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IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 776 História e Memória da Educação na Cidade de Manaus (1889 – 1930) Assislene Barros da Mota (org.) [email protected] Ivete Ribeiro Rubim Fernandes Erilane de Souza Guimarães Eliane da Silva Chaves Carla Roberta Larissa Moreira Iracema Arcanjo Castro (ESBAM) Resumo Ao refletirmos o contexto históricosócioeducacional e biossocial de Instituições Escolares de Manaus, nos deparamos com a escassez de literatura referente à cultura escolar local. Diante disso, optamos por realizar um trabalho de Iniciação Científica, que teve como objetivo analisar as práticas escolares, verificando como se processou os saberes e fazeres de cada Instituição investigada, tendo como recorte histórico o período da Primeira República (1889 – 1930), utilizando fontes documentais e materiais iconográficos. As fontes orais foram escassas, uma vez que a pesquisa teve seu recorte datado do final do século XIX e início do XX. Mobilizamonos por meio de subprojetos, envolvendo acadêmicospesquisadores de vários cursos da ESBAM de diferentes períodos. Analisando o movimento das instituições educativas pesquisadas com a sociedade urbana de Manaus, na visão de Magalhães (1996), Ginzburg (1989) e Le Goff (1996). Primeiramente, contextualizamos a cidade de Manaus em termos históricocultural e biossocial, para posteriormente, investigarmos as instituições escolares: Escolas Noturnas de Manaus, Instituto Benjamim Constant, Gymnasio Amazonense Pedro II, Escola de Comércio Sólon de Lucena; e os Grupos Escolares: Saldanha Marinho, Barão do Rio Branco, Marechal Hermes, José Paranaguá e Presidente Bernardes. O trabalho ficou constituído por doze capítulos, sendo o último reservado para depoimento dos acadêmicospesquisadores diante do significado que a Iniciação Científica representou para sua formação. Em 2010 foi publicado na formatação de livrocatálogo pela Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM). Palavras chave: História da Educação. Cultura Escolar. Práticas Escolares INTRODUÇÃO Ao refletir a conjuntura sóciohistórica do campo escolar na cidade de Manaus, nos deparamos com a escassez de literaturas específicas inerentes à cultura escolar da referida cidade, assim, nos dispusemos a realizar essa pesquisa de caráter expostfacto, dentro da perspectiva histórica (descritiva, analítica e exploratória), com o intuitode recuperarmos fragmentos da história e memória de Instituições Escolares de Manaus no período de 1889 a 1930, correspondente basicamente ao início da expansão do campo escolar manauense, considerando a

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 IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”

Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5

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História e Memória da Educação na Cidade de Manaus  (1889 – 1930) 

 

Assislene Barros da Mota (org.) [email protected]  Ivete Ribeiro Rubim Fernandes 

Erilane de Souza Guimarães  Eliane da Silva Chaves 

Carla Roberta Larissa Moreira Iracema Arcanjo Castro 

(ESBAM)  

Resumo Ao  refletirmos  o  contexto  histórico‐sócio‐educacional  e  biossocial  de  Instituições  Escolares  de  Manaus,  nos deparamos  com  a  escassez  de  literatura  referente  à  cultura  escolar  local. Diante  disso,  optamos por  realizar  um trabalho de Iniciação Científica, que teve como objetivo analisar as práticas escolares, verificando como se processou os  saberes e  fazeres de cada  Instituição  investigada, tendo como  recorte histórico o período da Primeira República (1889 – 1930), utilizando fontes documentais e materiais iconográficos. As fontes orais foram escassas, uma vez que a pesquisa  teve  seu  recorte datado do  final do  século XIX e  início do XX. Mobilizamo‐nos por meio de  subprojetos, envolvendo acadêmicos‐pesquisadores de vários cursos da ESBAM de diferentes períodos. Analisando o movimento das instituições educativas pesquisadas com a sociedade urbana de Manaus, na visão de Magalhães (1996), Ginzburg (1989)  e  Le  Goff  (1996).  Primeiramente,  contextualizamos  a  cidade  de  Manaus  em  termos  histórico‐cultural  e biossocial,  para  posteriormente,  investigarmos  as  instituições  escolares:  Escolas  Noturnas  de  Manaus,  Instituto Benjamim Constant, Gymnasio Amazonense Pedro  II, Escola de Comércio Sólon de Lucena; e os Grupos Escolares: Saldanha Marinho, Barão do Rio Branco, Marechal Hermes, José Paranaguá e Presidente Bernardes. O trabalho ficou constituído por doze capítulos, sendo o último reservado para depoimento dos acadêmicos‐pesquisadores diante do significado que a Iniciação Científica representou para sua formação. Em 2010 foi publicado na formatação de  livro‐catálogo pela Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM).  Palavras chave: História da Educação. Cultura Escolar. Práticas Escolares 

 

INTRODUÇÃO 

 

Ao  refletir  a  conjuntura  sócio‐histórica  do  campo  escolar  na  cidade  de  Manaus,  nos 

deparamos com a escassez de literaturas específicas inerentes à cultura escolar da referida cidade, 

assim, nos dispusemos  a  realizar essa pesquisa de  caráter  ex‐post‐facto, dentro da perspectiva 

histórica  (descritiva,  analítica  e  exploratória),  com  o  intuitode  recuperarmos  fragmentos  da 

história  e  memória  de  Instituições  Escolares  de  Manaus  no  período  de  1889  a  1930, 

correspondente basicamente ao início da expansão do campo escolar manauense, considerando a 

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falta de informações histórico–cultural e biossocial, a deficiência de sistematização e organização 

de documentos escritos e iconográficos. 

  Para tanto, foi idealizado junto a Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM), a criação 

do Centro de Pesquisa  Integrada de História e Memória da  Educação  (CEPIHME), buscando por 

meio  de  um  trabalho  de  Iniciação  Científica,  realizar  pesquisa  de  forma  integrada,  coletiva  e 

interdisciplinar, respeitando as posições teóricas de cada acadêmico‐pesquisador, manifestado em 

diferentes  olhares,  posturas  e  opções.  Assim,  o  espírito  de  equipe  foi  se  construindo 

paulatinamente,  em  ritmos  e  cadências  diferenciados,  visto  que  cada  instituição  de  ensino 

investigada é única. 

  No decorrer das investigações e estudos, aconteceram conflitos que não foram superados, 

a bom termo, algumas perdas ocorreram. Isso não deixou de ser aprendizado para a equipe, uma 

vez que houve  fortalecimento de  identidade e da  autonomia para  cada um dos envolvidos no 

projeto  de  Iniciação  Científica.  Essa  é  a  essência  da  pesquisa  “integrada”,  consolidar‐se  em 

pesquisa de “equipe”. 

  A preocupação de todos, no entanto, foi sempre com a educação, por isso focalizamos essa 

pesquisa na história da educação  local, sob o mirante de diversas experiências educacionais no 

período de  tempo compreendido de 1889 a1930, sendo  imprescindível a manipulação de várias 

fontes no transcorrer do processo de desenvolvimento dos estudos. 

A equipe de pesquisa configurou o trabalho de investigação ao espaço físico‐geográfico do 

centro antigo da cidade de Manaus, porque os objetos de estudo estavam localizados no chamado 

Sítio Histórico1. 

  O projeto do CEPIHME/ESBAM foi desenvolvido em duas fases. A primeira iniciou em julho 

de 2004, com o projeto “História e Memória da Educação na cidade de Manaus  (1889 – 1930)”, 

concluído  em  2005  com  o  livro‐pesquisa  “Preâmbulo  da  História  e Memória  da  Educação  na 

cidade  de Manaus  (1889  –  1930)”.  A  segunda  fase  da  pesquisa,  e  redefinição  do  projeto  do 

CEPIHME iniciou em julho de 2008, o projeto “História e Memória da Cultura Escolar na Cidade de 

                                                           1 É uma área delimitada pela Lei Orgânica de Manaus – LOMAN, em seu artigo nᵒ 235, §2ᵒ. 

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Manaus (1889‐1930)”, culminando no ano de 2010 com a publicação do livro‐ catálogo “História e 

Memória da Educação na Cidade de Manaus (1889‐1930)”. 

