j. r. r. tolkien volume Único · o motivo principal foi o desejo de um contador de histórias de...

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J. R. R. TOLKIEN

O SENHOR DOS ANIS

VOLUME NICO

TRADUOLENITA MARIA RIMOLI ESTEVES

Mestre em Traduo pela Universidade de CampinasALMIRO PISETTA

Professor de Literatura de Lngua Inglesada Universidade de So Paulo

REVISO TECNICA E CONSULTORIARONALD EDUARD KYRMSE

Membro da Tolkien Society e do grupo lingustico QuendilyCOORDENAOLus Carlos Borges

-2001-Editado no formato digital em 2011 por O Exilado de Marlia

Esta obra foi publicada originalmente em ingls por Harper CollinsPublishers Ltd com o ttulo THE LORD OF THE RINGS.O autor J. R. R. Tolkien, se outorga o direito moral de ser identificado como oautor desta obra.-Tolkien, J. R. R, 1892-1973.

NOTA EDIO BRASILEIRA E sta nova traduo brasileira de O Senhor dos Anis foi feita a partir

da edio integral em um volume, T he Lord of the Rings, L ondres, HarperCollins P ublishers, 1991, e submetida apreciao de Frank RichardWilliamson e C hristopher Reuel T olkien, executores do esplio de J ohnRonald Reuel Tolkien.

A traduo ficou a cargo de L enita M aria Rimoli E steves, M estre emT raduo pelo I nstituto de E studos L ingsticos da UN I C AM P . A revisodo texto e a traduo dos poemas foram realizadas por Almiro P ise a,P rofessor de L iteratura de L ngua I nglesa da Faculdade de Filosofia, L etras eCincias Humanas da USP.

Ronald E duard K yrmse, membro da Tolkien Society e de seu grupo deestudos lingsticos, Quendily, especialista na obra de J . R. R. T olkien,encarregou-se da reviso final.

A traduo dos nomes prprios fundamentou-se nas diretrizessugeridas em J . R. R. T olkien, G uide to the Names in T he Lord of the Rings, inJarred Lobdeli (editor), A Tolkien Compass, Baliantine Books, N ova York, 1980,e J im Allan, T he G iving of Names, in J im A llan (editor ), A n I ntroduction toElvish, Bran's Head Books, Hayes, 1978.

As runas e os caracteres fanorianos no frontispcio deste livrosignificam:T he Lord of the Rings translated from the Red B ook of Westmarch by J ohn RonaldReuel T olkien. Herein is set forth the history of T he War of the Ring and the returnof the King as seen by the hobbits.

Se vertidas para o portugus, as inscries assumiriam a seguinte forma:

O SENHOR DOS ANIS TRADUZIDO DO LIVRO VERMELHO

do M arco Ocidental por J ohn Reuel T olkien. Aqui est contada a histria daGuerra do Anel e do retorno do Rei conforme vista pelos hobbits.

De maneira similar, a ltima linha da inscrio no tmulo de B alin, p.339, vertida para o portugus, seria escrita da seguinte forma:

BALIN, FILHO DE FUNDIN, SENHOR DE MORIA

O EDITOR

Trs Anis para os Reis-lficos sob este cu,Sete para os Senhores-Anes em seus rochosos corredores,Nove para Homens Mortais, fadados ao eterno sono,Um para o Senhor do Escuro em seu escuro tronoNa Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.Um Anel para a todos governar,Um Anel para encontr-los,Um Anel para a todos trazer e na escurido aprision-losNa Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.

PREFCIO E sta histria cresceu conforme foi sendo contada, at se tornar uma

histria da Grande Guerra do Anel, incluindo muitas passagens da histriaainda mais antiga que a precedeu. O conto foi iniciado logo depois que OHobbit foi escrito e antes de sua publicao, em 1937; mas no continuounessa sequncia, pois eu queria primeiro completar e colocar em ordem amitologia e as lendas dos Dias Antigos, que j vinham tomando forma haviaalguns anos. Quis fazer isso para minha prpria satisfao, e tinha algumaesperana de que outras pessoas ficassem interessadas nesse trabalho,especialmente por ser ele fruto de uma inspirao primordialmentelingustica, e por ter sido iniciado a fim de fornecer o pano de fundohistrico necessrio para as lnguas lficas.

Quando aqueles a quem pedi opinio e aconselhamento corrigiramalguma esperana por nenhuma esperana, eu voltei sequncia, encorajadopelos leitores que solicitavam mais informaes sobre os hobbits e suasaventuras. M as a histria foi levada irresistivelmente em direo ao mundomais antigo e tornou-se, por assim dizer, um relato de seu fim e extino,antes que o incio e o meio tivessem sido contados. O processo haviacomeado enquanto eu estava escrevendo O Hobbit, no qual j haviaalgumas referncias ao material mais antigo: E lrond, Gondolin, os Altos-E lfose os orcs, alm de passagens que surgiram espontaneamente e tratavam decoisas mais elevadas ou profundas ou obscuras do que poderiam parecer primeira vista: Durin, M oria, Gandalf, o N ecromante e o Anel. A descobertada importncia dessas passagens e de sua relao com as histrias antigasrevelou a Terceira Era e seu apogeu na Guerra do Anel.

Aqueles que pediram por mais informaes sobre os hobbitsfinalmente as conseguiram, mas tiveram de esperar um longo tempo, pois acomposio de O Senhor dos A nis aconteceu em intervalos entre os anos de1936 e 1949, um perodo no qual eu tinha muitos deveres que nonegligenciei, e muitos outros interesses como estudante e professor quefrequentemente me absorviam. A demora, sem dvida, aumentou com oestouro da guerra em 1939, e no final desse ano eu ainda no tinha

terminado o L ivro I . Apesar da escurido dos cinco anos seguintes, descobrique a histria no podia ser inteiramente abandonada, e continuei demaneira rdua, principalmente noite, at parar perante o tmulo de B alinem Moria. Ali fiz uma pausa prolongada. J se passara quase um ano quandocomecei de novo, e ento cheguei a L othlrien e ao Grande Rio, no final de1941. N o ano seguinte escrevi os primeiros rascunhos do material que agorarepresenta o L ivro I I I e os incios dos C aptulos I e I I I do L ivro V, e ali,quando os faris se iluminaram em Anrien e T hoden chegou ao ValeHarg, eu parei. A previso falhara e no havia tempo para reconsiderar.

Foi durante 1944 que, deixando as pontas soltas e as perplexidades deuma guerra que eu tinha por tarefa conduzir, ou ao menos reportar, eu meforcei a lidar com a viagem de Frodo a M ordor. E sses captulos, quefinalmente se tornaram o L ivro I V, foram escritos e enviados em forma deseriado ao meu filho, C hristopher, que naquela poca estava na frica doSul com a Royal Air Force. T odavia, passaram-se mais cinco anos at o contochegar ao seu fim atual; nesse tempo, troquei de casa, de cargo e deuniversidade, e, embora os dias fossem menos sombrios, no eram menosrduos. E nto, quando o final fora atingido, a histria inteira precisava serrevisada e, na verdade, em grande parte reescrita. E precisava serdatilografada, e redatilografada, por mim; o custo do trabalho de umprofissional que usava os dez dedos estava alm das minhas possibilidades.

O Senhor dos A nis foi lido por muitas pessoas desde que finalmentefoi lanado na forma impressa, e eu gostaria de dizer algumas coisas aqui,com referncia s muitas suposies ou opinies, que obtive ou li, a respeitodos motivos e do significado da histria.

O motivo principal foi o desejo de um contador de histrias de tentarfazer uma histria realmente longa, que prendesse a ateno dos leitores,que os divertisse, que os deliciasse e s vezes, quem sabe, os excitasse ouemocionasse profundamente. C omo parmetro eu tinha apenas meusprprios sentimentos a respeito do que seria atraente ou comovente, e paramuitos o parmetro foi inevitavelmente uma falha constante. Algumaspessoas que leram o livro, ou que de qualquer forma fizeram uma crticadele, acharam-no enfadonho, absurdo ou desprezvel; e eu no tenho razespara reclamar, uma vez que tenho opinies similares a respeito do trabalho

dessas pessoas, ou dos tipos de obras que elas evidentemente preferem. Mas,mesmo do ponto de vista de muitos que gostaram de minha histria, hmuita coisa que deixa a desejar. Talvez no seja possvel numa histria longaagradar a todos em todos os pontos, nem desagradar a todos nos mesmospontos; pois, pelas cartas que recebi, percebo que as passagens ou captulosque para alguns so uma lstima so especialmente aprovados por outros. Oleitor mais crtico de todos, eu mesmo, agora encontra muitos defeitos,menores e maiores, mas, felizmente, no tendo a obrigao de criticar o livroou escrev-lo novamente, passar sobre eles em silncio, com a exceo deum defeito que foi notado por alguns: o livro curto demais.

Quanto a qualquer significado oculto ou mensagem na inteno doautor, estes no existem. O livro no nem alegrico e nem se refere a fatoscontemporneos. C onforme a histria se desenvolvia, foi criando razes (nopassado) e lanou ramos inesperados: mas seu tema principal foi definido noincio pela inevitvel escolha do Anel como o elo entre este livro e O Hobbit.O captulo crucial, A sombra do passado, uma das partes mais antigas doconto. Foi escrito muito antes que o prenncio de 1939 se tornasse umaameaa de desastre inevitvel, e desse ponto a histria teria sidodesenvolvida essencialmente na mesma linha, mesmo que o desastre tivessesido evitado. Suas fontes so coisas que j estavam presentes na mentemuito antes, ou em alguns casos j escritas, e pouco ou nada foi modificadopela guerra que comeou em 1939 ou suas sequelas.

A verdadeira guerra no se assemelha guerra lendria em seuprocesso ou em sua concluso. Se ela houvesse inspirado ou conduzido odesenvolvimento da lenda, ento certamente o Anel teria sido apreendido eusado contra Sauron; este no teria sido aniquilado, mas escravizado, eB arad-dr no teria sido destruda, mas ocupada. Saruman, noconseguindo se apoderar do Anel, teria em meio confuso e s traies dapoca, encontrado em M ordor as conexes perdidas em suas prpriaspesquisas sobre a T radio do Anel, e logo teria feito um Grande Anel para siprprio, com o qual poderia desafiar o pretenso soberano da Terra-mdia.N esse conflito, ambos os lados teriam considerado os hobbits com dio edesprezo: estes no teriam sobrevivido por muito tempo, nem mesmo comoescravos.

Outros arranjos poderiam ser criados de acordo com os gostos ou asvises daqueles que gostam de alegorias ou referncias tpicas. M as eucordialmente desgosto de alegorias em todas as suas manifestaes, e semprefoi assim desde que me tornei adulto e perspicaz o suficiente para detectarsua presena. Gosto muito mais de histrias, verdadeiras ou inventadas,com sua aplicabilidade variada ao pensamento e experincia dos leitores.Acho que muitos confundem aplicabilidade com alegoria; mas aprimeira reside na liberdade do leitor, e a segunda na dominao propositaldo autor.

claro que um autor no consegue evitar ser afetado por sua prpriaexperincia, mas os modos pelos quais os germes da histria usam o solo daexperincia so extremamente complexos, e as tentativas de definio doprocesso so, na melhor das hipteses, suposies feitas a partir deevidncias inadequadas e ambguas. Tambm no verdadeiro, embora sejanaturalmente atraente, quando as vidas de um autor e de um crtico sejustapem, supor que os movimentos do pensamento e os eventos daspocas comuns a ambos tenham sido necessariamente as influncias maispoderosas. N a verdade, preciso estar pessoalmente sob a sombra da guerrapara sentir totalmente sua opresso; mas, conforme os anos passam, pareceque fica cada vez mais esquecido o fato de que ser apanhado na juventudepor 1914 no foi uma experincia menos terrvel do que ficar envolvido com1939 e os anos seguintes. E m 1918, todos os meus amigos ntimos, com aexceo de um, estavam mortos. Ou, para falar de um assunto menos triste:algumas pessoas supuseram que O expurgo do C ondado reflete a situaoda I nglaterra na poca em que eu terminava minha histria. I sso no verdade. E sse captulo uma parte essencial do enredo, previsto desde oincio, embora neste episdio tenha sido modificado pelo modo como ocarter de Saruman se configura na histria, sem, preciso que eu diga,qualquer significado alegrico ou referncia poltica de qualquer tipo. E letem de fato alguma base na experincia, embora pequena (a situaoeconmica era totalmente diferente), e muito anterior. O lugar em que vivina infncia estava sendo lamentavelmente destrudo antes que eucompletasse dez anos, numa poca em que automveis eram objetos raros(eu nunca tinha visto um) e os homens ainda estavam construindo

ferrovias suburbanas. Recentemente vi num jornal a fotografia da runa dooutrora prspero moinho de milho ao lado de seu lago que muito tempoatrs me parecia to importante. J amais gostei da aparncia do M oleirojovem, mas seu pai, o M oleiro velho, tinha uma barba preta, e seu nome noera Ruivo.

