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Candidatura do Dr. René Mendes à Presidência da entidade e delegação brasileira marcam a história da comissão O Brasil representado no 29º Congresso da ICOH Jornal da Ano XXI • Junho/2009 ANAMT págs. 8 e 9 www.anamt.org.br Associação Nacional de Medicina do Trabalho Opinião Os fatores de risco e a saúde mental, por Marcia Bandini e Duílio Camargo pág. 4 Entrevista Dr. Kazutaka Kogi fala sobre a eleição à Presidência da ICOH págs. 6 e 7 90 anos da OIT Luta da organização é celebrada por governos e entidades em todo o mundo pág. 10 Os doutores João Montes, Zuher Handar, Mario Bonciani, João Dias e Carlos Campos foram alguns dos 40 brasileiros presentes no Congresso da Cidade do Cabo

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Candidatura do Dr. René Mendes à Presidência da entidade e delegação brasileira marcam a história da comissão

O Brasil representado no29º Congresso da ICOH

J o r n a l d a

Ano XXI • Junho/2009

ANAMT

págs. 8 e 9

www.anamt.org.br A s s o c i a ç ã o N a c i o n a l d e M e d i c i n a d o T r a b a l h o

Opinião

Os fatores de risco e a saúde mental, por Marcia Bandini e Duílio Camargo

pág. 4

Entrevista

Dr. Kazutaka Kogi fala sobre a eleição à Presidência da ICOH

págs. 6 e 7

90 anos da OITLuta da organização é celebrada por governos e entidades em todo o mundo

pág. 10

Os doutores João Montes, Zuher Handar, Mario Bonciani, João Dias e Carlos Campos foram alguns dos 40 brasileiros presentes no Congresso da Cidade do Cabo

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Jornal da ANAMT

“Proteger os trabalhadores: um desafio para a sociedade.” Este foi um dos temas do Congresso ICOH 2009, que nos apresentou um panora-

ma internacional sobre as desigualdades sociais em um mundo globalizado, as tendências, as práticas inova-doras e as direções de todos as organizações públicas, privadas e de profissionais ligados à saúde, segurança e meio ambiente de trabalho. Além disso, não ficaram de fora as estratégias de realização de vigilância em SST, principalmente ligadas à organização do trabalho, fatores psicossociais, o envelhecimento dos trabalha-dores, migração, novas tecnologias — e suas interfaces com as formas de adoecer dos trabalhadores — e as novas doenças laborais neste milênio.

A representação da Anamt foi feita com a partici-pação de uma delegação mínima de diretores, embora vários brasileiros estivessem presentes com alguns traba-lhos publicados e elogiados. Porém, há uma necessidade urgente de rever a participação da Medicina do Trabalho brasileira no cenário internacional. A Anamt, na medida do possível, cumpriu o seu papel no apoio à candidatura à Presidência da ICOH do professor René Mendes, cuja coragem em enfrentar os desafios todos nos orgulha-mos. Acredito que o resultado foi importantíssimo para que seja revista a participação da América Latina no contexto político de nossa entidade maior.

Neste cenário, há a necessidade evidente de conti-nuarmos o processo de capacitação. O aprimoramento técnico e profissional é imperativo a todos que almejam o sucesso profissional e o reconhecimento. A educação continuada, tão difundida pelas organizações, indica uma renúncia à paralisação frente aos acontecimentos

Anamt em contexto mundial

O Jornal da Anamt é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da Anamt, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da Anamt.

Ano XXI • Junho 2009

Presidente Dr. Carlos Campos • Diretora de Divulgação Dra. Marcia BandiniProdução Editorial Cajá – Agência de Comunicação

Jornalista responsável Conrado Arias (Mtb 30.030) • Editora Danielle Ritton • Reportagem Alessandra Vale, Conrado Arias e Danielle Ritton Estagiário Gabriel Schmidt • Fotos Arquivo Anamt; arquivo Dr. João Montes (capa); Endostock/Stockxpert (p. 12); Cr8tive88/Stockxpert (pág. 14); Carlos Seller/Fotolia (pág. 15);

Woodsy/Stockxchange (p. 16) • Diagramação Paulo Carvalho • Revisão Carlos Nogueirawww.caja.com.br • [email protected]

Jornal da ANAMT Uma publicação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho

JUNHO 20092 Jornal da ANAMT

Dr. Carlos Campos

m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e

Cartas para a redação

Edifício Office Flamboyant • Av. Dep. Jamel Cecílio, 3.310, sala 610 – Jardim Goiás – CEP: 74810-100 – Goiânia/GO • Telefax: (62) [email protected] • www.anamt.org.br

EXPEDIENTE

mundiais. A modernidade dos sistemas de comunicação e o acesso a novas informações frequentemente convi-dam os profissionais a navegarem por novos destinos, influenciando os cenários e auxiliando na tomada de decisões dos gestores de qualquer instituição.

Não me canso de enfatizar que a Associação Nacional de Medicina do Trabalho continua na luta para se firmar como uma entidade que tem essa pre-ocupação com seus associados, sempre atenta para poder atender de forma mais abrangente às expec-tativas de todos vocês. Nosso compromisso atual, que pretendemos intensificar na medida do possível, é viabilizar a efetiva implementação de um progra-ma de educação médica continuada através dos vá-rios meios: na internet, o projeto Telemedicina, que terá seus estudos de viabilidade retomados; boletins informativos que serão disponibilizados por e-mail para todos os associados ainda neste ano; gravações de palestras realizadas em alguns de nossos eventos e que já estão sendo distribuídas; a nossa Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, a ser editada ainda no primeiro semestre; e os eventos regionais Anamt/Federada, que serão realizados neste ano em Florianópolis, Belém, Macapá, João Pessoa, Salvador, Goiânia e outras capitais (que estão sendo negocia-das com outras federadas). São ações que dependem não só da Anamt, mas de todos os associados.

Convido a participarem desta grande empreitada que é a inovação das práticas em Medicina do Traba-lho. Conto com vocês e com os trabalhadores.

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Jornal da ANAMT JUNHO 2009 3Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

l e g i s l a ç ã o

MINISTÉRIO DO TRABALHO ALTERA REDAÇÃO DA NR-01

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) alterou a redação dos itens 1.7 e 1.8 da Norma Regulamentadora n.º 1. A mudança entrou em vigor no dia 12 de março, com a publicação da Portaria n.º 84 no Diário Oficial da União.

Com o novo texto, o item 1.7 define que cabe aos empregadores elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos.

Já o item 1.8 especifica que os empregados devem cumprir as disposições legais e regulamentares sobre se-gurança e saúde do trabalho, inclusive as ordens de ser-viço expedidas pelo empregador.

A íntegra da portaria pode ser encontrada no site do MTE (http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/2009/p_20090304_84.pdf).

Câmara aprova alterações na CLT

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, no dia 16 de abril, a introdução de novos critérios na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para carac-terização de uma ativida-de como perigosa. O projeto segue para o Senado.

Pelo texto aprovado, são arriscadas as atividades que envolvam inflamáveis, explosivos ou eletricidade; roubos ou outras espécies de violência; e acidentes de trânsito e de trabalho. Hoje, a CLT considera pe-rigosas as atividades que impliquem o contato com inflamáveis ou explosivos em condições arriscadas.

A nova redação engloba dois projetos de lei. O primeiro prevê adicional de periculosidade para vigi-lantes e empregados em transporte de valores. Já o segundo estende o adicional a quem exercer ativida-des sob elevados riscos de roubos ou outras espécies de violência, acidentes de trânsito e do trabalho.

