas famílias.

A Educação e a profissão docente vivemmuitos problemas causados por sucessivasgovernações que optaram sempre por pôr oacessório à frente do inadiável, por tomar aeducação por uma despesa e não tratá-lacomo um investimento.

Entendem os docentes portugueses que

O

O documento “Contributospara uma nova políticaeducativa, elaborado peloSecretariado Nacional daFENPROF, foi apresentado nodia 18 de Janeiro, emconferência de imprensarealizada em Coimbra.Participaram: Paulo Sucena,Secretário Geral da FENPROFe Presidente do SPGL; AbelMacedo, Coordenador doSPN; Mário Nogueira,Coordenador do SPRC; e JoséFilipe Estevéns, Presidentedo SPZS

Page 17: Janeiro de 2005

18 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

O erro principal que enformou asmúltiplas reformas, abertas ou maisdissimuladas, que vêm caindo sobre o tecidoeducativo português aos seus diversosníveis, principalmente desde 1986 (Lei deBases do Sistema Educativo) para cá,consiste em tentar desfazer o que está feito,fazendo de outra maneira, sem acautelarnunca a devida avaliação das soluções jáno terreno, capaz de alimentar diagnósticoscorajosos que abram perspectivas paramudanças sólidas, sustentadas e partici-padas, através de soluções políticasfortemente consensualizadas.

A preocupação de fazer diferente, quetem caracterizado a acção das equipaseducativas chegadas ao poder, tem resul-tado na multiplicação de factores deperturbação sobre a vida escolar em vez decriar dinâmicas de mudança mobilizadorasdos parceiros sociais que interagem nocampo educativo. E, no entanto, é sabidoque mudanças significativas e profundas emeducação que não contem com o envol-vimento, o apoio e o empenhamentodaqueles que têm que lhes dar corpo,principalmente dos professores, estãocondenadas ao fracasso.

No nosso país, à pergunta de quantos e

quais foram os governos que se preocuparamseriamente em primeiro ganhar estes apoiose depois lançar as reformas que compunhamas suas bases programáticas, a respostatende, significativamente, para zero.

Numa altura em que se desenham nohorizonte mais próximo mudanças políticasresultantes da consulta eleitoral de 20 deFevereiro próximo, a FENPROF entende quetais erros não serão de cometer de novo,qualquer que seja a solução política saídadas próximas eleições legislativas.

Não é que não seja nosso entendimentoque estejamos a viver ainda o período maisobscuro e complicado das ofensivas que,periodicamente, vão sendo desenvolvidaspara impedir o caminho da construção deuma escola efectivamente democrática paratodos os portugueses. A FENPROF sempredenunciou, com firmeza, substância epormenor, as políticas neoliberais prosse-guidas nos últimos anos e que se acen-tuaram com os dois últimos governos quelevaram a cabo uma política educativa decariz marcadamente conservadora eneoliberal, numa linha de subversãocompleta do sistema educativo constitu-cionalmente sustentado que tem conse-guido sobreviver aos múltiplos ataques de

1. Caracterizaçãoda situação educativa

O estado de crise permanente em queparece condenada a viver a Educação nonosso país, matizado com a sucessivaperspectiva de reformas, de maior ou menordimensão, tantas vezes avulsas e des-conexas, ao sabor das alternâncias políticasque vêm ocupando o poder de há muitosanos para cá, fazem com que a EscolaPública em Portugal vá sendo empurradapara caminhos de descrédito e pro-gressivamente desvalorizada sob a visão dosdefensores de menos Estado que mais nãoé do que um falso garante de políticas sociaispretensamente ao serviço de uma maiordemocratização da vida em sociedade.

A dimensão desta crise é, de facto,grande e duradoura, assente em razõesdiversas; é multifacetada e complexa,intrínseca mas simultaneamente extrínsecaà realidade escolar, e exige uma avaliaçãoséria, consistente e coerente por parte detodos os que se preocupam com o papel daEducação no desenvolvimento do nossopaís, um desenvolvimento que comporteuma vertente social forte, com ele inequivo-camente imbricada.

Contributos para uma novapolítica educativa

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

18 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

A FENPROF divulgou emconferência de imprensa o

documento “Contributos parauma nova política educativa”que inclui um conjunto de 18

questões específicascolocadas aos partidos

Page 18: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 19JANEIRO 2005

que tem sido alvo por forças políticas que,ainda que com diversos matizes, endeusamo mercado e pretendem que as suas regrasbásicas sejam um dia transpostas para aárea da educação.

Uma das principais linhas de força dessaofensiva inscrevia-se numa outra Lei deBases para a Educação que substituísseaquela que ainda vigora, a Lei nº 46/86,conhecida como Lei de Bases do SistemaEducativo. Nesta matéria, de transcendenteimportância enquanto trave mestra doedifício educativo e que contém as regrasfundamentais para a educação, acabou porevidenciar-se o isolamento para que foiempurrada a maioria que nos tem gover-nado nos últimos anos, aprovada que foiapenas por ela própria contra os votos detoda a oposição parlamentar e à revelia deum consistente consenso social.

A pedra de toque dessa estratégia desubversão do sistema educativo portuguêsconsistia na consagração da educação nãocomo um direito (sendo que hoje, vista asociedade pelo prisma do agravamento dasdesigualdades, ela se assume, mais que an-tes, como um dos principais direitoshumanos) mas como uma mercadoria quese oferece a quem a procura, tripudiandosobre critérios de justiça social. Colocar empé de igualdade a oferta pública e a ofertaprivada, em termos de definição da redeescolar e do respectivo financiamento, éuma forma clara de privilegiar a iniciativaprivada neste domínio. Uma políticadiferente para a educação tem que res-ponder, antes de tudo, ao desafio expressona Constituição da República quandoprescreve que "O Estado criará uma rede deestabelecimentos públicos de ensino quecubra as necessidades de toda a população"(artº 75º). A Lei fundamental do paísprescreve ainda no seu artº 73º que "Todostêm direito à educação e à cultura" e aindaque "O Estado promove a democratizaçãoda educação e as demais condições paraque a educação, realizada através da escolae de outros meios formativos, contribuapara a igualdade de oportunidades, asuperação das desigualdades económicas,sociais e culturais, o desenvolvimento dapersonalidade e do espírito de tolerância,de compreensão mútua, de solidariedade ede responsabilidade, para o progresso so-cial e para a participação democrática navida colectiva", desígnios constitucionaisque a FENPROF só considera atingíveis coma expansão de uma rede pública da maisalta qualidade.

Uma segunda linha de prioridade para

a alteração das políticas que vêm sendoprosseguidas é a do aumento da escola-rização média dos portugueses, garantidasque sejam algumas vertentes essenciais: (1)a obrigatoriedade da frequência da educa-ção pré-escolar pelas crianças no ano queantecede a sua entrada no 1º CEB; (2) umalargamento da escolaridade obrigatóriapara 12 anos, sustentado num ensino básicode 9 anos, efectivamente generalizado, esem os condicionamentos recentementeintroduzidos com a obrigatoriedade de idaa exame às disciplinas de Língua Portuguesae Matemática dos alunos que obtiveramsucesso na avaliação sumativa interna do9º ano e com a forçada exclusão dosmesmos exames dos que não o obtiveramna referida avaliação interna; (3) a extensãopor mais três anos da actual escolaridadeobrigatória de nove anos, correspondente aum nível que contempla já alguma diver-sidade curricular e qualificação profissionalde nível intermédio; (4) a institucionalizaçãoobjectiva e concreta do propalado objectivode educação ao longo da vida, atinente quera uma escolarização de segunda oportu-nidade quer, de uma forma mais ampla, àformação dos trabalhadores no activo,valorizadora das suas experiências de vida

JORNAL DA FENPROF 19JANEIRO 2005

Portugal vive um períodopré-eleitoralextremamente importante,que resultou da dissoluçãode um Parlamento comuma maioria que vinhaaprovando ou dando apoioa medidas que a FENPROFe os seus Sindicatosconsideravam negativas ecom consequências gravespara o desenvolvimento dopaís. Medidas não apenasno âmbito da Educação,mas também daAdministração Pública e domundo laboral em geral

Page 19: Janeiro de 2005

20 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

e profissionais, validando e certificandoconhecimentos já adquiridos e outros quese obtenham por inserção neste sistema,tendo como base estruturante a redepública de estabelecimentos de ensino e acorrespondente responsabilidade do Estadoperante tal desiderato.

Um terceiro vector de mudança corres-ponde ao aprofundamento da democraciaenquanto pilar fundamental da organizaçãoescolar, presente quer na definição das baseslegais para a direcção, administração egestão dos estabelecimentos de ensino,pensadas a partir da consagração doprimado da componente pedagógica ecientífica sobre quaisquer outras, quer aindadas adequadas formas de participaçãodemocrática dos directamente interessadosna reformulação da rede escolar.

Um outro preceito essencial paraenveredarmos por caminhos positivos demudança na Educação corresponde a umarevisão dos estatutos profissionais dosdocentes pensada na perspectiva dedignificação das respectivas carreiras,colocando a indispensável capacidadetécnico-científica de todos os professorese educadores ao serviço de uma lógica deautonomia profissional que é inerente aopróprio desempenho docente e ajustada auma maior e clara autonomia dos estabe-lecimentos de ensino. A FENPROF consideraque as carreiras docentes e os seusprofissionais devem ser estimulados porprocessos de avaliação não burocratizadosnem redutoramente definidos por critériosde prevalência meritocrática antes, pelocontrário, por parâmetros ajustados aossegmentos de ensino e devidamentesustentados por recursos humanos capa-citados e por instrumentos que garantamrigor e equidade num tão diversificado ecomplexo processo com sérias e signi-ficativas implicações profissionais.

Para além de importantes aspectosparcelares resultantes da complexidadeprópria de um campo tão vasto e diversocomo é o campo educativo - e que serãoexplicitados mais adiante - importa aindacolocar como condição indispensável àconsecução de mudanças sérias e positivasno mundo da educação, a valorização reale consequente dos conhecimentos e saberesdas organizações representativas dosprofessores e educadores - bem como deoutros actores sociais directamente inte-ressados e que se movimentam nesta área- entendidos como interlocutores activos nadefinição de políticas educativas, quer noplano da sua produção quer ainda no da

sua execução concreta, respeitando-seassim resoluções do domínio internacionalsubscritas por muitos governos e nãoaplicadas, quase sempre, pelos mesmos queas subscrevem e deveriam assumir.

2. Política do Governo e dissoluçãoda Assembleia da República

Portugal vive um período pré-eleitoralextremamente importante, que resultou dadissolução de um Parlamento com umamaioria que vinha aprovando ou dandoapoio a medidas que a FENPROF e os seusSindicatos consideravam negativas e comconsequências graves para o desenvol-vimento do país. Medidas não apenas noâmbito da Educação, mas também daAdministração Pública e do mundo laboralem geral.

A Lei de Bases da Educação, aprovada

pela Assembleia da República mas pos-teriormente vetada pelo Presidente daRepública, teria sido, a vigorar, um instru-mento de subversão do sistema educativoportuguês e do seu carácter democrático.A FENPROF concorda com a necessidade derevisão da Lei de Bases do Sistema Educativoe considera que o sentido da revisão aefectuar terá de ter como objectivo funda-mental a consecução de uma Escola Pública,de qualidade, gratuita e para todos,objectivo que desde há muito tempo, vemperseguindo.

Para a FENPROF há outras matérias quenecessitavam de ter sido bem revistas e nãoo foram, e outras ainda que, tendo vistoalterados os respectivos enquadramentoslegais ou estando eles em vias de o ser, serevestem de aspectos profundamentenegativos da responsabilidade do poderpolítico e da maioria parlamentar que o temsustentado. Exemplos são muitos:

- Financiamento: não existe uma Lei deFinanciamento para a educação pré-esco-lar e os ensinos básico e secundário; Lei deFinanciamento do ensino superior muitonegativa devendo ser rapidamente revistae devendo também ser eliminada a impo-sição do Programa de Estabilidade eCrescimento (aprovado pelo Governo) deaumento "zero" (real diminuição) dosorçamentos para o ensino superior até 2007.

- Financiamento público/privado: asescolas públicas continuam a ter cortes

significativos nos financiamentos previstos,mereceram mesmo um corte orçamental noOE para 2005, enquanto nos apoios aosestabelecimentos privados se registamaumentos elevados.

- Ensinos básico e secundário: têm vindoa sofrer sucessivas "reformas" sem que seavaliem os impactos das anteriores mudan-ças e sem que sejam devidamente justifica-das as novas medidas, ou, quando talacontece, verifica-se que as razões eramfundamentalmente de ordem economicista.

- Educação especial: o anteprojecto de

20 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS

Page 20: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 21JANEIRO 2005

diploma do Governo mereceu a reprovaçãode toda a comunidade educativa por atentarcontra o princípio da escola inclusiva.

- Rede Escolar: a forma meramenteadministrativa de encerrar escolas e asinúmeras ilegalidades cometidas na impo-sição de agrupamentos trouxeram a estesprocessos marcas vincadamente negativas,contrárias aos objectivos que o Governoafirmava pretender atingir, gerando pro-testos e criando dificuldades suplementares.

- 1º Ciclo do Ensino Básico: este sectornão mereceu qualquer medida específica derelevo capaz de inverter a situação negativaque continua a viver, nomeadamente noplano da sua organização pedagógica e daalteração das condições físicas e materiaisde funcionamento das escolas.