  A pesquisa não  ficou  retida apenas em  fontes documentais escritas, mas  recorremos na 

busca  de materiais  iconográficos.  Tendo  em  vista  que  os  relatos  de memórias  vivas,  embora 

escassos,  foram  encontradas  duas  professoras  remanescentes:  Alzira  Reis  Góes  (Ex‐diretora  e 

professora do Grupo Escolar Marechal Hermes) e a  Irmã Eunice Menezes  (ex‐aluna do  Instituto 

Benjamim  Constant),  sendo  também  aberto  um  espaço  para  descendentes.  Optamos  pela 

diversidade  das  fontes  em  termos  de  documentos  escritos  e material  iconográfico,  a  fim  de 

analisar  a  dinâmica  do  campo  escolar manauense,  ou melhor,  o movimento  das  instituições 

educacionais pesquisadas com a sociedade urbana de Manaus no final do século XIX e início do XX. 

Ancorados nos pressupostos teóricos de Magalhães (1996), que enfatiza a construção da história 

por meio de fontes como memória e arquivo, no qual: 

[...]  a  memória  desafia  o  historiador  para  uma  explicação  da  ordem,  da organização  dos  espaços,  dos  tempos  e  das  coisas.  A  memória  desafia  o historiador para a explicação das relações hierárquicas e valorativas, quer entre as  coisas,  quer  entre  as  pessoas.  Nada  na  vida  de  uma  instituição  escolar acontece ou aconteceu por acaso, assim o que se perdeu ou transformou, como o que permanece. A memória de uma  instituição é, não raro, um somatório de memórias e de olhares individuais ou grupais (MAGALHÃES, 1996, p. 11).  

  Mobilizamo‐nos  por meio  de  subprojetos  (duplas,  trios,  quartetos  e  quintetos),  com  o 

envolvimento de vinte e oito acadêmicos‐pesquisadores de Iniciação Científica dos 1º, 3º, 4º, 5º, 

6º e 7º períodos dos cursos de Pedagogia e Ciências Biológicas e Psicologia da ESBAM (Figs. 01 e 

02).  Além  de  doze  professores‐orientadores,  e  sete  colaboradores,  computando  um  total  de 

quarenta e sete pessoas envolvidas diretamente no projeto nas duas fases respectivamente. 

 

 

 

 

 

 Fig. 01 – Acadêmicos‐pesquisadores 

da I fase (2004/2005). 

Fig.  02  ‐  Acadêmicos‐pesquisadores 

da II fase (2008/2010).  

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Fig.03:  Equipe  do  CEPIHME  no 

Arquivo Público Estadual 

F CEPIHME/ESBAM 2010

  Os  acadêmicos‐pesquisadores  realizaram o  rastreamento de  fontes que  se encontravam 

fragmentadas em diferentes lugares de memória, fazendo, inclusive, a recuperação e higienização 

de algumas, organizando‐as (Figs. 03 e 04), construindo, assim, um arquivo que facilitou a consulta 

na fase de produção e sistematização da pesquisa. 

 

 

 

 

               

 

 

 

 

Trabalhamos  com  documentos  existentes  relacionados  às  instituições  investigadas, 

recorrendo a  fontes primárias e secundárias diversificadas como:  regimentos  internos,  relatórios 

de Província do Estado do Amazonas, livros de ata, relatório geral da instrução pública do Estado 

do Amazonas, regulamentos, pareceres, livros de matrícula, de ponto e de chamada, relatório de 

diretores,  artigos de  jornais,  revistas pedagógicas,  anuários,  fotografias pertencentes  a pessoas 

relacionadas às instituições pesquisadas, livros escolares, legislação sobre o ensino da época etc. 

Foram  realizadas  entrevistas,  com  remanescentes:  parentes  diretos  de  ex‐professores  e  ex‐

diretores,  ex‐alunos  dentre  outros,  resultando  em  materiais  produzidos  pelos  acadêmicos‐

pesquisadores. 

  Esta  pesquisa  integrada  e  interdisciplinar,  tanto  na  I  fase,  quanto  na  II,  envolveu  os 

professores das disciplinas: Pesquisa e Prática da Educação II e III, Biologia e Educação, Legislação 

do Ensino, Evolução e Genética das populações, Psicologia da Educação e Sociologia da Educação. 

A pesquisa está fundamentada em três tipos de documentos: escritos, orais e iconográficos, e em 

alguns subprojetos, pela circunstância que envolveu a  instituição pesquisada, encontramos mais 

dados da primeira que da segunda e terceira fonte. 

  No período entre2008/2010, o projeto do CEPIHME/ESBAM foi redefinido com a proposta 

de  revisão  e  ampliação do primeiro  livro‐pesquisa.Foram  extraídas  informações  sobre  os  fatos 

Fig. 04 – Arquivo Público 

Profª Erilane Guimarães 

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históricos,  em  termos  de  evidências,  sinais,  indícios  e  pistas,  tendo  como  suporte  teórico  os 

estudos de Ginzburg (1989). Embora a postura crítica dos acadêmicos‐pesquisadores não seja de 

neutralidade, tiveram o cuidado de não se precipitar diante dos fatos detectados à primeira vista, 

mesmo os evidentes. 

A proposta era analisar as práticas escolares do período de 1889 – 1930, verificando como 

se  processou  os  saberes  e  fazeres  de  cada  instituição  de  ensino  pesquisada  e  apreender  os 

aspectos  que  identificavam  uma  instituição  escolar  no  contexto  social  onde  se  encontrava 

inserida, diante de avanços e retrocessos ocorridos com o tempo, pois “a construção da história de 

uma  instituição  educativa  visa  por  fim,  conferir  uma  identidade  cultural  e  educativa.  Uma 

interpretação  do  itinerário  histórico,  a  luz  do  seu  próprio modelo  educacional”  (MAGALHÃES, 

1996, p.14).  Os documentos escritos foram analisados sob a concepção de Le Goff (1996), como 

fontes repletas de intencionalidade.  

  A  pesquisa  desenvolvida  permitiu  incluir  a  recuperação  de materiais  iconográficos  que 

possibilitaram a inferência de diversos enfoques acerca de determinados fatos, desvelando, que a 

história é constituída de interpretações e, a realidade é, sobremaneira, complexa e contraditória.  

A intenção da equipe foi compreender uma época em termos de seu campo educacional, 

permitindo uma visão histórico‐cultural e biossocial das instituições de ensino  investigadas. Para 

isso, utilizamos uma fundamentação teórica consistente e instrumentos metodológicos adequados 

na  recuperação  e  análise  de  uma  pesquisa  de  caráter  ex‐post‐fato.  Além  de  cumprirem  os 

objetivos  específicos  do  trabalho,  realizaram  encontros  para  discutir,  debater  e  analisar 

semanalmente os assuntos de interesse dos subprojetos, que iam do conhecimento da história e 

sociologia regional ao contexto histórico‐cultural e biossocial de Manaus no período estudado, até 

permutas significativas de informações sobre achados relevantes para mais de um subprojeto. 

  No  tocante  as  formas  de  registro  da  atividade  humana,  durante muito  tempo,  foram 

desprezadas  as  fotografias por não  serem  consideradas manifestações  significativas.  Todavia,  a 

noção de documento a partir de outras concepções, como por exemplo a “Escola dos Annales”, 

desafia o historiador a entender que os  fatos históricos se  fazem a partir das ações dos homens 

“com  tudo  o  que  pertencendo  ao  homem,  depende  do  homem,  serve  o  homem,  exprime  o 

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homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos, e as maneiras de ser do homem” (VIEIRA 

apud FEBVRE, 1965, p. 428). 

  Pensar  a história dessa  forma  faz  com que o historiador  incorpore novas  linguagens  ao 

campo dos seus  interesses,  tornando‐os mais elucidativos. Por isso, as  fotografias ganharam nas 

últimas décadas  reconhecimento não só como ilustrações, mas  também como  fontes, visto que, 

quando bem  analisadas, passam  a  ser  levadas em  consideração por  retratarem práticas,  sinais, 

valores e costumes de uma determinada época, pois: 

[...] Defendemos  três aspectos  fundamentais na discussão do papel da  imagem fotográfica no espaço da história: de que a  imagem é  sempre um monumento, produzida  por  uma  subjetividade  que  lhe  dá  a  veste  de  real  e  que,  para  ser trabalhada  enquanto  documento,  necessita  de  uma  metodologia  que  a  veja enquanto  linguagem,  com a especificidade de um discurso; de que a  imagem é sempre  produzida  socialmente,  articulando  sua  dimensão  físico‐química  (hoje também computadorizada) com a produção de idéias e valores, de uma estática e de uma ética; de que a imagem fotográfica tem um fértil campo de análise a partir de  uma metodologia  qualitativa/quantitativa  que  vem  unindo  a  construção  de séries, de eixos temáticos, de signos que se reiteram, com o uso da semiótica e de novas  tecnologias de  suporte, especialmente a  informática,  indicando um novo potencial analítico, mas, também novos riscos empiricistas (BARROS, 1992, p. 81).  