PARCERIA ENTRE MINISTÉRIOS AGILIZA AÇÕES REGRESSIVAS

Desde o fim de 2008, a Procuradoria Federal Especializa-da, junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), passou a receber, em até 20 dias úteis, os relatórios elaborados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com a análise das causas dos acidentes de trabalho. Esse procedimento permite mais agilidade na proposição de ações regressivas em que o INSS reclama indenizações que pagou indevidamente.

O prazo, que foi estipulado em Acordo de Cooperação Técnica estabelecido entre o MTE e o Ministério da Previdên-cia Social, representa um avanço no ajuizamento das ações, considerando que as informações do MTE são subsídios in-dispensáveis na atuação da Procuradoria-Geral Federal.

A validade do acordo é de cinco anos e poderá ser pror-rogada por meio de termo aditivo. A meta é aperfeiçoar o pla-nejamento das ações fiscais de segurança e saúde no trabalho, além de desenvolver iniciativas voltadas para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais e para a busca da respon-sabilização administrativa, civil e penal dos infratores. TRABALHADOR TEMPORÁRIO GANHA

ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA

A 11ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região reformou decisão da 1ª Vara do Trabalho de Araçatuba (SP), que havia negado a um trabalhador o direito à estabilidade decorrente de acidente de trabalho por ele ter sido contratado por período determinado. Com a decisão, a empresa contratante foi condenada a pagar as verbas rescisórias indenizáveis, os salários do período e o FGTS acrescido da multa de 40%.

A decisão foi baseada no argumento de que “para que o empregado tenha direito à garantia de emprego (...), deve preencher apenas os dois requisitos (...) previstos, quais se-jam: a ocorrência de acidente de trabalho e a percepção de auxílio-doença acidentário, que por sua vez pressupõe o afastamento (...) por período superior a 15 dias”.

No caso, o autor do processo foi contratado em caráter experimental em abril de 2007 para exercer a função de au-xiliar e, apenas uma semana depois, sofreu um acidente de trabalho. O trabalhador permaneceu afastado até 31 de ju-lho daquele ano, recebendo o auxílio-doença acidentário.

De acordo com o artigo 118 da Lei 8.213, o segurado que sofreu acidente de trabalho tem direito à estabilidade acidentária, com a manutenção do seu contrato de tra-balho pelo prazo mínimo de 12 meses a partir do fim do recebimento do auxílio-doença acidentário, independen-temente de percepção de auxílio-acidente.

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4 JUNHO 20094 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

a r t i g o

1 Portaria 202, do MTE, de 22/12/2006.2 Levi L. Factores psicosociales, estrés y salud. In: Enciclopedia de Salud y Seguridad en el Trabajo, copyright da edição inglesa, OIT, Madrid: 1998. p. 34.03-34.06.3 Fobia: medo exagerado de situações ou objetos, os quais são evitados ou enfrentados com muito pavor; ansiedade antecipatória diante da mera perspectiva de entrar na situação fóbica (CID-10).

Saúde mental, fatores de riscos psicossociais e Medicina do Trabalho

Dr. Duílio Camargo é coordenador da Anamt e do Setor de Psiquia-

tria do Trabalho do FMUSP

Dra. Marcia Bandini é especialista em Medi-cina do Trabalho e dire-tora de Divulgação da Anamt

O assunto é recorrente. Cada vez mais se discute qual é o papel do mé-dico do trabalho em relação aos fatores de risco psicossociais e à saúde mental. A não tão recente NR-331, que versa sobre o trabalho em espaços confina-dos, traz o tema à tona novamente.

Diz a norma, em seu item 33.3.4.1, que “todo trabalhador de-signado para trabalhos em espaços confinados deve ser submetido a exa-mes médicos específicos para a fun-ção que irá desempenhar, conforme estabelecem as NRs 07 e 31, incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão do respectivo Atestado de Saúde Ocupacional – ASO”.

Frequentemente, somos consul-tados para esclarecer o que seriam “exames médicos específicos”, quais fatores de riscos psicossocias devem ser considerados e o que deveria con-ter o ASO.

A NR-33 não discute o que se-riam fatores de risco psicossociais. No entanto, a OIT2 reconhece os seguin-tes fatores como principais estresso-res no trabalho: a) excesso de ativi-dades, pressão de tempo e trabalho repetitivo; b) conflito de papéis en-tre subordinados e superiores; c) falta de apoio social, por parte da chefia, colegas e família; d) estressores físi-cos: produtos químicos, ruído, altas temperaturas e outros; e) tecnologia de produção em série e processos de trabalho muito automatizados; f) tra-balhos em turnos.

Utilizando-se os parâmetros da

OIT e o bom senso, o médico do tra-balho deve estar atento ao trabalhador sujeito aos maiores riscos descritos em sua seleção. Aqui teremos uma avalia-ção — digamos — “epidemiológica” ou do ambiente de trabalho potencial-mente indutora desse tipo de risco.

Quanto aos chamados exames médicos específicos, entendemos que a avaliação deve seguir a tradicional anamnese, voltada para as questões da saúde mental, por meio da qual seriam destacados antecedentes de transtornos que evidenciariam, por exemplo, quadros de fobia3 — com destaque à claustrofobia.

Alguns instrumentos podem aju-dar o médico do trabalho no rastrea-mento de transtornos mentais, como questionários ou inventários específi-cos. Outro instrumento que sugerimos é o “Protocolo para a investigação do nexo causal dos transtornos mentais relacionados ao trabalho”, que pode ser aplicado nos exames ocupacionais de rotina. Por meio dele, são analisa-dos fundamentalmente os aspectos relacionados aos riscos de natureza ocupacional, social e psíquica.

Nos riscos de natureza ocupacio-nal, analisam-se a implantação e o cumprimento do PCMSO, PPRA e ou-tras NRs; nas condições ambientais, a existência do tipo de risco-físico, químico, ergonômico, entre outros. Nos riscos de natureza ocupacional, avaliam-se as atividades realizadas, as fases de seu trabalho, o relaciona-mento com colegas e chefia, o grau

de satisfação no trabalho e os fatores psicossociais relacionados.

Nas avaliações dos riscos de na-tureza social, utilizam-se alguns diag-nósticos da CID-10 para verificar: a ocorrência de maus tratos, separa-ção dos pais, doenças graves, perdas afetivas, problemas de relacionamen-to cônjuge/parceiro, suporte familiar inadequado, desajustamento/morte, divórcio/separação, eventos de vida estressantes afetando a família; alvo de discriminação e perseguição.

Nos riscos de natureza psíquica, busca-se avaliar a descrição clínica para caracterizar os possíveis traços da perso-nalidade pré-mórbida (histriônica, anan-cástica, instável etc.) e também descre-ver a ocorrência de episódios atuais e anteriores de transtornos mentais.

Capacitar-se para o uso dessas fer-ramentas é fundamental para o médi-co do trabalho. De acordo com a ne-cessidade, ele pode utilizar o apoio de outros especialistas. Entretanto, é vital entender que o médico não deve trans-ferir a responsabilidade de concluir pela aptidão do trabalhador.