- Ensino Profissional: não tem havidoqualquer medida estratégica por parte dossucessivos governos relativamente a estesubsistema de ensino, fundamental para odesenvolvimento do país

- Educação de adultos: a realidade doensino recorrente caracteriza-se porelevadíssimas taxas de insucesso e desper-dício de recursos, num país em que os níveisde analfabetismo, de iliteracia e baixaqualificação profissional justificavam umaoutra estratégia, outras metodologias,incentivos e investimentos, no quadro deuma política coerente e articulada deeducação e formação de adultos, cujaausência tem sido um entrave ao desen-volvimento das qualificações da nossapopulação.

- Estatutos de Carreira dos Docentes doensino superior: apesar dos sucessivoscompromissos, nunca chegaram a serconhecidos projectos do MCIES, mantendo--se os graves problemas de precariedade deemprego, de limitação do direito a umacarreira e de bloqueamento das promoçõesque afectam os docentes do ensino públicoe ainda mais os do privado.

- Estabilidade do corpo docente: osprofessores e as escolas continuam sem verregulamentados (há 14 anos!) os incentivosà fixação de docentes em zonas isoladas edesfavorecidas, continuam vítimas de umregime de concursos que não promove aestabilidade do corpo docente e há diversosgrupos de professores cujos problemassócio-profissionais se arrastam há anos,alguns há décadas, aumentando, por essarazão, a instabilidade no seu exercícioprofissional. No ensino superior 3⁄4 dosdocentes encontram-se contratados a prazoembora com graus diferentes de preca-riedade.

- Subsídio de desemprego: os docentesdo ensino superior e os investigadorescontinuam sem ter acesso ao subsídio dedesemprego, apesar do Tribunal Consti-tucional ter decidido que essa situação éinconstitucional e que devia ser resolvida.Até agora nem governos, nem Assembleiada República cumpriram.

- Formação de Professores: área funda-mental para a melhoria do sistema educa-tivo que continua a necessitar de uma pro-funda revisão. Parece ser esta uma matéria--tabu sobre a qual sucessivos governosrevelaram preocupação eximindo-se, noentanto, a tomar quaisquer medidas parauma concreta efectivação dessa melhoria.

- Ensino particular e cooperativo: o EPCe as IPSS vivem uma situação paradoxal.Por um lado beneficiam de milhões de eu-ros entregues pelo Estado, por outro sãovotados ao esquecimento no que se refereàs condições essenciais para a qualidade doensino que prestam. É necessário que estavertente do sistema educativo se sujeite àsregras que estão aprovadas, de formatransparente, nomeadamente através deuma eficaz fiscalização dos dinheirospúblicos que recebe directa e indirecta-mente do Estado. Quanto aos seus pro-fissionais, deverão usufruir de todos osbenefícios sócio-profissionais dos seuscolegas do ensino público.

Na Administração Pública as políticas

JORNAL DA FENPROF 21JANEIRO 2005

Na Administração Públicaas políticas desenvolvidaspelos últimos governostêm sido muito negativas,com consequênciasnefastas para ostrabalhadores, em que seinclui a esmagadoramaioria dos docentesportugueses. Os saláriosdesvalorizaram-se deforma muito significativanos últimos anos nos quaisos professores eeducadores não tiveramaumentos e as condiçõespara a aposentação seagravaram, numa profissãode elevado desgaste físicoe psicológico

Page 21: Janeiro de 2005

22 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

desenvolvidas pelos últimos governos têmsido muito negativas, com consequênciasnefastas para os trabalhadores, em que seinclui a esmagadora maioria dos docentesportugueses. Os salários desvalorizaram-sede forma muito significativa nos últimosanos nos quais os professores e educadoresnão tiveram aumentos e as condições paraa aposentação se agravaram, numa pro-fissão de elevado desgaste físico e psico-lógico.

Outras medidas há que governosanteriores se preparavam para aplicar aosprofessores e que, a concretizarem-se,promoveriam ainda maior precariedadelaboral e instabilidade profissional. São oscasos dos contratos individuais de trabalhoou do novo regime de avaliação, medidasaprovadas no âmbito da designadaReforma da Administração Pública.

Já no plano geral nacional, destacam--se de forma muito negativa a aprovaçãoe regulamentação do Código de Trabalho,os propósitos de restringir o exercício daactividade sindical e de limitar os direitossindicais, bem como a enorme ofensiva quenas mais diversas áreas tem sido movidacontra os serviços públicos.

Foi este quadro, profundamentenegativo, que levou os trabalhadores aacentuar o seu protesto, a sua acção ea sua luta reivindicativa. Esta circuns-tância sócio-política contribuiu deforma decisiva para a dissolução daAssembleia da República.

3. Questões de política educativaa apresentar aos partidos com

assento na Assembleia da República

Em período de pré-campanha e decampanha eleitoral, a FENPROF pretende,como sempre tem feito, conhecer asposições dos partidos sobre questõesessenciais no domínio da política educativae nesse sentido estará atenta aos progra-mas dos partidos e será cuidadosa eexigente na sua apreciação. A par dessaleitura político-sindical, a FENPROFpretende respostas concretas sobrealgumas matérias que serão determinantespara o futuro sócio-profissional dosdocentes e da Educação no nosso país.

É neste quadro de esclarecimento e declarificação de posições que a FENPROFcoloca aos partidos, com assento na AR,candidatos às Eleições Legislativas de2005, as questões que divulgamos edestacamos nestas páginas.

Partidos políticos têm a palavra

22 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

1. O Código de Trabalho será revistono que respeita às suas normas maisnegativas, entre outras, as relativas àduração dos contratos, aos horários detrabalho, às restrições à actividade sindicale à limitação do direito à contrataçãocolectiva?

3. Defende o partido a revogação danorma que introduziu a obrigatoriedadede completar 60 anos para que ostrabalhadores da Administração Públicapossam ter direito à sua aposentação porcompleto? No caso concreto dos docentes,admite a redução do actual número deanos de serviço previsto para a apo-sentação, tendo em conta o desgasteprovocado pelo exercício continuado daprofissão docente?

1. Em diversos as-pectos, representouum retrocesso nos

direitos laborais sem justificação razoável.Assim, o Governo do PS promoverá a revisãodo Código do Trabalho tomando por baseas propostas de alteração que em devidotempo apresentou na Assembleia daRepública. Será ainda criada uma comissãoindependente encarregada de avaliar osimpactes do Código do Trabalho nasrelações laborais, tendo em vista o lança-mento, no termo do primeiro ano dalegislatura, de um Livro Branco sobre asRelações Laborais em Portugal.

1. O Grupo Parla-mentar do PCP ba-teu-se contra o Có-

digo de Trabalho, contra o qual votou, porconsiderá-lo muito lesivo dos direitos dostrabalhadores. De acordo com o nossoprograma a revogação, designadamente dassuas normas mais negativas, será umaprioridade para a próxima Legislatura.

1. O Bloco de Es-querda exige a re-vogação do Código

de Trabalho. A sua concepção desequilibradecisivamente as relações laborais a favordas Confederações Patronais e das multina-cionais, com objectivos precisos de indivi-dualização, flexibilização e precarização dotrabalho. Este Código assenta num quadrode desenvolvimento conservador e retró-grado. Por isso, revogar o pacote laboral eestabelecer um Programa de Emergênciapara a Criação de Emprego, é a 1.ª medidadas “dez prioridades nos primeiros cem diaspara impor a mudança” do programaeleitoral do Bloco de Esquerda.

2. Após vários anos com revisãosalarial nula ou de valor muito baixo,aquém da inflação, qual a política salarial,nomeadamente na Administração Pú-

2. Portugal enfrentauma crise orçamen-tal grave, que deve

ser considerada na definição da política devencimentos enquanto componente rele-vante para a consolidação das finançaspúblicas. O combate ao défice não será,contudo, assumido de forma obsessiva, tudosacrificando em seu nome, com reflexosnegativos para a própria economia nacionale para os portugueses.

2. O PCP consideraindispensável valo-rizar, também do

ponto de vista material, os trabalhadoresda Administração Pública. Os professores eeducadores foram dos mais penalizadosuma vez que não tiveram aumentos durantedois anos e, em 2005, terão uma nova perdado poder de compra. Por essa razão, o PCPconsidera indispensável a correcção doaumento imposto pelo Governo PSD/PP para2005 e o aumento real dos salários naAdministração Pública nos quatro anos dapróxima Legislatura.

2. Depois de 3 anosde diminuição doseu valor real, o

Bloco de Esquerda apresenta propostas pararecuperar o poder de compra dos saláriosda função pública e do salário mínimonacional, defendendo o aumento intercalarde 50 euros no salário mínimo e nos saláriosda função pública.

blica, que o partido se propõe concretizarnos próximos anos?

3. Um Governo PSirá promover a con-vergência gradual

dos regimes de início do direito à aposen-

Page 22: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 23JANEIRO 2005

a Professores querem respostas objectivas

JORNAL DA FENPROF 23JANEIRO 2005

4. Que posição negocial defende opartido sobre os diplomas legais, apro-vados no âmbito da designada Reformada Administração Pública, como sejam osrelativos aos contratos individuais detrabalho e ao novo regime de avaliação?

3. O PCP não sódefende a revoga-ção dessa norma

imposta pelo Governo do PSD/PP, comoconsidera importante a fixação de umanorma específica para os docentes quetenha em conta o elevado desgaste físico epsicológico provocado pelo exercíciocontinuado de funções docentes.

3. Depois de umavida de trabalho de40 anos ou mais, os

trabalhadores devem ter o direito à suaaposentação independentemente da idade,razão pela qual defendemos a revogaçãodesta norma.

4. A modernizaçãoda AdministraçãoPública é uma peça

essencial da nossa estratégia de cresci-mento para o País. Todos, até certamenteos Sindicatos, sentem hoje a necessidadede se passar dos diagnósticos feitos erefeitos a acções concretas. Não se tratade fazer uma mítica “grande reforma daAdministração Pública”, mas de conduzir umprocesso reformador feito de passospositivos, firmes e consequentes, paraalcançar uma Administração eficaz, quesirva bem os cidadãos e as empresas, àaltura do que se espera de um Estadomoderno. As acções a desenvolver por umGoverno do PS enquadram-se em três linhasde actuação: (a) facilitar a vida ao cidadãoe às empresas; (b) melhorar a qualidade doserviço pela melhoria dos recursos humanose das condições de trabalho; (c) tornar aAdministração Pública amiga da economia,ajustando-a aos recursos financeirossustentáveis do país e contribuindo para umambiente mais favorável ao crescimento.Assim, impõe-se que o próximo Governoreveja e aperfeiçoe a legislação relativa à

tação dos funcionários públicos com o iníciodo direito à pensão de reforma dostrabalhadores por conta de outrem.

5. Está o partido disponível para apre-sentar um Projecto de Lei sobre o Financia-mento da Educação Pré-Escolar e dosEnsinos Básico e Secundário? Admite,ainda, a possibilidade de revisão da ac-tual Lei de Financiamento do Ensino Su-perior? Em que matérias?

avaliação de desempenho de toda aAdministração Pública, designadamenterestabelecendo os prémios ao mérito e àexcelência no desempenho de funçõespúblicas; simplificando o procedimento daspromoções extraordinárias por mérito.Finalmente, e quanto a esta questão,importa reafirmar a intenção do PS emaplicar o regime de contrato de trabalho anovas admissões na Administração Pública,com restrições, designadamente para car-gos que não impliquem o exercício defunções de soberania.

4. O PCP estevecontra essa legis-lação e votou con-

tra ela. Os diplomas aprovados, nomea-damente o que generaliza os contratosindividuais de trabalho e as novas regrasde avaliação do desempenho, partem deprincípios que o PCP contesta: por um lado,que a estabilidade de emprego não éimportante para o desempenho de funçõesna Administração Pública; por outro, queos funcionários são os principais respon-sáveis pelos problemas vividos na Admi-nistração Pública pelo que deverão serpenalizados. Não é essa a nossa posição econsideramos, até, que têm sido os tra-balhadores e, no caso da Educação, osprofessores e educadores, o sustentáculo deum sistema que sem o seu trabalhoempenhado e dedicado já teria sucumbidoàs mãos das más políticas que o têmatingido.

4. O Bloco de Es-querda considerafundamental que

seja feita uma reforma administrativa emPortugal. Não à custa do Estado ou do re-gime laboral público-administrativo espe-cífico da função pública, mas que comece,em primeiro lugar, por conhecer a realidadeexistente em cada área da AdministraçãoPública.Os sectores que maior peso têm do funcio-nalismo público são, sem dúvida, a Educaçãoe a Saúde. Pelo que se passa nestes sectores,poderíamos assim concluir que temosfuncionários públicos a mais? Não, e porisso é que o Bloco de Esquerda defende umOrçamento de Estado com base zero,permitindo, de uma vez por todas, perceberquais os sectores do Estado em que existe

desperdício e aqueles onde existem carên-cias de funcionários.

5. As questões quese prendem com ofinanciamento do

ensino são da maior relevância. No caso daeducação de infância e ensinos básico esecundário o Ministério da Educação deve,juntamente com as autarquias locais (nocaso do pré-escolar e do 1º ciclo), continuara concentrar em si as funções de finan-ciamento e de regulação do sistema.No âmbito do ensino superior a prioridadetem a ver com a necessidade de criar umsistema nacional de garantia de qualidadeno ensino superior, que abranja todas asinstituições. Como factor decisivo dessaqualidade temos os processos de avaliaçãodas instituições, na certeza de que dosresultados apurados terão de ter conse-quências quer para o funcionamento doscursos e das escolas, quer para o seufinanciamento.As universidades e institutos politécnicosterão, contudo, a garantia de que apassagem para uma estrutura em dois ciclosde estudos, imposta pelo Processo deBolonha, não representará diminuição dofinanciamento público; e o valor daspropinas a pagar pelos estudantes dosegundo ciclo será regulado e adequado ànova natureza deste ciclo.