PRLOGO

A RESPEITO DE HOBBITS Em grande parte, este livro trata de hobbits, e atravs de suas pginas

o leitor pode descobrir muito da personalidade deles e um pouco de suahistria. I nformaes adicionais podem ser obtidas na seleo feita a partirdo L ivro Vermelho do M arco Ocidental, j publicada sob o ttulo de OHobbit. E ssa histria originou-se dos primeiros captulos do L ivro Vermelho,escritos pelo prprio B ilbo, o primeiro hobbit a se tornar famoso no mundotodo, e chamados por ele de L e de Volta Outra Vez, porque relatavam a suaviagem para o L este e sua volta: uma aventura que mais tarde envolveriatodos os hobbits nos grandes acontecimentos daquela Era relatados aqui.

E ntretanto, muitos podem desejar desde o incio saber mais sobre essepovo notvel, uma vez que alguns podem no possuir o primeiro livro. P araesses leitores, aqui vo algumas notas sobre os pontos mais importantes doshobbits, e um rpido resumo da primeira aventura.

Os hobbits so um povo discreto mas muito antigo, mais numerosooutrora do que hoje em dia. Amam a paz e a tranquilidade e uma boa terralavrada: uma regio campestre bem organizada e bem cultivada era seurefgio favorito. H oje, como no passado, no conseguem entender ou gostarde mquinas mais complicadas que um fole de forja, um moinho de gua ouum tear manual, embora sejam habilidosos com ferramentas. M esmo nostempos antigos, eles geralmente se sentiam intimidados pelas P essoasGrandes, que como nos chamam, e atualmente nos evitam com pavor eesto se tornando difceis de encontrar. Tm ouvidos agudos e olhosperspicazes, e, embora tenham tendncia a acumular gordura na barriga e ano se apressar desnecessariamente, so ligeiros e geis em seus movimentos.P ossuem, desde o incio, a arte de desaparecer rpida e silenciosamente,quando pessoas grandes que no desejam encontrar aparecem peloscaminhos aos trambolhes; e desenvolveram essa arte a tal ponto que paraos homens ela pode parecer magia. M as os hobbits na verdade nuncaestudaram qualquer tipo de magia, e sua habilidade para desaparecer se

deve somente a um talento profissional que a hereditariedade, a prtica euma relao ntima com a terra tornaram inimitveis por raas maiores emais desengonadas.

So um povo pequeno, menores que os anes: menos robustos etroncudos, quer dizer, mesmo que na realidade no sejam muito mais altos, asua altura varivel, indo de 60 centmetros a 1 metro e 20 centmetros emnossa medida. Raramente chegam a 1 metro e meio; mas eles diminurampelo que dizem, e em tempos antigos eram maiores. De acordo com o L ivroVermelho, B andobras T k (Urratouro), filho de I sengrim I I , tinha 1 metro e33 centmetros de altura e conseguia montar um cavalo. E le s foi superadoem todos os recordes hobbitianos por dois personagens famosos deantigamente, mas essa interessante questo tratada neste livro.

Quanto aos hobbits do Condado, enfocados nesses contos, nos temposde paz e prosperidade eram um povo alegre. Vestiam-se com cores vivasgostando notadamente de verde e amarelo, mas raramente usavam sapatosuma vez que seus ps tinham solas grossas como couro e eram cobertos porpelos grossos e encaracolados, muito parecidos com os que tinham nacabea, que eram geralmente castanhos. Dessa forma, o nico ofcio poucopraticado entre eles era a manufatura de sapatos, mas tinham dedos longoshabilidosos e podiam fazer muitas outras coisas teis e graciosas. E m geralseus rostos eram mais simpticos que bonitos; largos, com olhos brilhantes,bochechas vermelhas e bocas prontas para rir e para comer e beber. Assimeles riam, comiam e bebiam, frequentemente e com entusiasmo, gostando debrincadeiras a qualquer hora, e tambm de cinco refeies por dia (quandopodiam t-las). E ram hospitaleiros e adoravam festas e presentes queofereciam sem reservas e aceitavam com gosto.

fato que, apesar de um estranhamento posterior, os hobbits sonossos parentes: muito mais prximos que os elfos, ou mesmo que os anes.Antigamente, falavam a lngua dos homens, sua prpria maneira, e emgrande parte gostavam e desgostavam das mesmas coisas que os homens.

M as qual exatamente nosso parentesco no se pode mais descobrir.A origem dos hobbits se situa nos Dias Antigos, agora perdidos e esquecidos.Apenas os elfos preservam registros dessa poca extinta, e suas tradiestratam quase que inteiramente de sua prpria histria, na qual os homens

aparecem raramente e os hobbits no so mencionados. M as no h dvidade que os hobbits, de fato, viveram sossegadamente na Terra-mdia pormuitos anos antes que qualquer outro povo tomasse conhecimento deles. Eestando o mundo afinal de contas cheio de inumerveis criaturas estranhas,esse pequeno povo parecia ter muito pouca importncia. M as na poca deB ilbo e de Frodo, seu herdeiro, eles repentinamente se tornaram, sem que odesejassem, tanto importantes quanto renomados, e atrapalharam asdeliberaes dos Sbios e dos Grandes.

Aqueles dias, a Terceira E ra da Terra-mdia, j se passaram h muitotempo, e o formato de todas as terras foi mudado; mas as regies habitadaspelos hobbits dessa poca so sem dvida as mesmas onde eles aindapermanecem: o N oroeste do Velho M undo, a L este do M ar. De sua terranatal, os hobbits da poca de B ilbo no preservavam nenhumconhecimento. O amor por aprender coisas novas (que no fossem registrosgenealgicos) estava longe de ser comum entre eles, mas ainda restavamalguns nas famlias mais antigas que estudavam seus prprios livros, e atreuniam relatos de tempos antigos e terras distantes feitos por elfos, anes ehomens. Seus prprios registros comearam apenas depois da fundao doC ondado, e suas lendas mais antigas raramente so anteriores aos seus DiasE rrantes. E ntretanto, est claro, a partir dessas lendas e das evidncias desuas palavras e hbitos peculiares, que os hobbits, como muitos outros povos,se dirigiram para o Oeste no passado. Suas histrias mais antigas parecem serde um tempo em que eles moravam nos vales superiores de Anduin, entre aorla da Grande Floresta Verde e as M ontanhas Sombrias. J no se conhececom certeza a razo pela qual empreenderam a tarefa rdua e perigosa deatravessar as montanhas e chegar at E riador. Seus prprios depoimentosfalam da multiplicao dos homens na terra, e de uma sombra que desceusobre a floresta, de modo que esta ficou escura e seu nome passou a serFloresta das Trevas.

Antes de atravessar as montanhas, os hobbits j se haviam divididoem trs raas relativamente diferentes: P s-peludos, Grados e C ascalvas. OsP speludos tinham a pele mais escura, eram menores e mais baixos, notinham barbas ou botas; suas mos e ps eram destros e geis e eles preferiamas regies serranas e as encostas de montanhas. Os Grados tinham uma

constituio mais encorpada e pesada: suas mos e ps eram maiores, epreferiam plancies e regies banhadas por rios. Os C ascalvas tinham a pelee o cabelo mais claros, eram mais altos e esguios que os outros e eramamantes de rvores e florestas.

Os P s-peludos tinham muito a ver com os anes em pocas antigas,e viveram por muito tempo nos ps das montanhas. M igraram cedo emdireo ao oeste, e vagaram at E riador chegando ao T opo do Vento,enquanto os outros ainda estavam nas Terras E rmas. E ram a variedade maiscomum e representativa de hobbits, e sem dvida a mais numerosa. Eram osmais inclinados a se acomodar em um nico lugar, e preservaram por maistempo o hbito ancestral de viver em tneis e tocas.

Os Grados permaneceram por mais tempo ao longo das margens doGrande rio Anduin, e eram menos reservados em relao aos homens.M igraram, para o Oeste depois dos P s-peludos e seguiram o curso doRuidosgua em direo ao sul, e ali muitos deles moraram por um longotempo entre T harbad e os limites da Terra P arda, antes de rumar para oNorte novamente.

Os C ascalvas, os menos numerosos, eram um ramo do N orte. T inhamum contato mais amigvel com os elfos do que os outros hobbits, e tinhammais habilidade com lnguas e msica do que com trabalhos manuais. Edesde antigamente preferiam caar a lavrar a terra. E les cruzaram asmontanhas ao norte de Valfenda e desceram o rio Fontegris. E m E riador,rapidamente se mesclaram com os outros tipos que os haviam precedido,mas, sendo relativamente maiores e mais aventureiros, eramfrequentemente tidos como lderes ou chefes entre os cls de P s-peludosou de Grados. M esmo no tempo de B ilbo, ainda se podiam notar os fortestraos de C ascalvas entre as famlias maiores, como os T ks e os M estres daTerra dos Buques.

N a regio oeste de E riador, entre as M ontanhas Sombrias e asM ontanhas de L n, os hobbits encontraram tanto homens quanto elfos. N averdade, ainda morava l um remanescente dos Dnedain, os reis doshomens que chegaram do P onente pelo M ar; mas eles estavamdesaparecendo rapidamente, e as terras de seu Reino do N orte estavam sedeteriorando por toda a regio. H avia espao de sobra para os que

chegavam, e logo os hobbits comearam a se assentar em comunidadesorganizadas. M uitas de suas comunidades mais antigas tinhamdesaparecido e cado em total esquecimento na poca de Bilbo; mas uma dasprimeiras a se tornar importante ainda permanecia, embora reduzida emtamanho; situava-se em B ri e na Floresta C het que ficava nas redondezas, aumas quarenta milhas do Condado.

Foi nesses tempos primordiais, sem dvida, que os hobbitsaprenderam suas letras e comearam a escrever na maneira dos Dnedain{1}, que por sua vez tinham aprendido a arte muito antes com os elfos. Enessa poca eles tambm esqueceram todas as lnguas usadas anteriormente,e depois disso sempre falaram a L ngua Geral, o Westron, que era como achamavam nas terras dos reis desde Arnor at Gondor, e em toda a costamartima desde B elfalas at L ri. M esmo assim, eles ainda preservavam dopassado algumas palavras prprias, bem como seus prprios nomes de mesese dia e uma grande quantidade de nomes de pessoas.

P or volta dessa poca, as lendas entre os hobbits se tornaram pelaprimeira vez histria, com uma contagem de anos. P ois foi no ano 1601 daTerceira E ra que os irmos C ascalvas, M archo e B lanco, partiram de B ri, etendo obtido permisso do rei em Fornost, cruzaram o escuro rio B arandumacompanhados de muitos hobbits. Atravessaram a P onte dos Arcos deP edra, construda na poca de poder do Reinado do N orte, e tomaram todaterra alm dela para ali morar, entre o rio e as C olinas Distantes. Tudo que seexigia deles era que fizessem a manuteno da Grande P onte e de todas asoutras pontes e estradas, que facilitassem a passagem dos mensageiros do reie que reconhecessem seu poder.

