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JORNAL DE ARTES Artes Plásticas Artes Cênicas Cinema Musica Literatura | | | | Escultura da Série Xingú « O Homem e o Rio» Figura antropomorfa do artista Gonzaga. A obra participou da exposição do artista em sala especial da XVII Bienal de São Paulo/1991. Doação do artista para o acervo do MACRS. O futuro Comtemporâneo MACRS | Exposições encerram calendário comemorativo dos 20 anos do museu em Porto Alegre O QUE DIZEM AS FOTOS FOTOGRAFIA QUADRINHOS “O acusado é proprietário de uma sentença, sem ser interrogado e sem as provas." A Palavra é Livro Por Djine Klein Por Bilheri Por Almandrade AS CONFIDENCIAS DE DOIS EX- TORTURADORES nos tempos dos anos de chumbo 15 ANOS Publicando Cultura JORNAL DE ARTES Porto Alegre Janeiro 2013 R$ 2,00 | | | www.facebook.com/jornaldeartes www .issuu.com/jornaldeartes

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Uma publicação da Muruci Editor. Veículo de mídia impressa, com periodicidade mensal. Circulação em Porto Alegre nos principais pontos culturais da cidade. Análise da produção artistica e cultural, nacional, gaúcha e internacional.

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Page 1: Janeiro 2013

JORNAL DE

ARTESArtes Plásticas Artes Cênicas Cinema Musica Literatura | | | |

Escultura da Série Xingú « O Homem

e o Rio» Figura antropomorfa do

artista Gonzaga.A obra participou

da exposição do artista em sala

especial da XVII Bienal de São

Paulo/1991.Doação do artista para o acervo do

MACRS.

O futuro ComtemporâneoMACRS | Exposições encerram calendário

comemorativo dos 20 anos do museu em Porto Alegre

O QUE DIZEM AS FOTOSFOTOGRAFIA

QUADRINHOS

“O acusado é proprietário de uma sentença, sem ser interrogado e sem as provas."

A Palavra é LivroPor Djine Klein

Por Bilheri

Por Almandrade

AS CONFIDENCIAS DE DOIS EX- TORTURADORESnos tempos dos anos de chumbo

15ANOS

Publicando Cultura

JORNAL DE

ARTES

Porto Alegre Janeiro 2013 R$ 2,00 | | |www.facebook.com/jornaldearteswww.issuu.com/jornaldeartes

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Porto Alegre 2013 ARTES | | | |Janeiro 9

Se Essa Rua Fosse Minha O Som ao Redor (crítica) CINEMA | CRÍTICA

São tiros mortais ou fogos de artifício? O que se passa quando o crítico de cinema resolve mudar de lugar e fazer o filme? Essa “dança das cadeiras” acontece no deslumbrante O SOM AO REDOR (Neighboring Sounds no título internacional), primeiro e ambicioso longa de ficção do crítico e cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. Ele já tinha feito seis curtas e um longa documental, Crítico (2007), registrando sua experiência jornalística de oito anos em cobertura cinematográfica.

Realizado em 2010 pela Produtora CinemaScópio de Recife, a produção vem assinada por Emilie Lesclaux, esposa do diretor. O filme custou exatos 1 milhão e 860 mil reais – incluindo a pós-produção. Em 2008, com o filme ainda em projeto, Kleber já tinha ganhado o prêmio de desenvolvimento de roteiro do Festival de Rotterdam, o Fundo Hubert Bals, que anualmente distribui 1,2 milhão de euros a diretores interessados em realizar filmes autorais. O roteiro também foi selecionado no Brasil pelo edital da Petrobrás e do Funcultura. Depois de angariar elogios e prêmios em diversos festivais internacionais (Copenhague, Oslo, Rotterdam, Locarno, Wroclaw, Sydney, Cannes, Mar del Plata), o filme teve sua estreia brasileira no 40º Festival de Gramado, onde faturou os kikitos de Melhor Diretor e Melhor Filme pelo júri da crítica e pelo júri popular. No Festival do Rio levou o Troféu Redentor de melhor filme e melhor roteiro, ganhou ainda melhor filme na Mostra de São Paulo e foi apresentado em sessão especial no Festival de Brasília.