  Diante  disso,  optamos  pelo  uso  da  fotografia,  primeiro  como meio  de  preservação  da 

memória ilustrada e, segundo, pela vantagem significativa da disposição existente desse material 

iconográfico nos  lugares de memória  investigados: Arquivo Público Estadual, Biblioteca Pública, 

Arquivo  da  Assembleia  Legislativa  do  Estado  do  Amazonas,  Museu  Amazônico,  Universidade 

Federal  do  Amazonas,  Arquivo  da  Secretaria  de  Estado  da  Educação  e  Qualidade  de  Ensino, 

Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, Diário Oficial do Estado do Amazonas, Centro Cultural 

Palácio  Rio Negro,  Biblioteca  Arthur  Reis,  Biblioteca Municipal  João  Bosco  Pantoja  Evangelista, 

Museu do Porto, Escola de Serviço Público, Federação Espírita do Amazonas, Arquivo do Jornal do 

Comércio, Biblioteca do Colégio Amazonense Pedro  II, Biblioteca do Colégio Dom Bosco, acervo 

das Escolas Estaduais Barão do Rio Branco e José Paranaguá, Associação Comercial do Amazonas, 

Instituto  do  Patrimônio  Histórico  e  Artístico  Nacional,  Instituto  Geográfico  e  Histórico  do 

Amazonas e o Instituto Municipal de Planejamento Urbano de Manaus. 

O  resultado  dessa  investigação  constituiu‐se  no  livro‐catálogo  “História  e Memória  da 

Educação  na  cidade  de  Manaus  (1889  –  1930)”  publicado  em  2010,sistematizado  em  doze 

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capítulos, porém, o último  foi  reservado para depoimento dos acadêmicos‐pesquisadores diante 

do significado que a iniciação científica representou para sua trajetória acadêmica. 

 

1.1‐ Contextualização Histórico‐Cultural e Biossocial de Manaus 

 

Manaus  foi  uma  das  poucas  cidades  que  passou  por  quase  todos  os  estágios  de 

desenvolvimento urbano, ou seja, de aldeia à cidade. No entanto, as mudanças aconteceram de 

maneira  incipientes,  no  que  diz  respeito  a uma nova  sociedade  que  emergia  em meio  a uma 

cultura arraigada a hábitos nativos. O impacto da mudança não aconteceu apenas com relação ao 

aspecto  estético  da  cidade,  mas  fatores  econômicos,  sociais,  políticos,  sanitários  e  culturais 

permeavam  essa  nova  sociedade  visivelmente  urbana, mas  que  fizeram  surgir  vários  conflitos 

mediante sua implantação e consolidação de caráter histórico‐cultural e biossocial, motivados pela 

rotatividade de presidentes provinciais.  

Mudanças significativas aconteceram no governo de Eduardo Gonçalves Ribeiro (1892‐1896) cuja 

administração,  tinha  por  objetivo  transformar  Manaus  em  uma  cidade  com  características 

europeias, mesmo  que,  para  isso,  tivesse  que  desconsiderar  os  hábitos  locais  ou  suprimi‐los. 

Inicialmente, as modificações foram nas áreas urbanísticas, já que na cidade não existiam esgotos, 

comprometendo  a  saúde  da  população. Neste  sentido,  em  1893,  Eduardo  Gonçalves  Ribeiro 

destacou cinco pontos para melhorar a situação sanitária de Manaus: 

Eram  eles:  1º)  Saneamento  do  solo,  esgotos,  águas  fluviais,  abastecimentos d’água  ;  2º)  Remoção  e  destruição  do  lixo  e  limpeza  pública;  3º)  Vacinação  e revacinação;  4º)  Casas  para  classes  proletárias;  5º)  Remoção  do  Hospital  de caridade,  arrasamento  do  cemitério  de  São  José,  construção  de hospitais para loucos e leprosos  (CORRÊA, 1966, p.49).  

Além desse conjunto de necessidades que transformaram Manaus numa cidade “moderna”, 

foram  realizadas  a  canalização  d’água  advinda  do  reservatório  (Mocó),  grandes  aterros, 

construção de pontes de pedra e de ferro e outras obras de expressividade no transcorrer desse 

período como o Teatro Amazonas (Fig.05) e o Palácio da Justiça (Fig. 06). 

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 Essas  obras  influenciaram  a  construção  de  outras  benfeitorias  nas  administrações 

subsequentes, como: o Porto Flutuante de Manaus  ‐ Rodway  (1902), o edifício da Alfândega, 

(1909)  a  implantação  do  Bonde  elétrico(1895),  o  Palácio  Rio  Negro  (1903),  o  prédio  da 

Assembleia  Legislativa  (1935),bem  como  palácios,  palacetes,  cafés,livrarias  etc.  Todas  essas 

obras foram realizadas no período da economia gomífera (cerca de 1880 a 1910).A contradição 

de modernizar a cidade diante da exuberância de uma  floresta, sem  levar em consideração o 

modo de viver e pensar da população local. A partir daí, Manaus atinge a sua prosperidade, o 

apogeu da “belle époque”2, adornada de prédios suntuosos, ruas pavimentadas com batentes e 

calçadas em mármore de Liós, iluminação elétrica, demonstrando muito esbanjamento. 

A  cidade  de Manaus,  durante  esse  período,  passava  por  um momento  de  estabilidade 

econômica, e diante dessa euforia, os governantes não perceberam a chegada de uma crise que 

modificaria todo o sistema econômico do Estado.  

É  inegável o  fato de que  todos estes acontecimentos  influenciaram o campo educacional 

de Manaus, uma vez que há uma relação entre a educação e cultura. 

Ademais, a educação manauense recebeu contribuições e influências da cultura europeia. E nos 

primeiros anos do governo republicano, passou a valorizar mais os estudos científicos, de cunho 

positivista, como meio de alcançar a “civilização” ideal esse difundido nos jornais estudantis da 

época: “Escola”, no qual em um de seus artigos, intitulado “Instrução”, referindo‐se ao ensino, 

afirmava que: 

                                                           2No  final do  século XIX a cidade de Manaus despontava como um dos centros de prosperidade e  riqueza no país, graças aos excedentes gerados pela exploração da borracha na Amazônia. Grande parte dos excedentes econômicos era aplicada em projetos que visavam “civilizar” e embeleza” a cidade [...] promoveram consideráveis modificações em sua topologia – aterraram igarapés, nivelaram morros, abriram ruas e praças, calçaram passeios, enfim traçaram uma nova malha urbana para a capital [...] para ostentar um novo status e fazer da antiga Vila da Barra a moderna “Paris dos Trópicos” (MESQUITA, 1999, p. 325 – 328). 

Fig. 06 ‐ Palácio da Justiça 

Fonte:  CD  (encarte  do  jornal  À 

Fig. 05 – Teatro Amazonas 

Fonte:  CD  (encarte  do  jornal  À 

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A instrucção é tão bem necessária ao homem como o próprio ar que elle respira.A ignorância  avilta,  ao  passo  que  a  instrucção  nobilita.  A  primeira  representa  a barbaria – a segunda a civilisação.Só se pode avaliar do estado de adiantamento de um povo – pelo desenvolvimento de sua mentalidade, não há progresso sem instrucção  (Jornal  ‐ A Escola – Órgão do externato  “15 de Novembro” Manaós, 1900‐1901 nº 1 Anno I. Manaós, 23 de Setembro de 1900).  

  Esse discurso  foi difundido pelos liberais  republicanos entusiasmados pela nova  forma de 

governo,  disseminando  a  ideia  de mudar  o  país  por meio  da  instrução.  Porém,  poucas  ações 

concretas se processaram nesse sentido. O saber estava incorporado a interesses sócio‐políticos, 

influenciadores  de  saberes  e  fazeres,  que  refletiram  gradativamente  no  modo  de  vida  da 

população,  modificando  hábitos,  costumes,  pensamentos  e  ideias,  gerando  assim,  uma  nova 

identidade para a sociedade local. 

 

1.2‐ Escolas Noturnas de Manaus 

 

A primeira escola noturna de primeiras  letras  foi criada pela lei nº 325 de 16/05/1872, na 

sessão extraordinária da Câmara Municipal de Manaus do dia 26/08/1872, quando  foi aprovada 

por unanimidade a sua criação. 