Assim teve incio o Registro do Condado, pois o ano em que cruzaram orio B randevin (assim rebatizado pelos hobbits) se tornou o Ano Um do

Condado, e todas as datas posteriores se baseiam nessa{2}. Imediatamente oshobbits do Oeste se apaixonaram por sua nova terra e l permaneceram, eassim rapidamente mais uma vez desapareceram da histria dos homens edos elfos. E nquanto ainda havia um rei, eram seus sditos nominais; mas naverdade eram governados por seus prprios lderes e no se misturavam demodo algum com os acontecimentos do mundo l fora. N a ltima batalhaem Fornost contra o Rei dos B ruxos de Angmar, enviaram alguns arqueiros

para ajudar o rei, ou pelo menos assim afirmavam, embora nenhuma histriados homens confirme a informao. M as com aquela guerra o Reinado doN orte acabou; e ento os hobbits tomaram a terra para si prprios, eescolheram entre seus prprios chefes um T hain para ocupar o lugar deautoridade do rei que havia partido. Ali, por mil anos, tiveram poucosproblemas com guerras, e prosperaram e se multiplicaram depois da P esteN egra (R.C . 37) at o desastre do I nverno L ongo e a penria que o seguiu.M ilhares pereceram nessa poca, mas os Dias de P rivao j estavamdistantes na poca desta histria, e os hobbits tinham se acostumadonovamente com a fartura. A terra era rica e boa, e, embora j estivesseabandonada por muito tempo quando l chegaram, fora bem cultivadaantes, e ali o rei possura muitas fazendas, plantaes de milho, vinhedos ebosques.

A terra se estendia por 120 milhas desde as C olinas Distantes at aP onte do B randevin, e por 150 milhas dos pntanos do norte at os charcosdo sul. Os hobbits a chamaram de Condado, sendo a regio de autoridade deseu T hain e um distrito de negcios bem-organizados; e ali, naquele cantoagradvel do mundo, exerceram sua bem organizada atividade de viver eprestavam cada vez menos ateno ao mundo de fora, onde coisas obscurasaconteciam, chegando a pensar que paz e fartura fossem a regra na Terra-mdia e o direito de todas as pessoas sensatas. E squeceram ou ignoravam opouco que sabiam dos Guardies e dos trabalhos daqueles que possibilitavama paz prolongada do C ondado. N a verdade, eles estavam protegidos, masdeixaram de se lembrar disso.

E m tempo algum, hobbits de qualquer tipo foram amantes da guerra,e nunca guerrearam entre si. E m tempos antigos, claro, viram-sefrequentemente obrigados a lutar para se manterem num mundo difcil;mas na poca de B ilbo esta j era uma histria muito antiga. A ltimabatalha antes de esta histria comear, e na verdade a nica que aconteceudentro dos limites do C ondado, estava alm da memria viva: a B atalha dosC ampos Verdes, R.C . 1147, na qual B andobras T k expulsou os orcs quetinham invadido a regio. At mesmo o clima ficara mais ameno, e os lobosque uma vez chegavam famintos fugindo do N orte, durante amargosinvernos brancos, eram apenas uma histria contada pelos avs. Dessa

forma, embora ainda houvesse um pequeno estoque de armas no C ondado,estas eram usadas geralmente como trofus, penduradas sobre lareiras ounas paredes, ou reunidas no museu em Gr C ava. A C asa-mathom, eracomo se chamava; pois qualquer coisa que os hobbits no fossem utilizarimediatamente, mas que no quisessem jogar fora, eles chamavam demathom. Suas moradias podiam vir a ficar cheias de mathoms, e muitos dospresentes que passavam de mo em mo eram desse tipo.

E ntretanto, a paz e a tranquilidade tinham tornado este povocuriosamente resistente. Se a situao exigisse, eram difceis de intimidar oumatar e eram, talvez, to incansavelmente afeioados s coisas boas quanto,quando necessrio, capazes de passar sem elas, e podiam sobreviver aorude da tristeza, do clima ou do inimigo de um modo que surpreendiaaqueles que no os conheciam direito e no enxergavam alm de suasbarrigas e de seus rostos bem-alimentados. Embora demorassem para discutire no matassem nenhum ser vivente por esporte, eram valentes quando emapuros, se fosse preciso sabiam ainda manejar armas. Atiravam bem com oarco pois seus olhos eram perspicazes e certeiros no alvo. N o apenas comarco e flechas. Se qualquer hobbit se abaixasse para pegar uma pedra erabom logo se proteger, como bem sabiam todos os animais transgressores.

T odos os hobbits viviam originalmente em tocas no cho, ou assimacreditavam, e nesse tipo de moradia ainda se sentiam mais vontade; mascom o passar do tempo foram obrigados a adotar outros tipos de habitao.N a verdade, no C ondado da poca de B ilbo, geralmente apenas os maisricos e os mais pobres mantinham o antigo hbito. Os mais pobres foramviver em tocas do tipo mais primitivo, na verdade meros buracos comapenas uma ou nenhuma janela, enquanto os abastados ainda construamverses mais luxuosas das escavaes simples de antigamente. M as locaisadequados para esses tipos de tneis grandes e ramificados (ou smials, comoos chamavam) no se encontravam em qualquer lugar, e nas plancies e nosdistritos baixos os hobbits, conforme se multiplicavam, comearam aconstruir acima do solo. N a verdade, mesmo nas regies montanhosas dasaldeias mais antigas, como a V ila dos H obbits ou Tuqueburgo, ou no distritoprincipal do C ondado, que se chamava Gr C ava e ficava sobre as C olinasB rancas, havia agora muitas casas de madeira, tijolo ou pedra. E stas eram

especialmente preferidas por mineiros, ferreiros, cordoeiros e carreteiros eoutros profissionais do tipo, pois mesmo na poca em que tinham tocas ondemorar, os hobbits j estavam havia muito tempo acostumados a construiroficinas e barraces.

Afirmava-se que o hbito de construir celeiros e casas-grandes teveincio entre os habitantes do P ntano, na regio do rio B randevin. Os hobbitsdessa regio, a Quarta L este, eram bastante grandes e tinham pernasvolumosas, e usavam botas de anes quando o tempo estava mido e havialama no cho. M as eram conhecidos por ter uma boa quantidade de sangueGrado, como de fato se demonstrou pela penugem que muitos deles tinhamno queixo. N enhum dos P s-peludos ou dos C ascalvas tinha qualquer sinalde barba. N a verdade, o pessoal do P ntano, e da Terra dos B uques, a lestedo Rio, que eles ocuparam posteriormente, vieram em sua maior parte parao C ondado mais tarde, procedendo do Sul; e ainda tinham muitos nomespeculiares e usavam palavras estranhas no encontradas em nenhumaoutra regio do Condado.

provvel que o ofcio da construo, alm de muitos outros ofcios,tenha sido copiado dos Dnedain. M as os hobbits podem ter aprendidodiretamente com os elfos, os professores dos homens quando jovens. P ois oselfos da Alta L inhagem ainda no haviam abandonado a Terra-mdia enaquela poca ainda moravam nos P ortos C inzentos, no longnquo Oeste, eem outros lugares dentro dos domnios do C ondado. T rs torres lficas detempos imemoriais ainda podiam ser vistas nas C olinas das T orres, alm dasfronteiras do Oeste. B rilhavam de longe luz da lua. A mais alta ficava maisdistante, erguendo-se solitria sobre uma colina verde. Os hobbits da QuartaOeste diziam que se podia ver o M ar do alto daquela torre; mas jamais sesoube de um hobbit que tivesse estado l. N a verdade, poucos hobbits jtinham visto o M ar ou navegado nele, e menos ainda retornaram paracontar o que fizeram. A maioria dos hobbits encarava mesmo os rios epequenos barcos com grande apreenso, e poucos sabiam nadar. E conformeos dias do C ondado se alongavam, eles falavam cada vez menos com oselfos, e se tornaram receosos deles, e desconfiados daqueles que tinhamrelaes com eles; o M ar se tornou uma palavra ameaadora e um sinnimode morte, e deram as costas para as colinas e o Oeste.

O oficio da construo pode ter vindo dos elfos ou dos homens, masos hobbits o usavam a sua prpria maneira. N o gostavam de torres. Suascasas eram geralmente compridas, baixas e confortveis. Os tipos maisantigos eram, na verdade, nada mais que imitaes construdas de smials,cobertas com grama seca ou palha ou turfa, e com paredes de certo modoarqueadas. E sse estgio, entretanto, pertenceu aos primeiros tempos doC ondado, e as construes dos hobbits tinham sido alteradas havia muito,aprimoradas por mtodos aprendidos com os anes ou desenvolvidos poreles prprios. Uma preferncia por janelas e mesmo por portas redondas eraa peculiaridade mais importante da arquitetura hobbit.

As casas e tocas dos hobbits do C ondado eram sempre grandes, ehabitadas por grandes famlias. (B ilbo e Frodo B olseiro, sendo solteiros, erammuito incomuns, como eram tambm em muitos outros pontos, (como porexemplo em sua amizade com os elfos). Algumas vezes, como no caso deT ks de Grandes Smials, ou os B randebuques da Sede do B randevin, muitasgeraes de parentes viviam em (relativa) paz, juntos numa mansoancestral e de muitos tneis. T odos os hobbits, de qualquer modo tinhamtendncia a viver em cls, e tratavam seus parentes com muita ateno ecuidado. Desenhavam grandes e elaboradas rvores genealgicas com ramosinumerveis. E m se tratando de hobbits importante lembrar quem parente de quem, e em que grau. Seria impossvel neste livro esboar umarvore genealgica que inclusse mesmo apenas os mais importantesmembros das famlias mais importantes da poca da qual esses contostrataram. As rvores genealgicas no final do L ivro Vermelho do M arcoOcidental so em si um pequeno volume, e todos, com a exceo doshobbits, as considerariam excessivamente enfadonhas.

Os hobbits se deliciavam com esse tipo de coisas, quando eramprecisas: gostavam de ter os livros repletos de coisas que j conheciam,colocadas preto no branco, sem contradies.

A RESPEITO DA ERVA-DE-FUMO

E xiste uma outra coisa a respeito dos hobbits que deve ser

mencionada, um hbito surpreendente: eles inspiravam ou inalavam,atravs de um tubo de barro ou madeira, a fumaa derivada da queima de

folhas de uma erva que chamavam de erva-de-fumo ou folha, provavelmenteuma variedade Nicotiana. Um mistrio enorme envolve a origem dessehbito peculiar, arte, como os hobbits preferiam cham-lo. Tudo o que sepde descobrir sobre isso na antiguidade foi recolhido por M eriadocB randebuque (depois M estre da Terra dos B uques), e, uma vez que ele e otabaco da Quarta Sul tm um papel na histria que se segue, suasobservaes na introduo de seu Registro das E rvas do Condado merecemtranscrio:

E sta, diz ele, uma arte que se pode certamente descrever comouma inveno nossa. Quando os hobbits comearam a fumar no se sabe,nenhuma lenda ou histria familiar questiona o assunto; por muito tempo aspessoas do C ondado fumaram vrias ervas, algumas mais fortes, outras maissuaves. M as todos os registros concordam com o fato de que T obolC orneteiro, do Vale C omprido, na Quarta Sul, cultivou pela primeira vez averdadeira erva-de-fumo em seus jardins na poca de I sengrim I I , por voltado ano 1070 do Registro do C ondado. As melhores ervas de cultivodomstico ainda vm desse distrito, especialmente as variedades hojeconhecidas como Folha do Vale Comprido, Velho Toby e Estrela do Sul.