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT JUNHO 2009 5Jornal da ANAMT JUNHO 2009 5

Programa Diretrizes: as melhoresevidências científicas disponíveis

A Associação Médica Brasileira, o CFM e a Fenam lan-çaram o 7º. volume do Programa Diretrizes em novembro de 2008. A edição reúne 40 diretrizes de Ortopedia e Trau-matologia, elaboradas por especialistas da Sociedade Brasi-leira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia, Associação Brasileira de Cirurgia da Mão, Sociedade Brasileira de Reumatologia, Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

As lesões traumáticas encerram-se entre as afecções mais letais no mundo, acometendo na maioria das vezes in-divíduos em idade produtiva. Dada a importância do tema, para o 7º volume, 80 especialistas reuniram e analisaram pesquisas sobre o tratamento clínico e cirúrgico na área.

O Programa Diretrizes foi lançado em outubro de 2000 com o objetivo de padronizar condutas que auxiliem o ra-ciocínio e a tomada de decisões. As diretrizes devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, pois não são protocolos que imobilizam a medicina e impedem a indivi-dualização da prática clínica. Até agora já foram publicadas 280 diretrizes. As Sociedades de Especialidade filiadas à AMB são responsáveis pela elaboração do conteúdo infor-mativo e do texto da diretriz. Como há diretrizes comuns para diferentes especialidades, é muito importante a partici-pação de todas as sociedades no processo, pois os pacientes são tratados por médicos e não por áreas de atenção.

Periodicamente, a AMB oferece às Sociedades oficinas cujo objetivo é capacitar os médicos interessados a elaborar diretriz. As Sociedades escolhem os temas que serão aborda-dos e são orientadas a estruturar questões clínicas relevantes. Além disso, identificam nas bases de dados científicos os es-tudos que respondam às perguntas formuladas e avaliem as melhores evidências disponíveis. Entre os desfechos clínicos levantados, também são levados em consideração o desenho dos estudos e a qualidade do resultado obtido.

A Câmara Técnica de Diretrizes, composta por represen-tantes da AMB, CFM, Unidas, Fenasaúde, Unimed e Ministé-rio da Saúde, faz a mediação entre o Programa Diretrizes e os sistemas público e suplementar de saúde. Esse grupo avalia a repercussão do uso de diretrizes na prática clínica e os aspectos relacionados a sua implementação em larga escala. Acesse o site do programa por meio do www.amb.org.br.

f e d e r a d a s

GOIÁS PROMOVE SEMINÁRIO DE SST

Os profissionais do Estado de Goiás se reu-niram no dia 29 de abril para a quinta edição do Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho em Memória das Vítimas de Acidente e Doenças do Trabalho. O presidente da Anamt, Dr. Carlos Campos, esteve entre os participantes e presidiu uma das mesas do evento. Já o vice-presidente nacional da Associação, Dr. Mario Bonciani, tra-tou sobre o impacto da Norma Regulamentadora nº 32 (NR-32) para a saúde dos trabalhadores.

Os debates possibilitaram a interatividade entre público e conferencistas. A realização de um relato de caso ao fim das palestras também contribuiu para enriquecer o seminário. O evento foi promovido pelo Fórum de Saúde e Segurança do Trabalho do Estado de Goiás e co-promovido, entre várias instituições, pela Associação Goiana de Medicina do Trabalho (Agomt).

RONDÔNIA CRIA LIGA ACADÊMICA

A fundação da Liga Acadêmica de Medicina do Trabalho de Rondônia (Lamtro) tem como objetivo a capacitação de seus membros para atuarem na especialidade. A cerimônia ocorreu no dia 15 de maio durante o 5º Encontro Mul-tiprofissional em Saúde do Trabalhador de Ron-dônia, promovido pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Rondônia (Cerest-RO), sob coordenação do presidente da Federada no estado, Dr. Heinz Roland Jakobi.

A Lamtro deve reunir estudantes de Medi-cina de diversas faculdades do estado, visando contribuir para a formação acadêmica e a atua-ção como futuros especialistas em Medicina do Trabalho. Entidade sem fins lucrativos, com dura-ção ilimitada, a Liga já reúne estudantes dos cur-sos da Faculdade São Lucas (FSL), da Universida-de Federal de Rondônia (Unir) e das Faculdades Integradas Aparício Carvalho (Fimca).

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e n t r e v i s t a

JUNHO 2009 Jornal da ANAMT6

A eleição para a Presidência 2009-2012 da ICOH foi uma das mais duras da co-missão desde sua fundação em 1906. Como avalia este acontecimento?Kazutaka Kogi — Primeiramente, agradeço a oportunidade de me co-municar com nossos colegas de seu país através desta entrevista. Por meio das eleições que, desta vez, aconteceram na Cidade do Cabo, pude perceber a confiança dos cole-gas da ICOH em nossa organização. A meu ver, as eleições não foram duras: elas ocorreram normalmente com a participação ativa de muitos membros. Acredito que tenha havi-do outras eleições com dois ou mais candidatos em nossa longa tradição, e o processo de circulação das visões dos concorrentes sempre provaram ser úteis, como neste último pleito.

Qual é sua opinião sobre a candida-tura do brasileiro René Mendes para a Presidência da comissão? KK — Conheço o Dr. René há muitos anos, desde que trabalhamos juntos na OIT e compartilhamos atividades internacionais. Temos experiências pa-

Japão na Presidência da ICOHA disputa foi acirrada, mas isso só enriquece os trabalhos da Comissão

Internacional de Saúde no Trabalho (ICOH). Essa é a opinião do novo

presidente da instituição, Dr. Kazutaka Kogi, sobre a eleição para a

Presidência da ICOH, que aconteceu na 29ª edição do congresso da entidade

na Cidade do Cabo, África do Sul. Ex-diretor da Organização Internacional do

Trabalho (OIT), Dr. Kazutaka ganhou o pleito em resultado apertado, no qual

seu adversário, o ex-presidente da Anamt René Mendes, teve 36% dos votos

válidos. “A candidatura do Dr. René claramente ativou as

deliberações sobre nossas diretrizes futuras dentro da ICOH.”

recidas na promoção da cooperação técnica internacional e aprendi muito com ele sobre como apoiar atividades de saúde e segurança ocupacional em países em desenvolvimento industrial. Seu trabalho na ICOH contribuiu muito no reforço das atividades em que divi-dimos objetivos comuns. Sua candida-tura para o mandato de 2009 a 2012 claramente ativou as deliberações den-tro da própria instituição sobre nossas diretrizes futuras.

Qual é a importância para seu país de eleger o primeiro presidente da ICOH japonês? KK — Nossos colegas do Japão são ativos na ICOH das formas mais di-versas, principalmente por meio das comissões científicas e da coopera-ção regional. Espero que essa aten-ção ao trabalho da ICOH e às regiões em desenvolvimento seja aperfeiçoa-da a partir deste feito.

Quais são as prioridades de sua admi-nistração para os primeiros meses? KK — A ICOH tem assumido papel protagonista no avanço de aborda-

gens inovadoras em Medicina do Tra-balho, e tem expandido os serviços de saúde ocupacional para trabalha-dores nas mais diversas condições. Esperamos melhorar o esforço co-mum das comissões científicas, gru-pos de trabalho e membros ativos nesta direção. Nossas prioridades in-cluem estabelecer planos de trabalho claros por meio de nossa rede de re-lacionamentos própria e apoiar o de-senvolvimento de projetos práticos e ferramentas que ampliem as práticas da boa saúde ocupacional entre as diversas condições de trabalho.

Embora conte com 2 mil profissio-nais de 93 países, o reconhecimento internacional ainda está entre os de-safio da ICOH?KK — É um desafio para todos nós. Isto foi confirmado por meio da dis-cussão que tivemos no congresso da Cidade do Cabo. A ICOH precisa au-mentar sua visibilidade apresentan-do metas concretas em nossa área e produzindo ações orientadas, como guias e ferramentas que sejam real-mente eficientes.