  Com a Proclamação da República é dado um novo enfoque para essas escolas, pois várias 

instituições privadas  se envolveram  com esse  segmento de ensino, entre elas,  a  Sociedade de 

Propaganda Espírita do Estado do Amazonas e a Maçonaria. Coube a instituição a criação de duas 

escolas. Sendo apenas uma oficializada com a denominação de Curso Noturno Gratuito em 31 de 

julho  de  1901,  cujo  currículo  compreendia  matérias  como:  português,  aritmética,  língua 

estrangeira, história, geografia e taquigrafia. 

  As  escolas  maçônicas  em  Manaus  em  1927  realizaram  uma  campanha  contra  o 

analfabetismo apenas de ordem interna, com intuito de conscientizar os membros das instituições 

envolvidas, objetivando  a prática da  leitura efetuada em  suas  reuniões. Por um  longo período 

algumas escolas noturnas foram parcialmente sustentadas pela maçonaria local. 

 

1.3 ‐ Instituto Benjamim Constant 

 

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  Essa instituição de ensino foi marcada por uma cultura religiosa, e teve como precursor o 

Asilo Orfanológico Amazonense, criado pela lei nº 643 de 02/06/1884, no governo do presidente 

da Província do Amazonas, Dr.  Theodureto Carlos de  Farias  Souto, que no dia 07/07/1884, por 

meio do Regulamento de Criação de nº 52 deu ao Asilo o nome de  sua  idealizadora e esposa, 

passando a denominar‐se “Asilo Orfanológico Elisa Souto”, inaugurado no dia 10/07/1884. 

  Em 17/05/1887, por meio da  lei nº 749, o Asilo  foi  transferido para o prédio, conhecido 

como  Palacete  do  Barão  de  S.  Leonardo,  que  na  ocasião  era  a  sede  do Museu  Botânico  do 

Amazonas. Posteriormente, o Asilo Elisa Souto foi transformado em 1892, no Instituto Benjamim 

Constant (Fig. 07).  

  Foi designada como primeira  regente do Asilo a Sr. Eulália Fernandes do Rêgo Monteiro, 

que  juntamente com o presidente da Província, Dr.  José  Jasen Ferreira Júnior organizou o corpo 

diretivo  com  a  seguinte  composição:  para  paraninfos  o  tenete‐coronel  Emilio  José Moreira,  o 

capitão  Bento  Tenreiro  Aranha,  Dr.  Domingos  Olímpio  Braga  Cavalcante  e  senhoras  Carolina 

Amélia  Simões  Braga,  Catarina Mendonça  Menezes  e  Maria  Lima  Amorim;  para  a  comissão 

administrativa, as senhoras Olímpia Mendonça da Fonseca, Tertuliana Sarmento Moreira e Albina 

de Barros Pinto Sarmento. 

  De  acordo  com  Batista  (1927),  o  corpo  docente  do  Asilo  nos  seus  primeiros  anos  de 

funcionamento era composto pelas professoras Emília Pedrosa de Oliveira e Maria Amélia Valente 

Couto.  Posteriormente,  foram  contratadas  as  professoras  Rita 

Augusta Brito  Inglês, Anais Monteiro de Andrade,  Isabel Maria 

Barbosa e Maria do Carmo Rocha dos Santos. 

  O  critério  de  seleção  para  admissão  obedecia  às 

seguintes normas: as meninas deveriam  ter entre 6 e 14 anos, 

permanecendo  no    estabelecimento  até  completar  21  anos, 

exceto  se  viessem  a  casar,  ou  se  por  algum  motivo,  fosse 

inconveniente sua permanecia no orfanato.  

  O  currículo do  Asilo  era  composto,  inicialmente  por  duas  disciplinas:  primeiras  letras  e 

prendas domésticas. Em 1885, o curso de primeiras letras passou a ser denominado de primário, 

 

Fig.07–Instituto Benjamin Constant 

Fonte: Almanaque de Manaus, 1908. 

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havendo nova reforma do currículo (1889) sendo acrescido, o curso complementar, sob a direção 

da professora Isabel Maria Barbosa. . 

  Nos  três  anos  subsequentes,  o  Asilo,  teve  rápido  declínio,  e  em  1892,  foi  extinto,  no 

Governo do Dr.  Eduardo Gonçalves Ribeiro, por meio do Decreto nº 11 de 26/04/1892,  sendo 

criado na mesma data o Instituto Benjamim Constant, cujo nome foi dado em homenagem a um 

dos idealizadores da República brasileira, o catedrático e republicano Benjamim Constant. 

  A  arquitetura  do  prédio,  segundo Mesquita  (1999),  seguia  de  forma  predominante,  a 

tendência  eclética  e  estilo  formal  mostrando  em  linhas  gerais  a  tradição  clássica,  com  dois 

pavimentos  e  cinco  janelas  que  transpassavam  a  fachada  lateral  de  cada  corpo.  Possuía  uma 

escadaria e um saguão que levava ao segundo pavimento. 

O corpo docente do Instituto era composto por três professoras e três adjuntas que eram 

nomeadas  pelo  Presidente  do  Estado  para  as  aulas  de  ensino  primário,  música  e  prendas 

domésticas. Para fazer parte do corpo docente do Instituto, era exigido das candidatas que fossem 

normalistas, habilitadas na capital, concursadas e que residissem no estabelecimento de ensino. O 

Regulamento  de  Criação  enfatizava  que  apenas  algumas  professoras  tinham  o  privilégio  de 

pernoitar fora do estabelecimento. 

 O corpo discente preconizava condições para sua admissão: ser órfã de pai e mãe, ter no 

mínimo 5 e no máximo 10  anos, não  sofrer moléstia  contagiosa ou  repulsiva, não  ter defeitos 

físicos, ser amazonense e ter tomado todas as vacinas. Era obrigatório a ingressante, permanecer 

no  Instituto  até  a  idade  de  18  anos  completos,  ou  até  que  terminassem  seus  estudos.  As 

educandas  estavam  sujeitas  a  um  regime  disciplinar  rigorosíssimo  com  as  seguintes  punições: 

admoestação, repreensão, privação do recreio com estudo, cópia de lição ou trabalho de agulha, 

privação de saída e eliminação. 

O  currículo  era  oriundo do  antigo  Asilo  Elisa  Souto,  composto de  primeiras  letras  e  de 

prendas domésticas. As educandas eram separadas de acordo com a idade. Durante o ano letivo, 

elas  passavam  por  dois  tipos  de  exames:  o  de  habilitação  e  o  exame  final.O  Instituto  ainda 

promovia quermesses, e  recebia donativos  com os quais  foi  sendo  construído o patrimônio da 

Instituição. Havia outras formas de aquisição de verbas tais como trabalhos de costura, bordados, 

pequenos artefatos de indústria caseiras, enxovais de batizados e casamentos. 

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O  Instituto no ano de 1892 era administrado pelo diretor Sr. Luis Duarte da Silva e vice‐

diretor o Comendador Francisco de Souza Mesquita, e por um Conselho de Protetores, dentre eles 

uma  regente e um  juiz de órfãos da capital, uma secretária, um médico  todos eram nomeados 

pelo governador do Estado. 

O então governador do Estado do Amazonas Dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro no dia 04 de 

maio de 1893  aprovou  a primeira  reforma  administrativa do  Instituto, nomeando para dirigi‐lo 

cinco irmãs Filhas de Sant’ Ana vindas da Itália, que eram representadas no Brasil pela Sóror Anna 

Victória Anchehi. 

 

1.4 ‐ Gymnasio Amazonense Pedro II 

 

  Com  a  chegada da Corte Portuguesa no Brasil, algumas medidas  foram  tomadas por D. 

João  VI  em  relação  à  instrução,  para  atender  a  Corte.  Nesse  sentido,  foram  criados  cursos 

superiores e com o tempo fez‐se necessário criar cursos secundários. 

  O Ato Adicional de 06/08/1834 trouxe uma ruptura na legislação do ensino, uma vez que as 

Províncias obtiveram o direito de legislar sobre o ensino primário e secundário. O ensino superior 

e  o  acadêmico  ficaram  com  o  poder  central.  A  princípio,  os  Liceus  nas  Províncias,  tinham  a 

atribuição de oferecer aos alunos as disciplinas exigidas nos exames preparatórios para o ingresso 

no ensino superior. 

  Nas principais  Províncias onde  foram  criados  os  Liceus, o  currículo  básico  foi  composto 

pelos cursos de latim, retórica, gramática, grego, geografia e ciências naturais. Ficava a cargo das 

Assembleias  Legislativas  preparar  as modalidades  de  ensino  e  formar  os  quadros  de  recursos 

humanos, relativos a instrução pública. 