C omo o Velho T oby encontrou a planta no est registrado, pois ato dia de sua morte no o disse a ningum. Sabia muito sobre ervas, mas noera um viajante. C omenta-se que em sua juventude ele sempre ia a B ri,embora certamente nunca tenha ido alm desse ponto. Dessa forma, muito possvel que tenha conhecido essa planta em B ri, onde atualmente,de qualquer modo, ela cresce muito bem nas encostas da colina voltadaspara o Sul. Os hobbits de B ri dizem ter sido os primeiros a realmente fumar aerva-de-fumo. E les dizem, claro, que fizeram tudo antes das pessoas doC ondado, a quem se referem como colonos; mas neste caso acredito que oque dizem correto. E certamente foi de B ri que a arte de fumar a ervagenuna se espalhou nos sculos recentes entre anes e outros povossemelhantes, guardies, magos, ou andarilhos, que ainda passavam indo evindo por aquela encruzilhada antiga. O reduto e o centro da arte podemdesse modo ser encontrados na velha hospedaria de B ri, O Pnei Saltitante,conservada pela famlia de Carrapicho desde tempos imemoriais.

M esmo assim, as observaes que fiz em minhas viagens para o Sul

me convenceram de que a erva no nativa da nossa parte do mundo, masveio do norte do Anduin inferior, e at ali foi trazida, suspeito eu,originalmente do outro lado do M ar por homens de P onente. E la cresce deforma abundante em Gondor, e ali mais rica e maior que no N orte, ondenunca encontrada na forma selvagem e floresce apenas em lugarescobertos e aquecidos como o Vale C omprido. Os homens de Gondor achamam de doce galenas, e a estimam somente pela fragrncia de suasflores. Dessa terra ela deve ter sido levada atravs do C aminho Verde,durante os longos sculos entre a vinda de E lendil e os dias atuais. M asmesmo os Dnedam de Gondor nos do este crdito: os hobbits pelaprimeira vez colocaram a erva em cachimbos. N em mesmo os magospensaram nisso antes que ns. Apesar de um mago que eu conheo teraderido arte h muito tempo, tornando-se habilidoso nela como emqualquer outra coisa em que se mete.

SOBRE A ORGANIZAO DO CONDADO

O C ondado se dividia em quatro partes, as Quartas j citadas, N orte,

Sul, L este e Oeste; e estas por sua vez novamente se dividiam em vriospovoados, que ainda levam os nomes de algumas das famlias maisimportantes, embora no tempo desta histria esses nomes no fossem maisencontrados apenas em seus prprios povoados. Quase todos os T ks aindaviviam na Terra dos T ks, mas no se pode dizer o mesmo de muitas outrasfamlias, como os B olseiros e os B offins. P ara alm das Quartas ficavam osM arcos L este e Oeste: a Terra dos B uques (p. 102); e o M arco Ocidentaladicionado ao Condado em R.C. 1462.

N essa poca o C ondado mal tinha um governo. N a maioria dasvezes as famlias cuidavam de seus prprios negcios. C ultivar comida ecom-la ocupava a maior parte de seu tempo. E m outros assuntos eles eramem geral, generosos e no gananciosos, mas satisfeitos e moderados, de modoque terras, fazendas, oficinas e pequenos comrcios tendiam a permanecerinalterados por geraes.

P ermanecia, claro, a antiga tradio, acerca do Alto Rei de Fornost,ou C idadela do N orte, como chamavam o lugar ao norte do C ondado. M asno tinha havido um rei por mais de mil anos, e mesmo as runas do Rei da

C idadela do norte estavam cobertas pelo mato. M as os hobbits aindacomentavam sobre povos selvagens e coisas perversas (como trolls) que notinham ouvido falar do rei. P ois eles atribuam ao rei de outrora todas as suasregras essenciais; e geralmente mantinham as leis do livre-arbtrio, pois estaseram As Regras (como diziam), to antigas quanto justas.

verdade que a famlia T k tinha se destacado havia muito tempopois o ofcio de T hain tinha passado a eles (dos Velhobuques) alguns sculosantes, e o chefe T k levava o ttulo desde essa poca. O T hain era o mestredo T ribunal do C ondado, e capito das T ropas do C ondado e dos H obbit emarmas, mas como tribunais e exrcitos s eram organizados em tempo deemergncia, que no ocorriam mais, o ttulo de T hain no era agora mais queuma honraria. A famlia T k ainda era, na verdade, tratada com umrespeito especial, pois permanecia numerosa e extremamente rica, e tinhahabilidades de produzir em cada gerao grandes personalidades de hbitospeculiares e at de temperamento aventureiro. E sta ltima qualidadeentretanto, era atualmente mais tolerada (nos ricos) do que propriamenteaprovada. P ermaneceu o costume, entretanto, de se referir ao chefe dafamlia como O T k, e de se adicionar ao seu nome, se necessrio, umnumero: como Isengrim II, por exemplo.

O nico cargo oficial no C ondado nessa poca era o de P refeito GrC ava (e do C ondado), que era eleito a cada sete anos na Feira L ivre nasC olinas B rancas no L ithe, isto , no Solstcio de Vero. C omo P refeito, quaseseu nico dever era presidir banquetes, oferecidos nos feriados do C ondado,que ocorriam a intervalos frequentes. M as os cargos de Agente P ostal e deP rimeiro C ondestvel foram acrescentados ao de P refeito, de modo que estegerenciava tanto o Servio de M ensagens como a P atrulha. E stes eram osnicos funcionrios do C ondado, e os M ensageiros eram os mais numerosose os mais ocupados dos dois. Os hobbits no eram, de modo algum, todosletrados, mas os que eram escreviam constantemente para todos os seusamigos (e para alguns de seus parentes) que viviam em lugares maisdistantes do que uma caminhada vespertina podia alcanar.

C ondestveis foi o nome que os hobbits deram sua polcia, ou aoseu equivalente mais prximo. E les no tinham, obviamente, uniformes(essas coisas eram desconhecidas por eles), s uma pena em seus chapus; e

na prtica estavam mais para pastores que para policiais, mais envolvidoscom animais perdidos que com pessoas. H avia apenas doze deles em todo oCondado, trs em cada Quarta, para Trabalho Interno. Uma corporao bemmaior, que variava em tamanho conforme a necessidade, estavaencarregada de bater as fronteiras e cuidar que os forasteiros de qualquertipo, grandes ou pequenos, no se transformassem num incmodo.

N a poca em que esta histria comea, os Fronteiros, como eramchamados, tinham aumentado bastante. H avia muitos relatos e reclamaesde pessoas e criaturas estranhas rondando as fronteiras, ou a regio delas: oprimeiro sinal de que nem tudo estava como deveria estar, e sempre haviaestado, a no ser nas histrias e lendas de antigamente. P oucos perceberamo sinal, e at mesmo B ilbo no tinha qualquer noo do que issorepresentava. Sessenta anos haviam se passado desde que partira em suamemorvel viagem, e estava velho mesmo em se tratando de hobbits, quegeralmente chegavam aos cem anos; mas ele evidentemente aindaconservava a riqueza considervel que havia trazido. A quantidade nuncafora revelada a ningum, nem mesmo a Frodo, seu sobrinho favorito. Eainda guardava em segredo o Anel que havia achado.

SOBRE O ACHADO DO ANEL

C omo se narra em O H obbit, um dia chegou porta de B ilbo o grande

mago, Gandalf, o C inzento, e treze anes junto com ele: na realidade,ningum mais que T horin E scudo de C arvalho, descendente de reis, e seusdoze companheiros de exlio. C om eles partiu, para sua grande surpresa,numa manh de abril, no ano de 1341, de acordo com o Registro doC ondado, na busca de grandes riquezas, o tesouro acumulado pelos anes epertencente aos Reis sob a M ontanha abaixo de E rebor em Valle, no extremoL este. A busca foi bem-sucedida e o drago que guardava o tesouro foidestrudo. M as, embora antes que tudo estivesse terminado, a B atalha dosC inco E xrcitos tenha sido travada e T horin tenha sido morto, e muitosfeitos importantes tenham acontecido, o assunto no teria sido de muitointeresse para a histria posterior, ou merecido mais que uma nota noslongos anais da Terceira E ra, se no fosse por um acidente. O grupo foiassaltado por orcs numa passagem nas M ontanhas Sombrias enquanto ia

para as Terras E rmas; e ento aconteceu que B ilbo ficou perdido por umtempo nas escuras minas dos orcs sob as montanhas, e ali, quando tateavaem vo no escuro, ele ps a mo sobre um anel que estava no cho de umtnel. Colocou-o no bolso. Na hora, isso pareceu mera sorte.

Tentando achar a sada, Bilbo desceu at as razes das montanhas, atque no pudesse ir adiante. N o cho do tnel ficava um lago frio, longe daluz, e numa ilha de pedra sobre a gua vivia Gollum. E ra uma criaturarepugnante: remava um pequeno barco com seus grandes ps chatos, eescrutando com olhos plidos e luminosos e pegando peixes cegos comlongos dedos e comendo-os crus. Comia qualquer coisa viva, at mesmo orcs,se pudesse captur-los e estrangul-los sem esforo. P ossua um tesourosecreto, que tinha chegado at ele muito tempo atrs, quando ainda viviana luz: um anel de ouro que fazia com que quem o usasse se tornasseinvisvel. E ra a nica coisa que amava, seu precioso, e conversava com omesmo quando no o tinha consigo. Guardava-o seguro num esconderijo,um buraco em sua ilha, a no ser quando estava caando ou espionandoorcs das minas.

Talvez ele tivesse atacado B ilbo imediatamente se estivesse com oanel quando se encontraram; mas no estava, e o hobbit segurava uma facabranca, que lhe servia de espada. E nto, para ganhar tempo, Gollumdesafiou B ilbo para um jogo de charadas, dizendo que, se propusesse umacharada que Bilbo no conseguisse adivinhar, poderia mat-lo e com-lo. Poroutro lado, se Gollum fosse derrotado, faria o ordenado por B ilbo: conduzi-loa sada dos tneis.

J que estava perdido no escuro e sem esperanas, no podendo iradiante e nem voltar, B ilbo aceitou o desafio e eles propuseram um ao outromuitas charadas. N o final B ilbo ganhou o jogo, mais por sorte ao que parece,do que por esperteza; pois tinha ficado em apuros sem ter nenhumacharada a propor, e gritou, quando sua mo alcanou o anel que tinhaapanhado e esquecido: O que eu tenho no meu bolso? I sso Gollum noconseguiu responder, embora tivesse exigido trs chances. As Autoridades, verdade, discordam quanto a essa ltima pergunta ser uma merapergunta ou uma charada, de acordo com as regras estritas do Jogo; mastodos concordam que, depois de aceit-la e tentar acertar a resposta, Gollum

se obrigava a cumprir sua promessa. E B ilbo o pressionou a manter suapalavra, pois lhe ocorreu que essa criatura gosmenta poderia voltar atrs,embora essas promessas fossem consideradas sagradas, e desde antigamenteapenas as criaturas mais perversas no temiam quebr-las. M as depois demuito tempo sozinho no escuro, Gollum corao negro, e a traio moravanele, escapou e voltou sua ilha, da qual B ilbo no sabia coisa alguma, nomuito distante na gua escura. Ali, pensou, estava seu anel. E stava famintoagora, e raivoso, e se o seu precioso estivesse com ele, no temeriaqualquer tipo de arma.

M as o anel no estava na ilha; ele o havia perdido, sumira. Seuchiado causou arrepios em B ilbo, embora ele ainda no tivesse entendido oque havia acontecido. M as Gollum tinha descoberto a resposta, tardedemais. O que ele tem nos ssseus bolssssos?, gritou ele. A luz em seus olhos eracomo uma chama verde, e ele correu de volta para matar o hobbit erecuperar seu precioso. B ilbo percebeu o perigo em tempo, e fugiucegamente pela passagem para longe da gua; e mais uma vez foi salvo porsua sorte. P ois enquanto corria colocou a mo no bolso, e o anel escorregou-lhe no dedo. Foi assim que Gollum passou por ele sem v-lo, e seguiu emfrente para guardar a sada, para que o ladro no fugisse.C uidadosamente, B ilbo o seguiu, conforme ele ia em frente, xingando econversando consigo mesmo sobre seu precioso; dessa conversa B ilbofinalmente descobriu a verdade, e recuperou a esperana na escurido: eleprprio tinha encontrado o anel e uma chance de escapar dos orcs e deGollum.