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A percepção da distância entre teoria e realidade deriva

certamente da grande experiência profissional e é compartilhada em

nível internacional, já que essa situação é mais ou menos similar

em várias regiões do mundo

JUNHO 2009 7Jornal da ANAMT Jornal da ANAMT

Japão na Presidência da ICOH No Brasil, a distância entre teoria e re-alidade na área da saúde ocupacional ainda é muito grande? Como avalia esta questão em âmbito mundial?KK — Nossos colegas brasileiros atu-am de maneira incrível no desenvol-vimento da SST. A percepção da dis-tância entre teoria e realidade deriva certamente da grande experiência profissional e é compartilhada em nível internacional, já que essa situ-ação é mais ou menos similar em várias regiões do mundo. Todos sabemos que conseguir um gerenciamento de risco sustentável por meio de servi-ços em Medicina do Trabalho é essencial para preencher os vazios existentes. Eu acho que a melhor maneira de se fazer isso é pelo avanço de aborda-gens inovadoras na construção de boas práticas. São necessá-rias discussões sobre quais são os tipos de abordagem mais eficientes.

A crise econômica mundial que es-tamos vivendo tende a aumentar as dificuldades de se manter locais de trabalho decentes e saudáveis a todos os trabalhadores. Qual é o papel da ICOH neste novo cenário?KK — Em um momento como este, pre-cisamos enfatizar a prioridade dos recur-sos para saúde, meio ambiente e segu-ridade social, que devem ser mantidos e aprimorados. É importante que cha-memos a atenção para o gerenciamento de riscos e acesso aperfeiçoado aos ser-viços de SST. A Comissão Internacional de Saúde no Trabalho está espalhando esta mensagem e promovendo projetos em conjunto com este objetivo.

Existem planos para a expansão de par-cerias como as mantidas com a OIT, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e entidades não governamentais?

KK — A colaboração com entidades internacionais como as citadas vem crescendo nos últimos anos. Entre os exemplos, podemos destacar nossa participação na promoção dos Pla-nos de Ação Globais da OMS e das estratégias em Segurança e Saúde no Trabalho da OIT, além de projetos em conjunto para o desenvolvimen-to de guias práticos em medicina do trabalho e na promoção dos serviços básicos em saúde ocupacional. Nos-

so objetivo é expandir essas parcerias envolvendo cada vez mais nossos co-mitês científicos e membros ativos. A colaboração com associações nacio-nais é igualmente importante.

O Brasil será sede de eventos impor-tantes como o IX Congresso Ibero-Americano de Medicina do Trabalho e o I Workshop Brasil-Itália sobre Se-gurança e Saúde no Trabalho. Como vê, no contexto internacional, o pa-pel do Brasil na área?KK — É animador o fato de que es-ses encontros científicos darão conti-nuidade às abordagens inovadoras e agendarão novas metas. As conquis-tas registradas nos últimos anos no Brasil e nos demais países vizinhos serão especialmente úteis na identifi-cação de abordagens funcionais para as diferentes configurações de tra-

balho, já que vocês têm um grande número de colegas trabalhando nas mais distintas condições e ambien-tes, incluindo pequenos negócios e setores informais. Eu também tenho aprendido muito com as conquistas brasileiras. Como em outros países, é importante recolher as boas práti-cas e desenvolver ferramentas para a prevenção primária e para os ser-viços básicos em Medicina do Traba-lho. Precisamos estar atentos aos ris-

cos laborais tradicionais e os que estão surgindo, e nos-so progresso científico em controlar esses dois tipos de riscos em condições difíceis continuará a nos guiar em um trabalho que deve ser mundial.

Que países são bons e maus exemplos em SST?KK — Entre alguns dos exemplos positivos mais re-centes, devemos destacar os projetos de cooperação re-

gional na União Européia, na Améri-ca do Norte e na Opas [Organização Pan-americana da Saúde], na Ásia Oriental e na Asean [Associação das Nações do Sudeste Asiático]. Elas tratam de riscos químicos, múscu-loesqueléticos e relacionados ao es-tresse, sem esquecer do treinamen-to e da informação. É significativa a troca de experiências positivas entre os países que participam desses pro-jetos. Existem esforços similares em outras regiões, como na África, no resto da Ásia, na América Latina e no Pacífico. Portanto, não é possível citar exemplos negativos particulares. Reconhecemos o mérito de quem de-senvolve ferramentas e guias que po-dem melhorar a participação ativa de empregadores e empregados e foca em ações preventivas aplicáveis em nível local.

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8 JUNHO 20098 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

c a p a

Mais de 40 profissionais representaram o Brasil no Congresso da Comissão Internacional de Saúde no Trabalho (ICOH, na sigla em inglês), realizado entre os dias 22 e 27 de março na Cidade do Cabo, África do Sul. Oficialmente representada pela Anamt, a delegação brasileira teve boa participação científica e chamou a atenção por seu pro-tagonismo tradicional em eventos desta natureza. Apesar disso, foi impossível ignorar que a falta da presença de bra-sileiros na nova diretoria e no Board da comissão — instân-cia importante nas deliberações da entidade — forjam um cenário menos favorável ao país. De fato, ao mesmo tem-po em que o médico do trabalho brasileiro parece ganhar cada vez mais reconhecimento entre os colegas de outros países, o Brasil perde uma importante representatividade oficial a que se acostumou nas últimas décadas.

Nesse ponto, a derrota do brasileiro René Mendes nas eleições para a Presidência da ICOH, que aconteceram du-rante o congresso, é a maior expressão desse momento paradoxal (veja sua entrevista na próxima página). Anun-ciada como a primeira iniciativa de oposição nos 103 anos da comissão, a candidatura do ex-presidente da Anamt ajudou a aumentar a representatividade dos membros de países em desenvolvimento e a pautar o debate sobre a maior democratização da instituição, mesmo diante da perda. Ao mesmo tempo, a vitória de Dr. Kazutaka Kogi, ex-diretor da OIT e primeiro japonês a ocupar o cargo, re-afirma a hegemonia dos países desenvolvidos.

OtimismoMesmo o novo presidente da ICOH reconhece a im-

portância da candidatura do brasileiro, que indica um viés de renovação que a entidade deverá sofrer nos anos a se-guir. Em entrevista exclusiva para o Jornal da Anamt (que você pode ler nas páginas 6 e 7), Dr. Kazutaka considera que a participação do Dr. René foi e é indispensável para a comissão. “Conheço o Dr. René há muitos anos, desde que trabalhamos juntos na OIT e compartilhamos atividades internacionais. Sua candidatura para o mandato de 2009 a 2012 claramente ativou as deliberações dentro da própria instituição sobre nossas diretrizes futuras”, reconhece.

Um dos representantes brasileiros no encontro da Cida-

O paradoxo internacional do BrasilO balanço do 29º Congresso

Internacional da ICOH indica fatores

positivos e negativos que podem deixar

o avaliador, à primeira vista, um pouco

confuso. Se por um lado os brasileiros

marcaram presença importante com

a maior delegação entre os países em

desenvolvimento, as representações

oficiais na instituição diminuíram, o que

preocupa alguns profissionais da área

Integrantes da Anamt fizeram parte da representação brasileira no Congresso

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT JUNHO 2009 9Jornal da ANAMT

de do Cabo, o Dr. Mario Bonciani, vice-presidente nacional da Anamt, avalia o momento com cautela. Apesar de re-conhecer que as derrotas para os cargos eletivos deixam o país em situação desfavorável — os médicos Carlos Campos e Frida Fischer também perderam as eleições, no seu caso para o Board da ICOH —, ele lembra que o Brasil também foi homenageado pela instituição por meio da indicação e aprovação do título de membro honorário do Dr. Ruddy Facci, que já foi vice-presidente da comissão internacional.