  As  desigualdades  regionais  de  ensino,  principalmente  as  de  caráter  econômico  e 

geográfico,  protelaram  a  criação  do  Liceu  Provincial  Amazonense  (Fig.  08),  fato  esse  que  só 

ocorreu  em  14/03/1869  pelo  Regulamento  nº  18,  assinado  pelo  presidente  da  Província  Dr. 

Wilkens de Mattos. Tendo como primeiro diretor o Dr. José Maria D’ Albuquerque Melo. 

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  Antes de possuir sede própria suas instalações foram nas 

dependências  do  Seminário  Episcopal  de  São  José.  Depois 

ocupou esta várias outras edificações, devido a essa rotatividade, 

fez  com  que,  a  necessidade  de  construção  de  instalações 

condizentes para o seu funcionamento, fosse  

concretizado  no  ano  de  1880,  no  governo  do  presidente 

provincial Sátyro de Oliveira. 

O prédio foi construído para o Liceu Provincial Amazonense. Possuindo estilo neoclássico, 

com dois pavimentos,  contendo  salas  amplas, os  corredores  internos  com  janelas para  as  alas 

descobertas, onde estava  localizado o  teatro de arena. Fazia parte de sua estrutura 1 porão e 3 

escadas, que davam acesso à parte superior. Uma escada foi construída em madeira maciça e as 

outras duas de ferro em hélice. A fachada principal foi composta por 4 colunas feitas de pedra de 

cantaria e uma escadaria em mármore. 

  O  primeiro  governador  do  Estado  do  Amazonas  tenente‐coronel  Augusto  Ximenez  de 

Villeroy, extinguiu o  Liceu  Provincial  Amazonense,  por meio  do  Decreto nº  15  de  17/01/1890, 

alegando  falta  de  recursos  para  mantê‐lo.  No  entanto,  em  13/10/1893  pelo  Decreto  nº  34, 

promulgado pelo então  governador  Eduardo Gonçalves Ribeiro,  criou o Gymnasio Amazonense, 

queno  transcorrer de  sua existência  surgiram  vários  cursos entre eles:  agrimensura,  comercial, 

pré‐médico, científico, humanidades, clássico, laboratório, saúde, patologia clínica e o acadêmico.  

  O  quadro  de  funcionários  englobava  além  do  corpo  docente  o  administrativo,  era 

composto por um diretor, um secretário, um amanuense, dois bedéis, um contínuo, um jardineiro 

e dois serventes. Quanto à  formação do professor, bem como o critério de seleção e aprovação 

para  exercer  o magistério,  era  extremamente  rígido,  o mesmo  se  dando  com  o  ingresso  dos 

discentes à instituição. 

  Em  1931,  pelo  Decreto  Constitucional nº  19.560  foi  criado  o Ministério  da  Educação  e 

Saúde.  Neste  ínterim,  o  Governo  Federal  instituiu  a  Reforma  de  ensino  Francisco  Campos, 

conforme o Decreto Federal nº 21.241 de 04/04/1932, que dividiu o curso secundário em duas 

etapas: o fundamental e o complementar. 

Fig. 08 – Gimnasio Amazonense Fonte:  Álbum  de  fotografia  do Estado do Amazonas (1905‐1908).   

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  Diante desse novo dispositivo, a direção do Gymnasio Amazonense Provincial solicitou ao 

Ministério da  Educação e  Saúde uma  inspeção, pois o  curso  secundário  compreendia apenas o 

fundamental, sendo aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, conforme lei 

nº 509 de 23/05/1932, o curso complementar no Gymnasio. 

O  Gymnasio Amazonense  teve  seu  nome  alterado por  diversas  vezes.  Primeiramente  foi 

denominado de Liceu Provincial Amazonense (1869), depois para Gymnasio Amazonense (1893), e 

Gymnasio  Amazonense  Pedro  II  em  1925, mas  em  19/02/1938  volta  a  ter  a  denominação  de 

Gymnasio Amazonense. E, 1943, recebeu o nome de Colégio Estadual do Amazonas. 

Apesar  dos  inúmeros  acontecimentos,  o  Gymnasio  Amazonense  Pedro  II  tornou‐se  um 

referencial, contribuindo para a formação de pessoas renomadas na cidade de Manaus.  

 

1.5 ‐ Escola de Comércio Sólon de Lucena 

 

  No Amazonas foi criado pelo Decreto nº 213 de 27/12/1897, o Curso Comercial (teórico e 

prático),  com duração de quatro  anos,  anexado  as  instalações do Gymnasio Amazonense.  Este 

curso tinha como objetivo preparar o indivíduo para o mercado de trabalho, já que no Amazonas, 

o desenvolvimento gomífero, do “ciclo da borracha”, exigia mão‐de‐obra qualificada. 

  O  currículo  do  Curso  Comercial  era  composto  por  cadeiras  e  aulas:  português,  latim, 

francês,  inglês,  alemão, matemática  elementar,  geografia, noções de  física,  química,  economia 

política, direito comercial, desenho, caligrafia e escrituração mercantil, ministrada pelos docentes 

do próprio Gymnasio. 

  A criação da Escola Municipal de Comércio ocorreu somente 12 anos após o surgimento do 

Curso Comercial  conforme  lei nº 578 de 26/11/1909,  aprovada pelo  superintendente municipal 

Agnello Bittencourt. Como não possuía sede própria, foi instalada no prédio situado à Rua Barroso 

no centro de Manaus. 

  Durante os  anos  de  1921  e  1922,  o  governo  do  Amazonas  passou  por  sérias  crises  de 

caráter financeiro, que afetaram essa instituição, a ponto de o corpo docente e o administrativo 

ficar  sem  receber  seus  proventos. Um  apelo  foi  feito  pelo  governo  do  Amazonas  aos  demais 

Estados da Federação. Contudo, somente o governador da Paraíba, o Dr. Sólon Barbosa de Lucena 

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acatou  o  apelo,  enviando  uma  contribuição  financeira  que  beneficiou  a  Escola  Municipal  de 

Comércio.  Em  homenagem  a  esse  homem  público,  em  1921,  essa  instituição  passou  a  ser 

denominada de  Escola Municipal de Comércio  Sólon de  Lucena, que posteriormente, passou  a 

denominar‐se de Escola de Comércio Sólon de Lucena, ficando sob responsabilidade do Estado. 

  O  Decreto  Constitucional  nº  20.158  de  30/06/1931,  da  Reforma  Educacional  Francisco 

Campos,  alterou  o  ensino  comercial.  Desta,  consequentemente,  reformou  o  Regulamento  da 

Escola de Comércio Sólon de Lucena, conforme Ato nº 2.012 de 02/02/1933, adotando o curso 

propedêutico e de perito‐contador, com duração de 3 anos cada, ministrado no turno noturno. 

  A ausência de um prédio específico para o seu funcionamento, obrigou essa escola a passar 

por  várias  repartições públicas: Rio Negro Clube, Grupo  Escolar Marechal Hermes,  Instituto de 

Educação do Amazonas, Grupo Escolar Nilo Peçanha, Justiça do Trabalho e na Câmara Municipal 

de Manaus. 

 

1.6 ‐ GRUPOS ESCOLARES: um processo de renovação nacional 

 

  Na área da educação escolar, especificamente em  termos da História e da Historiografia 

Brasileira, os estudos realizados sobre os Grupos Escolares recebem um tratamento diferenciado, 

principalmente  pela  sua  dimensão  simbólica  manifestada  na  cultura  escolar,  que  precisa  ser 

preservada  e  ampliada,  pois  o  campo  de  análise  sobre  os  Grupos  Escolares mostra  a  escola 

primária  não  somente  como  organização  administrativa  pedagógica,  mas  como  uma  cultura 

escolar  que  se  manifesta  no  imaginário  social,  permitindo‐nos  compreender  por  que  essas 

instituições escolares permanecem na memória popular, com uma imagem positiva e qual a força 

impulsionadora  para  essa  permanência  no  imaginário  da  população,  partindo  da  perspectiva 

histórico‐cultural  que  esta  visão  não  ficou  restrita  somente  a  capital  do  Amazonas,  mas  se 

propagou  por muitas  outras  capitais  brasileiras,  e  o  que  representou  esse  sistema  de  ensino 

nacional.  