Finalmente pararam perante uma abertura escondida, que levava atos portes inferiores das minas, no lado leste das montanhas. Ali Gollum seagachou, farejando e escutando, e B ilbo se sentiu tentado a mat-lo com suaespada. M as teve pena, e embora mantivesse o anel, no qual estava suanica esperana, no o usaria como um recurso para matar a criatura ignbilem desvantagem. N o final, juntando toda sua coragem, pulou por cima deGollum no escuro, e fugiu pela passagem, seguido pelos gritos de dio edesespero de seu inimigo: Ladro, ladro! Bolseiro! Ns odeia ele para sempre!

curioso o fato de que essa no a histria que B ilbo contouinicialmente a seus companheiros. P ara estes, disse que Gollum havia

prometido dar-lhe um presente se ele ganhasse o jogo; mas quando Gollum foipeg-lo em sua ilha descobriu que o presente havia sumido: um anel mgico,que lhe tinha sido dado em seu aniversrio havia muito tempo. B ilboadivinhou que era exatamente esse anel que ele havia encontrado, e comotinha ganhado o J ogo, o anel j era seu por direito. M as, estando numasituao difcil, no disse nada, e obrigou Gollum a mostrar-lhe a sada comorecompensa em vez do presente. Esse relato Bilbo colocou em suas memriase parece nunca t-lo alterado, nem mesmo depois do C onselho de E lrond.E videntemente isso ainda constava no L ivro Vermelho original, da mesmaforma que em varias cpias e resumos. M as muitas cpias contm a histriaverdadeira (como uma alternativa), derivada sem dvida das notas deFrodo ou Samwise; ambos souberam a verdade, embora no parecessemdispostos a apagar qualquer coisa j escrita pelo velho hobbit.

Gandalf, entretanto, desacreditou da primeira histria de B ilbo assimque a escutou e continuou muito curioso a respeito do anel. Finalmenteconseguiu saber da verdadeira histria pelo prprio B ilbo, depois de muitosquestionamentos, que por um tempo estremeceram sua amizade; mas osbio parecia considerar a verdade importante. E mbora no dissesse isso aB ilbo, ele tambm achava importante, e perturbador, o fato de o bom hobbitno ter contado a verdade desde o comeo, o que era contrrio aos seushbitos. A ideia de um presente no era uma mera inveno do hobbit, dequalquer forma. E la lhe foi sugerida, como o prprio B ilbo confessou, pelaconversa de Gollum que ele por acaso ouvira; porque Gollum, na verdade,chamou o anel de seu presente de aniversrio muitas vezes. E ste fatoGandalf tambm considerou estranho e suspeito, mas s descobriu averdade sobre ele depois de muitos anos, como se ver neste livro.

Sobre as aventuras posteriores de B ilbo preciso dizer pouca coisamais. C om a ajuda do anel ele escapou dos guardas-orcs no porto ereencontrou seus companheiros. Usou o anel muitas vezes nessa viagem,principalmente para ajudar seus amigos; mas o manteve em segredo oquanto pde. Depois de sua volta, nunca mais falou dele para qualquerpessoa, a no ser Gandalf e Frodo, e ningum mais no C ondado sabia de suaexistncia, ou assim ele pensava. Apenas a Frodo mostrou o relato de suaViagem que estava escrevendo.

Sua espada, Ferroada, B ilbo pendurou sobre a lareira, e seumaravilhoso casaco de malha de metal, presente que os anes lhe deram eque fazia parte do tesouro do drago, foi doado a um museu, na verdade C asa-mathom em Gr C ava. M as ele mantinha numa gaveta em B olso avelha capa e o capuz que havia usado em suas viagens; e o anel, penduradonuma corrente fina, era mantido em seu bolso.

E le voltou para sua casa em B olso em 22 de junho, no seuqinquagsimo segundo aniversrio (R.C . 1342), e nada de muito notvelaconteceu no C ondado at que o Sr. B olseiro comeou os preparativos paraa comemorao de seu centsimo dcimo primeiro aniversrio (R.C . 1401).Nesse ponto esta Histria comea.

NOTA SOBRE OS REGISTROS DO CONDADO

N o final da Terceira E ra, o papel desempenhado pelos hobbits nos

grandes eventos que levaram incluso do C ondado no Reino Reunidodespertou neles um interesse muito mais amplo por sua prpria histria, emuitas de suas tradies, at ento na sua maioria orais, foram coletadas eescritas. As famlias maiores tambm estavam interessadas pelos eventos noReinado em geral, e muitos de seus membros estudavam suas histrias elendas antigas. N o final do primeiro sculo da Quarta E ra j se podiamencontrar no C ondado vrias bibliotecas com muitos livros e registroshistricos.

As maiores dessas colees ficavam provavelmente em Sob-as-torres,em Grandes Smials, e na Sede do B randevin. E ste relato sobre o final daTerceira E ra retirado principalmente do L ivro Vermelho do M arcoOcidental. E sta fonte importantssima para a histria da Guerra do Anel erachamada assim porque foi preservada por muito tempo em Sob-as-torres, olar dos L indofilhos, Administradores do M arco Ocidental. Originalmente,este livro era o dirio pessoal de B ilbo, levado por ele a Valfenda. Frodo otrouxe de volta para o C ondado, juntamente com muitas folhas soltas deanotaes e durante R.C . 1420-1 ele quase encheu todas as paginas com seurelato sobre a Guerra. M as anexados a este e preservados juntamente comele, provavelmente num nico estojo vermelho, estavam os trs grandesvolumes, encapados com couro vermelho, que B ilbo lhe deu como um

presente de despedida. A esses quatro volumes foi acrescentado no M arcoOcidental um quinto contendo comentrios, genealogias e vrios outrosmateriais relacionados aos membros hobbits da Sociedade.

O L ivro Vermelho original no foi preservado, mas muitas cpiasforam feitas, especialmente do primeiro volume, para o uso dosdescendentes dos filhos de M estre Samwise. A cpia mais importante,entretanto, tem uma histria diferente. Foi guardada em Grandes Smials,mas escrita em Gondor, provavelmente a pedido do bisneto de P eregrin, eterminada em R.C . 1592 (Q.E . 172). Seu escriba acrescentou esta nota:Findegil, E scriba do Rei, terminou este trabalho em I V 172. E le uma cpiaexata em todos os detalhes do L ivro do T hain de M inas T irith. E sse livro erauma cpia, feita a pedido do Rei E lessar, do L ivro Vermelho dos P eriannath,e foi trazido a ele pelo T hain P eregrin quando este se retirou para Gondorem IV 64.

O L ivro do T hain foi, desse modo, a primeira cpia do L ivroVermelho, e continha muitos dados que foram omitidos ou perdidos. E mM inas T irith ele recebeu muitas anotaes e muitas correes,especialmente nos nomes, palavras e citaes das lnguas lficas; e foiacrescentada uma verso abreviada daquelas partes do Conto de A ragorn eArwen, que ficam de fora do relato da Guerra. Afirma-se que o contocompleto foi escrito por B arahir, neto do I ntendente Faramir, algum tempodepois da morte do Rei. M as a caracterstica mais importante da cpia deFindegil que somente ela contm todas as T radues do lfico feitas porB ilbo. E sses trs volumes foram considerados um trabalho de grandehabilidade e erudio durante o qual, entre 1403 e 1418, ele usou todas asfontes disponveis em Valfenda, tanto vivas quanto escritas. M as como elasforam pouco usadas por Frodo, por se tratar quase que inteiramente dos DiasAntigos, no sero mais comentadas aqui.

Sendo que M eriadoc e P eregrin se tornaram os chefes de suasgrandes famlias, e ao mesmo tempo mantiveram suas relaes com Rohan eGondor, as bibliotecas de B uqueburgo e Tuqueburgo continham muitascoisas que no apareciam no L ivro Vermelho. N a Sede do B randevin haviamuitas obras que tratavam de E riador e da histria de Rohan. Algumas delasforam escritas ou iniciadas pelo prprio M eriadoc, embora no C ondado ele

fosse lembrado principalmente pelo seu Registro das Ervas do Condado, e peloseu Registro dos A nos, no qual ele discutia a relao entre os calendrios doC ondado e de B ri com os de Valfenda, Gondor e Rohan. E le tambmescreveu um pequeno tratado sobre P alavras e Nomes A ntigos em Rohan,mostrando um interesse especial em descobrir o parentesco entre a lnguados Rohirrim e certas palavras do C ondado como mathom e partculasantigas e nomes de lugares.

E m Grandes Smials os livros eram de menor interesse para o povo doC ondado, embora fossem da maior importncia para a histria maisabrangente. Nenhum deles foi escrito por Peregrin, mas ele e seus sucessorescoletaram muitos manuscritos feitos por escribas de Gondor: em sua maioriacpias ou resumos de histrias ou lendas relacionadas com E lendil e seusherdeiros. Apenas aqui no C ondado era possvel encontrar materiaisabundantes para a histria de N menor e a ascenso de Sauron. Foi

provavelmente em Grandes Smials que O Conto dos A nos{3} foi organizado,com a ajuda do material coletado por M eriadoc. E mbora as datas fornecidassejam frequentemente conjecturais, principalmente para a Segunda E ra,elas merecem ateno. provvel que M eriadoc tenha obtido ajuda einformaes em Valfenda, lugar que visitou mais de uma vez. Ali, emboraE lrond tivesse partido, seus filhos permaneceram durante muito tempo,juntamente com alguns elementos do povo dos Altos-elfos. Afirma-se queC eleborn tinha ido morar l depois da partida de Galadriel, mas no hregistros do dia em que ele finalmente se dirigiu aos P ortos C inzentos, e comele partiu a ltima memria viva dos Dias Antigos da Terra-mdia.

A SOCIEDADE DO ANEL

A PRIMEIRA PARTE DE

O SENHOR DOS ANIS

PRIMEIRA PARTE

CAPTULO I: UMA FESTA MUITO ESPERADA

Quando o Sr. B ilbo B olseiro de B olso anunciou que em breve celebraria seuonzentsimo primeiro aniversrio com uma festa de especial grandeza,houve muito comentrio e agitao na Vila dos Hobbits.

B ilbo era muito rico e muito peculiar, e tinha sido a atrao doC ondado por sessenta anos, desde seu notvel desaparecimento einesperado retorno. As riquezas trazidas de suas viagens tinham agora setransformado numa lenda local, e popularmente se acreditava que a C olinaem Bolso estava cheia de tneis recheados com tesouros.

E se isso no fosse o suficiente para se ter fama, havia tambm seuvigor prolongado que maravilhava as pessoas.

O tempo passava, mas parecia ter pouco efeito sobre o Sr. B olseiro.Aos noventa anos, parecia ter cinquenta. Aos noventa e nove, comearam acham-lo de bem-conservado; mas inalterado ficaria mais prximo darealidade.

Havia pessoas que balanavam a cabea e pensavam que isso era bomdemais; parecia injusto que qualquer pessoa possusse (aparentemente) ajuventude perptua, alm de (supostamente) uma riqueza inexaurvel.

I sso ter seu preo diziam eles. N o natural e trarproblemas.

M as at agora os problemas no haviam chegado, e como o Sr.Bolseiro era generoso com seu dinheiro, a maioria das pessoas estava dispostaa perdoar suas esquisitices e sua boa sorte. C ontinuou se relacionando emtermos de cortesia com sua famlia (com exceo, claro, dos Sacola-bolseiros), e tinha muitos admiradores devotados entre os hobbits de famliaspobres e sem importncia. M as no tinha amigos ntimos, at que seusprimos mais jovens comearam a crescer.