“A contradição não deixa de ser interessante. O Brasil sempre teve uma participação importante na ICOH desde que a Anamt foi fundada e, por isso, esse momento acaba por criar alguma apreensão. Ao mesmo tempo, temos mostrado nossa participação no cenário mundial com o comparecimen-to nos debates centrais, fato de certa forma reconhecido com indicações como a do Dr. Ruddy”, avalia Dr. Mario.

Encontros no BrasilAo todo, o congresso internacional contou com a pre-

sença de cerca de 1,4 mil pessoas de todo o mundo. Graças

à representação brasileira, foi possível or-ganizar e encaminhar eventos futuros importantes, como o IX Congresso Ibero-Americano de Medicina do Trabalho, a ser realizado em outu-bro na Bahia; o I Workshop Bra-sil-Itália sobre Segurança e Saúde no Trabalho em maio e julho no Rio Grande do Sul; e o Internatio-nal Conference on Occupational Health for Care Workers, que será realizado no Brasil em 2014.

O Congresso ICOH é promovido a cada três anos. Sua última edição, que aconteceu em Milão em junho de 2006, também contou com grande número de profissionais da saú-de, e a delegação brasileira foi a quarta em tamanho, com cerca de 60 membros. No Brasil, o congresso internacional foi realizado em 2003, em Foz do Iguaçu. Na época, o even-to coroou a representatividade brasileira na área e marcou as comemorações do aniversário de 35 anos da Anamt.

A derrota nas eleições do mês de março para a Presidência da Comissão Internacional de Saú-de no Trabalho é, na opinião do ex-candidato René Mendes, ape-nas eleitoral. Os 36% dos votos válidos que o médico brasileiro conquistou no congresso interna-cional da ICOH na África do Sul ajudam a expor, na opinião do ex-presidente da Anamt, a necessi-dade de renovação das ideias e práticas da comissão, que deverá “superar o conservadorismo” de seus últimos anos.

“Minhas críticas, naturalmente, não são pessoais, mas sim institucio-nais, envolvendo as pessoas nos pa-péis que elas aceitam cumprir dentro das instituições”, esclarece Dr. René, que vê no apoio recebido a expres-são de insatisfação com a represen-tatividade da ICOH. “Depois de 103 anos de existência, a comissão se viu obrigada a reconhecer o mundo além das fronteiras da Europa. Uma entida-de importante como a ICOH deve ser grande e plural, e já não pode evitar que o processo de eleição de seus di-rigentes seja feito pela discussão e jul-

gamento de ideias e propostas”.Sobre os desafios que esperam

o novo presidente Kazutaka Kogi, o Dr. René Mendes ressalta a ne-cessidade de uma ampliação con-siderável da presença da ICOH nos diferentes países do mundo, com um aumento inevitável do núme-ro de membros da entidade, que hoje conta com 2 mil profissionais. “Eu e os 36% de membros que votaram em mim esperamos an-siosos pela renovação e ousadia, para que o arcaísmo desapareça de vez da instituição.”

Depois de 103 anos de existência, a ICOH se viu obrigada a reconhecer o mundo além das fronteiras da Europa. Dr. René Mendes,

Candidato à Presidência da ICOH 2009-2012

O Dr. Ruddy Facci agora é membro honorário da

Comissão

Resultados das eleições para a Presidência da ICOH 2009-2012

Dr. Kazutaka Kogi – Japão - 352 votosDr. René Mendes – Brasil - 197 votosAbstenções - 11 votos

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10 JUNHO 200910 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Debates e palestras foram as principais formas de co-memorações dos 90 anos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919 como parte do Tratado de Versalhes para por fim à Primeira Guerra Mundial. No Bra-sil, o ponto alto das comemorações foi uma sessão solene no Senado Federal, em que esteve presente a diretora do Escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo.

As celebrações europeias também contaram com a presença de representantes da organização. Segundo o Europa Press, o diretor da OIT na Espanha, Juan Hunt, comentou em evento comemorativo os esforços contra o desemprego trazido pela crise, a luta contra o trabalho infantil e a importância do país na organização. “A OIT mantém 187 convênios laborais em todo mundo, que re-gulam 89% das condições de trabalho do planeta”, res-saltou Hunt, lembrando a centralidade dos debates sobre a inclusão dos imigrantes no mercado europeu.

Na sessão solene do Senado, a diretora Laís Abramo, que participou da mesa principal do evento, reafirmou o compromisso da OIT com a Agenda do Trabalho Decente, “um marco político adequado para dar uma resposta à atual turbulência”. “A OIT celebra seus 90 anos em meio à mais grave crise depois da grande depressão”, lembrou.

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OIT comemora 90 anos de lutapelos direitos dos trabalhadores

Os parlamentares brasileiros também mostraram pre-ocupação com a situação dos trabalhadores no contexto de incerteza econômica e, consequentemente, social. Se-gundo dados relativos ao ano de 2007 publicados pela Agência Senado, existem aproximadamente 195 milhões de pessoas desempregadas em todo o mundo.

A OIT é um órgão tripartite que atua na regulamenta-ção e defesa dos direitos laborais. Criado sob o lema “a paz permanente somente pode ser alcançada se baseada na justiça social”, surgiu a partir de quatro objetivos bá-sicos: a promoção dos direitos fundamentais do trabalho, o emprego, a proteção social e o diálogo social.

Encontros em São Paulo, Campo Grande, Vitória e em diversas cidades ao redor do mundo. O Dia em Memória das Vítimas de Acidentes do Trabalho, comemorado no dia 28 de abril de 2009, foi celebrado por governos, mo-vimentos sociais e organizações em geral com uma série de eventos para lembrar que a segurança e a saúde no trabalho são um direito básico do homem.

No Brasil, o Serviço Social da Indústria (Sesi) lançou a Campanha Segurança e Saúde do Trabalho, que pretende atender, em um prazo de 12 meses, a cerca de 1 milhão de trabalhadores e 5 mil indústrias. Por meio do site www.sesi.org.br/campanhasst, interessados podem solicitar gratuita-mente material informativo e educativo sobre a prevenção de acidentes do trabalho.

A data do dia mundial da SST foi escolhida devido a

um acidente que matou, em 1969, 78 trabalhadores em uma mina no Estado de Virgínia, nos Estados Unidos. Desde 2003, a data é lembrada pela Organização Interna-cional do Trabalho (OIT) e, em maio de 2005, foi instituída oficialmente no Brasil por meio da Lei nº 11.121.

Segundo a Previdência Social, no setor privado, 653.090 acidentes laborais foram registrados em 2007, número maior que o do ano anterior, de 512.232. No mundo, o Programa sobre Segurança e Saúde no Traba-lho da OIT estima que, diariamente, cerca de 1 milhão de trabalhadores sejam vítimas de acidentes de trabalho, e mais de 5,5 mil deles morram devido a acidentes ou doenças profissionais.

No Brasil, 3 mil pessoas por ano morrem por aciden-tes dessa natureza.