5. Sobre financia-mento da EducaçãoPré-Escolar e dos

Ensinos Básico e Secundário, o PCP consi-dera indispensável a aprovação de uma leiespecífica que estabeleça os níveis e asfontes de financiamento das escolaspúblicas. Nesse sentido, o PCP tem játrabalho efectuado, tendo, sobre a matéria,apresentado propostas concretas quedeverão ser consideradas no debate que seconsidera urgente. Quanto ao Ensino Su-perior a posição do PCP é clara: deverá ser

Page 23: Janeiro de 2005

24 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

revogada e substituída por uma nova lei queresponsabilize o Estado por um financia-mento adequado do Ensino SuperiorPúblico. A revogação das propinas faz partedas nossas propostas nesse âmbito.

6. Concorda o partido com a elimi-nação da imposição inscrita no Programade Estabilidade e Crescimento da res-ponsabilidade do Governo de aumento"zero", até 2007, das transferências doOrçamento de Estado para o Ensino Su-perior?

6. A avaliação dasnecessidades definanciamento do

Ensino Superior será analisada em funçãodos estabelecimentos universitários epolitécnicos com o objectivo único degarantir a qualidade no ensino superior enão com objectivos de ilusão das finançaspúblicas.

5. Sim. O Bloco deEsquerda não só foio único partido que

apresentou um proposta de Lei de Finan-ciamento do Ensino Superior alternativa àdo anterior governo, como defendeu na Leide Bases que apresentou a necessidade deuma lei de financiamento universal etransparente do Pré-Escolar ao Secundário.

6. É evidente quediscordamos da im-posição de congelar

até 2007, as transferências do Orçamentode Estado para o Ensino Superior. Taltraduzir-se-ia, na verdade, numa reduçãodos níveis de financiamento o que provo-caria problemas ainda mais graves no nor-mal funcionamento das instituições deensino superior.

6. O Bloco de Es-querda sempre sebateu, no Parla-

mento e fora dele, contra aquela que é, emnosso entender, a medida mais evidente dapolitica de desqualificação humana seguidanos 3 últimos anos de governação.

7. Concorda o partido com o alarga-mento da oferta do Ensino Recorrente nasescolas públicas que facilite o acesso dapopulação portuguesa a uma segundaoportunidade de concluir os seus estudose repensar os modelos de educação deadultos com vista a aumentar as taxas desucesso da escolaridade dos portugueses?

7. Uma das priori-dades do Governodo PS será a de dar

um salto qualitativo na dimensão e naestrutura dos programas de educação eformação dirigidos aos adultos, o que requeruma atenção particular às necessidadesespecíficas dos adultos hoje activos que nãodispõem de habilitações escolares equiva-lentes ao 9º ano de escolaridade. Aliás aEducação de Adultos assume uma tãodestacada prioridade no programa eleitoraldo PS que merece um ponto próprio para oqual vos remetemos (1.6. Um novo impulsoà educação de adultos).

7. Todas as medidasque ajudem a com-bater o analfabe-

tismo e a aumentar as habilitações equalificações dos portugueses deverão sertomadas. As políticas economicistas dosGovernos PSD/PP têm vindo a degradar oensino recorrente e as suas respostas,nomeadamente, levando à redução da suaoferta. Só o alargamento das respostaspúblicas permitirá inverter a situaçãonegativa a que temos vindo a assistir.

7. A formação e aqualificação dosportugueses é o

principal desafio que atravessa toda asociedade portuguesa. Principalmente adaqueles que, pelo atraso social do país oudas suas condições económicas, nuncadispuseram das condições necessárias paraconcluir os seus estudos com uma habi-litação que lhes permita o grau de auto-nomia profissional e cidadã que lhes édevida. O Bloco de Esquerda defende oalargamento da oferta de ensino recorrentenas escolas públicas e propõe um programade alfabetização e complemento de for-mação de adultos que se destina a colmataras consequências de anos consecutivos deelevadas taxas de abandono escolar.

8. Admite o partido suspender osexames de 9º ano previstos para o finalde um ano lectivo que abriu comsignificativo atraso e da forma desastrosaque toda a comunidade educativadenunciou?

8. A aprendizagemdos alunos está nocentro da política

educativa. Apostamos num grande esforçode combate ao insucesso e ao abandonoescolares. A avaliação rigorosa é indispen-sável, para alunos, professores e escolas. Nalíngua materna e na matemática tem de serfeito um forte investimento. Quanto aexames, não se mudam regras a meio dojogo, pelo que serão realizadas as provasprevistas. Mas defendemos sobretudo umsistema de avaliação aferida, porquedevemos privilegiar a aquisição de compe-tências e capacidades, no quadro de cadaescola, valorizando as dimensões experi-mentais do trabalho escolar. O próximoGoverno, contudo, vai assumir funçõespraticamente às portas do 3º período do anolectivo, o que torna impraticável umadecisão que suspenda os exames já marca-dos desde o início do ano.

8. A manutenção dosexames do 9º ano,como pretendem o

PSD, PP e PS será muito prejudicial para os alunosque tiveram um ano cheio de problemas, desdelogo os atrasos na colocação dos docentes porexclusiva responsabilidade do Ministério daEducação. Nós defendemos a sua suspensão esteano e, para o futuro, entendemos que deveráfazer-se uma profunda revisão do regime deavaliação do ensino básico, assente emprincípios de avaliação contínua, devendo serabolidos os exames como forma decisiva edeterminante de selecção.

8. O Bloco de Es-querda consideraque a realização de

exames de nono ano é um erro, não sóconjuntural, dado o atraso no início desteano escolar, mas sobretudo, um erroprofundo sobre a concepção da naturezado terceiro ciclo de estudos. O seu cance-lamento, é por isso uma das exigências quefaremos ao governo que sair das eleiçõesdo dia 20 de Fevereiro.O terceiro ciclo tem uma natureza própria,dirigida às necessidades de formação dosjovens, que deve contemplar uma diver-sidade ampla de preocupações didácticas epedagógicas, no sentido de se dirigir ao

24 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Page 24: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 25JANEIRO 2005

desenvolvimento de saberes académicos,pragmáticos, sociais, bem como de compe-tências informais e afectivas. A realizaçãode exames nesta fase de formação dosjovens é um obstáculo á complexidade deaprendizagens que importa desenvolver etem por único resultado agravar umacomponente de selectividade da avaliação.

9. Considera o partido necessário revera lógica dos agrupamentos de escolas, norespeito pela vontade expressa das res-pectivas comunidades educativas e corri-gindo os erros cometidos?

9. Consolidaremos adinâmica dos agru-pamentos de es-

colas do ensino básico, numa lógica em quea organização seja instrumental face àsfinalidades educativas.

9. Os agrupamentosde escolas, prin-

cipalmente no norte e centro do país, fo-ram constituídos de forma ilegal e à margemda vontade das comunidades educativas. Poroutro lado, os agrupamentos de escolas nãovieram resolver os graves problemas queafectavam as escolas, em particular as do1º Ciclo, tendo, em muitos casos, criadonovos problemas principalmente às EB 2.3.O PCP defende uma avaliação séria desteprocesso e, nos casos em que se justifiquee seja vontade das comunidades educativas,deverão ser revistos os agrupamentosconstituídos.

9. Esta é, sem dú-vida uma necessi-dade urgente. O

agrupamento de escolas pode e devepromover uma lógica de organização daoferta educativa fundada na coordenaçãoentre diferentes ciclos de aprendizagem,optimizar a relação solidária entre osparticipantes a ajudar a desenvolver a ideiade que as escolas são centros de recursospreciosos, ao serviço das comunidades emque se inserem, e portanto com capacidadede diálogo e coordenação entre si.Contudo, o processo que tem vindo a serimposto às escolas tem conduzido asituações de profundo mal-estar, queprecisa de ser corrigido, desde logogarantindo a equidade de representação detodos os graus de ensino nos órgãos degestão e administração.

10. Qual a política que o partido sepropõe levar a cabo no que respeita àdirecção e gestão escolar, nomeadamenteno que se refere aos princípios daelegibilidade e da prevalência do inter-esse pedagógico?

10. O PS defende aautonomia das es-colas. E o próximo

Governo PS deseja concretizar uma maiorautonomia das escolas, segundo um quadrocomum a todas as escolas e agrupamentos- colegialidade na direcção estratégica,participação da comunidade local, gestãoexecutiva segundo critérios educativos. Adirecção e a gestão deverão respeitar adistinção constante na LBSE e serãocelebrados contratos de autonomia, noâmbito da legislação em vigor.

10. O PCP, comoficou expresso, porexemplo, no debate

em torno da revisão da Lei de Bases doSistema Educativo defende acerrimamenteo aprofundamento da Gestão Democráticadas Escolas. Nesse quadro, princípios comoo da elegibilidade e da prevalência do in-teresse pedagógico são fundamentais.

10. O Bloco de Es-querda defendeuma gestão escolar

fundada sobre os princípios da colegia-lidade, da democracia e da represen-tatividade de todos os membros dascomunidades educativas. Defendemostambém o principio da autonomia finan-ceira e pedagógica, o que significa que osorçamentos das escolas e agrupamentos deescola devem ser fundados em projectoseducativos participados e corresponder aum investimento do estado na optimizaçãoe qualificação da oferta educativa, comba-tendo a tentação de mercantilização deserviços escolares.

11. O partido considera ou nãonecessário promover a estabilidadeprofissional dos professores e do funcio-namento das escolas, regulamentandoincentivos à fixação dos docentes em áreasisoladas e desfavorecidas, designadamenteadoptando medidas que visem o reajusta-mento dos quadros adequando-os às reaisnecessidades das escolas, promovendo avinculação dos docentes contratados?

11. Os educadores eprofessores são osagentes fundamen-

tais da educação escolar. A estabilização docorpo docente das escolas, permitindo aconstituição de equipas educativas e oreforço das competências de cada escolana gestão do seu pessoal docente sãoobjectivos muito importantes, ainda porcumprir. Infelizmente, o processo decolocação de professores no corrente anolectivo foi caótico. A prioridade do GovernoPS será, necessariamente, estabilizar denovo o sistema de colocação, revendo alegislação nos pontos críticos para essanormalização e aproveitando mecanismos,como a ordem das prioridades de destaca-mento e a recondução, que possam induzir,por si mesmos, menor mobilidade dosdocentes. O PS, quando esteve no Governo,teve oportunidade de dar início ao processode regulamentação dos incentivos à fixaçãode docentes e não se coibiu de abrir as vagasnecessárias dos vários quadros para que asescolas funcionem com elevados padrões dequalidade.

11. A estabilidadedo corpo docentedas escolas é fun-

damental para o seu bom funcionamento.Assim, o PCP considera indispensável aregulamentação do artigo 63º do Estatutoda Carreira Docente (incentivos à fixaçãoem zonas isoladas e desfavorecidas), aabertura de lugares de quadro nas escolasde acordo com as suas reais necessidades ea aprovação de um regime de vinculaçãoque garanta a todo os professores contra-tados o ingresso num quadro por tempo deserviço prestado. Ou seja, um regimedinâmico de vinculação de docentes.

11. O Bloco de Es-querda defendeque, ao contrario do

que tem sucedido nos últimos anos, avinculação dos docentes seja feita, pre-ferencialmente, à Escola e não ao Quadrode Zona Pedagógica - como tem acontecido.Só existe projecto educativo de qualidadecom a existência de um quadro docenteestável.

12. Está o partido disponível paraconcretizar o direito ao subsídio dedesemprego para os docentes do ensinosuperior e investigadores?

JORNAL DA FENPROF 25JANEIRO 2005

Page 25: Janeiro de 2005

26 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

12. Foi o Governo doPS que aprovou oDecreto-Lei n.º 67/

2000, de 26 de Abril que passou a proteger osprofessores contratados quanto à even-tualidade desemprego. Quanto aos docentesuniversitários e investigadores terá de haveruma ponderação cuidada da questão consi-derando as suas especificidades.

12. O PCP propôs,na Legislatura queterminou, o Pro-

jecto de Lei 234/IX/1 prevendo a atribuiçãode subsídio de desemprego aos docentes doensino superior e investigadores que foirejeitado pela maioria. Reapresentou omesmo projecto (540/IX/3) que caducou emvirtude da dissolução da AR.

12. Na última legis-latura, o Bloco deEsquerda votou favo-

ravelmente o projecto apresentado pelo PartidoComunista Português que instituía o subsídiode desemprego para todos os professores einvestigadores do Ensino Superior, cobrindotodas as situações. Naturalmente, estarádisponível para o fazer novamente.

13. Admite o partido concretizarmedidas que desbloqueiem a situaçãoprofissional dos docentes com habilitaçãoprópria viabilizando a sua profissio-nalização?

13. Foi um Governodo PS que alterou osrequisitos de vincu-

lação aos quadros de zona pedagógica eestabeleceu o direito de acesso à profissio-nalização em serviço dos docentes inte-grados em quadros de zona pedagógica,introduzindo alterações de natureza instru-mental no regime da profissionalização emserviço. O PS está disponível para consideraras necessidades de alteração ao actualmodelo de profissionalização.

13. O PCP defendeque todos os pro-fessores no sistema

deverão ser profissionalizados. Nessesentido, os professores portadores dehabilitação própria que se encontram aleccionar deverão ter acesso à profissio-nalização, devendo, também em nossaopinião, ser integrados em quadro se jáleccionarem há dois ou mais anos.