  Para  tanto,  traçamos  um  itinerário  nos  deixando  conduzir  por  vários  estudiosos  da 

educação sobre a cultura escolar, contextualizando as múltiplas facetas associadas à estrutura de 

funcionamento  dos  Grupos  Escolares,  revendo  as  práticas  escolares  desenvolvidas  no  seu 

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cotidiano;  e  que,  certamente,  produziram  uma  identidade  única,  encontradas  nos 

comportamentos, nas formas de pensar e agir, na arquitetura (como os prédios foram projetados) 

e nas questões sócio‐pedagógicas que permearam os primeiros trinta anos do regime republicano 

no  Brasil;  e  que  influenciaram  a  construção  da  identidade  dos  Grupos  Escolares,  pois  essas 

instituições  se  constituíram em escolas‐modelos, utilizando  instrumentos de ensino e métodos 

pedagógicos  revolucionários para sua época, considerados o padrão de escola para a difusão da 

educação  popular,  sendo  este  o  olhar  da  política  e  das  reformas  educacionais  no  contexto 

republicano, que atribuiu, à educação um poder restaurador das transformações sociais. 

  O dispositivo legal que criou os Grupos Escolares em nível nacional foi a lei nº 169, de 07 de 

agosto de 1893, que difundiu o ensino com uma nova reorganização, e acordo com Souza (1998), 

os Grupos  Escolares  ampliaram o  acesso da população  à escola pública, e dentre  as principais 

mudanças  ocorridas  com  a  implantação  dessa  nova  forma  escolar  no  Brasil,  tivemos:  a 

classificação homogênea dos alunos por idade; o edifício escolar próprio; racionalização do saber; 

padronização do processo pedagógico; divisão do trabalho docente; estabelecimento de exames e 

de  programas  amplos  e  enciclopédicos  e  novos  procedimentos  de  ensino  que  resultaram  na 

profissionalização do magistério. 

  A  instalação  dos  Grupos  Escolares,  portanto,  desencadeou  uma  série  de modificações, 

estabelecendo  uma  cultura  escolar  diferenciada  para  a  época.  Esse  modelo  educacional  se 

difundiu por todo país, sendo uma das mais importantes inovações em matéria de organização de 

ensino, no qual o mestre‐escola (o único professor a ensinar a ler, escrever e contar, para alunos 

de diferentes  idades numa mesma  sala de aula),  foi  substituído pela escola de  várias  classes e 

professores simultaneamente. 

  Na  capital do Amazonas, essa política  inovadora de educação  também  teve  seu espaço 

consolidado, quando da criação dos Grupos Escolares, quatro anos após a implementação a nível 

nacional, por meio do Decreto nº 191, de 09 de setembro de 1897, difundindo a  ideia no poder 

redentor  da  educação.  Assim,  em  Manaus,  segundo  o  referido  Decreto,  cada  grupo  escolar 

poderia comportar a lotação de duas ou cinco escolas isoladas, no máximo, que seriam regidas por 

tantos  professores  quanto  fossem  os  grupos  de  trinta  alunos;  sendo  que  estes,  sempre  que 

possível,  seriam distribuídos em quatro  classes  correspondentes  ao  curso primário. O  cargo de 

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Fig.  09  ‐  Grupo  Escolar  Saldanha Marinho – 1909. Fonte: Almanaque de Manaus, 1908  

diretor de cada Grupo seria ocupado por um dos professores anualmente designado pelo diretor 

geral da instrução pública, devendo recair a designação de preferência a um normalista. Em caso 

de impedimento, o diretor seria substituído pelo mais antigo dos professores. 

  Através  do projeto  do  CEPIHME/ESBAM  foram  pesquisados  e  catalogados  cinco  Grupos 

Escolares:  Saldanha  Marinho,  Barão  do  Rio  Branco,  Marechal  Hermes,  José  Paranaguá  e 

Presidentes Bernardes, com intuito de deixar registrados fragmentos, fatos históricos encontrados 

dessas instituições de ensino, desde sua criação, implantação, consolidação, currículo, arquitetura, 

corpo docente e discente, e administrativo. 

 

1.7 ‐ Grupo Escolar Saldanha Marinho 

 

A  criação  do  referido  Grupo  foi  sancionada  pelo  Governador  do 

Estado do  Amazonas  Sr.  José  Cardoso  Ramalho  Junior,  conforme 

Decreto nº 393 de 03/02/1900. Devido ao excedente de alunos em 

duas  escolas  existentes  na  época,  foram  agrupando‐se  para 

constituir‐se  o  Grupo  Escolar  Saldanha Marinho  de Manaus  (Fig. 

09).  Funcionando  em  estabelecimento  próprio,  construído, 

especialmente para grupos escolares.  

O patrono do  grupo escolar,  Joaquim  Saldanha Marinho após  formar‐se em Direito, ocupou 

vários cargos de relevância política, como de Deputado‐Geral na Província do Amazonas. 

Seus  administradores  eram  escolhidos  e  nomeados  pelo  Governador  do  Estado.  O  corpo 

docente era classificado por entrância. 

As matérias  do  currículo ministradas  nos primeiros  quatro  anos  do  Grupo  Escolar  Saldanha 

Marinho eram: português,  francês,  inglês, alemão, geografia, história, matemática elementar, 

física,  química,  história  natural,  desenho,  instruções  práticas  sobre  comércio,  agricultura  e 

indústria. 

As  reuniões  aconteciam  por meio  dos Círculos  de  Pais  e  Professores,  cujas  atividades  eram 

publicadas  na  “Revista  de  Educação”  da  Sociedade  Amazonense  de  Professores,  entidade 

organizada com a finalidade de divulgar as práticas escolares da época. 

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1.8 ‐ Grupo Escolar Barão do Rio Branco 

 

Esse Grupo foi criado em 1905, fato constatado no Diário Oficial do Estado do Amazonas de 

07/02/1983. Tendo como patrono José Maria da Silva Paranhos Júnior – o Barão do Rio Branco – 

título concedido por seus feitos durante sua regência como Cônsul brasileiro. 

  Não possuía sede própria, sendo instalado no segundo pavimento do prédio do Gymnasio 

Amazonense.  Era  constituído  por dez  escolas,  que  correspondia  a  cadeiras  (salas de  aula) que 

segundo Batista  (1927)  se dividia em dois  turnos: pela manhã  com  seis escolas e  a  tarde  com 

quatro.As primeiras diretoras desse grupo escolar foram: Maria de Araripe, Maria Ramos Madeira, 

Leonila Ramalho e Dezuita Marques Barata.  

  O Regulamento Geral da  Instrução Pública do  Estado do Amazonas no Art. 957 de 1926 

atribuiu aos diretores à incumbência de comparecerem assiduamente ao edifício escolar, fiscalizar 

os  horários  e  programas, matricular  todos  os  alunos,  distribuindo‐os  pelas  escolas,  fazendo  o 

registro  de  toda  a  correspondência  escolar,  aplicado  aos  professores,  alunos  e  porteiros  as 

penalidades de sua alçada. 

  No início de funcionamento de seu funcionamento, as primeiras professoras responsáveis 

pelas  escolas  no  turno  matutino  foram:  Antonina  Oliveira,  Auzira  Franco,  Ismenina  Paulino 

Malaquias, Nertulina de Albuquerque Prado,  Leonilla Guimarães Marinho e Graziella Machado. 

Pelo  turno  vespertino:  Ambrosina  Cantanhede,  Zélia  Ramos,  Maria  de  Oliveira  Sant’Anna  e 

Francisca das Chagas Carneiro. 

 

 

 

 

 

Fig. 10 – Casa dos Leões Fonte: Silva, 2005 

 O  Grupo  Escolar  Barão  do  Rio  Branco  possuía  um  chalé  anexado  ao  do  Gymnasio 

Amazonense  Pedro  II,  onde  funcionava  o  jardim  de  infância,  ministrado  pelas  professoras: 

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Francelina de Assis Dantas, Aurélia de Barros Rêgo, Alcida e Sylvia Sá Peixoto, inicialmente atendia 

105 crianças. 

Havia reuniões do Círculo de pais e professores, com a finalidade de aproximar a família da 

escola, a fim de desenvolver o intelecto, a moral, o cívico e a higiene, que deveriam fazer parte da 

formação do aluno. 

Com  o  crescimento  da  demanda  de  alunos,  no  decorrer  dos  anos,  foi  necessário  a 

transferência (1940) para o prédio localizado na Av. Joaquim Nabuco, 1152. 

Segundo  Ituassu  (1927), neste  local  funcionava um hospital de cavalaria e um consulado 

português e, por ter no portão de entrada duas esculturas como forma de leões, ficou conhecida 

como “Casa dos Leões” (Fig. 10). 