O mais velho deles, e favorito de Bilbo, era o jovem Frodo Bolseiro.Quando B ilbo tinha noventa e nove anos, adotou Frodo como seu

herdeiro, e o trouxe para viver em B olso, e os Sacola-bolseiros finalmenteperderam as esperanas. P or acaso, B ilbo e Frodo faziam aniversrio nomesmo dia, 22 de setembro.

Seria melhor que voc viesse morar aqui, Frodo, meu rapaz! disse B ilbo um dia , e ento poderemos comemorar nossos aniversriosjuntos e com mais conforto. N essa poca Frodo ainda estava navintolescncia, que como os hobbits chamavam os anos irresponsveisentre a infncia e a maioridade aos trinta e trs anos.

M ais doze anos se passaram. T odo ano os B olseiros davam animadasfestas duplas de aniversrio em B olso; mas agora se entendia que algumacoisa muito excepcional estava sendo planejada para aquele outono, B ilbo iafazer onzenta e um anos, 111, um nmero bastante curioso, e uma idademuito respeitvel para um hobbit (mesmo o Velho T k s havia chegado a130); e Frodo ia fazer trinta e trs, 33, um nmero importante: o ano em quese tornaria um adulto.

As lnguas comearam a se agitar na V ila dos H obbits e em B eirgua,rumores do evento que se aproximava viajaram por todo o C ondado. Ahistria e a personalidade do Sr. B ilbo B olseiro se tornaram novamente oassunto principal das conversas, e as pessoas mais velhas repentinamenteencontraram grande receptividade para suas lembranas.

N ingum tinha uma plateia mais atenta que o velho H am Gamgi,geralmente conhecido como Feitor. E le contava histrias no Ramo de H era,uma pequena hospedaria na estrada de B eirgua, e falava com certaautoridade, pois tinha cuidado do jardim de B olso por quarenta anos, etinha ajudado o velho H olman no mesmo servio antes disso. Agora que eleestava ficando velho e com as juntas endurecidas, o servio era feitoprincipalmente por seu filho Gamgi. Tanto pai quanto filho tinham relaesmuito boas com Bilbo e Frodo.

M oravam na prpria C olina, no nmero 3 da rua do B olsinho, logoabaixo de Bolso.

O Sr. B ilbo um hobbit muito cavalheiro e gentil, como eu sempredisse declarava o Feitor. E dizia a mais perfeita verdade: B ilbo era gentilcom ele, chamando-o de M estre H amfast, e constantemente o consultandosobre o cultivo de legumes em se tratando de razes, especialmentebatatas, o Feitor era considerado por todos na vizinhana (inclusive eleprprio) a autoridade mais importante.

M as e esse Frodo que mora com ele? perguntou o Velho N oques

Beirgua. O seu nome B olseiro, mas ele tem muito dos B randebuque pelo

que dizem. E u no entendo o motivo pelo qual um B olseiro da V ila de H obbits

vai procurar uma esposa l na Terra dos B uques, onde as pessoas so toestranhas.

N o de admirar que sejam estranhas acrescentava P apai Dois(o vizinho de lado do Feitor) , pois eles moram do lado errado doGrandevin e bem perto da Floresta Velha. Aquele um lugar escuro e ruim,se metade das histrias for verdade.

V oc est certo, P ai disse o Feitor, N o que osB randebuques da Terra dos B uques morem na Floresta Velha; mas eles souma raa estranha, ao que parece. V ivem para cima e para baixo de barconaquele rio grande e isso no natural. N o de espantar que surjamproblemas. M as, seja como for, o Sr. Frodo um jovem hobbit to gentilquanto se poderia desejar, exatamente como o Sr. B olseiro. Afinal de contas,seu pai era um B olseiro. Um hobbit decente e respeitvel, o Sr. DrogoBolseiro, nunca houve o que dizer dele, at que morreu afogado.

Afogado? disseram vrias vozes. J tinham ouvido este e outrosrumores mais sombrios antes, claro; mas os hobbits tm uma paixo porhistrias familiares e estavam prontos para ouvir esta de novo.

B em, o que dizem disse o Feitor. Veja voc: o Sr. Drogo secasou com a pobre Sra. P rmula B randebuque. E la era prima em primeirograu do nosso Sr. B ilbo por parte de me (a me dela era a filha mais jovemdo Velho T k); e o Sr. Drogo era primo dele em segundo grau. Desse modo, oSr. Frodo filho dos primos do Sr. B ilbo em primeiro e segundo grau, e seuprimo com o intervalo de uma gerao, voc me entende? E o Sr. Drogomorava na Sede do B randevin com o sogro, o velho M estre Gorbadoc, comosempre fez depois de seu casamento (tinha um fraco por comida e o VelhoGorbadoc mantinha uma mesa bastante generosa); e saram para andar debarco no rio B randevin, e ele e sua esposa morreram afogados; e o pobre Sr.Frodo era apenas uma criana na poca.

Ouvi dizer que eles foram para a gua depois do jantar e sob o luar disse o Velho Noques , e que foi o peso de Drogo que afundou o barco.

E eu ouvi que ela o empurrou, e ele a puxou para dentro da guadepois que ele tinha cado disse Ruivo, o moleiro da Vila dos Hobbits.

V oc no deveria dar ouvidos a tudo o que falam, Ruivo disseo Feitor, que no gostava muito do moleiro. N o tem sentido ficar falandosobre empurrar e puxar. Os barcos so muito traioeiros at para aqueles quese sentam quietinhos sem procurar problemas. De qualquer jeito: foi assimque o Sr. Frodo se tornou um rfo e ficou perdido, como se pode dizer, emmeio quele estranho povo da Terra dos B uques e foi criado na Sede doB randevin. Aquilo geralmente j um formigueiro de to cheio. O velhoM estre Gorbadoe nunca teve menos do que duzentos parentes nasredondezas. O Sr. B ilbo no poderia ter feito coisa melhor do que trazer omenino para morar entre gente decente.

M as acho que esse foi um golpe duro para aqueles Sacola-bolseiros.E les acharam que iam ficar com B olso na poca em que ele foi embora e foiconsiderado morto. E ento ele volta e os manda sair, e continua vivendo evivendo, e nem parecendo um dia mais velho, puxa vida! E de repentearranja um herdeiro, e arruma toda a documentao necessria. Os Sacola-bolseiros nunca vo entrar em B olso depois disso, ou pelo menos se esperaque no.

Tem um monte de dinheiro enfiado l dentro, ouvi dizer disseum estranho, um visitante que estava a negcios vindo de Gr C ava, naQuarta Oeste. T odo o topo de vossa colina est cheio de tneis recheadosde bas de Ouro e prata, e joias, pelo que ouvi dizer.

E nto voc ouviu mais do que eu posso discutir respondeu oFeitor. N o sei de nada sobre joias. O Sr. B ilbo no faz muita economiacom seu dinheiro, e parece que no h falta dele; mas no sei nada sobretneis. V i o Sr. B ilbo quando voltou, mais ou menos sessenta anos atrs,quando eu era um menino. N o fazia muito tempo que eu era um aprendizdo velho H olman (ele era primo do meu pai), mas mesmo assim me pediuque fosse a B olso para ajud-lo a evitar que as pessoas pisoteassem a gramae ficassem andando pelo jardim quando a toca estava venda. E em meio atudo isso o Sr. B ilbo vem subindo a colina com um pnei, alguns sacos bemgrandes e uns bas. N o duvido que estivessem em sua maioria cheios detesouros que ele apanhou em lugares distantes, onde h montanhas de ouro,

dizem por a; mas no havia o bastante para encher tneis. M as o meumenino Sam deve saber mais sobre isso. E le vive entrando e saindo deB olso. louco por histrias de antigamente, isso ele , e escuta todas ashistrias do Sr. B ilbo. O Sr. B ilbo ensinou-lhe suas letras sem querer causarmaldade, veja bem, e espero que nenhuma maldade venha disso.

E lfos e Drages!, digo eu pra ele. Repolho com batatas melhor paravoc e para mim. No v se misturar com os negcios que no so para o seu bico,ou voc vai arranjar problemas muito grandes para voc, digo eu pra ele. E possodizer para outros acrescentou ele, olhando para o estranho e para omoleiro.

M as o Feitor no convenceu sua plateia A lenda sobre a riqueza deB ilbo estava fixada de maneira muito firme nas mentes das geraes maisjovens de hobbits.

Ah! M as ele pode muito bem ter juntado mais ao que trouxe noinicio argumentou o moleiro, representando a opinio geral. E le estsempre longe de casa. E reparem nas pessoas bizarras que vm visit-lo:anes que chegam noite, e aquele velho mgico andarilho, Gandalf, e todoo resto. Voc pode dizer o que quiser, Feitor, mas Bolso um lugar estranho,e as pessoas de l so mais estranhas ainda.

V oc pode dizer o que quiser sobre coisas que no conhece melhordo que a histria do barco, senhor Ruivo retorquiu o Feitor, apreciandoainda menos o moleiro do que de costume. Se isso ser estranho, entopoderamos ter mais estranheza por aqui. Tem gente no muito longe daquique no ofereceria uma caneca de cerveja a um amigo, nem se vivessenuma toca com paredes de ouro. M as em B olso eles fazem as coisas direito.O nosso Sam disse que todo mundo vai ser convidado para a festa, e vaihaver presentes, vejam bem, presentes para todos neste mesmo ms.

Aquele mesmo ms era setembro, e estava agradvel como se poderiadesejar. Um ou dois dias depois se espalhou um rumor (provavelmentecomeado pelo informado Sam) de que iria haver fogos de artifcio fogosde artifcio, alm do mais, como no se via no C ondado h mais de umsculo; na verdade, desde que o Velho Tk havia morrido.

Os dias se passaram e o Dia se aproximava. Uma carroa de aparnciaestranha, carregada de pacotes de aparncia estranha, rodou numa noite

at a V ila dos H obbits e foi subindo a C olina at chegar a B olso. Os hobbitsassustados espiavam de portas iluminadas com lamparinas para ver,embasbacados. E ra conduzida por pessoas bizarras, que cantavam canesestranhas: anes com barbas longas e capuzes fundos. Alguns deles ficaramem B olso. N o final da segunda semana de setembro uma charrete passoupor B eirgua vinda da P onte do B randevin em plena luz do dia. Umhomem a conduzia, sozinho. Usava um chapu azul, alto e pontudo, umalonga capa cinza e um cachecol prateado. T inha uma longa barba branca esobrancelhas densas que sobressaam da borda de seu chapu. C rianashobbit seguiram a charrete pelas ruas da V ila dos H obbits e colina acima. E raum carregamento de fogos de artifcio, como eles muito bem adivinharam.N a porta da frente de B ilbo, o homem comeou a descarregar: haviagrandes pacotes de fogos de artifcio de todos os tipos e formatos, cada um

rotulado com um G grande e vermelho e com a runa lfica, .Seu oficio real era muito mais difcil e perigoso, mas o pessoal do

C ondado no sabia nada sobre isso. P ara eles, ele era apenas uma dasatraes da festa. P or isso a excitao das crianas hobbit. G de Grande,gritavam elas, e o velho sorria.

Conheciam-no de vista, embora ele aparecesse na Vila dos Hobbits devez em quando e nunca ficasse por muito tempo. M as nem eles, nem osmais velhos dentre os velhos tinham visto uma de suas exibies de fogos deartifcio elas agora pertenciam a um passado lendrio.

Quando o velho, ajudado por B ilbo e alguns anes, terminou dedescarregar, B ilbo distribuiu uns trocados; mas no houve nem um busca-pou bombinha, para a decepo dos observadores.