13. Por um umaquestão de justiça,e porque o país não

pode prescindir do seu contributo e saber,o Estado deve garantir a todos os docentescom habilitação própria as hipóteses emeios para completarem a sua formação egarantirem a profissionalização.

14. Garante o partido que o sistemade recrutamento e selecção dos docentesda educação pré-escolar e dos ensinosbásicos e secundário mantém o seucarácter anual, nacional, universal?

14. Uma das prio-ridades do GovernoPS será, necessaria-

mente, estabilizar de novo o sistema decolocação, revendo a legislação nos pontoscríticos para essa normalização e apro-veitando mecanismos, como a ordem dasprioridades de destacamento e a recon-dução, que possam induzir, por si mesmos,menor mobilidade dos docentes. Masreforçaremos de imediato os instrumentosde utilização positiva dos professores semhorário lectivo atribuído; e, ainda durantea próxima legislatura, introduziremosmedidas que permitam descentralizargradualmente o sistema de recrutamento ecolocação por concurso público e obe-decendo a exigências comuns estabelecidas,acompanhando e avaliando acções-pilotoneste domínio.

14. O PCP consideraessenciais os prin-cípios da anuidade

e universalidade dos concursos paraeducadores e professores que deverãocontinuar a ser nacionais. As confusõessurgidas este ano nada tiveram a ver comestes princípios, como se prova pelos anosanteriores, antes decorreram da incom-petência técnica e da irresponsabilidadepolítica das duas últimas equipas doMinistério da Educação. Mas, para alémdestas questões, o PCP entende que o ac-tual regime de concursos e colocações deprofessores não é promotor da estabilidadedas escolas e do seu corpo docente, paraalém de pôr em causa direitos profissionaisdos docentes, devendo ser urgentementealterado.

14. Sim. O carácteranual e universal dosistema é o único

garante da transparência neste domínio e

o que garante a equidade de condições en-tre as escolas dos grandes centros urbanosdo litoral e as de um interior cada vez maisdesertificado.

15. Concorda o partido com o alarga-mento dos quadros para os docentes doensino superior e para os investigadores ecom a sua transformação em quadros dedotação global?

15. O Governo do PSreabrirá o processode revisão das leis

que regulam a autonomia das universidadese politécnicos e o processo da revisão dosestatutos da carreira docente com asrespectivas estruturas sindicais. No querespeita às carreiras docentes, o objectivoé estabelecer um único estatuto que acolhaperfis docentes diversificados, mas comequivalência no topo da carreira, quepremeie o bom desempenho em todas asdimensões da profissão docente e quefacilite a mobilidade entre os diversos perfise instituições, entre carreiras docente e deinvestigação e entre carreiras académicase actividades profissionais fora do ensino.Será, contudo, um processo aberto denegociação.

15. A posição doPCP é favorável aoalargamento dos

quadros no ensino superior, um sector onde,como é do conhecimento geral, mais de70% dos docentes e investigadores seencontram em situação de vínculo laboralprecário.

15. No seu progra-ma, o Bloco de Es-querda defende que

a qualificação do corpo docente, em todosos sub-sistemas do ensino superior, deveráser assumida como uma prioridade. Semquerer interferir directamente com osestatutos das carreiras que deverão sernegociados com os Sindicatos, o Bloco deEsquerda concorda com o alargamento dosquadros e com a sua transformação emquadros de dotação global, uma vez que oseu actual estrangulamento, fruto daspolíticas economicistas dos anterioresgovernos, é profundamente desmotivadorpara os docentes, prejudicando a qualidadede ensino e fomentando, nomeadamente noEnsino Politécnico, a precariedade laboral.

26 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Page 26: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 27JANEIRO 2005

16. Está o partido de acordo com apublicação de um instrumento reguladorda contratação e da carreira dos docentesdo ensino particular e cooperativo, comvista à estabilidade de emprego, aoefectivo direito a condições de trabalho ede formação e à concretização do direitoa uma carreira?

16. Atendendo àsespecificidades, éindispensável sal-

vaguardar o respeito dos mais elementaresdireitos destes profissionais.

16. O PCP consideraque os docentes doensino particular

têm sido muito penalizados por entidadespatronais por vezes sem escrúpulos. Assim,no sentido de inverter a actual situaçãoconsideramos urgente a criação de condi-ções de trabalho, de formação e deestabilidade de emprego, bem como odireito a uma carreira.

16. O Estado deveassegurar, atravésdos mecanismos le-

gais que sejam necessários, que os docentesno sector privado têm o direito às mesmascondições profissionais, salariais e liber-dades sindicais do que os seus colegas nosector público. Se essa igualdade pode ounão ser conseguida através da publicaçãode um instrumento regulador da contra-tação é um debate no qual o Bloco deEsquerda está disponível para participar.

17. Considera o partido que a educaçãopré-escolar deverá ser efectivamentereconhecida como a primeira etapa daeducação básica, o que significa o respeitopela sua Lei Quadro e a obrigatoriedadeda sua frequência pelas crianças no anoque antecede a entrada no 1º CEB e aaplicação do calendário escolar previstopara o ensino básico?

17. Foi o PS quecolocou a Educaçãode Infância como

primeira prioridade da política educativa,aprovando, em 1997, a Lei-Quadro daEducação Pré-escolar, diploma que veioconsagrar, pela primeira vez, um orde-namento jurídico da educação pré-escolar,definindo, entre outras, as condições departicipação das famílias na educação pré-

escolar, o papel estratégico do estado, a tu-tela pedagógica e técnica e o regime depessoal, criando, deste modo, toda umaarquitectura jurídica de enquadramento dosdiferentes estabelecimentos de educação,quer da rede pública, quer da rede privada.Importa agora alargar progressivamente atodas as crianças em idade adequada aeducação pré-escolar o que implica retomara aposta na rede nacional de ofertas daeducação de infância e reforçar os instru-mentos de inclusão. As metas principais doPS neste âmbito serão as de atingir, no fimda legislatura, que 100% das crianças comcinco anos de idade estejam a frequentar aeducação pré-escolar.

17. As posições doPCP sobre a Edu-cação Pré-Escolar

são claras no projecto de Lei que apresen-támos para revisão da Lei de Bases doSistema Educativo. Em nossa opinião aEducação Pré-Escolar deverá ser consi-derada a Primeira Etapa da EducaçãoBásica; deverá estabelecer-se a obriga-toriedade de frequência no ano queantecede a entrada na escola por razões deigualdade de oportunidades; a discri-minação da Educação Pré-Escolar no querespeita ao calendário escolar só pode sersustentada por quem tem deste sector deeducação uma visão assistencialista, sociale não entendeu não serem esses osobjectivos da Educação Pré-Escolar. Não sãoessas as posições do PCP pelo que defen-demos um calendário escolar igual para aEducação Pré-Escolar e o Ensino Básico.

17. Sim. O Bloco deEsquerda, no pro-jecto que apres-

entou para uma nova Lei de Bases doSistema Educativo, defendeu propostas quecolocam sobre o Estado o ónus de garantirque todas as crianças tenham acesso àEducação para a Infância a partir dos 4 anosde idade. Seja em contexto familiar, quandoas famílias explicitamente fizerem essaopção, seja em contexto de instituiçãoeducativa do Estado.

18. Garante o partido subordinar acriação de respostas privadas ao conteúdodo preceito expresso no artigo 75º daConstituição da República Portuguesa?Garante ainda o partido pôr termo àsilegalidades já cometidas?

18. As escolas são ocentro do sistemaeducativo. Devem

estruturar-se, aliás nos termos da própriaConstituição da República Portuguesa,numa rede coerente de recursos de educa-ção e formação, ao longo de todo oterritório. Consolidaremos assim a dinâmicados agrupamentos de escolas do ensinobásico, mas numa lógica em que a orga-nização seja instrumental face às fina-lidades educativas. Não deixaremos,contudo, de prosseguir a imperiosa racio-nalização das redes de jardins-de-infânciae de escolas do ensino básico, em estreitacooperação com as autarquias e emcooperação com as instituições com-petentes e as representativas da sociedadecivil. As situações ilegais detectadas serão,neste como em todos os sectores, objectodas acções disciplinadoras adequadas.

18. O PCP concordacom o disposto naConstituição da Re-

pública Portuguesa no que respeita aocarácter supletivo das respostas privadas emeducação. Por essa razão se opôs à tentativado PSD e do PP de alterarem o artigo 75º daCRP. O PCP considera que o ensino deiniciativa privada é uma liberdade, devendodesenvolver a sua actividade de acordo comos quadros legais vigentes. Tal significa,obviamente, a correcção de situações ilegaisque possam existir.

18. O Bloco de Es-querda, reconhe-cendo ao ensino

privado e cooperativo um carácter supletivo,coloca-se na perspectiva da defesa daescola pública enquanto instrumento deapropriação colectiva de saberes. A Consti-tuição da República atribui ao Estado aresponsabilidade em matéria de definiçãode princípios orientadores e de garantia dedireitos, e este deve desenhar as formas deengenharia do sistema, de organizaçãoadministrativa e de financiamento de formaa garantir o princípio da universalidade eda equidade que só a escola pública podegarantir. Existem boas e más escolaspúblicas, da mesma forma que existem boase más escolas privadas. No entanto, só aescola pública mantém as portas abertaspara todos os cidadãos.

JORNAL DA FENPROF 27JANEIRO 2005

Page 27: Janeiro de 2005

28 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

São necessárias políticas educativasem sintonia com a Constituição da República

Paulo Sucena à conversa com os jornalistas em Coimbra

s palavras são de Paulo Sucena eforam proferidas na conferência deImprensa realizada pela FENPROF,em Coimbra, no passado dia 18 deJaneiro, para apresentação do

documento “Contributos para uma novapolítica educativa” , elaborado peloSecretariado Nacional da Federação.

Na intervenção em que abordou estatomada de posição da FENPROF e no diálogoque manteve com os jornalistas, o secre-tário-geral da Federação Nacional dosProfessores acabou por chamar a atençãopara um conjunto de matérias que marcama actualidade do sistema educativo e a suaprofunda ligação com os desafios e osdestinos que se colocam ao País nestemomento difícil.

Paulo Sucena destacou, entre outrosaspectos, os grandes objectivos que, emmatéria de política educativa, estãoconsignados na Constituição da Repúblicae que devem nortear a actuação de qualquerGoverno, independentemente do seualinhamento político.

A Lei Fundamental, recordou o dirigentesindical, aponta para uma Escola demo-crática e para uma rede de estabelecimentospúblicos que cubra as necessidades de todaa população. Há que pôr de pé, destacouPaulo Sucena, políticas que efectivamenterespondam a esses nobres objectivos, quesucessivos Governos têm adiado, emsintonia com as pressões do neoliberalismo,

No diálogo com os jornalistas emCoimbra, Paulo Sucena revelou que aFENPROF organizou para o dia 11 deFevereiro, em Lisboa, um debate sobreEducação com representantes dospartidos políticos

“A situação que se viveactualmente em Portugalexige que a Educação estejano primeiro plano daspreocupações de toda asociedade. Há quem estejaobcecado com o défice,transformando-o naprimeira prioridade. Aconstrução do futuro, nestaetapa da vida do País, exigeoutras perspectivas, quepassam por políticascorajosas e objectivas deincentivo aodesenvolvimento social,cultural e económico”.

mais interessado na mercantilização doensino do que na sua expansão democrática.

O dirigente do SPGL e da FENPROFcondenou “a decisão leviana” de insistir nosexames de 9º ano a Português e Mate-mática, ainda por cima “num ano lectivoque começou de forma desastrosa”, lem-brando as posições críticas não só dosSindicatos de Professores e da Federaçãomas também das associações profissionaise da CONFAP (Confederação Nacional dasAssociações de Pais).

Formação de professores

“A FENPROF é contra a transformaçãodas escolas em empresas”, lembrou PauloSucena a propósito das questões de gestãoe das ameaças crescentes à gestão demo-crática dos estabelecimentos de ensino.

“Velha reclamação da FENPROF”, aformação de professores foi apontada pelodirigente sindical como uma matéria de vivaactualidade, chamando a atenção dosjornalistas para o seminário que a Federaçãovai realizar nos dias 17 e 18 de Março.

Sucena teve ainda oportunidade desublinhar a firme posição da FENPROF emmatéria de concursos de professores: emdefesa dos concursos universais, rigorosos,isentos, contra concursos de natureza re-gional e, naturalmente, contra as teses damunicipalização, que deixariam o caminhoaberto à sua partidarização. | JPO

A

28 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

Page 28: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 29JANEIRO 2005

O Governo tem feito nos últimosanos previsões de inflação abaixo dosvalores reais para, deliberadamente,não deixar crescer os salários. Aacusação é da CGTP, na sequência dadivulgação pelo Instituto Nacional deEstatística (INE), de que a inflação em2004 foi de 2,4 por cento - o Governoprevira 2,0 por cento(…)

“Nos últimos seis, sete anos,sempre dissemos que as previsões deinflação do Governo eram demasiadooptimistas e a verdade é que osvalores reais têm ficado sempre bemabaixo do que se antecipa”, afirmouao PÚBLICO Amável Alves, da Comis-são Executiva da CGTP, acrescentandoque essa “táctica serviu sempre paradescer os salários reais dos trabalha-

Governo previu inflação abaixo do valorreal “para conter salários”

A Confederação Nacional deAssociações de Pais (Confap) lançouum desafio a todos os partidospolíticos para se pronunciarem sobreos projectos que defendem para aeducação, anunciando que vai solici-tar reuniões para apresentar ummanifesto com propostas para o sec-tor.