 

1.9‐ Grupo Escolar Marechal Hermes 

 

  Nacionalmente, os  grupos escolares,  foram  criados pelalei de nº 169 de 07/08/1893,um 

modelo educacional que se difundia por todo o país, no qual o mestre‐escola foi substituído pela 

escola  de  várias  classes  e  professores  simultaneamente,  com  a  crença  no  poder  redentor  da 

educação. Segundo Souza  (1998), a  instrução era uma necessidade política e social, haja vista a 

exigência  da  alfabetização  para  a  participação  política  indispensável  para  a  consolidação  do 

Regime Republicano. 

  Em Manaus,  cada  grupo  escolar  poderia  comportar  a  lotação de  duas ou  cinco  escolas 

isoladas, no máximo, e  seria  regido por  tantos professores quantos  fossem os  grupos de  trinta 

alunos,  os  quais  sempre  que  fosse  possível,  seriam  distribuídos  em  quatro  classes 

correspondentes  ao  1º,  2º,  3º  e  4º  anos  do  curso  das  escolas primárias. Ocuparia  o  cargo  de 

diretor de cada um dos professores, desses grupos que seria anualmente, designado pelo Diretor 

Geral da  Instrução Pública. Em caso de  impedimento, o diretor seria substituído pelo professore 

mais antigo, sendo  respeitado o direito de preferência dos normalistas. Quanto ao atendimento 

da  zona  rural,  a  escola  normal  solucionaria  o  problema  através  da  obrigatoriedade  das 

normalistas, depois de formadas, atuarem em um período de no mínimo cinco anos no interior do 

Estado. 

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O Grupo Escolar Marechal Hermes foi criado conforme Decreto lei nº 1049 de 23/02/1914. 

Inicialmente não possuía estabelecimento próprio,  tendo que ocupar  várias  instalações,  até  ser 

instalado no prédio da Câmara Municipal de Manaus, mas foi extinto em 1973.A duração do curso 

era de quatro anos, constando no currículo matérias como: leitura e gramática, caligrafia, cálculo 

aritmético,  geometria  prática,  sistema  métrico  decimal,  desenho,  moral  prática,  noções  de 

geografia e cosmografia geral, cosmografia do Brasil e do Amazonas, educação cívica, noções de 

física,  química  e  história  natural,  história  do  Brasil,  leitura  de música,  exercícios  ginásticos  e 

militares e trabalhos manuais. 

O objetivo do curso era o desenvolvimento dos aspectos intelectuais, morais e cívicos dos 

estudantes.  

 

1.10 ‐ Grupo Escolar José Paranaguá 

 

Quanto ao Decreto de criação desse Grupo Escolar, não conseguimos encontrá‐lo, porém, 

com relação a inauguração, de acordo com Loureiro (1978) está datado de 1 de Junho de 1895, na 

administração  do  Dr.  Eduardo  Gonçalves  Ribeiro.  Faguáto  curioso  é  que  antes  de  receber  a 

designação  Grupo  Escolar  José  Paranaguá  foi  denominado  de  Escola  Pública  Primária  do  1º 

Distrito. 

No  Instituto Geográfico Histórico do Amazonas  (IGHA) encontramos um  relatório datado 

de  25  de maio de  1909,  apresentado  ao  excelentíssimo Diretor  Geral  da  Instrução  Pública do 

Estado do Amazonas da época, escrito pelo professorAgnello Bittencourt, que era o  Inspetor de 

Ensino  de  todas  as  escolas  de Manaus,  tinha  como  função  visitaras  escolas,  com  o  fim  de 

inspecionar o ensino primário, com o seguinte teor: 

Eis‐nos chegados à parte mais importante desta exposição: o serviço de visitas ás escolas  com  o  fim  de  inspeccionar,  no  ensino  primario,  a  execução  dos  seus programmas e horarios, a regularidade da  freguencia de professores e alumnos, os methodos  e  livros  adoptados  e  tudo mais  que  se  relaciona  com  a marcha regular dos trabalhos escolares, além da incumbencia de organisar as estatisticas do movimento geral da instrucção publica no Estado. 

Serviço novo,  creado para  supprir uma deficiencia antiga, a  inspecção do ensino foi posta em execução logo em logo em começo do mez de Março ultimo. Diante della, havia por certo de se rasgarem vastos horisontes, para garantir os 

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fundamentos da actual organisação, porquanto não  se pode  comprehender um bem orientado ensino sem a fiscalisação que evita os males, derige e aconselha os menos  praticos  e  leva  ao  publico,  o  conhecimento  do  que  se  passa  em  cada escola...(Relatório da Instrucção Publica do Estado do Amazonas do prof. Agnello Bittencourt de 25/05/1909, p. 10 – 13). 

 Quanto  ao patrono,  constatamos Dr.  José  Lustosa da Cunha Paranaguá prestou  serviços 

relevantes no campo educacional,  tais como:  fundou e  inaugurou a Biblioteca Provincial  (1882); 

restabeleceu e o Instituto de Educandos e Artífices (1882); criou e instalou o Museu Botânico de 

Manaus (1883).  

O  corpo  docente  desenvolviam  trabalhos  voltados,  especificamente  para  o  intelecto,  a 

moral e a família dos alunos. A relação entre aqueles e pais se fazia necessária, a fim de consolidar 

a  formação  das  crianças,  foi  que  na  família  as  crianças  recebiam  conselhos,  bons  exemplos, 

ampliando‐lhes  as  boas  tendências  e  evitando  as  más  companhias.  Essas  virtudes  eram 

desenvolvidas nessa parceria, havendo inclusive, reuniões mensais do círculo de pais e professores 

que  duravam  em média,  uma  hora  e meia  ocorrendo,  sempre,  pela  parte  da manhã. Nessas 

sessões,  as  palestras  eram  realizadas  por  convidados  e/ou 

professores,  que  desenvolviam  temáticas  direcionadas  ao  cotidiano 

escolar,  tais  como:  a escola prepara homens de  amanhã,  apelos  às 

mães de família, hábitos comportamentais, as modernas teorias sobre 

educação e higiene da alma. 

  No quadro de matrículas encontramos apenas os dados relativos 

ao  ano  de  1927,  quando  o  Grupo  Escolar  estava  sob  a  direção  da 

professora Guiomar de Sousa Cavalcante, que tinha como auxiliares as 

professoras  Noemia  Pereira  Mello,  interina;  Júlia  Sant’Anna  Bezerra,  Helena  de  Sousa  Lima, 

interina; Maria Ribeiro de Vasconcellos, Alice de Britto Inglez Bonates e Emília Coutinho Galvão. A 

vice‐diretora era a professora Maria Ribeiro de Vasconcellos.  

Quanto  ao  material  iconográfico  relativo  a  esse  Grupo  Escolar  foi  encontrado  várias 

fotografias (Fig. 11), pela qual podemos inferir que o ensino era misto. 

 

1.11‐ Grupo Escolar Presidente Bernardes 

Fig.  11  –  Grupo  Escolar  José Paranaguá Fonte:  Acervo  Gestão  de Informação do Centro Cultural dos Povos do Amazônia.  

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Pouquíssimas  informações  e  fatos  foram  recuperados  sobre  a  organização  e 

funcionamento dessa Escola de Primeiras Letras (Fig. 12), como o ato de criação do Grupo Escolar 

que se deu mediante o Decreto n˚ 102, de 14 de novembro de 1925, publicado no Diário Oficial do 

Estado do Amazonas em 15 de novembro de 1925, e sancionado pelo então Interventor Federal, 

Dr. Alfredo Sá.  

Nesse dia tanto o Grupo Escolar quanto a praça ajardinada que ficava em frente a escola 

foram solenemente inauguradas, ambas denominadas “Presidente Bernardes”,  

em homenagem ao presidente da República Dr. Arthur Bernardes, que governava o país na época. 

  Quanto ao prédio do  referido Grupofoi construído na Rua Silva 

Ramos,  no  centro  de Manaus.  As  obras  foram  iniciadas  em  1906  e 

concluídas  em  1925.  De  acordo  com  a  mensagem  do  Interventor  à 

Assembleia Legislativa do Estado em reunião extraordinária do dia 15 de 

dezembro de 1925, salientava que algumas pontes e edifícios públicos 

estavam em completo abandono pelo poder público, dentre os quais 

se encontrava  as  fundações e paredes do que  seria o Grupo Escolar 

Presidente Bernardes. E, ainda, foi enfático ao afirmar que: 

[...] a construcção do predio destinado ao grupo escolar, situado na Silva Ramos existiam apenas as  fundações e paredes que  já  se arruinavam devido ao  longo espaço de tempo em que jaziam paralysadas as obras, desde 1906. Decretando a criação desse grupo escolar, com cinco cadeiras, dei‐lhe a denominação de Grupo Escolar  “Presidente  Bernardes”,  em  homenagem  ao  senhor  Presidente  da Republica. Sua  inauguração  foi  feita  solemnemente no dia 15 de novembro do corrente  anno,  na  mesma  occasião  tendo  sido  inaugurada  a  pequena  praça ajardinada em  frente ao mesmo grupo, que  tomou  também a denominação de Praça “Presidente Bernardes”. Satisfazendo necessidades e aspiração de ha muito formuladas  pelas  respectivas  populações,  fiz  installação de  luz  electrica  [...] no grupo escolar  ‘Presidente Bernardes  (Mensagem  Interventor  federal Dr. Alfredo Sá à Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas, no dia 25/12/1925).  