Saiam agora! disse Gandalf. V ocs vo ver bastante quando ahora chegar. Depois desapareceu para dentro com B ilbo, e a porta foifechada. Os jovens hobbits ficaram olhando em vo para a porta por umtempo, e ento foram embora, sentindo que o dia da festa nunca chegaria.

Dentro de B olso, B ilbo e Gandalf estavam sentados perto da janelaaberta de uma pequena sala que dava para o oeste, sobre o jardim.

O fim de tarde estava claro e quieto. As flores brilhavam, vermelhas edouradas: bocas-de-leo e girassis e nastrcios que subiam pelas paredes

verdes e espiavam pelas janelas redondas. Como o seu jardim est bonito! disse Gandalf. disse B ilbo. E u gosto muito dele, e de todo o velho e

querido Condado, mas acho que preciso de frias. Quer dizer ento que voc pretende continuar com seu plano? Pretendo. Tomei a deciso h alguns meses, e no mudei de ideia. M uito bem. melhor no dizer mais nada. C ontinue com seu

plano seu plano completo, veja bem e espero que tudo saia da melhormaneira possvel, para voc e para todos ns.

E spero que sim. De qualquer forma, quero me divertir na quinta-feira, e fazer minha brincadeirinha.

M e pergunto quem vai rir... disse Gandalf, balanando acabea.

Veremos disse Bilbo.N o dia seguinte, charretes e mais charretes subiram a C olina. P ode

ter havido alguma reclamao sobre negcios locais, mas nessa mesmasemana B olso comeou a desovar encomendas de todo tipo de proviso,mercadoria ou artigo de luxo que se pudesse conseguir na V ila dos H obbitsou em B eirgua, ou em qualquer outro lugar nas redondezas. As pessoasficaram entusiasmadas e comearam a marcar os dias no calendrio, evigiavam o carteiro com ansiedade, esperando convites.

Em breve os convites comearam a se espalhar, e o correio da Vila dosH obbits ficou entupido, e choveram cartas no correio de B eirgua, ecarteiros auxiliares voluntrios foram requisitados. E m fluxo constantesubiam a C olina, carregando centenas de variaes polidas de Agradeo oconvite e confirmo minha presena.

Um aviso apareceu no porto de B olso: P ROI B I DA A E NT RA DADE P E SSOA S QUE NO VE NHA M T RATA R DOS P RE PA RAT I VOS DAFESTA. M esmo a entrada daqueles que estavam, ou fingiam estar, tratandodos preparativos da festa era raramente permitida. B ilbo estava ocupado:escrevendo convites, checando respostas, embrulhando presentes efazendo alguns preparativos particulares. Desde a chegada de Gandalf elehavia sumido de vista.

Um dia de manh os hobbits acordaram e viram o grande campo, ao

sul da porta de frente de B ilbo, cheio de cordas e paus para barracas epavilhes. Uma entrada especial foi aberta na ladeira que levava at aestrada, e degraus largos e um grande porto branco foram construdos ali.As trs famlias hobbit da rua do B olsinho, vizinha ao campo, ficaramextremamente interessadas e em geral sentiram inveja.

O velho Feitor Gamgi at parou de fingir que trabalhava em seujardim.

As barracas comearam a ser levantadas. H avia um pavilhoespecialmente grande, to grande que a rvore que crescia no campo cabiadireitinho dentro dele, e se erguia altaneira prxima a um canto, nacabeceira da mesa principal. L anternas foram penduradas em todos os seusgalhos. M ais promissor ainda (para as mentes dos hobbits): uma enormecozinha a cu aberto foi construda no canto norte do campo.

Um batalho de cozinheiros, de todas as hospedarias e restaurantesnum raio de milhas, chegou para ajudar os anes e outras pessoas estranhasque estavam aquarteladas em Bolso. A agitao chegou ao mximo.

E nto o cu ficou cheio de nuvens. Foi na quarta-feira, vspera daFesta.

A ansiedade era grande. A quinta-feira, 22 de setembro, finalmentechegou. O sol se levantou, as nuvens desapareceram, bandeiras foramdesfraldadas e a diverso comeou.

B ilbo B olseiro chamava aquilo de festa, mas na verdade era umavariedade de entretenimentos reunidos num s. P raticamente todos os quemoravam ali por perto foram convidados. M uito poucos foram esquecidospor acidente, mas, como vieram de qualquer jeito, no se importaram.M uitas pessoas de outras partes do C ondado tambm foram convidadas; ehouve at algumas que vieram de regies fora dos limites. B ilbo recebeu empessoa os convidados (e agregados) no novo porto branco. Distribuiupresentes para todos e mais alguns estes eram aqueles que saam por umaporta lateral e entravam de novo pelo porto. Os hobbits do presentes paraoutras pessoas em seus aniversrios. E m geral no muito caros, e no togenerosos como nesta ocasio; mas esse sistema no era ruim. N a verdade,na V ila dos H obbits e em B eirgua quase todos os dias algum faziaaniversrio, de modo que todos os hobbits tinham uma grande chance de

ganhar no mnimo um presente, pelo menos uma vez por semana.Mas nunca se cansavam de presentes.N essa ocasio, os presentes foram inusitadamente bons. As crianas

hobbit estavam to excitadas que por um tempo quase se esqueceram decomer. H avia brinquedos que eles nunca tinham visto antes, todos lindos ealguns obviamente mgicos. M uitos deles, na verdade, encomendados umano antes, tinham percorrido todo o caminho vindo da M ontanha e deValle, e eram produtos genunos feitos por anes.

Quando todos os convidados tinham recebido as boas-vindas eestavam finalmente do lado de dentro, houve canes, danas, msica,jogos e, claro, comida e bebida. H ouve trs refeies oficiais: almoo, ch ejantar (ou ceia). M as o almoo e o ch foram marcados pelo fato de quenesses momentos todos estavam sentados e comendo juntos. E m outrosmomentos havia simplesmente montes de pessoas comendo e bebendo continuamente, das onze at as seis e meia, quando os fogos de artifciocomearam.

Os fogos eram de Gandalf no foram apenas trazidos por ele, masprojetados e fabricados por ele; e os efeitos especiais, cenrios e foguetes eraele quem controlava.

M as tambm houve farta distribuio de busca-ps, bombinhas,fsforos coloridos, tochas, velas-de-anes, fontes-lficas, fogos-de-orcs erojes. Era tudo soberbo.

A arte de Gandalf havia se aperfeioado com o passar dos anos.H avia foguetes imitando o vo de pssaros cintilantes cantando com vozesdoces. H avia rvores verdes com troncos de fumaa escura: suas folhas seabriam como uma primavera inteira que florescesse num segundo, e seusramos brilhantes derrubavam flores de luz sobre os hobbits atnitos,desaparecendo com um cheiro doce um pouco antes que pudessem tocarseus rostos voltados para o cu. Havia montes de borboletas que voavam porentre as rvores; havia pilares de fogos coloridos que subiam e setransformavam em guias, em caravelas, ou numa falange de cisnesvoadores; havia uma tempestade vermelha e uma chuva de gotas amarelas;houve uma floresta de lanas de prata que surgiram repentinamente no cucom um grito como um exrcito em batalha, e caram no gua com um

chiado como uma centena de cobras incandescentes. E houve tambm umaltima surpresa em homenagem a B ilbo, que assustou os hobbits alm daconta, como era a inteno de Gandalf As luzes se apagaram. Uma grandefumaa subiu. T omou a forma de uma montanha vista distncia, ecomeou a brilhar no topo. Soltava chamas verdes e vermelhas. L dedentro saiu um drago de um vermelho dourado no do tamanho de umdrago real, mas terrivelmente parecido com um drago real: saa fogo desuas mandbulas e os olhos penetrantes olhavam para baixo; houve umrugido, e por trs vezes ele zuniu sobre as cabeas da multido. T odos seinclinaram e muitos caram de cara no cho.

O drago passou como um trem expresso, virou uma cambalhota, eexplodiu sobre Beirgua com um estrondo ensurdecedor.

E ste o sinal para a ceia! disse B ilbo. O sofrimento e o medodesapareceram imediatamente, e os hobbits prostrados se levantaram numsegundo. Havia uma ceia esplndida para todos; para todos, quer dizer, coma exceo daqueles convidados para o jantar especial em famlia. E steaconteceu no grande pavilho onde estava a rvore.

Os convites foram limitados a doze dzias (um nmero tambmchamado de uma Grosa, embora a palavra fosse considerada inadequadapara se referir a pessoas); e os convidados foram selecionados de todas asfamlias com as quais B ilbo e Frodo tinham parentesco, havendo mais unspoucos amigos que no eram parentes (como Gandalf). M uitos hobbitsjovens foram includos, e estavam presentes com a permisso dos pais; poisos hobbits eram liberais com suas crianas em se tratando de ficar acordadoat tarde, especialmente quando havia uma chance de conseguir para elasuma refeio de graa. Criar hobbits era muito dispendioso.

H avia muitos B olseiros e B offins, e tambm muitos T ks eB randebuques; havia vrios Fossadores (parentes da av de B ilbo B olseiro), evrios Rolios (relacionados ao seu av T k) e uma seleo de C ovas,B olgers, J usta-correias, Texugos, B oncorpos, C orneteiros e P -soberbos.Alguns desses tinham apenas uma ligao distante com B ilbo, e outrosraramente tinham visitado a V ila dos H obbits antes, pois moravam emcantos remotos do C ondado. Os Sacola-bolseiros no foram esquecidos. Othoe sua esposa L oblia estavam presentes. N o gostavam de B ilbo e

detestavam Frodo, mas o convite era to magnfico, escrito em tintadourada, que eles acharam impossvel recusar.

Alm disso, B ilbo, seu primo, viera se especializando em comida pormuitos anos, e sua mesa gozava de alta reputao.

T odos os cento e quarenta e quatro convidados esperavam por umbanquete agradvel, embora estivessem com certo medo do discurso ps-ceia de seu anfitrio (um quesito inevitvel). E ra provvel que eleinoportunamente comeasse a recitar trechos do que chamava de poesia equem sabe, depois de um ou dois copos, pudesse aludir s absurdasaventuras de sua misteriosa viagem. Os hspedes no ficaramdecepcionados: tiveram um banquete muito agradvel, na verdade umentretenimento interessante: lauto, abundante, variado e prolongado. Ascompras de provises caram quase a zero em todo o distrito nas semanasseguintes; mas como as provises de B ilbo exauriram os estoques das lojas,adegas e armazns num raio de vrias milhas, isso no teve muitaimportncia.

Depois do banquete (mais ou menos) veio o Discurso. A maioria dosconvidados estava, entretanto, numa disposio tolerante, e naquele estgiodelicioso que eles chamavam de encher os cantos. E stavam bebendo suasbebidas favoritas, e mordiscando suas iguarias preferidas, e seus receiosforam esquecidos. E stavam preparados para ouvir qualquer coisa, e aplaudira cada ponto final.

Queridos convidados, comeou B ilbo, levantando de sua cadeira.E scutem! E scutem! E scutem! gritaram eles, e continuaram repetindoisso em coro, parecendo relutantes em seguir seu prprio conselho. Bilbo saiude seu lugar e subiu numa cadeira perto da rvore iluminada. A luz daslanternas caa-lhe sobre o rosto radiante; os botes dourados brilhavam sobreo colete bordado. T odos podiam v-lo em p, acenando uma mo no ar, ecom a outra no bolso da cala.

Meus queridos Bolseiros e Boffins comeou de novo e meus queridosT ks e B randebuques e Fossadores e Rolios e Covas e Corneteiros e B olgers, J usta-correias, B oncorpos, Texugos e P -soberbos. P -soberbos! gritou um hobbitvelho do fundo do pavilho. O seu nome, claro, era P -soberbo. Emerecido: seus ps eram grandes, excepcionalmente peludos, e ambos

estavam sobre a mesa.P-soberbos , repetiu B ilbo. E tambm meus bons Sacola-bolseiros, a

quem finalmente dou boas-vindas novamente em B olso. Hoje meu centsimodcimo primeiro aniversrio. hoje chego aos onzenta e um! V iva! V iva! Queessa data se repita por muitos anos! gritaram todos, e bateram nas mesasalegremente. Isso era o tipo de coisa de que eles gostavam. Curto e bvio.