No documento intitulado “Mani-festo para o Futuro da Educação emPortugal - O Olhar dos Pais”, a serentregue aos partidos políticos comassento parlamentar que participamnas eleições legislativas de 20 deFevereiro, a Confap apresenta umconjunto de propostas para o sector.Os pais reclamam maior participaçãona educação, assim como a avaliaçãodas leis aplicadas ao sector, comconsequente alteração e inovação dasque não tiveram resultados satis-fatórios.

A Confap contesta, assim, quesejam apagadas leis apenas para sefazerem outras, sem qualquer avalia-ção das que existem.

No manifesto, os pais advogam,por exemplo, a criação do provedor

Pais desafiam partidos a divulgarprojectos para a Educação

A FENPROF vai realizar a Conferência Nacional do EnsinoSuperior e da Investigação nos dias 11 e 12 de Março. Ainiciativa decorrerá no Auditório da Faculdade de Psicologiae de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

Destacamos, entretanto, os novos prazos relativos àsetapas preparatórias da Conferência e em particular paraa nova possibilidade de apresentação de documentos gerais.

Até 10/02: Notificação da aceitação de comuni-cações individuais.

Até 14/02: Divulgação por cada Sindicato daFENPROF das candidaturas a delegado(a) e das datas eformas de votação.

Até 04/03: Recepção de inscrições para a Conferência.Até 04/03: Apuramento por cada Sindicato dos

resultados da eleição de delegados.Até 07/03: Divulgação dos resultados das eleições

de delegados.Até 07/03: Entrega na FENPROF ou nos seus

Sindicatos, para divulgação, dos textos integrais dascomunicações individuais aceites.

Os trabalhos preparatórios da Conferência avançam,assim, num período em que se espera que sejamdebatidas seriamente as políticas para o futuro do nossoPaís, nas quais se inserem o Ensino Superior e aInvestigação, como áreas estratégicas incontornáveispara o desenvolvimento económico e social.

A resolução dos graves problemas das carreiras, maisuma vez adiada devido à queda de ministros ou degovernos; o sentido das reformas em perspectiva,impulsionadas pelo Processo de Bolonha , para cujaaplicação continua a haver um preocupante défice departicipação; e a questão dos orçamentos de funciona-mento das escolas, cuja redução constante temconduzido a despedimentos de docentes que continuamsem direito a subsídio de desemprego, constitucio-nalmente garantido a todos os trabalhadores, são motivosde sobra para a mobilização e a acção de modo a nãopermitir que o futuro governo do país adie as necessáriasrespostas a todos estes problemas e persista em tolher oessencial papel que o ensino superior e a investigação e,em particular, os docentes e os investigadores podem edevem desempenhar em prol da modernização e dodesenvolvimento do País.

da criança e a revisão da Lei de Basesdo Sistema Educativo com um amploconsenso das forças políticas, econó-micas, dos professores e das orga-nizações de pais.

É igualmente defendida a rápidaimplementação da cobertura nacionaldo ensino pré-escolar, a revisão cur-ricular do 1º ciclo, a avaliação e even-tual revisão dos critérios de orientaçãopedagógica das aulas de 90 minutos(no ensino secundário) e dotação dasescolas com equipamentos básicos,como laboratórios, refeitórios, instala-ções desportivas, aquecimento dassalas de aula ou transportes para asescolas.

Entre outras questões, a confe-deração pede que seja regulamentadaa legislação que prevê a participaçãodos pais na vida escolar dos seus filhos,sem perda de direitos na sua actividadeprofissional, que a Confap integretambém o Conselho Económico e So-cial e que seja reconhecida comoentidade certificadora da formação pa-rental para que possa concorrer aprogramas europeus. | Lusa, 13/01/2005

dores”. O sindicalista acredita que oexecutivo “sabe que faz estimativasabaixo da realidade”. (…)

No ano que passou, a política derendimentos “foi particularmentepenalizada” pela previsão abaixo darealidade (…)

“O problema não se fica pelaredução dos salários reais. Há muitosbens essenciais de que os trabalha-dores dependem diariamente, como ostransportes públicos, a electricidade,os combustíveis e a alimentação, cujospreços cresceram acima do índice deinflação”, realça Amável Alves. “Ostrabalhadores têm sido prejudicadospelas projecções erradas dos váriosgovernos”, remata. | Público, 15/01/2005

Avança a preparaçãoda Conferência Nacional do EnsinoSuperior e da Investigação

JORNAL DA FENPROF 29

Page 29: Janeiro de 2005

30 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

EDUCAÇÃO ESPECIAL / APOIO EDUCATIVO E APOIO SÓCIO-EDUCATIVO

Combater reformasde exclusão

Aproblemática dos Apoios Educativosé hoje, pela razão acima enunciada,uma questão relevante no SistemaEducativo, face às alterações que aEscola sofreu nos últimos anos e às

constantes alterações que o Ministério daEducação pretende introduzir.

É certo que a Escola Inclusiva não sedecreta, vai-se construindo. Mas assegurarum ensino de qualidade para todos, implicaum conjunto de condições mínimas nasáreas do financiamento, dos currículos, dasinstalações, da organização escolar, dapedagogia, da avaliação, dos recursoshumanos, da ética e, sem a reunião dessascondições, o desenvolvimento do processoé ilusório.

Nos dois últimos anos, o Ministério daEducação pretendeu reformar a EducaçãoEspecial, introduzindo conceptualizaçõesque alteram radicalmente a lógica dosserviços de educação especial.

Manobra do ME…

Esta Reforma, unanimemente recusadae denunciada por toda a sociedade educa-tiva e pelos especialistas da área, pretendeucriar um sistema educativo paralelo aoSistema Educativo regular para todas ascrianças e jovens com problemáticas denecessidades educativas especiais, divi-dindo-os em dois grandes grupos – um paraos portadores de deficiência (de carácterpermanente e avaliados ao nível das funçõesou estruturas do corpo – ClassificaçãoInternacional da Funcionalidade, Incapa-

cidade e Saúde CIF) e um outropara as Dificuldades na Apren-

dizagem (de carácter tem-porário).

Não conseguindo imple-mentar esta Reforma daEducação Especial e ApoioSócio-Educativo, o Minis-

tério da Educação, habilmente, tenta opera-cionalizar esta reforma. Senão vejamos,citando os seguintes diplomas legais, projectosde diplomas e informação oficial do Ministérioda Educação:

1. Despacho 8113-A/2004, de 22 deAbril – Requisições e Destacamentos

III — “Considerando que se encontra empreparação o projecto de diploma sobre aeducação especial e o apoio sócio-educa-tivo, já submetido a discussão pública, sendoaconselhável a sua aplicação, quanto àcolocação de docentes, no ano escolar de2005-2006;”

2. Despacho Normativo 1/2005, de 5de Janeiro – Avaliação dos Alunos doEnsino Básico

Art. 77º - “Os alunos abrangidos pelamodalidade de educação especial serãoavaliados, (...), de acordo com o regime deavaliação definido no presente diploma”.

3. Projecto de Despacho – Regras deaplicação de Medidas de Apoio Educativo

Art. 2º - “Entende-se por apoio educa-tivo o conjunto das estratégias e dasactividades concebidas no âmbito curricu-lar e de enriquecimento curricular, desen-volvidas na escola ou no seu exterior, quecontribuam para que os alunos adquiramas competências, de forma a possibilitar osucesso educativo de todos os alunos”.

4. Recolha de Informação Estatística(GIASE)

Nas instruções de preenchimento doModelo n.º 500 podem ler-se: “A.1 – Númerode alunos com necessidades educativasespeciais – NEE, segundo o nível de ensino,por sexo. A designação «Alunos comNecessidades Educativas Especiais decarácter prolongado, refere-se aos alunosque apresentam graves dificuldades noprocesso de ensino/aprendizagem e partici-pação no contexto educativo/escolar,decorrentes da interacção entre factoresambientais (físicos, sociais e atitudinais) elimitações de grau acentuado ao nível dofuncionamento do aluno num ou maisdomínios. As limitações que estes alunosapresentam ao nível do seu funcionamentoimplicam a adopção, de forma sistemáticae contínua, de medidas e recursos especiaisde educação”. “A.5 – A ClassificaçãoInternacional de Funcionalidade, Incapa-cidade e Saúde (CIF) está disponível emwww.dgsaude.pt”.

Vivemos num tempo em quea terminologia de educaçãotem amplas significações e,por isso, perversasimplicações. Em EducaçãoEspecial é notória essadualidade, utilizando osnossos governantes termostécnicos com variadassignificações, de modo aorientar os seus discursos.

Vítor Gomes (Conselho Nacional da FENPROF)

Page 30: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 31JANEIRO 2005

5. Colocação de docentes de ApoioSócio-Educativo

Após ter permitido a mobilidade dedocentes de educação especial no passadomês de Maio de 2004, o Ministério daEducação permitiu a colocação de docentes(por oferta de escola) para o apoio sócio--educativo, sem a preocupação de definiras funções destes, o público-alvo, as reaisnecessidades das escolas, numa clara einequívoca incompetência, pois só agora seconcretiza esta colocação.

Como podemos reparar, o Ministério daEducação, num claro desrespeito pelo di-ploma legal em vigor (Decreto-Lei n.º 319/91, de 23 de Agosto), quer, a todo o custo,operacionalizar uma reforma que não tem.

Num Sistema Educativo que se pretendedinâmico, de aprendizagens significativas,capaz de responder a cada um de per si,inclusivo, capaz de responder, também,àqueles que enfrentam um maior grau dedificuldades, independentemente do tipo eseveridade da origem das mesmas, é a

Modalidade da Educação e Ensino Especial(regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 319/91)e são, de uma forma mais abrangente, osApoios Educativos, que se propõem diminuiro risco de abandono e exclusão sociais.

Combater os focos de exclusão

A Escola deve ser pensada para todos,traduzindo um dos mais elementares direitosde cidadania, implementando medidas deequidade na prossecução do sucessoeducativo, perspectivando, a longo prazo,uma sociedade efectivamente democrática.Deve, assim, combater preocupantes focosde exclusão, quase sempre traduzidos emabandonos precoces e elevadas taxas deinsucesso escolar, factores que só favoreceme agravam a discriminação social e assumir--se como centro de produção de saberes epromoção de valores ao serviço da formaçãode cidadãos.

Neste momento particular da vidapolítica nacional urge reflectir, em educa-

ção, como estamos, que rumo queremosseguir e que sistema educativo pretendemospara elevar a qualidade da educação e dasaprendizagens das nossas crianças e jovens.

Que respostas têm os Partidos Políticos,caso ganhem as eleições, para a EducaçãoEspecial?

1. Assumir a Educação Especial, desde aintervenção precoce até à transição para a VidaActiva, como uma modalidade de educação,plenamente integrada no sistema educativo?

2. Apresentar, discutir e implementarum diploma regulador da docência emeducação especial que vise, entre outras, afixação às escolas de docentes devidamentehabilitados?

3. Assumir a criação de equipas multi-disciplinares, numa lógica de combate aoinsucesso e abandono escolares?

Neste tempo de reflexão e promoção dedebates programáticos, gostaríamos de verestas questões respondidas com as medidasconcretas que pensam implementar, casosejam Governo.

ESTUDO

Qualificação: a verdade dos factosEugénio Rosa (Economista)

• As pessoas constituem a riqueza maisimportante de um País, e o aumentocontínuo da sua qualificação é um dosmeios mais importantes para aumentar aprodutividade e a competitividade dasempresas e da economia do País. Noentanto, em Portugal, continua-se asubestimar, em actos, o papel da quali-ficação profissional no desenvolvimento ena recuperação rápida do atraso do país.

• A prová-lo está o facto de que aindaem 2002, 16,5 dos quadros superiores, 26%dos quadros médios, 73% do encarregadose contramestres, 43% dos ProfissionaisAltamente Qualificados, e 76,7% dosProfissionais Qualificados das empresasportuguesas tinham apenas o ensino básicoou menos .

• Entre o 3º Trimestre de 2001 e o 3ºTrimestre de 2004 foram destruídos em Por-tugal 202.800 postos de trabalho na suaesmagadora maioria associados a quali-

ficação de banda estreita e de baixaescolaridade, tendo o desemprego com aduração de 25 meses e mais aumentado138,5% durante o mesmo período.

• Cerca de 55% dos novos patrõesportugueses surgidos no período com-preendido entre 1991 e 2000, antes deserem empresários possuíam a categoria de“qualificados”, “não qualificados” e mesmo“aprendizes”, e 100% dos patrões queapareceram no mesmo período têm umaescolaridade média de apenas 7,5 anos .

• De acordo com um inquérito realizadopelo IQF (ex-INOFOR) em 2004 a 10.022empresas, apenas 11,8% realizam formaçãoe as que responderam dizendo “semformação” atingiu a elevada percentagemde 72,6%. As razões apresentadas para nãofazer formação foram as seguintes: (a)53,4% porque “os trabalhadores já têmqualificações suficientes”; (b) 40,5% porque“não faz parte da actividade da empresa”;

(c) Por “falta de informação sobre formação”.

• Quer o Código do Trabalho (artº 125 e137 ) quer a Lei 35/2004 que o regulamenta(artº 168), embora enunciando o direito àformação, no entanto não garantem aefectividade deste direito ao trabalhadorporque permite ou que a empresa acumuledurante três anos as horas de formação nãorealizadas podendo depois substituir o seuincumprimento por uma pequena coimamonetária ou então pagar ao trabalhadorum pequeno valor em dinheiro em substi-tuição da formação não realizada no casodele terminar o contrato com a empresa.