Eventos no Brasil e no mundo marcam Dia Mundial da SST

A diretora da OIT Laís Abramo participou de mesa no Senado

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT JUNHO 2009 11Jornal da ANAMTJornal da ANAMT 2009 11Jornal da ANAMT

Caged: emprego formal cresce no Brasil

Assim como em fevereiro, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego — registrou em março aumento no número de pos-tos de trabalho no país. No mês, 1.419.511 pessoas foram contratadas formalmente no Brasil, um acrés-cimo de 2,7% nos últimos 12 meses. Neste período, foram criadas 840.013 vagas.

A expansão aconteceu em quase todos os seto-res da economia. A exceção ficou por conta da In-dústria de Transformação e do Comércio, que apre-sentou resultados negativos. Por sua vez, o setor de Serviços gerou 49.280 postos; o de Construção civil, 16.123; Agricultura, 7.238; e Administração Pública, 7.141, saldo recorde para o período.

Após quatro meses de mau desempenho, o Esta-do de São Paulo contabilizou aumento do número de vagas formais, ainda que modesto: 0,33%. Tendência similar foi seguida por Minas Gerais, que mantinha o mesmo padrão paulista durante cinco meses e, dessa vez, aumentou o número de postos em 0,28%.

A taxa de admissões apontada pelo Caged é a se-gunda maior já registrada em março pelo cadastro, só perdendo para o recorde do mesmo mês de 2008.

Metade da força de trabalho mundial éinformal, diz OCDE

Cerca de 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo trabalham sem seguridade social. É o que afirma do-cumento da Organização para a Cooperação e o De-senvolvimento Econômico (OCDE), divulgado no dia 8 de abril. Segundo a organização, esse contingente se refere à metade da força de trabalho no planeta.

O dado ilustra a distância entre o oficial e a realidade. A radiografia do IBGE mostrou que o índice de desem-prego nas seis principais regiões metropolitanas do país subiu de 6,8% para 8,2%, enquanto o país conta com uma população desocupada de 1,9 milhão de trabalha-dores — número que inclui apenas o desempregado que procurou trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa.

As dificuldades envolvendo o emprego também têm aumentado a atenção em relação ao uso de drogas entre trabalhadores. Segundo relatório do Ministério da Previdência Social, apenas em janeiro foram concedidas 2.506 licenças para viciados em álcool, maconha, coca-ína e anfetamina. A oficialidade dos dados também é uma limitação neste quesito, já que apenas são conta-bilizados aqueles que possuem carteira assinada.

No último dia 17 de abril, o ministro do Supremo Tri-bunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski negou liminar da indústria de amianto que pedia a suspensão da Lei munici-pal nº 13.113, de 2001, em São Paulo. Ao reafirmar o po-der do município para legislar sobre o tema, Lewandowski cria jurisprudência que pode se consolidar no supremo.

A corte já havia se posicionado sobre a questão ante-riormente. Ainda em 2009, o supremo deverá decidir sobre a constitucionalidade da Lei federal nº 9.005, de 1995, que autoriza o uso controlado da substância em todo o país.

Em entrevista ao jornal O Diário, o deputado estadual Marcos Martins (PT), autor da lei que baniu o amianto em São Paulo, mostrou cenário alarmante sobre os problemas trazidos pelo asbesto. Segundo ele, a previsão da OIT é que, em 2030, haja um pico de mortes devido à substância: cerca de 250 mil em todo o mundo.

Amianto continua proibido em São Paulo

Enquanto isso, no Brasil, o amianto teve um aumento de 10% no montante comercializado no primeiro trimes-tre. A Sama, do grupo Eternit, somou 31,9 mil toneladas em vendas apenas no mercado interno, ante os 28 milhões de toneladas do mesmo período de 2008. O aumento nas vendas internas do produto foi, em volume, o único de-sempenho positivo da Eternit.

Casas de Brasília com telhas de amianto, material condenado por estudos

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12 JUNHO 200912 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

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Novos superintendentes do Trabalho em RR e SP

Os estados de São Paulo e Roraima empossaram respectivamente nos dias 16 de abril e 8 de maio seus novos superintendentes regionais do Trabalho e Emprego. Mário Souza da Rocha, superintendente pelo estado do Norte, e José Roberto de Melo, representante do estado do Sudeste, foram nomeados na presença do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que visitou os respectivos estados.

A experiência profissional será uma ferramenta importante para ambos. José Roberto de Melo é educador, administrador e possui 40 anos de experiência em recursos humanos e conhecimento em negociações com entidades sindicais. Por sua vez, Mário Souza da Rocha é gestor de finanças e juiz classista.

No dia mundial da SST, a Advocacia-Geral da União (AGU) deu entrada em 341 ações em todas as regiões do país para recuperar valores referentes à pensão por morte ou invalidez resultante de acidentes de trabalho. Segundo a AGU, que tem como objetivo estimular empresas a prevenir acidentes, o montante total acumulado pela falta de segurança no trabalho chega a R$ 55 milhões pagos pelo INSS.

As regiões em que a entidade mais impetrou processos foram a Sudeste, Sul e Nordeste. Do total, 116 ações envolvem acidentes fatais.

Insegurança globalA preocupação de instituições como a AGU reflete um

movimento que, infelizmente, é internacional. Segundo um documento da OIT lançado em abril, 2,3 milhões de homens e mulheres morrem todo ano devido a acidentes e doenças laborais. Em apenas um dia, a estimativa é de que aproximadamente 1 milhão de trabalhadores sofram algum acidente de trabalho, enquanto aproximadamente 5,5 mil morrem devido a motivos relacionados.

AGU cobra empresas que não protegem trabalhadores

Se o título de especialista é uma das principais preocupações dos médicos que se formam todo ano no Brasil, o funcionamento correto das residências médicas e dos cursos de especialização são uma das maiores obsessões da Anamt. Desde o reconhecimento da Medicina do Trabalho como especialidade médica a partir da resolução CFM 1634/2002, a associação vem investindo na acreditação de treinamentos em serviço de Medicina do Trabalho (veja a lista das instituições acreditadas em http://www.anamt.org.br/adm/titulo/download_arquivo_assunto.php?id=42)

A Anamt sabe, entretanto, que a forma preferencial de formação de especialistas em Medicina do Trabalho é a residência médica e, por esse motivo, a associação desenvolve ações para o aumento de profissionais formados por meio dessa modalidade. Abaixo, você encontra uma relação das instituições autorizadas pela Comissão Nacional de Residência Médica a prestar esse serviço.

Anamt investe na formação de especialistas em SST

Instituições credenciadas Universidade Federal de Minas [email protected] :: (31) 3409-9804

Universidade Federal do Paraná[email protected] :: (41) 3360-1839

Santa Casa de São [email protected] :: (11) 3222-3812

Universidade Federal da [email protected] :: (71) 3283-8865

Faculdade de Medicina do [email protected] :: (11) 2164-2527

Instituto do Servidor Público Estadual de São [email protected] :: (11) 3222-3812

Universidade Federal do Rio Grande do [email protected] :: (51) 2101-8222

Universidade de São [email protected] :: (11) 3085-9677 (102)

Universidade Estadual de [email protected] :: (19) 3289-4352

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT JUNHO 2009 13Jornal da ANAMT

Brasil é referência mundial no combate ao trabalho degradante

Chegam a US$ 20 bilhões ao ano as perdas de remuneração em função de situações de trabalho forçado no mundo. Essa é a constatação do relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), intitulado O Custo da Coerção. Na América Latina, a instituição aponta como principal forma desse tipo de trabalho a servidão por dívidas, quando empregadores obrigam trabalhadores a arcar com custos de ferramentas de trabalho, equipamentos de proteção individual e alimentação, ou seja, gastos que superam os ganhos com os baixos pagamentos.