E spero que estejam se divertindo tanto quanto eu. Aplausosensurdecedores. Gritos de Sim (e No). Rudos de trombetas e cornetas,apitos e flautas. H avia, como foi dito, muitos hobbits jovens presentes.C entenas de estojos musicais tinham sido distribudos. A maioria deleslevava a marca VALLE; o que no agradava maioria dos hobbits, mas todoseles concordavam que eram maravilhosos. C ontinham instrumentos,pequenos, mas de fabricao perfeita e de tons encantadores.

N a verdade, em um canto alguns dos T ks e B randebuques jovens,supondo que o Tio Bilbo tivesse terminado (uma vez que j tinha dito tudo oque era necessrio), agora improvisavam uma orquestra, e comeavam atocar uma toada alegre e danante. M estre E verard T k e a Srta. M elilotB randebuque subiram numa mesa e com sinos nas mos comearam adanar a Ciranda do Pulo: uma dana bonita, mas bastante vigorosa.

M as B ilbo no tinha terminado. P egando uma corneta de umacriana ao seu lado, soprou forte trs vezes. O barulho silenciou. E u no voume demorar muito gritou ele. Aplausos de toda a plateia. Chamei todosvocs por um motivo. Alguma coisa no jeito como ele disse isso causou umacerta impresso. Fez-se quase silncio, e um ou dois T ks aguaram osouvidos.

Na verdade, por T rs M otivos! P rimeiramente, para dizer a vocs que gostoimensamente de todos, e que onzenta e um anos um tempo curto demais para viverentre hobbits to excelentes e admirveis. Tremenda exploso de aprovao.

E u no conheo metade de vocs como gostaria e gosto de menos da metadede vocs a metade do que vocs merecem.

I sso foi inesperado e muito difcil. H ouve alguns aplausos esparsos,mas a maioria deles estava tentando descobrir se aquilo era um elogio.

E m segundo lugar. P ara comemorar meu aniversrio. Aplausosnovamente. Devo dizer NOSSO aniversrio. P ois hoje, claro, o aniversrio de

meu herdeiro e sobrinho Frodo. E le se torna maior de idade e passa a ter acesso herana hoje. Alguns aplausos perfunctrios dos mais velhos, e alguns gritosde Frodo! Frodo! Felizardo! dos mais novos. Os Sacola-bolseiros franziram atesta e se perguntaram o que ele queria dizer com ter acesso herana.

J untos perfazemos cento e quarenta e quatro anos. O nmero dosconvidados foi escolhido para combinar com esse total notvel. Uma G rosa. Seme permitem usar a expresso. N enhum aplauso. Aquilo era ridculo. M uitosdos convidados, especialmente os Sacola-bolseiros, sentiram-se insultados,entendendo que tinham sido convidados apenas para completar o nmeronecessrio, como mercadorias num pacote. Uma Grosa! Que expressovulgar!

Hoje tambm , se me permitem que me refira histria antiga, o aniversriode minha chegada de barril a E sgaroth, no Lago Comprido, embora o fato de sermeu aniversrio tenha escapado de minha memria na ocasio. E u tinha apenascinqenta e um anos naquele tempo, e os aniversrios no pareciam toimportantes. O banquete foi esplndido, entretanto, embora eu estivesse com umaforte gripe, posso me lembrar e pudesse apenas dizer buito obrigado. A gora eurepito a frase mais corretamente: M uito obrigado por virem minha festinha.Silncio obstinado. T odos sentiram que alguma cano ou poesia eraiminente; e eles estavam ficando enfadados. P or que no parava de falar eos deixava beber sua sade? M as B ilbo no cantou nem recitou. E le paroupor um momento.

E m terceiro lugar e finalmente, disse ele, quero fazer umC OM UN I C ADO. Disse esta palavra to alto e de repente que todo mundose sentou ereto na cadeira (os que ainda conseguiam). Sinto inform-los deque, embora, como eu disse, onzenta e um anos seja muito pouco tempo para passarao lado de vocs, o FIM chegou. Estou indo embora. J. ADEUS!

Desceu da cadeira e desapareceu. H ouve um claro de luz de cegaros olhos e todos os convidados piscaram. Quando abriram os olhos, B ilbo noestava em lugar algum.

C ento e quarenta e quatro hobbits pasmos se encostaram nas cadeirassem dizer nada.

O velho Odo P -soberbo retirou seus ps da mesa e pisou com forano cho. E nto caram num silncio mortal at que, depois de vrios

suspiros, todos os B olseiros, B offins, T ks, B randebuques, Fossadores, Rolios,C ovas, B olgers, J usta-correias, Texugos, B oncorpos, C orneteiros e P -soberbos comearam a falar ao mesmo tempo.

A opinio geral era de que a brincadeira tinha sido de muito maugosto, e foi necessrio trazer mais comida e bebida para curar os convidadosdo choque e do desconforto.

Sempre disse que ele era louco foi provavelmente o comentriomais comum. M esmo os T ks (com umas poucas excees) acharam ocomportamento de B ilbo absurdo. N aquele momento a maioria deles ficouachando que o seu desaparecimento no passava de mais uma traquinagemridcula. M as o velho Rory B randebuque no tinha certeza. N em a idadenem aquele enorme jantar tinham anublado suas faculdades mentais, e eledisse sua nora Esmeralda:

Tem algo suspeito a, querida! Acho que o louco do B olseiro partiunovamente. Velho bobo. M as por que nos preocuparmos? E le no levou asprovises com ele. E gritou para Frodo mandar mais uma rodada devinho.

Frodo era o nico presente que no dizia nada. P or um tempo ficousentado em silncio ao lado da cadeira vazia de B ilbo e ignorou todos oscomentrios e perguntas. T inha gostado da brincadeira, claro, mesmo jestando a par de tudo. Teve dificuldades para segurar o riso diante dasurpresa indignada dos convidados. M as ao mesmo tempo sentia-se numaencrenca: percebeu de repente que adorava o velho hobbit. A maioria dosconvidados continuou comendo e bebendo e discutindo as esquisitices deBilbo Bolseiro, passadas e atuais; mas os Sacola-bolseiros j tinham ido emborafuriosos. Frodo no queria mais ficar na festa. Deu ordens para que maisvinho fosse servido; ento se levantou e esvaziou seu prprio copo emsilncio sade de Bilbo e se esgueirou para fora do pavilho.

Quanto a B ilbo B olseiro, mesmo durante o discurso ficara tateando oanel de ouro em seu bolso: o anel mgico que guardara em segredo portantos anos. C onforme desceu da cadeira, colocou o anel no dedo e nuncamais foi visto por nenhum hobbit na Vila dos Hobbits novamente.

Foi rapidamente de volta para sua toca e ficou por um momentoouvindo com um sorriso os rumores no pavilho e os sons de pessoas se

divertindo em outras partes do campo. Depois entrou em casa. T irou aroupa de festa, dobrou e embrulhou em papel crepom seu colete de sedabordado e o guardou. A vestiu rapidamente uns trajes velhos edesalinhados, e apertou em volta da cintura um velho cinto de couro. N elependurou uma pequena espada que estava numa bainha de couro preta egasta. De uma gaveta trancada, cheirando a naftalina, retirou uma velhacapa e um capuz. E les tinham sido guardados ali como se fossem muitopreciosos, mas estavam to remendados e manchados que mal se podiaadivinhar a cor original: provavelmente verde-escuro. Eram grandes demaispara ele. E nto B ilbo entrou no escritrio e de uma grande caixa-forte tirouum fardo embrulhado em panos velhos e um manuscrito com capa decouro; e tambm um envelope bastante volumoso.

O livro e o fardo ele colocou em um saco pesado que estava ali, jquase cheio. N o envelope colocou o anel de ouro, e sua fina corrente, eento o selou e endereou a Frodo. P rimeiro colocou-o sobre a lareira, mas derepente retirou-o dali e o enfiou no bolso. N aquele momento a porta se abriue Gandalf entrou depressa.

Al! disse Bilbo. Estava pensando se voc ia aparecer. Fico feliz em encontr-lo visvel respondeu o mago, sentando-se

numa cadeira. Queria pegar voc aqui ainda e falar umas ltimas coisas.Suponho que voc esteja sentindo que tudo saiu de modo esplndido e deacordo com seus planos...

Sim disse B ilbo. E mbora o claro tenha sido uma surpresa: seeu fiquei assustado, imagine os outros. Um acrscimo seu, suponho.

Foi. V oc guardou sabiamente o anel em segredo todos esses anos,e me pareceu necessrio dar aos seus convidados alguma coisa a mais queparecesse explicar o seu sbito desaparecimento.

E voc quase estragou minha brincadeira. V oc um velhointrometido! disse Bilbo rindo. Mas acho que voc mais esperto, comosempre.

E u sou, quando sei das coisas. M as no tenho muita certeza sobreessa histria toda. C hegamos ao ponto final. V oc fez sua brincadeira, ealarmou e ofendeu a maioria de seus parentes, e deu ao C ondado assuntopara mais nove anos, ou mais noventa e nove, mais provvel. V oc vai

continuar? V ou. Sinto que preciso de umas frias, bem longas, como j disse

antes. P rovavelmente frias permanentes: no tenho expectativas devoltar. N a verdade, no quero voltar, e j fiz todos os preparativos. E stouvelho, Gandalf. N o parece, mas estou comeando a sentir isso no fundo demeu corao. B em conservado, ora bolas! bufou ele. E stou me sentindotodo fino, como se estivesse esticado, se voc sabe do que estou falando:como manteiga que foi espalhada num pedao muito grande de po. I ssono pode estar certo. Preciso de uma mudana, ou coisa assim.

Gandalf fitou-o de perto, curioso. N o, no parece certo disse ele sensatamente. N o, afinal de

contas acho que seu plano provavelmente o melhor. B em, de qualquer modo eu j me decidi. Quero ver montanhas de

novo, Gandalf montanhas; e depois encontrar algum lugar onde possadescansar. E m paz e silncio, sem um monte de parentes se intrometendo euma fila de malditos visitantes na porta. P reciso encontrar um lugar ondepossa terminar meu livro. P ensei num bom final para ele: e ele viveu felizpara sempre.

Gandalf riu. E spero que ele viva. M as ningum vai ler o livro, no importa

como seja o final. Olhe, eles podem ler, nos anos futuros. Frodo j leu um pedao, at

onde eu escrevi. Voc vai ficar de olho em Frodo, no vai? Vou!, com os dois olhos, sempre que eu puder. claro que ele viria comigo se eu pedisse. N a verdade se ofereceu

uma vez, um pouco antes da festa. M as no quer realmente, ainda. E uquero ver o campo selvagem antes de morrer, e as M ontanhas; mas eleainda est apaixonado pelo C ondado, com florestas e campos e pequenosrios. Sente-se confortvel aqui. E stou deixando tudo para ele, claro, com aexceo de algumas bagatelas. E spero que seja feliz, quando estiveracostumado a viver sozinho. J tempo de ele ser dono do prprio nariz.

Tudo? perguntou Gandalf O anel tambm? V oc concordoucom isso, lembra?

Bem, sim, acho que sim gaguejou Bilbo.

Onde est ele? N um envelope, se quer saber disse B ilbo impacientemente.

Ali na lareira. No! Aqui no meu bolso. Ele hesitou. No estranho isso,agora? disse calmamente para si mesmo. Afinal de contas, por queno? Por que ele no deveria ficar ali?

Gandalf olhou mais uma vez atentamente para B ilbo, e havia umbrilho em seus olhos.

E u acho, B ilbo disse ele baixinho , que voc deveria d