Das conclusões do recente estudo doeconomista e investigador Eugénio Rosa,

subordinado ao tema “Os baixos níveis dequalificação profissional e de escolaridade

de trabalhadores e patrões em Portugalconstituem um obstáculo sério ao

crescimento económico e são uma dascausas da crise actual”

Page 31: Janeiro de 2005

32 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

AINDA A TEMPO…

“A Ciência e o Desportono Pavilhão do Conhecimento

“Estatístico Júnior 2005”:concurso aberto a alunos do 3º Ciclo e do Secundário

no alvo

A situação das contas públicastem levado a sugestões de aumentode impostos, cortes de pessoal eredução das transferências sociais.Que leitura faz?

CARVALHO DA SILVA - A questãodas finanças públicas é importante, eo País encontra-se numa situaçãocomplicada. Mas, neste momento,rodopia-se e insiste-se numa obsessãoabsolutista do défice público, e não sefala dos problemas estruturais que épreciso resolver: a aposta no aparelhoprodutivo, a qualificação e formaçãodos portugueses, e outros factoresfundamentais para uma alteração domodelo de desenvolvimento, sem aqual não vamos lá.

Duas observações: vemos que todoo apelo ao rigor orçamental e ànecessidade de cortes por causa doequilíbrio das contas públicas temlevado sobretudo ao aumento dossacrifícios das camadas mais desfavo-recidas e a uma redução da dimensãoda protecção social. A nível europeu, osprocessos têm sido mais complicados.

A Alemanha, por exemplo, é omaior exportador do mundo; teve umritmo de crescimento significativo dasexportações no último ano; os seus“actores” estão a procurar com agressi-vidade caminhos para fazer face aosdesafios da globalização, e, apesar detudo, o país não apresenta um cresci-mento económico. Porquê? Porque aprocura interna diminuiu, graças aorecuo dos direitos e rendimentos dostrabalhadores. Isto é contraditório.

Da entrevista com Manuel Carvalhoda Silva,” Público”, 17/1/2005

“A obsessão absolutistado défice público” Até 18 de Setem-

bro pode ser visi-tada no Pavilhãodo Conhecimento –Ciência Viva, noParque das Na-ções, em Lisboa,a nova exposição“A Ciência e oDesporto”, pro-duzida pelo Sci-ence Museum deLondres.

Como assi-nalam os responsáveis do Pavilhão, “o visitantepode experimentar uma variedade de actividadesdesportivas em 25 módulos interactivos e testaras suas capacidades desportivas”.

Lembrando que 2005 foi declarado pela ONUAno internacional do Desporto e da EducaçãoFísica e que “para além da destreza, dedicação eesforço dos atletas, a ciência é hoje parte

Até 31 de Maio próximodecorre o concurso da Socie-dade Portuguesa de Esta-tística (SPE) sob o lema“Estatístico Júnior 2005”.

“Estimular e desenvolvero interesse dos alunos doBásico e do Secundário pelas

áreas da probabilidade e estatística” é o objectivocentral desta iniciativa da SPE, inserida nascomemorações dos seus 25 anos de actividade.

As candidaturas podem ser apresentadasindividualmente ou em grupo (máximo de trêsalunos), do qual pode fazer parte um professor,com “o papel de orientador”.

Os textos concorrentes, abordando umatemática relacionada com a teoria da proba-bilidade e/ou estatística, não podem ultrapassaras 10 páginas A4 e devem ser acompanhadas deum poster com o formato A2 que resuma os

integrante do desporto moderno”, o Pavilhão doConhecimento revela que “jogar uma partida devoleibol virtual, comparar numa prova de corridao seu tempo de reacção com o dos atletas, testaro seu peso e ritmo cardíaco em comparação comos dos desportistas profissionais e desafiar aforça da gravidade numa prova de escalada, sãoalgumas das propostas desta exposição”.

Também as crianças com menos de 7 anospodem explorar vários desportos num conjuntode módulos que lhes são especialmente dedicados.

Em www.pavconhecimento.pt encontram--se todas as informações sobre o certame,incluindo indicações concretas para os pro-fessores que desejem organizar visitas de estudocom os seus alunos. O Pavilhão disponibilizaapoio específico nas visitas com turmas queintegrem alunos com necessidades educativasespeciais, com a intervenção de monitoresespecialmente preparados. O Pavilhão doConhecimento tem o telefone 218917100, o fax218917171 e o mail [email protected]

principais aspectos do trabalho concorrente.Apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian,

o concurso da SPE prevê no seu regulamento aatribuição de prémios pecuniários aos trêsprimeiros classificados entre os concorrentes do3º Ciclo do Básico e também aos três primeirosclassificados oriundos do Ensino Secundário.

Aos professores orientadores dos trabalhospremiados serão atribuídas anuidades dequotização como sócios da SPE, ajudas de custopara participação no XIII Congresso Anual daSociedade e uma verba de 500 euros apenas parao primeiro classificado de cada “escalão”.

Os trabalhos concorrentes e respectivosboletins de candidatura deverão ser enviadospara: Sociedade Portuguesa de Estatística (SPE),Bloco C 6, Piso 4, Campo Grande, 1749-016Lisboa. O carimbo do correio validará a data deentrega. Contactos: telef. 217500405; [email protected]

Page 32: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 33JANEIRO 2005

o âmbito do Congresso da CNTE/Brasil, a FENPROF participou numareunião no MEC, com a presençado Secretário de Estado da Edu-cação (responsável pelo investi-

mento e também pelas questões peda-gógicas). Antes de ter assumido funçõesgovernativas, o Secretário de Estado era umdestacado dirigente da CNTE. O trabalho queo Governo Democrático e Popular doPresidente Lula tem pela frente é gigan-tesco, mas há medidas que estão já a sertomadas. Para que melhor se compreenda,eis alguma informação:

Sistema Educativo Brasileiro:• Infantil (Creche 0—3) e Pré-Escolar (4-6)• Fundamental (7—14)• Médio (15—17)

O conjunto Fundamental/Médio cons-titui o Básico.Alguns númerosAlunos matriculados no Fundamental: 49milhõesAlunos matriculados no Médio: 19 MilhõesFuga à matrícula no Fundamental: 6 MilhõesAbandono Escolar Precoce (s/ frequência doMédio): 12 MilhõesProfessores: 2,5 MilhõesMunicípios (com elevadas responsabilidadesna Educação): 5562Docentes sem habilitações: 200 000, dosquais 40.000 no Infantil.

Vários grandes problemas: a dimensãodo país, as grandes diferenças entre Estadose Prefeituras, a exclusão, principalmente demeninos índios, negros e pobres (estes, claro,independentemente da origem étnica).

Grandes Áreas da intervenção doGoverno

1. Gestão Democrática das Escolas —o governo quer que as direcções sejameleitas e está a promover iniciativas desensibilização nesse sentido para ganhar acomunidade educativa, bem como para aimportância de se criarem e funcionaremConselhos Escolares.

2. Formação de professores e funcionários— não só dos que já trabalham (FormaçãoContínua), mas também dos que faltam (faltam250 000 professores de Matemática, Biologia,Física e Química do Médio).

3. Financiamento — Vão ser investidos28 biliões de reais na Educação, o que o

MUNDO

Algumas notas sobre Educação no Brasil

Governo considera ainda insuficiente.4. Combate à exclusãoProjecto em curso• Obrigatoriedade de frequência do Pré-

-Escolar no ano que antecede a entrada naescola (como forma de resolver o problemadas classes baixas que a não frequentam. Aclasse média e alta frequenta-a, em média,a partir dos 4 anos). Estão em fase dediscussão com as comunidades para queseja aprovada uma política para a EducaçãoInfantil.

Programas Sociais• A Merenda — já a têm para o Funda-

mental, mas não para o Médio— vão implementá-la o que custará 1,1

Milhões de Reais.• O Livro — No Fundamental os livros

são gratuitos. No Médio vão começar agoracom Matemática e Português, nos Estadospobres para, a seguir, estender a todo o país.

Outros Programas• Escola aberta aos fins-de-semana nas

zonas urbanas, para respostas sociais e deatendimento. Insere-se nos programas decombate à violência, toxicodependência eprostituição.

• Xadrez na escola — (em todas asescolas públicas).

Valorização dos profissionais docentes• Reforçar da formação (inicial e

contínua)• Salários (MEC pretende que salários

atinjam 80% do Orçamento para a Edu-cação dos Estados e Prefeituras. Estes sóquerem que seja 60%.

Mário Nogueira (Secretariado Nacional da FENPROF)

N

O Estado de São Paulo gasta por ano, por aluno, 2000 Reais. Jáo de Mato Grosso do Sul gasta apenas metade. O de Maranhãonão passa dos 550 Reais…Governo pretende que o financiamento central assente em

critérios de discriminação positiva, pois tratamentos iguais para situações tão diferentesacentuariam as desigualdades.Estas são apenas algumas notas sobre as preocupações do Governo Democrático e Populardo Presidente Lula. A nós, portugueses, dá para pensarmos sobre o desinteresse dos nossosgovernos cada vez mais apostados na elitização e não na democratização da escola.

As desigualdades…

Page 33: Janeiro de 2005

34 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

pobreza extrema em todo o Mundopode ser reduzida para metade até 2015se os países ricos destinarem cerca demeio por cento do seu Produto InternoBruto à ajuda ao desenvolvimento,

revela um relatório elaborado pela Organizaçãodas Nações Unidas (ONU).

As recomendações da equipa “Projectodo Milénio” foram aprovadas pelas NaçõesUnidas e pretendem reduzir para metade onúmero de pessoas que vivem em situaçãode pobreza extrema (com rendimento infe-rior a um dólar [0,76 cêntimos] por dia).

Um grupo de 265 especialistas nas áreasligadas ao desenvolvimento, liderado peloprofessor Jeffrey Sachs, apresentou orelatório “Investimento no desenvolvimento:Um plano prático para atingir os objectivosde desenvolvimento do milénio”, em quepropõe um conjunto de medidas concretaspara alcançar aquele objectivo.

O relatório pede aos países ricos quedediquem à ajuda ao desenvolvimento 0,44 porcento do seu Produto Interno Bruto em 2006,até chegarem aos 0,54 por cento em 2015.

Estas percentagens são inferiores aos 0,7 porcento que os dirigentes mundiais reafirmaramcomo objectivo da ajuda ao desenvolvimento naConferência de Monterrey (2002).

As metas apontadas hoje significam queos países ricos teriam de dedicar 135 milmilhões de dólares (103,282 milhões de eu-ros) à ajuda ao desenvolvimento em 2006 -um aumento de 48 mil milhões de dólares(36.723 milhões de euros), ou o equivalente

a cinco por cento das despesas militaresmundiais -, e deveriam atingir um valor de195 mil milhões de dólares (149.151 milhõesde euros) em 2015.

O relatório defende que a ajuda deveráser prioritariamente canalizada para ospaíses capazes de a utilizar de forma eficaz,nomeadamente os que demonstraram teraderido a práticas de boa governação eusaram de transparência na elaboração dosseus orçamentos.

O relatório pretende que os países ricosabram os mercados às exportações dos paísesem desenvolvimento e que os ajudem aaumentar a competitividade das exportações,nomeadamente apoiando investimentos eminfra-estruturas e na ciência e tecnologia.

Os dados da ONU revelam que mil milhõesde pessoas em todo o mundo vivem com umrendimento inferior a um dólar por dia e outros2,7 mil milhões com menos de dois dólares.

Todos os anos morrem no mundo onzemilhões de crianças, das quais seis milhõescom doenças que poderiam ser facilmenteprevenidas, como malária, diarreia ou pneu-monia. Em cada 30 segundos uma criançaafricana morre vítima de malária. Seismilhões de crianças com menos de cinco anosmorrem anualmente vítimas de má nutrição.

Duas em cada cinco pessoas no mundonão têm estruturas básicas de saneamentoe cinco milhões de pessoas, na maioriacrianças, morrem todos os anos de doençasrelacionadas com a falta de água potável. |Lusa, 17/01/2005

Um desafio da ONUà Comunidade Internacional

MUNDO

A

Resistência às políticas neoliberais vindasdo lado norte-americano e à tentativa deimposição do ALCA (Acordo de Livre Comérciona América) pelos EUA; defesa de uma políticanacional com reformas positivas para o país,para a educação e para os trabalhadores; críticaa medidas menos positivas do Governo; defesade uma escola pública de qualidade e paratodos, designadamente através do reforço definanciamento, de uma gestão democrática ede políticas que promovam a qualidadeeducativa, foram os aspectos centrais debatidospelos professores, educadores e trabalhadoresnão docentes das escolas, no XXIX Congresso daCNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadoresem Educação—Brasil) entre os dias 12 e 15 deJaneiro de 2005.

Os debates foram muito vivos, com a CNTEa definir a sua estratégia político-sindical parao triénio 2005-2008 e a eleger os seusdirigentes. Juçara Dutra Vieira foi reeleitaPresidente, acompanhada agora pela Vice-Presidente Raquel Guisoni. O Secretário-geralcontinuará a ser Roberto Leão.

A FENPROF esteve presente, representandoos professores e educadores portugueses e, emseu nome, saudou os trabalhadores deeducação do Brasil. Para além da FENPROFparticiparam ainda organizações de Espanha(FECCOO e STEI), França (SNES), Itália (CGILScuola), Bolívia (STUB), Argentina (CENTERA) eColômbia (SPC). Também a Internacional deEducação se fez representar pelo seu vice-presidente Ellie Jouen (Bélgica) e peloresponsável para a América Latina.