Em contrapartida, o relatório reconhece a longa experiência e história oficial de compromisso e luta contra o trabalho forçado. Segundo o Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) de combate ao trabalho análogo ao escravo, do Ministério do Trabalho, mais de 33

mil trabalhadores foram resgatados entre 1995 e março de 2009. As mais de 23 mil autuações renderam indenizações que somam R$ 48 milhões a esses profissionais.

Na avaliação do diretor-geral da OIT, Juan Somavia, o trabalho forçado é a antítese do trabalho decente. “Ele provoca um enorme sofr imento humano e rouba suas vítimas. O trabalho forçado moderno pode ser erradicado e isso pode ser alcançado desde que haja um compromisso sustentado da comunidade internacional, trabalhando em conjunto com os governos, empregadores, trabalhadores e a sociedade civil”.

O relatório ressalta ainda que, em meio à pior crise econômica e financeira das últimas décadas, os que mais sofrem são os trabalhadores mais vulneráveis. Em um panorama

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) deferiu no início de abril o pedido de estabilidade por auxílio-doença a um empregado de uma instituição financeira. Em setembro de 2004, o bancário havia requerido o benefício por incapacidade laboral devido a uma tendinite no ombro direito, após ter sido demitido no mês anterior. Por lei, o trabalhador com incapacidade constatada durante o aviso prévio tem direito à estabilidade provisória de no mínimo 12 meses após o fim do benefício previdenciário.

Segundo o funcionário do banco, a companhia não havia cumprido a exigência de realização do exame demissional. Com o requerimento do benefício por meio do sindicato de classe, o INSS concedeu o auxílio-doença por acidente de trabalho a contar do dia 12, quando ainda

Beneficiários por incapacidade laboral têm estabilidade provisória

vigorava seu aviso prévio de demissão.Segundo o ministro Alberto Bresciani, o auxílio-doença

acidentário no curso do aviso prévio não impede o direito à garantia provisória de emprego, o que está previsto no artigo 118 da Lei nº 8.213, de 1991. Devido à lei, um caso de acidente de trabalho ocorrido em abril de 2007 beneficiou um autor contratado em caráter experimental, que fraturou um ombro e um tornozelo após uma semana de serviço em uma empresa de construção. Apesar da 1ª Vara do Trabalho de Araçatuba (SP) ter negado ao autor o direito à estabilidade, a 11ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região de Campinas reformou a decisão. Para o tribunal, a empregadora tinha o dever de cumprir as normas de segurança do trabalho.

sobre os esforços real izados globalmente para combater o trabalho forçado, a OIT analisa que a maioria dos países já encara a questão do trabalho forçado como um crime, mas ainda há uma parcela com dificuldades para identificar casos de abuso e definir respostas políticas adequadas.

Como solução para o futuro, a OIT propõe a priorização no aperfeiçoamento da coleta de dados e pesquisa; intensificação das campanhas de sensibilização; melhoria da aplicação da lei; e o fortalecimento da aliança entre as organizações de empregadores e trabalhadores contra o trabalho forçado. Em 2009, o Ministério do Trabalho e Emprego iniciou o programa Marco Zero de intermediação de mão de obra rural para coibir o aliciamento de trabalhadores por intermediadores em busca de mão de obra para trabalho análogo ao escravo.

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14 JUNHO 200914 Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

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Pesquisa mostra situação do imigrante nos EUAOs médicos Carlos Siqueira e Andréa Barbosa

registraram 16 mortes de brasileiros por acidentes de trabalho entre 1999 e 2007. Responsáveis pelo relatório americano do Projeto Parceria, os doutores entrevistaram 625 brasileiros, revelando que os brasileiros são expostos a produtos químicos tóxicos e a um ambiente de trabalho inseguro, publicou o jornal Comunidade News.

A pesquisa, financiada pelo Instituto Nacional de Ciências e Saúde Ambiental (Niehs, na sigla em inglês), é a primeira produzida nos Estados Unidos com dados sobre trabalhadores brasileiros. Entre as atividades em que

os imigrantes no país encontram as piores condições, estão as que envolvem limpeza e serviços de restaurante. Como exemplo negativo, os pintores brasileiros nos EUA mostram alto nível de chumbo no sangue: na amostra, a incidência foi de 37%.

ExposiçãoSegundo o estudo, 43% dos entrevistados contaram

que já se feriram ou contraíram doença devido ao ambiente laboral. O relatório mostra também que 80% dos entrevistados não receberam qualquer treinamento de SST.

As 300 empresas que participam anualmente do Programa de Prevenção e Controle do Uso de Drogas no Ambiente de trabalho aumentaram seu número de testes antidoping em 26% em apenas um ano. Coordenado pelo Laboratório de Análises Toxicológicas (LAT) da Universidade de São Paulo (USP), o programa contabilizou que, no total, 3.479 funcionários foram examinados, contra os 2.760 de dois anos atrás.

Os responsáveis pelo LAT garantem que o que fez o número crescer não foi o aumento do uso de drogas, e sim a maior confiança dos trabalhadores no programa. Por procedimento, nenhum funcionário convidado a participar do programa é obrigado a fazê-lo. Quando certa substância é detectada, as empresas participantes encaminham ações que visam melhorar as condições de trabalho do examinado. A maconha está entre as substâncias mais detectadas.

Aumenta o teste antidoping nas empresas

Substâncias provocam novos riscos para a saúde

Relatório da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) identificou os produtos que podem colocar em risco os trabalhadores, contribuindo para doenças que vão desde alergias, asma e infertilidade até doenças cancerígenas. A estimativa é que haja 74 mil mortes por ano devido a acidentes de trabalho associados a substâncias químicas.

Substâncias perigosas provocam dez vezes mais morte do que os acidentes de trabalho. Na Europa, 15% dos trabalhadores afirmam que usam produtos químicos durante um quarto de seu trabalho, 10% dizem que inalam vapores e 19%, que trabalham em ambiente com poeira, fumo e tabaco.

O relatório coloca as nanopartículas no topo da lista de substâncias para as quais os trabalhadores necessitam de proteção. Utilizada em produtos cosméticos e de Tecnologia da Informação, a nanotecnologia cresce rapidamente no mercado europeu e mundial.

Sediada em Bilbao, na Espanha, a EU-OSHA visa melhorar a qualidade de vida da população trabalhadora, promovendo o fluxo de informações de carácter técnico, científico e econômico entre todos os interessados nas questões de segurança e de saúde no trabalho. Trata-se de um braço da União Europeia para contribuir com as necessidades de informação em matéria de segurança e saúde no trabalho.

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Jornal da ANAMTJornal da ANAMT JUNHO 2009 15Jornal da ANAMT

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Envie suas dúvidas, opiniões e sugestões para o Jornal da Anamt. Acesse o site da Anamt: http://www.anamt.org.br/espaco_associado.php

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Jornal da ANAMT

Gostaria de receber informações sobre o que é neces-sário para prestar a prova de título de especialista em Medicina do Trabalho. (...) É possível prestar a prova de título com essa comprovação dos anos de atuação?