  O Grupo Escolar foi inaugurado em 1925, mas, somente, no ano seguinte em 1926 é foram 

concluídas  as  obras  do  edifício,  com  um  dispêndio  de  13:417$030  (treze mil  quatrocentos  e 

Fig.  12  –  Grupo  Escolar Presidente Bernardes Fonte:  Memorial  dos  Povos da Amazônia 

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dezessete  contos  de  réis  e  30  centavos).  Homenageando  o  12º  presidente  do  Brasil,  Arthur 

Bernardes. 

  Essa  pesquisa  foi  apenas  o  início  referente  à  história  e memória  desse  Grupo  Escolar, 

fazendo‐se necessário um estudo mais apurado para que haja prosseguimento dos  fatos diante 

das práticas escolares que envolveram essa instituição até sua posterior transformação em Grupo 

Escolar Ribeiro da Cunha. 

 

1.12 ‐ Depoimentos de apenas três acadêmicos‐pesquisadores 

Alessandra Pinheiro Ferreira 

 

 Participar da equipe de iniciação científica da Escola Superior Batista do Amazonas foi algo 

surpreendente, principalmente, porque trata de um trabalho pioneiro na Instituição. Na segunda 

fase,  tivemos  a oportunidade de  compartilhar os  conhecimentos  adquiridos, orientando outros 

acadêmicos que adentraram ao grupo. Foi gratificante e não há palavras que possam descrever o 

aprendizado  que  tivemos  em  ambas  as  fases.  Um  dos  êxitos  dessa  experiência  foi  a  minha 

aprovação no Curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Amazonas, na linha de 

pesquisa  História  da  Educação  na  Região  Amazônica.  Porém,  o  que mais  ficou marcado  foi  à 

importância  do outro, dos  amigos,  conhecidos  e  até desconhecidos.Agradeço  principalmente,a 

Deus,aos meus pais, Sr. Sival Soares Mendes e Julia Pinheiro Mendes que foram o esteio de minha 

formação, bem como meu marido Fabio Silva pelo incentivo, paciência e apoio na realização desse 

e de outros trabalhos. 

 

Carla Roberta Larissa Moreira 

 

Primeiramente, tenho que dizer que é notório a minha evolução na vida acadêmica de ter 

participado do CEPIHME. Foi particularmente, maravilhoso ter participado dessa pesquisa, pois fez 

com que abrisse meus horizontes, me levando a refletir sobre a história do Amazonas, onde pude 

observar,  com mais  clareza,os  acontecimentos  ocorridos  nessa  região  nos  primeiros  anos  da 

República brasileira. 

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Tenho  que  agradecer  a  profª  MSc.  Assislene  da  Mota,  por  nos  proporcionar  uma 

aprendizagem diferenciada, pois são poucos os professores que tem esta disposição e, paciência 

para fazer um trabalho desta magnitude. Devo agradecer ainda, a todos aqueles que nos abriram 

as portas dos lugares de memória para que pudéssemos realizar a pesquisa; a você minha irmã do 

coração,  Cristina  Bichara,  pois  só  nos  duas  sabemos  o  que  passamos  para  a  realizaçãodesse 

trabalho,  e  ao  meu  marido  Roberto  Peres  e  filhos,  Larissa,  Leon  e  Junior,  por  terem  me 

compreendido e me dado forças. 

 

Tiago Praia Leite 

 

No decorrer desta pesquisa,  vivemos momentos de empolgação, alegria e  cansaço, mas 

sem dúvida momentos interessantes e significativos. A interação entre professores e colegas fez a 

diferença.  Professores  que,  nos  ajudaram,  valorizaram  e  acreditaram  em  nossa  capacidade  de 

realização.  Hoje me  sinto mais  seguro  e  capaz  de  novos  desafios,  principalmente  no  que  diz 

respeito  a minha  vida acadêmica, e  com mais  vontade de querer  aprender e pesquisar, enfim, 

fazer a diferença. 

  O  incentivo e a  influência dos professores  foi  algo marcante, que ao passar por  lugares 

considerados  históricos,  vem  imediatamente  à  ânsia de  saber no mínimo,  sobre  sua  origem  e 

construção. Minha  vida  acadêmica por meio das  atividades de pesquisa  ganhou novo  impulso. 

Hoje  na  condição  de  pesquisador  de  iniciação  científica,  amanhã  quem  sabe,  um  professor  – 

historiador. 

 

Considerações Finais 

 

Esta  pesquisa  de  iniciação  científica  compreendendo  o período  de  1889  a  1930  teve  a 

intenção de contribuir com o conhecimento e a preservação da cultura escolar manauense, onde 

buscamos  recuperar  fragmentos  das  condições  de  oferta  e  demanda  da  educação  local,  na 

tentativa de procurar  identificar e  analisar o  contexto em que as escolas  investigadas estavam 

inseridas, seus significados e contribuições para a sociedade local.  

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Este trabalho tem o caráter coletivo, relatando e analisando a trajetória de cada instituição 

escolar pesquisada, desde o processo de criação, implantação, a estrutura e funcionamento, bem 

como  as  transformações  que  se  sucederam.Cada  instituição  de  ensino  investigada  revelou‐se 

única, nas suas práticas escolares, uma vez que os saberes e  fazeres produzidos pelos interesses 

de cada uma as diferenciavadevido às influências dos contextos onde estavam inseridas. 

Para nós a história da educação amazonense deve ser preservada, do contrário seria um 

ato de injustiça para com os sujeitos que fizeram parte dessa formação cabocla, cuja memória não 

se construiu individualmente, mas coletiva e socialmente. 

 

Referências 

AMAZONAS. Lei Orgânica do Município de Manaus – LOMAN. Art. 235, § 2ᵒ.  

AMAZONAS. Regulamento Geral da Instrução Pública do Estado do Amazonas.  Art. 957 de 1926. 

AMAZONAS. CD ‐ encarte do jornal À Crítica, 2003. 

AMAZONAS. Jornal ‐ A Escola – Órgão do externato “15 de Novembro” Manaós, 1900‐1901 nº 1 Anno I. Manaós, 23 de Setembro de 1900. 

AMAZONAS. Diário Oficial do Estado do Amazonas. Decreto de 07/02/1983. 

AMAZONAS. Regulamento da instrução pública do Estado do Amazonas. Decreto nº 15, de 17/01/1890. 

AMAZONAS.  Regulamento  da  instrução  pública  do  Estado  do  Amazonas.  13/10/1893  pelo  Decreto  nº  34,  de 13/10/1893.  

AMAZONAS. Regulamento da Escola de Comércio “Sólon de Lucena”.  Decreto nº 213, de 27/12/1897. 

AMAZONAS. Regulamento da Escola de Comércio “Sólon de Lucena”. Decreto de criação da Escola de Comércio Sólon de Lucena. lei nº 578, de 26/11/1909. 

AMAZONAS.  Relatório  da  Província  do  Amazonas.  Decreto  de  criação  do  Liceu  Provincial  do  Amazonas  de 14/03/1869.  

AMAZONAS. Relatório da Província do Amazonas. O Grupo Escolar Marechal Hermes foi criado conforme Decreto de criação do Grupo Escolar Marechal Hermes. Lei nº 1049, de 23/02/1914. 

AMAZONAS. Relatório da Província do Amazonas. Decreto de criação do Grupo Escolar Saldanha Marinho de nº 393, de 03/02/1900. 

AMAZONAS. Almanaque de Manaus, 1908. 

AMAZONAS. Relatório da Província do Amazonas. Decreto nº 11 de 26/04/1892 

AMAZONAS. Diário Oficial do Estado do Amazonas. Decreto n˚ 102, de 14 de novembro de 1925, publicado no em 15 de novembro de 1925. 

AMAZONAS. Lei Provincial nº 325, de 16/05/1872. 

AMAZONAS. Lei Provincial nº 643, de 02/06/1884. 

AMAZONAS. Lei Provincial nº 749, de 17/05/1887. 

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