Deste grande Congresso saíram vitoriososos professores e os trabalhadores não docentesdas escolas brasileiras, que reforçaram a suaunidade, renovaram posições e acertaramestratégias para a luta que os/nos espera atodos.

Professores Brasileirosem Congresso

Mário Nogueira

“Pobreza extrema”

Page 34: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 35JANEIRO 2005

JANELA ABERTAMário David Soares *

Um dos riscos que corre estasociedade da massificação daimagem é a banalização desituações dramáticas vividaspelos outros e que, de formarepetida até à exaustão, nostorna insensíveis à dor emesmo à tragédia.

morte exibida como um aconte-cimento de notícia passa a serapenas isso: um acontecimento deque se dá uma notícia. O sangue queescorre na estrada apenas surpre-

ende por ser tão pouco quando julgávamosnós que os litros eram muitos e escorre-riam em maior abundância.

Esta análise, que muitos especialistasdestas matérias têm desenvolvido echamado a atenção, veio-me à lembrançaagora que está a passar a “onda” que a todosnos atingiu e que veio da Ásia. Durante diasfomos bombardeados com as mesmasimagens como se fosse necessário (re)mos-trá-las para que nos apercebêssemos dadimensão da tragédia. E quando as televi-sões não tinham mais imagens, logosurgiram os vídeos amadores que nosmostravam mais outros (os mesmos)ângulos da tragédia. E finalmente os casosdos milagres de sobrevivência.

A determinada altura, parecia-me que, maisdo que provocar a nossa solidariedade, se estavaa estimular o “voyeurismo” que existe, em maiorou menor escala, em cada um de nós. E, tendosofrido já o suficiente pelos que morreram ouestavam desaparecidos, começámo-nos aespantar com a dimensão das ondas, com aviolência das águas, com os destroçosarrastados, com as casas a caírem, com a forçado homem que se agarrava à árvore, com aqueleoutro que, já cansado de tanto lutar, se deixavair na corrente. E mais vídeos, e mais fotografias,e mais... E como já tínhamos dado o nossocontributo, a consciência, essa, estavadescansada.

No que haverá de ser sempre o diaseguinte, as diatribes do Santana, as

respostas do Sócrates, as contra-respostasdo PSD, o apito dourado, o Nuno Cardoso, aIsabel Damasceno, o Carlos Silvino, o CarlosCruz, o Sporting, o Benfica e o Porto seencarregarão de nos fazer esquecer que dooutro lado do planeta as pessoas continuarãoa sofrer e a querer viver, apesar de tudo.

Lembrou-nos a ONU que uma grandeparte da ajuda prometida, no sufoco dasprimeiras notícias, não chega ao seu destinopor não ser já tão presente a pressão daopinião pública; lembrou-nos a ONU osgravíssimos acontecimentos que se estão apassar hoje no nosso planeta que não sãonotícia de telejornal e para os quaisninguém olha nem se comove (quem sabe,se por neles não estarem envolvidosocidentais); lembrou-nos a ONU que todosos anos morrem milhões de pessoas à fome(entre as quais mais de 2.000.000 decrianças) num planeta onde outros deitamfora a comida.

Lembremo-nos, também, que na Áfricasubsariana 49% da população vive commenos de 1 dólar por dia e que este númeroaumentou de 1990 para 2000; lembremo--nos, também, que na África subsariana aesperança de vida é inferior a 45 anosenquanto nos países da OCDE ela está àbeira de atingir os 80 anos!

Bem sei que o drama individual, mesmoque repetido por milhões, é difícil seravaliado. Este, o drama individual, tal comoa morte, só tem importância para quemdirectamente o vive. A nós, os que assistimos

ao espectáculo, em geral, apenas nos sobraum “coitado”, mais ou menos compungente.

Mas imaginemos que, por uma vez,conseguíamos reunir na maior praça domundo todos os que de fome, de doençaperfeitamente curável, de sida, de desesperonesse dia fossem morrer. Imaginemos quetodas as televisões do mundo transmitiamem directo, durante 24 horas, este espectá-culo de horror e de blasfémia. Imaginemos,ainda que por breves segundos, queconseguíamos não fechar os olhos peranteeste holocausto e, por fim, perguntemo-nosse, ainda assim, seríamos capazes de deixarque ele continuasse como, afinal, continuatodos os dias sem que disso tenhamosverdadeira consciência. Porque os milhõesque morrem à fome são hoje apenas umnúmero que por ser apenas um número étão abstracto que nem dá para sentir otremor de uma emoção.

E nós, professores, continuamos apensar que isto não tem nada a ver com anossa profissão? Que formarmos cidadãoscríticos, capazes de intervir na sociedade ésó ensinar-lhes o que eles devem aprenderpara ter um trabalho (precário, pois claro),ganhar um salário (baixo, pois claro),constituir família (pouco numerosa, poisclaro) e adormecer cansado em frente àtelevisão (olhando a quinta das celebri-dades, pois claro)?

*Num dia em que se achou maispessimista

Banalização

A

JORNAL DA FENPROF 35JANEIRO 2005

Page 35: Janeiro de 2005

36 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

HOMENAGEM

1. Este concurso dirige-se a professoresde todos os graus de ensino, residentes nopaís e no estrangeiro;

2. Os trabalhos a concurso devem seroriginais e inéditos e devem ser apresen-tados na modalidade de ensaio e deverãoversar sobre a vida e obra de MiguelTorga, as suas raízes, as suas terras e assuas gentes;

3. Os trabalhos a concurso devem ser

EvocarTorgateminiciativa

1. Com este concurso pretende-se maiordivulgação da vida e obra do escritor, juntodos jovens que frequentem o ensinosecundário português, em Portugal ou noestrangeiro;

2. Os trabalhos a concurso devem seroriginais e inéditos, podendo ser realizadosem grupo, e devem ser apresentados namodalidade de texto dramático a partir doscontos de Miguel Torga;

2.1 Sempre que os trabalhos sejamrealizados em grupo, apenas um doselementos pode ser professor;

REGULAMENTOS

Concurso de Ensaio “M

Concurso de Texto Dram

ez anos após a morte do médico Adolfo Rocha, a FENPROF decidiuorganizar um conjunto vasto de iniciativas que têm por principalmissão EVOCAR TORGA. Trata-se de uma justa e merecidahomenagem ao homem e ao seu alterónimo Miguel Torga.

Do calendário geral consta: um Concurso de Ensaio quetem por destinatários os Professores e Educadores residentes no paísou no estrangeiro, sendo sugerido como tema, inserto no seuregulamento, a Vida e Obra de Miguel Torga, as suas raízes, as suasterras e as suas gentes ; um Concurso Literário - Texto Dramático,dirigido aos jovens do ensino secundário no país e no estrangeiro quequeiram conhecer melhor Torga e, a partir da sua biografia e obra,escrever para teatro.

Preparamos também uma Exposição de Pintura colectiva itinerantecuja localização e calendário será objecto de oportuna divulgação eque conta com o apoio da Associação Contacto, para a qual foramconvidados Benjamim Marques, Carlos Cobra, Costa Camelo, DimasMacedo, Fernando Fonseca, Isabel Meireles, Jaime Liquito, Júlio Pomar,Luís Rodrigues, Manuel Barata e Paula Liberato (e/ou outros a indicar)

Os Centros de Formação dos Sindicatos da Região Centro e do Norteestão, ainda, a preparar, com a Professora Assunção Monteiro, daUniversidade da Trás-os-Montes e Alto Douro, uma Acção de Formaçãopreferencialmente dirigida a professores e educadores associados dossete sindicatos da FENPROF, que ao mesmo tempo que abordaráaspectos da vida e obra de Torga, percorrerá de autocarro alguns doslocais de inspiração do autor, nomeadamente alguns de entre o RioDouro, o Miradouro de S. Leonardo de Galafura, S. Martinho de Anta(capela de Nossa Senhora da Azinheira, Largo de Eirô, Casa de Torga eVila Condor), as vinhas do Douro, etc. ... com visita obrigatória àgastronomia da região.

Desta iniciativa daremos informação mais pormenorizada napróxima edição do Jornal da FENPROF.

A FENPROF editará, ainda, materiais específicos sobre cada umadas iniciativas, através dos quais informará as escolas e os professores,bem como os alunos do ensino secundário, dos regulamentos e passosa dar para participarem nesta grande homenagem a Miguel Torga.

D

JANEIRO 2005

Page 36: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 37JANEIRO 2005

apresentados em texto processado porcomputador, corpo 12, a espaço e meio, emfolhas A4 brancas, apenas de um lado, como máximo de 75 páginas;

4. Os concorrentes deverão enviar 5exemplares em papel e uma cópia emdisquete ou CD, numa versão de texto,preferencialmente do Word, até 14 de Maiode 2005 (data do correio) para: FederaçãoNacional dos Professores - FENPROF, RuaLourenço Almeida de Azevedo, 21, APAR-TADO 1020, 3001 - 552 Coimbra. Ostrabalhos podem, ainda, ser entregues emmão em qualquer sede ou delegação dosSindicatos da FENPROF;

5. Os trabalhos são firmados compseudónimo e acompanhados de envelopefechado e lacrado, contendo no interior umafolha com o nome, endereço, contactotelefónico do concorrente e o título dotrabalho apresentado a concurso. No exte-rior do envelope deverá constar o pseu-

dónimo igual ao que assinar o trabalho;6. Sempre que um concorrente apresen-

tar mais de um trabalho, deverá remetê-losem separado, subscritos com pseudónimodiferente;

7. O Júri deverá seleccionar as obras aconcurso e dar conhecimento público da suadecisão quanto à atribuição do prémio até8 de Julho de 2005;

8. O Júri atribuirá um único prémio novalor de 2000 euros, podendo, ainda, casoa qualidade dos trabalhos o justifique,atribuir menções honrosas;

9. O Júri poderá, caso a qualidade dostrabalhos a concurso não o justifique, nãoatribuir o prémio que consta deste regula-mento;

10. Não haverá recurso das decisões do Júri;11. O Júri será constituído por 5

elementos a serem indicados pela FENPROFe por entidades apoiantes da iniciativa“Evocar Miguel Torga”;

2.2 Sempre que um trabalho forrealizado individualmente, deve ter comoautor um aluno do ensino secundário.

3. Os trabalhos a concurso devem serapresentados em texto processado porcomputador, corpo 12, a espaço e meio, emfolhas A4 brancas, apenas de um lado, como máximo de 50 páginas;

4. Os concorrentes deverão enviar 5exemplares em papel e uma cópia emdisquete ou CD, numa versão de texto,preferencialmente do Word, até 14 de Maiode 2005 (data do correio) para: FederaçãoNacional dos Professores - FENPROF, Con-curso “Teatro Torga”, Rua Lourenço Almeidade Azevedo, 21, APARTADO 1020, 3001 -552 Coimbra. Os trabalhos podem, ainda,ser entregues em mão em qualquer sede oudelegação dos Sindicatos da FENPROF;

5. Os trabalhos são firmados compseudónimo e acompanhados de envelopefechado e lacrado, contendo no interior umafolha com o(s) nome(s), endereço, contactotelefónico do primeiro concorrente e o títulodo trabalho apresentado a concurso. No

exterior do envelope deverá constar opseudónimo igual ao que assinar o trabalho;

6. Sempre que um concorrente apre-sentar mais de um trabalho, deverá remetê--los em separado, subscritos com pseu-dónimo diferente;

7. O Júri deverá seleccionar as obras aconcurso e dar conhecimento público da suadecisão quanto à atribuição do prémio até14 de Junho de 2005;

8. Atribuição de prémios

8.1 O Júri atribuirá os seguintesprémios:

1.º Prémio - no valor de 1000 euros2.º Prémio - no valor de 750 euros8.2 Caso a qualidade dos trabalhos o

justifique, o júri poderá atribuir mençõeshonrosas;

8.3 O Júri poderá, caso a qualidade dostrabalhos a concurso não o justifique, nãoatribuir os prémios que constam desteregulamento;

9. Não haverá recurso das decisões do Júri;

Miguel Torga”

mático “Teatro Torga” para jovens do Secundário

12. Os premiados deverão ser con-tactados telefonicamente no dia da decisãodo Júri;

13. Os resultados do Concurso deverãoser publicados na edição do Jornal daFENPROF que se seguir à data da decisãodo Júri;

14. A FENPROF reserva-se o direito dapublicação dos trabalhos premiados,podendo, para o efeito, procurar as parceriasque considerar mais adequadas;

15. Serão excluídos os concorrentes quenão respeitem as condições deste regula-mento;

16. Sobre os casos omissos nesteRegulamento caberá decisão do Júri;

17. A divulgação pública dos premiadosserá feita, nomeadamente, através dosórgãos de comunicação social;

18. Os prémios serão entregues nasessão solene de encerramento das activi-dades “Evocar Miguel Torga”.

10. O Júri será constituído por 5elementos a serem indicados pelos Sin-dicatos da FENPROF;

11. Os premiados deverão ser con-tactados telefonicamente no dia da decisãodo Júri;

12. Os resultados do Concurso deverãoser publicados na edição do Jornal daFENPROF que se seguir à data da decisãodo Júri;

13. A FENPROF reserva-se o direito dapublicação dos trabalhos premiados,podendo, para o efeito, procurar as parceriasque considerar mais adequadas;

14. Serão excluídos os concorrentes quenão respeitem as condições deste regula-mento;

15. Sobre os casos omissos nesteRegulamento caberá decisão do Júri;

16. A divulgação pública dos premiadosserá feita, nomeadamente, através dosórgãos de comunicação social;

17. Os prémios serão entregues naconferência de encerramento das activi-dades “Evocar Miguel Torga”.

JORNAL DA FENPROF 37JORNAL DA FENPROF 37JANEIRO 2005

Page 37: Janeiro de 2005

38 JORNAL DA FENPROF JANEIRO 2005

VI “Correntes” juntam mais de 50 escritoresna Póvoa de Varzim

A

Expo ExpoMedia

AGENDA CULTURAL

s VI Correntes d’Escrita, que serealizarão de 16 a 19 de Fevereiro, naPóvoa de Varzim, reunirão mais de 50escritores de expressão ibérica, entre elesAgustina Bessa-Luís e Mário Cláudio.