Dr. Rodrigo Pimenta Gontijo – Bahia

Tendo como referência o disposto no edital da última Prova de Título de Especialista, realizada em novembro de 2008, parágrafo 3 do Artigo 5, é pré-requisito: “ser médi-co formado há cinco anos completos ou mais, portador de diploma reconhecido e legalmente registrado no respec-tivo Conselho Regional de Medicina; estar exercendo ou ter exercido atividade específica de Medicina do Trabalho, em tempo integral, durante no mínimo quatro anos, na data da inscrição (...). (...) Comprovar também a realização de no mínimo 100 pontos de acordo com o estabelecido pela AMB pela participação nas atividades definidas na ta-bela anexa ao edital, por meio de currículo e documentos específicos para este requisito.” Quanto ao mencionado Artigo 5 (...), o parágrafo 1 trata dos pré-requisitos dos médicos que concluíram a Residência Médica em Medici-na do Trabalho e o parágrafo 2, dos (...) que concluíram Curso de Especialização acreditado pela Anamt.

Dra. Lys Esther, diretora de Títulos

Estou numa fase final de obra (...). Faço meu atendimento a 5 quilômetros desse canteiro. Tenho que ter um local de atendimento na obra?

Dra. Anadia Carvalho – Rio de Janeiro

O canteiro de obras (construção) é Grau de Risco 03, de acordo com a Norma Regulamentadora nº 4 (...) do Ministério do Trabalho e Emprego. O médico não pre-cisa atender no canteiro. Não há obrigatoriedade legal, podendo continuar atendendo a 5 quilômetros.

Dr. Charles Amoury, diretor de Legislação

EXPO PROTEÇÃO 2009Um dos maiores eventos de formação profissional em SST, a terceira edição da Feira Internacional de Saúde e Segu-rança no Trabalho acontece de 26 a 28 de agosto no pa-vilhão azul do Expo Center Norte. O objetivo é repetir o sucesso do último encontro, que recebeu 53 mil visitantes e contou com a participação de 7.317 profissionais. Além da Expo Proteção, acontecerão juntas a Expo Show e a Expo Emergência, completando a programação gratuita. Quem tiver interesse deve acessar o site www.protecaoe-ventos.com.br, ou ligar para (11) 3129 4590.

IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DA ENGENHARIA ELÉTRICA NA SEGURANÇA DO TRABALHOOcorrerá em paralelo ao Electrical Safety Workshop, pro-movido desde 1991 pelo Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) nos Estados Unidos. Entre os dias 22 e 24 de setembro, a cidade de Blumenau, em Santa Ca-tarina, discutirá os aspectos técnicos, humanos e geren-ciais das empresas com o objetivo de reduzir os acidentes provocados pela eletricidade. Haverá palestras com pes-quisadores e figuras renomadas de empresas nacionais e internacionais. Aos interessados, a programação completa do evento está no www.ieee.org.br/eswbrasil/2009/. O contato também pode ser feito pelo (11) 3091 5537.

IX CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE MEDICINA DO TRABALHOSerá realizado entre os dias 3 e 7 de outubro no Bahia Othon Hotel, em Salvador, junto com o IX Fórum Presença Anamt. Apóiam o evento a Sociedade Baiana de Medicina do Trabalho (SBMT) e países como Espanha, Portugal, Ar-gentina, Chile, México e Uruguai. Outros detalhes podem ser obtidos pelo (62) 3241-3939 ou pelo site da Anamt, no www.anamt.org.br.

I WORKSHOP ÍTALO-BRASILEIRO DE MEDICINA DO TRABALHOSerá promovido junto com o Congresso Nacional da Ana-mt entre 29 de maio e 3 de junho de 2010 no Expo Gramado, na cidade de Gramado, Rio Grande do Sul. O encontro é resultado de uma parceria entre a Anamt e a Sociedade Italiana de Medicina do Trabalho e deverá rece-ber cerca de 100 profissionais italianos para o intercâmbio de informações e pesquisas entre os dois países. Mais in-formações na página eletrônica da Sociedade Gaúcha de Medicina do Trabalho, no www.sogamt.org.br, ou pelo telefone (51) 3339 2441.

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16 JUNHO 200916 Jornal da ANAMT

Referências bibliográficas

1. Centers for Disease Control and Prevention. CDC. Swine flu. Keys facts about swine influenza (Swine Flu). Swine Flu & you www.cdc.gov/swuineflu/key_facts.htm (acesso 24 e 26 de abril de 2009).

A Sanofi Pasteur disponibiliza o Serviço de Informação sobre Vacinação (SIV), que é destinado aos profissionais da área de saúde e consumidores. Seu objetivo é fornecer informação técnico-científica sobre vacinas, vacinologia, imunização, epidemiologia, farmacovi-gilância e farmacoeconomia.

Em caso de dúvidas ou solicitações adicionais, por favor, entre em contato com o SIV de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, através do telefone 0800 14 84 80 ou do e-mail [email protected].

SANOFI - PASTEURi n f o r m e p u b l i c i t á r i o

O que é influenza suína?Influenza suína é uma doença respi-ratória de porcos, causada por vírus influenza A. Epidemias de influenza suína acontecem regularmente em porcos. As pessoas normalmente não adquirem influenza suína, mas ocasionalmente isto pode acontecer com pessoas que têm contato com animais infectados. Os vírus da gripe suína não são normalmente transmiti-dos entre humanos1.

Quais são os sinais e sintomas da influenza suína em serem humanos?Febre, tosse, congestão ou secreção nasal, dor de garganta, dores muscu-lares, cefaléia, calafrios e fadiga. Al-gumas pessoas apresentam diarréia e vômitos. Pessoas idosas, crianças menores de cinco anos e gestantes são consideradas grupo de alto risco para complicações.

Existe tratamento para a infecção por vírus influenza suína?O vírus A H1N1 é sensível a alguns antivirais (oseltamivir e zanamivir), mas resistente a amantadina e ri-mantadina. A utilização desses me-dicamentos deve ser indicada por médico. O tratamento com antivirais deve ser considerado para casos

Perguntas e respostas sobre influenza suína

confirmados, prováveis ou suspeitos de influenza de origem suína, com prioridade para os pacientes hospi-talizados e com alto risco para com-plicações da doença.

Existe vacina para proteger contra influenza suína?Não. Não se pode garantir que a vacina sazonal confere qualquer grau de proteção contra o novo agente.

Se a vacina não deve proteger contra o vírus, por que ela é recomendada?A vacinação contra influenza deve ser estimulada mesmo na ausência de risco de pandemias, conforme re-comendam diversas sociedades mé-dicas. Além de prevenir as infecções e complicações associadas aos ví-rus influenza, a vacinação reduz o número de consultas, hospitalizações por pneumonia e exacerbação de doenças crônicas.

A vacinação é gratuita?No Brasil, a vacina de influenza esta disponível gratuitamente para pesso-as com mais de 60 anos nas uni-dades de saúde e é recomendada também para grupos de risco e seus contatos. A vacina contém apenas as proteínas de superfície dos vírus mor-

tos (duas cepas do vírus influenza A e uma do influenza B) e, portanto, não causa infecção.

Existem outras vantagens?Além de segura e efetiva contra a gripe, a vacina reduz morbidade, taxa de complicações como otites e sinusites, uso de antibióticos, ab-senteísmo ao trabalho e à escola, assim como as complicações de maior gravidade, tais como pneu-monia, infecção secundária por bactérias, complicações neurológi-cas, hospitalização, tempo de hos-pitalização, necessidade de interna-ção em UTI e mortes.

Para quem ela é recomendada?A vacina influenza é indicada para a prevenção da gripe para todos as pessoas a partir dos seis meses de idade e está disponível para to-das as pessoas a partir desta ida-de em clínicas particulares de vaci-nação. Salientamos que os grupos de risco com mais de dois anos de idade devem receber também a vacina antipneumocócica, conforme normas dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais, dis-poníveis no sites www.saude.gov.br e www.cve.saude.sp.gov.br.