Uma vizinhança de classe média no Recife tem sua rotina mudada por milicianos que chegam oferecendo serviço de segurança particular aos moradores. As cenas iniciais não me instigaram: a história me pareceu pouco consistente, as atuações me pareceram frágeis, a captação em película me pareceu velha, e tive a impressão que a imagem estava meio .. fora de foco. Pois bem, nesse filme, nada do que parece, é. Tudo se transforma ao longo das mais de duas horas de projeção. Os atores vão cena-a-cena vestindo seus personagens com convicção e realismo. O roteiro vai se transmutando numa bem alinhavada teia que mescla com presteza suspense policial, pequenos dramas familiares e momentos precisos de lirismo, sensualidade e poesia. A direção vai se revelando de extremo profissionalismo, com movimentação de câmera rara, criativa e absoluto domínio da linguagem cinematográfica.

Grande parte das cenas reproduz uma imagem que, em tese, estaria sendo captada por câmeras de segurança. Aquelas que estão em quase todos os lugares, que a gente esquece que existem, e que por isso mesmo captam uma realidade outra: a intimidade e o desprendimento das

pessoas (no caso aqui: das personagens) quando não se dão conta que estão sendo filmadas. Esse ponto-de-vista conceitual, ao desnudar-se, traz uma perspectiva nova ao filme, que se re-significa aos olhos do espectador. Outro ponto alto é a edição sonora, que recheia momentos do mais tóxico silêncio com uma bizarra sinfonia de barulhos urbanos .. uma verdadeira cacofonia de sons que vão, ruído a ruído, compondo uma atmosfera cinematográfica única, um labirinto de paranóias, medos e perigos, tanto imaginários quanto reais.

O filme começa com fotos em P&B de um canavial. Depois passa a uma rua. Uma rua que tem vários personagens, todos vizinhos, vivendo dramas comuns, como o roubo de toca-fitas nos carros que dormem na rua, e dramas pessoais, como no caso de Bia, casada e mãe de um casal de adolescentes, que vive atormentada pelos latidos do cachorro da vizinha. Os personagens vão se multiplicando à medida que o filme avança, mas em nenhum momento o espectador os perde, muito pelo contrário, ele vai sendo envolvido numa teia de tipos e acontecimentos que se entrecruzam e o conduzem a diversos becos, sempre na mesma rua. Como num labirinto, apenas um desses becos o levará à saída. Cabe ao espectador acertar o beco. Ou não. Na atuação, merece atenção especial o trabalho de Maeve Jinkings (Falsa Loura; Era uma vez eu, Verônica), Irandhir Santos (Tropa de Elite 2, Febre do Rato) e do poeta-ator-escritor W. J. Solha. As filmagens foram feitas em seis semanas e quatro dias, entre julho e agosto de 2010. A fotografia é de Pedro Sotero e Fabricio Tadeu, a direção de arte, de Juliano Dornelles. A montagem, de Kleber e João Maria, levou um ano e dois meses pra ficar pronta. A trilha sonora é do DJ Dolores e o desenho de som é assinado também por Kleber e Pablo Lamar. O corte final tem 131 minutos.

O SOM AO REDOR, distribuído no Brasil pela Vitrine Filmes, é dessa espécie colossal de filmes que crescem a cada novo olhar. Uma obra ímpar e atemporal. Quem viver, verá.Grande Abraço.Dario PR

Prêmios: - Melhor Filme Latino-Americano no 3rd Cinema Tropical Awards.- Melhor Filme no Festival CPH PIX em Copenhague, Dinamarca.- Prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema - FIPRESCI - no Festival Internacional de Rotterdam, Holanda.- Prêmio da Crítica no Festival New Horizons, em Wroclaw, Polônia.

Os atores Clara Oliveira e Felipe Bandeira em cena do filme «O Som ao redor» Foto DivulgaçãoPor Dario P. Regis * do Rio de Janeiro

* Dário P. Régis é médico, produtor, diretor e crítico de cinema. Escreve no Blog www.cineenlavena.blogspot.com.br

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* Newton Vaz Coelho é Artista plástico, e poeta em Viamão)

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Foto e Ilustração por Farah Filasteen baseado no

poema “ Palestine 1948 - We Shall Return”