Para além das mesas redondas edebates, o certame irá distinguir uma obrapoética, o que acontece pela primeira vez, já queo ano passado, quando foi instituído, o PrémioLiterário Correntes d’Escrita/Casino da Póvoadistinguiu um romance: “O vento assobiando nasgruas”, de Lídia Jorge.

O Prémio será, este ano, atribuído a uma obrade poesia, pois como institui o regulamento,alternadamente deverá distinguir uma obra oranarrativa ora poética.

Ao Prémio candidatam-se 116 livros, entreeles cinco de edição de autor. Entre os candidatosencontram-se Ana Hartherly com “O pavãonegro”, Gastão Cruz com duas obras, Carlos Motade Oliveira com “Versículos Satânicos” e JúlioPomar com “TratadodoDitoeFeito”.

Poesia será também o tema da revista

literária “Correntes d’Escritas”, a editar duranteo certame, e que será dedicada a Herberto Hélder.

As Correntes d’Escrita, que juntam autoresde três continentes, promovem ainda uma feirado livro na Casa da Juventude e encontros entrealunos locais e os escritores.

Algumas editoras apostam neste certamepara lançar as suas primeiras novidades de 2005.

As Publicações D. Quixote prevêem aapresentação de cinco novos títulos, entre eleso novo de Artur Portela, “As noivas de São Bento”.

Outros títulos são “Uma sombra laranja-tigre” de Afonso de Melo, “O silêncio dascarpideiras” de Miguel Miranda, “O horto daminha amada” do peruano Alfredo BryceEchenique e “O melhor das comédias da vidaprivada” do brasileiro Luís Fernando Veríssimo.

A Editorial Caminho prevê o lançamento do novotítulo de Luís Carlos Petrarquim, “O osso côncavo” e“Os olhos do homem que chorava no rio” da parceriaAna Paula Tavares e Manuel Jorge Marmelo.

Tal como o ano passado, a Âmbar Editoresabre o seu ano literário na Póvoa de Varzim onde,

apresentará os novoslivros de Luiz Antó-nio de Assis Brasil,Jordi Nadal, PauloReis Mourão e Antó-nio Gregório, entreoutros. A maior re-presentação este anoé de Portugal, com30 escritores, entreeles Urbano TavaresRodrigues, Luísa Dacosta, Fátima Pombo, finalista o anopassado do Prémio Literário, e Vergílio Alberto Vieira.

Depois de Portugal, surge a Espanha, comcinco escritores, entre eles Marcos GiraltTorrente. Angola leva à Póvoa quatro escritores,a “novidade” Maria Alexandre Dáskalos, e osrepetentes Manuel Rui, Ondjacki e Ana PaulaTavares, que participaram em 2004.

Moçambique e Brasil participam com trêsescritores, a Colômbia com dois, e com umapenas, Cuba, Peru, Argentina e Cabo Verde, comGermano de Almeida | Lusa, 12/1/2005

Mário Cláudio, Prémio Pessoa2004, uma presença em destaquena Póvoa

Fernando Piteira SantosPortuguês, Cidadãodo Século XX A reportagem “La sangre de un

poeta”, sobre os 30 anos do assassi-nato de Victor Jara, valeram aochileno Cristóbal Peña a Medalhade Ouro do Prémio Natali, a dis-tinção maior deste galardão insti-tuído em 1992 pela ComissãoEuropeia para premiar jornalistasque promovam os direitos humanos,a democracia e o desenvolvimentosustentável.Além do galardão principal, Cris-tóbal Peña recebeu o primeiroprémio da região América Latina eCaraíbas, no valor de dez mil euros.Os outros premiados regionais fo-ram o paquistanês Shah Zulfiqar(Ásia e Pacífico), o nigerino Abdou-laye Ibbo Daddy (África), o marro-quino Ahmed Benchemsi (MundoÁrabe, Líbano e Israel) e a britânicaSarah Boseley (Europa).Entre os finalistas europeus estavao português Paulo Moura, querecebeu o terceiro prémio pelasreportagens “Missnana, o sonholeve da morte” e “Um bebé é umpassaporte para o céu”, publicadasna revista “Pública”, que já em Maio

Medalha de Ouro do Prémio Natalipara jornalista chileno

de 2004 lhe tinham valido o PrémioJornalismo pela Tolerância.Em 2003, o jornalismo português foiigualmente distinguido pelos Pré-mios Natali, com a atribuição a SofiaBranco, do Público.pt, do prémioregional para o continente europeu.A edição 2004 dos prémios Natalicontou com a participação de 451jornalistas de 108 países, tendo osprémios sido entregues a 17 deJaneiro pelo comissário europeuLouis Michel. A cerimónia foiprecedida de uma apresentaçãoaudiovidual intitulada “O jornalista,enquanto defensor da democracianos países em desenvolvimento”. www.jornalistas.online.pt

A figura e acoragem de VictorJara foram temade inspiração paraum trabalhojornalístico degrande qualidade

O Museu Nacional da Imprensa evocao centenário da morte de BordalloPinheiro (1846-1905) com umagrande exposição, que se manterá aolongo do ano de 2005, homenageandoa genialidade do autor do “Zé Povinho”.Os 35 anos de trabalho de Bordallopodem ser vistos nos jornais patentesna exposição, que integra tambémtrês trabalhos originais, incluindo umaautocaricatura. Ao longo do ano,diversas peças expostas serão progres-sivamente substituídas por outras,dinamizando a exposição.Para além de ter trabalhado no Brasildurante quatro anos, Bordallo cola-borou com diversas publicaçõeseuropeias, nomeadamente na Ale-manha, Inglaterra, França e Espanha.A mostra pode ser vista na Galeria daCaricatura do Museu Nacional da Imprensano seu horário habitual: todos os dias das

15h às 20h.O Museu está insta-

lado na cidade doPorto, a montante daPonte do Freixo. www.jornalistasonline.pt

Museu da Imprensaevoca Bordallo Pinheiro

Até 28 de Fevereiro estará patenteao público, em Lisboa, a exposição“Fernando Piteira Santos – Portu-guês, Cidadão do Século XX” ,iniciativa do Centro de Documen-tação 25 de Abril (criado em 1985).A exposição está dividida em trêspartes. Na primeira, Paulo Sucena,secretário-geral da FENPROF, analisaa vida de Fernando Piteira Santos,destacado antifascista e intelectual.Na segunda, encontramos umacronologia, da autoria do Centro deDocumentação. Na terceira, afotógrafa Susana Paiva apresentaalguns dos objectos pessoais do di-rector-adjunto do “Diário de Lisboa”,prestigiado vespertino que continuaa fazer muita falta na sociedadeportuguesa. Após o período de trata-mento do espólio, iniciado em 1996,a investigação sobre a vida de PiteiraSantos implicou sete meses de

pesquisa. A exposição foi insta-lada na Fundação MárioSoares, na Rua de São Bento(perto da AR). A não perder.

Page 38: Janeiro de 2005

JORNAL DA FENPROF 39JANEIRO 2005

Mostra de fotógrafosalemães na Culturgestdo Porto

Animação Ao vivo Fotografia

Até 2 de Abril pode ser visitadana Culturgest do Porto (Av. dosAliados, 104, edifício CGD) umaexposição de fotografia alemãcontemporânea (“Distância eProximidade”), com destaquepara os trabalhos do casal Hernde Hilla Becher. Outros nomessalientes da criatividade foto-gráfica da Alemanha, comoAndreas Gursky, Cândida Hoferou Thomas Ruff, estão tambémrepresentados nesta mostra, quefunciona às segundas, terças,quartas, sextas e sábados, das10h00 às 18h00 e às quintas-feiras das 13h00 às 18h00.

Garcia Márquez

Uma interessante fo-tobiografia do escri-tor colombiano Ga-briel Garcia Márquezpode ser apreciada

até 28 de Fevereiro no InstitutoCervantes, em Lisboa.

Da vasta agenda de concertosespeciais marcados para o mês deFevereiro, (felizmente) um poucopor todo o País, o “JF” toma aliberdade de seleccionar quatropropostas, para as quais desde jáchamamos a atenção dos nossosleitores pela qualidade dos execu-tantes pela originalidade dosprogramas:• A Orquestra Barroca “DivinoSospiro”, dirigida por Enriço Onofri,apresentará no dia 13, no CentroCultural de Belém, em Lisboa,obras de Telemann, Vilvaldi e Bach(“Il Giardino Armonico”). O con-certo decorrerá no Pequeno Audi-tório, com início marcado para as18h00.• O Mosteiro de Santa Maria deAlcobaça recebe no dia 19 umconcerto de música medieval pelogrupo “Azzizzi”, acompanhado docontratenor Luís Peças. A sessãocomeça às 21h30 e insere-se nascomemorações dos 650 anos damorte de Inês de Castro.• Ainda no dia 19, mas a sul, noauditório do Centro Cultural de

Concertos em Lisboa, AlcobaçaLagos e Penamacor

Lagos, decorrerá um concerto(21h30) pelo grupo “Axabeba”,integrado no V Festival de Música“Rota de Almutamid”.No dia 20, de novo na RegiãoCentro, as atenções vão dirigir-separa Penamacor e para o anunciadoconcerto de música barroca peloagrupamento russo “Insula Má-gica”, a realizar a partir das 16h00,no Convento de Santo António.Quatro propostas a não perder!

JPO

Orquestra Barroca “Divino Sospiro”

Com organizaçãoda Câmara Munici-

pal de Portalegre, direcção artística de CarlosBarreto e vários apoios, incluindo a revista AllJazz, a cidade alentejana vai acolher emFevereiro a terceira edição do Festival Inter-nacional de Jazz. Aqui fica a programaçãocompleta desta iniciativa de referência nadivulgação do jazz no nosso País, com umasaudação muito especial a todos os que, commuito trabalho, dedicação e criatividade,ergueram esta prestigiada Festa:Dia 23 de Fevereiro | COMBOS do Workshopdir: Carlos BarrettoAuditório da ESE | 22.00hDia 24 | Maria João e Mário LaginhaCine Teatro Crisfal | 22hCafé Concerto «Regiophonia Orchestra»Café Alentejano | 00hDia 25 | Enriço Rava Quintet - «Easy Living»Enrico Rava, Gianluca Petrella, Andrea PozzaRosario Bonaccorso, Roberto GattoCine Teatro Crisfal | 22h

Direcção: Carlos BarrettoConservatório de Música de PortalegreMáximo de inscrições: 15Preço de inscrição: 7,5 eurosInformações e inscrições: 245 33 99 3424 a 26 FevereiroQuinta-feira a sábadoFeira do disco e da revista JazzClean Feed/Trem AzulCine Teatro CrisfalA partir das 21.00hMostra de Vinhos Regionais de PortalegreCine Teatro CrisfalA partir das 21.00hEspaço JamCom Exposição de capas de Vinil de clássicos doJazz, projecção de documentários e filmesjazzisticos, venda de discos e publicações de jazz.Bar X-TernaA partir das 16.00h

Bilhetes à venda a partir de 9 de Fevereiro noPalácio Póvoas e Biblioteca Municipal dePortalegre.Preço por concerto: 3 euros. Podem ser adquiridasentradas para todos os concertos ao preço únicode 7,5 euros.Informações: Joaquim Ribeirotel 245 20 30 10 | fax 245 20 30 11e-mail: [email protected]

3º Festival Internacional de JazzPORTALEGRE JAZZFEST

Jam SessionCafé Alentejano | 00hDia 26 | Mulgrew Miller TrioMulgrew Miller,Derrick HodgeKarriem RigginsCine Teatro Crisfal | 22hJam SessionCafé Alentejano | 00h

ACTIVIDADES PARALELAS21 a 26 FevereiroSegunda-feira a sábadoWorkshop de Produção de Espectáculos,Som e Luzdir: Shilá Quadros Fernandesmonitor: Ricardo Queluz09h00 - 13h00 || 14h30 - 18h30Máximo de inscrições: 15Preço de inscrição: 7,5 eurosInformações e inscrições: 245 33 99 349,16 ,22 e 23 de FevereiroWORKSHOP DE COMBOWorkshop de Jazz

O Mosteirodos Jeróni-mos e a Tor-re de Belém,em Lisboa,a n u n c i a m

programas especiais para asescolas, incluindo visitas guiadas,oficinas pedagógicas e ateliers,destinados a crianças do Pré-Esco-lar e do 1º e do 2º Ciclos do EnsinoBásico. Na nossa próxima ediçãodivulgaremos em pormenor estainteressante actividade. Para já,aqui ficam os contactos da Equipade Animação Pedagógica: Mosteirodos Jerónimos, Praça do Império,1400-206 Lisboa, telefone: 965503841/213620034, fax: 21 363 91 45, e-mail : [email protected] marcações devem ser feitas àsegunda-feira das 10.00h às 13.00he das 14.30h às 17.30h. As oficinaspedagógicas decorrerem de terça asexta-feira às 10.00h, 11.30h,14.00h e 15.30h e funcionam comum número mínimo de 10 alunos.

Animação pedagógicanos Jerónimose na Torre de Belém